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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE ESCOLA DE ENFERMAGEM CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM Profa Enfa DraJanaina Sena Castanheira Profa Enfa Dra Laurelize Pereira Rocha PERÍODO PERIOPERATÓRIO O período perioperatório divide-se em três fases: Pré-operatória momento em que as necessidades precisam ser identificadas e corrigidas quando necessário, garantindo a paciente uma maior segurança durante a realização do procedimento cirúrgico. Esta fase inicia-se no momento da definição da necessidade de realizar um procedimento cirúrgico, estendendo-se até o momento que antecede imediatamente a realização do procedimento, ao transferirmos o paciente para a mesa cirúrgica. Transoperatória, fase compreendida pelo momento da intervenção cirúrgica que inicia na transferência do paciente para a mesa cirúrgica e estende-se até a admissão do mesmo da sala de recuperação pós-anestésica. Pós-operatória, compreendida pelo momento em que o paciente é admitido na sala de recuperação pós-anestésica até o momento da alta clínica, já em seu domicílio. A CIRURGIA Cirurgia é todo procedimento invasivo realizado para remoção, reparo ou substituição de parte do corpo. Podem ser classificadas de acordo com a finalidade (diagnóstica, curativa, reparadora, estética, paliativa e eletiva), com o grau de urgência envolvido (emergência, urgência, necessária, eletiva ou opcional), quanto ao potencial de contaminação (limpa, potencialmente contaminada, contaminada e suja), quanto ao risco cardiológico (pequeno porte, médio porte e grande porte). Todo o procedimento cirúrgico envolve riscos que irão variar de acordo com o tamanho da agressão cirúrgica a qual o organismo será submetido que podem ser, desde uma reação alérgica ao látex da luva utilizada pelos profissionais, como a um sangramento excessivo no período transoperatório. No momento que o organismo sofre essa agressão, podendo ser ela física ou psicológica, um desequilíbrio é gerado por esta agressão. Na tentativa de corrigir este desequilíbrio, o processo da homeostase é desencadeado. HOMEOSTASE Refere-se à tendência do organismo de se manter constantemente equilibrado, tanto em relação ao meio interno quanto externo. Toda vez que o indivíduo sofre algum tipo de agressão o organismo responde com uma série de mecanismos que visam restabelecer o equilíbrio perdido. Por exemplo, durante o exercício físico, quando a glicose é metabolizada rapidamente e tende a sair da circulação sanguínea, a secreção de insulina é reduzida e a adrenalina é liberada para auxiliar no desdobramento de glicogênio no fígado. Quando os processos de ajuste ou mecanismos de compensação não são adequados, o estado de equilíbrio é ameaçado, a função torna-se desordenada e ocorrem respostas disfuncionais. Alguns exemplos que podem gerar instabilidade e necessidade da homeostase durante o período perioperatório: Lesão de tecidos A lesão de células na cirurgia acontece pelo corte com bisturi, pela tração manual ou com os afastadores, e até mesmo pela exposição a temperatura ambiente. A primeira grande ameaça acontece quando a integridade da pele é prejudicada, não há um rompimento há uma lesão previamente planejada e realizada por equipamentos estéreis, mesmo assim pode surgir o risco de infecção. Outra ameaça é a perda de sangue pela ruptura dos vasos, com hemorragia para o exterior ou para dentro da cavidade, causando hipovolemia, diminuição do débito cardíaco e da perfusão tissular e outras complicações. Quando as alterações vasculares são discretas, desencadeiam uma resposta local que compreende vasoconstrição, coagulação, permeabilidade vascular que permite a migração de elementos celulares para defender contra bactérias, degradar e remover tecido necrótico e realizar a cicatrização da ferida. O acúmulo destes elementos com a água, eletrólitos e proteínas plasmáticas forma o edema traumático, que é de reabsorção lenta. Este líquido fica sequestrado e não faz parte do líquido extracelular funcionalmente ativo. Pode ocorrer perda de líquido para o terceiro espaço que quando em grande volume gera o déficit no volume de líquidos. Após traumatismos cirúrgicos extensos, o organismo pode ter de 12 a 15% de água