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Prática dos procedimentos especiais
Prof. Guilherme Andrade
Descrição Você vai conhecer as principais características de três procedimentos
especiais de extrema importância prática no cotidiano jurídico, quais
sejam, a ação monitória, as ações possessórias e os embargos de
terceiro.
Propósito Estudar os procedimentos especiais, principalmente a ação monitória,
as ações possessórias e os embargos de terceiro, é fundamental para
profissionais do direito, pois são procedimentos frequentemente usados
na resolução de questões jurídicas cotidianas.
Preparação Tenha em mãos o Código de Processo Civil.
Objetivos
Módulo 1
Ação monitória
Identificar conceitos, características e
regras do procedimento da ação monitória.
Módulo 2
Ações possessórias
Reconhecer os conceitos de posse e de
possuidor, bem como as diversas espécies
de ações possessórias e seus respectivos
requisitos.
Módulo 3
Embargos de terceiro
Analisar a utilidade dos embargos de
terceiro, a legitimidade para a propositura
da ação e as consequências de seu
julgamento.
Introdução
O tradicional estudo jurídico foca no procedimento comum, no
cumprimento de sentença e nas execuções de títulos executivos
extrajudiciais, deixando de lado diversos procedimentos especiais de
grande importância prática.
Existem diversos desses procedimentos especiais a serem estudados no
processo civil, no entanto, a ação monitória, as ações possessórias e os
embargos de terceiro têm grande recorrência nos processos judiciais,
motivo pelo qual é imprescindível conhecer as principais características de
cada um deles.

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Download material
1 - Ação monitória
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car conceitos,
características e regras do procedimento da ação monitória.
javascript:CriaPDF()
Aspectos gerais da ação
monitória
Neste vídeo, o especialista fará uma introdução sobre o que é a ação monitória e
esclarecerá se ela é um procedimento impositivo ou uma faculdade ao autor.
O que é ação monitória?
A ação monitória é uma ação cujo procedimento especial é um meio-termo entre
uma ação de conhecimento e uma ação de execução de título executivo
extrajudicial. Acompanhe a definição de ambos para melhor entendimento:
Ação de
conhecimento
Em um processo de
conhecimento, o autor vai
discutir a própria existência
do direito afirmado, para, caso
sejam julgados procedentes
seus pedidos, executar a
sentença transitada em
julgado que lhe servirá de
título executivo, nos termos
do art. 515, I, do Código de
Processo Civil (CPC).
Ação de
execução
Em uma ação de execução de
título executivo extrajudicial, o
processo já se inicia com a
adoção do rito executivo, uma
vez que a petição inicial já
vem instruída com um dos
títulos executivos
extrajudiciais previstos em lei,
conforme dispõem os arts.
798, I, a, 783 e 786, todos do
CPC).
Na ação monitória, busca-se facilitar a obtenção de um título executivo com a
adoção de uma técnica de cognição sumária, que prevê uma espécie de liminar
para a determinação de pagamento imediato, quando o autor tiver instruído sua
petição inicial com prova escrita, sem eficácia de título executivo, que demonstre
a existência do direito de o credor exigir do devedor capaz o pagamento de
quantia em dinheiro ou o cumprimento de obrigação de fazer, não fazer ou
entregar coisa (arts. 700 e 701 do CPC), e que prevê que, caso não haja o
pagamento ou a defesa do devedor seja rejeitada, a decisão liminar será
convertida em título executivo judicial (arts. 701, §2º, e 702, §8º, do CPC).
Faculdade do autor
A adoção do procedimento monitório é facultativa, isto é, caso queira, o autor
pode optar por ajuizar uma ação de conhecimento de cobrança em vez de ajuizar
a ação monitória, conforme o art. 785 do CPC:
Art. 785. A existência de título executivo
extrajudicial não impede a parte de optar
pelo processo de conhecimento, a fim de
obter título executivo judicial.
(art. 785 do CPC)
O art. 785 do CPC trata da facultatividade do ajuizamento da ação de execução
de título executivo extrajudicial quando autor tiver um título executivo
extrajudicial. Utilizando-se o mesmo raciocínio, se o autor contar com uma prova
escrita que demonstre a existência de um crédito, na forma do art. 700 do CPC,
nada impede que, em vez de ajuizar uma ação monitória, ajuíze uma ação de
cobrança pelo procedimento comum.
Cabimento da ação monitória
Neste vídeo, o especialista explicará o cabimento da ação monitória, o requisito
da prova documentada e se é possível utilizá-la conta a Fazenda Pública ou
incapaz.
Admissibilidade
Veja o que determina o art. 700 do CPC quanto à admissibilidade da ação
monitória:
Art. 700. A ação monitória pode ser
proposta por aquele que afirmar, com base
em prova escrita sem eficácia de título
executivo, ter direito de exigir do devedor
capaz:
I. o pagamento de quantia em dinheiro;
II. a entrega de coisa fungível ou infungível
ou de bem móvel ou imóvel;
III. o adimplemento de obrigação de fazer
ou de não fazer.
(art. 700 do CPC)
Analisando o dispositivo legal, percebe-se que é admissível o ajuizamento da
ação monitória quando o devedor contar com uma prova escrita, sem eficácia de
título executivo, que demonstre a existência do direito de o credor exigir do
devedor capaz o pagamento de quantia em dinheiro ou o cumprimento de
obrigação de fazer, não fazer ou entregar coisa.
A lei não especifica o que vem a ser
prova escrita, não existindo um
conceito legal predefinido.
No entanto, além do documento
escrito propriamente, no qual conste,
de forma expressa e clara, a existência
do crédito, pode ser considerada prova
escrita, para fins do ajuizamento da
ação monitória, qualquer documento
que contenha elementos indiciários da
materialização de uma dívida. Não é
necessário que o documento seja
estreme de dúvida, bastando existir
indícios da materialização da dívida.
Pessoa acessando sua caixa de e-mail.
Nesse sentido, já decidiu o Superior Tribunal de Justiça (STJ) que “a prova hábil a
instruir a ação monitória, isto é, apta a ensejar a determinação da expedição do
mandado monitório – a que aludem os arts. 1.102-A do CPC/1.973 e 700 do
CPC/2.015 –, precisa demonstrar a existência da obrigação, devendo o
documento ser escrito e suficiente para, efetivamente, influir na convicção do
magistrado acerca do direito alegado, não sendo necessária prova robusta,
estreme de dúvida, mas sim documento idôneo que permita juízo de
probabilidade do direito afirmado pelo autor” (AgInt no AREsp 2.251.889/SE,
relator ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, julgado em 24 de abril de 2023,
DJe de 27 de abril de 2023).
Assim, de acordo com a REsp 1.381.603/MS, relator ministro Luis Felipe
Salomão, Quarta Turma, julgado em 6 de outubro de 2016, DJe de 11 de
novembro de 2016 – Informativo 593, a doutrina e jurisprudência admitem como
prova escrita para fins do ajuizamento da ação monitória:
Cheque
De acordo com a Súmula 299 do STJ.
Contrato de abertura de crédito
O contrato deve ser de abertura de crédito em conta-corrente
acompanhado do demonstrativo de débito, de acordo com a Súmula
247 do STJ.
E-mail
O e-mail no qual conste evidência da existência de dívida.
A prova escrita mencionada pelo art. 700 do CPC não exige que o devedor tenha
participado de sua formação. Sendo assim, a doutrina e a jurisprudência
admitem como prova escrita:
Faturas
As faturas referentes à prestação de serviços, acompanhadas por
planilha orçamentária (REsp 1.025.377/RJ, DJe de 4 de agosto de 2009,
e REsp 925.584/SE, relator ministro Luis Felipe Salomão, julgado em 9
de outubro de 2012).
Notas
Notas fiscais (AgRg no AREsp 763.885/RS, relator ministro Luis Felipe
Salomão, Quarta Turma, julgado em 27 de outubro de 2015, DJe de 5 de
novembro de 2015).
Duplicatas protestadas
Duplicata sem aceite protestada (AgInt no AREsp 1.336.763/PA, relatorministro Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, julgado em 19 de
novembro de 2018, DJe de 22 de novembro de 2018).
Duplicatas sem protesto
Duplicatas sem aceite, sem protesto, mas com comprovante de entrega
de mercadoria ou de prestação de serviços (AgRg no AREsp
559.231/PE, relator ministro Marco Buzzi, Quarta Turma, julgado em 10
de março de 2015, DJe de 17 de março de 2015).
