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4.0
julho/2024
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P á g i n a 1 
 
 
SUMÁRIO 
TEORIA GERAL DOS DIREITOS HUMANOS ...................................................................................................................................................................................................................................... 3 
Introdução...................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 3 
Dimensões de direitos ..................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 10 
Afirmação histórica .................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................13 
PROTEÇÃO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS ......................................................................................................................................................................... 15 
Introdução................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 15 
Precedentes históricos ................................................................................................................................................................................................................................................................................................................. 15 
Sistemas de proteção..................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 16 
Vertentes de proteção internacional.......................................................................................................................................................................................................................................................... 16 
Mecanismos de proteção internacional.................................................................................................................................................................................................................................................... 18 
SISTEMA GLOBAL DE PROTEÇÃO – ONU ....................................................................................................................................................................................................................................... 20 
Introdução................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................ 20 
Órgãos gerais da ONU ................................................................................................................................................................................................................................................................................................................. 22 
Órgãos específicos de proteção aos direitos humanos .................................................................................................................................................................................... 27 
Carta Internacional dos Direitos Humanos .................................................................................................................................................................................................................................... 28 
Convenções específicas............................................................................................................................................................................................................................................................................................................. 32 
Tribunal Penal Internacional .............................................................................................................................................................................................................................................................................................. 45 
SISTEMAS REGIONAIS DE PROTEÇÃO ................................................................................................................................................................................................................................................ 47 
Introdução................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................. 47 
Sistema Europeu ........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................ 48 
Sistema Africano ....................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 48 
Sistema Americano................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................ 49 
DIREITOS HUMANOS NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO............................................................................................................................. 55 
Introdução................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................. 55 
Política Nacional de Direitos Humanos........................................................................................................................................................................................................................................................ 55 
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Direitos Humanosna Constituição Federal ...................................................................................................................................................................................................................................... 62 
 
 
 
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FUNÇÃO
UNIFICADORA
Constitui um eixo axiológico/valorativo de todo o 
ordenamento jurídico
HERMENÊUTICA
Constitui a base de interpretação, inspirando e 
limitando a aplicação do direito
TEORIA GERAL DOS DIREITOS HUMANOS 
Introdução 
Conceito 
Segundo Antônio Perez Luño, Direitos Humanos são um conjunto de faculdades e instituições que, em 
cada momento histórico, concretizam as exigências de dignidade, liberdade e igualdade humanas, as quais devem 
ser reconhecidas positivamente pelos ordenamentos jurídicos em nível nacional e internacional. 
Assim, os direitos humanos possuem como objetivo principal a promoção de instrumentos jurídicos para a 
proteção da dignidade da pessoa humana, considerada a base da disciplina. 
Dignidade da pessoa humana 
Conceito 
A dignidade da pessoa humana, embora de difícil conceituação ou delimitação, pode ser entendida como 
– grosso modo – uma qualidade inerente ao ser humano (independentemente de qualquer adjetivação), que 
merece ser respeitado, protegido e ter garantidos um conjunto de direitos indispensáveis à vida humana. 
Funções 
A dignidade da pessoa humana possui uma dupla função: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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• Expressão de cunho jusnaturalista, refere-se aos direitos naturais dos
seres humanos, que independem de positivação.
• Ex.: direito à vida (existe a partir do nascimento ou da concepção - a
depender da teoria adotada - e não a partir de uma norma).
DIREITOS DO 
HOMEM
• São direitos previstos no ordenamento jurídico interno dos países
(geralmente nas Constituições), gozando de proteção interna.
• Ex.: direito à vida, previsto no art. 5º da CRFB/88.
DIREITOS 
FUNDAMENTAIS
• São direitos previstos em tratados ou convenções internacionais, gozando
de proteção internacional.
• Ex.: direito à vida, previsto no art. 4º do Pacto de São José da Costa Rica.
DIREITOS 
HUMANOS
DIREITOS DO 
HOMEM
DIREITOS 
FUNDAMENTAIS
DIREITOS 
HUMANOS
Terminologia 
Conceituados os direitos humanos, é importante diferenciar as seguintes expressões: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Esquematizando: 
 
 
 
 
 
 
 
Percebe-se, assim, que a diferença não está no conteúdo, mas na positivação. 
Naturais, não positivados. Positivados internamente. Positivados internacionalmente. 
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NORMAS
REGRAS
Indicam a hipótese de incidência e a consequência.
Aplicadas por subsunção.
Aplicação direta e imediata.
Buscam fundamento nos princípios.
PRINCÍPIOS
Indicam o fim ou o valor a perseguir.
Aplicados por ponderação de interesses.
Dependem de interpretação.
Fundamentam as regras.
CLASSIFICAÇÃO
DIREITO-
PRETENSÃO
É o direito a algo devido pelo Estado ou por 
particular. Ex.: direito à educação.
DIREITO-
LIBERDADE
É o dever de abstenção do Estado ou de terceiros. 
Ex.: liberdade de crença.
DIREITO-
PODER
É a possibilidade de se exigir algo do Estado ou de 
particular. Ex.: direito de exigir obrigação contratual.
DIREITO-
IMUNIDADE
É a impossibilidade de interferência do Estado ou de 
particulares em determinado direito. Ex.: imunidade à 
prisão em alguns casos.
Estrutura normativa 
As normas jurídicas abrangem as regras e os princípios: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
No caso dos direitos humanos, diz-se que a estrutura normativa é aberta, isto é, com maior incidência 
de princípios do que de regras. Assim, as normas sobre direitos humanos são majoritariamente principiológicas. 
Classificação 
André Ramos de Carvalho classifica os direitos humanos da seguinte forma: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1
• FUNDAMENTO JUSNATURALISTA
• O fundamento dos direitos humanos é um conjunto de normas anteriores ao direito
estatal, que podem se originar da vontade divina ou da razão humana. Essa teoria é
criticada porque desconsidera que os direitos são frutos de conquistas históricas.
2
• FUNDAMENTO POSITIVISTA
• O fundamento dos direitos humanos é um conjunto de normas positivadas pelo Estado.
Essa teoria é criticada porque não se pode conceber que apenas os direitos positivados
é que podem ser considerados direitos humanos.
3
• FUNDAMENTO MORAL
• O fundamento dos direitos humanos é um conjunto de valores morais da coletividade.
Assim, os direitos humanos possuem fundamento ético.
Fundamentos 
Várias são as teorias que buscam a justificativa para o reconhecimento dos direitos humanos. Vejamos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Por outro lado, há uma corrente doutrinária chamada “negativista” que afirma ser impossível a definição 
de um fundamento, uma vez que há divergência quanto ao rol de direitos protegidos (que é bastante 
heterogêneo, demandando, muitas vezes, a ponderação de interesses), além de ser uma disciplina em constante 
evolução, que incorpora novos direitos conforme o surgimento de novas demandas sociais. 
Características 
Vejamos as principais características dos direitos humanos: 
RELATIVIDADE 
Em regra, os direitos humanos são relativos/limitáveis, podendo haver a 
ponderação de interesses no caso concreto (ex.: possibilidade de restringir o 
direito à vida em caso de guerra declarada). Como exceção, tem-se a vedação 
à escravidão e à tortura, que são consideradas direitos absolutos. 
UNIVERSALIDADE Os direitos humanos são de TODOS e oponíveis contra TODOS (erga omnes). 
COMPLEMENTARIEDADE Os direitos humanos são complementares, pois uma dimensão se soma a outra. 
HISTORICIDADE Os direitos humanos são históricos, pois são fruto das transformações históricas. 
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INEXAURIBILIDADE 
Os direitos humanos são inesgotáveis, pois sempre surgem novos direitos 
conforme as transformações sociais (o rol é aberto, não exaustivo). 
INDIVISIBILIDADE 
Os direitos humanos formam um corpo único, devendo ser interpretados e 
aplicados em conjunto, levando em consideração todo o sistema. 
INALIENABILIDADE 
Os direitos humanos não possuem conteúdo econômico, não podendo ser 
vendidos (relaciona-se à característica da irrenunciabilidade/indisponibilidade). 
IMPRESCRITIBILIDADE 
Os direitos humanos não se perdem com o decurso do tempo. Contudo, é possível 
que se estabeleça prazos para o seu exercício (por exemplo, a pretensão de 
reparação civil por dano material ou moral submete-se a prazos prescricionais). 
IRRENUNCIABILIDADE 
Em regra, os direitos humanos não podem ser objeto de renúncia pelo seu titular. 
Contudo, é possível a renúncia temporária dos direitos (ex.: renúncia ao direito 
de imagem por pessoas que participam de reality show). 
EXIGIBILIDADE 
O indivíduo que tem seus direitos violados tem direito a reclamar a proteção 
interna (em seu país) e externa (internacional). 
APLICABILIDADE 
IMEDIATA 
As normas que dispõem sobre direitos humanos possuem aplicabilidade imediata, 
isto é, independem de normas regulamentadoras para a aplicação. 
Além disso, os direitos fundamentais possuem as seguintes dimensões: 
DIMENSÃO SUBJETIVA 
Refere-se à proteção aos sujeitos, que podem exigir uma ação ou abstenção 
tendo em vista uma situação particular/específica. 
DIMENSÃO OBJETIVA 
Refere-se à criação de mecanismos para a proteção de toda a sociedade, que 
pode envolver a criação de procedimentos e de entidades. 
Superioridade normativa 
Os direitos humanos, no âmbito internacional, são considerados normas imperativas (jus cogens), possuindo 
superioridade hierárquica em relaçãoàs demais normas. Consequentemente, essas normas não podem ser 
revogadas por um único Estado e só podem ser revogadas por norma de igual hierarquia (jus cogens). 
 
 
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UNIVERSALISMO
Os direitos humanos são aplicáveis a todas as 
pessoas e em todos os lugares.
RELATIVISMO
A aplicação dos direitos humanos pode variar 
conforme o contexto cultural, devendo ser 
consideradas as particularidades (históricas, 
culturais, religiosas etc) de cada povo.
• A proibição do regresso, efeito cliquet ou efeito ampliativo dos direitos humanos
preceitua que os direitos conquistados não podem ser reduzidos, nem mesmo pela
atuação do Poder Constituinte Originário.
PROIBIÇÃO DO 
RETROCESSO
• Só será implementado aquilo que for possível de acordo com o orçamento
estabelecido. Entretanto, a jurisprudência entende que a impossibilidade
orçamentária deve ser demonstrada objetivamente, para que seja possível invocar
o princípio da reserva do possível. É a posição sustentada pelos governantes.
RESERVA DO 
POSSÍVEL
• Essa teoria assegura um “mínimo necessário” para a existência digna das pessoas.
Assim, a dignidade humana e as condições materiais de existência não podem
retroceder aquém desse mínimo, sendo dever do Estado fornecer as prestações
materiais básicas, sob pena de intervenção do Poder Judiciário. É a posição
sustentada pela Defensoria Pública e pela sociedade civil.
MÍNIMO 
EXISTENCIAL
Universal ismo e relativ ismo cultural 
A discussão sobre universalismo e relativismo cultural pode ser assim resumida: 
 
 
 
 
 
 
 
A doutrina aponta que a solução dessa controvérsia deve sempre tender ao equilíbrio, não podendo uma 
corrente ser totalmente suprimida em relação a outra. Entretanto, o universalismo deve prevalecer em relação 
ao relativismo quando se tratar de discussão que envolva o chamado “núcleo duro” dos direitos humanos. 
Teorias de efetiv idade dos direitos fundamentais 
Quanto à efetividade dos direitos fundamentais, há as seguintes teorias: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Eficácia vertical e horizontal dos direitos fundamentais 
A eficácia das normas fundamentais (constitucionais) pode ser entendida como a capacidade de se 
produzir efeitos, isto é, a concretização da norma no meio social. Pode ser classificada em duas espécies 
EFICÁCIA 
VERTICAL 
A eficácia vertical dos direitos fundamentais indica que as normas sobre direitos 
humanos são destinadas ao Estado, gerando uma relação entre a pessoa natural ou 
pessoa jurídica (sujeito de direitos) e o Estado. 
EFICÁCIA 
HORIZONTAL 
A eficácia horizontal dos direitos fundamentais refere-se à aplicabilidade direta dos 
direitos fundamentais nas relações privadas. 
Esquematizando 
EFICÁCIA VERTICAL EFICÁCIA HORIZONTAL 
 
