Prévia do material em texto
Diretor Geral Gilmar de Oliveira Diretor de Ensino e Pós-graduação Daniel de Lima Diretor Administrativo Eduardo Santini Coordenador NEAD - Núcleo de Educação a Distância Jorge Van Dal Coordenador do Núcleo de Pesquisa Victor Biazon Secretário Acadêmico Tiago Pereira da Silva Projeto Gráfico e Editoração André Oliveira Vaz Revisão Textual Leandro Vieira Web Designer Thiago Azenha FICHA CATALOGRÁFICA FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS DO NORTE DO PARANÁ. Núcleo de Educação a Distância; VAN DAL, Jorge Luiz Garcia. Gestão de Marcas e Produtos. Jorge Luiz Garcia. Van Dal. Paranavaí - PR.: Fatecie, 2019. 93 p. Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Zineide Pereira dos Santos. UNIFATECIE Unidade 1 Rua Getúlio Vargas, 333, Centro, Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 2 Rua Candido Berthier Fortes, 2177, Centro Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 3 Rua Pernambuco, 1.169, Centro, Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 4 BR-376 , km 102, Saída para Nova Londrina Paranavaí-PR (44) 3045 9898 www.fatecie.edu.br As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site ShutterStock Professor Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal ● Mestre em Comunicação Social pela UMESP (Universidade Metodista de São Paulo). ● Bacharel em Comunicação Social (Jornalismo) (UniCesumar). ● Especialista em Marketing (Instituto Paranaense de Ensino). ● Especialista em Mídias Digitais (UniFatecie). ● Professor Formador EAD - UniCesumar. ● Docente do curso de MBA Marketing - Comunicação, mercado e mídia (UniCe- sumar). ● Professor de pós-graduação na Faculdade Cidade Verde (FCV). ● Professor de pós-graduação na Faculdade Alfa de Umuarama. ● Coordenador do curso de Marketing na UniFatecie. ● Coordenador do NEAD (Núcleo de Educação a Distância) da UniFatecie. Ampla experiência como diretor, produtor e apresentador de programas de TV e planejamento de mídia para campanhas de publicidade na região noroeste do Paraná. Apresentador de programas eleitorais e estrategista em Marketing Eleitoral. AUTOR Seja muito bem-vindo(a)! Prezado(a) aluno(a), se você se interessou pelo assunto desta discipli- na, isso já é o início de uma grande jornada que vamos trilhar juntos a partir de ago- ra. Proponho, junto com você construir nosso conhecimento sobre os conceitos fundamentais da estratégia de marketing, ou seja, os produtos e as marcas. Além de co- nhecer seus principais conceitos e definições vamos explorar as mais diversas aplicações do desenvolvimento e gestão de marcas e produtos pelas organizações. Na unidade I começaremos a nossa jornada pelo conceito de produto, os diferentes níveis que um produto pode possuir, bem como as classificações dos produtos e impli- câncias nas decisões de compra dos consumidores. Esta noção é necessária para que possamos trabalhar a segunda unidade do livro, que versará sobre o desenvolvimento de novos produtos. Já na unidade II vamos ampliar nossos conhecimentos sobre a concepção de produtos. Para isso, vamos detalhar cada uma das etapas para o desenvolvimento de um produto, para que serve a prototipagem e o pré-teste e, por fim, as funções da do designer e embalagens e sua classificação. Depois, nas unidades III e IV vamos tratar especificamente da marca, sua con- cepção (criação), o desenvolvimento do posicionamento e a gestão da marca, também conhecida como branding. Ao longo da unidade III, vamos destacar porque as marcas são tão importantes para o sucesso das empresas e também vamos conhecer as características para a criação de uma marca forte. Na unidade IV, vamos entender o papel da criação de valor para a satisfação do consumidor e sua fidelização. Aproveito para reforçar o convite a você, para junto conosco percorrer esta jornada de conhecimento e multiplicar os conhecimentos sobre tantos assuntos abordados em nosso material. Esperamos contribuir para seu crescimento pessoal e profissional. Muito obrigado e bom estudo! APRESENTAÇÃO DO MATERIAL SUMÁRIO UNIDADE I ...................................................................................................... 6 O Marketing e a Gestão de Produtos UNIDADE II ................................................................................................... 35 Desenvolvimento e Gestão de Produto UNIDADE III .................................................................................................. 59 A marca: Conceitos e Definições UNIDADE IV .................................................................................................. 77 A Construção da Marca 6 UNIDADE I O Marketing e a Gestão de Produtos Professor Me. Jorge Van Dal Objetivos de Aprendizagem ● Conhecer os principais conceitos e definições de marketing. ● Saber diferenciar marketing e propaganda ou marketing e comunicação. ● Compreender as principais orientações de mercado ou filosofias de marketing. ● Apresentar os 4 Ps do marketing (Produto, Preço, Praça e Promoção) – Mix de marketing. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ● Conceito de Marketing. ● Orientações para o mercado ou filosofias de marketing. ● 4 Ps de Marketing (Produto, Preço, Praça e Promoção). UNIDADE I O Marketing e a Gestão de Produtos Professor Me. Jorge Van Dal 7UNIDADE I O Marketing e a Gestão de Produtos Caro(a) aluno(a), é sempre empolgante aprendermos algo novo ou aprender mais sobre o que já sabemos. A cada leitura, a cada boa conversa, a cada experiência, temos a sensação que estamos diferente, mais completos, mais preparados. Nesta primeira unidade vamos abordar os conceitos fundamentais de marketing destacando o chamado mix de marketing ou 4Ps (Produto, Preço, Praça e Promoção. Como sabemos, os 4Ps representam um conceito que foi desenvolvido por Jerome MacCarthy, que representa uma definição dos quatro principais grupos de atividades que formam a base fundamental para a realização das atividades de marketing. Também vamos observar as mudanças e evoluções na relação entre as organi- zações e seus clientes evoluído ao longo do tempo. Para isso vamos conhecer as cinco orientações ou filosofias de marketing com base nas quais as organizações conduzem suas atividades: orientação para a produção, orientação para o produto, orientação para as vendas, orientação para o marketing e orientação para o marketing societal ou holístico. Além disso, vamos tratar de alguns aspectos que norteiam qualquer estratégia de marketing: necessidade, desejo e demanda. Vamos compreender que essas são a base que devem fomentar a criação de produtos e sua oferta para o mercado consumidor. Por último vamos dar destaque aos princípios da gestão dos serviços. Com isso, pretendemos ampliar a concepção de produto, como algo que não se limita a objetos físicos. Bom estudo! INTRODUÇÃO 8UNIDADE I O Marketing e a Gestão de Produtos 1 CONCEITO DE MARKETING A cada dia aparecem novos termos, novas propostas de conceitos e definições para a atividade de marketing. Com certeza você já ouviu falar em: marketing pessoal, marketing esportivo, marketing político, marketing sustentável marketing digital, marketing de guerrilha e muitos outros. No entanto, apesar das constantes e acentuadas mudanças sociais e tecnológicas que vivemos, marketing é marketing. Precisamos conhecer seus conceitos e aplicações básicos para compreender sua aplicação nas mais diversas áreas. Mas afinal de contas o que é o marketing? Para que possamos utilizar todos os recursos e instrumentalização que ele nos oferece, precisamos antes de tudo buscar enten- dê-lo e para isso, em primeiro lugar, é preciso saber o que o marketing NÃO é: Marketing NÃO é Propaganda, nem Comunicação! Por falta de conhecimento e pelo fato de que as empresas que praticam o marketing, consequentemente tem excelentes campanhas de comunicação, ainda há muita confusão entre Marketinge Propaganda. O marketing ou o estudo do mercado é muito mais amplo e muito mais complexo do sair por aí fazendo propaganda, sem estudo, sem planejamento e sem estratégias orientadas aos verdadeiros objetivos do negócio. Com isso, fica claro que marketing e propaganda, ou marketing e comunicação, não são a mesma coisa. Isso não significa que o marketing não utilize a comunicação como ferramenta estratégica para atingir seus objetivos e influenciar os processos de oferta e procura dos mercados, assim como as decisões dos consumidores. Mas, antes de fazer a 9UNIDADE I O Marketing e a Gestão de Produtos comunicação da oferta de um produto, a empresa realiza todo um trabalho de estudo do mercado, das necessidades do consumidor, de demanda e distribuição para daí sim fazer a propaganda de forma assertiva e convencer o consumidor, por meio das ferramentas persuasivas da comunicação a comprar o seu produto e não o do concorrente, isso tudo e mais um pouco é marketing. Marketing NÃO é vendas! É muito comum achar que vendas e marketing são sinônimos, mas não são. É óbvio que vender faz parte do marketing, mas tudo começa antes mesmo da fabricação do produto. É preciso observar o mercado, identificar necessidades ou oportunidades e daí sim ofertar produtos e serviços que as atendam, desde que esses tenham diferenciais sustentados por uma comunicação eficiente e preços competitivos. A venda enfoca as ne- cessidades do vendedor, já o marketing tem como objetivo principal entender e atender as necessidades do comprador. Origem da palavra Marketing (o estudo do mercado) A palavra Marketing derivada do latim mercari, que significa comércio – ou o ato de mercar, de comercializar, ou ainda, transacionar. Se analisarmos a palavra “marketing” (do inglês), vamos perceber que sua raiz “market” é traduzida como mercado. O sufixo “ing” tem uma conotação de movimento, parecido com o gerúndio do português. Se fossemos traduzir ao pé da letra a palavra marketing para o português, seria algo parecido com “mercadando”. Estranho, não é? Por isso, alguns autores traduzem o termo também como mercadologia. O sufixo “logia” é derivado do grego que significa estudo, assim como biologia significa estudo da vida. MARKETING ou MERCADOLOGIA = ESTUDO DO MERCADO. Lupetti (2009) cita que no Brasil, o neologismo ‘mercadologia’ foi introduzido em 1947 pelo professor Álvaro Porto Moitinho, em seu livro Ciência da administração, no qual ele afirmava que mercadologia era o estudo do mercado. Nesse sentido, podemos nos ar- riscar a, de forma objetiva, definir marketing como estudo do mercado. Portanto, podemos dizer que as empresas que observam, analisam, monitoram e estudam o mercado estão praticando marketing. 10UNIDADE I O Marketing e a Gestão de Produtos Mas, se marketing é o estudo do mercado, afinal de contas, o que é o mercado? Claro que não estamos falando do supermercado ou mercearia da esquina. Um mercado, como vamos tratar aqui, não é, necessariamente, um lugar físico ou geográfico. Trata-se de um conceito, tanto teórico quanto prático, no qual agentes econômicos ligados direta ou indiretamente realizar transações comerciais que envolvem a troca de produtos e serviços por uma unidade monetária (dinheiro) ou por outros bens e serviços. Podemos citar vários exemplos de mercados com integrantes que interagem e in- fluenciam os processos de oferta e procura. Exemplo: mercado de automóveis, de medica- mentos, de celulares, de roupas femininas, de artigos esportivos, de bares e restaurantes, etc. Por questões didáticas, destacar, de forma superficial, alguns dos agentes de um mercado, como concorrentes, fornecedores, distribuidores, fabricantes, varejistas e consu- midores. Claro que existem outras organizações que estão ligadas direta ou indiretamente a cada mercado, dependendo do setor de atuação, como bancos, financeiros, empresas de seguro, etc. Agora que entendemos melhor o que é um mercado, podemos compreender que a organização que pratica o marketing é aquela que está constantemente monitorando, analisando e estudando seus concorrentes, fornecedores, consumidores, etc. Ao fazer isso, a empresa pode ter o que chamamos de vantagem competitiva nesse mercado. Pois suas decisões estratégicas serão realizadas a partir desse estudo. O conceito de mercado acaba por nos levar de marketing. Marketing significa ad- ministração de mercados para efetuar e relacionamentos com o propósito de criar valor e satisfazer necessidades e desejos. Assim, voltamos à nossa definição de marketing como um processo administrativo e social pelo qual indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam, por meio da criação, oferta e troca de produtos e valor com terceiros. O processo de troca envolve trabalho. Os vendedores devem procurar por com- pradores, identificar suas necessidades, desenvolver bons produtos e serviços, determinar preços, determinar preços, promovê-los, estocá-los e entregá-los. Desenvolvimento de produto, pesquisa, comunicação, distribuição, determinação de preço e serviços são ativi- dades do marketing. 11UNIDADE I O Marketing e a Gestão de Produtos Figura 1: Principais participantes e forças em um sistema de marketing moderno Fonte: (KOTLER; ARMSTRONG, 2007, p. 64) Administração de Marketing Podemos definir administração de marketing como a análise, o planejamento, a im- plementação e o controle de programas desenvolvidos para criar, construir e manter trocas benéficas com compradores-alvo para que sejam alcançados os objetivos organizacionais. Assim, administração de marketing envolve administração de demanda, que por sua vez envolve administração dos relacionamentos com os clientes. Todos os tipos de organização utilizam o marketing, e elas o praticam de diversas maneiras. Muitas grandes empresas aplicam as práticas-padrão de marketing de maneira convencional. Outras, entretanto, utilizam o marketing de modo menos convencional e mais adaptado. Um livro recente, Marketing radical, elogia empresas como a Harley-Davidson, a Virgin Atlantic e a Boston Beer por obterem sucesso quebrando muitas regras do marketing. Em vez de financiar caras pesquisas de marketing, gastar rios de dinheiro em propaganda de massa e manter grandes departamentos de marketing essas empresas otimizaram o uso de seus limitados recursos, aproximaram-se de seus clientes e criaram soluções que satisfação melhor as necessidades deles. Na verdade, o processo de marketing frequentemente passa por três estágios: 9 Marketing empreendedor: muitas empresas são fundadas por pessoas em- preendedoras, que visualizam uma oportunidade a batem de porta em porta para apresentar suas ideias. Jim Koch, fundador da Boston Beer Company – fabricante da cerveja Samuel Adams, que se tornou uma das marcas de cerveja “artesanal” mais vendida -, começou em 1984 levando garrafas da Samuel 12UNIDADE I O Marketing e a Gestão de Produtos Adams de bar em bar para convencer os donos desses estabelecimentos a adquirir seu produto. Ele insistia até conseguir que colocassem a Samuel Adams em seu cardápio. Por dez anos, Jim não pôde investir em publicidade; ele comercializava sua cerveja por venda direta e a promovia pessoalmente. Hoje sua empresa fatura 210 milhões de dólares, o que faz a líder de mercado de cerveja artesanal. 9 Marketing profissionalizado: assim que as pequenas empresas alcançam o sucesso, elas passam a adotar procedimentos de marketing mais profissional. Recentemente, a Boston Beer resolveu gastar mais de 15 milhões de dólares em propaganda de televisão em mercados selecionados. Hoje, possui mais de 170 vendedores e um departamento de marketing que realiza pesquisa de mercado. Apesar de a Boston Beer ser bem menos sofisticada do que sua arqui-rival, a Anheuser-Busch, ela adotou algumas ferramentas utilizadas por empresas que têm o marketing altamente profissionalizado. 9 Marketing burocrático:muitas empresas grandes e estabelecidas mergulham de cabeça no marketing profissionalizado. Elas examinam atentamente os últimos números de Nielsen, exploram relatórios de pesquisa de marketing e tentam aperfeiçoar suas mensagens publicitárias e suas relações com os distri- buidores. Essas empresas muitas vezes perdem a criatividade e a paixão que tinha no começo. Quando chegam a esse ponto, é necessário que retomem as ações e o espírito empreendedor que fizeram delas empresas bem-sucedidas no primeiro estágio. 13UNIDADE I O Marketing e a Gestão de Produtos 2 NECESSIDADE, DESEJO E DEMANDA O tripé mercadológico ou também conhecido como a tríade “necessidades, desejos e demandas” são considerados conceitos essenciais para o das atividades de marketing, em especial para a criação e oferta de produtos ou serviços no mercado. Necessidade Se olharmos mais criteriosamente para a maioria dos produtos e serviços dispo- níveis, vamos perceber que eles foram criados (ou deveriam) para atender alguma neces- sidade do mercado consumidor, das necessidades mais comuns até as menos prováveis. Desde uma garrafa de água mineral para quem tem sede, até um passeio em uma limusine para quem quer conforto, luxo e ostentação. Mas aqui é importante deixar claro que a atividade de marketing, nem mesmo as empresas criam necessidades, mas sim as identificam. Como vimos marketing é o estudo do mercado, não é? Então, ao estudar os mercados as empresas também observam os consumidores e fazem pesquisa para descobrir quais são suas necessidades, a partir daí as empresas desenvolvem produtos novos ou aperfeiçoam produtos existentes para aten- der essas necessidades. Portanto, a identificação das necessidades do consumidor pode também ser considerada como a base da tríade ‘necessidades, desejos e demandas’, pois estes dois últimos são decorrentes do primeiro. Vale destacar que a necessidade tem origem natural, instintiva, biológica. Conforme aponta Kotler (2007) necessidades descrevem exigências humanas básicas. As pessoas precisam de comida, ar, água, roupa e abrigo para poder sobreviver. Elas também têm uma 14UNIDADE I O Marketing e a Gestão de Produtos necessidade muito grande de recreação, educação e entretenimento. Hierarquia das necessidades de Maslow Podemos utilizar também a teoria das necessidades de Maslow para compreender que existe um padrão de necessidades humanas, que seguem uma hierarquia. O psicó- logo norte-americano formulou nos anos 1940 e 1950 sua teoria da motivação com base no conceito de hierarquia de necessidades que influenciam o comportamento humano. Ele concebeu essa hierarquia pelo fato de o homem ser uma criatura que expande suas necessidades no decorrer de sua vida. Á medida que o homem satisfaz suas necessidades básicas, outras mais elevadas tomam o predomínio do seu comportamento. Entende-se que para Maslow, as necessidades dos seres humanos obedecem a uma hierarquia, ou seja, uma escala de valores a serem realizados. Isto significa que no momento em que o ser humano realiza uma necessidade, outra surge em seu lugar, exigindo sempre que as pessoas busquem meios para satisfazê-la. Imagem: https://veg11.com.br/site/images/stories/maslows-hierarchy1.jpg A hierarquia das necessidades de Maslow está reproduzida em: ● Necessidades fisiológicas: são as mais importantes, pois precisamos delas para nos manter vivos, se relacionam com as necessidades do ser biológico: respirar, de comer, de descansar, beber, dormir, ter relações sexuais, etc. No trabalho, podemos vincular as necessidades fisiológicas com: horários flexíveis, conforto físico, intervalos de trabalho para o almoço, para ir ao banheiro, etc. ● Necessidades de segurança: aquelas vinculadas com as necessidades de proteção: sentir-se seguros: sem perigo, estável, de conservar o emprego etc. https://veg11.com.br/site/images/stories/maslows-hierarchy1.jpg 15UNIDADE I O Marketing e a Gestão de Produtos No trabalho, pode ser vinculada a estabilidade no emprego, planos de saúde, seguro de vida, etc. No trabalho: Necessidade de estabilidade no emprego, boa remuneração, condições seguras de trabalho etc. ● Necessidades sociais: estão relacionadas as relações humanas e nossas ne- cessidades sociais de sentir-se parte de um grupo, inclusão em grupos, receber carinho e afeto dos familiares, amigos e pessoas do sexo oposto. No trabalho, pode ser vinculada as necessidades de conquistar e manter amizades, ter boas relações, ter lideres gentis, etc. ● Necessidades de estima: estão relacionadas as necessidades de sentir-se respeitado por si mesmo e pelos outros, obtendo reputação, reconhecimento, por meio do prestígio, reconhecimento, poder, etc. No trabalho, pode ser vinculada a responsabilidade pelos resultados, reconhecimento por todos, promoções ao longo da carreira, feedback etc. ● Necessidades de autorrealização: são