Prova documentada
Algumas vezes, o credor pode não ter a prova escrita exigida pelo art. 700 do
CPC para fins do ajuizamento da ação monitória.
Exemplo
Imagine a situação em que o credor emprestou determinada quantia em dinheiro
para o devedor na frente de duas testemunhas, mas não formalizou esse
empréstimo em um contrato escrito.
Nessas hipóteses, o credor pode ajuizar uma ação probatória autônoma, na
forma do art. 381, III, do CPC, a fim de que as testemunhas sejam ouvidas, e a
prova produzida em audiência possa comprovar a existência da dívida e justificar
o ajuizamento da ação monitória, conforme estabelece o §1º do art. 701 do CPC.
Ação monitória contra a
Fazenda Pública
Muito já se discutiu a respeito da admissibilidade do ajuizamento da ação
monitória contra a Fazenda Pública. No entanto, mesmo antes do CPC de 2015,
a jurisprudência já havia consolidado esse entendimento, conforme se extrai da
Súmula 339 do STJ (“É cabível ação monitória contra a Fazenda Pública”).
Atualmente, o CPC de 2015 não deixa
qualquer dúvida quanto ao cabimento
de ação monitória contra a Fazenda
Pública, prevendo apenas que, sendo
concedida a liminar determinando a
expedição de mandado de pagamento
monitório (art. 701 do CPC), caso a
Fazenda Pública não efetue o
pagamento ou não apresente sua
defesa (embargos monitórios), a
decisão liminar que determinou a
expedição de mandado de pagamento
monitório será convertida,
automaticamente, em título executivo
judicial, e o processo seguirá, a partir
de então, o rito do cumprimento de
sentença contra a Fazenda Pública
previsto nos arts. 534 e 535 do CPC,
cuja forma de pagamento é por meio
de precatório ou requisição de
pequeno valor, conforme estabelece o
§4º do art. 701 do CPC.
Homem analisando documento em frente ao seu
computador.
Ação monitória contra incapaz
Em razão da especificidade e celeridade do rito, a ação monitória não poderá ser
utilizada quando o devedor for incapaz, conforme se extrai do caput do art. 700
do CPC.
Procedimento inicial
Neste vídeo, o especialista tratará dos aspectos iniciais do procedimento da
monitória, tais como eventuais requisitos da petição inicial, o papel da liminar e a
finalidade da citação do réu.
Petição inicial
Na petição inicial da ação monitória, além dos requisitos previstos no art. 319 do
CPC e da prova escrita demonstrativa da dívida, é imprescindível que o autor a
instrua com o demonstrativo do débito atualizado e, tratando-se de pedido de
entrega de coisa (móvel ou imóvel) ou de obrigação de fazer, com o valor
atualizado da coisa ou o proveito econômico pretendido, sob pena de
indeferimento da petição inicial, conforme se extrai da redação do art. 700, §2º,
do CPC.
Se a prova escrita que embasa a ação
monitória for um cheque, o STJ tem o
entendimento consolidado de que é
dispensável expor, nos fundamentos
da petição inicial, o negócio jurídico
que deu origem ao crédito, conforme
se extrai da Súmula 531. No entanto,
tal entendimento deve ficar restrito a
cheques e outros documentos que
Homem preenchendo folha de talão de cheques.
demonstrem, claramente, o débito de
um devedor em relação ao credor e
respectiva promessa de pagamento.
Isso porque o documento escrito que serve de lastro ao ajuizamento da ação
monitória não precisa ser prova robusta da dívida, bastando que tenha indícios
quanto à existência do débito, como pode ocorrer nos casos em que a existência
da dívida está registrada em um e-mail.
Recomendação
Nos casos em que a existência da dívida está registrada em um e-mail, é mais
do que recomendável que o autor da petição inicial exponha sua causa de pedir,
fazendo menção aos fatos que deram origem à dívida, a fim de que o magistrado
possa analisar se, realmente, aquele documento (o e-mail) comprova a
existência do crédito do autor.
Liminar de mandado de
pagamento monitório
Ao analisar a petição inicial, se o juiz entender que o direito do autor é evidente,
isto é, se entender que a prova escrita que instruiu a petição inicial demonstra,
claramente, um crédito do autor em relação ao réu, deferirá, de forma liminar, a
expedição de mandado de pagamento monitório, determinando que o réu efetue
o pagamento do débito no prazo de 15 dias, acrescido de honorários
advocatícios de 5% sobre o valor atribuído à causa, conforme se extrai do art.
701 do CPC.
Dúvida quanto à idoneidade de
prova documental
Se, porventura, o juiz entender que a prova escrita não demonstra, nem de forma
indiciária, a existência do crédito, intimará o autor para emendar a petição inicial,
transformando-a em uma petição inicial de uma ação de cobrança, que tramitará
pelo procedimento comum, conforme estabelece o §5º do art. 700 do CPC.
Citação do réu
Deferida a expedição do mandado de pagamento monitório na forma do art. 701
do CPC, o réu será citado por qualquer dos meios admitidos no procedimento
comum, inclusive, se for o caso, por meio das citações fictas (citação por hora
certa e citação por edital), conforme dispõem o §7º do art. 700 do CPC e a
Súmula 282 do STJ (“Cabe a citação por edital em ação monitória”).
Manifestação do réu
Neste vídeo, o especialista explicará quais são as respostas do réu na ação
monitória, discorrendo sobre o papel dos embargos monitórios e seus principais
aspectos.
Posturas do réu
Ao ser citado e intimado da determinação de pagamento mencionada no art. 701
do CPC, o réu pode adotar três posturas diferentes.
Primeira postura
A primeira postura é satisfazer a obrigação. Se o réu efetuar o pagamento do
valor devido no prazo de 15 dias, acrescido do percentual de 5% de horários
advocatícios, a obrigação será satisfeita e o processo será extinto sem a
condenação do réu ao pagamento das custas, conforme dispõe o art. 701, caput
e §1º, do CPC.
Comentário
Perceba que a lei concede uma benesse ao devedor para estimulá-lo a efetuar o
pagamento, autorizando que os honorários advocatícios que, em regra, são de
10%, sejam de 5% sobre o valor da causa, bem como isentando o réu do
pagamento de custas.
Destaca-se que a lei admite que o réu efetue o pagamento parcelado, da mesma
forma que ocorre no processo de execução de título executivo extrajudicial,
conforme determinam o §5º do art. 701 e o art. 916 do CPC. Dessa forma, ao ser
citado para efetuar o pagamento no prazo de 15 dias, o réu poderá, depositando
o equivalente a 30% do valor cobrado, acrescido de custas e de honorários de
advogado, requerer que o restante da dívida seja pago em até seis parcelas
mensais.
Segunda postura
A segunda atitude que o réu pode tomar ao ser citado e intimado da
determinação de pagamento liminar é permanecer inerte. Nessa hipótese, a
decisão que concedeu a liminar e determinou a expedição do mandado de
pagamento monitório é convertida, automaticamente (de pleno direito), em título
executivo judicial, e o procedimento passará a seguir o rito do cumprimento de
sentença, conforme estabelece o §2º do art. 701 do CPC.
Dessa forma, como não houve o
pagamento do valor estabelecido no
mandado de pagamento monitório, o
credor deverá requerer o cumprimento
de sentença, a fim de que o devedor
seja intimado a pagar a quantia devida
no prazo de 15 dias, sob pena do
pagamento de multa de 10% e mais
honorários advocatícios de 10%, nos
termos do art. 513 do CPC.
Mulher recebendo notificação judicial.
Terceira postura
Como última postura, o devedor poderá se opor à ação monitória, oferecendo
embargos monitórios, conforme estabelece o art. 702 do CPC.
Embargos monitórios
De acordo com o art. 702 do CPC, “independentemente de préviasegurança do
juízo, o réu poderá opor, nos próprios autos, no prazo previsto no art. 701,
embargos à ação monitória”.
Os embargos à ação monitória são a defesa do réu no
procedimento monitório, os quais poderão ser opostos, nos
mesmos autos, independentemente de garantia do juízo, isto
é, independentemente de o réu depositar em juízo o valor que
lhe está sendo cobrado.