de seu corpo sequestrada. Quando esta perda é intraperitonial pode chegar até 1 litro sem ser visível. A abertura da cavidade torácica e abdominal e posterior manipulação de vísceras provocam, ainda, perda de líquido por evaporação. Lesão de órgãos específicos Podemos citar como exemplo a manipulação das alças intestinais que inibe o peristaltismo, acarretando risco para vômitos e distensão abdominal. Hipóxia (oxigenação celular inadequada) Pode ser provocada pela depressão dos centros respiratórios pelos agentes anestésicos, depressão dos movimentos respiratórios ou pela própria dor. Os anestésicos inalatórios também provocam acúmulo de secreção nas vias aéreas que os percebem como um corpo estranho. Nesse sentido, eles podem prejudicar a troca de gases e a desobstrução ineficaz de vias aéreas. AVALIAÇÃO PRÉ-OPERATÓRIA ⚫ Objetivos da assistência pré-operatória; ⚫ Identificar o conhecimento do paciente frente ao procedimento cirúrgico; ⚫ Preparo do paciente para o período perioperatório; ⚫ Preparo físico e mental do paciente. A opção pelo tratamento cirúrgico leva em conta tanto o risco do paciente frente a cirurgia quanto o seu prognóstico caso esta não seja realizada. Mesmo um indivíduo considerado com certo risco pode precisar realizar a cirurgia, caso seu prognóstico sem a cirurgia seja extremamente ruim. A avaliação pode determinar também a necessidade de se protelar determinada cirurgia com o objetivo de melhorar o estado geral do paciente. Em alguns casos, o risco torna impossível a realização da cirurgia. Para ter clareza, a avaliação e acompanhamento do paciente no pré-cirúrgico é essencial. Os fatores de risco para as complicações cirúrgicas são caracterizados como toda possibilidade de dano que o paciente será submetido em um procedimento cirúrgico, decorrente de suas condições físicas e psíquicas, e que possam afetá-lo desde o pré- operatório, trans e pós-operatório. São classificados como fatores de risco para potenciais complicações cirúrgicas: desidratação, estado nutricional, extremo de idade, doença pulmonar, gestação, diabetes, dor, uso de substâncias tóxicas, distúrbios imunológicos, renais, cardiovasculares e hepáticos, fatores psicossociais, crenças espirituais e culturais, processos alérgicos e uso de medicamentos. Esses fatores precisam ser avaliados criteriosamente no período pré-operatório, com objetivo de prevenir possíveis complicações no trans e pós-operatório, e ainda visando uma alta hospitalar mais rápida e segura. O que investigar no período pré-operatório? ⚫ Hábitos de vida, tais como: sono e repouso, atividades diárias, exercícios físicos, consumo alimentar; ⚫ Uso de drogas, álcool, fumo (qual substância? Frequência? Quantidade?); ⚫ Medicamentos: de uso diário, anticoagulantes, alergias a medicamentos, quanto tempo de uso, o porquê do uso, etc; ⚫ Em uso de anticoagulantes, qual? Quando parou? ⚫ Doenças prévias; ⚫ Histórico de cirurgia anterior, como foi o processo cirúrgico? Houveram complicações? ⚫ Conferir os exames solicitados para realização da cirurgia, momento pré- operatório; ⚫ Se há rede de apoio para o momento cirúrgico; ⚫ Conhecimento acerca do motivo que leva a cirurgia, sobre a cirurgia, sobre os cuidados pós-operatórios, etc; ⚫ Investigar ansiedade, medo, dúvidas perante o procedimento? Como se sente sabendo que irá realizar o procedimento? A anamnese e entrevista no momento pré-cirúrgico ajudarão a identificar as necessidades do paciente e os sentimentos quanto a realização do procedimento. Nesse momento deve OUVIR para planejar prioridades no caso do paciente, AVALIAR para identificar diagnósticosde enfermagem prioritários e REALIZAR o planejamento e assistência direcionada as necessidades elencadas. Exames pré-operatórios: Os exames pré-operatórios solicitados pela equipe médica seguem conforme necessidade do caso do paciente. Entretanto, alguns são utilizados mais rotineiramente, como: hemograma completo, tipagem sanguínea, glicemia de jejum, dosagem de creatinina e eletrólitos, tempo de coagulação (KTTP), exame qualitativo de urina (EQU), RX de tórax e ECG (acima dos 35 anos). Dor A estimulação sensitiva é causada pela lesão dos tecidos, posicionamento na mesa cirúrgica, uso de equipamentos como sondas e drenos, punção anestésica, etc. É