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DESENVOLVIMENTO PUBERAL - Adolescência ≠ Puberdade - Adolescência é um período CRONOLÓGICO no qual o indivíduo irá passar por alterações biológicas, psicológicas e comportamentais. OMS 10-20 anos. ECA 12-18 anos. - Puberdade são modificações BIOLÓGICAS marcadas principalmente pelo desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários e pela aceleração do crescimento. Gonadarca e Adrenarca. H= 9-14 anos e M= 8-13 anos. - Gonadarca: início indeterminado. Ativação do eixo HHG (hipotálamo, hipófise, gônada). O hipotálamo começa a liberar GnRh de forma pulsátil o que estimula a liberação de LH e FSH pela hipófise. As gonadotrofinas estimulam a secreção de esteroides pelas gônadas → caracteres sexuais secundários e aceleração do crescimento. O LH estimula produção de estrogênios nos ovários e de testosterona nos testículos. FSH estimula produção/maturação dos gametas. - Adrenarca: momento em que a adrenal começa a secretar androgênio além do cortisol e mineralocorticoides. Ativação do eixo HHA (hipotálamo, hipófise, adrenal). Hiperplasia da camada reticular aumentando a produção de DHAEA, SDHAEA e androstenediona → responsáveis pela pilifícação e glândulas apócrinas (suor e acne). - Estadiamento de Tanner: separou os eventos puberais em 5 estágios. - A telarca (aparecimento do broto mamário – M2) é o primeiro sinal da puberdade na menina. - Em M3 ou de M2 para M3 ocorre um pico de crescimento da estatura de 8-9 cm/ano. - Geralmente a menarca ocorre em M4, cerca de 2-2,5 anos após a telarca. M4 duplo contorno. - Depois da menarca o crescimento é desacelerado. - No sexo feminino geralmente a sequência é Telarca – Pubarca – Menarca. - P2 é quando ocorre a pubarca, marca a adrenarca. Pelos apenas sobre os grandes lábios. - O menino entra na puberdade em G2, primeiro sinal é o aumento do volume testicular (≥ 4 ml). - G3 aumento do pênis em comprimento. - G4 aumento do pênis em diâmetro – o contorno da glande se destaca. Pico do crescimento em estatura 9-10 cm/ano. · PUBERDADE PRECOCE - No sexo feminino começa antes dos 8 anos. Nos meninos começa antes dos 9 anos. - Tem que ter caractere secundário E aceleração do crescimento. - Se tem puberdade precoce tem baixa estatura, pois inicia o crescimento antes e termina antes também. - Um sinal de puberdade isolado com velocidade de crescimento compatível para idade não dá diagnóstico de puberdade precoce. Precisa de pelo menos dois sinais com velocidade de crescimento acelerada. - Avanço na idade óssea → fechamento epifisário mais intenso que a aceleração do ritmo de crescimento. Durante a infância é alta, mas terá baixa estatura na vida adulta. I. CENTRAL/VERDADEIRA/COMPLETA - Ativação precoce do eixo HHG → GnRh dependente. - Idiopática: diagnóstico de exclusão, geralmente apresenta um padrão mais lento. - Lesão do SNC: geralmente em indivíduo < 4 anos; tumores como hamartoma de hipotálamo, teratoma e craniofaringioma. Segue cronologia usual da puberdade. - Mais comum no sexo feminino, sendo a idiopática a principal causa nessa população. - No sexo masculino a principal causa é a lesão do SNC. - ↑ de LH e FSH, ↑ da relação LH/FSH (>1). - Sinais normais do sexo biológico (isossexual). II. PERIFÉRICA/PSEUDOPUBERDADE PRECOCE - Independe do GnRh, do estímulo central. - Não tem ativação do eixo HHG. - Doença Gonadal: tumor ovariano produtor de esteroides. - Doença Adrenal: tumores adrenais produtores de estrogênios, hiperplasia adrenal congênita. - LH e FSH em níveis pré-puberais. - Sinais de virilização nas meninas → doença adrenal. - Volume testicular pré-puberal na doença adrenal. - Assimetria testicular geralmente aponta para tumor de testículo (doença gonadal). - Síndrome de McCune-Albright: a tríade clássica inclui manchas de cor café com leite, com bordas irregulares (85%), displasia óssea fibrosa poliostótica (97%) e puberdade precoce periférica (52%). Corresponde a 5% dos casos de pseudopuberdade precoce. Ativação autônoma de várias glândulas. - Hiperplasia Adrenal Congênita: deficiência enzimática que