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AULA 2 GESTÃO E LIDERANÇA DE PESSOAS EM AMBIENTES COMPETITIVOS Prof. Kleberson Massaro Rodrigues 2 TEMA 1 – TEORIA DOS TRAÇOS A teoria dos traços defende que a posse de certos traços de caráter e de personalidade permitiria a certos homens acesso ao poder. Dessa forma, julgava-se ser possível encontrar traços de personalidade universais nos líderes que os distinguiam dos não líderes. É uma teoria costumeira, ou seja, não há um “dono” para essa teoria, ela averba que a liderança é uma capacidade inata, ou seja, que nasce com a pessoa. Seria algo como: “Ou nasceu para comandar ou nasceu para ser comandado”. Ela sustenta que o líder nato ou o possuidor de determinados traços seria capaz de exercer espontaneamente e imediatamente a liderança, o que vai de encontro à natureza dinâmica das relações humanas. Essa teoria ignora também os fatores situacionais e, embora especificasse traços que quase todos os líderes possuíam, a verdade é que temos que reconhecer que esses mesmos traços são frequentemente possuídos por um grande número de não líderes. Gordon Allport, em 1936, foi um dos pioneiros no estudo dos traços, que ele também referiu como disposições. Allport considerava traço de personalidade como sendo predisposições a responder igualmente ou de um modo semelhante a tipos diferentes de estímulos, ou seja, formas constantes e duradouras de reagir ao ambiente. O pesquisador examinou sistematicamente um dicionário e encontrou milhares de termos que podiam ser usados para descrever a personalidade e reduziu essa lista para 4,5 mil termos, por meio da eliminação de termos sinônimos e no final confrontou-se com um problema crucial: quais destes são os fundamentais? Para responder a esta questão, Allport, em 1966, estabeleceu três tipos básicos de traços: cardinais, centrais e secundários. • Traço cardinal: é uma característica única, que orienta a maioria das atividades da pessoa (uma pessoa generosa por natureza pode dirigir a sua atividade para ações de caráter humanitário; alguém que tenha uma inesgotável sede de poder pode orientar a sua vida pela sua permanente necessidade de controle); geralmente, as pessoas não desenvolvem esse tipo de traços cardinais abrangentes; em vez disso, possuem um conjunto de traços centrais que constituem a base da personalidade. 3 • Traços centrais: são as características centrais das pessoas, tais como honestidade, sociabilidade e solidariedade. São características fundamentais da pessoa; individualmente, cada pessoa possui várias dessas características. • Traços secundários: são características que influenciam o comportamento em menor grau, em menos situações, sendo menos centrais que os traços cardinais. Por exemplo: gostar de praticar dança moderna, ou não gostar de esportes coletivos. Dentro do contexto cronológico, a teoria dos traços foi respeitada até a década de 1940 e começou a perder credibilidade quando o teórico Ralph Stogdill, professor de Administração e Psicologia da Universidade de Ohio, a descartou. Após extenso estudo da literatura então existente, ele identificou a possibilidade de que as pessoas se tornam líderes devido a uma combinação de traços de personalidade. Para ele, a teoria dos traços não faz qualquer sentido, pois não leva em conta a influência de outros meios para o desenvolvimento da liderança. Realize um pequeno exercício: Faça uma lista de quais meios influenciam as pessoas para que elas desenvolvam a sua liderança pessoal. 1.1 A teoria dos traços nos dias de hoje Apesar de ser considerada popular e ainda relevante para muitas pessoas, a teoria dos traços não é amplamente bem aceita por estudiosos da liderança, pois acreditam que essa qualidade precisa ser adquirida e trabalhada, e não que se nasce com ela. Essa ideia ou “você nasce para comandar ou nasce para ser comandado” não é bem aceita há muitas décadas. Concordar com essa afirmação é assumir a ideia de que a liderança nasce com os indivíduos e que a cultura, a sociedade, os valores de um país, a educação dos pais e da escola não contribuem para a formação e desenvolvimento das pessoas para a liderança. Profissionais da área afirmam que o que qualifica um