A decisão que concedeu o mandado de pagamento monitório de forma liminar
prevista no art. 701 fica suspensa até o julgamento dos respectivos embargos
monitórios, conforme dispõe o §4º do art. 701 do CPC.
A doutrina majoritária entende que os embargos monitórios teriam natureza
jurídica de ação autônoma de impugnação, de forma semelhante ao que ocorre
com os embargos à execução de título executivo extrajudicial. No entanto, o
entendimento consolidado do STJ é de que os embargos monitórios têm
natureza jurídica de contestação (REsp 1.713.099/SP, relatora ministra Nancy
Andrighi, Terceira Turma, julgado em 9 de abril de 2019, DJe de 12 de abril de
2019), podendo o réu se utilizar de todas as alegações defensivas que seriam
admissíveis no procedimento comum, conforme estabelece de forma expressa o
§1º do art. 701.
Dessa forma, o réu pode alegar, por exemplo, que a dívida não existe porque o
contrato não é válido ou por já ter efetuado o pagamento. Poderá alegar também
a prescrição e demais matérias de mérito, sem prejuízo das defesas
processuais.
Todavia, se o réu quiser alegar que o
autor está pleiteando um valor
superior ao que é devido, deverá dizer
o valor que entende correto,
apresentando uma planilha
discriminada do respectivo valor, sob
pena de os embargos monitórios
serem rejeitados liminarmente ou, se
esse não for o único fundamento, de
não ser analisada a alegação de
excesso, conforme dispõem os §§2º e
3º do art. 702 do CPC.
Planilha de excel com valores discriminados em
tela de computador.
Ademais, quando o réu se limitar a impugnar parte do valor (reconhecendo,
dessa forma, a existência parcial do crédito), o juiz poderá determinar que os
embargos monitórios sejam autuados em apartado (como se fosse um
processo autônomo, mas vinculado ao principal), situação em que haverá a
conversão em título executivo judicial da parcela incontroversa, prosseguindo o
feito principal pelo rito do cumprimento de sentença, sem prejuízo da análise dos
embargos monitórios, conforme o §7º do art. 702 do CPC.
Comentário
Ressalta-se que o réu-embargante poderá oferecer reconvenção, não sendo
admitida, entretanto, a reconvenção à reconvenção em sede de ação monitória,
nos termos do §6º do art. 702 do CPC.
Depois da apresentação dos embargos, se não for o caso de indeferimento ou
rejeição liminar, o juiz mandará intimar o autor-embargado para apresentar
réplica no prazo de 15 dias, conforme determina o §5º do art. 702 do CPC.
Oferecida a réplica, é possível a realização de prova oral em audiência ou,
mesmo, prova pericial, testemunhal, a fim de discutir a higidez da prova escrita,
situação em que, depois de produzida a prova (ou se ela não for necessária), o
juiz prolatará sentença.
Sentença e recurso
Neste vídeo, o especialista abordará o conteúdo da sentença da ação monitória,
assim como quais são os recursos cabíveis nesse procedimento.
Sentença
Se o juiz, na sentença, acolher as alegações constantes nos embargos
monitórios e entender que a prova escrita não demonstra a existência da dívida
ou que ela está prescrita, prolatará sentença julgando improcedente os pedidos
constantes na ação monitória.
É evidente que, na sentença, o juiz
poderá extinguir o processo sem
resolução de mérito, caso acolha
alguma preliminar processual alegada
pelo réu, na forma do art. 337 do CPC.
Por outro lado, se o juiz rejeitar os
embargos monitórios, constituir-se-á
de pleno direito o título executivo
judicial, e o procedimento passará a
seguir o rito do cumprimento de
sentença, conforme estabelece o art.
702, §8º, do CPC.
Mulher analisando informações em seu tablet.
Recurso
Contra a sentença proferida no julgamento da ação monitória e dos embargos
monitórios, caberá apelação, nos termos do §9º do art. 702 do CPC.
Na vigência do CPC de 1973, o STJ entendia que a referida apelação deveria ser
recebida no duplo efeito, isto é, no efeito devolutivo e no efeito suspensivo (REsp
207.728/SP, relatora ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado em 17 de
maio de 2001, DJe de 25 de junho de 2001, p. 169).
No entanto, o CPC de 2015 passou a prever que a oposição dos embargos à
ação monitória suspende a eficácia da decisão liminar que determinou a
expedição de mandado de pagamento monitório (art. 701, CPC), tão somente,
até o julgamento em primeiro grau (art. 702, §4º, CPC).
Comentário
Se a eficácia da decisão referida no §1º do art. 701 fica suspensa apenas até a
decisão de primeiro grau, isto é, até a sentença, é evidente que apelação
interposta será recebida apenas no efeito devolutivo, já que a decisão
mencionada no art. 701 voltará a ter efeito imediato, com sua conversão em
título executivo depois do julgamento dos embargos monitórios.
Nesse sentido, o enunciado 134 do Conselho de Justiça Federal dispõe que “a
apelação contra a sentença que julga improcedentes os embargos ao mandado
monitório não é dotada de efeito suspensivo automático”.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Marco emprestou R$ 20 mil para seu amigo Yves, que se comprometeu a
pagar a dívida no prazo de 60 dias. O negócio jurídico não foi celebrado por
escrito, mas, apenas, de forma verbal. Transcorrido o prazo de 60 dias, Yves
não honrou com o pagamento da dívida, e Marco começou a pressionar seu
amigo para que honrasse com o compromisso assumido. Em determinada
oportunidade, Marco enviou um e-mail para Yves questionando o motivo pelo
qual não estava atendendo a suas ligações e a data em que Yves efetuaria o
pagamento da dívida de R$ 20 mil. Yves respondeu o e-mail pedindo
desculpas para Marco e reconheceu que estava devendo aquela quantia, mas
explicou que, naquele momento, não tinha condições de efetuar o pagamento
da dívida. Inconformado, Marco ajuizou uma ação monitória contra Yves, com
base no e-mail, pleiteando os R$ 20 mil. O juiz deferiu a expedição do
mandado de pagamento monitório na forma do art. 701 do CPC,
determinando a citação do réu para efetuar o pagamento da dívida no prazo
de 15 dias. Citado, Yves apresentou embargos monitórios alegando que o e-
mail utilizado pelo autor Marco não poderia dar ensejo ao ajuizamento da
ação monitória por não se tratar de uma prova escrita demonstrativa de uma
dívida, conforme exige o art. 700 do CPC. Considerando as alegações
formuladas nos embargos monitórios, exponha, de forma fundamentada, se
assiste razão ao réu.
Digite sua resposta aqui
Exibir solução
Você deve saber que, de acordo com o art. 700, I, do CPC, a ação
monitória pode ser proposta por aquele que afirmar, com base
em prova escrita sem eficácia de título executivo, ter direito de
exigir do devedor capaz o pagamento de quantia em dinheiro.
Segundo o STJ, a prova hábil a instruir a ação monitória precisa
demonstrar a existência da obrigação, devendo o documento ser
escrito e suficiente para, efetivamente, influir na convicção do
magistrado acerca do direito alegado, não havendo necessidade
de prova robusta, estreme de dúvida, mas sim de documento
idôneo que permita juízo de probabilidade do direito afirmado
pelo autor.
Nesse sentido, doutrina e jurisprudência admitem como prova
escrita para fins do ajuizamento da ação monitória o correio
eletrônico (e-mail), sendo certo que, no caso em tela, o referido e-
mail foi suficiente para demonstrar a existência da dívida, tendo
em vista que o próprio réu reconhece sua existência, afirmando,
tão somente, não ter condições de efetuar o pagamento naquele
momento.
Sendo assim, não assiste razão ao réu.
2 - Ações possessórias
Ao �nal deste módulo, você serácapaz de reconhecer os conceitos de posse e
de possuidor, bem como as diversas espécies de ações possessórias e seus
respectivos requisitos.
Aspectos gerais das ações
possessórias
Neste vídeo, o especialista fará uma introdução sobre o papel das ações
possessórias e a figura do possuidor, a competência e a fungibilidade.
Conceito de possuidor e ações
possessórias
O art. 1.196 do Código de Processo Civil (Código Civil), adotando a teoria
objetiva a respeito do conceito de posse, formulada por Rudolf von Ihering,
estabeleceu que “considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o
exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade”.
