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2022-1932
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
(CIP) de acordo com ISBD
C735
Como passar OAB – Direito Civil [recurso eletrônico] / Wander Garcia ... [et al.]
; coordenado por Wander Garcia. - 19. ed. - Indaiatuba, SP : Editora Foco,
2023. 
90 p. : ePUB. – (Como Passar)
Inclui índice e bibliografia.
ISBN: 978-65-5515-858-8 (Ebook)
1. Direito. 2. Ordem dos Advogados do Brasil - OAB. 3. Exame de Ordem.
4. Direito Civil. I. Garcia, Wander. II. Dompieri, Ana Paula. III. Pinheiro,
Gabriela R. IV. Nicolau, Gustavo. V. Título. VI. Série.
CDD 347
CDU 347
Elaborado por Odilio Hilario Moreira Junior - CRB-8/9949
Índices para Catálogo Sistemático:
1. Direito 340 
2. Direito 34
2023 © Editora Foco
Coordenadores: Wander Garcia
Organizadora e cocoordenadora: Ana Paula Dompieri
Coorganizadora: Paula Morishita Autores: Wander Garcia, Ana Paula Dompieri, Arthur
Trigueiros, Bruna Vieira, Eduardo Dompieri, Gabriela R. Pinheiro, Gustavo Nicolau,
Henrique Subi, Hermes Cramacon, Luiz Dellore, Renan Flumian, Ricardo Quartim, Roberta
Densa, Robinson Barreirinhas, Rodrigo Bordalo, Savio Chalita e Teresa Melo
Diretor Acadêmico: Leonardo Pereira
Editor: Roberta Densa
Revisora Sênior: Georgia Renata Dias
Revisora: Simone Dias
Capa Criação: Leonardo Hermano
Diagramação: Ladislau Lima e Aparecida Lima
Produção ePub: Booknando
DIREITOS AUTORAIS: É proibida a reprodução parcial ou total desta publicação, por
qualquer forma ou meio, sem a prévia autorização da Editora FOCO, com exceção do teor
das questões de concursos públicos que, por serem atos oficiais, não são protegidas como
Direitos Autorais, na forma do Artigo 8º, IV, da Lei 9.610/1998. Referida vedação se
estende às características gráficas da obra e sua editoração. A punição para a violação dos
Direitos Autorais é crime previsto no Artigo 184 do Código Penal e as sanções civis às
violações dos Direitos Autorais estão previstas nos Artigos 101 a 110 da Lei 9.610/1998. Os
comentários das questões são de responsabilidade dos autores.
NOTAS DA EDITORA:
Atualizações e erratas: A presente obra é vendida como está, atualizada até a data do seu
fechamento, informação que consta na página II do livro. Havendo a publicação de
legislação de suma relevância, a editora, de forma discricionária, se empenhará em
disponibilizar atualização futura.
Bônus ou Capítulo On-line: Excepcionalmente, algumas obras da editora trazem
conteúdo no on-line, que é parte integrante do livro, cujo acesso será disponibilizado
durante a vigência da edição da obra.
Erratas: A Editora se compromete a disponibilizar no site www.editorafoco.com.br, na
seção Atualizações, eventuais erratas por razões de erros técnicos ou de conteúdo.
Solicitamos, outrossim, que o leitor faça a gentileza de colaborar com a perfeição da obra,
comunicando eventual erro encontrado por meio de mensagem para
contato@editorafoco.com.br. O acesso será disponibilizado durante a vigência da edição da
obra.
Data de Fechamento (12.2022)
2023
Todos os direitos reservados à 
Editora Foco Jurídico Ltda.
Avenida Itororó, 348 – Sala 05 – Cidade Nova 
CEP 13334-050 – Indaiatuba – SP
E-mail: contato@editorafoco.com.br 
www.editorafoco.com.br
https://www.editorafoco.com.br/
https://www.editorafoco.com.br/
SUMÁRIO
Capa
Ficha catalográfica
Folha de rosto
Créditos
AUTORES
SOBRE OS COORDENADORES
SOBRE OS AUTORES
COMO USAR O LIVRO?
1. DIREITO CIVIL
1. LINDB – LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO
BRASILEIRO
2. GERAL
3. OBRIGAÇÕES
4. CONTRATOS
5. RESPONSABILIDADE CIVIL
6. COISAS
7. FAMÍLIA
8. SUCESSÕES
9. LEIS ESPARSAS
COORDENADORES E AUTORES
SOBRE OS COORDENADORES
Wander Garcia – @wander_garcia
É Doutor, Mestre e Graduado em Direito pela PUC/SP. É
professor universitário e de cursos preparatórios para Concursos
e Exame de Ordem, tendo atuado nos cursos LFG e DAMASIO.
Neste foi Diretor Geral de todos os cursos preparatórios e da
Faculdade de Direito. Foi diretor da Escola Superior de Direito
Público Municipal de São Paulo. É um dos fundadores da Editora
Foco, especializada em livros jurídicos e para concursos e exames.
É autor best seller com mais de 50 livros publicados na qualidade
de autor, coautor ou organizador, nas áreas jurídica e de
preparação para concursos e exame de ordem. Já vendeu mais de
1,5 milhão de livros, dentre os quais se destacam “Como Passar
na OAB”, “Como Passar em Concursos Jurídicos”, “Exame de
Ordem Mapamentalizado” e “Concursos: O Guia Definitivo”. É
também advogado desde o ano de 2000 e foi procurador do
município de São Paulo por mais de 15 anos. É Coach Certificado,
com sólida formação em Coaching pelo IBC e pela International
Association of Coaching.
Ana Paula Dompieri
Procuradora do Estado de São Paulo, Pós-graduada em Direito,
Professora do IEDI, Escrevente do Tribunal de Justiça por mais
de 10 anos e Assistente Jurídico do Tribunal de Justiça. Autora de
diversos livros para OAB e concursos.
SOBRE OS AUTORES
Gabriela R. Pinheiro
Pós-Graduada em Direito Civil e Processual Civil pela Escola
Paulista de Direito. Professora Universitária e do IEDI Cursos
On-line e preparatórios para concursos públicos exame de ordem.
Autora de diversas obras jurídicas para concursos públicos e
exame de ordem. Advogada.
Gustavo Nicolau – @gustavo_nicolau
Mestre e Doutor pela Faculdade de Direito da USP. Professor de
Direito Civil da Rede LFG/Praetorium. Advogado.
Wander Garcia – @wander_garcia
É Doutor, Mestre e Graduado em Direito pela PUC/ SP. É
professor universitário e de cursos preparatórios para Concursos
e Exame de Ordem, tendo atuado nos cursos LFG e DAMASIO.
Neste foi Diretor Geral de todos os cursos preparatórios e da
Faculdade de Direito. Foi diretor da Escola Superior de Direito
Público Municipal de São Paulo. É um dos fundadores da Editora
Foco, especializada em livros jurídicos e para concursos e exames.
É autor best seller com mais de 50 livros publicados na qualidade
de autor, coautor ou organizador, nas áreas jurídica e de
preparação para concursos e exame de ordem. Já vendeu mais de
1,5 milhão de livros, dentre os quais se destacam “Como Passar
na OAB”, “Como Passar em Concursos Jurídicos”, “Exame de
Ordem Mapamentalizado” e “Concursos: O Guia Definitivo”. É
também advogado desde o ano de 2000 e foi procurador do
município de São Paulo por mais de 15 anos. É Coach Certificado,
com sólida formação em Coaching pelo IBC e pela International
Association of Coaching
Ana Paula Dompieri
Procuradora do Estado de São Paulo, Pós-graduada em Direito,
Professora do IEDI, Escrevente do Tribunal de Justiça por mais
de 10 anos e Assistente Jurídico do Tribunal de Justiça. Autora de
diversos livros para OAB e concursos.
COMO USAR O LIVRO?
Para que você consiga um ótimo aproveitamento deste livro,
atente para as seguintes orientações:
1° Tenha em mãos um vademecum ou um computador no qual
você possa acessar os textos de lei citados.
Neste ponto, recomendamos o Vade Mecum de Legislação
FOCO – confira em www.editorafoco.com.br.
2° Se você estiver estudando a teoria (fazendo um curso
preparatório ou lendo resumos, livros ou apostilas), faça as questões
correspondentes deste livro na medida em que for avançando no
estudo da parte teórica.
3° Se você já avançou bem no estudo da teoria, leia cada capítulo
deste livro até o final, e só passe para o novo capítulo quando acabar
o anterior; vai mais uma dica: alterne capítulos de acordo com suas
preferências; leia um capítulo de uma disciplina que você gosta e,
depois, de uma que você não gosta ou não sabe muito, e assim
sucessivamente.
4° Iniciada a resolução das questões, tome o cuidado de ler cada
uma delas sem olhar para o gabarito e para os comentários; se a
curiosidade for muito grande e você não conseguir controlar os
olhos, tampe os comentários e os gabaritos com uma régua ou um
papel; na primeira tentativa, é fundamental que resolva a questão
sozinho; só assim você vai identificar suas deficiênciase “pegar o
jeito” de resolver as questões; marque com um lápis a resposta que
entender correta, e só depois olhe o gabarito e os comentários.
5° Leia com muita atenção o enunciado das questões. Ele deve ser
lido, no mínimo, duas vezes. Da segunda leitura em diante, começam
a aparecer os detalhes, os pontos que não percebemos na primeira
leitura.
6° Grife as palavras-chave, as afirmações e a pergunta formulada.
Ao grifar as palavras importantes e as afirmações você fixará mais os
pontos-chave e não se perderá no enunciado como um todo. Tenha
atenção especial com as palavras “correto”, “incorreto”, “certo”,
“errado”, “prescindível” e “imprescindível”.
7° Leia os comentários e leia também cada dispositivo legal neles
mencionados; não tenha preguiça; abra o vademecum e leia os textos
de leis citados, tanto os que explicam as alternativas corretas, como
os que explicam o porquê de ser incorreta dada alternativa; você tem
que conhecer bem a letra da lei, já que mais de 90% das respostas
estão nela; mesmo que você já tenha entendido determinada
questão, reforce sua memória e leia o texto legal indicado nos
comentários.
8° Leia também os textos legais que estão em volta do dispositivo;
por exemplo, se aparecer, em Direito Penal, uma questão cujo
comentário remete ao dispositivo que trata de falsidade ideológica,
aproveite para ler também os dispositivos que tratam dos outros
crimes de falsidade; outro exemplo: se aparecer uma questão, em
Direito Constitucional, que trate da composição do Conselho
Nacional de Justiça, leia também as outras regras que regulamentam
esse conselho.
9° Depois de resolver sozinho a questão e de ler cada comentário,
você deve fazer uma anotação ao lado da questão, deixando claro o
motivo de eventual erro que você tenha cometido; conheça os
motivos mais comuns de erros na resolução das questões:
DL – “desconhecimento da lei”; quando a questão puder ser
resolvida apenas com o conhecimento do texto de lei;
DD – “desconhecimento da doutrina”; quando a questão só puder
ser resolvida com o conhecimento da doutrina;
DJ – “desconhecimento da jurisprudência”; quando a questão só
puder ser resolvida com o conhecimento da jurisprudência;
FA – “falta de atenção”; quando você tiver errado a questão por
não ter lido com cuidado o enunciado e as alternativas;
NUT - “não uso das técnicas”; quando você tiver se esquecido de
usar as técnicas de resolução de questões objetivas, tais como as da
repetição de elementos (“quanto mais elementos repetidos existirem,
maior a chance de a alternativa ser correta”), das afirmações
generalizantes (“afirmações generalizantes tendem a ser incorretas” -
reconhece-se afirmações generalizantes pelas palavras sempre,
nunca, qualquer, absolutamente, apenas, só, somente
exclusivamente etc.), dos conceitos compridos (“os conceitos de
maior extensão tendem a ser corretos”), entre outras.
obs: se você tiver interesse em fazer um Curso de “Técnicas de
Resolução de Questões Objetivas”, recomendamos o curso criado a
esse respeito pelo IEDI Cursos On-line: www.iedi.com.br.
10º Confie no bom-senso. Normalmente, a resposta correta é a
que tem mais a ver com o bom-senso e com a ética. Não ache que
todas as perguntas contêm uma pegadinha. Se aparecer um instituto
que você não conhece, repare bem no seu nome e tente imaginar o
seu significado.
11º Faça um levantamento do percentual de acertos de cada
disciplina e dos principais motivos que levaram aos erros cometidos;
de posse da primeira informação, verifique quais disciplinas
merecem um reforço no estudo; e de posse da segunda informação,
fique atento aos erros que você mais comete, para que eles não se
repitam.
12º Uma semana antes da prova, faça uma leitura dinâmica de
todas as anotações que você fez e leia de novo os dispositivos legais
(e seu entorno) das questões em que você marcar “DL”, ou seja,
desconhecimento da lei.
13º Para que você consiga ler o livro inteiro, faça um bom
planejamento. Por exemplo, se você tiver 30 dias para ler a obra,
divida o número de páginas do livro pelo número de dias que você
tem, e cumpra, diariamente, o número de páginas necessárias para
chegar até o fim. Se tiver sono ou preguiça, levante um pouco, beba
água, masque chiclete ou leia em voz alta por algum tempo.
14º Desejo a você, também, muita energia, disposição, foco,
organização, disciplina, perseverança, amor e ética!
Wander Garcia e Ana Paula Dompieri
Coordenadores
6. DIREITO CIVIL
Wander Garcia, Ana Paula Dompieri, Gabriela R.
Pinheiro e Gustavo Nicolau1
1. LINDB – LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO
DIREITO BRASILEIRO
(OAB/Exame Unificado – 2011.1) Suponha que tenha sido publicada no
Diário Oficial da União, do dia 26 de abril de 2011 (terça-feira), uma
lei federal, com o seguinte teor:
“Lei GTI, de 25 de abril de 2011.
Define o alcance dos direitos da personalidade previstos no Código
Civil. O Presidente da República Faço saber que o Congresso
Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1.º: Os direitos da
personalidade previstos no Código Civil aplicáveis aos nascituros são
estendidos aos embriões laboratoriais (in vitro), ainda não
implantados no corpo humano. Art. 2.º: Esta lei entra em vigor no
prazo de 45 dias. Brasília, 25 de abril 2011, 190.º da Independência
da República e 123.º da República.”
Ante a situação hipotética descrita e considerando as regras sobre a
forma de contagem do período de vacância e a data em que a lei
entrará em vigor, é correto afirmar que a contagem do prazo para
entrada em vigor de lei que contenha período de vacância se dá:
(A) pela exclusão da data de publicação e do último dia do prazo,
entrando em vigor no dia 11/06/2011.
(B) pela inclusão da data de publicação e exclusão do último dia
do prazo, entrando em vigor no dia 09/06/2011.
(C) pela inclusão da data de publicação e do último dia do prazo,
entrando em vigor no dia subsequente à sua consumação integral,
passando a vigorar no dia 10/06/2011.
(D) pela exclusão da data de publicação da lei e a inclusão do
último dia do prazo, entrando em vigor no dia subsequente à sua
consumação integral, que na situação descrita será o dia
13/06/2011.
A alternativa “C” está correta, pois o art. 8.º, § 1.º, da Lei
Complementar 95/1998 estabelece que “a contagem do prazo para
entrada em vigor das leis que estabeleçam período de vacância far-
se-á com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo,
entrando em vigor no dia subsequente à sua consumação integral”.
(OAB/Exame Unificado – 2010.1) A respeito da vigência, aplicação,
eficácia e interpretação da lei, assinale a opção correta.
(A) A derrogação torna sem efeito uma parte de determinada
norma, não perdendo esta a sua vigência.
(B) A interpretação da norma presta-se a preencher as lacunas
existentes no sistema normativo.
(C) O regime de bens obedece à lei do país em que for celebrado o
casamento.
(D) Em regra, caso a lei revogadora venha a perder a vigência,
restaura-se a lei revogada.
Gabarito “C”
A: correta. A revogação é gênero que contém duas espécies: a ab-
rogação, que é a supressão total da norma anterior, e a derrogação,
que torna sem efeito uma parte da norma. A norma derrogada não
perderá sua vigência, pois somente os dispositivos atingidos é que
não mais terão obrigatoriedade (art. 2.º da LINDB, antiga LICC.
Vide, também, Maria Helena Diniz. Lei de Introdução ao Código
Civil brasileiro interpretada. 3. ed., Ed. Saraiva, 1997, p. 66); B:
incorreta. O preenchimento das lacunas é feito pela integração das
normas (art. 4.º da LICC, atual LINDB: “Quando a lei for omissa, o
juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os
princípios gerais de direito”). Interpretar é descobrir o sentido da
norma, determinar o seu conteúdo e delimitar o seu exato alcance.
A integração das normas serve para colmatar, preencher, as lacunas
do sistema (Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald. Direito
civil teoria geral. 6. ed., Rio de Janeiro, Ed. LumenJuris, 2007, p.
54 e 58); C: incorreta. O regime de bens, legal ou convencional,
obedece à lei do país em que tiverem os nubentes domicílio, e, se
este for diverso, à do primeiro domicílio conjugal (LICC, atual
LINDB, art. 7.º, § 4.º); D: incorreta. Salvo disposição em contrário, a
lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a
vigência (LICC, atual LINDB, art. 2.º, § 3.º), ou seja, de regra, o
nosso direito não admite a repristinação, que consiste justamente
em ser restabelecida a lei revogada quando a revogadora venha a
perder a vigência. “Pelo art. 2.º, § 3.º, que é peremptório, a lei
revogadora de outra lei revogadora não terá efeito repristinatório
sobre a velha norma abolida, a não ser que haja pronunciamento
expresso da lei a esse respeito” (Maria Helena Diniz. Op. cit., p. 82).
Gabarito “A”
(OAB/Exame Unificado – 2020.1) Em função do incremento nas
atividades de transporte aéreo no Brasil, a sociedade empresária Fast
Plane, sediada no país, resolveu adquirir helicópteros de última
geração da pessoa jurídica holandesa Nederland Air Transport, que
ficou responsável pela fabricação, montagem e envio da mercadoria.
O contrato de compra e venda restou celebrado, presencialmente,
nos Estados Unidos da América, restando ajustado que o
cumprimento da obrigação se dará no Brasil.
No momento de receber as aeronaves, contudo, a adquirente
verificou que o produto enviado era diverso do apontado no
instrumento contratual. Decidiu a sociedade empresária Fast Plane,
então, buscar auxílio jurídico para resolver a questão, inclusive para
a propositura de eventual ação, caso não haja solução consensual.
Considerando-se o enunciado acima, aplicando-se a Lei de
Introdução às Normas do Direito Brasileiro (Decreto-lei 4.657/42) e
o Código de Processo Civil, assinale a afirmativa correta.
(A) A lei aplicável na solução da questão é a holandesa, em razão
do local de fabricação e montagem das aeronaves adquiridas.
(B) A autoridade judiciária brasileira será competente para
processar e julgar eventual ação proposta pela Fast Plane, mesmo
se estabelecida cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro,
em razão do princípio da inafastabilidade da jurisdição.
(C) A autoridade judiciária brasileira tem competência exclusiva
para processar e julgar eventual ação a ser proposta pela Fast
Plane para resolver a questão.
(D) A autoridade judiciária brasileira tem competência
concorrente para processar e julgar eventual ação a ser proposta
pela Fast Plane para resolver a questão.
A: incorreta, pois a lei aplicável para qualificar e reger as
obrigações, é a lei do país em que se constituírem (art. 9º, caput da
LINDB). Como o contrato foi fechado presencialmente nos Estados
Unidos, a lei que rege a obrigação é a lei americana; B: incorreta,
pois a cláusula de eleição de foro prevalece neste caso, logo, torna
a autoridade judiciária incompetente (art. 63 CPC); C: incorreta, pois
a competência judiciária brasileira é concorrente (art. 21, II CPC e
art. 12, caput LINDB); D: correta, pois trata-se de obrigação a ser
executada no Brasil, logo, a competência pé concorrente (art. 21, II
CPC e art. 12, caput LINDB).
2. GERAL
2.1. PESSOAS NATURAIS
(OAB/Exame Unificado – 2016.2) Cristiano, piloto comercial, está casado
com Rebeca. Em um dia de forte neblina, ele não consegue controlar
o avião que pilotava e a aeronave, com 200 pessoas a bordo,
desaparece dos radares da torre de controle pouco antes do tempo
previsto para a sua aterrissagem. Depois de vários dias de busca,
apenas 10 passageiros foram resgatados, todos em estado crítico.
Findas as buscas, como Cristiano não estava no rol de sobreviventes
e seu corpo não fora encontrado, Rebeca decide procurar um
advogado para saber como deverá proceder a partir de agora. Com
base no relato apresentado, assinale a afirmativa correta.
(A) A esposa deverá ingressar com uma demanda judicial pedindo
a decretação de ausência de Cristiano, a fim de que o juiz, em um
Gabarito “D”
momento posterior do processo, possa declarar a sua morte
presumida.
(B) A esposa não poderá requerer a declaração de morte
presumida de Cristiano, uma vez que apenas o Ministério Público
detém legitimidade para tal pedido.
(C) A declaração da morte presumida de Cristiano poderá ser
requerida independentemente de prévia decretação de ausência,
uma vez que esgotadas as buscas e averiguações por parte das
autoridades competentes.
(D) A sentença que declarar a morte presumida de Cristiano não
deverá fixar a data provável de seu falecimento, contando-se, como
data da morte, a data da publicação da sentença no meio oficial.
A: incorreta, pois no caso pode ser pedida a declaração de morte
presumida de Cristiano, sem decretação de ausência, pois é
extremamente provável a sua morte face ao perigo de vida em que
se encontrava, podendo a declaração em questão ser requerida
depois de esgotadas as buscas e averiguações (art. 7º, I e
parágrafo único, do CC); B: incorreta, pois a esposa é pessoa
interessada e a questão tem reflexos diretos em seus direitos; C:
correta (art. 7º, I e parágrafo único, do CC); D: incorreta, pois a lei
prevê nesse caso que a sentença que declarar a morte presumida
fixe a data provável do falecimento (art. 7º, parágrafo único, do CC).
(OAB/Exame Unificado – 2014.2) Raul, cidadão brasileiro, no meio de
uma semana comum, desaparece sem deixar qualquer notícia para
sua ex-esposa e filhos, sem deixar cartas ou qualquer indicação sobre
seu paradeiro. Raul, que sempre fora um trabalhador exemplar,
acumulara em seus anos de labor um patrimônio relevante. Como
Gabarito “C”
Raul morava sozinho, já que seus filhos tinham suas próprias
famílias e ele havia se separado de sua esposa 4 (quatro) anos antes,
somente após uma semana seus parentes e amigos deram por sua
falta e passaram a se preocupar com o seu desaparecimento. Sobre a
situação apresentada, assinale a opção correta.
(A) Para ser decretada a ausência, é necessário que a pessoa tenha
desaparecido há mais de 10 (dez) dias. Como faz apenas uma
semana que Raul desapareceu, não pode ser declarada sua
ausência, com a consequente nomeação de curador.
(B) Em sendo declarada a ausência, o curador a ser nomeado será
a ex-esposa de Raul.
(C) A abertura da sucessão provisória somente se dará
ultrapassados três anos da arrecadação dos bens de Raul.
(D) Se Raul contasse com 85 (oitenta e cinco) anos e os parentes e
amigos já não soubessem dele há 8 (oito) anos, poderia ser feita de
forma direta a abertura da sucessão definitiva.
A: incorreta, pois a lei não fixa prazo mínimo de desaparecimento
para que se entre com o requerimento de ausência. No caso, basta
que qualquer interessado ou do Ministério Público ingresse em
juízo, que o juiz declarará a ausência e nomeará curador (art. 22 do
CC); B: incorreta, pois Raul já estava separado de sua esposa há 4
anos quando desapareceu, por tal razão algum descendente é que
deverá ser nomeado curador (art. 25, caput, e § 1º do CC); C:
incorreta, pois a sucessão provisória se dará decorrido um ano da
arrecadação dos bens do ausente. Seriam três anos se o Raul
tivesse deixado representante ou procurador (art. 26 do CC); D:
correta (art. 38 do CC).
Gabarito “D”
(OAB/Exame Unificado – 2013.3) José, brasileiro, casado no regime da
separação absoluta de bens, professor universitário e plenamente
capaz para os atos da vida civil, desapareceu de seu domicílio,
estando em local incerto e não sabido, não havendo indícios ou
notícias das razões de seu desaparecimento, não existindo, também,
outorga de poderes a nenhum mandatário, nem feitura de
testamento. Vera (esposa) e Cássia (filha de José e Vera, maior e
capaz) pretendem a declaração de sua morte presumida, ajuizando
ação pertinente, diante do juízo competente.
De acordo com as regras concernentes ao instituto jurídico da morte
presumida com declaração de ausência, assinale a opção correta.
(A) Na fase de curadoria dos bens do ausente, diante da ausência
de representanteou mandatário, o juiz nomeará como sua
curadora legítima Cássia, pois apenas na falta de descendentes, tal
curadoria caberá ao cônjuge supérstite, casado no regime da
separação absoluta de bens.
(B) Na fase de sucessão provisória, mesmo que comprovada a
qualidade de herdeiras de Vera e Cássia, estas, para se imitirem na
posse dos bens do ausente, terão que dar garantias da restituição
deles, mediante penhores ou hipotecas equivalentes aos quinhões
respectivos.
(C) Na fase de sucessão definitiva, regressando José dentro dos
dez anos seguintes à abertura da sucessão definitiva, terá ele
direito aos bens ainda existentes, no estado em que se
encontrarem, mas não aos bens que foram comprados com a
venda dos bens que lhe pertenciam.
(D) Quanto ao casamento de José e Vera, o Código Civil atual
reconhece efeitos pessoais e não apenas patrimoniais ao instituto
da ausência, possibilitando que a sociedade conjugal seja
dissolvida como decorrência da morte presumida do ausente.
A: incorreta, pois a prioridade quando se trata de curadoria é do
cônjuge, sendo que em sua falta será ela exercida pelos pais ou
descendentes, nesta ordem (art. 25, caput, e § 1º do CC); B:
incorreta, pois a lei dispensa a caução quando se tratar de cônjuge
e descendente (art. 30, § 2º do CC); C: incorreta, pois neste caso o
ausente que regressa possui o direito de exigir os bens sub-
rogados, ou o preço que os herdeiros e demais interessados
houverem recebido pelos bens alienados depois daquele tempo (art.
39, caput, do CC); D: correta, pois uma das causas da dissolução
do casamento é a morte, seja ela real ou presumida (art. 1.571, § 1º
do CC).
(OAB/Exame Unificado – 2013.3) Tiago, com 17 anos de idade e
relativamente incapaz, sob autoridade de seus pais Mário e Fabiana,
recebeu, por doação de seu tio, um imóvel localizado na rua Sete de
Setembro, com dois pavimentos, contendo três lojas comerciais no
primeiro piso e dois apartamentos no segundo piso. Tiago trabalha
como cantor nos finais de semana, tendo uma renda mensal de R$
3.000,00 (três mil reais).
Face aos fatos narrados e considerando as regras de Direito Civil,
assinale a opção correta.
(A) Mário e Fabiana exercem sobre os bens imóveis de Tiago o
direito de usufruto convencional, inerente à relação de parentesco
que perdurará até a maioridade civil ou emancipação de Tiago.
Gabarito “D”
(B) Mário e Fabiana poderão alienar ou onerar o bem imóvel de
Tiago, desde que haja prévia autorização do Ministério Público e
seja demonstrado o evidente interesse da prole.
(C) Mário e Fabiana não poderão administrar os valores auferidos
por Tiago no exercício de atividade de cantor, bem como os bens
com tais recursos adquiridos.
(D) Mario e Fabiana, entrando em colisão de interesses com Tiago
sobre a administração dos bens, facultam ao juiz, de ofício, nomear
curador especial.
A: incorreta, pois Mário e Fabiana exercem o usufruto legal sobre os
bens de Tiago, e não convencional (art. 1.689, I do CC); B:
incorreta, pois não podem os pais alienar, ou gravar de ônus real os
imóveis dos filhos, nem contrair, em nome deles, obrigações que
ultrapassem os limites da simples administração, salvo por
necessidade ou evidente interesse da prole, mediante prévia
autorização do juiz (art. 1.691 “caput” do CC); C: correta (art. 1.693,
II do CC); D: incorreta, pois o juiz apenas pode nomear curador
especial a requerimento de Tiago ou do Ministério Público (art. 1.692
do CC).
(OAB/Exame Unificado – 2013.3) João Marcos, renomado escritor,
adota, em suas publicações literárias, o pseudônimo Hilton Carrillo,
pelo qual é nacionalmente conhecido. Vítor, editor da Revista “Z”,
empregou o pseudônimo Hilton Carrillo em vários artigos publicados
nesse periódico, de sorte a expô-lo ao ridículo e ao desprezo público.
Em face dessas considerações, assinale a afirmativa correta.
Gabarito “C”
(A) A legislação civil, com o intuito de evitar o anonimato, não
protege o pseudônimo e, em razão disso, não há de se cogitar em
ofensa a direito da personalidade, no caso em exame.
(B) A Revista “Z” pode utilizar o referido pseudônimo em uma
propaganda comercial, associado a um pequeno trecho da obra do
referido escritor sem expô-lo ao ridículo ou ao desprezo público,
independente da sua autorização.
(C) O uso indevido do pseudônimo sujeita quem comete o abuso
às sanções legais pertinentes, como interrupção de sua utilização e
perdas e danos.
(D) O pseudônimo da pessoa pode ser empregado por outrem em
publicações ou representações que a exponham ao desprezo
público, quando não há intenção difamatória.
A: incorreta, pois o pseudônimo adotado para atividades lícitas goza
da proteção que se dá ao nome (art. 19 do CC). Logo, é possível se
cogitar ofensa a direito da personalidade no caso em exame; B:
incorreta, pois a utilização do pseudônimo em uma propaganda
comercial independentemente da forma como for utilizado, bem
como a utilização de escritos somente podem ser usados com
autorização expressa de seu titilar ou se necessárias à
administração da justiça ou à manutenção da ordem pública (arts.
18 e 20 do CC); C: correta (arts. 19 e 12 do CC); D: incorreta, pois
tanto o nome como o pseudônimo da pessoa não podem ser
empregados por outrem em publicações ou representações que a
exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção
difamatória (art. 19 e 17 do CC).
Gabarito “C”
(OAB/Exame Unificado – 2013.1) Gustavo completou 17 anos de idade
em janeiro de 2010. Em março de 2010 colou grau em curso de
ensino médio. Em julho de 2010 contraiu matrimônio com Beatriz.
Em setembro de 2010, foi aprovado em concurso público e iniciou o
exercício de emprego público efetivo. Por fim, em novembro de 2010,
estabeleceu-se no comércio, abrindo um restaurante.
Assinale a alternativa que indica o momento em que se deu a
cessação da incapacidade civil de Gustavo.
(A) No momento em que iniciou o exercício de emprego público
efetivo.
(B) No momento em que colou grau em curso de ensino médio.
(C) No momento em que contraiu matrimônio.
(D) No momento em que se estabeleceu no comércio, abrindo um
restaurante.
A: incorreta, pois antes de ingressar no serviço público Gustavo
contraiu matrimônio e, consequentemente, teve cessada a sua
incapacidade (art. 5.º, parágrafo único, II, do CC); B: incorreta, pois
somente a colação de grau em ensino superior faz cessar a
incapacidade para os menores (art. 5.º, parágrafo único, IV, do CC);
C: correta (art. 5.º, parágrafo único, II, do CC); D: incorreta, pois
antes de se estabelecer no comércio contraiu matrimônio e,
consequentemente, teve cessada a sua incapacidade (art. 5.º,
parágrafo único, II, do CC).
(OAB/Exame Unificado – 2012.3.B) Alexandre e Berenice, casados pelo
regime da separação convencional de bens, foram passar a lua de mel
em Petrópolis, no Estado do Rio de Janeiro. Ao descerem a serra,
Gabarito “C”
Alexandre perdeu o controle do veículo vindo a cair em uma
ribanceira. Com a colisão, houve a explosão do veículo e a morte de
ambos não se sabendo precisar qual deles teria morrido primeiro.
Ambos possuíam vasto patrimônio e faleceram sem deixar
descendentes ou ascendentes. Alexandre deixou um irmão, Daniel, e
Berenice deixou uma irmã, Eleonora.
A respeito da situação apresentada, assinale a afirmativa correta.
(A) Não há comoriência, visto que tal instituto somente se aplica
às hipóteses de morte simultânea entre parentes.
(B) Não há comoriência, uma vez que se exige prova cabal para
sua ocorrência, devendo a simultaneidade das mortes ser
declarada por decisão judicial.
(C) Há comoriência, transmitindo-se a Daniel a herança de
Alexandre e à Eleonora a herança de Berenice.
(D) Há comoriência, transmitindo-se a Daniel a metade dos bens
deixados pelo casal, ficando igual cota-parte para Eleonora.
A: incorreta, pois quando duas pessoas morrem na mesma ocasião,
não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu ao
outro, aplica-se a regra da comoriência prevista no art. 8.º do CC,
poucoimportando se se tratam ou não de parentes; B: incorreta,
pois o art. 8.º do CC não exige decisão judicial, aplicando-se
automaticamente a regra pela qual se presume os comorientes
simultaneamente mortos; C: correta; havendo comoriência (art. 8.º
do CC) um falecido não herda do outro e vice-versa, de maneira que
a herança de Alexandre será transmitida diretamente para Daniel e
a de Berenice, diretamente para Eleonora; D: incorreta, pois, não
havendo outros herdeiros, os sucessores de Alexandre e Berenice
receberão por inteiro a herança deixada por cada um de seus
irmãos.
(OAB/Exame Unificado – 2012.1) A proteção da pessoa é uma tendência
marcante do atual direito privado, o que leva alguns autores a
conceberem a existência de uma verdadeira cláusula geral de tutela
da personalidade. Nesse sentido, uma das mudanças mais celebradas
do novo Código Civil foi a introdução de um capítulo próprio sobre
os chamados direitos da personalidade. Em relação à disciplina legal
dos direitos da personalidade no Código Civil, é correto afirmar que:
(A) havendo lesão a direito da personalidade, em se tratando de
morto, não é mais possível que se reclamem perdas e danos, visto
que a morte põe fim à existência da pessoa natural, e os direitos
personalíssimos são intransmissíveis.
(B) como regra geral, os direitos da personalidade são
intransmissíveis e irrenunciáveis, mas o seu exercício poderá
sofrer irrestrita limitação voluntária.
(C) é permitida a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou
em parte, com objetivo altruístico ou científico, para depois da
morte, sendo que tal ato de disposição poderá ser revogado a
qualquer tempo.
(D) em razão de sua maior visibilidade social, a proteção dos
direitos da personalidade das celebridades e das chamadas pessoas
públicas é mais flexível, sendo permitido utilizar o seu nome para
finalidade comercial, ainda que sem prévia autorização.
A: incorreta, pois, em se tratando de morto, terá legitimação para
requerer a cessação da ameaça/lesão e as perdas e danos, o
cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou
colateral até o quarto grau (art. 12, parágrafo único, do CC); B:
incorreta, pois, além de intransmissíveis e irrenunciáveis, o exercício
Gabarito “C”
dos direitos da personalidade NÃO podem sofrer limitação
voluntária, ressalvadas as exceções previstas em lei (art. 11 do CC);
isso significa que, salvo as exceções legais, nem mesmo com a
autorização do titular do direito da personalidade é possível limitar o
exercício dos direitos da personalidade; C: correta (art. 14 do CC);
D: incorreta, pois, sem autorização, não se pode usar o nome alheio
em propaganda comercial (art. 18 do CC); não se deve confundir
essa regra a que permite a exposição da palavra ou da imagem de
alguém em caso em interesse público genuíno (regra decorrente do
art. 20, caput, do CC), como é o caso de expor a imagem de um
político acusado de corrupção.
(OAB/Exame Unificado – 2011.3.A) Francis, brasileira, empresária, ao se
deslocar do Rio de Janeiro para São Paulo em seu helicóptero
particular, sofreu terrível acidente que culminou com a queda do
aparelho em alto-mar. Após sucessivas e exaustivas buscas, feitas
pelas autoridades e por empresas privadas contratadas pela família
da vítima, infelizmente não foram encontrados os corpos de Francis
e de Adilson, piloto da aeronave. Tendo sido esgotados os
procedimentos de buscas e averiguações, de acordo com os artigos do
Código Civil que regulam a situação supramencionada, é correto
afirmar que o assento de óbito em registro público:
(A) independe de qualquer medida administrativa ou judicial,
desde que seja constatada a notória probabilidade de morte de
pessoa que estava em perigo de vida.
(B) depende exclusivamente de procedimento administrativo
quanto à morte presumida junto ao Registro Civil das Pessoas
Naturais.
Gabarito “C”
(C) depende de prévia ação declaratória judicial quanto à morte
presumida, sem necessidade de decretação judicial de ausência.
(D) depende de prévia declaração judicial de ausência, por se
tratar de desaparecimento de uma pessoa sem dela haver notícia.
Há dois casos de morte presumida. A primeira, com declaração de
ausência (art. 6.º do CC). A segunda, sem declaração de ausência
(art. 7.º do CC). Nesse segundo caso, a declaração de morte
presumida também depende de sentença (art. 7.º, parágrafo único,
do CC), sendo possível se for extremamente provável a morte de
quem estava em perigo de vida ou se alguém, desaparecido em
campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos
após o término da guerra. No caso em tela, as alternativas “A” e “B”
estão incorretas, pois a declaração de morte presumida depende de
decisão judicial. A alternativa “D” está incorreta, pois não é
necessária prévia declaração judicial de ausência, pois esse tipo de
morte presumida não requer declaração de ausência, mas apenas o
reconhecimento judicial de que ocorreu uma das hipóteses do art.
7.º do CC. Por fim, a alternativa “C” está correta, pois está de
acordo com o caput e o parágrafo único do art. 7.º do CC.
(OAB/Exame Unificado – 2011.1) Rodolfo, brasileiro, engenheiro,
solteiro, sem ascendentes ou descendentes, desapareceu de seu
domicílio há 11 (onze) meses e até então não houve qualquer notícia
sobre seu paradeiro. Embora tenha desaparecido, deixou Lisa, uma
amiga, como mandatária para a finalidade de administrar-lhe os
bens. Todavia, por motivos de ordem pessoal, Lisa não quis exercer
os poderes outorgados por Rodolfo em seu favor, renunciando
Gabarito “C”
expressamente ao mandato. De acordo com os dispositivos que
regem o instituto da ausência, assinale a alternativa correta.
(A) A renúncia ao mandato, por parte de Lisa, era possível e, neste
caso, o juiz determinará ao Ministério Público que nomeie um
curador encarregado de gerir os bens do ausente, observando, no
que for aplicável, o disposto a respeito dos tutores e curadores.
(B) Poderá ser declarada a sucessão definitiva de Rodolfo 10 (dez)
anos depois de passada em julgado a sentença que concedeu a
sucessão provisória, mas, se nenhum interessado promover a
sucessão definitiva, nesse prazo, os bens porventura arrecadados
deverão ser doados a entidades filantrópicas localizadas no
município do último domicílio de Rodolfo.
(C) O juiz não poderá declarar a ausência e nomear curador para
Rodolfo, pois Lisa não poderia ter renunciado o mandato
outorgado em seu favor, já que só estaria autorizada a fazê-lo em
caso de justificada impossibilidade ou de constatada insuficiência
de poderes.
(D) Os credores de obrigações vencidas e não pagas de Rodolfo,
decorrido 1 (um) ano da arrecadação dos bens do ausente, poderão
requerer que se determine a abertura de sua sucessão provisória.
A: incorreta, pois não há tal previsão nos arts. 22 a 39 do CC; B:
incorreta, pois apenas 10 anos após a abertura da sucessão
definitiva é que se coloca a possibilidade dos bens irem para
terceiros; ademais, o destinatário desses bens, nesse caso, não
seria uma entidade filantrópica, mas o Município ou Distrito Federal,
ou, se os bens estivessem em território federal, a União; C:
incorreta, pois o art. 23 admite que o mandatário (no caso, Lisa) não
queira exercer o mandato; D: correta, vez que os credores são
considerados “interessados” e estes tem o direito de requerer que
se determine a abertura da sucessão provisória (art. 26 do CC).
(OAB/Exame Unificado – 2010.1) Considere que o filho de Mário Lins de
Souza e de Luna Ferreira de Melo tenha sido registrado com o nome
de Paulo de Souza. Nessa situação hipotética,
(A) Paulo, se assim o desejar, poderá, no prazo de até 1 (um) ano
após atingir a maioridade, introduzir em seu nome um
patronímico materno, sem que precise justificar sua vontade.
(B) é obrigatória, em razão da abolição do traço patriarcal da
legislação civil brasileira, a adoção do sobrenome materno, de
modo que o registro de nascimento de Paulo poderá ser alterado a
qualquer momento e, até mesmo,de ofício.
(C) apenas por meio do casamento será possível a Paulo alterar
seu nome, o que será feito com a inclusão de sobrenome da esposa.
(D) Paulo poderá, se assim o desejar, incluir em seu nome apelido
que seja notório, o que deverá ocorrer por meio de pedido
devidamente instruído e dirigido ao oficial do cartório de registro
civil.
A: correta (art. 56 da LRP – Lei de Registros Públicos). É o que se
extrai da lição de Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho:
“Da mesma forma, nesta hipótese de alteração espontânea, devem
ser mantidos os apelidos de família, o que limita também as
possibilidades de modificação do nome, sendo a mais comum a
incorporação de sobrenomes maternos ou de avós, (...)” (Novo
curso de direito civil. Vol. I, 9. ed., São Paulo: Saraiva, p. 116); B:
incorreta. Não existe dispositivo legal que determine alteração de
Gabarito “D”
ofício em casos como o apresentado (LRP, arts. 54 e 55). “Art. 54. O
assento do nascimento deverá conter: 1.º) o dia, mês, ano e lugar
do nascimento e a hora certa, sendo possível determiná-la, ou
aproximada; 2.º) o sexo do registrando; 3.º) o fato de ser gêmeo,
quando assim tiver acontecido; 4.º) o nome e o prenome, que forem
postos à criança; 5.º) a declaração de que nasceu morta, ou morreu
no ato ou logo depois do parto; 6.º) a ordem de filiação de outros
irmãos do mesmo prenome que existirem ou tiverem existido; 7.º) os
nomes e prenomes, a naturalidade, a profissão dos pais, o lugar e
cartório onde se casaram, a idade da genitora, do registrando em
anos completos, na ocasião do parto, e o domicílio ou a residência
do casal. 8.º) os nomes e prenomes dos avós paternos e maternos;
9.º) os nomes e prenomes, a profissão e a residência das duas
testemunhas do assento, quando se tratar de parto ocorrido sem
assistência médica em residência ou fora de unidade hospitalar ou
casa de saúde; 10) número de identificação da Declaração de
Nascido Vivo – com controle do dígito verificador, ressalvado na
hipótese de registro tardio previsto no art. 46 desta Lei. Art. 55.
Quando o declarante não indicar o nome completo, o oficial lançará
adiante do prenome escolhido o nome do pai, e na falta, o da mãe,
se forem conhecidos e não o impedir a condição de ilegitimidade,
salvo reconhecimento no ato. Parágrafo único. Os oficiais do
registro civil não registrarão prenomes suscetíveis de expor ao
ridículo os seus portadores. Quando os pais não se conformarem
com a recusa do oficial, este submeterá por escrito o caso,
independentemente da cobrança de quaisquer emolumentos, à
decisão do Juiz competente.”; C: incorreta. Além da alteração
decorrente do casamento, poderá haver ainda modificação por
vontade própria, em razão de coação ou ameaça e por inclusão de
apelido (LRP, arts. 56 e 58). “Art. 56. O interessado, no primeiro ano
após ter atingido a maioridade civil, poderá, pessoalmente ou por
procurador bastante, alterar o nome, desde que não prejudique os
apelidos de família, averbando-se a alteração que será publicada
pela imprensa. Art. 58. O prenome será definitivo, admitindo-se,
todavia, a sua substituição por apelidos públicos notórios.”; D:
incorreta. Com exceção do casamento, toda alteração de nome
demandará decisão judicial (LRP, art. 57). “Art. 57. A alteração
posterior de nome, somente por exceção e motivadamente, após
audiência do Ministério Público, será permitida por sentença do juiz
a que estiver sujeito o registro, arquivando-se o mandado e
publicando-se a alteração pela imprensa, ressalvada a hipótese do
art. 110 desta Lei. § 1.º Poderá, também, ser averbado, nos mesmos
termos, o nome abreviado, usado como firma comercial registrada
ou em qualquer atividade profissional. § 2.º A mulher solteira,
desquitada ou viúva, que viva com homem solteiro, desquitado ou
viúvo, excepcionalmente e havendo motivo ponderável, poderá
requerer ao juiz competente que, no registro de nascimento, seja
averbado o patronímico de seu companheiro, sem prejuízo dos
apelidos próprios, de família, desde que haja impedimento legal
para o casamento, decorrente do estado civil de qualquer das partes
ou de ambas. § 3.º O juiz competente somente processará o pedido,
se tiver expressa concordância do companheiro, e se da vida em
comum houverem decorrido, no mínimo, 5 (cinco) anos ou existirem
filhos da união. (Incluído pela Lei 6.216, de 1975) § 4.º O pedido de
averbação só terá curso, quando desquitado o companheiro, se a
ex-esposa houver sido condenada ou tiver renunciado ao uso dos
apelidos do marido, ainda que dele receba pensão alimentícia. § 5.º
O aditamento regulado nesta Lei será cancelado a requerimento de
uma das partes, ouvida a outra. § 6.º Tanto o aditamento quanto o
cancelamento da averbação previstos neste artigo serão
processados em segredo de justiça. § 7.º Quando a alteração de
nome for concedida em razão de fundada coação ou ameaça
decorrente de colaboração com a apuração de crime, o juiz
competente determinará que haja a averbação no registro de origem
de menção da existência de sentença concessiva da alteração, sem
a averbação do nome alterado, que somente poderá ser procedida
mediante determinação posterior, que levará em consideração a
cessação da coação ou ameaça que deu causa à alteração. § 8.º O
enteado ou a enteada, havendo motivo ponderável e na forma dos
§§ 2.º e 7.º deste artigo, poderá requerer ao juiz competente que, no
registro de nascimento, seja averbado o nome de família de seu
padrasto ou de sua madrasta, desde que haja expressa
concordância destes, sem prejuízo de seus apelidos de família.”
(OAB/Exame Unificado – 2019.2) Gumercindo, 77 anos de idade, vinha
sofrendo os efeitos do Mal de Alzheimer, que, embora não atingissem
sua saúde física, perturbavam sua memória. Durante uma distração
de seu enfermeiro, conseguiu evadir-se da casa em que residia. A
despeito dos esforços de seus familiares, ele nunca foi encontrado, e
já se passaram nove anos do seu desaparecimento. Agora, seus
parentes lidam com as dificuldades relativas à administração e
disposição do seu patrimônio.
Assinale a opção que indica o que os parentes devem fazer para
receberem a propriedade dos bens de Gumercindo.
(A) Somente com a localização do corpo de Gumercindo será
possível a decretação de sua morte e a transferência da
propriedade dos bens para os herdeiros.
Gabarito “A”
(B) Eles devem requerer a declaração de ausência, com nomeação
de curador dos bens, e, após um ano, a sucessão provisória; a
sucessão definitiva, com transferência da propriedade dos bens, só
poderá ocorrer depois de dez anos de passada em julgado a
sentença que concede a abertura da sucessão provisória.
(C) Eles devem requerer a sucessão definitiva do ausente, pois ele
já teria mais de oitenta anos de idade, e as últimas notícias dele
datam de mais de cinco anos.
(D) Eles devem requerer que seja declarada a morte presumida,
sem decretação de ausência, por ele se encontrar desaparecido há
mais de dois anos, abrindo- se, assim, a sucessão.
A: incorreta, pois nesse caso é possível iniciar um procedimento
judicial de declaração de ausência, a fim de arrecadar os seus bens
e dar andamento à transferência de propriedade aos herdeiros (art.
22 CC); B: incorreta, pois neste caso não é necessário aguardar 10
anos para requerer a sucessão definitiva, mas apenas 5 anos, pois
Gumercindo conta oitenta anos de idade e de cinco datam as
últimas notícias dele (art. 38 CC); C: correta, nos termos do art. 38
CC, uma vez que devido a sua idade a Lei concede uma prazo
menor para a abertura da sucessão definitiva; D: incorreta, pois a
morte presumida sem decretação de ausência apenas se dá nos
casos do art. 7º CC, e a hipótese em tela não se encaixa em
nenhuma delas. Poder-se-ia pensar que se encaixa no inciso II, art.
7º, porém o caso ali tratado é de pessoas que sumiram em
campanha ou foram feitas prisioneiras e nunca mais apareceram.
GR
Gabarito “C”
(OAB/Exame Unificado – 2020.1) Márcia, adolescente com 17 anos de
idade, sempre demonstrou uma maturidade muito superior à suafaixa etária. Seu maior objetivo profissional é o de tornar-se
professora de História e, por isso, decidiu criar um canal em uma
plataforma on-line, na qual publica vídeos com aulas por ela própria
elaboradas sobre conteúdos históricos.
O canal tornou-se um sucesso, atraindo multidões de jovens
seguidores e despertando o interesse de vários patrocinadores, que
começaram a procurar a jovem, propondo contratos de publicidade.
Embora ainda não tenha obtido nenhum lucro com o canal, Márcia
está animada com a perspectiva de conseguir custear seus estudos na
Faculdade de História se conseguir firmar alguns desses contratos.
Para facilitar as atividades da jovem, seus pais decidiram emancipá-
la, o que permitirá que celebre negócios com futuros patrocinadores
com mais agilidade.
Sobre o ato de emancipação de Márcia por seus pais, assinale a
afirmativa correta.
(A) Depende de homologação judicial, tendo em vista o alto grau
de exposição que a adolescente tem na internet.
(B) Não tem requisitos formais específicos, podendo ser
concedida por instrumento particular.
(C) Deve, necessariamente, ser levado a registro no cartório
competente do Registro Civil de Pessoas Naturais.
(D) É nulo, pois ela apenas poderia ser emancipada caso já
contasse com economia própria, o que ainda não aconteceu.
A: incorreta, pois considerando ser emancipação voluntária dos
pais, não é necessário homologação judicial (art. 5º, parágrafo
único, I CC). O fato de haver exposição na internet não afeta em
nada; B: incorreta, pois a emancipação precisa ser feita em cartório
por instrumento público (art. 5º, parágrafo único, I CC); C: correta,
pois a emancipação será feita por instrumento público no cartório
competente do Registro Civil de Pessoas Naturais (art. 5º, parágrafo
único, I CC); D: incorreta, pois os pais têm o poder de emancipar o
filho maior de 16 anos, ainda que ele não tenha economia própria
(art. 5º, parágrafo único, I CC). A emancipação é uma das causas
de cessação da incapacidade. Mas também cessa a incapacidade
pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de
relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com
dezesseis anos completos tenha economia própria (art. 5º,
parágrafo único, V CC). Logo, como se vê, ter economia própria não
está ligado à emancipação (está ligado na verdade à essa questão
de relação de emprego).