compromete a síntese do cortisol. Sem feedback inibitório do ACTH. Mais comum é a deficiência da 21-hidroxilase, que faz parte da síntese do cortisol e dos mineralocorticoides. Há desvio dos precursores para a via de síntese de androgênios → GENITÁLIA VIRILIZADA NAS MENINAS. III. INCOMPLETA/VARIANTES BENIGNAS DO DESENVOLVIMENTO PUBERAL - Desenvolvimento isolado de caracteres sexuais. - Não patogênico. - Comum em filhas de mães grandes. - Não tem correlação com a cronologia da puberdade. · Consequências da Puberdade Precoce - Não há repercussão na menopausa. - Não repercussão na fertilidade. - Redução da estatura final → fechamento precoce das epífises ósseas. - Questão psicossocial → não reconhecimento/aceitação do próprio corpo. · Quadro Clínico - Telarca precoce, secreção vaginal branca (s/ ser RN, pois nesse público pode ser efeito dos estrogênios maternos). - Menarca precoce. - Aceleração do crescimento. - Labilidade emocional. · Diagnóstico - Clínico: tempo de evolução (SNC x Idiopático), sinais e sintomas do SNC, histórico familiar, exame físico (estadiamento de Tanner, inspeção da genitália externa, presença de sinais de estimulação androgênica, peso e estatura, manchas na pele). - Laboratório: androgênios aumentados no tumor de adrenal, estradiol muito alto fala a favor de tumor ovariano. - Imagem: TC e RM de crânio, USG para verificação de tumores periféricos, radiografia simples de punho para avaliar a idade óssea. · TTO - Tratar doenças sistêmicas e causa de base. - Garantir estatura final máxima. - Interromper o processo de desenvolvimento. - Central: ANÁLOGOS DE GNRH (tira a pulsação, fica estável, bloqueando o eixo). Leuprorrelina 3,75 mg IM a cada 28 dias OU Grosserrelina 3,6 mg SC a cada 28 dias. - Os análogos do GNRH apresentam melhores resultados com idades ósseas < 10 anos. - A decisão é conjunta do médico e da família sobre quando tirar o medicamento para que a menina entre na puberdade. - Outra opção para puberdade precoce central é a Medroxiprogesterona, baixo custo, mas possui maior risco de um bloqueio definitivo do eixo. · ATRASO PUBERAL - Ausência de telarca nas meninas maiores de 13 anos. Geralmente dá 4 meses depois dos 13 para iniciar a investigação. - Ausência do aumento do volume testicular (≥ 4 ml) nos meninos maiores de 14 anos. - Em meninas, alguns autores também consideram como atraso puberal a ausência de menarca aos 16 anos. - Amenorreia após 3 anos de telarca. - Sinais de desenvolvimento discordantes com a idade. I. CAUSAS NÃO PATOLÓGICAS - Retardo Constitucional do Crescimento: velocidade normal de crescimento compatível com o escolar, idade óssea abaixo da cronológica. A estatura final não será comprometida e não haverá impacto na fertilidade. Diagnóstico de exclusão. II. CAUSAS PATOLÓGICAS - Hipogonadismo Hipogonadotrófico: todo eixo estão não estimulado, ↓ FSH e LH, ↓ esteroides sexuais. Craniofaringioma e síndromes genéticas. - Hipogonadismo Hipergonadotrófico: ↑ FSH e LH, ↓ esteroides sexuais. Relacionado com desordens gonadais, infecções graves na primeira e segunda infância, radio e quimioterapia na infância, lesões nos ovários ou testículos, 45 X, 45 X0. · Diagnóstico - Anamnese: curva de crescimento, doença neurológica, desnutrição, uso de medicamentos, prática esportiva. - Exame Físico: peso, estatura, estigmas de Sd. De Turner. - Laboratório: LH e FSH. - Cariótipo de suspeita de digenesia gonadal. - Imagem: rx de punho para avaliar idade óssea, USG para investigar tumores periféricos, TC e RM de crânio para causas do SNC. · TTO - Objetivos: manter o desenvolvimento puberal, promover estatura final adequada, diminuir o impacto social/emocional/reprodutivo. - 1° Estimular o desenvolvimento mamário e o crescimento: Baixas doses de Estrogênio (0,3 mg/dia) por cerca de 6-12 meses. - 2° Promover a menstruação regular e mineralização óssea: Estrogênios 0,625-1,25 mg/dia e quando houver o primeiro sinal de menstruação associar medroxiprogesterona. - 3° Manutenção do desenvolvimento e regularidademenstrual: ACO combinado com 20-35 mg de etinilestradiol. image1.png