necessidades de crescimento pes- soal, , aproveitar todo o potencial próprio, ser aquilo que se pode ser, utilização plena de seus talentos, fazer o que gosta e é capaz de fazer, ter autonomia independência e o autocontrole. No trabalho, pode estar vinculada a desafios, necessidade de influenciar nas decisões, ter autonomia, etc. Portanto, a teoria de Maslow, baseada nas necessidades humanas, nos permite fazer uma analogia com o mundo empresarial e consequentemente com as estratégias de marketing para o desenvolvimento de produtos e serviços. No caso de clientes que buscam produtos que atendam determinadas necessida- des, por exemplo, é possível identificar qual “degrau” da hierarquia proposta pelo autor tem maior relevância para cada produto no mercado. Alguns podem ter o centro de suas necessidades com foco na segurança quanto ao emprego, ao salário, etc. Outros podem ter (em determinado estágio ou momento) maior necessidade de estima, de ser reconhecido, valorizado pelos seus pares. Desejo O desejo tem sobretudo uma origem cultural, ou seja, tem relação direta com nossa cultura e com os hábitos sociais. Por isso, o desejo pode ser moldado pelas ações das marcas e empresas, principalmente por meio de suas campanhas publicitárias, que ao apelar para o emocional, desperta o desejo por um produto de marca específica. Para Kotler (2006) necessidades se tornam desejos quando são dirigidas a objetos específicos 16UNIDADE I O Marketing e a Gestão de Produtos capazes de satisfazê-las. Um norte americano NECESSITA de comida, mas DESEJA um hambúrguer, batatas fritas e um refrigerante (…). Desejos são moldados pela sociedade em que se vive. Portanto, podemos entender que as ações de marketing não criam necessidades, as identificam e criam produtos para atender essas necessidades, mas o desejo por uma marca específica, esse sim pode e é criado pelas ações de marketing, realizadas e retratada na publicidade e imersas na cultura. Demanda A demanda é considera a medida de sucesso de uma ação de marketing, pois nada adianta estudar o mercado, identificar um necessidade, criar um produto para atende-la, estimular o desejo do consumidor pela sua marca, senão houver demanda pelo produto. Nesse sentido, podemos deduzir que a demanda só ocorre quando nossas as necessidades e desejos do consumidor se convertem em ação, ou seja, compra. Portanto, uma das medidas de demanda é o estudo da relação preço/valor de um produto. Existem pessoas suficiente com condições financeiras (preço) e dispostas (valor) para viabilizar o lançamento de um novo produto? Para Kotler (2007) “demandas são desejos por produtos específicos apoiados por uma possibilidade de pagar. Muitas pessoas desejam um Mercedes, mas apenas algumas podem e estão dispostas a comprar um”. Portanto, as empresas devem medir não apenas quantas pessoas desejam seu produto, mas também quantas estão efetivamente dispostas e aptas a adquiri-lo. Mesmo que se tenha uma ideia genial de um produtoou serviço revolucionário que todos irão desejar, antes é fundamental ver se haverá uma quantidade de pessoas com recursos suficientes para adquiri-lo. Por exemplo, a viagem espacial civil para levar pessoas ao espaço e até mesmo a Lua, já é possível tecnologicamente. Mas ainda é muito cara e por isso pouquíssimas pessoas no mundo teriam condições de pagar e entre estas que tem recursos para isso, nem todas acham isso tão importante ou relevante. Por isso a demanda, nesse caso é quase inexistente. Agora, voltando a terra, vamos usar agora um exemplo mais próximo da realidade atual do mercado, a famosa rede mundial de fast food Mac Donald´s tem uma política de não abrir novos restaurantes em cidades com uma população com menos de 200 mil habitantes (exceto em regiões turísticas). 17UNIDADE I O Marketing e a Gestão de Produtos Ao estudar o mercado, a empresa tomou essa decisão não porque as pessoas não tem necessidade de comer e o desejo de saborear um Big Mac, nem mesmo pelo fato de não terem em média R$ 30,00 para comprar um combo (lanche, batata frita e refrigerante), mas sim porque analisaram que em cidades com população menor, não teriam um fluxo de clientes suficientes para manter a operação de uma empresa desse porte funcionando ou mesmo para atingir as margens de lucro desejadas. Isso é estudar a demanda, isso é marketing. Em resumo, podemos dizer que o objetivo do marketing é percorrer o seguinte caminho: ● Identificar necessidades e criar produtos e serviços que as atendam. ● Despertar o desejo para os produtos criados por meio das marcas e ferramentas de comunicação. ● Gerar demanda principalmente por meio de estratégias de preço e distribuição. 18UNIDADE I O Marketing e a Gestão de Produtos SAIBA MAIS O marketing CRIA necessidade? Sempre escuto de pessoas leigas que o marketing cria a necessidade nos clientes. Posso afirmar que isso não é verdade e quero demonstrar minha tese sobre este assunto neste post. A necessidade é algo seu, particular e que ninguém impõem. Portanto a necessidade não é criada ela é reconhecida pelo cliente. Este reconhecimento vem da comparação entre uma situação ideal e uma situação real. Quando a diferença entre a situação real e a situação ideal é grande o suficiente para que o cliente perceba então ele reconhece o problema e desperta a necessidade para que saia da situação atual para uma situação melhor. Vamos a um exemplo: antes dos celulares existirem ninguém sentia falta deles por que simplesmente não tinham como comparar sua situação real com a situação ideal. Quando o celular foi criado e as pessoas tiveram a oportunidade de comparar sua situação sem o celular e com o celular e perceberam como a sua vida ficaria mais fácil, como poderiam ampliar seus contatos e melhorar sua comunicação no dia a dia. Obviamente antes de lançarem o celular foi feita uma pesquisa e iden- tificaram que as pessoas tinham expectativas para melhorar a sua comunicação e o pessoal do marketing viu no celular uma solução para satisfazer estes clientes. Como podemos perceber o marketing não cria necessidades ele simples- mente traz a tona necessidades que já existiam dentro de você mas que em alguns casos ainda não eram percebidas. Nem todos percebem ou reconhecem o problema imediatamente, para outros a diferença entre a situação real e ideal não é grande o suficiente a ponto de mobilizá-la para compra e em muitos casos a necessidade surge mas é impedida pela demanda, ou seja, não existem condições apropriadas, sejam elas financeiras ou de estrutura, para adquirir o produto ou serviço. E qual a diferença entre necessidade e desejo. Podemos exemplificar dizen- do que necessidade eu preciso e desejo eu quero, no meu caso eu PRECISO me deslocar da minha casa até meu escritório todos os dias, eu QUERO ir de Ferrari, mas só tenho demanda para ir de Bicicleta. Como o cliente resolverá o problema que identificou, comparando a situação ideal e real, caberá a ele mas um bom vendedor saberá orientar seu cliente para tomar a melhor decisão levando em conta as expec- tativas, necessidades, desejos e equilibrando a demanda de cada cliente. Fonte: http://blog.pr.sebrae.com.br/planejamento/o-marketing-cria-necessidade 19UNIDADE I O Marketing e a Gestão de Produtos 3 ORIENTAÇÕES PARA O MERCADO OU FILOSOFIAS DE MARKETING A relação entre as organizações e seus clientes tem evoluído ao longo do tempo. Existem cinco orientações ou filosofias de marketing com base nas quais as organizações conduzem suas atividades: orientação para a produção, orientação para o produto, orien- tação para as vendas, orientação para o marketing e orientação para o marketing societal ou holístico. A seguir vamos apresentar e analisar as cinco orientações com o objetivo de classificar os diferentes tipos de filosofias do mercado, avaliando aquele mais adequado ao contexto atual: Orientação para a produção Esta orientação é um dos conceitos mais antigos das relações comerciais e se sustenta no sentido que os consumidores dão preferência a produtos fáceis de encontrar e de baixo custo. Mesmo sendo um modo antigo de enxergar e se posicionar no mercado, muitas empresas ainda praticam essa filosofia, por se tratar de um modo mais “fácil”, onde a inovação, diferencial e atendimento passam longe. Kotler (2007, p. 13) lembra que esse tipo de orientação tem sentido em países em desenvolvimento, como a China, onde “o maior fabricante de PCs, a Legend, e o gigante dos eletrodomésticos Hailer aproveitam a enorme quantidade de mão-de-obra barata para dominar o mercado”. Para Basta (2006) as organizações orientadas para a produção desenvolvem pro- dutos em larga escala, que podem ser facilmente encontrados a preços baixos, seguem a lógica do fabricante e não levam em conta a qualidade nem a variedade de ofertas. É um conceito utilizado também quando a empresa deseja expandir o mercado, mas que deve ser analisado com cuidado, pois os consumidores podem até experimentar um produto de baixo preço uma vez, mas se não ficar minimamente satisfeito, dificilmente voltará a comprá-lo. De acordo com a orientação de produção, os consumidores preferem os produtos acessíveis e produzidos em larga escala, por serem mais baratos. Por esse motivo, nesse caso a administração deve ter como objetivo melhorar a produção e a eficiência da distribui- ção. Trata-se de uma das mais antigas filosofias que guiam os vendedores. A orientação de produção ainda é hoje uma filosofia vantajosa em duas situações: quando a demanda por um produto excede a oferta – então se deve procurar meios de aumentar a produção – ou quando o custo do produto é muito alto e é necessário aumen- tar a produtividade para baixá-lo. Por exemplo: a filosofia de Henry Ford se resumia no 20UNIDADE I O Marketing e a Gestão de Produtos aperfeiçoamento da produção do modelo T, de maneira que seu custo fosse reduzido e mais pessoas pudessem adquiri-lo. Ele costumava brincar dizendo que oferecia às pessoas qualquer cor de carro desde que fosse preto. Orientação para o produto A orientação para o produto se baseia na perspectiva de que os consumidores dão preferência a produtos de qualidade e desempenho superiores ou que apresentam alguma característica de inovação. Segundo essa filosofia de mercado, os consumidores dão preferência a produtos que apresentam mais qualidades, desempenho e caracterís- ticas inovadoras. Assim uma organização deve se esforçar para obter aperfeiçoamentos contínuos nos seus produtos. Basta (2006) comenta que com o acirramento da concorrência, as organizações passam a desenvolver produtos que ofereçam melhor qualidade e desempenho e maiores benefícios. “Essas organizações acreditam que os seus produtos são superiores e que, naturalmente, os clientes irão demandá-los”. As empresas orientadas ao produto podem sofrer daquilo que Theodore Levitt defi-niu na década de 1970 como “miopia em marketing”: empresas que focam o produto e suas características, sem levar em consideração às necessidades e os desejos dos clientes. Para Kotler (2007) os administradores de estradas de ferro, por exemplo, pensavam que seus usuários queriam trens e não transportes. Com isso, subestimaram o crescimento dos números de aviões, ônibus caminhões e carros. Kotler (2007) relata que as empresas que seguem essa linha concentram-se em fabricar produtos de qualidade e em aperfeiçoá-los ao longo do tempo, mas que às vezes podem ficar presas ao aperfeiçoamento continuo do produto e não a satisfazer às necessi- dades do consumidor e cita o “mito da ratoeira” que expressa a tal “miopia em marketing”. Uma fábrica de ratoeiras pode investir milhões para criar a melhor ratoeira do mundo, quando seu foco é no produto, mas aí vem outra empresa que inventa uma outra forma de “eliminar os ratos”, mais simples, limpa e acessível, como por exemplo o veneno de rato e ganha o mercado da fábrica de ratoeiras, ou seja, essa segunda empresa focou na necessidade do cliente (matar ratos) e não no produto. É como se até hoje as indústrias de eletrônicos estivem competindo para fabricar vídeos-cassete melhores, mais modernos, com mais “cabeças”, enquanto que a necessidade dos clientes é “assistir filmes”. Por isso surgiram outras mídias como o DVD, que agora já estão quase extintas, dando espaço aos filmes on-line. 21UNIDADE I O Marketing e a Gestão de Produtos Orientação para vendas A orientação para vendas sustenta que os consumidores não compram os produtos oferecidos pelas empresas por vontade própria. Com esse princípio, a empresa que tem sua orientação para vendas, empregam um esforço agressivo de vendas e promoção para “empurrar” os produtos aos clientes. Seu objetivo é vender aquilo que fabrica, em vez de fabricar aquilo que o mercado necessita ou deseja. Basta (2006) reforça que essa orientação parte do pressuposto de que os clientes normalmente mostram inércia e podem ser induzidos a comprar mais. Assim, a organização desenvolve um conjunto de instrumentos promocionais – venda pessoal, propaganda e promoções – com o objetivo de vender mais. Muitas vezes, porém, essa venda se resume a uma compra por impulso ou a uma única transação, não existindo, portanto, a preocupação de estabelecer um relacionamento comercial ao longo do tempo. (BASTA, 2006, p. 18) Kotler (2007) explica que a orientação de vendas é praticada de maneira mais agressiva com produtos pouco procurados, que os compradores dificilmente pensam em comprar, como seguros e jazigos funerários. O marketing fundamentado em vendas agressivas pressupõe riscos, ainda mais se o produto não gerar o mínimo de satisfação ou pelo contrário, gerar frustração, que é o que ocorre na maioria dos casos. Se pressupõe que os clientes persuadidos a comprar um produto gostarão dele; caso isso não ocorra, imagina-se que esses clientes não vão devolvê-lo, não falarão mal dele, tampouco reclamarão a um órgão de proteção ao con- sumidor – e talvez até voltem a comprá-lo” (KOTLER, 2007, p. 13). Portanto, pode parecer um caminho mais fácil, o de empurrar seus produtos, “for- çando” o cliente a comprar algo que ele não deseja e muitas empresas, principalmente no varejo, tem esse tipo de prática. Mas as empresas de maior sucesso no mercado e que tem relacionamentos duradouros com seus clientes são aquelas que despertam neles o desejo por seus produtos a partir de soluções, inovações e diferenciais que façam com que as pessoas queiram comprá-los. Orientação para o marketing A orientação para o marketing parte do princípio de que a identificação das neces- sidades e desejos dos clientes atuais e futuros deve servir de base para o desenvolvimento de produtos e serviços. “Nesse contexto, os clientes não são todos iguais, nem do ponto de vista sociodemográfico, nem do comportamental” (BASTA, 2006, p. 18). 22UNIDADE I O Marketing e a Gestão de Produtos As necessidade e desejos evoluem ao longo do tempo, levando as organizações a promover mudanças. “Em vez de uma filosofia de fazer-e-vender, voltada para o produto, passamos para uma filosofia de sentir-e-responder, centrada no cliente. Em vez de caçar, o marketing passa a plantar” (KOTLER, 2007, p. 14). O que é um cliente? Um cliente é a pessoa mais importante nessa empresa - seja pessoalmente ou por correio. Um cliente não depende de nós; somos nós que dependemos dele. Um cliente não interrompe nosso trabalho; ele é o propósito dele. Ao atender um clien- te, não estamos fazendo um favor a ele; é ele quem está nos fazendo um favor, dando-nos a oportunidade de atendê-lo. Um cliente não é alguém com quem devemos argumentar ou discutir – ninguém jamais venceu uma discussão com um cliente. Um cliente é uma pessoa que nos traz seus desejos – e nosso dever é administrar esses desejos de maneira lucrativa para ele e para nós. Implementar a orientação de marketing significa muito mais do que simplesmente responder aos desejos estabelecidos dos clientes e às suas necessidades óbvias. Empre- sas orientadas para o cliente pesquisa seus clientes atuais para aprender sobre seus de- sejos, reunir ideias para novos produtos em serviços e testar melhorias em produtos. Esse marketing orientado para o cliente em geral funciona bem quando existe uma necessidade nítida e quando os clientes sabem o que querem. Em muitos casos, eles não sabem o que querem nem mesmo o que é possível querer. Essas situações requerem o marketing orientado para o cliente a empresa procura entender as necessidades dos clientes melhor até mesmo que eles próprios e cria produtos e serviços que atenderão as necessidades existentes e latentes hoje e no futuro. Basta (2006) reforça que as empresas orientadas para o marketing, passam a desenvolver suas ofertas, considerando não apenas uma transação comercial, mas um relacionamento de longo prazo que traga benefícios constantes para ambas as partes. A orientação de marketing consiste em uma empresa ser mais eficaz que seus concorrentes na criação, na entrega e na comunicação de um valor superior, na percepção do cliente, em seus mercados-alvo escolhidos. Kotler (2007, p. 14) relembra uma colaboração feita por Theodore Levitt comparan- do as orientações de vendas e marketing: A venda está voltada para as necessidades do vendedor; o marketing, para as necessidades do comprador. A venda preocupa-se com a necessidade do vendedor de converter seu produto em dinheiro; o marketing, com a ideia de satisfazer as necessidades do cliente por meio do produto e de todo conjunto de coisas associado a sua criação, entrega e consumo final. As empresas com orientação voltada para o marketing, na maioria das vezes, 23UNIDADE I O Marketing e a Gestão de Produtos alcançam sucesso em seus mercados-alvo, são reconhecidas como superiores aos seus concorrentes que focam em vendas. Orientação de marketing societal ou holístico Atualmente, as organizações também se preocupam em desenvolver produtos socialmente responsáveis, que contribuam para o equilíbrio ambiental e o desenvolvimento sustentável da sociedade em que atuam. O marketing societal agrega as responsabilidade da empresa preocupações com a responsabilidade social e ambiental como extensão das atuais preocupações ou demandas sociais com essas questões, impulsionadas por um momento de maior consciência dos consumidores a respeito do impacto que o consumo pode gerar, apenas pelo consumo, sem levar em consideração as gerações futuras. De acordo com Kotler (2007, p. 9) esta abordagem questiona se a orientação de marketing pura deixa de considerar possíveis conflitos entre desejos do consumidor em curto prazo e seu bem-estar em longo prazo. “Uma empresa que satisfaz as necessidades e desejos imediatos do mercado-alvo está sempre fazendo o que é melhor para os clientesno longo prazo?”. A orientação de marketing societal sustenta que a estratégia de marketing deveria entregar valor para os clientes, ofertando a satisfação das necessidades e desejos melhor do que a concorrência, de um modo que mantivesse ou melhorasse o bem-estar também da sociedade. De acordo com a orientação de marketing social, a organização deve determinar as necessidades, os desejos e os interesses dos mercados-alvos e então entregar valor superior aos clientes de maneira que o bem-estar do consumidor e da sociedade seja man- tido ou melhorado. Essa é a mais nova das cinco filosofias de administração de marketing. A orientação de marketing societal questiona se a orientação de marketing social pura é adequada a uma época de problemas ambientais, escassez de recursos, rápido crescimento populacional, problemas econômicos mundiais e serviços sociais negligencia- dos, se as empresas que entendem, atendem e satisfazem os desejos individuais sempre fazem o que é melhor em longo prazo para os consumidores e a sociedade. Segundo essa filosofia, a orientação de marketing pura gera possíveis conflitos entre os desejos do consumidor em curto prazo seu bem-estar em longo prazo. Essas preocupações e conflitos levam à orientação de marketing societal. Essa filosofia requer que os profissionais de marketing levem em conta três fatores na hora de estabelecer sua política de mercado: lucros da empresa, desejos dos consumidores e http://pt.wikipedia.org/wiki/Orienta%C3%A7%C3%A3o_para_o_cliente 24UNIDADE I O Marketing e a Gestão de Produtos interesses da sociedade. No início, muitas empresas fundamentavam suas decisões de marketing no lucro em curto prazo. Só mais tarde elas começaram a perceber a importância em longo prazo de satisfazer os desejos dos consumidores, o que levou ao surgimento da orientação de marketing. SAIBA MAIS O marketing holístico pode ser visto como o desenvolvimento, o projeto e a implementação de programas, processos e atividades de marketing que reconhece que tudo é importante, “o consumidor, os funcionários, outras empresas e a concor- rência, assim como a sociedade como um todo, e que muitas vezes se faz necessária uma perspectiva abrangente e integrada” (KOTLER, 2007, p. 15). De acordo com Kotler (2007, p. 15) graças ao marketing holístico, a alemã Puma deixou de ser uma herança sentimental dos anos 70 e se tornou uma das marcas de tênis mais cultuadas do momento. Múltiplas abordagens de marketing funciona em sinergia para diferenciar a Puma como uma marca na crista da onda, capaz de ditar as tendências da moda. A Puma projeta produtos tendo em mente grupos distintos de consu- midores [...] Ela desencadeia a promoção boca a boca – o’ marketing viral’ – por meio de promoções inteligentes [...] A abordagem está fun- cionando: as vendas da Puma aumentaram continuamente de 1994 a 2004, triplicando no período (KOTLER, 2007, p. 15). Essa orientação visa uma abordagem que amplie as decisões de marketing para todas as partes envolvidas com a organização, investindo em manter uma har- monia em todos os processos de desenvolvimento, projeto ou a implementação de programas e atividades. 