2.2. PESSOAS JURÍDICAS
(OAB/Exame Unificado – 2014.3) Paulo foi casado, por muitos anos, no
regime da comunhão parcial com Luana, até que um
desentendimento deu início a um divórcio litigioso. Temendo que
Luana exigisse judicialmente metade do seu vasto patrimônio, Paulo
começou a comprar bens com capital próprio em nome de sociedade
da qual é sócio e passou os demais também para o nome da
sociedade, restando, em seu nome, apenas a casa em que morava
com ela.
Acerca do assunto, marque a opção correta.
Gabarito “C”
(A) A atitude de Paulo encontra respaldo na legislação, pois a lei
faculta a todo cidadão defender sua propriedade, em especial de
terceiros de má-fé.
(B) É permitido ao juiz afastar os efeitos da personificação da
sociedade nos casos de desvio de finalidade ou confusão
patrimonial, mas não o contrário, de modo que não há nada que
Luana possa fazer para retomar os bens comunicáveis.
(C) Sabendo-se que a “teoria da desconsideração da
personalidade jurídica” encontra aplicação em outros ramos do
direito e da legislação, é correto afirmar que os parâmetros
adotados pelo Código Civil constituem a Teoria Menor, que exige
menos requisitos.
(D) No caso de confusão patrimonial, gerado pela compra de bens
com patrimônio particular em nome da sociedade, é possível
atingir o patrimônio da sociedade, ao que se dá o nome de
“desconsideração inversa ou invertida”, de modo a se
desconsiderar o negócio jurídico, havendo esses bens como
matrimoniais e comunicáveis.
A: incorreta, pois Paulo não tem o direito de fraudar a lei civil,
tomando atitudes abusivas para fugir da divisão patrimonial a que
tem direito sua ex-esposa; ele age de má-fé e viola a lei civil
cogente que regula a divisão patrimonial entre cônjuges que
terminam sua sociedade conjugal, que no caso impõe a divisão do
patrimônio adquirido após o casamento (regime de comunhão
parcial de bens); B: incorreta, pois, atualmente, é tranquilo o
entendimento doutrinário e jurisprudencial acerca do cabimento da
desconsideração inversa da personalidade, pois tanto a
desconsideração tradicional (da personalidade da pessoa jurídica
para atingir bens de seus membros), como a desconsideração
inversa (da personalidade da pessoa física que é membro de uma
pessoa jurídica, para atingir bens dessa pessoa jurídica) tem origem
objetivo legal comum, evitar fraudes e confusões patrimoniais
abusivas; C: incorreta, pois a teoria adotada no Código Civil é a
Teoria Maior, que exige “maior” requisito para a desconsideração, no
caso, não só o prejuízo para a vítima do ato que enseja a
desconsideração, como também que esse ato se caracterize por um
abuso da personalidade jurídica; D: correta, pois, como se viu, hoje
é tranquilo o entendimento de que é cabível a desconsideração
inversa da personalidade, sendo possível, assim, a desconsideração
da personalidade da pessoa física que é membro de uma pessoa
jurídica, para atingir bens dessa pessoa jurídica, em caso de abuso
da personalidade, o que no caso existiu face à confusão patrimonial
ocorrida (art. 50 do CC), impondo-se a desconsideração para o fim
de determinar que os bens indevidamente repassados à pessoa
jurídica de Paulo seja considerados bens do casal e, assim, possam
ser corretamente divididos.
(OAB/Exame Unificado – 2011.3.B) Roberto, por meio de testamento,
realiza dotação especial de bens livres para a finalidade de constituir
uma fundação com a finalidade de promover assistência a idosos no
Município do Rio de Janeiro. Todavia, os bens destinados foram
insuficientes para constituir a fundação pretendida pelo instituidor.
Em razão de Roberto nada ter disposto sobre o que fazer nessa
hipótese, é correto afirmar que:
(A) os bens dotados deverão ser convertidos em títulos da dívida
pública até que, aumentados com os rendimentos, consigam
perfazer a finalidade pretendida.
Gabarito “D”
(B) os bens destinados à fundação serão, nesse caso, incorporados
em outra fundação que se proponha a fim igual ou semelhante.
(C) a Defensoria Pública do estado respectivo, responsável por
velar pelas fundações, destinará os bens dotados para o fundo
assistencial mantido pelo Estado para defesa dos hipossuficientes.
(D) os bens serão arrecadados e passarão ao domínio do
Município, se localizados na respectiva circunscrição.
Segundo o art. 69 do CC, tornando-se impossível a finalidade à que
visa a fundação – o que ocorreu no caso, pois os bens destinados à
constituição da fundação foram insuficientes – o seu patrimônio será
incorporado em outra fundação, designada pelo juiz, que se
proponha a fim igual ou semelhante. Dessa forma, apenas a
alternativa “B” está correta.
(OAB/Exame XXXV) Paulo é pai de Olívia, que tem três anos. Paulo é
separado de Letícia, mãe de Olívia, e não detém a guarda da criança.
Por sentença judicial, ficou fixado o valor de R$3.000,00 a título de
pensão alimentícia em favor de Olívia.
Paulo deixou de pagar a pensão alimentícia nos últimos cinco meses
e, ajuizada uma ação de execução contra ele, não foi possível
encontrar patrimônio suficiente para fazer frente às obrigações
inadimplidas. Entretanto, Paulo é também sócio da sociedade Paulo
Compra e Venda de Joias Ltda., sociedade que tem patrimônio
considerável.
Diante desse cenário, assinale a afirmativa correta.
Gabarito “B”
(A) Tendo em vista a absoluta autonomia da pessoa jurídica em
relação aos seus sócios, não é possível, em nenhuma hipótese, que,
na ação de execução, Olívia atinja o patrimônio da pessoa jurídica
Paulo Compra e Venda de Joias Ltda.
(B) É possível a desconsideração inversa da personalidade
jurídica, a fim de se atingir opatrimônio da sociedade Paulo
Compra e Venda de Joias Ltda., independentemente de restar
configurada a situação de abuso da personalidade jurídica.
(C) Ainda que se comprove o abuso da personalidade jurídica, a
legislação apenas reconhece a hipótese de desconsideração direta
da personalidade jurídica, não se admitindo a desconsideração
inversa, razão pela qual não é possível que Olívia atinja o
patrimônio da sociedade Paulo Compra e Venda de Joias Ltda.
(D) É possível a desconsideração inversa da personalidade
jurídica, a fim de que Olívia atinja o patrimônio da sociedade
Paulo Compra e Venda de Joias Ltda., caso se considere que Paulo
praticou desvio de finalidade ou confusão patrimonial.
A: incorreta, pois a autonomia da pessoa jurídica é relativa. A lei
permite a desconsideração da personalidade jurídica inversa para
atingir o patrimônio da pessoa jurídica para saldar dívida do sócio se
restar comprovado o abuso da personalidade jurídica. Neste caso
esse abuso ocorreu por meio do desvio de finalidade, onde a
pessoa jurídica foi usada com o propósito de lesar credores (art. 50
caput e §§1º e 3º CC); B: incorreta, pois deve estar comprovado o
abuso da personalidade jurídica para que ela seja desconsiderada
(art. 50 caput CC); C: incorreta, pois a lei admite a desconsideração
da personalidade jurídica inversa, onde os bens da pessoa jurídica
serão atingidos para saldar obrigações dos sócios (art. 50, § 3º CC);
D: correta (art. 50 caput e § 3º CC).
2.3. BENS
(OAB/Exame Unificado – 2017.1) Ricardo realizou diversas obras no
imóvel que Cláudia lhe emprestou: reparou um vazamento existente
na cozinha; levantou uma divisória na área de serviço para formar
um novo cômodo, destinado a servir de despensa; ampliou o número
de tomadas disponíveis; e trocou o portão manual da garagem por
um eletrônico.
Quando Cláudia pediu o imóvel de volta, Ricardo exigiu o
ressarcimento por todas as benfeitorias realizadas, embora sequer a
tenha consultado previamente sobre as obras.
Somente pode-se considerar benfeitoria necessária, a justificar o
direito ao ressarcimento,
(A) o reparo do vazamento na cozinha.
(B) a formação de novo cômodo, destinado a servir de despensa,
pelo levantamento de divisória na área de serviço.
(C) a ampliação do número de tomadas.
(D) a troca do portão manual da garagem por um eletrônico.
A: correta, pois tal reparo é considerado essencial para a
manutenção da integridade do bem, caracterizando-se pois como
benfeitoria necessária; B: incorreta, pois tal formação é uma
benfeitoria útil, a qual aumenta a utilidade do bem principal; C:
incorreta, pois a ampliação do número de tomadas também é
considerada benfeitoria útil; D: incorreta, pois tal alteração também
não configura uma benfeitoria necessária. GN
Gabarito “D”
(OAB/Exame Unificado – 2013.1) Os vitrais do Mercado Municipal de
São de Paulo, durante a reforma feita em 2004, foram retirados para
limpeza e restauração da pintura. Considerando a hipótese e as
regras sobre bens jurídicos, assinale a afirmativa correta.
(A) Os vitrais, enquanto separados do prédio do Mercado
Municipal durante as obras, são classificados como bens móveis.
(B) Os vitrais retirados na qualidade de material de demolição,
considerando que o Mercado Municipal resolva descartar-se deles,
serão considerados bens móveis.
(C) Os vitrais do Mercado Municipal, considerando que foram
feitos por grandes artistas europeus, são classificados como bens
fungíveis.
(D) Os vitrais retirados para restauração, por sua natureza, são
classificados como bens móveis.
A: incorreta, pois são considerados imóveis (art. 81, II, do CC); B:
correta (art. 84, segunda parte, do CC); C: incorreta, pois fungíveis
são os bens móveis que podem ser substituídos por outros da
mesma espécie, qualidade e quantidade (art. 85 do CC), o que não
é o caso de obras únicas, singulares feitas pelos grandes artistas
europeus, que, assim, criaram bens considerados infungíveis; D:
incorreta, pois são considerados bens imóveis (art. 81, II, do CC).
(OAB/Exame XXXIII – 2020.3) Bruna visitou a mansão neoclássica que
André herdara de seu tio e cuja venda estava anunciando. Bruna
ficou fascinada com a sala principal, decorada com um piano do
Gabarito “A”
Gabarito “B”
século XIX e dois quadros do conhecido pintor Monet, e com os
banheiros, ornados com torneiras desenhadas pelos melhores
profissionais da época. Diante disso, decidiu comprá-la.
Na ausência de acordo específico entre Bruna e André, por ocasião
da transferência da propriedade, Bruna receberá
(A) a mansão com os quadros, o piano e as torneiras, pois todos
esses bens são classificados como benfeitorias, que seguem o
destino do bem principal vendido.
(B) apenas a mansão, eis que o princípio da gravitação jurídica
não é aplicável aos demais bens citados no caso.
(C) a mansão juntamente com as torneiras dos banheiros,
consideradas partes integrantes, mas não os quadros e o piano,
considerados pertenças.
(D) a mansão e os quadros, pois, sendo considerados pertenças,
impõe-se a regra de que o acessório deve seguir o destino do
principal, mas o piano e as torneiras poderão ser removidos por
André antes da transferência.
A: incorreta, pois os quadros e o piano são considerados pertenças,
se destinando ao aformoseamento do bem principal (art. 93 CC). Os
negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não
abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da
manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso (art. 94
CC). Como não houve manifestação expressa do vendedor quando
a estes objetos, logo eles não integram o contrato; B: incorreta, pois
as torneiras constituem parte integrante da mansão, logo, a
acompanham (art. 93 CC); C: correta, pois as torneiras são parte
integrante, logo, acompanham o bem principal. Os quadros e o
piano são pertenças, sendo assim, só acompanhariam o bem
principal se houvesse manifestação expressa, determinação legal
ou se as circunstâncias do caso assim determinassem, porém, no
caso não houve essas hipóteses (art. 94 CC); D: incorreta, pois
tanto os quadros como o piano são considerados pertenças e só
acompanhariam o bem principal se houvesse os mesmos fatores
mencionados na alternativa C. GR
2.4. FATOS JURÍDICOS
2.4.1. Espécies, formação, classificação e temas gerais
(OAB/Exame Unificado – 2017.2) Em ação judicial na qual Paulo é réu,
levantou-se controvérsia acerca de seu domicílio, relevante para a
determinação do juízo competente. Paulo alega que seu domicílio é a
capital do Estado do Rio de Janeiro, mas o autor sustenta que não há
provas de manifestação de vontade de Paulo no sentido de fixar seu
domicílio naquela cidade.
Sobre o papel da vontade nesse caso, assinale a afirmativa correta.
(A) Por se tratar de um fato jurídico em sentido estrito, a vontade
de Paulo na fixação de domicílio é irrelevante, uma vez que não é
necessário levar em consideração a conduta humana para a
determinação dos efeitos jurídicos desse fato.
(B) Por se tratar de um ato-fato jurídico, a vontade de Paulo na
fixação de domicílio é irrelevante, uma vez que, embora se leve em
consideração a conduta humana para a determinação dos efeitos
jurídicos, não é exigível manifestação de vontade.
(C) Por se tratar de um ato jurídico em sentido estrito, embora os
seus efeitos sejam predeterminados pela lei, a vontade de Paulo na
Gabarito “C”
fixação de domicílio é relevante, no sentido de verificar a
existência de um ânimo de permanecer naquele local.
(D) Por se tratar de um negócio jurídico, a vontade de Paulo na
fixação de domicílio é relevante, já que é a manifestação de
vontade que determina quais efeitos jurídicos o negócio irá
produzir.
A: incorreta, pois a fixação do domicílio não é um fato jurídico em
sentido estrito, mas sim um ato jurídico em sentido estrito, no qual o
elemento vontade guarda certo relevo, a despeito de o papel da lei
ser preponderante nos efeitos; B: incorreta, pois a fixação de
domicílio não é hipótese de ato-fatojurídico, no qual a manifestação
de vontade é praticamente descartada; C: correta, pois a fixação de
domicilio é típico exemplo de ato jurídico em sentido estrito. A
vontade da parte é levada em conta, embora os efeitos daí
decorrentes já estejam todos previstos na lei. Interrupção de
prescrição, casamento, reconhecimento voluntário de filho são
outros bons exemplos; D: incorreta, pois no negócio jurídico as
partes podem – com sua vontade – estipular, criar e prever efeitos
jurídicos, como ocorre na celebração de um contrato, por exemplo.
GN
(OAB/Exame Unificado – 2012.1) Mauro, entristecido com a fuga das
cadelinhas Lila e Gopi de sua residência, às quais dedicava grande
carinho e afeição, promete uma vultosa recompensa para quem
eventualmente viesse a encontrá-las. Ocorre que, no mesmo dia em
que coloca os avisos públicos da recompensa, ao conversar
privadamente com seu vizinho João, afirma que não irá, na
realidade, dar a recompensa anunciada, embora assim o tenha
Gabarito “C”
prometido. Por coincidência, no dia seguinte, João encontra as
cadelinhas passeando tranquilamente em seu quintal e as devolve
imediatamente a Mauro. Neste caso, é correto afirmar que:
(A) a manifestação de vontade no sentido da recompensa subsiste
em relação a João ainda que Mauro tenha feito a reserva mental de
não querer o que manifestou originariamente.
(B) a manifestação de vontade no sentido da recompensa não
subsiste em relação a João, pois este tomou conhecimento da
alteração da vontade original de Mauro.
(C) a manifestação de vontade no sentido da recompensa não
mais terá validade em relação a qualquer pessoa, pois ela foi
alterada a partir do momento em que foi feita a reserva mental por
parte de Mauro.
(D) a manifestação de vontade no sentido da recompensa subsiste
em relação a toda e qualquer pessoa, pois a reserva mental não
tem o condão de modificar a vontade originalmente tornada
pública.
Segundo o art. 110 do CC, “a manifestação de vontade subsiste
ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de não querer o
que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento”
(g.n.). Mauro, apesar de ter prometido recompensa a quem achasse
suas cadelinhas, deixou claro para João que não cumpriria a
recompensa anunciada. Ou seja, deixou claro para o destinatário de
sua conversa privada sua “reserva mental de não querer o que
manifestou”. Assim, como quem achou as cadelinhas foi justamente
o destinatário (João) da informação de que o promitente (Mauro)
não cumpriria sua vontade, João NÃO terá direito à recompensa, já
que a vontade de Mauro não subsistirá. Dessa forma, as alternativas
“A” e “D” estão incorretas, pois a manifestação de Mauro não
subsistirá. A alternativa “C” está incorreta, pois apenas em relação
ao destinatário da informação sobre a reserva mental é que a
vontade não subsistirá. E a alternativa “B” está correta, pois está de
acordo com a conclusão que alcançamos a partir da interpretação
do art. 110 do CC.
2.4.2. Condição, termo e encargo
(OAB/Exame Unificado – 2017.3) Eduardo comprometeu-se a transferir
para Daniela um imóvel que possui no litoral, mas uma cláusula
especial no contrato previa que a transferência somente ocorreria
caso a cidade em que o imóvel se localiza viesse a sediar, nos
próximos dez anos, um campeonato mundial de surfe. Depois de
realizado o negócio, todavia, o advento de nova legislação ambiental
impôs regras impeditivas para a realização do campeonato naquele
local.
Sobre a incidência de tais regras, assinale a afirmativa correta.
(A) Daniela tem direito adquirido à aquisição do imóvel, pois a
cláusula especial configura um termo.
(B) Prevista uma condição na cláusula especial, Daniela tem
direito adquirido à aquisição do imóvel.
(C) Há mera expectativa de direito à aquisição do imóvel por parte
de Daniela, pois a cláusula especial tem natureza jurídica de
termo.
(D) Daniela tem somente expectativa de direito à aquisição do
imóvel, uma vez que há uma condição na cláusula especial.
Gabarito “B”
A transferência do imóvel foi claramente estabelecida com uma
condição suspensiva, ou seja, os efeitos do contrato ficam
suspensos até que ocorra um evento futuro e incerto, no caso o
campeonato mundial de surfe. Nessa hipótese, Daniela não tem
direito adquirido ao imóvel, mas mera expectativa de direito. Nesse
sentido é a redação da lei: “Subordinando-se a eficácia do negócio
jurídico à condição suspensiva, enquanto esta se não verificar, não
se terá adquirido o direito, a que ele visa” (CC, art. 125). Assim, a
superveniência de uma lei que impossibilita a ocorrência do evento
futuro e incerto impede a transferência do imóvel a Daniela. GN
(OAB/Exame Unificado – 2012.3.B) João prometeu doar seu imóvel em
Búzios a José se o seu time de futebol do coração, o América/RJ, for
campeão carioca em 2013. Assim sendo, sobre a condição imposta
para a doação, assinale a afirmativa correta.
(A) Trata-se de condição puramente potestativa, sendo lícita por
depender de manifestação da vontade de uma das partes.
(B) Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição
suspensiva, enquanto esta não se verificar, não terá Roberto
adquirido o direito nele previsto.
(C) É defeso a Roberto, titular do direito eventual, praticar atos
destinados à sua conservação.
(D) Trata-se de condição meramente potestativa, sendo, pois,
ilícita, uma vez que sujeita ao puro arbítrio de uma das partes.
A: incorreta, pois a condição puramente potestativa é aquele que
depende exclusivamente da vontade de alguém, o que não
acontece no caso, pois se o time vai ou não ganhar o campeonato é
Gabarito “D”
algo que não depende da vontade de João; B: correta; trata-se de
condição (e não de termo), pois a eficácia do negócio depende de
um evento futuro em incerto (o time de futebol ganhar o
campeonato), nos termos do art. 121 do CC; quanto ao tipo de
condição, tem-se no caso a condição suspensiva, pois os efeitos do
negócio ficam suspensos enquanto a condição (time ganhar o
campeonato) não se verificar (art. 125 do CC); C: incorreta, pois
esse direito existe (art. 130 do CC); D: incorreta, pois é a condição
puramente potestativa (e não meramente potestativa) que se sujeita
ao puro arbítrio de uma das partes.
(OAB/Exame Unificado – 2011.3.A) A condição, o termo e o encargo são
considerados elementos acidentais, facultativos ou acessórios do
negócio jurídico, e têm o condão de modificar as consequências
naturais deles esperadas. A esse respeito, é correto afirmar que:
(A) se considera condição a cláusula que, derivando da vontade
das partes ou de terceiros, subordina o efeito do negócio jurídico a
evento futuro e incerto.
(B) se for resolutiva a condição, enquanto esta se não realizar, não
vigorará o negócio jurídico, não se podendo exercer desde a
conclusão deste o direito por ele estabelecido.
(C) o termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do
direito e, salvo disposição legal ou convencional em contrário,
computam-se os prazos, incluindo o dia do começo e excluindo o
do vencimento.
(D) se considera não escrito o encargo ilícito ou impossível, salvo
se constituir o motivo determinante da liberalidade, caso em que
se invalida o negócio jurídico.
Gabarito “B”
A: incorreta, pois a condição deriva apenas da vontade das partes,
e não de terceiros (art. 121 do CC); B: incorreta, pois, pendente a
condição resolutiva, o negócio vigorará sim, ou seja, produzirá
efeitos normalmente, até que a condição resolutiva aconteça (art.
127 do CC), ocasião em que o negócio se resolve, ou seja, deixa de
produzir efeitos; C: incorreta, pois, apesar de correta a primeira
frase da alternativa (art. 131 do CC), é incorreta a informação de
que, na contagem dos prazos, inclui-se o dia do começo e exclui-se
o dia do vencimento, já que o Código Civil dispõe justamente no
sentido contrário, ou seja, computam-se os prazos, excluído o dia do
começo, e incluído o do vencimento; D: correta (art. 137 do CC).
(OAB/Exame Unificado – 2019.2) Eva celebroucom sua neta Adriana um
negócio jurídico, por meio do qual doava sua casa de praia para a
neta caso esta viesse a se casar antes da morte da doadora. O ato foi
levado a registro no cartório do Registro de Imóveis da circunscrição
do bem. Pouco tempo depois, Adriana tem notícia de que Eva não
utilizava a casa de praia há muitos anos e que o imóvel estava
completamente abandonado, deteriorando-se a cada dia. Adriana
fica preocupada com o risco de ruína completa da casa, mas não tem,
por enquanto, nenhuma perspectiva de casar-se.
De acordo com o caso narrado, assinale a afirmativa correta.
(A) Adriana pode exigir que Eva autorize a realização de obras
urgentes no imóvel, de modo a evitar a ruína da casa.
(B) Adriana nada pode fazer para evitar a ruína da casa, pois, nos
termos do contrato, é titular de mera expectativa de fato.
Gabarito “D”
(C) Adriana pode exigir que Eva lhe transfira desde logo a
propriedade da casa, mas perderá esse direito se Eva vier a falecer
sem que Adriana tenha se casado.
(D) Adriana pode apressar-se para casar antes da morte de Eva,
mas, se esta já tiver vendido a casa de praia para uma terceira
pessoa ao tempo do casamento, a doação feita para Adriana não
produzirá efeito.
A: correta, pois se verifica-se que a doação de Eva a Adriana foi
feita mediante condição suspensiva, isto é, a ocorrência do
casamento. Portanto, até este momento tem apenas um direito
eventual sobre o bem. Neste passo, nos termos do art. 130 CC “ao
titular do direito eventual, nos casos de condição suspensiva ou
resolutiva, é permitido praticar os atos destinados a conservá-lo”.
Logo, ela pode exigir que a avó autorize a realização de obras
urgentes no imóvel, de modo a evitar a ruína da casa; B: incorreta,
pois ela pode exigir atos de conservação nos termos do art. 130 CC,
uma vez que ela possui expectativa de direito sobre o bem (art. 125
CC); C: incorreta, pois Adriana não pode exigir a transferência da
propriedade, uma vez que a doação é um ato de liberalidade (art.
538 CC), logo fica ao inteiro arbítrio do proprietário; D: incorreta.
Enquanto Eva for viva o bem não pode ser disposto de nenhuma
forma, pois Adriana possui expectativa de direito sobre ele. Isso
significa que se à época do casamento o bem tiver sido vendido
essa venda poderá ser anulada. O fundamento está no art. 126 CC:
“Se alguém dispuser de uma coisa sob condição suspensiva, e,
pendente esta, fizer quanto àquelas novas disposições, estas não
terão valor, realizada a condição, se com ela forem incompatíveis”.
GR
Gabarito “A”
2.4.3. Defeitos do negócio jurídico
(OAB/Exame Unificado – 2018.2) A cidade de Asa Branca foi atingida por
uma tempestade de grandes proporções. As ruas ficaram alagadas e a
população sofreu com a inundação de suas casas e seus locais de
trabalho. Antônio, que tinha uma pequena barcaça, aproveitou a
ocasião para realizar o transporte dos moradores pelo triplo do preço
que normalmente seria cobrado, tendo em vista a premente
necessidade dos moradores de recorrer a esse tipo de transporte.
Nesse caso, em relação ao citado negócio jurídico, ocorreu
(A) estado de perigo.
(B) dolo.
(C) lesão.
(D) erro.
A: incorreta, pois a necessidade dos moradores era apenas o
transporte. Não havia, portanto, a “necessidade de salvar-se ou a
pessoa de sua família”, elemento essencial para caracterizar o vício
do estado de perigo (CC, art. 156); B: incorreta, pois o dolo é um
artifício malicioso utilizado para enganar a outra parte (CC, art. 145);
C: correta, pois a hipótese enquadra-se perfeitamente na previsão
do art. 157 do Código Civil, que estabelece o vício do consentimento
denominado lesão. Verifica-se quando uma pessoa “sob premente
necessidade ou por inexperiência, se obriga a prestação
manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta”. GN
Gabarito “C”
(OAB/Exame Unificado – 2016.3) Durante uma viagem aérea, Eliseu foi
acometido de um mal súbito, que demandava atendimento imediato.
O piloto dirigiu o avião para o aeroporto mais próximo, mas a
aterrissagem não ocorreria a tempo de salvar Eliseu. Um passageiro
ofereceu seus conhecimentos médicos para atender Eliseu, mas
demandou pagamento bastante superior ao valor de mercado, sob a
alegação de que se encontrava de férias.
Os termos do passageiro foram prontamente aceitos por Eliseu.
Recuperado do mal que o atingiu, para evitara cobrança dos valores
avençados, Eliseu pode pretender a anulação do acordo firmado com
o outro passageiro, alegando:
(A) erro.
(B) dolo.
(C) coação.
(D) estado de perigo.
A: incorreta, pois o erro (CC, art. 138) é a “falsa percepção da
realidade”, o que certamente não ocorreu no caso em tela; B:
incorreta, pois o dolo (CC, art. 145) é o artifício malicioso que
conduz a vítima ao engano, o que tampouco ocorreu; C: incorreta,
pois não houve ameaça de mal grave e injusto à vítima, necessário
para caracterizar a coação (CC, art. 151); D: correta, pois a hipótese
do enunciado encaixa-se exatamente na previsão legal do estado de
perigo, o qual se verifica quando alguém, “premido da necessidade
de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido
pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa” (CC,
art. 156). GN
Gabarito “D”
(OAB/Exame Unificado – 2017.2) Em um bazar beneficente, promovido
por Júlia, Marta adquiriu um antigo faqueiro, praticamente sem uso.
Acreditando que o faqueiro era feito de prata, Marta ofereceu um
preço elevado sem nada perguntar sobre o produto. Júlia,
acreditando no espírito benevolente de sua vizinha, prontamente
aceitou o preço oferecido.
Após dois anos de uso constante, Marta percebeu que os talheres
começaram a ficar manchados e a se dobrarem com facilidade.
Consultando um especialista, ela descobre que o faqueiro era feito de
uma liga metálica barata, de vida útil curta, e que, com o uso
reiterado, ele se deterioraria.
De acordo com o caso narrado, assinale a afirmativa correta.
(A) A compra e venda firmada entre Marta e Júlia é nula, por
conter vício em seu objeto, um dos elementos essenciais do
negócio jurídico.
(B) O negócio foi plenamente válido, considerando ter restado
comprovado que Júlia não tinha qualquer motivo para suspeitar
do engano de Marta.
(C) O prazo decadencial a ser observado para que Marta pretenda
judicialmente o desfazimento do negócio deve ser contado da data
de descoberta do vício.
(D) De acordo com a disciplina do Código Civil, Júlia poderá
evitar que o negócio seja desfeito se oferecer um abatimento no
preço de venda proporcional à baixa qualidade do faqueiro.
A:incorreta, pois ainda que houvesse vício do consentimento, o
negócio não seria nulo, mas apenas anulável (CC, art. 171); B:
correta. Prevaleceu na doutrina o entendimento de que o vício do
consentimento “Erro” exige como requisito que a outra parte saiba
do engano da vítima. De fato, o art. 138 do CC diz que – para
configurar o vício do consentimento – o erro precisa ser do tipo que
“poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das
circunstâncias do negócio”. No caso descrito, Julia não sabia que
Marta imaginava ser o faqueiro de prata. Logo, o negócio é válido;
C: incorreta, pois o prazo começa na data da conclusão do negócio
(CC, art. 178); D: incorreta, pois essa hipótese de manutenção do
negócio jurídico é restrita ao caso de lesão,por expressa disposição
de lei (CC, art. 157, § 2°) e ao estado de perigo, por analogia. GN
(OAB/Exame Unificado – 2013.1) João, credor quirografário de Marcos
em R$ 150.000,00, ingressou com Ação Pauliana, com a finalidade
de anular ato praticado por Marcos, que o reduziu à insolvência.
João alega que Marcos transmitiu gratuitamente para seu filho, por
contrato de doação, propriedade rural avaliada em R$ 200.000,00.
Considerando a hipótese acima, assinale a afirmativa correta.
(A) Caso o pedido da Ação Pauliana seja julgado procedente e seja
anulado o contrato de doação, o benefício da anulação aproveitará
somente a João, cabendo aos de mais credores, caso existam,ingressarem com ação individual própria.
(B) O caso narrado traz hipótese de fraude de execução, que
constitui defeito no negócio jurídico por vício de consentimento.
(C) Na hipótese de João receber de Marcos, já insolvente, o
pagamento da dívida ainda não vencida, ficará João obrigado a
repor, em proveito do acervo sobre que se tenha de efetuar o
concurso de credores, aquilo que recebeu.
Gabarito “B”
(D) João tem o prazo prescricional de dois anos para pleitear a
anulação do negócio jurídico fraudulento, contado do dia em que
tomar conhecimento da doação feita por Marcos.
A: incorreta, pois, julgada procedente a ação, o negócio é anulado
(art. 171, II, do CC), retornando ao patrimônio do devedor (no caso,
Marcos), permitindo que os demais credores também se beneficiem
disso; B: incorreta, pois a fraude de execução acontece quando o
credor já ingressou com ação de cobrança e, no bojo desta, o
devedor vem a se desfazer de modo fraudulento de seu patrimônio;
C: correta (art. 162 do CC); D: incorreta, pois é de 4 anos o prazo
para pleitear-se a anulação do negócio jurídico com fraude contra
credores, contados do dia em que se realizou o negócio jurídico (art.
178, II, do CC).
(OAB/Exame Unificado – 2012.2) Em relação aos defeitos dos negócios
jurídicos, assinale a afirmativa incorreta.
(A) A emissão de vontade livre e consciente, que corresponda
efetivamente ao que almeja o agente, é requisito de validade dos
negócios jurídicos.
(B) O erro acidental é o que recai sobre características secundárias
do objeto, não sendo passível de levar à anulação do negócio.
(C) A simulação é causa de anulação do negócio, e só poderá
ocorrer se a parte prejudicada demonstrar cabalmente ter sido
prejudicada por essa prática.
(D) O objetivo da ação pauliana é anular o negócio praticado em
fraude contra credores.
Gabarito “C”
A: correta; de fato, é requisito de validade do negócio jurídico a
emissão de vontade livre e consciente, ou seja, sem coação, erro ou
dolo; B: correta, pois, de fato, somente o erro substancial configura
o defeito previsto no art. 138 do CC, defeito esse que gera a
anulabilidade do negócio jurídico; C: incorreta, devendo ser
assinalada; a simulação é causa de nulidade, e não de anulabilidade
do negócio (art. 167 do CC); D: correta; de fato, a ação pauliana é
ação prevista para anular negócio praticado em fraude contra
credores (arts. 158 a 165 do CC).
(OAB/Exame Unificado – 2011.3.B) Considerando o instituto da lesão, é
correto afirmar que:
(A) a desproporção entre as prestações deve se configurar
somente no curso de contrato.
(B) os efeitos da lesão podem se manifestar no curso do contrato,
desde que sejam provenientes de desproporção entre as prestações
existente no momento da celebração do contrato.
(C) a desproporção entre as prestações surge em razão de fato
superveniente à celebração do contrato.
(D) os efeitos da lesão decorrem de um fato imprevisto.
A e C: incorretas, pois a desproporção entre as prestações deve se
configurar no momento da celebração do contrato; ou seja, o
contrato já deve nascer manifestamente desproporcional;
desproporções que ocorrem no curso do contrato dão ensejo à
aplicação da regra da onerosidade excessiva (art. 478 do CC), e
não do instituto da lesão (art. 157 do CC); B: correta, pois, apesar
de a desproporção das obrigações ter de ocorrer no momento da
Gabarito “C”
celebração do contrato, pode ser que os efeitos da lesão só ocorram
no curso do contrato; um exemplo é um contrato manifestamente
desproporcional, em que a parte prejudicada tenha que entregar a
sua prestação apenas alguns meses após a celebração do contrato;
D: incorreta, pois os efeitos da lesão decorrem diretamente da
celebração de um contrato já com uma manifesta desproporção
entre as prestações das partes, não sendo necessário que ocorra,
depois, um fato imprevisto, para a configuração do instituto.
(OAB/Exame Unificado – 2011.1) O negócio jurídico depende da regular
manifestação de vontade do agente envolvido. Nesse sentido, o art.
138 do Código Civil dispõe que “são anuláveis os negócios jurídicos
quando as declarações de vontade emanarem de erro substancial que
poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das
circunstâncias do negócio”.
Relativamente aos defeitos dos negócios jurídicos, assinale a
alternativa correta.
(A) O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a
pessoa, a quem a manifestação de vontade se dirige, se oferecer
para executá-la na conformidade da vontade real do manifestante.
(B) O falso motivo, por sua gravidade, viciará a declaração de
vontade em todas as situações e, por consequência, gerará a
anulação do negócio jurídico.
(C) O erro de cálculo gera a anulação do negócio jurídico, uma vez
que restou viciada a declaração de vontade nele baseada.
(D) O erro é substancial quando concerne à identidade ou à
qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de
Gabarito “B”
vontade, ainda que tenha influído nesta de modo superficial.
A: correta (art. 144 do CC); B: incorreta, pois o falso motivo só vicia
a declaração de vontade quando expresso como razão determinante
(art. 140 do CC); C: incorreta, pois o erro de cálculo apenas autoriza
a retificação da declaração de vontade (art. 143 do CC); D:
incorreta, pois o erro substancial, nesse caso, deve influir na
vontade de modo relevante (art. 139, II, do CC), e não de modo
superficial.
(OAB/Exame Unificado – 2010.1) A respeito dos defeitos dos negócios
jurídicos, assinale a opção correta.
(A) A lesão é um defeito que surge concomitantemente à
realização do negócio e enseja a sua anulabilidade. Entretanto,
permite-se a revisão contratual para evitar a anulação,
aproveitando-se, assim, o negócio.
(B) Se, na celebração do negócio, uma das partes induzir a erro a
outra, levando-a a concluir o negócio e a assumir uma obrigação
desproporcional à vantagem obtida pelo outro, esse negócio será
nulo porque a manifestação de vontade emana de erro essencial e
escusável.
(C) O dolo acidental, a despeito do qual o negócio seria realizado,
embora por outro modo, acarreta a anulação do negócio jurídico.
(D) Tratando-se de negócio jurídico a título gratuito, somente se
configura fraude quando a insolvência do devedor seja notória ou
haja motivo para ser conhecida, admitindo-se a anulação do
negócio pelo credor.
Gabarito “A”
A: correta. De acordo com o art. 157, § 2.º, do CC, “não se
decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento
suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do
proveito”. Segundo César Fiúza (Direito Civil – curso completo. 12.ª
ed., p. 242), “primeiramente, a lesão deve ocorrer no momento da
celebração do contrato, devendo ser apreciada segundo as
circunstâncias deste momento”; B: incorreta. Dispõe o art. 138 do
CC que o negócio jurídico celebrado em virtude de erro substancial
e escusável é anulável, e não nulo; C: incorreta. De acordo com o
art. 146 do CC, o dolo acidental, a despeito do qual o negócio seria
realizado, embora por outro modo, só obriga à satisfação de perdas
e danos, logo, não enseja a invalidade do negócio; D: incorreta. A
fraude a título oneroso só viciaria o ato, tornando-o anulável, se a
insolvência do devedor-alienante fosse notória, conhecida do
adquirente ou houvesse motivos para conhecê-la. Se ficar provado
que a insolvência não era notória, que o adquirente agiu de boa-fé,
o ato oneroso de alienação não será anulado, conforme art. 159 do
CC. Já a fraude a título gratuito sempre vicia o ato e ocorre mesmo
que o devedor ignore sua condição de insolvente, a teor do art 158
do CC, na fraude a título gratuito não se exige que se prove o
consilium fraudis, ou seja, não há necessidade de se provar a
participação do adquirente, a fraude ocorre ainda que o adquirente
não saia do estado de insolvência e até mesmo o alienante pode
ignorar seu estado de insolvência.
(OAB/Exame Unificado – 2020.1) João, único herdeiro de seu avô
Leonardo, recebeu, por ocasiãoda abertura da sucessão deste último,
todos os seus bens, inclusive uma casa repleta de antiguidades.
Gabarito “A”
Necessitando de dinheiro para quitar suas dívidas, uma das
primeiras providências de João foi alienar uma pintura antiga que
sempre estivera exposta na sala da casa, por um valor módico, ao
primeiro comprador que encontrou.
João, semanas depois, leu nos jornais a notícia de que reaparecera no
mercado de arte uma pintura valiosíssima de um célebre artista
plástico. Sua surpresa foi enorme ao descobrir que se tratava da
pintura que ele alienara, com valor milhares de vezes maior do que o
por ela cobrado. Por isso, pretende pleitear a invalidação da
alienação.
A respeito do caso narrado, assinale a afirmativa correta.
(A) O negócio jurídico de alienação da pintura celebrado por João
está viciado por lesão e chegou a produzir seus efeitos regulares,
no momento de sua celebração.
(B) O direito de João a obter a invalidação do negócio jurídico, por
erro, de alienação da pintura, não se sujeita a nenhum prazo
prescricional
(C) A validade do negócio jurídico de alienação da pintura
subordina-se necessariamente à prova de que o comprador
desejava se aproveitar de sua necessidade de obter dinheiro
rapidamente.
(D) Se o comprador da pintura oferecer suplemento do preço pago
de acordo com o valor de mercado da obra, João poderá optar
entre aceitar a oferta ou invalidar o negócio.
A: correta, pois o vício da lesão é aquele que em que uma pessoa,
sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a
prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação
oposta (art. 157, caput CC). Neste caso, João era inexperiente e o
comprador se aproveitou disso para fazer o negócio. O negócio
produz efeitos até que seja declarada sua invalidade; B: incorreta,
pois não se trata de erro, pois o erro se configura quando a
declaração de vontade emanar de um engano substancial que
poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das
circunstâncias do negócio (art. 138 CC). O prazo para pedir
anulação é decadencial de 4 anos (art. 178, II CC); C: incorreta,
pois, a Lei não exige prova de que o comprador tinha intenção de se
aproveitar do devedor. A simples realização do negócio jurídico já
faz presumir isso pelo instituto da lesão (art. 157, caput CC); D:
incorreta, pois neste caso não de decretará a anulação do negócio
(art. 157, §2º CC).
2.4.4. Validade e invalidade do negócio jurídico
(OAB/Exame Unificado – 2014.2) Maria Clara, então com dezoito anos,
animada com a conquista da carteira de habilitação, decide retirar
suas economias da poupança para adquirir um automóvel. Por saber
que estava no início da sua carreira de motorista, resolveu comprar
um carro usado e pesquisou nos jornais até encontrar um modelo
adequado. Durante a visita de Maria Clara para verificar o estado de
conservação do carro, o proprietário, ao perceber que Maria Clara
não era conhecedora de automóveis, informou que o preço que
constava no jornal não era o que ele estava pedindo, pois o carro
havia sofrido manutenção recentemente, além de melhorias que
faziam com que o preço fosse aumentado em setenta por cento. Com
esse aumento, o valor do carro passou a ser maior do que um modelo
novo, zero quilômetro. Contudo, após as explicações do proprietário,
Gabarito “A”
Maria Clara fechou o negócio. Sobre a situação apresentada no
enunciado, assinale a opção correta.
(A) Maria Clara sofreu coação para fechar o negócio, diante da
insistência do antigo proprietário e, por isso, pode ser proposta a
anulação do negócio jurídico no prazo máximo de três anos.
(B) O negócio efetuado por Maria Clara não poderá ser anulado
porque decorreu de manifestação de vontade por parte da
adquirente. Dessa forma, como não se trata de relação de
consumo, Maria Clara não possui essa garantia.
(C) O pai de Maria Clara, inconformado com a situação, pretende
anular o negócio efetuado pela filha, porém, como já se passaram
três anos, isso não será mais possível, pois já decaiu seu direito.
(D) O negócio jurídico efetuado por Maria Clara pode ser anulado;
porém, se o antigo proprietário concordar com a diminuição no
preço, o vício no contrato estará sanado.
A: incorreta, pois não houve coação afinal em nenhum momento foi
incutido em Maria Clara fundado temor de dano iminente e
considerável à ela, à sua família, ou aos seus bens (art. 151, caput,
do CC); B: incorreta, pois o negócio jurídico por ser anulado por
estar eivado de um vício de consentimento, haja vista que a
desproporção do preço pago pelo veículo. O vício presente é a
lesão (art. 157, caput, do CC); C: incorreta, pois o prazo decadencial
para se requerer a anulação do negócio jurídico é de 4 anos (art.
178, II do CC); D: correta, pois por tratar-se da hipótese de lesão, o
negócio jurídico não será anulado se for oferecido suplemento
suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do
proveito (art. 157, § 2º, do CC).
Gabarito “D”
(OAB/Exame Unificado – 2014.1) Lúcia, pessoa doente, idosa, com baixo
grau de escolaridade, foi obrigada a celebrar contrato particular de
assunção de dívida com o Banco FDC S.A., reconhecendo e
confessando dívidas firmadas pelo seu marido, esse já falecido, e que
não deixara bens ou patrimônio a inventariar. O gerente do banco
ameaçou Lúcia de não efetuar o pagamento da pensão deixada pelo
seu falecido marido, caso não fosse assinado o contrato de assunção
de dívida.
Considerando a hipótese acima e as regras de Direito Civil, assinale a
afirmativa correta.
(A) O contrato particular de assunção de dívida assinado por
Lúcia é anulável por erro substancial, pois Lúcia manifestou sua
vontade de forma distorcida da realidade, por entendimento
equivocado do negócio praticado.
(B) O ato negocial celebrado entre Lúcia e o Banco FDC S.A. é
anulável por vício de consentimento, em razão de conduta dolosa
praticada pelo banco, que ardilosamente falseou a realidade e
forjou uma situação inexistente, induzindo Lúcia à prática do ato.
(C) O instrumento particular firmado entre Lúcia e o Banco FDC
S.A. pode ser anulado sob fundamento de lesão, uma vez que Lúcia
assumiu obrigação excessiva sobre premente necessidade.
(D) O negócio jurídico celebrado entre Lúcia e o Banco FDC S.A. é
anulável pelo vício da coação, uma vez que a ameaça praticada
pelo banco foi iminente e atual, grave, séria e determinante para a
celebração da avença.
A: incorreta, pois o erro é o engano cometido pelo próprio agente,
sem a indução da parte contrária (art. 138 do CC). O caso em tela
não retrata a hipótese de erro, pois Lucia fez tudo de maneira
consciente; B: incorreta, pois o dolo é o erro induzido pela outra
parte, de modo que se a parte tivesse conhecimento daquela causa
não realizaria o negócio (art. 145 do CC). No caso, Lúcia tinha pleno
conhecimento de tudo o que estava se passando; C: incorreta, pois
no caso em tela foi incutido o temor em Lúcia para que assinasse a
confissão de dívida. O instituto da lesão se dá apenas quando
alguém em premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a
prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação
oposta (art. 157, caput, do CC); D: correta (art. 151, caput, do CC).
(OAB/Exame Unificado – 2019.1) Mônica, casada pelo regime da
comunhão total de bens, descobre que seu marido, Geraldo, alienou
um imóvel pertencente ao patrimônio comum do casal, sem a devida
vênia conjugal. A descoberta agrava a crise conjugal entre ambos e
acaba conduzindo ao divórcio do casal.
Tempos depois, Mônica ajuíza ação em face de seu ex-marido,
objetivando a invalidação da alienação do imóvel.
Sobre o caso narrado, assinale a afirmativa correta.
(A) O juiz pode conhecer de ofício do vício decorrente do fato de
Mônica não ter anuído com a alienação do bem.
(B) O fato de Mônica não ter anuído com a alienação do bem
representa um vício que convalesce com o decurso do tempo.
(C) O vício decorrente da ausência de vênia conjugal não pode ser
sanadopela posterior confirmação do ato por Mônica.
(D) Para que a pretensão de Mônica seja acolhida, ela deveria ter
observado o prazo prescricional de dois anos, a contar da data do
divórcio.
Gabarito “D”
A: incorreta, pois trata-se de negócio jurídico anulável e não nulo
(art. 1.649 CC). Sendo assim, o juiz não pode conhecer de ofício o
vício decorrente do fato de Mônica não ter anuído com a alienação
do bem (art. 177 CC); B: correta, pois por se tratar de negócio
jurídico anulável, o fato de não ter sido impugnado dentro do prazo
legal faz com que ele convalesça com o decurso do tempo. Neste
passo, o art. 1.649 CC prevê o prazo. Não sendo respeitado, perde-
se a oportunidade de anulação; C: incorreta, pois o vício pode ser
sanado pela confirmação de Mônica (art. 173 CC e art. 1.649,
parágrafo único CC); D: incorreta, pois trata-se de prazo
decadencial e não prescricional (art. 1.649, 178 e 179 CC). GR
(OAB/Exame Unificado – 2018.3) Arnaldo foi procurado por sua irmã
Zulmira, que lhe ofereceu R$ 1 milhão para adquirir o apartamento
que ele possui na orla da praia. Receoso, no entanto, que João, o
locatário que atualmente ocupa o imóvel e por quem Arnaldo nutre
profunda antipatia, viesse a cobrir a oferta, exercendo seu direito de
preferência, propôs a Zulmira que constasse da escritura o valor de
R$ 2 milhões, ainda que a totalidade do preço não fosse totalmente
paga.
Realizado nesses termos, o negócio
(A) pode ser anulado no prazo decadencial de dois anos, em
virtude de dolo.
(B) é viciado por erro, que somente pode ser alegado por João.
(C) é nulo em virtude de simulação, o que pode ser suscitado por
qualquer interessado.
Gabarito “B”
(D) é ineficaz, em razão de fraude contra credores, inoponíveis
seus efeitos perante João.
A: incorreta, pois o dolo ocorre quando alguém maliciosamente
induz outrem à prática de um ato que, se soubesse das reais
circunstâncias não o praticaria (art. 145 CC). Neste caso, o locatário
não está sendo induzido a praticar nada. E ainda que fosse dolo, o
prazo para anulação é de 4 anos (art. 178, II CC); B: incorreta, pois
o erro ocorre quando alguém, sem indução nenhuma possui uma
noção falsa sobre determinado objeto ou situação (art. 138 e 139
CC). O erro que enseja a anulação do negócio é o erro substancial.
Neste caso fica nítido que João não incidiu em erro; C: correta, pois
trata-se de negócio jurídico simulado, uma vez que existe
declaração não verdadeira (art. 167, §1º, II CC). Trata-se de caso de
nulidade (art. 167 caput CC), que pode ser alegado por qualquer
interessado (art. 168, caput CC); D: incorreta, pois o vício não está
no campo da eficácia (condição termo e encargo), mas sim da
validade dos negócios jurídicos (art. 167 CC). GR
(OAB/Exame Unificado – 2019.3) Alberto, adolescente, obteve
autorização de seus pais para casar-se aos dezesseis anos de idade
com sua namorada Gabriela. O casal viveu feliz nos primeiros meses
de casamento, mas, após certo tempo de convivência, começaram a
ter constantes desavenças. Assim, a despeito dos esforços de ambos
para que o relacionamento progredisse, os dois se divorciaram pouco
mais de um ano após o casamento. Muito frustrado, Alberto decidiu
reunir algumas economias e adquiriu um pacote turístico para viajar
pelo mundo e tentar esquecer o ocorrido.
Gabarito “C”
Considerando que Alberto tinha dezessete anos quando celebrou o
contrato com a agência de turismo e que o fez sem qualquer
participação de seus pais, o contrato é
(A) válido, pois Alberto é plenamente capaz.
(B) nulo, pois Alberto é absolutamente incapaz.
(C) anulável, pois Alberto é relativamente incapaz.
(D) ineficaz, pois Alberto não pediu a anuência de Gabriela.
A: correta, pois com o casamento foi extinta a menoridade de
Alberto, logo, ele é plenamente capaz (art. 5º, parágrafo único II
CC). Portanto, o contrato é plenamente válido; B: incorreta, pois
Alberto é plenamente capaz, pois sua menoridade foi extinta com o
casamento (art. 5º, parágrafo único II CC); C: incorreta, pois Alberto
é plenamente capaz, pois apesar de ter 17 anos sua menoridade foi
extinta quando contraiu casamento (art. 5º, parágrafo único II CC);
D: incorreta, pois a anuência de Gabriela é completamente
dispensada, logo, a eficácia do contrato não depende disso. O
contrato é válido, pois possui partes maiores, capazes, objeto lícito,
possível e determinável, forma adequada, motivo lícito, enfim,
preenche todos os requisitos do art. 166 CC.
2.5. PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA
(OAB/Exame Unificado – 2011.2) O decurso do tempo exerce efeitos
sobre as relações jurídicas. Com o propósito de suprir uma
deficiência apontada pela doutrina em relação ao Código velho, o
novo Código Civil, a exemplo do Código Civil italiano e português,
define o que é prescrição e institui disciplina específica para a
Gabarito “A”
decadência. Tendo em vista os preceitos do Código Civil a respeito da
matéria, assinale a alternativa correta.
(A) Quando uma ação se originar de fato que deva ser apurado no
juízo criminal, não correrá a prescrição até o despacho do juiz que
tenha recebido ou rejeitado a denúncia ou a queixa-crime.