Por essa teoria, portanto, para ser considerado possuidor basta que a pessoa
disponha fisicamente da coisa ou que tenha a mera possibilidade de ter esse
contato, exercendo algum dos poderes inerentes à propriedade, tais como a
faculdade de usar, gozar ou dispor da coisa, nos termos do art. 1.228 do CPC.
Assim, é prescindível o ânimo de ser dono para que alguém seja considerado
possuidor, motivo pelo qual podem ser incluídos nesse conceito o locatário ou o
comodatário.
O CPC de 2015 estipulou três espécies de ações para a proteção do direito à
posse, as quais, basicamente, diferenciam-se em razão da efetiva ocorrência ou
não da perda dessa posse. São elas:
Ação de
reintegração
de posse
De acordo com o
art. 560 do CPC.
Ação de
manutenção
de posse
De acordo com o
art. 560 do CPC.
Interdito
proibitório
De acordo com o
art. 561 do CPC.
Será cabível a ação reintegração de posse quando já tiver ocorrido o esbulho
possessório, isto é, a perda da posse. No entanto, se ainda não ocorreu o
esbulho, mas a posse está sendo turbada (incomodada ou violentada) no
momento do ajuizamento da ação, o autor deverá ajuizar a ação de manutenção
de posse. Nesse sentido, estabelece o art. 560 do CPC que “o possuidor tem
direito a ser mantido na posse em caso de turbação e reintegrado em caso de
esbulho”.
Por outro lado, se o esbulho não ocorreu e se não está ocorrendo a turbação da
posse no momento do ajuizamento da ação, isto é, se há apenas um justo receio
que sua posse possa ser molestada, o possuidor deverá ajuizar uma ação de
interdito proibitório, conforme dispõe o art. 567 do CPC.
Princípio da congruência X
Fungibilidade das ações
possessórias
Ao analisar as espécies de ações possessórias, bem como as hipóteses de
cabimento, percebe-se que as situações legitimadoras do ajuizamento de cada
ação demonstram situações fáticas que, muitas vezes, são muito próximas e
variantes no tempo.
Assim, por exemplo, imagine-se a
situação em que um fazendeiro toma
ciência de que um grupo do
Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra está se dirigindo para sua
fazenda com intuito de se apossar
dela. Nesse primeiro momento, o
fazendeiro tem apenas um justo
receio de ter a posse de sua terra
molestada, razão pela qual a ação
correta a ser ajuizada é a ação de
interdito proibitório, nos termos do art.
567 do CPC.
Fazendeiro preocupado olhando ao horizonte em
sua fazenda.
A situação fática relatada é cambiante, de modo que existe a possibilidade de,
no momento do ajuizamento da ação, ou, até mesmo, quando o magistrado for
analisar a petição inicial da ação de interdito proibitório, o grupo já ter invadido a
fazenda.
Para não deixar o legítimo possuidor desguarnecido de proteção jurídica, o art.
554 do CPC prevê a fungibilidade entre as ações possessórias, estabelecendo
que “a propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que
o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela
cujos pressupostos estejam provados”.
Dessa forma, ainda que o autor tenha ajuizado uma ação de interdito proibitório,
requerendo apenas uma liminar para que os réus se abstenham de molestar sua
posse, o magistrado, verificando que já ocorreu o esbulho, poderá conceder a
reintegração de posse. Trata-se de uma exceção do princípio da congruência
previsto nos arts. 141 e 492 do CPC.
Competência
De acordo com o art. 47, §2º, do CPC, “a ação possessória imobiliária será
proposta no foro de situação da coisa, cujo juízo tem competência absoluta”. Por
se tratar de competência absoluta, ainda que o réu não tenha alegado a
incompetência em sede de preliminar, o magistrado poderá reconhecer a
incompetência de ofício, caso verifique que a ação possessória imobiliária não
foi ajuizada no foro da situação da coisa, nos termos do art. 64, §1º, do CPC.
Comentário
Ressalta-se, todavia, que nem todas as ações possessórias têm como objeto um
bem imóvel, podendo existir ação possessória de coisa móvel (um veículo, por
exemplo), situação em que o foro competente para processar e julgar a ação
será o domicílio do réu, nos termos do art. 46 do CPC.
Legitimidade e procedimento
Neste vídeo, o especialista discorrerá sobre a legitimidade ativa e a passiva nas
ações possessórias, assim como sobre o procedimento dessas ações.
Legitimidade
A legitimidade para ajuizar a ação possessória pertence, obviamente, ao
possuidor, sendo ele direto ou indireto. Assim, por exemplo, em uma situação em
que existe um contrato de locação de um imóvel entre o locador (possuidor
indireto) e o locatário (possuidor direto), se, por acaso, um terceiro esbulha esse
imóvel, tanto o locador (possuidor indireto) como o locatário (possuidor direto)
podem ajuizar a ação de reintegração de posse.
Da mesma forma, o possuidor direto pode ajuizar uma ação possessória contra
o possuidor indireto, por exemplo, na hipótese em que o proprietário, mesmo no
curso do contrato de locação, tente reaver indevidamente e à força o imóvel,
conforme estabelece o art. 1.197 do CPC.
O detentor, todavia, não pode ajuizar
ação possessória. Nos termos do art.
1.198 do CPC, “considera-se detentor
aquele que, achando-se em relação de
dependência para com outro, conserva
a posse em nome deste e em
cumprimento de ordens ou instruções
suas”. Um caseiro, portanto, que
conserva uma casa em nome e sob as
ordens de seu dono, é considerado um
simples detentor, não podendo ajuizar
a ação possessória para defender a
respectiva posse.
Caseiro realizando reparos no telhado de uma
casa.
Com relação à legitimidade passiva, será réu aquele que for apontado pelo autor
como esbulhador ou turbador, e essa figura pode recair até mesmo sobre o
poder público (estado ou município, por exemplo), não sendo incomuns
situações em que o poder público invade imóvel de particular. A peculiaridade,
todavia, é que não será admissível a concessão de decisão liminar de
reintegração ou manutenção de posse contra o poder público sem o ouvir
previamente, conforme dispõe o parágrafo único do art. 562 do CPC.
Procedimento
O CPC criou um procedimento especial para as ações possessórias, que está
previsto a partir do art. 560. No entanto, esse procedimento especial das ações
possessórias somente será aplicado nas ações de força nova (posse nova), isto
é, aquelas ações ajuizadas no prazo de um ano e um dia, contado da data da
turbação ou do esbulho, conforme o caput do art. 558 do CPC.
Ultrapassado o prazo de um ano e um dia da turbação ou do esbulho, estaremos
diante de uma ação de força velha (posse velha), a qual não tramitará pelo
procedimento especial previsto nos arts. 560 e seguintes do CPC, mas sim pelo
procedimento comum (arts. 318 e seguintes), situação que, todavia, não perderá
seu caráter possessório, nos termos do que estabelece o parágrafo único do art.
558.
Comentário
Ressalte-se que a diferença significativa entre o procedimento especial das
ações possessórias e o procedimento comum é a liminar prevista no art. 562 do
CPC, a qual se trata de uma espécie de tutela de evidência, que dispensa a
demonstração do perigo da demora, bastando que autor demonstre a presença
dos requisitos no art. 561 do CPC, especialmente, sua posse anterior e a
turbação ou esbulho.
Isso quer dizer que, apenas nas ações de força nova, poderá conceder-sea
liminar prevista no art. 562 do CPC, que não poderá ser concedida nas ações que
tramitam pelo procedimento comum. No entanto, mesmo que não seja
admissível a concessão da tutela de evidência liminar prevista no art. 562 do
CPC, poderá ser concedida a tutela provisória de urgência antecipada, desde que
o autor demonstre a presença de seus requisitos, quais sejam, a probabilidade
do direito e o perigo da demora (art. 300 do CPC).
Nesse sentido, “o Superior Tribunal de Justiça tem entendimento de que é
possível a concessão de tutela antecipada em ação possessória de força velha,
desde que preenchidos os requisitos do art. 300 do CPC” (AgInt no AREsp
1.089.677/AM, relator ministro Lázaro Guimarães – desembargador convocado
do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, Quarta Turma, julgado em 8 de
fevereiro de 2018, DJe de 16 de fevereiro de 2018).
Petição inicial e liminar
Neste vídeo, o especialista abordará a petição inicial das ações possessórias, a
admissibilidade ou não de exceção de domínio, assim como aspectos da
concessão de liminar.