bom líder não são apenas suas características natas, mas sim a maneira que eles se comportam diante de alguma situação em que eles exerçam a liderança. Ainda não existem estudos comprovados que mostrem quais são – verdadeiramente – as características de um líder nato. Se pararmos para pensar 4 e observar, embora existam várias técnicas e ferramentas que contribuem para o exercício da liderança, cada um dos líderes administra seus negócios, conduz projetos e processos à sua própria maneira, bem como conduz suas equipes e se relaciona com as pessoas da forma que acredita ser a melhor e de acordo com sua identidade pessoal. TEMA 2 – TEORIAS COMPORTAMENTAIS A teoria comportamental surge na década de 1940, nos Estados Unidos, e tem como grande nome Herbert Simon, economista americano, autor do livro Comportamento Administrativo. Nessa época, dava-se ênfase às tarefas feitas de forma rotineira, sendo que toda a estrutura de trabalho era baseada em métodos contínuos, cotidianos, realizados sempre da mesma forma, como sendo o meio único valorizado para o desenvolvimento do comportamento das pessoas. Porém, com o passar do tempo, começou a existir um questionamento sobre a eficácia dessa metodologia. Observou-se a necessidade da substituição dos meios que influenciassem o comportamento das pessoas para além da repetição cotidiana e rotineira como sendo o único modelo baseado em recompensas financeiras ou estímulos econômicos. A ideia da motivação, de uma dinâmica organizacional que fosse para além dos conceitos existentes e da repetição do dia a dia laboral cumprido de forma mecânica, passou a “entrar em cena”. Outras formas de organização, menos formais e mais preocupadas com a relação entre os colaboradores, bem como a comunicação e o relacionamento entre os grupos passam a ser valorizadas e incentivadas. Simon, em sua obra, mostra-nos novas ideias sobre a forma e tratamento na tomada de decisões, bem como traz conceitos sobre o limite da racionalidade humana. Para ele, ao tomarem decisões, as pessoas usam a racionalidade de forma parcial. Em muitas ações, as pessoas são movidas pela emoção, não utilizando a razão de forma completa e contínua. Há outros autores que contribuíram para o desenvolvimento da teoria comportamental, entre eles McGregor, Herzberg e Maslow. A teoria comportamental nos ensina que as pessoas são completamente capazes de tomarem suas próprias decisões, que podem ser motivadas e 5 estimuladas a darem o seu melhor no ambiente de trabalho. A teoria estuda a influência do comportamento humano dentro das organizações. No desenvolvimento dessa teoria, foi visto que o homem tinha mais necessidades além do lado financeiro. Por exemplo, a interação social e o relacionamento entre as pessoas no ambiente de trabalho são necessidades humanas consideradas essenciais para o bom desenvolvimento das pessoas. O lado emocional passa a receber atenção. O gestor passa a enxergar o comportamento do indivíduo, conhecer as suas necessidades, conhecer melhor o comportamento humano e, assim, consegue motivar seus colaboradores de forma muito mais eficaz, melhorando a qualidade de vida dentro dos ambientes de trabalho e, por consequência, obtendo melhores resultados aos objetivos das organizações. Entender a necessidade humana para compreender a necessidade do indivíduo e, consequentemente, alcançar bons e melhores resultados passa a ganhar notoriedade ao longo de vários anos. Vamos a um exemplo muito simples: alguém com fome, com sono e cansado consegue trabalhar bem? O que você acha? Compreendendo a necessidade daquele indivíduo naquele momento, ficará muitomais fácil de fazê-lo produzir melhor, ou seja, a pessoa ao se alimentar e descansar voltará com muito mais disposição para desenvolver seu trabalho e atender as necessidades da organização. O psicólogo americano Abraham Harold Maslow (1908-1970) enfatizou, explorou e estudou a questão da necessidade das pessoas. É o criador da pirâmide de Maslow ou da teoria das necessidades de Maslow, que influenciou e influencia muitos estudos, sendo considerada muito atual, ainda, na realidade em que estamos inseridos. O estudo apresenta a teoria da motivação. Segundo, Maslow, as necessidades