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2022-1932 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com ISBD C735 Como passar OAB – Direito Civil [recurso eletrônico] / Wander Garcia ... [et al.] ; coordenado por Wander Garcia. - 19. ed. - Indaiatuba, SP : Editora Foco, 2023. 90 p. : ePUB. – (Como Passar) Inclui índice e bibliografia. ISBN: 978-65-5515-858-8 (Ebook) 1. Direito. 2. Ordem dos Advogados do Brasil - OAB. 3. Exame de Ordem. 4. Direito Civil. I. Garcia, Wander. II. Dompieri, Ana Paula. III. Pinheiro, Gabriela R. IV. Nicolau, Gustavo. V. Título. VI. Série. CDD 347 CDU 347 Elaborado por Odilio Hilario Moreira Junior - CRB-8/9949 Índices para Catálogo Sistemático: 1. Direito 340 2. Direito 34 2023 © Editora Foco Coordenadores: Wander Garcia Organizadora e cocoordenadora: Ana Paula Dompieri Coorganizadora: Paula Morishita Autores: Wander Garcia, Ana Paula Dompieri, Arthur Trigueiros, Bruna Vieira, Eduardo Dompieri, Gabriela R. Pinheiro, Gustavo Nicolau, Henrique Subi, Hermes Cramacon, Luiz Dellore, Renan Flumian, Ricardo Quartim, Roberta Densa, Robinson Barreirinhas, Rodrigo Bordalo, Savio Chalita e Teresa Melo Diretor Acadêmico: Leonardo Pereira Editor: Roberta Densa Revisora Sênior: Georgia Renata Dias Revisora: Simone Dias Capa Criação: Leonardo Hermano Diagramação: Ladislau Lima e Aparecida Lima Produção ePub: Booknando DIREITOS AUTORAIS: É proibida a reprodução parcial ou total desta publicação, por qualquer forma ou meio, sem a prévia autorização da Editora FOCO, com exceção do teor das questões de concursos públicos que, por serem atos oficiais, não são protegidas como Direitos Autorais, na forma do Artigo 8º, IV, da Lei 9.610/1998. Referida vedação se estende às características gráficas da obra e sua editoração. A punição para a violação dos Direitos Autorais é crime previsto no Artigo 184 do Código Penal e as sanções civis às violações dos Direitos Autorais estão previstas nos Artigos 101 a 110 da Lei 9.610/1998. Os comentários das questões são de responsabilidade dos autores. NOTAS DA EDITORA: Atualizações e erratas: A presente obra é vendida como está, atualizada até a data do seu fechamento, informação que consta na página II do livro. Havendo a publicação de legislação de suma relevância, a editora, de forma discricionária, se empenhará em disponibilizar atualização futura. Bônus ou Capítulo On-line: Excepcionalmente, algumas obras da editora trazem conteúdo no on-line, que é parte integrante do livro, cujo acesso será disponibilizado durante a vigência da edição da obra. Erratas: A Editora se compromete a disponibilizar no site www.editorafoco.com.br, na seção Atualizações, eventuais erratas por razões de erros técnicos ou de conteúdo. Solicitamos, outrossim, que o leitor faça a gentileza de colaborar com a perfeição da obra, comunicando eventual erro encontrado por meio de mensagem para contato@editorafoco.com.br. O acesso será disponibilizado durante a vigência da edição da obra. Data de Fechamento (12.2022) 2023 Todos os direitos reservados à Editora Foco Jurídico Ltda. Avenida Itororó, 348 – Sala 05 – Cidade Nova CEP 13334-050 – Indaiatuba – SP E-mail: contato@editorafoco.com.br www.editorafoco.com.br https://www.editorafoco.com.br/ https://www.editorafoco.com.br/ SUMÁRIO Capa Ficha catalográfica Folha de rosto Créditos AUTORES SOBRE OS COORDENADORES SOBRE OS AUTORES COMO USAR O LIVRO? 1. DIREITO CIVIL 1. LINDB – LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO 2. GERAL 3. OBRIGAÇÕES 4. CONTRATOS 5. RESPONSABILIDADE CIVIL 6. COISAS 7. FAMÍLIA 8. SUCESSÕES 9. LEIS ESPARSAS COORDENADORES E AUTORES SOBRE OS COORDENADORES Wander Garcia – @wander_garcia É Doutor, Mestre e Graduado em Direito pela PUC/SP. É professor universitário e de cursos preparatórios para Concursos e Exame de Ordem, tendo atuado nos cursos LFG e DAMASIO. Neste foi Diretor Geral de todos os cursos preparatórios e da Faculdade de Direito. Foi diretor da Escola Superior de Direito Público Municipal de São Paulo. É um dos fundadores da Editora Foco, especializada em livros jurídicos e para concursos e exames. É autor best seller com mais de 50 livros publicados na qualidade de autor, coautor ou organizador, nas áreas jurídica e de preparação para concursos e exame de ordem. Já vendeu mais de 1,5 milhão de livros, dentre os quais se destacam “Como Passar na OAB”, “Como Passar em Concursos Jurídicos”, “Exame de Ordem Mapamentalizado” e “Concursos: O Guia Definitivo”. É também advogado desde o ano de 2000 e foi procurador do município de São Paulo por mais de 15 anos. É Coach Certificado, com sólida formação em Coaching pelo IBC e pela International Association of Coaching. Ana Paula Dompieri Procuradora do Estado de São Paulo, Pós-graduada em Direito, Professora do IEDI, Escrevente do Tribunal de Justiça por mais de 10 anos e Assistente Jurídico do Tribunal de Justiça. Autora de diversos livros para OAB e concursos. SOBRE OS AUTORES Gabriela R. Pinheiro Pós-Graduada em Direito Civil e Processual Civil pela Escola Paulista de Direito. Professora Universitária e do IEDI Cursos On-line e preparatórios para concursos públicos exame de ordem. Autora de diversas obras jurídicas para concursos públicos e exame de ordem. Advogada. Gustavo Nicolau – @gustavo_nicolau Mestre e Doutor pela Faculdade de Direito da USP. Professor de Direito Civil da Rede LFG/Praetorium. Advogado. Wander Garcia – @wander_garcia É Doutor, Mestre e Graduado em Direito pela PUC/ SP. É professor universitário e de cursos preparatórios para Concursos e Exame de Ordem, tendo atuado nos cursos LFG e DAMASIO. Neste foi Diretor Geral de todos os cursos preparatórios e da Faculdade de Direito. Foi diretor da Escola Superior de Direito Público Municipal de São Paulo. É um dos fundadores da Editora Foco, especializada em livros jurídicos e para concursos e exames. É autor best seller com mais de 50 livros publicados na qualidade de autor, coautor ou organizador, nas áreas jurídica e de preparação para concursos e exame de ordem. Já vendeu mais de 1,5 milhão de livros, dentre os quais se destacam “Como Passar na OAB”, “Como Passar em Concursos Jurídicos”, “Exame de Ordem Mapamentalizado” e “Concursos: O Guia Definitivo”. É também advogado desde o ano de 2000 e foi procurador do município de São Paulo por mais de 15 anos. É Coach Certificado, com sólida formação em Coaching pelo IBC e pela International Association of Coaching Ana Paula Dompieri Procuradora do Estado de São Paulo, Pós-graduada em Direito, Professora do IEDI, Escrevente do Tribunal de Justiça por mais de 10 anos e Assistente Jurídico do Tribunal de Justiça. Autora de diversos livros para OAB e concursos. COMO USAR O LIVRO? Para que você consiga um ótimo aproveitamento deste livro, atente para as seguintes orientações: 1° Tenha em mãos um vademecum ou um computador no qual você possa acessar os textos de lei citados. Neste ponto, recomendamos o Vade Mecum de Legislação FOCO – confira em www.editorafoco.com.br. 2° Se você estiver estudando a teoria (fazendo um curso preparatório ou lendo resumos, livros ou apostilas), faça as questões correspondentes deste livro na medida em que for avançando no estudo da parte teórica. 3° Se você já avançou bem no estudo da teoria, leia cada capítulo deste livro até o final, e só passe para o novo capítulo quando acabar o anterior; vai mais uma dica: alterne capítulos de acordo com suas preferências; leia um capítulo de uma disciplina que você gosta e, depois, de uma que você não gosta ou não sabe muito, e assim sucessivamente. 4° Iniciada a resolução das questões, tome o cuidado de ler cada uma delas sem olhar para o gabarito e para os comentários; se a curiosidade for muito grande e você não conseguir controlar os olhos, tampe os comentários e os gabaritos com uma régua ou um papel; na primeira tentativa, é fundamental que resolva a questão sozinho; só assim você vai identificar suas deficiênciase “pegar o jeito” de resolver as questões; marque com um lápis a resposta que entender correta, e só depois olhe o gabarito e os comentários. 5° Leia com muita atenção o enunciado das questões. Ele deve ser lido, no mínimo, duas vezes. Da segunda leitura em diante, começam a aparecer os detalhes, os pontos que não percebemos na primeira leitura. 6° Grife as palavras-chave, as afirmações e a pergunta formulada. Ao grifar as palavras importantes e as afirmações você fixará mais os pontos-chave e não se perderá no enunciado como um todo. Tenha atenção especial com as palavras “correto”, “incorreto”, “certo”, “errado”, “prescindível” e “imprescindível”. 7° Leia os comentários e leia também cada dispositivo legal neles mencionados; não tenha preguiça; abra o vademecum e leia os textos de leis citados, tanto os que explicam as alternativas corretas, como os que explicam o porquê de ser incorreta dada alternativa; você tem que conhecer bem a letra da lei, já que mais de 90% das respostas estão nela; mesmo que você já tenha entendido determinada questão, reforce sua memória e leia o texto legal indicado nos comentários. 8° Leia também os textos legais que estão em volta do dispositivo; por exemplo, se aparecer, em Direito Penal, uma questão cujo comentário remete ao dispositivo que trata de falsidade ideológica, aproveite para ler também os dispositivos que tratam dos outros crimes de falsidade; outro exemplo: se aparecer uma questão, em Direito Constitucional, que trate da composição do Conselho Nacional de Justiça, leia também as outras regras que regulamentam esse conselho. 9° Depois de resolver sozinho a questão e de ler cada comentário, você deve fazer uma anotação ao lado da questão, deixando claro o motivo de eventual erro que você tenha cometido; conheça os motivos mais comuns de erros na resolução das questões: DL – “desconhecimento da lei”; quando a questão puder ser resolvida apenas com o conhecimento do texto de lei; DD – “desconhecimento da doutrina”; quando a questão só puder ser resolvida com o conhecimento da doutrina; DJ – “desconhecimento da jurisprudência”; quando a questão só puder ser resolvida com o conhecimento da jurisprudência; FA – “falta de atenção”; quando você tiver errado a questão por não ter lido com cuidado o enunciado e as alternativas; NUT - “não uso das técnicas”; quando você tiver se esquecido de usar as técnicas de resolução de questões objetivas, tais como as da repetição de elementos (“quanto mais elementos repetidos existirem, maior a chance de a alternativa ser correta”), das afirmações generalizantes (“afirmações generalizantes tendem a ser incorretas” - reconhece-se afirmações generalizantes pelas palavras sempre, nunca, qualquer, absolutamente, apenas, só, somente exclusivamente etc.), dos conceitos compridos (“os conceitos de maior extensão tendem a ser corretos”), entre outras. obs: se você tiver interesse em fazer um Curso de “Técnicas de Resolução de Questões Objetivas”, recomendamos o curso criado a esse respeito pelo IEDI Cursos On-line: www.iedi.com.br. 10º Confie no bom-senso. Normalmente, a resposta correta é a que tem mais a ver com o bom-senso e com a ética. Não ache que todas as perguntas contêm uma pegadinha. Se aparecer um instituto que você não conhece, repare bem no seu nome e tente imaginar o seu significado. 11º Faça um levantamento do percentual de acertos de cada disciplina e dos principais motivos que levaram aos erros cometidos; de posse da primeira informação, verifique quais disciplinas merecem um reforço no estudo; e de posse da segunda informação, fique atento aos erros que você mais comete, para que eles não se repitam. 12º Uma semana antes da prova, faça uma leitura dinâmica de todas as anotações que você fez e leia de novo os dispositivos legais (e seu entorno) das questões em que você marcar “DL”, ou seja, desconhecimento da lei. 13º Para que você consiga ler o livro inteiro, faça um bom planejamento. Por exemplo, se você tiver 30 dias para ler a obra, divida o número de páginas do livro pelo número de dias que você tem, e cumpra, diariamente, o número de páginas necessárias para chegar até o fim. Se tiver sono ou preguiça, levante um pouco, beba água, masque chiclete ou leia em voz alta por algum tempo. 14º Desejo a você, também, muita energia, disposição, foco, organização, disciplina, perseverança, amor e ética! Wander Garcia e Ana Paula Dompieri Coordenadores 6. DIREITO CIVIL Wander Garcia, Ana Paula Dompieri, Gabriela R. Pinheiro e Gustavo Nicolau1 1. LINDB – LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO (OAB/Exame Unificado – 2011.1) Suponha que tenha sido publicada no Diário Oficial da União, do dia 26 de abril de 2011 (terça-feira), uma lei federal, com o seguinte teor: “Lei GTI, de 25 de abril de 2011. Define o alcance dos direitos da personalidade previstos no Código Civil. O Presidente da República Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1.º: Os direitos da personalidade previstos no Código Civil aplicáveis aos nascituros são estendidos aos embriões laboratoriais (in vitro), ainda não implantados no corpo humano. Art. 2.º: Esta lei entra em vigor no prazo de 45 dias. Brasília, 25 de abril 2011, 190.º da Independência da República e 123.º da República.” Ante a situação hipotética descrita e considerando as regras sobre a forma de contagem do período de vacância e a data em que a lei entrará em vigor, é correto afirmar que a contagem do prazo para entrada em vigor de lei que contenha período de vacância se dá: (A) pela exclusão da data de publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia 11/06/2011. (B) pela inclusão da data de publicação e exclusão do último dia do prazo, entrando em vigor no dia 09/06/2011. (C) pela inclusão da data de publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subsequente à sua consumação integral, passando a vigorar no dia 10/06/2011. (D) pela exclusão da data de publicação da lei e a inclusão do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subsequente à sua consumação integral, que na situação descrita será o dia 13/06/2011. A alternativa “C” está correta, pois o art. 8.º, § 1.º, da Lei Complementar 95/1998 estabelece que “a contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam período de vacância far- se-á com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subsequente à sua consumação integral”. (OAB/Exame Unificado – 2010.1) A respeito da vigência, aplicação, eficácia e interpretação da lei, assinale a opção correta. (A) A derrogação torna sem efeito uma parte de determinada norma, não perdendo esta a sua vigência. (B) A interpretação da norma presta-se a preencher as lacunas existentes no sistema normativo. (C) O regime de bens obedece à lei do país em que for celebrado o casamento. (D) Em regra, caso a lei revogadora venha a perder a vigência, restaura-se a lei revogada. Gabarito “C” A: correta. A revogação é gênero que contém duas espécies: a ab- rogação, que é a supressão total da norma anterior, e a derrogação, que torna sem efeito uma parte da norma. A norma derrogada não perderá sua vigência, pois somente os dispositivos atingidos é que não mais terão obrigatoriedade (art. 2.º da LINDB, antiga LICC. Vide, também, Maria Helena Diniz. Lei de Introdução ao Código Civil brasileiro interpretada. 3. ed., Ed. Saraiva, 1997, p. 66); B: incorreta. O preenchimento das lacunas é feito pela integração das normas (art. 4.º da LICC, atual LINDB: “Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito”). Interpretar é descobrir o sentido da norma, determinar o seu conteúdo e delimitar o seu exato alcance. A integração das normas serve para colmatar, preencher, as lacunas do sistema (Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald. Direito civil teoria geral. 6. ed., Rio de Janeiro, Ed. LumenJuris, 2007, p. 54 e 58); C: incorreta. O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem os nubentes domicílio, e, se este for diverso, à do primeiro domicílio conjugal (LICC, atual LINDB, art. 7.º, § 4.º); D: incorreta. Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência (LICC, atual LINDB, art. 2.º, § 3.º), ou seja, de regra, o nosso direito não admite a repristinação, que consiste justamente em ser restabelecida a lei revogada quando a revogadora venha a perder a vigência. “Pelo art. 2.º, § 3.º, que é peremptório, a lei revogadora de outra lei revogadora não terá efeito repristinatório sobre a velha norma abolida, a não ser que haja pronunciamento expresso da lei a esse respeito” (Maria Helena Diniz. Op. cit., p. 82). Gabarito “A” (OAB/Exame Unificado – 2020.1) Em função do incremento nas atividades de transporte aéreo no Brasil, a sociedade empresária Fast Plane, sediada no país, resolveu adquirir helicópteros de última geração da pessoa jurídica holandesa Nederland Air Transport, que ficou responsável pela fabricação, montagem e envio da mercadoria. O contrato de compra e venda restou celebrado, presencialmente, nos Estados Unidos da América, restando ajustado que o cumprimento da obrigação se dará no Brasil. No momento de receber as aeronaves, contudo, a adquirente verificou que o produto enviado era diverso do apontado no instrumento contratual. Decidiu a sociedade empresária Fast Plane, então, buscar auxílio jurídico para resolver a questão, inclusive para a propositura de eventual ação, caso não haja solução consensual. Considerando-se o enunciado acima, aplicando-se a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (Decreto-lei 4.657/42) e o Código de Processo Civil, assinale a afirmativa correta. (A) A lei aplicável na solução da questão é a holandesa, em razão do local de fabricação e montagem das aeronaves adquiridas. (B) A autoridade judiciária brasileira será competente para processar e julgar eventual ação proposta pela Fast Plane, mesmo se estabelecida cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro, em razão do princípio da inafastabilidade da jurisdição. (C) A autoridade judiciária brasileira tem competência exclusiva para processar e julgar eventual ação a ser proposta pela Fast Plane para resolver a questão. (D) A autoridade judiciária brasileira tem competência concorrente para processar e julgar eventual ação a ser proposta pela Fast Plane para resolver a questão. A: incorreta, pois a lei aplicável para qualificar e reger as obrigações, é a lei do país em que se constituírem (art. 9º, caput da LINDB). Como o contrato foi fechado presencialmente nos Estados Unidos, a lei que rege a obrigação é a lei americana; B: incorreta, pois a cláusula de eleição de foro prevalece neste caso, logo, torna a autoridade judiciária incompetente (art. 63 CPC); C: incorreta, pois a competência judiciária brasileira é concorrente (art. 21, II CPC e art. 12, caput LINDB); D: correta, pois trata-se de obrigação a ser executada no Brasil, logo, a competência pé concorrente (art. 21, II CPC e art. 12, caput LINDB). 2. GERAL 2.1. PESSOAS NATURAIS (OAB/Exame Unificado – 2016.2) Cristiano, piloto comercial, está casado com Rebeca. Em um dia de forte neblina, ele não consegue controlar o avião que pilotava e a aeronave, com 200 pessoas a bordo, desaparece dos radares da torre de controle pouco antes do tempo previsto para a sua aterrissagem. Depois de vários dias de busca, apenas 10 passageiros foram resgatados, todos em estado crítico. Findas as buscas, como Cristiano não estava no rol de sobreviventes e seu corpo não fora encontrado, Rebeca decide procurar um advogado para saber como deverá proceder a partir de agora. Com base no relato apresentado, assinale a afirmativa correta. (A) A esposa deverá ingressar com uma demanda judicial pedindo a decretação de ausência de Cristiano, a fim de que o juiz, em um Gabarito “D” momento posterior do processo, possa declarar a sua morte presumida. (B) A esposa não poderá requerer a declaração de morte presumida de Cristiano, uma vez que apenas o Ministério Público detém legitimidade para tal pedido. (C) A declaração da morte presumida de Cristiano poderá ser requerida independentemente de prévia decretação de ausência, uma vez que esgotadas as buscas e averiguações por parte das autoridades competentes. (D) A sentença que declarar a morte presumida de Cristiano não deverá fixar a data provável de seu falecimento, contando-se, como data da morte, a data da publicação da sentença no meio oficial. A: incorreta, pois no caso pode ser pedida a declaração de morte presumida de Cristiano, sem decretação de ausência, pois é extremamente provável a sua morte face ao perigo de vida em que se encontrava, podendo a declaração em questão ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações (art. 7º, I e parágrafo único, do CC); B: incorreta, pois a esposa é pessoa interessada e a questão tem reflexos diretos em seus direitos; C: correta (art. 7º, I e parágrafo único, do CC); D: incorreta, pois a lei prevê nesse caso que a sentença que declarar a morte presumida fixe a data provável do falecimento (art. 7º, parágrafo único, do CC). (OAB/Exame Unificado – 2014.2) Raul, cidadão brasileiro, no meio de uma semana comum, desaparece sem deixar qualquer notícia para sua ex-esposa e filhos, sem deixar cartas ou qualquer indicação sobre seu paradeiro. Raul, que sempre fora um trabalhador exemplar, acumulara em seus anos de labor um patrimônio relevante. Como Gabarito “C” Raul morava sozinho, já que seus filhos tinham suas próprias famílias e ele havia se separado de sua esposa 4 (quatro) anos antes, somente após uma semana seus parentes e amigos deram por sua falta e passaram a se preocupar com o seu desaparecimento. Sobre a situação apresentada, assinale a opção correta. (A) Para ser decretada a ausência, é necessário que a pessoa tenha desaparecido há mais de 10 (dez) dias. Como faz apenas uma semana que Raul desapareceu, não pode ser declarada sua ausência, com a consequente nomeação de curador. (B) Em sendo declarada a ausência, o curador a ser nomeado será a ex-esposa de Raul. (C) A abertura da sucessão provisória somente se dará ultrapassados três anos da arrecadação dos bens de Raul. (D) Se Raul contasse com 85 (oitenta e cinco) anos e os parentes e amigos já não soubessem dele há 8 (oito) anos, poderia ser feita de forma direta a abertura da sucessão definitiva. A: incorreta, pois a lei não fixa prazo mínimo de desaparecimento para que se entre com o requerimento de ausência. No caso, basta que qualquer interessado ou do Ministério Público ingresse em juízo, que o juiz declarará a ausência e nomeará curador (art. 22 do CC); B: incorreta, pois Raul já estava separado de sua esposa há 4 anos quando desapareceu, por tal razão algum descendente é que deverá ser nomeado curador (art. 25, caput, e § 1º do CC); C: incorreta, pois a sucessão provisória se dará decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente. Seriam três anos se o Raul tivesse deixado representante ou procurador (art. 26 do CC); D: correta (art. 38 do CC). Gabarito “D” (OAB/Exame Unificado – 2013.3) José, brasileiro, casado no regime da separação absoluta de bens, professor universitário e plenamente capaz para os atos da vida civil, desapareceu de seu domicílio, estando em local incerto e não sabido, não havendo indícios ou notícias das razões de seu desaparecimento, não existindo, também, outorga de poderes a nenhum mandatário, nem feitura de testamento. Vera (esposa) e Cássia (filha de José e Vera, maior e capaz) pretendem a declaração de sua morte presumida, ajuizando ação pertinente, diante do juízo competente. De acordo com as regras concernentes ao instituto jurídico da morte presumida com declaração de ausência, assinale a opção correta. (A) Na fase de curadoria dos bens do ausente, diante da ausência de representanteou mandatário, o juiz nomeará como sua curadora legítima Cássia, pois apenas na falta de descendentes, tal curadoria caberá ao cônjuge supérstite, casado no regime da separação absoluta de bens. (B) Na fase de sucessão provisória, mesmo que comprovada a qualidade de herdeiras de Vera e Cássia, estas, para se imitirem na posse dos bens do ausente, terão que dar garantias da restituição deles, mediante penhores ou hipotecas equivalentes aos quinhões respectivos. (C) Na fase de sucessão definitiva, regressando José dentro dos dez anos seguintes à abertura da sucessão definitiva, terá ele direito aos bens ainda existentes, no estado em que se encontrarem, mas não aos bens que foram comprados com a venda dos bens que lhe pertenciam. (D) Quanto ao casamento de José e Vera, o Código Civil atual reconhece efeitos pessoais e não apenas patrimoniais ao instituto da ausência, possibilitando que a sociedade conjugal seja dissolvida como decorrência da morte presumida do ausente. A: incorreta, pois a prioridade quando se trata de curadoria é do cônjuge, sendo que em sua falta será ela exercida pelos pais ou descendentes, nesta ordem (art. 25, caput, e § 1º do CC); B: incorreta, pois a lei dispensa a caução quando se tratar de cônjuge e descendente (art. 30, § 2º do CC); C: incorreta, pois neste caso o ausente que regressa possui o direito de exigir os bens sub- rogados, ou o preço que os herdeiros e demais interessados houverem recebido pelos bens alienados depois daquele tempo (art. 39, caput, do CC); D: correta, pois uma das causas da dissolução do casamento é a morte, seja ela real ou presumida (art. 1.571, § 1º do CC). (OAB/Exame Unificado – 2013.3) Tiago, com 17 anos de idade e relativamente incapaz, sob autoridade de seus pais Mário e Fabiana, recebeu, por doação de seu tio, um imóvel localizado na rua Sete de Setembro, com dois pavimentos, contendo três lojas comerciais no primeiro piso e dois apartamentos no segundo piso. Tiago trabalha como cantor nos finais de semana, tendo uma renda mensal de R$ 3.000,00 (três mil reais). Face aos fatos narrados e considerando as regras de Direito Civil, assinale a opção correta. (A) Mário e Fabiana exercem sobre os bens imóveis de Tiago o direito de usufruto convencional, inerente à relação de parentesco que perdurará até a maioridade civil ou emancipação de Tiago. Gabarito “D” (B) Mário e Fabiana poderão alienar ou onerar o bem imóvel de Tiago, desde que haja prévia autorização do Ministério Público e seja demonstrado o evidente interesse da prole. (C) Mário e Fabiana não poderão administrar os valores auferidos por Tiago no exercício de atividade de cantor, bem como os bens com tais recursos adquiridos. (D) Mario e Fabiana, entrando em colisão de interesses com Tiago sobre a administração dos bens, facultam ao juiz, de ofício, nomear curador especial. A: incorreta, pois Mário e Fabiana exercem o usufruto legal sobre os bens de Tiago, e não convencional (art. 1.689, I do CC); B: incorreta, pois não podem os pais alienar, ou gravar de ônus real os imóveis dos filhos, nem contrair, em nome deles, obrigações que ultrapassem os limites da simples administração, salvo por necessidade ou evidente interesse da prole, mediante prévia autorização do juiz (art. 1.691 “caput” do CC); C: correta (art. 1.693, II do CC); D: incorreta, pois o juiz apenas pode nomear curador especial a requerimento de Tiago ou do Ministério Público (art. 1.692 do CC). (OAB/Exame Unificado – 2013.3) João Marcos, renomado escritor, adota, em suas publicações literárias, o pseudônimo Hilton Carrillo, pelo qual é nacionalmente conhecido. Vítor, editor da Revista “Z”, empregou o pseudônimo Hilton Carrillo em vários artigos publicados nesse periódico, de sorte a expô-lo ao ridículo e ao desprezo público. Em face dessas considerações, assinale a afirmativa correta. Gabarito “C” (A) A legislação civil, com o intuito de evitar o anonimato, não protege o pseudônimo e, em razão disso, não há de se cogitar em ofensa a direito da personalidade, no caso em exame. (B) A Revista “Z” pode utilizar o referido pseudônimo em uma propaganda comercial, associado a um pequeno trecho da obra do referido escritor sem expô-lo ao ridículo ou ao desprezo público, independente da sua autorização. (C) O uso indevido do pseudônimo sujeita quem comete o abuso às sanções legais pertinentes, como interrupção de sua utilização e perdas e danos. (D) O pseudônimo da pessoa pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, quando não há intenção difamatória. A: incorreta, pois o pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome (art. 19 do CC). Logo, é possível se cogitar ofensa a direito da personalidade no caso em exame; B: incorreta, pois a utilização do pseudônimo em uma propaganda comercial independentemente da forma como for utilizado, bem como a utilização de escritos somente podem ser usados com autorização expressa de seu titilar ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública (arts. 18 e 20 do CC); C: correta (arts. 19 e 12 do CC); D: incorreta, pois tanto o nome como o pseudônimo da pessoa não podem ser empregados por outrem em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória (art. 19 e 17 do CC). Gabarito “C” (OAB/Exame Unificado – 2013.1) Gustavo completou 17 anos de idade em janeiro de 2010. Em março de 2010 colou grau em curso de ensino médio. Em julho de 2010 contraiu matrimônio com Beatriz. Em setembro de 2010, foi aprovado em concurso público e iniciou o exercício de emprego público efetivo. Por fim, em novembro de 2010, estabeleceu-se no comércio, abrindo um restaurante. Assinale a alternativa que indica o momento em que se deu a cessação da incapacidade civil de Gustavo. (A) No momento em que iniciou o exercício de emprego público efetivo. (B) No momento em que colou grau em curso de ensino médio. (C) No momento em que contraiu matrimônio. (D) No momento em que se estabeleceu no comércio, abrindo um restaurante. A: incorreta, pois antes de ingressar no serviço público Gustavo contraiu matrimônio e, consequentemente, teve cessada a sua incapacidade (art. 5.º, parágrafo único, II, do CC); B: incorreta, pois somente a colação de grau em ensino superior faz cessar a incapacidade para os menores (art. 5.º, parágrafo único, IV, do CC); C: correta (art. 5.º, parágrafo único, II, do CC); D: incorreta, pois antes de se estabelecer no comércio contraiu matrimônio e, consequentemente, teve cessada a sua incapacidade (art. 5.º, parágrafo único, II, do CC). (OAB/Exame Unificado – 2012.3.B) Alexandre e Berenice, casados pelo regime da separação convencional de bens, foram passar a lua de mel em Petrópolis, no Estado do Rio de Janeiro. Ao descerem a serra, Gabarito “C” Alexandre perdeu o controle do veículo vindo a cair em uma ribanceira. Com a colisão, houve a explosão do veículo e a morte de ambos não se sabendo precisar qual deles teria morrido primeiro. Ambos possuíam vasto patrimônio e faleceram sem deixar descendentes ou ascendentes. Alexandre deixou um irmão, Daniel, e Berenice deixou uma irmã, Eleonora. A respeito da situação apresentada, assinale a afirmativa correta. (A) Não há comoriência, visto que tal instituto somente se aplica às hipóteses de morte simultânea entre parentes. (B) Não há comoriência, uma vez que se exige prova cabal para sua ocorrência, devendo a simultaneidade das mortes ser declarada por decisão judicial. (C) Há comoriência, transmitindo-se a Daniel a herança de Alexandre e à Eleonora a herança de Berenice. (D) Há comoriência, transmitindo-se a Daniel a metade dos bens deixados pelo casal, ficando igual cota-parte para Eleonora. A: incorreta, pois quando duas pessoas morrem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu ao outro, aplica-se a regra da comoriência prevista no art. 8.º do CC, poucoimportando se se tratam ou não de parentes; B: incorreta, pois o art. 8.º do CC não exige decisão judicial, aplicando-se automaticamente a regra pela qual se presume os comorientes simultaneamente mortos; C: correta; havendo comoriência (art. 8.º do CC) um falecido não herda do outro e vice-versa, de maneira que a herança de Alexandre será transmitida diretamente para Daniel e a de Berenice, diretamente para Eleonora; D: incorreta, pois, não havendo outros herdeiros, os sucessores de Alexandre e Berenice receberão por inteiro a herança deixada por cada um de seus irmãos. (OAB/Exame Unificado – 2012.1) A proteção da pessoa é uma tendência marcante do atual direito privado, o que leva alguns autores a conceberem a existência de uma verdadeira cláusula geral de tutela da personalidade. Nesse sentido, uma das mudanças mais celebradas do novo Código Civil foi a introdução de um capítulo próprio sobre os chamados direitos da personalidade. Em relação à disciplina legal dos direitos da personalidade no Código Civil, é correto afirmar que: (A) havendo lesão a direito da personalidade, em se tratando de morto, não é mais possível que se reclamem perdas e danos, visto que a morte põe fim à existência da pessoa natural, e os direitos personalíssimos são intransmissíveis. (B) como regra geral, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, mas o seu exercício poderá sofrer irrestrita limitação voluntária. (C) é permitida a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, com objetivo altruístico ou científico, para depois da morte, sendo que tal ato de disposição poderá ser revogado a qualquer tempo. (D) em razão de sua maior visibilidade social, a proteção dos direitos da personalidade das celebridades e das chamadas pessoas públicas é mais flexível, sendo permitido utilizar o seu nome para finalidade comercial, ainda que sem prévia autorização. A: incorreta, pois, em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a cessação da ameaça/lesão e as perdas e danos, o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau (art. 12, parágrafo único, do CC); B: incorreta, pois, além de intransmissíveis e irrenunciáveis, o exercício Gabarito “C” dos direitos da personalidade NÃO podem sofrer limitação voluntária, ressalvadas as exceções previstas em lei (art. 11 do CC); isso significa que, salvo as exceções legais, nem mesmo com a autorização do titular do direito da personalidade é possível limitar o exercício dos direitos da personalidade; C: correta (art. 14 do CC); D: incorreta, pois, sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial (art. 18 do CC); não se deve confundir essa regra a que permite a exposição da palavra ou da imagem de alguém em caso em interesse público genuíno (regra decorrente do art. 20, caput, do CC), como é o caso de expor a imagem de um político acusado de corrupção. (OAB/Exame Unificado – 2011.3.A) Francis, brasileira, empresária, ao se deslocar do Rio de Janeiro para São Paulo em seu helicóptero particular, sofreu terrível acidente que culminou com a queda do aparelho em alto-mar. Após sucessivas e exaustivas buscas, feitas pelas autoridades e por empresas privadas contratadas pela família da vítima, infelizmente não foram encontrados os corpos de Francis e de Adilson, piloto da aeronave. Tendo sido esgotados os procedimentos de buscas e averiguações, de acordo com os artigos do Código Civil que regulam a situação supramencionada, é correto afirmar que o assento de óbito em registro público: (A) independe de qualquer medida administrativa ou judicial, desde que seja constatada a notória probabilidade de morte de pessoa que estava em perigo de vida. (B) depende exclusivamente de procedimento administrativo quanto à morte presumida junto ao Registro Civil das Pessoas Naturais. Gabarito “C” (C) depende de prévia ação declaratória judicial quanto à morte presumida, sem necessidade de decretação judicial de ausência. (D) depende de prévia declaração judicial de ausência, por se tratar de desaparecimento de uma pessoa sem dela haver notícia. Há dois casos de morte presumida. A primeira, com declaração de ausência (art. 6.º do CC). A segunda, sem declaração de ausência (art. 7.º do CC). Nesse segundo caso, a declaração de morte presumida também depende de sentença (art. 7.º, parágrafo único, do CC), sendo possível se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida ou se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra. No caso em tela, as alternativas “A” e “B” estão incorretas, pois a declaração de morte presumida depende de decisão judicial. A alternativa “D” está incorreta, pois não é necessária prévia declaração judicial de ausência, pois esse tipo de morte presumida não requer declaração de ausência, mas apenas o reconhecimento judicial de que ocorreu uma das hipóteses do art. 7.º do CC. Por fim, a alternativa “C” está correta, pois está de acordo com o caput e o parágrafo único do art. 7.º do CC. (OAB/Exame Unificado – 2011.1) Rodolfo, brasileiro, engenheiro, solteiro, sem ascendentes ou descendentes, desapareceu de seu domicílio há 11 (onze) meses e até então não houve qualquer notícia sobre seu paradeiro. Embora tenha desaparecido, deixou Lisa, uma amiga, como mandatária para a finalidade de administrar-lhe os bens. Todavia, por motivos de ordem pessoal, Lisa não quis exercer os poderes outorgados por Rodolfo em seu favor, renunciando Gabarito “C” expressamente ao mandato. De acordo com os dispositivos que regem o instituto da ausência, assinale a alternativa correta. (A) A renúncia ao mandato, por parte de Lisa, era possível e, neste caso, o juiz determinará ao Ministério Público que nomeie um curador encarregado de gerir os bens do ausente, observando, no que for aplicável, o disposto a respeito dos tutores e curadores. (B) Poderá ser declarada a sucessão definitiva de Rodolfo 10 (dez) anos depois de passada em julgado a sentença que concedeu a sucessão provisória, mas, se nenhum interessado promover a sucessão definitiva, nesse prazo, os bens porventura arrecadados deverão ser doados a entidades filantrópicas localizadas no município do último domicílio de Rodolfo. (C) O juiz não poderá declarar a ausência e nomear curador para Rodolfo, pois Lisa não poderia ter renunciado o mandato outorgado em seu favor, já que só estaria autorizada a fazê-lo em caso de justificada impossibilidade ou de constatada insuficiência de poderes. (D) Os credores de obrigações vencidas e não pagas de Rodolfo, decorrido 1 (um) ano da arrecadação dos bens do ausente, poderão requerer que se determine a abertura de sua sucessão provisória. A: incorreta, pois não há tal previsão nos arts. 22 a 39 do CC; B: incorreta, pois apenas 10 anos após a abertura da sucessão definitiva é que se coloca a possibilidade dos bens irem para terceiros; ademais, o destinatário desses bens, nesse caso, não seria uma entidade filantrópica, mas o Município ou Distrito Federal, ou, se os bens estivessem em território federal, a União; C: incorreta, pois o art. 23 admite que o mandatário (no caso, Lisa) não queira exercer o mandato; D: correta, vez que os credores são considerados “interessados” e estes tem o direito de requerer que se determine a abertura da sucessão provisória (art. 26 do CC). (OAB/Exame Unificado – 2010.1) Considere que o filho de Mário Lins de Souza e de Luna Ferreira de Melo tenha sido registrado com o nome de Paulo de Souza. Nessa situação hipotética, (A) Paulo, se assim o desejar, poderá, no prazo de até 1 (um) ano após atingir a maioridade, introduzir em seu nome um patronímico materno, sem que precise justificar sua vontade. (B) é obrigatória, em razão da abolição do traço patriarcal da legislação civil brasileira, a adoção do sobrenome materno, de modo que o registro de nascimento de Paulo poderá ser alterado a qualquer momento e, até mesmo,de ofício. (C) apenas por meio do casamento será possível a Paulo alterar seu nome, o que será feito com a inclusão de sobrenome da esposa. (D) Paulo poderá, se assim o desejar, incluir em seu nome apelido que seja notório, o que deverá ocorrer por meio de pedido devidamente instruído e dirigido ao oficial do cartório de registro civil. A: correta (art. 56 da LRP – Lei de Registros Públicos). É o que se extrai da lição de Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho: “Da mesma forma, nesta hipótese de alteração espontânea, devem ser mantidos os apelidos de família, o que limita também as possibilidades de modificação do nome, sendo a mais comum a incorporação de sobrenomes maternos ou de avós, (...)” (Novo curso de direito civil. Vol. I, 9. ed., São Paulo: Saraiva, p. 116); B: incorreta. Não existe dispositivo legal que determine alteração de Gabarito “D” ofício em casos como o apresentado (LRP, arts. 54 e 55). “Art. 54. O assento do nascimento deverá conter: 1.º) o dia, mês, ano e lugar do nascimento e a hora certa, sendo possível determiná-la, ou aproximada; 2.º) o sexo do registrando; 3.º) o fato de ser gêmeo, quando assim tiver acontecido; 4.º) o nome e o prenome, que forem postos à criança; 5.º) a declaração de que nasceu morta, ou morreu no ato ou logo depois do parto; 6.º) a ordem de filiação de outros irmãos do mesmo prenome que existirem ou tiverem existido; 7.º) os nomes e prenomes, a naturalidade, a profissão dos pais, o lugar e cartório onde se casaram, a idade da genitora, do registrando em anos completos, na ocasião do parto, e o domicílio ou a residência do casal. 8.º) os nomes e prenomes dos avós paternos e maternos; 9.º) os nomes e prenomes, a profissão e a residência das duas testemunhas do assento, quando se tratar de parto ocorrido sem assistência médica em residência ou fora de unidade hospitalar ou casa de saúde; 10) número de identificação da Declaração de Nascido Vivo – com controle do dígito verificador, ressalvado na hipótese de registro tardio previsto no art. 46 desta Lei. Art. 55. Quando o declarante não indicar o nome completo, o oficial lançará adiante do prenome escolhido o nome do pai, e na falta, o da mãe, se forem conhecidos e não o impedir a condição de ilegitimidade, salvo reconhecimento no ato. Parágrafo único. Os oficiais do registro civil não registrarão prenomes suscetíveis de expor ao ridículo os seus portadores. Quando os pais não se conformarem com a recusa do oficial, este submeterá por escrito o caso, independentemente da cobrança de quaisquer emolumentos, à decisão do Juiz competente.”; C: incorreta. Além da alteração decorrente do casamento, poderá haver ainda modificação por vontade própria, em razão de coação ou ameaça e por inclusão de apelido (LRP, arts. 56 e 58). “Art. 56. O interessado, no primeiro ano após ter atingido a maioridade civil, poderá, pessoalmente ou por procurador bastante, alterar o nome, desde que não prejudique os apelidos de família, averbando-se a alteração que será publicada pela imprensa. Art. 58. O prenome será definitivo, admitindo-se, todavia, a sua substituição por apelidos públicos notórios.”; D: incorreta. Com exceção do casamento, toda alteração de nome demandará decisão judicial (LRP, art. 57). “Art. 57. A alteração posterior de nome, somente por exceção e motivadamente, após audiência do Ministério Público, será permitida por sentença do juiz a que estiver sujeito o registro, arquivando-se o mandado e publicando-se a alteração pela imprensa, ressalvada a hipótese do art. 110 desta Lei. § 1.º Poderá, também, ser averbado, nos mesmos termos, o nome abreviado, usado como firma comercial registrada ou em qualquer atividade profissional. § 2.º A mulher solteira, desquitada ou viúva, que viva com homem solteiro, desquitado ou viúvo, excepcionalmente e havendo motivo ponderável, poderá requerer ao juiz competente que, no registro de nascimento, seja averbado o patronímico de seu companheiro, sem prejuízo dos apelidos próprios, de família, desde que haja impedimento legal para o casamento, decorrente do estado civil de qualquer das partes ou de ambas. § 3.º O juiz competente somente processará o pedido, se tiver expressa concordância do companheiro, e se da vida em comum houverem decorrido, no mínimo, 5 (cinco) anos ou existirem filhos da união. (Incluído pela Lei 6.216, de 1975) § 4.º O pedido de averbação só terá curso, quando desquitado o companheiro, se a ex-esposa houver sido condenada ou tiver renunciado ao uso dos apelidos do marido, ainda que dele receba pensão alimentícia. § 5.º O aditamento regulado nesta Lei será cancelado a requerimento de uma das partes, ouvida a outra. § 6.º Tanto o aditamento quanto o cancelamento da averbação previstos neste artigo serão processados em segredo de justiça. § 7.º Quando a alteração de nome for concedida em razão de fundada coação ou ameaça decorrente de colaboração com a apuração de crime, o juiz competente determinará que haja a averbação no registro de origem de menção da existência de sentença concessiva da alteração, sem a averbação do nome alterado, que somente poderá ser procedida mediante determinação posterior, que levará em consideração a cessação da coação ou ameaça que deu causa à alteração. § 8.º O enteado ou a enteada, havendo motivo ponderável e na forma dos §§ 2.º e 7.