(B) Se a decadência resultar de convenção entre as partes, o
interessado poderá alegá-la, em qualquer grau de jurisdição, mas o
juiz não poderá suprir a alegação de quem a aproveite.
(C) O novo Código Civil optou por conceituar o instituto da
prescrição como a extinção da pretensão e estabelece que a
prescrição, em razão da sua relevância, pode ser arguida, mesmo
entre os cônjuges enquanto casados pelo regime de separação
obrigatória de bens.
(D) Se um dos credores solidários constituir judicialmente o
devedor em mora, tal iniciativa não aproveitará aos demais quanto
à interrupção da prescrição, nem a interrupção produzida em face
do principal devedor prejudica o fiador dele.
A: incorreta, pois, nesse caso, não correrá a prescrição antes da
respectiva sentença criminal definitiva; B: correta (art. 211 do CC);
C: incorreta, pois não corre a prescrição (e, portanto, esta não pode
ser arguida) na constância da sociedade conjugal (art. 197, I, do
CC); D: incorreta, pois a interrupção da prescrição por um dos
credores solidários aproveita aos outros (art. 204, § 1.º, do CC).
Ademais, “a interrupção produzida contra o principal devedor
prejudica o fiador” (art. 204, § 3.º, do CC).
Gabarito “B”
(OAB/Exame Unificado – 2010.2) A respeito das diferenças e
semelhanças entre prescrição e decadência, no Código Civil, é correto
afirmar que:
(A) a prescrição acarreta a extinção do direito potestativo,
enquanto a decadência gera a extinção do direito subjetivo.
(B) os prazos prescricionais podem ser suspensos e
interrompidos, enquanto os prazos decadenciais legais não se
suspendem ou interrompem, com exceção da hipótese de titular de
direito absolutamente incapaz, contra o qual não corre nem prazo
prescricional nem prazo decadencial.
(C) não se pode renunciar à decadência legal nem à prescrição,
mesmo após consumadas.
(D) a prescrição é exceção que deve ser alegada pela parte a quem
beneficia, enquanto a decadência pode ser declarada de ofício pelo
juiz.
A: incorreta, pois a prescrição acarreta a extinção da pretensão (e
não do direito potestativo), ao passo que a decadência, a extinção
do direito potestativo; vale aproveitar o ensejo para lembrar que a
pretensão, quando atua em juízo, pretende a condenação de
alguém, de modo que os prazos prescricionais estão ligados às
ações condenatórias; e o direito potestativo, por sua vez, é aquele
que pretende interferir na esfera jurídica de alguém, como é o caso
do direito de pedir a anulação de um casamento, que interfere no
âmbito jurídico da outra parte; por isso, os prazos decadenciais
estão ligados às ações constitutivas; B: correta, pois os prazos
prescricionais podem ser suspensos (arts. 197 a 200 do Código
Civil) e interrompidos (art. 202 do Código Civil), ao passo que os
prazos decadenciais não podem ser suspensos ou interrompidos
(art. 207 do Código Civil), salvo no casodo absolutamente incapaz,
contra quem não corre nem prazo prescricional, nem prazo
decadencial (art. 208 c.c. art. 198, I); C: incorreta, pois cabe
renúncia à prescrição, desde que feita depois que esta se consumar
(ex: devedor de uma reparação civil, que prescreve em 3 (três)
anos, pode, após os 3 (três) anos, dizer que renuncia ao benefício
da prescrição, o que autoriza que o credor continue podendo
acioná-lo por mais 3 (três) anos); já a decadência legal (ou seja, a
fixada em lei), não pode ser objeto de renúncia (art. 209 do Código
Civil), tratando-se da única informação verdadeira na alternativa ora
em análise; D: incorreta, pois tanto a prescrição, como a decadência
devem ser pronunciadas de ofício pelo juiz (art. 219, § 5.º, do antigo
CPC e art. 210 do CC; art. 487, II, do Novo CPC).
(OAB/Exame XXXIV) Jorge foi atropelado por Vitor, em 02/02/2016.
Em razão desse evento, Jorge sofreu danos morais, materiais e
estéticos, os quais surgiram e foram percebidos por ele
imediatamente após o acidente. Tempos depois, em 31/01/2021,
Jorge procurou você, como advogado(a), e disse que pretendia
ajuizar uma ação de reparação contra Vitor.
Sobre a hipótese apresentada, você deverá informar para Jorge que
(A) o prazo prescricional da pretensão de reparação civil
extracontratual é de 10 (dez) anos.
(B) a pretensão está prescrita, tendo em vista o prazo de 3 (três)
anos ao qual se vincula a pretensão de reparação civil
extracontratual.
(C) a pretensão está prestes a ser fulminada pela prescrição, uma
vez que a pretensão de reparação civil extracontratual prescreve
Gabarito “B”
em 5 (cinco) anos.
(D) houve prescrição apenas da pretensão de demandar a
seguradora da qual Vitor é segurado, mas que permanece viável a
pretensão de reparação civil extracontratual, por seu prazo de 10
(dez) anos.
A: incorreta, pois o prazo para reparação civil é de 3 anos, uma vez
que a Lei traz essa disposição expressa (art. 206, § 3º, V CC); B:
correta (art. 206, § 3º, V CC); C: incorreta, pois a pretensão por
reparação civil prescreve em 3 anos (art. 206, § 3º, V CC); D:
incorreta, pois tanto a pretensão contra a seguradora está prescrita
(art. 206, § 1º, II, a CC) como a pretensão à reparação civil (art. 206,
§3º, V CC).
2.6. PROVAS
(OAB/Exame Unificado – 2013.2) A escritura pública, lavrada em notas
de tabelião, é documento dotado de fé pública, notadamente no que
tange ao fato de o ato de declaração ter sido praticado na presença do
tabelião e ter sido feita sua regular anotação em assentos próprios, o
que não importa na veracidade quanto ao conteúdo declarado.
A respeito desse tema, assinale a afirmativa correta.
(A) Aos cônjuges ou à entidade familiar é vedado destinar parte do
seu patrimônio para instituir bem de família por escritura pública,
cuja forma legal exige testamento.
(B) A escritura pública é essencial para a validade do pacto
antenupcial, devendo ser declarado nulo se não atender à forma
Gabarito “B”
exigida por lei.
(C) A partilha amigável entre herdeiros capazes será feita por
termo nos autos do inventário ou por escritura pública, não se
admitindo escrito particular, ainda que homologado pelo Juiz.
(D) A doação será realizada por meio de escritura pública ou
instrumento particular, não tendo validade a doação verbal, tendo
em vista ser expressamente vedada pela norma.
A: incorreta, pois é possível instituir bem de família por escritura
pública (art. 1.711, caput, do CC); B: correta (art. 1.653 do CC); C:
incorreta, pois tal partilha também pode ser feita por escrito
particular, homologado pelo juiz (art. 2.015 do CC); D: incorreta, pois
a doação verbal será válida, se, versando sobre bens móveis e de
pequeno valor, se lhe seguir incontinenti a tradição (art. 541,
parágrafo único, do CC).
3. OBRIGAÇÕES
3.1. INTRODUÇÃO, CLASSIFICAÇÃO E MODALIDADES DAS
OBRIGAÇÕES
(OAB/Exame Unificado – 2017.3) André, Mariana e Renata pegaram um
automóvel emprestado com Flávio, comprometendo-se
solidariamente a devolvê-lo em quinze dias. Ocorre que Renata,
dirigindo acima do limite de velocidade, causou um acidente que
levou à destruição total do veículo.
Gabarito “B”
Assinale a opção que apresenta os direitos que Flávio tem diante dos
três.
(A) Pode exigir, de qualquer dos três, o equivalente pecuniário do
carro, mais perdas e danos.
(B) Pode exigir, de qualquer dos três, o equivalente pecuniário do
carro, mas só pode exigir perdas e danos de Renata.
(C) Pode exigir, de cada um dos três, um terço do equivalente
pecuniário do carro e das perdas e danos.
(D) Pode exigir, de cada um dos três, um terço do equivalente
pecuniário do carro, mas só pode exigir perdas e danos de Renata.
A questão é interessante, pois demonstra como a solidariedade é
um vínculo entre as pessoas de um mesmo polo obrigacional, não
importando o objeto devido. A perda do carro (objeto devido) não
afeta em nada a solidariedade passiva entre os diversos devedores,
os quais continuam responsáveis pela totalidade do débito.
Contudo, pelas perdas e danos adicionais (para além do valor do
carro), somente o culpado responderá. É o que se depreende da
regra estabelecida pelo art. 279 do Código Civil, segundo o qual:
“Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores
solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente;
mas pelas perdas e danos só responde o culpado”. GN
(OAB/Exame Unificado – 2018.1) Arlindo, proprietário da vaca Malhada,
vendeu-a a seu vizinho, Lauro. Celebraram, em 10 de janeiro de
2018, um contrato de compra e venda, pelo qual Arlindo deveria
receber do comprador a quantia de R$ 2.500,00, no momento da
entrega do animal, agendada para um mês após a celebração do
Gabarito “B”
contrato. Nesse interregno, contudo, para surpresa de Arlindo,
Malhada pariu dois bezerros.
Sobre os fatos narrados, assinale a afirmativa correta.
(A) Os bezerros pertencem a Arlindo.
(B) Os bezerros pertencem a Lauro.
(C) Um bezerro pertence a Arlindo e o outro, a Lauro.
(D) Deverá ser feito um sorteio para definir a quem pertencem os
bezerros.
A: correta, pois,até a tradição, “pertence ao devedor a coisa, com os
seus melhoramentos e acrescidos” (CC, art. 237); B: incorreta, pois
Lauro ainda não era proprietário do bem, sendo a entrega do bem a
linha fronteiriça que marca a transferência da propriedade móvel
(CC, art. 1.267); C: incorreta, pois tal divisão não encontra respaldo
legal; D: incorreta, pois tal sorteio não tem previsão legal. GN
(OAB/Exame Unificado – 2018.2) Paula é credora de uma dívida de R$
900.000,00 assumida solidariamente por Marcos, Vera, Teresa,
Mirna, Júlio, Simone, Úrsula, Nestor e Pedro, em razão de mútuo
que a todos aproveita.
Antes do vencimento da dívida, Paula exonera Vera e Mirna da
solidariedade, por serem amigas de longa data. Dois meses antes da
data de vencimento, Júlio, em razão da perda de seu emprego, de
onde provinha todo o sustento de sua família, cai em insolvência.
Ultrapassada a data de vencimento, Paula decide cobrar a dívida.
Sobre a hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta.
Gabarito “A”
(A) Vera e Mirna não podem ser exoneradas da solidariedade, eis
que o nosso ordenamento jurídico não permite renunciar a
solidariedade de somente alguns dos devedores.
(B) Se Marcos for cobrado por Paula, deverá efetuar o pagamento
integral da dívida e, posteriormente, poderá cobrar dos demais as
suas quotas-partes. A parte de Júlio será rateada entre todos os
devedores solidários, inclusive Vera e Mirna.
(C) Se Simone for cobrada por Paula deverá efetuar o pagamento
integral da dívida e, posteriormente, poderá cobrar dos demais as
suas quotas-partes, inclusive Júlio.
(D) Se Mirna for cobrada por Paula, deverá efetuar o pagamento
integral da dívida e, posteriormente, poderá cobrar as quotas-
partes dos demais. A parte de Júlio será rateada entre todos os
devedores solidários, com exceção de Vera.
A: incorreta, pois “O credor pode renunciar à solidariedade em favor
de um, de alguns ou de todos os devedores”(CC, art. 282); B:
correta, pois Paula tem o direito de cobrar a integralidade do débito
de Marcos, o qual terá regresso contra os demais codevedores
solidários. A parte de eventual insolvente (Júlio) será dividida entre
todos os devedores solidários, inclusive aqueles anteriormente
exonerados pelo credor (CC, art. 283); C: incorreta no que se refere
ao regresso, pois Júlio é insolvente e sua quota será dividida entre
todos os codevedores (CC, art. 283); D: incorreta no que se refere à
cobrança integral de Mirna, a qual foi exonerada da solidariedade e,
como consequência lógica, só pode ser cobrada pela sua quota-
parte. GN
Gabarito “B”
(OAB/Exame Unificado – 2018.2) Lúcio, comodante, celebrou contrato
de comodato com Pedro, comodatário, no dia 1º de outubro de 2016,
pelo prazo de dois meses. O objeto era um carro da marca Y no valor
de R$ 30.000,00. A devolução do bem deveria ser feita na cidade
Alfa, domicílio do comodante, em 1º de dezembro de 2016.
Pedro, no entanto, não devolveu o bem na data marcada e resolveu
viajar com amigos para o litoral até a virada do ano. Em 1º de janeiro
de 2017, desabou um violento temporal sobre a cidade Alfa, e Pedro,
ao voltar da viagem, encontra o carro destruído.
Com base nos fatos narrados, sobre a posição de Lúcio, assinale a
afirmativa correta.
(A) Fará jus a perdas e danos, visto que Pedro não devolveu o
carro na data prevista.
(B) Nada receberá, pois o perecimento se deu em razão de fato
fortuito ou de força maior.
(C) Não terá direito a perdas e danos, pois cedeu o uso do bem a
Pedro.
(D) Receberá 50% do valor do bem, pois, por fato inimputável a
Pedro, o bem não foi devolvido.
A questão envolve a obrigação de “restituir coisa certa”, na hipótese,
o carro da marca Y. Se ainda estivéssemos dentro do prazo do
empréstimo (por exemplo: no dia 1° de novembro), a perda da coisa
sem culpa de Pedro extinguiria a obrigação, ou seja, Pedro não iria
ter que pagar nada a Lúcio (CC, art. 238). Contudo, existe um
elemento adicional na questão. Pedro estava em mora, pois não
devolveu o bem na data, lugar e forma combinada. Com isso,
amplia-se a responsabilidade do devedor e uma das consequências
é justamente torná-lo responsável pela perda da coisa, mesmo na
hipótese de fortuito ou força maior (CC, art. 399). Com isso, a única
alternativa que obedece aos termos da lei é a alternativa A. GN
(OAB/Exame Unificado – 2016.3) Felipe e Ana, casal de namorados,
celebraram contrato de compra e venda com Armando, vendedor,
cujo objeto era um carro no valor de R$ 30.000,00, a ser pago em 10
parcelas de R$ 3.000,00, a partir de 1º de agosto de 2016.
Em outubro de 2016, Felipe terminou o namoro com Ana. Em
novembro, nem Felipe nem Ana realizaram o pagamento da parcela
do carro adquirido de Armando. Felipe achava que a
responsabilidade era de Ana, pois o carro tinha sido presente pelo
seu aniversário. Ana, por sua vez, acreditava que, como Felipe ficou
com o carro, não estava mais obrigada a pagar nada, já que ele
terminara o relacionamento.
Armando procura seu(sua) advogado(a), que o orienta a cobrar:
(A) a totalidade da dívida de Ana.
(B) a integralidade do débito de Felipe.
(C) metade de cada comprador.
(D) a dívida de Felipe ou de Ana, pois há solidariedade passiva.
A: incorreta, pois não é possível cobrar a totalidade da dívida de
Ana, tendo em vista que não se pactuou a solidariedade passiva
entre os devedores (CC, art. 265); B: incorreta, pois Felipe é apenas
devedor de metade do valor (CC, art. 257); C: correta, pois trata-se
de típica obrigação divisível. Segundo o art. 257 do Código Civil:
“Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação
divisível, esta presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e
Gabarito “A”
distintas, quantos os credores ou devedores”; D: incorreta, pois não
foi estabelecida tal solidariedade e no nosso sistema ela só incidirá
caso haja previsão legal ou contratual nesse sentido. GN
(OAB/Exame Unificado – 2017.1) Antônio, vendedor, celebrou contrato
de compra e venda com Joaquim, comprador, no dia 1º de setembro
de 2016, cujo objeto era um carro da marca X no valor de R$
20.000,00, sendo o pagamento efetuado à vista na data de
assinatura do contrato. Ficou estabelecido ainda que a entrega do
bem seria feita 30 dias depois, em 1º de outubro de 2016, na cidade
do Rio de Janeiro, domicílio do vendedor. Contudo, no dia 25 de
setembro, uma chuva torrencial inundou diversos bairros da cidade e
o carro foi destruído pela enchente, com perda total.
Considerando a descrição dos fatos, Joaquim:
(A) não faz jus à devolução do pagamento de R$ 20.000,00.
(B) terá direito à devolução de 50% do valor, tendo em vista que
Antônio, vendedor, não teve culpa.
(C) terá direito à devolução de 50% do valor, tendo em vista que
Antônio, vendedor, teve culpa.
(D) terá direito à devolução de 100% do valor, pois ainda não
havia ocorrido a tradição no momento do perecimento do bem.
A: incorreta, pois o dono do bem ainda era Antônio, tendo em vista
que a tradição não havia ocorrido (CC, art. 1.267). Logo, é o dono
que sofre o prejuízo pela perda e Joaquim terá direito de
ressarcimento integral; B: incorreta, pois não existe tal previsão no
ordenamento jurídico; C: incorreta, pois tal solução legal não
encontra amparo na lei civil brasileira; D: correta, pois é a tradição
Gabarito “C”
que transfere a propriedade. Como ela não havia ocorrido, o dono
ainda é Antônio, que responderá pela perda. GN
(OAB/Exame Unificado – 2016.2) Paulo, João e Pedro, mutuários,
contraíram empréstimo com Fernando, mutuante, tornando-se,
assim, devedores solidários do valor total de R$ 6.000,00 (seis mil
reais). Fernando, muito amigo de Paulo, exonerou-o da
solidariedade. João, por sua vez, tornou-se insolvente. No dia do
vencimento da dívida, Pedro pagou integralmente o empréstimo.
Considerando a hipótese narrada, assinale a afirmativa correta.
(A) Pedro não poderá regredir contra Paulo para que participe do
rateio do quinhão de João, pois Fernando o exonerou da
solidariedade.
(B) Apesar da exoneração da solidariedade, Pedro pode cobrar de
Paulo o valor de R$ 3.000,00 (três mil reais).
(C) Ao pagar integralmente a dívida, Pedro se sub-roga nos
direitos de Fernando, permitindo-se que cobre a integralidade da
dívida dos demais devedores.
(D) Pedro deveria ter pago a Fernando apenas R$ 2.000,00 (dois
mil reais), pois a exoneração da solidariedade em relação a Paulo
importa, necessariamente, a exoneração da solidariedade em
relação a todos os codevedores.
A: incorreta, pois a exoneração da solidariedade de Paulo apenas
impede que Fernando cobre a dívida por inteiro somente de Paulo,
não fazendo com que Paulo deixe de ser responsável pela dívida,
nem fazendo com que este tenha que ressarcir o devedor que tenha
pago a dívida, no que lhe couber; B: correta, pois a exoneração da
Gabarito “D”
solidariedade de Paulo apenas impede que Fernando cobre a dívida
por inteiro somente de Paulo, não fazendo com que Paulo deixe de
ser responsável pela dívida, nem fazendo com que este tenha que
ressarcir o devedor que tenha pago a dívida, no que lhe couber,
sendo que, no caso, por ter um dos devedores ter se tornado
insolvente, a dívida fica rateada apenas entre Paulo e Pedro, de
modo que Paulo tem que ressarcir Pedro em metade do valor da
dívida, no caso em R$ 3 mil (arts. 283 e 284 do CC); C e D:
incorretas, pois, por haver um devedor insolvente, a dívida fica
rateada apenas entre Paulo e Pedro, de modo que Paulo tem que
ressarcir Pedro em metade do valor da dívida, no caso em R$ 3 mil,
sendo que a exoneração da solidariedade de Paulo apenas impede
que Fernando cobre a dívida por inteiro somente de Paulo, não
fazendo com que Paulo deixe de ser responsável pela dívida, nem
fazendo com que este tenha que ressarcir o devedor que tenha
pago a dívida, no que lhe couber (arts. 283 e 284 do CC).
(OAB/Exame Unificado – 2016.1) No dia 2 de agosto de 2014, Teresa
celebrou contrato de compra e venda com Carla, com quem seobrigou a entregar 50 computadores ou 50 impressoras, no dia 20 de
setembro de 2015. O contrato foi silente sobre quem deveria realizar
a escolha do bem a ser entregue. Sobre os fatos narrados, assinale a
afirmativa correta.
(A) Trata-se de obrigação facultativa, uma vez que Carla tem a
faculdade de escolher qual das prestações entregará a Teresa.
(B) Como se trata de obrigação alternativa, Teresa pode se liberar
da obrigação entregando 50 computadores ou 50 impressoras, à
Gabarito “B”
sua escolha, uma vez que o contrato não atribuiu a escolha ao
credor.
(C) Se a escolha da prestação a ser entregue cabe a Teresa, ela
poderá optar por entregar a Carla 25 computadores e 25
impressoras.
(D) Se, por culpa de Teresa, não se puder cumprir nenhuma das
prestações, não competindo a Carla a escolha, ficará aquela
obrigada a pagar somente os lucros cessantes.
A: incorreta, pois o instituto no caso é o da “obrigação alternativa”
(art. 252, caput, do CC); B: correta (art. 252, caput, do CC); C:
incorreta, pois se o contrato está claro a estabelece a quantidade de
50 unidades de cada uma das coisas, esse número obviamente tem
que ser respeitado pelo devedor; D: incorreta, pois nesse caso
Teresa ficará obrigada a pagar o valor da coisa que por último se
impossibilitou, mais as perdas e danos que o caso determinar (art.
254 do CC).
(OAB/Exame Unificado – 2016.1) A peça Liberdade, do famoso escultor
Lúcio, foi vendida para a Galeria da Vinci pela importância de R$
100.000,00 (cem mil reais). Ele se comprometeu a entregar a obra
dez dias após o recebimento da quantia estabelecida, que foi paga à
vista. A galeria organizou, então, uma grande exposição, na qual a
principal atração seria a escultura Liberdade. No dia ajustado,
quando dirigia seu carro para fazer a entrega, Lúcio avançou o sinal,
colidiu com outro veículo, e a obra foi completamente destruída. O
anúncio pela galeria de que a peça não seria mais exposta fez com
que diversas pessoas exercessem o direito de restituição dos valores
Gabarito “B”
pagos a título de ingresso. Sobre os fatos narrados, assinale a
afirmativa correta.
(A) Lúcio deverá entregar outra obra de seu acervo à escolha da
Galeria da Vinci, em substituição à escultura Liberdade.
(B) A Galeria da Vinci poderá cobrar de Lúcio o equivalente
pecuniário da escultura Liberdade mais o prejuízo decorrente da
devolução do valor dos ingressos relativos à exposição.
(C) Por se tratar de obrigação de fazer infungível, a Galeria da
Vinci não poderá mandar executar a prestação às expensas de
Lúcio, restando-lhe pleitear perdas e danos.
(D) Com o pagamento do preço, transferiu-se a propriedade da
escultura para a Galeria da Vinci, razão pela qual ela deve suportar
o prejuízo pela perda do bem.
A: incorreta, pois a obrigação é de entregar coisa certa, que não
pode, assim, ser substituída por outra, ficando resolvida a obrigação
(art. 234 do CC); B: correta, pois, como a coisa certa se perdeu por
culpa do devedor e este ainda não havia feito a sua entrega
(tradição), o devedor responderá pelo valor da coisa (R$ 100 mil),
mais perdas e danos, que no caso consiste ao menos na devolução
do valor dos ingressos relativos à exposição, tudo na forma do art.
234 do CC; C: incorreta, pois a obrigação em questão é de “dar
coisa certa” (art. 233 do CC); D: incorreta, pois na obrigação de dar
coisa certa enquanto não houver a tradição o risco pela perda da
coisa é do vendedor (art. 234 do CC).
(OAB/Exame Unificado – 2015.3) Joana e suas quatro irmãs, para
comemorar as bodas de ouro de seus pais, contrataram Ricardo para
Gabarito “B”
organizar a festa. No contrato ficou acordado que as cinco irmãs
arcariam solidariamente com todos os gastos. Ricardo, ao requerer o
sinal de pagamento, previamente estipulado no contrato, não obteve
sucesso, pois cada uma das irmãs informava que a outra tinha ficado
responsável pelo pagamento. Ainda assim, Ricardo cumpriu sua
parte do acordado. Ao final da festa, Ricardo foi até Joana para
cobrar pelo serviço, sem sucesso. Sobre a situação apresentada,
assinale a afirmativa correta.
(A) Se Ricardo resolver ajuizar demanda em face somente de
Joana, as outras irmãs, ainda assim, permanecerão responsáveis
pelo débito.
(B) Se Joana pagar o preço total do serviço sozinha, poderá cobrar
das outras, ficando sem receber se uma delas se tornar insolvente.
(C) Se uma das irmãs de Joana falecer deixando dois filhos,
qualquer um deles deverá arcar com o total da parte de sua mãe.
(D) Ricardo deve cobrar de cada irmã a sua quota-parte para
receber o total do serviço, uma vez que se trata de obrigação
divisível.
A: correta; o fato de haver obrigação solidária das irmãs permite que
Ricardo cobre a totalidade da dívida apenas de uma das devedoras
(no caso, Joana), mas as demais devedoras continuarão
responsáveis pela dívida; a consequência prática disso é que se
Ricardo somente conseguir que Joana pague uma parte da dívida,
nada impede que acione as demais irmãs para cobrar o restante
(art. 275, caput, do CC); B: incorreta, pois em relação à cota da irmã
insolvente, esta será dividida igualmente por todas as devedoras, na
forma do art. 283 do CC; C: incorreta, pois nesse caso nenhum dos
dois herdeiros da devedora solidária falecida será obrigado a pagar
senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo
se a obrigação for indivisível, mas esses dois herdeiros reunidos
serão considerados como um devedor solidário em relação às
demais irmãs devedoras (art. 276 do CC); D: incorreta, pois
havendo solidariedade passiva o credor tem direito a exigir e
receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a
dívida comum (art. 275, caput, do CC).
(OAB/Exame Unificado – 2015.2) Gilvan (devedor) contrai empréstimo
com Haroldo (credor) para o pagamento com juros do valor do
mútuo no montante de R$ 10.000,00. Para facilitar a percepção do
crédito, a parte do polo ativo obrigacional ainda facultou, no
instrumento contratual firmado, o pagamento do montante no termo
avençado ou a entrega do único cavalo da raça manga larga
marchador da fazenda, conforme escolha a ser feita pelo devedor.
Ante os fatos narrados, assinale a afirmativa correta.
(A) Trata-se de obrigação alternativa.
(B) Cuida-se de obrigação de solidariedade em que ambas as
prestações são infungíveis.
(C) Acaso o animal morra antes da concentração, extingue-se a
obrigação.
(D) O contrato é eivado de nulidade, eis que a escolha da
prestação cabe ao credor.
A: correta, pois quando o devedor poder escolher, entre opções
previstas no contrato, qual obrigação deseja cumprir, no âmbito das
opções contratuais, tem-se a chamada obrigação alternativa (art.
252, caput, do CC); B: incorreta, pois a questão não trata da
solidariedade, pois não há referência à pluralidade de credores ou
Gabarito “A”
devedores solidários no enunciado; C: incorreta, pois nesse caso
subsiste a outra obrigação que é alternativa (art. 253 do CC); D:
incorreta, pois na obrigação alternativa, regulamentada na lei (art.
252 do CC) a escolha caberá ao devedor.
(OAB/Exame Unificado – 2014.1) Ary celebrou contrato de compra e
venda de imóvel com Laurindo e, mesmo sem a devida declaração
negativa de débitos condominiais, conseguiu registrar o bem em seu
nome. Ocorre que, no mês seguinte à sua mudança, Ary foi
surpreendido com a cobrança de três meses de cotas condominiais
em atraso. Inconformado com a situação, Ary tentou, sem sucesso,
entrar em contato com o vendedor, para que este arcasse com os
mencionados valores.
De acordo com as regras concernentes ao direito obrigacional,
assinale a opção correta.
(A) Perante o condomínio, Laurindo deverá arcar com o
pagamento das cotas em atraso, pois cabe ao vendedor solver
todos os débitos que gravem o imóvel até o momento da tradição,
entregando-o livre e desembargado.
(B) Perante o condomínio, Ary deverá arcar com o pagamento das
cotas em atraso, pois se trata de obrigação subsidiária, já que o
vendedor não foi encontrado,cabendo ação in rem verso, quando
este for localizado.
(C) Perante o condomínio, Laurindo deverá arcar com o
pagamento das cotas em atraso, pois se trata de obrigação com
eficácia real, uma vez que Ary ainda não possui direito real sobre a
coisa.
Gabarito “A”
(D) Perante o condomínio, Ary deverá arcar com o pagamento das
cotas em atraso, pois se trata de obrigação propter rem, entendida
como aquela que está a cargo daquele que possui o direito real
sobre a coisa e, comprovadamente, imitido na posse do imóvel
adquirido.
A: incorreta, pois por tratar-se de obrigação propter rem o débito
acompanha a coisa, de modo que a responsabilidade pela
pagamento é de Ary, e não mais de Laurindo (art. 1.315 do CC); B:
incorreta, pois Ary é o responsável direto pelo pagamento da dívida
frente ao condomínio, ficando sujeito ao seu pagamento, não
havendo que se falar em ação in rem verso contra Laurindo (art.
1.325 do CC); C: incorreta, pois Ary deverá arcar com o pagamento
das cotas, uma vez que já possui direito real sobre a coisa, pois o
bem já está registrado em seu nome (art. 1.245, caput, do CC); D:
correta, pois de fato trata-se de uma obrigação propter rem, a qual
sujeita o seu titular a arcar com todas as pendências que recaírem
sobre a coisa.
(OAB/Exame Unificado – 2010.3) Maria celebrou contrato de compra e
venda do carro da marca X com Pedro, pagando um sinal de R$
10.000,00. No dia da entrega do veículo, a garagem de Pedro foi
invadida por bandidos, que furtaram o referido carro. A respeito da
situação narrada, assinale a alternativa correta.
(A) Pedro poderá entregar outro veículo no lugar no automóvel
furtado.
(B) Maria poderá exigir a entrega de outro carro.
Gabarito “D”
(C) Haverá resolução do contrato pela falta superveniente do
objeto, sendo restituído o valor já pago por Maria.
(D) Não haverá resolução do contrato, pois Pedro pode alegar caso
fortuito.
O caso envolve o instituto da “obrigação de dar coisa certa”,
regulamentado nos arts. 233 e seguintes do CC. O fato é que a
coisa (carro) se perdeu antes da tradição (entrega), sem que
houvesse culpa do devedor (Pedro), de modo que incide o disposto
no art. 234 do CC, pelo qual fica resolvida a obrigação, ou seja, fica
resolvido o contrato. Dessa forma, Pedro deverá devolver (restituir)
o valor pago por Maria, a fim de que não haja enriquecimento ilícito.
Vale lembrar, também, da máxima pela qual “a coisa perece para o
dono”. Nesse sentido, como Pedro ainda era dono da coisa, já que a
propriedade de um bem móvel só se transfere com a tradição (a
entrega), ele não poderá ficar com a quantia recebida de Maria.
(OAB/Exame Unificado – 2010.3) João deverá entregar quatro cavalos da
raça X ou quatro éguas da raça X a José. O credor, no momento do
adimplemento da obrigação, exige a entrega de dois cavalos da raça
X e de duas éguas da raça X. Nesse caso, é correto afirmar que as
prestações:
(A) facultativas são inconciliáveis, quando a escolha couber ao
credor.
(B) facultativas são conciliáveis, quando a escolha couber ao
credor.
(C) alternativas são inconciliáveis, havendo indivisibilidade
quanto à escolha.
Gabarito “C”
(D) alternativas são conciliáveis, havendo divisibilidade quanto à
escolha.
O caso envolve o instituto das obrigações alternativas,
regulamentado nos arts. 252 e seguintes do CC. Isso porque João
(o devedor) poderia cumprir a obrigação de duas maneiras: a)
entregando 4 cavalos da raça X; b) entregando 4 éguas da raça X.
O enunciado deixa claro que João deve escolher entre apenas duas
possibilidades. Ou cumpre do jeito “a” ou cumpre do jeito “b”. José
(o credor) não poderia exigir que João cumprisse parte do jeito “a” e
parte do jeito “b”. O art. 252, caput, do CC é claro ao dispor que
compete ao devedor escolher qual das duas possibilidades de
prestação pretende cumprir. E as duas possibilidades de prestação
possíveis foram estipuladas de modo inconciliável (ou 4 cavalos ou
4 éguas), havendo indivisibilidade quanto à escolha, ou seja, não
sendo possível dividir as prestações, executando parte de uma e
parte de outra, como deseja o credor José.
(OAB/Exame Unificado – 2010.2) Com relação ao regime da
solidariedade passiva, é correto afirmar que:
(A) cada herdeiro pode ser demandado pela dívida toda do
devedor solidário falecido.
(B) com a perda do objeto por culpa de um dos devedores
solidários, a solidariedade subsiste no pagamento do equivalente
pecuniário, mas pelas perdas e danos somente poderá ser
demandado o culpado.
(C) se houver atraso injustificado no cumprimento da obrigação
por culpa de um dos devedores solidários, a solidariedade subsiste
Gabarito “C”
no pagamento do valor principal, mas pelos juros da mora
somente poderá ser demandado o culpado.
(D) as exceções podem ser aproveitadas por qualquer dos
devedores solidários, ainda que sejam pessoais apenas a um deles.
A: incorreta, pois, neste caso, nenhum dos herdeiros “será obrigado
a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário,
salvo se a obrigação for indivisível” (art. 276 do CC); B: correta, nos
termos do art. 279 do CC (“impossibilitando-se a prestação por
culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos o
encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só
responde o culpado”); C: incorreta, pois todos os devedores irão
responder pelos juros da mora, podendo, depois, os inocentes,
cobrar tais juros do devedor culpado (art. 280 do CC); D: incorreta,
pois, segundo o art. 281 do CC, “o devedor demandado pode opor
ao credor as exceções que lhe forem pessoais e as comuns a todos;
não lhe aproveitando as exceções pessoais a outro codevedor”
(OAB/Exame Unificado – 2010.1) Acerca das obrigações de dar, fazer e
não fazer, assinale a opção correta.
(A) No caso de entrega de coisa incerta, se houver, antes da
escolha, perda ou deterioração do bem, ainda que decorrente de
caso fortuito ou força maior, a obrigação ficará resolvida para
ambas as partes.
(B) Em caso de obrigação facultativa, o perecimento da coisa
devida não implica a liberação do devedor do vínculo obrigacional,
podendo-se dele exigir a realização da obrigação devida.
(C) É divisível a obrigação de prestação de coisa indeterminada.
Gabarito “B”
(D) Tratando-se de obrigação de entrega de coisa certa, a
obrigação será extinta caso a coisa se perca sem culpa do devedor,
antes da tradição ou mediante condição suspensiva.
A: incorreta. Vide art. 246 do Código Civil. A respeito, assevera
Senise que, tratando-se de entrega de coisa incerta, aplica-se “a
regra genus non perit, ou seja, o gênero jamais perece, quando
houver ilimitação de sua quantidade para que o devedor dele
disponha em prol do credor (gennus ilimitatum). (...) antes da
escolha, o devedor não poderá alegar a perda ou a deterioração do
bem, mesmo sob o fundamento da ocorrência de força maior ou de
caso fortuito, porque, como lembra Sílvio Rodrigues, não se pode
cogitar de riscos sobre uma coisa indicada tão somente pelo gênero
(gennus non perit), porém ainda não indicada mediante a
concentração” (Roberto Senise Lisboa. Manual de direito civil. V.
2: direito das obrigações e responsabilidade civil. 4. ed., São Paulo:
Saraiva, 2009, p. 90); B: incorreta. Assevera Senise que “obrigação
facultativa, também denominada obrigação com faculdade
alternativa, é aquela conferida por lei ao devedor, caso ele não
tenha condições de cumprir a obrigação pactuada com o credor. (...)
As principais regras da obrigação facultativa são:(...) c) o
perecimento da coisa devida importa na liberação do devedor do
vínculo obrigacional, não se podendo dele exigir a realização da
obrigação facultativa” (Idem, ibidem, p. 102); C: incorreta. Proclama
Senise que “obrigação divisível é aquela que pode ser cumprida
parcialmente, pois se torna possível o fracionamento da prestação
até a completa satisfação dos interesses do credor”. Por outro lado,
esclarece que obrigação indivisível é aquela que somente pode ser
cumprida na sua integralidade, ante a impossibilidade de
fracionamentoda prestação. “São indivisíveis por lei, entre outras,
as dívidas: (...) e) de coisa indeterminada, por faltar-lhe a indicação
precisa pela parte interessada” (Idem, ibidem, p. 106); D: correta.
Vide art. 234 do Código Civil. A respeito, assinala Senise que “as
principais regras da obrigação de dar coisa certa são: (...) f) Se a
coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição ou
mediante condição suspensiva, a obrigação será extinta” (Idem,
ibidem, p. 88).
(OAB/Exame Unificado – 2020.1) Jacira mora em um apartamento
alugado, sendo a locação garantida por fiança prestada por seu pai,
José. Certa vez, Jacira conversava com sua irmã Laura acerca de suas
dificuldades financeiras, e declarou que temia não ser capaz de pagar
o próximo aluguel do imóvel. Compadecida da situação da irmã,
Laura procurou o locador do imóvel e, na data de vencimento do
aluguel, pagou, em nome próprio, o valor devido por Jacira, sem
oposição desta.
Nesse cenário, em relação ao débito do aluguel daquele mês, assinale
a afirmativa correta.
(A) Laura, como terceira interessada, sub-rogou-se em todos os
direitos que o locador tinha em face de Jacira, inclusive a garantia
fidejussória.
(B) Laura, como terceira não interessada, tem apenas direito de
regresso em face de Jacira.
(C) Laura, como devedora solidária, sub-rogou-se nos direitos que
o locador tinha em face de Jacira, mas não quanto à garantia
fidejussória.
(D) Laura, tendo realizado mera liberalidade, não tem qualquer
direito em face de Jacira.
Gabarito “D”
A: incorreta, pois Laura é terceira não interessada. Pagou por mera
liberalidade, logo não se sub-roga nos direitos do credor (art. 305,
caput CC); B: correta (art. 305, caput CC); C: incorreta, pois Laura
não é devedora solidária, mas sim terceira não interessada, afinal,
não tinha nenhum vínculo contratual de locação com o locador. Ao
pagar a dívida de Jacira, Laura não se sub-roga em nenhum dos
direitos do credor, mas apenas tem direito de regresso contra Jacira
(art. 305, caput CC); D: incorreta, pois Laura tem direto de regresso
contra Jacira (art. 305, caput CC).
(OAB/Exame Unificado – 2020.2) Érico é amigo de Astolfo, famoso
colecionador de obras de arte. Érico, que está abrindo uma galeria de
arte, perguntou se Astolfo aceitaria locar uma das pinturas de seu
acervo para ser exibida na grande noite de abertura, como forma de
atrair mais visitantes. Astolfo prontamente aceitou a proposta, e
ambos celebraram o contrato de locação da obra, tendo Érico se
obrigado a restituí-la já no dia seguinte ao da inauguração. O aluguel,
fixado em parcela única, foi pago imediatamente na data de
celebração do contrato.
A abertura da galeria foi um grande sucesso, e Érico, assoberbado de
trabalho nos dias que se seguiram, não providenciou a devolução da
obra de arte para Astolfo. Embora a galeria dispusesse de moderna
estrutura de segurança, cerca de uma semana após a inauguração,
Diego, estudante universitário, invadiu o local e vandalizou todas as
obras de arte ali expostas, destruindo por completo a pintura que
fora cedida por Astolfo. As câmeras de segurança possibilitaram a
pronta identificação do vândalo.
Gabarito “B”
De acordo com o caso narrado, assinale a afirmativa correta.
(A) Érico tem o dever de indenizar Astolfo, integralmente, pelos
prejuízos sofridos em decorrência da destruição da pintura.
(B) Érico não pode ser obrigado a indenizar Astolfo pelos
prejuízos decorrentes da destruição da pintura porque Diego, o
causador do dano, foi prontamente identificado.
(C) Érico não pode ser obrigado a indenizar Astolfo pelos
prejuízos decorrentes da destruição da pintura porque adotou
todas as medidas de segurança necessárias para proteger a obra de
arte.
(D) Érico somente estará obrigado a indenizar Astolfo se restar
comprovado que colaborou, em alguma medida, para que Diego
realizasse os atos de vandalismo.
A: correta (art. 239 CC). Trata-se de obrigação de restituir coisa
certa, que pereceu por culpa do devedor, afinal, Érico não devolveu
a pintura no prazo, logo, a responsabilidade pelo dano é sua; B:
incorreta, pois Érico estava inadimplente no contrato de locação da
pintura, uma vez que o prazo de restituição não foi respeitado. Logo,
ele é quem deve arcar com os ônus de sua demora (art. 239 CC).
Diego também poderá sofrer sanções, mas elas não excluem a
responsabilidade de Érico; C: incorreta, pois ainda que Érico tenha
adotado todas as medidas necessárias sua obrigação de indenizar
se dá por motivo diverso, isto é, a não restituição da coisa no prazo
contratado. Logo, ele assume o ônus dos danos da coisa (art. 239
CC). D: incorreta, pois o dever de indenizar neste caso é um dever
legal que independe a comprovação de culpa. Em decorrência do
descumprimento contratual a própria lei já fixa as consequências no
caso de dano da coisa (art. 239 CC). GR
à Ã
Gabarito “A”
3.2. TRANSMISSÃO, ADIMPLEMENTOS E EXTINÇÃO DAS
OBRIGAÇÕES
(OAB/Exame Unificado – 2018.1) Em 05 de dezembro de 2016, Sérgio,
mediante contrato de compra e venda, adquiriu de Fernando um
computador seminovo (ano 2014) da marca Massa pelo valor de R$
5.000,00. O pagamento foi integralizado à vista, no mesmo dia, e foi
previsto no contrato que o bem seria entregue em até um mês,
devendo Fernando contatar Sérgio, por telefone, para que este
buscasse o computador em sua casa. No contrato, também foi
prevista multa de R$ 500,00 caso o bem não fosse entregue no prazo
combinado.
Em 06 de janeiro de 2017, Sérgio, muito ansioso, ligou para
Fernando perguntando pelo computador, mas teve como resposta
que o atraso na entrega se deu porque a irmã de Fernando, Ana, que
iria trazer um computador novo para ele do exterior, tinha perdido o
voo e só chegaria após uma semana. Por tal razão, Fernando ainda
dependia do computador antigo para trabalhar e não poderia
entregá-lo de imediato a Sérgio.
Acerca dos fatos narrados, assinale a afirmativa correta.
(A) Sérgio poderá exigir de Fernando a execução específica da
obrigação (entrega do bem) ou a cláusula penal de R$ 500,00, não
podendo ser cumulada a multa com a obrigação principal.
(B) Sérgio poderá exigir de Fernando a execução específica da
obrigação (entrega do bem) simultaneamente à multa de R$
500,00, tendo em vista ser cláusula penal moratória.
(C) Sérgio somente poderá exigir de Fernando a execução
específica da obrigação (entrega do bem), não a multa, pois o
atraso foi por culpa de terceiro (Ana), e não de Fernando.
(D) Sérgio somente poderá exigir de Fernando a cláusula penal de
R$ 500,00, não a execução específica da obrigação (entrega do
bem), que depende de terceiro (Ana).
A multa de R$ 500 convencionada pelas partes é uma típica
cláusula penal moratória, a qual tem como objetivo estimular a
execução pontual e correta da obrigação contratual. Geralmente de
valor bem inferior à obrigação principal, ela refere-se à inexecução
“de alguma cláusula especial ou simplesmente à mora” (CC, art.
409); nesse caso, “terá o credor o arbítrio de exigir a satisfação da
pena cominada, juntamente com o desempenho da obrigação
principal” (CC, art. 411). GN
(OAB/Exame Unificado – 2013.3) Bruno cedeu a Fábio um crédito
representado em título, no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais),
que possuía com Caio.
Considerando a hipótese acima e as regras sobre cessão de crédito,
assinale a afirmativa correta.
(A) Caio não poderá opor a Fábio a exceção de dívida prescrita
que, no momento em que veio a ter conhecimento da cessão, tinha
contra Bruno, em virtude da preclusão.
(B) Caso Fábio tenha cedido o crédito recebido de Bruno a Mário e
este, posteriormente, ceda o crédito a Júlio, prevalecerá a cessão
de crédito que se completar com a tradição do título cedido.
(C) Bruno, ao ceder a Fábio crédito a título oneroso, não ficará
responsável pela existência do crédito ao tempo em que cedeu,
salvo por expressa garantia.
Gabarito “B”
(D) Conforme regra geral disposta no Código Civil, Bruno será
obrigado a pagar a Fábio ovalor correspondente ao crédito, caso
Caio torne-se insolvente.
A: incorreta, pois Caio poderá opor a Fábio a exceção de dívida
prescrita que, no momento em que veio a ter conhecimento da
cessão, tinha contra Bruno (art. 294 do CC). Logo, não há que se
falar em preclusão; B: correta (art. 291 do CC); C: incorreta, pois
pelo fato da cessão ser onerosa, Bruno, ainda que não se
responsabilize ficará responsável pela existência do crédito com
relação à Fábio ao tempo em que lhe cedeu (art. 295 do CC); D:
incorreta, pois em regra o cedente não responde pela solvência do
devedor. Apenas será responsável se houver estipulação em
contrário (art. 296 do CC).
(OAB/Exame Unificado – 2014.1) A transmissibilidade de obrigações
pode ser realizada por meio do ato denominado cessão, por meio da
qual o credor transfere seus direitos na relação obrigacional a
outrem, fazendo surgir as figuras jurídicas do cedente e do
cessionário.
Constituída essa nova relação obrigacional, é correto afirmar que
(A) os acessórios da obrigação principal são abrangidos na cessão
de crédito, salvo disposição em contrário.
(B) o cedente responde pela solvência do devedor, não se
admitindo disposição em contrário.
(C) a transmissão de um crédito que não tenha sido celebrada
única e exclusivamente por instrumento público é ineficaz em
relação a terceiros.
Gabarito “B”
(D) o devedor não pode opor ao cessionário as exceções que tinha
contra o cedente no momento em que veio a ter conhecimento da
cessão.
A: correta (art. 287 do CC); B: incorreta, pois, em regra, o cedente
não responde pela solvência do devedor. Tal ocorrerá apenas se
houver disposição em sentido contrário (art. 296 do CC); C:
incorreta, pois também é ineficaz a perante terceiros a transmissão
de um crédito realizada por instrumento particular sem as devidas
solenidades do art. 654, § 1º do CC (art. 288 do CC); D: incorreta,
pois o devedor pode opor ao cessionário as exceções que lhe
competirem, bem como as que, no momento em que veio a ter
conhecimento da cessão, tinha contra o cedente (art. 294 do CC)
(OAB/Exame Unificado – 2014.2) João é locatário de um imóvel
residencial de propriedade de Marcela, pagando mensalmente o
aluguel por meio da entrega pessoal da quantia ajustada. O locatário
tomou ciência do recente falecimento de Marcela ao ler
“comunicação de falecimento” publicada pelos filhos maiores e
capazes de Marcela, em jornal de grande circulação. Marcela, à época
do falecimento, era viúva. Aproximando-se o dia de vencimento da
obrigação contratual, João pretende quitar o valor ajustado. Todavia,
não sabe a quem pagar e sequer tem conhecimento sobre a existência
de inventário. De acordo com os dispositivos que regem as regras de
pagamento, assinale a afirmativa correta.
(A) João estará desobrigado do pagamento do aluguel desde a
data do falecimento de Marcela.
Gabarito “A”
(B) João deverá proceder à imputação do pagamento, em sua
integralidade, a qualquer dos filhos de Marcela, visto que são seus
herdeiros.
(C) João estará autorizado a consignar em pagamento o valor do
aluguel aos filhos de Marcela.
(D) João deverá utilizar-se da dação em pagamento para adimplir
a obrigação junto aos filhos maiores de Marcela, estando estes
obrigados a aceitar.
A: incorreta, pois falecendo o locador, a obrigação se transmite aos
herdeiros (art. 10 da Lei 8.245/1991). Logo, a obrigação de pagar
não será extinta; B: incorreta, pois apenas fala-se em imputação ao
pagamento na hipótese de haver dois ou mais débitos de mesma
natureza com o mesmo credor e o devedor indica qual débito
pretende quitar (art. 352 do CC). No caso em tela não temos duas
dívidas, mas apenas uma; C: correta, pois uma vez que o credor é
desconhecido, João pode consignar o pagamento em juízo (art. 335,
III do CC); D: incorreta, pois a dação em pagamento é utilizada
quando o devedor paga a dívida com prestação diversa da que é
devida e o credor concede anuência para tanto (art. 356 do CC), de
modo que essa hipótese não se aplica ao caso em tela.
(OAB/Exame Unificado – 2012.3.B) José devia a Paulo a quantia de R$
50 mil reais com vencimento em 05 de dezembro de 2012. Na data
do pagamento, José, devido à falta de dinheiro, ofereceu um lote de
sua propriedade, de igual valor da dívida, como substituição da
prestação originária.
Considerando a hipótese acima, assinale a afirmativa correta.
Gabarito “C”
(A) Caso Paulo aceite o lote dado por José como forma de
pagamento, ocorrerá extinção da obrigação primitiva pelo
adimplemento indireto na modalidade novação real.
(B) Se José oferecesse um título de crédito ao invés do lote, essa
transferência importaria em pagamento com sub-rogação.
(C) Se Paulo for evicto do lote recebido em pagamento, a
obrigação primitiva será restabelecida, ficando sem efeito a
quitação dada, ressalvados os direitos de terceiros de boa-fé.
(D) Caso Paulo aceite o bem imóvel oferecido por José, a
transferência do lote poderá ser formalizada por escritura pública
ou instrumento particular.
A: incorreta, pois haverá extinção da obrigação por dação em
pagamento (art. 356 do CC); B: incorreta, pois a transferência,
nesse caso, importa em cessão e não em sub-rogação (art. 358 do
CC); C: correta (art. 359 do CC); D: incorreta, pois negócios
envolvendo direitos reais sobre imóveis com valor superior a 30
salários-mínimos devem ser feitos necessariamente por escritura
pública, não cabendo escrito particular (art. 108 do CC).
(OAB/Exame Unificado – 2012.3.A) Tiago celebrou com Ronaldo contrato
de compra e venda de dez máquinas de costura importadas da China.
Restou acordado que o pagamento se daria em trinta e seis
prestações mensais e consecutivas com reajuste a cada doze meses
conforme taxa Selic, a ser efetuado no domicílio do credor. O
contrato estabeleceu, ainda, a incidência de juros moratórios, no
importe de 2% (dois por cento) do valor da parcela em atraso, e
cláusula penal, fixada em 10% (dez por cento) do valor do contrato,
em caso de inadimplência. Após o pagamento de nove parcelas,
Gabarito “C”
Tiago foi surpreendido com a notificação extrajudicial enviada por
Ronaldo, em que se comunicava um reajuste de 30% (trinta por
cento) sobre o valor da última parcela paga sob o argumento de que
ocorreu elevada desvalorização no câmbio. Tiago não concordou com
o reajuste e ao tentar efetuar o pagamento da décima parcela com
base no valor inicialmente ajustado teve o pagamento recusado por
Ronaldo.