estão distribuídas em uma hierarquia, partindo do princípio de que, à medida em que os seres humanos vão sanando suas demandas mais básicas, vão subindo na hierarquia de necessidades, adquirindo outras cada vez mais complexas. Para tanto, Maslow definiu cinco necessidades do ser humano, dispostas na pirâmide abaixo e explicadas uma a uma a seguir: 6 Figura 1 – Pirâmide de Maslow Na base, temos as necessidades básicas do indivíduo, as necessidades mais ligadas à sobrevivência. As demais necessidades seriam as secundárias, situações não ligadas à fisiologia. São necessidades mais abstratas, porém também fazem parte da necessidade do homem, segundo Maslow. O autor acredita que as necessidades consideradas de nível mais baixo devem ser satisfeitas antes das necessidades de nível mais alto, devendo ser seguida a hierarquia de necessidades para atingir a sua plena autorrealização. O ser humano tem de suprir as necessidades mais básicas (fome, sono, aquecimento) e, a partir daí, passa a buscar suprir as outras necessidades que é a de segurança e assim sucessivamente. Percebam que o ápice da pirâmide trata da “necessidade da autorrealização”, trata do próprio potencial, do autodesenvolvimento, do crescimento pessoal, do autodesenvolvimento, seja na religião, na educação, no trabalho. Relaciona-se com as necessidades que vão ao encontro do propósito e sentido de vida das pessoas. Vamos agora, ao seguinte exemplo: Pensem numa pessoa que aqui chamaremos de Pedro. Ele é um excelente trabalhador, pois é eficiente, pontual, honesto, cumpre com muita responsabilidade suas tarefas e sempre está motivado e muito solícito com seus colegas de trabalho. Autorrealização Status – estima Sociais Segurança Fisiológicas 7 Após dois anos, essa situação muda. Pedro já não demonstra o mesmo esforço, o mesmo comprometimento e anda muito desmotivado. O que está acontecendo com Pedro? Pensemos nos motivadores desse desânimo? Quais as necessidades de Pedro neste momento? Primeiro ponto: a atividade dele se tornou rotineira, mecânica, e isso o incomoda, pois não faz mais sentido a ele. Partimos agora para um segundo ponto de atenção: quais as necessidades de Pedro? Reconhecimento por parte de seu chefe, melhor salário ou mudança nas tarefas e de área? Existe a necessidade de se tomar medidas administrativas para que aquele colaborador volte a render, e para isso é fundamental conhecer as necessidades e anseios daquele colaborador. Essas atitudes administrativas, com certeza, irão mudar o dia a dia de Pedro, deixando-o novamente motivado e apto a desenvolver um melhor trabalho. Temos nesse pequeno exemplo uma amostra do que defende a teoria comportamental, sendo o nosso comportamento um reflexo de alguma necessidade. Essas necessidades tornam-se insumos para que os gestores nas organizações a utilizem, a fim de atendê-las, satisfazendo os colaboradores e, consequentemente, atingindo os objetivos da organização na qual estão inseridos. Pense em você como colaborador da organização na qual trabalha. Quais as suas necessidades atuais? Em que etapa da pirâmide de necessidades de Maslow você se enquadra? Liste as ações a serem realizadas para que você alcance o atingimento de suas necessidades. TEMA 3 – TEORIA CONTINGENCIAL-SITUACIONAL A teoria contingencial traz a ideia de analisarmos as relações de forma mais abrangente, pensando de que forma as variações do ambiente influenciam nas organizações. Diferentemente da teoria dos traços ou da teoria dos estilos de liderança, aqui as ações dos líderes são condicionadas pelas circunstâncias organizacionais específicas. A análise do ambiente interno e externo é o ponto de partida: o que temos de bom na organização? Minha equipe é preparada para atingir o objetivo? Ou ainda, temos recursos financeiros? Onde se quer chegar? Quais os principais 8 concorrentes? De que forma a cultura social influencia a organização? Temos os meios e as ferramentas certas para enfrentar determinada crise? Esses questionamentos levam os líderes a terem ações específicas em cada contexto em que enfrenta. Determinada ação no passado pode não ter êxito no presente, pois as circunstâncias são outras. Ela irá mostrar as condições do ambiente e