º deste artigo, poderá requerer ao juiz competente que, no registro de nascimento, seja averbado o nome de família de seu padrasto ou de sua madrasta, desde que haja expressa concordância destes, sem prejuízo de seus apelidos de família.” (OAB/Exame Unificado – 2019.2) Gumercindo, 77 anos de idade, vinha sofrendo os efeitos do Mal de Alzheimer, que, embora não atingissem sua saúde física, perturbavam sua memória. Durante uma distração de seu enfermeiro, conseguiu evadir-se da casa em que residia. A despeito dos esforços de seus familiares, ele nunca foi encontrado, e já se passaram nove anos do seu desaparecimento. Agora, seus parentes lidam com as dificuldades relativas à administração e disposição do seu patrimônio. Assinale a opção que indica o que os parentes devem fazer para receberem a propriedade dos bens de Gumercindo. (A) Somente com a localização do corpo de Gumercindo será possível a decretação de sua morte e a transferência da propriedade dos bens para os herdeiros. Gabarito “A” (B) Eles devem requerer a declaração de ausência, com nomeação de curador dos bens, e, após um ano, a sucessão provisória; a sucessão definitiva, com transferência da propriedade dos bens, só poderá ocorrer depois de dez anos de passada em julgado a sentença que concede a abertura da sucessão provisória. (C) Eles devem requerer a sucessão definitiva do ausente, pois ele já teria mais de oitenta anos de idade, e as últimas notícias dele datam de mais de cinco anos. (D) Eles devem requerer que seja declarada a morte presumida, sem decretação de ausência, por ele se encontrar desaparecido há mais de dois anos, abrindo- se, assim, a sucessão. A: incorreta, pois nesse caso é possível iniciar um procedimento judicial de declaração de ausência, a fim de arrecadar os seus bens e dar andamento à transferência de propriedade aos herdeiros (art. 22 CC); B: incorreta, pois neste caso não é necessário aguardar 10 anos para requerer a sucessão definitiva, mas apenas 5 anos, pois Gumercindo conta oitenta anos de idade e de cinco datam as últimas notícias dele (art. 38 CC); C: correta, nos termos do art. 38 CC, uma vez que devido a sua idade a Lei concede uma prazo menor para a abertura da sucessão definitiva; D: incorreta, pois a morte presumida sem decretação de ausência apenas se dá nos casos do art. 7º CC, e a hipótese em tela não se encaixa em nenhuma delas. Poder-se-ia pensar que se encaixa no inciso II, art. 7º, porém o caso ali tratado é de pessoas que sumiram em campanha ou foram feitas prisioneiras e nunca mais apareceram. GR Gabarito “C” (OAB/Exame Unificado – 2020.1) Márcia, adolescente com 17 anos de idade, sempre demonstrou uma maturidade muito superior à suafaixa etária. Seu maior objetivo profissional é o de tornar-se professora de História e, por isso, decidiu criar um canal em uma plataforma on-line, na qual publica vídeos com aulas por ela própria elaboradas sobre conteúdos históricos. O canal tornou-se um sucesso, atraindo multidões de jovens seguidores e despertando o interesse de vários patrocinadores, que começaram a procurar a jovem, propondo contratos de publicidade. Embora ainda não tenha obtido nenhum lucro com o canal, Márcia está animada com a perspectiva de conseguir custear seus estudos na Faculdade de História se conseguir firmar alguns desses contratos. Para facilitar as atividades da jovem, seus pais decidiram emancipá- la, o que permitirá que celebre negócios com futuros patrocinadores com mais agilidade. Sobre o ato de emancipação de Márcia por seus pais, assinale a afirmativa correta. (A) Depende de homologação judicial, tendo em vista o alto grau de exposição que a adolescente tem na internet. (B) Não tem requisitos formais específicos, podendo ser concedida por instrumento particular. (C) Deve, necessariamente, ser levado a registro no cartório competente do Registro Civil de Pessoas Naturais. (D) É nulo, pois ela apenas poderia ser emancipada caso já contasse com economia própria, o que ainda não aconteceu. A: incorreta, pois considerando ser emancipação voluntária dos pais, não é necessário homologação judicial (art. 5º, parágrafo único, I CC). O fato de haver exposição na internet não afeta em nada; B: incorreta, pois a emancipação precisa ser feita em cartório por instrumento público (art. 5º, parágrafo único, I CC); C: correta, pois a emancipação será feita por instrumento público no cartório competente do Registro Civil de Pessoas Naturais (art. 5º, parágrafo único, I CC); D: incorreta, pois os pais têm o poder de emancipar o filho maior de 16 anos, ainda que ele não tenha economia própria (art. 5º, parágrafo único, I CC). A emancipação é uma das causas de cessação da incapacidade. Mas também cessa a incapacidade pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria (art. 5º, parágrafo único, V CC). Logo, como se vê, ter economia própria não está ligado à emancipação (está ligado na verdade à essa questão de relação de emprego). 2.2. PESSOAS JURÍDICAS (OAB/Exame Unificado – 2014.3) Paulo foi casado, por muitos anos, no regime da comunhão parcial com Luana, até que um desentendimento deu início a um divórcio litigioso. Temendo que Luana exigisse judicialmente metade do seu vasto patrimônio, Paulo começou a comprar bens com capital próprio em nome de sociedade da qual é sócio e passou os demais também para o nome da sociedade, restando, em seu nome, apenas a casa em que morava com ela. Acerca do assunto, marque a opção correta. Gabarito “C” (A) A atitude de Paulo encontra respaldo na legislação, pois a lei faculta a todo cidadão defender sua propriedade, em especial de terceiros de má-fé. (B) É permitido ao juiz afastar os efeitos da personificação da sociedade nos casos de desvio de finalidade ou confusão patrimonial, mas não o contrário, de modo que não há nada que Luana possa fazer para retomar os bens comunicáveis. (C) Sabendo-se que a “teoria da desconsideração da personalidade jurídica” encontra aplicação em outros ramos do direito e da legislação, é correto afirmar que os parâmetros adotados pelo Código Civil constituem a Teoria Menor, que exige menos requisitos. (D) No caso de confusão patrimonial, gerado pela compra de bens com patrimônio particular em nome da sociedade, é possível atingir o patrimônio da sociedade, ao que se dá o nome de “desconsideração inversa ou invertida”, de modo a se desconsiderar o negócio jurídico, havendo esses bens como matrimoniais e comunicáveis. A: incorreta, pois Paulo não tem o direito de fraudar a lei civil, tomando atitudes abusivas para fugir da divisão patrimonial a que tem direito sua ex-esposa; ele age de má-fé e viola a lei civil cogente que regula a divisão patrimonial entre cônjuges que terminam sua sociedade conjugal, que no caso impõe a divisão do patrimônio adquirido após o casamento (regime de comunhão parcial de bens); B: incorreta, pois, atualmente, é tranquilo o entendimento doutrinário e jurisprudencial acerca do cabimento da desconsideração inversa da personalidade, pois tanto a desconsideração tradicional (da personalidade da pessoa jurídica para atingir bens de seus membros), como a desconsideração inversa (da personalidade da pessoa física que é membro de uma pessoa jurídica, para atingir bens dessa pessoa jurídica) tem origem objetivo legal comum, evitar fraudes e confusões patrimoniais abusivas; C: incorreta, pois a teoria adotada no Código Civil é a Teoria Maior, que exige “maior” requisito para a desconsideração, no caso, não só o prejuízo para a vítima do ato que enseja a desconsideração, como também que esse ato se caracterize por um abuso da personalidade jurídica; D: correta, pois, como se viu, hoje é tranquilo o entendimento de que é cabível a desconsideração inversa da personalidade, sendo possível, assim, a desconsideração da personalidade da pessoa física que é membro de uma pessoa jurídica, para atingir bens dessa pessoa jurídica, em caso de abuso da personalidade, o que no caso existiu face à confusão patrimonial ocorrida (art. 50 do CC), impondo-se a desconsideração para o fim de determinar que os bens indevidamente repassados à pessoa jurídica de Paulo seja considerados bens do casal e, assim, possam ser corretamente divididos. (OAB/Exame Unificado – 2011.3.B) Roberto, por meio de testamento, realiza dotação especial de bens livres para a finalidade de constituir uma fundação com a finalidade de promover assistência a idosos no Município do Rio de Janeiro. Todavia, os bens destinados foram insuficientes para constituir a fundação pretendida pelo instituidor. Em razão de Roberto nada ter disposto sobre o que fazer nessa hipótese, é correto afirmar que: (A) os bens dotados deverão ser convertidos em títulos da dívida pública até que, aumentados com os rendimentos, consigam perfazer a finalidade pretendida. Gabarito “D” (B) os bens destinados à fundação serão, nesse caso, incorporados em outra fundação que se proponha a fim igual ou semelhante. (C) a Defensoria Pública do estado respectivo, responsável por velar pelas fundações, destinará os bens dotados para o fundo assistencial mantido pelo Estado para defesa dos hipossuficientes. (D) os bens serão arrecadados e passarão ao domínio do Município, se localizados na respectiva circunscrição. Segundo o art. 69 do CC, tornando-se impossível a finalidade à que visa a fundação – o que ocorreu no caso, pois os bens destinados à constituição da fundação foram insuficientes – o seu patrimônio será incorporado em outra fundação, designada pelo juiz, que se proponha a fim igual ou semelhante. Dessa forma, apenas a alternativa “B” está correta. (OAB/Exame XXXV) Paulo é pai de Olívia, que tem três anos. Paulo é separado de Letícia, mãe de Olívia, e não detém a guarda da criança. Por sentença judicial, ficou fixado o valor de R$3.000,00 a título de pensão alimentícia em favor de Olívia. Paulo deixou de pagar a pensão alimentícia nos últimos cinco meses e, ajuizada uma ação de execução contra ele, não foi possível encontrar patrimônio suficiente para fazer frente às obrigações inadimplidas. Entretanto, Paulo é também sócio da sociedade Paulo Compra e Venda de Joias Ltda., sociedade que tem patrimônio considerável. Diante desse cenário, assinale a afirmativa correta. Gabarito “B” (A) Tendo em vista a absoluta autonomia da pessoa jurídica em relação aos seus sócios, não é possível, em nenhuma hipótese, que, na ação de execução, Olívia atinja o patrimônio da pessoa jurídica Paulo Compra e Venda de Joias Ltda. (B) É possível a desconsideração inversa da personalidade jurídica, a fim de se atingir opatrimônio da sociedade Paulo Compra e Venda de Joias Ltda., independentemente de restar configurada a situação de abuso da personalidade jurídica. (C) Ainda que se comprove o abuso da personalidade jurídica, a legislação apenas reconhece a hipótese de desconsideração direta da personalidade jurídica, não se admitindo a desconsideração inversa, razão pela qual não é possível que Olívia atinja o patrimônio da sociedade Paulo Compra e Venda de Joias Ltda. (D) É possível a desconsideração inversa da personalidade jurídica, a fim de que Olívia atinja o patrimônio da sociedade Paulo Compra e Venda de Joias Ltda., caso se considere que Paulo praticou desvio de finalidade ou confusão patrimonial. A: incorreta, pois a autonomia da pessoa jurídica é relativa. A lei permite a desconsideração da personalidade jurídica inversa para atingir o patrimônio da pessoa jurídica para saldar dívida do sócio se restar comprovado o abuso da personalidade jurídica. Neste caso esse abuso ocorreu por meio do desvio de finalidade, onde a pessoa jurídica foi usada com o propósito de lesar credores (art. 50 caput e §§1º e 3º CC); B: incorreta, pois deve estar comprovado o abuso da personalidade jurídica para que ela seja desconsiderada (art. 50 caput CC); C: incorreta, pois a lei admite a desconsideração da personalidade jurídica inversa, onde os bens da pessoa jurídica serão atingidos para saldar obrigações dos sócios (art. 50, § 3º CC); D: correta (art. 50 caput e § 3º CC). 2.3. BENS (OAB/Exame Unificado – 2017.1) Ricardo realizou diversas obras no imóvel que Cláudia lhe emprestou: reparou um vazamento existente na cozinha; levantou uma divisória na área de serviço para formar um novo cômodo, destinado a servir de despensa; ampliou o número de tomadas disponíveis; e trocou o portão manual da garagem por um eletrônico. Quando Cláudia pediu o imóvel de volta, Ricardo exigiu o ressarcimento por todas as benfeitorias realizadas, embora sequer a tenha consultado previamente sobre as obras. Somente pode-se considerar benfeitoria necessária, a justificar o direito ao ressarcimento, (A) o reparo do vazamento na cozinha. (B) a formação de novo cômodo, destinado a servir de despensa, pelo levantamento de divisória na área de serviço. (C) a ampliação do número de tomadas. (D) a troca do portão manual da garagem por um eletrônico. A: correta, pois tal reparo é considerado essencial para a manutenção da integridade do bem, caracterizando-se pois como benfeitoria necessária; B: incorreta, pois tal formação é uma benfeitoria útil, a qual aumenta a utilidade do bem principal; C: incorreta, pois a ampliação do número de tomadas também é considerada benfeitoria útil; D: incorreta, pois tal alteração também não configura uma benfeitoria necessária. GN Gabarito “D” (OAB/Exame Unificado – 2013.1) Os vitrais do Mercado Municipal de São de Paulo, durante a reforma feita em 2004, foram retirados para limpeza e restauração da pintura. Considerando a hipótese e as regras sobre bens jurídicos, assinale a afirmativa correta. (A) Os vitrais, enquanto separados do prédio do Mercado Municipal durante as obras, são classificados como bens móveis. (B) Os vitrais retirados na qualidade de material de demolição, considerando que o Mercado Municipal resolva descartar-se deles, serão considerados bens móveis. (C) Os vitrais do Mercado Municipal, considerando que foram feitos por grandes artistas europeus, são classificados como bens fungíveis. (D) Os vitrais retirados para restauração, por sua natureza, são classificados como bens móveis. A: incorreta, pois são considerados imóveis (art. 81, II, do CC); B: correta (art. 84, segunda parte, do CC); C: incorreta, pois fungíveis são os bens móveis que podem ser substituídos por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade (art. 85 do CC), o que não é o caso de obras únicas, singulares feitas pelos grandes artistas europeus, que, assim, criaram bens considerados infungíveis; D: incorreta, pois são considerados bens imóveis (art. 81, II, do CC). (OAB/Exame XXXIII – 2020.3) Bruna visitou a mansão neoclássica que André herdara de seu tio e cuja venda estava anunciando. Bruna ficou fascinada com a sala principal, decorada com um piano do Gabarito “A” Gabarito “B” século XIX e dois quadros do conhecido pintor Monet, e com os banheiros, ornados com torneiras desenhadas pelos melhores profissionais da época. Diante disso, decidiu comprá-la. Na ausência de acordo específico entre Bruna e André, por ocasião da transferência da propriedade, Bruna receberá (A) a mansão com os quadros, o piano e as torneiras, pois todos esses bens são classificados como benfeitorias, que seguem o destino do bem principal vendido. (B) apenas a mansão, eis que o princípio da gravitação jurídica não é aplicável aos demais bens citados no caso. (C) a mansão juntamente com as torneiras dos banheiros, consideradas partes integrantes, mas não os quadros e o piano, considerados pertenças. (D) a mansão e os quadros, pois, sendo considerados pertenças, impõe-se a regra de que o acessório deve seguir o destino do principal, mas o piano e as torneiras poderão ser removidos por André antes da transferência. A: incorreta, pois os quadros e o piano são considerados pertenças, se destinando ao aformoseamento do bem principal (art. 93 CC). Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso (art. 94 CC). Como não houve manifestação expressa do vendedor quando a estes objetos, logo eles não integram o contrato; B: incorreta, pois as torneiras constituem parte integrante da mansão, logo, a acompanham (art. 93 CC); C: correta, pois as torneiras são parte integrante, logo, acompanham o bem principal. Os quadros e o piano são pertenças, sendo assim, só acompanhariam o bem principal se houvesse manifestação expressa, determinação legal ou se as circunstâncias do caso assim determinassem, porém, no caso não houve essas hipóteses (art. 94 CC); D: incorreta, pois tanto os quadros como o piano são considerados pertenças e só acompanhariam o bem principal se houvesse os mesmos fatores mencionados na alternativa C. GR 2.4. FATOS JURÍDICOS 2.4.1. Espécies, formação, classificação e temas gerais (OAB/Exame Unificado – 2017.2) Em ação judicial na qual Paulo é réu, levantou-se controvérsia acerca de seu domicílio, relevante para a determinação do juízo competente. Paulo alega que seu domicílio é a capital do Estado do Rio de Janeiro, mas o autor sustenta que não há provas de manifestação de vontade de Paulo no sentido de fixar seu domicílio naquela cidade. Sobre o papel da vontade nesse caso, assinale a afirmativa correta. (A) Por se tratar de um fato jurídico em sentido estrito, a vontade de Paulo na fixação de domicílio é irrelevante, uma vez que não é necessário levar em consideração a conduta humana para a determinação dos efeitos jurídicos desse fato. (B) Por se tratar de um ato-fato jurídico, a vontade de Paulo na fixação de domicílio é irrelevante, uma vez que, embora se leve em consideração a conduta humana para a determinação dos efeitos jurídicos, não é exigível manifestação de vontade. (C) Por se tratar de um ato jurídico em sentido estrito, embora os seus efeitos sejam predeterminados pela lei, a vontade de Paulo na Gabarito “C” fixação de domicílio é relevante, no sentido de verificar a existência de um ânimo de permanecer naquele local. (D) Por se tratar de um negócio jurídico, a vontade de Paulo na fixação de domicílio é relevante, já que é a manifestação de vontade que determina quais efeitos jurídicos o negócio irá produzir. A: incorreta, pois a fixação do domicílio não é um fato jurídico em sentido estrito, mas sim um ato jurídico em sentido estrito, no qual o elemento vontade guarda certo relevo, a despeito de o papel da lei ser preponderante nos efeitos; B: incorreta, pois a fixação de domicílio não é hipótese de ato-fatojurídico, no qual a manifestação de vontade é praticamente descartada; C: correta, pois a fixação de domicilio é típico exemplo de ato jurídico em sentido estrito. A vontade da parte é levada em conta, embora os efeitos daí decorrentes já estejam todos previstos na lei. Interrupção de prescrição, casamento, reconhecimento voluntário de filho são outros bons exemplos; D: incorreta, pois no negócio jurídico as partes podem – com sua vontade – estipular, criar e prever efeitos jurídicos, como ocorre na celebração de um contrato, por exemplo. GN (OAB/Exame Unificado – 2012.1) Mauro, entristecido com a fuga das cadelinhas Lila e Gopi de sua residência, às quais dedicava grande carinho e afeição, promete uma vultosa recompensa para quem eventualmente viesse a encontrá-las. Ocorre que, no mesmo dia em que coloca os avisos públicos da recompensa, ao conversar privadamente com seu vizinho João, afirma que não irá, na realidade, dar a recompensa anunciada, embora assim o tenha Gabarito “C” prometido. Por coincidência, no dia seguinte, João encontra as cadelinhas passeando tranquilamente em seu quintal e as devolve imediatamente a Mauro. Neste caso, é correto afirmar que: (A) a manifestação de vontade no sentido da recompensa subsiste em relação a João ainda que Mauro tenha feito a reserva mental de não querer o que manifestou originariamente. (B) a manifestação de vontade no sentido da recompensa não subsiste em relação a João, pois este tomou conhecimento da alteração da vontade original de Mauro. (C) a manifestação de vontade no sentido da recompensa não mais terá validade em relação a qualquer pessoa, pois ela foi alterada a partir do momento em que foi feita a reserva mental por parte de Mauro. (D) a manifestação de vontade no sentido da recompensa subsiste em relação a toda e qualquer pessoa, pois a reserva mental não tem o condão de modificar a vontade originalmente tornada pública. Segundo o art. 110 do CC, “a manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento” (g.n.). Mauro, apesar de ter prometido recompensa a quem achasse suas cadelinhas, deixou claro para João que não cumpriria a recompensa anunciada. Ou seja, deixou claro para o destinatário de sua conversa privada sua “reserva mental de não querer o que manifestou”. Assim, como quem achou as cadelinhas foi justamente o destinatário (João) da informação de que o promitente (Mauro) não cumpriria sua vontade, João NÃO terá direito à recompensa, já que a vontade de Mauro não subsistirá. Dessa forma, as alternativas “A” e “D” estão incorretas, pois a manifestação de Mauro não subsistirá. A alternativa “C” está incorreta, pois apenas em relação ao destinatário da informação sobre a reserva mental é que a vontade não subsistirá. E a alternativa “B” está correta, pois está de acordo com a conclusão que alcançamos a partir da interpretação do art. 110 do CC. 2.4.2. Condição, termo e encargo (OAB/Exame Unificado – 2017.3) Eduardo comprometeu-se a transferir para Daniela um imóvel que possui no litoral, mas uma cláusula especial no contrato previa que a transferência somente ocorreria caso a cidade em que o imóvel se localiza viesse a sediar, nos próximos dez anos, um campeonato mundial de surfe. Depois de realizado o negócio, todavia, o advento de nova legislação ambiental impôs regras impeditivas para a realização do campeonato naquele local. Sobre a incidência de tais regras, assinale a afirmativa correta. (A) Daniela tem direito adquirido à aquisição do imóvel, pois a cláusula especial configura um termo. (B) Prevista uma condição na cláusula especial, Daniela tem direito adquirido à aquisição do imóvel. (C) Há mera expectativa de direito à aquisição do imóvel por parte de Daniela, pois a cláusula especial tem natureza jurídica de termo. (D) Daniela tem somente expectativa de direito à aquisição do imóvel, uma vez que há uma condição na cláusula especial. Gabarito “B” A transferência do imóvel foi claramente estabelecida com uma condição suspensiva, ou seja, os efeitos do contrato ficam suspensos até que ocorra um evento futuro e incerto, no caso o campeonato mundial de surfe. Nessa hipótese, Daniela não tem direito adquirido ao imóvel, mas mera expectativa de direito. Nesse sentido é a redação da lei: “Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição suspensiva, enquanto esta se não verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa” (CC, art. 125). Assim, a superveniência de uma lei que impossibilita a ocorrência do evento futuro e incerto impede a transferência do imóvel a Daniela. GN (OAB/Exame Unificado – 2012.3.B) João prometeu doar seu imóvel em Búzios a José se o seu time de futebol do coração, o América/RJ, for campeão carioca em 2013. Assim sendo, sobre a condição imposta para a doação, assinale a afirmativa correta. (A) Trata-se de condição puramente potestativa, sendo lícita por depender de manifestação da vontade de uma das partes. (B) Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição suspensiva, enquanto esta não se verificar, não terá Roberto adquirido o direito nele previsto. (C) É defeso a Roberto, titular do direito eventual, praticar atos destinados à sua conservação. (D) Trata-se de condição meramente potestativa, sendo, pois, ilícita, uma vez que sujeita ao puro arbítrio de uma das partes. A: incorreta, pois a condição puramente potestativa é aquele que depende exclusivamente da vontade de alguém, o que não acontece no caso, pois se o time vai ou não ganhar o campeonato é Gabarito “D” algo que não depende da vontade de João; B: correta; trata-se de condição (e não de termo), pois a eficácia do negócio depende de um evento futuro em incerto (o time de futebol ganhar o campeonato), nos termos do art. 121 do CC; quanto ao tipo de condição, tem-se no caso a condição suspensiva, pois os efeitos do negócio ficam suspensos enquanto a condição (time ganhar o campeonato) não se verificar (art. 125 do CC); C: incorreta, pois esse direito existe (art. 130 do CC); D: incorreta, pois é a condição puramente potestativa (e não meramente potestativa) que se sujeita ao puro arbítrio de uma das partes. (OAB/Exame Unificado – 2011.3.A) A condição, o termo e o encargo são considerados elementos acidentais, facultativos ou acessórios do negócio jurídico, e têm o condão de modificar as consequências naturais deles esperadas. A esse respeito, é correto afirmar que: (A) se considera condição a cláusula que, derivando da vontade das partes ou de terceiros, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto. (B) se for resolutiva a condição, enquanto esta se não realizar, não vigorará o negócio jurídico, não se podendo exercer desde a conclusão deste o direito por ele estabelecido. (C) o termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito e, salvo disposição legal ou convencional em contrário, computam-se os prazos, incluindo o dia do começo e excluindo o do vencimento. (D) se considera não escrito o encargo ilícito ou impossível, salvo se constituir o motivo determinante da liberalidade, caso em que se invalida o negócio jurídico. Gabarito “B” A: incorreta, pois a condição deriva apenas da vontade das partes, e não de terceiros (art. 121 do CC); B: incorreta, pois, pendente a condição resolutiva, o negócio vigorará sim, ou seja, produzirá efeitos normalmente, até que a condição resolutiva aconteça (art. 127 do CC), ocasião em que o negócio se resolve, ou seja, deixa de produzir efeitos; C: incorreta, pois, apesar de correta a primeira frase da alternativa (art. 131 do CC), é incorreta a informação de que, na contagem dos prazos, inclui-se o dia do começo e exclui-se o dia do vencimento, já que o Código Civil dispõe justamente no sentido contrário, ou seja, computam-se os prazos, excluído o dia do começo, e incluído o do vencimento; D: correta (art. 137 do CC). (OAB/Exame Unificado – 2019.2) Eva celebroucom sua neta Adriana um negócio jurídico, por meio do qual doava sua casa de praia para a neta caso esta viesse a se casar antes da morte da doadora. O ato foi levado a registro no cartório do Registro de Imóveis da circunscrição do bem. Pouco tempo depois, Adriana tem notícia de que Eva não utilizava a casa de praia há muitos anos e que o imóvel estava completamente abandonado, deteriorando-se a cada dia. Adriana fica preocupada com o risco de ruína completa da casa, mas não tem, por enquanto, nenhuma perspectiva de casar-se. De acordo com o caso narrado, assinale a afirmativa correta. (A) Adriana pode exigir que Eva autorize a realização de obras urgentes no imóvel, de modo a evitar a ruína da casa. (B) Adriana nada pode fazer para evitar a ruína da casa, pois, nos termos do contrato, é titular de mera expectativa de fato. Gabarito “D” (C) Adriana pode exigir que Eva lhe transfira desde logo a propriedade da casa, mas perderá esse direito se Eva vier a falecer sem que Adriana tenha se casado. (D) Adriana pode apressar-se para casar antes da morte de Eva, mas, se esta já tiver vendido a casa de praia para uma terceira pessoa ao tempo do casamento, a doação feita para Adriana não produzirá efeito. A: correta, pois se verifica-se que a doação de Eva a Adriana foi feita mediante condição suspensiva, isto é, a ocorrência do casamento. Portanto, até este momento tem apenas um direito eventual sobre o bem. Neste passo, nos termos do art. 130 CC “ao titular do direito eventual, nos casos de condição suspensiva ou resolutiva, é permitido praticar os atos destinados a conservá-lo”. Logo, ela pode exigir que a avó autorize a realização de obras urgentes no imóvel, de modo a evitar a ruína da casa; B: incorreta, pois ela pode exigir atos de conservação nos termos do art. 130 CC, uma vez que ela possui expectativa de direito sobre o bem (art. 125 CC); C: incorreta, pois Adriana não pode exigir a transferência da propriedade, uma vez que a doação é um ato de liberalidade (art. 538 CC), logo fica ao inteiro arbítrio do proprietário; D: incorreta. Enquanto Eva for viva o bem não pode ser disposto de nenhuma forma, pois Adriana possui expectativa de direito sobre ele. Isso significa que se à época do casamento o bem tiver sido vendido essa venda poderá ser anulada. O fundamento está no art. 126 CC: “Se alguém dispuser de uma coisa sob condição suspensiva, e, pendente esta, fizer quanto àquelas novas disposições, estas não terão valor, realizada a condição, se com ela forem incompatíveis”. GR Gabarito “A” 2.4.3. Defeitos do negócio jurídico (OAB/Exame Unificado – 2018.2) A cidade de Asa Branca foi atingida por uma tempestade de grandes proporções. As ruas ficaram alagadas e a população sofreu com a inundação de suas casas e seus locais de trabalho. Antônio, que tinha uma pequena barcaça, aproveitou a ocasião para realizar o transporte dos moradores pelo triplo do preço que normalmente seria cobrado, tendo em vista a premente necessidade dos moradores de recorrer a esse tipo de transporte. Nesse caso, em relação ao citado negócio jurídico, ocorreu (A) estado de perigo. (B) dolo. (C) lesão. (D) erro. A: incorreta, pois a necessidade dos moradores era apenas o transporte. Não havia, portanto, a “necessidade de salvar-se ou a pessoa de sua família”, elemento essencial para caracterizar o vício do estado de perigo (CC, art. 156); B: incorreta, pois o dolo é um artifício malicioso utilizado para enganar a outra parte (CC, art. 145); C: correta, pois a hipótese enquadra-se perfeitamente na previsão do art. 157 do Código Civil, que estabelece o vício do consentimento denominado lesão. Verifica-se quando uma pessoa “sob premente necessidade ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta”. GN Gabarito “C” (OAB/Exame Unificado – 2016.3) Durante uma viagem aérea, Eliseu foi acometido de um mal súbito, que demandava atendimento imediato. O piloto dirigiu o avião para o aeroporto mais próximo, mas a aterrissagem não ocorreria a tempo de salvar Eliseu. Um passageiro ofereceu seus conhecimentos médicos para atender Eliseu, mas demandou pagamento bastante superior ao valor de mercado, sob a alegação de que se encontrava de férias. Os termos do passageiro foram prontamente aceitos por Eliseu. Recuperado do mal que o atingiu, para evitara cobrança dos valores avençados, Eliseu pode pretender a anulação do acordo firmado com o outro passageiro, alegando: (A) erro. (B) dolo. (C) coação. (D) estado de perigo. A: incorreta, pois o erro (CC, art. 138) é a “falsa percepção da realidade”, o que certamente não ocorreu no caso em tela; B: incorreta, pois o dolo (CC, art. 145) é o artifício malicioso que conduz a vítima ao engano, o que tampouco ocorreu; C: incorreta, pois não houve ameaça de mal grave e injusto à vítima, necessário para caracterizar a coação (CC, art. 151); D: correta, pois a hipótese do enunciado encaixa-se exatamente na previsão legal do estado de perigo, o qual se verifica quando alguém, “premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa” (CC, art. 156). GN Gabarito “D” (OAB/Exame Unificado – 2017.2) Em um bazar beneficente, promovido por Júlia, Marta adquiriu um antigo faqueiro, praticamente sem uso. Acreditando que o faqueiro era feito de prata, Marta ofereceu um preço elevado sem nada perguntar sobre o produto. Júlia, acreditando no espírito benevolente de sua vizinha, prontamente aceitou o preço oferecido. Após dois anos de uso constante, Marta percebeu que os talheres começaram a ficar manchados e a se dobrarem com facilidade. Consultando um especialista, ela descobre que o faqueiro era feito de uma liga metálica barata, de vida útil curta, e que, com o uso reiterado, ele se deterioraria. De acordo com o caso narrado, assinale a afirmativa correta. (A) A compra e venda firmada entre Marta e Júlia é nula, por conter vício em seu objeto, um dos elementos essenciais do negócio jurídico. (B) O negócio foi plenamente válido, considerando ter restado comprovado que Júlia não tinha qualquer motivo para suspeitar do engano de Marta. (C) O prazo decadencial a ser observado para que Marta pretenda judicialmente o desfazimento do negócio deve ser contado da data de descoberta do vício. (D) De acordo com a disciplina do Código Civil, Júlia poderá evitar que o negócio seja desfeito se oferecer um abatimento no preço de venda proporcional à baixa qualidade do faqueiro. A:incorreta, pois ainda que houvesse vício do consentimento, o negócio não seria nulo, mas apenas anulável (CC, art. 171); B: correta. Prevaleceu na doutrina o entendimento de que o vício do consentimento “Erro” exige como requisito que a outra parte saiba do engano da vítima. De fato, o art. 138 do CC diz que – para configurar o vício do consentimento – o erro precisa ser do tipo que “poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio”. No caso descrito, Julia não sabia que Marta imaginava ser o faqueiro de prata. Logo, o negócio é válido; C: incorreta, pois o prazo começa na data da conclusão do negócio (CC, art. 178); D: incorreta, pois essa hipótese de manutenção do negócio jurídico é restrita ao caso de lesão,por expressa disposição de lei (CC, art. 157, § 2°) e ao estado de perigo, por analogia. GN (OAB/Exame Unificado – 2013.1) João, credor quirografário de Marcos em R$ 150.000,00, ingressou com Ação Pauliana, com a finalidade de anular ato praticado por Marcos, que o reduziu à insolvência. João alega que Marcos transmitiu gratuitamente para seu filho, por contrato de doação, propriedade rural avaliada em R$ 200.000,00. Considerando a hipótese acima, assinale a afirmativa correta. (A) Caso o pedido da Ação Pauliana seja julgado procedente e seja anulado o contrato de doação, o benefício da anulação aproveitará somente a João, cabendo aos de mais credores, caso existam,ingressarem com ação individual própria. (B) O caso narrado traz hipótese de fraude de execução, que constitui defeito no negócio jurídico por vício de consentimento. (C) Na hipótese de João receber de Marcos, já insolvente, o pagamento da dívida ainda não vencida, ficará João obrigado a repor, em proveito do acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores, aquilo que recebeu. Gabarito “B” (D) João tem o prazo prescricional de dois anos para pleitear a anulação do negócio jurídico fraudulento, contado do dia em que tomar conhecimento da doação feita por Marcos. A: incorreta, pois, julgada procedente a ação, o negócio é anulado (art. 171, II, do CC), retornando ao patrimônio do devedor (no caso, Marcos), permitindo que os demais credores também se beneficiem disso; B: incorreta, pois a fraude de execução acontece quando o credor já ingressou com ação de cobrança e, no bojo desta, o devedor vem a se desfazer de modo fraudulento de seu patrimônio; C: correta (art. 162 do CC); D: incorreta, pois é de 4 anos o prazo para pleitear-se a anulação do negócio jurídico com fraude contra credores, contados do dia em que se realizou o negócio jurídico (art. 178, II, do CC). (OAB/Exame Unificado – 2012.2) Em relação aos defeitos dos negócios jurídicos, assinale a afirmativa incorreta. (A) A emissão de vontade livre e consciente, que corresponda efetivamente ao que almeja o agente, é requisito de validade dos negócios jurídicos. (B) O erro acidental é o que recai sobre características secundárias do objeto, não sendo passível de levar à anulação do negócio. (C) A simulação é causa de anulação do negócio, e só poderá ocorrer se a parte prejudicada demonstrar cabalmente ter sido prejudicada por essa prática. (D) O objetivo da ação pauliana é anular o negócio praticado em fraude contra credores. Gabarito “C” A: correta; de fato, é requisito de validade do negócio jurídico a emissão de vontade livre e consciente, ou seja, sem coação, erro ou dolo; B: correta, pois, de fato, somente o erro substancial configura o defeito previsto no art. 138 do CC, defeito esse que gera a anulabilidade do negócio jurídico; C: incorreta, devendo ser assinalada; a simulação é causa de nulidade, e não de anulabilidade do negócio (art. 167 do CC); D: correta; de fato, a ação pauliana é ação prevista para anular negócio praticado em fraude contra credores (arts. 158 a 165 do CC). (OAB/Exame Unificado – 2011.3.B) Considerando o instituto da lesão, é correto afirmar que: (A) a desproporção entre as prestações deve se configurar somente no curso de contrato. (B) os efeitos da lesão podem se manifestar no curso do contrato, desde que sejam provenientes de desproporção entre as prestações existente no momento da celebração do contrato. (C) a desproporção entre as prestações surge em razão de fato superveniente à celebração do contrato. (D) os efeitos da lesão decorrem de um fato imprevisto. A e C: incorretas, pois a desproporção entre as prestações deve se configurar no momento da celebração do contrato; ou seja, o contrato já deve nascer manifestamente desproporcional; desproporções que ocorrem no curso do contrato dão ensejo à aplicação da regra da onerosidade excessiva (art. 478 do CC), e não do instituto da lesão (art. 157 do CC); B: correta, pois, apesar de a desproporção das obrigações ter de ocorrer no momento da Gabarito “C” celebração do contrato, pode ser que os efeitos da lesão só ocorram no curso do contrato; um exemplo é um contrato manifestamente desproporcional, em que a parte prejudicada tenha que entregar a sua prestação apenas alguns meses após a celebração do contrato; D: incorreta, pois os efeitos da lesão decorrem diretamente da celebração de um contrato já com uma manifesta desproporção entre as prestações das partes, não sendo necessário que ocorra, depois, um fato imprevisto, para a configuração do instituto. (OAB/Exame Unificado – 2011.1) O negócio jurídico depende da regular manifestação de vontade do agente envolvido. Nesse sentido, o art. 138 do Código Civil dispõe que “são anuláveis os negócios jurídicos quando as declarações de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio”. Relativamente aos defeitos dos negócios jurídicos, assinale a alternativa correta. (A) O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a quem a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na conformidade da vontade real do manifestante. (B) O falso motivo, por sua gravidade, viciará a declaração de vontade em todas as situações e, por consequência, gerará a anulação do negócio jurídico. (C) O erro de cálculo gera a anulação do negócio jurídico, uma vez que restou viciada a declaração de vontade nele baseada. (D) O erro é substancial quando concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de Gabarito “B” vontade, ainda que tenha influído nesta de modo superficial. A: correta (art. 144 do CC); B: incorreta, pois o falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão determinante (art. 140 do CC); C: incorreta, pois o erro de cálculo apenas autoriza a retificação da declaração de vontade (art. 143 do CC); D: incorreta, pois o erro substancial, nesse caso, deve influir na vontade de modo relevante (art. 139, II, do CC), e não de modo superficial. (OAB/Exame Unificado – 2010.1) A respeito dos defeitos dos negócios jurídicos, assinale a opção correta. (A) A lesão é um defeito que surge concomitantemente à realização do negócio e enseja a sua anulabilidade. Entretanto, permite-se a revisão contratual para evitar a anulação, aproveitando-se, assim, o negócio. (B) Se, na celebração do negócio, uma das partes induzir a erro a outra, levando-a a concluir o negócio e a assumir uma obrigação desproporcional à vantagem obtida pelo outro, esse negócio será nulo porque a manifestação de vontade emana de erro essencial e escusável. (C) O dolo acidental, a despeito do qual o negócio seria realizado, embora por outro modo, acarreta a anulação do negócio jurídico. (D) Tratando-se de negócio jurídico a título gratuito, somente se configura fraude quando a insolvência do devedor seja notória ou haja motivo para ser conhecida, admitindo-se a anulação do negócio pelo credor. Gabarito “A” A: correta. De acordo com o art. 157, § 2.º, do CC, “não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito”. Segundo César Fiúza (Direito Civil – curso completo. 12.ª ed., p. 242), “primeiramente, a lesão deve ocorrer no momento da celebração do contrato, devendo ser apreciada segundo as circunstâncias deste momento”; B: incorreta. Dispõe o art. 138 do CC que o negócio jurídico celebrado em virtude de erro substancial e escusável é anulável, e não nulo; C: incorreta. De acordo com o art. 146 do CC, o dolo acidental, a despeito do qual o negócio seria realizado, embora por outro modo, só obriga à satisfação de perdas e danos, logo, não enseja a invalidade do negócio; D: incorreta. A fraude a título oneroso só viciaria o ato, tornando-o anulável, se a insolvência do devedor-alienante fosse notória, conhecida do adquirente ou houvesse motivos para conhecê-la. Se ficar provado que a insolvência não era notória, que o adquirente agiu de boa-fé, o ato oneroso de alienação não será anulado, conforme art. 159 do CC. Já a fraude a título gratuito sempre vicia o ato e ocorre mesmo que o devedor ignore sua condição de insolvente, a teor do art 158 do CC, na fraude a título gratuito não se exige que se prove o consilium fraudis, ou seja, não há necessidade de se provar a participação do adquirente, a fraude ocorre ainda que o adquirente não saia do estado de insolvência e até mesmo o alienante pode ignorar seu estado de insolvência. (OAB/Exame Unificado – 2020.1) João, único herdeiro de seu avô Leonardo, recebeu, por ocasiãoda abertura da sucessão deste último, todos os seus bens, inclusive uma casa repleta de antiguidades. Gabarito “A” Necessitando de dinheiro para quitar suas dívidas, uma das primeiras providências de João foi alienar uma pintura antiga que sempre estivera exposta na sala da casa, por um valor módico, ao primeiro comprador que encontrou. João, semanas depois, leu nos jornais a notícia de que reaparecera no mercado de arte uma pintura valiosíssima de um célebre artista plástico. Sua surpresa foi enorme ao descobrir que se tratava da pintura que ele alienara, com valor milhares de vezes maior do que o por ela cobrado. Por isso, pretende pleitear a invalidação da alienação. A respeito do caso narrado, assinale a afirmativa correta. (A) O negócio jurídico de alienação da pintura celebrado por João está viciado por lesão e chegou a produzir seus efeitos regulares, no momento de sua celebração. (B) O direito de João a obter a invalidação do negócio jurídico, por erro, de alienação da pintura, não se sujeita a nenhum prazo prescricional (C) A validade do negócio jurídico de alienação da pintura subordina-se necessariamente à prova de que o comprador desejava se aproveitar de sua necessidade de obter dinheiro rapidamente. (D) Se o comprador da pintura oferecer suplemento do preço pago de acordo com o valor de mercado da obra, João poderá optar entre aceitar a oferta ou invalidar o negócio. A: correta, pois o vício da lesão é aquele que em que uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta (art. 157, caput CC). Neste caso, João era inexperiente e o comprador se aproveitou disso para fazer o negócio. O negócio produz efeitos até que seja declarada sua invalidade; B: incorreta, pois não se trata de erro, pois o erro se configura quando a declaração de vontade emanar de um engano substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio (art. 138 CC). O prazo para pedir anulação é decadencial de 4 anos (art. 178, II CC); C: incorreta, pois, a Lei não exige prova de que o comprador tinha intenção de se aproveitar do devedor. A simples realização do negócio jurídico já faz presumir isso pelo instituto da lesão (art. 157, caput CC); D: incorreta, pois neste caso não de decretará a anulação do negócio (art. 157, §2º CC). 