Considerando o caso acima e as regras previstas no Código Civil,
assinale a afirmativa correta.
(A) Caso Tiago consigne o valor da décima parcela por meio de
depósito judicial, poderá levantá-lo enquanto Ronaldo não
informar o aceite ou não o impugnar, desde que pague todas as
despesas.
(B) Na hipótese de Tiago consignar judicialmente duas máquinas
de costura com a finalidade de afastar a incidência dos encargos
moratórios e da cláusula penal, este depósito será apto a liberá-lo
da obrigação assumida.
(C) O depósito consignatório realizado por Tiago em seu domicílio
terá o poder liberatório do vínculo obrigacional, isentando-o do
pagamento dos juros moratórios e da cláusula penal.
(D) Tiago poderá depositar o valor referente à décima parcela sob
o fundamento de injusta recusa, porém não poderá discutir, no
âmbito da ação consignatória, a abusividade ou ilegalidade das
cláusulas contratuais.
A: correta (art. 338 do CC); B: incorreta, pois, para a consignação
ter força de pagamento, deverá preencher todos os requisitos da
obrigação, inclusive, o objeto do pagamento (art. 336 do CC), que,
no caso, é o dinheiro e não as máquinas de costura; C: incorreta,
pois o depósito deve se dar no lugar do pagamento e não no lugar
do domicílio do devedor (art. 337 do CC); D: incorreta, pois, na ação
consignatória, é possível, sim, fazer essa discussão, sendo,
inclusive, comum a análise da abusividade ou ilegalidade de
cláusulas contratuais quando há recusa do credor em receber o
pagamento e o juiz precisa decidir se há ounão justa causa nessa
recusa (art. 335, I, do CC).
(OAB/Exame Unificado – 2012.2) Utilizando-se das regras afetas ao
direito das obrigações, assinale a alternativa correta.
(A) Quando o pagamento de boa-fé for efetuado ao credor
putativo, somente será inválido se, em seguida, ficar demonstrado
que não era credor.
(B) Levando em consideração os elementos contidos na lei para o
reconhecimento da onerosidade excessiva, é admissível assegurar
que a regra se aplica às relações obrigacionais de execução diferida
ou continuada.
(C) Possui a quitação determinados requisitos que devem ser
obrigatoriamente observados, tais como o valor da dívida, o nome
do pagador, o tempo e o lugar do adimplemento, além da
assinatura da parte credora, exigindo-se também que a forma da
quitação seja igual à forma do contrato.
(D) O terceiro, interessado ou não, poderá efetuar o pagamento da
dívida em seu próprio nome, ficando sempre sub-rogado nos
direitos da parte credora.
A: incorreta, pois o pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é
válido AINDA que provado depois que não era credor (art. 309 do
CC); B: correta, nos termos expressos previstos no art. 478 do CC;
Gabarito “A”
C: incorreta, pois a quitação poderá se dar por instrumento
particular, mesmo que se trate de contrato firmado por instrumento
público (art. 320, caput, do CC); no mais, deve constar da quitação o
nome do devedor, ou quem por este pagou (art. 320, caput, do CC),
e não necessariamente o nome do pagador; D: incorreta, pois o
terceiro não interessado, que paga a dívida em nome próprio, tem
direito de reembolsar-se do que pagar, MAS não se sub-roga nos
direitos do credor (art. 305, caput, do CC).
(OAB/Exame Unificado – 2011.2) A dação em pagamento é:
(A) modalidade de obrigação alternativa, na qual o credor
consente em receber objeto diverso ao da prestação
originariamente pactuada.
(B) causa extintiva da obrigação, na qual o credor consente em
receber objeto diverso ao da prestação originariamente pactuada.
(C) modalidade de obrigação facultativa, na qual o credor
consente em receber objeto diverso ao da prestação
originariamente pactuada.
(D) modalidade de adimplemento direto, na qual o credor
consente em receber objeto diverso ao da prestação
originariamente pactuada.
Art. 356 do Código Civil.
(OAB/Exame Unificado – 2010.1) Assinale a opção correta de acordo com
o Código Civil brasileiro.
Gabarito “B”
Gabarito “B”
(A) A sub-rogação objetiva ou real ocorre pela substituição de uma
das partes, sem a extinção do vínculo obrigacional.
(B) Caso o sub-rogado não consiga receber a importância devida,
ele poderá cobrá-la do credor original.
(C) Aplica-se à dação em pagamento o regime jurídico dos vícios
redibitórios.
(D) Opera-se novação quando o devedor oferece nova garantia ao
credor.
A: incorreta. Assevera Senise Lisboa que “A sub-rogação pode ser
objetiva e subjetiva. Sub-rogação objetiva ou real é aquela que se
dá pela substituição do objeto da obrigação, sem a extinção do
vínculo obrigacional. (...). Sub-rogação subjetiva ou pessoal é
aquela que se dá pela substituição de uma das partes, sem a
extinção do vínculo obrigacional” (Roberto Senise Lisboa. Manual
de direito civil. V. 2: direito das obrigações e responsabilidade civil.
4. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 138); B: incorreta. Observa
Senise Lisboa que “(...) caso o sub-rogado não consiga receber a
importância devida, não poderá cobrá-la do credor original” (Roberto
Senise Lisboa. Op. cit., p. 141); C: correta. Segundo Senise Lisboa,
“aplica-se à dação em pagamento o regime jurídico do instituto dos
vícios redibitórios (defeito oculto existente na coisa à época de sua
aquisição) e o da evicção (perda da coisa em virtude de sentença
judicial)” (Roberto Senise Lisboa. Op. cit., p. 149); D: incorreta.
Assinala Senise que “não há novação no oferecimento de nova
garantia ao credor. A simples constituição de uma garantia ao credor
constitui elemento acessório ou secundário do negócio jurídico.
Como a regra impede que o principal, que é o negócio jurídico, seja
modificado pela garantia, que é elemento acessório, não há como
se conceber a novação” (Roberto Senise Lisboa. Op. cit., p. 154).
(OAB/Exame XXXIII – 2020.3) Valdeir e Max assinaram contrato
particular de promessa de compra e venda com direito de
arrependimento, no qual Valdeir prometeu vender o apartamento
901 de sua propriedade por R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais).
Max, por sua vez, se comprometeu a comprar o imóvel e, no mesmo
ato de assinatura do contrato, pagou arras penitenciais de R$
50.000,00 (cinquenta mil reais). A escritura definitiva de compra e
venda seria outorgada em 90 (noventa) dias a contar da assinatura
da promessa de compra e venda, com o consequente pagamento do
saldo do preço. Contudo, 10 (dez) dias antes da assinatura da
escritura de compra e venda, Valdeir celebrou escritura definitiva de
compra e venda, alienando o imóvel à Ana Lúcia que pagou a
importância de R$ 750.000,00 (setecentos e cinquenta mil reais)
pelo mesmo imóvel. Max, surpreendido e indignado, procura você,
como advogado(a), para defesa de seus interesses.
Sobre a hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta.
(A) Max poderá exigir de Valdeir a importância paga a título de
arras mais o equivalente, com atualização monetária segundo
índices oficiais regularmente estabelecidos, juros e honorários de
advogado.
(B) Por se tratar de arras penitenciais, Max poderá exigir de
Valdeir apenas R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), e exigir a
reparação pelas perdas e danos que conseguir comprovar.
(C) Max poderá exigir de Valdeir até o triplo pago a título de arras
penitencias.
(D) Max não poderá exigir nada além do que pagou a título de
arras penitenciais.
Gabarito “C”
A: correta. Trata-se de arras penitenciais, isto é, aquelas que
garantem o direito ao arrependimento, porém não indenização
suplementar. Logo, aquele que recebeu as arras deverá devolvê-la
mais o equivalente, com atualização monetária segundo índices
oficiais regularmente estabelecidos, juros e honorários de advogado
(art. 420 CC); B: incorreta, pois ele pode cobrar o valor dado como
arras mais o equivalente, logo, daria R$ 100.000,00. Não pode,
porém, pedir indenização suplementar (art. 420 CC); C: incorreta,
pois pode exigir apenas o valor equivalente, e não o triplo (art. 420
CC); D: incorreta, pois poderá exigir o equivalente, com atualização
monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos,
juros e honorários de advogado (art. 420 CC). Apenas o que não
pode exigir é indenização suplementar. GR
(OAB/Exame XXXVI) João, Cláudia e Maria celebraram contrato de
compra e venda de um carro com Carlos e Paula. Pelo respectivo
contrato, Carlos e Paula se comprometeram, como devedores
solidários, ao pagamento de R$ 50.000,00. Ficou estabelecido,
ainda, solidariedade entre os credores João, Cláudia e Maria.
Diante do enunciado, assinale a afirmativa correta.
(A) O pagamento feito por Carlos ou por Paula não extingue a
dívida, ainda que parcialmente.
(B) Qualquer dos credores tem direito a exigir e a receber de
Carlos ou de Paula, parcial ou totalmente, a dívida comum.
(C) Impossibilitando-se a prestação por culpa de Carlos, extingue-
se a solidariedade, e apenas este responde pelo equivalente.
Gabarito “A”
(D) Carlos e Paula só se desonerarão pagando a todos os credores
conjuntamente.
A: incorreta, pois o pagamento feito a um dos credores solidários
extingue a dívida até o montante do que foi pago (art. 269 CC); B:
correta (art. 267 CC); C: incorreta, pois neste caso subsiste para
todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos
só responde Carlos (art. 279 CC); D: incorreta, pois enquanto os
credores solidários não demandarem o devedor comum, a qualquer
dos credores poderá o devedor pagar (art. 268 CC).
3.3. INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES
(OAB/Exame Unificado – 2017.1) Festas Ltda., compradora, celebrou,
após negociações paritárias, contrato de compra e venda com
ChocolatesS/A, vendedora. O objeto do contrato eram 100 caixas de
chocolate, pelo preço total de R$ 1.000,00, a serem entregues no dia
1º de novembro de 2016, data em que se comemorou o aniversário
de 50 anos de existência da sociedade. No contrato, estava prevista
uma multa de R$ 1.000,00 caso houvesse atraso na entrega.
Chocolates S/A, devido ao excesso de encomendas, não conseguiu
entregar as caixas na data combinada, mas somente dois dias depois.
Festas Ltda., dizendo que a comemoração já havia acontecido,
recusou-se a receber e ainda cobrou a multa. Por sua vez, Chocolates
S/A não aceitou pagar a multa, afirmando que o atraso de dois dias
não justificava sua cobrança e que o produto vendido era o melhor
do mercado.
Sobre os fatos narrados, assinale a afirmativa correta.
Gabarito “B”
(A) Festas Ltda. tem razão, pois houve o inadimplemento absoluto
por perda da utilidade da prestação e a multa é uma cláusula penal
compensatória.
(B) Chocolates S/A não deve pagar a multa, pois a cláusula penal,
quantificada em valor idêntico ao valor da prestação principal, é
abusiva.
(C) Chocolates S/A adimpliu sua prestação, ainda que dois dias
depois, razão pela qual nada deve a título de multa.
(D) Festas Ltda. só pode exigir 2% de multa (R$ 20,00), teto da
cláusula penal, segundo o Código de Defesa do Consumidor.
A: correta, pois a característica principal do inadimplemento
absoluto é justamente a não utilidade da prestação ao credor, em
virtude do cumprimento defeituoso. Logo, cabe a aplicação da
cláusula penal compensatória prevista no contrato; B: incorreta, pois
não há abusividade, uma vez que a cláusula penal não excede o
valor da prestação (CC, art. 412); C: incorreta, pois a entrega fora
do prazo fez a prestação tornar-se sem utilidade ao credor, razão
pela qual configurou-se o inadimplemento absoluto; D: incorreta,
pois esse teto refere-se à clausula penal para a hipótese de mora
(CDC, art. 52 § 1°) e não para o caso de inadimplemento absoluto.
GN
(OAB/Exame Unificado – 2016.1) Joaquim celebrou, por instrumento
particular, contrato de mútuo com Ronaldo, pelo qual lhe emprestou
R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), a serem pagos 30 dias depois.
No dia do vencimento do empréstimo, Ronaldo não adimpliu a
prestação. O tempo passou, Joaquim se manteve inerte, e a dívida
prescreveu. Inconformado, Joaquim pretende ajuizar ação de
Gabarito “A”
enriquecimento sem causa contra Ronaldo. Sobre os fatos narrados,
assinale a afirmativa correta.
(A) A ação de enriquecimento sem causa é cabível, uma vez que
Ronaldo se enriqueceu indevidamente à custa de Joaquim.
(B) Como a ação de enriquecimento sem causa é subsidiária, é
cabível seu ajuizamento por não haver, na hipótese, outro meio de
recuperar o empréstimo concedido.
(C) Não cabe o ajuizamento da ação de enriquecimento sem causa,
pois há título jurídico a justificar o enriquecimento de Ronaldo.
(D) A pretensão de ressarcimento do enriquecimento sem causa
prescreve simultaneamente à pretensão relativa à cobrança do
valor mutuado.
A, B e D: incorretas, pois não há enriquecimento sem causa no
caso, já que há título jurídico a justificar o enriquecimento de
Ronaldo; o ilícito no caso é outro, qual seja, o falta do cumprimento
da obrigação contratual de pagamento; C: correta, pois há no caso
título jurídico a justificar o enriquecimento de Ronaldo (art. 885 do
CC).
(OAB/Exame Unificado – 2015.3) Renato é proprietário de um imóvel e o
coloca à venda, atraindo o interesse de Mário. Depois de algumas
visitas ao imóvel e conversas sobre o seu valor, Renato e Mário,
acompanhados de corretor, realizam negócio por preço certo, que
deveria ser pago em três parcelas: a primeira, paga naquele ato a
título de sinal e princípio de pagamento, mediante recibo que dava o
negócio por concluído de forma irretratável; a segunda deveria ser
paga em até trinta dias, contra a exibição das certidões negativas do
Gabarito “C”
vendedor; a terceira seria paga na data da lavratura da escritura
definitiva, em até noventa dias a contar do fechamento do negócio.
Antes do pagamento da segunda parcela, Mário celebra, com
terceiros, contratos de promessa de locação do imóvel por
temporada, recebendo a metade de cada aluguel antecipadamente.
Renato, ao tomar conhecimento de que Mário havia celebrado as
promessas de locação por temporada, percebeu que o imóvel possuía
esse potencial de exploração. Em virtude disso, Renato arrependeu-
se do negócio e, antes do vencimento da segunda parcela do preço,
notificou o comprador e o corretor, dando o negócio por desfeito.
Com base na hipótese formulada, assinale a afirmativa correta.
(A) O vendedor perde o sinal pago para o comprador, porém nada
mais lhe pode ser exigido, não sendo devida a comissão do
corretor, já que o negócio foi desfeito antes de aperfeiçoar-se.
(B) O vendedor perde o sinal pago para o comprador, porém nada
mais lhe pode ser exigido pelo comprador. Contudo, é devida a
comissão do corretor, não obstante o desfazimento do negócio
antes de aperfeiçoar-se.
(C) O vendedor perde o sinal pago e o comprador pode exigir uma
indenização pelos prejuízos a que a desistência deu causa, se o seu
valor superar o do sinal dado, não sendo devida a comissão do
corretor, já que o negócio foi desfeito antes de aperfeiçoar-se.
(D) O vendedor perde o sinal pago e o comprador pode exigir uma
indenização pelos prejuízos a que a desistência deu causa, se o seu
valor superar o do sinal dado, sendo devida a comissão do
corretor, não obstante o desfazimento do negócio antes de
aperfeiçoar-se.
A a D: somente a alternativa “D” está correta pois, como havia
cláusula de irretratabilidade (ou seja, não havia o direito de
arrependimento), não incide a proibição de indenização suplementar
prevista no art. 420 do CC, prevalecendo a regra do art. 419 do CC,
que admite que a parte inocente peça indenização suplementar; e,
quanto à questão do corretor, este tem direito de ser remunerado
pelo trabalho de aproximação e fechamento do negócio que fez,
pouco importando seu desfazimento posterior.
(OAB/Exame Unificado – 2015.2) Carlos Pacheco e Marco Araújo,
advogados recém-formados, constituem a sociedade P e A
Advogados. Para fornecer e instalar todo o equipamento de
informática, a sociedade contrata José Antônio, que, apesar de não
realizar essa atividade de forma habitual e profissional,
comprometeu-se a adimplir sua obrigação até o dia 20/02/2015,
mediante o pagamento do valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil
reais) no ato da celebração do contrato. O contrato celebrado é de
natureza paritária, não sendo formado por adesão. A cláusula oitava
do referido contrato estava assim redigida: “O total inadimplemento
deste contrato por qualquer das partes ensejará o pagamento, pelo
infrator, do valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais)”. Não havia,
no contrato, qualquer outra cláusula que se referisse ao
inadimplemento ou suas consequências. No dia 20/02/2015, José
Antônio telefona para Carlos Pacheco e lhe comunica que não vai
cumprir o avençado, pois celebrou com outro escritório de advocacia
contrato por valor superior, a lhe render maiores lucros. Sobre os
fatos narrados, assinale a afirmativa correta.
(A) Diante da recusa de José Antônio a cumprir o contrato, a
sociedade poderá persistir na exigência do cumprimento
Gabarito “D”
obrigacional ou, alternativamente, satisfazer-se com a pena
convencional.
(B) A sociedade pode pleitear o pagamento de indenização
superior ao montante fixado na cláusula oitava, desde que prove,
em juízo, que as perdas e os danos efetivamente sofridos foram
superiores àquele valor.
(C) A sociedade pode exigir o cumprimento da cláusula oitava,
classificada como cláusula penal moratória, juntamente com o
desempenho da obrigação principal.
(D) Para exigir o pagamento do valor fixado na cláusula oitava, a
sociedade deverá provar o prejuízo sofrido.
A: correta, pois essa é uma alternativa a benefício do credor (art.
410 do CC); B: incorreta; de acordocom o art. 416, parágrafo único,
do CC não é possível se exigir indenização suplementar à cláusula
pena fixada, caso não haja convenção expressa nesse sentido,
sendo que o enunciado da questão deixou claro que não havia
qualquer outra cláusula adicional quanto ao inadimplemento da
obrigação; C: incorreta, pois ou se escolhe cobrar a multa pela
inadimplemento absoluto ou se escolhe exigir o cumprimento da
obrigação, tratando-se de alternativa a benefício do credor (art. 410
do CC); D: incorreta; de acordo com o art. 416 do CC, “para exigir a
pena convencional, não é necessário que o credor alegue prejuízo”.
(OAB/Exame Unificado – 2015.1) Joana deu seu carro a Lúcia, em
comodato, pelo prazo de 5 dias, findo o qual Lúcia não devolveu o
veículo. Dois dias depois, forte tempestade danificou a lanterna e o
para-choque dianteiro do carro de Joana. Inconformada com o
Gabarito “A”
ocorrido, Joana exigiu que Lúcia a indenizasse pelos danos causados
ao veículo.
Diante do fato narrado, assinale a afirmativa correta.
(A) Lúcia incorreu em inadimplemento absoluto, pois não
cumpriu sua prestação no termo ajustado, o que inutilizou a
prestação para Joana.
(B) Lúcia não está em mora, pois Joana não a interpelou, judicial
ou extrajudicialmente.
(C) Lúcia deve indenizar Joana pelos danos causados ao veículo,
salvo se provar que os mesmos ocorreriam ainda que tivesse
adimplido sua prestação no termo ajustado.
(D) Lúcia não responde pelos danos causados ao veículo, pois
foram decorrentes de força maior.
A: incorreta, pois a não devolução do veículo no prazo não torna a
sua entrega futura imprestável, diferentemente por exemplo se se
tratasse da obrigação de entrega de um bolo de casamento, que,
não entregue no prazo, tornaria imprestável a entrega depois do
casamento; B: incorreta, pois o comodato mencionado na questão é
com prazo certo e, portanto, a mora incorre de pleno direito,
independentemente, portanto, de interpelação judicial ou
extrajudicial; C: correta, nos termos do art. 399 do CC; D: incorreta,
pois, estando em mora, essa alegação não procede, nos termos do
art. 399 do CC, só havendo isenção de responsabilidade do devedor
se este conseguisse provar que o dano sobreviria ainda quando a
obrigação fosse oportunamente desempenhada.
Gabarito “C”
(OAB/Exame Unificado – 2014.3) Donato, psiquiatra de renome, era
dono de uma extensa e variada biblioteca, com obras de sua área
profissional, importadas e raras. Com sua morte, seus três filhos,
Hugo, José e Luiz resolvem alienar a biblioteca à Universidade do
Estado, localizada na mesma cidade em que o falecido residia. Como
Hugo vivia no exterior e José em outro estado, ambos incumbiram
Luiz de fazer a entrega no prazo avençado. Luiz, porém, mais
preocupado com seus próprios negócios, esqueceu-se de entregar a
biblioteca à Universidade, que, diante da mora, notificou José para
exigir-lhe o cumprimento integral em 48 horas, sob pena de
resolução do contrato em perdas e danos.
Nesse contexto, assinale a afirmativa correta.
(A) José deve entregar a biblioteca no prazo designado pela
Universidade, se quiser evitar a resolução do contrato em perdas e
danos.
(B) Não tendo sido ajustada solidariedade, José não está obrigado
a entregar todos os livros, respondendo, apenas, pela sua cota
parte.
(C) Como Luiz foi incumbido da entrega, a Universidade não
poderia ter notificado José, mas deveria ter interpelado Luiz.
(D) Tratando-se de três devedores, a Universidade não poderia
exigir de um só o pagamento; logo, deveria ter notificado
simultaneamente os três irmãos.
A: correta; tratando-se a biblioteca de bem indivisível, cada um dos
devedores será obrigado pela dívida toda (art. 259, caput, do CC);
B, C e D: incorretas, pois, conforme mencionado, por força de lei, os
três são obrigados pela dívida toda (art. 259, caput, do CC).
Gabarito “A”
(OAB/Exame Unificado – 2013.1) Luis, produtor de soja, firmou contrato
de empréstimo de um trator com seu vizinho João. No contrato, Luis
se comprometeu a devolver o trator 10 dias após o término da
colheita. Restou ainda acordado um valor para a hipótese de atraso
na entrega.
Considerando o caso acima, assinale a afirmativa correta.
(A) Caracterizada a mora na devolução do trator, Luis responderá
pelos prejuízos decorrentes de caso fortuito ou de força maior,
salvo se comprovar que o dano ocorreria mesmo se houvesse
cumprido sua obrigação na forma ajustada.
(B) Por se tratar de hipótese de mora pendente, é indispensável a
interpelação judicial ou extrajudicial para que João constitua Luis
em mora.
(C) Luis, ainda que agindo dolosamente, não terá
responsabilidade pela conservação do trator na hipótese de João
recusar-se a receber o bem na data ajustada.
(D) Não caracteriza mora a hipótese de João se recusar a receber o
trator na data avençada para não comprometer o espaço físico de
seu galpão, vez que é necessária a comprovação de sua culpa e a
ausência de justo motivo.
A: correta (art. 399 do CC); B: incorreta, pois, não havendo termo
(data certa), a mora pode se constituir mediante interpelação judicial
ou extrajudicial (art. 397, parágrafo único, do CC); C: incorreta, pois
somente o devedor isento de dolo (“sem dolo”) fica livre de
responder quando há mora do credor em receber a coisa na data
ajustada (art. 400 do CC); D: incorreta, pois, combinada uma data
avençada, o credor deve receber a coisa, não podendo alegar
problemas próprios (no caso, ausência de espaço físico) para fugir
de sua responsabilidade (art. 394 do CC).
(OAB/Exame Unificado – 2010.2) João prometeu transferir a
propriedade de uma coisa certa, mas antes disso, sem culpa sua, o
bem foi deteriorado. Segundo o Código Civil, ao caso de João aplica-
se o seguinte regime jurídico:
(A) a obrigação fica resolvida, com a devolução de valores
eventualmente pagos.
(B) a obrigação subsiste, com a entrega da coisa no estado em que
se encontra.
(C) a obrigação subsiste, com a entrega da coisa no estado em que
se encontra e abatimento no preço proporcional à deterioração.
(D) a obrigação poderá ser resolvida, com a devolução de valores
eventualmente pagos, ou subsistir, com a entrega da coisa no
estado em que se encontra e abatimento no preço proporcional à
deterioração, cabendo ao credor a escolha de uma dentre as duas
soluções.
De acordo com o art. 235 do Código Civil “deteriorada a coisa, não
sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou
aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu”. Assim
sendo, somente a alternativa “D” está correta, pois compete ao
credor da obrigação escolher entre resolvê-la, recebendo o dinheiro
que tiver pago de volta, ou pedir a entrega da coisa, com abatimento
proporcional de seu preço.
(OAB/Exame Unificado – 2019.3) Lucas, interessado na aquisição de um
carro seminovo, procurou Leonardo, que revende veículos usados.
Gabarito “A”
Gabarito “D”
Ao final das tratativas, e para garantir que o negócio seria fechado,
Lucas pagou a Leonardo um percentual do valor do veículo, a título
de sinal. Após a celebração do contrato, porém, Leonardo informou a
Lucas que, infelizmente, o carro que haviam negociado já havia sido
prometido informalmente para um outro comprador, velho amigo de
Leonardo, motivo pelo qual Leonardo não honraria a avença.
Frustrado, diante do inadimplemento de Leonardo, Lucas procurou
você, como advogado(a), para orientá-lo.
Nesse caso, assinale a opção que apresenta a orientação dada.
(A) Leonardo terá de restituir a Lucas o valor pago a título de
sinal, com atualização monetária, juros e honorários de advogado,
mas não o seu equivalente.
(B) Leonardo terá de restituir a Lucas o valor pago a título de
sinal, mais o seu equivalente, com atualização monetária, juros e
honorários de advogado.
(C) Leonardo terá de restituir a Lucas apenas metade do valor
pago a título de sinal, pois informou, tão logo quanto possível, que
não cumpriria o contrato.
(D) Leonardo não terá de restituir a Lucas o valor pago atítulo de
sinal, pois este é computado como início de pagamento, o qual se
perde em caso de inadimplemento.
A: incorreta, pois além da atualização monetária, juros e honorários
de advogado, Leonardo também terá de devolver o equivalente (art.
418 CC); B: correta (art. 418 CC); C: incorreta, pois não há que se
falar em devolução de metade e o fato de ter comunicado tão logo
quanto possível não tem relevância. Precisará devolver o
equivalente mais atualização monetária segundo índices oficiais
regularmente estabelecidos, juros e honorários de advogado (art.
418 CC); D: incorreta, pois terá de devolver as arras, pois elas
apenas serão consideradas início de pagamento no caso do
adimplemento do contrato. Como o contrato não foi concluído por
culpa de quem recebeu as arras, elas terão de ser devolvidas mais
o equivalente somado a atualização monetária segundo índices
oficiais regularmente estabelecidos, juros e honorários de advogado
(art. 418 CC).
3.4. ATOS UNILATERAIS, PREFERÊNCIAS E PRIVILÉGIOS
CREDITÓRIOS
(OAB/Exame Unificado – 2013.2) Diante de chuva forte e inesperada,
Márcio constatou a inundação parcial da residência de sua vizinha
Bianca, fato este que o levou a contratar serviços de chaveiro,
bombeamento d’água e vigilância, de modo a evitar maiores
prejuízos materiais até a chegada de Bianca.
Utilizando-se do quadro fático fornecido pelo enunciado, assinale a
afirmativa correta.
(A) A falta de autorização expressa de Bianca a Márcio para a
prática dos atos de preservação dos bens autoriza aquela a exigir
reparação civil deste.
(B) Bianca não estará obrigada a adimplir os serviços contratados
por Márcio, cabendo a este a quitação dos contratados.
(C) Se Márcio se fizer substituir por terceiro até a chegada de
Bianca, promoverá a cessação de sua responsabilidade
transferindo-a ao terceiro substituto.
Gabarito “B”
(D) Os atos de solidariedade e espontaneidade de Márcio na
proteção dos bens de Bianca são capazes de gerar a
responsabilidade desta em reembolsar as despesas necessárias
efetivadas, acrescidas de juros legais.
A e B: incorretas, pois é justamente o contrário, ou seja, o gestor de
negócios tem direito de ser reembolsado, com acréscimo de juros
legais (arts. 869, caput, e 870 do CC); C: incorreta, pois se o gestor
se fizer substituir por outrem, responderá sim pela falta do substituto
(art. 867 do CC); D: correta (arts. 869, caput, e 870 do CC).
(OAB/Exame Unificado – 2008.1) No que concerne aos atos unilaterais,
às preferências e privilégios creditórios, assinale a opção correta.
(A) Aquele que estipula uma gratificação pela prestação de
determinado serviço anunciado publicamente e dirigido a todos
fica obrigado a cumprir a recompensa a todas as pessoas que
executarem a ação recompensável da maneira por ele esperada.
(B) O pagamento indevido faz surgir, para aquele que recebeu
indevidamente, a obrigação de restituir, seja espontaneamente ou
por meio da ação de repetição de indébito.
(C) O gestor de negócios alheios age voluntariamente no interesse
do dono do negócio e de acordo com a vontade declarada deste,
que será obrigado a indenizar os prejuízos sofridos pelo gestor,
além das despesas úteis e necessárias realizadas.
(D) A insolvência civil gera a declaração de insolvência e esta
implica a execução dos bens do devedor não empresário por
concurso universal de credores, sem qualquer preferência ou
privilégio, ou seja, todos os credores devem concorrer em
Gabarito “D”
igualdade de condições, respeitada a proporcionalidade de seus
créditos.
A: incorreta (art. 857 do CC); B: correta. De fato, aquele que
recebeu o pagamento que não lhe era devido, com base no princípio
de vedação ao enriquecimento ilícito, deverá restituir o que recebeu;
C: incorreta (art. 861 do CC); D: incorreta (art. 956 do CC).
4. CONTRATOS
4.1. TEORIA GERAL DOS CONTRATOS
(OAB/Exame Unificado – 2018.2) Jorge, engenheiro e construtor, firma,
em seu escritório, contrato de empreitada com Maria, dona da obra.
Na avença, foi acordado que Jorge forneceria os materiais da
construção e concluiria a obra, nos termos do projeto, no prazo de
seis meses. Acordou-se, também, que o pagamento da remuneração
seria efetivado em duas parcelas: a primeira, correspondente à
metade do preço, a ser depositada no prazo de 30 (trinta) dias da
assinatura do contrato; e a segunda, correspondente à outra metade
do preço, no ato de entrega da obra concluída.
Maria, cinco dias após a assinatura da avença, toma conhecimento
de que sobreveio decisão em processo judicial que determinou a
penhora sobre todo o patrimônio de Jorge, reconhecendo que este
possui dívida substancial com um credor que acaba de realizar ato de
constrição sobre todos os seus bens (em virtude do valor elevado da
dívida).
Gabarito “B”
Diante de tal situação, Maria pode
(A) recusar o pagamento do preço até que a obra seja concluída
ou, pelo menos, até o momento em que o empreiteiro prestar
garantia suficiente de que irá realizá-la.
(B) resolver o contrato por onerosidade excessiva, haja vista que o
fato superveniente e imprevisível tornou o acordo desequilibrado,
afetando o sinalagma contratual.
(C) exigir o cumprimento imediato da prestação (atividade de
construção), em virtude do vencimento antecipado da obrigação
de fazer, a cargo do empreiteiro.
(D) desistir do contrato, sem qualquer ônus, pelo exercício do
direito de arrependimento, garantido em razão da natureza de
contrato de consumo.
A questão não trata de Contrato de Empreitada. Trata, a rigor, da
hipótese de fundada dúvida sobre a situação patrimonial da outra
parte contratual. Assim, “Se, depois de concluído o contrato,
sobrevier a uma das partes contratantes diminuição em seu
patrimônio capaz de comprometer ou tornar duvidosa a prestação
pela qual se obrigou, pode a outra recusar-se à prestação que lhe
incumbe, até que aquela satisfaça a que lhe compete ou dê garantia
bastante de satisfazê-la” (CC, art. 477).Percebe-se que Maria tem o
direito de recusar o pagamento do preço até que a obra seja
concluída ou, pelo menos, até o momento em que o empreiteiro
prestar garantia suficiente de que irá realizá-la. GN
(OAB/Exame Unificado – 2017.2) Juliana, por meio de contrato de
compra e venda, adquiriu de Ricardo, profissional liberal, um carro
Gabarito “A”
seminovo (30.000 km) da marca Y pelo preço de R$ 24.000,00.
Ficou acertado que Ricardo faria a revisão de 30.000 km no veículo
antes de entregá-lo para Juliana no dia 23 de janeiro de 2017.
Ricardo, porém, não realizou a revisão e omitiu tal fato de Juliana,
pois acreditava que não haveria qualquer problema, já que,
aparentemente, o carro funcionava bem.
No dia 23 de fevereiro de 2017, Juliana sofreu acidente em razão de
defeito no freio do carro, com a perda total do veículo. A perícia
demostrou que a causa do acidente foi falha na conservação do bem,
tendo em vista que as pastilhas do freio não tinham sido trocadas na
revisão de 30.000 km, o que era essencial para a manutenção do
carro.
Considerando os fatos, assinale a afirmativa correta.
(A) Ricardo não tem nenhuma responsabilidade pelo dano sofrido
por Juliana (perda total do carro), tendo em vista que o carro
estava aparentemente funcionando bem no momento da tradição.
(B) Ricardo deverá ressarcir o valor das pastilhas de freio, nada
tendo a ver com o acidente sofrido por Juliana.
(C) Ricardo é responsável por todo o dano sofrido por Juliana,
com a perda total do carro, tendo em vista que o perecimento do
bem foi devido a vício oculto já existente ao tempo da tradição.
(D) Ricardo deverá ressarcir o valor da revisão de 30.000 km do
carro, tendo em vista que ela não foi realizada conforme previsto
no contrato.
A: incorreta, pois o vício nas pastilhas do freio é um típico vício
redibitório e a ignorância de Ricardo quanto a este problema não
afasta sua responsabilidade (CC, art. 443); B: incorreta, pois a
solução legal para tal problema é a devolução integral do valor da
compra(CC, arts. 441 e 442);C: correta, pois “a responsabilidade do
alienante subsiste ainda que a coisa pereça em poder do alienatário,
se perecer por vício oculto, já existente ao tempo da tradição” (CC,
art. 444); D: incorreta, pois Ricardo responde pelo valor integral do
veículo e não apenas pelo valor da revisão. GN
(OAB/Exame Unificado – 2013.3) José celebrou com Maria um contrato
de compra e venda de imóvel, no valor de R$100.000,00, quantia
paga à vista, ficando ajustada entre as partes a exclusão da
responsabilidade do alienante pela evicção. A respeito desse caso,
vindo a adquirente a perder o bem em decorrência de decisão
judicial favorável a terceiro, assinale a afirmativa correta.
(A) Tal cláusula, que exonera o alienante da responsabilidade pela
evicção, é vedada pelo ordenamento jurídico brasileiro.
(B) Não obstante a cláusula de exclusão da responsabilidade pela
evicção, se Maria não sabia do risco, ou, dele informada, não o
assumiu, deve José restituir o valor que recebeu pelo bem imóvel.
(C) Não obstante a cláusula de exclusão da responsabilidade pela
evicção, Maria, desconhecendo o risco, terá direito à dobra do
valor pago, a título de indenização pelos prejuízos dela resultantes.
(D) O valor a ser restituído para Maria será aquele ajustado
quando da celebração do negócio jurídico, atualizado
monetariamente, sendo irrelevante se tratar de evicção total ou
parcial.
A: incorreta, pois as partes podem livremente excluir a
responsabilidade pela evicção (art. 448 do CC); B: correta (art. 449
do CC). C: incorreta, pois caso Maria desconheça o risco ela
Gabarito “C”
apenas tem o direito de receber o preço que pagou pela coisa
evicta, não havendo que se falar em dobro do valor a título de
indenização (art. 449 do CC); D: incorreta, pois o valor a ser
restituído, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa,
na época em que se venceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no
caso de evicção parcial (art. 450, parágrafo único do CC).
(OAB/Exame Unificado – 2013.2) Visando ampliar sua linha de comércio,
Mac Geral & Companhia adquiriu de AC Industrial S.A. mil unidades
do equipamento destinado à fabricação de churros. Dentre as
cláusulas contratuais firmadas pelas partes, fez-se inserir a obrigação
de Mac Geral & Companhia realizar o transporte dos equipamentos,
exclusivamente e ao preço de R$100,00 por equipamento, por meio
de Rota Transportes Ltda., pessoa estranha ao instrumento
contratual assinado.
Com relação aos contratos civis, assinale a afirmativa incorreta.
(A) AC Industrial S.A. poderá exigir de Mac Geral & Companhia o
cumprimento da obrigação firmada em favor de Rota Transportes
Ltda.
(B) Ao exigir o cumprimento da obrigação, Rota Transportes Ltda.
deverá efetuar o transporte ao preço previamente ajustado pelas
partes contratantes.
(C) Somente Rota Transportes Ltda. poderá exigir o cumprimento
da obrigação.
(D) AC Industrial S/A poderá reservar-se o direito de substituir
Rota Transportes Ltda., independentemente de sua anuência ou de
Mac Geral & Companhia.
Gabarito “B”
A: correta, pois o enunciado deixa claro que no contrato entre Mac
Geral e AC há obrigação da primeira de realizar o transporte por
meio da Rota Transportes; vale lembrar, também, que aquele (no
caso, a AC) que estipula em favor de terceiro (no caso, a Rota) pode
exigir o cumprimento da obrigação (art. 436, caput, do CC); B:
correta, pois o terceiro em favor de quem se estipulou uma
obrigação (no caso, a Rota) pode exigi-la, mas fica “sujeito às
condições e normas do contrato” (art. 436, parágrafo único, do CC),
o que inclui a questão do preço; C: incorreta, devendo a alternativa
ser assinalada; isso porque, como se viu, aquele (no caso, a AC)
que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da
obrigação (art. 436, caput, do CC); D: correta, nos termos do art.
438, caput, do CC.
(OAB/Exame Unificado – 2012.3.A) Em 12.09.12, Sílvio adquiriu de
Maurício, por contrato particular de compra e venda, um automóvel,
ano 2011, por R$ 34.000,00 (trinta e quatro mil reais). Vinte dias
após a celebração do negócio, Sílvio tomou conhecimento que o
veículo apresentava avarias na suspensão dianteira, tornando seu
uso impróprio pela ausência de segurança.
Considerando que o vício apontado existia ao tempo da contratação,
de acordo com a hipótese acima e as regras de direito civil, assinale a
afirmativa correta.
(A) Sílvio terá o prazo de doze meses, após o conhecimento do
defeito, para reclamar a Maurício o abatimento do preço pago ou
desfazimento do negócio jurídico em virtude do vício oculto.
Gabarito “C”
(B) Maurício deverá restituir o valor recebido e as despesas
decorrentes do contrato se, no momento da venda, desconhecesse
o defeito na suspensão dianteira do veículo.
(C) Caso Silvio e Maurício estabeleçam no contrato cláusula de
garantia pelo prazo de 90 dias, o prazo decadencial legal para
reclamação do vício oculto correrá independentemente do prazo
da garantia estipulada.
(D) Caso Silvio e Maurício tenham inserido no contrato de compra
e venda cláusula que exclui a responsabilidade de Maurício pelo
vício oculto, persistirá a irresponsabilidade de Maurício mesmo
que este tenha agido com dolo positivo.
A: incorreta; primeiro porque o prazo máximo para ter ciência do
vício é de 180 dias (art. 445, § 1.º, do CC), prazo que já se findou;
segundo porque, tomando conhecimento dentro do prazo de 180
dias, o adquirente, tratando-se de bem móvel tem 30 dias para
reclamar (art. 445, caput, do CC); B: correta (art. 443 do CC); C:
incorreta, pois o prazo de garantia legal (decadência legal) não corre
(não se inicia) na constância do prazo de garantia voluntária
(garantia contratual), nos termos do art. 446 do CC; D: incorreta,
pois, havendo dolo positivo, caracterizado pela intenção de
prejudicar, está-se diante de grave ato ilícito (arts. 186 e 443,
primeira parte, do CC) e de impedimento de Maurício alegar a
própria torpeza, podendo Silvio pleitear indenização por perdas e
danos.
(OAB/Exame Unificado – 2012.2) Embora sujeito às constantes mutações
e às diferenças de contexto em que é aplicado, o conceito tradicional
de contrato sugere que ele representa o acordo de vontades
Gabarito “B”
estabelecido com a finalidade de produzir efeitos jurídicos. Tomando
por base a teoria geral dos contratos, assinale a afirmativa correta.
(A) A celebração de contrato atípico, fora do rol contido na
legislação, não é lícita, pois as partes não dispõem da liberdade de
celebrar negócios não expressamente regulamentados por lei.
(B) A atipicidade contratual é possível, mas, de outro lado, há
regra específica prevendo não ser lícita a contratação que tenha
por objeto a herança de pessoa viva, seja por meio de contrato
típico ou não.
(C) A liberdade de contratar é limitada pela função social do
contrato e os contratantes deverão guardar, assim na conclusão,
como em sua execução, os princípios da probidade e da boa-fé
subjetiva, princípios esses ligados ao voluntarismo e ao
individualismo que informam o nosso Código Civil.
(D) Será obrigatoriamente declarado nulo o contrato de adesão
que contiver cláusulas ambíguas ou contraditórias.
A: incorreta, pois é lícito às partes estipular contratos atípicos,
observadas as normas gerais do Código Civil (art. 425 do CC); B:
correta (arts. 425 e 426 do CC); C: incorreta, pois os princípios da
função social dos contratos e da boa-fé estão ligados às diretrizes
de sociabilidade do Código Civil, e não de individualidade; ademais,
o princípio adequado é o princípio da boa-fé objetiva (art. 422 do
CC), e não da boa-fé subjetiva; D: incorreta, pois, nesse caso, as
cláusulas serão interpretadas de modo mais favorável ao aderente,
não sendo consideradas nulas (art. 423 do CC).
Gabarito “B”
(OAB/Exame Unificado – 2010.3) Danilo celebrou contrato por
instrumento particular com Sandro, por meio do qual aquele
prometera que seu irmão, Reinaldo, famoso cantor popular,
concederia uma entrevista exclusiva ao programa de rádio
apresentadopor Sandro, no domingo seguinte. Em contrapartida,
caberia a Sandro efetuar o pagamento a Danilo de certa soma em
dinheiro. Todavia, chegada a hora do programa, Reinaldo não
compareceu à rádio. Dias depois, Danilo procurou Sandro, a fim de
cobrar a quantia contratualmente prevista, ao argumento de que,
embora não tenha obtido êxito, envidara todos os esforços no sentido
de convencer o seu irmão a comparecer. A respeito da situação
narrada, é correto afirmar que Sandro:
(A) está obrigado a efetuar o pagamento a Danilo, pois a obrigação
por este assumida é de meio, sendo incabível a cobrança de perdas
e danos de Reinaldo.
(B) não está obrigado a efetuar o pagamento a Danilo, pois a
obrigação por este assumida é de resultado, sendo, ainda,
autorizado a Sandro obter ressarcimento por perdas e danos de
Danilo.
(C) está obrigado a efetuar o pagamento a Danilo, pois a obrigação
por este assumida é de meio, restando a Sandro o direito de cobrar
perdas e danos diretamente de Reinaldo.
(D) não está obrigado a efetuar o pagamento a Danilo, por ser o
contrato nulo, tendo em vista que Reinaldo não é parte
contratante.
O caso envolve o instituto da “promessa de fato de terceiro”,
regulamentado nos arts. 439 e 440 do CC. De acordo com a
regulamentação legal, aquele que promete fato de terceiro (no caso,
Danilo prometeu fato de Reinaldo) responde por perdas e danos
perante o que recebeu a promessa (no caso, Sandro), nos termos
do disposto no art. 439, caput, do CC. Dessa forma, não faz sentido
que Danilo procure Sandro para qualquer tipo de pagamento, já que
Danilo responde por perdas e danos no caso, o que incluiria
devolver qualquer tipo de pagamento que tivesse recebido, entre
outros danos suportados por Sandro.
(OAB/Exame Unificado – 2010.2) Durante dez anos, empregados de uma
fabricante de extrato de tomate distribuíram, gratuitamente,
sementes de tomate entre agricultores de certa região. A cada ano, os
empregados da fabricante procuravam os agricultores, na época da
colheita, para adquirir a safra produzida. No ano de 2009, a
fabricante distribuiu as sementes, como sempre fazia, mas não
retornou para adquirir a safra. Procurada pelos agricultores, a
fabricante recusou-se a efetuar a compra. O tribunal competente
entendeu que havia responsabilidade pré-contratual da fabricante. A
responsabilidade pré-contratual é aquela que:
(A) deriva da violação à boa-fé objetiva na fase das negociações
preliminares à formação do contrato.
(B) deriva da ruptura de um pré-contrato, também chamado
contrato preliminar.
(C) surgiu, como instituto jurídico, em momento histórico
anterior à responsabilidade contratual.
(D) segue o destino da responsabilidade contratual, como o
acessório segue o principal.
Há de se separar bem três situações: a) fase de negociações
preliminares à formação do contrato; b) contrato preliminar; c)
Gabarito “B”
contrato definitivo. O caso narrado no enunciado revela que os
envolvidos, no ano de 2009, chegaram à fase de negociações
preliminares. Não houve nem contrato preliminar (pois este depende
de uma combinação de fazer contrato futuro, já se acertando todos
os elementos do contrato futuro, inclusive o preço), nem, muito
menos, contrato definitivo. Todavia, a doutrina e a jurisprudência
evoluíram no sentido de dar mais responsabilidades aos envolvidos
na fase de negociações preliminares. Com base no princípio da boa-
fé, entendendo-se que, se na fase das negociações preliminares
forem criadas fortes expectativas em um dos negociantes, gerando
inclusive despesas de sua parte, o outro negociante deverá
responder segundo a chamada responsabilidade pré-contratual,
instituto jurídico que se aplica apenas à fase de negociações
preliminares, daí o nome “pré-contratual”. Assim, apenas a
alternativa “A” está correta, valendo transcrever trecho da obra de
Maria Helena Diniz sobre o assunto: “Todavia, é preciso deixar bem
claro que, apesar de faltar obrigatoriedade aos entendimentos
preliminares, pode surgir, excepcionalmente, a responsabilidade civil
para os que deles participam, não no campo da culpa contratual,
mas no da aquiliana. Portanto, apenas na hipótese de um dos
participantes criar no outro a expectativa de que o negócio será
celebrado, levando-o a despesas, a não contratar com terceiro ou a
alterar planos de sua atividade imediata, e depois desistir,
injustificada e arbitrariamente, causando-lhe sérios prejuízos, terá,
por isso, a obrigação de ressarcir todos os danos. Na verdade, há
uma responsabilidade pré-contratual, que dá certa relevância
jurídica aos acordos preparatórios, fundada não só no princípio de
que os interessados deverão comportar-se de boa-fé, prestando
informações claras e adequadas sobre as condições do negócio
(...), mas também nos arts. 186 e 927 do Código Civil, que dispõem
que todo aquele que, por ação ou omissão, dolosa ou culposa,
causar prejuízo a outrem fica obrigado a reparar o dano” (Curso de
Direito Civil Brasileiro, vol. 3, 26. ed., São Paulo: Saraiva, p. 42,
2010).
(OAB/Exame Unificado – 2010.1) No que diz respeito à extinção dos
contratos, assinale a opção correta.
(A) Na resolução por onerosidade excessiva, não é necessária a
existência de vantagem da outra parte, bastando que a prestação
de uma das partes se torne excessivamente onerosa.
(B) A resolução por inexecução voluntária do contrato produz
efeitos ex tunc se o contrato for de execução continuada.
(C) Ainda que a inexecução do contrato seja involuntária, a
resolução ensejará o pagamento das perdas e danos para a parte
prejudicada.
(D) A eficácia da resolução unilateral de determinado contrato
independe de pronunciamento judicial e produz efeitos ex nunc.
A: incorreta. É necessária a vantagem da outra parte. “Art. 478. Nos
contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de
uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema
vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos
extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução
do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à
data da citação.”; B: incorreta. Nesse caso, a resolução possui
efeitos ex nunc. Ensina a doutrina: “Tal resolução por inexecução
voluntária, que impossibilita a prestação por culpa do devedor, tanto
na obrigação de dar como na de fazer ou de não fazer, produz os
Gabarito “A”
seguintes efeitos: 1.º extingue o contrato retroativamente, visto que
opera ex tunc, se o contrato for de execução única, apagando todas
as consequências jurídicas produzidas, restituindo-se as prestações
cumpridas, e ex nunc, se o contrato for de duração ou execução
continuada, caso em que não se restituirão as prestações já
efetivadas, pois a resolução não terá efeito relativamente ao
passado (...)” (Maria Helena Diniz. Direito civil brasileiro. vol. 3.
22. ed., São Paulo: Saraiva, 2006, p. 168); C: incorreta. A
inexecução contratual involuntária exime das perdas e danos.
Ensina a doutrina: “A total inexecução contratual pode advir,
algumas vezes, de fatos alheios à vontade dos contratantes, que
impossibilitam o cumprimento da obrigação que incumbe a um
deles, operando-se de pleno direito, então, a resolução do contrato,
sem ressarcimento das perdas e danos, por ser esta uma sanção
aplicada a quem agiu culposamente, e sem intervenção judicial,
exonerando-se o devedor do liame obrigacional” (Idem, ibidem, p.
169); D: correta. A resilição unilateral do contrato está prevista no
art. 473 do CC e se opera mediante denúncia notificada à outra
parte, com efeitos ex nunc. Os efeitos se produzem
independentemente de pronunciamento judicial, como ensina a
doutrina: “A resilição unilateral dos contratos não requer, para a sua
eficácia, pronunciamento judicial. Produz tão somente efeitos ex
nunc, não operando retroativamente, de sorte que não haverá
restituição das prestações cumpridas, uma vez que as
consequências jurídicas já produzidas permanecerão inalteráveis”
(Idem, ibidem, p. 175).
Gabarito “D”
(OAB/Exame Unificado – 2018.3) Renata financioua aquisição de seu
veículo em 36 parcelas e vinha pagando pontualmente todas as
prestações. Entretanto, a recente perda de seu emprego fez com que
não conseguisse manter em dia a dívida, tendo deixado de pagar,
justamente, as duas últimas prestações (35ª e 36ª).
O banco que financiou a aquisição, diante do inadimplemento, optou
pela resolução do contrato.
Tendo em vista o pagamento das 34 parcelas anteriores, pode-se
afirmar que a conduta da instituição financeira viola o princípio da
boa-fé, em razão do(a)
(A) dever de mitigar os próprios danos.
(B) proibição de comportamento contraditório (venire contra
factum proprium).
(C) adimplemento substancial.