 
Ademais, a doutrina trabalhista aponta, ainda, a eficácia diagonal, que se refere à relação entre 
empregado e empregador, que, embora seja privada, não é horizontal. Assim: 
EFICÁCIA DIAGONAL 
 
 
 
 
 
 
ESTADO
INDIVÍDUO
INDIVÍDUO INDIVÍDUO
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Dimensões de direitos 
Introdução 
Para fins didáticos, Karel Vasak propôs a sistematização dos direitos humanos em grupos organizados a 
partir do critério do momento histórico e político em que foram demandados e incorporados ao ordenamento 
jurídico. Esses grupos são denominados gerações, dimensões ou famílias de direitos. 
 TERMINOLOGIA 
Os termos gerações, dimensões e famílias são usados, por vezes, indistintamente. Contudo, atualmente, o 
termo mais aceito pela doutrina é “dimensões”, uma vez que este carrega a ideia de que os direitos não se 
substituem, mas se agregam. Assim, enquanto “geração” dá a ideia de substituição, “dimensão” denota soma. 
Primeira dimensão 
A primeira dimensão dos direitos humanos surge no contexto histórico de passagem do Estado Absolutista 
para o Estado Liberal. Por esse motivo, essa família de direitos é composta pelas chamadas liberdades negativas, 
que demandam a abstenção estatal para que os indivíduos consigam se desenvolver plenamente. Destacam-se, 
como normatizadores dos direitos de primeira dimensão, os seguintes documentos: 
PLANO INTERNACIONAL 
INGLATERRA 
o Bill of rights – 1689. 
ESTADOS UNIDOS 
o Declaração do (bom) povo (do estado) da Virgínia – 1776. 
FRANÇA 
o Declaração dos direitos do homem e do cidadão – 1789. 
PLANO NACIONAL 
o Constituição do Império – 1824. 
o Constituição da República – 1891. 
São exemplos de direitos de primeira dimensão a vida, a propriedade e a liberdade. 
 
 
 
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Segunda dimensão 
A segunda dimensão dos direitos humanos surge no contexto histórico de passagem do Estado Liberal 
para o Estado Social. Assim, essa família de direitos é composta pelas chamadas liberdades positivas, que 
demandam a atuação estatal para se atingir a igualdade material/substancial entre os indivíduos. Destacam-se, 
como normatizadores dos direitos de segunda dimensão, os seguintes documentos: 
PLANO INTERNACIONAL 
MÉXICO 
o Constituição mexicana – 1917. 
ALEMANHA 
o Constituição alemã – 1919. 
PLANO NACIONAL 
Constituição da Era Vargas – 1934 (não confunda com a constituição 
“polaca” de 1937, que, ao revés, restringiu direitos). 
São exemplos de direitos de segunda dimensão a educação, a saúde, o trabalho e o lazer. 
Terceira dimensão 
A terceira dimensão dos direitos humanos surge no contexto histórico pós segunda guerra mundial e, 
guiada por ideais de solidariedade/fraternidade, busca a garantia de direitos coletivos e difusos (transindividuais). 
Na terceira dimensão, os seguintes documentos se destacam: 
PLANO INTERNACIONAL 
o Declaração Universal dos Direitos Humanos – DUDH (vale mencionar 
que esse documento não elenca os direitos de terceira dimensão, 
mas contém em seu texto o ideal de fraternidade). 
PLANO NACIONAL 
o Constituição de 1946. 
o Constituição de 1988. 
São exemplos de direitos de terceira dimensão a paz, a autodeterminação dos povos e o meio ambiente. 
 
 
 
 
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DIMENSÕES DOS DIREITOS HUMANOS
1ª DIMENSÃO
Ideais de liberdade 
(abstenção do Estado)
Direitos civis (liberdades individuais) 
e políticos (ativos e passivos)
2ª DIMENSÃO
Ideais de igualdade material 
(atuação do Estado).
Direitos econômicos, sociais e 
culturais
3ª DIMENSÃO
Ideais de fraternidade e 
solidariedade
Direitos transindividuais
Outras dimensões 
Alguns doutrinadores acrescentam as seguintes dimensões: 
4ª DIMENSÃO 
Contém direitos relacionados à pós-modernidade e à globalização, como, por exemplo, 
a bioética, o biodireito, o acesso à internet, a democracia, o pluralismo político etc. 
Possui fundamento na proteção contra intervenções abusivas, seja por parte do 
Estado, seja por parte do particular. 
5ª DIMENSÃO 
Contém direitos relacionados à paz universal (para a doutrina tradicional, a paz é 
direito de 3ª dimensão) e à segurança internacional. 
6ª DIMENSÃO Essa dimensão trata do direito de acesso à água potável. 
Resumindo. . . 
Resumindo o conteúdo das principais dimensões: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Afirmação histórica 
Passemos, agora, brevemente, pela afirmação histórica dos direitos humanos: 
IDADE ANTIGA 
Na idade antiga, que vai da invenção da escrita até a queda do Império Romano do 
Ocidente, destacam-se os seguintes documentos: 
o CÓDIGO DE HAMURABI → é um dos primeiros documentos a prever direitos, 
como a proteção das viúvas, dos órfãos e dos mais vulneráveis. 
o LEI DAS XII TÁBUAS → é a gênese do direito romano econtinha previsões 
que delineavam a igualdade de direitos entre diversas classes sociais. 
IDADE MÉDIA 
Na idade média, que vai da queda do Império Romano do Ocidente até a tomada de 
Constantinopla pelo Império Turco-otomano, destaca-se o seguinte documento: 
o MAGNA CARTA (INGLATERRA, 1215) → esse documento, firmado pelo rei 
João "Sem Terra", restringindo seus poderes, continha previsões acerca da 
separação entre igreja e Estado, do devido processo legal, do acesso à justiça, 
da liberdade de locomoção, além de ter lançado as bases para o Tribunal do 
Júri. Entretanto, os direitos previstos só eram aplicáveis à nobreza. 
IDADE MODERNA 
Na idade moderna, que vai da tomada de Constantinopla pelo Império Turco-otomano 
até a Revolução Francesa, surgiram importantes documentos, dentre eles: 
o TRATADOS DE WESTPHALIA (ALEMANHA, 1648) → eram tradados de paz, 
que colocaram fim à guerra dos 30 anos, entre católicos e protestantes, e 
trouxeram uma configuração incipiente de Estado soberano. 
o BILL OF RIGHTS (INGLATERRA, 1689) → decorrente da Revolução Gloriosa 
inglesa, o documento trouxe a separação entre o rei e o parlamento, a 
independência do parlamento e o direito de peticionar ao rei. 
o DECLARAÇÃO DE DIREITOS DA VIRGÍNIA (EUA, 1776) → precede a 
declaração de independência dos EUA e prevê que todo o poder emana do 
povo, além de trazer direitos, como, por exemplo, o direito à vida, à liberdade, 
à felicidade e o direito de resistência. 
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IDADE 
CONTEMPORÂNEA 
Na idade contemporânea, que vai da Revolução Francesa até os dias atuais, destacam-
se os seguintes documentos: 
o DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO HOMEM E DO CIDADÃO (FRANÇA, 
1789) → elaborada pela Assembleia Nacional Constituinte da França, de 
concepção iluminista, trouxe ideais liberais, a laicidade do Estado, a separação 
de poderes e o direito à liberdade e à igualdade (formal). 
o CONSTITUIÇÃO MEXICANA (1917) → a Constituição mexicana inovou ao 
trazer direitos sociais como os direitos trabalhistas e previdenciários. 
o CONSTITUIÇÃO ALEMÃ (1919) → a Constituição alemã (ou Constituição de 
Weimar) instituiu a primeira república alemã e trouxe direitos sociais, como a 
educação, direitos trabalhistas e direitos previdenciários. 
Após a segunda guerra mundial, passa-se a falar de internacionalização dos direitos humanos e há a 
promulgação da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que será detalhada mais adiante. 
 
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• Conjunto de normas e medidas que objetivam proteger os direitos humanos
dos envolvidos em conflitos armados ou guerra. Essa proteção abarca os
soldados, os prisioneiros de guerra e a população civil. É considerado, hoje,
uma das vertentes da proteção internacional. Ex.: Cruz Vermelha,
organização internacional ligada ao direito humanitário.
DIREITO 
HUMANITÁRIO
• É considerada um "embrião" da ONU, tendo sido criada para a promoção da
cooperação, da paz e da segurança internacional após a 1ª Guerra Mundial.
Sua útima reunião ocorreu em 1946.
LIGA DAS 
NAÇÕES
• A Organização Internacional do Trabalho - OIT foi criada para promover e
legislar sobre condições mínimas de dignidade na seara trabalhista.
ORGANIZAÇÃO 
INTERNACIONAL 
DO TRABALHO
PROTEÇÃO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS 
Introdução 
Conforme vimos, após as violações aos direitos humanos ocorridas na 2ª Guerra Mundial, tornou-se 
necessária a criação de sistemas internacionais de proteção, possibilitando a demanda jurídica em caso de 
violação. Inicia-se, assim, o processo de internacionalização dos direitos humanos, que tem como consequência a 
relativização do conceito de soberania e a transformação dos indivíduos em sujeitos de Direito Internacional. 
Precedentes históricos 
Flávia Piovesan aponta os seguintes precedentes da internacionalização dos direitos humanos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Esses precedentes somados ao contexto pós 2ª Guerra Mundial geraram uma grande mobilização 
internacional em prol da proteção aos direitos humanos, com a assinatura de tratados internacionais e a elevação 
das normas internacionais sobre direitos humanos ao status de normas jus cogens. 
 
 
 
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SISTEMAS DE 
PROTEÇÃO
SISTEMA 
GLOBAL
Organização da Nações Unidas - ONU
SISTEMAS 
REGIONAIS
Sistema europeu
Sistema africano
Sistema interamericano
(Organização dos Estados Americanos - OEA)
Sistemas de proteção 
Nesse contexto de internacionalização, surgem os seguintes sistemas de proteção: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
É importante compreender que os sistemas nacionais e internacionais (global e regionais) de proteção 
possuem uma relação de complementariedade, sendo os sistemas internacionais SUBSIDIÁRIOS em relação aos 
sistemas nacionais, ou seja, eles só atuam em caso de omissão, ineficácia ou ineficiência dos últimos. 
Em caso de CONFLITO entre os sistemas, utiliza-se o critério da norma mais benéfica à pessoa humana, 
ou seja, a norma que for mais protetiva às vítimas que tiveram seus direitos violados. 
Vertentes de proteção internacional 
Introdução 
Proposta por Antônio Augusto Cançado Trindade, a divisão da proteção internacional em vertentes é 
uma divisão dos ramos de proteção internacional. Posteriormente, o referido autor passou a defender a 
superação dessa divisão, uma vez que a proteção de todos os direitos cabe a todos os organismos internacionais. 
Assim, estudaremos a divisão para fins didáticos, mas sempre tendo em mente a ressalva do autor. 
 
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Direitos humanos 
Conforme vimos, os direitos humanos referem-se à positivação dos direitos na ordem internacional, com 
a assinatura de tratados internacionais que preveem a possibilidade de um Estado ou de um individuo cujos 
direitos foram violados denunciar o Estado violador aos órgãos de proteção. 
São documentos de destaque nessa vertente de proteção a Carta das Nações Unidas no âmbito global 
(ONU) e a Convenção Americana de Direitos Humanos no âmbito regional (OEA). 
Direito humanitário 
Vimos o direito humanitário enquanto precedente histórico da proteção internacional e agora como 
vertente de proteção. Vale lembrar que essa vertente busca proteger as pessoas em zonas de conflitos 
armados ou guerras. Nesse caso, não há a possibilidade de petição individual aos órgãos de proteção. 
A Convenção de Genebra (+ protocolos adicionais) é o principal documento regulador do direito 
humanitário. Além disso, a Cruz Vermelha e o Tribunal Penal Internacional são organizações de destaque. 
Direito dos refugiados 
O direito dos refugiados diz respeito à garantia de direitos humanos às pessoas que tiveram seus direitos 
negados ou violados pelo seu país de origem. Nessa vertente, há dois princípios informadores: 
1 
IN DUBIO PRO REFUGIADO 
o Havendo dúvida quanto à condição de refugiado, deve-se garantir os direitos desde logo e 
depois proceder à averiguação. 
2 
NÃO DEVOLUÇÃO 
o O país que recebeu o refugiado não pode devolvê-lo ao país onde seus direitos são ameaçados. 
O documento de destaque nessa vertente é o Estatuto dos Refugiados de 1951. 
 