projetar a melhor forma técnico-administrativa, que deverá ser usada para o alcance eficaz dos objetivos de determinada organização. Estuda-se o ambiente em todas as suas vertentes e traça-se um planejamento técnico para o alcance dos objetivos. Pensemos que cada organização tem a sua realidade, algumas com bom fluxo financeiro, outras com colaboradores mais bem preparados, por exemplo, ou seja, cada uma com seus desafios, com sua realidade. Esse é o ponto principal da teoria contingencial: não existe uma fórmula absoluta de gerir as organizações, pois cada uma tem uma realidade diferente e existem muitas variáveis que acabam por influenciá-las e, consequentemente, obter de cada líder uma atuação de acordo com a situação apresentada. Destaco aqui algumas obras e autores que trataram o assunto: Fred Fiedler, cientista que nos anos 1960, desenvolveu uma teoria de liderança conhecida pelo nome de modelo de contingências de Fiedler. A teoria de Fiedler defendia que para diferentes situações se deve aplicar tipos diferentes de líderes, ou seja, as realidades em que as organizações estão inseridas acabam por influenciá-las e, consequentemente, por demandar líderes com características necessárias para atuar nesses contextos específicos. Em síntese, essa teoria afirma que não existe um tipo, um estilo de liderança determinado para quaisquer situações. Para Fiedler, há três dimensões situacionais que influenciam a liderança eficaz, pois ou são orientados para as tarefas ou são orientados para as pessoas. As três dimensões situacionais são: • Relações líder-colaboradores • Estrutura das tarefas • Posição de poder do líder A combinação desses fatores nos permite determinar qual o estilo de liderança mais eficaz segundo uma escala/matriz de Fiedler. Embora seja uma teoria muito popular, na realidade Fiedler não admitia que um líder pudesse ter mais do que um estilo que se adaptasse à situação. 9 Nesse modelo não existe flexibilidade e essa é a maior crítica a ele. Hoje sabemos que um bom líder, apesar de possuir características intrínsecas que lhe classificam em determinado estilo como mais predominante, é capaz de se adaptar às diversas situações e mudar de estilo quando é necessário. Dentro das teorias das lideranças, as teorias contingenciais se destacam pela crítica a teoria comportamental, pois ela nos mostra que não existe um melhor estilo de liderança: o líder teria que se adaptar à situação como um todo, tendo que se moldar com a situação ao redor dele, sempre observando a situação geral do contexto em que a organização está inserida. Destaco aqui outros pesquisadores: • Gareth Morgan, nascido no País de Gales em 22 de dezembro de 1943, professor e escritor, defende que as organizações são geralmente complexas em vários sentidos, repletas de paradoxos, e que o desafio é aprender a lidar com essa complexidade, mas que ao fazer isso acaba se tendo um ganho, um benefício de se encontrarem novos caminhos para as mais diferentesáreas, resolvendo as vezes grandes problemas dentro das corporações. • Alfred D. Chandler, para muitos considerado um dos grandes nomes da teoria da contingência, acredita que diferentes ambientes levam as organizações a adotarem novas estratégias, e estas exigem diferentes estruturas organizacionais, reforçando o que já está no DNA da teoria que as variações do ambiente influenciam nas organizações. Finalizando, deixo abaixo um quadro síntese que reforça as principais características da teoria contingencial: 10 Figura 2 – Principais características da teoria contingencial Fonte: Carvalho, [S.d.]