2.4.4. Validade e invalidade do negócio jurídico (OAB/Exame Unificado – 2014.2) Maria Clara, então com dezoito anos, animada com a conquista da carteira de habilitação, decide retirar suas economias da poupança para adquirir um automóvel. Por saber que estava no início da sua carreira de motorista, resolveu comprar um carro usado e pesquisou nos jornais até encontrar um modelo adequado. Durante a visita de Maria Clara para verificar o estado de conservação do carro, o proprietário, ao perceber que Maria Clara não era conhecedora de automóveis, informou que o preço que constava no jornal não era o que ele estava pedindo, pois o carro havia sofrido manutenção recentemente, além de melhorias que faziam com que o preço fosse aumentado em setenta por cento. Com esse aumento, o valor do carro passou a ser maior do que um modelo novo, zero quilômetro. Contudo, após as explicações do proprietário, Gabarito “A” Maria Clara fechou o negócio. Sobre a situação apresentada no enunciado, assinale a opção correta. (A) Maria Clara sofreu coação para fechar o negócio, diante da insistência do antigo proprietário e, por isso, pode ser proposta a anulação do negócio jurídico no prazo máximo de três anos. (B) O negócio efetuado por Maria Clara não poderá ser anulado porque decorreu de manifestação de vontade por parte da adquirente. Dessa forma, como não se trata de relação de consumo, Maria Clara não possui essa garantia. (C) O pai de Maria Clara, inconformado com a situação, pretende anular o negócio efetuado pela filha, porém, como já se passaram três anos, isso não será mais possível, pois já decaiu seu direito. (D) O negócio jurídico efetuado por Maria Clara pode ser anulado; porém, se o antigo proprietário concordar com a diminuição no preço, o vício no contrato estará sanado. A: incorreta, pois não houve coação afinal em nenhum momento foi incutido em Maria Clara fundado temor de dano iminente e considerável à ela, à sua família, ou aos seus bens (art. 151, caput, do CC); B: incorreta, pois o negócio jurídico por ser anulado por estar eivado de um vício de consentimento, haja vista que a desproporção do preço pago pelo veículo. O vício presente é a lesão (art. 157, caput, do CC); C: incorreta, pois o prazo decadencial para se requerer a anulação do negócio jurídico é de 4 anos (art. 178, II do CC); D: correta, pois por tratar-se da hipótese de lesão, o negócio jurídico não será anulado se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito (art. 157, § 2º, do CC). Gabarito “D” (OAB/Exame Unificado – 2014.1) Lúcia, pessoa doente, idosa, com baixo grau de escolaridade, foi obrigada a celebrar contrato particular de assunção de dívida com o Banco FDC S.A., reconhecendo e confessando dívidas firmadas pelo seu marido, esse já falecido, e que não deixara bens ou patrimônio a inventariar. O gerente do banco ameaçou Lúcia de não efetuar o pagamento da pensão deixada pelo seu falecido marido, caso não fosse assinado o contrato de assunção de dívida. Considerando a hipótese acima e as regras de Direito Civil, assinale a afirmativa correta. (A) O contrato particular de assunção de dívida assinado por Lúcia é anulável por erro substancial, pois Lúcia manifestou sua vontade de forma distorcida da realidade, por entendimento equivocado do negócio praticado. (B) O ato negocial celebrado entre Lúcia e o Banco FDC S.A. é anulável por vício de consentimento, em razão de conduta dolosa praticada pelo banco, que ardilosamente falseou a realidade e forjou uma situação inexistente, induzindo Lúcia à prática do ato. (C) O instrumento particular firmado entre Lúcia e o Banco FDC S.A. pode ser anulado sob fundamento de lesão, uma vez que Lúcia assumiu obrigação excessiva sobre premente necessidade. (D) O negócio jurídico celebrado entre Lúcia e o Banco FDC S.A. é anulável pelo vício da coação, uma vez que a ameaça praticada pelo banco foi iminente e atual, grave, séria e determinante para a celebração da avença. A: incorreta, pois o erro é o engano cometido pelo próprio agente, sem a indução da parte contrária (art. 138 do CC). O caso em tela não retrata a hipótese de erro, pois Lucia fez tudo de maneira consciente; B: incorreta, pois o dolo é o erro induzido pela outra parte, de modo que se a parte tivesse conhecimento daquela causa não realizaria o negócio (art. 145 do CC). No caso, Lúcia tinha pleno conhecimento de tudo o que estava se passando; C: incorreta, pois no caso em tela foi incutido o temor em Lúcia para que assinasse a confissão de dívida. O instituto da lesão se dá apenas quando alguém em premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta (art. 157, caput, do CC); D: correta (art. 151, caput, do CC). (OAB/Exame Unificado – 2019.1) Mônica, casada pelo regime da comunhão total de bens, descobre que seu marido, Geraldo, alienou um imóvel pertencente ao patrimônio comum do casal, sem a devida vênia conjugal. A descoberta agrava a crise conjugal entre ambos e acaba conduzindo ao divórcio do casal. Tempos depois, Mônica ajuíza ação em face de seu ex-marido, objetivando a invalidação da alienação do imóvel. Sobre o caso narrado, assinale a afirmativa correta. (A) O juiz pode conhecer de ofício do vício decorrente do fato de Mônica não ter anuído com a alienação do bem. (B) O fato de Mônica não ter anuído com a alienação do bem representa um vício que convalesce com o decurso do tempo. (C) O vício decorrente da ausência de vênia conjugal não pode ser sanadopela posterior confirmação do ato por Mônica. (D) Para que a pretensão de Mônica seja acolhida, ela deveria ter observado o prazo prescricional de dois anos, a contar da data do divórcio. Gabarito “D” A: incorreta, pois trata-se de negócio jurídico anulável e não nulo (art. 1.649 CC). Sendo assim, o juiz não pode conhecer de ofício o vício decorrente do fato de Mônica não ter anuído com a alienação do bem (art. 177 CC); B: correta, pois por se tratar de negócio jurídico anulável, o fato de não ter sido impugnado dentro do prazo legal faz com que ele convalesça com o decurso do tempo. Neste passo, o art. 1.649 CC prevê o prazo. Não sendo respeitado, perde- se a oportunidade de anulação; C: incorreta, pois o vício pode ser sanado pela confirmação de Mônica (art. 173 CC e art. 1.649, parágrafo único CC); D: incorreta, pois trata-se de prazo decadencial e não prescricional (art. 1.649, 178 e 179 CC). GR (OAB/Exame Unificado – 2018.3) Arnaldo foi procurado por sua irmã Zulmira, que lhe ofereceu R$ 1 milhão para adquirir o apartamento que ele possui na orla da praia. Receoso, no entanto, que João, o locatário que atualmente ocupa o imóvel e por quem Arnaldo nutre profunda antipatia, viesse a cobrir a oferta, exercendo seu direito de preferência, propôs a Zulmira que constasse da escritura o valor de R$ 2 milhões, ainda que a totalidade do preço não fosse totalmente paga. Realizado nesses termos, o negócio (A) pode ser anulado no prazo decadencial de dois anos, em virtude de dolo. (B) é viciado por erro, que somente pode ser alegado por João. (C) é nulo em virtude de simulação, o que pode ser suscitado por qualquer interessado. Gabarito “B” (D) é ineficaz, em razão de fraude contra credores, inoponíveis seus efeitos perante João. A: incorreta, pois o dolo ocorre quando alguém maliciosamente induz outrem à prática de um ato que, se soubesse das reais circunstâncias não o praticaria (art. 145 CC). Neste caso, o locatário não está sendo induzido a praticar nada. E ainda que fosse dolo, o prazo para anulação é de 4 anos (art. 178, II CC); B: incorreta, pois o erro ocorre quando alguém, sem indução nenhuma possui uma noção falsa sobre determinado objeto ou situação (art. 138 e 139 CC). O erro que enseja a anulação do negócio é o erro substancial. Neste caso fica nítido que João não incidiu em erro; C: correta, pois trata-se de negócio jurídico simulado, uma vez que existe declaração não verdadeira (art. 167, §1º, II CC). Trata-se de caso de nulidade (art. 167 caput CC), que pode ser alegado por qualquer interessado (art. 168, caput CC); D: incorreta, pois o vício não está no campo da eficácia (condição termo e encargo), mas sim da validade dos negócios jurídicos (art. 167 CC). GR (OAB/Exame Unificado – 2019.3) Alberto, adolescente, obteve autorização de seus pais para casar-se aos dezesseis anos de idade com sua namorada Gabriela. O casal viveu feliz nos primeiros meses de casamento, mas, após certo tempo de convivência, começaram a ter constantes desavenças. Assim, a despeito dos esforços de ambos para que o relacionamento progredisse, os dois se divorciaram pouco mais de um ano após o casamento. Muito frustrado, Alberto decidiu reunir algumas economias e adquiriu um pacote turístico para viajar pelo mundo e tentar esquecer o ocorrido. Gabarito “C” Considerando que Alberto tinha dezessete anos quando celebrou o contrato com a agência de turismo e que o fez sem qualquer participação de seus pais, o contrato é (A) válido, pois Alberto é plenamente capaz. (B) nulo, pois Alberto é absolutamente incapaz. (C) anulável, pois Alberto é relativamente incapaz. (D) ineficaz, pois Alberto não pediu a anuência de Gabriela. A: correta, pois com o casamento foi extinta a menoridade de Alberto, logo, ele é plenamente capaz (art. 5º, parágrafo único II CC). Portanto, o contrato é plenamente válido; B: incorreta, pois Alberto é plenamente capaz, pois sua menoridade foi extinta com o casamento (art. 5º, parágrafo único II CC); C: incorreta, pois Alberto é plenamente capaz, pois apesar de ter 17 anos sua menoridade foi extinta quando contraiu casamento (art. 5º, parágrafo único II CC); D: incorreta, pois a anuência de Gabriela é completamente dispensada, logo, a eficácia do contrato não depende disso. O contrato é válido, pois possui partes maiores, capazes, objeto lícito, possível e determinável, forma adequada, motivo lícito, enfim, preenche todos os requisitos do art. 166 CC. 2.5. PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA (OAB/Exame Unificado – 2011.2) O decurso do tempo exerce efeitos sobre as relações jurídicas. Com o propósito de suprir uma deficiência apontada pela doutrina em relação ao Código velho, o novo Código Civil, a exemplo do Código Civil italiano e português, define o que é prescrição e institui disciplina específica para a Gabarito “A” decadência. Tendo em vista os preceitos do Código Civil a respeito da matéria, assinale a alternativa correta. (A) Quando uma ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a prescrição até o despacho do juiz que tenha recebido ou rejeitado a denúncia ou a queixa-crime. (B) Se a decadência resultar de convenção entre as partes, o interessado poderá alegá-la, em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não poderá suprir a alegação de quem a aproveite. (C) O novo Código Civil optou por conceituar o instituto da prescrição como a extinção da pretensão e estabelece que a prescrição, em razão da sua relevância, pode ser arguida, mesmo entre os cônjuges enquanto casados pelo regime de separação obrigatória de bens. (D) Se um dos credores solidários constituir judicialmente o devedor em mora, tal iniciativa não aproveitará aos demais quanto à interrupção da prescrição, nem a interrupção produzida em face do principal devedor prejudica o fiador dele. A: incorreta, pois, nesse caso, não correrá a prescrição antes da respectiva sentença criminal definitiva; B: correta (art. 211 do CC); C: incorreta, pois não corre a prescrição (e, portanto, esta não pode ser arguida) na constância da sociedade conjugal (art. 197, I, do CC); D: incorreta, pois a interrupção da prescrição por um dos credores solidários aproveita aos outros (art. 204, § 1.º, do CC). Ademais, “a interrupção produzida contra o principal devedor prejudica o fiador” (art. 204, § 3.º, do CC). Gabarito “B” (OAB/Exame Unificado – 2010.2) A respeito das diferenças e semelhanças entre prescrição e decadência, no Código Civil, é correto afirmar que: (A) a prescrição acarreta a extinção do direito potestativo, enquanto a decadência gera a extinção do direito subjetivo. (B) os prazos prescricionais podem ser suspensos e interrompidos, enquanto os prazos decadenciais legais não se suspendem ou interrompem, com exceção da hipótese de titular de direito absolutamente incapaz, contra o qual não corre nem prazo prescricional nem prazo decadencial. (C) não se pode renunciar à decadência legal nem à prescrição, mesmo após consumadas. (D) a prescrição é exceção que deve ser alegada pela parte a quem beneficia, enquanto a decadência pode ser declarada de ofício pelo juiz. A: incorreta, pois a prescrição acarreta a extinção da pretensão (e não do direito potestativo), ao passo que a decadência, a extinção do direito potestativo; vale aproveitar o ensejo para lembrar que a pretensão, quando atua em juízo, pretende a condenação de alguém, de modo que os prazos prescricionais estão ligados às ações condenatórias; e o direito potestativo, por sua vez, é aquele que pretende interferir na esfera jurídica de alguém, como é o caso do direito de pedir a anulação de um casamento, que interfere no âmbito jurídico da outra parte; por isso, os prazos decadenciais estão ligados às ações constitutivas; B: correta, pois os prazos prescricionais podem ser suspensos (arts. 197 a 200 do Código Civil) e interrompidos (art. 202 do Código Civil), ao passo que os prazos decadenciais não podem ser suspensos ou interrompidos (art. 207 do Código Civil), salvo no casodo absolutamente incapaz, contra quem não corre nem prazo prescricional, nem prazo decadencial (art. 208 c.c. art. 198, I); C: incorreta, pois cabe renúncia à prescrição, desde que feita depois que esta se consumar (ex: devedor de uma reparação civil, que prescreve em 3 (três) anos, pode, após os 3 (três) anos, dizer que renuncia ao benefício da prescrição, o que autoriza que o credor continue podendo acioná-lo por mais 3 (três) anos); já a decadência legal (ou seja, a fixada em lei), não pode ser objeto de renúncia (art. 209 do Código Civil), tratando-se da única informação verdadeira na alternativa ora em análise; D: incorreta, pois tanto a prescrição, como a decadência devem ser pronunciadas de ofício pelo juiz (art. 219, § 5.º, do antigo CPC e art. 210 do CC; art. 487, II, do Novo CPC). (OAB/Exame XXXIV) Jorge foi atropelado por Vitor, em 02/02/2016. Em razão desse evento, Jorge sofreu danos morais, materiais e estéticos, os quais surgiram e foram percebidos por ele imediatamente após o acidente. Tempos depois, em 31/01/2021, Jorge procurou você, como advogado(a), e disse que pretendia ajuizar uma ação de reparação contra Vitor. Sobre a hipótese apresentada, você deverá informar para Jorge que (A) o prazo prescricional da pretensão de reparação civil extracontratual é de 10 (dez) anos. (B) a pretensão está prescrita, tendo em vista o prazo de 3 (três) anos ao qual se vincula a pretensão de reparação civil extracontratual. (C) a pretensão está prestes a ser fulminada pela prescrição, uma vez que a pretensão de reparação civil extracontratual prescreve Gabarito “B” em 5 (cinco) anos. (D) houve prescrição apenas da pretensão de demandar a seguradora da qual Vitor é segurado, mas que permanece viável a pretensão de reparação civil extracontratual, por seu prazo de 10 (dez) anos. A: incorreta, pois o prazo para reparação civil é de 3 anos, uma vez que a Lei traz essa disposição expressa (art. 206, § 3º, V CC); B: correta (art. 206, § 3º, V CC); C: incorreta, pois a pretensão por reparação civil prescreve em 3 anos (art. 206, § 3º, V CC); D: incorreta, pois tanto a pretensão contra a seguradora está prescrita (art. 206, § 1º, II, a CC) como a pretensão à reparação civil (art. 206, §3º, V CC). 2.6. PROVAS (OAB/Exame Unificado – 2013.2) A escritura pública, lavrada em notas de tabelião, é documento dotado de fé pública, notadamente no que tange ao fato de o ato de declaração ter sido praticado na presença do tabelião e ter sido feita sua regular anotação em assentos próprios, o que não importa na veracidade quanto ao conteúdo declarado. A respeito desse tema, assinale a afirmativa correta. (A) Aos cônjuges ou à entidade familiar é vedado destinar parte do seu patrimônio para instituir bem de família por escritura pública, cuja forma legal exige testamento. (B) A escritura pública é essencial para a validade do pacto antenupcial, devendo ser declarado nulo se não atender à forma Gabarito “B” exigida por lei. (C) A partilha amigável entre herdeiros capazes será feita por termo nos autos do inventário ou por escritura pública, não se admitindo escrito particular, ainda que homologado pelo Juiz. (D) A doação será realizada por meio de escritura pública ou instrumento particular, não tendo validade a doação verbal, tendo em vista ser expressamente vedada pela norma. A: incorreta, pois é possível instituir bem de família por escritura pública (art. 1.711, caput, do CC); B: correta (art. 1.653 do CC); C: incorreta, pois tal partilha também pode ser feita por escrito particular, homologado pelo juiz (art. 2.015 do CC); D: incorreta, pois a doação verbal será válida, se, versando sobre bens móveis e de pequeno valor, se lhe seguir incontinenti a tradição (art. 541, parágrafo único, do CC). 3. OBRIGAÇÕES 3.1. INTRODUÇÃO, CLASSIFICAÇÃO E MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES (OAB/Exame Unificado – 2017.3) André, Mariana e Renata pegaram um automóvel emprestado com Flávio, comprometendo-se solidariamente a devolvê-lo em quinze dias. Ocorre que Renata, dirigindo acima do limite de velocidade, causou um acidente que levou à destruição total do veículo. Gabarito “B” Assinale a opção que apresenta os direitos que Flávio tem diante dos três. (A) Pode exigir, de qualquer dos três, o equivalente pecuniário do carro, mais perdas e danos. (B) Pode exigir, de qualquer dos três, o equivalente pecuniário do carro, mas só pode exigir perdas e danos de Renata. (C) Pode exigir, de cada um dos três, um terço do equivalente pecuniário do carro e das perdas e danos. (D) Pode exigir, de cada um dos três, um terço do equivalente pecuniário do carro, mas só pode exigir perdas e danos de Renata. A questão é interessante, pois demonstra como a solidariedade é um vínculo entre as pessoas de um mesmo polo obrigacional, não importando o objeto devido. A perda do carro (objeto devido) não afeta em nada a solidariedade passiva entre os diversos devedores, os quais continuam responsáveis pela totalidade do débito. Contudo, pelas perdas e danos adicionais (para além do valor do carro), somente o culpado responderá. É o que se depreende da regra estabelecida pelo art. 279 do Código Civil, segundo o qual: “Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o culpado”. GN (OAB/Exame Unificado – 2018.1) Arlindo, proprietário da vaca Malhada, vendeu-a a seu vizinho, Lauro. Celebraram, em 10 de janeiro de 2018, um contrato de compra e venda, pelo qual Arlindo deveria receber do comprador a quantia de R$ 2.500,00, no momento da entrega do animal, agendada para um mês após a celebração do Gabarito “B” contrato. Nesse interregno, contudo, para surpresa de Arlindo, Malhada pariu dois bezerros. Sobre os fatos narrados, assinale a afirmativa correta. (A) Os bezerros pertencem a Arlindo. (B) Os bezerros pertencem a Lauro. (C) Um bezerro pertence a Arlindo e o outro, a Lauro. (D) Deverá ser feito um sorteio para definir a quem pertencem os bezerros. A: correta, pois,até a tradição, “pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos” (CC, art. 237); B: incorreta, pois Lauro ainda não era proprietário do bem, sendo a entrega do bem a linha fronteiriça que marca a transferência da propriedade móvel (CC, art. 1.267); C: incorreta, pois tal divisão não encontra respaldo legal; D: incorreta, pois tal sorteio não tem previsão legal. GN (OAB/Exame Unificado – 2018.2) Paula é credora de uma dívida de R$ 900.000,00 assumida solidariamente por Marcos, Vera, Teresa, Mirna, Júlio, Simone, Úrsula, Nestor e Pedro, em razão de mútuo que a todos aproveita. Antes do vencimento da dívida, Paula exonera Vera e Mirna da solidariedade, por serem amigas de longa data. Dois meses antes da data de vencimento, Júlio, em razão da perda de seu emprego, de onde provinha todo o sustento de sua família, cai em insolvência. Ultrapassada a data de vencimento, Paula decide cobrar a dívida. Sobre a hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta. Gabarito “A” (A) Vera e Mirna não podem ser exoneradas da solidariedade, eis que o nosso ordenamento jurídico não permite renunciar a solidariedade de somente alguns dos devedores. (B) Se Marcos for cobrado por Paula, deverá efetuar o pagamento integral da dívida e, posteriormente, poderá cobrar dos demais as suas quotas-partes. A parte de Júlio será rateada entre todos os devedores solidários, inclusive Vera e Mirna. (C) Se Simone for cobrada por Paula deverá efetuar o pagamento integral da dívida e, posteriormente, poderá cobrar dos demais as suas quotas-partes, inclusive Júlio. (D) Se Mirna for cobrada por Paula, deverá efetuar o pagamento integral da dívida e, posteriormente, poderá cobrar as quotas- partes dos demais. A parte de Júlio será rateada entre todos os devedores solidários, com exceção de Vera. A: incorreta, pois “O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os devedores”(CC, art. 282); B: correta, pois Paula tem o direito de cobrar a integralidade do débito de Marcos, o qual terá regresso contra os demais codevedores solidários. A parte de eventual insolvente (Júlio) será dividida entre todos os devedores solidários, inclusive aqueles anteriormente exonerados pelo credor (CC, art. 283); C: incorreta no que se refere ao regresso, pois Júlio é insolvente e sua quota será dividida entre todos os codevedores (CC, art. 283); D: incorreta no que se refere à cobrança integral de Mirna, a qual foi exonerada da solidariedade e, como consequência lógica, só pode ser cobrada pela sua quota- parte. GN Gabarito “B” (OAB/Exame Unificado – 2018.2) Lúcio, comodante, celebrou contrato de comodato com Pedro, comodatário, no dia 1º de outubro de 2016, pelo prazo de dois meses. O objeto era um carro da marca Y no valor de R$ 30.000,00. A devolução do bem deveria ser feita na cidade Alfa, domicílio do comodante, em 1º de dezembro de 2016. Pedro, no entanto, não devolveu o bem na data marcada e resolveu viajar com amigos para o litoral até a virada do ano. Em 1º de janeiro de 2017, desabou um violento temporal sobre a cidade Alfa, e Pedro, ao voltar da viagem, encontra o carro destruído. Com base nos fatos narrados, sobre a posição de Lúcio, assinale a afirmativa correta. (A) Fará jus a perdas e danos, visto que Pedro não devolveu o carro na data prevista. (B) Nada receberá, pois o perecimento se deu em razão de fato fortuito ou de força maior. (C) Não terá direito a perdas e danos, pois cedeu o uso do bem a Pedro. (D) Receberá 50% do valor do bem, pois, por fato inimputável a Pedro, o bem não foi devolvido. A questão envolve a obrigação de “restituir coisa certa”, na hipótese, o carro da marca Y. Se ainda estivéssemos dentro do prazo do empréstimo (por exemplo: no dia 1° de novembro), a perda da coisa sem culpa de Pedro extinguiria a obrigação, ou seja, Pedro não iria ter que pagar nada a Lúcio (CC, art. 238). Contudo, existe um elemento adicional na questão. Pedro estava em mora, pois não devolveu o bem na data, lugar e forma combinada. Com isso, amplia-se a responsabilidade do devedor e uma das consequências é justamente torná-lo responsável pela perda da coisa, mesmo na hipótese de fortuito ou força maior (CC, art. 399). Com isso, a única alternativa que obedece aos termos da lei é a alternativa A. GN (OAB/Exame Unificado – 2016.3) Felipe e Ana, casal de namorados, celebraram contrato de compra e venda com Armando, vendedor, cujo objeto era um carro no valor de R$ 30.000,00, a ser pago em 10 parcelas de R$ 3.000,00, a partir de 1º de agosto de 2016. Em outubro de 2016, Felipe terminou o namoro com Ana. Em novembro, nem Felipe nem Ana realizaram o pagamento da parcela do carro adquirido de Armando. Felipe achava que a responsabilidade era de Ana, pois o carro tinha sido presente pelo seu aniversário. Ana, por sua vez, acreditava que, como Felipe ficou com o carro, não estava mais obrigada a pagar nada, já que ele terminara o relacionamento. Armando procura seu(sua) advogado(a), que o orienta a cobrar: (A) a totalidade da dívida de Ana. (B) a integralidade do débito de Felipe. (C) metade de cada comprador. (D) a dívida de Felipe ou de Ana, pois há solidariedade passiva. A: incorreta, pois não é possível cobrar a totalidade da dívida de Ana, tendo em vista que não se pactuou a solidariedade passiva entre os devedores (CC, art. 265); B: incorreta, pois Felipe é apenas devedor de metade do valor (CC, art. 257); C: correta, pois trata-se de típica obrigação divisível. Segundo o art. 257 do Código Civil: “Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e Gabarito “A” distintas, quantos os credores ou devedores”; D: incorreta, pois não foi estabelecida tal solidariedade e no nosso sistema ela só incidirá caso haja previsão legal ou contratual nesse sentido. GN (OAB/Exame Unificado – 2017.1) Antônio, vendedor, celebrou contrato de compra e venda com Joaquim, comprador, no dia 1º de setembro de 2016, cujo objeto era um carro da marca X no valor de R$ 20.000,00, sendo o pagamento efetuado à vista na data de assinatura do contrato. Ficou estabelecido ainda que a entrega do bem seria feita 30 dias depois, em 1º de outubro de 2016, na cidade do Rio de Janeiro, domicílio do vendedor. Contudo, no dia 25 de setembro, uma chuva torrencial inundou diversos bairros da cidade e o carro foi destruído pela enchente, com perda total. Considerando a descrição dos fatos, Joaquim: (A) não faz jus à devolução do pagamento de R$ 20.000,00. (B) terá direito à devolução de 50% do valor, tendo em vista que Antônio, vendedor, não teve culpa. (C) terá direito à devolução de 50% do valor, tendo em vista que Antônio, vendedor, teve culpa. (D) terá direito à devolução de 100% do valor, pois ainda não havia ocorrido a tradição no momento do perecimento do bem. A: incorreta, pois o dono do bem ainda era Antônio, tendo em vista que a tradição não havia ocorrido (CC, art. 1.267). Logo, é o dono que sofre o prejuízo pela perda e Joaquim terá direito de ressarcimento integral; B: incorreta, pois não existe tal previsão no ordenamento jurídico; C: incorreta, pois tal solução legal não encontra amparo na lei civil brasileira; D: correta, pois é a tradição Gabarito “C” que transfere a propriedade. Como ela não havia ocorrido, o dono ainda é Antônio, que responderá pela perda. GN (OAB/Exame Unificado – 2016.2) Paulo, João e Pedro, mutuários, contraíram empréstimo com Fernando, mutuante, tornando-se, assim, devedores solidários do valor total de R$ 6.000,00 (seis mil reais). Fernando, muito amigo de Paulo, exonerou-o da solidariedade. João, por sua vez, tornou-se insolvente. No dia do vencimento da dívida, Pedro pagou integralmente o empréstimo. Considerando a hipótese narrada, assinale a afirmativa correta. (A) Pedro não poderá regredir contra Paulo para que participe do rateio do quinhão de João, pois Fernando o exonerou da solidariedade. (B) Apesar da exoneração da solidariedade, Pedro pode cobrar de Paulo o valor de R$ 3.000,00 (três mil reais). (C) Ao pagar integralmente a dívida, Pedro se sub-roga nos direitos de Fernando, permitindo-se que cobre a integralidade da dívida dos demais devedores. (D) Pedro deveria ter pago a Fernando apenas R$ 2.000,00 (dois mil reais), pois a exoneração da solidariedade em relação a Paulo importa, necessariamente, a exoneração da solidariedade em relação a todos os codevedores. A: incorreta, pois a exoneração da solidariedade de Paulo apenas impede que Fernando cobre a dívida por inteiro somente de Paulo, não fazendo com que Paulo deixe de ser responsável pela dívida, nem fazendo com que este tenha que ressarcir o devedor que tenha pago a dívida, no que lhe couber; B: correta, pois a exoneração da Gabarito “D” solidariedade de Paulo apenas impede que Fernando cobre a dívida por inteiro somente de Paulo, não fazendo com que Paulo deixe de ser responsável pela dívida, nem fazendo com que este tenha que ressarcir o devedor que tenha pago a dívida, no que lhe couber, sendo que, no caso, por ter um dos devedores ter se tornado insolvente, a dívida fica rateada apenas entre Paulo e Pedro, de modo que Paulo tem que ressarcir Pedro em metade do valor da dívida, no caso em R$ 3 mil (arts. 283 e 284 do CC); C e D: incorretas, pois, por haver um devedor insolvente, a dívida fica rateada apenas entre Paulo e Pedro, de modo que Paulo tem que ressarcir Pedro em metade do valor da dívida, no caso em R$ 3 mil, sendo que a exoneração da solidariedade de Paulo apenas impede que Fernando cobre a dívida por inteiro somente de Paulo, não fazendo com que Paulo deixe de ser responsável pela dívida, nem fazendo com que este tenha que ressarcir o devedor que tenha pago a dívida, no que lhe couber (arts. 283 e 284 do CC). (OAB/Exame Unificado – 2016.1) No dia 2 de agosto de 2014, Teresa celebrou contrato de compra e venda com Carla, com quem seobrigou a entregar 50 computadores ou 50 impressoras, no dia 20 de setembro de 2015. O contrato foi silente sobre quem deveria realizar a escolha do bem a ser entregue. Sobre os fatos narrados, assinale a afirmativa correta. (A) Trata-se de obrigação facultativa, uma vez que Carla tem a faculdade de escolher qual das prestações entregará a Teresa. (B) Como se trata de obrigação alternativa, Teresa pode se liberar da obrigação entregando 50 computadores ou 50 impressoras, à Gabarito “B” sua escolha, uma vez que o contrato não atribuiu a escolha ao credor. (C) Se a escolha da prestação a ser entregue cabe a Teresa, ela poderá optar por entregar a Carla 25 computadores e 25 impressoras. (D) Se, por culpa de Teresa, não se puder cumprir nenhuma das prestações, não competindo a Carla a escolha, ficará aquela obrigada a pagar somente os lucros cessantes. A: incorreta, pois o instituto no caso é o da “obrigação alternativa” (art. 252, caput, do CC); B: correta (art. 252, caput, do CC); C: incorreta, pois se o contrato está claro a estabelece a quantidade de 50 unidades de cada uma das coisas, esse número obviamente tem que ser respeitado pelo devedor; D: incorreta, pois nesse caso Teresa ficará obrigada a pagar o valor da coisa que por último se impossibilitou, mais as perdas e danos que o caso determinar (art. 254 do CC). (OAB/Exame Unificado – 2016.1) A peça Liberdade, do famoso escultor Lúcio, foi vendida para a Galeria da Vinci pela importância de R$ 100.000,00 (cem mil reais). Ele se comprometeu a entregar a obra dez dias após o recebimento da quantia estabelecida, que foi paga à vista. A galeria organizou, então, uma grande exposição, na qual a principal atração seria a escultura Liberdade. No dia ajustado, quando dirigia seu carro para fazer a entrega, Lúcio avançou o sinal, colidiu com outro veículo, e a obra foi completamente destruída. O anúncio pela galeria de que a peça não seria mais exposta fez com que diversas pessoas exercessem o direito de restituição dos valores Gabarito “B” pagos a título de ingresso. Sobre os fatos narrados, assinale a afirmativa correta. (A) Lúcio deverá entregar outra obra de seu acervo à escolha da Galeria da Vinci, em substituição à escultura Liberdade. (B) A Galeria da Vinci poderá cobrar de Lúcio o equivalente pecuniário da escultura Liberdade mais o prejuízo decorrente da devolução do valor dos ingressos relativos à exposição. (C) Por se tratar de obrigação de fazer infungível, a Galeria da Vinci não poderá mandar executar a prestação às expensas de Lúcio, restando-lhe pleitear perdas e danos. (D) Com o pagamento do preço, transferiu-se a propriedade da escultura para a Galeria da Vinci, razão pela qual ela deve suportar o prejuízo pela perda do bem. A: incorreta, pois a obrigação é de entregar coisa certa, que não pode, assim, ser substituída por outra, ficando resolvida a obrigação (art. 234 do CC); B: correta, pois, como a coisa certa se perdeu por culpa do devedor e este ainda não havia feito a sua entrega (tradição), o devedor responderá pelo valor da coisa (R$ 100 mil), mais perdas e danos, que no caso consiste ao menos na devolução do valor dos ingressos relativos à exposição, tudo na forma do art. 234 do CC; C: incorreta, pois a obrigação em questão é de “dar coisa certa” (art. 233 do CC); D: incorreta, pois na obrigação de dar coisa certa enquanto não houver a tradição o risco pela perda da coisa é do vendedor (art. 234 do CC). (OAB/Exame Unificado – 2015.3) Joana e suas quatro irmãs, para comemorar as bodas de ouro de seus pais, contrataram Ricardo para Gabarito “B” organizar a festa. No contrato ficou acordado que as cinco irmãs arcariam solidariamente com todos os gastos. Ricardo, ao requerer o sinal de pagamento, previamente estipulado no contrato, não obteve sucesso, pois cada uma das irmãs informava que a outra tinha ficado responsável pelo pagamento. Ainda assim, Ricardo cumpriu sua parte do acordado. Ao final da festa, Ricardo foi até Joana para cobrar pelo serviço, sem sucesso. Sobre a situação apresentada, assinale a afirmativa correta. (A) Se Ricardo resolver ajuizar demanda em face somente de Joana, as outras irmãs, ainda assim, permanecerão responsáveis pelo débito. (B) Se Joana pagar o preço total do serviço sozinha, poderá cobrar das outras, ficando sem receber se uma delas se tornar insolvente. (C) Se uma das irmãs de Joana falecer deixando dois filhos, qualquer um deles deverá arcar com o total da parte de sua mãe. (D) Ricardo deve cobrar de cada irmã a sua quota-parte para receber o total do serviço, uma vez que se trata de obrigação divisível. A: correta; o fato de haver obrigação solidária das irmãs permite que Ricardo cobre a totalidade da dívida apenas de uma das devedoras (no caso, Joana), mas as demais devedoras continuarão responsáveis pela dívida; a consequência prática disso é que se Ricardo somente conseguir que Joana pague uma parte da dívida, nada impede que acione as demais irmãs para cobrar o restante (art. 275, caput, do CC); B: incorreta, pois em relação à cota da irmã insolvente, esta será dividida igualmente por todas as devedoras, na forma do art. 283 do CC; C: incorreta, pois nesse caso nenhum dos dois herdeiros da devedora solidária falecida será obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível, mas esses dois herdeiros reunidos serão considerados como um devedor solidário em relação às demais irmãs devedoras (art. 276 do CC); D: incorreta, pois havendo solidariedade passiva o credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum (art. 275, caput, do CC). (OAB/Exame Unificado – 2015.2) Gilvan (devedor) contrai empréstimo com Haroldo (credor) para o pagamento com juros do valor do mútuo no montante de R$ 10.000,00. Para facilitar a percepção do crédito, a parte do polo ativo obrigacional ainda facultou, no instrumento contratual firmado, o pagamento do montante no termo avençado ou a entrega do único cavalo da raça manga larga marchador da fazenda, conforme escolha a ser feita pelo devedor. Ante os fatos narrados, assinale a afirmativa correta. (A) Trata-se de obrigação alternativa. (B) Cuida-se de obrigação de solidariedade em que ambas as prestações são infungíveis. (C) Acaso o animal morra antes da concentração, extingue-se a obrigação. (D) O contrato é eivado de nulidade, eis que a escolha da prestação cabe ao credor. A: correta, pois quando o devedor poder escolher, entre opções previstas no contrato, qual obrigação deseja cumprir, no âmbito das opções contratuais, tem-se a chamada obrigação alternativa (art. 252, caput, do CC); B: incorreta, pois a questão não trata da solidariedade, pois não há referência à pluralidade de credores ou Gabarito “A” devedores solidários no enunciado; C: incorreta, pois nesse caso subsiste a outra obrigação que é alternativa (art. 253 do CC); D: incorreta, pois na obrigação alternativa, regulamentada na lei (art. 252 do CC) a escolha caberá ao devedor. (OAB/Exame Unificado – 2014.1) Ary celebrou contrato de compra e venda de imóvel com Laurindo e, mesmo sem a devida declaração negativa de débitos condominiais, conseguiu registrar o bem em seu nome. Ocorre que, no mês seguinte à sua mudança, Ary foi surpreendido com a cobrança de três meses de cotas condominiais em atraso. Inconformado com a situação, Ary tentou, sem sucesso, entrar em contato com o vendedor, para que este arcasse com os mencionados valores. De acordo com as regras concernentes ao direito obrigacional, assinale a opção correta. (A) Perante o condomínio, Laurindo deverá arcar com o pagamento das cotas em atraso, pois cabe ao vendedor solver todos os débitos que gravem o imóvel até o momento da tradição, entregando-o livre e desembargado. (B) Perante o condomínio, Ary deverá arcar com o pagamento das cotas em atraso, pois se trata de obrigação subsidiária, já que o vendedor não foi encontrado,cabendo ação in rem verso, quando este for localizado. (C) Perante o condomínio, Laurindo deverá arcar com o pagamento das cotas em atraso, pois se trata de obrigação com eficácia real, uma vez que Ary ainda não possui direito real sobre a coisa. Gabarito “A” (D) Perante o condomínio, Ary deverá arcar com o pagamento das cotas em atraso, pois se trata de obrigação propter rem, entendida como aquela que está a cargo daquele que possui o direito real sobre a coisa e, comprovadamente, imitido na posse do imóvel adquirido. A: incorreta, pois por tratar-se de obrigação propter rem o débito acompanha a coisa, de modo que a responsabilidade pela pagamento é de Ary, e não mais de Laurindo (art. 1.315 do CC); B: incorreta, pois Ary é o responsável direto pelo pagamento da dívida frente ao condomínio, ficando sujeito ao seu pagamento, não havendo que se falar em ação in rem verso contra Laurindo (art. 1.325 do CC); C: incorreta, pois Ary deverá arcar com o pagamento das cotas, uma vez que já possui direito real sobre a coisa, pois o bem já está registrado em seu nome (art. 1.245, caput, do CC); D: correta, pois de fato trata-se de uma obrigação propter rem, a qual sujeita o seu titular a arcar com todas as pendências que recaírem sobre a coisa. (OAB/Exame Unificado – 2010.3) Maria celebrou contrato de compra e venda do carro da marca X com Pedro, pagando um sinal de R$ 10.000,00. No dia da entrega do veículo, a garagem de Pedro foi invadida por bandidos, que furtaram o referido carro. A respeito da situação narrada, assinale a alternativa correta. (A) Pedro poderá entregar outro veículo no lugar no automóvel furtado. (B) Maria poderá exigir a entrega de outro carro. Gabarito “D” (C) Haverá resolução do contrato pela falta superveniente do objeto, sendo restituído o valor já pago por Maria. (D) Não haverá resolução do contrato, pois Pedro pode alegar caso fortuito. O caso envolve o instituto da “obrigação de dar coisa certa”, regulamentado nos arts. 233 e seguintes do CC. O fato é que a coisa (carro) se perdeu antes da tradição (entrega), sem que houvesse culpa do devedor (Pedro), de modo que incide o disposto no art. 234 do CC, pelo qual fica resolvida a obrigação, ou seja, fica resolvido o contrato. Dessa forma, Pedro deverá devolver (restituir) o valor pago por Maria, a fim de que não haja enriquecimento ilícito. Vale lembrar, também, da máxima pela qual “a coisa perece para o dono”. Nesse sentido, como Pedro ainda era dono da coisa, já que a propriedade de um bem móvel só se transfere com a tradição (a entrega), ele não poderá ficar com a quantia recebida de Maria. (OAB/Exame Unificado – 2010.3) João deverá entregar quatro cavalos da raça X ou quatro éguas da raça X a José. O credor, no momento do adimplemento da obrigação, exige a entrega de dois cavalos da raça X e de duas éguas da raça X. Nesse caso, é correto afirmar que as prestações: (A) facultativas são inconciliáveis, quando a escolha couber ao credor. (B) facultativas são conciliáveis, quando a escolha couber ao credor. (C) alternativas são inconciliáveis, havendo indivisibilidade quanto à escolha. Gabarito “C” (D) alternativas são conciliáveis, havendo divisibilidade quanto à escolha. O caso envolve o instituto das obrigações alternativas, regulamentado nos arts. 252 e seguintes do CC. Isso porque João (o devedor) poderia cumprir a obrigação de duas maneiras: a) entregando 4 cavalos da raça X; b) entregando 4 éguas da raça X. O enunciado deixa claro que João deve escolher entre apenas duas possibilidades. Ou cumpre do jeito “a” ou cumpre do jeito “b”. José (o credor) não poderia exigir que João cumprisse parte do jeito “a” e parte do jeito “b”. O art. 252, caput, do CC é claro ao dispor que compete ao devedor escolher qual das duas possibilidades de prestação pretende cumprir. E as duas possibilidades de prestação possíveis foram estipuladas de modo inconciliável (ou 4 cavalos ou 4 éguas), havendo indivisibilidade quanto à escolha, ou seja, não sendo possível dividir as prestações, executando parte de uma e parte de outra, como deseja o credor José. (OAB/Exame Unificado – 2010.2) Com relação ao regime da solidariedade passiva, é correto afirmar que: (A) cada herdeiro pode ser demandado pela dívida toda do devedor solidário falecido. (B) com a perda do objeto por culpa de um dos devedores solidários, a solidariedade subsiste no pagamento do equivalente pecuniário, mas pelas perdas e danos somente poderá ser demandado o culpado. (C) se houver atraso injustificado no cumprimento da obrigação por culpa de um dos devedores solidários, a solidariedade subsiste Gabarito “C” no pagamento do valor principal, mas pelos juros da mora somente poderá ser demandado o culpado. (D) as exceções podem ser aproveitadas por qualquer dos devedores solidários, ainda que sejam pessoais apenas a um deles. A: incorreta, pois, neste caso, nenhum dos herdeiros “será obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível” (art. 276 do CC); B: correta, nos termos do art. 279 do CC (“impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o culpado”); C: incorreta, pois todos os devedores irão responder pelos juros da mora, podendo, depois, os inocentes, cobrar tais juros do devedor culpado (art. 280 do CC); D: incorreta, pois, segundo o art. 281 do CC, “o devedor demandado pode opor ao credor as exceções que lhe forem pessoais e as comuns a todos; não lhe aproveitando as exceções pessoais a outro codevedor” (OAB/Exame Unificado – 2010.1) Acerca das obrigações de dar, fazer e não fazer, assinale a opção correta. (A) No caso de entrega de coisa incerta, se houver, antes da escolha, perda ou deterioração do bem, ainda que decorrente de caso fortuito ou força maior, a obrigação ficará resolvida para ambas as partes. (B) Em caso de obrigação facultativa, o perecimento da coisa devida não implica a liberação do devedor do vínculo obrigacional, podendo-se dele exigir a realização da obrigação devida. (C) É divisível a obrigação de prestação de coisa indeterminada. Gabarito “B” (D) Tratando-se de obrigação de entrega de coisa certa, a obrigação será extinta caso a coisa se perca sem culpa do devedor, antes da tradição ou mediante condição suspensiva. A: incorreta. Vide art. 246 do Código Civil. A respeito, assevera Senise que, tratando-se de entrega de coisa incerta, aplica-se “a regra genus non perit, ou seja, o gênero jamais perece, quando houver ilimitação de sua quantidade para que o devedor dele disponha em prol do credor (gennus ilimitatum). (...) antes da escolha, o devedor não poderá alegar a perda ou a deterioração do bem, mesmo sob o fundamento da ocorrência de força maior ou de caso fortuito, porque, como lembra Sílvio Rodrigues, não se pode cogitar de riscos sobre uma coisa indicada tão somente pelo gênero (gennus non perit), porém ainda não indicada mediante a concentração” (Roberto Senise Lisboa. Manual de direito civil. V. 2: direito das obrigações e responsabilidade civil. 4. ed., São Paulo: Saraiva, 2009, p. 90); B: incorreta. Assevera Senise que “obrigação facultativa, também denominada obrigação com faculdade alternativa, é aquela conferida por lei ao devedor, caso ele não tenha condições de cumprir a obrigação pactuada com o credor. (...) As principais regras da obrigação facultativa são:(...) c) o perecimento da coisa devida importa na liberação do devedor do vínculo obrigacional, não se podendo dele exigir a realização da obrigação facultativa” (Idem, ibidem, p. 102); C: incorreta. Proclama Senise que “obrigação divisível é aquela que pode ser cumprida parcialmente, pois se torna possível o fracionamento da prestação até a completa satisfação dos interesses do credor”. Por outro lado, esclarece que obrigação indivisível é aquela que somente pode ser cumprida na sua integralidade, ante a impossibilidade de fracionamentoda prestação. “São indivisíveis por lei, entre outras, as dívidas: (...) e) de coisa indeterminada, por faltar-lhe a indicação precisa pela parte interessada” (Idem, ibidem, p. 106); D: correta. Vide art. 234 do Código Civil. A respeito, assinala Senise que “as principais regras da obrigação de dar coisa certa são: (...) f) Se a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição ou mediante condição suspensiva, a obrigação será extinta” (Idem, ibidem, p. 88). (OAB/Exame Unificado – 2020.1) Jacira mora em um apartamento alugado, sendo a locação garantida por fiança prestada por seu pai, José. Certa vez, Jacira conversava com sua irmã Laura acerca de suas dificuldades financeiras, e declarou que temia não ser capaz de pagar o próximo aluguel do imóvel. Compadecida da situação da irmã, Laura procurou o locador do imóvel e, na data de vencimento do aluguel, pagou, em nome próprio, o valor devido por Jacira, sem oposição desta. Nesse cenário, em relação ao débito do aluguel daquele mês, assinale a afirmativa correta. (A) Laura, como terceira interessada, sub-rogou-se em todos os direitos que o locador tinha em face de Jacira, inclusive a garantia fidejussória. (B) Laura, como terceira não interessada, tem apenas direito de regresso em face de Jacira. (C) Laura, como devedora solidária, sub-rogou-se nos direitos que o locador tinha em face de Jacira, mas não quanto à garantia fidejussória. (D) Laura, tendo realizado mera liberalidade, não tem qualquer direito em face de Jacira. Gabarito “D” A: incorreta, pois Laura é terceira não interessada. Pagou por mera liberalidade, logo não se sub-roga nos direitos do credor (art. 305, caput CC); B: correta (art. 305, caput CC); C: incorreta, pois Laura não é devedora solidária, mas sim terceira não interessada, afinal, não tinha nenhum vínculo contratual de locação com o locador. Ao pagar a dívida de Jacira, Laura não se sub-roga em nenhum dos direitos do credor, mas apenas tem direito de regresso contra Jacira (art. 305, caput CC); D: incorreta, pois Laura tem direto de regresso contra Jacira (art. 305, caput CC). (OAB/Exame Unificado – 2020.2) Érico é amigo de Astolfo, famoso colecionador de obras de arte. Érico, que está abrindo uma galeria de arte, perguntou se Astolfo aceitaria locar uma das pinturas de seu acervo para ser exibida na grande noite de abertura, como forma de atrair mais visitantes. Astolfo prontamente aceitou a proposta, e ambos celebraram o contrato de locação da obra, tendo Érico se obrigado a restituí-la já no dia seguinte ao da inauguração. O aluguel, fixado em parcela única, foi pago imediatamente na data de celebração do contrato. A abertura da galeria foi um grande sucesso, e Érico, assoberbado de trabalho nos dias que se seguiram, não providenciou a devolução da obra de arte para Astolfo. Embora a galeria dispusesse de moderna estrutura de segurança, cerca de uma semana após a inauguração, Diego, estudante universitário, invadiu o local e vandalizou todas as obras de arte ali expostas, destruindo por completo a pintura que fora cedida por Astolfo. As câmeras de segurança possibilitaram a pronta identificação do vândalo. Gabarito “B” De acordo com o caso narrado, assinale a afirmativa correta. (A) Érico tem o dever de indenizar Astolfo, integralmente, pelos prejuízos sofridos em decorrência da destruição da pintura. (B) Érico não pode ser obrigado a indenizar Astolfo pelos prejuízos decorrentes da destruição da pintura porque Diego, o causador do dano, foi prontamente identificado. (C) Érico não pode ser obrigado a indenizar Astolfo pelos prejuízos decorrentes da destruição da pintura porque adotou todas as medidas de segurança necessárias para proteger a obra de arte. (D) Érico somente estará obrigado a indenizar Astolfo se restar comprovado que colaborou, em alguma medida, para que Diego realizasse os atos de vandalismo. A: correta (art. 239 CC). Trata-se de obrigação de restituir coisa certa, que pereceu por culpa do devedor, afinal, Érico não devolveu a pintura no prazo, logo, a responsabilidade pelo dano é sua; B: incorreta, pois Érico estava inadimplente no contrato de locação da pintura, uma vez que o prazo de restituição não foi respeitado. Logo, ele é quem deve arcar com os ônus de sua demora (art. 239 CC). Diego também poderá sofrer sanções, mas elas não excluem a responsabilidade de Érico; C: incorreta, pois ainda que Érico tenha adotado todas as medidas necessárias sua obrigação de indenizar se dá por motivo diverso, isto é, a não restituição da coisa no prazo contratado. Logo, ele assume o ônus dos danos da coisa (art. 239 CC). D: incorreta, pois o dever de indenizar neste caso é um dever legal que independe a comprovação de culpa. Em decorrência do descumprimento contratual a própria lei já fixa as consequências no caso de dano da coisa (art. 239 CC). GR Ã Ã Gabarito “A” 3.2. TRANSMISSÃO, ADIMPLEMENTOS E EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES (OAB/Exame Unificado – 2018.1) Em 05 de dezembro de 2016, Sérgio, mediante contrato de compra e venda, adquiriu de Fernando um computador seminovo (ano 2014) da marca Massa pelo valor de R$ 5.000,00. O pagamento foi integralizado à vista, no mesmo dia, e foi previsto no contrato que o bem seria entregue em até um mês, devendo Fernando contatar Sérgio, por telefone, para que este buscasse o computador em sua casa. No contrato, também foi prevista multa de R$ 500,00 caso o bem não fosse entregue no prazo combinado. Em 06 de janeiro de 2017, Sérgio, muito ansioso, ligou para Fernando perguntando pelo computador, mas teve como resposta que o atraso na entrega se deu porque a irmã de Fernando, Ana, que iria trazer um computador novo para ele do exterior, tinha perdido o voo e só chegaria após uma semana. Por tal razão, Fernando ainda dependia do computador antigo para trabalhar e não poderia entregá-lo de imediato a Sérgio. Acerca dos fatos narrados, assinale a afirmativa correta. (A) Sérgio poderá exigir de Fernando a execução específica da obrigação (entrega do bem) ou a cláusula penal de R$ 500,00, não podendo ser cumulada a multa com a obrigação principal. (B) Sérgio poderá exigir de Fernando a execução específica da obrigação (entrega do bem) simultaneamente à multa de R$ 500,00, tendo em vista ser cláusula penal moratória. (C) Sérgio somente poderá exigir de Fernando a execução específica da obrigação (entrega do bem), não a multa, pois o atraso foi por culpa de terceiro (Ana), e não de Fernando. (D) Sérgio