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MECANISMOS CONVENCIONAIS
Previstos em tratados internacionais
Aplica-se apenas aos signatários dos tratados
MECANISMOS NÃO CONVENCIONAIS
Não previstos em tratados internacionais
Aplica-se a todos os países
GERAIS
Destina-se a todos os seres humanos.
ESPECIAIS
Destina-se a grupos vuneráveis (pessoas negras, 
mulheres, crianças, idosos etc.).
Mecanismos de proteção internacional 
Introdução 
Não havendo a solução dos conflitos em âmbito interno, surge a possibilidade de se reclamar a proteçãointernacional. Essa proteção é garantida através de mecanismos convencionais e não convencionais: 
 
 
 
 
 
 
 
Espécies de convenção 
As convenções internacionais podem ser: 
 
 
 
 
Fiscal ização dos tratados 
São mecanismos de fiscalização do cumprimento dos tratados internacionais: 
ÓRGÃOS 
EXECUTIVOS 
São comitês ou comissões responsáveis por fiscalizar o cumprimento dos tratados 
internacionais e receber relatórios, comunicações interestatais e petições individuais, 
podendo promover investigações e acordos para a solução de controvérsias. 
TRIBUNAIS 
INTERNACIONAIS 
São organismos que podem ter competência criminal ou não criminal e são responsáveis 
por julgar as reclamações recebidas, além de possuírem competência contenciosa e 
consultiva. Esses tribunais internacionais não podem ser provocados por indivíduos. 
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RELATÓRIOS 
Os relatórios com informações acerca do cumprimento dos tratados devem ser 
apresentados pelos Estados signatários aos órgãos executivos: 
o Periodicamente. 
o Sempre que solicitados pelos órgãos executivos. 
COMUNICAÇÕES 
INTERESTATAIS 
As comunicações interestatais são denúncias feitas por um Estado em relação a outro 
Estado que descumpre tratado internacional. O órgão executivo atuará somente se: 
o Tiverem sido esgotados os mecanismos internos. 
o Não existir procedimento pendente sobre o mesmo assunto. 
PETIÇÕES 
INDIVIDUAIS 
Os indivíduos que tiverem seus direitos violados, havendo previsão em tratado, podem 
apresentar petições individuais aos organismos internacionais, desde que: 
o Contenha a identificação e a assinatura. 
o Tenham sido esgotados os mecanismos internos. 
o Não exista procedimento pendente sobre o mesmo assunto. 
INVESTIGAÇÃO 
DE OFÍCIO 
Os órgãos executivos possuem a prerrogativa de instaurar um procedimento 
investigativo de ofício, sem necessidade de provocação. 
 
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P á g i n a 20 
 
 
SISTEMA GLOBAL DE PROTEÇÃO – ONU 
Introdução 
Criação da ONU 
A Organização das Nações Unidas – ONU foi criada pela Carta das Nações Unidas, em 1945, e é 
responsável pela coordenação do sistema global de proteção dos direitos humanos. 
Propósitos da ONU 
Promulgada, no Brasil, pelo Decreto n. 19.841/45, a Carta das Nações Unidas traz os seguintes propósitos: 
1 Manter a paz e a segurança internacionais. 
2 
Desenvolver relações amistosas entre as nações, baseadas na igualdade de direitos e na 
autodeterminação dos povos, e tomar outras medidas apropriadas ao fortalecimento da paz universal. 
3 
Conseguir uma cooperação internacional para resolver os problemas internacionais de caráter 
econômico, social, cultural ou humanitário, e para promover e estimular o respeito aos direitos humanos 
e às liberdades fundamentais para todos, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião. 
4 Ser um centro destinado a harmonizar a ação das nações para a consecução desses objetivos comuns. 
Princípios 
Para a realização dos propósitos, deverão ser observados os seguintes princípios: 
1 A Organização é baseada no princípio da igualdade de todos os seus membros. 
2 
Todos os membros, a fim de assegurarem para todos em geral os direitos e vantagens resultantes 
de sua qualidade de membros, deverão cumprir de boa-fé as obrigações por eles assumidas. 
3 
Todos os membros deverão resolver suas controvérsias internacionais por meios pacíficos, de modo 
que não sejam ameaçadas a paz, a segurança e a justiça internacionais. 
4 
Todos os membros deverão EVITAR em suas relações internacionais a ameaça ou o uso da força 
contra a integridade territorial ou a dependência política de qualquer Estado. 
5 
Todos os membros darão às Nações toda assistência em qualquer ação a que elas recorrerem e se 
absterão de dar auxílio a Estado contra o qual as Nações agirem de modo preventivo ou coercitivo. 
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P á g i n a 2 1 
 
 
MECANISMOS CONVENCIONAIS
Previstos em convenções de direitos humanos
MECANISMOS EXTRACONVENCIONAIS
Previstos em resoluções dos órgãos da ONU
6 
A Organização fará com que os Estados que não são membros das Nações ajam de acordo com 
esses princípios em tudo quanto for necessário à manutenção da paz e da segurança internacionais. 
7 
NENHUM dispositivo da Carta autorizará as Nações Unidas a intervirem em assuntos que dependam 
essencialmente da jurisdição de qualquer Estado ou obrigará os membros a submeterem tais assuntos 
a uma solução, sem prejuízo da aplicação das medidas coercitivas constantes da Carta. 
Mecanismos convencionais e extraconvencionais 
No sistema global são previstos mecanismos convencionais e extraconvencionais de proteção: 
 
 
 
 
 
Podem atuar de forma extraconvencional: 
1 A Assembleia Geral. 
2 O Conselho de Segurança. 
3 A Corte Internacional de Justiça. 
4 O Conselho Econômico e Social. 
5 O Secretário-Geral da ONU. 
6 O Conselho de Direitos Humanos. 
 
 
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P á g i n a 22 
 
 
ÓRGÃOS GERAIS
ASSEMBLEIA GERAL
CONSELHO DE SEGURANÇA
CORTE INTERNACIONAL DE JUSTIÇA
CONSELHO ECONÔMICO E SOCIAL
CONSELHO DE TUTELA
SECRETARIADO
Órgãos gerais da ONU 
Visão geral 
São órgãos gerais da ONU: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Assembleia Geral 
Principais atribuições 
A Assembleia Geral poderá: 
1 
Discutir quaisquer questões ou assuntos que estiverem dentro das finalidades da Carta ou que se 
relacionarem com as atribuições e funções de qualquer dos órgãos nela previstos. 
2 
Fazer recomendações aos membros das Nações Unidas ou ao Conselho de Segurança ou a este e 
àqueles, conjuntamente, com referência a qualquer daquelas questões ou assuntos. 
o OBS.: enquanto o Conselho de Segurança estiver exercendo suas funções em relação a 
qualquer controvérsia ou situação a Assembleia Geral NÃO fará nenhuma recomendação a 
respeito dessa controvérsia ou situação, a menos que o Conselho de Segurança a solicite. 
Ademais, a Assembleia Geral iniciará estudos e fará recomendações, destinados a: 
1 
Promover cooperação internacional no terreno político e incentivar o desenvolvimento progressivo do 
direito internacional e a sua codificação. 
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P á g i n a 23 
 
 
2 
Promover cooperação internacional nos terrenos econômico, social, cultural, educacional e sanitário e 
favorecer o pleno gozo dos direitos humanos e das liberdades fundamentais, por parte de todos os 
povos, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião. 
Composição 
A Assembleia Geral será constituída por todos os membros das Nações Unidas, sendo que cada membro 
não deverá ter mais de 5 representantes, tendo direito a 1 voto nas deliberações. 
Deliberações 
Quanto ao quórum para as deliberações, observa-se o seguinte: 
MAIORIA RELATIVA 
As decisões sobre questões menos importantes serão tomadas pela maioria dos 
membros presentes e votantes (essa é a regra). 
MAIORIA DE 2/3 
As decisões sobre questões mais importantes serão tomadas por maioria de 2/3 
dos membros presentes e votantes. Compreendem-se nessas questões: 
o Recomendações relativas à manutenção da paz e da segurança internacionais 
o Eleição dos membros não permanentes do Conselho de Segurança. 
o Eleição dos membros do Conselho Econômico e Social. 
o Eleição dos membros do Conselho de Tutela. 
o Admissão de novos membros das Nações Unidas. 
o Suspensão dos direitos e privilégios de membros. 
o Expulsão dos membros. 
o Funcionamento do sistema de tutela e questões orçamentárias. 
Conselho de Segurança 
Principais atribuições 
A principal responsabilidade do Conselho de Segurança é a manutenção da paz e da segurança 
internacionais. Para tanto, o Conselho de Segurança terá o encargo de formular os planos a serem submetidos 
aos membrosdas Nações Unidas, para o estabelecimento de um sistema de regulamentação dos armamentos. 
Em caso de ameaças à paz, ruptura da paz e atos de agressão, o Conselho determinará, primeiramente, 
medidas não beligerantes (sem emprego de forças armadas). Sendo insuficientes as referidas medidas, poderão 
ser determinadas medidas beligerantes, com uso de força aérea, naval ou terrestre. 
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P á g i n a 24 
 
 
Composição 
O Conselho de Segurança será composto de 15 membros das Nações Unidas, sendo: 
5 PERMANENTES 
São membros permanentes: 
o China. 
o França. 
o Rússia. 
o Reino Unido. 
o Estados Unidos. 
10 NÃO PERMANENTES 
Os membros não permanentes: 
o São eleitos pela Assembleia Geral. 
o Para um mandato de 2 anos. 
Cada membro terá 1 representante, tendo direito a 1 voto nas deliberações. 
Deliberações 
Quanto as deliberações, há as seguintes regras: 
QUESTÕES PROCESSUAIS Serão decididas por 9 votos (dos 15). 
QUESTÕES MATERIAIS 
Nesse caso, serão necessários: 
o 5 dos 5 votos dos membros permanentes (unanimidade). 
o Pelo menos 4 dos 10 votos dos membros não permanentes. 
Corte Internacional de Justiça 
Atribuições 
A Corte Internacional de Justiça possui competência CÍVEL: 
CONSULTIVA Emitindo pareceres acerca de determinados temas. 
CONTENCIOSA Resolvendo litígios que envolvam direitos humanos. 
Vale mencionar que essa competência é facultativa ou voluntária, isto é, a Corte Internacional de Justiça 
só poderá atuar quando o Estado tiver reconhecido sua competência. 
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P á g i n a 25 
 
 
Composição 
A Corte será composta de 15 membros, não podendo configurar entre eles 2 nacionais do mesmo Estado. 
Esses membros são eleitos pela Assembleia Geral e pelo Conselho de Segurança de uma lista de pessoas 
apresentadas pelos grupos nacionais da Corte Permanente de Arbitragem. 
Conselho Econômico e Social 
Principais atribuições 
O Conselho Econômico e Social fará ou iniciará estudos e relatórios a respeito de assuntos internacionais 
de caráter econômico, social, cultural, educacional, sanitário e conexos e poderá fazer recomendações à 
Assembleia Geral, aos membros das Nações Unidas e às entidades especializadas interessadas, podendo: 
1 Preparar projetos de convenções a serem submetidos à Assembleia Geral. 
2 Convocar conferências internacionais sobre assuntos de sua competência. 
Composição 
O Conselho Econômico e Social será composto de 54 membros das Nações Unidas eleitos pela Assembleia 
Geral todos os anos em grupos de 18 membros para mandatos de 3 anos. 
Conselho de Tutela 
Objetivos 
Os objetivos básicos do sistema de tutela são: 
1 Favorecer a paz e a segurança internacionais. 
2 
Fomentar o progresso político, econômico, social e educacional dos habitantes dos territórios tutelados 
e o seu desenvolvimento progressivo para alcançar governo próprio ou independência, de acordo com 
as circunstâncias particulares de cada território e os desejos dos povos interessados. 
3 
Estimular o respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais para todos, sem distinção de 
raça, sexo língua ou religião e favorecer o reconhecimento da interdependência de todos os povos. 
4 
Assegurar igualdade de tratamento nos domínios social, econômico e comercial para todos os Membros 
das nações Unidas e seus nacionais e, para estes últimos, igual tratamento na administração da justiça. 
 