Petição inicial
A petição inicial deverá ser destinada ao juízo cível da comarca do local onde
está situado o imóvel, caso se trate de bem imóvel, em alinhamento com a
redação do art. 47, §2º, do CPC (por exemplo, excelentíssimo senhor doutor juiz
de direito da vara cível da comarca de tal município).
Além dos requisitos previstos no art. 319 do CPC, o autor deverá provar que era,
de fato, possuidor do imóvel, bem como a data da turbação ou do esbulho,
conforme dispõe o art. 561 do CPC.
Sobre a comprovação da posse, é imprescindível fazer duas considerações,
segundo a REsp 930.336/MG, relator ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado
em 6 de fevereiro de 2014, informativo 535:

Em primeiro lugar, deve o autor
comprovar sua posse logo na petição
inicial, por meio de prova documental,
utilizando-se de comprovantes de
residência, fotos etc. Isso porque,
caso haja a efetiva comprovação da

Em segundo lugar, cumpre esclarecer
que, mesmo que não esteja
comprovada a posse na petição inicial,
o autor poderá fazê-lo durante o curso
do processo, mas, caso, ao fim do
processo, o autor não tenha logrado
posse, o juiz deferirá a liminar de
reintegração ou manutenção de posse,
na forma do art. 562 do CPC.
êxito em comprovar a posse, o
processo deverá ser extinto com
resolução de mérito, fazendo coisa
julgada material sobre a questão.
Exceção de domínio
A ação possessória visa discutir o direito à posse, e não o direito de propriedade.
Tanto é assim que há situações em que ação possessória poderá ser ajuizada
pelo possuidor direto em face do proprietário do imóvel. Não por outro motivo, o
CPC veda a alegação de exceção de domínio, conforme se extrai da redação do
art. 557 do CPC.
Dessa forma, em regra, é irrelevante a alegação e discussão quanto à
propriedade, interessando à ação possessória saber quem, legitimamente,
detém a posse do imóvel.
Há situações, porém, em que a discussão possessória tem por pano de fundo o
direito de propriedade.
Exemplo
Pense na hipótese em que duas pessoas estão discutindo a posse do imóvel
alegando que têm um título de propriedade legítimo, o que lhes daria,
consequentemente, o direito de possuir o imóvel de forma legítima.
Nesse caso, para esclarecer quem tem a melhor posse, terá de ser analisado o
direito de propriedade, motivo pelo qual, além de permitido, há necessidade do
debate a respeito do direito de propriedade, conforme estabelecido pelo
enunciado da Súmula 487 do Supremo Tribunal Federal (STF), segundo o qual
“será deferida a posse a quem, evidentemente, tiver o domínio, se com base
neste for ela disputada”.
Cumulação de pedidos
Nessa petição inicial, o autor também poderá formular, além do pedido de
proteção possessória, o pedido de condenação em perda e danos e indenização
dos frutos, conforme o art. 555 do CPC. Assim, por exemplo, nas ações de
reintegração de posse, é comum que o autor formule um pedido de fixação de
aluguel ou taxa de ocupação, em razão do tempo de utilização do imóvel.
Liminar – tutela de evidência
Nos termos do que dispõe o art. 562 do CPC, se a petição inicial estiver
devidamente instruída, isto é, se o autor tiver comprovado sua posse e o esbulho
e a turbação, o juiz deferirá a liminar de reintegração ou de manutenção de
posse.
Audiência de justi�cação
Pode ser, todavia, que o Juiz entenda não estar provada a posse do autor,
situação em que, em vez de indeferir, de plano a liminar, deverá marcar uma
audiência de justificação, de acordo com o que determina a parte final do art.
562.
A audiência de justificação servirá para que o autor possa,
como o nome já indica, justificar sua posse, isto é, possa
comprovar sua posse, seja por meio de novos documentos,
seja por meio de testemunhas. Ressalte-se que o réu também
será citado para comparecer a essa audiência de justificação,
podendo também levar documentos e testemunhas.
Se, depois da audiência de justificação, o juiz entender que o autor, agora sim,
comprovou sua posse e o esbulho (ou turbação), será concedida a liminar de
reintegração/manutenção de posse, nos termos do art. 563 do CPC.
Contestação e procedimento
comum
Neste vídeo, o especialista discorrerá sobre a contestação nas possessórias, a
incidência do procedimento comum e a possível utilização dos litígios coletivos
possessórios.
Contestação
A contestação da ação possessória deverá ser apresentada no prazo de 15 dias.
O termo inicial para a apresentação da contestação vai variar. Se, por acaso, tiver
sido deferida a liminar de reintegração/manutenção de posse na forma do art.
562, o dia do começo do prazo é o dia da juntada aos autos do mandado de
citação, na forma do art. 231, II, do CPC (lembrando que o dia do começo do
prazo deve ser excluído – art. 224 do CPC). Se, porventura, o juiz tiver marcado a
audiência de justificação, o prazo para contestar será contado da intimação da
decisão que deferir ou não a medida liminar, nos termos do parágrafo único do
art. 564 do CPC.
Costuma-se dizer que a ação possessória tem natureza dúplice, pelo fato de o
réu poder formular, em sede de contestação, e independentemente de
reconvenção, a proteção possessória quando entender que, na verdade, sua
posse que está sendo violada pelo autor, nos termos do art. 556 do CPC.
Confira as matérias de defesa mais comuns de serem alegadas:
 A legitimidade da posse do réu
Procedimento comum
Depois da apresentação da contestação, o processo continuará seguindo, agora,
pelo procedimento comum, podendo, se for o caso, ser realizada audiência de
instrução de julgamento para a oitiva de testemunhas e das partes, bem como
determinada a realização de perícia para fins de apuração da indenização pelas
benfeitorias.
Litígios coletivos possessórios
O CPC de 2015 trouxe algumas previsões específicas para situações em que
tiver um grande número de pessoas no polo passivo. Para fins de nosso estudo,
basta a leitura atenta dos §§ 1º a 3º do art. 554 e do art. 565 do CPC.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
 A ocorrência de usucapião
 A indenização pelas benfeitorias
 O direito de retenção
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Edison alugou um imóvel de sua propriedade para Felipe. Ainda durante o
prazo de locação, os dois tiveram uma discussão por razões políticas via
WhatsApp. Revoltado com a opinião de Felipe, Edison, sabendo que Felipe
estava passando o fim de semana fora de casa, invadiu o imóvel que
constituía objeto do contrato de locação e impediu o retorno de Felipe ao
local. Por tal motivo, Felipe ajuizou ação de reintegração de posse contra
Edison, alegando o esbulho possessório por parte do locador e pedindo a
liminar de reintegração de posse. Antes mesmo da apreciação do
requerimento da liminar pelo juiz, Edison apresentou contestação aos autos
argumentando que não assistiria razão a Felipe, não sendo possível pedir a
reintegração de posse contra o próprio proprietáriodo imóvel. Diante da
situação narrada e considerando verdadeiros todos os fatos mencionados,
explique, de forma fundamentada, se a liminar de reintegração de posse deve
ser deferida.
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Você deve saber que, inicialmente, cumpre ressaltar que, de
acordo com o art. 560 do CPC, “o possuidor tem direito a ser
mantido na posse em caso de turbação e reintegrado em caso de
esbulho”. Além disso, segundo o art. 1.196, “considera-se
possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não,
de algum dos poderes inerentes à propriedade”.
No caso em análise, Felipe é considerado legítimo possuidor do
imóvel de propriedade de Edison, pois, em razão de um contrato
de locação, passou a utilizar e gozar do imóvel para fins de
moradia, razão pela qual pode defender sua posse contra quem a
turbe ou a esbulhe, nos termos do art. 1.210 do Código Civil e do
art. 560 do CPC.
Nesse ponto, vale ressaltar que, de acordo com o art. 1.197 do
CPC, “a posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder,
temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula
a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto
defender sua posse contra o indireto”.
Dessa forma, Felipe, locatário, é considerado possuidor direto do
imóvel e pode defender sua posse contra o proprietário e
possuidor indireto do imóvel, Edison, o qual esbulhou a posse do
primeiro de forma ilegítima.
Sendo assim, estando demonstrada a legítima posse do autor
Felipe e que o réu Edison invadiu o imóvel objeto do contrato de
locação apenas por discussões políticas, restou comprovado o
esbulho possessório por parte do locador, o que autoriza a
concessão de liminar de reintegração de posse na forma do art.