somente poderá exigir de Fernando a cláusula penal de R$ 500,00, não a execução específica da obrigação (entrega do bem), que depende de terceiro (Ana). A multa de R$ 500 convencionada pelas partes é uma típica cláusula penal moratória, a qual tem como objetivo estimular a execução pontual e correta da obrigação contratual. Geralmente de valor bem inferior à obrigação principal, ela refere-se à inexecução “de alguma cláusula especial ou simplesmente à mora” (CC, art. 409); nesse caso, “terá o credor o arbítrio de exigir a satisfação da pena cominada, juntamente com o desempenho da obrigação principal” (CC, art. 411). GN (OAB/Exame Unificado – 2013.3) Bruno cedeu a Fábio um crédito representado em título, no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), que possuía com Caio. Considerando a hipótese acima e as regras sobre cessão de crédito, assinale a afirmativa correta. (A) Caio não poderá opor a Fábio a exceção de dívida prescrita que, no momento em que veio a ter conhecimento da cessão, tinha contra Bruno, em virtude da preclusão. (B) Caso Fábio tenha cedido o crédito recebido de Bruno a Mário e este, posteriormente, ceda o crédito a Júlio, prevalecerá a cessão de crédito que se completar com a tradição do título cedido. (C) Bruno, ao ceder a Fábio crédito a título oneroso, não ficará responsável pela existência do crédito ao tempo em que cedeu, salvo por expressa garantia. Gabarito “B” (D) Conforme regra geral disposta no Código Civil, Bruno será obrigado a pagar a Fábio ovalor correspondente ao crédito, caso Caio torne-se insolvente. A: incorreta, pois Caio poderá opor a Fábio a exceção de dívida prescrita que, no momento em que veio a ter conhecimento da cessão, tinha contra Bruno (art. 294 do CC). Logo, não há que se falar em preclusão; B: correta (art. 291 do CC); C: incorreta, pois pelo fato da cessão ser onerosa, Bruno, ainda que não se responsabilize ficará responsável pela existência do crédito com relação à Fábio ao tempo em que lhe cedeu (art. 295 do CC); D: incorreta, pois em regra o cedente não responde pela solvência do devedor. Apenas será responsável se houver estipulação em contrário (art. 296 do CC). (OAB/Exame Unificado – 2014.1) A transmissibilidade de obrigações pode ser realizada por meio do ato denominado cessão, por meio da qual o credor transfere seus direitos na relação obrigacional a outrem, fazendo surgir as figuras jurídicas do cedente e do cessionário. Constituída essa nova relação obrigacional, é correto afirmar que (A) os acessórios da obrigação principal são abrangidos na cessão de crédito, salvo disposição em contrário. (B) o cedente responde pela solvência do devedor, não se admitindo disposição em contrário. (C) a transmissão de um crédito que não tenha sido celebrada única e exclusivamente por instrumento público é ineficaz em relação a terceiros. Gabarito “B” (D) o devedor não pode opor ao cessionário as exceções que tinha contra o cedente no momento em que veio a ter conhecimento da cessão. A: correta (art. 287 do CC); B: incorreta, pois, em regra, o cedente não responde pela solvência do devedor. Tal ocorrerá apenas se houver disposição em sentido contrário (art. 296 do CC); C: incorreta, pois também é ineficaz a perante terceiros a transmissão de um crédito realizada por instrumento particular sem as devidas solenidades do art. 654, § 1º do CC (art. 288 do CC); D: incorreta, pois o devedor pode opor ao cessionário as exceções que lhe competirem, bem como as que, no momento em que veio a ter conhecimento da cessão, tinha contra o cedente (art. 294 do CC) (OAB/Exame Unificado – 2014.2) João é locatário de um imóvel residencial de propriedade de Marcela, pagando mensalmente o aluguel por meio da entrega pessoal da quantia ajustada. O locatário tomou ciência do recente falecimento de Marcela ao ler “comunicação de falecimento” publicada pelos filhos maiores e capazes de Marcela, em jornal de grande circulação. Marcela, à época do falecimento, era viúva. Aproximando-se o dia de vencimento da obrigação contratual, João pretende quitar o valor ajustado. Todavia, não sabe a quem pagar e sequer tem conhecimento sobre a existência de inventário. De acordo com os dispositivos que regem as regras de pagamento, assinale a afirmativa correta. (A) João estará desobrigado do pagamento do aluguel desde a data do falecimento de Marcela. Gabarito “A” (B) João deverá proceder à imputação do pagamento, em sua integralidade, a qualquer dos filhos de Marcela, visto que são seus herdeiros. (C) João estará autorizado a consignar em pagamento o valor do aluguel aos filhos de Marcela. (D) João deverá utilizar-se da dação em pagamento para adimplir a obrigação junto aos filhos maiores de Marcela, estando estes obrigados a aceitar. A: incorreta, pois falecendo o locador, a obrigação se transmite aos herdeiros (art. 10 da Lei 8.245/1991). Logo, a obrigação de pagar não será extinta; B: incorreta, pois apenas fala-se em imputação ao pagamento na hipótese de haver dois ou mais débitos de mesma natureza com o mesmo credor e o devedor indica qual débito pretende quitar (art. 352 do CC). No caso em tela não temos duas dívidas, mas apenas uma; C: correta, pois uma vez que o credor é desconhecido, João pode consignar o pagamento em juízo (art. 335, III do CC); D: incorreta, pois a dação em pagamento é utilizada quando o devedor paga a dívida com prestação diversa da que é devida e o credor concede anuência para tanto (art. 356 do CC), de modo que essa hipótese não se aplica ao caso em tela. (OAB/Exame Unificado – 2012.3.B) José devia a Paulo a quantia de R$ 50 mil reais com vencimento em 05 de dezembro de 2012. Na data do pagamento, José, devido à falta de dinheiro, ofereceu um lote de sua propriedade, de igual valor da dívida, como substituição da prestação originária. Considerando a hipótese acima, assinale a afirmativa correta. Gabarito “C” (A) Caso Paulo aceite o lote dado por José como forma de pagamento, ocorrerá extinção da obrigação primitiva pelo adimplemento indireto na modalidade novação real. (B) Se José oferecesse um título de crédito ao invés do lote, essa transferência importaria em pagamento com sub-rogação. (C) Se Paulo for evicto do lote recebido em pagamento, a obrigação primitiva será restabelecida, ficando sem efeito a quitação dada, ressalvados os direitos de terceiros de boa-fé. (D) Caso Paulo aceite o bem imóvel oferecido por José, a transferência do lote poderá ser formalizada por escritura pública ou instrumento particular. A: incorreta, pois haverá extinção da obrigação por dação em pagamento (art. 356 do CC); B: incorreta, pois a transferência, nesse caso, importa em cessão e não em sub-rogação (art. 358 do CC); C: correta (art. 359 do CC); D: incorreta, pois negócios envolvendo direitos reais sobre imóveis com valor superior a 30 salários-mínimos devem ser feitos necessariamente por escritura pública, não cabendo escrito particular (art. 108 do CC). (OAB/Exame Unificado – 2012.3.A) Tiago celebrou com Ronaldo contrato de compra e venda de dez máquinas de costura importadas da China. Restou acordado que o pagamento se daria em trinta e seis prestações mensais e consecutivas com reajuste a cada doze meses conforme taxa Selic, a ser efetuado no domicílio do credor. O contrato estabeleceu, ainda, a incidência de juros moratórios, no importe de 2% (dois por cento) do valor da parcela em atraso, e cláusula penal, fixada em 10% (dez por cento) do valor do contrato, em caso de inadimplência. Após o pagamento de nove parcelas, Gabarito “C” Tiago foi surpreendido com a notificação extrajudicial enviada por Ronaldo, em que se comunicava um reajuste de 30% (trinta por cento) sobre o valor da última parcela paga sob o argumento de que ocorreu elevada desvalorização no câmbio. Tiago não concordou com o reajuste e ao tentar efetuar o pagamento da décima parcela com base no valor inicialmente ajustado teve o pagamento recusado por Ronaldo. Considerando o caso acima e as regras previstas no Código Civil, assinale a afirmativa correta. (A) Caso Tiago consigne o valor da décima parcela por meio de depósito judicial, poderá levantá-lo enquanto Ronaldo não informar o aceite ou não o impugnar, desde que pague todas as despesas. (B) Na hipótese de Tiago consignar judicialmente duas máquinas de costura com a finalidade de afastar a incidência dos encargos moratórios e da cláusula penal, este depósito será apto a liberá-lo da obrigação assumida. (C) O depósito consignatório realizado por Tiago em seu domicílio terá o poder liberatório do vínculo obrigacional, isentando-o do pagamento dos juros moratórios e da cláusula penal. (D) Tiago poderá depositar o valor referente à décima parcela sob o fundamento de injusta recusa, porém não poderá discutir, no âmbito da ação consignatória, a abusividade ou ilegalidade das cláusulas contratuais. A: correta (art. 338 do CC); B: incorreta, pois, para a consignação ter força de pagamento, deverá preencher todos os requisitos da obrigação, inclusive, o objeto do pagamento (art. 336 do CC), que, no caso, é o dinheiro e não as máquinas de costura; C: incorreta, pois o depósito deve se dar no lugar do pagamento e não no lugar do domicílio do devedor (art. 337 do CC); D: incorreta, pois, na ação consignatória, é possível, sim, fazer essa discussão, sendo, inclusive, comum a análise da abusividade ou ilegalidade de cláusulas contratuais quando há recusa do credor em receber o pagamento e o juiz precisa decidir se há ounão justa causa nessa recusa (art. 335, I, do CC). (OAB/Exame Unificado – 2012.2) Utilizando-se das regras afetas ao direito das obrigações, assinale a alternativa correta. (A) Quando o pagamento de boa-fé for efetuado ao credor putativo, somente será inválido se, em seguida, ficar demonstrado que não era credor. (B) Levando em consideração os elementos contidos na lei para o reconhecimento da onerosidade excessiva, é admissível assegurar que a regra se aplica às relações obrigacionais de execução diferida ou continuada. (C) Possui a quitação determinados requisitos que devem ser obrigatoriamente observados, tais como o valor da dívida, o nome do pagador, o tempo e o lugar do adimplemento, além da assinatura da parte credora, exigindo-se também que a forma da quitação seja igual à forma do contrato. (D) O terceiro, interessado ou não, poderá efetuar o pagamento da dívida em seu próprio nome, ficando sempre sub-rogado nos direitos da parte credora. A: incorreta, pois o pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é válido AINDA que provado depois que não era credor (art. 309 do CC); B: correta, nos termos expressos previstos no art. 478 do CC; Gabarito “A” C: incorreta, pois a quitação poderá se dar por instrumento particular, mesmo que se trate de contrato firmado por instrumento público (art. 320, caput, do CC); no mais, deve constar da quitação o nome do devedor, ou quem por este pagou (art. 320, caput, do CC), e não necessariamente o nome do pagador; D: incorreta, pois o terceiro não interessado, que paga a dívida em nome próprio, tem direito de reembolsar-se do que pagar, MAS não se sub-roga nos direitos do credor (art. 305, caput, do CC). (OAB/Exame Unificado – 2011.2) A dação em pagamento é: (A) modalidade de obrigação alternativa, na qual o credor consente em receber objeto diverso ao da prestação originariamente pactuada. (B) causa extintiva da obrigação, na qual o credor consente em receber objeto diverso ao da prestação originariamente pactuada. (C) modalidade de obrigação facultativa, na qual o credor consente em receber objeto diverso ao da prestação originariamente pactuada. (D) modalidade de adimplemento direto, na qual o credor consente em receber objeto diverso ao da prestação originariamente pactuada. Art. 356 do Código Civil. (OAB/Exame Unificado – 2010.1) Assinale a opção correta de acordo com o Código Civil brasileiro. Gabarito “B” Gabarito “B” (A) A sub-rogação objetiva ou real ocorre pela substituição de uma das partes, sem a extinção do vínculo obrigacional. (B) Caso o sub-rogado não consiga receber a importância devida, ele poderá cobrá-la do credor original. (C) Aplica-se à dação em pagamento o regime jurídico dos vícios redibitórios. (D) Opera-se novação quando o devedor oferece nova garantia ao credor. A: incorreta. Assevera Senise Lisboa que “A sub-rogação pode ser objetiva e subjetiva. Sub-rogação objetiva ou real é aquela que se dá pela substituição do objeto da obrigação, sem a extinção do vínculo obrigacional. (...). Sub-rogação subjetiva ou pessoal é aquela que se dá pela substituição de uma das partes, sem a extinção do vínculo obrigacional” (Roberto Senise Lisboa. Manual de direito civil. V. 2: direito das obrigações e responsabilidade civil. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 138); B: incorreta. Observa Senise Lisboa que “(...) caso o sub-rogado não consiga receber a importância devida, não poderá cobrá-la do credor original” (Roberto Senise Lisboa. Op. cit., p. 141); C: correta. Segundo Senise Lisboa, “aplica-se à dação em pagamento o regime jurídico do instituto dos vícios redibitórios (defeito oculto existente na coisa à época de sua aquisição) e o da evicção (perda da coisa em virtude de sentença judicial)” (Roberto Senise Lisboa. Op. cit., p. 149); D: incorreta. Assinala Senise que “não há novação no oferecimento de nova garantia ao credor. A simples constituição de uma garantia ao credor constitui elemento acessório ou secundário do negócio jurídico. Como a regra impede que o principal, que é o negócio jurídico, seja modificado pela garantia, que é elemento acessório, não há como se conceber a novação” (Roberto Senise Lisboa. Op. cit., p. 154). (OAB/Exame XXXIII – 2020.3) Valdeir e Max assinaram contrato particular de promessa de compra e venda com direito de arrependimento, no qual Valdeir prometeu vender o apartamento 901 de sua propriedade por R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais). Max, por sua vez, se comprometeu a comprar o imóvel e, no mesmo ato de assinatura do contrato, pagou arras penitenciais de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais). A escritura definitiva de compra e venda seria outorgada em 90 (noventa) dias a contar da assinatura da promessa de compra e venda, com o consequente pagamento do saldo do preço. Contudo, 10 (dez) dias antes da assinatura da escritura de compra e venda, Valdeir celebrou escritura definitiva de compra e venda, alienando o imóvel à Ana Lúcia que pagou a importância de R$ 750.000,00 (setecentos e cinquenta mil reais) pelo mesmo imóvel. Max, surpreendido e indignado, procura você, como advogado(a), para defesa de seus interesses. Sobre a hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta. (A) Max poderá exigir de Valdeir a importância paga a título de arras mais o equivalente, com atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, juros e honorários de advogado. (B) Por se tratar de arras penitenciais, Max poderá exigir de Valdeir apenas R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), e exigir a reparação pelas perdas e danos que conseguir comprovar. (C) Max poderá exigir de Valdeir até o triplo pago a título de arras penitencias. (D) Max não poderá exigir nada além do que pagou a título de arras penitenciais. Gabarito “C” A: correta. Trata-se de arras penitenciais, isto é, aquelas que garantem o direito ao arrependimento, porém não indenização suplementar. Logo, aquele que recebeu as arras deverá devolvê-la mais o equivalente, com atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, juros e honorários de advogado (art. 420 CC); B: incorreta, pois ele pode cobrar o valor dado como arras mais o equivalente, logo, daria R$ 100.000,00. Não pode, porém, pedir indenização suplementar (art. 420 CC); C: incorreta, pois pode exigir apenas o valor equivalente, e não o triplo (art. 420 CC); D: incorreta, pois poderá exigir o equivalente, com atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, juros e honorários de advogado (art. 420 CC). Apenas o que não pode exigir é indenização suplementar. GR (OAB/Exame XXXVI) João, Cláudia e Maria celebraram contrato de compra e venda de um carro com Carlos e Paula. Pelo respectivo contrato, Carlos e Paula se comprometeram, como devedores solidários, ao pagamento de R$ 50.000,00. Ficou estabelecido, ainda, solidariedade entre os credores João, Cláudia e Maria. Diante do enunciado, assinale a afirmativa correta. (A) O pagamento feito por Carlos ou por Paula não extingue a dívida, ainda que parcialmente. (B) Qualquer dos credores tem direito a exigir e a receber de Carlos ou de Paula, parcial ou totalmente, a dívida comum. (C) Impossibilitando-se a prestação por culpa de Carlos, extingue- se a solidariedade, e apenas este responde pelo equivalente. Gabarito “A” (D) Carlos e Paula só se desonerarão pagando a todos os credores conjuntamente. A: incorreta, pois o pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante do que foi pago (art. 269 CC); B: correta (art. 267 CC); C: incorreta, pois neste caso subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde Carlos (art. 279 CC); D: incorreta, pois enquanto os credores solidários não demandarem o devedor comum, a qualquer dos credores poderá o devedor pagar (art. 268 CC). 3.3. INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES (OAB/Exame Unificado – 2017.1) Festas Ltda., compradora, celebrou, após negociações paritárias, contrato de compra e venda com ChocolatesS/A, vendedora. O objeto do contrato eram 100 caixas de chocolate, pelo preço total de R$ 1.000,00, a serem entregues no dia 1º de novembro de 2016, data em que se comemorou o aniversário de 50 anos de existência da sociedade. No contrato, estava prevista uma multa de R$ 1.000,00 caso houvesse atraso na entrega. Chocolates S/A, devido ao excesso de encomendas, não conseguiu entregar as caixas na data combinada, mas somente dois dias depois. Festas Ltda., dizendo que a comemoração já havia acontecido, recusou-se a receber e ainda cobrou a multa. Por sua vez, Chocolates S/A não aceitou pagar a multa, afirmando que o atraso de dois dias não justificava sua cobrança e que o produto vendido era o melhor do mercado. Sobre os fatos narrados, assinale a afirmativa correta. Gabarito “B” (A) Festas Ltda. tem razão, pois houve o inadimplemento absoluto por perda da utilidade da prestação e a multa é uma cláusula penal compensatória. (B) Chocolates S/A não deve pagar a multa, pois a cláusula penal, quantificada em valor idêntico ao valor da prestação principal, é abusiva. (C) Chocolates S/A adimpliu sua prestação, ainda que dois dias depois, razão pela qual nada deve a título de multa. (D) Festas Ltda. só pode exigir 2% de multa (R$ 20,00), teto da cláusula penal, segundo o Código de Defesa do Consumidor. A: correta, pois a característica principal do inadimplemento absoluto é justamente a não utilidade da prestação ao credor, em virtude do cumprimento defeituoso. Logo, cabe a aplicação da cláusula penal compensatória prevista no contrato; B: incorreta, pois não há abusividade, uma vez que a cláusula penal não excede o valor da prestação (CC, art. 412); C: incorreta, pois a entrega fora do prazo fez a prestação tornar-se sem utilidade ao credor, razão pela qual configurou-se o inadimplemento absoluto; D: incorreta, pois esse teto refere-se à clausula penal para a hipótese de mora (CDC, art. 52 § 1°) e não para o caso de inadimplemento absoluto. GN (OAB/Exame Unificado – 2016.1) Joaquim celebrou, por instrumento particular, contrato de mútuo com Ronaldo, pelo qual lhe emprestou R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), a serem pagos 30 dias depois. No dia do vencimento do empréstimo, Ronaldo não adimpliu a prestação. O tempo passou, Joaquim se manteve inerte, e a dívida prescreveu. Inconformado, Joaquim pretende ajuizar ação de Gabarito “A” enriquecimento sem causa contra Ronaldo. Sobre os fatos narrados, assinale a afirmativa correta. (A) A ação de enriquecimento sem causa é cabível, uma vez que Ronaldo se enriqueceu indevidamente à custa de Joaquim. (B) Como a ação de enriquecimento sem causa é subsidiária, é cabível seu ajuizamento por não haver, na hipótese, outro meio de recuperar o empréstimo concedido. (C) Não cabe o ajuizamento da ação de enriquecimento sem causa, pois há título jurídico a justificar o enriquecimento de Ronaldo. (D) A pretensão de ressarcimento do enriquecimento sem causa prescreve simultaneamente à pretensão relativa à cobrança do valor mutuado. A, B e D: incorretas, pois não há enriquecimento sem causa no caso, já que há título jurídico a justificar o enriquecimento de Ronaldo; o ilícito no caso é outro, qual seja, o falta do cumprimento da obrigação contratual de pagamento; C: correta, pois há no caso título jurídico a justificar o enriquecimento de Ronaldo (art. 885 do CC). (OAB/Exame Unificado – 2015.3) Renato é proprietário de um imóvel e o coloca à venda, atraindo o interesse de Mário. Depois de algumas visitas ao imóvel e conversas sobre o seu valor, Renato e Mário, acompanhados de corretor, realizam negócio por preço certo, que deveria ser pago em três parcelas: a primeira, paga naquele ato a título de sinal e princípio de pagamento, mediante recibo que dava o negócio por concluído de forma irretratável; a segunda deveria ser paga em até trinta dias, contra a exibição das certidões negativas do Gabarito “C” vendedor; a terceira seria paga na data da lavratura da escritura definitiva, em até noventa dias a contar do fechamento do negócio. Antes do pagamento da segunda parcela, Mário celebra, com terceiros, contratos de promessa de locação do imóvel por temporada, recebendo a metade de cada aluguel antecipadamente. Renato, ao tomar conhecimento de que Mário havia celebrado as promessas de locação por temporada, percebeu que o imóvel possuía esse potencial de exploração. Em virtude disso, Renato arrependeu- se do negócio e, antes do vencimento da segunda parcela do preço, notificou o comprador e o corretor, dando o negócio por desfeito. Com base na hipótese formulada, assinale a afirmativa correta. (A) O vendedor perde o sinal pago para o comprador, porém nada mais lhe pode ser exigido, não sendo devida a comissão do corretor, já que o negócio foi desfeito antes de aperfeiçoar-se. (B) O vendedor perde o sinal pago para o comprador, porém nada mais lhe pode ser exigido pelo comprador. Contudo, é devida a comissão do corretor, não obstante o desfazimento do negócio antes de aperfeiçoar-se. (C) O vendedor perde o sinal pago e o comprador pode exigir uma indenização pelos prejuízos a que a desistência deu causa, se o seu valor superar o do sinal dado, não sendo devida a comissão do corretor, já que o negócio foi desfeito antes de aperfeiçoar-se. (D) O vendedor perde o sinal pago e o comprador pode exigir uma indenização pelos prejuízos a que a desistência deu causa, se o seu valor superar o do sinal dado, sendo devida a comissão do corretor, não obstante o desfazimento do negócio antes de aperfeiçoar-se. A a D: somente a alternativa “D” está correta pois, como havia cláusula de irretratabilidade (ou seja, não havia o direito de arrependimento), não incide a proibição de indenização suplementar prevista no art. 420 do CC, prevalecendo a regra do art. 419 do CC, que admite que a parte inocente peça indenização suplementar; e, quanto à questão do corretor, este tem direito de ser remunerado pelo trabalho de aproximação e fechamento do negócio que fez, pouco importando seu desfazimento posterior. (OAB/Exame Unificado – 2015.2) Carlos Pacheco e Marco Araújo, advogados recém-formados, constituem a sociedade P e A Advogados. Para fornecer e instalar todo o equipamento de informática, a sociedade contrata José Antônio, que, apesar de não realizar essa atividade de forma habitual e profissional, comprometeu-se a adimplir sua obrigação até o dia 20/02/2015, mediante o pagamento do valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) no ato da celebração do contrato. O contrato celebrado é de natureza paritária, não sendo formado por adesão. A cláusula oitava do referido contrato estava assim redigida: “O total inadimplemento deste contrato por qualquer das partes ensejará o pagamento, pelo infrator, do valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais)”. Não havia, no contrato, qualquer outra cláusula que se referisse ao inadimplemento ou suas consequências. No dia 20/02/2015, José Antônio telefona para Carlos Pacheco e lhe comunica que não vai cumprir o avençado, pois celebrou com outro escritório de advocacia contrato por valor superior, a lhe render maiores lucros. Sobre os fatos narrados, assinale a afirmativa correta. (A) Diante da recusa de José Antônio a cumprir o contrato, a sociedade poderá persistir na exigência do cumprimento Gabarito “D” obrigacional ou, alternativamente, satisfazer-se com a pena convencional. (B) A sociedade pode pleitear o pagamento de indenização superior ao montante fixado na cláusula oitava, desde que prove, em juízo, que as perdas e os danos efetivamente sofridos foram superiores àquele valor. (C) A sociedade pode exigir o cumprimento da cláusula oitava, classificada como cláusula penal moratória, juntamente com o desempenho da obrigação principal. (D) Para exigir o pagamento do valor fixado na cláusula oitava, a sociedade deverá provar o prejuízo sofrido. A: correta, pois essa é uma alternativa a benefício do credor (art. 410 do CC); B: incorreta; de acordocom o art. 416, parágrafo único, do CC não é possível se exigir indenização suplementar à cláusula pena fixada, caso não haja convenção expressa nesse sentido, sendo que o enunciado da questão deixou claro que não havia qualquer outra cláusula adicional quanto ao inadimplemento da obrigação; C: incorreta, pois ou se escolhe cobrar a multa pela inadimplemento absoluto ou se escolhe exigir o cumprimento da obrigação, tratando-se de alternativa a benefício do credor (art. 410 do CC); D: incorreta; de acordo com o art. 416 do CC, “para exigir a pena convencional, não é necessário que o credor alegue prejuízo”. (OAB/Exame Unificado – 2015.1) Joana deu seu carro a Lúcia, em comodato, pelo prazo de 5 dias, findo o qual Lúcia não devolveu o veículo. Dois dias depois, forte tempestade danificou a lanterna e o para-choque dianteiro do carro de Joana. Inconformada com o Gabarito “A” ocorrido, Joana exigiu que Lúcia a indenizasse pelos danos causados ao veículo. Diante do fato narrado, assinale a afirmativa correta. (A) Lúcia incorreu em inadimplemento absoluto, pois não cumpriu sua prestação no termo ajustado, o que inutilizou a prestação para Joana. (B) Lúcia não está em mora, pois Joana não a interpelou, judicial ou extrajudicialmente. (C) Lúcia deve indenizar Joana pelos danos causados ao veículo, salvo se provar que os mesmos ocorreriam ainda que tivesse adimplido sua prestação no termo ajustado. (D) Lúcia não responde pelos danos causados ao veículo, pois foram decorrentes de força maior. A: incorreta, pois a não devolução do veículo no prazo não torna a sua entrega futura imprestável, diferentemente por exemplo se se tratasse da obrigação de entrega de um bolo de casamento, que, não entregue no prazo, tornaria imprestável a entrega depois do casamento; B: incorreta, pois o comodato mencionado na questão é com prazo certo e, portanto, a mora incorre de pleno direito, independentemente, portanto, de interpelação judicial ou extrajudicial; C: correta, nos termos do art. 399 do CC; D: incorreta, pois, estando em mora, essa alegação não procede, nos termos do art. 399 do CC, só havendo isenção de responsabilidade do devedor se este conseguisse provar que o dano sobreviria ainda quando a obrigação fosse oportunamente desempenhada. Gabarito “C” (OAB/Exame Unificado – 2014.3) Donato, psiquiatra de renome, era dono de uma extensa e variada biblioteca, com obras de sua área profissional, importadas e raras. Com sua morte, seus três filhos, Hugo, José e Luiz resolvem alienar a biblioteca à Universidade do Estado, localizada na mesma cidade em que o falecido residia. Como Hugo vivia no exterior e José em outro estado, ambos incumbiram Luiz de fazer a entrega no prazo avençado. Luiz, porém, mais preocupado com seus próprios negócios, esqueceu-se de entregar a biblioteca à Universidade, que, diante da mora, notificou José para exigir-lhe o cumprimento integral em 48 horas, sob pena de resolução do contrato em perdas e danos. Nesse contexto, assinale a afirmativa correta. (A) José deve entregar a biblioteca no prazo designado pela Universidade, se quiser evitar a resolução do contrato em perdas e danos. (B) Não tendo sido ajustada solidariedade, José não está obrigado a entregar todos os livros, respondendo, apenas, pela sua cota parte. (C) Como Luiz foi incumbido da entrega, a Universidade não poderia ter notificado José, mas deveria ter interpelado Luiz. (D) Tratando-se de três devedores, a Universidade não poderia exigir de um só o pagamento; logo, deveria ter notificado simultaneamente os três irmãos. A: correta; tratando-se a biblioteca de bem indivisível, cada um dos devedores será obrigado pela dívida toda (art. 259, caput, do CC); B, C e D: incorretas, pois, conforme mencionado, por força de lei, os três são obrigados pela dívida toda (art. 259, caput, do CC). Gabarito “A” (OAB/Exame Unificado – 2013.1) Luis, produtor de soja, firmou contrato de empréstimo de um trator com seu vizinho João. No contrato, Luis se comprometeu a devolver o trator 10 dias após o término da colheita. Restou ainda acordado um valor para a hipótese de atraso na entrega. Considerando o caso acima, assinale a afirmativa correta. (A) Caracterizada a mora na devolução do trator, Luis responderá pelos prejuízos decorrentes de caso fortuito ou de força maior, salvo se comprovar que o dano ocorreria mesmo se houvesse cumprido sua obrigação na forma ajustada. (B) Por se tratar de hipótese de mora pendente, é indispensável a interpelação judicial ou extrajudicial para que João constitua Luis em mora. (C) Luis, ainda que agindo dolosamente, não terá responsabilidade pela conservação do trator na hipótese de João recusar-se a receber o bem na data ajustada. (D) Não caracteriza mora a hipótese de João se recusar a receber o trator na data avençada para não comprometer o espaço físico de seu galpão, vez que é necessária a comprovação de sua culpa e a ausência de justo motivo. A: correta (art. 399 do CC); B: incorreta, pois, não havendo termo (data certa), a mora pode se constituir mediante interpelação judicial ou extrajudicial (art. 397, parágrafo único, do CC); C: incorreta, pois somente o devedor isento de dolo (“sem dolo”) fica livre de responder quando há mora do credor em receber a coisa na data ajustada (art. 400 do CC); D: incorreta, pois, combinada uma data avençada, o credor deve receber a coisa, não podendo alegar problemas próprios (no caso, ausência de espaço físico) para fugir de sua responsabilidade (art. 394 do CC). (OAB/Exame Unificado – 2010.2) João prometeu transferir a propriedade de uma coisa certa, mas antes disso, sem culpa sua, o bem foi deteriorado. Segundo o Código Civil, ao caso de João aplica- se o seguinte regime jurídico: (A) a obrigação fica resolvida, com a devolução de valores eventualmente pagos. (B) a obrigação subsiste, com a entrega da coisa no estado em que se encontra. (C) a obrigação subsiste, com a entrega da coisa no estado em que se encontra e abatimento no preço proporcional à deterioração. (D) a obrigação poderá ser resolvida, com a devolução de valores eventualmente pagos, ou subsistir, com a entrega da coisa no estado em que se encontra e abatimento no preço proporcional à deterioração, cabendo ao credor a escolha de uma dentre as duas soluções. De acordo com o art. 235 do Código Civil “deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu”. Assim sendo, somente a alternativa “D” está correta, pois compete ao credor da obrigação escolher entre resolvê-la, recebendo o dinheiro que tiver pago de volta, ou pedir a entrega da coisa, com abatimento proporcional de seu preço. (OAB/Exame Unificado – 2019.3) Lucas, interessado na aquisição de um carro seminovo, procurou Leonardo, que revende veículos usados. Gabarito “A” Gabarito “D” Ao final das tratativas, e para garantir que o negócio seria fechado, Lucas pagou a Leonardo um percentual do valor do veículo, a título de sinal. Após a celebração do contrato, porém, Leonardo informou a Lucas que, infelizmente, o carro que haviam negociado já havia sido prometido informalmente para um outro comprador, velho amigo de Leonardo, motivo pelo qual Leonardo não honraria a avença. Frustrado, diante do inadimplemento de Leonardo, Lucas procurou você, como advogado(a), para orientá-lo. Nesse caso, assinale a opção que apresenta a orientação dada. (A) Leonardo terá de restituir a Lucas o valor pago a título de sinal, com atualização monetária, juros e honorários de advogado, mas não o seu equivalente. (B) Leonardo terá de restituir a Lucas o valor pago a título de sinal, mais o seu equivalente, com atualização monetária, juros e honorários de advogado. (C) Leonardo terá de restituir a Lucas apenas metade do valor pago a título de sinal, pois informou, tão logo quanto possível, que não cumpriria o contrato. (D) Leonardo não terá de restituir a Lucas o valor pago atítulo de sinal, pois este é computado como início de pagamento, o qual se perde em caso de inadimplemento. A: incorreta, pois além da atualização monetária, juros e honorários de advogado, Leonardo também terá de devolver o equivalente (art. 418 CC); B: correta (art. 418 CC); C: incorreta, pois não há que se falar em devolução de metade e o fato de ter comunicado tão logo quanto possível não tem relevância. Precisará devolver o equivalente mais atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, juros e honorários de advogado (art. 418 CC); D: incorreta, pois terá de devolver as arras, pois elas apenas serão consideradas início de pagamento no caso do adimplemento do contrato. Como o contrato não foi concluído por culpa de quem recebeu as arras, elas terão de ser devolvidas mais o equivalente somado a atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, juros e honorários de advogado (art. 418 CC). 3.4. ATOS UNILATERAIS, PREFERÊNCIAS E PRIVILÉGIOS CREDITÓRIOS (OAB/Exame Unificado – 2013.2) Diante de chuva forte e inesperada, Márcio constatou a inundação parcial da residência de sua vizinha Bianca, fato este que o levou a contratar serviços de chaveiro, bombeamento d’água e vigilância, de modo a evitar maiores prejuízos materiais até a chegada de Bianca. Utilizando-se do quadro fático fornecido pelo enunciado, assinale a afirmativa correta. (A) A falta de autorização expressa de Bianca a Márcio para a prática dos atos de preservação dos bens autoriza aquela a exigir reparação civil deste. (B) Bianca não estará obrigada a adimplir os serviços contratados por Márcio, cabendo a este a quitação dos contratados. (C) Se Márcio se fizer substituir por terceiro até a chegada de Bianca, promoverá a cessação de sua responsabilidade transferindo-a ao terceiro substituto. Gabarito “B” (D) Os atos de solidariedade e espontaneidade de Márcio na proteção dos bens de Bianca são capazes de gerar a responsabilidade desta em reembolsar as despesas necessárias efetivadas, acrescidas de juros legais. A e B: incorretas, pois é justamente o contrário, ou seja, o gestor de negócios tem direito de ser reembolsado, com acréscimo de juros legais (arts. 869, caput, e 870 do CC); C: incorreta, pois se o gestor se fizer substituir por outrem, responderá sim pela falta do substituto (art. 867 do CC); D: correta (arts. 869, caput, e 870 do CC). (OAB/Exame Unificado – 2008.1) No que concerne aos atos unilaterais, às preferências e privilégios creditórios, assinale a opção correta. (A) Aquele que estipula uma gratificação pela prestação de determinado serviço anunciado publicamente e dirigido a todos fica obrigado a cumprir a recompensa a todas as pessoas que executarem a ação recompensável da maneira por ele esperada. (B) O pagamento indevido faz surgir, para aquele que recebeu indevidamente, a obrigação de restituir, seja espontaneamente ou por meio da ação de repetição de indébito. (C) O gestor de negócios alheios age voluntariamente no interesse do dono do negócio e de acordo com a vontade declarada deste, que será obrigado a indenizar os prejuízos sofridos pelo gestor, além das despesas úteis e necessárias realizadas. (D) A insolvência civil gera a declaração de insolvência e esta implica a execução dos bens do devedor não empresário por concurso universal de credores, sem qualquer preferência ou privilégio, ou seja, todos os credores devem concorrer em Gabarito “D” igualdade de condições, respeitada a proporcionalidade de seus créditos. A: incorreta (art. 857 do CC); B: correta. De fato, aquele que recebeu o pagamento que não lhe era devido, com base no princípio de vedação ao enriquecimento ilícito, deverá restituir o que recebeu; C: incorreta (art. 861 do CC); D: incorreta (art. 956 do CC). 4. CONTRATOS 4.1. TEORIA GERAL DOS CONTRATOS (OAB/Exame Unificado – 2018.2) Jorge, engenheiro e construtor, firma, em seu escritório, contrato de empreitada com Maria, dona da obra. Na avença, foi acordado que Jorge forneceria os materiais da construção e concluiria a obra, nos termos do projeto, no prazo de seis meses. Acordou-se, também, que o pagamento da remuneração seria efetivado em duas parcelas: a primeira, correspondente à metade do preço, a ser depositada no prazo de 30 (trinta) dias da assinatura do contrato; e a segunda, correspondente à outra metade do preço, no ato de entrega da obra concluída. Maria, cinco dias após a assinatura da avença, toma conhecimento de que sobreveio decisão em processo judicial que determinou a penhora sobre todo o patrimônio de Jorge, reconhecendo que este possui dívida substancial com um credor que acaba de realizar ato de constrição sobre todos os seus bens (em virtude do valor elevado da dívida). Gabarito “B” Diante de tal situação, Maria pode (A) recusar o pagamento do preço até que a obra seja concluída ou, pelo menos, até o momento em que o empreiteiro prestar garantia suficiente de que irá realizá-la. (B) resolver o contrato por onerosidade excessiva, haja vista que o fato superveniente e imprevisível tornou o acordo desequilibrado, afetando o sinalagma contratual. (C) exigir o cumprimento imediato da prestação (atividade de construção), em virtude do vencimento antecipado da obrigação de fazer, a cargo do empreiteiro. (D) desistir do contrato, sem qualquer ônus, pelo exercício do direito de arrependimento, garantido em razão da natureza de contrato de consumo. A questão não trata de Contrato de Empreitada. Trata, a rigor, da hipótese de fundada dúvida sobre a situação patrimonial da outra parte contratual. Assim, “Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes contratantes diminuição em seu patrimônio capaz de comprometer ou tornar duvidosa a prestação pela qual se obrigou, pode a outra recusar-se à prestação que lhe incumbe, até que aquela satisfaça a que lhe compete ou dê garantia bastante de satisfazê-la” (CC, art. 477).Percebe-se que Maria tem o direito de recusar o pagamento do preço até que a obra seja concluída ou, pelo menos, até o momento em que o empreiteiro prestar garantia suficiente de que irá realizá-la. GN (OAB/Exame Unificado – 2017.2) Juliana, por meio de contrato de compra e venda, adquiriu de Ricardo, profissional liberal, um carro Gabarito “A” seminovo (30.000 km) da marca Y pelo preço de R$ 24.000,00. Ficou acertado que Ricardo faria a revisão de 30.000 km no veículo antes de entregá-lo para Juliana no dia 23 de janeiro de 2017. Ricardo, porém, não realizou a revisão e omitiu tal fato de Juliana, pois acreditava que não haveria qualquer problema, já que, aparentemente, o carro funcionava bem. No dia 23 de fevereiro de 2017, Juliana sofreu acidente em razão de defeito no freio do carro, com a perda total do veículo. A perícia demostrou que a causa do acidente foi falha na conservação do bem, tendo em vista que as pastilhas do freio não tinham sido trocadas na revisão de 30.000 km, o que era essencial para a manutenção do carro. Considerando os fatos, assinale a afirmativa correta. (A) Ricardo não tem nenhuma responsabilidade pelo dano sofrido por Juliana (perda total do carro), tendo em vista que o carro estava aparentemente funcionando bem no momento da tradição. (B) Ricardo deverá ressarcir o valor das pastilhas de freio, nada tendo a ver com o acidente sofrido por Juliana. (C) Ricardo é responsável por todo o dano sofrido por Juliana, com a perda total do carro, tendo em vista que o perecimento do bem foi devido a vício oculto já existente ao tempo da tradição. (D) Ricardo deverá ressarcir o valor da revisão de 30.000 km do carro, tendo em vista que ela não foi realizada conforme previsto no contrato. A: incorreta, pois o vício nas pastilhas do freio é um típico vício redibitório e a ignorância de Ricardo quanto a este problema não afasta sua responsabilidade (CC, art. 443); B: incorreta, pois a solução legal para tal problema é a devolução integral do valor da compra(CC, arts. 441 e 442);C: correta, pois “a responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça em poder do alienatário, se perecer por vício oculto, já existente ao tempo da tradição” (CC, art. 444); D: incorreta, pois Ricardo responde pelo valor integral do veículo e não apenas pelo valor da revisão. GN (OAB/Exame Unificado – 2013.3) José celebrou com Maria um contrato de compra e venda de imóvel, no valor de R$100.000,00, quantia paga à vista, ficando ajustada entre as partes a exclusão da responsabilidade do alienante pela evicção. A respeito desse caso, vindo a adquirente a perder o bem em decorrência de decisão judicial favorável a terceiro, assinale a afirmativa correta. (A) Tal cláusula, que exonera o alienante da responsabilidade pela evicção, é vedada pelo ordenamento jurídico brasileiro. (B) Não obstante a cláusula de exclusão da responsabilidade pela evicção, se Maria não sabia do risco, ou, dele informada, não o assumiu, deve José restituir o valor que recebeu pelo bem imóvel. (C) Não obstante a cláusula de exclusão da responsabilidade pela evicção, Maria, desconhecendo o risco, terá direito à dobra do valor pago, a título de indenização pelos prejuízos dela resultantes. (D) O valor a ser restituído para Maria será aquele ajustado quando da celebração do negócio jurídico, atualizado monetariamente, sendo irrelevante se tratar de evicção total ou parcial. A: incorreta, pois as partes podem livremente excluir a responsabilidade pela evicção (art. 448 do CC); B: correta (art. 449 do CC). C: incorreta, pois caso Maria desconheça o risco ela Gabarito “C” apenas tem o direito de receber o preço que pagou pela coisa evicta, não havendo que se falar em dobro do valor a título de indenização (art. 449 do CC); D: incorreta, pois o valor a ser restituído, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa, na época em que se venceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evicção parcial (art. 450, parágrafo único do CC). (OAB/Exame Unificado – 2013.2) Visando ampliar sua linha de comércio, Mac Geral & Companhia adquiriu de AC Industrial S.A. mil unidades do equipamento destinado à fabricação de churros. Dentre as cláusulas contratuais firmadas pelas partes, fez-se inserir a obrigação de Mac Geral & Companhia realizar o transporte dos equipamentos, exclusivamente e ao preço de R$100,00 por equipamento, por meio de Rota Transportes Ltda., pessoa estranha ao instrumento contratual assinado. Com relação aos contratos civis, assinale a afirmativa incorreta. (A) AC Industrial S.A. poderá exigir de Mac Geral & Companhia o cumprimento da obrigação firmada em favor de Rota Transportes Ltda. (B) Ao exigir o cumprimento da obrigação, Rota Transportes Ltda. deverá efetuar o transporte ao preço previamente ajustado pelas partes contratantes. (C) Somente Rota Transportes Ltda. poderá exigir o cumprimento da obrigação. (D) AC Industrial S/A poderá reservar-se o direito de substituir Rota Transportes Ltda., independentemente de sua anuência ou de Mac Geral & Companhia. Gabarito “B” A: correta, pois o enunciado deixa claro que no contrato entre Mac Geral e AC há obrigação da primeira de realizar o transporte por meio da Rota Transportes; vale lembrar, também, que aquele (no caso, a AC) que estipula em favor de terceiro (no caso, a Rota) pode exigir o cumprimento da obrigação (art. 436, caput, do CC); B: correta, pois o terceiro em favor de quem se estipulou uma obrigação (no caso, a Rota) pode exigi-la, mas fica “sujeito às condições e normas do contrato” (art. 436, parágrafo único, do CC), o que inclui a questão do preço; C: incorreta, devendo a alternativa ser assinalada; isso porque, como se viu, aquele (no caso, a AC) que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da obrigação (art. 436, caput, do CC); D: correta, nos termos do art. 438, caput, do CC. (OAB/Exame Unificado – 2012.3.A) Em 12.09.12, Sílvio adquiriu de Maurício, por contrato particular de compra e venda, um automóvel, ano 2011, por R$ 34.000,00 (trinta e quatro mil reais). Vinte dias após a celebração do negócio, Sílvio tomou conhecimento que o veículo apresentava avarias na suspensão dianteira, tornando seu uso impróprio pela ausência de segurança. Considerando que o vício apontado existia ao tempo da contratação, de acordo com a hipótese acima e as regras de direito civil, assinale a afirmativa correta. (A) Sílvio terá o prazo de doze meses, após o conhecimento do defeito, para reclamar a Maurício o abatimento do preço pago ou desfazimento do negócio jurídico em virtude do vício oculto. Gabarito “C” (B) Maurício deverá restituir o valor recebido e as despesas decorrentes do contrato se, no momento da venda, desconhecesse o defeito na suspensão dianteira do veículo. (C) Caso Silvio e Maurício estabeleçam no contrato cláusula de garantia pelo prazo de 90 dias, o prazo decadencial legal para reclamação do vício oculto correrá independentemente do prazo da garantia estipulada. (D) Caso Silvio e Maurício tenham inserido no contrato de compra e venda cláusula que exclui a responsabilidade de Maurício pelo vício oculto, persistirá a irresponsabilidade de Maurício mesmo que este tenha agido com dolo positivo. A: incorreta; primeiro porque o prazo máximo para ter ciência do vício é de 180 dias (art. 445, § 1.