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P á g i n a 26 
 
 
Atribuições 
O Conselho de Tutela, sob autoridade da Assembleia Geral, poderá: 
1 Examinar os relatórios que lhes tenham sido submetidos pela autoridade administradora. 
2 Aceitar petições e examiná-las, em consulta com a autoridade administradora. 
3 Providenciar sobre visitas periódicas aos territórios tutelados. 
4 Outras medidas de conformidade com os termos dos acordos de tutela. 
Composição 
O Conselho de Tutela será composto dos seguintes membros das Nações Unidas: 
1 Os membros que administrem territórios tutelados. 
2 Os membros permanentes do Conselho de Segurança. 
3 
Quantos outros membros eleitos por um período de 3 anos, pela Assembleia Geral, sejam necessários 
para assegurar que o número total de membros do Conselho de Tutela fique igualmente dividido entre 
os membros das Nações Unidas que administrem territórios tutelados e aqueles que o não fazem. 
Secretariado 
Atribuição 
O Secretário-Geral, chefe do secretariado e principal funcionário administrativo da ONU, atuará neste 
caráter em todas as reuniões da Assembleia Geral, do Conselho de Segurança, do Conselho Econômico e Social 
e do Conselho de Tutela e fará um relatório anual à Assembleia Geral sobre os trabalhos da Organização. 
Composição 
O Secretariado será composto de um Secretário-Geral e do pessoal exigido pela Organização. O 
Secretário-Geral será indicado pela Assembleia Geral mediante a recomendação do Conselho de Segurança. 
 
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P á g i n a 27 
 
 
ÓRGÃOS ESPECÍFICOS
CONSELHO DE DIREITOS HUMANOS
RELATORES ESPECIAIS DE DIREITOS HUMANOS
ALTO COMISSARIADO DE DIREITOS HUMANOS
Órgãos específicos de proteção aos direitos humanos 
Visão geral 
São órgãos específicos de proteção aos direitos humanos na ONU: 
 
 
 
 
 
Conselho de Direitos Humanos 
A antiga Comissão de Direitos Humanos, vinculada ao Conselho Econômico e Social, foi transformada em 
Conselho de Direitos Humanos, vinculado à Assembleia Geral. O referido Conselho tem por objetivo a promoção 
e a proteção de direitos humanos, com responsabilidades relatoriais e sistemas de denúncias. 
O Conselho é composto de 47 membros, eleitos para mandatos de 3 anos com base em grupos regionais, 
podendo a Assembleia Geral suspender os direitos do Estado-membro que cometer graves e sistemáticas 
violações aos direitos humanos, desde que votem nesse sentido 2/3 de seus membros. 
Relatores Especiais de Direitos Humanos 
Os relatores especiais são especialistas nomeados pelo Conselho de Direitos Humanos a título pessoal e 
de forma independente, encarregados de vigiar, aconselhar, examinar e informar publicamente sobre: 
1 Uma questão temática (mandatos temáticos). 
2 Questões de direitos humanos em um determinado país (mandatos por países). 
Alto Comissariado de Direitos Humanos 
O Alto Comissariado tem como principal atribuição coordenar as atividades da área de direitos humanos 
através do Sistema das Nações Unidas e supervisionar o Conselho de Direitos Humanos. 
 
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P á g i n a 28 
 
 
CARTA INTERNACIONAL DOS 
DIREITOS HUMANOS
DECLARAÇÃO UNIVERSAL 
DOS DIREITOS HUMANOS
PACTO INTERNACIONAL DOS 
DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS
PACTO INTERNACIONAL DOS 
DIREITOS ECONÔMICOS, 
SOCIAIS E CULTURAIS
1948 1966 
Carta Internacional dos Direitos Humanos 
Introdução 
A Carta Internacional dos Direitos Humanos ou Internacional Bill of Rights é o principal conjunto normativo 
do sistema global de proteção dos direitos humanos, sendo composto pelos seguintes documentos: 
 
 
 
 
 
 
 
Declaração Universal dos Direitos Humanos – DUDH 
Introdução 
A Declaração Universal dos Direitos Humanos – DUDH foi aprovada solenemente pela Resolução n. 217, 
na Terceira Sessão Ordinária da Assembleia Geral da ONU, em Paris, França, em 10 de dezembro de 1948. O 
referido documento é considerado a principal contribuição para a universalização dos direitos humanos. 
Estrutura 
A Declaração Universal dos Direitos Humanos é estruturada da seguinte forma: 
DIREITOS DE LIBERDADE São os direitos de 1ª dimensão, previstos nos arts. 1º ao 21. 
DIREITOS DE IGUALDADE São os direitos de 2ª dimensão, previstos nos arts. 22 ao 30. 
Não há previsão específica de direitos de 3ª dimensão, mas há menção ao ideal de fraternidade. 
Natureza jurídica 
Quantoà natureza jurídica, há uma discussão sobre a DUDH ser tratado internacional (com normas 
cogentes e vinculantes para os signatários) ou resolução (com meras recomendações, sem eficácia vinculante). 
Atualmente, prevalece o entendimento de que, apesar de a declaração ter sido constituída como resolução, ela 
possui força jurídica obrigatória e vinculante, tendo impacto, inclusive, nas constituições dos Estados. 
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P á g i n a 29 
 
 
Pacto Internacional de Direitos Civis e Polít icos 
Introdução 
O Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos consagra direitos liberais (de 1ª dimensão), possuindo 
aplicabilidade imediata. Além do tratado principal, há o primeiro e o segundo protocolo facultativo. 
 TOME NOTA 
Os protocolos facultativos podem acrescentar direitos, obrigações ou novos mecanismos de fiscalização. A 
adesão pelos signatários do tratado principal é facultativa. 
No Brasil, o Pacto foi promulgado pelo Decreto n. 592/92. 
Estrutura 
O Pacto, composto por 53 artigos, estrutura-se em seis partes: 
PARTE I 
Consagra o direito à liberdade e à autodeterminação dos povos. 
o OBS.: o direito à autodeterminação é repetido no Pacto Internacional 
dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. 
PARTE II Prevê o dever dos signatários de garantir dos direitos elencados no Pacto. 
PARTE III Contém o rol de direitos protegidos. 
PARTE IV Disciplina a atuação do Comitê de Direitos Humanos. 
PARTE V Traz normas de interpretação. 
PARTE VI Disciplina os procedimentos de adesão e validade do Pacto. 
Suspensão de direitos 
É possível a suspensão dos direitos consignados no Pacto, desde que em consonância com o Direito 
Internacional e que não acarretem discriminação, nas seguintes situações: 
1 Decretação de estado de emergência. 
2 Quando necessário à segurança nacional ou à ordem pública. 
 
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P á g i n a 30 
 
 
Entretanto, são direitos inderrogáveis: 
1 Direito à vida. 
2 Vedação à tortura, penas ou tratamento cruéis, desumanos ou degradantes. 
3 Vedação à escravidão e servidão. 
4 Vedação à prisão por descumprimento de obrigação contratual. 
5 Anterioridade penal, irretroatividade maléfica e retroatividade benéfica. 
6 Reconhecimento de personalidade jurídica. 
7 Liberdade de pensamento, de consciência e de religião. 
Protocolos facultativos 
O Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos possui dois protocolos facultativos: 
PRIMEIRO PROTOCOLO 
FACULTATIVO 
Trouxe o mecanismo de petições individuais, desde que: 
o Identificadas e assinadas (não são admitidas petições anônimas). 
o Tenham sido esgotados os recursos internos. 
Recebida a petição, o Comitê informará o Estado-parte para que preste 
informações no prazo de 6 meses. De posse das informações, o Comitê 
proferirá decisão que constará do relatório anual. 
SEGUNDO PROTOCOLO 
FACULTATIVO 
Trouxe a vedação à pena de morte, podendo o Estado efetuar reserva em 
caso de guerra declarada e de infração penal militar de extrema gravidade. 
Mecanismos de fiscalização 
O Pacto ora estudado possui os seguintes mecanismos de fiscalização: 
RELATÓRIOS 
Informação obrigatória e periódica ao Comitê dos Direitos Humanos do 
cumprimento das obrigações pelo Estado-parte. 
COMUNICAÇÕES 
INTERESTATAIS 
Comunicação de um Estado ao Comitê dos Direitos Humanos do 
descumprimento de obrigações por outro Estado. 
PETIÇÕES INDIVIDUAIS Possibilidade da vítima da violação acionar o Comitê. 
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P á g i n a 3 1 
 
 
Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais 
Introdução 
O Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais consagra direitos sociais (de 2ª 
dimensão), possuindo aplicabilidade progressiva, de acordo com as possibilidades de cada nação. Além do tratado 
principal, há um protocolo facultativo. No Brasil, o Pacto foi promulgado pelo Decreto n. 591/92. 
Estrutura 
O Pacto, composto por 31 artigos, estrutura-se em cinco partes: 
PARTE I Consagra o direito de autodeterminação dos povos. 
PARTE II Estabelece o dever de implementação progressiva pelos Estados-parte. 
PARTE III Contém o rol de direitos protegidos. 
PARTE IV Estabelece os mecanismos de fiscalização. 
PARTE V Contém regras quanto à aplicabilidade e à vigência do Pacto. 
Protocolo facultativo 
O protocolo facultativo criou o Comitê de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, além de trazer 
mecanismos adicionais de fiscalização, além dos relatórios (petições individuais, comunicações interestatais, 
medidas de urgência e investigações in loco), de competência do referido Comitê. 
Mecanismos de fiscalização 
O Pacto ora estudado possui os seguintes mecanismos de fiscalização: 
RELATÓRIOS 
Devem conter as medidas adotadas pelos Estados e serão entregues ao 
Secretário-Geral da ONU, que encaminhará ao Conselho Econômico e Social. 
COMUNICAÇÕES 
INTERESTATAIS 
Comunicação de um Estado ao Comitê de Direitos Econômicos, Sociais e 
Culturais do descumprimento de obrigações por outro Estado. 
PETIÇÕES INDIVIDUAIS Possibilidade da vítima da violação acionar o Comitê. 
MEDIDAS DE URGÊNCIA Adoção de medidas para evitar danos irreparáveis à vítimas. 
INVESTIGAÇÕES IN LOCO Investigações em caso de violações graves e sistemáticas aos direitos. 
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P á g i n a 32 
 
 
SISTEMA GLOBAL
GERAL
Considera todas as pessoas abstratamente iguais (igualdade 
formal)
Compõe-se da Carta Internacional de Direitos Humanos (DUDH e 
Pactos de 1966)
ESPECIAL
Considera as pessoas iguais tendo em vista suas condições de 
vulnerabilidade (igualdade material)
Compõe-se de convenções específicas para grupos específicos 
(pessoas negras, mulheres, crianças, pessoas com deficiência etc)
Convenções específicas 
Introdução 
Além dos documentos generalistas que formam a Carta Internacional dos Direitos Humanos, o sistema 
global possui convenções específicas para atender a determinadas peculiaridades, formando dois sistemas: 
 
 
 
 
 
 
 
Convenção sobre a eliminação de todas as formas de discriminação racial 
Introdução 
A convenção internacional sobre a eliminação de todas as formas de discriminação racial foi promulgada 
no Brasil pelo Decreto n. 65.810/69, tendo sido devidamente incorporada ao ordenamento brasileiro. 
Conceito 
O art. 1º da convenção conceitua discriminação racial como qualquer distinção, exclusão, restrição ou 
preferência baseadas em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tem por objetivo ou efeito 
anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício num mesmo plano, (em igualdade de condição), de 
direitos humanos e liberdades fundamentais no domínio político econômico, social, cultural ou em qualquer outro. 
Exceções 
Não se considera discriminação racial: 
1 Distinções, exclusões, restrições e preferências entre cidadãos e não cidadãos. 
2 
Disposições legais relativas a nacionalidade, cidadania e naturalização, desde que tais disposições não 
discriminem contra qualquer nacionalidade particular. 
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P á g i n a 33 
 
 
• Deverão ser apresentados a cada 2 anos.RELATÓRIOS 
• Depende da aceitação de ambos os Estados.COMUNICAÇÕES INTERESTATAIS
• Depende de habilitação do Comitê pelo Estado.PETIÇÕES INDIVIDUAIS 
3 
Medidas especiais tomadas com o objetivo de assegurar progresso adequado de certos grupos raciais 
ou étnicos ou de indivíduos que necessitem da proteção (ações afirmativas, como as cotas raciais). 
Vertentes de atuação 
Para cumprir os objetivos da convenção, o Estado deverá atuar em duas vertentes: 
REPRESSIVA 
É a proibição de discriminação racial com a criação de tipos penais 
descrevendo as condutas e as respectivas sanções. 
PROMOCIONAL 
É a promoção de políticaspúblicas compensatórias em busca da 
igualdade material (são as chamadas ações afirmativas). 
Mecanismos de fiscalização 
A convenção instituiu o Comitê para a eliminação da discriminação racial, composto de 18 peritos 
conhecidos por sua alta moralidade e conhecida imparcialidade, que serão eleitos, para um mandato de 4 anos, 
pelos Estados-parte dentre seus nacionais e que atuarão a título individual. O Comitê apreciará: 
 
 
 
 
 
 
 
Estatuto da igualdade racial 
No âmbito interno, um importante diploma que trata do tema é o Estatuto da Igualdade Racial (Lei n. 
12.288/10) destinado a garantir à população negra a efetivação da igualdade de oportunidades, a defesa dos 
direitos étnicos individuais, coletivos e difusos e o combate à discriminação e às demais formas de intolerância. 
 