562 do CPC.
3 - Embargos de terceiro
Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar a utilidade dos embargos
de terceiro, a legitimidade para a propositura da ação e as consequências de
seu julgamento.
Conceito
Os embargos de terceiro são uma ação de conhecimento, ajuizada por um
terceiro estranho ao processo, com o objetivo de evitar (ameaça) ou
desconstituir o chamado esbulho judicial de algum bem de que seja proprietário.
Isto é, os embargos de terceiro têm por objetivo evitar ou desconstituir ato de
constrição judicial (penhora, arresto, sequestro, busca e apreensão etc.)
praticado no processo principal que tenha atingido algum bem de posse ou
propriedade de um terceiro estranho ao processo, conforme dispõe o art. 674 do
Código de Processo Civil (CPC).
Legitimidade
Neste vídeo, o especialista analisará o papel dos embargos de terceiro e as
principais questões sobre sua legitimidade passiva e ativa.
Legitimidade ativa
A legitimidade para o ajuizamento dos embargos de terceiro pertence àquele
possuidor ou proprietário que teve seu bem constrito em um processo principal
do qual não faz parte. Vale ressaltar que a legitimidade para a apresentação dos
embargos de terceiro estende-se até mesmo ao proprietário fiduciário, que é
aquele que detém a propriedade fiduciária (espécie de direito real de garantia
para pagamento de um débito), mas que nunca teve a posse direta do bem,
conforme o §1º do art. 674 do CPC.
Assim, por exemplo, imagine que
alguém penhora um imóvel de um
devedor para pagamento de uma
dívida, mas esse imóvel, antes, já
havia sido alienado fiduciariamente
para a instituição financeira, como
garantia do pagamento do
financiamento para a aquisição do
próprio imóvel. Nessa situação, essa
instituição financeira poderá ajuizar
embargos de terceiro, a fim de
questionar a penhora, pois o imóvel
lhe foi alienado fiduciariamente,
motivo pelo qual não pode ser objeto
de penhora.
Conceito de penhora de imóvel.
Nesse sentido, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) tem o entendimento pacífico
de que “como a propriedade é do credor fiduciário, inviável recair a penhora
sobre o próprio imóvel para saldar dívida do devedor fiduciante, ressalvando-se,
contudo, a possibilidade de constrição dos direitos decorrentes do contrato de
alienação fiduciária pelas vias ordinárias” (AgInt no REsp 1.485.972/SC, relator
ministro Marco Buzzi, Quarta Turma, julgado em 14 de junho de 2021, DJe de 17
de junho de 2021).
É muito comum que as pessoas celebrem compromisso de compra e venda de
um imóvel, mas não levem esse contrato a registro perante o cartório do registro
geral de imóveis (RGI). Isso faz o promitente comprador do imóvel poder vir a ter
seu imóvel penhorado em razão de uma dívida do antigo proprietário (promitente
vendedor).
Com efeito, pode ser que o credor desse proprietário (promitente vendedor), ao
diligenciar a respeito da existência de bens penhoráveis, verifique a existência de
um imóvel registrado no RGI em nome do devedor (promitente vendedor). E,
como não há qualquer informação a respeito de uma promessa de compra e
venda desse bem, é natural que o credor peça a penhora e alienação desse
imóvel em juízo.
No entanto, se já houve a celebração
da promessa de compra e venda
desse imóvel, com a transferência da
posse para o promitente comprador, o
promitente comprador pode ajuizar
embargos de terceiro para defender
sua posse, conforme autorizado pela
Súmula 84 do STJ, que estabelece que
“é admissível a oposição de embargos
de terceiro fundados em alegação de
posse advinda do compromisso de
compra e venda de imóvel, ainda que
desprovido do registro”.
Homem analisando documento de forma
concentrada.
Além dos legitimados anteriores, o CPC estende a legitimidade para o
ajuizamento dos embargos de terceiro, de forma expressa, a quatro sujeitos,
conforme se extrai da redação do art. 674, §2º. Sem prejuízo da devida
importância dos demais legitimados, o caso mais comum no cotidiano forense é
a apresentação dos embargos de terceiro pelo cônjuge não contratante do
devedor (art. 674, §2º, I, CPC), o que justifica algumas considerações.
O inciso I do §2º do art. 674 do CPC outorga a legitimidade para o cônjuge ou
companheiro defender a posse de seus bens próprios ou de sua meação. Isso
porque o CPC estipula, nos arts. 1.643 e 1.644, a responsabilidade solidária dos
cônjuges quando apenas um deles contrair dívidas em benefício da família.
Nessas situações, é comum que, ainda que não tenha celebrado o contrato, o
cônjuge não contratante tenha seus bens próprios ou sua meação penhorados
para o pagamento de dívida contraída pelo outro cônjuge, que celebrou o
negócio jurídico, nos termos do que dispõe o art. 790, IV, do CPC.
Sendo, portanto, penhorado algum bem seu de propriedade exclusiva ou sua
meação, o cônjuge poderá tanto opor os embargos à execução como ajuizar
uma ação de embargos de terceiro, a fim de comprovar que a dívida não reverteu
em benefício da família, o que afastaria sua responsabilidade prevista nos arts.
1.643 e 1.644 do CPC.
Nesse sentido, entende o STJ que “a
intimação do cônjuge enseja-lhe a via
dos embargos à execução, nos quais
poderá discutir a própria causa
debendi e defender o patrimônio como
um todo, na qualidade de litisconsorte
passivo do(a) executado(a) e a via dos
embargos de terceiro, com vista à
defesa da meação a que entende fazer
jus” (AgInt no REsp 1.680.021/AL,
relator ministro Mauro Campbell
Marques, Segunda Turma, julgado em
21 de novembro de 2017, DJe de 27 de
novembro de 2017).
Fachada do Superior Tribunal de Justiça, em
Brasília.
Ademais, mesmo que o cônjuge já tenha sido intimado da penhora sobre o
imóvel do cônjuge do devedor, na forma do art. 842 do CPC (“Recaindo a
penhora sobre bem imóvel ou direito real sobre imóvel, será intimado também o
cônjuge do executado, salvo se forem casados em regime de separação
absoluta de bens”), poderá ajuizar a ação de embargos de terceiro, conforme
estabelece a Súmula 134 do STJ, segundo a qual “Embora intimado da penhora
em imóvel do casal, o cônjuge do executado pode opor embargos de terceiro
para defesa de sua meação”.
Por fim, ressalta-se que, embora, nos embargos à execuçãoou nos embargos de
terceiro, tenha sido reconhecida a propriedade exclusiva de seus bens ou a
proteção de sua meação, isso não impedirá que o imóvel que também pertence
ao outro cônjuge devedor (ressalvados os casos de imóveis considerados bem
de família) seja integralmente levado a leilão judicial, situação em que, do saldo
apurado, será reservada a quota-parte do cônjuge que não celebrou o negócio
jurídico, de acordo com o art. 843, caput e §2º, do CPC.
Legitimidade passiva
Dispõe o art. 677, §4º, do CPC que “será legitimado passivo o sujeito a quem o
ato de constrição aproveita, assim como o será seu adversário no processo
principal quando for sua a indicação do bem para a constrição judicial”.
Na leitura do dispositivo legal, note que a legitimidade passiva nos embargos de
terceiro será do exequente do processo principal que conseguiu a penhora do
bem. No entanto, se o executado ofereceu o referido bem à penhora, na forma do
art. 829, §2º, do CPC, haverá um litisconsórcio entre o exequente e o executado.
Competência e prazo para o
ajuizamento
Neste vídeo, o especialista explicará as regras sobre a competência para os
embargos de terceiro, assim como sobre seu prazo para ajuizamento.
Competência
Dispõe o art. 676 do CPC que “Os embargos serão distribuídos por dependência
ao juízo que ordenou a constrição e autuados em apartado”.
Pela análise do dispositivo legal, percebe-se que, como regra, a competência
para julgar os embargos de terceiro será do juízo que determinou a penhora ou
outra constrição do bem. Sendo assim, o interessado deverá destinar a petição
dos embargos de terceiro ao juízo onde tramita a ação principal onde ocorreu a
penhora, distribuindo o processo por dependência (por exemplo, excelentíssimo
senhor doutor juiz de direito da 3ª Vara Cível da comarca da capital do estado do
Rio de Janeiro... processo XXXXX).