º, do CC), prazo que já se findou; segundo porque, tomando conhecimento dentro do prazo de 180 dias, o adquirente, tratando-se de bem móvel tem 30 dias para reclamar (art. 445, caput, do CC); B: correta (art. 443 do CC); C: incorreta, pois o prazo de garantia legal (decadência legal) não corre (não se inicia) na constância do prazo de garantia voluntária (garantia contratual), nos termos do art. 446 do CC; D: incorreta, pois, havendo dolo positivo, caracterizado pela intenção de prejudicar, está-se diante de grave ato ilícito (arts. 186 e 443, primeira parte, do CC) e de impedimento de Maurício alegar a própria torpeza, podendo Silvio pleitear indenização por perdas e danos. (OAB/Exame Unificado – 2012.2) Embora sujeito às constantes mutações e às diferenças de contexto em que é aplicado, o conceito tradicional de contrato sugere que ele representa o acordo de vontades Gabarito “B” estabelecido com a finalidade de produzir efeitos jurídicos. Tomando por base a teoria geral dos contratos, assinale a afirmativa correta. (A) A celebração de contrato atípico, fora do rol contido na legislação, não é lícita, pois as partes não dispõem da liberdade de celebrar negócios não expressamente regulamentados por lei. (B) A atipicidade contratual é possível, mas, de outro lado, há regra específica prevendo não ser lícita a contratação que tenha por objeto a herança de pessoa viva, seja por meio de contrato típico ou não. (C) A liberdade de contratar é limitada pela função social do contrato e os contratantes deverão guardar, assim na conclusão, como em sua execução, os princípios da probidade e da boa-fé subjetiva, princípios esses ligados ao voluntarismo e ao individualismo que informam o nosso Código Civil. (D) Será obrigatoriamente declarado nulo o contrato de adesão que contiver cláusulas ambíguas ou contraditórias. A: incorreta, pois é lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais do Código Civil (art. 425 do CC); B: correta (arts. 425 e 426 do CC); C: incorreta, pois os princípios da função social dos contratos e da boa-fé estão ligados às diretrizes de sociabilidade do Código Civil, e não de individualidade; ademais, o princípio adequado é o princípio da boa-fé objetiva (art. 422 do CC), e não da boa-fé subjetiva; D: incorreta, pois, nesse caso, as cláusulas serão interpretadas de modo mais favorável ao aderente, não sendo consideradas nulas (art. 423 do CC). Gabarito “B” (OAB/Exame Unificado – 2010.3) Danilo celebrou contrato por instrumento particular com Sandro, por meio do qual aquele prometera que seu irmão, Reinaldo, famoso cantor popular, concederia uma entrevista exclusiva ao programa de rádio apresentadopor Sandro, no domingo seguinte. Em contrapartida, caberia a Sandro efetuar o pagamento a Danilo de certa soma em dinheiro. Todavia, chegada a hora do programa, Reinaldo não compareceu à rádio. Dias depois, Danilo procurou Sandro, a fim de cobrar a quantia contratualmente prevista, ao argumento de que, embora não tenha obtido êxito, envidara todos os esforços no sentido de convencer o seu irmão a comparecer. A respeito da situação narrada, é correto afirmar que Sandro: (A) está obrigado a efetuar o pagamento a Danilo, pois a obrigação por este assumida é de meio, sendo incabível a cobrança de perdas e danos de Reinaldo. (B) não está obrigado a efetuar o pagamento a Danilo, pois a obrigação por este assumida é de resultado, sendo, ainda, autorizado a Sandro obter ressarcimento por perdas e danos de Danilo. (C) está obrigado a efetuar o pagamento a Danilo, pois a obrigação por este assumida é de meio, restando a Sandro o direito de cobrar perdas e danos diretamente de Reinaldo. (D) não está obrigado a efetuar o pagamento a Danilo, por ser o contrato nulo, tendo em vista que Reinaldo não é parte contratante. O caso envolve o instituto da “promessa de fato de terceiro”, regulamentado nos arts. 439 e 440 do CC. De acordo com a regulamentação legal, aquele que promete fato de terceiro (no caso, Danilo prometeu fato de Reinaldo) responde por perdas e danos perante o que recebeu a promessa (no caso, Sandro), nos termos do disposto no art. 439, caput, do CC. Dessa forma, não faz sentido que Danilo procure Sandro para qualquer tipo de pagamento, já que Danilo responde por perdas e danos no caso, o que incluiria devolver qualquer tipo de pagamento que tivesse recebido, entre outros danos suportados por Sandro. (OAB/Exame Unificado – 2010.2) Durante dez anos, empregados de uma fabricante de extrato de tomate distribuíram, gratuitamente, sementes de tomate entre agricultores de certa região. A cada ano, os empregados da fabricante procuravam os agricultores, na época da colheita, para adquirir a safra produzida. No ano de 2009, a fabricante distribuiu as sementes, como sempre fazia, mas não retornou para adquirir a safra. Procurada pelos agricultores, a fabricante recusou-se a efetuar a compra. O tribunal competente entendeu que havia responsabilidade pré-contratual da fabricante. A responsabilidade pré-contratual é aquela que: (A) deriva da violação à boa-fé objetiva na fase das negociações preliminares à formação do contrato. (B) deriva da ruptura de um pré-contrato, também chamado contrato preliminar. (C) surgiu, como instituto jurídico, em momento histórico anterior à responsabilidade contratual. (D) segue o destino da responsabilidade contratual, como o acessório segue o principal. Há de se separar bem três situações: a) fase de negociações preliminares à formação do contrato; b) contrato preliminar; c) Gabarito “B” contrato definitivo. O caso narrado no enunciado revela que os envolvidos, no ano de 2009, chegaram à fase de negociações preliminares. Não houve nem contrato preliminar (pois este depende de uma combinação de fazer contrato futuro, já se acertando todos os elementos do contrato futuro, inclusive o preço), nem, muito menos, contrato definitivo. Todavia, a doutrina e a jurisprudência evoluíram no sentido de dar mais responsabilidades aos envolvidos na fase de negociações preliminares. Com base no princípio da boa- fé, entendendo-se que, se na fase das negociações preliminares forem criadas fortes expectativas em um dos negociantes, gerando inclusive despesas de sua parte, o outro negociante deverá responder segundo a chamada responsabilidade pré-contratual, instituto jurídico que se aplica apenas à fase de negociações preliminares, daí o nome “pré-contratual”. Assim, apenas a alternativa “A” está correta, valendo transcrever trecho da obra de Maria Helena Diniz sobre o assunto: “Todavia, é preciso deixar bem claro que, apesar de faltar obrigatoriedade aos entendimentos preliminares, pode surgir, excepcionalmente, a responsabilidade civil para os que deles participam, não no campo da culpa contratual, mas no da aquiliana. Portanto, apenas na hipótese de um dos participantes criar no outro a expectativa de que o negócio será celebrado, levando-o a despesas, a não contratar com terceiro ou a alterar planos de sua atividade imediata, e depois desistir, injustificada e arbitrariamente, causando-lhe sérios prejuízos, terá, por isso, a obrigação de ressarcir todos os danos. Na verdade, há uma responsabilidade pré-contratual, que dá certa relevância jurídica aos acordos preparatórios, fundada não só no princípio de que os interessados deverão comportar-se de boa-fé, prestando informações claras e adequadas sobre as condições do negócio (...), mas também nos arts. 186 e 927 do Código Civil, que dispõem que todo aquele que, por ação ou omissão, dolosa ou culposa, causar prejuízo a outrem fica obrigado a reparar o dano” (Curso de Direito Civil Brasileiro, vol. 3, 26. ed., São Paulo: Saraiva, p. 42, 2010). (OAB/Exame Unificado – 2010.1) No que diz respeito à extinção dos contratos, assinale a opção correta. (A) Na resolução por onerosidade excessiva, não é necessária a existência de vantagem da outra parte, bastando que a prestação de uma das partes se torne excessivamente onerosa. (B) A resolução por inexecução voluntária do contrato produz efeitos ex tunc se o contrato for de execução continuada. (C) Ainda que a inexecução do contrato seja involuntária, a resolução ensejará o pagamento das perdas e danos para a parte prejudicada. (D) A eficácia da resolução unilateral de determinado contrato independe de pronunciamento judicial e produz efeitos ex nunc. A: incorreta. É necessária a vantagem da outra parte. “Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação.”; B: incorreta. Nesse caso, a resolução possui efeitos ex nunc. Ensina a doutrina: “Tal resolução por inexecução voluntária, que impossibilita a prestação por culpa do devedor, tanto na obrigação de dar como na de fazer ou de não fazer, produz os Gabarito “A” seguintes efeitos: 1.º extingue o contrato retroativamente, visto que opera ex tunc, se o contrato for de execução única, apagando todas as consequências jurídicas produzidas, restituindo-se as prestações cumpridas, e ex nunc, se o contrato for de duração ou execução continuada, caso em que não se restituirão as prestações já efetivadas, pois a resolução não terá efeito relativamente ao passado (...)” (Maria Helena Diniz. Direito civil brasileiro. vol. 3. 22. ed., São Paulo: Saraiva, 2006, p. 168); C: incorreta. A inexecução contratual involuntária exime das perdas e danos. Ensina a doutrina: “A total inexecução contratual pode advir, algumas vezes, de fatos alheios à vontade dos contratantes, que impossibilitam o cumprimento da obrigação que incumbe a um deles, operando-se de pleno direito, então, a resolução do contrato, sem ressarcimento das perdas e danos, por ser esta uma sanção aplicada a quem agiu culposamente, e sem intervenção judicial, exonerando-se o devedor do liame obrigacional” (Idem, ibidem, p. 169); D: correta. A resilição unilateral do contrato está prevista no art. 473 do CC e se opera mediante denúncia notificada à outra parte, com efeitos ex nunc. Os efeitos se produzem independentemente de pronunciamento judicial, como ensina a doutrina: “A resilição unilateral dos contratos não requer, para a sua eficácia, pronunciamento judicial. Produz tão somente efeitos ex nunc, não operando retroativamente, de sorte que não haverá restituição das prestações cumpridas, uma vez que as consequências jurídicas já produzidas permanecerão inalteráveis” (Idem, ibidem, p. 175). Gabarito “D” (OAB/Exame Unificado – 2018.3) Renata financioua aquisição de seu veículo em 36 parcelas e vinha pagando pontualmente todas as prestações. Entretanto, a recente perda de seu emprego fez com que não conseguisse manter em dia a dívida, tendo deixado de pagar, justamente, as duas últimas prestações (35ª e 36ª). O banco que financiou a aquisição, diante do inadimplemento, optou pela resolução do contrato. Tendo em vista o pagamento das 34 parcelas anteriores, pode-se afirmar que a conduta da instituição financeira viola o princípio da boa-fé, em razão do(a) (A) dever de mitigar os próprios danos. (B) proibição de comportamento contraditório (venire contra factum proprium). (C) adimplemento substancial. (D) dever de informar. A: incorreta, pois na responsabilidade contratual, diante do inadimplemento, impõe-se ao devedor o dever de indenizar os prejuízos ao credor (art. 389 CC). A teoria do dever de mitigar o próprio dano questiona se o devedor é responsável inclusive pelo prejuízo que poderia ser evitado pelo credor mediante esforço razoável. A história trazida não se encaixa em nada nessa hipótese; B: incorreta, pois quando falamos em venire contra factum proprium temos quatro elementos: comportamento, geração de expectativa, investimento na expectativa gerada e comportamento contraditório. Neste passo, Renata não apresentou comportamento contraditório, uma vez que sua intenção era de pagar o carro até o final. Apenas não o fez por circunstâncias alheias a sua vontade, isto é, a perda do emprego (art. 422 CC); C: correta, pois essa teoria sustenta que não se deve considerar resolvida a obrigação quando a atividade do devedor, embora não tenha sido perfeita ou não atingido plenamente o fim proposto, aproxima-se consideravelmente do seu resultado final. Decorre do princípio da boa-fé e da função social do contrato (art. 422 CC); D: incorreta, pois o problema da hipótese trazida não foi falta de informação e sim desproporção da conduta do banco frente ao adimplemento quase que completo de Renata. O dever de informação decorre do princípio da boa-fé objetiva previsto no art. 113 CC, que porém nada tem a ver com o caso em questão. GR (OAB/Exame Unificado – 2019.1) Maria decide vender sua mobília para Viviane, sua colega de trabalho. A alienante decidiu desfazer-se de seus móveis porque, após um serviço de dedetização, tomou conhecimento que vários já estavam consumidos internamente por cupins, mas preferiu omitir tal informação de Viviane. Firmado o acordo, 120 dias após a tradição, Viviane descobre o primeiro foco de cupim, pela erupção que se formou em um dos móveis adquiridos. Poucos dias depois, Viviane, após investigar a fundo a condição de toda a mobília adquirida, descobriu que estava toda infectada. Assim, 25 dias após a descoberta, moveu ação com o objetivo de redibir o negócio, devolvendo os móveis adquiridos, reavendo o preço pago, mais perdas e danos. Sobre o caso apresentado, assinale a afirmativa correta. (A) A demanda redibitória é tempestiva, porque o vício era oculto e, por sua natureza, só podia ser conhecido mais tarde, iniciando o prazo de 30 (trinta) dias da ciência do vício. Gabarito “C” (B) Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato, deveria a adquirente reclamar abatimento no preço, em sendo o vício sanável. (C) O pedido de perdas e danos não pode prosperar, porque o efeito da sentença redibitória se limita à restituição do preço pago, mais as despesas do contrato. (D) A demanda redibitória é intempestiva, pois quando o vício só puder ser conhecido mais tarde, o prazo de 30 (trinta) dias é contado a partir da ciência, desde que dentro de 90 (noventa) dias da tradição. A: correta, pois em se tratando de vício oculto o prazo para o adquirente perceber o vício é de 180 dias a contar da tradição. No caso, ela percebeu com 120 dias, então está dentro do limite. Percebido o vício, ela tem 30 dias para reclamar contados da data em que notou o problema. Como reclamou com 25 dias, a ação também é tempestiva (art. 445 caput e §1º CC); B: incorreta, pois a Lei dá a opção à adquirente sobre o que fazer, isto é, ela escolhe se quer rejeitar a coisa ou pedir o abatimento do preço. Não importa se o vício é sanável ou não (art. 442 CC); C: incorreta, pois o pedido de perdas e danos é válido, uma vez que a alienante sabia do vício. Logo, a alienante deve devolver o valor que recebeu, despesas de contrato mais perdas e danos (art. 443 CC); D: incorreta, pois a demanda é tempestiva, porque quando o vício só puder ser conhecido mais tarde, o prazo de 30 dias é contado a partir da ciência, desde que dentro de 180 dias da tradição (art. 445, §1º CC). GR 4.2. COMPRA E VENDA Gabarito “A” (OAB/Exame Unificado – 2015.2) Flávia vendeu para Quitéria seu apartamento e incluiu, no contrato de compra e venda, cláusula pela qual se reservava o direito de recomprá-lo no prazo máximo de 2 (dois) anos. Antes de expirado o referido prazo, Flávia pretendeu exercer seu direito, mas Quitéria se recusou a receber o preço. Sobre o fato narrado, assinale a afirmativa correta. (A) A cláusula pela qual Flávia se reservava o direito de recomprar o imóvel é ilícita e abusiva, uma vez que Quitéria, ao se tornar proprietária do bem, passa a ter total e irrestrito poder de disposição sobre ele. (B) A cláusula pela qual Flávia se reservava o direito de recomprar o imóvel é válida, mas se torna ineficaz diante da justa recusa de Quitéria em receber o preço devido. (C) A disposição incluída no contrato é uma cláusula de preferência, a impor ao comprador a obrigação de oferecer ao vendedor a coisa, mas somente quando decidir vende-la. (D) A disposição incluída no contrato é uma cláusula de retrovenda, entendida como o ajuste por meio do qual o vendedor se reserva o direito de resolver o contrato de compra e venda mediante pagamento do preço recebido e das despesas, recuperando a coisa imóvel. A: incorreta, pois tem-se no caso instituto previsto expressamente no Código Civil – o instituto da retrovenda (art. 505 do CC), tratando-se de cláusula lícita portanto; B: incorreta, pois na retrovenda o comprador da coisa fica obrigado a aceitar que o vendedor dela a receba de volta, bastando que o vendedor pague ao comprador o preço de venda da coisa mais as despesas que o comprador teve, mesmo que este não esteja de acordo com a devolução da coisa (art. 505 do CC), podendo o vendedor ir a juízo para fazer valer essa cláusula caso o comprador se recuse a cumpri-la (art. 506 do CC); C: incorreta, pois aqui o vendedor tem direito de reaver a coisa a qualquer, no prazo previsto na cláusula de retrovenda, mesmo que o comprador não queira vender a coisa para alguém, o que difere a cláusula retrovenda da cláusula de preferência; D: correta, nos termos do art. 505 do CC. (OAB/Exame Unificado – 2012.3.B) José, comerciante, com dificuldades para pagar dívidas junto aos fornecedores, firmou com Moacir contrato de empréstimo na quantia de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais) a ser pago no prazo de 12 meses. Chegando a data avençada, José, sem condição de pagar o empréstimo feito, resolveu vender sua fazenda por R$ 250.000,00 (duzentos e cinquenta mil reais) a seu amigo Jonas. Como a venda da fazenda foi celebrada somente para levantar fundos para o pagamento do empréstimo, José reservou, por cláusula contratual, o direito de recobrá-la. Considerando a hipótese acima e as regras de Direito Civil, assinale a afirmativa correta. (A) José poderá reaver a fazenda alienada a Jonas, desde que restitua o preço recebido e reembolse as despesas contratuais e as benfeitorias necessárias. (B) A cláusula especial prevista no contrato de compra e venda confere a José o direito de desfazer a venda, reavendo a fazenda no prazo de quatro anos, podendo este ser prorrogado por igual período. (C) O direito de resgate contra terceiro adquirente poderá ser exercido somente por José, não admitindo a lei, a cessão nem a Gabarito “D” transmissão aos herdeiros e legatários. (D) O pacto adjeto ao contrato de compra e vendafirmado por José e Jonas, permite a José recobrar a fazenda após constituir em mora Jonas, mediante interpelação judicial. A: correta, nos termos do instituto da retrovenda (art. 505 do CC); B: incorreta, pois o prazo máximo que poderá ser convencionado para o exercício desse direito é de três anos (art. 505 do CC); C: incorreta, pois esse direito pode ser cessível e transmissível a herdeiros e legatários (art. 507 do CC); D: incorreta, pois a lei não exige interpelação judicial no caso (arts. 505 a 508 do CC). (OAB/Exame Unificado – 2012.3.A) Marcelo firmou com Augusto contrato de compra e venda de imóvel, tendo sido instituindo no contrato o pacto de preempção. Acerca do instituto da preempção, assinale a afirmativa correta. (A) Trata-se de pacto adjeto ao contrato de compra e venda em que Marcelo se reserva ao direito de recobrar o imóvel vendido a Augusto no prazo máximo de 3 anos, restituindo o preço recebido e reembolsando as despesas do comprador. (B) Trata-se de pacto adjeto ao contrato de compra e venda em que Marcelo impõe a Augusto a obrigação de oferecer a coisa quando vender, ou dar em pagamento, para que use de seu direito de prelação na compra, tanto por tanto. (C) Trata-se de pacto adjeto ao contrato de compra e venda em que Marcelo reserva para si a propriedade do imóvel até o momento em que Augusto realize o pagamento integral do preço. Gabarito “A” (D) Trata-se de pacto adjeto ao contrato de compra e venda em que Marcelo, enquanto constituir faculdade de exercício, poderá ceder ou transferir por ato inter vivos. A: incorreta, pois a definição dada na alternativa corresponde ao instituto da retrovenda (art. 505 do CC); B: correta (art. 513 do CC); C: incorreta, pois a definição dada na alternativa corresponde ao instituto da venda com reserva de domínio (art. 521 do CC); D: incorreta, pois a definição dada na alternativa não corresponde ao instituto da preempção ou direito de preferência (art. 513 do CC). (OAB/Exame Unificado – 2010.2) Por meio de uma promessa de compra e venda, celebrada por instrumento particular registrada no cartório de Registro de Imóveis e na qual não se pactuou arrependimento, Juvenal foi residir no imóvel objeto do contrato e, quando quitou o pagamento, deparou-se com a recusa do promitente-vendedor em outorgar-lhe a escritura definitiva do imóvel. Diante do impasse, Juvenal poderá: (A) requerer ao juiz a adjudicação do imóvel, a despeito de a promessa de compra e venda ter sido celebrada por instrumento particular. (B) usucapir o imóvel, já que não faria jus à adjudicação compulsória na hipótese. (C) desistir do negócio e pedir o dinheiro de volta. (D) exigir a substituição do imóvel prometido à venda por outro, muito embora inexistisse previsão expressa a esse respeito no contrato preliminar. Gabarito “B” O caso narrado possibilita que Juvenal ingresse com ação de adjudicação compulsória (art. 1.418 do Código Civil). O fato de o compromisso de compra e venda ter sido celebrado por instrumento particular não é óbice à adjudicação compulsória, pois o art. 1.417 do Código Civil dispõe que, registrada a promessa de compra e venda, adquire-se o direito real à aquisição do imóvel, pouco importando se tal promessa foi celebrada por instrumento público ou particular. Por fim, é bom lembrar que, mesmo que o compromisso de compra e venda não estivesse registrado, o direito à adjudicação estaria preservado, conforme a Súmula 239 do STJ (“O direito à adjudicação compulsória não se condiciona ao registro do compromisso de compra e venda no cartório de imóveis”). O problema da falta de registro é que o comprador corre o risco da coisa ser registrada em nome de terceiro, terceiro esse que estaria de boa-fé, por não constar no registro público que a coisa estava compromissada para alguém. (OAB/Exame Unificado – 2020.1) Antônio, divorciado, proprietário de três imóveis devidamente registrados no RGI, de valores de mercado semelhantes, decidiu transferir onerosamente um de seus bens ao seu filho mais velho, Bruno, que mostrou interesse na aquisição por valor próximo ao de mercado. No entanto, ao consultar seus dois outros filhos (irmãos do pretendente comprador), um deles, Carlos, opôs-se à venda. Diante disso, bastante chateado com a atitude de Carlos, seu filho que não concordou com a compra e venda do imóvel, decidiu realizar uma doação a favor de Bruno. Gabarito “A” Em face do exposto, assinale a afirmativa correta. (A) A compra e venda de ascendente para descendente só pode ser impedida pelos demais descendentes e pelo cônjuge, se a oposição for unânime. (B) Não há, na ordem civil, qualquer impedimento à realização de contrato de compra e venda de pai para filho, motivo pelo qual a oposição feita por Carlos não poderia gerar a anulação do negócio. (C) Antônio não poderia, como reação à legítima oposição de Carlos, promover a doação do bem para um de seus filhos (Bruno), sendo tal contrato nulo de pleno direito. (D) É legítima a doação de ascendentes para descendente, independentemente da anuência dos demais, eis que o ato importa antecipação do que lhe cabe na herança. A: incorreta, pois basta a oposição de um só para que a compra e venda fique impedida (art. 496, caput CC); B: incorreta, pois há impedimento expresso na ordem civil à realização de contrato de compra e venda de pai para filho, motivo pelo qual a oposição feita por Carlos poderia gerar a anulação do negócio (art. 496, caput CC); C: incorreta, pois Antônio é livre para promover a doação para o filho Bruno, sendo tal contrato plenamente válido (art. 544 CC); D: correta (art. 544 CC). (OAB/Exame Unificado – 2019.3) Joana doou a Renata um livro raro de Direito Civil, que constava da coleção de sua falecida avó, Marta. Esta, na condição de testadora, havia destinado a biblioteca como legado, em testamento, para sua neta, Joana (legatária). Renata se Gabarito “D” ofereceu para visitar a biblioteca, circunstância na qual se encantou com a coleção de clássicos franceses. Renata, então, ofereceu-se para adquirir, ao preço de R$ 1.000,00 (mil reais), todos os livros da coleção, oportunidade em que foi informada, por Joana, acerca da existência de ação que corria na Vara de Sucessões, movida pelos herdeiros legítimos de Marta. A ação visava impugnar a validade do testamento e, por conseguinte, reconhecer a ineficácia do legado (da biblioteca) recebido por Joana. Mesmo assim, Renata decidiu adquirir a coleção, pagando o respectivo preço. Diante de tais situações, assinale a afirmativa correta. (A) Quanto aos livros adquiridos pelo contrato de compra e venda, Renata não pode demandar Joana pela evicção, pois sabia que a coisa era litigiosa. (B) Com relação ao livro recebido em doação, Joana responde pela evicção, especialmente porque, na data da avença, Renata não sabia da existência de litígio. (C) A informação prestada por Joana a Renata, acerca da existência de litígio sobre a biblioteca que recebeu em legado, deve ser interpretada como cláusula tácita de reforço da responsabilidade pela evicção. (D) O contrato gratuito firmado entre Renata e Joana classifica-se como contrato de natureza aleatória, pois Marta soube posteriormente do risco da perda do bem pela evicção. A: correta, pois não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa (art. 457 CC). Como Renata foi informada, assumiu risco quando decidiu levar o contrato de compra e venda adiante; B: incorreta, pois o instituto da evicção aplica-se apenas a contratos onerosos (art. 447 CC). No caso da doação foi um contrato gratuito. C: incorreta, pois a cláusula que reforça a evicção apenas pode ser expressa, nunca tácita (art. 448 CC); D: incorreta, pois trata-se de contrato de doação (art. 538 CC) de natureza comutativa e não sujeito a evicção, pois ela somente se aplica a contratos onerosos (art. 447 CC). (OAB/Exame Unificado – 2019.3) Vilmar, produtor rural, possui contratos de compra e venda de safra com diversospequenos proprietários. Com o intuito de adquirir novos insumos, Vilmar procurou Geraldo, no intuito de adquirir sua safra, cuja expectativa de colheita era de cinco toneladas de milho, que, naquele momento, estava sendo plantado em sua fazenda. Como era a primeira vez que Geraldo contratava com Vilmar, ele ficou em dúvida quanto à estipulação do preço do contrato. Considerando a natureza aleatória do contrato, bem como a dúvida das partes a respeito da estipulação do preço deste, assinale a afirmativa correta. (A) A estipulação do preço do contrato entre Vilmar e Geraldo pode ser deixada ao arbítrio exclusivo de uma das partes. (B) Se Vilmar contratar com Geraldo a compra da colheita de milho, mas, por conta de uma praga inesperada, para cujo evento o agricultor não tiver concorrido com culpa, e este não conseguir colher nenhuma espiga, Vilmar não deverá lhe pagar nada, pois não recebeu o objeto contratado. (C) Se Vilmar contratar com Geraldo a compra das cinco toneladas de milho, tendo sido plantado o exato número de Gabarito “A” sementes para cumprir tal quantidade, e se, apesar disso, somente forem colhidas três toneladas de milho, em virtude das poucas chuvas, Geraldo não receberá o valor total, em virtude da entrega em menor quantidade. (D) A estipulação do preço do contrato entre Vilmar e Geraldo poderá ser deixada ao arbítrio de terceiro, que, desde logo, prometerem designar. A: incorreta, pois nulo é o contrato de compra e venda, quando se deixa ao arbítrio exclusivo de uma das partes a fixação do preço (art. 489 CC); B: incorreta, pois Vilmar deverá pagar o valor integral a Geraldo, pois tratava-se de coisa futura cujo risco Vilmar assumiu de não vir a existir (art. 458 CC); C: incorreta, pois Vilmar terá de pagar o valor correspondente a cinco toneladas, afinal, tratava-se de coisa futura cujo risco assumiu de existir em qualquer quantidade (art. 459 CC); D: correta (art. 485, 1ª parte CC) (OAB/Exame XXXIV) Bento Albuquerque com o intuito de realizar o sonho de passar a aposentadoria na beira da praia, procura Inácio Monteiro, proprietário de uma quadra de lotes a 100 (cem) metros da famosa Praia dos Coqueiros, para comprar um lote sobre o qual seria construída sua sonhada casa de veraneio. Bento mostrou o projeto arquitetônico de sua futura casa na praia a Inácio e ressaltou que o lote para construção do projeto deveria contar com, no mínimo, 420 m² (quatrocentos e vinte metros quadrados), metragem necessária para construção da piscina, sauna e churrasqueira, além da casa projetada para ter quatro quartos. Gabarito “D” Nas tratativas e na escritura de compra e venda do imóvel, restou consignado que o imóvel possui 420 m² (quatrocentos e vinte metros quadrados) e que o preço certo e ajustado para essa metragem era de R$ 180.000,00 (cento e oitenta mil reais). No entanto, Bento ao levar o arquiteto para medidas de praxe e conhecer o lote sobre o qual o projeto seria construído, foi surpreendido ao ser informado que o imóvel contava apenas com 365m² (trezentos e sessenta e cinco metros quadrados) e que o projeto idealizado não poderia ser construído naquele lote. Sobre a hipótese narrada, assinale a afirmativa correta. (A) Bento nada pode fazer em relação a metragem faltante, tendo em vista que era sua obrigação conferi-la antes de adquirir o imóvel. (B) Bento tem o direito de exigir o complemento da área faltante, e, caso não seja possível, tem a faculdade de rescindir o contrato ou pedir pelo abatimento do preço de acordo com a metragem correta do imóvel. (C) Não haverá complemento de área, pois o imóvel foi vendido como coisa certa e discriminada, tendo sido apenas enunciativa a referência às suas dimensões. (D) Presume-se que a referência às dimensões do imóvel é enunciativa, pois a diferença de metragem não chega a 20%, (vinte por cento), logo, deverá ter, prioritariamente, abatimento do preço, mas não a complementação da metragem faltante. A: incorreta, pois o preço da venda foi estipulado por medida. Logo, se a metragem não corresponder ao que foi acordado o comprador tem o direito de exigir o complemento da área, e, não sendo isso possível, o de reclamar a resolução do contrato ou abatimento proporcional ao preço (art. 500 caput CC). B: correta (art. 500 caput CC); C: incorreta, pois o preço do imóvel foi definido pela metragem (venda ad mensuram). O imóvel não foi vendido como coisa certa e determinada (venda ad corpus), logo a referência às medidas não é meramente enunciativa. Sendo assim deverá haver complemento da área (art. 500, § 3º CC); D: incorreta, pois ainda que a diferença da metragem não chegue a 20%, caso o comprador tenha como comprovar que não teria realizado o negócio se soubesse dessa diferença então ele tem o direito de exigir o complemento da área, e, não sendo isso possível, o de reclamar a resolução do contrato ou abatimento proporcional ao preço (art. 500, § 1º CC). Bento tem como provar que se soubesse que o terreno era menor não teria realizado a compra, afinal mostrou o projeto arquitetônico desde o início deixando inequívoca a necessidade de um terreno de 420 metros quadrados. 4.3. DOAÇÃO (OAB/Exame Unificado – 2011.3.A) Marcelo, brasileiro, solteiro, advogado, sem que tenha qualquer impedimento para doar a casa de campo de sua livre propriedade, resolve fazê-lo, sem quaisquer ônus ou encargos, em benefício de Marina, sua amiga, também absolutamente capaz. Todavia, no âmbito do contrato de doação, Marcelo estipula cláusula de reversão por meio da qual o bem doado deverá se destinar ao patrimônio de Rômulo, irmão de Marcelo, caso Rômulo sobreviva à donatária. A respeito dessa situação, é correto afirmar que: (A) diante de expressa previsão legal, não prevalece a cláusula de reversão estipulada em favor de Rômulo. Gabarito “B” (B) no caso, em razão de o contrato de doação, por ser gratuito, comportar interpretação extensiva, a cláusula de reversão em favor de terceiro é válida. (C) a cláusula em exame não é válida em razão da relação de parentesco entre o doador, Marcelo, e o terceiro beneficiário, Rômulo. (D) diante de expressa previsão legal, a cláusula de reversão pode ser estipulada em favor do próprio doador ou de terceiro beneficiário por aquele designado, caso qualquer deles, nessa ordem, sobreviva ao donatário. Segundo o art. 547 do CC, o doador pode estipular que os bens doados voltem ao seu patrimônio, se sobreviver ao donatário. Porém, o doador NÃO pode estipular que, falecendo o donatário, o bem doado vá para um terceiro, ou seja, “não prevalece a cláusula de reversão em favor de terceiro” (art. 547, parágrafo único, do CC). Assim, a alternativa “A” está correta. A alternativa “B” está incorreta, pois não cabe cláusula de reversão em favor de terceiro, e também porque o contrato de doação não comporta interpretação extensiva, mas apenas interpretação estrita (art. 114 do CC). A alternativa “C” está incorreta, pois não há impedimento de doação de bens para parentes. Esse tipo de restrição só existe quando se está diante de fraude contra credores, que não é o caso. A alternativa “D” está incorreta, pois, como se viu, não cabe cláusula de reversão em favor de terceiro (art. 547, parágrafo único, do CC). (OAB/Exame Unificado – 2010.3) Sônia, maior e capaz, decide doar, por instrumento particular, certa quantia em dinheiro em favor de seu sobrinho, Fernando, maior e capaz, caso ele venha a se casar com Gabarito “A” Leila. Sônia faz constar, ainda, cláusula de irrevogabilidade da doação por eventual ingratidão de seu sobrinho. Fernando, por sua vez, aceita formalmente a doação e, poucos meses depois, casa-se com Leila, conforme estipulado. No dia seguinte ao casamento, ao procurar sua tia para receber a quantia estabelecida, Fernando deflagra uma discussão com Sônia e lhe dirige grave ofensa física. A respeito da situação narrada, é correto afirmar que Fernando: (A) deve receber a quantia em dinheiro, em razão de ter se casado com Leila eindependentemente de ter dirigido grave ofensa física a Sônia. (B) não deve receber a quantia em dinheiro, pois dirigiu grave ofensa física à sua tia Sônia. (C) deve receber a quantia em dinheiro, em razão de o instrumento de doação prever cláusula de irrevogabilidade por eventual ingratidão. (D) não deve receber a quantia em dinheiro, tendo em vista que a doação é nula, pois deveria ter sido realizada por escritura pública. O caso envolve o instituto da revogação da doação por ingratidão, regulamentado no art. 555 e seguintes do CC. O problema é que, quando se faz uma doação para que se dê determinado casamento, está-se diante de hipótese em que a lei, expressamente, proíbe a revogação por ingratidão (art. 564, IV, do CC), de modo que a revogação da doação, no caso, não é cabível em tese, mesmo tendo Fernando dirigido grave ofensa física a Sônia. OAB/Exame Unificado – 2019.3) Lucas, um grande industrial do ramo de couro, decidiu ajudar Pablo, seu amigo de infância, na abertura do Gabarito “A” seu primeiro negócio: uma pequena fábrica de sapatos. Lucas doou 50 prensas para a fábrica, mas Pablo achou pouco e passou a constantemente importunar o amigo com novas solicitações. Após sucessivos e infrutíferos pedidos de empréstimos de toda ordem, a relação entre os dois se desgasta a tal ponto que Pablo, totalmente fora de controle, atenta contra a vida de Lucas. Este, porém, sobrevive ao atentado e decide revogar a doação feita a Pablo. Ocorre que Pablo havia constituído penhor sobre as prensas, doadas por Lucas, para obter um empréstimo junto ao Banco XPTO, mas, para não interromper a produção, manteve as prensas em sua fábrica. Diante do exposto, assinale a afirmativa correta. (A) Para a constituição válida do penhor, é necessário que as coisas empenhadas estejam em poder do credor. Como isso não ocorreu, o penhor realizado por Pablo é nulo. (B) Tendo em vista que o Banco XPTO figura como terceiro de má-fé, a realização do penhor é causa impeditiva da revogação da doação feita por Lucas. (C) Como causa superveniente da resolução da propriedade de Pablo, a revogação da doação operada por Lucas não interfere no direito de garantia dado ao Banco XPTO. (D) Em razão da tentativa de homicídio, a revogação da doação é automática, razão pela qual os direitos adquiridos pelo Banco XPTO resolvem-se junto com a propriedade de Pablo. A: incorreta, pois trata-se de penhor industrial e neste caso é permitido que os bens empenhados fiquem na posse do devedor (art. 1.431, parágrafo único CC); B: incorreta, pois o Banco XPTO não é terceiro de má-fé (afinal, o penhor foi constituído com todos os requisitos legais do contrato e à época Lucas era proprietário do bem recebido por doação, podendo, assim, empenhá-lo normalmente – art. 1.420 CC) , logo, a realização do penhor não é causa impeditiva da revogação da doação feita por Pablo. Pablo pode revogar a doação com fundamento no art. 557, I CC; C: correta, pois a revogação por ingratidão não prejudica os direitos adquiridos por terceiros (art. 563 CC); D: incorreta, pois a revogação da doação não é automática, devendo ser pleiteada judicialmente dentro de um ano, a contar de quando chegue ao conhecimento do doador o fato que a autorizar, e de ter sido o donatário o seu autor (art. 559 CC). Ademais, os direitos adquiridos pelo Banco XPTO não se resolvem junto com a propriedade de Pablo, pois a revogação por ingratidão não prejudica os direitos adquiridos por terceiros (art. 536 CC). (OAB/Exame Unificado – 2020.2) Leandro decide realizar uma doação com a finalidade exclusiva de remunerar serviços prestados voluntária e espontaneamente por Carmen em sua ONG (Organização Não Governamental). Oferece, então, um pequeno imóvel residencial, avaliado em R$ 100.000,00 (cem mil reais), por instrumento particular, oportunidade na qual o doador fez questão de estipular uma obrigação: Carmen teria que realizar benfeitorias específicas na casa, tais como a troca dos canos enferrujados, da fiação deteriorada, bem como a finalização do acabamento das paredes, com a devida pintura final. A donatária aceita os termos da doação e assina o documento particular, imitindo-se na posse do bem e dando início às obras. Alguns dias depois, orientada por um vizinho, reúne-se com o doador e decide formalizar a doação pela via de escritura pública, no ofício competente, constando também cláusula de renúncia Gabarito “C” antecipada do doador a pleitear a revogação da doação por ingratidão. Dois anos depois, após sérios desentendimentos e ofensas públicas desferidas por Carmen, esta é condenada, em processo cível, a indenizar Leandro ante a prática de ato ilícito, qualificado como injúria grave. Leandro, então, propõe uma ação de revogação da doação. Diante desse fato, assinale a afirmativa correta. (A) Mesmo diante da prática de injúria grave por parte de Carmen, Leandro não pode pretender revogar a doação, porque houve renúncia expressa no contrato. (B) A doação para Carmen se qualifica como condicional, eis que depende do cumprimento da obrigação de realizar as obras para a sua confirmação. (C) A doação para Carmen não pode ser revogada por ingratidão, porque o ato de liberalidade do doador teve motivação puramente remuneratória. (D) O ordenamento admite que a doação para Carmen fosse realizada por instrumento particular, razão pela qual a realização da escritura pública foi um ato desnecessário. A: incorreta, pois esta cláusula de renúncia é nula, vez que não se pode renunciar antecipadamente o direito de revogar a liberalidade por ingratidão do donatário (art. 556 CC); B: incorreta, pois trata-se de doação com encargo (aquela em que há uma obrigação a ser cumprida por parte do donatário quando receber a coisa – arts. 539 e 540 CC), e não condicional (“só doo se você fizer tal coisa”); C: correta (art. 564, I CC); D: incorreta, pois por se tratar de bem imóvel em valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no país, este negócio jurídico apenas terá validade se feito por escritura pública (art. 108 CC). GR (OAB/Exame XXXIV) Joana e Mário são pais de Ricardo, atualmente com 8 anos, e que se encontra no início de sua vida escolar. Tércio, irmão de Joana, decide doar, ao sobrinho Ricardo, certa quantia em dinheiro. Para que esta doação seja válida, o contrato (A) deve ser anuído pelo próprio sobrinho, Ricardo. (B) precisa contar com o consentimento de Ricardo, expressado por Joana e Mário. (C) dispensa a aceitação, por ser pura e realizada em favor de absolutamente incapaz. (D) prescinde de consentimento de Ricardo, pois se trata de negócio jurídico unilateral. A: incorreta, pois não é necessária a aceitação de Ricardo, pois ele é absolutamente incapaz e trata-se de doação pura (art. 543 CC); B: incorreta, pois também não é necessário o consentimento dos pais (art. 543 CC); C: correta (art. 543 CC); D: incorreta, pois o consentimento da criança é dispensável não porque se trata de negócio jurídico unilateral, mas sim porque é doação pura (art. 543 CC). 4.4. DEPÓSITO, MÚTUO E COMODATO Gabarito “C” Gabarito “C” (OAB/Exame Unificado – 2017.2) Cássio, mutuante, celebrou contrato de mútuo gratuito com Felipe, mutuário, cujo objeto era a quantia de R$ 5.000,00, em 1º de outubro de 2016, pelo prazo de seis meses. Foi combinado que a entrega do dinheiro seria feita no parque da cidade. No entanto, Felipe, após receber o dinheiro, foi furtado no caminho de casa. Em 1º de abril de 2017, Cássio telefonou para Felipe para combinar o pagamento da quantia emprestada, mas este respondeu que não seria possível, em razão da perda do bem por fato alheio à sua vontade. Acerca dos fatos narrados, assinale a afirmativa correta. (A) Cássio tem direito à devolução do dinheiro, ainda que a perda da coisa não tenha sido por culpa do devedor, Felipe. (B) Cássio tem direito à devolução do dinheiro e ao pagamento de juros, ainda que a perda da coisa não tenha sido por culpa do devedor, Felipe.(C) Cássio tem direito somente à devolução de metade do dinheiro, pois a perda da coisa não foi por culpa do devedor, Felipe. (D) Cássio não tem direito à devolução do dinheiro, pois a perda da coisa não foi por culpa do devedor, Felipe. A: correta, pois o dinheiro é coisa incerta e – como tal – não admite alegação de perda (CC, art. 246). Ademais, o mutuário é dono do dinheiro (CC, art. 587) e nessa qualidade responde pela perda, ainda que sem culpa; B: incorreta, pois o mútuo foi gratuito, ou seja, sem previsão de juros; C: incorreta, pois não existe tal previsão de devolução pela metade no ordenamento; D: incorreta, pois não se discute a culpa de Felipe. GN (OAB/Exame Unificado – 2014.1) Pedro, menor impúbere, e sem o consentimento de seu representante legal, celebrou contrato de mútuo com Marcos, tendo este lhe entregue a quantia de R$ 400,00, a fim de que pudesse comprar uma bicicleta. A respeito desse caso, assinale a afirmativa incorreta. (A) O mútuo poderá ser reavido somente se o representante legal de Pedro ratificar o contrato. (B) Se o contrato tivesse por fim suprir despesas com a própria manutenção, o mútuo poderia ser reavido, ainda que ausente ao ato o representante legal de Pedro. (C) Se Pedro tiver bens obtidos com o seu trabalho, o mútuo poderá ser reavido, ainda que contraído sem o consentimento do seu representante legal. (D) O mútuo também poderia ser reavido caso Pedro tivesse obtido o empréstimo maliciosamente. A: incorreta (devendo ser assinalada), pois o mútuo feito a pessoa menor, sem prévia autorização daquele sob cuja guarda estiver, não pode ser reavido nem do mutuário, nem de seus fiadores (art. 588 do CC); B: correta (art. 589, II do CC); C: correta (art. 589, III do CC); D: correta (art. 589, V do CC). (OAB/Exame Unificado – 2012.1) O policial militar Marco Antônio é proprietário de uma casa de praia, localizada no balneário de Guarapari/ES. Por ocasião de seu exercício profissional na cidade de Gabarito “A” Gabarito “A” Vitória/ES, a casa de praia foi emprestada ao seu primo Fabiano, que lá reside com sua família há mais de três anos. Ocorre que, por interesse da administração pública, Marco Antônio foi removido de ofício para a cidade de Guarapari/ES. Diante de tal situação, Marco Antônio decidiu notificar extrajudicialmente o primo para que este desocupe a referida casa no prazo improrrogável de 30 dias. Considerando a situação hipotética, assinale a alternativa correta. (A) O contrato firmado verbalmente entre Marco Antônio e Fabiano é o comodato e a fixação do prazo mínimo de 30 dias para desocupação do imóvel encontra-se expressa em lei. (B) Conforme entendimento pacífico do STJ, a notificação extrajudicial para desocupação de imóvel dado em comodato verbal por prazo indeterminado é imprescindível para a reintegração da posse. (C) A espécie de empréstimo firmado entre Marco Antônio e Fabiano é o mútuo, pois recai sobre bem imóvel inconsumível. Nesta modalidade de contrato, a notificação extrajudicial para a restituição do bem, por si só, coloca o mutuário em mora e obriga- o a pagar aluguel da coisa até sua efetiva devolução. (D) Tratando-se de contrato firmado verbalmente e por prazo indeterminado, Marco Antônio pode colocar fim ao contrato a qualquer momento, sem ter que apresentar motivo, em decorrência da aplicação das regras da chamada denúncia vazia. A: incorreta, pois, apesar de se tratar de um contrato de comodato, não há, na lei, previsão de prazo mínimo de 30 dias para desocupação de imóvel dado em comodato, quando o comodante reclama o imóvel de volta; B: incorreta, pois não há entendimento pacífico nesse sentido; todavia, há alguns acórdãos do STJ que entendem ser necessária essa notificação extrajudicial prévia; C: incorreta, pois um imóvel é um bem infungível, de maneira que o empréstimo deste é necessariamente um comodato (art. 579 do CC); D: correta, pois o art. 581 do CC só impõe que o comodante demonstre necessidade imprevista e urgente para a retomada do bem dado em comodato quando se tratar de comodato com prazo, seja este prazo expresso ou presumido. No caso em tela, tem-se um comodato verbal e por prazo indeterminado, permitindo, assim, a chamada denúncia vazia, nos termos do seguinte acórdão do STJ, que cita, em seu teor doutrina de Pontes de Miranda a respeito: “Agravo interno. Recurso especial. Comodato verbal sem prazo determinado. Pedido de desocupação. Notificação. Prescindibilidade da prova de urgência ou necessidade imprevista de retomada do bem. Súmula STJ/83. 1. Dado em comodato o imóvel, mediante contrato verbal sem prazo determinado, é suficiente para a sua extinção a notificação ao comodatário da pretensão de retomada do bem, sendo prescindível a prova de necessidade imprevista e urgente do bem. Precedentes. 