25UNIDADE I O Marketing e a Gestão de Produtos 4 OS 4 Ps DO MARKETING O composto mercadológico, composto de marketing, mix de marketing ou também conhecido como 4Ps, se referem a um de ferramentas para que as empresas ao fazerem seu estudo e gestão consigam atingir seus objetivos, interagindo e interferindo em seus mercados-alvo. A expressão marketing mix ou composto de marketing foi utilizada pela primeira vez por James Culliton em 1948. Para descrever os principais elementos que interferem nas decisões de marketing, ele os dividiu em dois grupos: forças do ambiente – o comportamento dos clientes e consumidores; os intermediários (atacadistas e varejistas); a concorrência; o governo (força externa); elementos do marketing – o planejamento do produto; a fixação do preço; a distribuição (gestão de canais de distribuição física); a promo- ção, a propaganda, a promoção de vendas, a publicidade e a força de vendas; o serviço ao cliente; a pesquisa de marketing (BASTA, 2006, p. 33). Em 1960, McCarthy resumiu esses elementos do marketing mix ao que se conhece hoje por 4Ps: product (produto), price (preço), place (praça) e promotion (promoção). “Para http://pt.wikipedia.org/wiki/Marketing_mix http://pt.wikipedia.org/wiki/Marketing_mix http://pt.wikipedia.org/wiki/Mix http://pt.wikipedia.org/wiki/Mix http://pt.wikipedia.org/wiki/Marketing_mix 26UNIDADE I O Marketing e a Gestão de Produtos ele, a noção de serviços faz parte da gestão de produtos, a pesquisa de marketing faz parte do planejamento, e as forças do ambiente são considerados quando se elaboram as estratégias de marketing” (BASTA, 2006, p. 35). Vamos agora apresentar cada um dos 4Ps, suas características e aplicações nas estratégias de marketing: Produto O Produto é considerado como qualquer objeto ou serviço colocado no mercado e é desenvolvido para desempenhar alguma função e satisfazer alguma necessidade imediata ou futura dos clientes. É um conjunto de benefícios que satisfaz um desejo ou uma necessidade do consumidor e pelo qual ele está disposto a pagar em função de sua disponibi- lidade de recursos. Os produtos vão além de bens tangíveis. De modo geral, incluem objetos físicos, serviços, pessoas, locais, organizações, ideias ou combinações desses elementos (BASTA, 2006, p. 34). Minadeo (2008) aponta que fazem parte do produto e contam pontos para a deci- são de compra do consumidor: a qualidade apresentada, o design, a cor e a embalagem, além do serviço de atendimento que vem embutido a essa compra. Ou seja, um produto de qualidade, seguido de um bom atendimento, vende. Os produtos também podem ser divididos em duas grandes categorias: ▪ tangíveis (bens materiais) – duráveis (automóveis, vestuário, maquinas indus- triais); não – duráveis (cerveja, xampu, alimentos); ▪ intangíveis (bens imateriais); - serviços (salão de cabeleireiro, manutenção de equipamentos industriais); pessoas (um atleta, um político); locais (Rio de Ja- neiro, Fortaleza); organizações (Unicef, igrejas); ideias (planejamento familiar, vacinação). Os produtos tangíveis são classificados em bens de consumo ou produtos indus- triais. 27UNIDADE I O Marketing e a Gestão de Produtos Bens de consumo: vão direto ao consumidor Produtos de conveniência: são adqui- ridos sem especial decisão pelo con- sumidor. É levada em consideração a facilidade para a compra. Produtos de compra comparada: pro- dutos de maior valor e frequência re- lativamente baixa e devem atender a expectativa dos consumidores. Com- param-se as alternativas. Produtos de especialidade: o consumi- dor tem características especiais em mente e busca mais antes de comprar. Produtos industriais: são adquiridos por empresas e utilizados como insumos para outros produtos e serviços Bens de Capital: máquinas e equipa- mentos, instalações, meios de trans- porte e comunicação. Suprimentos: lubrificantes, elementos filtrantes, recargas para impressoras. Componentes: agregados a outros pro- dutos, autopeças, tintas, colas. Produtos auxiliares: garrafas térmicas, móveis e microcomputadores. Serviços industriais: limpeza, manuten- ção, vigilância, consultoria e auditoria. Quadro 1: Classificação dos produtos tangíveis Fonte: Minadeo (2008) Para Basta (2006, p. 35) entre as principais decisões relativas a gerencia da política de produto cabe salientar: marca, design e embalagens e rótulos. Marca A marca tem a finalidade de distinguir produtos e serviços de outros concorrentes. Ela assegura ao titular a propriedade e o direito exclusivo, constituindo-se num ativo da organização. “A marca é um nome, signo ou símbolo, ou numa combinação desses ele- mentos, para identificar os produtos ou serviços de um vendedor ou grupos de vendedorese diferenciá-los dos seus concorrentes”. As empresas que fazem uma boa gestão de marca, agregando valores intangíveis aos seus produtos por meio de estratégias de comunicação tendem o obter mais facilmente a lealdade do cliente, que muitas vezes paga mais caro por marcas de prestígio no merca- 28UNIDADE I O Marketing e a Gestão de Produtos do. Alguns analistas vêem a marca como o maior ativo de uma organização, sobrepondo-se até mesmo aos seus produtos e às suas instalações físicas. A marca tem maior valor quando os compradores lhe são fiéis, seja porque estão cientes de sua qualidade e a associam a determinados atributos, seja porque elas possuem outros atrativos, como patentes, marcas registradas e relacionamentos com os canais de distribuição (BASTA, 2006, p. 35). Uma marca pode englobar até quatro níveis de significado (BASTA, 2006, p. 36): atributos - boa concepção, durabilidade, prestigio, velocidade; benefícios – os consumidores não compram atributos, mas benefícios; portanto, os atributos correspondem aos benefícios funcionais e emo- cionais; valores – identificação dos grupos específicos de compradores cujos valores coincidam com o pacote de benefícios oferecidos; personalidade – a marca também projeta a personalidade, visto que atrai a pessoa cuja imagem real ou desejada combine com a imagem dessa marca. Os profissionais devem desenvolver estratégias que mantenham ou fortaleçam a conscientização da marca, a percepção de sua qualidade e utilidade bem como as associa- ções positivas a que se prestaram ao longo do tempo. “Isso exige um investimento continuo em pesquisa e desenvolvimento, uma comunicação inteligente e um excelente atendimento à rede varejista e aos clientes” (BASTA, 2006, p. 37). Preço O Preço é o valor agregado ou unidade monetária que justifica a troca. O conceito de marketing o preço, além de ser um fator decisivo de compra, é o elemento que tangibiliza a transferência de posse de um produto. Nesse sentido o preço se dá, entre outros fatores, pela relação entre os benefícios oferecidos pelo produto/serviço e o valor percebido pelo consumidor, quanto maior essa relação, mais a empresa poderá cobrar pelo produto. Mas é preciso deixar bem claro que essa relação de Valor é muito relativa e está extremamente associada a capacidade da empresa de gerar valor agregado ao produto, principalmente por meio de estratégias de gestão de marca e comunicação. Para Basta (2006) antes de definir preços, a organização deve considerar quais são os objetivos de marketing relativos a seu produto (ou serviço). Quanto mais claros forem seus objetivos, mais fácil será estabelecer os preços. “As decisões de precificação 29UNIDADE I O Marketing e a Gestão de Produtos devem ser coordenadas com o projeto, a distribuição e a promoção do produto, a fim de tornar o seu posicionamento coerente e eficaz”. Algumas organizações tomam decisões de preço utilizando a técnica do mark-up, isto é, analisam os custos inerentes à produção, comercialização, distribuição e divulgação do produto, consideram a margem de lucro pretendida e definem seu preço levando ou não em conta os preços médios praticados pelos concorrentes. Outras organizações consideram o preço-teto que o mercado está disposto a pagar pelo produto e, internamente, ajustam seus custos e lucros para se tornarem competitivas. Kotler e Keller (2007, p. 429) argumentam que “tradicionalmente os preços funcio- nam como principal determinante na escolha dos compradores”. Minadeo (2008, p.233) completa que “é o elemento mais flexível, pois pode ser ajustado para atender às condições do mercado” e está ligado não apenas a aspectos econômicos, mas também a conotações sociais e psicológicas, pois, para a empresa, o preço é a quantidade de dinheiro que ela está disposta a aceitar em troca do produto e, para os consumidores, é algo que eles estão dispostos a pagar em troca de um produto. As decisões sobre o preço refletem os objetivos que a empresa pretende com um produto ou serviço com: o público alvo, grau de serviço a oferecer, posição a conquistar junto ao consumidor e a concorrência (lei da oferta e da demanda). Os objetivos do apreçamento e seus efeitos sobre imagem do produto são: Lucratividade corrente: Ter lucro no curto prazo. Volume de vendas: Qual é o volume de vendas e de fatura- mento que a empresa deseja. Participação no mercado: Sacrifica a lucratividade a curto e mé- dio prazo e depende da capacidade produtiva para atender vendas a mais. Concorrência: Preços definidos em função do pratica- do pela concorrência. Posicionamento: É um excelente elemento de reforço do posicionamento desejado. Quadro 2: Objetivos do apreçamento Fonte: Minadeo (2008) Basta (2006) lembra que às vezes a organização oferece ao cliente um preço de balcão mais baixo que o da concorrência e mesmo assim o produto é percebido como caro. Isso significa que, além do preço de balcão ou de lista, outros atributos de preço interferem 30UNIDADE I O Marketing e a Gestão de Produtos na decisão de compra, tais como descontos, prazo para pagamento, taxa de juros, garan- tias, retorno de mercadorias e serviços adicionais gratuitos. Quanto à imagem, o preço reflete os custos do produto e gera expectativa em relação à qualidade, pois culturalmente julgamos algo como “bom” ou “ruim” de acordo com “caro” ou “barato”, logo, o fato de um produto custar mais, pode transmitir imagem de qualidade ao mercado. É fato, também, que empresas novas ou produtos novos que buscam penetração de mercado usarão as estratégias de preço baixo para ganhar adesão ou, o contrário (skim- ming), quando entramos no mercado com um preço alto, justamente para nivelar por cima nossos consumidores. Outros fatores de influência sobre os preços Internos Externos Produção, distribuição, comercializa- ção e serviço pós-vendas dos produtos. Ciclo de desenvolvimento econômico, a recessão, a inflação e as taxas de ju- ros também afetam as decisões sobre preços. A empresa deve, pois, considerar com cuidado os vários fatores internos e externos que interferem no seu negócio, antes de estabelecer preços para produtos e serviços. Praça O “P” de Praça que tem origem na tradução da palavra em inglês place pode confun- dir um pouco ao ser definido simplesmente como lugar, já que este “p” está relacionado não apenas com o lugar no qual o produto é encontrado, mas também com todas as questões ligadas à distribuição, estocagem e logística da empresa. Praça seria, portanto a atividade de concretizar a transmissão de posse, incluindo a movimentação física, de um produto ou serviço da fábrica ou da empresa que o oferece em direção ao consumidor. Podemos defini-lo também como um conjunto de elementos que visa tornar o produto disponível para o consumidor onde e quando ele o desejar. Basta (2006) nos lembra que de todos os elementos que compõem o marketing mix, a distribuição é, aos olhos do cliente ou consumidor, a menos aparente e palpável. Entretanto, para a organização, as decisões de distribuição são muito importantes pelos impactos que nos geram outros elementos do marketing mix, especialmente a longo prazo. Por exemplo: as decisões relativas à política de preços vão depender da es- colha, do tamanho e do numero de intermediários, assim como as decisões relativas ao número de vendedores e à qualidade da força de vendas vão de- 31UNIDADE I O Marketing e a Gestão de Produtos pender, entre outros fatores, do número e da capacitação dos distribuidores (BASTA, 2006, p. 39). Nesse aspecto, falamos em canais de distribuição, tais canais podem ser elencados em estratégias que podem incluir atacadistas, varejistas, distribuidores, representantes de fabricantes ou distribuidores por localizações regionais. Uma empresa fabricante pode vender os seus produtos diretamente aos consu- midores finais, mas devido os desafios logísticos, armazenagem e até mesmopara evitar custos com mão-de-obra contratada, a maioria dos fabricantes utiliza intermediários. Para Basta (2006) ao tomar essa decisão, o fabricante sabe que a venda do seu produto pode não ser realizada da maneira como ele gostaria. Além disso, assim ele tam- bém irá se afastar um pouco do consumidor final. Mas o fabricante também obtém algumas vantagens, tais como: o acesso ao canal de distribuição / atacadistas para venda do produto; as economias de escala – as vendas são realizadas em grandes quantidades; a possibilidade de o produto estar presente em locais muito distantes da fábrica; e o conhe- cimento da clientela local (BASTA, 2006, p. 40). A utilização de intermediários permite aos fabricantes reduzir substancialmente os custos logísticos (estoques, transporte e armazenagem), comerciais (negociação, promo- ção e números de contatos necessários para efetuar uma venda), financeiros (riscos do financiamento) e com serviços de atendimentos ao cliente. É preciso ficar atento as necessidades de distribuição de cada seguimento e as mudanças ocorridas ao longo do tempo nos canais de distribuição, suas características e tipologias e, ainda, conforme a mudança de hábito dos consumidores. Não podemos deixar de mencionar que a internet e as compras on-line modificaram, e muito, a forma de as empresas repensarem seus espaços (físicos e virtuais) e também a organização para distribuir os produtos observados via computador. Promoção O “P” de Promoção do mix de marketing não representa simplesmente aquela promoção de vendas que vemos aos montes no dia-a-dia nas ofertas das redes de varejo. Esse “P” vem do inglês Promotion que tem o significado de Promover o produto ou serviço no mercado. Nesse sentido a Promoção para o marketing é muito mais ampla e abrangente do que a promoção de vendas, brindes ou sorteios. Podemos expandir o conceito de Promoção para Comunicação. Nesse caso, podemos até propor uma mudança de perspectiva no “P” 32UNIDADE I O Marketing e a Gestão de Produtos de Promoção para o “C” de Comunicação. A Comunicação com o mercado ou comunicação mercadológica tem uma proposta mais completa e nela encontramos diversas ferramentas ou competências comunicacio- nais que são utilizadas pelas empresas para atingir seus objetivos de marketing, entre elas estão: propaganda, vendas pessoal, promoção de vendas, merchandising, eventos, marketing direto, etc. Lupetti (2009, p. 23) constata que a divulgação ou a comunicação é parte integrante do processo de marketing, sendo esta que vai divulgar os resultados do processo, ou seja, os produtos e serviços da organização. “A comunicação mercadológica abrange toda forma de comunicação capaz de atingir um objetivo de marketing e deve ser elaborada a partir do quadro sociocultural do consumidor-alvo”. Portanto comunicação mercadológica faz parte do processo de marketing e não é o processo todo. É a comunicação mercadológica que vai divulgar os produtos e serviços da organização, mas antes dela deve existir todo um planejamento estratégico, que tem como base o quadro sociocultural do consumidor-alvo e suas necessidades, levando em conta o mercado, os concorrentes e outros fatores. O composto de comunicação combina diferentes elementos para criar a estratégia geral da comunicação de marketing: a propaganda, venda pessoal, promoção de vendas e publicidade. Esses elementos podem ser divididos em venda pessoal e venda impessoal (propaganda, promoção de vendas e publicidade). Kotler e Keller (2007) acrescentam os eventos e experiências: atividades patrocinadas pela empresa projetadas para criar intera- ções relacionadas ao que se quer promover. O conceito de promoção inclui ferramentas para a promoção de consumo (cupons, reembolso, descontos posteriores ou não, brindes ou prêmios, amostras, recompensas, testes gratuitos, garantias, promoções combinadas, cruzadas, displays de ponto-de-venda e demonstrações) e de comércio (descontos, concessões de propaganda, bonificações por exposição ou propaganda cooperada). 33UNIDADE I O Marketing e a Gestão de Produtos Considerações Finais Chegamos ao final desta unidade na qual podemos resgatar os conceitos funda- mentais de marketing destacando o chamado mix de marketing ous 4Ps (Produto, Preço, Praça e Promoção. Também podemos observar as mudanças e evoluções na relação entre as organizações e seus clientes evoluído ao longo do tempo. Para isso destacamos as cinco orientações ou filosofias de marketing com base nas quais as organizações conduzem suas atividades: orientação para a produção, orientação para o produto, orientação para as vendas, orientação para o marketing e orientação para o marketing societal ou holístico. Além disso, tratamos de alguns aspectos que norteiam qualquer estratégia de marketing: necessidade, desejo e demanda. Com isso, podemos compreender que essas são a base que devem fomentar a criação de produtos e sua oferta para o mercado consu- midor. Por último, demos destaque aos princípios da gestão dos serviços. Concluímos que a concepção de produto pode ser ampliada como algo que não se limita a objetos físicos. Estes conhecimentos foram fundamentais para iniciarmos nosso aprendizado. Antes de prosseguir para a próxima unidade, realize suas atividades de estudo e releia esse material quantas vezes considerar necessário. Faça anotações também, isso pode te auxiliar em seu processo de aprendizado. Até logo mais e bons estudos! 