necessário avaliar se a dor é aguda ou crônica, para realizar o manejo da mesma conforme a necessidade. Se essa dor já havia no pré-operatório, se é decorrente do processo cirúrgico, se é de algum dispositivo de saúde, se é esperada ou é uma possível complicação. Nesse sentido, há necessidade de avaliação desde o pré-operatório, utilizando escala de intensidade, identificação da localização, quando começou a dor, o que alivia e o que piora o quadro, etc. A dor pode afetar ainda outras necessidades, como: náusea e vômitos; mobilidade física; desobstrução ineficaz de vias aéreas; padrão respiratório; déficit no autocuidado para banho, higiene íntima, vestir-se, comer, etc; medo de evacuar, gerando um risco de constipação. Cuidados: ANALGÉSICO QUANDO NECESSÁRIO - O paciente deve ser informado, para que solicite; Passada a fase inicial, os analgésicos não devem ser administrados sem que se determine a causa exata da dor, uma vez que podem mascarar sintomas de complicações sérias; Após a administração dos analgésicos, deve-se: avaliar seu efeito e investigar possíveis reações do paciente (depressão respiratória, hipotensão, etc ...); O paciente não deve ser sedado a ponto de não poder participar do autocuidado, realizar exercícios respiratórios, etc...; Avaliar características da dor, administrando, se necessário, analgésico conforme prescrição médica; Manter em posição de conforto ou realizar mudanças de decúbito com frequência; Orientar lateralização do corpo para sentar; Reconhecer a presença da dor, ouvir atentamente a queixa, investigando a dor para compreendê-la melhor, não duvidar de sua existência; Evitar procedimentos dolorosos no final da tarde, pois neste horário o limiar da dor é menor; Manter cabeceira do leito elevada e as pernas fletidas para diminuir a tensão abdominal, no pós-operatório; Orientar o paciente no período pré-operatório a respeito da dor esperada, do efeito das substâncias anestésicas, analgésicos e dos procedimentos que serão realizados no trans; Utilizar técnicas (mudança de decúbito, exercícios respiratórios, massagens, desviar a atenção) para relaxamento visando diminuir a ansiedade e a agitação do paciente. Náusea Pode estar relacionada a ansiedade, dor, hipotensão, glicemia, distensão abdominal (patologia primária – TUMOR, secundária – compressão intestinal, bexigoma, etc...) Cuidados: Investigar causa; Rotina de NPO pré-operatório; Utilizar medidas para diminuir a ansiedade e a dor do paciente Fazer gargarejo com água gelada; Orientar o paciente para comunicar a equipe de enfermagem; Administrar antieméticos conforme prescrição. Realizar ou orientar higiene oral; Liberação da dieta, no pós-operatório, somente após retorno do peristaltismo. ➢ Pode estar relacionada com presença de SNG; ➢ NPO prolongado Manter paciente com a cabeceira da cama elevada para evitar refluxo gastroesofágico. Oxigenação Orientar a realização de respiração diafragmática: o abdômen se distende na inspiração, acompanhando a descida do diafragma, e se contrai na expiração ajudando a expulsão do ar. Orientar o uso de apoio em FO (tosse, evacuação, soluço, vômito, risada...e todos movimentos que pressão intra-abdominal (manobra de Valsalva)). COMPLICAÇÕES POTENCIAIS: A cirurgia pode ser adiada em presença de fatores de risco; A infecção respiratória contraindica uma cirurgia pelo risco de se disseminar ou agravar, levando o paciente à insuficiência respiratória aguda; Doenças crônicas (asma, enfisema, etc...) devem ser tratadas previamente; Eventualmente a capacidade respiratória pode estar tão diminuída que torne impraticável realizar a cirurgia. A mucosa oral pode estar prejudicada em decorrência do jejum oral e diminuição da salivação. Oferecer material para umedecer lábios e mucosa oral, orientar que não deve engolir a água enquanto em NPO, higiene oral, controle rigoroso de gotejo do soro. Pode existir o risco para integridade da pele ser prejudicada devido a reação alérgica ao esparadrapo ou micropore. No pré-operatório investigar história de alergias, realizar teste se houver tempo. Procurar utilizar coberta antialérgica, nos pacientes de risco; FACILITAR A ELIMINAÇÃO DAS SECREÇÕES PREVENIR DEPRESSÃO RESPIRATÓRIA Fluidificar secreção com controle do soro Instituir outras medidas