 
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P á g i n a 34 
 
 
• Deverão ser apresentados a cada 4 anos.RELATÓRIOS 
• Previstas no protocolo facultativo.PETIÇÕES INDIVIDUAIS
• Previstas no protocolo facultativo.INVESTIGAÇÕES IN LOCO
Convenção sobre a eliminação de todas as formas de discriminação contra a mulher 
Introdução 
A convenção sobre a eliminação de todas as formas de discriminação contra a mulher foi promulgada no 
Brasil pelo Decreto n. 4.377/79, tendo sido devidamente incorporada ao ordenamento brasileiro. 
Conceito 
O art. 1º da convenção conceitua discriminação contra a mulher como toda a distinção, exclusão ou 
restrição baseada no sexo e que tenha por objeto ou resultado prejudicar ou anular o reconhecimento, gozo 
ou exercício pela mulher, com base na igualdade do homem e da mulher, dos direitos humanos e liberdades 
fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural e civil ou em qualquer outro campo. 
Vertentes de atuação 
Para cumprir os objetivos da convenção, o Estado deverá atuar em duas vertentes: 
REPRESSIVA 
É a proibição de discriminação contra a mulher com a criação de 
tipos penais descrevendo as condutas e as respectivas sanções. 
PROMOCIONAL 
É a promoção de políticas públicas compensatórias em busca da 
igualdade material (são as chamadas ações afirmativas). 
Mecanismos de fiscalização 
A convenção instituiu o Comitê sobre a eliminação da discriminação contra a mulher, composto de 23 
peritos de grande prestígio moral e competência na área, que serão eleitos, para um mandato de 4 anos, pelos 
Estados-parte entre seus nacionais e exercerão suas funções a título pessoal. O Comitê apreciará/fará: 
 
 
 
 
 
 
 
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P á g i n a 35 
 
 
Convenção sobre o direito das crianças 
Introdução 
A convenção sobre os direitos da criança foi promulgada no Brasil pelo Decreto n. 99.714/90, tendo sido 
devidamente incorporada ao ordenamento brasileiro. 
Conceito 
O art. 1º da convenção conceitua criança como todo ser humano com menos de 18 anos de idade, a não 
ser que, em conformidade com a lei aplicável à criança, a maioridade seja alcançada antes. 
 ATENÇÃO 
O conceito previsto na convenção não diferencia criança e adolescente como faz o ECA, que considera 
CRIANÇA a pessoa de até 12 anos de idade incompletos e ADOLESCENTE aquela entre 12 e 18 anos. 
Vertentes de atuação 
Os Estados-partes adotarão todas as medidas administrativas, legislativas e de outra índole com vistas 
à implementação dos direitos reconhecidos na Convenção. 
Com relação aos direitos econômicos, sociais e culturais, as medidas deverão ser adotadas utilizando ao 
máximo os recursos disponíveis e, quando necessário, dentro de um quadro de cooperação internacional. 
Mecanismos de fiscalização 
A convenção instituiu o Comitê para os Direitos da Criança, composto de 10 especialistas de reconhecida 
integridade moral e competência na área, escolhidos, em votação secreta, de uma lista de pessoas indicadas 
pelos Estados, para um mandato de 4 anos. O único mecanismo previsto na convenção é o relatório, que deverá 
ser enviado pelos Estados a cada 5 anos e sempre que o Comitê solicitar. 
Protocolos facultativos 
Além do documento principal, há os seguintes protocolos facultativos: 
PRIMEIRO Prevê regras sobre coibição de venda, prostituição e pornografia infantis. 
SEGUNDO Prevê regras para evitar o envolvimento de menores de 18 anos em conflitos armados. 
 
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P á g i n a 36 
 
 
INTOLERÂNCIA INVISIBILIDADE ASSISTENCIALISMO
GARANTIA DOS 
DIREITOS HUMANOS
Convenção sobre os direitos da pessoa com deficiência 
Evolução da proteção 
Flávia Piovesan aponta as seguintes fases de evolução da proteção da pessoa com deficiência: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Natureza constitucional 
Conforme veremos mais adiante, os tratados de direitos humanos aprovados por 3/5 dos votos, em 2 
turnos, em ambas as casas do Congresso Nacional (mesmo procedimento de aprovação de emendas 
constitucionais) são incorporados com status de emenda constitucional. É o caso da convenção ora estudada. 
Ademais, as normas da convenção são cláusulas pétreas, por previsão do art. 60, § 4º, IV, da CRFB/88, 
que veda a proposta de emenda tendente a ABOLIR os direitos e garantias individuais. 
Conceito 
O art. 1º da convenção conceitua pessoas com deficiência como aquelas que têm impedimentos de longo 
prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem 
obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas. 
Vertentes de atuação 
Os Estados deverão adotar todas as medidas legislativas, administrativas e de qualquer outra natureza, 
necessárias para a realização dos direitos reconhecidos na Convenção. 
 
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P á g i n a 37 
 
 
• Deverão ser apresentados a cada 4 anos.RELATÓRIOS 
• Previstas no protocolo facultativo.PETIÇÕES INDIVIDUAIS
• Previstas no protocolo facultativo.INVESTIGAÇÕES IN LOCO
Mecanismos de fiscalização 
A convenção instituiu o Comitê sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, composto de 18 peritos, 
que atuarão a título pessoal e apresentarão elevada postura moral, competência e experiência reconhecidas 
na área. Esses peritos serão eleitos pelos Estados para mandato de 4 anos. O Comitê apreciará/fará: 
 
 
 
 
 
 
 
Convenção relativa ao estatuto dos refugiados 
Introdução 
A convenção relativa ao estatuto dos refugiados inicialmente continha uma limitação temporal (refugiados 
até 01/01/1951) e uma limitação geográfica (refugiados europeus) em sua aplicação. Mais tarde, foi adotado um 
protocolo facultativo retirando essas limitações. Ambos os documentos foram incorporados pelo Brasil: 
DOCUMENTO PRINCIPAL Promulgado pelo Decreto n. 50.215/61. 
PROTOCOLO FACULTATIVO Promulgado pelo Decreto n. 70.946/72 c/c Decreto n. 99.757/90. 
Conceito 
Após a retirada das limitações, pode-se dizer que refugiada é a pessoa perseguida ou com fundado 
temor de perseguição por razões de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou posições políticas, se encontra 
fora de seu país de nacionalidade/residência e não quer ou não pode voltar. 
Cessação da condição 
A convenção deixa de ser aplicada se a pessoa: 
1 Voltou a valer-se da proteção do país de que é nacional. 
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P á g i n a 38 
 
 
2 Havendo perdido a nacionalidade, a recuperou voluntariamente. 
3 Adquiriu nova nacionalidade e goza da proteção do país cuja nacionalidade adquiriu. 
4 
Voltou a estabelecer-se, voluntariamente: 
o No país que abandonou. 
o No país em que permaneceu com medo de ser perseguido. 
5 
Por terem deixado de existir as circunstâncias em consequência das quais foi reconhecida como 
refugiada, não pode mais continuar recusando a proteção do país de que é nacional. 
Deveres do Estado 
O Estado que recebe refugiados tem os deveres de:1 Não discriminação. 
2 Igual tratamento aos nacionais. 
Proibição do rechaço 
Nenhum dos Estados signatários expulsará ou rechaçará, de forma alguma, um refugiado para as 
fronteiras dos territórios em que sua vida ou liberdade seja ameaçada, EXCETO: 
1 O refugiado que, por motivos sérios, seja considerado um perigo à segurança do país, OU 
2 
O refugiado que, tendo sido condenado definitivamente por um crime ou delito particularmente grave, 
constitua ameaça para a comunidade do referido país. 
Estatuto dos refugiados 
No âmbito interno, o estatuto dos refugiados reconhece como refugiado todo indivíduo que: 
1 
Devido a fundados temores de perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social 
ou opiniões políticas encontre-se fora de seu país e não possa ou não queira estar lá. 
2 
Não tendo nacionalidade e estando fora do país onde antes teve sua residência habitual, não possa 
ou não queira regressar a ele, em função das circunstâncias descritas no inciso anterior. 
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P á g i n a 39 
 
 
3 
Devido a grave e generalizada violação de direitos humanos, é obrigado a deixar seu país de 
nacionalidade para buscar refúgio em outro país. 
Não se beneficiarão da condição de refugiado os indivíduos que: 
1 
Já desfrutem de proteção ou assistência por parte de organismo ou instituição das Nações Unidas 
que não o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados – ACNUR. 
2 Sejam residentes no território nacional e tenham direitos e obrigações de nacional brasileiro. 
3 
Tenham cometido crime contra a paz, crime de guerra, crime contra a humanidade, crime hediondo, 
participado de atos terroristas ou tráfico de drogas. 
4 Sejam considerados culpados de atos contrários aos fins e princípios das Nações Unidas. 
O refugiado terá direito aos seguintes documentos: 
1 Cédula de identidade comprobatória de sua condição jurídica. 
2 Carteira de trabalho. 
3 Documento de viagem. 
O refúgio pode ser solicitado para a autoridade que trabalha nas fronteiras, competindo a decisão ao 
CONARE (Comitê Nacional para os Refugiados), com recurso, no prazo de 15 dias, para o Ministro da Justiça. 
Convenção sobre os direitos dos trabalhadores migrantes e suas famíl ias 
Introdução 
A convenção internacional sobre a proteção dos direitos de todos os trabalhadores migrantes de dos 
membros de suas famílias foi editada em 1990, mas ainda não foi ratificada pelo Brasil. 
Conceito 
O art. 1º da convenção conceitua trabalhador migrante como a pessoa que vai exercer, exerce ou 
exerceu uma atividade remunerada num Estado de que não é nacional. Esses trabalhadores podem ser: 
DOCUMENTADOS 
Serão considerados documentados ou em situação regular se forem autorizados 
a entrar, permanecer e exercer atividade remunerada no Estado de emprego. 
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P á g i n a 40 
 
 
NÃO DOCUMENTADOS 
Serão considerados não documentados ou em situação irregular se não 
preencherem as condições enunciadas acima. 
Não aplicação 
A convenção NÃO se aplica: 
1 
Às pessoas enviadas ou empregadas por organizações e organismos internacionais, nem às pessoas 
enviadas ou empregadas por um Estado fora do seu território para desempenharem funções oficiais. 
2 
Às pessoas enviadas ou empregadas por um Estado ou por conta desse Estado fora do seu território 
que participam em programas de desenvolvimento e noutros programas de cooperação. 
3 Às pessoas que se instalam num Estado diferente do seu na qualidade de investidores. 
4 
Aos refugiados e apátridas, SALVO disposição em contrário da legislação nacional pertinente do 
Estado Parte interessado ou de instrumentos internacionais em vigor para esse Estado. 
5 Aos estudantes e estagiários. 
6 
Aos marítimos e aos trabalhadores de estruturas marítimas que não tenham sido autorizados a residir 
ou a exercer uma atividade remunerada no Estado de emprego. 
Dever do Estado 
Os Estados signatários devem se comprometer a respeitar e a garantir os direitos previstos na 
Convenção para todos os trabalhadores migrantes e membros das suas famílias que se encontrem no seu 
território e sujeitos à sua jurisdição, sem distinção alguma, independentemente de qualquer consideração de raça, 
cor, sexo, língua, religião ou convicção, ou de qualquer outra situação. Dentre esses direitos, destacam-se: 
1 Sindicalização. 
2 Igualdade de tratamento quanto à demissão. 
3 Igualdade de tratamento tributário e vedação ao bis in idem. 
 