(D) dever de informar.
A: incorreta, pois na responsabilidade contratual, diante do
inadimplemento, impõe-se ao devedor o dever de indenizar os
prejuízos ao credor (art. 389 CC). A teoria do dever de mitigar o
próprio dano questiona se o devedor é responsável inclusive pelo
prejuízo que poderia ser evitado pelo credor mediante esforço
razoável. A história trazida não se encaixa em nada nessa hipótese;
B: incorreta, pois quando falamos em venire contra factum proprium
temos quatro elementos: comportamento, geração de expectativa,
investimento na expectativa gerada e comportamento contraditório.
Neste passo, Renata não apresentou comportamento contraditório,
uma vez que sua intenção era de pagar o carro até o final. Apenas
não o fez por circunstâncias alheias a sua vontade, isto é, a perda
do emprego (art. 422 CC); C: correta, pois essa teoria sustenta que
não se deve considerar resolvida a obrigação quando a atividade do
devedor, embora não tenha sido perfeita ou não atingido
plenamente o fim proposto, aproxima-se consideravelmente do seu
resultado final. Decorre do princípio da boa-fé e da função social do
contrato (art. 422 CC); D: incorreta, pois o problema da hipótese
trazida não foi falta de informação e sim desproporção da conduta
do banco frente ao adimplemento quase que completo de Renata. O
dever de informação decorre do princípio da boa-fé objetiva previsto
no art. 113 CC, que porém nada tem a ver com o caso em questão.
GR
(OAB/Exame Unificado – 2019.1) Maria decide vender sua mobília para
Viviane, sua colega de trabalho. A alienante decidiu desfazer-se de
seus móveis porque, após um serviço de dedetização, tomou
conhecimento que vários já estavam consumidos internamente por
cupins, mas preferiu omitir tal informação de Viviane. Firmado o
acordo, 120 dias após a tradição, Viviane descobre o primeiro foco de
cupim, pela erupção que se formou em um dos móveis adquiridos.
Poucos dias depois, Viviane, após investigar a fundo a condição de
toda a mobília adquirida, descobriu que estava toda infectada.
Assim, 25 dias após a descoberta, moveu ação com o objetivo de
redibir o negócio, devolvendo os móveis adquiridos, reavendo o
preço pago, mais perdas e danos.
Sobre o caso apresentado, assinale a afirmativa correta.
(A) A demanda redibitória é tempestiva, porque o vício era oculto
e, por sua natureza, só podia ser conhecido mais tarde, iniciando o
prazo de 30 (trinta) dias da ciência do vício.
Gabarito “C”
(B) Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato, deveria a
adquirente reclamar abatimento no preço, em sendo o vício
sanável.
(C) O pedido de perdas e danos não pode prosperar, porque o
efeito da sentença redibitória se limita à restituição do preço pago,
mais as despesas do contrato.
(D) A demanda redibitória é intempestiva, pois quando o vício só
puder ser conhecido mais tarde, o prazo de 30 (trinta) dias é
contado a partir da ciência, desde que dentro de 90 (noventa) dias
da tradição.
A: correta, pois em se tratando de vício oculto o prazo para o
adquirente perceber o vício é de 180 dias a contar da tradição. No
caso, ela percebeu com 120 dias, então está dentro do limite.
Percebido o vício, ela tem 30 dias para reclamar contados da data
em que notou o problema. Como reclamou com 25 dias, a ação
também é tempestiva (art. 445 caput e §1º CC); B: incorreta, pois a
Lei dá a opção à adquirente sobre o que fazer, isto é, ela escolhe se
quer rejeitar a coisa ou pedir o abatimento do preço. Não importa se
o vício é sanável ou não (art. 442 CC); C: incorreta, pois o pedido de
perdas e danos é válido, uma vez que a alienante sabia do vício.
Logo, a alienante deve devolver o valor que recebeu, despesas de
contrato mais perdas e danos (art. 443 CC); D: incorreta, pois a
demanda é tempestiva, porque quando o vício só puder ser
conhecido mais tarde, o prazo de 30 dias é contado a partir da
ciência, desde que dentro de 180 dias da tradição (art. 445, §1º CC).
GR
4.2. COMPRA E VENDA
Gabarito “A”
(OAB/Exame Unificado – 2015.2) Flávia vendeu para Quitéria seu
apartamento e incluiu, no contrato de compra e venda, cláusula pela
qual se reservava o direito de recomprá-lo no prazo máximo de 2
(dois) anos. Antes de expirado o referido prazo, Flávia pretendeu
exercer seu direito, mas Quitéria se recusou a receber o preço. Sobre
o fato narrado, assinale a afirmativa correta.
(A) A cláusula pela qual Flávia se reservava o direito de recomprar
o imóvel é ilícita e abusiva, uma vez que Quitéria, ao se tornar
proprietária do bem, passa a ter total e irrestrito poder de
disposição sobre ele.
(B) A cláusula pela qual Flávia se reservava o direito de recomprar
o imóvel é válida, mas se torna ineficaz diante da justa recusa de
Quitéria em receber o preço devido.
(C) A disposição incluída no contrato é uma cláusula de
preferência, a impor ao comprador a obrigação de oferecer ao
vendedor a coisa, mas somente quando decidir vende-la.
(D) A disposição incluída no contrato é uma cláusula de
retrovenda, entendida como o ajuste por meio do qual o vendedor
se reserva o direito de resolver o contrato de compra e venda
mediante pagamento do preço recebido e das despesas,
recuperando a coisa imóvel.
A: incorreta, pois tem-se no caso instituto previsto expressamente
no Código Civil – o instituto da retrovenda (art. 505 do CC),
tratando-se de cláusula lícita portanto; B: incorreta, pois na
retrovenda o comprador da coisa fica obrigado a aceitar que o
vendedor dela a receba de volta, bastando que o vendedor pague
ao comprador o preço de venda da coisa mais as despesas que o
comprador teve, mesmo que este não esteja de acordo com a
devolução da coisa (art. 505 do CC), podendo o vendedor ir a juízo
para fazer valer essa cláusula caso o comprador se recuse a
cumpri-la (art. 506 do CC); C: incorreta, pois aqui o vendedor tem
direito de reaver a coisa a qualquer, no prazo previsto na cláusula
de retrovenda, mesmo que o comprador não queira vender a coisa
para alguém, o que difere a cláusula retrovenda da cláusula de
preferência; D: correta, nos termos do art. 505 do CC.
(OAB/Exame Unificado – 2012.3.B) José, comerciante, com dificuldades
para pagar dívidas junto aos fornecedores, firmou com Moacir
contrato de empréstimo na quantia de R$ 200.000,00 (duzentos mil
reais) a ser pago no prazo de 12 meses. Chegando a data avençada,
José, sem condição de pagar o empréstimo feito, resolveu vender sua
fazenda por R$ 250.000,00 (duzentos e cinquenta mil reais) a seu
amigo Jonas. Como a venda da fazenda foi celebrada somente para
levantar fundos para o pagamento do empréstimo, José reservou,
por cláusula contratual, o direito de recobrá-la.
Considerando a hipótese acima e as regras de Direito Civil, assinale a
afirmativa correta.
(A) José poderá reaver a fazenda alienada a Jonas, desde que
restitua o preço recebido e reembolse as despesas contratuais e as
benfeitorias necessárias.
(B) A cláusula especial prevista no contrato de compra e venda
confere a José o direito de desfazer a venda, reavendo a fazenda no
prazo de quatro anos, podendo este ser prorrogado por igual
período.
(C) O direito de resgate contra terceiro adquirente poderá ser
exercido somente por José, não admitindo a lei, a cessão nem a
Gabarito “D”
transmissão aos herdeiros e legatários.
(D) O pacto adjeto ao contrato de compra e vendafirmado por
José e Jonas, permite a José recobrar a fazenda após constituir em
mora Jonas, mediante interpelação judicial.
A: correta, nos termos do instituto da retrovenda (art. 505 do CC);
B: incorreta, pois o prazo máximo que poderá ser convencionado
para o exercício desse direito é de três anos (art. 505 do CC); C:
incorreta, pois esse direito pode ser cessível e transmissível a
herdeiros e legatários (art. 507 do CC); D: incorreta, pois a lei não
exige interpelação judicial no caso (arts. 505 a 508 do CC).
(OAB/Exame Unificado – 2012.3.A) Marcelo firmou com Augusto
contrato de compra e venda de imóvel, tendo sido instituindo no
contrato o pacto de preempção.
Acerca do instituto da preempção, assinale a afirmativa correta.
(A) Trata-se de pacto adjeto ao contrato de compra e venda em
que Marcelo se reserva ao direito de recobrar o imóvel vendido a
Augusto no prazo máximo de 3 anos, restituindo o preço recebido
e reembolsando as despesas do comprador.
(B) Trata-se de pacto adjeto ao contrato de compra e venda em
que Marcelo impõe a Augusto a obrigação de oferecer a coisa
quando vender, ou dar em pagamento, para que use de seu direito
de prelação na compra, tanto por tanto.
(C) Trata-se de pacto adjeto ao contrato de compra e venda em
que Marcelo reserva para si a propriedade do imóvel até o
momento em que Augusto realize o pagamento integral do preço.
Gabarito “A”
(D) Trata-se de pacto adjeto ao contrato de compra e venda em
que Marcelo, enquanto constituir faculdade de exercício, poderá
ceder ou transferir por ato inter vivos.
A: incorreta, pois a definição dada na alternativa corresponde ao
instituto da retrovenda (art. 505 do CC); B: correta (art. 513 do CC);
C: incorreta, pois a definição dada na alternativa corresponde ao
instituto da venda com reserva de domínio (art. 521 do CC); D:
incorreta, pois a definição dada na alternativa não corresponde ao
instituto da preempção ou direito de preferência (art. 513 do CC).
(OAB/Exame Unificado – 2010.2) Por meio de uma promessa de compra
e venda, celebrada por instrumento particular registrada no cartório
de Registro de Imóveis e na qual não se pactuou arrependimento,
Juvenal foi residir no imóvel objeto do contrato e, quando quitou o
pagamento, deparou-se com a recusa do promitente-vendedor em
outorgar-lhe a escritura definitiva do imóvel. Diante do impasse,
Juvenal poderá:
(A) requerer ao juiz a adjudicação do imóvel, a despeito de a
promessa de compra e venda ter sido celebrada por instrumento
particular.
(B) usucapir o imóvel, já que não faria jus à adjudicação
compulsória na hipótese.
(C) desistir do negócio e pedir o dinheiro de volta.
(D) exigir a substituição do imóvel prometido à venda por outro,
muito embora inexistisse previsão expressa a esse respeito no
contrato preliminar.
Gabarito “B”
O caso narrado possibilita que Juvenal ingresse com ação de
adjudicação compulsória (art. 1.418 do Código Civil). O fato de o
compromisso de compra e venda ter sido celebrado por instrumento
particular não é óbice à adjudicação compulsória, pois o art. 1.417
do Código Civil dispõe que, registrada a promessa de compra e
venda, adquire-se o direito real à aquisição do imóvel, pouco
importando se tal promessa foi celebrada por instrumento público ou
particular. Por fim, é bom lembrar que, mesmo que o compromisso
de compra e venda não estivesse registrado, o direito à adjudicação
estaria preservado, conforme a Súmula 239 do STJ (“O direito à
adjudicação compulsória não se condiciona ao registro do
compromisso de compra e venda no cartório de imóveis”). O
problema da falta de registro é que o comprador corre o risco da
coisa ser registrada em nome de terceiro, terceiro esse que estaria
de boa-fé, por não constar no registro público que a coisa estava
compromissada para alguém.
(OAB/Exame Unificado – 2020.1) Antônio, divorciado, proprietário de
três imóveis devidamente registrados no RGI, de valores de mercado
semelhantes, decidiu transferir onerosamente um de seus bens ao
seu filho mais velho, Bruno, que mostrou interesse na aquisição por
valor próximo ao de mercado.
No entanto, ao consultar seus dois outros filhos (irmãos do
pretendente comprador), um deles, Carlos, opôs-se à venda. Diante
disso, bastante chateado com a atitude de Carlos, seu filho que não
concordou com a compra e venda do imóvel, decidiu realizar uma
doação a favor de Bruno.
Gabarito “A”
Em face do exposto, assinale a afirmativa correta.
(A) A compra e venda de ascendente para descendente só pode ser
impedida pelos demais descendentes e pelo cônjuge, se a oposição
for unânime.
(B) Não há, na ordem civil, qualquer impedimento à realização de
contrato de compra e venda de pai para filho, motivo pelo qual a
oposição feita por Carlos não poderia gerar a anulação do negócio.
(C) Antônio não poderia, como reação à legítima oposição de
Carlos, promover a doação do bem para um de seus filhos (Bruno),
sendo tal contrato nulo de pleno direito.
(D) É legítima a doação de ascendentes para descendente,
independentemente da anuência dos demais, eis que o ato importa
antecipação do que lhe cabe na herança.
A: incorreta, pois basta a oposição de um só para que a compra e
venda fique impedida (art. 496, caput CC); B: incorreta, pois há
impedimento expresso na ordem civil à realização de contrato de
compra e venda de pai para filho, motivo pelo qual a oposição feita
por Carlos poderia gerar a anulação do negócio (art. 496, caput CC);
C: incorreta, pois Antônio é livre para promover a doação para o
filho Bruno, sendo tal contrato plenamente válido (art. 544 CC); D:
correta (art. 544 CC).
(OAB/Exame Unificado – 2019.3) Joana doou a Renata um livro raro de
Direito Civil, que constava da coleção de sua falecida avó, Marta.
Esta, na condição de testadora, havia destinado a biblioteca como
legado, em testamento, para sua neta, Joana (legatária). Renata se
Gabarito “D”
ofereceu para visitar a biblioteca, circunstância na qual se encantou
com a coleção de clássicos franceses.
Renata, então, ofereceu-se para adquirir, ao preço de R$ 1.000,00
(mil reais), todos os livros da coleção, oportunidade em que foi
informada, por Joana, acerca da existência de ação que corria na
Vara de Sucessões, movida pelos herdeiros legítimos de Marta. A
ação visava impugnar a validade do testamento e, por conseguinte,
reconhecer a ineficácia do legado (da biblioteca) recebido por Joana.
Mesmo assim, Renata decidiu adquirir a coleção, pagando o
respectivo preço.
Diante de tais situações, assinale a afirmativa correta.
(A) Quanto aos livros adquiridos pelo contrato de compra e venda,
Renata não pode demandar Joana pela evicção, pois sabia que a
coisa era litigiosa.
(B) Com relação ao livro recebido em doação, Joana responde pela
evicção, especialmente porque, na data da avença, Renata não
sabia da existência de litígio.
(C) A informação prestada por Joana a Renata, acerca da
existência de litígio sobre a biblioteca que recebeu em legado, deve
ser interpretada como cláusula tácita de reforço da
responsabilidade pela evicção.
(D) O contrato gratuito firmado entre Renata e Joana classifica-se
como contrato de natureza aleatória, pois Marta soube
posteriormente do risco da perda do bem pela evicção.
A: correta, pois não pode o adquirente demandar pela evicção, se
sabia que a coisa era alheia ou litigiosa (art. 457 CC). Como Renata
foi informada, assumiu risco quando decidiu levar o contrato de
compra e venda adiante; B: incorreta, pois o instituto da evicção
aplica-se apenas a contratos onerosos (art. 447 CC). No caso da
doação foi um contrato gratuito. C: incorreta, pois a cláusula que
reforça a evicção apenas pode ser expressa, nunca tácita (art. 448
CC); D: incorreta, pois trata-se de contrato de doação (art. 538 CC)
de natureza comutativa e não sujeito a evicção, pois ela somente se
aplica a contratos onerosos (art. 447 CC).
(OAB/Exame Unificado – 2019.3) Vilmar, produtor rural, possui
contratos de compra e venda de safra com diversospequenos
proprietários. Com o intuito de adquirir novos insumos, Vilmar
procurou Geraldo, no intuito de adquirir sua safra, cuja expectativa
de colheita era de cinco toneladas de milho, que, naquele momento,
estava sendo plantado em sua fazenda. Como era a primeira vez que
Geraldo contratava com Vilmar, ele ficou em dúvida quanto à
estipulação do preço do contrato.
Considerando a natureza aleatória do contrato, bem como a dúvida
das partes a respeito da estipulação do preço deste, assinale a
afirmativa correta.
(A) A estipulação do preço do contrato entre Vilmar e Geraldo
pode ser deixada ao arbítrio exclusivo de uma das partes.
(B) Se Vilmar contratar com Geraldo a compra da colheita de
milho, mas, por conta de uma praga inesperada, para cujo evento o
agricultor não tiver concorrido com culpa, e este não conseguir
colher nenhuma espiga, Vilmar não deverá lhe pagar nada, pois
não recebeu o objeto contratado.
(C) Se Vilmar contratar com Geraldo a compra das cinco
toneladas de milho, tendo sido plantado o exato número de
Gabarito “A”
sementes para cumprir tal quantidade, e se, apesar disso, somente
forem colhidas três toneladas de milho, em virtude das poucas
chuvas, Geraldo não receberá o valor total, em virtude da entrega
em menor quantidade.
(D) A estipulação do preço do contrato entre Vilmar e Geraldo
poderá ser deixada ao arbítrio de terceiro, que, desde logo,
prometerem designar.
A: incorreta, pois nulo é o contrato de compra e venda, quando se
deixa ao arbítrio exclusivo de uma das partes a fixação do preço
(art. 489 CC); B: incorreta, pois Vilmar deverá pagar o valor integral
a Geraldo, pois tratava-se de coisa futura cujo risco Vilmar assumiu
de não vir a existir (art. 458 CC); C: incorreta, pois Vilmar terá de
pagar o valor correspondente a cinco toneladas, afinal, tratava-se de
coisa futura cujo risco assumiu de existir em qualquer quantidade
(art. 459 CC); D: correta (art. 485, 1ª parte CC)
(OAB/Exame XXXIV) Bento Albuquerque com o intuito de realizar o
sonho de passar a aposentadoria na beira da praia, procura Inácio
Monteiro, proprietário de uma quadra de lotes a 100 (cem) metros
da famosa Praia dos Coqueiros, para comprar um lote sobre o qual
seria construída sua sonhada casa de veraneio. Bento mostrou o
projeto arquitetônico de sua futura casa na praia a Inácio e ressaltou
que o lote para construção do projeto deveria contar com, no
mínimo, 420 m² (quatrocentos e vinte metros quadrados),
metragem necessária para construção da piscina, sauna e
churrasqueira, além da casa projetada para ter quatro quartos.
Gabarito “D”
Nas tratativas e na escritura de compra e venda do imóvel, restou
consignado que o imóvel possui 420 m² (quatrocentos e vinte metros
quadrados) e que o preço certo e ajustado para essa metragem era de
R$ 180.000,00 (cento e oitenta mil reais). No entanto, Bento ao
levar o arquiteto para medidas de praxe e conhecer o lote sobre o
qual o projeto seria construído, foi surpreendido ao ser informado
que o imóvel contava apenas com 365m² (trezentos e sessenta e
cinco metros quadrados) e que o projeto idealizado não poderia ser
construído naquele lote.
Sobre a hipótese narrada, assinale a afirmativa correta.
(A) Bento nada pode fazer em relação a metragem faltante, tendo
em vista que era sua obrigação conferi-la antes de adquirir o
imóvel.
(B) Bento tem o direito de exigir o complemento da área faltante,
e, caso não seja possível, tem a faculdade de rescindir o contrato
ou pedir pelo abatimento do preço de acordo com a metragem
correta do imóvel.
(C) Não haverá complemento de área, pois o imóvel foi vendido
como coisa certa e discriminada, tendo sido apenas enunciativa a
referência às suas dimensões.
(D) Presume-se que a referência às dimensões do imóvel é
enunciativa, pois a diferença de metragem não chega a 20%, (vinte
por cento), logo, deverá ter, prioritariamente, abatimento do
preço, mas não a complementação da metragem faltante.
A: incorreta, pois o preço da venda foi estipulado por medida. Logo,
se a metragem não corresponder ao que foi acordado o comprador
tem o direito de exigir o complemento da área, e, não sendo isso
possível, o de reclamar a resolução do contrato ou abatimento
proporcional ao preço (art. 500 caput CC). B: correta (art. 500 caput
CC); C: incorreta, pois o preço do imóvel foi definido pela metragem
(venda ad mensuram). O imóvel não foi vendido como coisa certa e
determinada (venda ad corpus), logo a referência às medidas não é
meramente enunciativa. Sendo assim deverá haver complemento da
área (art. 500, § 3º CC); D: incorreta, pois ainda que a diferença da
metragem não chegue a 20%, caso o comprador tenha como
comprovar que não teria realizado o negócio se soubesse dessa
diferença então ele tem o direito de exigir o complemento da área, e,
não sendo isso possível, o de reclamar a resolução do contrato ou
abatimento proporcional ao preço (art. 500, § 1º CC). Bento tem
como provar que se soubesse que o terreno era menor não teria
realizado a compra, afinal mostrou o projeto arquitetônico desde o
início deixando inequívoca a necessidade de um terreno de 420
metros quadrados.
4.3. DOAÇÃO
(OAB/Exame Unificado – 2011.3.A) Marcelo, brasileiro, solteiro,
advogado, sem que tenha qualquer impedimento para doar a casa de
campo de sua livre propriedade, resolve fazê-lo, sem quaisquer ônus
ou encargos, em benefício de Marina, sua amiga, também
absolutamente capaz. Todavia, no âmbito do contrato de doação,
Marcelo estipula cláusula de reversão por meio da qual o bem doado
deverá se destinar ao patrimônio de Rômulo, irmão de Marcelo, caso
Rômulo sobreviva à donatária. A respeito dessa situação, é correto
afirmar que:
(A) diante de expressa previsão legal, não prevalece a cláusula de
reversão estipulada em favor de Rômulo.
Gabarito “B”
(B) no caso, em razão de o contrato de doação, por ser gratuito,
comportar interpretação extensiva, a cláusula de reversão em favor
de terceiro é válida.
(C) a cláusula em exame não é válida em razão da relação de
parentesco entre o doador, Marcelo, e o terceiro beneficiário,
Rômulo.
(D) diante de expressa previsão legal, a cláusula de reversão pode
ser estipulada em favor do próprio doador ou de terceiro
beneficiário por aquele designado, caso qualquer deles, nessa
ordem, sobreviva ao donatário.
Segundo o art. 547 do CC, o doador pode estipular que os bens
doados voltem ao seu patrimônio, se sobreviver ao donatário.
Porém, o doador NÃO pode estipular que, falecendo o donatário, o
bem doado vá para um terceiro, ou seja, “não prevalece a cláusula
de reversão em favor de terceiro” (art. 547, parágrafo único, do CC).
Assim, a alternativa “A” está correta. A alternativa “B” está incorreta,
pois não cabe cláusula de reversão em favor de terceiro, e também
porque o contrato de doação não comporta interpretação extensiva,
mas apenas interpretação estrita (art. 114 do CC). A alternativa “C”
está incorreta, pois não há impedimento de doação de bens para
parentes. Esse tipo de restrição só existe quando se está diante de
fraude contra credores, que não é o caso. A alternativa “D” está
incorreta, pois, como se viu, não cabe cláusula de reversão em favor
de terceiro (art. 547, parágrafo único, do CC).
(OAB/Exame Unificado – 2010.3) Sônia, maior e capaz, decide doar, por
instrumento particular, certa quantia em dinheiro em favor de seu
sobrinho, Fernando, maior e capaz, caso ele venha a se casar com
Gabarito “A”
Leila. Sônia faz constar, ainda, cláusula de irrevogabilidade da
doação por eventual ingratidão de seu sobrinho. Fernando, por sua
vez, aceita formalmente a doação e, poucos meses depois, casa-se
com Leila, conforme estipulado. No dia seguinte ao casamento, ao
procurar sua tia para receber a quantia estabelecida, Fernando
deflagra uma discussão com Sônia e lhe dirige grave ofensa física. A
respeito da situação narrada, é correto afirmar que Fernando:
(A) deve receber a quantia em dinheiro, em razão de ter se casado
com Leila eindependentemente de ter dirigido grave ofensa física
a Sônia.
(B) não deve receber a quantia em dinheiro, pois dirigiu grave
ofensa física à sua tia Sônia.
(C) deve receber a quantia em dinheiro, em razão de o
instrumento de doação prever cláusula de irrevogabilidade por
eventual ingratidão.
(D) não deve receber a quantia em dinheiro, tendo em vista que a
doação é nula, pois deveria ter sido realizada por escritura pública.
O caso envolve o instituto da revogação da doação por ingratidão,
regulamentado no art. 555 e seguintes do CC. O problema é que,
quando se faz uma doação para que se dê determinado casamento,
está-se diante de hipótese em que a lei, expressamente, proíbe a
revogação por ingratidão (art. 564, IV, do CC), de modo que a
revogação da doação, no caso, não é cabível em tese, mesmo
tendo Fernando dirigido grave ofensa física a Sônia.
OAB/Exame Unificado – 2019.3) Lucas, um grande industrial do ramo de
couro, decidiu ajudar Pablo, seu amigo de infância, na abertura do
Gabarito “A”
seu primeiro negócio: uma pequena fábrica de sapatos. Lucas doou
50 prensas para a fábrica, mas Pablo achou pouco e passou a
constantemente importunar o amigo com novas solicitações. Após
sucessivos e infrutíferos pedidos de empréstimos de toda ordem, a
relação entre os dois se desgasta a tal ponto que Pablo, totalmente
fora de controle, atenta contra a vida de Lucas. Este, porém,
sobrevive ao atentado e decide revogar a doação feita a Pablo. Ocorre
que Pablo havia constituído penhor sobre as prensas, doadas por
Lucas, para obter um empréstimo junto ao Banco XPTO, mas, para
não interromper a produção, manteve as prensas em sua fábrica.
Diante do exposto, assinale a afirmativa correta.
(A) Para a constituição válida do penhor, é necessário que as
coisas empenhadas estejam em poder do credor. Como isso não
ocorreu, o penhor realizado por Pablo é nulo.
(B) Tendo em vista que o Banco XPTO figura como terceiro de
má-fé, a realização do penhor é causa impeditiva da revogação da
doação feita por Lucas.
(C) Como causa superveniente da resolução da propriedade de
Pablo, a revogação da doação operada por Lucas não interfere no
direito de garantia dado ao Banco XPTO.
(D) Em razão da tentativa de homicídio, a revogação da doação é
automática, razão pela qual os direitos adquiridos pelo Banco
XPTO resolvem-se junto com a propriedade de Pablo.
A: incorreta, pois trata-se de penhor industrial e neste caso é
permitido que os bens empenhados fiquem na posse do devedor
(art. 1.431, parágrafo único CC); B: incorreta, pois o Banco XPTO
não é terceiro de má-fé (afinal, o penhor foi constituído com todos os
requisitos legais do contrato e à época Lucas era proprietário do
bem recebido por doação, podendo, assim, empenhá-lo
normalmente – art. 1.420 CC) , logo, a realização do penhor não é
causa impeditiva da revogação da doação feita por Pablo. Pablo
pode revogar a doação com fundamento no art. 557, I CC; C:
correta, pois a revogação por ingratidão não prejudica os direitos
adquiridos por terceiros (art. 563 CC); D: incorreta, pois a revogação
da doação não é automática, devendo ser pleiteada judicialmente
 dentro de um ano, a contar de quando chegue ao conhecimento do
doador o fato que a autorizar, e de ter sido o donatário o seu autor
(art. 559 CC). Ademais, os direitos adquiridos pelo Banco XPTO não
se resolvem junto com a propriedade de Pablo, pois a revogação
por ingratidão não prejudica os direitos adquiridos por terceiros (art.
536 CC).
(OAB/Exame Unificado – 2020.2) Leandro decide realizar uma doação
com a finalidade exclusiva de remunerar serviços prestados
voluntária e espontaneamente por Carmen em sua ONG
(Organização Não Governamental). Oferece, então, um pequeno
imóvel residencial, avaliado em R$ 100.000,00 (cem mil reais), por
instrumento particular, oportunidade na qual o doador fez questão
de estipular uma obrigação: Carmen teria que realizar benfeitorias
específicas na casa, tais como a troca dos canos enferrujados, da
fiação deteriorada, bem como a finalização do acabamento das
paredes, com a devida pintura final.
A donatária aceita os termos da doação e assina o documento
particular, imitindo-se na posse do bem e dando início às obras.
Alguns dias depois, orientada por um vizinho, reúne-se com o
doador e decide formalizar a doação pela via de escritura pública, no
ofício competente, constando também cláusula de renúncia
Gabarito “C”
antecipada do doador a pleitear a revogação da doação por
ingratidão.
Dois anos depois, após sérios desentendimentos e ofensas públicas
desferidas por Carmen, esta é condenada, em processo cível, a
indenizar Leandro ante a prática de ato ilícito, qualificado como
injúria grave. Leandro, então, propõe uma ação de revogação da
doação.
Diante desse fato, assinale a afirmativa correta.
(A) Mesmo diante da prática de injúria grave por parte de
Carmen, Leandro não pode pretender revogar a doação, porque
houve renúncia expressa no contrato.
(B) A doação para Carmen se qualifica como condicional, eis que
depende do cumprimento da obrigação de realizar as obras para a
sua confirmação.
(C) A doação para Carmen não pode ser revogada por ingratidão,
porque o ato de liberalidade do doador teve motivação puramente
remuneratória.
(D) O ordenamento admite que a doação para Carmen fosse
realizada por instrumento particular, razão pela qual a realização
da escritura pública foi um ato desnecessário.
A: incorreta, pois esta cláusula de renúncia é nula, vez que não se
pode renunciar antecipadamente o direito de revogar a liberalidade
por ingratidão do donatário (art. 556 CC); B: incorreta, pois trata-se
de doação com encargo (aquela em que há uma obrigação a ser
cumprida por parte do donatário quando receber a coisa – arts. 539
e 540 CC), e não condicional (“só doo se você fizer tal coisa”); C:
correta (art. 564, I CC); D: incorreta, pois por se tratar de bem
imóvel em valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo
vigente no país, este negócio jurídico apenas terá validade se feito
por escritura pública (art. 108 CC). GR
(OAB/Exame XXXIV) Joana e Mário são pais de Ricardo, atualmente
com 8 anos, e que se encontra no início de sua vida escolar. Tércio,
irmão de Joana, decide doar, ao sobrinho Ricardo, certa quantia em
dinheiro.
Para que esta doação seja válida, o contrato
(A) deve ser anuído pelo próprio sobrinho, Ricardo.
(B) precisa contar com o consentimento de Ricardo, expressado
por Joana e Mário.
(C) dispensa a aceitação, por ser pura e realizada em favor de
absolutamente incapaz.
(D) prescinde de consentimento de Ricardo, pois se trata de
negócio jurídico unilateral.
A: incorreta, pois não é necessária a aceitação de Ricardo, pois ele
é absolutamente incapaz e trata-se de doação pura (art. 543 CC); B:
incorreta, pois também não é necessário o consentimento dos pais
(art. 543 CC); C: correta (art. 543 CC); D: incorreta, pois o
consentimento da criança é dispensável não porque se trata de
negócio jurídico unilateral, mas sim porque é doação pura (art. 543
CC).
4.4. DEPÓSITO, MÚTUO E COMODATO
Gabarito “C”
Gabarito “C”
(OAB/Exame Unificado – 2017.2) Cássio, mutuante, celebrou contrato de
mútuo gratuito com Felipe, mutuário, cujo objeto era a quantia de
R$ 5.000,00, em 1º de outubro de 2016, pelo prazo de seis meses.
Foi combinado que a entrega do dinheiro seria feita no parque da
cidade. No entanto, Felipe, após receber o dinheiro, foi furtado no
caminho de casa.
Em 1º de abril de 2017, Cássio telefonou para Felipe para combinar o
pagamento da quantia emprestada, mas este respondeu que não
seria possível, em razão da perda do bem por fato alheio à sua
vontade.
Acerca dos fatos narrados, assinale a afirmativa correta.
(A) Cássio tem direito à devolução do dinheiro, ainda que a perda
da coisa não tenha sido por culpa do devedor, Felipe.
(B) Cássio tem direito à devolução do dinheiro e ao pagamento de
juros, ainda que a perda da coisa não tenha sido por culpa do
devedor, Felipe.(C) Cássio tem direito somente à devolução de metade do
dinheiro, pois a perda da coisa não foi por culpa do devedor,
Felipe.
(D) Cássio não tem direito à devolução do dinheiro, pois a perda
da coisa não foi por culpa do devedor, Felipe.
A: correta, pois o dinheiro é coisa incerta e – como tal – não admite
alegação de perda (CC, art. 246). Ademais, o mutuário é dono do
dinheiro (CC, art. 587) e nessa qualidade responde pela perda,
ainda que sem culpa; B: incorreta, pois o mútuo foi gratuito, ou seja,
sem previsão de juros; C: incorreta, pois não existe tal previsão de
devolução pela metade no ordenamento; D: incorreta, pois não se
discute a culpa de Felipe. GN
(OAB/Exame Unificado – 2014.1) Pedro, menor impúbere, e sem o
consentimento de seu representante legal, celebrou contrato de
mútuo com Marcos, tendo este lhe entregue a quantia de R$ 400,00,
a fim de que pudesse comprar uma bicicleta.
A respeito desse caso, assinale a afirmativa incorreta.
(A) O mútuo poderá ser reavido somente se o representante legal
de Pedro ratificar o contrato.
(B) Se o contrato tivesse por fim suprir despesas com a própria
manutenção, o mútuo poderia ser reavido, ainda que ausente ao
ato o representante legal de Pedro.
(C) Se Pedro tiver bens obtidos com o seu trabalho, o mútuo
poderá ser reavido, ainda que contraído sem o consentimento do
seu representante legal.
(D) O mútuo também poderia ser reavido caso Pedro tivesse
obtido o empréstimo maliciosamente.
A: incorreta (devendo ser assinalada), pois o mútuo feito a pessoa
menor, sem prévia autorização daquele sob cuja guarda estiver, não
pode ser reavido nem do mutuário, nem de seus fiadores (art. 588
do CC); B: correta (art. 589, II do CC); C: correta (art. 589, III do
CC); D: correta (art. 589, V do CC).
(OAB/Exame Unificado – 2012.1) O policial militar Marco Antônio é
proprietário de uma casa de praia, localizada no balneário de
Guarapari/ES. Por ocasião de seu exercício profissional na cidade de
Gabarito “A”
Gabarito “A”
Vitória/ES, a casa de praia foi emprestada ao seu primo Fabiano, que
lá reside com sua família há mais de três anos. Ocorre que, por
interesse da administração pública, Marco Antônio foi removido de
ofício para a cidade de Guarapari/ES. Diante de tal situação, Marco
Antônio decidiu notificar extrajudicialmente o primo para que este
desocupe a referida casa no prazo improrrogável de 30 dias.
Considerando a situação hipotética, assinale a alternativa correta.
(A) O contrato firmado verbalmente entre Marco Antônio e
Fabiano é o comodato e a fixação do prazo mínimo de 30 dias para
desocupação do imóvel encontra-se expressa em lei.
(B) Conforme entendimento pacífico do STJ, a notificação
extrajudicial para desocupação de imóvel dado em comodato
verbal por prazo indeterminado é imprescindível para a
reintegração da posse.
(C) A espécie de empréstimo firmado entre Marco Antônio e
Fabiano é o mútuo, pois recai sobre bem imóvel inconsumível.
Nesta modalidade de contrato, a notificação extrajudicial para a
restituição do bem, por si só, coloca o mutuário em mora e obriga-
o a pagar aluguel da coisa até sua efetiva devolução.
(D) Tratando-se de contrato firmado verbalmente e por prazo
indeterminado, Marco Antônio pode colocar fim ao contrato a
qualquer momento, sem ter que apresentar motivo, em
decorrência da aplicação das regras da chamada denúncia vazia.
A: incorreta, pois, apesar de se tratar de um contrato de comodato,
não há, na lei, previsão de prazo mínimo de 30 dias para
desocupação de imóvel dado em comodato, quando o comodante
reclama o imóvel de volta; B: incorreta, pois não há entendimento
pacífico nesse sentido; todavia, há alguns acórdãos do STJ que
entendem ser necessária essa notificação extrajudicial prévia; C:
incorreta, pois um imóvel é um bem infungível, de maneira que o
empréstimo deste é necessariamente um comodato (art. 579 do
CC); D: correta, pois o art. 581 do CC só impõe que o comodante
demonstre necessidade imprevista e urgente para a retomada do
bem dado em comodato quando se tratar de comodato com prazo,
seja este prazo expresso ou presumido. No caso em tela, tem-se um
comodato verbal e por prazo indeterminado, permitindo, assim, a
chamada denúncia vazia, nos termos do seguinte acórdão do STJ,
que cita, em seu teor doutrina de Pontes de Miranda a respeito:
“Agravo interno. Recurso especial. Comodato verbal sem prazo
determinado. Pedido de desocupação. Notificação. Prescindibilidade
da prova de urgência ou necessidade imprevista de retomada do
bem. Súmula STJ/83. 1. Dado em comodato o imóvel, mediante
contrato verbal sem prazo determinado, é suficiente para a sua
extinção a notificação ao comodatário da pretensão de retomada do
bem, sendo prescindível a prova de necessidade imprevista e
urgente do bem. Precedentes. 2. Agravo Regimental improvido.”
(AgRg no REsp 1136200/PR, DJe 01.07.2011).
(OAB/Exame XXXIII – 2020.3) Antônio decide ceder gratuitamente a
posse de um de seus imóveis residenciais a Carlos, seu grande amigo
que vem passando por dificuldades financeiras, sem fixar prazo para
a devolução do bem.
Passados 5 (cinco) anos, Antônio decide notificar Carlos para que se
retire do imóvel, após descobrir que estava deteriorado por pura
desídia do possuidor, que não estava realizando os atos de
conservação necessários. Carlos realiza uma contranotificação,
informando que não vai devolver o imóvel, na medida em que ainda
Gabarito “D”
necessita dele para sua moradia. Em razão disso, Carlos decide
arbitrar o aluguel pelo uso do bem imóvel.
Neste contexto, assinale a afirmativa correta.
(A) O contrato firmado é de depósito, motivo pelo qual tem Carlos
o dever de guardá-lo e conservá-lo até que Antônio o reclame, sob
pena de pagar aluguéis.
(B) O contrato firmado é de mútuo, que transfere o domínio da
coisa emprestada ao mutuário, correndo por conta deste os riscos
desde a tradição, sendo indevidos os aluguéis.
(C) O contrato celebrado é de comodato, sendo o comodatário
obrigado a conservar a coisa emprestada e, uma vez constituído
em mora, a pagar aluguéis.
(D) O contrato pactuado é de locação, que se iniciou com a
renúncia à cobrança de aluguéis pelo locador e, após a notificação,
tornou a exigi-los, como é da natureza do contrato.
A: incorreta, pois o contrato não é de depósito, uma vez que neste
contrato o depositário recebe um objeto móvel, para guardar, até
que o depositante o reclame (art. 627 CC). No caso em tela Carlos
recebeu um bem imóvel; B: incorreta, pois no contrato de mútuo há
o empréstimo de coisa fungível (art. 586 CC). O imóvel é coisa
infungível; C: correta, pois o comodato é o empréstimo gratuito de
coisas não fungíveis. O comodatário é obrigado a conservar a coisa
e uma vez constituído em mora deve pagar aluguéis (art. 579 e 582
CC); D: incorreta, pois um dos elementos constitutivos do contrato
de locação são os aluguéis. O art. 565 CC é expresso ao dizer que
no contrato de locação de coisas deve haver certa retribuição e a
Lei de Locação (Lei 8.245/91) também faz menção expressa aos
aluguéis em seu artigo 17 em diante. Quando não há cobrança de
aluguéis desconfigura a locação. GR
4.5. MANDATO
(OAB/Exame Unificado – 2013.1) De acordo com o Código Civil, opera-se
o mandato quando alguém recebe de outrem poderes para, em nome
deste, praticar atos ou administrar interesses. Daniel outorgou a
Heron, por instrumento público, poderes especiais e expressos, por
prazo indeterminado, para vender sua casa na Rua da Abolição, em
Salvador, Bahia. Ocorre que, três dias depois de lavrada e assinada a
procuração, em viagem para um congresso realizado no exterior,
Daniel sofre um acidente automobilístico e vem a falecer, quando
ainda fora do país. Heron, no mesmo dia da morte de Daniel,
ignorando o óbito, vende a casa para Fábio, que a compra, estando
ambos de boa-fé.
De acordo com a situação narrada, assinale a afirmativa correta.
(A) A compra e venda é nula, em razão de ter cessado o mandato
automaticamente, com a morte do mandante.(B) A compra e venda é válida, em relação aos contratantes.
(C) A compra e venda é inválida, em razão de ter o mandato sido
celebrado por prazo indeterminado, quando deveria, no caso, ter
termo certo.
(D) A compra e venda é anulável pelos herdeiros de Daniel, que
podem escolher entre corroborar o negócio realiza doem nome do
mandante falecido, revogá-lo, ou cobrar indenização do
mandatário.
A, C e D: incorretas, por força da regra de exceção prevista no art.
689 do CC, pela qual “são válidos, a respeito dos contratantes de
Gabarito “C”
boa-fé, os atos com estes ajustados em nome do mandante pelo
mandatário, enquanto este ignorar a morte daquele ou a extinção do
mandato, por qualquer outra causa”; B: correta (art. 689 do CC).
(OAB/Exame Unificado – 2008.3) A respeito do mandato, assinale a
opção correta.
(A) Por ser contrato, a aceitação do mandato não poderá ser
tácita.
(B) O mandato outorgado por instrumento público pode ser
objeto de substabelecimento por instrumento particular.
(C) Apesar de a lei exigir forma escrita para a celebração de
contrato, tal exigência não alcança o mandato, cuja outorga pode
ser verbal.
(D) O poder de transigir estabelecido no mandato importará o de
firmar compromisso.
A: incorreta (art. 659 do CC); B: correta (art. 655 do CC); C:
incorreta (arts. 104 c.c. 656, ambos do CC); D: incorreta (art. 661, §
2.º, do CC).
4.6. TRANSPORTE
(OAB/Exame Unificado – 2008.3) Supondo que Cláudio viaje de ônibus,
para ir do interior de um estado à capital, assinale a opção correta.
Gabarito “B”
Gabarito “B”
(A) Caso a viagem tenha de ser interrompida em consequência de
evento imprevisível, a empresa responsável pelo transporte não é
obrigada a concluir o trajeto.
(B) Se Cláudio não tiver pago a passagem e se recusar a fazê-lo
quando chegar ao destino, será lícito à empresa reter objetos
pessoais pertencentes a ele como garantia do pagamento.
(C) Cláudio, sob pena de ferir a boa-fé objetiva, somente poderá
rescindir o contrato com a empresa de transporte, antes de
iniciada a viagem, caso demonstre justo motivo.
(D) Cláudio não poderá desistir do transporte após iniciada a
viagem.
A: incorreta (art. 741 do CC); B: correta (art. 742 do CC); C e D:
incorretas (art. 740, § 1.º, do CC).
(OAB/Exame Unificado – 2008.2) A respeito do transporte de pessoas,
assinale a opção correta, de acordo com o Código Civil vigente.
(A) O transportador responde pelos danos causados às pessoas
transportadas, mas só responde pelo extravio das bagagens se o
passageiro tiver declarado o valor a elas correspondente.
(B) É nula a cláusula de exclusão da responsabilidade no contrato
de transporte de pessoas, ao qual também não se aplica a
excludente da força maior.
(C) O transportador não poderá reter bagagem ou objetos pessoais
de passageiros para garantir o pagamento da passagem que não
tiver sido efetuado no início do percurso.
(D) Em regra, o transporte feito por cortesia não se subordina às
normas estipuladas para o contrato de transporte de pessoas.
Gabarito “B”
A: incorreta (art. 734, caput e parágrafo único, do CC); B: incorreta
(art. 734 do CC); C: incorreta (art. 742 do CC); D: correta, (art. 736
do CC).
4.7. FIANÇA
(OAB/Exame Unificado – 2017.1)João e Maria, casados e donos de
extenso patrimônio, celebraram contrato de fiança em favor de seu
filho, Carlos, contrato este acessório a contrato de locação residencial
urbana, com duração de 30 meses, celebrado entre Carlos, locatário,
e Marcelo, proprietário do apartamento e locador, com vigência a
partir de 1º de setembro de 2015. Contudo, em novembro de 2016,
Carlos não pagou o aluguel.
Considerando que não houve renúncia a nenhum benefício pelos
fiadores, assinale a afirmativa correta.
(A) Marcelo poderá cobrar diretamente de João e Maria, fiadores,
tendo em vista que eles são devedores solidários do afiançado,
Carlos.
(B) Marcelo poderá cobrar somente de João, tendo em vista que
Maria não é fiadora, mas somente deu a outorga uxória.
(C) Marcelo poderá cobrar de Carlos, locatário, mas não dos
fiadores, pois não respondem pela dívida do contrato de locação.
(D) Marcelo poderá cobrar de João e Maria, fiadores, após tentar
cobrar a dívida de Carlos, locatário, tendo em vista que os fiadores
são devedores subsidiários.
Gabarito “D”
A: incorreta, pois há ordem preferencial de cobrança, devendo antes
ser cobrado o valor de Carlos, que é o verdadeiro devedor; B:
incorreta, pois Maria assinou como fiadora e terá responsabilidade,
após ter sido cobrado o locatário do imóvel; C: incorreta, pois – após
cobrar Carlos – o locador do imóvel poderá cobrar os fiadores,
responsáveis pelo débito alheio; D: correta, pois existe uma ordem
de preferência na cobrança, direito que não foi renunciado pelos
fiadores. De acordo com o art. 827 do Código Civil: “O fiador
demandado pelo pagamento da dívida tem direito a exigir, até a
contestação da lide, que sejam primeiro executados os bens do
devedor”. GN
(OAB/Exame Unificado – 2013.2) A Lanchonete Mirim celebrou contrato
de fornecimento de bebidas com a Distribuidora Céu Azul, ficando
ajustada a entrega mensal de 200 latas de refrigerante, com
pagamento em 30 dias após a entrega. Para tanto, Luciana, mãe de
uma das sócias da lanchonete, sem o conhecimento das sócias da
sociedade e de seu marido, celebrou contrato de fiança, por prazo
indeterminado, com a distribuidora, a fim de garantir o
cumprimento das obrigações assumidas pela lanchonete.
Diante desse quadro, assinale a afirmativa correta.
(A) Luciana não carece da autorização do cônjuge para celebrar o
contrato de fiança com a sociedade Céu Azul, qualquer que seja o
regime de bens.
(B) Pode-se estipular a fiança, ainda que sem o consentimento do
devedor ou mesmo contra a sua vontade, sendo sempre por escrito
e não se admitindo interpretação extensiva.
Gabarito “D”
(C) Em caso de dação em pagamento, se a distribuidora vier a
perder, por evicção, o bem dado pela lanchonete para pagar o
débito, remanesce a obrigação do fiador.
(D) Luciana não poderá se exonerar, quando lhe convier, da fiança
que tiver assinado, ficando obrigada por todos os efeitos da fiança
até a extinção do contrato de fornecimento de bebidas.
A: incorreta, pois a autorização do cônjuge é necessária, como
regra, para a celebração de contrato de fiança (art. 1.647, III, do
CC); B: correta (art. 820 do CC); C: incorreta, pois, mesmo nesse
caso, fica extinta a fiança (art. 838, III, do CC); D: incorreta, pois,
segundo o art. 835 do CC, “o fiador poderá exonerar-se da fiança
que tiver assinado sem limitação de tempo, sempre que lhe convier,
ficando obrigado por todos os efeitos da fiança, durante sessenta
dias após a notificação do credor”.
(OAB/Exame Unificado – 2011.1) Gustavo tornou-se fiador do seu amigo
Henrique, em razão de operação de empréstimo bancário que este
tomou com o Banco Pechincha. No entanto, Gustavo, apreensivo,
descobriu que Henrique está desempregado há algum tempo e que
deixou de pagar várias parcelas do referido empréstimo. Sem o
consentimento de Gustavo, Henrique e o Banco Pechincha aditaram
o contrato original, tendo sido concedida moratória a Henrique. Com
base no relato acima e no regime legal do contrato de fiança, assinale
a alternativa correta.
(A) Se o Banco Pechincha, sem justa causa, demorar a execução
iniciada contra Henrique, poderá Gustavo promover-lhe o
andamento.
Gabarito “B”
(B) Gustavo não poderá exonerar-se da fiança que tiver assinado
sem limitação de tempo, ficando obrigado por todos os efeitos da
fiança até o efetivo pagamento do débito principal.
(C) A concessão da moratória pelo Banco Pechincha a Henrique,
tal como narrado, não tem o condão de desobrigar o fiador.
(D) Por ter a fiança o objetivo de garantir o débito principal, sendo
acessória a este, deve ela ser de valor igual ao da obrigação
principal e ser contraída nas mesmas condições de onerosidade de
tal obrigação.
A: correta, de acordo com o gabarito oficial; no entanto, apesarde
afirmação ser mesmo correta (art. 834 do CC), o ideal, no caso
concreto, é Gustavo pedir o reconhecimento judicial de que não está
mais obrigado pelo contrato de fiança, por conta da moratória,
conforme claramente determina o art. 838, I, do CC; B e C:
incorretas, pois o fiador ficará exonerado da obrigação se o credor,
sem consentimento dele, conceder moratória ao devedor (art. 838, I,
do CC); D: incorreta, pois a fiança pode ser de valor inferior ao da
obrigação principal, bem como pode ser contraída em condições
menos onerosas que esta (art. 823 do CC).
4.8. DEMAIS CONTRATOS EM ESPÉCIE E CONTRATOS
COMBINADOS
(OAB/Exame Unificado – 2017.3) Caio, locador, celebrou com Marcos,
locatário, contrato de locação predial urbana pelo período de 30
meses, sendo o instrumento averbado junto à matrícula do imóvel no
RGI. Contudo, após seis meses do início da vigência do contrato,
Gabarito “A”
Caio resolveu se mudar para Portugal e colocou o bem à venda,
anunciando-o no jornal pelo valor de R$ 500.000,00.
Marcos tomou conhecimento do fato pelo anúncio e entrou em
contato por telefone com Caio, afirmando estar interessado na
aquisição do bem e que estaria disposto a pagar o preço anunciado.
Caio, porém, disse que a venda do bem imóvel já tinha sido realizada
pelo mesmo preço a Alexandre. Além disso, o adquirente do bem,
Alexandre, iria denunciar o contrato de locação e Marcos teria que
desocupar o imóvel em 90 dias.
Acerca dos fatos narrados, assinale a afirmativa correta.
(A) Marcos, tendo sido preterido na alienação do bem, poderá
depositar o preço pago e as demais despesas do ato e haver para si
a propriedade do imóvel.
(B) Marcos não tem direito de preferência na aquisição do imóvel,
pois a locação é por prazo determinado.