34UNIDADE I O Marketing e a Gestão de Produtos Material Complementar Sinopse: O novo modelo de marketing - Marketing 3.0 - trata os clientes não como meros clientes, mas como os seres complexos e multifacetados. Estes, por sua vez, estão escolhendo produtos e serviços que satisfaçam suas necessidades de participação, criatividade, comunidade e idealismo. Neste livro, Philip Kotler, o mais influente pensador da área de marketing de todos os tempos, mostra porque o futuro do marketing está em criar produtos, ser- viços e empresas que inspirem, incluam e reflitam os valores de seus consumidores-alvo. Ele também explica o futuro do marketing e porque a maioria de seus profissionais está presa ao passado. Título: Marketing 3.0 - As Forças Que Estão Definindo o Novo Marketing Centrado No Ser Humano Autor:Kotler, Philip Editora: Campus Sinopse: Em 1976, Steve Jobs abandonou a faculdade e junto com seu amigo, o gênio da tecnologia Steve Wozniak, iniciaram uma revolução nos computadores com a invenção do Apple 1, o primeiro computador pessoal. Construído na garagem dos pais de Jobs, o Apple 1 e a formação da empresa Apple mudaram o mundo para sempre. Steve Jobs não se incomodava em passar por cima dos outros para atingir suas metas, o que fez com que tivesse dificuldades em manter relações amorosas e de amizade. Comentário: O filme é um case de marketing e empreendedorismo baseado na inovação e na antecipação de necessidades de um mercado, praticamente criado pela Apple. FILME Título: Jobs Ano: 2013 35 Plano de Estudo: A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ● Concepção de Produto. ● Níveis e classificações de produtos e serviços. ● Ciclo de vida do produto. ● Desenvolvimento de novos produtos. Objetivos de Aprendizagem: ● Apresentar as etapas de desenvolvimento de produto. ● Definir prototipagem e pré-teste de produto. ● Apresentar as diferentes classificações e funções das embalagens. UNIDADE II Desenvolvimento e Gestão de Produto Professor Me. Jorge Van Dal 36UNIDADE II Desenvolvimento e Gestão de Produto Querido(a) aluno(a), agora que você já conhece a definição do que é um produto e suas diferentes classificações, vamos saber como um novo produto é desenvolvido. Para isso, veremos que existem etapas necessárias a serem percorridas, desde a sua concepção e ideias, elaboração, teste e lançamento no mercado. O conhecimento dessas etapas e do processo de desenvolvimentode um produto é muito importante para evitar erros de lançamentos precipitados, que podem trazer prejuízos para a organização. Entre os fatores que podem contribuir para o fracasso de um produto, podemos destacar: análise inadequada do mercado; problemas ou defeitos no produto, que podem ocorrer quando o produto não é testado adequadamente antes de chegar ao mercado; preço muito elevado; problemas na estratégia de promoção e distribuição e também por reações inesperadas da concorrência. Esses e outros fatores negativos têm mais chance de ocorrer, se uma ou mais etapas para o desenvolvimento do produto não foram cumpridas. Nesta unidade você também irá se familiarizar com conceitos relacionados ao Ciclo de Vida do Produto, um conceito clássico da administração e bastante aplicado ao marketing que representa diferentes estágios de um produto ou serviço no mercado, desde seu lançamen- to até o seu declínio Vamos destacar também a importância do design e das embalagens que têm difer- entes funções na apresentação de um produto, em sua apresentação e composição. Bons estudos! INTRODUÇÃO 37UNIDADE II Desenvolvimento e Gestão de Produto 1 CONCEPÇÃO DE PRODUTO O produto é um elemento-chave para a administração de marketing. O planejamen- to do mix de marketing começa com a definição do produto ou linhas de produtos que serão ofertados (distribuídos) em um determinado mercado consumidor. Essa oferta se torna a base sobre a qual a empresa constrói valores agregados (que vão além do preço) e depois comunicam aos clientes-alvo. Kotler; Armstrong (2007, p. 200) definem produto como algo que pode ser “ofere- cido a um mercado para apreciação, aquisição, uso ou consumo e que pode satisfazer um desejo ou uma necessidade”. A oferta de uma empresa ao mercado frequentemente inclui tanto bens tangíveis quanto serviços. Hoje, à medida que os produtos e serviços se comportam cada vez mais como commodities, muitas empresas passam para um novo nível na cria- ção de valor para seus clientes. Para diferenciar suas ofertas, mais do que simplesmente fabricar produtos e oferecer serviços, elas estão criando e ge- renciando experiências para o cliente com seus produtos ou sua empresa KOTLER; ARMSTRONG, 2007, p. 200). Nesse sentido, para o marketing o conceito de produto é amplo e inclui mais do que apenas bens materiais ou tangíveis. Pode-se incluir na categoria de produtos, além dos objetos físicos, serviços, eventos, pessoas, lugares, organizações, ideias ou um misto de todas essas entidades. Cada componente pode ser a menor ou maior parte da oferta total. Em um extremo, a oferta pode consistir em um bem puramente tangível, como sabonete, creme dental ou sal – não há nenhum tipo de serviço asso- 38UNIDADE II Desenvolvimento e Gestão de Produto ciado ao produto. No outro extremo estão os serviços puros, para os quais a oferta consiste principalmente em um serviço. São exemplos de serviços uma consulta médica ou serviços financeiros. Entre esses dois extremos, no entanto, são possíveis muitas combinações de bens e serviços (KOTLER; ARMSTRONG, 2007, p. 200). Nesse sentido, as empresas precisam conhecer seus produtos e por isso devem ter uma visão das necessidades da sociedade, senso para escolher quais se pode atender, conhecimento da atuação dos concorrentes e conhecimento de tecnologia. 2 NÍVEIS E CLASSIFICAÇÕES DE PRODUTOS E SERVIÇOS Para que a oferta de produtos no mercado seja bem-sucedida, é impor- tante estar atentos para a maneira como os consumidores percebem os produ- tos e os benefícios deles decorrentes. Por isso, a concepção de produtos deve levar em conta as características de seus potenciais consumidores, para que possa suprir suas carências funcionais (racionais) e afetivas (emocionais). Segundo Kotler; Armstrong (2007, p. 201) os planejadores de produtos precisam pensar em três níveis de produtos e serviços. Cada nível agrega mais valor para o cliente. Nível 1: o nível mais básico é o benefício central, que trata da questão o que o comprador está de fato comprando? Ao projetar produtos, os profissio- nais de marketing devem primeiro definir os benefícios ou serviços centrais, ligados à solução de problemas, que os consumidores procuram. A mulher que compra um batom compra mais do que cor para os lábios. Charles Rev- son, da Revlon, percebeu isso bem cedo: “Na fábrica, fazemos cosméticos; na loja, vendemos esperança”. E as pessoas que compram um BlackBerry adquirem mais do que um telefone celular, e-mail e navegador Web sem fio ou um organizador pessoal. Elas adquirem liberdade e conectividade móvel a pessoas e recursos. Nível 2: No segundo nível, os planejadores de produtos devem transformar o benefício central em um produto básico. Eles precisam desenvolver ca- racterísticas, design, um nível de qualidade, um nome de marca e uma em- balagem para um produto e serviço. Por exemplo, o BlackBerry é um produto básico. O nome, as peças, o estilo, as características, a embalagem e outros atributos foram todos combinados cuidadosamente para oferecer o benefício central de permanecer conectado.] Nível 3: Por fim, o planejador de produto deve preparar um produto amplia- do ao redor do benefício central e do produto básico oferecendo serviços e benefícios adicionais ao consumidor. A BlackBerry tem de oferecer mais do que um simples aparelho de comunicação. Deve fornecer aos consumidores uma solução total para seus problemas de conectividade móvel. Assim, quan- do eles compram um BlackBerry, a empresa e seus revendedores também devem dar aos compradores uma garantia sobre as peças e a fabricação, instruções de uso do aparelho, serviços rápidos de manutenção quando ne- cessário e um número de telefone de atendimento gratuito e um site Web para os clientes utilizarem caso tenham problemas ou dúvidas (KOTLER; AR- MSTRONG, 2007, p. 201). 39UNIDADE II Desenvolvimento e Gestão de Produto De acordo com Kotler; Armstrong (2007, p. 201) “os consumidores veem os produtos como complexos conjuntos de benefícios que satisfazem suas necessidades”. Ao desen- volver produtos, as empresas devem primeiro identificar quais necessidades centrais dos consumidores eles vão satisfazer. Em seguida, devem projetar o produto básico e procurar maneiras de ampliá-lo com o intuito de criar o conjunto de benefícios que proporcionará a experiência mais satisfatória para o cliente. Classificações de produto e serviço Conceitualmente, podemos dividir os produtos e serviços em duas classes ou cate- gorias mais amplas, baseadas no tipo de consumidor que os utiliza: produtos de consumo e produtos organizacionais. Produtos organizacionais Os produtos organizacionais são os comprados para processamento posterior ou para uso na gestão de um negócio. Assim, a distinção entre o produto de consumo e o or- ganizacional é fundamentada na finalidade para a qual o produto é comprado. Por exemplo, se uma pessoa compra um cortador de grama para uso doméstico, considera-se produto de consumo. Contudo, se uma pessoa compra um cortador de grama para uso na sua empresa de paisagismo, ele é considerado produto organizacional. Produtos de consumo Produtos de consumo são produtos e serviços comprados por consumidores finais para uso próprio. Os profissionais de marketing geralmente dão classificações adicionais a esses produtos com base em como os consumidores os compram. Entre os produtos de consumo estão: produtos de conveniência, produtos de compra comparada, produtos de especialidade e produtos não procurados. O modo como os consumidores compram esses produtos difere. Produtos de conveniência: são produtos e serviços de consumo que o consumidor geralmente compra com frequência, rapidez e comparação e esforço mínimo. Exemplos incluem sabonetes, doces, jornais e fast-food. Esses produtos geralmente têm preço baixo e são colocados em muitos lugares para que estejam à vista quando os consumidores precisam deles. Produtosde compra comparada: são produtos e serviços de con- sumo comprados com menor frequência e cujas características de adequabilidade, preço, qualidade e estilo são comparadas cuidado- 40UNIDADE II Desenvolvimento e Gestão de Produto samente pelo consumidor. Ao adquirir produtos e serviços de compra comparada, os consumidores gastam muito mais tempo e esforço na busca por informações e fazendo comparações. Exemplos desses produtos incluem móveis, vestuário, carros usados, eletrodomésticos de grande porte e serviços de hotelaria e de viagens aéreas. Os fabri- cantes de produtos de compra comparada geralmente distribuem seus produtos em um menor número de pontos-de-venda, mas oferecem um suporte de vendas mais bem preparado para auxiliar os clientes em seus esforços de comparação. Produtos de especialidade: são produtos e serviços de consumo com características singulares ou identificação de marca pelos quais um significativo grupo de compradores está disposto a fazer um esforço especial de compra. Exemplos incluem marcas e tipos espe- cíficos de carros, equipamento fotográfico de preço alto, roupas de estilistas e serviços médicos ou jurídicos. Um automóvel Lamborghini, por exemplo, é um produto de especialidade porque os compradores comumente estão dispostos a percorrer grandes distâncias para compra-lo. Os compradores normalmente não comparam bens de especialidade. Eles investem apenas o tempo necessário para chegar aos revendedores que têm o produto desejado. Produto não procurados: são produtos de consumo que o consu- midor ou não conhece ou conhece mas normalmente não pensa em comprar. Muitas inovações são produtos não procurados até que o consumidor se conscientize de sua existência por meio da propagan- da. Exemplos clássicos de produtos e serviços conhecidos, mas não procurados, são seguros de vida, serviços de funerais pré-planejados e doações de sangue à Cruz Vermelha. Por sua própria natureza, os produtos não procurados exigem muita propaganda, venda pessoal e outros esforços de marketing KOTLER; ARMSTRONG, 2007, p. 202). Decisões sobre o mix de produtos Um mix de produtos ou composto de produtos consiste em todas as linhas de produtos e todos os itens que determinada empresa oferta ao mercado consumidor. Segundo Kotler; Armstrong (2007, p. 209) “uma organização que possui diversas linhas de produtos tem um mix de produtos”. O mix de produtos da Colgate consiste em quatro grandes linhas de produtos: cuidados com a boca, cuidados pessoais, cuidados com o lar e alimentos para animais domésticos. Cada linha de produtos consiste em diversas su- blinhas. Por exemplo, a linha de cuidados com o lar consiste em sabão para louça, amaciante de roupas de limpeza. Cada linha e sublinha têm muitos itens individuais. Ao todo, o mix de produtos da Colgate inclui centenas de itens(KOTLER; ARMSTRONG, 2007, p. 209). 41UNIDADE II Desenvolvimento e Gestão de Produto São ao menos quatro dimensões importantes que deve se considerar sobre o mix de produtos de uma empresa: abrangência, extensão, profundidade e consistência. De acordo com Kotler; Armstrong (2007, p. 209) “essas dimensões do mix de produtos ofe- recem os meios para definir a estratégia de produtos da empresa. Ela pode ampliar seus negócios de quatro maneiras”. A abrangência de uma linha de produtos refere-se ao número de diferentes linhas de produtos que a empresa produz. Pode adicionar novas linhas de produtos, ampliando, assim, a abrangência de seu mix de produtos. Desse modo, as novas linhas aumentam a reputação da empresa nas outras linhas de produtos. A empresa pode aumentar a extensão de suas linhas de produtos atuais para se tornar uma empresa de linha completa ou pode adicionar mais versões de cada produto e assim aprofundar seu mix de produtos. Por fim, a empresa pode perseguir uma consistência maior – ou menor – de suas linhas de produtos de acordo com seu objetivo de ter boa reputação em apenas um campo ou em muitos (KOTLER; ARMSTRONG, 2007, p. 209). 42UNIDADE II Desenvolvimento e Gestão de Produto 3 CICLO DE VIDA DO PRODUTO O ciclo de vida é um conceito clássico da administração e bastante aplicado ao marketing que pode ser utilizado para determinar o estágio “de vida” de uma empresa ou de um produto. De acordo com Kotler; Armstrong (2007) o ciclo de vida do produto se constitui como um elemento estratégico para compreensão da evolução de um produto no mercado. No planejamento de um produto, deve ser estabelecido o seu consumo ao longo do tempo, levando em consideração uma demanda esperada que foi obtida por meio do levantamento de informações do mercado, da capacidade de produção da empresa, da distribuição e logística, e da necessidade de retorno sobre o investimento realizado (KOTLER, 2007). Esse conceito representa diferentes estágios de um produto ou serviço no mercado, desde seu lançamento até o seu declínio. As quatro fases do ciclo de vida do produto (CVP) são: introdução, crescimento, maturidade e declínio, conforme apresentados no quadro a seguir: Quadro 1: os quatro estágios do Ciclo de Vida do Produto. Introdução • Momento em que o produto passa a ser oferecido e está disponível para o consumidor ou cliente. • Nesse estágio é que a empresa faz o seu maior investimento, pois a empresa precisa custear os investimentos feitos, sua produção, além dos investimentos em comunicação. • Nesse período de introdução, o produto apresenta um lento cresci- mento de vendas, não havendo lucro. 43UNIDADE II Desenvolvimento e Gestão de Produto Crescimento • Fase na qual o produto passou a ter uma rápida aceitação pelo mercado, e suas vendas são crescentes, gerando caixa positivo na sua comercialização. Maturidade • Momento da queda no crescimento das vendas, já que a maioria dos clientes potenciais já tem conhecimento do produto ou já o adquiriu. • Os lucros devem cair, pois serão necessários novos investimentos na manutenção do produto, e o crescimento das vendas não exis- te mais. • Etapa de consolidação do produto no mercado e de sua manuten- ção. • Deve-se buscar novos mercados para esse produto, provocando aumento de vendas e aumento dos lucros. • A comunicação é uma ferramenta decisiva nesta etapa. Declínio • Forte queda das vendas e pelo desaparecimento dos lucros. • O produto deixa de ser procurado, o consumidor não tem mais in- teresse por ele. • Surgem novos produtos no mercado que atendem de maneira dife- renciada às necessidades existentes por meio de novos atrativos, ou melhor, custo/benefício. Fonte: adaptado de Kotler; Armstrong (2007, p. 243). Segundo Kotler; Armstrong (2007, p. 243) apresentam ainda o ciclo de vida do produto (CVP), a partir de cinco estágios distintos: 1. O desenvolvimento do produto começa quando a empresa descobre e desenvolve uma ideia para um novo produto. Nesse estágio, as vendas são iguais a zero e os custos de investimento aumentam. 2. A introdução é um período de baixo crescimento das vendas, pois o produto está sendo introduzido no mercado. Nesse estágio, os lucros não existem devido às pesadas despesas com o lançamento. 3. O crescimento é um período de rápida aceitação pelo mercado e cres- cimento dos lucros. 4. A maturidade é um período de redução no crescimento das vendas, porque o produto já conseguiu a aceitação da maioria dos compradores potenciais. O nível de lucros se estabiliza ou declina devido a maiores gastos de marketing para defender o produto contra a concorrência. 5. O declínio é um período em que as vendas diminuem e os lucros caem (KOTLER; ARMSTRONG, 2007, p. 243). Vale ressaltar que nem todos os produtos seguem esse ciclo de vida. Alguns são lançados e morrem rapidamente; outros permanecem no estágio de maturidade por um longo tempo. Outros produtos entram no estágio de declínio e depois conseguem voltar para o estágio de crescimento por meio de estratégias de reposicionamento ou grandes promoções.44UNIDADE II Desenvolvimento e Gestão de Produto Parece mágico que algumas marcas consigam permanecer líderes de mercado por décadas e algumas delas por mais de 100 anos como a Coca-Cola, por exemplo. Mas não é mágica, isso ocorre porque essas empresas não ficaram paradas no tempo e investiram massivamente em estratégias de marketing e comunicação para se manter e ampliar sua participação mercado. Tendo plena consciência dos seus estágios de ciclo de vida e fazen- do o máximo para se manter em crescimento ou em maturidade. De acordo com Kotler; Armstrong (2007, p. 243) após o lançamento do novo produ- to, a gerência de marketing quer que ele tenha uma vida longa e feliz. Apesar de saber o nenhum produto será vendido para sempre, a empresa espera obter uma margem de lucro que compense os investimentos e riscos em que incorreu para lançá-lo no mercado, pelo máximo de tempo possível. Por isso, é preciso estar ciente de que cada produto terá um ciclo de vida, embora não possa adivinhar exatamente como será e que duração terá. Estratégias para estágio de Introdução As estratégias nessa fase primeira fase do CVP requerem tempo, pois o crescimen- to das vendas tende a ser lento. Os lucros são negativos ou pequenos devido às baixas vendas e às altas despesas de distribuição e promoção. Segundo Kotler; Armstrong (2007, p. 245) é necessário dispor de uma grande quantidade de dinheiro para atrair os distribuidores e desenvolver seus estoques. “As des- pesas com promoção são relativamente altas, pois é preciso informar os consumidores da existência do novo produto e tentar fazê-los experimentá-lo”. Uma empresa, especialmente se for pioneira de mercado, deve escolher uma estratégia de lançamento que seja coerente com o posicionamento pretendi- do para o produto. Ela deve compreender que a estratégia inicial é apenas o primeiro passo de um plano de marketing mais grandioso para o ciclo de vida completo do produto. Se a pioneira escolher uma estratégia de lança- mento para ‘arrasar’, talvez esteja sacrificando a receita no longo prazo em troca de ganho no curto prazo. À medida que a pioneira passar para os estágios subsequentes do ciclo de vida, terá de formular continuamente novos preços, novas promoções e outras estratégias de mercado. Ela terá maior chance de construir e reter a liderança no mercado se souber usar corretamente as cartas que tem na mão desde o início do jogo (KOTLER; ARMSTRONG, 2007, p. 245). Estratégias para estágio de Crescimento Se o novo produto satisfazer o mercado, ele encontrará no estágio de crescimento, no qual as vendas começarão a aumentar rapidamente. “Os adotantes imediatos continuarão 45UNIDADE II Desenvolvimento e Gestão de Produto a adquirir o produto, e os compradores retardatários seguirão seu exemplo, especialmente se a propaganda boca a boca for favorável”. Atraídos pela oportunidade de lucros, novos concorrentes entrarão no mer- cado. Eles introduzirão novas características no produto, e o mercado se expandirá. O aumento do número de concorrentes leva a um aumento do número de centros de distribuição, e as vendas dão um salto, devido apenas ao reabastecimento dos estoques dos revendedores. Os preços permane- cem os mesmos ou caem ligeiramente. As empresas mantêm seus gastos com promoção no mesmo nível ou passam para um nível ligeiramente mais alto. A instrução do mercado continua a ser uma meta, mas a essa altura a empresa também precisa enfrentar a concorrência (KOTLER; ARMSTRONG, 2007, p. 245). Nesse estágio os lucros aumentam, pois os custos de promoção são diluídos pelo grande número de produtos vendidos e o custo unitário de produção cai. Por isso, a empre- sa precisa utilizar diversas estratégias para sustentar o rápido crescimento do mercado durante o maior tempo possível: Melhora a qualidade do produto e acrescenta novas características e