. Reflita e descreva que aspectos externos da organização em que você trabalha acabam por influenciá-la. Teoria das contingências Foco nos fatores externos: mercado, clientes, governo, concorrência, tecnologia etc. Ênfase em questões pontuais e específicas: estratégia versus estrutura, tecnologia versus estrutura e modelo de gestão, tamanho versus mercado. Críticas às abordagens prescritivas da Administração Teoria das contingências Busca da explicação das mudanças na estrutura organizacional, a partir da influência de fatores Visualização da tecnologia como um fator contingencial preponderante e independente Ênfase no caráter adaptativo das organizações ao seu ambiente contingencial 11 TEMA 4 – ESTILOS DE LIDERANÇA O ambiente corporativo e empresarial é muito instável, por vários motivos. Vários fatores influenciam no seu dia a dia: uma nova lei que altera o valor de determinado imposto e, consequentemente, irá afetar o custo de um produto, uma epidemia que pode tirar de circulação vários colaboradores, um reajuste no aluguel da sede da empresa, um cliente que resolve encerrar um contrato – são alguns dos muitos exemplos que podemos dar para ilustrar como pode ser instável a rotina de uma organização. Dentro desse contexto, muitas vezes é de suma importância a habilidade dos gestores em acelerar certas mudanças, adaptando a organização a uma nova realidade. Nesse momento, a capacidade de alguns gestores em passar de forma produtiva por esse processo, deixando aflorar a sua capacidade de liderança, influencia seus liderados para a conquista de resultados, assim como os motiva no crescimento profissional e pessoal. E quais são os estilos de liderança que podemos observar? Como influenciam na obtenção do apoio de seus colaboradores? Podemos citar alguns estudiosos dos estilos de liderança. Para o professor e escritor brasileiro Chiavenato (2003), além da liderança ser essencial para quaisquer funções nas organizações, ela precisa ser conhecedora dos seres humanos para que possa motivá-las, geri-las e direcioná-las. Entende-se por liderança a percepção do grupo em relação ao líder que consegue influenciar, persuadir e argumentar sobre pessoas. Segundo Maximiano (2007, p. 277), Liderança é o processo de conduzir as ações ou influenciar o comportamento e a mentalidade de outras pessoas. Proximidade física ou temporal não é decisivo no processo de liderança. Um cientista pode ser influenciado por um colega de produção que nunca viu ou mesmo que viveu em outra época. Líderes religiosos são capazes de influenciar adeptos que estão muitos longe e que têm pouquíssima chance de vê- los pessoalmente. O psicólogo alemão Kurt Lewin (1890-1947) estudou os estilos de liderança baseado em dois aspectos: as tarefas, focado em resultados, e os relacionamentos, ou seja, a relação entre os indivíduos. Uma de suas principais publicações foi a teoria dos estilos de liderança, apresentada por volta do fim da década de 1930 e que serve como referência até hoje. 12 Os três estilos de liderança segundo o excelente estudo apresentado por Kurt Lewin, que acabou por influenciar inúmeras gerações sobre a liderança, são: líder autocrático, líder democrático e líder liberal. • Líder autocrático: temos aqui o poder hierárquico de decisão centralizado em uma pessoa, geralmente aquele que está no topo da pirâmide, o chefe. Lewin identificou que é o estilo mais benéfico quando se tem pouco tempo para resolver uma situação, pois no curto prazo é o que gera maior produtividade. Assim, a abordagem autocrática pode ser boa quando a situação exige decisões rápidas e ações decisivas. Lewin chama atenção para o perigo desse tipo de liderança vir carregada de autoritarismo. Dessa forma, o ambiente acaba se tornando mais agressivo, colocando liderados contra o líder dominador. É o modelo mais autoritário, pouco democrático, visto que impõe as suas ideias e decisões basicamente sem consultar a opinião dos liderados. Ele é também centralizador. Esse tipo de líder é dominador. Por isso, é bastante temido pelo grupo, que fica aliviado quando ele não está presente. Ele é bastante rígido e espera que todos acatem as suas ordens sem se opor ou questionar. Seu lema é: comando e controle. Temos alguns críticos desse tipo de liderança que defendem a ideia de ser pouco criativa, inflexível e dogmática. • Líder democrático: esse tipo de liderança se divide em duas, a liderança democrática participativa e a liderança democrática consultiva. Na primeira, há a total participação dos colaboradores. O líder delibera em grupo e a decisão é tomada dentro desse contexto participativo. Isso não significa que é a decisão mais inteligente, mas é a que faz a equipe ser mais empoderada, afinal de contas todos fizeram parte do processo decisório. Na liderança democrática consultiva, o líder consulta, mas guarda