(C) Marcos somente poderia exercer direito de preferência na
aquisição do imóvel se fizesse oferta superior à de Alexandre.
(D) Marcos, tendo sido preterido na alienação do bem, poderá
reclamar de Alexandre, adquirente, perdas e danos, e poderá
permanecer no imóvel durante toda a vigência do contrato, mesmo
se Alexandre denunciar o contrato de locação.
O direito de preferência concedido ao inquilino está presente em
qualquer contrato de locação de imóvel urbano. O que pode diferir
de uma situação para outra é a consequência da não concessão
desta preferência ao inquilino. Se o contrato não estiver averbado
perante a matrícula do imóvel o inquilino que foi preterido no seu
direito de preferência terá apenas e tão somente direito a pleitear
perdas e danos. Se, todavia, o contrato estiver averbado perante a
matrícula do imóvel (como é o caso da questão mencionada) o
inquilino poderá depositar o preço pago e as demais despesas do
ato e haver para si a propriedade do imóvel. Nesse sentido é o
artigo 33 da Lei 8.245/1991. GN
(OAB/Exame Unificado – 2016.3) Tiago celebrou contrato de empreitada
com a sociedade Obras Já Ltda. para a construção de piscina e duas
quadras de esporte em sua casa de campo, pelo preço total de R$
50.000,00. No contrato ficou estabelecido que a empreiteira seria
responsável pelo fornecimento dos materiais necessários à execução
da obra.
Durante a obra, ocorreu uma enchente que alagou a região e parte do
material a ser usado na obra foi destruída. A empreiteira, em razão
disso, entrou em contato com Tiago cobrando um adicional de R$
10.000,00 para adquirir os novos materiais necessários para
terminar a obra.
Diante dos fatos narrados, assinale a afirmativa correta.
(A) Tiago não terá que arcar com o adicional de R$ 10.000,00,
ainda que a destruição do material não tenha ocorrido por culpa
do devedor.
(B) Tiago não terá que arcar com o adicional de R$ 10.000,00,
porém a empreiteira não está mais obrigada a terminar a obra,
tendo em vista a ocorrência de um fato fortuito ou de força maior.
(C) Tiago terá que arcar com o adicional de R$ 10.000,00, tendo
em vista que a destruição do material não foi causada por um fato
fortuito ou de força maior.
Gabarito “A”
(D) Tiago terá que arcar com o adicional de R$ 10.000,00 e a
empreiteira não está mais obrigada a terminar a obra, ante a
ocorrência de um caso fortuito ou de força maior.
A: correta, pois de pleno acordo com o art. 611 do Código Civil, o
qual estabelece que “quando o empreiteiro fornece os materiais,
correm por sua conta os riscos até o momento da entrega da obra”;
B: incorreta, pois a empreiteira continua responsável pela entrega
da obra; C: incorreta, pois tal responsabilidade não recai sobre o
dono da obra; D: incorreta, pois Tiago não deve pagar o adicional e
a empreiteira continua obrigada a terminar a obra. GN
(OAB/Exame Unificado – 2015.3) João Henrique residia com sua
companheira Natália em imóvel alugado a ele por Frederico pelo
prazo certo de trinta meses, tendo como fiador Waldemar, pai de
João Henrique. A união do casal, porém, chegou ao fim, de forma
que João Henrique deixou o lar quando faltavam seis meses para o
fim do prazo da locação. O locador e o fiador foram comunicados a
respeito da saída de João Henrique do imóvel. Sobre o caso
apresentado, assinale a afirmativa correta.
(A) Como o locatário era João Henrique, sua saída do imóvel
implica a extinção do contrato de locação, podendo Frederico
exigir, imediatamente, que Natália o desocupe.
(B) Como João Henrique era o locatário, sua saída permite que
Natália continue residindo no imóvel apenas até o término do
prazo contratual, momento em que o contrato se extingue, sem
possibilidade de renovação, salvo nova convenção entre Natália e
Frederico.
Gabarito “A”
(C) Com a saída do locatário do imóvel, a locação prossegue
automaticamente tendo Natália como locatária, porém a fiança
prestada por Waldemar caduca, permitindo a Frederico exigir de
Natália o oferecimento de nova garantia, sob pena de resolução do
contrato.
(D) Com a saída do locatário, a locação prossegue com Natália,
permitido a Waldemar exonerar-se da fiança em até trinta dias da
data em que for cientificado da saída do seu filho do imóvel; ainda
assim, a exoneração só produzirá efeitos cento e vinte dias depois
de notificado o locador.
A a D: somente a alternativa “D” está correta, pois, de acordo com o
art. 12, caput, da Lei 8.245/1991, “em casos de separação de fato,
separação judicial, divórcio ou dissolução da união estável, a
locação residencial prosseguirá automaticamente com o cônjuge ou
companheiro que permanecer no imóvel”, de modo que Natália
poderá prosseguir com a locação; quanto ao fiador, Waldemar
“poderá exonerar-se das suas responsabilidades no prazo de 30
(trinta) dias contado do recebimento da comunicação oferecida pelo
sub-rogado, ficando responsável pelos efeitos da fiança durante 120
(cento e vinte) dias após a notificação ao locador” (art. 12, § 2º, da
Lei 8.245/1991).
(OAB/Exame Unificado – 2015.1) Maria entregou à sociedade empresária
JL Veículos Usados um veículo Vectra, ano 2008, de sua
propriedade, para ser vendido pelo valor de R$ 18.000,00. Restou
acordado que o veículo ficaria exposto na loja pelo prazo máximo de
30 dias. Considerando a hipótese acima e as regras do contrato
estimatório, assinale a afirmativa correta.
Gabarito “D”
(A) O veículo pode ser objeto de penhora pelos credores da JL
Veículos Usados, mesmo que não pago integralmente o preço.
(B) A sociedade empresária JL Veículos Usados suportará a perda
ou deterioração do veículo, não se eximindo da obrigação de pagar
o preço ajustado, ainda que a restituição se impossibilite sem sua
culpa.
(C) Ainda que não pago integralmente o preço a Maria, o veículo
consignado poderá ser objeto de penhora, caso a sociedade
empresária JL Veículos Usados seja acionada judicialmente por
seus credores.
(D) Maria poderá dispor do veículo enquanto perdurar o contrato
estimatório, com fundamento na manutenção da reserva do
domínio e da posse indireta da coisa.
A e C: incorretas, pois no contrato estimatório o bem é deixado com
alguém em “consignação”, não ficando este alguém (consignatário)
proprietário dobem, o que impede que esse alguém dê o bem em
garantia aos seus credores; há também proibição expressa nesse
sentido no art. 536 do CC; B: correta, pois, de acordo com o art. 535
do CC, “o consignatário não se exonera da obrigação de pagar o
preço, se a restituição da coisa, em sua integridade, se tornar
impossível, ainda que por fato a ele não imputável”; D: incorreta,
pois, de acordo com o art. 537 do CC, “o consignante não pode
dispor da coisa antes de lhe ser restituída ou de lhe ser comunicada
a restituição”.
(OAB/Exame Unificado – 2014.2) Marina comprometeu-se a obter para
Mônica um negócio de compra e venda de um imóvel para que ela
pudesse abrir seu curso de inglês. Marina encontrou uma grande sala
Gabarito “B”
em um prédio bem localizado e informou a Mônica que entraria em
contato com o vendedor para saber detalhes do imóvel. A partir da
hipótese apresentada, assinale a opção correta.
(A) Marina marca uma reunião entre o vendedor e Mônica, mas o
negócio não se realiza por arrependimento das partes. Sem pagar a
comissão, Mônica dispensa Marina, que reclama seu pagamento,
explicando que conseguiu o negócio e que não importa se não
ocorreu a compra da sala.
(B) Passado o prazo contratual para a obtenção do negócio, o
próprio vendedor entra em contato com Mônica para celebrar o
negócio, liberando-a, portanto, de pagar a comissão de Marina.
(C) Como a obrigação de Marina é apenas de obtenção do negócio,
a responsabilidade pela segurança e pelo risco é apenas do
vendedor, sendo desnecessário que Marina se preocupe com esses
detalhes.
(D) A remuneração de Marina deve ser previamente ajustada
entre as partes; caso contrário, Mônica pagará o valor que achar
suficiente.
A: correta, pois Marina tem o direito de receber sua comissão ainda
que o negócio não se efetive em virtude de arrependimento das
partes (art. 725 do CC); B: incorreta, pois ainda que o prazo tenha
se exaurido, Marina tem o direito de receber sua comissão, haja
vista que o negócio apenas foi concretizado por efeito do seu
trabalho (art. 727 do CC); C: incorreta, pois Marina possui
responsabilidade de informar Mônica sobre todos os
esclarecimentos acerca da segurança ou do risco do negócio, sob
pena de responder por perdas e danos (art. 723, parágrafo único do
CC); D: incorreta, pois a remuneração do corretor, se não estiver
fixada em lei, nem ajustada entre as partes, será arbitrada segundo
a natureza do negócio e os usos locai, e não conforme o que
Mônica julgar suficiente (art. 724 do CC).
(OAB/Exame Unificado – 2012.3.B) A sociedade ABC Engenharia Ltda.
firmou contrato de seguro de veículo automotor com a Seguradora
Gênesis. Considerando a hipótese em apreço, as regras atinentes ao
contrato de seguro e de acordo com o Código Civil, assinale a
afirmativa correta.
(A) O ordenamento jurídico estabelece que o contrato de seguro
prova-se com a exibição da apólice ou do bilhete do seguro, sendo
estes os únicos meios admitidos de prova.
(B) A apólice ou o bilhete de seguro de veículo automotor deverá
ser, necessariamente, nominativa e mencionará os riscos
assumidos, o início e o fim de sua validade, o limite da garantia e o
prêmio devido.
(C) É proibido, em qualquer hipótese, à sociedade ABC
Engenharia Ltda., na vigência do contrato de seguro com a
Seguradora Gênesis, firmar seguro sobre o mesmo bem e contra o
mesmo risco junto a outra seguradora.
(D) Sendo nominativa a apólice de seguro firmada entre a
empresa ABC Engenharia e a Seguradora Gênesis, a transferência
do contrato de seguro a terceiro só produzirá efeito em relação ao
segurador mediante aviso escrito assinado pelos cedente e
cessionário.
A: incorreta, pois, na falta desses documentos, o contrato de seguro
prova-se por documento comprobatório do pagamento do respectivo
prêmio (art. 758 do CC); B: incorreta, pois poderão ser também,
Gabarito “A”
além de nominativa, à ordem ou o portador (art. 760 do CC); C:
incorreta, pois essa providência é possível, desde que se obedeça o
disposto no art. 782 do CC; D: correta (art. 785, § 1.º, do CC).
(OAB/Exame Unificado – 2020.2) Hugo, corretor de imóveis, recebe
oferta de contrato, por prazo indeterminado, para intermediar a
realização de negócios sobre novo empreendimento imobiliário, cujo
lançamento ocorrerá em data próxima, obtendo as seguintes
informações: (i) as características gerais do empreendimento, com a
descrição da planta, da área e do valor de cada unidade autônoma
projetada, em condomínio edilício; (ii) o valor oferecido em
remuneração pelos serviços de corretagem correspondente a 4%
sobre o valor da venda.
Entusiasmado, Hugo entra em contato com diversos clientes
(potenciais compradores), a fim de mediar a celebração de
compromissos de compra e venda com o dono do negócio.
Nesse ínterim, consegue marcar uma reunião entre o incorporador
(dono do negócio) e seu melhor cliente, sócio de uma grande rede de
farmácias, pretendendo adquirir a loja principal do
empreendimento. Após a reunião, em que as partes se mostraram
interessadas em prosseguir com as negociações, nenhum dos futuros
contratantes tornou a responder ao corretor, que não mais atuou
nesse empreendimento, ante a sua dispensa. Soube, meses depois,
que o negócio havia sido fechado entre o incorporador e o
comprador, em negociação direta, ao valor de R$ 5.000.000,00
(cinco milhões de reais).
Diante do exposto, assinale a afirmativa correta.
Gabarito “D”
(A) A dispensa do corretor não ilide o dever de pagar a
remuneração que lhe era devida, pois o negócio se realizou
posteriormente, como fruto de sua mediação.
(B) Ainda que tenha iniciado a negociação com a atuação do
corretor, uma vez concluído o negócio diretamente entre as partes,
nenhuma remuneração será devida.
(C) A ausência do corretor na negociação que resultou no acordo
de venda evidencia o descumprimento do dever de diligência e
prudência, motivo pelo qual perde o direito à remuneração.
(D) O corretor tem direito à remuneração parcial e proporcional,
pois, apesar de dispensado, iniciou a intermediação, e o negócio ao
final se concretizou.
A: correta (art. 727 CC). O corretor terá direito a sua remuneração,
pois trata-se de contrato por prazo indeterminado e foi ele que deu
início a negociação entre as partes; B: incorreta, pois o corretor tem
direito a remuneração, pois foi ele que iniciou o negócio entre as
partes (art. 727 CC). Ele não teria direito apenas se o negócio
tivesse se iniciado e concluído sem a sua participação; C: incorreta,
pois ele não foi negligente, inerte ou ocioso. O que houve foi a sua
dispensa pelas partes. Neste caso ele tem direito a remuneração
(arts. 726 e 727 CC); D: incorreta, pois ele tem direito a
remuneração integral dos 4%, pois foi ele que iniciou as
negociações com as partes (art. 727 CC). GR
(OAB/Exame XXXV) Carlos alugou um imóvel de sua propriedade a
Amanda para fins residenciais pelo prazo de 30 meses. Dez meses
após a celebração do contrato de locação, Carlos vendeu o imóvel
Gabarito “A”
locado para Patrícia, que denunciou o contrato, concedendo a
Amanda o prazo de 90 dias para a desocupação do imóvel.
Diante desse cenário, assinale a afirmativa correta.
(A) Carlos não poderia alienar o imóvel a Patrícia, pois ainda
estava vigente o prazo de locação.
(B) A alienação é possível, mas, se o contrato contiver cláusula de
vigência em caso de alienação e estiver averbado junto à matrícula
do imóvel, Patrícia deve respeitar o prazo da locação.
(C) Não há nenhum óbice à alienação do imóvel por Carlos a
Patrícia e, uma vez realizada, o contrato de locação com Amanda é
automaticamente desfeito.
(D) Carlos tem o direito de vender o imóvel durante o prazo de
locação, mas, nessa hipótese, a compradora Patrícia estará
necessariamente vinculada ao contrato de locação celebrado
anteriormente, devendo cumprir o prazo inicialmente pactuado
por Carlos com Amanda.
A: incorreta, pois a locação não impede a venda do imóvel, porém a
Lei coloca algumas regras para que ocorraa alienação, tais como
observar se há cláusula de vigência averbada junto à matrícula do
imóvel (art. 8º, caput da Lei 8.245/90) e dar direito de preferência do
locatário (art. 27 da Lei 8.245/90); B: correta (art. 8º, caput da Lei
8.245/90); C: incorreta, pois apesar de a alienação ser permitida,
antes de o imóvel ter sido oferecido a Patrícia ele deveria ter sido
oferecido à Amanda, pois esta como locatária tem o direito de
preferência (art. 27 da Lei 8.245/90). Caso Amanda não exercesse
esse direito em 30 dias (art. 28 da Lei 8.245/90), então a alienação
poderia ocorrer para Patrícia. Patricia como nova proprietária poderá
denunciar o contrato para a saída de Amanda em noventa dias, uma
vez que o enunciado não menciona que a locação tinha cláusula de
vigência averbado junto à matrícula do imóvel (art. 8º, caput da Lei
8.245/90); D: incorreta, pois Patrícia não está vinculada ao prazo do
contrato de locação uma vez que o enunciado não menciona que a
locação tinha cláusula de vigência averbado junto à matrícula do
imóvel (art. 8º, caput da Lei 8.245/90).
(OAB/Exame XXXIV) Ivan, sócio da Soluções Inteligentes Ltda., celebra
contrato de empreitada, na qualidade de dono da obra, com
Demétrio, sócio da Construções Sólidas Ltda., tendo esta como a
empresa empreiteira. A obra tem prazo de duração de 1 (um) ano,
contratada a um custo de R$ 2.400.000,00 (dois milhões e
quatrocentos mil reais), fracionados em 12 (doze) prestações mensais
de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais).
O contratante, Ivan, necessita da obra pronta no prazo acordado. Em
razão disso, acordou com Demétrio uma cláusula resolutiva
expressa, informando que o atraso superior a 30 (trinta) dias
importaria em extinção automática do contrato. Para se resguardar,
Ivan exigiu de Demétrio que expusesse seu acervo patrimonial,
mostrando o balanço contábil da empresa, de modo a ter convicção
em torno da capacidade econômica da empreiteira para levar a cabo
uma obra importante, sem maiores riscos.
Transcorridos três meses de obra, que seguia em ritmo normal, em
conformidade com o cronograma, Ivan teve conhecimento de que a
empreiteira sofreu uma violenta execução judicial, impondo redução
de mais de 90% (noventa por cento) de seu ativo patrimonial, fato
que tornou ao menos duvidosa a capacidade da empreiteira de
executar plenamente a obrigação pela qual se obrigou.
Gabarito “B”
Diante deste fato, assinale a afirmativa correta.
(A) Ivan pode se recusar a pagar o restante das parcelas da
remuneração da obra até que Demétrio dê garantia bastante de
satisfazê-la.
(B) O dono da obra pode requerer a extinção do contrato, ao
fundamento de que há inadimplemento anterior ao termo, pela
posterior redução da capacidade financeira da empreiteira.
(C) A cláusula resolutiva expressa prevista no contrato é nula, pois
o ordenamento não permite a resolução automática dos contratos,
por inadimplemento, impondo-se a via judicial.
(D) A parte contratante tem direito de invocar a exceção de
contrato não cumprido, em face do risco iminente de
inadimplemento.
A: correta, pois na qualidade de credor da obra, havendo a
insuficiência da garantia ele poderá exigir o vencimento antecipado
da dívida. Como a dívida é a entrega da própria obra e isso não tem
como antecipar, a solução é ele suspender os pagamentos até que
a garantia seja reforçada (art. 333, III CC); B: incorreta, pois Ivan
não deve requerer a extinção do contrato pela mera diminuição da
garantia alegando inadimplemento anterior ao termo, pois isso não
ocorreu. O correto solicitar que o devedor seja intimado a reforçar a
garantia. Não o fazendo no prazo determinado a dívida considerar-
se-á antecipadamente vencida (art. 333, III CC). E então se não for
adimplida, Ivan pode pedir a resolução do contrato, cabendo, em
qualquer dos casos, indenização por perdas e danos (art. 475 CC);
C: incorreta, pois a cláusula resolutiva expressa opera de pleno
direito; a tácita é a que depende de interpelação judicial (art. 474
CC); D: incorreta, pois nos contratos bilaterais, nenhum dos
contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o
implemento da do outro (art. 476 CC). Ivan ainda não acabou de
pagar suas parcelas, logo não tem como alegar exceção de contrato
não cumprido. O risco de inadimplemento se resolve pelo reforço da
garantia (art. 333, III CC).
5. RESPONSABILIDADE CIVIL
5.1. OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR
(OAB/Exame Unificado – 2018.1) Marcos caminhava na rua em frente ao
Edifício Roma quando, da janela de um dos apartamentos da frente
do edifício, caiu uma torradeira elétrica, que o atingiu quando
passava. Marcos sofreu fratura do braço direito, que foi diretamente
atingido pelo objeto, e permaneceu seis semanas com o membro
imobilizado, impossibilitado de trabalhar, até se recuperar
plenamente do acidente.
À luz do caso narrado, assinale a afirmativa correta.
(A) O condomínio do Edifício Roma poderá vir a ser
responsabilizado pelos danos causados a Marcos, com base na
teoria da causalidade alternativa.
(B) Marcos apenas poderá cobrar indenização por danos materiais
e morais do morador do apartamento do qual caiu o objeto, tendo
que comprovar tal fato.
(C) Marcos não poderá cobrar nenhuma indenização a título de
danos materiais pelo acidente sofrido, pois não permaneceu com
nenhuma incapacidade permanente.
Gabarito “A”
(D) Caso Marcos consiga identificar de qual janela caiu o objeto, o
respectivo morador poderá alegar ausência de culpa ou dolo para
se eximir de pagar qualquer indenização a ele.
A teoria da causalidade alternativa é utilizada especialmente nas
hipóteses de objetos caídos ou lançados de um prédio. Nessa
hipótese, quando se ignora o verdadeiro autor do evento lesivo
“todos os autores possíveis – isto é, os que se encontravam no
grupo – serão considerados, de forma solidária, responsáveis pelo
evento, em face da ofensa perpetrada à vítima” (CAVALIERI FILHO,
Sergio. Programa de responsabilidade civil. 6ª edição. São Paulo:
Malheiros, 2006, p. 246). A teoria encontra respaldo na legislação,
mais especificamente no art. 938 do Código Civil, segundo o qual:
“Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano
proveniente das coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar
indevido”. A alternativa D não é correta, pois a responsabilidade dos
objetos caídos de um prédio é objetiva, não se discutindo a culpa do
morador da unidade mobiliária de onde caiu o objeto. GN
(OAB/Exame Unificado – 2018.1) João, empresário individual, é titular
de um estabelecimento comercial que funciona em loja alugada em
um shopping- center movimentado. No estabelecimento, trabalham
o próprio João, como gerente, sua esposa, como caixa, e Márcia, uma
funcionária contratada para atuar como vendedora.
Certo dia, Miguel, um fornecedor de produtos da loja, quando da
entrega de uma encomenda feita por João, foi recebido por Márcia e
sentiu-se ofendido por comentários preconceituosos e
Gabarito “A”
discriminatórios realizados pela vendedora. Assim, Miguel ingressou
com ação indenizatória por danos morais em face de João.
A respeito do caso narrado, assinale a afirmativa correta.
(A) João não deve responder pelo dano moral, uma vez que não
foi causado direta e imediatamente por conduta sua.
(B) João pode responder apenas pelo dano moral, caso reste
comprovada sua culpa in vigilando em relação à conduta de
Márcia.
(C) João pode responder apenas por parte da compensação por
danos morais diante da verificação de culpa concorrente de
terceiro.
(D) João deve responder pelos danos causados, não lhe assistindo
alegar culpa exclusiva de terceiro.
A hipótese narrada versa sobre a responsabilidade do empregador
pelos atos do empregado, cuja previsão está no art. 932, III do
Código Civil. Trata-se de uma responsabilidade civil objetiva (CC,
art. 933), na qual não se discute a culpa do patrão, mas apenas a
culpa do causador direto do dano (no caso, a funcionária Márcia).
Vale ressaltar que – uma vez satisfeita a vítima – o empregador terá
direitode regresso em face da empregada, que causou o dano (CC,
art. 934). GN
(OAB/Exame Unificado – 2016.3) Tomás e Vinícius trabalham em uma
empresa de assistência técnica de informática. Após diversas
reclamações de seu chefe, Adilson, os dois funcionários decidem se
vingar dele, criando um perfil falso em seu nome, em uma rede
social.
Gabarito “D”
Tomás cria o referido perfil, inserindo no sistema os dados pessoais,
fotografias e informações diversas sobre Adilson. Vinícius, a seu
turno, alimenta o perfil durante duas semanas com postagens
ofensivas, até que os dois são descobertos por um terceiro colega,
que os denuncia ao chefe. Ofendido, Adilson ajuíza ação
indenizatória por danos morais em face de Tomás e Vinícius.
A respeito do caso narrado, assinale a afirmativa correta.
(A) Tomás e Vinícius são corresponsáveis pelo dano moral sofrido
por Adilson e devem responder solidariamente pelo dever de
indenizar.
(B) Tomás e Vinícius devem responder pelo dano moral sofrido
por Adilson, sendo a obrigação de indenizar, nesse caso,
fracionária, diante da pluralidade de causadores do dano.
(C) Tomás e Vinícius apenas poderão responder, cada um, por
metade do valor fixado a título de indenização, pois cada um
poderá alegar a culpa concorrente do outro para limitar sua
responsabilidade.
(D) Adilson sofreu danos morais distintos: um causado por Tomás
e outro por Vinícius, devendo, portanto, receber duas indenizações
autônomas.
A: correta, pois “se a ofensa tiver mais de um autor, todos
responderão solidariamente pela reparação” (CC, art. 942); B:
incorreta, pois a solução legal é a solidariedade e não a
fracionariedade; C: incorreta, pois não se admite tal alegação
quando houve coautoria no ato ilícito; D: incorreta, pois ambos
colaboraram para a prática da ofensa, resultando num dano moral
indenizável. GN
Gabarito “A”
(OAB/Exame Unificado – 2017.1) André é motorista da transportadora
Via Rápida Ltda. Certo dia, enquanto dirigia um ônibus da empresa,
se distraiu ao tentar se comunicar com um colega, que dirigia outro
coletivo ao seu lado, e precisou fazer uma freada brusca para evitar
um acidente. Durante a manobra, Olívia, uma passageira do ônibus,
sofreu uma queda no interior do veículo, fraturando o fêmur direito.
Além do abalo moral, a passageira teve despesas médicas e
permaneceu por semanas sem trabalhar para se recuperar da fratura.
Olívia decide, então, ajuizar ação indenizatória pelos danos morais e
materiais sofridos.
Em referência ao caso narrado, assinale a afirmativa correta.
(A) Olívia deve, primeiramente, ajuizar a ação em face da
transportadora, e apenas demandar André se não obtiver a
reparação pretendida, pois a responsabilidade do motorista é
subsidiária.
(B) Olívia pode ajuizar ação em face da transportadora e de
André, simultânea ou alternativamente, pois ambos são
solidariamente responsáveis.
(C) Olívia apenas pode demandar, nesse caso, a transportadora,
mas esta terá direito de regresso em face de André, se for
condenada ao dever de indenizar.
(D) André e a transportadora são solidariamente responsáveis e
podem ser demandados diretamente por Olívia, mas aquele que
vier a pagar a indenização não terá regresso em face do outro.
A: incorreta, pois a lei não aponta uma ordem de preferência a
respeito do réu nesses casos (CC, art. 932). Ao contrário, há
solidariedade passiva e a vítima pode escolher contra quem irá
pleitear sua indenização; B: correta, pois a ideia da lei ao criar a
responsabilidade do empregador pelo ato do empregado é
exatamente possibilitar à vítima escolher contra quem pretende
demandar, estabelecendo uma solidariedade legal passiva entre
eles; C: incorreta, pois Olivia poderá também demandar o
empregado; D: incorreta, pois caso a transportadora pague o valor
da indenização, ela terá regressiva contra o causador direto do
dano, que é André (CC, art. 934). GN
(OAB/Exame Unificado – 2015.1) Daniel, morador do Condomínio Raio
de Luz, após consultar a convenção do condomínio e constatar a
permissão de animais de estimação, realizou um sonho antigo e
adquiriu um cachorro da raça Beagle. Ocorre que o animal, muito
travesso, precisou dos serviços de um adestrador, pois estava
destruindo móveis e sapatos do dono. Assim, Daniel contratou
Cleber, adestrador renomado, para um pacote de seis meses de
sessões. Findo o período do treinamento, Daniel, satisfeito com o
resultado, resolve levar o cachorro para se exercitar na área de lazer
do condomínio e, encontrando-a vazia, solta a coleira e a guia para
que o Beagle possa correr livremente. Minutos depois, a moradora
Diana, com 80 (oitenta) anos de idade, chega à área de lazer com seu
neto Theo. Ao perceber a presença da octogenária, o cachorro pula
em suas pernas, Diana perde o equilíbrio, cai e fratura o fêmur.
Diana pretende ser indenizada pelos danos materiais e compensada
pelos danos estéticos.
Com base no caso narrado, assinale a opção correta.
(A) Há responsabilidade civil valorada pelo critério subjetivo e
solidária de Daniel e Cleber, aquele por culpa na vigilância do
Gabarito “B”
animal e este por imperícia no adestramento do Beagle, pelo fato
de não evitarem que o cachorro avançasse em terceiros.
(B) Há responsabilidade civil valorada pelo critério objetivo e
extracontratual de Daniel, havendo obrigação de indenizar e
compensar os danos causados, haja vista a ausência de prova de
alguma das causas legais excludentes do nexo causal, quais sejam,
força maior ou culpa exclusiva da vítima.
(C) Não há responsabilidade civil de Daniel valorada pelo critério
subjetivo, em razão da ocorrência de força maior, isto é, da
chegada inesperada da moradora Diana, caracterizando a
inevitabilidade do ocorrido, com rompimento do nexo de
causalidade.
(D) Há responsabilidade valorada pelo critério subjetivo e
contratual apenas de Daniel em relação aos danos sofridos por
Diana; subjetiva, em razão da evidente culpa na custódia do
animal; e contratual, por serem ambos moradores do Condomínio
Raio de Luz.
A, C e D: incorretas, pois o art. 936 do CC traz responsabilidade de
ordem objetiva para esse caso, e todas as alternativas citadas
fazem referência a uma responsabilidade subjetiva; B: correta; o art.
936 do CC estabelece que “o dono, ou detentor, do animal
ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima
ou força maior”. Repare que a responsabilidade do dono é quase
automática, utilizando-se o critério objetivo, sendo que o dono só
conseguirá se eximir da responsabilidade se provar a ruptura do
nexo causal por culpa da vítima ou força maior.
Gabarito “B”
(OAB/Exame Unificado – 2014.3) Devido à indicação de luz vermelha do
sinal de trânsito, Ricardo parou seu veículo pouco antes da faixa de
pedestres.
Sandro, que vinha logo atrás de Ricardo, também parou, guardando
razoável distância entre eles. Entretanto, Tatiana, que trafegava na
mesma faixa de rolamento, mais atrás, distraiu-se ao redigir
mensagem no celular enquanto conduzia seu veículo, vindo a colidir
com o veículo de Sandro, o qual, em seguida, atingiu o carro de
Ricardo.
Diante disso, à luz das normas que disciplinam a responsabilidade
civil, assinale a afirmativa correta.
(A) Cada um arcará com seu próprio prejuízo, visto que a
responsabilidade pelos danos causados deve ser repartida entre
todos os envolvidos.
(B) Caberá a Tatiana indenizar os prejuízos causados ao veículo de
Sandro, e este deverá indenizar os prejuízos causados ao veículo de
Ricardo.
(C) Caberá a Tatiana indenizar os prejuízos causados aos veículos
de Sandro e Ricardo.
(D) Tatiana e Sandro têm o dever de indenizar Ricardo, na medida
de sua culpa.
A, B e D: incorretas, pois Tatiana é a única causadora e responsável
por todo o ocorrido, sendo que o carro de Sandro foi mero
instrumento que atingiu o carro de Ricardo, não havendo que se
falar em responsabilidade de Sandro, que nada fez no caso, muito
menos atuou com culpa ou dolo; C: correta, pois, ao dirigir redigindo
mensagem detexto, Tatiana agiu com culpa em sentido em estrito,
mais especificamente com negligência, impondo-se sua
responsabilidade civil na forma do art. 186 do Código Civil.
(OAB/Exame Unificado – 2014.1) Felipe, atrasado para um compromisso
profissional, guia seu veículo particular de passeio acima da
velocidade permitida e, falando ao celular, desatento, não observa a
sinalização de trânsito para redução da velocidade em razão da
proximidade da creche Arca de Noé. Pedro, divorciado, pai de Júlia e
Bruno, com cinco e sete anos de idade respectivamente, alunos da
creche, atravessava a faixa de pedestres para buscar os filhos, quando
é atropelado pelo carro de Felipe. Pedro fica gravemente ferido e vem
a falecer, em decorrência das lesões, um mês depois. Maria, mãe de
Júlia e Bruno, agora privados do sustento antes pago pelo genitor
falecido, ajuíza demanda reparatória em face de Felipe, que está
sendo processado no âmbito criminal por homicídio culposo no
trânsito.
Com base no caso em questão, assinale a opção correta.
(A) Felipe indenizará as despesas comprovadamente gastas com o
mês de internação para tratamento de Pedro, alimentos
indenizatórios a Júlia e Bruno tendo em conta a duração provável
da vida do genitor, sem excluir outras reparações, a exemplo das
despesas com sepultamento e luto da família.
(B) Felipe deverá indenizar as despesas efetuadas com a tentativa
de restabelecimento da saúde de Pedro, sendo incabível a
pretensão de alimentos para seus filhos, diante de ausência de
previsão legal.
Gabarito “C”
(C) Felipe fora absolvido por falta de provas do delito de trânsito
na esfera criminal e, como a responsabilidade civil e a criminal não
são independentes, essa sentença fará coisa julgada no cível,
inviabilizando a pretensão reparatória proposta por Maria.
(D) Felipe, como a legislação civil prevê em caso de homicídio,
deve arcar com as despesas do tratamento da vítima, seu funeral,
luto da família, bem como dos alimentos aos dependentes
enquanto viverem, excluindo-se quaisquer outras reparações.
A: correta (art. 948, I e II do CC); B: incorreta, pois a lei prevê
expressamente o pagamento de alimentos aos filhos levando-se em
conta a duração provável da vida da vítima (art. 948, II do CC); C:
incorreta, pois a responsabilidade civil é independente da criminal. A
via civil apenas ficará fechada se no juízo criminal ficar provada a
inexistência do fato ou a negativa de autoria (art. 935 do CC), o que
não é o caso em tela. Logo, Maria possui pretensão reparatória em
face de Felipe; D: incorreta, pois a lei prevê expressamente que a
indenização, além desses itens não exclui outras reparações (art.
948, caput, do CC).
(OAB/Exame Unificado – 2013.3) Pedro, dezessete anos de idade, mora
com seus pais no edifício Clareira do Bosque e, certa manhã, se
desentendeu com seu vizinho Manoel, dezoito anos. O
desentendimento ocorreu logo após Manoel, por equívoco do
porteiro, ter recebido e lido o jornal pertencente aos pais do
adolescente. Manoel, percebido o equívoco, promoveu a imediata
devolução do periódico, momento no qual foi surpreendido com
atitude inesperada de Pedro que, revoltado com o desalinho das
páginas, o agrediu com um soco no rosto, provocando a quebra de
Gabarito “A”
três dentes. Como Manoel é modelo profissional, pretende ser
indenizado pelos custos com implantes dentários, bem como pelo
cancelamento de sua participação em um comercial de televisão.
Tendo em conta o regramento da responsabilidade civil por fato de
outrem, assinale a afirmativa correta.
(A) Pedro responderá solidariamente com seus pais pelos danos
causados a Manoel, inclusive com indenização pela perda de uma
chance, decorrente do cancelamento da participação da vítima no
comercial de televisão.
(B) Somente os pais de Pedro terão responsabilidade objetiva
pelos danos causados pelo filho, mas detêm o direito de reaver de
Pedro, posteriormente, os danos indenizáveis a Manoel.
(C) Se os pais de Pedro não dispuserem de recursos suficientes
para pagar a indenização, e Pedro tiver recursos, este responderá
subsidiária e equitativamente pelos danos causados a Manoel.
(D) Os pais de Pedro terão responsabilidade subjetiva pelos danos
causados pelo filho a Manoel, devendo, para tanto, ser
comprovada a culpa in vigilando dos genitores.
A: incorreta, pois neste caso não haverá responsabilidade solidária,
vez que a lei o isenta (art. 934 do CC); B: incorreta, pois os pais,
embora tenham responsabilidade objetiva, não podem reaver de
Pedro o que houverem pago, pois a lei traz impedimento para tal
(art. 934 do CC); C: correta (art. 928 do CC); D: incorreta, pois trata-
se de caso de responsabilidade objetiva, logo os pais de Pedro
responderão independentemente da demonstração de culpa (art.
932, I, do CC).
Gabarito “C”
(OAB/Exame Unificado – 2013.2) Pedro, engenheiro elétrico, mora na
cidade do Rio de Janeiro e trabalha na Concessionária Iluminação
S.A. Ele é viúvo e pai de Bruno, de sete anos de idade, que estuda no
colégio particular Amarelinho. Há três meses, Pedro celebrou
contrato de financiamento para aquisição de um veículo importado,
o que comprometeu bastante seu orçamento e, a partir de então,
deixou de arcar com o pagamento das mensalidades escolares de
Bruno. Por razões de trabalho, Pedro será transferido para uma
cidade serrana, no interior do Estado e solicitou ao estabelecimento
de ensino o histórico escolar de seu filho, a fim de transferi-lo para
outra escola. Contudo, teve seu pedido negado pelo Colégio
Amarelinho, sendo a negativa justificada pelo colégio como
consequência da sua inadimplência com o pagamento das
mensalidades escolares. Para surpresa de Pedro, na mesma semana
da negativa, é informado pela diretora do Colégio Amarelinho que
seu filho não mais participaria das atividades recreativas diuturnas
do colégio, enquanto Pedro não quitar o débito das mensalidades
vencidas e não pagas.
Com base no caso narrado, assinale a afirmativa correta.
(A) O Colégio Amarelinho atua no exercício regular do seu direito
de cobrança e, portanto, não age com abuso de direito ao reter o
histórico escolar de Bruno, haja vista a comprovada e imotivada
inadimplência de Pedro.
(B) As condutas adotadas pelo Colégio Amarelinho configuram
abuso de direito, pois são eticamente reprováveis, mas não
configuram atos ilícitos indenizáveis.
(C) Tanto a retenção do histórico escolar de Bruno, quanto a
negativa de participação do aluno nas atividades recreativas do
colégio, configuram atos ilícitos objetivos e abusivos, independente
da necessidade de provar a intenção dolosa ou culposa na conduta
adotada pela diretora do Colégio Amarelinho.
(D) Para existir obrigação de indenizar do Colégio Amarelinho,
com fundamento no abuso de direito, é imprescindível a presença
de dolo ou culpa, requisito necessário para caracterizar o
comportamento abusivo e o ilícito indenizável.
A: incorreta, pois o caso revela abuso de direito, vedado pelo art.
187 do CC; há também violação ao art. 42, caput, do CDC, vez que
a conduta da escola nada mais é que uma forma de
constrangimento com vistas à cobrança de uma dívida; B: incorreta,
pois o abuso de direito é um ato ilícito (art. 187 do CC), que, como
tal enseja indenização (art. 927 do CC); C: correta, pois, de fato,
temos um abuso de direito, tipo de ato ilícito que, diferentemente do
previsto no art. 186 do CC, não requer culpa ou dolo para se
configurar (art. 187 do CC); D: incorreta, pois, como se viu, o abuso
de direito é um tipo de ato ilícito que, diferentemente do previsto no
art. 186 do CC, não requer culpa ou dolo para se configurar (art. 187
do CC).
(OAB/Exame Unificado – 2012.3.B) Renato, menor com 17 anos, estava
passeando com seu cachorro pelo parque da sua cidade, quando
avistou José, com quem havia se desentendido, do outro lado do
parque. Com a intenção de dar um susto em José, Renato solta a
coleira do seu cachorro e o estimula a atacar José.
Diante dessa situação hipotética, assinalea afirmativa correta.
(A) Renato responderá pelos prejuízos que causar apenas se as
pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou
Gabarito “C”
não dispuserem de meios suficientes.
(B) Renato ficará isento de qualquer responsabilidade civil,
mesmo que seu desafeto seja atacado por seu cachorro, em razão
da sua idade.
(C) Caso Renato fosse maior de idade iria responder pelo dano
causado pelo seu cachorro mesmo que tal dano fosse provocado
por culpa exclusiva da vítima ou pela ocorrência de um evento de
força maior.
(D) Os pais de Renato não podem ser responsabilizados
civilmente pelos atos de Renato.
A: correta, pois o incapaz responde de maneira subsidiária, ou seja,
apenas no caso de as pessoas por ele responsáveis não tiverem a
obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes (art.
928, caput, do CC); B: incorreta, pois, conforme comentário à
alternativa anterior, o incapaz, no caso de as pessoas por ele
responsáveis não tiverem a obrigação de fazê-lo ou não dispuserem
de meios suficientes, responderá (art. 928, caput, do CC); C:
incorreta, pois havendo culpa exclusiva da vítima ou força maior, o
dono do animal não responde (art. 936 do CC); D: incorreta, pois,
conforme se viu, a princípio, os responsáveis pelo incapaz (no caso,
os pais) é que responderão (art. 928 do CC).
(OAB/Exame Unificado – 2012.3.A) No dia 23 de junho de 2012, Alfredo,
produtor rural, contratou a sociedade Simões Aviação Agrícola Ltda.,
com a finalidade de pulverizar, por via aérea, sua plantação de soja.
Ocorre que a pulverização se deu de forma incorreta, ocasionando a
perda integral da safra de abóbora pertencente a Nilson, vizinho
lindeiro de Alfredo.
Gabarito “A”
Considerando a situação hipotética e as regras de responsabilidade
civil, assinale a afirmativa correta.
(A) Com base no direito brasileiro, Alfredo responderá
subjetivamente pelos danos causados a Nilson e a sociedade
Simões Aviação Agrícola Ltda. será responsabilizada de forma
subsidiária.
(B) Alfredo e a sociedade Simões Aviação Agrícola Ltda.
responderão objetiva e solidariamente pelos danos causados a
Nilson.
(C) Não há lugar para a responsabilidade civil solidária entre
Alfredo e a sociedade Simões Aviação Agrícola Ltda. pelos danos
causados a Nilson, dada a inexistência da relação de preposição.
(D) Trata-se de responsabilidade civil objetiva, em que a
sociedade Simões Aviação Agrícola Ltda. é o responsável principal
pela reparação dos danos, enquanto Alfredo é responsável
subsidiário.
A: incorreta, pois a atividade desenvolvida pela empresa de
pulverização implica, por natureza, risco para os direitos de outrem,
de modo que se tem responsabilidade objetiva, nos termos do art.
927, parágrafo único, do CC; o caso também pode ser enquadrado
no art. 51 da Lei 12.305/2010; como patrocinador do serviço de
pulverização, Alfredo também responderá da mesma forma, e de
modo solidário (art. 942, caput, do CC); B: correta, nos termos do
comentário à alternativa “A”; C: incorreta, pois, como tomador do
serviço da empresa, Alfredo responde solidariamente (art. 942,
caput, do CC); D: incorreta, pois há solidariedade entre a empresa e
Alfredo (art. 942, caput, do CC).
Gabarito “B”
(OAB/Exame Unificado – 2012.2) João dirigia seu veículo respeitando
todas as normas de trânsito, com velocidade inferior à permitida
para o local, quando um bêbado atravessou a rua, sem observar as
condições de tráfego. João não teve condições de frear o veículo ou
desviar-se dele, atingindo-o e causando-lhe graves ferimentos. A
partir do caso apresentado, assinale a afirmativa correta.
(A) Houve responsabilidade civil, devendo João ser considerado
culpado por sua conduta.
(B) Faltou um dos elementos da responsabilidade civil, qual seja,
a conduta humana, não ficando configurada a responsabilidade
civil.
(C) Inexistiu um dos requisitos essenciais para caracterizar a
responsabilidade civil: o dano indenizável e, por isso, não deve ser
responsabilizado.
(D) Houve rompimento do nexo de causalidade, em razão da
conduta da vítima, não restando configurada a responsabilidade
civil.
A: incorreta, pois há excludente de responsabilidade consistente na
culpa exclusiva da vítima; B: incorreta, pois, apesar de não
configurada a responsabilidade civil, há sim conduta de João,
consistente em dirigir seu veículo; porém, além da conduta e do
dano, é necessário o nexo de causalidade, inexistente por conta da
existência de culpa exclusiva da vítima; C: incorreta, pois há sim
dano indenizável, tendo em vista os graves ferimentos; porém,
conforme se viu, não basta haver conduta e dano indenizável, sendo
necessário também nexo de causalidade entre a primeira e o
segundo; D: correta, pois houve rompimento do nexo de
causalidade em razão da culpa exclusiva da vítima, de modo a não
configurar a responsabilidade civil.
(OAB/Exame Unificado – 2012.1) Em relação à responsabilidade civil,
assinale a alternativa correta.
(A) A responsabilidade civil objetiva indireta é aquela decorrente
de ato praticado por animais.
(B) O Código Civil prevê expressamente como excludente do dever
de indenizar os danos causados por animais, a culpa exclusiva da
vítima e a força maior.
(C) Empresa locadora de veículos responde, civil e
subsidiariamente, com o locatário, pelos danos por este causados a
terceiro, no uso do carro alugado.
(D) Na ação de indenização por dano moral, a condenação em
montante inferior ao postulado na inicial implica em sucumbência
recíproca.
A: incorreta, pois é a responsabilidade pela reparação de dano de
terceira pessoa, e não de um animal; um exemplo é a
responsabilidade dos pais pelos atos de seus filhos menores; B:
correta (art. 936, parte final, do CC); C: incorreta, pois a
responsabilidade da locadora, no caso, não é subsidiária, mas
solidária (Súmula STF 492); D: incorreta, pois, de acordo com a
Súmula STJ 326, “na ação de indenização por dano moral, a
condenação em montante inferior ao postulado na inicial NÃO
implica sucumbência recíproca” GN .
(OAB/Exame Unificado – 2011.3.B) A sociedade de transporte de valores
“Transporte Blindado Ltda.”, na noite do dia 22/7/11, teve seu
Gabarito “D”
Gabarito “B”
veículo atingido por tiros de fuzil disparados por um franco atirador.
Em virtude da ação criminosa, o motorista do carro forte perdeu o
controle da direção e atingiu frontalmente Rodrigo Cerdeira,
estudante de Farmácia, que estava no abrigo do ponto de ônibus em
frente à Universidade onde estuda. Devido ao atropelamento,
Rodrigo permaneceu por sete dias na UTI, mas não resistiu aos
ferimentos e veio a óbito. Com base no fato narrado, assinale a
assertiva correta.
(A) Configura-se hipótese de responsabilidade civil objetiva da
empresa proprietária do carro forte com base na teoria do risco
proveito, decorrente do risco da atividade desenvolvida.
(B) Não há na hipótese em apreço a configuração da
responsabilidade civil da empresa de transporte de valores, uma
vez que presente a culpa exclusiva de terceiro, qual seja, do franco
atirador.
(C) Não há na hipótese a configuração da responsabilidade civil da
empresa proprietária do carro forte, uma vez que presente a
ausência de culpa do motorista do carro forte.
(D) Configura-se hipótese de responsabilidade civil objetiva da
empresa proprietária do carro forte com base na teoria do
empreendimento.
A: correta; segundo o art. 927, parágrafo único, do CC, configura-se
responsabilidade objetiva quando a atividade normalmente
desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco
para os direitos de outrem; repare que no texto legal o nexo de
causalidade é mitigado pela expressão “implicar” (menos forte que a
expressão “causar”); no caso em tela tem-se uma transportadora de
valores, que, como é cediço, exerce atividade de risco, sendo certo
que, no caso concreto, essa atividade de risco acabou por implicar
em dano a terceiro, já que atraiu roubador, que, com seus tiros de
fuzil, acabou por ser fator decisivo no atropelamentode Rodrigo
Cerdeira, que não tinha nada a ver com a atividade de risco da
empresa de transporte de valores; assim, aplica-se a teoria do risco
proveito, de modo a configurar responsabilidade objetiva da
empresa proprietária do carro forte; B: incorreta, pois, conforme se
viu, aplica-se o art. 927, parágrafo único, do CC, em que há
mitigação do nexo de causalidade, ocorrendo responsabilidade
objetiva da pessoa que desenvolve atividade de risco mesmo
quando há terceiros agindo com culpa no caso; nesse sentido, vale
citar o Enunciado CJF 38, que demonstra a finalidade da norma: “A
responsabilidade fundada no risco da atividade, como prevista na
segunda parte do parágrafo único do art. 927 do novo Código Civil,
configura-se quando a atividade normalmente desenvolvida pelo
autor do dano causar a pessoa determinada um ônus maior do que
aos demais membros da coletividade”; C: incorreta, por conta da
aplicação do art. 927, parágrafo único, do CC, que não requer o
elemento culpa para a configuração da responsabilidade; D:
incorreta, pois a teoria que decorre do art. 927, parágrafo único, do
CC é a teoria do risco proveito, e não a teoria do empreendimento.
(OAB/Exame Unificado – 2011.3.A) Mirtes gosta de decorar a janela de
sua sala com vasos de plantas. A síndica do prédio em que Mirtes
mora já advertiu a moradora do risco de queda dos vasos e de
possível dano aos transeuntes e moradores do prédio. Num dia de
forte ventania, os vasos de Mirtes caíram sobre os carros
estacionados na rua, causando sérios prejuízos. Nesse caso, é correto
afirmar que Mirtes:
Gabarito “A”
(A) poderá alegar motivo de força maior e não deverá indenizar os
lesados.
(B) está isenta de responsabilidade, pois não teve a intenção de
causar prejuízo.
(C) somente deverá indenizar os lesados se tiver agido
dolosamente.
(D) deverá indenizar os lesados, pois é responsável pelo dano
causado.
O art. 938 do CC dispõe que “aquele que habitar prédio, ou parte
dele, responde pelo dano proveniente das coisas que dele caírem
ou forem lançadas em lugar indevido”. Repare que o dispositivo não
requer o elemento culpa ou dolo para a configuração da
responsabilidade. Assim, Mirtes, mesmo que demonstre que não
agiu com intenção ou com culpa em sentido estrito responderá pelos
danos causados. A alegação de força maior não calha, pois era
possível evitar o dano, bastando que Mirtes tivesse retirado os
vasos, conforme, inclusive, recomendação feita pela síndica. Danos
causados por força maior são aqueles que não se consegue evitar
(ex: um terremoto), o que efetivamente não foi o que aconteceu no
caso em tela, em que se tinha um dano evitável. Assim, a alternativa
“A” é falsa, pois não há que se falar em força maior. As alternativas
“B” e “C” são falsas, pois não é necessário dolo (intenção) para a
configuração da responsabilidade civil prevista no art. 938 do CC. E
a alternativa “D” é verdadeira, pois essa responsabilidade está
configurada nos termos do art. 938 do CC.
(OAB/Exame Unificado – 2011.1) Jonas, maior e capaz, confiou em
depósito a Silas, também maior e capaz, por instrumento particular,
Gabarito “D”
dois automóveis de sua propriedade para serem conservados por seis
meses, estabelecendo, como remuneração, o pagamento de certa
quantia em dinheiro a Silas. Findo o prazo, caberia a Silas restituir os
automóveis na residência de Jonas. Na vigência do depósito, Silas
decidiu, certo dia, utilizar um dos automóveis para ir ao trabalho e,
quando já regressava, foi abalroado, sem culpa sua, por seu vizinho
Francisco, em uma moto, amassando a porta lateral direita.
Transcorrido o prazo ajustado, Silas providenciou a entrega dos dois
automóveis no local estipulado. A respeito da situação narrada, é
correto afirmar que Jonas:
(A) não deve pagar a Silas as despesas relativas à manutenção dos
dois automóveis durante o período ajustado.
(B) deve arcar com as despesas referentes à restituição dos dois
automóveis no local estipulado.
(C) poderá reter integralmente o valor da contraprestação em
dinheiro devido a Silas, tendo em vista a ocorrência do acidente
com um dos automóveis.