mode- los. Entra em novos segmentos de mercado e utiliza novos canais de distribuição. Altera parte da campanha de propaganda que promove a tomada de cons- ciência do produto para o desenvolvimento da convicção e compra e reduz seus preços no momento certo para atrair mais compradores (KOTLER; AR- MSTRONG, 2007, p. 245). No estágio de crescimento, a empresa precisa decidir entre uma alta participação de mercado e os altos lucros concorrentes. Ao gastar muito dinheiro na melhoria, na promoção e na distribuição do produto, ela pode conquistar uma posição de destaque. No entanto, ao fazer isso, renuncia aos lucros máximos concorrentes, na esperança de recuperá-los no estágio subsequente. Estratégias para estágio de Maturidade Existe uma tendência natural de que, em algum momento, o crescimento das ven- das de um produto diminui. Esse estágio normalmente dura mais tempo que os estágios anteriores e apresenta grandes desafios para a gestão da organização. De acordo com Kotler; Armstrong (2007, p. 246) a desaceleração do crescimento das vendas resulta em muitos produtores com mercadorias para vender. “Por sua vez, o excesso de capacidade leva à concorrência mais acirrada”. Os concorrentes começam a reduzir os preços, aumentar a propaganda, as promoções de vendas e os investimentos em P&D com o intuito de descobrir 46UNIDADE II Desenvolvimento e Gestão de Produto novas versões do produto. Essas atitudes levam a uma queda nos lucros. Alguns dos concorrentes mais fracos começam a se retirar, e o setor acaba dominado pelos concorrentes bem estabelecidos KOTLER; ARMSTRONG, 2007, p. 246). Muitos produtos no estágio de maturidade aparentemente permaneçam sem mu- danças durante muito tempo, os mais bem-sucedidos, na verdade, estão evoluindo para conseguir atender às necessidades dos consumidores, que mudam com o tempo. Para Kotler; Armstrong (2007, p. 246) “os gerentes de produto devem fazer mais do que acom- panhar ou defender seus bens maduros – um bom ataque é a melhor defesa”, conforme algumas estratégias listadas a seguir: Considerar uma modificação no mercado, no produto ou no mix de marketing. modificar o produto – mudar características como qualidade, atributos, estilo ou embalagem para atrair novos usuários e induzir um maior uso. melhorar a qualidade e o desempenho do produto – sua durabilidade, sua confiabilidade, sua velocidade ou seu sabor. aperfeiçoar o estilo e a atratividade do produto. Assim, os fabricantes de au- tomóveis renovam o design de seus carros para atrair compradores que que- rem um novo modelo. Para produtos alimentícios e de produtos para a casa introduzir novos sa- bores, cores, ingredientes ou embalagens para revitalizar a compra pelos consumidores KOTLER; ARMSTRONG, 2007, p. 246). Estratégias para estágio de Declínio As vendas declinam por muitas razões, entre elas avanços tecnológicos, mudanças nos gostos do consumidor e aumento da concorrência. Kotler; Armstrong (2007, p. 246) explicam que o declínio “pode ser lento, como no caso do cereal à base de aveia, ou rápido, como no caso das fitas cassete ou VHS”. À medida que vendas e lucros caem, algumas empresas se retiram do merca- do. As que permanecem podem reduzir o número de produtos que oferecem. Elas podem abandonar segmentos de mercado menores e canais de comer- cialização marginais ou cortar o orçamento de promoções e reduzir ainda mais seus preços (KOTLER; ARMSTRONG, 2007, p. 246). As empresas precisam prestar mais atenção em seus produtos em fase de enve- lhecimento. Para com Kotler; Armstrong (2007, p. 246) “manter um produto fraco pode ser muito dispendioso para uma empresa, e não apenas em termos de lucro, há muitos custos ocultos”. Sendo que os maiores custos podem se revelar no futuro, já sendo muito tarde para mudanças. Nesse sentido, investir esforços em um produto fraco pode se tornar um verdadeiro ralo de recursos, o que incluem o tempo da gestão de marketing, tendo de realizar frequen- 47UNIDADE II Desenvolvimento e Gestão de Produto tes ajustes de preço e de estoques e umaatenção redobrada com a propaganda e a força de vendas. Todo esse esforço e investimentos poder ser melhor utilizados para fazer com que os produtos mais “saudáveis” se tornem ainda mais lucrativos. A primeira tarefa é identificar os produtos que estão no estágio de declínio fazendo revisão periódica as vendas, da participação de mercado, dos custos e das tendências dos lucros. Em seguida, a gerência de marketing deve decidir se mantém, ‘colhe’ ou abandona cada um desses produtos em declínio (KOTLER; ARMSTRONG, 2007, p. 247). 48UNIDADE II Desenvolvimento e Gestão de Produto 4 DESENVOLVIMENTO DE NOVOS PRODUTOS Agora que já conhecemos a definição do que é um produto e suas diferentes clas- sificações, vamos compreender como um é o processo de desenvolvimento de um novo produto. Para isso, veremos quais são as etapas necessárias para a elaboração, teste e lançamento de um produto no mercado. O conhecimento das etapas para o desenvolvimento de um produto é bastante rele- vante para evitar erros de lançamentos precipitados, que podem fracassar e trazer prejuízo, pois uma ou mais etapas para o desenvolvimento do produto não foram cumpridas. O desenvolvimento de novos produtos envolve mais do que simplesmente seguir uma série de passos. As empresas precisam assumir uma abordagem holística para ge- renciar esse processo. O desenvolvimento bem-sucedido de novos produtos requer um esforço centrado no cliente, em equipe e sistemático. Um novo produto deve ter as características funcionais requeridas e também comunicar as características psicológicas pretendidas. Acima de tudo, o de- senvolvimento de novos produtos deve ser centrado no cliente. Ao procurar e desenvolver novos produtos, as empresas costumam confiar demais em análises técnicas em seus laboratórios de P&D. Mas, como todo o resto no marketing, o desenvolvimento bem-sucedido de novos produtos começa com um profundo conhecimento do que os consumidores precisam e valorizam. O desenvolvimento de novos produtos se concentra na descoberta de novas maneiras de solucionar os problemas do cliente e criar experiências mais satisfatórias para ele (KOTLER;ARMSTRONG, 2007, p. 240). 49UNIDADE II Desenvolvimento e Gestão de Produto Kotler; Armstrong (2007, p. 240) apresentam um estudo recente descobrir que os novos produtos mais bem-sucedidos são os que se diferenciam, solucionam grandes problemas dos clientes e oferecem uma boa proposição de valor para eles. Assim, para produtos que variam de limpadores de banheiro a motores de jatos, as empresas inovado- ras de hoje estão saindo dos laboratórios de pesquisas e conversando com os clientes na busca de um novo valor para eles. Segundo Kotler; Armstrong (2007, p. 232) em virtude de rápidas mudanças nos gostos dos consumidores, na tecnologia e na concorrência, as empresas precisam desen- volver um fluxo constante de novos produtos e serviços. Elas podem obter novos produtos de duas maneiras. Uma delas é pela aquisição – pela compra de uma empresa inteira, de uma patente ou de uma licença para fabricar o produto de outra empresa. A outra é por meio do desenvolvimento de novos produtos pelo departamen- to de pesquisa e desenvolvimento da empresa. (KOTLER; ARMSTRONG, 2007, p. 232). Podemos compreender Novos Produtos, como os produtos originais, as melhorias e as modificações nos produtos e também as novas marcas que a empresa desenvolve por meio de seus próprios esforços de pesquisa e desenvolvimento. Para Kotler; Armstrong (2007, p. 232) os novos produtos são importantes – tanto para os clientes quanto para as empresas que os atendem. “Tanto os consumidores quanto as empresas adoram os novos produtos”, declara um consultor de novos produtos, “os con- sumidores porque os produtos solucionam problemas e trazem variedade à sua vida, e as empresas porque os novos produtos representam uma fonte fundamental de crescimento.” O processo de desenvolvimento de um novo produto Devido a essa busca constante dos consumidores por novos produtos e pela oferta de novidades constantes nos mais variados mercados, tornou-se fundamental que os ges- tores de marketing conheçam e sigam as etapas para desenvolverem e lançarem novos produtos. De acordo com Kotler; Armstrong (2007, p. 233) para criar novos produtos de sucesso, uma empresa deve conhecer seus consumidores, mercados e concorrentes e desenvolver produtos que entreguem valor superior aos clientes. “Elas devem conduzir um 50UNIDADE II Desenvolvimento e Gestão de Produto forte planejamento do produto e estabelecer um sistemático processo de desenvolvimento de novos produtos para descobrir e elaborar novos produtos”. Para Kotler; Armstrong (2007, p. 233) para se lançar um novo produto é necessário seguir oito etapas, que serão apresentadas a seguir: Geração de ideias; Seleção de ideias; Desenvolvimento e teste de conceito; Desenvolvimento da estratégia de Marketing; Análise do negócio; Desenvolvimento do produto; Teste de mercado; Comercialização do novo produto. Etapa 1: Geração de ideias A primeira etapa consiste em levantar ideias para o desenvolvimento de um novo produto. Normalmente, uma empresa gera muitas ideias para descobrir algumas que sejam significativas. Segundo Kotler; Armstrong (2007, p. 233) em média, as empresas terão três mil ideias antes de chegarem à vencedora. Entre as fontes importantes de ideias para novos produtos estão as fontes internas e as fontes externas, como os clientes, os concorrentes, os distribuidores e os fornecedores. Fontes internas de ideias: com a utilização de fontes internas, a empresa pode descobrir novas ideias por meio de pesquisa e desenvolvimento for- mais. Ela pode contar também com a inteligência de seus executivos, cientis- tas, engenheiros, pessoal de produção e de vendas. Algumas empresas têm desenvolvido programas internos que incentivam seus funcionários a pensar e a desenvolver ideias para novos produtos. Fontes externas de ideias: boas ideias para novos produtos também pro- vêm dos clientes. A empresa pode analisar as perguntas e reclamações deles para descobrir novos produtos que proporcionem melhores soluções para os problemas. Os engenheiros ou o pessoal de vendas da empresa podem se reunir e trabalhar com os consumidores para obter sugestões e ideias (KOTLER; ARMSTRONG, 2007, p. 233-234). Etapa 2: Seleção de ideias Uma vez levantadas as ideias para o desenvolvimento de um novo produto, essas ideias precisam ser selecionadas, pois nem todas são viáveis de serem desenvolvidas. A finalidade dos estágios a seguir é reduzir esse número. De acordo com Kotler; Armstrong (2007, p. 235) o primeiro estágio da redução é a seleção de ideias, que ajuda a identificar aquelas aproveitáveis e descartar as mais fracas o mais rápido possível. “Os custos de desenvolvimento de produtos crescem substancial- 51UNIDADE II Desenvolvimento e Gestão de Produto mente nos estágios seguintes; assim a empresa só deverá dar continuidade às ideias de produtos que se transformem em produtos rentáveis”. Muitas empresas solicitam a seus executivos que apresentem ideias para novos produtos em formulários padronizados que possam ser analisados por um comitê de novos produtos. Esse relatório descreve o produto, o mercado- -alvo e a concorrência. Ele contém algumas estimativas preliminares do ta- manho do mercado, do preço do produto, do prazo e dos custos de desenvol- vimento, dos custos de fabricação e da taxa de retorno. O comitê então avalia a ideia segundo um conjunto de critérios gerais (KOTLER; ARMSTRONG, 2007, p. 235). Etapa 3: Desenvolvimento e teste do conceito A etapa do desenvolvimento e teste de conceito é o momento de tes- tara ideia apresentada de forma detalhada perante a avaliação por parte ou amostra dos consumidores. Isso irá representar uma economia para a empresa, evitando custos de fabricação do mesmo para ser avaliado. Se a ideia for mal avaliada, a empresapode decidir por não fabricar o produto. Kotler; Armstrong (2007, p. 235) alertam que é importante distinguir entre ideia, conceito e imagem de produto: Uma ideia de produto é uma ideia para um possível produto que a empresa possa oferecer ao mercado. Um conceito de produto é uma versão detalhada da ideia expressa em ter- mos que façam sentido para o consumidor. Uma imagem de produto é o modo como os consumidores percebem um produto real ou potencial (KOTLER; ARMSTRONG, 2007, p. 235). Nesse sentido, podemos compreender que uma ideia que pareça promissora deve ser desenvolvida para se tornar um conceito de produto e este deve ser testado e avaliado por uma amostra dos consumidores antes de ser fabricado. SAIBA MAIS DaimlerChysler: carro elétrico experimental Kotler; Armstrong (2007, p. 235-236) apresentam o exemplo a seguir que representam o desenvolvimento de um conceito e o teste desse conceito, nesse caso um carro elétrico experimental movido a célula de combustível desenvolvido pela empresa DaimlerChysler. Segundo Kotler; Armstrong (2007, p. 235-236) depois de mais de dez anos de desenvolvimento, a DaimlerChysler começa a comercializar seu carro elétrico experimental movido a célula de combustível. 52UNIDADE II Desenvolvimento e Gestão de Produto Esse sistema não poluente funciona diretamente com hidrogênio, que gera para a célula de combustível apenas àgua como produto deriva- do. Ele é muito eficiente quanto ao consumo de combustível e dá ao novo automóvel uma vantagem ambiental até mesmo sobre os carros híbridos supereficientes que rodam com gasolina e energia elétrica (KOTLER; ARMSTRONG, 2007, p. 235-236). A empresa colocou 30 carros ‘F-Cell’ no mercado da Califórnia e mais cem em outras partes do mundo para que sejam testados em diferentes condições climá- ticas, situações de trânsito e estilos de dirigir. Desenvolvido sobre a plataforma do pequeno Mercedes Classe A, o carro vai de 0 a quase 100 quilômetros por hora em 16 segundos, al- cança velocidade de 135 quilômetros por hora e tem uma autonomia de 160 quilômetros, o que lhe dá uma enorme vantagem sobre os carros elétricos a bateria, que rodam apenas cerca de 130 quilôme- tros antes de precisar de uma recarga de três a 12 horas (KOTLER; ARMSTRONG, 2007, p. 235-236). Depois do teste, a principal tarefa da DaimlerChrysler doi desenvolver esse novo produto em conceitos alternativos e descobrir até que ponto cada conceito é atraente para os clientes e escolher o melhor. Ela pode criar os seguintes conceitos de produto para o carro elétrico movido a célula de combustível: Conceito 1: um carro subcompacto de preço mediano projetado para ser o segundo carro da família e para uso na cidade. É ideal para visi- tar amigos e percorrer jornadas curtas para fazer favores. Conceito 2: um carro compacto de linhas esportivas de preço media- no voltado para os jovens. Conceito 3: um carro compacto barato e ‘ecológico’ voltado para as pessoas preocupadas com a conservação do meio ambiente que de- sejam um transporte prático e de baixo nível de poluentes. Conceito 4: um utilitário de alta qualidade para atrair as pessoas que gostam de espaço interno, mas lamentam a baixa economia de com- bustível dos automóveis dessa categoria (KOTLER; ARMSTRONG, 2007, p. 236). Os testes de conceitos podem ser apresentados aos consumidores simbó- lica ou fisicamente. Eis o conceito 3: Um carro subcompacto elétrico, para quatro pessoas, movido a cé- lula de combustível, eficiente e fácil de dirigir. Essa maravilha da alta tecnologia proporciona um meio de transporte confiável com pratica- mente nenhuma poluição. Alcança 135 quilômetros por hora e, dife- rentemente dos carros elétricos movidos a bateria, nunca precisa de recarga. A versão completa custa 25 mil dólares (KOTLER; ARMS- TRONG, 2007, p. 236). 53UNIDADE II Desenvolvimento e Gestão de Produto Etapa 4: Desenvolvimento da estratégia de Marketing A quarta etapa consiste em definir um plano estratégico de marketing para o produ- to. Essa definição requer: o delineamento do mercado-alvo, a decisão sobre qual posicio- namento que a empresa pretende ter com o novo produto no mercado-alvo, a definição do preço e do custo do produto, bem como o cálculo da estimativa de vendas a participação de mercado a curto e médio prazo (KOTLER; ARMSTRONG, 2007) Teste de marketing: se o produto passar nos testes de conceito e de produto, a etapa seguinte será o teste de marketing, em que o produto e o programa de marketing são apresentados em cenários de mercado mais realistas. O teste de marketing confere à empresa experiência no marketing do produto antes de ela despender o enorme valor exigido por lançamento completo no mercado. Ele permite que a empresa teste o produto e todo o seu progra- ma de marketing – estratégia de posicionamento, propaganda, distribuição, preço, marca, embalagem e níveis de orçamento (KOTLER; ARMSTRONG, 2007, p. 238). De acordo com Kotler; Armstrong (2007, p. 238) a quantidade de teste de marketing necessária varia para cada novo produto. Os custos desses testes podem ser altos, e o tempo necessário para sua realização pode dar vantagem à concorrência. “Quando os custos de desenvolvimento e lançamento do produto são baixos ou quando a gerência de marketing já está confiante nele, a empresa pode fazer poucos ou até nenhum teste de marketing”. Vale ressaltar que muitas vezes as empresas não fazem testes de mercado para simples extensões de linha ou para cópias de produtos de sucesso dos concorrentes. Etapa 5: análise do Negócio Com base nas informações obtidas na quarta etapa, na qual são feitos só cálculos de custo do novo produto e estimativa de vendas/lucro, a quinta etapa consiste em analisar se a estimativa de lucro versus o investimento demandado para o lançamento do novo produto satisfazem os objetivos organizacionais (KOTLER; ARMSTRONG, 2007). Etapa 6: Desenvolvimento de produto Caso a ideia ou conceito do produto for aprovada nas etapas anteriores, chega o momento de desenvolver o protótipo do produto, ou seja, é hora de fabricar o primeiro modelo do produto para realização de testes. Este modelo é submetido a uma série de 54UNIDADE II Desenvolvimento e Gestão de Produto testes para verificar se realmente o produto apresenta o desempenho esperado e poderá ser colocado no mercado. Segundo Kotler; Armstrong (2007, p. 237) se o conceito de produto for aprovado no teste do negócio, passa para o desenvolvimento de produto. Nessa etapa, o departamento de P&D ou de engenharia transforma o conceito de produto em produto físico. “A etapa de desenvolvimento, no entanto, requer um grande aumento de investimento. Ela demonstrará se a ideia de produto pode ser traduzida em um produto viável”. O departamento de P&D desenvolverá e testará uma ou mais versões físicas do conceito do produto. A intenção do P&D é desenvolver um protótipo que satisfaça e desperte o interesse dos consumidores e que possa ser produzido rapidamente e dentro do orçamento. O desenvolvimento de um protótipo de sucesso pode levar dias, semanas, meses ou até anos (KOTLER; ARMS- TRONG, 2007, p. 237). Portanto, é preciso submeter o produto a rigorosos testes para garantir que a sua operação seja segura e efetiva ou que os consumidores encontrem valor nele. Eis alguns exemplos de testes de produto: Etapa 7 – Teste de Mercado Antes de lançar um produto em escala nacional ou mesmo regional, para evitar prejuízos, é recomendado realizar um teste de mercado, pois se o produto não agradar o mercado consumidor o prejuízo será muito grande. Nesta etapa é feito o lançamento do novo produto em uma ou poucas cidades para analisar seu desempenho nestas cidades e levantar possíveis imperfeições em seu desempenho. De acordo com Kotler; Armstrong (2007, p. 238) ao usar mercados-teste padrão, a empresa seleciona um pequeno número de cidades representativas, lança como campa- nha completa de marketing nessas cidadese conduz levantamentos de vendas nas lojas, pesquisas de consumidores e distribuidores e outros critérios de mensuração para aferir o desempenho do produto. “Os resultados são usados para fazer a previsão de vendas e lucros em escala nacional, descobrir problemas potenciais dos produtos e fazer o ajuste fino do programa de marketing”. Os mercados-teste padrão apresentam algumas desvantagens. Podem ser muito caros e ter longa duração – alguns chegam a durar entre três e cinco anos. Além disso, a concorrência pode monitorar os resultados do teste ou interferir neles reduzindo seus preços nas cidades testadas, fazendo mais promoções ou até comprando todo o estoque do produto que está sendo testado (KOTLER; ARMSTRONG, 2007, p. 238). Por fim, os mercados-teste dão aos concorrentes uma visão do novo produto da empresa bem antes do lançamento nacional. Com isso, eles tem tempo de desenvolver 55UNIDADE II Desenvolvimento e Gestão de Produto estratégias de defesa e podem até lançar seu produto no mercado antes do que a empresa que está fazendo o teste. Etapa 8: Comercialização Do Novo Produto Nessa etapa, pressupõe-se que o produto teve boa aceitação no teste de mercado. Segundo Kotler; Armstrong (2007, p. 239) essa é a “hora então de definir em quais cidades ou estados o produto será lançado, qual será o tipo de investimento feito na distribuição e promoção para lançar o produto”. Essa etapa requer acompanhamento do desempenho do produto para verificar se o que ocorreu no mercado-teste ou piloto se repete ou se as vendasse apresentam ainda melhores. Após todos os testes anteriores realizados, a tendência é de que o produto apresente um bom desempenho. 