2. Agravo Regimental improvido.” (AgRg no REsp 1136200/PR, DJe 01.07.2011). (OAB/Exame XXXIII – 2020.3) Antônio decide ceder gratuitamente a posse de um de seus imóveis residenciais a Carlos, seu grande amigo que vem passando por dificuldades financeiras, sem fixar prazo para a devolução do bem. Passados 5 (cinco) anos, Antônio decide notificar Carlos para que se retire do imóvel, após descobrir que estava deteriorado por pura desídia do possuidor, que não estava realizando os atos de conservação necessários. Carlos realiza uma contranotificação, informando que não vai devolver o imóvel, na medida em que ainda Gabarito “D” necessita dele para sua moradia. Em razão disso, Carlos decide arbitrar o aluguel pelo uso do bem imóvel. Neste contexto, assinale a afirmativa correta. (A) O contrato firmado é de depósito, motivo pelo qual tem Carlos o dever de guardá-lo e conservá-lo até que Antônio o reclame, sob pena de pagar aluguéis. (B) O contrato firmado é de mútuo, que transfere o domínio da coisa emprestada ao mutuário, correndo por conta deste os riscos desde a tradição, sendo indevidos os aluguéis. (C) O contrato celebrado é de comodato, sendo o comodatário obrigado a conservar a coisa emprestada e, uma vez constituído em mora, a pagar aluguéis. (D) O contrato pactuado é de locação, que se iniciou com a renúncia à cobrança de aluguéis pelo locador e, após a notificação, tornou a exigi-los, como é da natureza do contrato. A: incorreta, pois o contrato não é de depósito, uma vez que neste contrato o depositário recebe um objeto móvel, para guardar, até que o depositante o reclame (art. 627 CC). No caso em tela Carlos recebeu um bem imóvel; B: incorreta, pois no contrato de mútuo há o empréstimo de coisa fungível (art. 586 CC). O imóvel é coisa infungível; C: correta, pois o comodato é o empréstimo gratuito de coisas não fungíveis. O comodatário é obrigado a conservar a coisa e uma vez constituído em mora deve pagar aluguéis (art. 579 e 582 CC); D: incorreta, pois um dos elementos constitutivos do contrato de locação são os aluguéis. O art. 565 CC é expresso ao dizer que no contrato de locação de coisas deve haver certa retribuição e a Lei de Locação (Lei 8.245/91) também faz menção expressa aos aluguéis em seu artigo 17 em diante. Quando não há cobrança de aluguéis desconfigura a locação. GR 4.5. MANDATO (OAB/Exame Unificado – 2013.1) De acordo com o Código Civil, opera-se o mandato quando alguém recebe de outrem poderes para, em nome deste, praticar atos ou administrar interesses. Daniel outorgou a Heron, por instrumento público, poderes especiais e expressos, por prazo indeterminado, para vender sua casa na Rua da Abolição, em Salvador, Bahia. Ocorre que, três dias depois de lavrada e assinada a procuração, em viagem para um congresso realizado no exterior, Daniel sofre um acidente automobilístico e vem a falecer, quando ainda fora do país. Heron, no mesmo dia da morte de Daniel, ignorando o óbito, vende a casa para Fábio, que a compra, estando ambos de boa-fé. De acordo com a situação narrada, assinale a afirmativa correta. (A) A compra e venda é nula, em razão de ter cessado o mandato automaticamente, com a morte do mandante.(B) A compra e venda é válida, em relação aos contratantes. (C) A compra e venda é inválida, em razão de ter o mandato sido celebrado por prazo indeterminado, quando deveria, no caso, ter termo certo. (D) A compra e venda é anulável pelos herdeiros de Daniel, que podem escolher entre corroborar o negócio realiza doem nome do mandante falecido, revogá-lo, ou cobrar indenização do mandatário. A, C e D: incorretas, por força da regra de exceção prevista no art. 689 do CC, pela qual “são válidos, a respeito dos contratantes de Gabarito “C” boa-fé, os atos com estes ajustados em nome do mandante pelo mandatário, enquanto este ignorar a morte daquele ou a extinção do mandato, por qualquer outra causa”; B: correta (art. 689 do CC). (OAB/Exame Unificado – 2008.3) A respeito do mandato, assinale a opção correta. (A) Por ser contrato, a aceitação do mandato não poderá ser tácita. (B) O mandato outorgado por instrumento público pode ser objeto de substabelecimento por instrumento particular. (C) Apesar de a lei exigir forma escrita para a celebração de contrato, tal exigência não alcança o mandato, cuja outorga pode ser verbal. (D) O poder de transigir estabelecido no mandato importará o de firmar compromisso. A: incorreta (art. 659 do CC); B: correta (art. 655 do CC); C: incorreta (arts. 104 c.c. 656, ambos do CC); D: incorreta (art. 661, § 2.º, do CC). 4.6. TRANSPORTE (OAB/Exame Unificado – 2008.3) Supondo que Cláudio viaje de ônibus, para ir do interior de um estado à capital, assinale a opção correta. Gabarito “B” Gabarito “B” (A) Caso a viagem tenha de ser interrompida em consequência de evento imprevisível, a empresa responsável pelo transporte não é obrigada a concluir o trajeto. (B) Se Cláudio não tiver pago a passagem e se recusar a fazê-lo quando chegar ao destino, será lícito à empresa reter objetos pessoais pertencentes a ele como garantia do pagamento. (C) Cláudio, sob pena de ferir a boa-fé objetiva, somente poderá rescindir o contrato com a empresa de transporte, antes de iniciada a viagem, caso demonstre justo motivo. (D) Cláudio não poderá desistir do transporte após iniciada a viagem. A: incorreta (art. 741 do CC); B: correta (art. 742 do CC); C e D: incorretas (art. 740, § 1.º, do CC). (OAB/Exame Unificado – 2008.2) A respeito do transporte de pessoas, assinale a opção correta, de acordo com o Código Civil vigente. (A) O transportador responde pelos danos causados às pessoas transportadas, mas só responde pelo extravio das bagagens se o passageiro tiver declarado o valor a elas correspondente. (B) É nula a cláusula de exclusão da responsabilidade no contrato de transporte de pessoas, ao qual também não se aplica a excludente da força maior. (C) O transportador não poderá reter bagagem ou objetos pessoais de passageiros para garantir o pagamento da passagem que não tiver sido efetuado no início do percurso. (D) Em regra, o transporte feito por cortesia não se subordina às normas estipuladas para o contrato de transporte de pessoas. Gabarito “B” A: incorreta (art. 734, caput e parágrafo único, do CC); B: incorreta (art. 734 do CC); C: incorreta (art. 742 do CC); D: correta, (art. 736 do CC). 4.7. FIANÇA (OAB/Exame Unificado – 2017.1)João e Maria, casados e donos de extenso patrimônio, celebraram contrato de fiança em favor de seu filho, Carlos, contrato este acessório a contrato de locação residencial urbana, com duração de 30 meses, celebrado entre Carlos, locatário, e Marcelo, proprietário do apartamento e locador, com vigência a partir de 1º de setembro de 2015. Contudo, em novembro de 2016, Carlos não pagou o aluguel. Considerando que não houve renúncia a nenhum benefício pelos fiadores, assinale a afirmativa correta. (A) Marcelo poderá cobrar diretamente de João e Maria, fiadores, tendo em vista que eles são devedores solidários do afiançado, Carlos. (B) Marcelo poderá cobrar somente de João, tendo em vista que Maria não é fiadora, mas somente deu a outorga uxória. (C) Marcelo poderá cobrar de Carlos, locatário, mas não dos fiadores, pois não respondem pela dívida do contrato de locação. (D) Marcelo poderá cobrar de João e Maria, fiadores, após tentar cobrar a dívida de Carlos, locatário, tendo em vista que os fiadores são devedores subsidiários. Gabarito “D” A: incorreta, pois há ordem preferencial de cobrança, devendo antes ser cobrado o valor de Carlos, que é o verdadeiro devedor; B: incorreta, pois Maria assinou como fiadora e terá responsabilidade, após ter sido cobrado o locatário do imóvel; C: incorreta, pois – após cobrar Carlos – o locador do imóvel poderá cobrar os fiadores, responsáveis pelo débito alheio; D: correta, pois existe uma ordem de preferência na cobrança, direito que não foi renunciado pelos fiadores. De acordo com o art. 827 do Código Civil: “O fiador demandado pelo pagamento da dívida tem direito a exigir, até a contestação da lide, que sejam primeiro executados os bens do devedor”. GN (OAB/Exame Unificado – 2013.2) A Lanchonete Mirim celebrou contrato de fornecimento de bebidas com a Distribuidora Céu Azul, ficando ajustada a entrega mensal de 200 latas de refrigerante, com pagamento em 30 dias após a entrega. Para tanto, Luciana, mãe de uma das sócias da lanchonete, sem o conhecimento das sócias da sociedade e de seu marido, celebrou contrato de fiança, por prazo indeterminado, com a distribuidora, a fim de garantir o cumprimento das obrigações assumidas pela lanchonete. Diante desse quadro, assinale a afirmativa correta. (A) Luciana não carece da autorização do cônjuge para celebrar o contrato de fiança com a sociedade Céu Azul, qualquer que seja o regime de bens. (B) Pode-se estipular a fiança, ainda que sem o consentimento do devedor ou mesmo contra a sua vontade, sendo sempre por escrito e não se admitindo interpretação extensiva. Gabarito “D” (C) Em caso de dação em pagamento, se a distribuidora vier a perder, por evicção, o bem dado pela lanchonete para pagar o débito, remanesce a obrigação do fiador. (D) Luciana não poderá se exonerar, quando lhe convier, da fiança que tiver assinado, ficando obrigada por todos os efeitos da fiança até a extinção do contrato de fornecimento de bebidas. A: incorreta, pois a autorização do cônjuge é necessária, como regra, para a celebração de contrato de fiança (art. 1.647, III, do CC); B: correta (art. 820 do CC); C: incorreta, pois, mesmo nesse caso, fica extinta a fiança (art. 838, III, do CC); D: incorreta, pois, segundo o art. 835 do CC, “o fiador poderá exonerar-se da fiança que tiver assinado sem limitação de tempo, sempre que lhe convier, ficando obrigado por todos os efeitos da fiança, durante sessenta dias após a notificação do credor”. (OAB/Exame Unificado – 2011.1) Gustavo tornou-se fiador do seu amigo Henrique, em razão de operação de empréstimo bancário que este tomou com o Banco Pechincha. No entanto, Gustavo, apreensivo, descobriu que Henrique está desempregado há algum tempo e que deixou de pagar várias parcelas do referido empréstimo. Sem o consentimento de Gustavo, Henrique e o Banco Pechincha aditaram o contrato original, tendo sido concedida moratória a Henrique. Com base no relato acima e no regime legal do contrato de fiança, assinale a alternativa correta. (A) Se o Banco Pechincha, sem justa causa, demorar a execução iniciada contra Henrique, poderá Gustavo promover-lhe o andamento. Gabarito “B” (B) Gustavo não poderá exonerar-se da fiança que tiver assinado sem limitação de tempo, ficando obrigado por todos os efeitos da fiança até o efetivo pagamento do débito principal. (C) A concessão da moratória pelo Banco Pechincha a Henrique, tal como narrado, não tem o condão de desobrigar o fiador. (D) Por ter a fiança o objetivo de garantir o débito principal, sendo acessória a este, deve ela ser de valor igual ao da obrigação principal e ser contraída nas mesmas condições de onerosidade de tal obrigação. A: correta, de acordo com o gabarito oficial; no entanto, apesarde afirmação ser mesmo correta (art. 834 do CC), o ideal, no caso concreto, é Gustavo pedir o reconhecimento judicial de que não está mais obrigado pelo contrato de fiança, por conta da moratória, conforme claramente determina o art. 838, I, do CC; B e C: incorretas, pois o fiador ficará exonerado da obrigação se o credor, sem consentimento dele, conceder moratória ao devedor (art. 838, I, do CC); D: incorreta, pois a fiança pode ser de valor inferior ao da obrigação principal, bem como pode ser contraída em condições menos onerosas que esta (art. 823 do CC). 4.8. DEMAIS CONTRATOS EM ESPÉCIE E CONTRATOS COMBINADOS (OAB/Exame Unificado – 2017.3) Caio, locador, celebrou com Marcos, locatário, contrato de locação predial urbana pelo período de 30 meses, sendo o instrumento averbado junto à matrícula do imóvel no RGI. Contudo, após seis meses do início da vigência do contrato, Gabarito “A” Caio resolveu se mudar para Portugal e colocou o bem à venda, anunciando-o no jornal pelo valor de R$ 500.000,00. Marcos tomou conhecimento do fato pelo anúncio e entrou em contato por telefone com Caio, afirmando estar interessado na aquisição do bem e que estaria disposto a pagar o preço anunciado. Caio, porém, disse que a venda do bem imóvel já tinha sido realizada pelo mesmo preço a Alexandre. Além disso, o adquirente do bem, Alexandre, iria denunciar o contrato de locação e Marcos teria que desocupar o imóvel em 90 dias. Acerca dos fatos narrados, assinale a afirmativa correta. (A) Marcos, tendo sido preterido na alienação do bem, poderá depositar o preço pago e as demais despesas do ato e haver para si a propriedade do imóvel. (B) Marcos não tem direito de preferência na aquisição do imóvel, pois a locação é por prazo determinado. (C) Marcos somente poderia exercer direito de preferência na aquisição do imóvel se fizesse oferta superior à de Alexandre. (D) Marcos, tendo sido preterido na alienação do bem, poderá reclamar de Alexandre, adquirente, perdas e danos, e poderá permanecer no imóvel durante toda a vigência do contrato, mesmo se Alexandre denunciar o contrato de locação. O direito de preferência concedido ao inquilino está presente em qualquer contrato de locação de imóvel urbano. O que pode diferir de uma situação para outra é a consequência da não concessão desta preferência ao inquilino. Se o contrato não estiver averbado perante a matrícula do imóvel o inquilino que foi preterido no seu direito de preferência terá apenas e tão somente direito a pleitear perdas e danos. Se, todavia, o contrato estiver averbado perante a matrícula do imóvel (como é o caso da questão mencionada) o inquilino poderá depositar o preço pago e as demais despesas do ato e haver para si a propriedade do imóvel. Nesse sentido é o artigo 33 da Lei 8.245/1991. GN (OAB/Exame Unificado – 2016.3) Tiago celebrou contrato de empreitada com a sociedade Obras Já Ltda. para a construção de piscina e duas quadras de esporte em sua casa de campo, pelo preço total de R$ 50.000,00. No contrato ficou estabelecido que a empreiteira seria responsável pelo fornecimento dos materiais necessários à execução da obra. Durante a obra, ocorreu uma enchente que alagou a região e parte do material a ser usado na obra foi destruída. A empreiteira, em razão disso, entrou em contato com Tiago cobrando um adicional de R$ 10.000,00 para adquirir os novos materiais necessários para terminar a obra. Diante dos fatos narrados, assinale a afirmativa correta. (A) Tiago não terá que arcar com o adicional de R$ 10.000,00, ainda que a destruição do material não tenha ocorrido por culpa do devedor. (B) Tiago não terá que arcar com o adicional de R$ 10.000,00, porém a empreiteira não está mais obrigada a terminar a obra, tendo em vista a ocorrência de um fato fortuito ou de força maior. (C) Tiago terá que arcar com o adicional de R$ 10.000,00, tendo em vista que a destruição do material não foi causada por um fato fortuito ou de força maior. Gabarito “A” (D) Tiago terá que arcar com o adicional de R$ 10.000,00 e a empreiteira não está mais obrigada a terminar a obra, ante a ocorrência de um caso fortuito ou de força maior. A: correta, pois de pleno acordo com o art. 611 do Código Civil, o qual estabelece que “quando o empreiteiro fornece os materiais, correm por sua conta os riscos até o momento da entrega da obra”; B: incorreta, pois a empreiteira continua responsável pela entrega da obra; C: incorreta, pois tal responsabilidade não recai sobre o dono da obra; D: incorreta, pois Tiago não deve pagar o adicional e a empreiteira continua obrigada a terminar a obra. GN (OAB/Exame Unificado – 2015.3) João Henrique residia com sua companheira Natália em imóvel alugado a ele por Frederico pelo prazo certo de trinta meses, tendo como fiador Waldemar, pai de João Henrique. A união do casal, porém, chegou ao fim, de forma que João Henrique deixou o lar quando faltavam seis meses para o fim do prazo da locação. O locador e o fiador foram comunicados a respeito da saída de João Henrique do imóvel. Sobre o caso apresentado, assinale a afirmativa correta. (A) Como o locatário era João Henrique, sua saída do imóvel implica a extinção do contrato de locação, podendo Frederico exigir, imediatamente, que Natália o desocupe. (B) Como João Henrique era o locatário, sua saída permite que Natália continue residindo no imóvel apenas até o término do prazo contratual, momento em que o contrato se extingue, sem possibilidade de renovação, salvo nova convenção entre Natália e Frederico. Gabarito “A” (C) Com a saída do locatário do imóvel, a locação prossegue automaticamente tendo Natália como locatária, porém a fiança prestada por Waldemar caduca, permitindo a Frederico exigir de Natália o oferecimento de nova garantia, sob pena de resolução do contrato. (D) Com a saída do locatário, a locação prossegue com Natália, permitido a Waldemar exonerar-se da fiança em até trinta dias da data em que for cientificado da saída do seu filho do imóvel; ainda assim, a exoneração só produzirá efeitos cento e vinte dias depois de notificado o locador. A a D: somente a alternativa “D” está correta, pois, de acordo com o art. 12, caput, da Lei 8.245/1991, “em casos de separação de fato, separação judicial, divórcio ou dissolução da união estável, a locação residencial prosseguirá automaticamente com o cônjuge ou companheiro que permanecer no imóvel”, de modo que Natália poderá prosseguir com a locação; quanto ao fiador, Waldemar “poderá exonerar-se das suas responsabilidades no prazo de 30 (trinta) dias contado do recebimento da comunicação oferecida pelo sub-rogado, ficando responsável pelos efeitos da fiança durante 120 (cento e vinte) dias após a notificação ao locador” (art. 12, § 2º, da Lei 8.245/1991). (OAB/Exame Unificado – 2015.1) Maria entregou à sociedade empresária JL Veículos Usados um veículo Vectra, ano 2008, de sua propriedade, para ser vendido pelo valor de R$ 18.000,00. Restou acordado que o veículo ficaria exposto na loja pelo prazo máximo de 30 dias. Considerando a hipótese acima e as regras do contrato estimatório, assinale a afirmativa correta. Gabarito “D” (A) O veículo pode ser objeto de penhora pelos credores da JL Veículos Usados, mesmo que não pago integralmente o preço. (B) A sociedade empresária JL Veículos Usados suportará a perda ou deterioração do veículo, não se eximindo da obrigação de pagar o preço ajustado, ainda que a restituição se impossibilite sem sua culpa. (C) Ainda que não pago integralmente o preço a Maria, o veículo consignado poderá ser objeto de penhora, caso a sociedade empresária JL Veículos Usados seja acionada judicialmente por seus credores. (D) Maria poderá dispor do veículo enquanto perdurar o contrato estimatório, com fundamento na manutenção da reserva do domínio e da posse indireta da coisa. A e C: incorretas, pois no contrato estimatório o bem é deixado com alguém em “consignação”, não ficando este alguém (consignatário) proprietário dobem, o que impede que esse alguém dê o bem em garantia aos seus credores; há também proibição expressa nesse sentido no art. 536 do CC; B: correta, pois, de acordo com o art. 535 do CC, “o consignatário não se exonera da obrigação de pagar o preço, se a restituição da coisa, em sua integridade, se tornar impossível, ainda que por fato a ele não imputável”; D: incorreta, pois, de acordo com o art. 537 do CC, “o consignante não pode dispor da coisa antes de lhe ser restituída ou de lhe ser comunicada a restituição”. (OAB/Exame Unificado – 2014.2) Marina comprometeu-se a obter para Mônica um negócio de compra e venda de um imóvel para que ela pudesse abrir seu curso de inglês. Marina encontrou uma grande sala Gabarito “B” em um prédio bem localizado e informou a Mônica que entraria em contato com o vendedor para saber detalhes do imóvel. A partir da hipótese apresentada, assinale a opção correta. (A) Marina marca uma reunião entre o vendedor e Mônica, mas o negócio não se realiza por arrependimento das partes. Sem pagar a comissão, Mônica dispensa Marina, que reclama seu pagamento, explicando que conseguiu o negócio e que não importa se não ocorreu a compra da sala. (B) Passado o prazo contratual para a obtenção do negócio, o próprio vendedor entra em contato com Mônica para celebrar o negócio, liberando-a, portanto, de pagar a comissão de Marina. (C) Como a obrigação de Marina é apenas de obtenção do negócio, a responsabilidade pela segurança e pelo risco é apenas do vendedor, sendo desnecessário que Marina se preocupe com esses detalhes. (D) A remuneração de Marina deve ser previamente ajustada entre as partes; caso contrário, Mônica pagará o valor que achar suficiente. A: correta, pois Marina tem o direito de receber sua comissão ainda que o negócio não se efetive em virtude de arrependimento das partes (art. 725 do CC); B: incorreta, pois ainda que o prazo tenha se exaurido, Marina tem o direito de receber sua comissão, haja vista que o negócio apenas foi concretizado por efeito do seu trabalho (art. 727 do CC); C: incorreta, pois Marina possui responsabilidade de informar Mônica sobre todos os esclarecimentos acerca da segurança ou do risco do negócio, sob pena de responder por perdas e danos (art. 723, parágrafo único do CC); D: incorreta, pois a remuneração do corretor, se não estiver fixada em lei, nem ajustada entre as partes, será arbitrada segundo a natureza do negócio e os usos locai, e não conforme o que Mônica julgar suficiente (art. 724 do CC). (OAB/Exame Unificado – 2012.3.B) A sociedade ABC Engenharia Ltda. firmou contrato de seguro de veículo automotor com a Seguradora Gênesis. Considerando a hipótese em apreço, as regras atinentes ao contrato de seguro e de acordo com o Código Civil, assinale a afirmativa correta. (A) O ordenamento jurídico estabelece que o contrato de seguro prova-se com a exibição da apólice ou do bilhete do seguro, sendo estes os únicos meios admitidos de prova. (B) A apólice ou o bilhete de seguro de veículo automotor deverá ser, necessariamente, nominativa e mencionará os riscos assumidos, o início e o fim de sua validade, o limite da garantia e o prêmio devido. (C) É proibido, em qualquer hipótese, à sociedade ABC Engenharia Ltda., na vigência do contrato de seguro com a Seguradora Gênesis, firmar seguro sobre o mesmo bem e contra o mesmo risco junto a outra seguradora. (D) Sendo nominativa a apólice de seguro firmada entre a empresa ABC Engenharia e a Seguradora Gênesis, a transferência do contrato de seguro a terceiro só produzirá efeito em relação ao segurador mediante aviso escrito assinado pelos cedente e cessionário. A: incorreta, pois, na falta desses documentos, o contrato de seguro prova-se por documento comprobatório do pagamento do respectivo prêmio (art. 758 do CC); B: incorreta, pois poderão ser também, Gabarito “A” além de nominativa, à ordem ou o portador (art. 760 do CC); C: incorreta, pois essa providência é possível, desde que se obedeça o disposto no art. 782 do CC; D: correta (art. 785, § 1.º, do CC). (OAB/Exame Unificado – 2020.2) Hugo, corretor de imóveis, recebe oferta de contrato, por prazo indeterminado, para intermediar a realização de negócios sobre novo empreendimento imobiliário, cujo lançamento ocorrerá em data próxima, obtendo as seguintes informações: (i) as características gerais do empreendimento, com a descrição da planta, da área e do valor de cada unidade autônoma projetada, em condomínio edilício; (ii) o valor oferecido em remuneração pelos serviços de corretagem correspondente a 4% sobre o valor da venda. Entusiasmado, Hugo entra em contato com diversos clientes (potenciais compradores), a fim de mediar a celebração de compromissos de compra e venda com o dono do negócio. Nesse ínterim, consegue marcar uma reunião entre o incorporador (dono do negócio) e seu melhor cliente, sócio de uma grande rede de farmácias, pretendendo adquirir a loja principal do empreendimento. Após a reunião, em que as partes se mostraram interessadas em prosseguir com as negociações, nenhum dos futuros contratantes tornou a responder ao corretor, que não mais atuou nesse empreendimento, ante a sua dispensa. Soube, meses depois, que o negócio havia sido fechado entre o incorporador e o comprador, em negociação direta, ao valor de R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de reais). Diante do exposto, assinale a afirmativa correta. Gabarito “D” (A) A dispensa do corretor não ilide o dever de pagar a remuneração que lhe era devida, pois o negócio se realizou posteriormente, como fruto de sua mediação. (B) Ainda que tenha iniciado a negociação com a atuação do corretor, uma vez concluído o negócio diretamente entre as partes, nenhuma remuneração será devida. (C) A ausência do corretor na negociação que resultou no acordo de venda evidencia o descumprimento do dever de diligência e prudência, motivo pelo qual perde o direito à remuneração. (D) O corretor tem direito à remuneração parcial e proporcional, pois, apesar de dispensado, iniciou a intermediação, e o negócio ao final se concretizou. A: correta (art. 727 CC). O corretor terá direito a sua remuneração, pois trata-se de contrato por prazo indeterminado e foi ele que deu início a negociação entre as partes; B: incorreta, pois o corretor tem direito a remuneração, pois foi ele que iniciou o negócio entre as partes (art. 727 CC). Ele não teria direito apenas se o negócio tivesse se iniciado e concluído sem a sua participação; C: incorreta, pois ele não foi negligente, inerte ou ocioso. O que houve foi a sua dispensa pelas partes. Neste caso ele tem direito a remuneração (arts. 726 e 727 CC); D: incorreta, pois ele tem direito a remuneração integral dos 4%, pois foi ele que iniciou as negociações com as partes (art. 727 CC). GR (OAB/Exame XXXV) Carlos alugou um imóvel de sua propriedade a Amanda para fins residenciais pelo prazo de 30 meses. Dez meses após a celebração do contrato de locação, Carlos vendeu o imóvel Gabarito “A” locado para Patrícia, que denunciou o contrato, concedendo a Amanda o prazo de 90 dias para a desocupação do imóvel. Diante desse cenário, assinale a afirmativa correta. (A) Carlos não poderia alienar o imóvel a Patrícia, pois ainda estava vigente o prazo de locação. (B) A alienação é possível, mas, se o contrato contiver cláusula de vigência em caso de alienação e estiver averbado junto à matrícula do imóvel, Patrícia deve respeitar o prazo da locação. (C) Não há nenhum óbice à alienação do imóvel por Carlos a Patrícia e, uma vez realizada, o contrato de locação com Amanda é automaticamente desfeito. (D) Carlos tem o direito de vender o imóvel durante o prazo de locação, mas, nessa hipótese, a compradora Patrícia estará necessariamente vinculada ao contrato de locação celebrado anteriormente, devendo cumprir o prazo inicialmente pactuado por Carlos com Amanda. A: incorreta, pois a locação não impede a venda do imóvel, porém a Lei coloca algumas regras para que ocorraa alienação, tais como observar se há cláusula de vigência averbada junto à matrícula do imóvel (art. 8º, caput da Lei 8.245/90) e dar direito de preferência do locatário (art. 27 da Lei 8.245/90); B: correta (art. 8º, caput da Lei 8.245/90); C: incorreta, pois apesar de a alienação ser permitida, antes de o imóvel ter sido oferecido a Patrícia ele deveria ter sido oferecido à Amanda, pois esta como locatária tem o direito de preferência (art. 27 da Lei 8.245/90). Caso Amanda não exercesse esse direito em 30 dias (art. 28 da Lei 8.245/90), então a alienação poderia ocorrer para Patrícia. Patricia como nova proprietária poderá denunciar o contrato para a saída de Amanda em noventa dias, uma vez que o enunciado não menciona que a locação tinha cláusula de vigência averbado junto à matrícula do imóvel (art. 8º, caput da Lei 8.245/90); D: incorreta, pois Patrícia não está vinculada ao prazo do contrato de locação uma vez que o enunciado não menciona que a locação tinha cláusula de vigência averbado junto à matrícula do imóvel (art. 8º, caput da Lei 8.245/90). (OAB/Exame XXXIV) Ivan, sócio da Soluções Inteligentes Ltda., celebra contrato de empreitada, na qualidade de dono da obra, com Demétrio, sócio da Construções Sólidas Ltda., tendo esta como a empresa empreiteira. A obra tem prazo de duração de 1 (um) ano, contratada a um custo de R$ 2.400.000,00 (dois milhões e quatrocentos mil reais), fracionados em 12 (doze) prestações mensais de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais). O contratante, Ivan, necessita da obra pronta no prazo acordado. Em razão disso, acordou com Demétrio uma cláusula resolutiva expressa, informando que o atraso superior a 30 (trinta) dias importaria em extinção automática do contrato. Para se resguardar, Ivan exigiu de Demétrio que expusesse seu acervo patrimonial, mostrando o balanço contábil da empresa, de modo a ter convicção em torno da capacidade econômica da empreiteira para levar a cabo uma obra importante, sem maiores riscos. Transcorridos três meses de obra, que seguia em ritmo normal, em conformidade com o cronograma, Ivan teve conhecimento de que a empreiteira sofreu uma violenta execução judicial, impondo redução de mais de 90% (noventa por cento) de seu ativo patrimonial, fato que tornou ao menos duvidosa a capacidade da empreiteira de executar plenamente a obrigação pela qual se obrigou. Gabarito “B” Diante deste fato, assinale a afirmativa correta. (A) Ivan pode se recusar a pagar o restante das parcelas da remuneração da obra até que Demétrio dê garantia bastante de satisfazê-la. (B) O dono da obra pode requerer a extinção do contrato, ao fundamento de que há inadimplemento anterior ao termo, pela posterior redução da capacidade financeira da empreiteira. (C) A cláusula resolutiva expressa prevista no contrato é nula, pois o ordenamento não permite a resolução automática dos contratos, por inadimplemento, impondo-se a via judicial. (D) A parte contratante tem direito de invocar a exceção de contrato não cumprido, em face do risco iminente de inadimplemento. A: correta, pois na qualidade de credor da obra, havendo a insuficiência da garantia ele poderá exigir o vencimento antecipado da dívida. Como a dívida é a entrega da própria obra e isso não tem como antecipar, a solução é ele suspender os pagamentos até que a garantia seja reforçada (art. 333, III CC); B: incorreta, pois Ivan não deve requerer a extinção do contrato pela mera diminuição da garantia alegando inadimplemento anterior ao termo, pois isso não ocorreu. O correto solicitar que o devedor seja intimado a reforçar a garantia. Não o fazendo no prazo determinado a dívida considerar- se-á antecipadamente vencida (art. 333, III CC). E então se não for adimplida, Ivan pode pedir a resolução do contrato, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos (art. 475 CC); C: incorreta, pois a cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita é a que depende de interpelação judicial (art. 474 CC); D: incorreta, pois nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro (art. 476 CC). Ivan ainda não acabou de pagar suas parcelas, logo não tem como alegar exceção de contrato não cumprido. O risco de inadimplemento se resolve pelo reforço da garantia (art. 333, III CC). 5. RESPONSABILIDADE CIVIL 5.1. OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR (OAB/Exame Unificado – 2018.1) Marcos caminhava na rua em frente ao Edifício Roma quando, da janela de um dos apartamentos da frente do edifício, caiu uma torradeira elétrica, que o atingiu quando passava. Marcos sofreu fratura do braço direito, que foi diretamente atingido pelo objeto, e permaneceu seis semanas com o membro imobilizado, impossibilitado de trabalhar, até se recuperar plenamente do acidente. À luz do caso narrado, assinale a afirmativa correta. (A) O condomínio do Edifício Roma poderá vir a ser responsabilizado pelos danos causados a Marcos, com base na teoria da causalidade alternativa. (B) Marcos apenas poderá cobrar indenização por danos materiais e morais do morador do apartamento do qual caiu o objeto, tendo que comprovar tal fato. (C) Marcos não poderá cobrar nenhuma indenização a título de danos materiais pelo acidente sofrido, pois não permaneceu com nenhuma incapacidade permanente. Gabarito “A” (D) Caso Marcos consiga identificar de qual janela caiu o objeto, o respectivo morador poderá alegar ausência de culpa ou dolo para se eximir de pagar qualquer indenização a ele. A teoria da causalidade alternativa é utilizada especialmente nas hipóteses de objetos caídos ou lançados de um prédio. Nessa hipótese, quando se ignora o verdadeiro autor do evento lesivo “todos os autores possíveis – isto é, os que se encontravam no grupo – serão considerados, de forma solidária, responsáveis pelo evento, em face da ofensa perpetrada à vítima” (CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de responsabilidade civil. 6ª edição. São Paulo: Malheiros, 2006, p. 246). A teoria encontra respaldo na legislação, mais especificamente no art. 938 do Código Civil, segundo o qual: “Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido”. A alternativa D não é correta, pois a responsabilidade dos objetos caídos de um prédio é objetiva, não se discutindo a culpa do morador da unidade mobiliária de onde caiu o objeto. GN (OAB/Exame Unificado – 2018.1) João, empresário individual, é titular de um estabelecimento comercial que funciona em loja alugada em um shopping- center movimentado. No estabelecimento, trabalham o próprio João, como gerente, sua esposa, como caixa, e Márcia, uma funcionária contratada para atuar como vendedora. Certo dia, Miguel, um fornecedor de produtos da loja, quando da entrega de uma encomenda feita por João, foi recebido por Márcia e sentiu-se ofendido por comentários preconceituosos e Gabarito “A” discriminatórios realizados pela vendedora. Assim, Miguel ingressou com ação indenizatória por danos morais em face de João. A respeito do caso narrado, assinale a afirmativa correta. (A) João não deve responder pelo dano moral, uma vez que não foi causado direta e imediatamente por conduta sua. (B) João pode responder apenas pelo dano moral, caso reste comprovada sua culpa in vigilando em relação à conduta de Márcia. (C) João pode responder apenas por parte da compensação por danos morais diante da verificação de culpa concorrente de terceiro. (D) João deve responder pelos danos causados, não lhe assistindo alegar culpa exclusiva de terceiro. A hipótese narrada versa sobre a responsabilidade do empregador pelos atos do empregado, cuja previsão está no art. 932, III do Código Civil. Trata-se de uma responsabilidade civil objetiva (CC, art. 933), na qual não se discute a culpa do patrão, mas apenas a culpa do causador direto do dano (no caso, a funcionária Márcia). Vale ressaltar que – uma vez satisfeita a vítima – o empregador terá direitode regresso em face da empregada, que causou o dano (CC, art. 934). GN (OAB/Exame Unificado – 2016.3) Tomás e Vinícius trabalham em uma empresa de assistência técnica de informática. Após diversas reclamações de seu chefe, Adilson, os dois funcionários decidem se vingar dele, criando um perfil falso em seu nome, em uma rede social. Gabarito “D” Tomás cria o referido perfil, inserindo no sistema os dados pessoais, fotografias e informações diversas sobre Adilson. Vinícius, a seu turno, alimenta o perfil durante duas semanas com postagens ofensivas, até que os dois são descobertos por um terceiro colega, que os denuncia ao chefe. Ofendido, Adilson ajuíza ação indenizatória por danos morais em face de Tomás e Vinícius. A respeito do caso narrado, assinale a afirmativa correta. (A) Tomás e Vinícius são corresponsáveis pelo dano moral sofrido por Adilson e devem responder solidariamente pelo dever de indenizar. (B) Tomás e Vinícius devem responder pelo dano moral sofrido por Adilson, sendo a obrigação de indenizar, nesse caso, fracionária, diante da pluralidade de causadores do dano. (C) Tomás e Vinícius apenas poderão responder, cada um, por metade do valor fixado a título de indenização, pois cada um poderá alegar a culpa concorrente do outro para limitar sua responsabilidade. (D) Adilson sofreu danos morais distintos: um causado por Tomás e outro por Vinícius, devendo, portanto, receber duas indenizações autônomas. A: correta, pois “se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pela reparação” (CC, art. 942); B: incorreta, pois a solução legal é a solidariedade e não a fracionariedade; C: incorreta, pois não se admite tal alegação quando houve coautoria no ato ilícito; D: incorreta, pois ambos colaboraram para a prática da ofensa, resultando num dano moral indenizável. GN Gabarito “A” (OAB/Exame Unificado – 2017.1) André é motorista da transportadora Via Rápida Ltda. Certo dia, enquanto dirigia um ônibus da empresa, se distraiu ao tentar se comunicar com um colega, que dirigia outro coletivo ao seu lado, e precisou fazer uma freada brusca para evitar um acidente. Durante a manobra, Olívia, uma passageira do ônibus, sofreu uma queda no interior do veículo, fraturando o fêmur direito. Além do abalo moral, a passageira teve despesas médicas e permaneceu por semanas sem trabalhar para se recuperar da fratura. Olívia decide, então, ajuizar ação indenizatória pelos danos morais e materiais sofridos. Em referência ao caso narrado, assinale a afirmativa correta. (A) Olívia deve, primeiramente, ajuizar a ação em face da transportadora, e apenas demandar André se não obtiver a reparação pretendida, pois a responsabilidade do motorista é subsidiária. (B) Olívia pode ajuizar ação em face da transportadora e de André, simultânea ou alternativamente, pois ambos são solidariamente responsáveis. (C) Olívia apenas pode demandar, nesse caso, a transportadora, mas esta terá direito de regresso em face de André, se for condenada ao dever de indenizar. (D) André e a transportadora são solidariamente responsáveis e podem ser demandados diretamente por Olívia, mas aquele que vier a pagar a indenização não terá regresso em face do outro. A: incorreta, pois a lei não aponta uma ordem de preferência a respeito do réu nesses casos (CC, art. 932). Ao contrário, há solidariedade passiva e a vítima pode escolher contra quem irá pleitear sua indenização; B: correta, pois a ideia da lei ao criar a responsabilidade do empregador pelo ato do empregado é exatamente possibilitar à vítima escolher contra quem pretende demandar, estabelecendo uma solidariedade legal passiva entre eles; C: incorreta, pois Olivia poderá também demandar o empregado; D: incorreta, pois caso a transportadora pague o valor da indenização, ela terá regressiva contra o causador direto do dano, que é André (CC, art. 934). GN (OAB/Exame Unificado – 2015.1) Daniel, morador do Condomínio Raio de Luz, após consultar a convenção do condomínio e constatar a permissão de animais de estimação, realizou um sonho antigo e adquiriu um cachorro da raça Beagle. Ocorre que o animal, muito travesso, precisou dos serviços de um adestrador, pois estava destruindo móveis e sapatos do dono. Assim, Daniel contratou Cleber, adestrador renomado, para um pacote de seis meses de sessões. Findo o período do treinamento, Daniel, satisfeito com o resultado, resolve levar o cachorro para se exercitar na área de lazer do condomínio e, encontrando-a vazia, solta a coleira e a guia para que o Beagle possa correr livremente. Minutos depois, a moradora Diana, com 80 (oitenta) anos de idade, chega à área de lazer com seu neto Theo. Ao perceber a presença da octogenária, o cachorro pula em suas pernas, Diana perde o equilíbrio, cai e fratura o fêmur. Diana pretende ser indenizada pelos danos materiais e compensada pelos danos estéticos. Com base no caso narrado, assinale a opção correta. (A) Há responsabilidade civil valorada pelo critério subjetivo e solidária de Daniel e Cleber, aquele por culpa na vigilância do Gabarito “B” animal e este por imperícia no adestramento do Beagle, pelo fato de não evitarem que o cachorro avançasse em terceiros. (B) Há responsabilidade civil valorada pelo critério objetivo e extracontratual de Daniel, havendo obrigação de indenizar e compensar os danos causados, haja vista a ausência de prova de alguma das causas legais excludentes do nexo causal, quais sejam, força maior ou culpa exclusiva da vítima. (C) Não há responsabilidade civil de Daniel valorada pelo critério subjetivo, em razão da ocorrência de força maior, isto é, da chegada inesperada da moradora Diana, caracterizando a inevitabilidade do ocorrido, com rompimento do nexo de causalidade. (D) Há responsabilidade valorada pelo critério subjetivo e contratual apenas de Daniel em relação aos danos sofridos por Diana; subjetiva, em razão da evidente culpa na custódia do animal; e contratual, por serem ambos moradores do Condomínio Raio de Luz. A, C e D: incorretas, pois o art. 936 do CC traz responsabilidade de ordem objetiva para esse caso, e todas as alternativas citadas fazem referência a uma responsabilidade subjetiva; B: correta; o art. 936 do CC estabelece que “o dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima ou força maior”. Repare que a responsabilidade do dono é quase automática, utilizando-se o critério objetivo, sendo que o dono só conseguirá se eximir da responsabilidade se provar a ruptura do nexo causal por culpa da vítima ou força maior. Gabarito “B” (OAB/Exame Unificado – 2014.3) Devido à indicação de luz vermelha do sinal de trânsito, Ricardo parou seu veículo pouco antes da faixa de pedestres. Sandro, que vinha logo atrás de Ricardo, também parou, guardando razoável distância entre eles. Entretanto, Tatiana, que trafegava na mesma faixa de rolamento, mais atrás, distraiu-se ao redigir mensagem no celular enquanto conduzia seu veículo, vindo a colidir com o veículo de Sandro, o qual, em seguida, atingiu o carro de Ricardo. Diante disso, à luz das normas que disciplinam a responsabilidade civil, assinale a afirmativa correta. (A) Cada um arcará com seu próprio prejuízo, visto que a responsabilidade pelos danos causados deve ser repartida entre todos os envolvidos. (B) Caberá a Tatiana indenizar os prejuízos causados ao veículo de Sandro, e este deverá indenizar os prejuízos causados ao veículo de Ricardo. (C) Caberá a Tatiana indenizar os prejuízos causados aos veículos de Sandro e Ricardo. (D) Tatiana e Sandro têm o dever de indenizar Ricardo, na medida de sua culpa. A, B e D: incorretas, pois Tatiana é a única causadora e responsável por todo o ocorrido, sendo que o carro de Sandro foi mero instrumento que atingiu o carro de Ricardo, não havendo que se falar em responsabilidade de Sandro, que nada fez no caso, muito menos atuou com culpa ou dolo; C: correta, pois, ao dirigir redigindo mensagem detexto, Tatiana agiu com culpa em sentido em estrito, mais especificamente com negligência, impondo-se sua responsabilidade civil na forma do art. 186 do Código Civil. (OAB/Exame Unificado – 2014.1) Felipe, atrasado para um compromisso profissional, guia seu veículo particular de passeio acima da velocidade permitida e, falando ao celular, desatento, não observa a sinalização de trânsito para redução da velocidade em razão da proximidade da creche Arca de Noé. Pedro, divorciado, pai de Júlia e Bruno, com cinco e sete anos de idade respectivamente, alunos da creche, atravessava a faixa de pedestres para buscar os filhos, quando é atropelado pelo carro de Felipe. Pedro fica gravemente ferido e vem a falecer, em decorrência das lesões, um mês depois. Maria, mãe de Júlia e Bruno, agora privados do sustento antes pago pelo genitor falecido, ajuíza demanda reparatória em face de Felipe, que está sendo processado no âmbito criminal por homicídio culposo no trânsito. Com base no caso em questão, assinale a opção correta. (A) Felipe indenizará as despesas comprovadamente gastas com o mês de internação para tratamento de Pedro, alimentos indenizatórios a Júlia e Bruno tendo em conta a duração provável da vida do genitor, sem excluir outras reparações, a exemplo das despesas com sepultamento e luto da família. (B) Felipe deverá indenizar as despesas efetuadas com a tentativa de restabelecimento da saúde de Pedro, sendo incabível a pretensão de alimentos para seus filhos, diante de ausência de previsão legal. Gabarito “C” (C) Felipe fora absolvido por falta de provas do delito de trânsito na esfera criminal e, como a responsabilidade civil e a criminal não são independentes, essa sentença fará coisa julgada no cível, inviabilizando a pretensão reparatória proposta por Maria. (D) Felipe, como a legislação civil prevê em caso de homicídio, deve arcar com as despesas do tratamento da vítima, seu funeral, luto da família, bem como dos alimentos aos dependentes enquanto viverem, excluindo-se quaisquer outras reparações. A: correta (art. 948, I e II do CC); B: incorreta, pois a lei prevê expressamente o pagamento de alimentos aos filhos levando-se em conta a duração provável da vida da vítima (art. 948, II do CC); C: incorreta, pois a responsabilidade civil é independente da criminal. A via civil apenas ficará fechada se no juízo criminal ficar provada a inexistência do fato ou a negativa de autoria (art. 935 do CC), o que não é o caso em tela. Logo, Maria possui pretensão reparatória em face de Felipe; D: incorreta, pois a lei prevê expressamente que a indenização, além desses itens não exclui outras reparações (art. 948, caput, do CC). (OAB/Exame Unificado – 2013.3) Pedro, dezessete anos de idade, mora com seus pais no edifício Clareira do Bosque e, certa manhã, se desentendeu com seu vizinho Manoel, dezoito anos. O desentendimento ocorreu logo após Manoel, por equívoco do porteiro, ter recebido e lido o jornal pertencente aos pais do adolescente. Manoel, percebido o equívoco, promoveu a imediata devolução do periódico, momento no qual foi surpreendido com atitude inesperada de Pedro que, revoltado com o desalinho das páginas, o agrediu com um soco no rosto, provocando a quebra de Gabarito “A” três dentes. Como Manoel é modelo profissional, pretende ser indenizado pelos custos com implantes dentários, bem como pelo cancelamento de sua participação em um comercial de televisão. Tendo em conta o regramento da responsabilidade civil por fato de outrem, assinale a afirmativa correta. (A) Pedro responderá solidariamente com seus pais pelos danos causados a Manoel, inclusive com indenização pela perda de uma chance, decorrente do cancelamento da participação da vítima no