para o alívio da dor evitando uso de analgésicos Ingesta hídrica abundante e nebulização Não esperar que a intensidade da dor aumente o que ocasionaria necessidade de maior dose de analgésico Mobilização no leito e deambulação Avaliar resposta do paciente aos analgésicos Exercícios respiratórios Não abafar o local, usar a menor quantidade de coberta possível; Orientar que a irritação da pele pode ser uma fonte potencial de entrada de microrganismos. PREPARO DO PACIENTE NO PRÉ-OPERATÓRIO Verificar identificação do paciente, leito, documentos, pulseiras necessárias (identificação, alergias, risco para quedas...), identificação do local da cirurgia; Controle da nutrição e dos líquidos: no dia anterior a cirurgia será orientado quanto tempo será necessário para não ingerir nada por via oral (NPO) para evitar complicações como náuseas, vômitos, broncoaspiração, etc. É crucial que o paciente seja orientado que irá precisar ficar um tempo em jejum e que logo após a recuperação anestésica a alimentação será retomada gradualmente. Em caso de pacientes diabéticos o controle glicêmico deve ser mais rigoroso. Preparo intestinal: algumas cirurgias necessitam de preparo intestinal, que podem ser desde a noite que antecede a cirurgia, ou de até 72h antes da cirurgia. Poderão ser utilizadas algumas medicações para o preparo intestinal, e o paciente precisa estar informado para a possibilidade de aumento do número de evacuações; Medicação pré-anestésica: as medicações devem seguir a prescrição médica, em caso de intercorrências no período pré-operatório que exijam medicamentos, como sinais e sintomas fora do previsto, mas necessários “se necessário”, devem ser comunicados a equipe médica. Deve-se atentar para o uso de anticoagulantes anterior ao período da cirurgia. Preparo da pele: não há consenso na necessidade de banho com antisséptico para todos os procedimentos cirúrgicos. O uso de antisséptico está indicado para pré-operatório de cirurgias de grande porte, em cirurgias com implantes/próteses ou em situações específicas como surtos. (ANVISA, 2013). Entretanto, deve-se seguir os protocolos da Instituição. De acordo com a publicação “Medidas de Prevenção de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde” ( ANVISA, 2013, pág. 68), alguns cuidados são recomendados para diminuir a Infecção de sítio cirúrgico (ISC), como: Incluir a higiene do couro cabeludo e o cuidado com as unhas; • Observar que o cabelo deve ir seco para o bloco operatório; • Fornecer toalhas limpas ao paciente; • Dar atenção especial à lavagem da cabeça nas cirurgias cranio-encefálicas; • Enfatizar a importância da higiene oral; • Entender o processo da higiene pré-operatória como prioridade; • Orientar previamente o paciente nas cirurgias eletivas quanto aos cuidados pré-operatórios e banho com clorexidina degermante; • Procederà troca da roupa de cama ou da maca de transporte após o banho. Fonte: Medidas de Prevenção de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde” (ANVISA, 2013). Tricotomia: remover os pelos depende da quantidade de pelos, do local da incisão, do tipo de procedimento e da preferência do cirurgião. Em caso de necessidade, deve-se realizar imediatamente antes da cirurgia, de preferência utilizando tricotomizadores elétricos, se possível no centro cirúrgico. A remoção dos pelos evita a aderência dos curativos pós- operatórios aos pelos do sítio cirúrgico. Realizar lista de verificação pré-operatória. NECESSIDADES PSICOSOCIAIS Um indivíduo ansioso é pouco receptivo a orientações que não digam respeito à causa de sua ansiedade. O paciente, como indivíduo, participa na operacionalização de sua assistência, tendo acesso às informações sobre sua saúde e interagindo nas decisões por uma ou outra alternativa terapêutica. As orientações devem ser dadas de acordo com as prioridades do paciente, usando linguagem clara e simples, de acordo com seu grau de compreensão, usando folhetos informativos ou outros recursos audiovisuais. É importante que as informações estejam em sintonia com as orientações médicas. Ademais, é necessário respeitar as crenças religiosas do paciente e dos familiares. São manifestações clínicas da ansiedade: hipertensão, vômitos, hiperglicemia, retenção urinária, agitação, insônia, entre