56UNIDADE II Desenvolvimento e Gestão de Produto Embalagens e rótulos Uma forma de valorizar o produto é através do seu design. Com a intensificação da concorrência, o design torna-se um elemento poderoso de diferenciação e fortalece o posicionamento dos produtos e serviços de uma empresa. Para Basta (2006, p. 38) “um bom design pode atrair a atenção, melhorar o desempenho o produto, reduzir os custos de produção, logística e distribuição, e conferir ao produto uma forte vantagem competitiva no mercado-alvo”. As embalagens dos produtos não servem apenas para proteger, acondicionar ou transportar. Elas se tornaram vitais para diferenciar os produtos e influenciar na decisão de compra dos consumidores no ponto-de-venda. “À medida que os produtos se igualam em suas características, os profissionais de marketing se desdobram para chamar a atenção dos consumidores” (BASTA, 2006, p. 38). Levando em conta que grande parte das compras no varejo são feitas por impulso a embalagem e rótulo adquiriram cada vez mais importância nas estratégias de marketing. “Os clientes compram produtos, e não embalagens, mas a apresentação é fundamental para motivar a compra. Por isso as embalagens são periodicamente trocadas” (BASTA, 2006, p. 38). A embalagem inclui o projeto e a confecção do recipiente ou invólucro do produto. O rótulo também faz parte da embalagem e consiste numa informação impressa colada em 57UNIDADE II Desenvolvimento e Gestão de Produto sua superfície. As decisões sobre embalagens sempre se baseiam em fatores como custo e produção. A embalagem é composta por características do material de que é feita e também pelos elementos visuais e verbais, como logotipo, ilustrações, foto e textos explicativos. Um exemplo deste trabalho é a garrafa da Coca-Cola. Após o sucesso inicial do refrigerante de cola fabricado em Atlanta, muitos con- correntes surgiram, como a Pepsi-Cola. Para diferenciar o produto da concorrência e criar uma personalidade para o produto, a empresa resolveu modificar a sua garrafa, criando um design diferente de todos os demais produtos do segmento. As embalagens, por cumprirem mais de uma função, recebem classificações dis- tintas. Elas são classificadas em embalagem primária, embalagem secundária e embalagem terciária (CROCCO et al., 2006). A embalagem primária é aquela que envolve diretamente o produto e tem como principal função conservar as propriedades originais do produto. No caso dos produtos líquidos e pastosos, os quais se faz necessária a presença de um recipiente para o seu uso, a embalagem primária também cumpre esta função. São exemplos de produtos que requerem embalagem primária para o uso: pasta de dente, perfumes, desodorantes, entre outros. A embalagem secundária é aquela que tem como principal função chamar a atenção para o produto no ponto de venda, além de permitir o seu reconhecimento. A embalagem terciária, também chamada de embalagem de transporte, tem como principal função permitir o transporte do produto como os paletes, engradados de bebidas, entre outros. 58UNIDADE II Desenvolvimento e Gestão de Produto CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro(a) aluno(a), Nesta unidade tivemos a oportunidade de ampliar nossa concepção de produto e expandir nosso entendimento para além do mix de marketing, observando que uma em- presa pode ter um mix de produto diverso para atender diferentes necessidades de seu mercado consumidor. Podemos também nos familiarizar com conceitos relacionados ao Ciclo de Vida do Produto, um conceito clássico da administração e bastante aplicado ao marketing que re- presenta diferentes estágios de um produto ou serviço no mercado, desde seu lançamento até o seu declínio. Nesse sentido, demos destaque a algumas estratégias que podem ser adotadas pelas empresas em cada um dos estágios do ciclo de vida de um produto. Compreendermos como um novo produto é desenvolvido. Para isso, vimos que existem etapas necessárias a serem percorridas, desde de sua concepção e ideias, elab- oração, teste e lançamento no mercado. Observamos que o conhecimento dessas etapas e do processo de desenvolvimento de um produto é muito importante para evitar erros de lançamentos precipitados, que podem trazer prejuízos para a organização. Ao final, desta unidade ressaltamos a importância do design e das embalagens que têm diferentes funções na apresentação de um produto, em sua apresentação e composi- ção. 59 Plano de Estudo: A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • A criação da marca. • A escolha do nome. • Posicionamento de mercado: marca e produto. Objetivos de Aprendizagem: • Conceituar marca. • Apresentar as características para um nome de marca forte. • Compreender e diferenciar posicionamento de produto e de marca. UNIDADE III A marca: Conceitos e Definições Professor Me. Jorge Van Dal 60UNIDADE III A marca: Conceitos e Definições A história das marcas deriva do ato físico de demarcar um nome em questão. Na pré-história o homem já marcava por incisão ou por pressão sobre superfícies como pedra, madeira, barro fresco e pele dos animais. De acordo com Crocco et al. (2006, pp. 42) as primeiras marcas surgiram com o intuito de distinguir o responsável por uma obra, seja uma cerâmica ou uma pintura. O próprio termo “brand” tem sua origem no norueguês antigo brandr (queimar), o termo “marcar o gado” tem, entre nós, um significado extremamente próximo do original. Ou seja, tem sido representar a função da marca desde que surgiu, basicamente, um sinal de origem. Kapferer (2003, p. 40) ressalta que “não é por acaso que o equivalente em inglês de marca é brand: derivada de brandon, essa palavra remete a um ato que penetrava a carne do animal assim marcado ao mesmo tempo em que sinalizava a propriedade”. Segundo Crocco et al. (2006, pp. 43) as primeiras leis relativas ao uso de marcas parecem ter surgido na Inglaterra, por volta de 1266, com relação a sinais compulsórios das corporações medievais e relativas a uma corporação de padeiros. Com o crescimento industrial, aumentou a variedade fabricada, gerando maior demanda e necessidade de diferenciação. No Brasil, as marcas só passaram a contar com proteçãolegal a partir de 1875, com a Lei 2.682, que foi estabelecida após disputa judicial envol- vendo a marca de rapé “Área Parda”, acusada de imitar a marca “Área Preta”. É curioso observar que a lei surgiu para reverter a absolvição dada ao comerciante da marca imitadora com o argumento de que a “lei não previa sanção criminal aos atos de imitação” (CROCCO et al. 2006, pp. 43). A Associação Americana de Marketing (AMA), define marca como “um nome, ter- mo, sinal, símbolo ou combinação dos mesmos, que tem propósito de identificar bens ou serviços de um vendedor ou grupo de vendedores e de diferenciá-los dos concorrentes”. Podemos considerar também a marca como uma conexão simbólica e afetiva estabelecida entre uma organização, sua oferta material, intangível e aspiracional e as pessoas as quais se destina. A marca é portanto, o patrimônio intangível de uma empresa. Ela é dotada de características que podem proporcionar um diferencial na hora da decisão da compra. De acordo com Kotler; Keller (2006) uma marca é, portanto um produto ou serviço INTRODUÇÃO 61UNIDADE III A marca: Conceitos e Definições que agrega dimensões que de alguma forma o diferenciam de outros produtos ou serviços desenvolvidos para satisfazer à mesma necessidade. Essas diferenças podem ser funcio- nais, racionais ou intangíveis, relacionadas ao que a marca representa. A marca se inscreve em uma lógica de diferenciação da produção. A em- presa ambiciona responder melhor às expectativas de uma certa clientela e se concentra para fornecer aos clientes, de maneira constante e repetida, a combinação ideal de atributos tangíveis e intangíveis, funcionais e hedo- nistas, visíveis e invisíveis, em condições economicamente viáveis para ela (KAPFERER, 2003, p. 40). Para Kapferer (2003, p. 41) o produto ou serviço devem ter boa simbolização, se for desejável que ele seja percebido pelo comprador potencial e se a empresa quiser recuperar os frutos de seu empreendimento antes que ele seja copiado por outros. “É altamente significativo que o objeto marcado conserve um valor superior ao do produto sem marca”. É aí que se obtém o valor das Lacoste sem Lacoste, das Adidas sem Adidas. Elas valem mais que suas imitações, pois, mesmo invisível, a marca está presente. Na imitação, ao contrário, mesmo quando visível, a marca está ausente (KAPFERER, 2003, p. 40). Dessa forma, é possível destacar que a principal função de uma mar- ca seria a identificação de um produto ou empresa, distinguindo da concorrência. 62UNIDADE III A marca: Conceitos e Definições 1 A CRIAÇÃO DA MARCA A construção de uma marca de sucesso é um processo longo e exige investimen- tos, principalmente na comunicação, por isso, algumas empresas que possuem marcas fortes no mercado são sempre lembradas pelos consumidores e em alguns casos estes consumidores também se tornam fiéis a essas marcas. De acordo com Kapferer (2003, p. 40) muitas empresas esquecem a razão de ser de suas marcas. Segundo o autor um grande esforço é investido à “atividade de criação da marca propriamente dita, por meio da convocação de designers, desenhistas gráficos e agências de propaganda”. A construção de uma marca forte para um produto, uma linha de produtos ou de ser- viços é consequência de um relacionamento satisfatório com o mercado-alvo. Quando esta identificação positiva se torna forte o bastante, a marca passa a valer mais do que o próprio produto oferecido. Nesse sentido, a atividade de criação da marca, acaba se tornando se um fim em si mesma e recebe a atenção principal. Kapferer (2003, p. 40) ressalta que agindo assim, a criação da marca torna-se uma função exclusiva do marketing e da comunicação, “subesti- mando o papel das outras funções da empresa no sucesso do empreendimento da marca”. A criação da marca, ainda sendo indispensável, faz parte da última fase de um processo, que envolve e focaliza os recursos da empresa e todas as suas 63UNIDADE III A marca: Conceitos e Definições funções a serviço de um intento estratégico: criar uma diferença, o único modo de a empresa se diferenciar dos concorrentes, mobilizando todas as fontes internas de valor agregado (KAPFERER, 2003, p. 40). Kapferer (2003, p. 49) lembra que “os produtos são mudos; é a marca que lhes dá um significado. Decodificam-se os produtos por meio da perspectiva da marca, suas lentes”. A Renault nos convida a ler nos seus modelos “veículos para viver a vida”. A marca orienta nossa percepção dos produtos. Ela obtém deles, portanto, um eco que previne e constrói a identidade da marca. O automóvel fornece a demonstração desse fato: a maioria das inovações técnicas é difundida neste setor rapidamente entre todas as marcas. Assim, o ABS é encontrado tanto na Volvo quanto na BMW, que são empresas com identidades diversas. Há aí uma incoerência da marca? Não, pois o ABS é um progresso que se impõe a todos (KAPFERER, 2003, p. 49). Para Kapferer (2003, p. 40) “desenvolver uma marca vai bem mais além da criação da marca, pois esta assinala que um produto ou serviço recebeu em seu exterior uma marca, o registro de uma organização”. O autor ressalta ainda a empresa quer deixar o setor com sua marca, imprimir sua marca ao produto. “Criar uma marca é transformar a categoria do produto”. O primeiro trabalho de reflexão sobre a marca consiste em definir precisamente o que a marca injeta dentro do produto (ou serviço), em que ela o transforma, conforme Kapferer (2003, p. 41): • Que atributos se materializam nele? • Que vantagens se inseminam nele? • Que benefícios são aí colocados? • Que obsessões são inscritas nele? Nesse sentido, o processo de criação de uma marca parte da escolha do nome, da logomarca, dos símbolos e do slogan que irão representá-la. Esse processo deve ser feito de forma cuidadosa, pois a partir dele que a promoção da marca irá se estabelecer. Portanto, criar uma marcar e criar um território comunicativo diversificado,” o que inclui um conjunto de palavras, imagens, cores e sons e, alguns casos, até mesmo aromas. A marca, por si só, torna-se uma forma de expressão. Um território de comunicação não se inventa, nem se impõe à marca. A lin- guagem da marca permite liberar o discurso da marca, que exprime sua per- sonalidade, sua cultura, seus valores; permite-lhe anunciar seus produtos ou serviços e seduzir (KAPFERER, 2003, p. 47). O objetivo maior de qualquer empresa é gerar lucros e empregos. No entanto, a missão de uma marca transcende esse objetivo. Não que um projeto de criação de marca ou de agregação de valor ao uma marca conhecida não gere lucros para a empresa, mas esse não é seu objetivo maior. 64UNIDADE III A marca: Conceitos e Definições 2 A ESCOLHA DO NOME Ao lançar um novo produto, uma das decisões a serem tomadas é a da definição do nome de marca que este produto terá, mas antes disso a todo um processo de pesquisa e desenvolvimento. Além de aumentar as chances de sucesso do produto, os nomes de marcas que possuam as características de marca forte possibilitam às empresas cobrarem mais por seus produtos. Qualquer nome de marca, por mais criativo ou forte que seja está vulnerável a mu- danças no mercado, no comportamento do consumidor e a má gestão da empresa. Mesmo assim, a escolha do nome, levando em consideração questões amplas como a língua ou idioma, diferentes culturas e territórios comunicativos são muito importantes. Vale lembrar que ao abordamos a marca, não estamos nos referindo apenas ao nome ou a esfera verbal da comunicação, mas sobretudo a linguagem não verbal. Nossa so- ciedade, permeada por meios de comunicação e tecnologia da informação é extremamente visual e audiovisual. Um nome de marca precisa, entre outros atributos, ser esteticamente agradável, graficamente chamativo e sonoramente harmônico. Se a noção de marca engloba todos os signos distintivos (nome, logotipo, símbolo, cores, personagem e, atémesmo, slogan), o nome da marca é que é objeto dos discursos, das demandas, das prescrições. Assim, é normal que consagremos uma atenção particular a esta faceta do processo de criação de uma marca: a escolha de seu nome (KAPFERER, 2003, p. 126). 65UNIDADE III A marca: Conceitos e Definições A escolha do nome é muito relevante, pois um nome inadequado pode levar ao fracasso o lançamento de um novo produto, mesmo que esse produto seja muito bom. Um exemplo disso aqui no Brasil foi o lançamento de um veículo com a marca “Besta”. Isso provocou uma reação de chacota entre o público, o que prejudicou consideravelmente a imagem da marca. Por isso é preciso fazer muita pesquisa antes de se definir e comunicar a marca de um produto. Nesse sentido, a escolha do nome e dos demais elementos deve le- var em conta uma série de fatores, como o tipo de segmento de mercado, o público-alvo, a concorrência, e claro, os objetivos da empresa. É a escolha do nome que desencadeará todo o processo de construção e promoção da marca. Kapferer (2003, p. 121) destaca que para fazer uma marca forte, “pode-se tomar qualquer nome (ou quase) e manter uma constância no tempo para dar sentido a esse nome, o sentido próprio da marca”. Pegando carona na teoria do autor, a seguir faremos uma breve análise sobre o nome escolhido para marcas muito famosas. Podemos constatar, que o nome escolhido não foi o principal fator de seu sucesso: ● Coca-Cola: significava a composição do produto quando da sua criação. ● Apple: significa maçã. ● Marlboro é um lugar. ● Kodak, uma onomatopéia. O que há em comum entre esses nomes de marca? Nada! Apenas que são nomes, que podem ser considerados “comuns”. Mas calma, isso não significa que não há necessi- dade de refletir quanto ao nome da marca. Além dos problemas específicos de registro do nome, a escolha de um nome apro- priado deve ser pensada em função do futuro da marca. “O respeito a certos princípios de escolha permitem ganhar tempo, ganhar alguns anos no desenvolvimento de uma marca que possa se tornar uma grande marca” (KAPFERER, 2003, p. 128). O problema do tempo é crucial e do espaço no mercado também, afinal a nova mar- ca tem um território a conquistar. Ela deve, portanto, integrar desde o início suas possíveis evoluções. 66UNIDADE III A marca: Conceitos e Definições SAIBA MAIS Nome de marca ou nome de produto? A escolha de um nome depende do destino que se atribui à marca. Convém, assim, distinguir as pesquisas que lidam com a criação de uma marca no sentido pleno – destinada a experimentar extensões internacionais, abrigar uma grande gama de produtos e durar por longo tempo – e aquelas que lidam, ao contrário, com o nome de um produto, de vocação territorial e temporal limitada. A ênfase, o tempo despendido e os investimentos financeiros não podem ser os mesmos (KAPFERER, 2003, p. 128). 67UNIDADE III A marca: Conceitos e Definições 3 LANÇAMENTO DA MARCA Segundo Kapferer (2003, p. 119) a maior parte das marcas renomadas, carregadas de sentido e de valores, começaram como um simples nome de um produto novo superior à concorrência. Esse nome foi, de modo geral, escolhido totalmente ao acaso, sem nenhum estudo ou reflexão: a Coca-Cola refletia a composição do novo produto, Mer- cedes era o nome da filha do Sr. Daimler, Citroen era um nome patrocínio, Adidas é uma manipulação de Adolphe Dassler […] Era preciso dar um nome ao produto novo para poder fazer propaganda. Esta, então, apresentava as vantagens do novo produto, os benefícios que o comprador poderia esperar. Grandes marcas como Coca-cola, Lacoste, Apple, Ferrari, etc, no começo de suas vidas, foram marcas novas. Somente ao longo do tempo, muitas vezes por intuição, boa gestão ou por estar na hora certa e no lugar certo, elas tornaram-se grandes marcas, mar- cas pioneiras e líderes de seu mercado. Apesar de algumas, em algum momento, terem contanto com certa dose de sorte, podemos refletir: o que as grandes marcas fizeram ou fazem que as outras deixaram de fazer para se tornarem verdadeiros ícones em seus mercados? Kapferer (2003, p. 119) apresenta alguns fatores que podem ser observados em grandes marcas desde seu lançamento: ● Possuía uma identidade forte: um negócio bem identificado, um verdadei- ro valor agregado, personalidade de marca, sistema de valores, ou seja, uma verdadeira cultura da marca, etc. ● São motivadas por uma fonte de inspiração precisa, e saber sua dire- ção em termos de produtos ou serviços que ela não hesitaria em assinar (KAPFERER, 2003, p. 119). Para Kapferer (2003, p. 119) a chave para o lançamento de uma nova marca é agir como uma marca antiga. “Em lugar de nos preocuparmos com as maneiras de lançar novas marcas, deveríamos antes de mais nada saber como inventar uma marca estabele- cida, uma marca de boa reputação”. ● “Se a nova marca não for portadora de valores desde sua criação, desde seu lançamento, será pouco provável que ela seja bem-sucedida rapida- mente ao se estabelecer como uma grande marca” (KAPFERER, 2003, p. 119). Outra orientação importante é não confundir lançamento de produto novo e lançamento de marca. Muitos manuais de lançamento de novas marcas se limitam a apresentação à escolha do nome do produto novo. 68UNIDADE III A marca: Conceitos e Definições Os produtos mudam, as marcas permanecem Com o tempo, um produto novo no mercado é imitado ou superado pelos concor- rentes e deve ser substituído por outro produto com melhor desempenho ou com inovações incrementais, mas é preciso manter a reputação e notoriedade adquiridas pela marca existente. Ao longo do tempo, pela sua maneira de falar (dos produtos), de se a dirigir (ao público) e de se comportar, a marca vai ainda adquirir mais e mais auto- nomia e se desligar de seu sentido original (o nome do criador da empresa ou uma característica do produto) (KAPFERER, 2003, p. 119). Kapferer (2003, p. 127) lembra que os produtores fabricam produtos, os consumi- dores compram marcas. “Os laboratórios farmacêuticos fabricam moléculas, os médicos prescrevem marcas. Em um sistema econômico no qual a demanda e a prescrição tratam de marcas, o nome da marca se reveste de um papel proeminente, naturalmente”. Criar uma marca é comportar-se desde o início como uma marca estabelecida, rica em significados: ● Lançar uma nova marca obriga a se comportar desde o início como uma verdadeira marca, e não como o nome do produto do qual fala a propa- ganda. ● Lançar uma nova marca leva a não esperar que, com o tempo, a longo prazo, o nome do produto se torne – talvez – símbolo da marca, dotado de um significado que ultrapasse muito os produtos. ● A nova marca deve ser pensada desde o início na sua totalidade, ou seja, nos valores funcionais e não-funcionais que ela traz (KAPFERER, 2003, p. 119). Para lançar uma nova marca, a escolha da referência imaginária é tão importante quanto a escolha de seu produto referencial. Kapferer (2003, p. 120) apresenta alguns princípios demarcam esse procedimento: Definir a missão da marca: O lançamento de uma marca, diferentemente do lançamento de produto, envolve de imediato a sua duração. O evento de- sestabiliza, então, a ordem estabelecida, os valores atuais, as participações de mercado. Ele visa impor uma nova ordem, impor novos valores e imprimir ao mercado seu registro por um longo período. Para fazê-lo é necessário, no início, toda a energia proveniente do sentimento da necessidade íntima da marca. Para mobilizar a longo prazo empregados, executivos, banqueiros, clientes, líderes de opinião e vendedores, é preciso estar motivado por um verdadeiro projeto de marca, uma verdadeira visão que justifique tanto inter- na quanto externamente o surgimento da marca, sua razão de ser. Um bom número de marcas não sabe mais qual é a sua razão de ser e não poderia responder às questões que constituem a plataforma da marca. Estas dependem de uma concepçãovoluntarista da marca e se opõem à concepção tática do alvo. É preciso ser movido por um grande projeto interior para se lançar na longa aventura da marca. 