comercial de televisão. (B) Somente os pais de Pedro terão responsabilidade objetiva pelos danos causados pelo filho, mas detêm o direito de reaver de Pedro, posteriormente, os danos indenizáveis a Manoel. (C) Se os pais de Pedro não dispuserem de recursos suficientes para pagar a indenização, e Pedro tiver recursos, este responderá subsidiária e equitativamente pelos danos causados a Manoel. (D) Os pais de Pedro terão responsabilidade subjetiva pelos danos causados pelo filho a Manoel, devendo, para tanto, ser comprovada a culpa in vigilando dos genitores. A: incorreta, pois neste caso não haverá responsabilidade solidária, vez que a lei o isenta (art. 934 do CC); B: incorreta, pois os pais, embora tenham responsabilidade objetiva, não podem reaver de Pedro o que houverem pago, pois a lei traz impedimento para tal (art. 934 do CC); C: correta (art. 928 do CC); D: incorreta, pois trata- se de caso de responsabilidade objetiva, logo os pais de Pedro responderão independentemente da demonstração de culpa (art. 932, I, do CC). Gabarito “C” (OAB/Exame Unificado – 2013.2) Pedro, engenheiro elétrico, mora na cidade do Rio de Janeiro e trabalha na Concessionária Iluminação S.A. Ele é viúvo e pai de Bruno, de sete anos de idade, que estuda no colégio particular Amarelinho. Há três meses, Pedro celebrou contrato de financiamento para aquisição de um veículo importado, o que comprometeu bastante seu orçamento e, a partir de então, deixou de arcar com o pagamento das mensalidades escolares de Bruno. Por razões de trabalho, Pedro será transferido para uma cidade serrana, no interior do Estado e solicitou ao estabelecimento de ensino o histórico escolar de seu filho, a fim de transferi-lo para outra escola. Contudo, teve seu pedido negado pelo Colégio Amarelinho, sendo a negativa justificada pelo colégio como consequência da sua inadimplência com o pagamento das mensalidades escolares. Para surpresa de Pedro, na mesma semana da negativa, é informado pela diretora do Colégio Amarelinho que seu filho não mais participaria das atividades recreativas diuturnas do colégio, enquanto Pedro não quitar o débito das mensalidades vencidas e não pagas. Com base no caso narrado, assinale a afirmativa correta. (A) O Colégio Amarelinho atua no exercício regular do seu direito de cobrança e, portanto, não age com abuso de direito ao reter o histórico escolar de Bruno, haja vista a comprovada e imotivada inadimplência de Pedro. (B) As condutas adotadas pelo Colégio Amarelinho configuram abuso de direito, pois são eticamente reprováveis, mas não configuram atos ilícitos indenizáveis. (C) Tanto a retenção do histórico escolar de Bruno, quanto a negativa de participação do aluno nas atividades recreativas do colégio, configuram atos ilícitos objetivos e abusivos, independente da necessidade de provar a intenção dolosa ou culposa na conduta adotada pela diretora do Colégio Amarelinho. (D) Para existir obrigação de indenizar do Colégio Amarelinho, com fundamento no abuso de direito, é imprescindível a presença de dolo ou culpa, requisito necessário para caracterizar o comportamento abusivo e o ilícito indenizável. A: incorreta, pois o caso revela abuso de direito, vedado pelo art. 187 do CC; há também violação ao art. 42, caput, do CDC, vez que a conduta da escola nada mais é que uma forma de constrangimento com vistas à cobrança de uma dívida; B: incorreta, pois o abuso de direito é um ato ilícito (art. 187 do CC), que, como tal enseja indenização (art. 927 do CC); C: correta, pois, de fato, temos um abuso de direito, tipo de ato ilícito que, diferentemente do previsto no art. 186 do CC, não requer culpa ou dolo para se configurar (art. 187 do CC); D: incorreta, pois, como se viu, o abuso de direito é um tipo de ato ilícito que, diferentemente do previsto no art. 186 do CC, não requer culpa ou dolo para se configurar (art. 187 do CC). (OAB/Exame Unificado – 2012.3.B) Renato, menor com 17 anos, estava passeando com seu cachorro pelo parque da sua cidade, quando avistou José, com quem havia se desentendido, do outro lado do parque. Com a intenção de dar um susto em José, Renato solta a coleira do seu cachorro e o estimula a atacar José. Diante dessa situação hipotética, assinalea afirmativa correta. (A) Renato responderá pelos prejuízos que causar apenas se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou Gabarito “C” não dispuserem de meios suficientes. (B) Renato ficará isento de qualquer responsabilidade civil, mesmo que seu desafeto seja atacado por seu cachorro, em razão da sua idade. (C) Caso Renato fosse maior de idade iria responder pelo dano causado pelo seu cachorro mesmo que tal dano fosse provocado por culpa exclusiva da vítima ou pela ocorrência de um evento de força maior. (D) Os pais de Renato não podem ser responsabilizados civilmente pelos atos de Renato. A: correta, pois o incapaz responde de maneira subsidiária, ou seja, apenas no caso de as pessoas por ele responsáveis não tiverem a obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes (art. 928, caput, do CC); B: incorreta, pois, conforme comentário à alternativa anterior, o incapaz, no caso de as pessoas por ele responsáveis não tiverem a obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes, responderá (art. 928, caput, do CC); C: incorreta, pois havendo culpa exclusiva da vítima ou força maior, o dono do animal não responde (art. 936 do CC); D: incorreta, pois, conforme se viu, a princípio, os responsáveis pelo incapaz (no caso, os pais) é que responderão (art. 928 do CC). (OAB/Exame Unificado – 2012.3.A) No dia 23 de junho de 2012, Alfredo, produtor rural, contratou a sociedade Simões Aviação Agrícola Ltda., com a finalidade de pulverizar, por via aérea, sua plantação de soja. Ocorre que a pulverização se deu de forma incorreta, ocasionando a perda integral da safra de abóbora pertencente a Nilson, vizinho lindeiro de Alfredo. Gabarito “A” Considerando a situação hipotética e as regras de responsabilidade civil, assinale a afirmativa correta. (A) Com base no direito brasileiro, Alfredo responderá subjetivamente pelos danos causados a Nilson e a sociedade Simões Aviação Agrícola Ltda. será responsabilizada de forma subsidiária. (B) Alfredo e a sociedade Simões Aviação Agrícola Ltda. responderão objetiva e solidariamente pelos danos causados a Nilson. (C) Não há lugar para a responsabilidade civil solidária entre Alfredo e a sociedade Simões Aviação Agrícola Ltda. pelos danos causados a Nilson, dada a inexistência da relação de preposição. (D) Trata-se de responsabilidade civil objetiva, em que a sociedade Simões Aviação Agrícola Ltda. é o responsável principal pela reparação dos danos, enquanto Alfredo é responsável subsidiário. A: incorreta, pois a atividade desenvolvida pela empresa de pulverização implica, por natureza, risco para os direitos de outrem, de modo que se tem responsabilidade objetiva, nos termos do art. 927, parágrafo único, do CC; o caso também pode ser enquadrado no art. 51 da Lei 12.305/2010; como patrocinador do serviço de pulverização, Alfredo também responderá da mesma forma, e de modo solidário (art. 942, caput, do CC); B: correta, nos termos do comentário à alternativa “A”; C: incorreta, pois, como tomador do serviço da empresa, Alfredo responde solidariamente (art. 942, caput, do CC); D: incorreta, pois há solidariedade entre a empresa e Alfredo (art. 942, caput, do CC). Gabarito “B” (OAB/Exame Unificado – 2012.2) João dirigia seu veículo respeitando todas as normas de trânsito, com velocidade inferior à permitida para o local, quando um bêbado atravessou a rua, sem observar as condições de tráfego. João não teve condições de frear o veículo ou desviar-se dele, atingindo-o e causando-lhe graves ferimentos. A partir do caso apresentado, assinale a afirmativa correta. (A) Houve responsabilidade civil, devendo João ser considerado culpado por sua conduta. (B) Faltou um dos elementos da responsabilidade civil, qual seja, a conduta humana, não ficando configurada a responsabilidade civil. (C) Inexistiu um dos requisitos essenciais para caracterizar a responsabilidade civil: o dano indenizável e, por isso, não deve ser responsabilizado. (D) Houve rompimento do nexo de causalidade, em razão da conduta da vítima, não restando configurada a responsabilidade civil. A: incorreta, pois há excludente de responsabilidade consistente na culpa exclusiva da vítima; B: incorreta, pois, apesar de não configurada a responsabilidade civil, há sim conduta de João, consistente em dirigir seu veículo; porém, além da conduta e do dano, é necessário o nexo de causalidade, inexistente por conta da existência de culpa exclusiva da vítima; C: incorreta, pois há sim dano indenizável, tendo em vista os graves ferimentos; porém, conforme se viu, não basta haver conduta e dano indenizável, sendo necessário também nexo de causalidade entre a primeira e o segundo; D: correta, pois houve rompimento do nexo de causalidade em razão da culpa exclusiva da vítima, de modo a não configurar a responsabilidade civil. (OAB/Exame Unificado – 2012.1) Em relação à responsabilidade civil, assinale a alternativa correta. (A) A responsabilidade civil objetiva indireta é aquela decorrente de ato praticado por animais. (B) O Código Civil prevê expressamente como excludente do dever de indenizar os danos causados por animais, a culpa exclusiva da vítima e a força maior. (C) Empresa locadora de veículos responde, civil e subsidiariamente, com o locatário, pelos danos por este causados a terceiro, no uso do carro alugado. (D) Na ação de indenização por dano moral, a condenação em montante inferior ao postulado na inicial implica em sucumbência recíproca. A: incorreta, pois é a responsabilidade pela reparação de dano de terceira pessoa, e não de um animal; um exemplo é a responsabilidade dos pais pelos atos de seus filhos menores; B: correta (art. 936, parte final, do CC); C: incorreta, pois a responsabilidade da locadora, no caso, não é subsidiária, mas solidária (Súmula STF 492); D: incorreta, pois, de acordo com a Súmula STJ 326, “na ação de indenização por dano moral, a condenação em montante inferior ao postulado na inicial NÃO implica sucumbência recíproca” GN . (OAB/Exame Unificado – 2011.3.B) A sociedade de transporte de valores “Transporte Blindado Ltda.”, na noite do dia 22/7/11, teve seu Gabarito “D” Gabarito “B” veículo atingido por tiros de fuzil disparados por um franco atirador. Em virtude da ação criminosa, o motorista do carro forte perdeu o controle da direção e atingiu frontalmente Rodrigo Cerdeira, estudante de Farmácia, que estava no abrigo do ponto de ônibus em frente à Universidade onde estuda. Devido ao atropelamento, Rodrigo permaneceu por sete dias na UTI, mas não resistiu aos ferimentos e veio a óbito. Com base no fato narrado, assinale a assertiva correta. (A) Configura-se hipótese de responsabilidade civil objetiva da empresa proprietária do carro forte com base na teoria do risco proveito, decorrente do risco da atividade desenvolvida. (B) Não há na hipótese em apreço a configuração da responsabilidade civil da empresa de transporte de valores, uma vez que presente a culpa exclusiva de terceiro, qual seja, do franco atirador. (C) Não há na hipótese a configuração da responsabilidade civil da empresa proprietária do carro forte, uma vez que presente a ausência de culpa do motorista do carro forte. (D) Configura-se hipótese de responsabilidade civil objetiva da empresa proprietária do carro forte com base na teoria do empreendimento. A: correta; segundo o art. 927, parágrafo único, do CC, configura-se responsabilidade objetiva quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem; repare que no texto legal o nexo de causalidade é mitigado pela expressão “implicar” (menos forte que a expressão “causar”); no caso em tela tem-se uma transportadora de valores, que, como é cediço, exerce atividade de risco, sendo certo que, no caso concreto, essa atividade de risco acabou por implicar em dano a terceiro, já que atraiu roubador, que, com seus tiros de fuzil, acabou por ser fator decisivo no atropelamentode Rodrigo Cerdeira, que não tinha nada a ver com a atividade de risco da empresa de transporte de valores; assim, aplica-se a teoria do risco proveito, de modo a configurar responsabilidade objetiva da empresa proprietária do carro forte; B: incorreta, pois, conforme se viu, aplica-se o art. 927, parágrafo único, do CC, em que há mitigação do nexo de causalidade, ocorrendo responsabilidade objetiva da pessoa que desenvolve atividade de risco mesmo quando há terceiros agindo com culpa no caso; nesse sentido, vale citar o Enunciado CJF 38, que demonstra a finalidade da norma: “A responsabilidade fundada no risco da atividade, como prevista na segunda parte do parágrafo único do art. 927 do novo Código Civil, configura-se quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano causar a pessoa determinada um ônus maior do que aos demais membros da coletividade”; C: incorreta, por conta da aplicação do art. 927, parágrafo único, do CC, que não requer o elemento culpa para a configuração da responsabilidade; D: incorreta, pois a teoria que decorre do art. 927, parágrafo único, do CC é a teoria do risco proveito, e não a teoria do empreendimento. (OAB/Exame Unificado – 2011.3.A) Mirtes gosta de decorar a janela de sua sala com vasos de plantas. A síndica do prédio em que Mirtes mora já advertiu a moradora do risco de queda dos vasos e de possível dano aos transeuntes e moradores do prédio. Num dia de forte ventania, os vasos de Mirtes caíram sobre os carros estacionados na rua, causando sérios prejuízos. Nesse caso, é correto afirmar que Mirtes: Gabarito “A” (A) poderá alegar motivo de força maior e não deverá indenizar os lesados. (B) está isenta de responsabilidade, pois não teve a intenção de causar prejuízo. (C) somente deverá indenizar os lesados se tiver agido dolosamente. (D) deverá indenizar os lesados, pois é responsável pelo dano causado. O art. 938 do CC dispõe que “aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido”. Repare que o dispositivo não requer o elemento culpa ou dolo para a configuração da responsabilidade. Assim, Mirtes, mesmo que demonstre que não agiu com intenção ou com culpa em sentido estrito responderá pelos danos causados. A alegação de força maior não calha, pois era possível evitar o dano, bastando que Mirtes tivesse retirado os vasos, conforme, inclusive, recomendação feita pela síndica. Danos causados por força maior são aqueles que não se consegue evitar (ex: um terremoto), o que efetivamente não foi o que aconteceu no caso em tela, em que se tinha um dano evitável. Assim, a alternativa “A” é falsa, pois não há que se falar em força maior. As alternativas “B” e “C” são falsas, pois não é necessário dolo (intenção) para a configuração da responsabilidade civil prevista no art. 938 do CC. E a alternativa “D” é verdadeira, pois essa responsabilidade está configurada nos termos do art. 938 do CC. (OAB/Exame Unificado – 2011.1) Jonas, maior e capaz, confiou em depósito a Silas, também maior e capaz, por instrumento particular, Gabarito “D” dois automóveis de sua propriedade para serem conservados por seis meses, estabelecendo, como remuneração, o pagamento de certa quantia em dinheiro a Silas. Findo o prazo, caberia a Silas restituir os automóveis na residência de Jonas. Na vigência do depósito, Silas decidiu, certo dia, utilizar um dos automóveis para ir ao trabalho e, quando já regressava, foi abalroado, sem culpa sua, por seu vizinho Francisco, em uma moto, amassando a porta lateral direita. Transcorrido o prazo ajustado, Silas providenciou a entrega dos dois automóveis no local estipulado. A respeito da situação narrada, é correto afirmar que Jonas: (A) não deve pagar a Silas as despesas relativas à manutenção dos dois automóveis durante o período ajustado. (B) deve arcar com as despesas referentes à restituição dos dois automóveis no local estipulado. (C) poderá reter integralmente o valor da contraprestação em dinheiro devido a Silas, tendo em vista a ocorrência do acidente com um dos automóveis. (D) deve cobrar diretamente de Francisco as despesas referentes ao conserto da porta lateral direita. A: incorreta, pois o depositante (Jonas) é obrigado a pagar ao depositário (Silas) as despesas feitas com a coisa (art. 643 do CC); B: correta, pois as despesas de restituição correm por conta do depositante (Jonas); C: incorreta, pois não existe tal direito em favor do depositante (vide arts. 627 a 646); D: incorreta, de acordo com o gabarito oficial, porém, entendemos que está correta, pois Jonas, como proprietário do veículo danificado culposamente por Francisco, tem legitimidade para a ação indenizatória respectiva. Gabarito “B” (OAB/Exame Unificado – 2010.3) Ricardo, buscando evitar um atropelamento, realiza uma manobra e atinge o muro de uma casa, causando um grave prejuízo. Em relação à situação acima, é correto afirmar que Ricardo: (A) não responderá pela reparação do dano, pois agiu em estado de necessidade. (B) responderá pela reparação do dano, apesar de ter agido em estado de necessidade. (C) praticou um ato ilícito e deverá reparar o dano. (D) responderá pela reparação do dano, apesar de ter agido em legítima defesa. Ricardo agiu em estado de necessidade, pois, diante dos dois bens jurídicos em perigo (a vida de alguém e a integridade de um muro), resolveu sacrificar a integridade do muro. Assim, incide no caso a hipótese prevista no art. 188, II, do CC, pelo qual não é ato ilícito a deterioração ou a destruição de coisa alheia, a fim de remover perigo iminente. Apesar de sua conduta não ser considerada ilícita, Ricardo deverá reparar o dano causado ao proprietário do muro. Esse é o comando previsto no art. 929 do CC. (OAB/Exame Unificado – 2010.1) Assinale a opção correta com relação à responsabilidade civil. (A) O dano deve ser certo, por essa razão não é possível a indenização por dano eventual, decorrente da perda de uma chance. (B) Tratando-se de responsabilidade subjetiva contratual, a responsabilidade do agente pode subsistir mesmo nos casos de Gabarito “B” força maior e de caso fortuito, desde que a lei não coíba a sua previsão. (C) De acordo com o regime da responsabilidade civil traçado no Código Civil brasileiro, inexistem causas excludentes da responsabilidade civil objetiva. (D) A extinção da punibilidade criminal sempre obsta a propositura de ação civil indenizatória. A: incorreta. Assinala Senise Lisboa que: “O dano deve ser certo, isto é, fundado em um fato determinado. É inviável a responsabilidade civil do agente por mero dano hipotético ou eventual, pois não há como se reparar algo que pode sequer vir acontecer. Contudo, a partir do desenvolvimento dado à matéria pela jurisprudência francesa, assentou-se o entendimento de que há a possibilidade de se proceder à reparação pela chance perdida, isto é, daquilo que a vítima poderia, dentro de um critério de probabilidade, vir a obter para si, caso tivesse sido influenciada pelo agente a se conduzir de forma diversa. É a teoria da perda de uma chance, que considera que excepcionalmente torna-se possível a indenização por dano eventual” (Roberto Senise Lisboa. Manual de direito civil. V. 2: obrigações e responsabilidade civil. 4 ed., São Paulo: Saraiva, 2009, p. 235); B: correta. Assevera Senise Lisboa que: “A responsabilidade subjetiva contratual pressupõe a existência de um negócio jurídico efetivamente celebrado entre as partes. (...), Assim, na responsabilidade subjetiva contratual, podem as partes fixar a assunção da obrigação, mesmo nos casos de força maior e de caso fortuito, desde que a lei não coíba a sua previsão” (Roberto Senise Lisboa. Op. cit., p. 279); C: incorreta. Afirma Senise Lisboa que: “As excludentes da responsabilidade objetiva não correspondem às da responsabilidade subjetiva. Nem poderia ser assim entendido, uma vez que a construção da teoria objetiva desprezou o pressuposto culpa, historicamente forjadocomo o elemento subjetivo do tipo civil. (...) São excludentes da responsabilidade civil objetiva: a) a culpa exclusiva da vítima; b) a culpa exclusiva de terceiros; c) a força maior; e d) o caso fortuito” (Roberto Senise Lisboa. Op. cit., p. 334-5); D: incorreta. Assevera Senise Lisboa que: “Pouco importando se o caso é, na esfera cível, de responsabilidade subjetiva ou objetiva, cumpre observar que a sentença judicial proferida em processo criminal pode gerar efeitos, ou não, sobre o processo civil. Vigora, entre nós, o princípio da independência entre a responsabilidade civil e criminal, segundo o qual a responsabilidade civil pode ser apurada em processo próprio e distinto daquele em que se procedeu à análise da responsabilidade penal. (...). Observam-se as seguintes regras, acerca do princípio da independência de instâncias: (...) e) a extinção da punibilidade criminal não obsta a ação civil” (Roberto Senise Lisboa. Op. cit., p. 339-40). (OAB/Exame Unificado – 2019.2) Márcia transitava pela via pública, tarde da noite, utilizando uma bicicleta que lhe fora emprestada por sua amiga Lúcia. Em certo momento, Márcia ouviu gritos oriundos de uma rua transversal e, ao se aproximar, verificou que um casal discutia violentamente. Ricardo, em estado de fúria e munido de uma faca, desferia uma série de ofensas à sua esposa Janaína e a ameaçava de agressão física. De modo a impedir a violência iminente, Márcia colidiu com a bicicleta contra Ricardo, o que foi suficiente para derrubá-lo e impedir a agressão, sem que ninguém saísse gravemente ferido. A bicicleta, porém, sofreu uma avaria significativa, de tal modo que o Gabarito “B” reparo seria mais caro do que adquirir uma nova, de modelo semelhante. De acordo com o caso narrado, assinale a afirmativa correta. (A) Lúcia não poderá ser indenizada pelo dano material causado à bicicleta. (B) Márcia poderá ser obrigada a indenizar Lúcia pelo dano material causado à bicicleta, mas não terá qualquer direito de regresso. (C) Apenas Ricardo poderá ser obrigado a indenizar Lúcia pelo dano material causado à bicicleta. (D) Márcia poderá ser obrigada a indenizar Lúcia pelo dano material causado à bicicleta e terá direito de regresso em face de Janaína. A: incorreta. Lúcia tem o direito de ser indenizada, com base no art. 929 CC, pois não foi culpada pela situação de perigo; B: incorreta, pois sendo obrigada a indenizar Lúcia, Márcia terá direito de regresso contra o terceiro causador do dano, no caso, Janaína (art. 930, caput CC); C: incorreta, pois Lúcia não tem nenhuma relação jurídica com Ricardo, mas sim com Márcia, afinal o empréstimo da bicicleta foi para ela. Logo, apenas dela poderá ser cobrada indenização (art. 929 CC); D: correta, pois considerando que houve uma relação de empréstimo entre Lúcia e Márcia e houve um dano ao bem causado por Márcia, Lúcia terá o direito de ser indenizada e Márcia poderá buscar ação de regresso contra o culpado pela lesão, isto é, Janaína (art. 929 e 930 CC). GR Gabarito “D” (OAB/Exame Unificado – 2020.2) Carlos, motorista de táxi, estava parado em um cruzamento devido ao sinal vermelho. De repente, de um prédio em péssimo estado de conservação, de propriedade da sociedade empresária XYZ e alugado para a sociedade ABC, caiu um bloco de mármore da fachada e atingiu seu carro. Sobre o fato narrado, assinale a afirmativa correta. (A) Carlos pode pleitear, da sociedade XYZ, indenização pelos danos sofridos. (B) Carlos pode pleitear indenização pelos danos sofridos apenas da sociedade ABC. (C) A sociedade XYZ pode se eximir de responsabilidade alegando culpa da sociedade ABC. (D) A sociedade ABC pode se eximir de responsabilidade alegando culpa exclusiva da vítima. A: correta (art. 937 CC); B: incorreta, pois a responsabilidade no caso de má conservação do prédio é do dono e não do locatário do prédio (art. 937 CC); C: incorreta, pois a sociedade XYZ não pode se eximir da responsabilidade, uma vez que por dever legal cabe a ela se responsabilizar pela conservação do imóvel, evitando sua ruína. Logo, os danos decorrentes da negligência de seu dever deverão ser por ela arcados (art. 937 CC); D: incorreta, pois a sociedade ABC pode eximir-se da responsabilidade alegando culpa exclusiva da proprietária e não da vítima (art. 937 CC). GR (OAB/Exame XXXIII – 2020.3) Daniel, habilitado e dentro do limite de velocidade, dirigia seu carro na BR 101 quando uma criança atravessou a pista, à sua frente. Daniel, para evitar o atropelamento Gabarito “A” da criança, saiu de sua faixa de rolamento e colidiu com o carro de Mário, taxista, que estava a serviço e não teve nenhuma culpa no acidente. Daniel se nega ao pagamento de qualquer valor a Mário por alegar que a responsabilidade, em verdade, seria de José, pai da criança. A respeito da responsabilidade de Daniel pelos danos causados no acidente em análise, assinale a afirmativa correta. (A) Ele não praticou ato ilícito mas, ainda assim, terá que indenizar Mário. (B) Ele praticou ato ilícito ao causar danos a Mario, violando o princípio do neminem laedere. (C) Ele não praticou ato ilícito e não terá que indenizar Mario por atuar em estado de necessidade. (D) Ele praticou ato ilícito ao causar danos a Mário e responderá objetivamente pelos danos a que der causa. A: correta, pois ele não praticou ato ilícito, pois agiu dentro dos limites legais para remover perigo iminente (art. 188, II e parágrafo único). Contudo, considerando que Mário não foi culpado pelo perigo, ele tem o direito de ser indenizado por Daniel (art. 929 CC) e este tem o direito de mover ação regressiva contra o pai da criança (art. 930 caput CC); B: incorreta, pois ele não praticou ato ilícito, pois agiu amparado pelo art. 188, II CC visando remover perigo iminente; C: incorreta, pois ele terá de indenizar Mário, nos termos do art. 929 CC, pois de qualquer forma causou-lhe um dano. Contudo terá direito regressivo em face de José, pai da criança (art. 930, caput CC); D: incorreta, pois a lei exclui a ilicitude (art. 188, II CC) e responderá com base nos arts. 929 e 930 CC. GR Gabarito “A” (OAB/Exame XXXVI) Henrique, mecânico da oficina Carro Bom, durante a manutenção do veículo de Sofia, deixado aos seus cuidados, arranhou o veículo acidentalmente, causando danos materiais à mesma. Ciente de que Henrique não tinha muitos bens materiais e que a execução em face de Henrique poderia ser frustrada, Sofia pretende ajuizar ação indenizatória em face da oficina Carro Bom. A esse respeito, é correto afirmar que Carro Bom responderá (A) pelos danos causados a Sofia, devendo-se perquirir se houve culpa em eligendo pela oficina de um preposto desqualificado. (B) subsidiariamente pelos danos causados por Henrique, caso este não tenha bens suficientes para saldar a execução. (C) objetivamente pelos danos, sendo vedado o regresso em face do mecânico que atuou culposamente, pois a oficina não poderá repassar o risco de seu negócio a terceiros. (D) objetivamente pelos danos, sendo permitido o regresso em face do mecânico que atuou culposamente. A: incorreta, pois não há que se falar na necessidade de averiguação de houve culpa in eligendo da oficina, uma vez que ela responde independentemente de culpa (art. 932, III CC c/c art. 933 CC); B: incorreta, pois o empregador responde diretamente pelos atos praticados por seus empregados. A Lei lhe assegura, porém, o direito de regresso (art. 932, III CC c/c art. 934 CC); C: incorreta, pois a lei assegura o direito de regresso à oficina nos termos do art. 934 CC primeira parte; D: correta (art. 932, III, CC c/c art. 934 CC). Gabarito “D” (OAB/Exame XXXVI) João dirigia seu carro, respeitando todas as regras de trânsito, quando foi surpreendido por uma criança que atravessava a pista. Sendo a única forma de evitar o atropelamento da criança, João desviou seu veículo e acabou por abalroar um outro carro, que estava regularmente estacionado. Passado o susto e com a criança em segurança, João tomou conhecimentode que o carro com o qual ele havia colidido era dos pais daquela mesma criança. Diante das circunstâncias, João acreditou que não seria responsabilizado pelo dano material causado ao veículo dos pais. No entanto, para sua surpresa, os pais ingressaram com uma ação indenizatória, requerendo o ressarcimento pelos danos materiais. Diante da situação hipotética narrada, nos termos da legislação civil vigente, assinale a opção correta. (A) João cometeu um ato ilícito e, como consequência, deverá indenizar pelos danos materiais causados, visto inexistir causa excludente de ilicitude da sua conduta. (B) A ação de João é lícita, pois agiu em estado de necessidade, evitando um mal maior e, sendo assim, não deverá indenizar os pais da criança. (C) A ação de João é lícita, pois agiu em estado de necessidade, evitando um mal maior, porém subsiste o seu dever de indenizar os pais da criança. (D) João cometeu um ato ilícito, porém o prejuízo deverá ser suportado pelos pais da criança. A: incorreta, pois apesar de ter ocorrido um dano o ato de João é legítimo, uma vez que as circunstâncias tornaram seu ato absolutamente necessário para evitar um mal maior e não houve excesso em sua conduta. João agiu em estado de necessidade, uma excludente da ilicitude (art. 188, parágrafo único CC); B: correta (art. 188, parágrafo único CC); C: incorreta, pois João não tem o dever de indenizar os pais da criança. Isto porque as pessoas lesadas (os pais da criança) foram culpados pelo perigo, sendo assim não lhes assiste o direito a indenização por parte de João (art. 929 CC); D: incorreta, pois o ato é lícito amparado pela excludente de ilicitude estado de necessidade (art. 188, parágrafo único CC). 5.2. DANO (OAB/Exame Unificado – 2016.2) Maria, trabalhadora autônoma, foi atropelada por um ônibus da Viação XYZ S.A. quando atravessava movimentada rua da cidade, sofrendo traumatismo craniano. No caminho do hospital, Maria veio a falecer, deixando o marido, João, e o filho, Daniel, menor impúbere, que dela dependiam economicamente. Sobre o caso, assinale a afirmativa correta. (A) João não poderá cobrar compensação por danos morais, em nome próprio, da Viação XYZ S.A., porque o dano direto e imediato foi causado exclusivamente a Maria. (B) Ainda que reste comprovado que Maria atravessou a rua fora da faixa e com o sinal de pedestres fechado, tal fato em nada influenciará a responsabilidade da Viação XYZ S.A.. (C) João poderá cobrar pensão alimentícia apenas em nome de Daniel, por se tratar de pessoa incapaz. (D) Daniel poderá cobrar pensão alimentícia da Viação XYZ S.A., ainda que não reste comprovado que Maria exercia atividade laborativa, se preenchido o critério da necessidade. Gabarito “B” A: incorreta, pois a indenização por dano moral é devida em favor dos parentes próximos da vítima fatal de um atropelamento de responsabilidade de alguém; B: incorreta, pois se a culpa for exclusiva de Maria, a empresa não responderá; e se a culpa da empresa for concorrente com a culpa de Maria a empresa pagará indenização em valor reduzido (art. 945 do CC); C: incorreta, pois a lei é clara no sentido de que todos os dependentes da vítima de um homicídio (art. 948 do CC); D: correta, nos termos do art. 948 do CC. (OAB/Exame Unificado – 2011.2) João trafegava com seu veículo com velocidade incompatível para o local e avançou o sinal vermelho. José, que atravessava normalmente na faixa de pedestre, foi atropelado por João, sofrendo vários ferimentos. Para se recuperar, José, trabalhador autônomo, teve que ficar internado por 10 dias, sem possibilidade de trabalhar, além de ter ficado com várias cicatrizes no corpo. Em virtude do ocorrido, José ajuizou ação, pleiteando danos morais, estéticos e materiais. Com base na situação acima, assinale a alternativa correta. (A) José terá direito apenas ao dano moral, em razão do sofrimento, e ao dano estético, em razão das cicatrizes. Quanto ao tempo em que ficou sem trabalhar, isso se traduz em lucros cessantes, que não foram pedidos, não podendo ser concedidos. (B) José não poderá receber a indenização na forma pleiteada, já que o dano moral e o dano estético são inacumuláveis. Assim, terá direito apenas ao dano moral, em razão do sofrimento e das cicatrizes, e ao dano material, em razão do tempo que ficou sem trabalhar. Gabarito “D” (C) José terá direito a receber a indenização na forma pleiteada: o dano moral em razão das lesões e do sofrimento por ele sentido, o dano material em virtude do tempo que ficou sem trabalhar e o dano estético em razão das cicatrizes com que ficou. (D) José terá direito apenas ao dano moral, já que o tempo que ficou sem trabalhar é considerado lucros cessantes, os quais não foram expressamente requeridos, e não podem ser concedidos. Quanto ao dano estético, esse é inacumulável com o dano moral, já estando incluído neste. O STJ é pacífico no sentido de que é plenamente possível cumular indenização por danos materiais, danos morais e danos estéticos. A Súmula 37 do STJ dispõe que é possível cumular indenização por dano material com indenização por dano moral. E a Súmula 387, do mesmo STJ, dispõe que é possível cumular indenização por dano moral com indenização por dano estético. No caso, houve danos materiais (impossibilidade de trabalhar), danos morais (sofrimento) e danos estéticos (cicatrizes no corpo), de maneira que a alternativa “C” é a única correta. 6. COISAS 6.1. POSSE (OAB/Exame Unificado – 2015.1) Mediante o emprego de violência, Mélvio esbulhou a posse da Fazenda Vila Feliz. A vítima do esbulho, Cassandra, ajuizou ação de reintegração de posse em face de Mélvio após um ano e meio, o que impediu a concessão de medida liminar Gabarito “C” em seu favor. Passados dois anos desde a invasão, Mélvio teve que trocar o telhado da casa situada na fazenda, pois estava danificado. Passados cinco anos desde a referida obra, a ação de reintegração de posse transitou em julgado e, na ocasião, o telhado colocado por Mélvio já se encontrava severamente danificado. Diante de sua derrota, Mélvio argumentou que faria jus ao direito de retenção pelas benfeitorias erigidas, exigindo que Cassandra o reembolsasse. A respeito do pleito de Mélvio, assinale a afirmativa correta. (A) Mélvio não faz jus ao direito de retenção por benfeitorias, pois sua posse é de má-fé e as benfeitorias, ainda que necessárias, não devem ser indenizadas, porque não mais existiam quando a ação de reintegração de posse transitou em julgado. (B) Mélvio é possuidor de boa-fé, fazendo jus ao direito de retenção por benfeitorias e devendo ser indenizado por Cassandra com base no valor delas. (C) Mélvio é possuidor de má-fé, não fazendo jus ao direito de retenção por benfeitorias, mas deve ser indenizado por Cassandra com base no valor delas. (D) Mélvio é possuidor de má-fé, fazendo jus ao direito de retenção por benfeitorias e devendo ser indenizado pelo valor atual delas. A: correta; Mélvio e possuidor de má-fé, e, assim, não tem direito à indenização por benfeitorias, salvo as necessárias, mas sem direito a retenção neste caso (art. 1.220 do CC); na hipótese narrada, tem- se benfeitoria necessária, porém, seja porque não existem mais, seja porque ainda que existissem não dão direito de retenção da coisa enquanto não paga a indenização, não há que se falar em direito de retenção no caso presente; B: incorreta; Melvio é possuidor de má-fé, pois sabia que não tinha direitos sobre a coisa quando a invadiu; C e D: incorretas; pois, como se viu, Melvio não terá direito direito a qualquer indenização no caso concreto. (OAB/Exame Unificado – 2014.3) Com a ajuda de homens armados, Francisco invade determinada fazenda e expulsa dali os funcionários de Gabriel, dono da propriedade. Uma vez na posse do imóvel, Francisco decide dar continuidade às atividades agrícolas que vinham sendo ali desenvolvidas (plantio de soja e de feijão). Três anos após a invasão, Gabriel consegue, pela via judicial, ser reintegradona posse da fazenda. Quanto aos frutos colhidos por Francisco durante o período em que permaneceu na posse da fazenda, assinale a afirmativa correta. (A) Francisco deve restituir a Gabriel todos os frutos colhidos e percebidos, mas tem direito de ser ressarcido pelas despesas de produção e custeio. (B) Francisco tem direito aos frutos percebidos durante o período em que permaneceu na fazenda. (C) Francisco tem direito à metade dos frutos colhidos, devendo restituir a outra metade a Gabriel. (D) Francisco deve restituir a Gabriel todos os frutos colhidos e percebidos, e não tem direito de ser ressarcido pelas despesas de produção e custeio. A: correta; de acordo com o art. 1.216 do CC, o possuidor de má-fé (que é o que temos no caso presente, pois era alguém que sabia que não tinha direitos sobre a coisa) responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; Gabarito “A” todavia, esse possuidor, ainda que de má-fé, tem, segundo a lei, direito às despesas da produção e custeio, de modo a não haver enriquecimento sem causa do legítimo possuidor da coisa; assim, a alternativa em questão está correta; B e C: incorretas, pois, de acordo com o art. 1.216 do CC o possuidor de má-fé não tem direito qualquer sobre os frutos percebidos e colhidos no período; D: incorreta, pois, de acordo com o art. 1.216 do CC, o possuidor de má-fé tem direito às despesas da produção e custeio, de modo a não haver enriquecimento sem causa do legítimo possuidor da coisa. (OAB/Exame Unificado – 2012.1) Acerca do instituto da posse é correto afirmar que: (A) o Código Civil estabeleceu um rol taxativo de posses paralelas. (B) é admissível o interdito proibitório para a proteção do direito autoral. (C) fâmulos da posse são aqueles que exercitam atos de posse em nome próprio. (D) a composse é uma situação que se verifica na comunhão pro indiviso, do qual cada possuidor conta com uma fração ideal sobre a posse. A: incorreta; há posses paralelas quando coexistem posses indiretas (daqueles que cedem a posse – ex: proprietários) e diretas (daqueles que recebem a posse – ex: locatários); não há rol taxativo dessas possibilidades, que podem acontecer em relação a inúmeras pessoas ao mesmo tempo e também a inúmeros negócios decorrentes de direitos reais (rol taxativo – ex: usufruto, uso e Gabarito “A” habitação) e de direitos pessoais, cujo rol não é taxativo (art. 1.197 do CC); B: incorreta, pois, segundo a Súmula STJ 228, “é inadmissível o interdito proibitório para a proteção do direito autoral”; C: incorreta, pois os fâmulos da posse são aqueles que exercem atos de posse em nome alheio, como é o caso dos caseiros; tem-se, no caso, a figura do detentor, e não do possuidor (art. 1.198, caput, do CC); D: correta (art. 1.199 do CC). (OAB/Exame Unificado – 2010.2) Sobre o constituto possessório, assinale a alternativa correta. (A) Trata-se de modo originário de aquisição da propriedade. (B) Trata-se de modo originário de aquisição da posse. (C) Representa uma tradição ficta. (D) É imprescindível para que se opere a transferência da posse aos herdeiros na sucessão universal. Constituto possessório caracteriza-se quando um possuidor em nome próprio passa a ter a coisa em nome de outro, mudando o caráter de sua posse. É o caso do dono que venda a coisa e passa a nela ficar como locatário ou comodatário. O constituto possessório é uma forma de aquisição de posse do tipo derivada (e não originária), pois a nova posse guarda vínculo com a posse anterior, de modo que não estão corretas as alternativas “A” e “B”. Trata-se, na verdade, de uma tradição ficta, pois a coisa é entregue (tradição) para quem já estava com ela (ficta). Gabarito “D” Gabarito “C” (OAB/Exame Unificado – 2019.2) Em 05/05/2005, Aloísio adquiriu uma casa de 500 m2 registrada em nome de Bruno, que lhe vendeu o imóvel a preço de mercado. A escritura e o registro foram realizados de maneira usual. Em 05/09/2005, o imóvel foi alugado, e Aloísio passou a receber mensalmente o valor de R$ 3.000,00 pela locação, por um período de 6 anos. Em 10/10/2009, Aloísio é citado em uma ação reinvindicatória movida por Elisabeth, que pleiteia a retomada do imóvel e a devolução de todos os valores recebidos por Aloísio a título de locação, desde o momento da sua celebração. Uma vez que Elisabeth é judicialmente reconhecida como a verdadeira proprietária do imóvel em 10/10/2011, pergunta-se: é correta a pretensão da autora ao recebimento de todos os aluguéis recebidos por Aloísio? (A) Sim. Independentemente da sentença de mérito, a própria contestação automaticamente transforma a posse de Aloísio em posse de má-fé desde o seu nascedouro, razão pela qual todos os valores recebidos pelo possuidor devem ser ressarcidos. (B) Não. Sem a ocorrência de nenhum outro fato, somente após uma sentença favorável ao pedido de Elisabeth, na reivindicatória, é que seus argumentos poderiam ser considerados verdadeiros, o que caracterizaria a transformação da posse de boa-fé em posse de má-fé. Como o possuidor de má-fé tem direito aos frutos, Aloísio não é obrigado a devolver os valores que recebeu pela locação. (C) Não. Sem a ocorrência de nenhum outro fato, e uma vez que Elisabeth foi vitoriosa em seu pleito, a posse de Aloísio passa a ser qualificada como de má-fé desde a sua citação no processo – momento em que Aloísio tomou conhecimento dos fatos ao final reputados como verdadeiros –, exigindo, em tais condições, a devolução dos frutos recebidos entre 10/10/2009 e a data de encerramento do contrato de locação. (D) Não. Apesar de Elisabeth ter obtido o provimento judicial que pretendia, Aloísio não lhe deve qualquer valor, pois, sendo possuidor com justo título, tem, em seu favor, a presunção absoluta de veracidade quanto a sua boa-fé. A: incorreta, pois até a citação na ação reivindicatória a posse era de boa-fé. Logo, os valores recebidos antes disso não podem ser requeridos de volta (art. 1.201, parágrafo único CC). A posse se transformará em posse de má-fé apenas após a citação (e não a contestação), logo é apenas após esse ato processual que os alugueres poderão ser cobrados (art. 1.202 CC); B: incorreta, pois prevê o art. 1.202 CC que “a posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o momento em que as circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente”. A citação é uma circunstância que dá ciência ao possuidor de que a posse pode vir a ser declarada indevida. No caso de procedência da ação da reivindicatória, o efeito da sentença retroagirá à data da citação e os alugueres deverão ser pagos desde então; C: correta, pois de fato os alugueres apenas poderão ser cobrados após a ciência inequívoca de Aluísio quanto à posse indevida, o que se dá com a citação. Nos termos art. 1.202, a citação se configura como a “circunstância que faz presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente a coisa”; D: incorreta, pois apesar de possuir justo título, a presunção de boa-fé não é absoluta, mas sim relativa. O art. 1.201 parágrafo único abre a possibilidade de se obter prova em contrário e a sentença judicial procedente em ação reivindicatória é prova mais do que válida. GR Gabarito “C” 6.2. PROPRIEDADE (OAB/Exame Unificado – 2017.3) Quincas adentra terreno vazio e, de forma pública, passa a construir ali a sua moradia. Após o exercício ininterrupto da posse por 17 (dezessete) anos, pleiteia judicialmente o reconhecimento da propriedade do bem pela usucapião. Durante o processo, constatou-se que o imóvel estava hipotecado em favor de Jovelino, para o pagamento de numerários devidos por Adib, proprietário do imóvel. Com base nos fatos apresentados, assinale a afirmativa correta. (A) A hipoteca existente em benefício de Jovelino prevalece sobre eventual direito de Quincas, tendo em vista o princípio da prioridade no registro. (B) A hipoteca é um impeditivo para o reconhecimentoda usucapião, tendo em vista a função social do crédito garantido. (C) Como a usucapião é modo originário de aquisição da propriedade, a hipoteca não é capaz de impedir a sua consumação. (D) Quincas pode adquirir, pela usucapião, o imóvel em questão, porém ficará com o ônus de quitar o débito que a hipoteca garantia. A aquisição da propriedade imóvel por usucapião é originária e, portanto, vem ao domínio do possuidor de forma livre de ônus e encargos, como é o caso da hipoteca anteriormente constituída para garantir obrigação pessoal do antigo proprietário do imóvel. Permanece a Jovelino, o credor, o direito de exercer seu crédito pelos meios regulares de cobrança em face do devedor. GN Gabarito “C” (OAB/Exame Unificado – 2017.3) Laurentino constituiu servidão de vista no registro competente, em favor de Januário, assumindo o compromisso de não realizar qualquer ato ou construção que embarace a paisagem de que Januário desfruta em sua janela. Após o falecimento de Laurentino, seu filho Lucrécio decide construir mais dois pavimentos na casa para ali passar a habitar com sua esposa. Diante do exposto, assinale a afirmativa correta. (A) Januário não pode ajuizar uma ação possessória, eis que a servidão é não aparente. (B) Diante do falecimento de Laurentino, a servidão que havia sido instituída automaticamente se extinguiu. (C) A servidão de vista pode ser considerada aparente quando houver algum tipo de aviso sobre sua existência. (D) Januário pode ajuizar uma ação possessória, provando a existência da servidão com base no título. A: incorreta, pois, em que pese a servidão de vista ser da espécie “não aparente”, Januário continua protegido em seu direito real sobre coisa alheia; B: incorreta, pois o falecimento do proprietário do prédio serviente não extingue a servidão, justamente por se tratar de um direito real, que se agrega à coisa e não a pessoas; C: incorreta, pois avisos não alteram a natureza da servidão; D: correta, pois Januário detém um direito real sobre coisa alheia, que poderá ser defendido na hipótese de violação (CC, art. 1.378). GN (OAB/Exame Unificado – 2018.1) Jonas trabalha como caseiro da casa de praia da família Magalhães, exercendo ainda a função de cuidador da matriarca Lena, já com 95 anos. Dez dias após o falecimento de Lena, Gabarito “D” Jonas tem seu contrato de trabalho extinto pelos herdeiros. Contudo, ele permanece morando na casa, apesar de não manter qualquer outra relação jurídica com os herdeiros, que também já não frequentam mais o imóvel e permanecem incomunicáveis. Jonas decidiu, por sua própria conta, fazer diversas modificações na casa: alterou a pintura, cobriu a garagem (que passou a alugar para vizinhos) e ampliou a churrasqueira. Ele passou a dormir na suíte principal, assumiu as despesas de água, luz, gás e telefone, e apresentou-se, perante a comunidade, como “o novo proprietário