para si o poder de decisão. Ele dá voz aos membros da equipe, mas não obrigatoriamente segue a ideia deles. O líder orienta o grupo e incentiva a participação de todos. A ênfase está no líder e, também, no grupo. Esse tipo de liderança tem no grupo a confiança para a tomada de decisões. Aqui, o líder é o capitão do barco, que direciona, mas conta com os seus marujos para se chegar ao objetivo, a partir da especialidade e 13 competência de cada um. As decisões são tomadas em conjunto, existe troca de ideias e uma boa interação entre as pessoas. Dessa forma, o profissional que possui as características desse tipo de liderança valoriza a contribuição dos seus liderados, aumentando a autoestima do grupo. Esse líder encoraja a participação de todos, interage de forma satisfatória, inspira e atua como um facilitador que ajuda na definição e na solução de problemas. • Líder liberal: na visão do autor, é o pior modelo, pois se configura na ausência do líder. Existe aqui a delegação integral das decisões para o grupo. O autor observou que essa liderança mostra uma falta de comando, grupos carentes de direcionamento, falta de um guia, fuga de responsabilidade pessoal. Na condução do líder algo deu errado? Se consegue e não se consegue achar o culpado, pois ninguém tinha o seu papel definido dentro da organização. Demonstração clara de evidente terceirização de responsabilidade. Notou se falta de trabalho, motivação e sucesso na jornada. Nesse modelo de liderança, o líder dá total liberdade ao seu grupo. Ele apenas participa das decisões quando é solicitado. Os membros da equipe possuem liberdade para conduzir seus projetos. Embora este estilo de liderança seja muito criticado, ele só funciona com grupos bastante amadurecidos e em equipes autogerenciáveis. Do contrário, as atividades poderão não ser realizadas e os colaboradores poderão não respeitar o líder. Como a liderança é objeto de estudo muito pesquisado podemos evidenciar um quarto estilo de liderança, muito apreciado nos tempos atuais. • Líder servidor: como o próprio nome diz, é uma liderança de quem serve ao outro, que serve aos interesses, a vida do outro e do grupo. Grandes líderes dentro das empresas, muitas vezes, estão focados apenas nas metas e nos lucros a serem alcançados,e às vezes, dentro desse universo de objetivos, se esquecem de quem faz tudo isso ser possível, de quem angaria clientes, de quem atende, de quem possibilita a obtenção do lucro, de quem faz objetivamente isso acontecer, de quem faz essa “roda girar”, ou seja, esquecem de todas as pessoas que trabalham em prol de uma organização. Para esse tipo de liderança é claro que as pessoas são 14 o ativo mais importante de uma organização desde as pessoas com cargo menos complexo aos mais complexos. Exemplo: Pense numa companhia aérea. Ela tem um ativo importantíssimo que são suas aeronaves, porém quem os pilota? Quem recebe os passageiros no check-in? Quem vende passagens? Adianta ter apenas as aeronaves? Não, apesar de serem um ativo importantíssimo, não irão funcionar sozinhas. Portanto, o líder servidor se coloca a serviço de seus liderados para que eles possam, por meio do senso de pertença e das suas expertises entregar o melhor para a organização e, consequentemente, para os clientes. Isso trará o melhor resultado. Em cada tipo de liderança, as atitudes e o perfil do líder promovem uma cadeia de comportamentos no grupo e, consequentemente, uma dinâmica na organização em que estão inseridos que acaba por influenciar na cultura organizacional. Em qual tipo de liderança você enquadra o gestor da organização em que você trabalha? Em qual tipo de liderança você se enquadra enquanto colaborador? Quais esforços você precisa empreender para desenvolver o estilo de liderança que você pretende ter? 4.1 Pesquisa com crianças White e Lippitt fizeram um estudo, em 1939, para verificar o impacto causado pelos três diferentes estilos de liderança estudado por Lewis em meninos de 10 anos, orientados para a execução de tarefas. Os meninos foram divididos em grupos e a direção de cada grupo era desenvolvida por líderes que utilizavam três estilos diferentes: a liderança autocrática, a liderança democrática e a liderança