outros. Alguns cuidados: ⚫ Preparo emocional no pré-operatório, especialmente orientando o paciente sobre o que esperar do pós-operatório. No entanto, ser cauteloso para não deixar o paciente mais apreensivo; ⚫ Através de interação equipe e paciente, identificar as causas da ansiedade, medos, preocupações, dúvidas. Realizar a escuta e tentar esclarecer as dúvidas e orientar as condutas, para amenizar os sinais e sintomas. Em caso de necessidade solicitar o acompanhamento psicológico; ⚫ Investigar possíveis formas de apoio, perguntar como o paciente e os familiares costumam reagir frente a situações de estresse; ⚫ Orientar sobre o objetivo e técnica de todos os procedimentos; ⚫ Investigar outros desconfortos que possam estar causando agitação; ⚫ Observar reação medicamentosa; ⚫ Orientar técnicas de relaxamento como exercícios respiratórios; ⚫ Manter paciente orientado no tempo e espaço; ⚫ Promover medidas para o alívio da dor e minimizar desconfortos associados; ⚫ Avaliar eficácia das ações empreendidas. A orientação efetiva irá ajudar a diminuir a ansiedade no pré-operatório FATORES NUTRICIONAIS A avaliação do estado nutricional do cliente identifica os fatores que podem afetar a evolução cirúrgica, como obesidade, perda de peso, desnutrição, déficits de nutrientes específicos, anormalidades metabólicas e efeitos dos medicamentos sobre a nutrição. (BRUNNER & SUDDARTH,2014). É necessário investigar com o paciente hábitos alimentares e de hidratação, a fim de identificar algum déficit de nutrientes. Normalmente, deve-se orientar os pacientes a realizar a dieta prescrita durante o pré- operatório e sua importância para o pós-cirúrgico e cicatrização da FO. Se hospitalizado, alimentar-se adequadamente com a dieta hospitalar, evitando alimentos de fora. A obesidade torna a técnica operatória difícil, aumentando o tempo cirúrgico e de intercorrências. Além disso, o tecido adiposo por ser menos vascularizado e menos resistente à infecção. A sutura torna-se difícil, aumentando a incidência de deiscência. Alguns anestésicos são lipossolúveis, necessitando de grandes doses, o tempo de recuperação pós- anestésica é maior. O paciente obeso tem dificuldade de respirar deitado e movimentar-se. Então, a avaliação pré-operatória, antes da internação hospitalar, pode ser um momento de orientar a novos hábitos alimentares, estimular a perda de peso, e também acompanhamento do educador físico e nutricionista. A obesidade pode gerar alguns riscos, entre eles: risco para infecção da ferida operatória (FO), alteração da função respiratória, mobilidade física, retardo no processo de cicatrização. Em relação aos pacientes com desnutrição, pode ser necessário utilizar dieta específica para que não tenham maior comprometimento no momento da cirurgia e da recuperação. Pode ser necessário dieta hiperprotéica e reavaliação dos exames laboratoriais antes da decisão do momento cirúrgico. Em caso de necessidade, sugerir avaliação de nutricionista. A ingesta hídrica via oral deve ser recomendada, em caso de o paciente não ter contraindicações. Quanto a suspeitas ou confirmações de hipovolemia, desidratação e desequilíbrios hidroeletrolíticos devem ser corrigidos na fase pré-operatória, sempre que possível. Para isso é importante a avaliação dos exames laboratoriais e exame físico do paciente: turgor da pele; débito urinário; débito cardíaco; em caso de perdas (eliminações urinária ou intestinal, vômitos, uso de drenos, sudorese excessiva...) identifica-las para reposição hídrica e eletrólitos. O enfermeiro precisa estar atento a necessidade de transfusão sanguínea durante o transoperatório. EXTREMOS DE IDADE No idoso a resposta ao processo cirúrgico é mais lenta e menos eficiente, o processo de cicatrização é mais demorado, a resposta imunológica pode ser mais deficiente. A tolerância a drogas como os barbitúricos, morfina e outros é alterada, podendo surgir, após seu uso, desorientação, confusão, excitação e alteração dos sinais vitais e depressão respiratória. É necessário estar atento acerca desses potenciais complicações que podem ocorrer, e orientar o idoso os cuidados que devem ser seguidos para obter uma boa recuperação. Alguns cuidados: ⚫ Esclarecer suas dúvidas do paciente e complicações relacionadas à idade