(D) deve cobrar diretamente de Francisco as despesas referentes
ao conserto da porta lateral direita.
A: incorreta, pois o depositante (Jonas) é obrigado a pagar ao
depositário (Silas) as despesas feitas com a coisa (art. 643 do CC);
B: correta, pois as despesas de restituição correm por conta do
depositante (Jonas); C: incorreta, pois não existe tal direito em favor
do depositante (vide arts. 627 a 646); D: incorreta, de acordo com o
gabarito oficial, porém, entendemos que está correta, pois Jonas,
como proprietário do veículo danificado culposamente por
Francisco, tem legitimidade para a ação indenizatória respectiva.
Gabarito “B”
(OAB/Exame Unificado – 2010.3) Ricardo, buscando evitar um
atropelamento, realiza uma manobra e atinge o muro de uma casa,
causando um grave prejuízo. Em relação à situação acima, é correto
afirmar que Ricardo:
(A) não responderá pela reparação do dano, pois agiu em estado
de necessidade.
(B) responderá pela reparação do dano, apesar de ter agido em
estado de necessidade.
(C) praticou um ato ilícito e deverá reparar o dano.
(D) responderá pela reparação do dano, apesar de ter agido em
legítima defesa.
Ricardo agiu em estado de necessidade, pois, diante dos dois bens
jurídicos em perigo (a vida de alguém e a integridade de um muro),
resolveu sacrificar a integridade do muro. Assim, incide no caso a
hipótese prevista no art. 188, II, do CC, pelo qual não é ato ilícito a
deterioração ou a destruição de coisa alheia, a fim de remover
perigo iminente. Apesar de sua conduta não ser considerada ilícita,
Ricardo deverá reparar o dano causado ao proprietário do muro.
Esse é o comando previsto no art. 929 do CC.
(OAB/Exame Unificado – 2010.1) Assinale a opção correta com relação à
responsabilidade civil.
(A) O dano deve ser certo, por essa razão não é possível a
indenização por dano eventual, decorrente da perda de uma
chance.
(B) Tratando-se de responsabilidade subjetiva contratual, a
responsabilidade do agente pode subsistir mesmo nos casos de
Gabarito “B”
força maior e de caso fortuito, desde que a lei não coíba a sua
previsão.
(C) De acordo com o regime da responsabilidade civil traçado no
Código Civil brasileiro, inexistem causas excludentes da
responsabilidade civil objetiva.
(D) A extinção da punibilidade criminal sempre obsta a
propositura de ação civil indenizatória.
A: incorreta. Assinala Senise Lisboa que: “O dano deve ser certo,
isto é, fundado em um fato determinado. É inviável a
responsabilidade civil do agente por mero dano hipotético ou
eventual, pois não há como se reparar algo que pode sequer vir
acontecer. Contudo, a partir do desenvolvimento dado à matéria
pela jurisprudência francesa, assentou-se o entendimento de que há
a possibilidade de se proceder à reparação pela chance perdida,
isto é, daquilo que a vítima poderia, dentro de um critério de
probabilidade, vir a obter para si, caso tivesse sido influenciada pelo
agente a se conduzir de forma diversa. É a teoria da perda de uma
chance, que considera que excepcionalmente torna-se possível a
indenização por dano eventual” (Roberto Senise Lisboa. Manual de
direito civil. V. 2: obrigações e responsabilidade civil. 4 ed., São
Paulo: Saraiva, 2009, p. 235); B: correta. Assevera Senise Lisboa
que: “A responsabilidade subjetiva contratual pressupõe a existência
de um negócio jurídico efetivamente celebrado entre as partes. (...),
Assim, na responsabilidade subjetiva contratual, podem as partes
fixar a assunção da obrigação, mesmo nos casos de força maior e
de caso fortuito, desde que a lei não coíba a sua previsão” (Roberto
Senise Lisboa. Op. cit., p. 279); C: incorreta. Afirma Senise Lisboa
que: “As excludentes da responsabilidade objetiva não
correspondem às da responsabilidade subjetiva. Nem poderia ser
assim entendido, uma vez que a construção da teoria objetiva
desprezou o pressuposto culpa, historicamente forjadocomo o
elemento subjetivo do tipo civil. (...) São excludentes da
responsabilidade civil objetiva: a) a culpa exclusiva da vítima; b) a
culpa exclusiva de terceiros; c) a força maior; e d) o caso fortuito”
(Roberto Senise Lisboa. Op. cit., p. 334-5); D: incorreta. Assevera
Senise Lisboa que: “Pouco importando se o caso é, na esfera cível,
de responsabilidade subjetiva ou objetiva, cumpre observar que a
sentença judicial proferida em processo criminal pode gerar efeitos,
ou não, sobre o processo civil. Vigora, entre nós, o princípio da
independência entre a responsabilidade civil e criminal, segundo o
qual a responsabilidade civil pode ser apurada em processo próprio
e distinto daquele em que se procedeu à análise da
responsabilidade penal. (...). Observam-se as seguintes regras,
acerca do princípio da independência de instâncias: (...) e) a
extinção da punibilidade criminal não obsta a ação civil” (Roberto
Senise Lisboa. Op. cit., p. 339-40).
(OAB/Exame Unificado – 2019.2) Márcia transitava pela via pública,
tarde da noite, utilizando uma bicicleta que lhe fora emprestada por
sua amiga Lúcia. Em certo momento, Márcia ouviu gritos oriundos
de uma rua transversal e, ao se aproximar, verificou que um casal
discutia violentamente. Ricardo, em estado de fúria e munido de
uma faca, desferia uma série de ofensas à sua esposa Janaína e a
ameaçava de agressão física.
De modo a impedir a violência iminente, Márcia colidiu com a
bicicleta contra Ricardo, o que foi suficiente para derrubá-lo e
impedir a agressão, sem que ninguém saísse gravemente ferido. A
bicicleta, porém, sofreu uma avaria significativa, de tal modo que o
Gabarito “B”
reparo seria mais caro do que adquirir uma nova, de modelo
semelhante.
De acordo com o caso narrado, assinale a afirmativa correta.
(A) Lúcia não poderá ser indenizada pelo dano material causado à
bicicleta.
(B) Márcia poderá ser obrigada a indenizar Lúcia pelo dano
material causado à bicicleta, mas não terá qualquer direito de
regresso.
(C) Apenas Ricardo poderá ser obrigado a indenizar Lúcia pelo
dano material causado à bicicleta.
(D) Márcia poderá ser obrigada a indenizar Lúcia pelo dano
material causado à bicicleta e terá direito de regresso em face de
Janaína.
A: incorreta. Lúcia tem o direito de ser indenizada, com base no art.
929 CC, pois não foi culpada pela situação de perigo; B: incorreta,
pois sendo obrigada a indenizar Lúcia, Márcia terá direito de
regresso contra o terceiro causador do dano, no caso, Janaína (art.
930, caput CC); C: incorreta, pois Lúcia não tem nenhuma relação
jurídica com Ricardo, mas sim com Márcia, afinal o empréstimo da
bicicleta foi para ela. Logo, apenas dela poderá ser cobrada
indenização (art. 929 CC); D: correta, pois considerando que houve
uma relação de empréstimo entre Lúcia e Márcia e houve um dano
ao bem causado por Márcia, Lúcia terá o direito de ser indenizada e
Márcia poderá buscar ação de regresso contra o culpado pela lesão,
isto é, Janaína (art. 929 e 930 CC). GR
Gabarito “D”
(OAB/Exame Unificado – 2020.2) Carlos, motorista de táxi, estava
parado em um cruzamento devido ao sinal vermelho. De repente, de
um prédio em péssimo estado de conservação, de propriedade da
sociedade empresária XYZ e alugado para a sociedade ABC, caiu um
bloco de mármore da fachada e atingiu seu carro.
Sobre o fato narrado, assinale a afirmativa correta.
(A) Carlos pode pleitear, da sociedade XYZ, indenização pelos
danos sofridos.
(B) Carlos pode pleitear indenização pelos danos sofridos apenas
da sociedade ABC.
(C) A sociedade XYZ pode se eximir de responsabilidade alegando
culpa da sociedade ABC.
(D) A sociedade ABC pode se eximir de responsabilidade alegando
culpa exclusiva da vítima.
A: correta (art. 937 CC); B: incorreta, pois a responsabilidade no
caso de má conservação do prédio é do dono e não do locatário do
prédio (art. 937 CC); C: incorreta, pois a sociedade XYZ não pode
se eximir da responsabilidade, uma vez que por dever legal cabe a
ela se responsabilizar pela conservação do imóvel, evitando sua
ruína. Logo, os danos decorrentes da negligência de seu dever
deverão ser por ela arcados (art. 937 CC); D: incorreta, pois a
sociedade ABC pode eximir-se da responsabilidade alegando culpa
exclusiva da proprietária e não da vítima (art. 937 CC). GR
(OAB/Exame XXXIII – 2020.3) Daniel, habilitado e dentro do limite de
velocidade, dirigia seu carro na BR 101 quando uma criança
atravessou a pista, à sua frente. Daniel, para evitar o atropelamento
Gabarito “A”
da criança, saiu de sua faixa de rolamento e colidiu com o carro de
Mário, taxista, que estava a serviço e não teve nenhuma culpa no
acidente.
Daniel se nega ao pagamento de qualquer valor a Mário por alegar
que a responsabilidade, em verdade, seria de José, pai da criança.
A respeito da responsabilidade de Daniel pelos danos causados no
acidente em análise, assinale a afirmativa correta.
(A) Ele não praticou ato ilícito mas, ainda assim, terá que
indenizar Mário.
(B) Ele praticou ato ilícito ao causar danos a Mario, violando o
princípio do neminem laedere.
(C) Ele não praticou ato ilícito e não terá que indenizar Mario por
atuar em estado de necessidade.
(D) Ele praticou ato ilícito ao causar danos a Mário e responderá
objetivamente pelos danos a que der causa.
A: correta, pois ele não praticou ato ilícito, pois agiu dentro dos
limites legais para remover perigo iminente (art. 188, II e parágrafo
único). Contudo, considerando que Mário não foi culpado pelo
perigo, ele tem o direito de ser indenizado por Daniel (art. 929 CC) e
este tem o direito de mover ação regressiva contra o pai da criança
(art. 930 caput CC); B: incorreta, pois ele não praticou ato ilícito,
pois agiu amparado pelo art. 188, II CC visando remover perigo
iminente; C: incorreta, pois ele terá de indenizar Mário, nos termos
do art. 929 CC, pois de qualquer forma causou-lhe um dano.
Contudo terá direito regressivo em face de José, pai da criança (art.
930, caput CC); D: incorreta, pois a lei exclui a ilicitude (art. 188, II
CC) e responderá com base nos arts. 929 e 930 CC. GR
Gabarito “A”
(OAB/Exame XXXVI) Henrique, mecânico da oficina Carro Bom,
durante a manutenção do veículo de Sofia, deixado aos seus
cuidados, arranhou o veículo acidentalmente, causando danos
materiais à mesma.
Ciente de que Henrique não tinha muitos bens materiais e que a
execução em face de Henrique poderia ser frustrada, Sofia pretende
ajuizar ação indenizatória em face da oficina Carro Bom.
A esse respeito, é correto afirmar que Carro Bom responderá
(A) pelos danos causados a Sofia, devendo-se perquirir se houve
culpa em eligendo pela oficina de um preposto desqualificado.
(B) subsidiariamente pelos danos causados por Henrique, caso
este não tenha bens suficientes para saldar a execução.
(C) objetivamente pelos danos, sendo vedado o regresso em face
do mecânico que atuou culposamente, pois a oficina não poderá
repassar o risco de seu negócio a terceiros.
(D) objetivamente pelos danos, sendo permitido o regresso em
face do mecânico que atuou culposamente.
A: incorreta, pois não há que se falar na necessidade de
averiguação de houve culpa in eligendo da oficina, uma vez que ela
responde independentemente de culpa (art. 932, III CC c/c art. 933
CC); B: incorreta, pois o empregador responde diretamente pelos
atos praticados por seus empregados. A Lei lhe assegura, porém, o
direito de regresso (art. 932, III CC c/c art. 934 CC); C: incorreta,
pois a lei assegura o direito de regresso à oficina nos termos do art.
934 CC primeira parte; D: correta (art. 932, III, CC c/c art. 934 CC).
Gabarito “D”
(OAB/Exame XXXVI) João dirigia seu carro, respeitando todas as
regras de trânsito, quando foi surpreendido por uma criança que
atravessava a pista. Sendo a única forma de evitar o atropelamento
da criança, João desviou seu veículo e acabou por abalroar um outro
carro, que estava regularmente estacionado.
Passado o susto e com a criança em segurança, João tomou
conhecimentode que o carro com o qual ele havia colidido era dos
pais daquela mesma criança. Diante das circunstâncias, João
acreditou que não seria responsabilizado pelo dano material causado
ao veículo dos pais. No entanto, para sua surpresa, os pais
ingressaram com uma ação indenizatória, requerendo o
ressarcimento pelos danos materiais.
Diante da situação hipotética narrada, nos termos da legislação civil
vigente, assinale a opção correta.
(A) João cometeu um ato ilícito e, como consequência, deverá
indenizar pelos danos materiais causados, visto inexistir causa
excludente de ilicitude da sua conduta.
(B) A ação de João é lícita, pois agiu em estado de necessidade,
evitando um mal maior e, sendo assim, não deverá indenizar os
pais da criança.
(C) A ação de João é lícita, pois agiu em estado de necessidade,
evitando um mal maior, porém subsiste o seu dever de indenizar
os pais da criança.
(D) João cometeu um ato ilícito, porém o prejuízo deverá ser
suportado pelos pais da criança.
A: incorreta, pois apesar de ter ocorrido um dano o ato de João é
legítimo, uma vez que as circunstâncias tornaram seu ato
absolutamente necessário para evitar um mal maior e não houve
excesso em sua conduta. João agiu em estado de necessidade,
uma excludente da ilicitude (art. 188, parágrafo único CC); B:
correta (art. 188, parágrafo único CC); C: incorreta, pois João não
tem o dever de indenizar os pais da criança. Isto porque as pessoas
lesadas (os pais da criança) foram culpados pelo perigo, sendo
assim não lhes assiste o direito a indenização por parte de João (art.
929 CC); D: incorreta, pois o ato é lícito amparado pela excludente
de ilicitude estado de necessidade (art. 188, parágrafo único CC).
5.2. DANO
(OAB/Exame Unificado – 2016.2) Maria, trabalhadora autônoma, foi
atropelada por um ônibus da Viação XYZ S.A. quando atravessava
movimentada rua da cidade, sofrendo traumatismo craniano. No
caminho do hospital, Maria veio a falecer, deixando o marido, João, e
o filho, Daniel, menor impúbere, que dela dependiam
economicamente. Sobre o caso, assinale a afirmativa correta.
(A) João não poderá cobrar compensação por danos morais, em
nome próprio, da Viação XYZ S.A., porque o dano direto e
imediato foi causado exclusivamente a Maria.
(B) Ainda que reste comprovado que Maria atravessou a rua fora
da faixa e com o sinal de pedestres fechado, tal fato em nada
influenciará a responsabilidade da Viação XYZ S.A..
(C) João poderá cobrar pensão alimentícia apenas em nome de
Daniel, por se tratar de pessoa incapaz.
(D) Daniel poderá cobrar pensão alimentícia da Viação XYZ S.A.,
ainda que não reste comprovado que Maria exercia atividade
laborativa, se preenchido o critério da necessidade.
Gabarito “B”
A: incorreta, pois a indenização por dano moral é devida em favor
dos parentes próximos da vítima fatal de um atropelamento de
responsabilidade de alguém; B: incorreta, pois se a culpa for
exclusiva de Maria, a empresa não responderá; e se a culpa da
empresa for concorrente com a culpa de Maria a empresa pagará
indenização em valor reduzido (art. 945 do CC); C: incorreta, pois a
lei é clara no sentido de que todos os dependentes da vítima de um
homicídio (art. 948 do CC); D: correta, nos termos do art. 948 do
CC.
(OAB/Exame Unificado – 2011.2) João trafegava com seu veículo com
velocidade incompatível para o local e avançou o sinal vermelho.
José, que atravessava normalmente na faixa de pedestre, foi
atropelado por João, sofrendo vários ferimentos. Para se recuperar,
José, trabalhador autônomo, teve que ficar internado por 10 dias,
sem possibilidade de trabalhar, além de ter ficado com várias
cicatrizes no corpo. Em virtude do ocorrido, José ajuizou ação,
pleiteando danos morais, estéticos e materiais. Com base na situação
acima, assinale a alternativa correta.
(A) José terá direito apenas ao dano moral, em razão do
sofrimento, e ao dano estético, em razão das cicatrizes. Quanto ao
tempo em que ficou sem trabalhar, isso se traduz em lucros
cessantes, que não foram pedidos, não podendo ser concedidos.
(B) José não poderá receber a indenização na forma pleiteada, já
que o dano moral e o dano estético são inacumuláveis. Assim, terá
direito apenas ao dano moral, em razão do sofrimento e das
cicatrizes, e ao dano material, em razão do tempo que ficou sem
trabalhar.
Gabarito “D”
(C) José terá direito a receber a indenização na forma pleiteada: o
dano moral em razão das lesões e do sofrimento por ele sentido, o
dano material em virtude do tempo que ficou sem trabalhar e o
dano estético em razão das cicatrizes com que ficou.
(D) José terá direito apenas ao dano moral, já que o tempo que
ficou sem trabalhar é considerado lucros cessantes, os quais não
foram expressamente requeridos, e não podem ser concedidos.
Quanto ao dano estético, esse é inacumulável com o dano moral, já
estando incluído neste.
O STJ é pacífico no sentido de que é plenamente possível cumular
indenização por danos materiais, danos morais e danos estéticos. A
Súmula 37 do STJ dispõe que é possível cumular indenização por
dano material com indenização por dano moral. E a Súmula 387, do
mesmo STJ, dispõe que é possível cumular indenização por dano
moral com indenização por dano estético. No caso, houve danos
materiais (impossibilidade de trabalhar), danos morais (sofrimento) e
danos estéticos (cicatrizes no corpo), de maneira que a alternativa
“C” é a única correta.
6. COISAS
6.1. POSSE
(OAB/Exame Unificado – 2015.1) Mediante o emprego de violência,
Mélvio esbulhou a posse da Fazenda Vila Feliz. A vítima do esbulho,
Cassandra, ajuizou ação de reintegração de posse em face de Mélvio
após um ano e meio, o que impediu a concessão de medida liminar
Gabarito “C”
em seu favor. Passados dois anos desde a invasão, Mélvio teve que
trocar o telhado da casa situada na fazenda, pois estava danificado.
Passados cinco anos desde a referida obra, a ação de reintegração de
posse transitou em julgado e, na ocasião, o telhado colocado por
Mélvio já se encontrava severamente danificado. Diante de sua
derrota, Mélvio argumentou que faria jus ao direito de retenção pelas
benfeitorias erigidas, exigindo que Cassandra o reembolsasse. A
respeito do pleito de Mélvio, assinale a afirmativa correta.
(A) Mélvio não faz jus ao direito de retenção por benfeitorias, pois
sua posse é de má-fé e as benfeitorias, ainda que necessárias, não
devem ser indenizadas, porque não mais existiam quando a ação
de reintegração de posse transitou em julgado.
(B) Mélvio é possuidor de boa-fé, fazendo jus ao direito de
retenção por benfeitorias e devendo ser indenizado por Cassandra
com base no valor delas.
(C) Mélvio é possuidor de má-fé, não fazendo jus ao direito de
retenção por benfeitorias, mas deve ser indenizado por Cassandra
com base no valor delas.
(D) Mélvio é possuidor de má-fé, fazendo jus ao direito de
retenção por benfeitorias e devendo ser indenizado pelo valor atual
delas.
A: correta; Mélvio e possuidor de má-fé, e, assim, não tem direito à
indenização por benfeitorias, salvo as necessárias, mas sem direito
a retenção neste caso (art. 1.220 do CC); na hipótese narrada, tem-
se benfeitoria necessária, porém, seja porque não existem mais,
seja porque ainda que existissem não dão direito de retenção da
coisa enquanto não paga a indenização, não há que se falar em
direito de retenção no caso presente; B: incorreta; Melvio é
possuidor de má-fé, pois sabia que não tinha direitos sobre a coisa
quando a invadiu; C e D: incorretas; pois, como se viu, Melvio não
terá direito direito a qualquer indenização no caso concreto.
(OAB/Exame Unificado – 2014.3) Com a ajuda de homens armados,
Francisco invade determinada fazenda e expulsa dali os funcionários
de Gabriel, dono da propriedade. Uma vez na posse do imóvel,
Francisco decide dar continuidade às atividades agrícolas que
vinham sendo ali desenvolvidas (plantio de soja e de feijão). Três
anos após a invasão, Gabriel consegue, pela via judicial, ser
reintegradona posse da fazenda.
Quanto aos frutos colhidos por Francisco durante o período em que
permaneceu na posse da fazenda, assinale a afirmativa correta.
(A) Francisco deve restituir a Gabriel todos os frutos colhidos e
percebidos, mas tem direito de ser ressarcido pelas despesas de
produção e custeio.
(B) Francisco tem direito aos frutos percebidos durante o período
em que permaneceu na fazenda.
(C) Francisco tem direito à metade dos frutos colhidos, devendo
restituir a outra metade a Gabriel.
(D) Francisco deve restituir a Gabriel todos os frutos colhidos e
percebidos, e não tem direito de ser ressarcido pelas despesas de
produção e custeio.
A: correta; de acordo com o art. 1.216 do CC, o possuidor de má-fé
(que é o que temos no caso presente, pois era alguém que sabia
que não tinha direitos sobre a coisa) responde por todos os frutos
colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou
de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé;
Gabarito “A”
todavia, esse possuidor, ainda que de má-fé, tem, segundo a lei,
direito às despesas da produção e custeio, de modo a não haver
enriquecimento sem causa do legítimo possuidor da coisa; assim, a
alternativa em questão está correta; B e C: incorretas, pois, de
acordo com o art. 1.216 do CC o possuidor de má-fé não tem direito
qualquer sobre os frutos percebidos e colhidos no período; D:
incorreta, pois, de acordo com o art. 1.216 do CC, o possuidor de
má-fé tem direito às despesas da produção e custeio, de modo a
não haver enriquecimento sem causa do legítimo possuidor da
coisa.
(OAB/Exame Unificado – 2012.1) Acerca do instituto da posse é correto
afirmar que:
(A) o Código Civil estabeleceu um rol taxativo de posses paralelas.
(B) é admissível o interdito proibitório para a proteção do direito
autoral.
(C) fâmulos da posse são aqueles que exercitam atos de posse em
nome próprio.
(D) a composse é uma situação que se verifica na comunhão pro
indiviso, do qual cada possuidor conta com uma fração ideal sobre
a posse.
A: incorreta; há posses paralelas quando coexistem posses
indiretas (daqueles que cedem a posse – ex: proprietários) e diretas
(daqueles que recebem a posse – ex: locatários); não há rol taxativo
dessas possibilidades, que podem acontecer em relação a inúmeras
pessoas ao mesmo tempo e também a inúmeros negócios
decorrentes de direitos reais (rol taxativo – ex: usufruto, uso e
Gabarito “A”
habitação) e de direitos pessoais, cujo rol não é taxativo (art. 1.197
do CC); B: incorreta, pois, segundo a Súmula STJ 228, “é
inadmissível o interdito proibitório para a proteção do direito autoral”;
C: incorreta, pois os fâmulos da posse são aqueles que exercem
atos de posse em nome alheio, como é o caso dos caseiros; tem-se,
no caso, a figura do detentor, e não do possuidor (art. 1.198, caput,
do CC); D: correta (art. 1.199 do CC).
(OAB/Exame Unificado – 2010.2) Sobre o constituto possessório,
assinale a alternativa correta.
(A) Trata-se de modo originário de aquisição da propriedade.
(B) Trata-se de modo originário de aquisição da posse.
(C) Representa uma tradição ficta.
(D) É imprescindível para que se opere a transferência da posse
aos herdeiros na sucessão universal.
Constituto possessório caracteriza-se quando um possuidor em
nome próprio passa a ter a coisa em nome de outro, mudando o
caráter de sua posse. É o caso do dono que venda a coisa e passa
a nela ficar como locatário ou comodatário. O constituto possessório
é uma forma de aquisição de posse do tipo derivada (e não
originária), pois a nova posse guarda vínculo com a posse anterior,
de modo que não estão corretas as alternativas “A” e “B”. Trata-se,
na verdade, de uma tradição ficta, pois a coisa é entregue (tradição)
para quem já estava com ela (ficta).
Gabarito “D”
Gabarito “C”
(OAB/Exame Unificado – 2019.2) Em 05/05/2005, Aloísio adquiriu uma
casa de 500 m2 registrada em nome de Bruno, que lhe vendeu o
imóvel a preço de mercado. A escritura e o registro foram realizados
de maneira usual. Em 05/09/2005, o imóvel foi alugado, e Aloísio
passou a receber mensalmente o valor de R$ 3.000,00 pela locação,
por um período de 6 anos. Em 10/10/2009, Aloísio é citado em uma
ação reinvindicatória movida por Elisabeth, que pleiteia a retomada
do imóvel e a devolução de todos os valores recebidos por Aloísio a
título de locação, desde o momento da sua celebração.
Uma vez que Elisabeth é judicialmente reconhecida como a
verdadeira proprietária do imóvel em 10/10/2011, pergunta-se: é
correta a pretensão da autora ao recebimento de todos os aluguéis
recebidos por Aloísio?
(A) Sim. Independentemente da sentença de mérito, a própria
contestação automaticamente transforma a posse de Aloísio em
posse de má-fé desde o seu nascedouro, razão pela qual todos os
valores recebidos pelo possuidor devem ser ressarcidos.
(B) Não. Sem a ocorrência de nenhum outro fato, somente após
uma sentença favorável ao pedido de Elisabeth, na reivindicatória,
é que seus argumentos poderiam ser considerados verdadeiros, o
que caracterizaria a transformação da posse de boa-fé em posse de
má-fé. Como o possuidor de má-fé tem direito aos frutos, Aloísio
não é obrigado a devolver os valores que recebeu pela locação.
(C) Não. Sem a ocorrência de nenhum outro fato, e uma vez que
Elisabeth foi vitoriosa em seu pleito, a posse de Aloísio passa a ser
qualificada como de má-fé desde a sua citação no processo –
momento em que Aloísio tomou conhecimento dos fatos ao final
reputados como verdadeiros –, exigindo, em tais condições, a
devolução dos frutos recebidos entre 10/10/2009 e a data de
encerramento do contrato de locação.
(D) Não. Apesar de Elisabeth ter obtido o provimento judicial que
pretendia, Aloísio não lhe deve qualquer valor, pois, sendo
possuidor com justo título, tem, em seu favor, a presunção
absoluta de veracidade quanto a sua boa-fé.
A: incorreta, pois até a citação na ação reivindicatória a posse era
de boa-fé. Logo, os valores recebidos antes disso não podem ser
requeridos de volta (art. 1.201, parágrafo único CC). A posse se
transformará em posse de má-fé apenas após a citação (e não a
contestação), logo é apenas após esse ato processual que os
alugueres poderão ser cobrados (art. 1.202 CC); B: incorreta, pois
prevê o art. 1.202 CC que “a posse de boa-fé só perde este caráter
no caso e desde o momento em que as circunstâncias façam
presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente”. A
citação é uma circunstância que dá ciência ao possuidor de que a
posse pode vir a ser declarada indevida. No caso de procedência da
ação da reivindicatória, o efeito da sentença retroagirá à data da
citação e os alugueres deverão ser pagos desde então; C: correta,
pois de fato os alugueres apenas poderão ser cobrados após a
ciência inequívoca de Aluísio quanto à posse indevida, o que se dá
com a citação. Nos termos art. 1.202, a citação se configura como a
“circunstância que faz presumir que o possuidor não ignora que
possui indevidamente a coisa”; D: incorreta, pois apesar de possuir
justo título, a presunção de boa-fé não é absoluta, mas sim relativa.
O art. 1.201 parágrafo único abre a possibilidade de se obter prova
em contrário e a sentença judicial procedente em ação
reivindicatória é prova mais do que válida. GR
Gabarito “C”
6.2. PROPRIEDADE
(OAB/Exame Unificado – 2017.3) Quincas adentra terreno vazio e, de
forma pública, passa a construir ali a sua moradia. Após o exercício
ininterrupto da posse por 17 (dezessete) anos, pleiteia judicialmente
o reconhecimento da propriedade do bem pela usucapião.
Durante o processo, constatou-se que o imóvel estava hipotecado em
favor de Jovelino, para o pagamento de numerários devidos por
Adib, proprietário do imóvel.
Com base nos fatos apresentados, assinale a afirmativa correta.
(A) A hipoteca existente em benefício de Jovelino prevalece sobre
eventual direito de Quincas, tendo em vista o princípio da
prioridade no registro.
(B) A hipoteca é um impeditivo para o reconhecimentoda
usucapião, tendo em vista a função social do crédito garantido.
(C) Como a usucapião é modo originário de aquisição da
propriedade, a hipoteca não é capaz de impedir a sua consumação.
(D) Quincas pode adquirir, pela usucapião, o imóvel em questão,
porém ficará com o ônus de quitar o débito que a hipoteca
garantia.
A aquisição da propriedade imóvel por usucapião é originária e,
portanto, vem ao domínio do possuidor de forma livre de ônus e
encargos, como é o caso da hipoteca anteriormente constituída para
garantir obrigação pessoal do antigo proprietário do imóvel.
Permanece a Jovelino, o credor, o direito de exercer seu crédito
pelos meios regulares de cobrança em face do devedor. GN
Gabarito “C”
(OAB/Exame Unificado – 2017.3) Laurentino constituiu servidão de vista
no registro competente, em favor de Januário, assumindo o
compromisso de não realizar qualquer ato ou construção que
embarace a paisagem de que Januário desfruta em sua janela. Após o
falecimento de Laurentino, seu filho Lucrécio decide construir mais
dois pavimentos na casa para ali passar a habitar com sua esposa.
Diante do exposto, assinale a afirmativa correta.
(A) Januário não pode ajuizar uma ação possessória, eis que a
servidão é não aparente.
(B) Diante do falecimento de Laurentino, a servidão que havia
sido instituída automaticamente se extinguiu.
(C) A servidão de vista pode ser considerada aparente quando
houver algum tipo de aviso sobre sua existência.
(D) Januário pode ajuizar uma ação possessória, provando a
existência da servidão com base no título.
A: incorreta, pois, em que pese a servidão de vista ser da espécie
“não aparente”, Januário continua protegido em seu direito real
sobre coisa alheia; B: incorreta, pois o falecimento do proprietário
do prédio serviente não extingue a servidão, justamente por se tratar
de um direito real, que se agrega à coisa e não a pessoas; C:
incorreta, pois avisos não alteram a natureza da servidão; D:
correta, pois Januário detém um direito real sobre coisa alheia, que
poderá ser defendido na hipótese de violação (CC, art. 1.378). GN
(OAB/Exame Unificado – 2018.1) Jonas trabalha como caseiro da casa de
praia da família Magalhães, exercendo ainda a função de cuidador da
matriarca Lena, já com 95 anos. Dez dias após o falecimento de Lena,
Gabarito “D”
Jonas tem seu contrato de trabalho extinto pelos herdeiros. Contudo,
ele permanece morando na casa, apesar de não manter qualquer
outra relação jurídica com os herdeiros, que também já não
frequentam mais o imóvel e permanecem incomunicáveis.
Jonas decidiu, por sua própria conta, fazer diversas modificações na
casa: alterou a pintura, cobriu a garagem (que passou a alugar para
vizinhos) e ampliou a churrasqueira. Ele passou a dormir na suíte
principal, assumiu as despesas de água, luz, gás e telefone, e
apresentou-se, perante a comunidade, como “o novo proprietário do
imóvel”.
Doze anos após o falecimento de Lena, seu filho Adauto decide
retomar o imóvel, mas Jonas se recusa a devolvê-lo.
A partir da hipótese narrada, assinale a afirmativa correta.
(A) Jonas não pode usucapir o bem, eis que é possuidor de má-fé.
(B) Adauto não tem direito à ação possessória, eis que o imóvel
estava abandonado.
(C) Jonas não pode ser considerado possuidor, eis que é o caseiro
do imóvel.
(D) Na hipótese indicada, a má-fé de Jonas não é um empecilho à
usucapião.
É sempre muito importante ressaltar esse peculiar aspecto da
usucapião. A má-fé do possuidor (que significa apenas e tão
somente o conhecimento de um vício que macula sua posse) nunca
é obstáculo à usucapião. Aliás, é extremamente comum que o
possuidor de má-fé adquira a propriedade por meioda usucapião. É
justamente para isso que existe a usucapião extraordinária, que
ocorre“independentemente de título e boa-fé” (CC, art. 1.238) em
que pese num prazo maior do que a ordinária (que, por sua vez,
pressupõe a boa-fé do possuidor). GN
(OAB/Exame Unificado – 2018.2) Diante da crise que se abateu sobre
seus negócios, Eriberto contrai empréstimo junto ao seu amigo
Jorge, no valor de R$ 200.000,00, constituindo, como garantia,
hipoteca do seu sítio, com vencimento em 20 anos.
Esgotado o prazo estipulado e diante do não pagamento da dívida,
Jorge decide executar a hipoteca, mas vem a saber que o imóvel foi
judicialmente declarado usucapido por Jonathan, que o ocupava de
forma mansa e pacífica para sua moradia durante o tempo necessário
para ser reconhecido como o novo proprietário do bem.
Diante do exposto, assinale a opção correta.
(A) Como o objeto da hipoteca não pertence mais a Eriberto, a
dívida que ele tinha com Jorge deve ser declarada extinta.
(B) Se a hipoteca tiver sido constituída após o início da posse ad
usucapionem de Jonathan, o imóvel permanecerá hipotecado
mesmo após a usucapião, em respeito ao princípio da
ambulatoriedade.
(C) Diante da consumação da usucapião, Jorge tem direito de
regresso contra Jonathan, haja vista que o bem usucapido era
objeto de sua garantia.
(D) Sendo a usucapião um modo de aquisição originária da
propriedade, Jonathan pode adquirir a propriedade do imóvel
livre da hipoteca que Eriberto constituíra em favor de Jorge.
Gabarito “D”
A aquisição da propriedade imóvel por usucapião é originária e,
portanto, vem ao domínio do possuidor de forma livre de ônus e
encargos, como é o caso da hipoteca anteriormente constituída para
garantir obrigação pessoal do antigo proprietário do imóvel. Logo,
não há direito de regresso em face de Jonathan, permanecendo ao
credor Jorge os meios regulares de cobrança perante o devedor
Eriberto. GN
(OAB/Exame Unificado – 2018.2) Ronaldo é proprietário de um terreno
que se encontra cercado de imóveis edificados e decide vender
metade dele para Abílio.
Dois anos após o negócio feito com Abílio, Ronaldo, por dificuldades
financeiras, descumpre o que havia sido acordado e constrói uma
casa na parte da frente do terreno – sem deixar passagem aberta
para Abílio – e a vende para José, que imediatamente passa a habitar
o imóvel.
Diante do exposto, assinale a afirmativa correta.
(A) Abílio tem direito real de servidão de passagem pelo imóvel de
José, mesmo contra a vontade deste, com base na usucapião.
(B) A venda realizada por Ronaldo é nula, tendo em vista que José
não foi comunicado do direito real de servidão de passagem
existente em favor de Abílio.
(C) Abílio tem direito a passagem forçada pelo imóvel de José,
independentemente de registro, eis que seu imóvel ficou em
situação de encravamento após a construção e venda feita por
Ronaldo.
Gabarito “D”
(D) Como não participou da avença entre Ronaldo e Abílio, José
não está obrigado a conceder passagem ao segundo, em função do
caráter personalíssimo da obrigação assumida.
Para atender plenamente à sua função social, um imóvel precisa ter
livre acesso às vias públicas e a lei, atenta para tal necessidade,
impõe o instituto da passagem forçada (CC, art. 1.285), a qual será
fornecida pelo vizinho “cujo imóvel mais natural e facilmente se
prestar à passagem” (CC, art. 1.285 parágrafo primeiro). Não se
deve confundir o instituto com a servidão de passagem, na qual o
imóvel dominante não está encravado, mas apenas ganhará mais
comodidade com a interferência na propriedade do prédio serviente.
GN
(OAB/Exame Unificado – 2017.2) À vista de todos e sem o emprego de
qualquer tipo de violência, o pequeno agricultor Joventino adentra
terreno vazio, constrói ali sua moradia e uma pequena horta para seu
sustento, mesmo sabendo que o terreno é de propriedade de
terceiros.
Sem ser incomodado, exerce posse mansa e pacífica por 2 (dois)
anos, quando é expulso por um grupo armado comandado por
Clodoaldo, proprietário do terreno, que só tomou conhecimento da
presença de Joventino no imóvel no dia anterior à retomada.
Diante do exposto, assinale a afirmativa correta.
(A) Como não houve emprego de violência, Joventino não pode
ser considerado esbulhador.
Gabarito “C”
(B) Clodoaldo tem o direito de retomara posse do bem mediante
o uso da força com base no desforço imediato, eis que agiu
imediatamente após a ciência do ocorrido.
(C) Tendo em vista a ocorrência do esbulho, Joventino deve
ajuizar uma ação possessória contra Clodoaldo, no intuito de
recuperar a posse que exercia.
(D) Na condição de possuidor de boa-fé, Joventino tem direito aos
frutos e ao ressarcimento das benfeitorias realizadas durante o
período de exercício da posse.
A: incorreta, pois não há necessidade de violência para se
configurar o esbulho; B: incorreta, pois a fluência do prazo de dois
anos é suficiente para retirar o imediatismo exigido para tal legítima
defesa da posse (CC, art. 1.210 § 1°); C: correta, pois, no presente
cenário, a posse de Joventino é melhor do que a posse de
Clodoaldo, não importando – para o bojo da possessória – quem é o
proprietário do bem. A rigor, a discussão sobre propriedade é
proibida na pendência de ação possessória (CPC, art. 557); D:
incorreta, pois Joventino é possuidor de má-fé, ou seja, ele sabia
que a posse dele apresentava algum vício (CC, art. 1.201). GN
(OAB/Exame Unificado – 2015.3) Por meio de contrato verbal, João
alugou sua bicicleta a José, que se comprometeu a pagar o aluguel
mensal de R$ 100,00 (cem reais), bem como a restituir a coisa
alugada ao final do sexto mês de locação. Antes de esgotado o prazo
do contrato de locação, João deseja celebrar contrato de compra e
venda com Otávio, de modo a transmitir imediatamente a
propriedade da bicicleta. Não obstante a coisa permanecer na posse
direta de José, entende-se que
Gabarito “C”
(A) o adquirente Otávio, caso venda a bicicleta antes de encerrado
o prazo da locação, deve obrigatoriamente depositar o preço em
favor do locatário José.
(B) João não pode celebrar contrato de compra e venda da
bicicleta antes de encerrado o prazo da locação celebrada com
José.
(C) é possível transmitir imediatamente a propriedade para
Otávio, por meio da estipulação, no contrato de compra e venda,
da cessão do direito à restituição da coisa em favor de Otávio.
(D) é possível transmitir imediatamente a propriedade para
Otávio, por meio da estipulação, no contrato de compra e venda,
do constituto possessório em favor de Otávio.
A: incorreta, pois José não é proprietário da bicicleta, mas mero
locatário desta; B: incorreta, pois um bem não se torna inalienável
só pelo fato de estar locado a terceiro; C: correta; em geral, a
propriedade de coisa móvel só se transfere com a tradição física da
coisa; porém, a lei subentende a tradição quando o transmitente
(João) cede ao adquirente (Otávio) o direito à restituição da coisa,
que se encontra na posse de terceiro (José), nos termos do art.
1.267, caput e parágrafo único (segunda parte), do CC; D: incorreta,
pois subentende-se a tradição no constituto possessório quando o
transmitente (João) continua a possuir, o que não se coaduna com o
texto da alternativa (art. 1.267, parágrafo único (primeira parte), do
CC.
(OAB/Exame Unificado – 2014.3) No regime da Alienação Fiduciária que
recai sobre bens imóveis, uma vez consolidada a propriedade em seu
Gabarito “C”
nome no Registro de Imóveis, o fiduciário, no prazo de trinta dias,
contados da data do referido registro, deverá
(A) adjudicar o bem.
(B) vender diretamente o bem para terceiros.
(C) promover leilão público para a alienação do imóvel; não
havendo arremate pelo valor de sua avaliação, realizar um segundo
leilão em quinze dias.
(D) promover leilão público para a alienação do imóvel; não
havendo arremate, o fiduciário adjudicará o bem.
De acordo com o art. 27 da Lei 9.514/97, uma vez consolidada a
propriedade em nome do fiduciário, este, no prazo de 30 dias
mencionado, promoverá leilão público para a alienação do imóvel.
Todavia, se no primeiro público leilão o maior lance oferecido for
inferior ao valor do imóvel, será realizado o segundo leilão, nos 15
dias seguintes. Nesse segundo leilão será aceito o maior lance
oferecido, desde que igual ou superior ao valor da dívida, das
despesas, dos prêmios de seguro, dos encargos legais, inclusive
tributos, e das contribuições condominiais. Assim, estão incorretas
as alternativas que falam em adjudicação do imóvel pelo fiduciário e
também a que prevê a venda direta do bem para terceiros,
independentemente de leilão público. E está correta alternativa que
assegura que haverá leilão público e, se o caso, um segundo leilão
público.
(OAB/Exame Unificado – 2014.1) Jeremias e Antônio moram cada um
em uma margem do rio Tatuapé. Com o passar do tempo, as chuvas,
Gabarito “C”
as estiagens e a erosão do rio alteraram a área da propriedade de
cada um.
Dessa forma, Jeremias começou a se questionar sobre o tamanho
atual de sua propriedade (se houve aquisição/diminuição), o que
deixou Antônio enfurecido, pois nada havia feito para prejudicar
Jeremias. Ao mesmo tempo, Antônio também começou a notar
diferenças em seu terreno na margem do rio. Ambos questionam se
não deveriam receber alguma indenização do outro.
Sobre a situação apresentada, assinale a afirmativa correta.
(A) Trata-se de aquisição por aluvião, uma vez que corresponde a
acréscimos trazidos pelo rio de forma sucessiva e imperceptível,
não gerando indenização a ninguém.
(B) Se for formada uma ilha no meio do rio Tatuapé, pertencerá
ao proprietário do terreno de onde aquela porção de terra se
deslocou.
(C) Trata-se de aquisição por avulsão e cada proprietário
adquirirá a terra trazida pelo rio mediante indenização do outro
ou, se ninguém tiver reclamado, após o período de um ano.
(D) Se o rio Tatuapé secar, adquirirá a propriedade da terra aquele
que primeiro a tornar produtiva de alguma maneira, seja como
moradia ou como área de trabalho.
A: correta (art. 1.250, caput, do CC); B: incorreta, pois se a ilha se
formar no meio do rio aquela porção de terra considerar-se-á
acréscimos sobrevindos aos terrenos ribeirinhos fronteiros de
ambas as margens, na proporção de suas testadas, até a linha que
dividir o álveo em duas partes iguais (art. 1.249, I do CC); C:
incorreta, pois o acréscimo de terra por avulsão se dá através de
forças violentas da natureza (art. 1.251, caput, do CC), o que não é
a hipótese do caso em tela. D: incorreta, pois se o rio secar
adquirirá a propriedade da terra os proprietários ribeirinhos das duas
margens (art. 1.252 do CC), independentemente de torná-la
produtiva ou usá-la para moradia.
(OAB/Exame Unificado – 2012.2) Em janeiro de 2010, Nádia, unida
estavelmente com Rômulo, após dez anos de convivência e sem que
houvesse entre eles contrato escrito que disciplinasse as relações
entre companheiros, abandona definitivamente o lar. Nos dois anos
seguintes, Rômulo, que não é proprietário de outro imóvel urbano ou
rural, continuou, ininterruptamente, sem oposição de quem quer que
fosse, na posse direta e exclusiva do imóvel urbano com 200 metros
quadrados, cuja propriedade dividia com Nádia e que servia de
moradia do casal. Em março de 2012, Rômulo – que nunca havia
ajuizado ação de usucapião, de qualquer espécie, contra quem quer
que fosse – ingressou com ação de usucapião, pretendendo o
reconhecimento judicial para adquirir integralmente o domínio do
referido imóvel. Diante dessa situação hipotética, assinale a
afirmativa correta.
(A) A pretensão de aquisição do domínio integral do imóvel por
Rômulo é infundada, pois o prazo assinalado pelo Código Civil é de
10 (dez) anos.
(B) A pretensão de aquisição do domínio integral do imóvel por
Rômulo é infundada, pois a hipótese de abandono do lar, embora
possa caracterizar a impossibilidade da comunhão de vida, não
autoriza a propositura de ação de usucapião.
(C) A pretensão de aquisição do domínio integral do imóvel por
Rômulo é infundada, pois tal direito só existe para as situações em
Gabarito “A”
que as pessoas foram casadas sob o regime da comunhão universal
de bens.
(D) A pretensão de aquisição do domínio integral do imóvel por
Rômulo preenche todos os requisitos previstos no Código Civil.
Segundoo art. 1.240-A do CC, introduzido pela Lei 12.424/2011,
“aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem
oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de
até 250m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja
propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-companheiro que
abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família,
adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de
outro imóvel urbano ou rural”. Assim, a alternativa “A” está incorreta,
pois bastam dois anos. A alternativa “B” está incorreta, pois o
abandono do lar é requisito para a usucapião em tela. A alternativa
“C” está incorreta, pois o dispositivo citado não faz distinção de
regime de casamento. E a alternativa “D” está correta, pois, de fato,
Rômulo preencheu todos os requisitos da usucapião especial
urbana familiar, nos termos do art. 1.240-A do CC.
(OAB/Exame Unificado – 2011.1) Acerca da servidão de aqueduto,
assinale a alternativa correta.
(A) O proprietário do prédio serviente, ainda que devidamente
indenizado pela passagem da servidão do aqueduto, poderá exigir
que seja subterrânea a canalização que atravessa áreas edificadas,
pátios, jardins ou quintais.
(B) Se o uso das águas não se destinar à satisfação das exigências
primárias, o proprietário do aqueduto não deverá ser indenizado
Gabarito “D”
pela retirada das águas supérfluas aos seus interesses de consumo.
(C) O aqueduto deverá ser construído de maneira que cause o
menor prejuízo aos proprietários dos imóveis vizinhos, e a
expensas do seu dono, mas a quem não incumbem as despesas de
conservação.
(D) Não se aplicam à servidão de aqueduto as regras pertinentes à
passagem de cabos e tubulações.
A: correta (art. 1.293, § 2.º, do CC); B: incorreta (art. 1.296 do CC);
C: incorreta, pois o dono deve arcar sim com as despesas de
conservação (art. 1.293, § 3.º, do CC); D: incorreta, pois tais regras
se aplicam, sim, à servidão de aqueduto (art. 1.294 do CC).
(OAB/Exame Unificado – 2010.1) Assinale a opção correta com relação ao
registro, exigido na transmissão da propriedade de bens imóveis.
(A) Realizado o registro do título translativo, este produzirá
efeitos ex tunc, o que torna o adquirente proprietário desde a
formalização do título.
(B) Sendo o registro, no âmbito do direito nacional, meio
necessário para a transmissão da propriedade de bem imóvel, sua
realização importa presunção absoluta de propriedade.
(C) Vendido o imóvel a duas pessoas diferentes, será válido o
registro ainda que realizado pelo adquirente que possua o título de
data mais recente.
(D) Se uma pessoa vender imóvel seu a outra e esta, por sua vez, o
vender a terceiro, será possível, provada a regularidade dos
negócios, o registro desse último título translativo sem que se
registre o primeiro.
Gabarito “A”
A: incorreta. “Como modo de aquisição, portanto, o registro produz
efeitos ex nunc, jamais retroagindo à aquisição da propriedade
imobiliária à época da formalização do título” (Cristiano Chaves de
Farias e Nelson Rosenvald. Direito civil e direitos reais. Rio de
Janeiro: Ed. Lumen Juris, 5. ed., 2008, p. 243); B: incorreta. “A força
probante do registro induz presunção juris tantum de propriedade,
produzindo todos os efeitos legais, enquanto não cancelado”
(Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald. Op. cit., p. 245);
C: correta. Quem primeiro registra é considerado o proprietário,
regra que decorre do chamado princípio da preferência de registro.
“Assim, se o alienante vender o imóvel a pessoas diferentes,
adquiri-lo-á o primeiro que registrar, ainda que o título translativo
prenotado seja de data posterior, restando ao outro adquirente tão
somente ação indenizatória contra o alienante, em face do
inadimplemento da obrigação de dar” (Cristiano Chaves de Farias e
Nelson Rosenvald. Op. cit., p. 245); D: incorreta. “Se o imóvel não
se achar registrado em nome do alienante, não pode ser registrado
em nome do adquirente, pois ninguém pode transmitir o que não lhe
pertence” (Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald. Op. cit.,
p. 249).
(OAB/Exame Unificado – 2019.1) Eduarda comprou um terreno não
edificado, em um loteamento distante do centro, por R$ 50.000,00
(cinquenta mil reais). Como não tinha a intenção de construir de
imediato, ela visitava o local esporadicamente. Em uma dessas
ocasiões, Eduarda verificou que Laura, sem qualquer autorização,
havia construído uma mansão com 10 quartos, sauna, piscina,
Gabarito “C”
cozinha gourmet etc., no seu terreno, em valor estimado em R$
2.000.000,00 (dois milhões de reais).
Laura, ao ser notificada por Eduarda, antes de qualquer prazo de
usucapião, verificou a documentação e percebeu que cometera um
erro: construíra sua mansão no lote “A” da quadra “B”, quando seu
terreno, na verdade, é o lote “B” da quadra “A”.
Diante do exposto, assinale a afirmativa correta.
(A) Eduarda tem o direito de exigir judicialmente a demolição da
mansão construída por Laura, independentemente de qualquer
indenização.
(B) Laura, apesar de ser possuidora de má-fé, tem direito de ser
indenizada pelas benfeitorias necessárias realizadas no imóvel de
Eduarda.
(C) Laura, como é possuidora de boa-fé, adquire o terreno de
Eduarda e a indeniza, uma vez que construiu uma mansão em
imóvel inicialmente não edificado.
(D) Eduarda, apesar de ser possuidora de boa-fé, adquire o imóvel
construído por Laura, tendo em vista a incidência do princípio
pelo qual a superfície adere ao solo.