 
 
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P á g i n a 4 1 
 
 
• Deverão ser apresentados a cada 5 anos.RELATÓRIOS 
• Dependem de aceitação do Estado-parte.COMUNICAÇÕES INTERESTATAIS
Mecanismos de fiscalização 
A convenção instituiu o Comitê para a proteção dos direitos de todos os trabalhadores migrantes e dos 
membros das suas famílias, composto de 14 peritos de alta autoridade moral, imparcialidade e competência na 
área. Esses peritos serão eleitos pelos Estados para mandato de 4 anos. O Comitê apreciará: 
 
 
 
 
 
Convenção para a prevenção e repressão do crime de genocídio 
Introdução 
A convenção para a prevenção e repressão do crime de genocídio foi promulgada no Brasil pelo Decreto 
n. 30.822/52, tendo sido devidamente incorporada ao ordenamento brasileiro. 
Conceito 
De acordo com o art. 2º da convenção, entende-se por genocídio qualquer dos seguintes atos, cometidos 
com a intenção de destruir no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso, como tal: 
1 Matar membros do grupo. 
2 Causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo. 
3 Submeter o grupo a condição de existência capaz de ocasionar-lhe a destruição física total ou parcial. 
4 Adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio de grupo. 
5 Efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo. 
Atos puníveis 
Serão punidos os seguintes atos: 
1 O genocídio. 
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P á g i n a 42 
 
 
2 A associação de pessoas para cometer o genocídio. 
3 A incitação direta e pública a cometer o genocídio. 
4 A tentativa de genocídio. 
5 A coautoria no genocídio. 
Compromissos assumidos 
Os signatários assumem o compromisso de tomar as medidas legislativas necessárias a assegurar as 
aplicações das disposições da convenção, e, sobretudo, a estabelecer sanções penais eficazes aplicáveis às 
pessoas culpadas de genocídio ou de qualquer dos outros atos enumerados acima. 
Convenção contra a tortura e tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes 
Introdução 
A convenção contra a tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes foi 
promulgada no Brasil pelo Decreto n. 40/91, tendo sido devidamente incorporada ao ordenamento brasileiro. 
Conceito 
O art. 1ª da convenção define tortura como qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos agudos, físicos 
ou mentais, são infligidos intencionalmente a uma pessoa A FIM DE: 
1 Obter, dela ou de uma terceira pessoa, informações ou confissões. 
2 Castigá-la por ato que ela ou uma terceira pessoa tenha cometido ou seja suspeita de ter cometido. 
3 Intimidar ou coagir esta pessoa ou outras pessoas. 
• • • ou por qualquer motivo baseado em discriminação de qualquer natureza. 
• • • quando tais dores ou sofrimentos são infligidos por um funcionário público ou outra pessoa no exercício 
de funções públicas, ou por sua instigação, ou com o seu consentimento ou aquiescência. 
 ATENÇÃO 
Na lei de tortura (Lei n. 9.455/97) não há necessidade de ser funcionário público ou ter relação com ele. 
Não se considerará como tortura as dores ou sofrimentos que sejam consequência unicamente de 
sanções legítimas, ou que sejam inerentes a tais sanções ou delas decorram. 
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P á g i n a 43 
 
 
• Deverão serapresentados a cada 4 anos.RELATÓRIOS 
• Depende da aceitação de ambos os Estados.COMUNICAÇÕES INTERESTATAIS
• Depende de habilitação do Comitê pelo Estado.PETIÇÕES INDIVIDUAIS 
• Depende de autorização do Estado investigado.INVESTIGAÇÕES IN LOCO
Deveres do Estado 
Os signatários deverão tomar medidas eficazes de caráter legislativo, administrativo, judicial ou de outra 
natureza, a fim de impedir a prática de atos de tortura em qualquer território sob sua jurisdição. 
Nenhum Estado-parte procederá à expulsão, devolução ou extradição de uma pessoa para outro Estado 
quando houver razões substanciais para crer que ela corre perigo de ali ser submetida a tortura. 
Ademais, os crimes definidos na convenção serão considerados como extraditáveis em qualquer tratado 
de extradição existente entre os Estados-parte. Além disso, os Estados-parte deverão incluir tais crimes como 
extraditáveis em todo tratado de extradição que vierem a concluir entre si. 
Mecanismos de fiscalização 
A convenção instituiu o Comitê contra a tortura, composto de 10 peritos de elevada reputação moral e 
reconhecida competência em matéria de direitos humanos, que serão eleitos, para um mandato de 4 anos, pelos 
Estados-parte dentre seus nacionais e que atuarão a título individual. O Comitê apreciará/fará: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Protocolo facultativo 
O protocolo facultativo, promulgado pelo Decreto n. 6.085/07, estabeleceu um sistema de visitas 
regulares efetuadas por órgãos nacionais e internacionais independentes a lugares onde pessoas são privadas 
de liberdade, com a intenção de prevenir a tortura e tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes. 
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P á g i n a 44 
 
 
• Deverão ser apresentados a cada 2 anos.RELATÓRIOS 
• Depende da aceitação de ambos os Estados.COMUNICAÇÕES INTERESTATAIS
• Depende de habilitação do Comitê pelo Estado.PETIÇÕES INDIVIDUAIS 
• Depende de autorização do Estado investigado.INVESTIGAÇÕES IN LOCO
Convenção para a proteção contra o desaparecimento forçado 
Introdução 
A convenção internacional para a proteção de todas as pessoas contra o desaparecimento forçado foi 
promulgada no Brasil pelo Decreto n. 8.767/16, tendo sido devidamente incorporada ao ordenamento brasileiro. 
Conceito 
O art. 2º da convenção conceitua desaparecimento forçado como a prisão, a detenção, o sequestro ou 
qualquer outra forma de privação de liberdade que seja perpetrada por agentes do Estado ou por pessoas ou 
grupos de pessoas agindo com a autorização, apoio ou aquiescência do Estado, e a subsequente recusa em 
admitir a privação de liberdade ou a ocultação do destino ou do paradeiro da pessoa desaparecida. 
Mecanismos de fiscalização 
A convenção instituiu o Comitê contra desaparecimentos forçados, composto de 10 peritos de elevado 
caráter moral e de reconhecida competência em matéria de direitos humanos, que serão eleitos, para um 
mandato de 4 anos, pelos Estados-parte dentre seus nacionais. O Comitê apreciará/fará: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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P á g i n a 45 
 
 
Tribunal Penal Internacional 
Introdução 
Um dos principais precedentes do Tribunal Penal Internacional – TPI foi o Tribunal de Nuremberg, uma 
instância internacional para julgamento dos crimes de guerra, com o objetivo de responsabilização internacional 
dos atos praticados pelos nazistas. O Tribunal de Nuremberg foi um tribunal de exceção. 
Foi com o Estatuto de Roma, promulgado pelo Decreto n. 4.388/02, que foi criado o Tribunal Penal 
Internacional, um sistema de justiça internacional complementar às cortes nacionais, que tem por principal função 
o processo e julgamento de acusados de crimes internacionais graves. 
Competência 
A competência do Tribunal restringir-se-á aos crimes mais graves, que afetam a comunidade internacional 
no seu conjunto. Assim, o Tribunal terá competência para julgar os seguintes crimes: 
1 O crime de genocídio. 
2 Crimes contra a humanidade. 
3 Crimes de guerra. 
4 O crime de agressão. 
Legitimidade 
Legitimidade ativa 
Podem promover um processo perante o TPI: 
1 Estados-parte. 
2 Conselho de Segurança da ONU. 
3 Promotor. 
Legitimidade passiva 
TODAS as pessoas maiores de 18 anos podem ser julgadas pelo TPI, sejam autores, coautores ou 
partícipes, INCLUSIVE chefes de Estado (não há imunidade que impeça a responsabilização). 
 
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P á g i n a 46 
 
 
Sanções 
O Tribunal pode condenar a: 
SANÇÕES PENAIS 
Executando-se a pena no Estado designado pelo TPI, sendo facultado aos 
Estados se oferecerem em lista prévia. 
SANÇÕES CIVIS Reparações pagas à vítima pelo condenado. 
Diferenciações importantes 
Por fim, é importante saber diferenciar os seguintes órgãos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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MONITORAMENTO
COMISSÃO
Decisões declaratóras 
de violação/não violação
Sem força jurídica 
vinculante
CORTE
Sentenças 
condenatórias
Com força jurídica 
vinculante
SISTEMAS REGIONAIS DE PROTEÇÃO 
Introdução 
Finalidade 
Concomitantemente à criação da ONU, foram também criados sistemas regionalizados, cuja finalidade é 
atender a peculiaridades geográficas e culturais relativas à proteção dos Direitos Humanos e incentivar os 
consensos políticos sobre os pactos adotados, tendo em vista serem formados por menos Estados. 
Os sistemas regionais coexistem de forma complementar ao sistema global da ONU, não havendo entre 
eles qualquer relação de hierarquia ou instância. Uma vez acessado um sistema, o caso gera litispendência 
internacional, impedindo novo acesso a qualquer outro sistema de proteção sob o mesmo fundamento. 
Sistemas 
Atualmente, tem-se os seguintes sistemas regionais 
1 Sistema Europeu. 
Veremos brevemente os sistemas Europeu e Africano. Já o sistema 
Americano, veremos com mais detalhes. 
2 Sistema Africano. 
3 Sistema Americano. 
Não há, ainda, a formação de sistemas árabes ou asiáticos. 
Monitoramento 
O sistema regional possui os seguintes mecanismos de monitoramento: 
 
 
 
 
 
 
 
 
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P á g i n a 48 
 
 
Sistema Europeu 
Constituição 
O sistema europeu de proteção de direitos humanos foi constituído pela Convenção Europeia de Direitos 
Humanos e é composto, além desse documento generalista, por convenções específicas. 
Direitos previstos 
A Convenção Europeia de Direitos Humanos prevê apenas direitos de 1ª dimensão (civis e políticos) e as 
convenções específicas preveem direitos específicos (ex.: convenção para a proteção de minorias nacionais). 
Monitoramento 
Originalmente foram previstas a Comissão e a Corte de Direitos Humanos, mas a Comissão foi extinta 
pelo 11º Protocolo à convenção. Assim, restou a Corte, com competência contenciosa e consultiva. 
Sistema Africano 
Constituição 
O sistema africano de proteção de direitos humanos foi constituído pela Carta Africana dos Direitos 
Humanos e dos Povos, sendo também composto por convenções específicas. 
 IMPORTANTE 
O documento generalista que constitui o sistema africano traz um novo paradigma coletivista (“dos povos”), 
contrapondo-se às expressões “direitos do homem” e “direitos do cidadão”. 
Direitos previstos 
A Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos une os direitos civis e políticos aos econômicos, 
sociais e culturais, atribuindo-lhes igual força jurídica. Além disso, ela consagra o direito dos povos sobre seus 
recursos naturais e o direito à autodeterminação dos povos, como forma de combate ao colonialismo. 
Monitoramento 
O sistema de monitoramento é composto pelos seguintes órgãos: 
1 Comissão Africana de Direitos Humanos. 
2 Corte Africana de Direitos Humanos. 
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Sistema Americano 
Organização dos Estados Americanos – OEA 
Conceito 
A Organização dos Estados Americanos – OEA é uma organização internacional constituída pela Carta 
da OEA, de 1948, que entrou em vigor em 1951. Essa organização tem como principal objetivo a promoção da 
solidariedade e cooperação dos países americanos, além de atuar na defesa dos direitos humanos. 
Propósitos 
Para realizar os princípios em que se baseia e para cumprir com suas obrigações regionais, de acordo 
com a Carta das Nações Unidas, a OEA estabelece como propósitos essenciais os seguintes: 
1 Garantir a paz e a segurança continentais. 
2 Promover e consolidar a democracia representativa, respeitado o princípio da não-intervenção. 
3 Prevenir as possíveis causas de dificuldades e assegurar a solução pacífica das controvérsias. 
4 Organizar a ação solidária em caso de agressão. 
5 Procurar a solução dos problemas políticos, jurídicos e econômicos que surgirem entre os Estados. 
6 Promover, por meio da ação cooperativa, seu desenvolvimento econômico, social e cultural. 
7 Erradicar a pobreza crítica, que constitui um obstáculo ao pleno desenvolvimento democrático. 
8 
Alcançar uma efetiva limitação de armamentos convencionais que permita dedicar a maior soma de 
recursos ao desenvolvimento econômico-social dos Estados membros. 
Convenção Americana sobre Direitos Humanos 
Introdução 
O principal instrumento para a implementação dos Direitos Humanos na OEA é a Convenção Americana 
sobre Direitos Humanos ou Pacto de São José da Costa Rica, promulgado no Brasil pelo Decreto n. 678/92. 
Direitos previstos 
O Pacto de São José da Costa Rica prevê o rol de direitos civis e políticos e apenas menciona direitos 
econômicos, sociais e culturais, cujo rol é previsto no Protocolo de São Salvador. Assim: 
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PACTO DE SÃO JOSÉ DA COSTA RICA
Direitos civis e políticos
PROTOCOLO DE SÃO SALVADOR
Econômicos, sociais e culturais
 