Prazo para o ajuizamento
De acordo com o art. 675 do CPC, “os embargos podem ser opostos a qualquer
tempo no processo de conhecimento enquanto não transitada em julgado a
sentença e, no cumprimento de sentença ou no processo de execução, até 5
(cinco) dias depois da adjudicação, da alienação por iniciativa particular ou da
arrematação, mas sempre antes da assinatura da respectiva carta”.
Segundo o dispositivo legal, se a constrição do bem ocorreu na fase de
conhecimento (em razão de uma tutela provisória de urgência, antecipada ou
cautelar, por exemplo), o prazo para opor os embargos é até o trânsito em
julgado da sentença. No entanto, se a constrição só ocorreu na fase de
cumprimento de sentença ou então em um processo de execução, o prazo para
opor os embargos é até cinco dias contados da expropriação judicial do bem
(adjudicação, alienação por iniciativa particular, ou arrematação em leilão), mas
sempre antes da assinatura da respectiva carta (carta de adjudicação ou carta
de arrematação).
Em que pese a previsão legal, o STJ vem entendo que o prazo de cinco dias
depois da arrematação e antes de assinada a carta só tem cabimento se o
terceiro tinha conhecimento da execução. Caso contrário, isto é, se o terceiro
não tinha conhecimento da execução, esse prazo de cinco dias será contado a
partir do momento da imissão na posse por parte do arrematante, pois será
nesse momento que, sem dúvidas, o terceiro terá conhecimento do esbulho
judicial (AgInt no AREsp 1.747.126/RJ, relator ministro Raul Araújo, Quarta
Turma, julgado em 3 de abril de 2023, DJe de 25 de abril de 2023).
Procedimento dos embargos de
terceiro
Neste vídeo, o especialista abordará aspectos da petição inicial, citação, liminar
e resposta nos embargos de terceiro.
Petição inicial
De acordo com o art. 677 do CPC, o embargante deverá, em sua petição inicial,
fazer a prova sumária de seu domínio ou de sua posse, isto é, deverá juntar farta
documentação, a fim de demonstrar ser o real possuidor ou proprietário do
imóvel. Caso o autor não conte com tamanha documentação para fazer a prova
sumária de sua posse ou de seu domínio, nada impede que requeria a
designação de audiência preliminar, a fim de que leve testemunhas para
comprovar tal fato, conforme o §1º do art. 677 do CPC.
Diferentemente do procedimento comum, em que o rol de testemunhas deve ser
juntado no prazo de 15 dias depois da decisão que defere a produção de prova
oral em audiência (art. 357, §4º, do CPC), o autor deverá juntar o rol de
testemunhas logo na petição inicial dos embargos de terceiro, sob pena de
preclusão (REsp 362.504/RS, relator ministro João Otávio de Noronha, Segunda
Turma, julgado em 4 de abril de 2006, DJ de 23 de maio de 2006, p. 135).
Liminar
Se o juiz entender que o autor demonstrou, em sua petição inicial, ser o real
possuidor ou proprietário do bem, poderá conceder uma liminar suspendendo,
provisoriamente, os atos constritivos e mantendo ou reintegrando, também
provisoriamente, o terceiro na posse do bem, de acordo com o art. 678 do CPC.
Citação
Segundo o art. 677, §3º, do CPC, “a citação será pessoal, se o embargado não
tiver procurador constituído nos autos da ação principal”. Interpretando-se em
sentido contrário, percebe-se que, como regra, o réu na ação de embargos de
terceiro (exequente no processo principal) será citado na pessoa de seu
advogado, independentemente de o advogado ter ou não poderes para receber
citação, uma vez que se trata de determinação legal.
Nesse sentido, já decidiu o STJ que “[...] considera-se válida a citação da parte
embargada, realizada em sede embargos de terceiro, em nome de seu advogado,
devidamente constituído nos autos, sendo desnecessária procuração que confira
poderes especiais ao patrono para tanto, porquanto se trata de situação
excepcional, na qual a própria lei conferiu poderes especiais ao causídico [...]”
(AgRg no REsp 1.432.121/DF, relator ministro Marco Buzzi, Quarta Turma,
julgado em 5 de maio de 2015, DJe de 14 de maio de 2015).
Contestação
A contestação dos embargos de terceiro deverá ser apresentada no prazo de 15
dias. Nela, o réu poderá apresentar toda a matéria de defesa possível, de acordo
com o art. 679 do CPC.
Procedimento comum
Depois da apresentação da contestação, estabelece o art. 679 do CPC que será
seguido o procedimento comum, com a apresentação de réplica, especificação
de provas, decisão de saneamento e organização do processo, audiência de
instrução de julgamento e sentença.
Sentença dos embargos de
terceiro
Neste vídeo, o especialista explicará as regras sobre a sentença nos embargos
de terceiro, especialmente passando pelo Tema Repetitivo 872 do STJ.
Características
Segundo o art. 681 do CPC, “acolhido o pedido inicial, o ato de constrição judicial
indevida será cancelado, com o reconhecimento do domínio, da manutenção da
posse ou da reintegração definitiva do bem ou do direito ao embargante”.
No processo civil, vigora o princípio da causalidade, situação em que quem deu
causa ao ajuizamento da ação deverá responder pelos encargos sucumbenciais,
mesmo que tenha sido vencedor na ação. Nesse sentido, dispõe a Súmula 303
do STJ que “em embargos de terceiro, quem deu causa à constrição indevida
deve arcar com os honorários advocatícios”.
Da mesma forma, o STJ, no julgamento do Tema Repetitivo 872, fixou a seguinte
tese:
Nos embargos de terceiro cujo pedido foi
acolhido para desconstituir a constrição
judicial, os honorários advocatícios serão
arbitrados com base no princípio da
causalidade, responsabilizando-se o atual
proprietário (embargante), se este não
atualizou os dados cadastrais. Os
encargos de sucumbência serão
suportados pela parte embargada, porém,
na hipótese em que esta, depois de tomar
ciência da transmissão do bem, apresentar
ou insistir na impugnação ou recurso para
manter a penhora sobre o bem cujo
domínio foi transferido para terceiro.
(REsp 1.452.840/SP, relator ministro Herman Benjamin,
Primeira Seção, julgado em 14 de setembro de 2016, DJe de
5 de outubro de 2016)
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticaralguns conceitos?
Questão 1
Roberto, casado com Julia pelo regime da comunhão parcial de bens desde
2010, era sócio-administrador da pessoa jurídica Nerd On-Line Comércio de
Eletrônicos Ltda., da qual não faz parte sua esposa.
Durante o exercício de atividades empresariais, a empresa Nerd On-Line
Comércio de Eletrônicos Ltda. vendeu diversos produtos eletrônicos ao
consumidor Bruno pelo valor de R$ 30 mil. Ocorre que os produtos
apresentaram diversos vícios, que não foram sanados voluntariamente de
forma extrajudicial pela referida empresa.
Por tal motivo, Bruno ajuizou ação indenizatória por danos materiais e morais
contra a empresa Nerd On-Line Comércio de Eletrônicos Ltda., perante a 10ª
Vara Cível da comarca da capital do estado X (processo 123456-
78.2023.8.19.0001), tendo o pedido sido julgado procedente para condenar a
empresa ré a restituir a quantia de R$ 30 mil a título de danos materiais, bem
como a pagar indenização por danos morais no valor de R$ 10 mil.
Transitada em julgado a sentença, Bruno iniciou o cumprimento de sentença
contra a empresa Nerd On-Line Comércio de Eletrônicos Ltda., o qual, todavia,
restou infrutífero ante a inexistência de bens penhoráveis em nome da
empresa. Sendo assim, Bruno instaurou o incidente de desconsideração da
personalidade jurídica da empresa ré, com fundamento no §5º do art. 28 do
CPC, pleiteando o afastamento da personalidade jurídica da Nerd On-Line
Comércio de Eletrônicos Ltda., a fim de que fossem atingidos os bens do
sócio-administrador Roberto.