69UNIDADE III A marca: Conceitos e Definições Para Kapferer (2003, p. 121) a criação de marca começa, portanto, pelo registro escrito da plataforma da marca, base invisível de sua identidade a longo termo. Plataforma da marca: definição do programa da marca: 1. Por que essa marca deve existir? O que faltaria aos consumidores caso a marca não existisse? 2. Ponto vista: Qual o ponto de vista em função do qual a marca se expri- me? 3. Visão: Que visão a marca tem da categoria de produto? 4. Valores: Quais os valores que nos animam? 5. Missão: Qual a missão que a marca se atribui no seu mercado? 6. Conhecimento técnico: Qual é o know-how específico da marca? 7. Território: Onde a marca é legítima para realizar essa missão; em que categorias de produto? 8. Produtos ou atos típicos: Que produtos ou que atos encarnam melhor esses valores e essa visão; quais são os melhores exemplos? 9. Estilo e linguagem: Quais elementos de estilo são típicos da marca? 10. Reflexo: A que destinatário nos endereçamos? Qual imagem queremos passar do cliente? A identidade da marca forte nos lembra que esta não se reduz a atributos funcionais. Por isso, quando da criação de uma marca, a escolha da referência imaginária é tão importante quanto a escolha de produtos de referência. 70UNIDADE III A marca: Conceitos e Definições 4 SÍMBOLO, LOGOTIPO E SLOGAN Símbolo ou Marca: desenho que identifica a empresa. O Símbolo é a representa- ção visual em forma de ícone, desenho ou imagem. Trata-se de uma ilustração com um elemento representativo capaz de comunicar associações e atributos da marca. Exemplo de símbolo ou marca: Fonte: http://vinicblog.blogspot.com/2013/10/significado-do-logotipo-da-nike.html Nome: identificação da empresa feita por letras. O nome é a primeira e maior ex- pressão da marca. A criação de nomes envolve estudos de linguística, simbologia, fonética, significados adquiridos e derivados, entre outros aspectos. Accenture – Accent of the fu- ture. Viagra (“vigorous” + “Niagra” Falls, “aggressive”). Nestlé (paronímico de Henri Nestlé, fundador da empresa; “nestle” é aninhar em inglês). Logotipo: representação gráfica do desenho das letras da marca, com espaçamento, cor e forma característicos. Exemplo de logotipia: a tipografia Art-Nouveau da Coca-Cola e a representação visual das letras IBM cortadas por faixas. É a função verbal maximamente aproveitada para expressar o potencial comunicativo – é a imagem da palavra. Exemplo de Logotipo: Fonte: https://lukedesigner.com.br/logotipo-nike/ Logomarca: é a união do símbolo ou marca com o logotipo. Juntos, símbolo e logotipo compõem a marca. Exemplos de símbolos: o swoosh da Nike, que prescinde da logotipia; os arcos dourados do McDonald’s; e a cruz vermelha, colocada como símbolo humanitário no Ocidente. http://vinicblog.blogspot.com/2013/10/significado-do-logotipo-da-nike.html https://lukedesigner.com.br/logotipo-nike/ 71UNIDADE III A marca: Conceitos e Definições Exemplo de Logomarca: Fonte: https://www.pinterest.es/pin/348254983676362473/ Slogan: frase conceitual que sintetiza os benefícios emocionais e funcionais da marca e ajuda a comunicar algum aspecto distintivo da concorrência. Um slogan ou frase de efeito é uma frase de fácil memorização que resume as características de um produto, serviço ou marca. O slgan da Nike é Just do it, “Apenas faça”. Outros exemplos de Slogan: ● Havaianas “Todo mundo usa”. ● Marisa “De mulher pra mulher”. ● Helmann’s “A verdadeira maionese”. ● Nescau “Energia que dá gosto”. ● Bis “Quem pede um, pede bis”. ● Bombril “1001 utilidades”. ● Doril “Tomou Doril, a dor sumiu”. https://www.pinterest.es/pin/348254983676362473/ 72UNIDADE III A marca: Conceitos e Definições 5 POSICIONAMENTO DE MERCADO: MARCA E PRODUTO As grandes marcas têm mais que um posicionamento ou posição dominante no mercado: elas têm uma determinada posição quanto à categoria de produto. Para Kapferer (2003) é essa posição, essa concepção que dá energia à marca e alimenta as transforma- ções que ela opera sobre os produtos para transformá-los de acordo com seu ideal. É essa concepção que justifica a existência da marca, sua razão de ser no mercado e fornece um fio condutor a sua evolução no tempo. Algumas marcas são testemunhas, através de suas mensagens, de que elas compreenderam corretamente essa missão de grande conteúdo: transformar a categoria de produto. A marca não é simplesmente um ator do mercado, ela deve ser um organizador, movido por uma visão, uma missão, uma concep- ção daquilo que deve se tornar a categoria (KAPFERER, 2003, p. 41). Posicionamento do produto O posicionamento do produto é a maneira como o produto é definido pelo consumi- dor em relação seus atributos importantes – o lugar que ele ocupa na mente dos consumi- dores em relação aos produtos concorrentes. O posicionamento envolve a implantação de benefícios únicos de marca e a diferenciação na mente dos consumidores. De acordo com Kotler (2007) ao posicionar um produto, a empresa primeiro defi- ne possíveis vantagens competitivas sobre as quais construir sua posição. Para ganhar vantagem competitiva, ela deve oferecer valor superior para segmentos-alvo escolhidos, cobrando preços mais baixos do que os concorrentes ou fornecendo mais benefícios para 73UNIDADE III A marca: Conceitos e Definições justificar os seus preços mais altos. De qualquer maneira, se a empresa posicionar o produto como fornecedor de valor superior, deve entregar valor superior. Posicionamento de mercado Posicionar um produto ou uma marca em um mercado, significa fazer com que um produto ocupe um lugar claro, distinto e desejável na mente dos consumidores-alvo em relação aos produtos concorrentes. Portanto, os profissionais de marketing planejam posicionamentos que diferenciem seus produtos das marcas concorrentes e ofereçam a eles maior vantagem estratégica em seus mercados-alvo. Para Kotler (2007) o posicionamento efetivo começa com a diferenciação da oferta de marketing da empresa, para que ela ofereça aos consumidores mais valor do que é ofe- recido pelos concorrentes. Uma vez escolhida a posição, a empresa deve adotar medidas eficientes para entregar e comunicar essa posição aos consumidores-alvo. Essa diferenciação pode ocorrer em relação ao produto, serviço, marca, preço, distribuição, ou até mesmo nas questões internas da empresa, como fun- cionários, planos de administração etc. Para estabelecer essa diferencia- ção, Kotler (2007) afirma que é necessário seguir alguns critérios, como: ● Importância – na qual se oferece um benefício de alto valor para um número suficiente de clientes. ● Destaque – a diferença deve ser ressaltada. ● Superioridade – a diferença é superior a outras oferecidas pelos concorrentes. ● Exclusividade – pois a diferença não pode ser facilmente copiada pela concor- rência. ● Acessibilidade – o consumidor tem que poder pagar pela diferença. ● Lucratividade – a diferença deve ser lucrativa. Convém destacar que quando as empresas promovem vários diferenciais, podem causar dúvidas e confusões na mente do consumidor. Assim, o mais coerente seria destacar apenas um diferencial pelo qual a empresa quer ser reconhecida, e as demais característi- cas poderiam também ser promovidas, mas de forma secundária. O posicionamento pode ser realizado com base em diferentes segmentos. Kotler (2007) destaca alguns: 74UNIDADE III A marca: Conceitos e Definições ● Posicionamento por atributo: a empresa pode destacar algo que ela tenha, como o tamanho e tempo de existência. Exemplo: “A empresa Alfa está há dez anos no mercado de produtos elétricos”. ● Posicionamento por benefício: a empresa pode ressaltar algum benefício que seu produto pode apresentar.Exemplo: “O Yogurte Beta é o único que contém ingredientes que diminuem seu apetite”. ● Posicionamento por aplicação ou utilização: o produto é posicionado por ser melhor para uso ou aplicação em algum segmento. Exemplo: “As tintas Celta são as únicas que podem ser aplicadas sem que sua família precise sair de casa”. ● Posicionamento por usuário: o posicionamento de um produto para determinado grupo de usuários. Exemplo: “Rádio Rio, jovem como você”. ● Posicionamento por concorrente: afirma que o produto tem algo me- lhor que o concorrente. Exemplo: “Só sandálias Brilho possuem solado colorido”. ● Posicionamento por categoria de produtos: o produto posicionado como líder em determinado segmento. Exemplo: “Zeta, o carro mais po- tente da sua categoria”. ● Posicionamento por qualidade ou preço: o produto posicionado como o que oferece melhor valor. Exemplo: “Plano de Saúde Azul, o menor custo e a maior cobertura”. Nesse sentido, podemos compreender que o posicionamento pode de uma marca ou produto pode ser realizado com base em uma grande variedade de atributos e benefí- cios empresa pode ressaltar como diferencial. No caso dos benefícios, esses podem ser funcionais, relacionados ao funcionamento do produto; simbólicos, quando dirigidos aos desejos dos consumidores, seja de status, autopromoção, afiliação etc.; e experienciais, que valorizam os aspectos sensoriais, estimulando a cognição. Uma vez que a posição tenha sido escolhida, a empresa deve tomar fortes medidas para entregar e comunicar sua posição aos consumidores-alvo. A comunicação tem um papel fundamental no posicionamento de uma marca ou produto no mercado, pois esta é a responsável por divulgar os diferenciais da empresa, com o objetivo de fixar uma imagem positiva do produto e da marca na mente dos consumidores alvos. 75UNIDADE III A marca: Conceitos e Definições CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade, podemos observar de forma breve a evolução histórica das marcas e compreender suas principais funções como identificação e denominação única de um produto para diferenciá-lo dos demais produtos de mesma categoria. Podemos também compreender no que consiste uma marca e quais as característi- cas que levam um produto a ter um nome de marca forte são informações estratégicas para auxiliar na gestão de produtos. Conhecemos conceitos importante que são muito utilizados na criação e gestão de marcas, como: Símbolo ou Marca, Nome e Logotipo, Logomarca e Slogan e agora sabemos como aplicar cada um deles e diferenciá-los de forma correta. Além disso, vimos que o posicionamento pode de uma marca ou produto pode ser realizado com base em uma grande variedade de atributos e benefícios empresa pode ressaltar como diferencial. 76UNIDADE III A marca: Conceitos e Definições Leitura Complementar Sinopse: Elaborado pelo mais renomado consultor e profes- sor da área de marketing do mundo, o trabalho discorre sobre temas relevantes para os gestores de empresas na atualidade. A relação do marketing com tópicos como relacionamento, internet e banco de dados é abordada. Uma leitura inteligente que servirá de subsídios para o dia a dia das empresas. LIVRO: Marketing para o Século XXI: como criar, conquistar e dominar mercados Autor: Kotler, Philip Editora: Ediouro 77 Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Identidade, Imagem e Reputação da Marca • Promovendo o Brand Equity (Valor Agregado) • Comunicação Integrada de Marketing Objetivos de Aprendizagem • Entender e diferenciar os termos: identidade, imagem e reputação da marca. • Compreender a importância da marca como geradora de valor agregado para empresa e para os produtos. • Destacar a importância da comunicação para a construção de uma marca forte. UNIDADE IV A Construção da Marca Professor Me. Jorge Van Dal 78UNIDADE IV A Construção da Marca Em tempos de superexposição das marcas, das redes sociais e do empodera- mento dos consumidores, vemos crescer a preocupação das empresas com sua imagem perante seus públicos de interesse. É comum em diversas publicações que falam sobre o assunto, os autores reforçarem o conceito que a marca é um dos maiores patrimônios de uma instituição. Nesse sentido, ter uma boa imagem da marca ou a construção de uma reputação positiva é um grande diferencial que muitas empresas conseguem alcançar, a partir de uma gestão estratégica da comunicação e construção da marca. Nesta unidade, vamos observar que é fundamental que a construção e gestão de marcas, assim como para as diversas estratégias e ações de comunicação, sejam pautadas no que deve ser o objetivo central de toda organização, que é a construção da imagem ins- titucional da empresa. Por isso, vamos abordar nesta unidade alguns conceitos a respeito da trilogia identidade-imagem-reputação. Também vamos falar sobre o Brand Equity conceito relacionado a criação de valor agregado, proporcionado por uma gestão de marca adequada e que pode ser um grande diferencial de mercado para as organizações. INTRODUÇÃO 79UNIDADE IV A Construção da Marca 1 IDENTIDADE, IMAGEM E REPUTAÇÃO DA MARCA Há uma confusão muito grande com o uso dos termos “identidade, imagem e repu- tação” da marca, que muitas vezes são entendidos como sinônimos, mas é preciso saber o uso correto de cada um em seu devido lugar, tanto na teoria, como principalmente na prática. Por exemplo, o Governo Federal e os governos de forma geral, buscam construir por meio da publicidade uma identidade positiva perante a sociedade e utiliza dos meios de comunicação para transmitir mensagens que conversam a população de suas políticas. No entanto, em muitos casos, por falta de cumprir o que se promete nas “propagan- das” a imagem geral que a população tem dos governos e até mesmo dos políticos não é condizente com o que o anunciante buscou construir no imaginário da população. Ocorre, portanto, uma dissonância entre o que o governo quer que as pessoas pensam sobre ele e com a imagem real que a população tem. Isso acontece também com algumas empresas, pense você agora de uma empresa que tenta construir uma imagem positiva, mas não consegue. 80UNIDADE IV A Construção da Marca Imagem: http://zh.rbsdirect.com.br/imagesrc/19228195.jpg Para Bueno (2009, p. 199) muitas vezes algumas explicações sobre imagem, reputação e identidade mais confundem do que esclarecem. Tais conceitos sofrem de “es- vaziamento, certamente porque, utilizados às escâncaras, em qualquer situação e mesmo como sinônimos, acabam não significando coisa alguma”. Imagem Vamos começar pela imagem que se trata do conceito, opinião, impressão que as pessoas têm ou formam a respeito de alguém ou alguma coisa, esta última pode ser uma empresa ou um produto. Essa imagem é formada na “cabeça” dos consumidores a partir de uma experiência real que a pessoa teve com a empresa e o produto/serviço ou a partir de sua impressão de uma campanha de comunicação (mesmo que não tenha experimentado o produto) ou até mesmo do que ouviu dizer por outras pessoas sobre a marca. De imediato, é preciso dizer que uma organização não tem apenas uma ima- gem, mas imagens, em função das leituras que distintos públicos de interes- se falem dela. A imagem, portanto, ou as imagens (para sermos mais exa- tos) de uma organização são percepções que estão na cabeça dos públicos ou das pessoas individualmente, formadas pelo contato ou indireto com ela (BUENO, 2009. p. 200). http://zh.rbsdirect.com.br/imagesrc/19228195.jpg 81UNIDADE IV A Construção da Marca Já Kotler (2006, p. 413) define imagem como “conjunto de crenças, ideias e impres- sões que uma pessoa mantém em relação a um objeto. E as atitudes e as ações de uma pessoa em relação a um objeto são altamente condicionadas pela imagem desse objeto”. ATENÇÃO: “A gente pode dizer que a imagem é como algo que se sente na pele e a reputação como algo que se sentena alma” (BUENO, 2009, p. 200). Identidade O conceito de identidade caminha outra perspectiva. Esta seria aquilo que a orga- nização, por meio da comunicação busca estabelecer. Mas é bom deixar claro, que nem sempre ou na maioria das vezes as pessoas enxergam uma empresa, marca ou produto como a empresa gostaria de ser vista. Ou seja, a imagem (reflexo) que as pessoas têm de determinadas empresas é diferente do que estas organizações buscam convencê-las por meio de sua comunicação. É parecido com o velho ditado popular “faça o que eu falo, mas não faça o que eu faço”. No discurso (campanha publicitárias), construídas a partir da sua identidade a empresa se mostra “perfeita”, mas na prática não cumpre o que promete sobre si mesma ou sobre seus produtos. Para Bueno (2009) a organização empenha-se para construir, formar sua identidade (como ela quer ser vista, percebida), mas nem sempre há relação direta entre sua identidade e sua imagem (ou imagens) e reputação. A identidade é o somatório de esforços, produtos, significados, valores, marcas, Etc., construídos ou produzidos por uma organização. Podemos falar na identidade visual, por exemplo, que incorpora as formas pelas quais a organização se torna visível, “e é um dos componentes da identidade de uma or- ganização. A identidade inclui também a missão e a visão da organização, sua capacidade de inovação, seu talento humano (capital intelectual) e assim por diante (BUENO, 2009, p. 200). Para Torquato (2004, p. 163) diferencia-se, portanto a identidade da imagem. 