 
 
 
 
Destacaremos, aqui, alguns dos direitos civis e políticos do Pacto. 
Direito à vida 
O Pacto protege o direito à vida desde a concepção, vedando a privação arbitrária da vida desde esse 
momento. Ademais, ainda sobre esse tema, há as seguintes considerações quanto à pena de morte: 
1 Não se pode restabelecer a pena de morte nos Estados que a hajam abolido. 
2 
Nos países que não houverem abolido a pena de morte, esta só poderá ser imposta pelos delitos mais 
graves, em cumprimento de sentença final de tribunal competente e em conformidade com lei que 
estabeleça tal pena, promulgada antes de haver o delito sido cometido. 
3 
Em NENHUM caso pode a pena de morte ser aplicada por delitos políticos, nem por delitos comuns 
conexos com delitos políticos. 
Também NÃO se deve impor a pena de morte a pessoa que for: 
1 No momento do cometimento do delito, menor de 18 anos ou maior de 70. 
2 Mulher em estado de gravidez. 
Trabalhos forçados 
Em regra, são proibidos os trabalhos forçados. Excepcionalmente, pode haver pena privativa de liberdade 
acompanhada de trabalhos forçados, mediante decisão judicial, que não pode afetar a dignidade e a capacidade 
física ou mental do preso. Não são considerados trabalhos forçados: 
1 
Os trabalhos ou serviços normalmente exigidos de pessoa reclusa em cumprimento de sentença ou 
resolução formal expedida pela autoridade judiciária competente. 
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P á g i n a 5 1 
 
 
2 
O serviço militar e, nos países onde se admite a isenção por motivos de consciência, o serviço nacional 
que a lei estabelecer em lugar daquele. 
3 O serviço imposto em casos de perigo/calamidade que ameace a existência/bem-estar da comunidade. 
4 O trabalho ou serviço que faça parte das obrigações cívicas normais. 
Prisão do depositário infiel 
O Pacto de São José da Costa Rica veda a prisão civil por dívida. Por esse motivo e por ter o Pacto, 
no ordenamento jurídico brasileiro, status supralegal, passou a ser vedada a prisão civil do depositário infiel 
(prevista no art. 5º, LXVII, da CRFB/88), entendimento este consolidado por súmula vinculante: 
SÚMULA VINCULANTE 25 
É ILÍCITA a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade de depósito. 
Direito de suspensão 
Em caso de guerra, de perigo público, ou de outra emergência que ameace a independência ou segurança 
do Estado-parte, este poderá adotar disposições que, na medida e pelo tempo estritamente limitados às 
exigências da situação, suspendam as obrigações contraídas em virtude desta Convenção, desde que: 
1 Tais disposições não sejam incompatíveis com as demais obrigações do Direito Internacional. 
2 Não encerrem discriminação fundada em motivos de raça, cor, sexo, idioma, religião ou origem social. 
Entretando não é autorizada a suspensão dos seguintes direitos: 
1 Direito ao reconhecimento da personalidade jurídica. 
2 Direito à vida. 
3 Direito à integridade pessoal. 
4 Proibição da escravidão e servidão. 
5 Princípio da legalidade e da retroatividade. 
6 Liberdade de consciência e de religião. 
7 Proteção da família. 
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P á g i n a 52 
 
 
8 Direito ao nome. 
9 Direitos da criança. 
10 Direito à nacionalidade. 
11 Direitos Políticos 
• • • nem das garantias indispensáveis para a proteção de tais direitos. 
Cláusula federal 
Quando se tratar de um Estado-parte constituído como Estado federal, o governo nacional do aludido 
Estado-parte cumprirá todas as disposições da convenção, relacionadas com as matérias sobre as quais exerce 
competência legislativa e judicial. Assim, por exemplo, o Brasil não pode alegar que determinada obrigação foi 
descumprida por um de seus Estados-membros, sendo a responsabilidade do governo federal. 
Mecanismos de fiscalização 
O Pacto prevê a Comissão Interamericana dos Direitos Humanos (de natureza executiva) e a Corte 
Interamericana dos Direitos Humanos (de natureza jurisdicional), sendo a Comissão responsável por receber 
relatórios, comunicações interestatais e petições individuais, bem como realizar investigações de ofício. 
Comissão Interamericana dos Direitos Humanos 
Composição 
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos compor-se-á de 7 membros, que deverão ser pessoas 
de alta autoridade moral e de reconhecido saber em matéria de direitos humanos. Esses membros serão eleitos 
para um mandato de 4 anos pela Assembleia-Geral da Organização, de uma lista apresentada pelos Estados. 
Funções 
Flávia Piovesan elenca as seguintes funções da Comissão: 
CONCILIADORA Conciliar interesses em casos de violações de Direitos Humanos. 
ASSESSORA Aconselhar os Estados a adotarem medidas de proteção. 
CRÍTICA Informar, após as recomendações, que as violações persistem. 
LEGITIMATORA Quando há a reparação de violações por um Estado após sua recomendação. 
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P á g i n a 53 
 
 
PROMOTORA Efetuar estudos e pesquisas no sentido da promoção dos Direitos Humanos. 
PROTETORA Intervir em casos urgentes, solicitando que um Estado suspenda a ação violadora. 
Mecanismos 
A Comissão apreciará relatórios, comunicações interestatais (cláusula facultativa) e petições individuais 
(cláusula obrigatória ), sendo que, em relação às petições individuais, são legitimados: 
1 A vítima da violação. 
2 Grupos de pessoas. 
3 ONG’s legalmente reconhecidas. 
Para que uma petição ou comunicação apresentada seja admitida, será necessário: 
1 Que sejam esgotados os recursos internos. 
2 Que seja apresentada dentro de 6 meses após a notificação do prejudicado da decisão definitiva. 
3 Que a matéria não esteja pendente de outro processo de solução internacional. 
4 No caso da petição, que ela contenha a qualificação do autor/autores. 
Há, ainda, a possibilidade de investigações in loco.No caso do Brasil, o governo fez uma reserva no 
sentido de que essas investigações não são automáticas, dependendo de anuência expressa. 
Corte Interamericana dos Direitos Humanos 
Composição 
A Corte compor-se-á de 7 juízes, nacionais dos Estados-Membros da Organização, eleitos para um 
mandato de 6 anos a título pessoal dentre juristas da mais alta autoridade moral, de reconhecida competência 
em matéria de direitos humanos, que reúnam as condições requeridas para o exercício das mais elevadas funções 
judiciais, de acordo com a lei do Estado do qual sejam nacionais, ou do Estado que os propuser como candidatos. 
Não deve haver dois juízes da mesma nacionalidade. 
 
 
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P á g i n a 54 
 
 
Competência 
A Corte possui competência: 
CONTENCIOSA Resolução de litígios. 
CONSULTIVA Respostas a questionamentos. 
Legitimados 
Possuem legitimidade ativa para ingressar na Corte: 
1 Os Estados-parte. 
2 A Comissão Interamericana de Direitos Humanos. 
Decisões 
As decisões da Corte podem ser: 
LIMINARES São medidas provisórias em casos de urgência. 
FINAIS 
São decisões definitivas, contra as quais não cabem recursos. 
o OBS.: cabe pedido de esclarecimento no prazo de 90 dias. 
Protocolo de São Salvador 
Introdução 
Conforme vimos, o Protocolo de São Salvador, adicional ao Pacto de São José da Costa Rica, veio para 
trazer especificamente os direitos econômicos, sociais e culturais, a serem implementados de forma progressiva. 
No ordenamento jurídico brasileiro, ele foi incorporado pelo Decreto n. 3.321/99. 
Mecanismos de fiscalização 
O referido protocolo contém os seguintes mecanismos de fiscalização: 
1 Relatórios. 
2 
Petições individuais, que são RESTRITAS às seguintes hipóteses: 
o Violação à liberdade sindical. 
o Violação ao direito à educação. 
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P á g i n a 55 
 
 
DIREITOS HUMANOS NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO 
Introdução 
No ordenamento jurídico brasileiro há diversas frentes de proteção aos direitos humanos, como o 
programa e as políticas nacionais de direitos humanos, órgãos específicos de proteção (ex.: Comissão Nacional 
dos Direitos Humanos, CONARE e Comissão da Verdade), além de importantes dispositivos da CRFB/88. 
Política Nacional de Direitos Humanos 
Conceito 
A Política Nacional de Direitos Humanos pode ser definida como a colocação da promoção e da 
implementação dos Direitos Humanos como eixos centrais da República, em alinhamento às normas internacionais 
de proteção. Nesse sentido, além da CRFB/88, foram editados programas nacionais de direitos humanos e 
normas específicas de proteção (como o ECA, o Estatuto do Idoso, a Lei Maria da Penha etc.). 
Programas Nacionais de Direitos Humanos 
Acerca dos programas nacionais de direitos humanos, vejamos um breve quadro comparativo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROGRAMA NACIONAL DE 
DIREITOS HUMANOS 1
Decreto n. 1.904/96
(Governo FHC)
Direitos civis e políticos
Não previa mecanismos de 
implementação
PROGRAMA NACIONAL DE 
DIREITOS HUMANOS 2
Decreto n. 4.229/02
(Governo Lula)
Direitos econômicos, sociais e 
culturais
Previa mecanismos de 
monitoramento e destinação 
de recursos
PROGRAMA NACIONAL DE 
DIREITOS HUMANOS 3
Decreto n. 7.037/09
(Governo Lula)
Contempla as 3 dimensões de 
direitos
Prevê a implementação 
transversal, considerando a 
indivisibilidade e a interdepência 
dos direitos humanos
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Conselho Nacional de Direitos Humanos 
Introdução 
O antigo Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana foi transformado em Conselho Nacional 
dos Direitos Humanos – CNDH pela Lei n. 12.986/14, com a finalidade de promoção e defesa dos direitos humanos 
mediante ações preventivas, protetivas, reparadoras e sancionadoras. 
Constituem direitos humanos sob a proteção do CNDH os direitos e garantias fundamentais, individuais, 
coletivos ou sociais previstos na CRFB/88 ou nos tratados e atos internacionais celebrados pelo Brasil. 
 ATENÇÃO 
A defesa dos direitos humanos pelo CNDH INDEPENDE de provocação do(s) ofendido(s). 
Composição 
O Conselho Nacional dos Direitos Humanos - CNDH é integrado pelos seguintes membros: 
REPRESENTANTES DE 
ÓRGÃOS PÚBLICOS 
o Secretário Especial dos Direitos Humanos. 
o Procurador-Geral da República. 
o 2 Deputados Federais. 
o 2 Senadores. 
o 1 de entidade de magistrados. 
o 1 do Ministério das Relações Exteriores. 
o 1 do Ministério da Justiça. 
o 1 da Polícia Federal. 
o 1 da Defensoria Pública da União. 
REPRESENTANTES DA 
SOCIEDADE CIVIL 
o 1 da OAB, indicado pelo Conselho Federal da entidade. 
o 9 de organizações da sociedade civil de abrangência nacional e com 
relevantes atividades relacionadas à defesa dos direitos humanos. 
o 1 do Conselho Nacional dos Procuradores-Gerais do Ministério 
Público dos Estados e da União. 
 