Depois de regular tramitação do incidente, o juízo da 10ª Vara Cível deferiu a
desconsideração da personalidade jurídica, a fim de que os bens de Roberto
passassem a responder pelo pagamento da dívida, o que levou Bruno a pedir
a penhora on-line dos valores eventualmente encontrados em nome de
Roberto. Feita a solicitação de bloqueio, o juízo constatou a existência de uma
quantia de R$ 30 mil depositada em conta conjunta em nome de Roberto e
sua esposa Julia, tendo Bruno insistido na realização do bloqueio integral dos
valores, ante a existência de solidariedade em relação aos valores
depositados em conta-corrente conjunta, o que foi deferido pelo juízo da 10ª
Vara Cível. Não bastasse isso, Bruno pediu a penhora de um imóvel de
veraneio situado no município de Búzios, avaliado em R$ 2 milhões, adquirido
pelo devedor Roberto no ano de 2012, quando já era casado com Julia, o que
também foi deferido pelo juízo, determinando-se a penhora integral do imóvel.
Julia foi regularmente intimada a respeito da penhora do imóvel, na forma do
art. 842 do CPC.
Mais de trinta dias úteis depois, mas antes da transferência dos valores
penhorados na conta-corrente e antes da alienação do imóvel penhora, Julia
procura um advogado para solucionar seus problemas.
Imagine que você é o(a) advogado(a) de Julia e elabore a peça processual
cabível para a defesa dos interesses de sua cliente, indicando seus requisitos
e fundamentos, nos termos da legislação vigente.
Digite sua resposta aqui
Exibir solução
Você deve saber que a peça correta para defender os interesses
de Julia é a petição inicial da ação de embargos de terceiro.
O foro competente é o da 10ª Vara Cível da comarca da capital do
estado X, devendo ser requerida a distribuição por dependência
aos autos do processo principal (processo 123456-
78.2023.8.19.0001), na forma do art. 676 do CPC.
Julia deverá figurar como autora dos embargos de terceiro e
Bruno, como réu. As partes devem estar devidamente
qualificadas. A autora deverá indicar a tempestividade dos
embargos de terceiro, nos termos do art. 675 do CPC. Ainda no
começo da petição inicial, a autora deverá mencionar que,
mesmo que tenha sido intimada da penhora sobre o imóvel, isso
não impede que ajuíze a ação de embargos de terceiro, conforme
estabelece a Súmula 134 do STJ, segundo a qual “embora
intimado da penhora em imóvel do casal, o cônjuge do executado
pode opor embargos de terceiro para defesa de sua meação”.
Também no começo da petição inicial, a autora deverá fazer um
tópico alertando a respeito do requerimento de suspensão liminar
da constrição dos bens, ante a prova sumária de sua qualidade
de terceiro e da propriedade dos valores depositados na conta-
corrente e de sua meação sobre o imóvel, conforme estabelecem
os arts. 676 e 677 do CPC.
Na petição inicial, deverá ressaltar que não desconhece que as
dívidas contraídas por um dos cônjuges em benefício da família
obrigam solidariamente ambos os cônjuges, conforme dispõem
os arts. 1.643 e 1.644 do CPC. No entanto, deverá a autora alegar
que a dívida mencionada nos autos não foi revertida em favor da
família, já que diz respeito à responsabilidade civil de uma pessoa
jurídica da qual não faz parte, motivo pelo qual não pode ter seus
bens penhorados.
Nesse sentido, a autora deverá alegar que o exequente não pode
solicitar a penhora integral dos valores depositados na conta-
corrente conjunta, tendo em vista que a solidariedade existente
entre os titulares da conta e a instituição financeira não se
estende a terceiros, de maneira que a obrigação pecuniária
assumida por um dos correntistas perante terceiros não poderá
repercutir na esfera patrimonial do cotitular da conta conjunta
solidária, caso inexistente disposição legal ou contratual
atribuindo responsabilidade solidária pelo pagamento da dívida
executada.
Dessa forma, a autora deverá mencionar o entendimento
consolidado do STJ de que “é presumido, em regra, o rateio em
partes iguais do numerário mantido em conta-corrente conjunta
solidária quando inexistente previsão legal ou contratual de
responsabilidade solidária dos correntistas pelo pagamento de
dívida imputada a um deles. Não será possível a penhora da
integralidade do saldo existente em conta conjunta solidária no
âmbito de execução movida por pessoa (física ou jurídica)
distinta da instituição financeira mantenedora, sendo franqueada
aos cotitulares e ao exequente a oportunidade de demonstrar os
valores que integram o patrimônio de cada um, a fim de afastar a
presunção relativa de rateio” (REsp 1.610.844/BA, relator ministro
Luis Felipe Salomão, Corte Especial, julgado em 15 de junho de
2022, DJe de 9 de agosto de 2022).
Sendo assim, a autora deverá requerer a desconstituição da
penhora de 50% dos valores penhorados, no valor equivalente a
R$ 15 mil.
Com relação à penhora do imóvel, a autora deverá alegar que a
penhora foi indevida, uma vez que recaiu sobre a totalidade do
imóvel, sem resguardar sua meação de 50% sobre o bem imóvel.
Com efeito, a parte autora deverá ressaltar que o imóvel foi
adquirido durante a constância conjugal, razão pela qual 50% do
imóvel é de sua propriedade. Sendo assim, a autora deverá
requerer a redução da penhora para apenas a quota-parte do
cônjuge devedor (50%) e o resguardo, em caso de alienação
integral do imóvel, de sua meação sobre o produto da alienação,
nos termos do que dispõe o art. 843 do CPC.
Nos pedidos, a parte autora deverá requerer a concessão de
liminar para suspender os atos de constrição ou,
subsidiariamente, a desconstituição da penhora de 50% dos
valores penhorados na conta-corrente conjunta, no valor
equivalente a R$ 15 mil, bem como a redução da penhora do
imóvel, para que recaia apenas sobre a quota-parte do cônjuge
devedor (50%) e, em caso de alienação integral do imóvel, o
resguardo de sua meação sobre o produto da alienação,
conforme determina o art. 843 do CPC. Deverá requerer também
que, ao fim, sejam julgados procedentes seus pedidos para,
confirmando a decisão liminar, desconstituir a penhora de 50%
dos valores penhorados na conta-corrente conjunta, no valor
equivalente a R$ 15 mil, bem como para reduzir a penhora do
imóvel, para que recaia apenas sobre a quota-parte do cônjuge
devedor (50%) e que, em caso de alienação integral do imóvel,
seja resguardada sua meação sobre o produto da alienação, nos
termos do que dispõe o art. 843 do CPC. Ainda na partefinal dos
pedidos, a autora deverá requerer a condenação do embargante
ao pagamento das despesas processuais e de honorários
advocatícios, bem como a produção de todas as provas
admitidas em direito.
Deverá por fim, atribuir à causa o valor de R$ 1.015 mil, que se
refere ao proveito econômico pretendido pela parte autora,
consubstanciado nos R$ 15 mil penhorados na conta e na
metade do valor do imóvel.
Considerações �nais
Estudamos os procedimentos especiais da ação monitória, das ações
possessórias e dos embargos de terceiro, que são os principais procedimentos
especiais do cotidiano forense. Analisamos as principais características de cada
um dos procedimentos, demonstrando, além da previsão legal, o entendimento
dos tribunais superiores sobre diversas questões controvertidas.
O profissional do direito da atualidade deve conhecer e estudar os
procedimentos especiais da ação monitória, das ações possessórias e dos
embargos de terceiro. Sua grande incidência prática nas lides do dia a dia torna
imprescindível que o advogado conheça as peculiaridades de cada rito,
orientando adequadamente seu cliente.
Explore +
Para saber mais sobre ação monitória, leia o livro Ação monitória, de Ozéias
J. Santos, cuja sétima edição foi lançada em 2022 pela editora Rumo
Jurídico.
Para aprofundar seus conhecimentos sobre ações possessórias, pesquise o
livro Ações possessórias e petitórias, de Gilberto Ferreira Marchetti Filho,
publicado pela editora Contemplar em 2022.
Para ampliar seus estudos sobre embargos de terceiro, consulte o livro
Embargos de terceiro, de Donaldo Armelin, publicado pela editora Saraiva
em 2017.
Referências
CÂMARA, A. F. O novo processo civil brasileiro. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2017.
NEVES, D. A. A. Manual de direito processual civil. Volume único. 9. ed. Salvador:
Juspodivm, 2017.
THEODORO JÚNIOR, H. Curso de direito processual civil – procedimentos
especiais. Volume II. 50. ed. revista, atualizada e ampliada. Rio de Janeiro:
Forense, 2016.
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