avançada; ⚫ Investigar estado nutricional, dieta prescrita, doenças associadas, interações medicamentosas; ⚫ Estar atento para condições cognitivas dos pacientes e familiares para entendimento das orientações; ⚫ Atentar para uso de medicamentos de rotina. USO DE MEDICAMENTOS Alguns medicamentos devem ser descontinuados antes do procedimento cirúrgico, pois podem comprometer o efeito dos anestésicos ou causar reações adversas graves. Deve- se perguntar acerca do uso de anticoagulantes (risco de sangramento) e de corticoides. Pois, o uso dos mesmos deve ser notificado a equipe médica para o agendamento ou suspensão da cirurgia. USO DE SUBSTÂNCIAS TÓXICAS O uso de substâncias pode levar a complicações no intra e pós-operatório, incluído a resistência a fármacos, comprometimento respiratório e retardo da cicatrização dos tecidos. Essa investigação e orientação devem ser realizadas no pré-operatório para que o processo cirúrgico tenha maior qualidade e efetividade. Entre eles citam-se: o hábito de fumar deve cessar 30 dias antes da cirurgia para uma melhor evolução. A respiração é muito importante no período pós-operatório e os exercícios respiratórios devem ser iniciados de forma precoce já no pré-operatório. É um bom momento para iniciar um processo para diminuir ou parar de fumar. O uso de substâncias ilícitas deve ser investigado e, sempre deixar claro ao paciente o quão importante é ele ser franco para que as condutas sejam adequadas. Se uso, orientar que cesse, visto que algumas drogas podem ter interações com o efeito pós-anestésico. Recomendado 30 dias antes da cirurgia não ingerir substâncias ilícitas. Quanto ao uso de álcool, é recomendado que não haja ingestão de bebidas alcoólicas 4 semanas antes da cirurgia. Se for um etilista crônico, precisa ter uma avaliação minuciosa de enzimas hepáticas, desidratação e condição cardíaca. Orientar em pré-operatório para que se inicie logo que possível no pós-operatório! É importante orientar o paciente de forma precoce acerca dos exercícios respiratórios para eliminação dos agentes anestésicos de forma mais rápida;Orientar quanto a mobilidade precoce e exercícios que podem ser realizados no leito; Preparar o paciente quanto a possibilidade de sentir dor na incisão cirúrgica e utilizar o apoio de ferida operatória (F.O) em situações que aumente a pressão intra- abdominal. Quanto as cirurgias de urgência, é necessário que o Enfermeiro tenha conhecimentos técnicos e científicos para agir na situação. Com a ausência do preparo pré- operatório deve-se atentar a todas as possíveis alterações que podem ocorrer no pós- operatório: náusea, vômito, dor intensa, ansiedade, hipovolemia, distúrbios hidroeletrolíticos. É necessário realizar os exames laboratoriais para investigar possíveis alterações que deverão receber cuidados no período pós-operatório. Se houver acompanhante tentar realizar o rastreamento de uso de medicamentos, uso de substâncias tóxicas ao organismo e histórico prévio de saúde. SEMPRE PENSAR NAS COMPLICAÇÕES POTENCIAIS Investigar em pré-operatório os fatores que aumentem o risco de complicações respiratórias como: Presença de secreção em vias aéreas; História de tabagismo; Idade avançada; Obesidade; Desnutrição; Desidratação; Déficit de conhecimento do paciente e cuidadores sobre medidas para facilitar a oxigenação. REFERÊNCIAS BRUNNER, Lillian S.; SUDDARTH, Doris S.; SOUZA, Sônia Regina de. Brunner & Suddarth - Manual de Enfermagem Médico-Cirúrgica, 14ª edição: Grupo GEN, 2019. E-book. ISBN 9788527735162.Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527735162/. Acesso em: 22 mar. 2024. HINKLE, Janice L.; CHEEVER, Kerry H.; OVERBAUGH, Kristen J. Brunner & Suddarth - Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgica. Grupo GEN, 2023. E-book. ISBN 9788527739504. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527739504/. Acesso em: 22 mar. 2024. LEWIS, Sharon L.; Shannon R. DIRKSEN; Margaret M. HEITKEMPER; Linda BUCHER; Ian M. CAMERA. Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgica: avaliação e assistência de problemas clínicos. Rio de Janeiro. Elsevier, 2013. NANDA. Diagnóstico de Enfermagem da NANDA: definições e classificação 2021 -2023. Porto Alegre: Artmed, 2021. OLIVEIRA, R. G. Blackbook Enfermagem. Belo H