A: incorreta, pois Eduarda não tem o direito de exigir a demolição da
mansão de Laura, uma vez que Laura detém o direito de pagar
indenização à Eduarda e ficar com a mansão, pois agiu de boa-fé
(art. 1.255 parágrafo único CC); B: incorreta, pois Laura não é
possuidora de má-fé, uma vez que seu erro se deu por uma
confusão e não por um ato intencional de fraude. Sendo possuidora
de boa-fé e considerando que o seu imóvel excede em muito o valor
do terreno, ela adquire a propriedade de solo mediante pagamento
de indenização à Eduarda (art. 1.255 parágrafo único CC); C:
correta, pois nos termos do art. 1.255 CC aquele que de boa-fé
edifica em terreno alheio em regra perde a construção para o
proprietário do solo, mas tem o direito de ser indenizado. Porém, se
o valor da construção exceder consideravelmente o valor do terreno,
o dono da construção adquire também o solo, mediante pagamento
indenização ao proprietário, sendo que o montante pode ser fixado
judicialmente, se não houver acordo (art. 1.255 CC); D: incorreta,
pois aquilo que está na superfície presumivelmente é do proprietário
do terreno até que se prove em contrário (art. 1.253 CC). Logo, esse
princípio de que o que está na superfície adere ao solo é relativo.
Neste passo, ficou provada a boa-fé de Laura, logo aplica-se a ela o
previsto no art. 1.255 parágrafo único CC. GR
(OAB/Exame Unificado – 2019.1) Aline manteve união estável com
Marcos durante 5 (cinco) anos, época em que adquiriram o
apartamento de 80 m² onde residiam, único bem imóvel no
patrimônio de ambos.
Influenciado por tormentosas discussões, Marcos abandonou o
apartamento e a cidade, permanecendo Aline sozinha no imóvel,
sustentando todas as despesas deste. Após 3 (três) anos sem notícias
de seu paradeiro, Marcos retornou à cidade e exigiu sua meação no
imóvel.
Sobre o caso concreto, assinale a afirmativa correta.
(A) Marcos faz jus à meação do imóvel em eventual dissolução de
união estável.
(B) Aline poderá residir no imóvel em razão do direito real de
habitação.
Gabarito “C”
(C) Aline adquiriu o domínio integral, por meio de usucapião, já
que Marcos abandonou o imóvel durante 2 (dois) anos.
(D) Aline e Marcos são condôminos sobre o bem, o que impede
qualquer um deles de adquiri-lo por usucapião.
A: incorreta, pois Marcos não faz jus à meação. Por ter abandonado
o lar a mais de 2 anos, Aline adquire a propriedade integral do bem
pelo instituto da usucapião familiar (art. 1.240-A CC); B: incorreta,
pois Aline pode residir no imóvel por direito depropriedade, e não
por direito real de habitação. Isso porque ela preenche todos os
requisitos para pleitear a usucapião familiar em face do ex-
companheiro (art. 1.240-A CC); C: correta, pois o art. 1.240-A prevê
que aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem
oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de
até 250m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja
propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-companheiro que
abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família,
adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de
outro imóvel urbano ou rural; D: incorreta, pois não há que se falar
em condomínio no caso em tela, uma vez que a propriedade é
exclusiva de Aline por meio da usucapião familiar (art. 1.240-A CC).
GR
(OAB/Exame Unificado – 2020.2) Joel e Simone se casaram em regime
de comunhão total de bens em 2010. Em 2015, depois de vários
períodos conturbados, Joel abandonou a primeira e única residência
de 150 m2, em área urbana, que o casal havia adquirido mediante
pagamento à vista, com recursos próprios de ambos, e não dá
qualquer notícia sobre seu paradeiro ou intenções futuras.
Gabarito “C”
Em 2018, após Simone ter iniciado um relacionamento com Roberto,
Joel reaparece subitamente, notificando sua ex-mulher, que não é
proprietária nem possuidora de outro imóvel, de que deseja retomar
sua parte no bem, eis que não admitiria que ela passasse a morar
com Roberto no apartamento que ele e ela haviam comprado juntos.
Sobre a hipótese narrada, assinale a afirmativa correta.
(A) Apesar de ser possuidora de boa-fé, Simone pode se
considerar proprietária da totalidade do imóvel, tendo em vista a
efetivação da usucapião extraordinária.
(B) Uma vez que a permanência de Simone no imóvel é decorrente
de um negócio jurídico realizado entre ela e Joel, é correto indicar
um desdobramento da posse no caso narrado.
(C) Como Joel deixou o imóvel há mais de dois anos, Simone pode
alegar usucapião da fração do imóvel originalmente pertencente ao
ex-cônjuge.
(D) A hipótese de usucapião é impossível, diante do condomínio
sobre o imóvel entre Joel e Simone, eis que ambos são
proprietários.
A: incorreta, pois neste caso não se configurou usucapião
extraordinária, uma vez que para que esta se configure o prazo é de
quinze anos de permanência no imóvel, fora os demais requisitos da
usucapião (art. 1.238 CC); B: incorreta, pois a permanência de
Simone no imóvel não é decorrente de um negócio jurídico realizado
entre ela e Joel. Originalmente o negócio jurídico foi realizado entre
o casal e o antigo proprietário do imóvel. Com a compra e venda e
registro em cartório, o casal se tornou legítimo proprietário do
imóvel. Simone terá direito a adquirir o imóvel em sua totalidade,
pois exerceu a posse direta por mais de 2 anos ininterruptos sem
oposição (art. 1.240-A CC); C: correta, pois trata-se de modalidade
de usucapião familiar, cujos requisitos são: exercer, por 2 anos
ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade,
sobre imóvel urbano de até 250m2 cuja propriedade divida com ex-
cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para
sua moradia ou de sua família e não ser proprietário de outro imóvel
urbano ou rural (art. 1.240-A CC). Simone preenche todos os itens;
D: incorreta, pois embora sejam condôminos, existe previsão
específica no Código Civil que supera a regra do condomínio e dá o
direto de propriedade exclusiva a um dos cônjuges, preenchidos os
requisitos do art. 1.240-A CC. GR
(OAB/Exame Unificado – 2020.2) Liz e seu marido Hélio adquirem uma
fração de tempo em regime de multipropriedade imobiliária no
hotel-fazenda Cidade Linda, no estado de Goiás. Pelos termos do
negócio, eles têm direito a ocupar uma das unidades do
empreendimento durante os meses de dezembro e janeiro, em
regime fixo.
No ano seguinte à realização do negócio, as filhas do casal, Samantha
e Laura, ficam doentes exatamente em dezembro, o que os impede de
viajar. Para contornar a situação, Liz oferece à sua mãe, Alda, o
direito de ir para o Cidade Linda no lugar deles.
Ao chegar ao local, porém, Alda é barrada pela administração do
hotel, sob o fundamento de que somente a família proprietária
poderia ocupar as instalações da unidade.
Você, como advogado(a), deve esclarecer se o ato é legal, assinalando
a opção que indica sua orientação.
Gabarito “C”
(A) O ato é legal, pois o regime de multipropriedade, ao contrário
do condominial, é personalíssimo.
(B) O ato é ilegal, pois, como hipótese de condomínio necessário,
a multipropriedade admite o uso das unidades por terceiros.
(C) O ato é ilegal, pois a possibilidade de cessão da fração de
tempo do multiproprietário em comodato é expressamente
prevista no Código Civil.
(D) O ato é legal, pois o multiproprietário tem apenas o direito de
doar ou vender a sua fração de tempo, mas nunca cedê-la em
comodato.
A: incorreta, pois a recusa é ilegal, uma vez que o time sharing não
é personalíssimo, pois a Lei permite que haja locação e comodato
nesta modalidade de contrato, logo, não precisa apenas ser
exercido pelo proprietário (art. 1.358-I, II, CC); B: incorreta, pois
condomínio necessário trata-se de uma modalidade forçada ou
compulsória de compartilhamento da propriedade, que tem por
objeto a meação de paredes, cercas, muros e valas, aos quais se
aplicam as normas dos arts. 1.297 e 1.298 e 1.304 a 1.307 CC; C:
correta (art. art. 1.358-I, II, CC); D: incorreta, pois o ato é ilegal, pois
além de doar e vender a fração de tempo, o proprietário também
pode locar e dar em comodato (art. art. 1.358-I, II CC). GR
(OAB/Exame XXXVI) Márcio vendeu um imóvel residencial, do qual era
proprietário, para Sebastião. Animado com esse negócio, o
comprador, músico, mencionou ao vendedor sua felicidade, pois
passaria a residir em uma casa onde haveria espaço suficiente para
colocar um piano. Porém, queixou-se de ainda não ter encontrado o
instrumento ideal para comprar.
Gabarito “C”
Neste momento, Márcio comentou que sua filha, Fabiana, trabalhava
com instrumentos musicais e estava buscando alguém interessado
em adquirir um de seus pianos. Após breve contato com Fabiana,
Sebastião foi até a casa dela, analisou o instrumento e gostou muito.
Por tais razões, manifestou vontade de comprá-lo.
Após as tratativas mencionadas, Márcio e Sebastião celebraram
contrato de compra e venda de imóvel sob a forma de escritura
pública lavrada em Cartório de Notas, com posterior pagamento
integral do preço, devido ao vendedor, pelo comprador. De outro
lado, Sebastião e Fabiana também celebraram contrato particular de
compra e venda do piano, com posterior pagamento integral do valor
pelo comprador e entrega por Fabiana do bem vendido.
A respeito da situação apresentada, segundo o Código Civil,
Sebastião adquiriu a propriedade
(A) tanto do imóvel quanto a do piano, pela tradição dos referidos
bens.
(B) do piano a partir da tradição desse bem, mas a do imóvel foi
adquirida no momento em que se lavrou a escritura pública de
compra e venda no Cartório de Notas.
(C) do piano a partir da tradição desse bem, mas a do imóvel será
adquirida mediante registro do título translativo no Registro de
Imóveis.
(D) tanto do imóvel quanto a do piano, a partir do momento em
que assumiu a posse dos referidos bens.
A: incorreta, pois a propriedade do bem imóvel apenas se
consolidará com o registro da escritura pública no cartório de
imóveis competente (art. 1.245, caput e § 1º CC); B: incorreta, pois
a escritura pública é uma mera manifestação de vontade de forma
pública e exigência para que haja a transferência de bens imóveis
com valor superior a 30 salários mínimos (art. 108 CC). Porém a
propriedade apenas se consolida de fato com o registro do título
translativo no Registro de Imóveis (art. 1.245, caput CC); C: correta
(art. 1.267 caput CC c/c art. 1.245 caput CC); D: incorreta, pois
quanto ao imóvel a propriedade apenas se consolidou com o
registro do títulotranslativo no Registro de Imóveis (art. 1.245 caput
CC).
(OAB/Exame XXXV) João da Silva, buscando acomodar os quatro
filhos, conforme cada um ia se casando, construiu casas sucessivas
em cima de seu imóvel, localizado no Morro Santa Marta, na cidade
do Rio de Janeiro. Cada uma das casas é uma unidade distinta da
original, construídas como unidades autônomas. Com o casamento
de Carlos, seu filho mais novo, ele já havia erguido quatro unidades
imobiliárias autônomas, constituídas em matrícula própria, além do
pavimento original, onde João reside com sua esposa, Sirlene.
No entanto, pouco tempo depois, João assume que tivera uma filha
fora do casamento e resolve construir mais uma casa, em cima do
pavimento de Carlos, a fim de que sua filha possa residir com seu
marido.
Sobre a hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta.
(A) João poderá construir nova laje, desde que tal construção não
seja feita no subsolo, pois o direito real de laje só abrange a cessão
de superfícies superiores em relação à construção-base.
(B) João poderá construir a casa para sua filha, tendo em vista se
tratar de direito real de superfície e por ser ele o proprietário da
Gabarito “C”
construção-base.
(C) João não poderá construir a casa para sua filha, uma vez que o
direito real de laje se limita a apenas quatro pavimentos adicionais
à construção-base.
(D) João só poderá construir a casa para sua filha mediante
autorização expressa dos titulares das demais lajes, respeitadas as
posturas edilícias e urbanísticas vigentes.
A: incorreta, pois é possível instituir direito de laje sobre o subsolo
(art. 1.510-A caput CC e art. 1.510-E, I CC); B: incorreta, pois
apesar de João ser o proprietário da construção-base, ele precisará
da autorização dos outros titulares das lajes sobre a qual quer
construir, no caso autorização de seus filhos (art. 1.510-A, § 6º CC);
C: incorreta, pois a Lei não determina esse limite de quatro
pavimentos. O que ela exige é o consenso expresso do titular a
construção-base e dos titulares das lajes (art. 1.510-A, § 6º CC); D:
correta (art. 1.510-A, § 6º CC).
6.3. DIREITO DE VIZINHANÇA
(OAB/Exame Unificado – 2010.3) Félix e Joaquim são proprietários de
casas vizinhas há 5 (cinco) anos e, de comum acordo, haviam
regularmente delimitado as suas propriedades pela instalação de
uma singela cerca viva. Recentemente, Félix adquiriu um cachorro e,
por essa razão, o seu vizinho, Joaquim, solicitou-lhe que substituísse
a cerca viva por um tapume que impedisse a entrada do cachorro em
sua propriedade. Surpreso, Félix negou-se a atender ao pedido do
vizinho, argumentando que o seu cachorro era adestrado e
Gabarito “D”
inofensivo e, por isso, jamais lhe causaria qualquer dano. Com base
na situação narrada, é correto afirmar que Joaquim:
(A) poderá exigir que Félix instale o tapume, a fim de evitar que o
cachorro ingresse na sua propriedade, contanto que arque com
metade das despesas de instalação, cabendo a Félix arcar com a
outra parte das despesas.
(B) poderá exigir que Félix instale o tapume, a fim de evitar que o
cachorro ingresse em sua propriedade, cabendo a Félix arcar com
as despesas de instalação, deduzindo-se desse montante metade
do valor, devidamente corrigido, correspondente à cerca viva
inicialmente instalada por ambos os vizinhos.
(C) poderá exigir que Félix instale o tapume, a fim de evitar que o
cachorro ingresse em sua propriedade, cabendo a Félix arcar
integralmente com as despesas de instalação.
(D) não poderá exigir que Félix instale o tapume, uma vez que a
cerca viva fora instalada de comum acordo e demarca
corretamente os limites de ambas as propriedades, cumprindo,
pois, com a sua função, bem como não há indícios de que o
cachorro possa vir a lhe causar danos.
O caso envolve “direito de vizinhança”. A situação narrada se
enquadra no disposto no art. 1.297, § 3.º, do CC, pelo qual “a
construção de tapumes especiais para impedir a passagem de
animais de pequeno porte, ou para outro fim, pode ser exigida de
quem provocou a necessidade deles, pelo proprietário, que não está
obrigado a concorrer para as despesas”. Ou seja, quem provocou a
necessidade (Félix, dono do cachorro) deve arcar com as despesas.
Já o proprietário vizinho (Joaquim), não está obrigado a concorrer
com as despesas de instalação.
Í
Gabarito “C”
6.4. CONDOMÍNIO
(OAB/Exame Unificado – 2016.2) Vítor, Paulo e Márcia são
coproprietários, em regime de condomínio pro indiviso, de uma casa,
sendo cada um deles titular de parte ideal representativa de um terço
(1/3) da coisa comum. Todos usam esporadicamente a casa nos
finais de semana. Certo dia, ao visitar a casa, Márcia descobre um
vazamento no encanamento de água. Sem perder tempo, contrata,
em nome próprio, uma sociedade empreiteira para a realização da
substituição do cano danificado. Pelo serviço, ficou ajustado
contratualmente o pagamento de R$ 900,00 (novecentos reais).
Tendo em vista os fatos expostos, assinale a afirmativa correta.
(A) A empreiteira pode cobrar a remuneração ajustada
contratualmente de qualquer um dos condôminos.
(B) A empreiteira pode cobrar a remuneração ajustada
contratualmente apenas de Márcia, que, por sua vez, tem direito
de regresso contra os demais condôminos.
(C) A empreiteira não pode cobrar a remuneração
contratualmente ajustada de Márcia ou de qualquer outro
condômino, uma vez que o serviço foi contratado sem a prévia
aprovação da totalidade dos condôminos.
(D) A empreiteira pode cobrar a remuneração ajustada
contratualmente apenas de Márcia, que deverá suportar sozinha a
despesa, sem direito de regresso contra os demais condôminos,
uma vez que contratou a empreiteira sem o prévio consentimento
dos demais condôminos.
A a D: somente a alternativa “B” está correta, pois, de acordo com o
art. 1.318 do CC, as dívidas contraídas por um dos condôminos em
proveito da comunhão, e durante ela, obrigam apenas o contratante,
ou seja, a empreiteira somente poderá cobrar de Marcia; mas esta
terá este ação regressiva contra os demais condôminos.
(OAB/Exame Unificado – 2011.3.B) Timóteo e Leandro, cada qual
proprietário de um apartamento no Edifício Maison, procuraram a
síndica do condomínio, Leonor, a fim de solicitar que fossem
deduzidas de suas contribuições condominiais as despesas referentes
à manutenção do parque infantil situado no edifício. Argumentaram
que, por serem os únicos condôminos sem crianças na família, não
utilizam o aludido parque, cuja manutenção incrementa
significativamente o valor da contribuição condominial, bem como
que a convenção de condomínio nada dispõe a esse respeito. Na
condição de advogado consultado por Leonor, assinale a avaliação
correta do caso acima.
(A) Timóteo e Leandro podem ser temporariamente dispensados
do pagamento das despesas referentes à manutenção do parque
infantil, retomando-se imediatamente a cobrança caso venham a
ter crianças em sua família.
(B) Timóteo e Leandro podem ser dispensados do pagamento das
despesas referentes à manutenção do parque infantil, desde que
declarem, por meio de escritura pública, que não utilizarão o
parque infantil em caráter permanente.
(C) Leonor deverá dispensar tratamento isonômico a todos os
condôminos, devendo as despesas de manutenção do parque
infantil ser cobradas, ao final de cada mês, apenas daqueles
condôminos que tenham efetivamente utilizado a área naquele
período.
Gabarito “B”
(D) Todos os condôminos, inclusive Timóteo e Leandro, devem
arcar com as despesas referentes à manutenção do parque infantil,
tendo em vista ser seu dever contribuir para as despesas
condominiais proporcionalmente à fração ideal de seu imóvel.
Segundo o art. 1.340 do CC apenas as despesas relativas às partes
comuns de uso exclusivo de um condômino ou de alguns
condôminos é que podem ser atribuídas a estes. No caso em tela,
Timóteo e Leandro, apesar de não usarem o parque, não estão
impedidos de fazê-lo, de modo que não poderão se valer da regra
do dispositivo legalmencionado, sendo correta, assim, apenas a
alternativa “D”.
(OAB/Exame Unificado – 2011.2) Durante assembleia realizada em
condomínio edilício residencial, que conta com um apartamento por
andar, Giovana, nova proprietária do apartamento situado no andar
térreo, solicitou explicações sobre a cobrança condominial, por ter
verificado que o valor dela cobrado era superior àquele exigido dos
demais condôminos. O síndico prontamente esclareceu que a
cobrança a ela dirigida é realmente superior à cobrança das demais
unidades, tendo em vista que o apartamento de Giovana tem acesso
exclusivo, por meio de uma porta situada em sua área de serviço, a
um pequeno pátio localizado nos fundos do condomínio, conforme
consta nas configurações originais do edifício devidamente
registradas. Desse modo, segundo afirmado pelo síndico, podendo
Giovana usar o pátio com exclusividade, apesar de constituir área
comum do condomínio, caberia a ela arcar com as respectivas
despesas de manutenção. Em relação à situação apresentada,
assinale a alternativa correta.
Gabarito “D”
(A) Poderão ser cobradas de Giovana as despesas relativas à
manutenção do pátio, tendo em vista que ela dispõe de seu uso
exclusivo, independentemente da frequência com que seja
efetivamente exercido.
(B) Somente poderão ser cobradas de Giovana as despesas
relativas à manutenção do pátio caso seja demonstrado que o uso
por ela exercido impõe deterioração excessiva do local.
(C) Poderá ser cobrada de Giovana metade das despesas relativas
à manutenção do pátio, devendo a outra metade ser repartida
entre os demais condôminos, tendo em vista que a instalação da
porta na área de serviço não foi de iniciativa da condômina,
tampouco da atual administração do condomínio.
(D) Não poderão ser cobradas de Giovana as despesas relativas à
manutenção do pátio, tendo em vista que este consiste em área
comum do condomínio, e a porta de acesso exclusivo não fora
instalada por iniciativa da referida condômina.
De acordo com o art. 1.340 do CC, as despesas relativas às partes
comuns de uso exclusivo de um condômino, ou de alguns deles,
incumbem a quem delas se serve. Dessa forma, como Giovana tem
uso exclusivo da parte comum do prédio relativo à cobrança feita a
maior, de rigor que ela seja cobrada em quantia superior àquela
exigida dos demais condôminos.
(OAB/Exame XXXVI) Otávio é proprietário e residente do apartamento
706, unidade imobiliária do condomínio edilício denominado União
II, e é conhecido pelos vizinhos pelas festas realizadas durante a
semana, que varam a madrugada.
Gabarito “A”
Na última comemoração, Otávio e seus convivas fizeram uso de
entorpecentes e, em trajes incompatíveis com as áreas comuns do
prédio, ficaram na escada do edifício cantando até a intervenção do
síndico, que acionou a polícia para conter o grupo, que voltou para o
apartamento de Otávio.
No dia seguinte, o síndico convocou uma assembleia para avaliar as
sanções a serem aplicadas ao condômino antissocial. Ficou decidido,
pelo quórum de ¾, a aplicação de multa de cinco vezes o valor da
contribuição mensal.
Sobre a hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta.
(A) A multa aplicada é indevida, pois apesar do comportamento
de Otávio, ele é proprietário de unidade imobiliária autônoma,
assim como os demais condôminos que deliberaram a multa em
seu desfavor.
(B) O síndico poderia ter aplicado a multa de até cinco
contribuições mensais, sem a convocação da assembleia.
(C) A aplicação da multa em face de Otávio é ilegal, pois a sanção
deveria ser precedida por ação judicial para sua aplicação.
(D) O síndico aplicou corretamente a multa. Caso o
comportamento antissocial de Otávio persista, a multa poderá ser
majorada para até dez vezes o valor da contribuição mensal do
condomínio.
A: incorreta, pois apesar de ser proprietário de unidade imobiliária
autônoma ele tem deveres a cumprir perante o condomínio e um
deles é dar à sua parte a mesma destinação que tem a edificação, e
não a utilizar de maneira prejudicial ao sossego, salubridade e
segurança dos possuidores, ou aos bons costumes (art.1.336, IV
CC); B: incorreta, pois essa multa apenas poderia ser aplicada com
a convocação da assembleia por deliberação de três quartos do
quórum (art. 1.337 caput CC); C: incorreta, pois a sanção pode ser
aplicada pela via administrativa, uma vez que Lei assim o autoriza
(art. 1.337 caput CC); D: correta (art. 1.337, parágrafo único CC).
6.5. DIREITOS REAIS DE FRUIÇÃO
(OAB/Exame Unificado – 2017.1) George vende para Marília um terreno
não edificado de sua propriedade, enfatizando a existência de uma
“vista eterna para a praia” que se encontra muito próxima do
imóvel, mesmo sem qualquer documento comprovando o fato.
Marília adquire o bem, mas, dez anos após a compra, é surpreendida
com a construção de um edifício de vinte andares exatamente entre o
seu terreno e o mar, impossibilitando totalmente a vista que George
havia prometido ser eterna.
Diante do exposto e considerando que a construção do edifício
ocorreu em um terreno de terceiro, assinale a afirmativa correta.
(A) Uma vez transcorrido o prazo de 10 anos, Marília pode
pleitear o reconhecimento da usucapião da servidão de vista.
(B) Mesmo sem registro, Marília pode ser considerada titular de
uma servidão de vista por destinação de George, o antigo
proprietário do terreno.
(C) Mesmo sendo uma servidão aparente, as circunstâncias do
caso não permitem a usucapião de vista.
(D) Sem que tenha sido formalmente constituída, não é possível
reconhecer servidão de vista em favor de Marília.
Gabarito “D”
A: incorreta, pois a não construção do imóvel no terreno de terceiro
não induz a posse à pretensa servidão de vista. Apenas as
servidões aparentes ensejam proteção possessória; B: incorreta,
pois não houve formal constituição de referida servidão; C: incorreta,
pois não se trata de servidão aparente. A servidão aparente é a que
se revela, a que se exterioriza, como a servidão de passagem; D:
correta, pois há necessidade de formal constituição para se
reconhecer tal direito real. GN
(OAB/Exame Unificado – 2015.2) Mateus é proprietário de um terreno
situado em área rural do estado de Minas Gerais. Por meio de
escritura pública levada ao cartório do registro de imóveis, Mateus
concede, pelo prazo de vinte anos, em favor de Francisco, direito real
de superfície sobre o aludido terreno. A escritura prevê que
Francisco deverá ali construir um edifício que servirá de escola para
a população local. A escritura ainda prevê que, em contrapartida à
concessão da superfície, Francisco deverá pagar a Mateus a quantia
de R$ 30.000,00 (trinta mil reais). A escritura também prevê que,
em caso de alienação do direito de superfície por Francisco, Mateus
terá direito a receber quantia equivalente a 3% do valor da transação.
Nesse caso, é correto afirmar que
(A) é nula a concessão de direito de superfície por prazo
determinado, haja vista só se admitir, no direito brasileiro, a
concessão perpétua.
(B) é nula a cláusula que prevê o pagamento de remuneração em
contrapartida à concessão do direito de superfície, haja vista ser a
concessão ato essencialmente gratuito.
Gabarito “D”
(C) é nula a cláusula que estipula em favor de Mateus o
pagamento de determinada quantia em caso de alienação do
direito de superfície.
(D) é nula a cláusula que obriga Francisco a construir um edifício
no terreno.
A: incorreta, pois o instituto do direito de superfície reclama,
inclusive, que haja fixação de prazo determinado para a fruição (art.
1.369, caput, do CC); B: incorreta, pois a concessão de superfície
pode ser gratuita ou onerosa, nos termos do art. 1.370 do CC; C:
correta, nos termos do art. 1.372, parágrafo único, do CC; D:
incorreta, pois o objetivo da concessão de superfície é justamente
para a construção em um terreno, podendo ser também para a
plantação neste (art. 1.369, caput, do CC).
(OAB/Exame Unificado – 2015.2) Angélica concede a Otávia, pelo prazo
de vinte anos,direito real de usufruto sobre imóvel de que é
proprietária. O direito real é constituído por meio de escritura
pública, que é registrada no competente Cartório do Registro de
Imóveis. Cinco anos depois da constituição do usufruto, Otávia
falece, deixando como única herdeira sua filha Patrícia. Sobre esse
caso, assinale a afirmativa correta.
(A) Patrícia herda o direito real de usufruto sobre o imóvel.
(B) Patrícia adquire somente o direito de uso sobre o imóvel.
(C) O direito real de usufruto extingue-se com o falecimento de
Otávia.
(D) Patrícia deve ingressar em juízo para obter sentença
constitutiva do seu direito real de usufruto sobre o imóvel.
Gabarito “C”
A, B e D: incorretas, pois o usufruto fica extinto com a morte do
usufrutuário (art. 1.410, I, do CC); C: correta, pois, como se viu, o
usufruto fica extinto com a morte do usufrutuário (art. 1.410, I, do
CC).
(OAB/Exame Unificado – 2015.1) A Companhia GAMA e o Banco RENDA
celebraram entre si contrato de mútuo, por meio do qual a
companhia recebeu do banco a quantia de R$ 500.000,00
(quinhentos mil reais), obrigando-se a restituí-la, acrescida dos juros
convencionados, no prazo de três anos, contados da entrega do
numerário. Em garantia do pagamento do débito, a Companhia
GAMA constituiu, em favor do Banco RENDA, por meio de escritura
pública levada ao cartório do registro de imóveis, direito real de
hipoteca sobre determinado imóvel de sua propriedade. A
Companhia GAMA, dois meses depois, celebrou outro contrato de
mútuo com o Banco BETA, no valor de R$ 200.000,00 (duzentos
mil reais), obrigando-se a restituir a quantia, acrescida dos juros
convencionados, no prazo de dois anos, contados da entrega do
numerário. Em garantia do pagamento do débito, a Companhia
GAMA constituiu, em favor do Banco BETA, por meio de escritura
pública levada ao cartório do registro de imóveis, uma segunda
hipoteca sobre o mesmo imóvel gravado pela hipoteca do Banco
RENDA. Chegado o dia do vencimento do mútuo celebrado com o
Banco BETA, a Companhia GAMA não reembolsou a quantia devida
ao banco, muito embora tivesse bens suficientes para honrar todas as
suas dívidas. Nesse caso, é correto afirmar que
(A) o Banco BETA tem direito a promover imediatamente a
execução judicial da hipoteca que lhe foi conferida.
Gabarito “C”
(B) a hipoteca constituída pela companhia GAMA em favor do
Banco BETA é nula, uma vez que o bem objeto da garantia já se
encontrava gravado por outra hipoteca.
(C) a hipoteca constituída pela GAMA em favor do Banco BETA é
nula, uma vez que tal hipoteca garante dívida cujo vencimento é
inferior ao da dívida garantida pela primeira hipoteca, constituída
em favor do Banco RENDA.
(D) o Banco BETA não poderá promover a execução judicial da
hipoteca que lhe foi conferida antes de vencida a dívida contraída
pela Companhia GAMA junto ao Banco RENDA.
A: incorreta, pois o credor da segunda hipoteca (Banco Beta) não
pode executar o imóvel antes de vencida a dívida referente à
primeira hipoteca (em favor do Banco Renda), nos termos do art.
1.477 do CC; essa regra só cede quando o devedor está em estado
de insolvência, que não é o caso da questão, já que o enunciado
deixa claro que o devedor tem condições para pagar as dívidas; B e
C: incorretas, pois, segundo o artigo 1.476 do CC, “o dono do imóvel
hipotecado pode constituir outra hipoteca sobre ele, mediante novo
título, em favor do mesmo ou de outro credor”; D: correta, nos
termos do art. 1.477 do CC.
(OAB/Exame Unificado – 2013.3) Alexandre, pai de Bruno, celebrou
contrato com Carlos, o qual lhe concedeu o direito de superfície para
realizar construção de um albergue em seu terreno e explorá-lo por
10 anos, mediante o pagamento da quantia de R$100.000,00.
Passados quatro anos, Alexandre veio a falecer. Diante do negócio
jurídico celebrado, assinale a afirmativa incorreta.
Gabarito “D”
(A) O superficiário pode realizar obra no subsolo, de modo a
ampliar sua atividade.
(B) O superficiário responde pelos encargos e tributos que
incidirem sobre o imóvel.
(C) O direito de superfície será transferido a Bruno, em razão da
morte de Alexandre.
(D) O superficiário terá direito de preferência, caso Carlos decida
vender o imóvel.
A: incorreta, devendo ser assinalada, pois o direito de superfície não
autoriza obra no subsolo, salvo se for inerente ao objeto da
concessão (art. 1.369, parágrafo único do CC); B: correta (art. 1.371
do CC); C: correta, pois o direito de superfície, por morte do
superficiário transfere-se aos herdeiros (art. 1.372, caput, do CC); D:
correta (art. 1.373 do CC)
(OAB/Exame Unificado – 2014.2) Sara e Bernardo doaram o imóvel que
lhes pertencia a Miguel, ficando o imóvel gravado com usufruto em
favor dos doadores. Dessa forma, quanto aos deveres dos
usufrutuários, assinale a afirmativa incorreta:
(A) Não devem pagar as deteriorações resultantes do exercício
regular do usufruto.
(B) Devem arcar com as despesas ordinárias de conservação do
bem no estado em que o receberam.
(C) Devem arcar com os tributos inerentes à posse da coisa
usufruída.
(D) Não devem comunicar ao dono a ocorrência de lesão
produzida contra a posse da coisa.
Gabarito “A”
A: correta (art. 1.402 do CC); B: correta (art. 1.403, I do CC); C:
correta (art. 1.403, II do CC): D: incorreta (devendo ser assinalada),
pois o usufrutuário é obrigado a dar ciência ao dono de qualquer
lesão produzida contra a posse da coisa, ou os direitos deste (art.
1.406 do CC)
(OAB/Exame Unificado – 2011.1) Noêmia, proprietária de uma casa
litorânea, regularmente constituiu usufruto sobre o aludido imóvel
em favor de Luísa, mantendo, contudo, a sua propriedade.
Inesperadamente, sobreveio uma severa ressaca marítima, que
destruiu por completo o imóvel. Ciente do ocorrido, Noêmia decidiu
reconstruir integralmente a casa às suas expensas, tendo em vista
que o imóvel não se encontrava segurado. A respeito da situação
narrada, assinale a alternativa correta.
(A) O usufruto será extinto, consolidando-se a propriedade em
favor de Noêmia, independentemente do pagamento de
indenização a Luísa, tendo em vista que Noêmia arcou com as
despesas de reconstrução do imóvel.
(B) O usufruto será extinto, consolidando-se a propriedade em
favor de Noêmia, desde que esta indenize Luísa em valor
equivalente a um ano de aluguel do imóvel.
(C) O usufruto será mantido em favor de Luísa,
independentemente do pagamento de qualquer quantia por ela,
tendo em vista que Noêmia somente poderia ter reconstruído o
imóvel mediante autorização expressa de Luísa, por escritura
pública ou instrumento particular.
(D) O usufruto será mantido em favor de Luísa, tendo em vista
que o imóvel não fora destruído por culpa sua.
Gabarito “D”
A: correta, pois o usufruto fica extinto com a destruição da coisa
(art. 1.410, V, do CC); tal extinção só não aconteceria se o imóvel
tivesse seguro e, com o valor deste, tivesse sido reconstruído (art.
1.408 do CC); B: incorreta, pois, no caso, a extinção se dá sem que
a lei preveja indenização em favor do usufrutuário (art. 1.410, V, do
CC); C e D: incorretas, pois o usufruto será extinto, conforme visto.
(OAB/Exame Unificado – 2019.2) Arnaldo institui usufruto de uma casa
em favor das irmãs Bruna e Cláudia, que, no intuito de garantir uma
fonte de renda, alugam o imóvel. Dois anos depois da constituição do
usufruto, Cláudia falece, e Bruna, mesmo sem “cláusula de acrescer”
expressamente estipulada, passa a receber integralmente os valores
decorrentes da locação.
Um ano após o falecimento de Cláudia, Arnaldo vem a falecer. Seus
herdeiros pleiteiam judicialmente uma parcela dos valores
integralmente recebidos por Bruna no intervalo entre o falecimento
de Cláudia e de Arnaldo e, concomitantemente, a extinção do
usufruto em função da morte de seu instituidor.
Diante do exposto, assinale a afirmativa correta.
(A) Na ausência da chamada “cláusula de acrescer”, parte do
usufruto teria se extinguido com a morte de Cláudia, mas o
usufruto comoum todo não se extingue com a morte de Arnaldo.
(B) Bruna tinha direito de receber a integralidade dos aluguéis
independentemente de estipulação expressa, tendo em vista o grau
de parentesco com Cláudia, mas o usufruto automaticamente se
extingue com a morte de Arnaldo.
Gabarito “A”
(C) A morte de Arnaldo só extingue a parte do usufruto que
caberia a Bruna, mas permanece em vigor no que tange à parte que
cabe a Cláudia, legitimando os herdeiros desta a receberem
metade dos valores decorrentes da locação, caso esta permaneça
em vigor.
(D) A morte de Cláudia extingue integralmente o usufruto, pois
instituído em caráter simultâneo, razão pela qual os herdeiros de
Arnaldo têm direito de receber a integralidade dos valores
recebidos por Bruna, após o falecimento de sua irmã.
A: correta, pois a morte de um dos usufrutuários gera a extinção do
usufruto com relação a ele. Porém o usufruto como um todo não se
extingue com a morte do instituidor. Logo, o direito de Bruna
permanece intacto (art. 1.411 CC); B: incorreta, pois Cláudia apenas
teria direito de receber a integralidade dos aluguéis se houvesse
estipulação expressa, uma vez que o direito de acrescer nunca se
dá de forma tácita (art. 1.411 CC). Nada tem a ver o grau de
parentesco. Ademais, o usufruto não se extingue com a morte do
instituidor, mas sim com o falecimento do usufrutuário (art. 1.410, I
CC); C: incorreta, pois a morte de Arnaldo não extingue o usufruto.
O usufruto perante Cláudia está extinto, pois ela faleceu, logo seus
herdeiros não possuem nenhum direito (art. 1.410, I e 1.411 CC); D:
incorreta, pois a morte de Cláudia apenas extingue o usufruto
referente ao seu quinhão. Conforme art. 1.411 CC, extingue-se a
parte em relação a quem faleceu. Destarte, os herdeiros de Arnaldo
têm direito de receber os aluguéis da parte de Cláudia apenas entre
o período entre sua morte e a morte de Arnaldo. GR
6.6. DIREITOS REAIS EM GARANTIA
Gabarito “A”
(OAB/Exame Unificado – 2015.3) Vitor e Paula celebram entre si, por
escritura particular levada a registro em cartório de títulos e
documentos, contrato de mútuo por meio do qual Vitor toma
emprestada de Paula a quantia de R$ 10.000,00, obrigando-se a
restituir o montante no prazo de três meses. Em garantia da dívida,
Vitor constitui em favor de Paula, por meio de instrumento
particular, direito real de penhor sobre uma joia de que é
proprietário. Vencido o prazo estabelecido para o pagamento da
dívida, Vitor procura Paula e explica que não dispõe de dinheiro para
quitar o débito. Propõe então que, em vez da quantia devida, Paula
receba, em pagamento da dívida, a propriedade da coisa empenhada.
Assinale a opção que indica a orientação correta a ser transmitida a
Paula.
(A) Para ter validade, o acordo sugerido por Vitor deve ser
celebrado mediante escritura pública.
(B) O acordo sugerido por Vitor não tem validade, uma vez que
constitui espécie de pacto proibido pela lei.
(C) Para ter validade, o acordo sugerido deve ser homologado em
juízo.
(D) O acordo sugerido por Vitor é válido, uma vez que constitui
espécie de pacto cuja licitude é expressamente reconhecida pela
lei.
A e C: incorretas, pois não existem tais exigências no Código Civil;
B: incorreta, pois somente é inválida a cláusula que obriga o
devedor aceitar previamente que, em caso de não pagamento da
dívida, o credor fique com o bem empenhado (art. 1.428, caput, do
CC); porém, se após o vencimento da dívida o devedor quiser
espontaneamente dar a coisa empenhada em pagamento desta, a
lei permite tal conduta de forma expressa (art. 1.428, parágrafo
único, do CC); D: correta, pois, de acordo com o art. 1.428,
parágrafo único, do CC, “após o vencimento, poderá o devedor dar
a coisa em pagamento da dívida”.
(OAB/Exame Unificado – 2014.1) Antônio, muito necessitado de
dinheiro, decide empenhar uma vaca leiteira para iniciar um
negócio, acreditando que, com o sucesso do empreendimento, terá o
animal de volta o quanto antes. Sobre a hipótese de penhor
apresentada, assinale a afirmativa correta.
(A) Se a vaca leiteira morrer, ainda que por descuido do credor,
Antônio poderá ter a dívida executada judicialmente pelo credor
pignoratício.
(B) As despesas advindas da alimentação e outras necessidades da
vaca leiteira, devidamente justificadas, consistem em ônus do
credor pignoratício, sendo vedada a retenção do animal para
obrigar Antônio a indenizá-lo.
(C) Se Antônio não quitar sua dívida com o credor pignoratício, o
penhor estará automaticamente extinto e, declarada sua extinção,
poder-se-á proceder à adjudicação judicial da vaca leiteira.
(D) Caso o credor pignoratício perceba que, devido a uma doença
que subitamente atingiu a vaca leiteira, sua morte está próxima, o
CC/2002 permite a sua venda antecipada, mediante prévia
autorização judicial, situação que pode ser impedida por Antônio
por meio da sua substituição.
A: incorreta, pois o credor pignoratício tem o dever de zelar pela
coisa empenhada como depositário e, em caso de perda ou
deterioração por descuido próprio deve ressarcir o dono da coisa ou
Gabarito “D”
podendo, ser compensada na dívida, até a concorrente quantia (art.
1.433, I do CC). Logo, Antônio não poderá ter a dívida executada
judicialmente; B: incorreta, pois referidas despesas com a coisa
empenhada não configuram ônus do credor pignoratício, sendo
permitida a retenção dela até que seja ressarcido (art. 1.433, II do
CC); C: incorreta, pois caso a dívida não seja quitada o penhor não
estará automaticamente extinto. Neste passo, a adjudicação judicial
da coisa apenas pode ocorrer se autorizada pelo credor (art. 1.436,
V do CC); D: correta (art. 1.433, VI do CC).
(OAB/Exame Unificado – 2012.3.A) De acordo com as regras atinentes à
hipoteca, assinale a afirmativa correta.
(A) O Código Civil não admite a divisibilidade da hipoteca em
casos de loteamento do imóvel hipotecado.
(B) O ordenamento jurídico admite a instituição de nova hipoteca
sobre imóvel hipotecado, desde que seja dada em favor do mesmo
credor.
(C) Segundo o Código Civil, o adquirente de bem hipotecado não
pode remir a hipoteca para que seja extinto o gravame pendente
sobre o bem sem autorização expressa de todos credores
hipotecários.
(D) A hipoteca pode ser constituída para garantia de dívida futura
ou condicionada, desde que determinado o valor máximo do
crédito a ser garantido.
A: incorreta, pois o Código Civil admite sim essa divisibilidade (art.
1.488, caput, do CC); B: incorreta, pois a nova hipoteca pode se dar
em favor do mesmo ou de outro credor (art. 1.476 do CC); C:
Gabarito “D”
incorreta, pois o adquirente do bem hipotecado pode remir a
hipoteca para que seja extinto o gravame pendente sem que seja
necessária autorização expressa de todos os credores hipotecários,
bastando que o adquirente cite os credores hipotecários e proponha
importância não inferior ao preço porque o adquiriu e não haja
impugnação pelos credores, independentemente de autorização
expressa destes (art. 1.481, caput e § 2.º, do CC); D: correta (art.
1.487, caput, do CC).
(OAB/Exame Unificado – 2010.2) Passando por dificuldades financeiras,
Alexandre instituiu uma hipoteca sobre imóvel de sua propriedade,
onde reside com sua família. Posteriormente, foi procurado por
Amanda, que estaria disposta a adquirir o referido imóvel por um
valor bem acima do mercado. Consultando seu advogado, Alexandre
ouviu dele que não poderia alienar o imóvel, já que havia uma
cláusula na escritura de instituição da hipoteca que o proibia de
alienar o bem hipotecado. A opinião do advogado de Alexandre:
(A) está incorreta, porque a hipoteca instituída não produz efeitos,
pois, na hipótese, o direito real em garantia a ser instituído deveria
ser o penhor.
(B) está incorreta, porque Alexandre está livre para alienar o
imóvel, pois a cláusula que proíbe o proprietário de alienar o bem
hipotecado é nula.
(C) está incorreta, uma vez que a hipoteca é nula, pois não é
possível instituir hipoteca sobre bem de família dodevedor
hipotecário.
(D) está correta, porque em virtude da proibição contratual,
Alexandre não poderia alienar o imóvel enquanto recaísse sobre
Gabarito “D”
ele a garantia hipotecária.
De acordo com o art. 1.475 do Código Civil “é nula a cláusula que
proíbe ao proprietário alienar imóvel hipotecado”. Portanto, a
alternativa “B” está correta. Vale salientar que não é correta a
afirmação contida na alternativa “C”, de que a hipoteca é nula, por
ser o imóvel bem de família. Isso porque, segundo o art. 3.º, V, da
Lei 8.009/1990, a impenhorabilidade não é oponível em processo
movido “para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como
garantia real pelo casal ou pela entidade familiar”.
(OAB/Exame Unificado – 2019.1) Os negócios de Clésio vão de mal a pior,
e, em razão disso, ele toma uma decisão difícil: tomar um
empréstimo de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) com Antônia,
dando, como garantia de pagamento, o penhor do seu relógio de ouro
e diamantes, avaliado em R$ 200.00,00 (duzentos mil reais).
Antônia, por sua vez, exige que, no instrumento de constituição do
penhor, conste uma cláusula prevendo que, em caso de não
pagamento da dívida, o relógio passará a ser de sua propriedade.
Clésio aceita a inserção da cláusula, mas consulta seus serviços, como
advogado(a), para saber da validade de tal medida.
Sobre a cláusula proposta por Antônia, assinale a afirmativa correta.
(A) É válida, tendo em vista o fato de que as partes podem, no
exercício de sua autonomia privada, estipular esse tipo de acordo.
(B) É nula, tendo em vista o fato de que o Código Civil brasileiro
proíbe o pacto comissório.
Gabarito “B”
(C) É válida, uma vez que Clésio como proprietário do bem, não
está impedido de realizar o negócio por um preço muito inferior ao
de mercado, não se configurando a hipótese como pacto
comissório.
(D) É válida, ainda que os valores entre o bem dado em garantia e
o empréstimo sejam díspares, nada impede sua inserção, eis que
não há qualquer vedação ao pacto comissório no direito brasileiro.
A: incorreta, pois o princípio da autonomia privada das partes se
aplica até onde não haja vedação expressa de Lei. No caso em tela,
o art. 1.428 CC proíbe que o credor fique com a coisa empenhada;
B: correta, pois o Código Civil de fato proíbe o pacto comissório, isto
é, é nula a cláusula que autoriza o credor pignoratício, anticrético ou
hipotecário a ficar com o objeto da garantia, se a dívida não for paga
no vencimento. Isso para evitar que haja abusos por parte do credor
em ficar com o objeto da garantia, pois é possível que em muito
exceda o valor da dívida; C: incorreta, pois apesar de Clésio não
estar impedido por lei de realizar o negócio por um valor muito
abaixo ao de mercado, está nítido que há uma situação
desproporcional, onde por desespero ele acaba cedendo às
exigências da credora. A Lei protege Clésio nesse caso. Na
hipótese de o negócio ser realizado, ele pode ser anulado pelo vício
da lesão (art.157 CC). Se eventualmente a cláusula for inserida no
contrato, ela é considerada nula por configurar pacto comissório (art.
1.428 CC); D: incorreta, pois o CC expressamente proíbe o pacto
comissório no art. 1.428 CC, onde está previsto que o credor não
pode pegar para si o objeto de garantia da dívida. A Lei visa
principalmente a coibir situações como essa, em que o valor do
objeto empenhado seja consideravelmente maior do que a dívida,
pois assim haveria um enriquecimento sem causa por parte do
credor. GR
7. FAMÍLIA
7.1. CASAMENTO
(OAB/Exame Unificado – 2017.3) João e Carla foram casados por cinco
anos, mas, com o passar dos anos, o casamento se desgastou e eles se
divorciaram. As três filhas do casal, menores impúberes, ficaram sob
a guarda exclusiva da mãe, que trabalha em uma escola como
professora, mas que está com os salários atrasados há quatro meses,
sem previsão de recebimento.
João vinha contribuindo para o sustento das crianças, mas,
estranhamente, deixou de fazê-lo no último mês. Carla, ao procurá-
lo, foi informada pelos pais de João que ele sofreu um atropelamento
e está em estado grave na UTI do Hospital Boa Sorte. Como João é
autônomo, não pode contribuir, justificadamente, com o sustento
das filhas.
Sobre a possibilidade de os avós participarem do sustento das
crianças, assinale a afirmativa correta.
(A) Em razão do divórcio, os sogros de Carla são ex-sogros, não
são mais parentes, não podendo ser compelidos judicialmente a
contribuir com o pagamento de alimentos para o sustento das
netas.
(B) As filhas podem requerer alimentos avoengos, se comprovada
a impossibilidade de Carla e de João garantirem o sustento das
filhas.
Gabarito “B”
(C) Os alimentos avoengos não podem ser requeridos, porque os
avós só podem ser réus em ação de alimentos no caso de
falecimento dos responsáveis pelo sustento das filhas.
(D) Carla não pode representar as filhas em ação de alimentos
avoengos, porque apenas os genitores são responsáveis pelo
sustento dos filhos.
A regra da prestação de alimentos aos descendentes é a de que a
obrigação deve recair nos ascendentes mais próximos e – na
ausência ou impossibilidade destes – recair nos mais remotos.
Assim, “se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não
estiver em condições de suportar totalmente o encargo, serão
chamados a concorrer os de grau imediato” (CC, art. 1.696 e 1.698).
Diante da impossibilidade do adimplemento por parte dos pais, as
filhas de Carla poderão pleitear os alimentos perante os avós. GN
(OAB/Exame Unificado – 2016.3) João e Maria casaram-se, no regime de
comunhão parcial de bens, em 2004. Contudo, em 2008, João
conheceu Vânia e eles passaram a ter um relacionamento amoroso.
Separando- se de fato de Maria, João saiu da casa em que morava
com Maria e foi viver com Vânia, apesar de continuar casado com
Maria.
Em 2016, João, muito feliz em seu novo relacionamento, resolve dar
de presente um carro 0 km da marca X para Vânia. Considerando a
narrativa apresentada, sobre o contrato de doação celebrado entre
João, doador, e Vânia, donatária, assinale a afirmativa correta.
(A) É nulo, pois é hipótese de doação de cônjuge adúltero ao seu
cúmplice.
Gabarito “B”
(B) Poderá ser anulado, desde que Maria pleiteie a anulação até
dois anos depois da assinatura do contrato.
(C) É plenamente válido, porém João deverá pagar perdas e danos
à Maria.
(D) É plenamente válido, pois João e Maria já estavam separados
de fato no momento da doação.
A: incorreta, pois tal hipótese (CC, art. 550) somente se configuraria
caso o casamento ainda estivesse em pleno vigor com pleno
exercício dos direitos e deveres conjugais, o que não ocorre no caso
em tela, em virtude do longo prazo de separação de fato; B:
incorreta, pois já transcorreu prazo suficiente de separação de fato
do casal, o que afasta a possibilidade de anulação da doação; C:
incorreta, pois não há dever de pagamento de perdas e danos à
Maria; D: correta, pois a separação de fato por tão prolongado prazo
afasta qualquer mácula que pudesse haver em relação à doação.
GN
(OAB/Exame Unificado – 2017.2) Arlindo e Berta firmam pacto
antenupcial, preenchendo todos os requisitos legais, no qual
estabelecem o regime de separação absoluta de bens. No entanto, por
motivo de saúde de um dos nubentes, a celebração civil do
casamento não ocorreu na data estabelecida.
Diante disso, Arlindo e Berta decidem não se casar e passam a
conviver maritalmente. Após cinco anos de união estável, Arlindo
pretende dissolver a relação familiar e aplicar o pacto antenupcial,
com o objetivo de não dividir os bens adquiridos na constância dessa
união.
Gabarito “D”
Nessas circunstâncias, o pacto antenupcial é:
(A) válido e ineficaz.
(B) válido e eficaz.
(C) inválido e ineficaz.
(D) inválido e eficaz.
A: correta, pois o pacto obedeceu a todos os requisitos de forma
sendo, portanto, válido. Contudo, como todo pacto antenupcial, é
necessário que ocorra o casamento (evento futuro e incerto) para
que ele ganhe eficácia. É correto,

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