liberal (laissez-faire). Idalberto Chiavenato (2006) relaciona os estilos de liderança dessa teoria com o comportamento do líder e liderados no processo de trabalho. Alguns pontos observados: • Liderança autocrática: vai de encontro com o que Kurt Lewin já previa em seu estudo, pois notou-se que o grupo não demonstrou satisfação na execução das tarefas. Ficou perceptível que o trabalho evoluía apenas com a presença do líder, sendo isso necessário para o bom funcionamento na 15 execução das tarefas. Outro ponto que chamou a atenção dos pesquisadores foi o ambiente agressivo e hostil. • Liderança liberal: a conclusão do trabalho desenvolvido por esse grupo sob a administração de uma liderança liberal foi a de muita movimentação da equipe, porém com poucos bons resultados. As tarefas se desenvolviam sem objetividade; ficou claro a falta de um coordenador que direcionasse os trabalhos. Notou-se também pouco respeito ao líder. • Liderança democrática: aqui prevaleceu o bom relacionamento entre os colaboradores, relação de cordialidade entre eles. Outra característica do grupo foi a de ter um bom ritmo de trabalho, com posições pré-estabelecidas, o que trouxe uma segurança aos colaboradores, que aceitaram responsabilidades e se comprometeram com elas. Para Chiavenato (2003), a liderança deve ser adaptada e regular as pessoas que, por si só, já são diferentes entre si. Sua habilidade em comunicar passa a ser essencial. Isso evidencia que há competências, habilidades e atitudes que vão para além dos traços de sua personalidade para o bom exercício da liderança. TEMA 5 – AUTOLIDERANÇA Em uma análise mais generalista, podemos classificar a autoliderança como o processo ou capacidade de liderar a si mesmo. Você é o seu próprio líder, o seu gestor, o seu guia, o seu orientador. Isso implica em ter consciência das suas crenças, potenciais, capacidades, dificuldades, pontos de atenção e vulnerabilidades. Por isso a, autoliderança anda passo a passo com a necessidade autoconhecimento, e tem uma característica que é a presença, a consciência de estar conectado no presente naquele momento, sem pensar no passado ou futuro. “A administração é um processo operacional composto por funções como planejamento, organização, direção e controle. O planejamento não diz respeito às decisões futuras, mas às implicações futuras de decisões presentes”, diz o austríaco Peter Drucker (2003), reconhecido como um dos maiores pensadores sobre os impactos da globalização na economia e nas organizações, e considerado, por muitos, como um dos fundadores da administração moderna. 16 Inspirador por Peter Drucker, podemos dizer que o mesmo acontece com cada um de nós que ocupamos os mais diferentes cargos nas organizações: “devemos planejar no presente como queremos nos desenvolver para sermos melhores em vista de um futuro”. Para tanto, o autoconhecimento ajudará na identificação dos pontos fortes e nos pontos a desenvolver. E esse “olhar para dentro, para si mesmo” é fundamental no processo da autoliderança. Temos de ter a clareza de quem somos e aonde queremos chegar! Podemos dizer que o autoconhecimento é um caminho obrigatório para se chegar na autoliderança. Desenvolvendo a autoliderança, você se tornará uma referência para outras pessoas e até para outros líderes. Mantendo-se calmo diante das dificuldades, mantendo-se criativo, perceptivo às oportunidades, respeitando as pessoas nas adversidades, respeitando a troca de ideias e posições contrárias, você certamente se tornará fonte de inspiração, e conhecimento. 5.1 O inimigo da autoliderança Como em todos os processos que passamos em nossas vidas, na autoliderança também teremos obstáculos, questões que podem fazer você não atingir o seu objetivo. Nesse tópico, a falta de uma boa preparação surge como um componente importante. Como você pode liderar um grupo se, por exemplo, não demonstra capacidade em liderar a si mesmo? Alguém irá confiar em você no decorrer do processo? Você tem que estar bem preparado, ter conhecimento sobre o que está acontecendo no seu entorno, buscar desenvolvimento contínuo, dominar suas emoções, manter um pensamento positivo para poder passar as instruções necessárias para seus colaboradores naquele momento e direcioná-los. Isso não quer dizer que o líder não pode pedir opiniões ou trocar ideias com os demais membros, pelo contrário, ele deve fazer isso, afastando-se de qualquer possibilidade de autoritarismo. Ser transparente e parceiro de seus liderados em um momento de insegurança ou dificuldade torna a relação mais madura e duradoura. Porém, o olhar para o autoconhecimento tem de ser um imperativo constante na vida do líder independentemente da idade da pessoa e do tempo de experiência em qualquer ambiente de trabalho. 