 
 
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Competência 
O CNDH é o órgão incumbido de velar pelo efetivo respeito aos direitos humanos por parte dos poderes 
públicos, dos serviços de relevância pública e dos particulares, competindo-lhe: 
1 
Promover medidas necessárias à prevenção, repressão, sanção e reparação de condutas e situações 
contrárias aos direitos humanos, inclusive os previstos em tratados e atos internacionais ratificados 
no País, e apurar as respectivas responsabilidades. 
2 Fiscalizar a política nacional de direitos humanos, podendo sugerir e recomendar diretrizes. 
3 
Receber representações ou denúncias de condutas ou situações contrárias aos direitos humanos e 
apurar as respectivas responsabilidades. 
4 
Expedir recomendações a entidades públicas e privadas envolvidas na proteção dos direitos humanos, 
fixando prazo razoável para o seu atendimento ou para justificar a impossibilidade de fazê-lo. 
5 
Articular-se com órgãos federais, estaduais, do Distrito Federal e municipais encarregados da 
proteção e defesa dos direitos humanos. 
6 
Manter intercâmbio e cooperação com entidades públicas ou privadas, nacionais ou internacionais, com 
o objetivo de dar proteção aos direitos humanos e demais finalidades previstas. 
7 
Acompanhar o desempenho das obrigações relativas à defesa dos direitos humanos resultantes de 
acordos internacionais, produzindo relatórios e prestando a colaboração que for necessária ao 
Ministério das Relações Exteriores. 
8 
Opinar sobre atos normativos, administrativos e legislativos de interesse da política nacional de direitos 
humanos e elaborar propostas legislativas e atos normativos relacionados à matéria. 
9 
Realizar estudos e pesquisas sobre direitos humanos e promover ações visando à divulgação da 
importância do respeito a esses direitos. 
10 
Recomendar a inclusão de direitos humanos nos currículos escolares, especialmente nos cursos de 
formação das polícias e dos órgãos de defesa do Estado e das instituições democráticas. 
11 
Dar especial atenção às áreas de maior ocorrência de violações de direitos humanos, podendo nelas 
promover a instalação de representações do CNDH pelo tempo que for necessário. 
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12 
Representar: 
o À autoridade competente para a instauração de inquérito policial ou procedimento 
administrativo, visando à apuração da responsabilidade por violações aos direitos humanos ou 
por descumprimento de sua promoção e aplicação das respectivas penalidades. 
o Ao Ministério Público para, no exercício de suas atribuições, promover medidas relacionadas 
com a defesa de direitos humanos ameaçados ou violados. 
o Ao PGR para fins de intervenção federal, na situação prevista na alínea b do inciso VII do art. 
34 da Constituição Federal (assegurar a observância dos direitos humanos). 
o Ao CongressoNacional, visando a tornar efetivo o exercício das competências de suas Casas 
e Comissões sobre matéria relativa a direitos humanos. 
13 
Realizar procedimentos apuratórios de condutas e situações contrárias aos direitos humanos e aplicar 
sanções de sua competência. 
14 
Pronunciar-se, por deliberação expressa da maioria absoluta de seus conselheiros, sobre crimes que 
devam ser considerados como violações a direitos humanos de excepcional gravidade, para fins de 
acompanhamento das providências necessárias a sua apuração, processo e julgamento. 
Prerrogativas 
Para a realização de procedimentos apuratórios de situações ou condutas contrárias aos direitos 
humanos, o CNDH goza das seguintes prerrogativas: 
1 Requisitar informações, documentos e provas necessárias às suas atividades. 
2 Requisitar o auxílio da PF ou de força policial, quando necessário ao exercício de suas atribuições. 
3 
Requerer aos órgãos públicos os serviços necessários à realização de diligências, vistorias, exames ou 
inspeções e ter acesso a bancos de dados de caráter público ou de serviços de relevância pública. 
Sanções 
Constituem sanções a serem aplicadas pelo CNDH: 
1 Advertência. 
2 Censura pública. 
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3 
Recomendação de afastamento de cargo, função ou emprego na administração pública direta, indireta 
ou fundacional da União, Estados, Distrito Federal, Territórios e Municípios do responsável por conduta 
ou situações contrárias aos direitos humanos. 
4 
Recomendação de que não sejam concedidos verbas, auxílios ou subvenções a entidades 
comprovadamente responsáveis por condutas ou situações contrárias aos direitos humanos. 
Comitê Nacional para os Refugiados 
Introdução 
Vimos alguns aspectos do Estatuto dos Refugiados (Lei n. 9.474/97) e agora veremos mais 
especificamente o CONARE, órgão de deliberação coletiva, no âmbito do Ministério da Justiça. 
Composição 
O CONARE será constituído por: 
1 1 representante do Ministério da Justiça, que o presidirá. 
2 1 representante do Ministério das Relações Exteriores. 
3 1 representante do Ministério do Trabalho. 
4 1 representante do Ministério da Saúde. 
5 1 representante do Ministério da Educação e do Desporto. 
6 1 representante do Departamento de Polícia Federal. 
7 1 representante de ONG, que se dedique a atividades de assistência e proteção de refugiados. 
Competência 
Compete ao CONARE: 
1 Analisar o pedido e declarar o reconhecimento, em primeira instância, da condição de refugiado. 
2 
Decidir a cessação, em primeira instância, ex officio ou mediante requerimento das autoridades 
competentes, da condição de refugiado. 
3 Determinar a perda, em primeira instância, da condição de refugiado. 
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4 Orientar e coordenar as ações necessárias à proteção, assistência e apoio jurídico aos refugiados. 
5 Aprovar instruções normativas esclarecedoras à execução do Estatuto. 
Comissão Nacional da Verdade 
Introdução 
A Lei n. 12.528/11 criou a Comissão Nacional da Verdade, com a finalidade de examinar e esclarecer as 
graves violações de direitos humanos praticadas entre 18 de setembro de 1946 e 5 de outubro de 1988, a fim 
de efetivar o direito à memória e à verdade histórica e promover a reconciliação nacional. 
Composição 
A Comissão Nacional da Verdade, composta de forma pluralista, será integrada por 7 membros: 
1 Designados pelo Presidente da República. 
2 Dentre brasileiros. 
3 De reconhecida idoneidade e conduta ética. 
4 
Identificados com: 
o A defesa da democracia e da institucionalidade constitucional. 
o O respeito aos direitos humanos. 
NÃO poderão participar da Comissão Nacional da Verdade aqueles que: 
1 Exerçam cargos executivos em agremiação partidária, com exceção daqueles de natureza honorária. 
2 Não tenham condições de atuar com imparcialidade no exercício das competências da Comissão. 
3 Estejam exercendo cargo em comissão ou função de confiança em quaisquer esferas do poder público. 
Objetivos 
São objetivos da Comissão Nacional da Verdade: 
1 Esclarecer os fatos e as circunstâncias dos casos de graves violações de direitos humanos. 
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2 
Promover o esclarecimento circunstanciado dos casos de torturas, mortes, desaparecimentos 
forçados, ocultação de cadáveres e sua autoria, ainda que ocorridos no exterior. 
3 
Identificar e tornar públicos as estruturas, os locais, as instituições e as circunstâncias relacionados 
à prática de violações de direitos humanos e suas eventuais ramificações. 
4 
Encaminhar aos órgãos públicos competentes toda e qualquer informação obtida que possa auxiliar na 
localização e identificação de corpos e restos mortais de desaparecidos políticos. 
5 Colaborar com todas as instâncias do poder público para apuração de violação de direitos humanos. 
6 
Recomendar a adoção de medidas e políticas públicas para prevenir violação de direitos humanos, 
assegurar sua não repetição e promover a efetiva reconciliação nacional. 
7 
Promover, com base nos informes obtidos, a reconstrução da história dos casos de graves violações 
de direitos humanos, bem como colaborar para que seja prestada assistência às vítimas. 
Medidas 
Para execução dos objetivos, a Comissão Nacional da Verdade poderá: 
1 
Receber testemunhos, informações, dados e documentos que lhe forem encaminhados 
voluntariamente, assegurada a não identificação do detentor ou depoente, quando solicitada. 
2 
Requisitar informações, dados e documentos de órgãos e entidades do poder público, ainda que 
classificados em qualquer grau de sigilo. 
3 
Convocar, para entrevistas ou testemunho, pessoas que possam guardar qualquer relação com os 
fatos e circunstâncias examinados. 
4 Determinar perícias e diligências para coleta ou recuperação de informações, documentos e dados. 
5 Promover audiências públicas. 
6 
Requisitar proteção aos órgãos públicos para qualquer pessoa que se encontre em situação de ameaça 
em razão de sua colaboração com a Comissão Nacional da Verdade. 
7 
Promover parcerias com órgãos e entidades, públicos ou privados, nacionais ou internacionais, para o 
intercâmbio de informações, dados e documentos. 
8 Requisitar o auxílio de entidades e órgãos públicos. 
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Direitos Humanos na Constituição Federal 
Introdução 
A Constituição Federal de 1988 foi o marco jurídico na proteção dos direitos humanos no Brasil. Logo no 
art. 1º, III, a CRFB/88 elenca a dignidade da pessoa humana como um dos fundamentos da República. Além disso, 
os objetivos da República relacionam-se à busca pela dignidade da pessoa humana. Por fim, a prevalência dos 
direitos humanos é um dos princípios que regem as relações internacionais. 
Direitos e garantias fundamentais 
Os direitos e as garantias não se confundem: 
DIREITO 
FUNDAMENTAL 
São bens e vantagens prescritos na norma constitucional. 
o Ex.: direito à liberdade. 
GARANTIA 
FUNDAMENTAL 
São os instrumentos por meio dos quais se assegura o exercício dos aludidos direitos 
(preventivamente) ou prontamente os repara, caso violados. 
o Ex.: habeas corpus. 
As garantias, por sua vez, podem ser: 
PROCESSUAIS 
São os remédios constitucionais. 
o Ex.: habeas corpus. 
MATERIAIS 
São as garantias propriamente ditas. 
o Ex.: sigilo bancário (garante a privacidade). 
INSTITUCIONAIS 
São institutos que visam a garantia de direitos. 
o Ex.: separação de poderes (garante, dentre outros, a liberdade individual). 
Os direitos e garantias fundamentais são divididos nos seguintes grupos: 
1 Direitos e deveres individuais e coletivos (art. 5º). 
2 Direitos sociais (arts. 6º a 11). 
3 Direitos de nacionalidade (arts. 12 e 13). 
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• As normas sobre matérias em geral são equiparadas hierarquicamente
às normas infraconstitucionais.
LEI ORDINÁRIA
• As normas sobre direitos humanos, se não observarem a solenidade das
emendas constitucionais, ficam abaixo da CRFB/88 e acima das leis
infraconstitucionais (trata-se de lei ordinária, mas com status supralegal).
NORMA 
SUPRALEGAL
• As normas sobre direitos humanos aprovadas com a solenidade das
emendas constitucionais (3/5 dos votos, em 2 turnos, nas 2 casas do
Congresso Nacional) possuem status de emenda constitucional.
EMENDA 
CONSTITUCIONAL
4 Direitos políticos (arts. 14 a 16). 
5 Partidos políticos (art. 17) 
Acerca do rol de direitos, a CRFB/88 dispõe: 
1 As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata. 
2 
Os direitos e garantias expressos na Constituição NÃO EXCLUEM outros decorrentes do regime e 
dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que o Brasil seja parte. 
Por fim, é importante mencionar que os direitos e garantias individuais são cláusulas pétreas, não sendo 
possível proposta de emenda constitucional tendente a aboli-los (vedação do retrocesso). 
Tratados internacionais sobre direitos humanos 
Os tratados internacionais podem possuir os seguintes status: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atualmente, possuem status de emenda constitucional: 
1 Convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência e seu protocolo facultativo. 
2 
Tratado de Marraqueche para facilitar o acesso a obras publicadas às pessoas cegas, com deficiência 
visual ou com outras dificuldades de acesso ao texto impresso. 
3 Convenção interamericana contra o racismo, a discriminação racial e formas correlatas de intolerância. 
 
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IDC
FINALIDADE
Assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados 
internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte
LEGITIMIDADE Procurador-Geral da República - PGR
COMPETÊNCIA Superior Tribunal de Justiça - STJ
MOMENTO Em qualquer fase do inquérito ou processo
CONSEQUÊNCIA
Como consequência, a questão será federalizada (haverá o 
deslocamento da competência para a Justiça Federal)
Incidente de deslocamento de competência 
Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o PGR, com a finalidade de assegurar o 
cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja 
parte, poderá suscitar, perante o STJ, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento 
de competência para a Justiça Federal – IDC. Vejamos esse assunto de forma esquematizada: 
 
 
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