82UNIDADE IV A Construção da Marca “Identidade é o caráter, o conceito básico, a personalidade da organização. A imagem é a extensão (a sombra) dessa identidade”. Como podemos observar a imagem pode ser considerada a partir de uma avaliação feita pelos consumidores, a partir da comunicação e ações da organização. É importante ressaltar que a imagem que uma empresa possui ou tenta comunicar a seu público pode ser recebida ou interpretada de forma diferente na mente do consumidor. Isso pode ocorrer por inúmeros fatores, um deles é que a empresa não está usando as ferramentas de comu- nicação empresarial de maneira adequada ou não utiliza uma linguagem que seu público compreenda de maneira objetiva. Reputação A reputação de uma organização é construída ao longo do tempo, portanto em um prazo maior. Trata-se também de um conceito, uma avaliação, que, como a imagem, decorre das percepções dos públicos e das pessoas individualmente. Mas é menos perene que a imagem, uma empresa ou uma campanha de comunicação pode projetar uma ima- gem temporária na mente do público e esta por sua vez pode ser alterada em uma próxima campanha, a reputação não, pois tem maior consciência e intensidade. Sobre a reputação Bueno (2009, p. 200) afirma que “a maioria das organizações tem imagens, mas poucas chegam a ter uma reputação, porque esta é resultado de um processo mais demorado de interação”. Diagnosticando a reputação da organização Além de definir os objetivos para a comunicação e decidir que recursos estão dis- poníveis para realizar este objetivo, as organizações também precisam diagnosticar qual a sua reputação com o público-alvo em questão: A reputação tem base na percepção do público-alvo sobre a organização, em vez de na realidade da organização em si. Como exemplo, pense em uma universidade interessada em gerar publicidade positiva na imprensa nacional. Se a universidade não for bem conhecida fora de sua região, essa poderá ser uma tarefa muito difícil. Sua reputação nessa situação seria inexpressiva, porque os representantes da imprensa nacional teriam experiência limitada com a instituição, se comparada com outra que já tenha um nome reconhe- cido nacionalmente. Assim, independentemente do tipo de recurso utilizado pela universidade, seria uma batalha difícil (ARGENTI, 2006, p. 32-34). Em outros casos a reputação de uma organização pode sofrer sérios danos e entrar em colapso por circunstâncias que vão além do controle da empresa. Argenti (2006) exem- 83UNIDADE IV A Construção da Marca plifica com o caso das empresas do setor de energia, que enfrentou um questionamento coletivo de suas reputações na ocasião do escândalo financeiro da norte-americana Enron. Muitas começaram a ter problemas com os detentores de títulos da dívida, os reguladores e os investidores após o escândalo, pois foram consideradas culpada de se envolver em práticas semelhantes às da ex gigante de ener- gia. Uma estratégia possível para combater essa “culpa por associação” teria sido a empresa estabelecer um programa de comunicação que buscasse ativamente distingui-la da Enron de forma altamente visível (ARGENTI, 2006, p. 34). Diagnosticar a reputação de uma organização faz grande diferença na hora de se estabelecer os objetivos da comunicação. Ela (a reputação) pode ser o ponto crítico deter- minante entre o fracasso e o sucesso em uma estratégica de comunicação. Argenti (2006) ressalta que muitas empresas estão, cada vez mais, reconhecendo esse fato e dedicando os recursos necessários para avaliar sua reputação empresarial. Uma delas é a FedEx. Uma vez por ano, seus principais executivos se reú- nem na matriz em Memphis para avaliar os diferentes riscos enfrentados pela empresa. Além de considerar o possível impacto financeiro de cada cená- rio, e suas implicações para a continuidade dos negócios, eles examinam o que aconteceria com a reputação da empresa. “Acreditamos que uma sólida reputação pode servir como salva-vidas em uma situação de crise e como um vento de popa, quando a empresa está na ofensiva”, afirma Bill Mar- garitis vice-presidente corporativo de comunicações mundiais e de relações com os investidores da FedEx. Além dessa análise de situação hipotética, a FedEx conduz uma pesquisa trimestral para verificar como é percebida por stakeholders externos e realiza um exercício semelhante com seus funcioná- rios anualmente (ARGENTI, 2006, p. 35). Como vimos existem elementos importantes determinar uma estratégica de co- municação eficiente: definir objetivos, decidir sobre a alocação adequada de recursos e diagnosticar a reputação da organização. Com base nesses elementos é possível nortear planos e ações mais assertivas para a comunicação. Para a construção de uma boa reputação da marca é importante que os respon- sáveis pela comunicação da empresa conheçam as diferenças e complementaridades da trilogia: identidade-imagem-reputação. Sendo assim, a empresa estará monitorando e gerenciando sua imagem de forma estratégica, a fim de identificar possíveis distorções de percepção e fazer os ajustes necessários em seu planejamento de comunicação. Nesse sentido, muitos especialistas indicam a realização periódica de auditoria de imagem. É preciso descobrir por meio de pesquisas como a organização é de fato vista por seu público e pela sociedade. Se realizada de maneira profissional a auditoria de imagem da organização pode ser uma ferramenta estratégica para mudança nas políticas e ações de comunicação. 84UNIDADE IV A Construção da Marca Promovendo o Brand Equity (Valor Agregado) Brand Equity é um termo da área do marketing, que significa o valor adicional ou valor agregado que se atribui a algum produto ou serviço. Esse valor influencia na forma como o consumidor pensa, sente e age em relação à marca, assim como nos preços, na parcela de mercado e na lucratividade proporcionada pela marca à empresa. O Brand Equity pode ser entendido com base na perspectiva do consumidor. Crescitelli e Shimp (2012) afirmam que a estruturado brand equity baseado no consumidor se refere à percepção da marca, que significa que a marca vem à mente do consumidor quando este pensa em uma determinada categoria de produto, e a imagem da marca, que representa as associações ativadas na mente do consumidor quando estes pensam sobre determinada marca. Podemos destacar aqui trêsconceitos que influenciam diretamente no valor da marca: conscientização da marca; associação da marca e fidelidade à marca. ● A conscientização da marca se refere ao reconhecimento desta pelos con- sumidores e a diferenciação em relação às demais marcas no mercado. A qualidade percebida interfere na escolha, pois algumas marcas são apreciadas por representarem a qualidade oferecida pelos produtos. ● A associação da marca trata de qualquer coisa que faça com que o consumidor lembre e faça associação com a marca. Neste caso, a personalidade da marca e seus símbolos podem ajudar nesse reconhecimento. ● A fidelidade à marca é o principal objetivo da gestão de marca, pois pode fortalecer e consolidar produtos e empresas no mercado. https://pt.wikipedia.org/wiki/Marketing 85UNIDADE IV A Construção da Marca Nesse sentido, o Brand Equity representa o patrimônio ou o intangível que corres- ponde a um valor psicológico e financeiro da organização. O Brand Equity deve ser geren- ciado, por isso existe o segundo conceito, denominado Branding, que consiste em prover produtos e serviços com o poder de uma marca. Branding ou brand management (do in- glês; em português, gestão de marcas) refere-se à gestão da marca (em inglês, brand) de uma empresa, tais como seu nome, as imagens ou ideias a ela associadas, incluindo slo- gans, símbolos, logotipos e outros elementos de identidade visual que a representam ou aos seus produtos e serviços. O branding consiste não apenas em ações de marketing com o propósito de au- mentar a exposição da marca no mercado, mas também em ações internas na empresa, para transmitir a imagem pretendida. Além disso, o branding tem também a finalidade de incrementar o brand equity, ou seja, aumentar o valor monetário da marca, considerada como um ativo da empresa - e assim aumentar o valor da própria empresa. Esse trabalho é feito por especialistas em publicidade, comunicação social (jornalis- mo), design de comunicação ou por agências especializados em relações públicas, marke- ting, design gráfico, etc., que visam desenvolver positivamente a reputação de marcas, produtos e organizações e alinhá-las aos objetivos organizacionais e ao público almejado. Conforme Kortler (2007) os quatro pilares do Brand Equity, são: ● A diferenciação, pois a marca deve apresentar um atributo, uma característica, ou seja, algo que a individualize em relação a outras marcas; ● A relevância, já que o diferencial apresentado deve ser considerado importante para o público-alvo; ● A estima, na qual a marca gerará apreço, afeição por parte dos consumidores; ● O conhecimento, pois a marca deve ser reconhecida, lembrada e suas carac- terísticas entendidas pelos consumidores. As organizações cuidam da construção de seu brand equity criando as estruturas certas de identificação e conhecimento da marca com seu público-alvo. De acordo com Aaker (2000), para que uma marca possua uma identidade, sua construção precisa estar baseada em três pilares, que são: a criação da visibilidade dessa marca; o estabelecimento de associações e diferenciações e o desenvolvimento de relacionamentos profundos com o cliente. 86UNIDADE IV A Construção da Marca Comunicação Integrada de Marketing A Comunicação Integrada de Marketing tem o papel de fazer com que os consumi- dores conheçam a marca, entendam suas características e atributos, se recordem dela por meio de associações e, por fim, que ela alcance o top of mind, que significa estar no topo da mente, ou seja, ser a marca mais lembrada conforme segmento de mercado que atue. Conforme definição da American Association of Advertising Agencies, associação norte-americana de agências de propaganda, comunicação integrada de marketing (CIM) é um conceito de planejamento de comunicação de marketing que reconhece o valor agregado de um plano abrangente, capaz de avaliar os papéis estratégicos de uma série de disciplinas da comunicação – propaganda geral, resposta direta, promoção de vendas e relações públicas, por exemplo – e de combiná-las para oferecer clareza, coerência e impacto máximo por meio de mensagens integradas com coesão. A comunicação integrada de marketing (CIM) constitui-se sob a ótica da integração do gerenciamento de comunicação com objetivos de marketing. Para Kotler (2007, p. 533): [...] as ferramentas de comunicação de marketing são fundamentais para a criação da CIM. Compreender a funcionalidade de cada um desses elementos abre um leque de grandes oportunidades que podem trazer resultados bem interessantes. O autor faz uma lista do que chama de ferramentas que compõem a comunicação integrada de marketing: Propaganda, Promoção de vendas, Relações públicas, Publicidade, Venda pessoal e Marketing direto. A seguir iremos descrever de acordo com a perspectiva de Kotler cada uma das ferramentas que compõem a comunicação integrada de marketing: Propaganda: forma paga de divulgação que tenha como objetivo apresentar e promover ideias, produtos ou serviços, de caráter não pessoal, subsidiada por um patrocinador. Promoção de vendas: são estratégias de marketing, efetivadas dentro e fora da mídia, em um período limitado, oferecendo suporte e incentivo a ações de venda pessoal (utiliza ferramentas de merchandising). Relações públicas: variedade de esforços para criar e manter uma imagem positiva da organização com seus diversos públicos (trabalha também com a geração de publicidade). Publicidade: comunicação gratuita de informações sobre a organização, produto ou serviço (muito utilizada nas pequenas empresas que geram notí- cia e inovação). Venda pessoal: é a venda em si; busca a interação e o relacionamento pes- soal com o cliente, visando apresentar soluções com base em benefícios percebidos e valores agregados. Marketing direto: sistema interativo de comunicação que usa um ou mais meios de propaganda para obter uma resposta ou transação mensurável sem o uso de intermediários (KOTLER, 2006, p. 533). Para que a comunicação integrada exista de fato, é preciso um árduo trabalho de análise, planejamento e aplicações de técnicas de avaliação. O gerenciamento dessas 87UNIDADE IV A Construção da Marca atividades possibilita as intervenções de todos os setores, combinando orientação, informa- ção, fluxo de processos, colaboração e relacionamento das áreas envolvidas. Inclui em seu planejamento um programa de incentivo aos colaboradores no local de trabalho, para que seja possível a viabilização da missão e da visão organizacionais. O grande desafio é fazer com que as diferentes formas de comunicação transmitam a mesma mensagem para os mais diversos públicos-alvo. É justamente essa a principal função da CIM: integrar as diferentes formas de comunicação destinadas aos diferentes públicos-alvo, tendo como base um mesmo tema central (OGDEN; CRESCITELLI, 2007). De acordo com Shimp (2009), o grande benefício da CIM é, portanto, a sinergia gerada a partir da integração de várias ferramentas e mídias de comunicação. Shimp (2009) apresenta as cinco principais características da CIM, a saber: a) o público-alvo da comunicação deve ser o ponto de partida para todas as ativi- dades de comunicação de marketing; b) explorar diversas formas de contato com o público-alvo da comunicação, utili- zando para isso diversas ferramentas; c) as diversas mensagens devem estar integradas e falar com uma só voz, isto é, devem ser coerentes umas com as outras, evitando confundir o público-alvo sobre o que se deseja transmitir; d) a comunicação de marketing deve construir relações, ou seja, elos duradouros entre a organização e seu público-alvo e, não apenas “flertar” com ele; e) o objetivo final da comunicação de marketing é de afetar o comportamento do público-alvo da comunicação, isto é, não apenas sensibilizá-lo, mas impulsionar suas ações na direção do que a organização espera. Nesse sentido, para a criação e comunicaçãodos valores de uma marca, precisa-se utilizar a chamada comunicação integrada de marketing (CIM) por meio de todos os esforços comunicacionais da organização. Dessa maneira será possível que juntos contribuam para a construção e manutenção de seu posicionamento junto aos mais diversos públicos-alvo. Por essa razão, é preciso que todas as ações de comunicação da organização possuam um elemento integrador. 88UNIDADE IV A Construção da Marca CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade, podemos observar que para o sucesso da construção e gestão da marca é preciso realizar uma auditoria de imagem e com isso fazer um levantamen- to criterioso e rigoroso de como os públicos de interesse interno e externo enxergam a empresa, marca ou produto. Por isso, abordamos alguns conceitos a respeito da trilogia identidade-imagem-reputação. Falamos também sobre o Brand Equity conceito relacionado a criação de valor agregado, proporcionado por uma gestão de marca adequada e que pode ser um grande diferencial de mercado para as organizações. Vimos que, cada vez mais as marcas vêm ganhando importância, não só por representar o produto e atribuir-lhe identidade, como também por diferenciá-lo no mercado e agregar-lhe valor. Além disse destacamos a Comunicação Integrada de Marketing como ferramenta fundamental para a criação e comunicação dos valores de uma marca, por meio de todos os esforços comunicacionais da organização. Vimos que é preciso que todas as ações de comunicação da organização possuam um elemento integrador para a construção e manutenção de seu posicionamento junto aos mais diversos públicos. 89UNIDADE IV A Construção da Marca Leitura Complementar Sinopse: Montar um plano de comunicação integrada de marke- ting (CIM) é como planejar uma viagem. Você define um ponto de partida e um destino. Como você chega ao destino, partindo de onde está? Quais são seus prazos? Qual é seu orçamento? Que estradas deve percorrer? Comunicação integrada de marketing é um guia prático que o ajudará a responder a todas essas perguntas ao criar um plano de ação consistente e eficaz para sua organi- zação. Este livro apresenta todas as ferramentas que compõem a CIM - das mais tradicionais, como propaganda, promoções de vendas e relações públicas, às mais inovadoras, como marketing digital, buzzmarketing e marketing viral - e detalha onde e quando elas devem ser usadas. Livro: Comunicação Integrada em Marketing: conceitos, técnicas e práticas. Autores: James R. Ogden e Edson Crescitelli Editora: Pearson Prentice Hall 90UNIDADE IV A Construção da Marca REFERÊNCIAS ARGENTI, Paul, P.. Comunicação Empresarial. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. BASTA, Darci. Fundamentos de Marketing. 7 ed. Rio de Janeiro: Editora FVG, 2006. BUENO, Wilson da Costa. Comunicação Empresarial: políticas e estratégias. São Pau- lo: Saraiva, 2009. CHURCHILL, G. A. Jr.; PETER, J. P. Marketing: criando valor para os clientes. Tradução Cecília Camargo Bartalotti e Cidd Knipel Moreira. São Paulo: Saraiva, 2000. CROCCO, Luciano; et. al; GIOIA, Ricardo M. (Coord.). Decisões de Marketing. São Pau- lo: Saraiva, 2006. GALINDO, D. S. . A comunicação integrada de marketing e o seu caráter multidisci- plinar. In. Daniel Galindo. (Org.). Comunicação Institucional e Mercadológica. 01ed.São Bernardo do Campo: Editora Metodista, 2012. GALINDO, D. S. . Comunicação Mercadológica uma revisão conceitual. In: Daniel Ga- lindo. (Org.). Comunicação Institucional e Mercadológica. 01ed.São Bernardo do Campo: Editora Metodista, 2012. KAPFERER, Jean-Noël. As marcas, capital da empresa: criar e desenvolver marcas fortes. 3ª ed. Porto Alegre: Bookman, 2003. KOTLER, P. ARMSTRONG, Gary. Princípios de Marketing. 9ºedição. São Paulo: Editora Pearson 2007. KOTLER, P.; KELLER, K. L. Administração de Marketing. Tradução Mônica Rosenberg, Brasil Ramos Fernandes, Cláudia Freire. 12 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. KOTLER, Philip. Marketing 3.0 : as forças que estão definindo o novo marketing cen- trado no ser humano. Rio de Janeiro : Elsevier, 2010. LAS CASAS, A. L. Marketing: conceitos, exercícios, casos. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2009. LAS CASAS, Alexandre L. Administração de Marketing – Conceitos, Planejamento e Aplicações À Realidade Brasileira. São Paulo: Atlas, 2006. LIMA, Venício de Araújo. Mídia, Teoria e Política. 2 ed. São Paulo: Perseu Abramo, 2004. LUPETTI, Marcélia. Gestão estratégica da comunicação mercadológica. 1 ed. São Paulo: Cengage Learning, 2009. MATOS, Gustavo Gomes de. Comunicação Empresarial sem complicação: como facili- tar a comunicação na empresa pela via do diálogo. Barueri, SP: Manole, 2009. MINADEO, Roberto. Gestão Marketing: Fundamentos e Aplicações. São Paulo: Atlas, 2008. OGDEN, J. R.; CRESCITELLI, E. Comunicação Integrada de Marketing: conceitos, téc- nicas e práticas. Tradução Cristina Bacellar. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. PEREZ, C.; BAIRON, S. Comunicação & Marketing. São Paulo: Futura, 2002. 91UNIDADE IV A Construção da Marca PIMENTA, Maria Alzira. Comunicação Empresarial: conceitos e técnicas para administra- dores. Campinas, SP: Editora Alínea, 2010. SHIMP, T. A. Comunicação integrada de marketing: propaganda e promoção. Tradução Teresa Felix de Souza. 7. ed. Porto Alegre: Bookman, 2009. SOLOMON, M. R. O comportamento do consumidor.Porto Alegre: Bookman, 2002. YANAZE, M. H. Gestão de Marketing e Comunicação: Avanços e Aplicações. 2ª. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2011. 92UNIDADE IV A Construção da Marca Prezado(a)aluno(a), Neste material, busquei trazer para você os principais conceitos a respeito da ges- tão de produtos e marcas. Para tanto abordamos as definições teóricas e, neste aspecto acreditamos que tenha ficado claro para você o quanto é estratégico para gestores de todas as áreas de uma organização compreenderem os processos de identificação de necessidades e oportunidades no mercado para a criação e oferta de produtos e serviços que atendam as expectativas dos consumidores. Destacamos também importância histórica das marcas para identificação e diferen- ciação dos produtos em ralação aos concorrentes e vimos o quanto a construção de uma marca baseada em critérios sólidos podem contribuir para o sucesso de um produto ou empresa no mercado. Além dos aspectos teóricos que contribuíram profundamente para o entendimento dos assuntos aqui abordados, trouxemos vários exemplos e técnicas para uma melhor compreensão sobre criação e gestão de marcas fortes. Levantamos também aspectos históricos que nos levaram a chegar nas formu- lações, processos e técnicas que hoje aplicamos nas organizações. Esse olhar para o passado para entender o presente e visualizar o futuro é algo inerente aos empreendedores que pensam em suas organizações como gestores eficientes e antenados. Ao pensarmos em uma organização voltada a administração estratégica, como aqui abordamos e contemplando também a comunicação como cultura organizacional, temos que sempre levar em consideração o diálogo, o respeito e o ouvir nossos parceiros de trabalho, nossos colaboradores e todos aqueles que integram nossa equipe. A partir de agora acreditamos que você já está preparado para seguir em frente desenvolvendo ainda mais suas habilidades para criar e desenvolver produtos e marcas de sucesso no mercado e realizar bons negócios. Até uma próxima oportunidade. Muito Obrigado! CONCLUSÃO _GoBack UNIDADE I O Marketing e a Gestão de Produtos UNIDADE II Desenvolvimento e Gestão de Produto UNIDADE III A marca: Conceitos e Definições UNIDADE IV A Construção da Marca