17 • Caso Rafael: Rafael, iniciou seu trabalho em uma fábrica de embalagens. Era um jovem que sabia onde queria chegar. Desde o momento de sua contratação, nunca escondeu que gostaria de ter uma empresa própria de polimento de pisos industriais, ofício que aprendeu com seu pai, porém lhe faltava recursos financeiros para investir na área. A colocação dele dentro da fábrica de embalagens era apenas a ponte para ele adquirir estes recursos e colocar em prática seu planejamento pessoal que perseguia com afinco e muito foco. Havia algumas características importantes do Rafael: transparência, objetividade e foco. A primeira característica diz sobre a condição dele em sempre deixar claro que em determinado momento ele sairia da empresa para um “voo solo” para todos da empresa. Isso é transparência, honestidade com os seus gestores. A segunda característica é a objetividade, pois seguia o que havia planejado como sendo o seu guia para obter recursos financeiros para, paralelamente ao emprego, adquirir meios da concretização de seu sonho pessoal. A terceira característicaera o foco, o olhar para o presente, sem êxito sempre de olho no que tinha de realizar na fábrica de embalagens. Logo, Rafael conquistou o cargo de liderança numa das importantes áreas da fábrica, na parte de corte e vinco, pois ele preenchia todos os requisitos de um líder naquela época e naquela organização. Rafael mantinha uma posição firme na sua liderança agregando valor aos colaboradores e, consequentemente, à fábrica. Num belo dia, em uma reunião com os gestores e liderados, ao ser questionado e ao receber feedback de melhoria sobre um processo interno de sua sessão, ele “se perdeu”. Não aceitou o questionamento e não absorveu e não acolheu os argumentos dos gestores. Não admitiu que poderia ser usado um outro processo que, certamente, seria mais vantajoso para a empresa. Rafael, que até então nunca tinha sido questionado em suas posições não admitiu ser questionado por gestores e liderados. Rafael era um excelente funcionário e conquistou um cargo de liderança por conta de seus conhecimentos, habilidades e atitudes. Porém, não estava pronto para ser um líder. Em um momento de questionamento foi intempestivo, apresentou traços de muito autoritarismo e demonstrou não possuir autoconhecimento bem desenvolvido. Não conseguiu controlar suas emoções. 18 Enxergou o feedback dos gestores e liderados como uma afronta a seus conhecimentos, se achou inferiorizado ao ter seu procedimento questionado e não se mostrou preparado, pois existia um processo que atenderia melhor a cadeia produtiva da empresa e ele desconhecia. O autoconhecimento é fundamental para atingir a autoliderança. A falta de observação de seus potenciais, mas também de seus pontos de atenção poder ser fatores vulneráveis a qualquer pessoa que deseja desenvolver a sua autoliderança. Faça uma lista de suas características pessoas apontando seus pontos fortes e pontos de fragilidade. A cada ponto de fragilidade descreva ações que você possa desenvolver para ser uma pessoa ainda melhor. 19 REFERÊNCIAS CARVALHO, B. Teoria contingencial. [s.d.]. Disponível em: https://slideplayer.com.br/slide/11897055/. Acesso em: 7 abr. 2022. CHIAVENATO, I. Introdução à teoria geral da administração: uma visão abrangente da moderna administração das organizações. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. _____. Administração geral e pública. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. DRUCKER, P. Prática da administração de empresas. Cengage, 2003. MAXIMIANO, A. C. A. Teoria geral da administração: da revolução urbana à revolução digital. São Paulo: Atlas, 2007.