do imóvel”. Doze anos após o falecimento de Lena, seu filho Adauto decide retomar o imóvel, mas Jonas se recusa a devolvê-lo. A partir da hipótese narrada, assinale a afirmativa correta. (A) Jonas não pode usucapir o bem, eis que é possuidor de má-fé. (B) Adauto não tem direito à ação possessória, eis que o imóvel estava abandonado. (C) Jonas não pode ser considerado possuidor, eis que é o caseiro do imóvel. (D) Na hipótese indicada, a má-fé de Jonas não é um empecilho à usucapião. É sempre muito importante ressaltar esse peculiar aspecto da usucapião. A má-fé do possuidor (que significa apenas e tão somente o conhecimento de um vício que macula sua posse) nunca é obstáculo à usucapião. Aliás, é extremamente comum que o possuidor de má-fé adquira a propriedade por meioda usucapião. É justamente para isso que existe a usucapião extraordinária, que ocorre“independentemente de título e boa-fé” (CC, art. 1.238) em que pese num prazo maior do que a ordinária (que, por sua vez, pressupõe a boa-fé do possuidor). GN (OAB/Exame Unificado – 2018.2) Diante da crise que se abateu sobre seus negócios, Eriberto contrai empréstimo junto ao seu amigo Jorge, no valor de R$ 200.000,00, constituindo, como garantia, hipoteca do seu sítio, com vencimento em 20 anos. Esgotado o prazo estipulado e diante do não pagamento da dívida, Jorge decide executar a hipoteca, mas vem a saber que o imóvel foi judicialmente declarado usucapido por Jonathan, que o ocupava de forma mansa e pacífica para sua moradia durante o tempo necessário para ser reconhecido como o novo proprietário do bem. Diante do exposto, assinale a opção correta. (A) Como o objeto da hipoteca não pertence mais a Eriberto, a dívida que ele tinha com Jorge deve ser declarada extinta. (B) Se a hipoteca tiver sido constituída após o início da posse ad usucapionem de Jonathan, o imóvel permanecerá hipotecado mesmo após a usucapião, em respeito ao princípio da ambulatoriedade. (C) Diante da consumação da usucapião, Jorge tem direito de regresso contra Jonathan, haja vista que o bem usucapido era objeto de sua garantia. (D) Sendo a usucapião um modo de aquisição originária da propriedade, Jonathan pode adquirir a propriedade do imóvel livre da hipoteca que Eriberto constituíra em favor de Jorge. Gabarito “D” A aquisição da propriedade imóvel por usucapião é originária e, portanto, vem ao domínio do possuidor de forma livre de ônus e encargos, como é o caso da hipoteca anteriormente constituída para garantir obrigação pessoal do antigo proprietário do imóvel. Logo, não há direito de regresso em face de Jonathan, permanecendo ao credor Jorge os meios regulares de cobrança perante o devedor Eriberto. GN (OAB/Exame Unificado – 2018.2) Ronaldo é proprietário de um terreno que se encontra cercado de imóveis edificados e decide vender metade dele para Abílio. Dois anos após o negócio feito com Abílio, Ronaldo, por dificuldades financeiras, descumpre o que havia sido acordado e constrói uma casa na parte da frente do terreno – sem deixar passagem aberta para Abílio – e a vende para José, que imediatamente passa a habitar o imóvel. Diante do exposto, assinale a afirmativa correta. (A) Abílio tem direito real de servidão de passagem pelo imóvel de José, mesmo contra a vontade deste, com base na usucapião. (B) A venda realizada por Ronaldo é nula, tendo em vista que José não foi comunicado do direito real de servidão de passagem existente em favor de Abílio. (C) Abílio tem direito a passagem forçada pelo imóvel de José, independentemente de registro, eis que seu imóvel ficou em situação de encravamento após a construção e venda feita por Ronaldo. Gabarito “D” (D) Como não participou da avença entre Ronaldo e Abílio, José não está obrigado a conceder passagem ao segundo, em função do caráter personalíssimo da obrigação assumida. Para atender plenamente à sua função social, um imóvel precisa ter livre acesso às vias públicas e a lei, atenta para tal necessidade, impõe o instituto da passagem forçada (CC, art. 1.285), a qual será fornecida pelo vizinho “cujo imóvel mais natural e facilmente se prestar à passagem” (CC, art. 1.285 parágrafo primeiro). Não se deve confundir o instituto com a servidão de passagem, na qual o imóvel dominante não está encravado, mas apenas ganhará mais comodidade com a interferência na propriedade do prédio serviente. GN (OAB/Exame Unificado – 2017.2) À vista de todos e sem o emprego de qualquer tipo de violência, o pequeno agricultor Joventino adentra terreno vazio, constrói ali sua moradia e uma pequena horta para seu sustento, mesmo sabendo que o terreno é de propriedade de terceiros. Sem ser incomodado, exerce posse mansa e pacífica por 2 (dois) anos, quando é expulso por um grupo armado comandado por Clodoaldo, proprietário do terreno, que só tomou conhecimento da presença de Joventino no imóvel no dia anterior à retomada. Diante do exposto, assinale a afirmativa correta. (A) Como não houve emprego de violência, Joventino não pode ser considerado esbulhador. Gabarito “C” (B) Clodoaldo tem o direito de retomara posse do bem mediante o uso da força com base no desforço imediato, eis que agiu imediatamente após a ciência do ocorrido. (C) Tendo em vista a ocorrência do esbulho, Joventino deve ajuizar uma ação possessória contra Clodoaldo, no intuito de recuperar a posse que exercia. (D) Na condição de possuidor de boa-fé, Joventino tem direito aos frutos e ao ressarcimento das benfeitorias realizadas durante o período de exercício da posse. A: incorreta, pois não há necessidade de violência para se configurar o esbulho; B: incorreta, pois a fluência do prazo de dois anos é suficiente para retirar o imediatismo exigido para tal legítima defesa da posse (CC, art. 1.210 § 1°); C: correta, pois, no presente cenário, a posse de Joventino é melhor do que a posse de Clodoaldo, não importando – para o bojo da possessória – quem é o proprietário do bem. A rigor, a discussão sobre propriedade é proibida na pendência de ação possessória (CPC, art. 557); D: incorreta, pois Joventino é possuidor de má-fé, ou seja, ele sabia que a posse dele apresentava algum vício (CC, art. 1.201). GN (OAB/Exame Unificado – 2015.3) Por meio de contrato verbal, João alugou sua bicicleta a José, que se comprometeu a pagar o aluguel mensal de R$ 100,00 (cem reais), bem como a restituir a coisa alugada ao final do sexto mês de locação. Antes de esgotado o prazo do contrato de locação, João deseja celebrar contrato de compra e venda com Otávio, de modo a transmitir imediatamente a propriedade da bicicleta. Não obstante a coisa permanecer na posse direta de José, entende-se que Gabarito “C” (A) o adquirente Otávio, caso venda a bicicleta antes de encerrado o prazo da locação, deve obrigatoriamente depositar o preço em favor do locatário José. (B) João não pode celebrar contrato de compra e venda da bicicleta antes de encerrado o prazo da locação celebrada com José. (C) é possível transmitir imediatamente a propriedade para Otávio, por meio da estipulação, no contrato de compra e venda, da cessão do direito à restituição da coisa em favor de Otávio. (D) é possível transmitir imediatamente a propriedade para Otávio, por meio da estipulação, no contrato de compra e venda, do constituto possessório em favor de Otávio. A: incorreta, pois José não é proprietário da bicicleta, mas mero locatário desta; B: incorreta, pois um bem não se torna inalienável só pelo fato de estar locado a terceiro; C: correta; em geral, a propriedade de coisa móvel só se transfere com a tradição física da coisa; porém, a lei subentende a tradição quando o transmitente (João) cede ao adquirente (Otávio) o direito à restituição da coisa, que se encontra na posse de terceiro (José), nos termos do art. 1.267, caput e parágrafo único (segunda parte), do CC; D: incorreta, pois subentende-se a tradição no constituto possessório quando o transmitente (João) continua a possuir, o que não se coaduna com o texto da alternativa (art. 1.267, parágrafo único (primeira parte), do CC. (OAB/Exame Unificado – 2014.3) No regime da Alienação Fiduciária que recai sobre bens imóveis, uma vez consolidada a propriedade em seu Gabarito “C” nome no Registro de Imóveis, o fiduciário, no prazo de trinta dias, contados da data do referido registro, deverá (A) adjudicar o bem. (B) vender diretamente o bem para terceiros. (C) promover leilão público para a alienação do imóvel; não havendo arremate pelo valor de sua avaliação, realizar um segundo leilão em quinze dias. (D) promover leilão público para a alienação do imóvel; não havendo arremate, o fiduciário adjudicará o bem. De acordo com o art. 27 da Lei 9.514/97, uma vez consolidada a propriedade em nome do fiduciário, este, no prazo de 30 dias mencionado, promoverá leilão público para a alienação do imóvel. Todavia, se no primeiro público leilão o maior lance oferecido for inferior ao valor do imóvel, será realizado o segundo leilão, nos 15 dias seguintes. Nesse segundo leilão será aceito o maior lance oferecido, desde que igual ou superior ao valor da dívida, das despesas, dos prêmios de seguro, dos encargos legais, inclusive tributos, e das contribuições condominiais. Assim, estão incorretas as alternativas que falam em adjudicação do imóvel pelo fiduciário e também a que prevê a venda direta do bem para terceiros, independentemente de leilão público. E está correta alternativa que assegura que haverá leilão público e, se o caso, um segundo leilão público. (OAB/Exame Unificado – 2014.1) Jeremias e Antônio moram cada um em uma margem do rio Tatuapé. Com o passar do tempo, as chuvas, Gabarito “C” as estiagens e a erosão do rio alteraram a área da propriedade de cada um. Dessa forma, Jeremias começou a se questionar sobre o tamanho atual de sua propriedade (se houve aquisição/diminuição), o que deixou Antônio enfurecido, pois nada havia feito para prejudicar Jeremias. Ao mesmo tempo, Antônio também começou a notar diferenças em seu terreno na margem do rio. Ambos questionam se não deveriam receber alguma indenização do outro. Sobre a situação apresentada, assinale a afirmativa correta. (A) Trata-se de aquisição por aluvião, uma vez que corresponde a acréscimos trazidos pelo rio de forma sucessiva e imperceptível, não gerando indenização a ninguém. (B) Se for formada uma ilha no meio do rio Tatuapé, pertencerá ao proprietário do terreno de onde aquela porção de terra se deslocou. (C) Trata-se de aquisição por avulsão e cada proprietário adquirirá a terra trazida pelo rio mediante indenização do outro ou, se ninguém tiver reclamado, após o período de um ano. (D) Se o rio Tatuapé secar, adquirirá a propriedade da terra aquele que primeiro a tornar produtiva de alguma maneira, seja como moradia ou como área de trabalho. A: correta (art. 1.250, caput, do CC); B: incorreta, pois se a ilha se formar no meio do rio aquela porção de terra considerar-se-á acréscimos sobrevindos aos terrenos ribeirinhos fronteiros de ambas as margens, na proporção de suas testadas, até a linha que dividir o álveo em duas partes iguais (art. 1.249, I do CC); C: incorreta, pois o acréscimo de terra por avulsão se dá através de forças violentas da natureza (art. 1.251, caput, do CC), o que não é a hipótese do caso em tela. D: incorreta, pois se o rio secar adquirirá a propriedade da terra os proprietários ribeirinhos das duas margens (art. 1.252 do CC), independentemente de torná-la produtiva ou usá-la para moradia. (OAB/Exame Unificado – 2012.2) Em janeiro de 2010, Nádia, unida estavelmente com Rômulo, após dez anos de convivência e sem que houvesse entre eles contrato escrito que disciplinasse as relações entre companheiros, abandona definitivamente o lar. Nos dois anos seguintes, Rômulo, que não é proprietário de outro imóvel urbano ou rural, continuou, ininterruptamente, sem oposição de quem quer que fosse, na posse direta e exclusiva do imóvel urbano com 200 metros quadrados, cuja propriedade dividia com Nádia e que servia de moradia do casal. Em março de 2012, Rômulo – que nunca havia ajuizado ação de usucapião, de qualquer espécie, contra quem quer que fosse – ingressou com ação de usucapião, pretendendo o reconhecimento judicial para adquirir integralmente o domínio do referido imóvel. Diante dessa situação hipotética, assinale a afirmativa correta. (A) A pretensão de aquisição do domínio integral do imóvel por Rômulo é infundada, pois o prazo assinalado pelo Código Civil é de 10 (dez) anos. (B) A pretensão de aquisição do domínio integral do imóvel por Rômulo é infundada, pois a hipótese de abandono do lar, embora possa caracterizar a impossibilidade da comunhão de vida, não autoriza a propositura de ação de usucapião. (C) A pretensão de aquisição do domínio integral do imóvel por Rômulo é infundada, pois tal direito só existe para as situações em Gabarito “A” que as pessoas foram casadas sob o regime da comunhão universal de bens. (D) A pretensão de aquisição do domínio integral do imóvel por Rômulo preenche todos os requisitos previstos no Código Civil. Segundoo art. 1.240-A do CC, introduzido pela Lei 12.424/2011, “aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural”. Assim, a alternativa “A” está incorreta, pois bastam dois anos. A alternativa “B” está incorreta, pois o abandono do lar é requisito para a usucapião em tela. A alternativa “C” está incorreta, pois o dispositivo citado não faz distinção de regime de casamento. E a alternativa “D” está correta, pois, de fato, Rômulo preencheu todos os requisitos da usucapião especial urbana familiar, nos termos do art. 1.240-A do CC. (OAB/Exame Unificado – 2011.1) Acerca da servidão de aqueduto, assinale a alternativa correta. (A) O proprietário do prédio serviente, ainda que devidamente indenizado pela passagem da servidão do aqueduto, poderá exigir que seja subterrânea a canalização que atravessa áreas edificadas, pátios, jardins ou quintais. (B) Se o uso das águas não se destinar à satisfação das exigências primárias, o proprietário do aqueduto não deverá ser indenizado Gabarito “D” pela retirada das águas supérfluas aos seus interesses de consumo. (C) O aqueduto deverá ser construído de maneira que cause o menor prejuízo aos proprietários dos imóveis vizinhos, e a expensas do seu dono, mas a quem não incumbem as despesas de conservação. (D) Não se aplicam à servidão de aqueduto as regras pertinentes à passagem de cabos e tubulações. A: correta (art. 1.293, § 2.º, do CC); B: incorreta (art. 1.296 do CC); C: incorreta, pois o dono deve arcar sim com as despesas de conservação (art. 1.293, § 3.º, do CC); D: incorreta, pois tais regras se aplicam, sim, à servidão de aqueduto (art. 1.294 do CC). (OAB/Exame Unificado – 2010.1) Assinale a opção correta com relação ao registro, exigido na transmissão da propriedade de bens imóveis. (A) Realizado o registro do título translativo, este produzirá efeitos ex tunc, o que torna o adquirente proprietário desde a formalização do título. (B) Sendo o registro, no âmbito do direito nacional, meio necessário para a transmissão da propriedade de bem imóvel, sua realização importa presunção absoluta de propriedade. (C) Vendido o imóvel a duas pessoas diferentes, será válido o registro ainda que realizado pelo adquirente que possua o título de data mais recente. (D) Se uma pessoa vender imóvel seu a outra e esta, por sua vez, o vender a terceiro, será possível, provada a regularidade dos negócios, o registro desse último título translativo sem que se registre o primeiro. Gabarito “A” A: incorreta. “Como modo de aquisição, portanto, o registro produz efeitos ex nunc, jamais retroagindo à aquisição da propriedade imobiliária à época da formalização do título” (Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald. Direito civil e direitos reais. Rio de Janeiro: Ed. Lumen Juris, 5. ed., 2008, p. 243); B: incorreta. “A força probante do registro induz presunção juris tantum de propriedade, produzindo todos os efeitos legais, enquanto não cancelado” (Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald. Op. cit., p. 245); C: correta. Quem primeiro registra é considerado o proprietário, regra que decorre do chamado princípio da preferência de registro. “Assim, se o alienante vender o imóvel a pessoas diferentes, adquiri-lo-á o primeiro que registrar, ainda que o título translativo prenotado seja de data posterior, restando ao outro adquirente tão somente ação indenizatória contra o alienante, em face do inadimplemento da obrigação de dar” (Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald. Op. cit., p. 245); D: incorreta. “Se o imóvel não se achar registrado em nome do alienante, não pode ser registrado em nome do adquirente, pois ninguém pode transmitir o que não lhe pertence” (Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald. Op. cit., p. 249). (OAB/Exame Unificado – 2019.1) Eduarda comprou um terreno não edificado, em um loteamento distante do centro, por R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais). Como não tinha a intenção de construir de imediato, ela visitava o local esporadicamente. Em uma dessas ocasiões, Eduarda verificou que Laura, sem qualquer autorização, havia construído uma mansão com 10 quartos, sauna, piscina, Gabarito “C” cozinha gourmet etc., no seu terreno, em valor estimado em R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais). Laura, ao ser notificada por Eduarda, antes de qualquer prazo de usucapião, verificou a documentação e percebeu que cometera um erro: construíra sua mansão no lote “A” da quadra “B”, quando seu terreno, na verdade, é o lote “B” da quadra “A”. Diante do exposto, assinale a afirmativa correta. (A) Eduarda tem o direito de exigir judicialmente a demolição da mansão construída por Laura, independentemente de qualquer indenização. (B) Laura, apesar de ser possuidora de má-fé, tem direito de ser indenizada pelas benfeitorias necessárias realizadas no imóvel de Eduarda. (C) Laura, como é possuidora de boa-fé, adquire o terreno de Eduarda e a indeniza, uma vez que construiu uma mansão em imóvel inicialmente não edificado. (D) Eduarda, apesar de ser possuidora de boa-fé, adquire o imóvel construído por Laura, tendo em vista a incidência do princípio pelo qual a superfície adere ao solo. A: incorreta, pois Eduarda não tem o direito de exigir a demolição da mansão de Laura, uma vez que Laura detém o direito de pagar indenização à Eduarda e ficar com a mansão, pois agiu de boa-fé (art. 1.255 parágrafo único CC); B: incorreta, pois Laura não é possuidora de má-fé, uma vez que seu erro se deu por uma confusão e não por um ato intencional de fraude. Sendo possuidora de boa-fé e considerando que o seu imóvel excede em muito o valor do terreno, ela adquire a propriedade de solo mediante pagamento de indenização à Eduarda (art. 1.255 parágrafo único CC); C: correta, pois nos termos do art. 1.255 CC aquele que de boa-fé edifica em terreno alheio em regra perde a construção para o proprietário do solo, mas tem o direito de ser indenizado. Porém, se o valor da construção exceder consideravelmente o valor do terreno, o dono da construção adquire também o solo, mediante pagamento indenização ao proprietário, sendo que o montante pode ser fixado judicialmente, se não houver acordo (art. 1.255 CC); D: incorreta, pois aquilo que está na superfície presumivelmente é do proprietário do terreno até que se prove em contrário (art. 1.253 CC). Logo, esse princípio de que o que está na superfície adere ao solo é relativo. Neste passo, ficou provada a boa-fé de Laura, logo aplica-se a ela o previsto no art. 1.255 parágrafo único CC. GR (OAB/Exame Unificado – 2019.1) Aline manteve união estável com Marcos durante 5 (cinco) anos, época em que adquiriram o apartamento de 80 m² onde residiam, único bem imóvel no patrimônio de ambos. Influenciado por tormentosas discussões, Marcos abandonou o apartamento e a cidade, permanecendo Aline sozinha no imóvel, sustentando todas as despesas deste. Após 3 (três) anos sem notícias de seu paradeiro, Marcos retornou à cidade e exigiu sua meação no imóvel. Sobre o caso concreto, assinale a afirmativa correta. (A) Marcos faz jus à meação do imóvel em eventual dissolução de união estável. (B) Aline poderá residir no imóvel em razão do direito real de habitação. Gabarito “C” (C) Aline adquiriu o domínio integral, por meio de usucapião, já que Marcos abandonou o imóvel durante 2 (dois) anos. (D) Aline e Marcos são condôminos sobre o bem, o que impede qualquer um deles de adquiri-lo por usucapião. A: incorreta, pois Marcos não faz jus à meação. Por ter abandonado o lar a mais de 2 anos, Aline adquire a propriedade integral do bem pelo instituto da usucapião familiar (art. 1.240-A CC); B: incorreta, pois Aline pode residir no imóvel por direito depropriedade, e não por direito real de habitação. Isso porque ela preenche todos os requisitos para pleitear a usucapião familiar em face do ex- companheiro (art. 1.240-A CC); C: correta, pois o art. 1.240-A prevê que aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural; D: incorreta, pois não há que se falar em condomínio no caso em tela, uma vez que a propriedade é exclusiva de Aline por meio da usucapião familiar (art. 1.240-A CC). GR (OAB/Exame Unificado – 2020.2) Joel e Simone se casaram em regime de comunhão total de bens em 2010. Em 2015, depois de vários períodos conturbados, Joel abandonou a primeira e única residência de 150 m2, em área urbana, que o casal havia adquirido mediante pagamento à vista, com recursos próprios de ambos, e não dá qualquer notícia sobre seu paradeiro ou intenções futuras. Gabarito “C” Em 2018, após Simone ter iniciado um relacionamento com Roberto, Joel reaparece subitamente, notificando sua ex-mulher, que não é proprietária nem possuidora de outro imóvel, de que deseja retomar sua parte no bem, eis que não admitiria que ela passasse a morar com Roberto no apartamento que ele e ela haviam comprado juntos. Sobre a hipótese narrada, assinale a afirmativa correta. (A) Apesar de ser possuidora de boa-fé, Simone pode se considerar proprietária da totalidade do imóvel, tendo em vista a efetivação da usucapião extraordinária. (B) Uma vez que a permanência de Simone no imóvel é decorrente de um negócio jurídico realizado entre ela e Joel, é correto indicar um desdobramento da posse no caso narrado. (C) Como Joel deixou o imóvel há mais de dois anos, Simone pode alegar usucapião da fração do imóvel originalmente pertencente ao ex-cônjuge. (D) A hipótese de usucapião é impossível, diante do condomínio sobre o imóvel entre Joel e Simone, eis que ambos são proprietários. A: incorreta, pois neste caso não se configurou usucapião extraordinária, uma vez que para que esta se configure o prazo é de quinze anos de permanência no imóvel, fora os demais requisitos da usucapião (art. 1.238 CC); B: incorreta, pois a permanência de Simone no imóvel não é decorrente de um negócio jurídico realizado entre ela e Joel. Originalmente o negócio jurídico foi realizado entre o casal e o antigo proprietário do imóvel. Com a compra e venda e registro em cartório, o casal se tornou legítimo proprietário do imóvel. Simone terá direito a adquirir o imóvel em sua totalidade, pois exerceu a posse direta por mais de 2 anos ininterruptos sem oposição (art. 1.240-A CC); C: correta, pois trata-se de modalidade de usucapião familiar, cujos requisitos são: exercer, por 2 anos ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m2 cuja propriedade divida com ex- cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família e não ser proprietário de outro imóvel urbano ou rural (art. 1.240-A CC). Simone preenche todos os itens; D: incorreta, pois embora sejam condôminos, existe previsão específica no Código Civil que supera a regra do condomínio e dá o direto de propriedade exclusiva a um dos cônjuges, preenchidos os requisitos do art. 1.240-A CC. GR (OAB/Exame Unificado – 2020.2) Liz e seu marido Hélio adquirem uma fração de tempo em regime de multipropriedade imobiliária no hotel-fazenda Cidade Linda, no estado de Goiás. Pelos termos do negócio, eles têm direito a ocupar uma das unidades do empreendimento durante os meses de dezembro e janeiro, em regime fixo. No ano seguinte à realização do negócio, as filhas do casal, Samantha e Laura, ficam doentes exatamente em dezembro, o que os impede de viajar. Para contornar a situação, Liz oferece à sua mãe, Alda, o direito de ir para o Cidade Linda no lugar deles. Ao chegar ao local, porém, Alda é barrada pela administração do hotel, sob o fundamento de que somente a família proprietária poderia ocupar as instalações da unidade. Você, como advogado(a), deve esclarecer se o ato é legal, assinalando a opção que indica sua orientação. Gabarito “C” (A) O ato é legal, pois o regime de multipropriedade, ao contrário do condominial, é personalíssimo. (B) O ato é ilegal, pois, como hipótese de condomínio necessário, a multipropriedade admite o uso das unidades por terceiros. (C) O ato é ilegal, pois a possibilidade de cessão da fração de tempo do multiproprietário em comodato é expressamente prevista no Código Civil. (D) O ato é legal, pois o multiproprietário tem apenas o direito de doar ou vender a sua fração de tempo, mas nunca cedê-la em comodato. A: incorreta, pois a recusa é ilegal, uma vez que o time sharing não é personalíssimo, pois a Lei permite que haja locação e comodato nesta modalidade de contrato, logo, não precisa apenas ser exercido pelo proprietário (art. 1.358-I, II, CC); B: incorreta, pois condomínio necessário trata-se de uma modalidade forçada ou compulsória de compartilhamento da propriedade, que tem por objeto a meação de paredes, cercas, muros e valas, aos quais se aplicam as normas dos arts. 1.297 e 1.298 e 1.304 a 1.307 CC; C: correta (art. art. 1.358-I, II, CC); D: incorreta, pois o ato é ilegal, pois além de doar e vender a fração de tempo, o proprietário também pode locar e dar em comodato (art. art. 1.358-I, II CC). GR (OAB/Exame XXXVI) Márcio vendeu um imóvel residencial, do qual era proprietário, para Sebastião. Animado com esse negócio, o comprador, músico, mencionou ao vendedor sua felicidade, pois passaria a residir em uma casa onde haveria espaço suficiente para colocar um piano. Porém, queixou-se de ainda não ter encontrado o instrumento ideal para comprar. Gabarito “C” Neste momento, Márcio comentou que sua filha, Fabiana, trabalhava com instrumentos musicais e estava buscando alguém interessado em adquirir um de seus pianos. Após breve contato com Fabiana, Sebastião foi até a casa dela, analisou o instrumento e gostou muito. Por tais razões, manifestou vontade de comprá-lo. Após as tratativas mencionadas, Márcio e Sebastião celebraram contrato de compra e venda de imóvel sob a forma de escritura pública lavrada em Cartório de Notas, com posterior pagamento integral do preço, devido ao vendedor, pelo comprador. De outro lado, Sebastião e Fabiana também celebraram contrato particular de compra e venda do piano, com posterior pagamento integral do valor pelo comprador e entrega por Fabiana do bem vendido. A respeito da situação apresentada, segundo o Código Civil, Sebastião adquiriu a propriedade (A) tanto do imóvel quanto a do piano, pela tradição dos referidos bens. (B) do piano a partir da tradição desse bem, mas a do imóvel foi adquirida no momento em que se lavrou a escritura pública de compra e venda no Cartório de Notas. (C) do piano a partir da tradição desse bem, mas a do imóvel será adquirida mediante registro do título translativo no Registro de Imóveis. (D) tanto do imóvel quanto a do piano, a partir do momento em que assumiu a posse dos referidos bens. A: incorreta, pois a propriedade do bem imóvel apenas se consolidará com o registro da escritura pública no cartório de imóveis competente (art. 1.245, caput e § 1º CC); B: incorreta, pois a escritura pública é uma mera manifestação de vontade de forma pública e exigência para que haja a transferência de bens imóveis com valor superior a 30 salários mínimos (art. 108 CC). Porém a propriedade apenas se consolida de fato com o registro do título translativo no Registro de Imóveis (art. 1.245, caput CC); C: correta (art. 1.267 caput CC c/c art. 1.245 caput CC); D: incorreta, pois quanto ao imóvel a propriedade apenas se consolidou com o registro do títulotranslativo no Registro de Imóveis (art. 1.245 caput CC). (OAB/Exame XXXV) João da Silva, buscando acomodar os quatro filhos, conforme cada um ia se casando, construiu casas sucessivas em cima de seu imóvel, localizado no Morro Santa Marta, na cidade do Rio de Janeiro. Cada uma das casas é uma unidade distinta da original, construídas como unidades autônomas. Com o casamento de Carlos, seu filho mais novo, ele já havia erguido quatro unidades imobiliárias autônomas, constituídas em matrícula própria, além do pavimento original, onde João reside com sua esposa, Sirlene. No entanto, pouco tempo depois, João assume que tivera uma filha fora do casamento e resolve construir mais uma casa, em cima do pavimento de Carlos, a fim de que sua filha possa residir com seu marido. Sobre a hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta. (A) João poderá construir nova laje, desde que tal construção não seja feita no subsolo, pois o direito real de laje só abrange a cessão de superfícies superiores em relação à construção-base. (B) João poderá construir a casa para sua filha, tendo em vista se tratar de direito real de superfície e por ser ele o proprietário da Gabarito “C” construção-base. (C) João não poderá construir a casa para sua filha, uma vez que o direito real de laje se limita a apenas quatro pavimentos adicionais à construção-base. (D) João só poderá construir a casa para sua filha mediante autorização expressa dos titulares das demais lajes, respeitadas as posturas edilícias e urbanísticas vigentes. A: incorreta, pois é possível instituir direito de laje sobre o subsolo (art. 1.510-A caput CC e art. 1.510-E, I CC); B: incorreta, pois apesar de João ser o proprietário da construção-base, ele precisará da autorização dos outros titulares das lajes sobre a qual quer construir, no caso autorização de seus filhos (art. 1.510-A, § 6º CC); C: incorreta, pois a Lei não determina esse limite de quatro pavimentos. O que ela exige é o consenso expresso do titular a construção-base e dos titulares das lajes (art. 1.510-A, § 6º CC); D: correta (art. 1.510-A, § 6º CC). 6.3. DIREITO DE VIZINHANÇA (OAB/Exame Unificado – 2010.3) Félix e Joaquim são proprietários de casas vizinhas há 5 (cinco) anos e, de comum acordo, haviam regularmente delimitado as suas propriedades pela instalação de uma singela cerca viva. Recentemente, Félix adquiriu um cachorro e, por essa razão, o seu vizinho, Joaquim, solicitou-lhe que substituísse a cerca viva por um tapume que impedisse a entrada do cachorro em sua propriedade. Surpreso, Félix negou-se a atender ao pedido do vizinho, argumentando que o seu cachorro era adestrado e Gabarito “D” inofensivo e, por isso, jamais lhe causaria qualquer dano. Com base na situação narrada, é correto afirmar que Joaquim: (A) poderá exigir que Félix instale o tapume, a fim de evitar que o cachorro ingresse na sua propriedade, contanto que arque com metade das despesas de instalação, cabendo a Félix arcar com a outra parte das despesas. (B) poderá exigir que Félix instale o tapume, a fim de evitar que o cachorro ingresse em sua propriedade, cabendo a Félix arcar com as despesas de instalação, deduzindo-se desse montante metade do valor, devidamente corrigido, correspondente à cerca viva inicialmente instalada por ambos os vizinhos. (C) poderá exigir que Félix instale o tapume, a fim de evitar que o cachorro ingresse em sua propriedade, cabendo a Félix arcar integralmente com as despesas de instalação. (D) não poderá exigir que Félix instale o tapume, uma vez que a cerca viva fora instalada de comum acordo e demarca corretamente os limites de ambas as propriedades, cumprindo, pois, com a sua função, bem como não há indícios de que o cachorro possa vir a lhe causar danos. O caso envolve “direito de vizinhança”. A situação narrada se enquadra no disposto no art. 1.297, § 3.º, do CC, pelo qual “a construção de tapumes especiais para impedir a passagem de animais de pequeno porte, ou para outro fim, pode ser exigida de quem provocou a necessidade deles, pelo proprietário, que não está obrigado a concorrer para as despesas”. Ou seja, quem provocou a necessidade (Félix, dono do cachorro) deve arcar com as despesas. Já o proprietário vizinho (Joaquim), não está obrigado a concorrer com as despesas de instalação. Í Gabarito “C” 6.4. CONDOMÍNIO (OAB/Exame Unificado – 2016.2) Vítor, Paulo e Márcia são coproprietários, em regime de condomínio pro indiviso, de uma casa, sendo cada um deles titular de parte ideal representativa de um terço (1/3) da coisa comum. Todos usam esporadicamente a casa nos finais de semana. Certo dia, ao visitar a casa, Márcia descobre um vazamento no encanamento de água. Sem perder tempo, contrata, em nome próprio, uma sociedade empreiteira para a realização da substituição do cano danificado. Pelo serviço, ficou ajustado contratualmente o pagamento de R$ 900,00 (novecentos reais). Tendo em vista os fatos expostos, assinale a afirmativa correta. (A) A empreiteira pode cobrar a remuneração ajustada contratualmente de qualquer um dos condôminos. (B) A empreiteira pode cobrar a remuneração ajustada contratualmente apenas de Márcia, que, por sua vez, tem direito de regresso contra os demais condôminos. (C) A empreiteira não pode cobrar a remuneração contratualmente ajustada de Márcia ou de qualquer outro condômino, uma vez que o serviço foi contratado sem a prévia aprovação da totalidade dos condôminos. (D) A empreiteira pode cobrar a remuneração ajustada contratualmente apenas de Márcia, que deverá suportar sozinha a despesa, sem direito de regresso contra os demais condôminos, uma vez que contratou a empreiteira sem o prévio consentimento dos demais condôminos. A a D: somente a alternativa “B” está correta, pois, de acordo com o art. 1.318 do CC, as dívidas contraídas por um dos condôminos em proveito da comunhão, e durante ela, obrigam apenas o contratante, ou seja, a empreiteira somente poderá cobrar de Marcia; mas esta terá este ação regressiva contra os demais condôminos. (OAB/Exame Unificado – 2011.3.B) Timóteo e Leandro, cada qual proprietário de um apartamento no Edifício Maison, procuraram a síndica do condomínio, Leonor, a fim de solicitar que fossem deduzidas de suas contribuições condominiais as despesas referentes à manutenção do parque infantil situado no edifício. Argumentaram que, por serem os únicos condôminos sem crianças na família, não utilizam o aludido parque, cuja manutenção incrementa significativamente o valor da contribuição condominial, bem como que a convenção de condomínio nada dispõe a esse respeito. Na condição de advogado consultado por Leonor, assinale a avaliação correta do caso acima. (A) Timóteo e Leandro podem ser temporariamente dispensados do pagamento das despesas referentes à manutenção do parque infantil, retomando-se imediatamente a cobrança caso venham a ter crianças em sua família. (B) Timóteo e Leandro podem ser dispensados do pagamento das despesas referentes à manutenção do parque infantil, desde que declarem, por meio de escritura pública, que não utilizarão o parque infantil em caráter permanente. (C) Leonor deverá dispensar tratamento isonômico a todos os condôminos, devendo as despesas de manutenção do parque infantil ser cobradas, ao final de cada mês, apenas daqueles condôminos que tenham efetivamente utilizado a área naquele período. Gabarito “B” (D) Todos os condôminos, inclusive Timóteo e Leandro, devem arcar com as despesas referentes à manutenção do parque infantil, tendo em vista ser seu dever contribuir para as despesas condominiais proporcionalmente à fração ideal de seu imóvel. Segundo o art. 1.340 do CC apenas as despesas relativas às partes comuns de uso exclusivo de um condômino ou de alguns condôminos é que podem ser atribuídas a estes. No caso em tela, Timóteo e Leandro, apesar de não usarem o parque, não estão impedidos de fazê-lo, de modo que não poderão se valer da regra do dispositivo legalmencionado, sendo correta, assim, apenas a alternativa “D”. (OAB/Exame Unificado – 2011.2) Durante assembleia realizada em condomínio edilício residencial, que conta com um apartamento por andar, Giovana, nova proprietária do apartamento situado no andar térreo, solicitou explicações sobre a cobrança condominial, por ter verificado que o valor dela cobrado era superior àquele exigido dos demais condôminos. O síndico prontamente esclareceu que a cobrança a ela dirigida é realmente superior à cobrança das demais unidades, tendo em vista que o apartamento de Giovana tem acesso exclusivo, por meio de uma porta situada em sua área de serviço, a um pequeno pátio localizado nos fundos do condomínio, conforme consta nas configurações originais do edifício devidamente registradas. Desse modo, segundo afirmado pelo síndico, podendo Giovana usar o pátio com exclusividade, apesar de constituir área comum do condomínio, caberia a ela arcar com as respectivas despesas de manutenção. Em relação à situação apresentada, assinale a alternativa correta. Gabarito “D” (A) Poderão ser cobradas de Giovana as despesas relativas à manutenção do pátio, tendo em vista que ela dispõe de seu uso exclusivo, independentemente da frequência com que seja efetivamente exercido. (B) Somente poderão ser cobradas de Giovana as despesas relativas à manutenção do pátio caso seja demonstrado que o uso por ela exercido impõe deterioração excessiva do local. (C) Poderá ser cobrada de Giovana metade das despesas relativas à manutenção do pátio, devendo a outra metade ser repartida entre os demais condôminos, tendo em vista que a instalação da porta na área de serviço não foi de iniciativa da condômina, tampouco da atual administração do condomínio. (D) Não poderão ser cobradas de Giovana as despesas relativas à manutenção do pátio, tendo em vista que este consiste em área comum do condomínio, e a porta de acesso exclusivo não fora instalada por iniciativa da referida condômina. De acordo com o art. 1.340 do CC, as despesas relativas às partes comuns de uso exclusivo de um condômino, ou de alguns deles, incumbem a quem delas se serve. Dessa forma, como Giovana tem uso exclusivo da parte comum do prédio relativo à cobrança feita a maior, de rigor que ela seja cobrada em quantia superior àquela exigida dos demais condôminos. (OAB/Exame XXXVI) Otávio é proprietário e residente do apartamento 706, unidade imobiliária do condomínio edilício denominado União II, e é conhecido pelos vizinhos pelas festas realizadas durante a semana, que varam a madrugada. Gabarito “A” Na última comemoração, Otávio e seus convivas fizeram uso de entorpecentes e, em trajes incompatíveis com as áreas comuns do prédio, ficaram na escada do edifício cantando até a intervenção do síndico, que acionou a polícia para conter o grupo, que voltou para o apartamento de Otávio. No dia seguinte, o síndico convocou uma assembleia para avaliar as sanções a serem aplicadas ao condômino antissocial. Ficou decidido, pelo quórum de ¾, a aplicação de multa de cinco vezes o valor da contribuição mensal. Sobre a hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta. (A) A multa aplicada é indevida, pois apesar do comportamento de Otávio, ele é proprietário de unidade imobiliária autônoma, assim como os demais condôminos que deliberaram a multa em seu desfavor. (B) O síndico poderia ter aplicado a multa de até cinco contribuições mensais, sem a convocação da assembleia. (C) A aplicação da multa em face de Otávio é ilegal, pois a sanção deveria ser precedida por ação judicial para sua aplicação. (D) O síndico aplicou corretamente a multa. Caso o comportamento antissocial de Otávio persista, a multa poderá ser majorada para até dez vezes o valor da contribuição mensal do condomínio. A: incorreta, pois apesar de ser proprietário de unidade imobiliária autônoma ele tem deveres a cumprir perante o condomínio e um deles é dar à sua parte a mesma destinação que tem a edificação, e não a utilizar de maneira prejudicial ao sossego, salubridade e segurança dos possuidores, ou aos bons costumes (art.1.336, IV CC); B: incorreta, pois essa multa apenas poderia ser aplicada com a convocação da assembleia por deliberação de três quartos do quórum (art. 1.337 caput CC); C: incorreta, pois a sanção pode ser aplicada pela via administrativa, uma vez que Lei assim o autoriza (art. 1.337 caput CC); D: correta (art. 1.337, parágrafo único CC). 6.5. DIREITOS REAIS DE FRUIÇÃO (OAB/Exame Unificado – 2017.1) George vende para Marília um terreno não edificado de sua propriedade, enfatizando a existência de uma “vista eterna para a praia” que se encontra muito próxima do imóvel, mesmo sem qualquer documento comprovando o fato. Marília adquire o bem, mas, dez anos após a compra, é surpreendida com a construção de um edifício de vinte andares exatamente entre o seu terreno e o mar, impossibilitando totalmente a vista que George havia prometido ser eterna. Diante do exposto e considerando que a construção do edifício ocorreu em um terreno de terceiro, assinale a afirmativa correta. (A) Uma vez transcorrido o prazo de 10 anos, Marília pode pleitear o reconhecimento da usucapião da servidão de vista. (B) Mesmo sem registro, Marília pode ser considerada titular de uma servidão de vista por destinação de George, o antigo proprietário do terreno. (C) Mesmo sendo uma servidão aparente, as circunstâncias do caso não permitem a usucapião de vista. (D) Sem que tenha sido formalmente constituída, não é possível reconhecer servidão de vista em favor de Marília. Gabarito “D” A: incorreta, pois a não construção do imóvel no terreno de terceiro não induz a posse à pretensa servidão de vista. Apenas as servidões aparentes ensejam proteção possessória; B: incorreta, pois não houve formal constituição de referida servidão; C: incorreta, pois não se trata de servidão aparente. A servidão aparente é a que se revela, a que se exterioriza, como a servidão de passagem; D: correta, pois há necessidade de formal constituição para se reconhecer tal direito real. GN (OAB/Exame Unificado – 2015.2) Mateus é proprietário de um terreno situado em área rural do estado de Minas Gerais. Por meio de escritura pública levada ao cartório do registro de imóveis, Mateus concede, pelo prazo de vinte anos, em favor de Francisco, direito real de superfície sobre o aludido terreno. A escritura prevê que Francisco deverá ali construir um edifício que servirá de escola para a população local. A escritura ainda prevê que, em contrapartida à concessão da superfície, Francisco deverá pagar a Mateus a quantia de R$ 30.000,00 (trinta mil reais). A escritura também prevê que, em caso de alienação do direito de superfície por Francisco, Mateus terá direito a receber quantia equivalente a 3% do valor da transação. Nesse caso, é correto afirmar que (A) é nula a concessão de direito de superfície por prazo determinado, haja vista só se admitir, no direito brasileiro, a concessão perpétua. (B) é nula a cláusula que prevê o pagamento de remuneração em contrapartida à concessão do direito de superfície, haja vista ser a concessão ato essencialmente gratuito. Gabarito “D” (C) é nula a cláusula que estipula em favor de Mateus o pagamento de determinada quantia em caso de alienação do direito de superfície. (D) é nula a cláusula que obriga Francisco a construir um edifício no terreno. A: incorreta, pois o instituto do direito de superfície reclama, inclusive, que haja fixação de prazo determinado para a fruição (art. 1.369, caput, do CC); B: incorreta, pois a concessão de superfície pode ser gratuita ou onerosa, nos termos do art. 1.370 do CC; C: correta, nos termos do art. 1.372, parágrafo único, do CC; D: incorreta, pois o objetivo da concessão de superfície é justamente para a construção em um terreno, podendo ser também para a plantação neste (art. 1.369, caput, do CC). (OAB/Exame Unificado – 2015.2) Angélica concede a Otávia, pelo prazo de vinte anos,direito real de usufruto sobre imóvel de que é proprietária. O direito real é constituído por meio de escritura pública, que é registrada no competente Cartório do Registro de Imóveis. Cinco anos depois da constituição do usufruto, Otávia falece, deixando como única herdeira sua filha Patrícia. Sobre esse caso, assinale a afirmativa correta. (A) Patrícia herda o direito real de usufruto sobre o imóvel. (B) Patrícia adquire somente o direito de uso sobre o imóvel. (C) O direito real de usufruto extingue-se com o falecimento de Otávia. (D) Patrícia deve ingressar em juízo para obter sentença constitutiva do seu direito real de usufruto sobre o imóvel. Gabarito “C” A, B e D: incorretas, pois o usufruto fica extinto com a morte do usufrutuário (art. 1.410, I, do CC); C: correta, pois, como se viu, o usufruto fica extinto com a morte do usufrutuário (art. 1.410, I, do CC). (OAB/Exame Unificado – 2015.1) A Companhia GAMA e o Banco RENDA celebraram entre si contrato de mútuo, por meio do qual a companhia recebeu do banco a quantia de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais), obrigando-se a restituí-la, acrescida dos juros convencionados, no prazo de três anos, contados da entrega do numerário. Em garantia do pagamento do débito, a Companhia GAMA constituiu, em favor do Banco RENDA, por meio de escritura pública levada ao cartório do registro de imóveis, direito real de hipoteca sobre determinado imóvel de sua propriedade. A Companhia GAMA, dois meses depois, celebrou outro contrato de mútuo com o Banco BETA, no valor de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais), obrigando-se a restituir a quantia, acrescida dos juros convencionados, no prazo de dois anos, contados da entrega do numerário. Em garantia do pagamento do débito, a Companhia GAMA constituiu, em favor do Banco BETA, por meio de escritura pública levada ao cartório do registro de imóveis, uma segunda hipoteca sobre o mesmo imóvel gravado pela hipoteca do Banco RENDA. Chegado o dia do vencimento do mútuo celebrado com o Banco BETA, a Companhia GAMA não reembolsou a quantia devida ao banco, muito embora tivesse bens suficientes para honrar todas as suas dívidas. Nesse caso, é correto afirmar que (A) o Banco BETA tem direito a promover imediatamente a execução judicial da hipoteca que lhe foi conferida. Gabarito “C” (B) a hipoteca constituída pela companhia GAMA em favor do Banco BETA é nula, uma vez que o bem objeto da garantia já se encontrava gravado por outra hipoteca. (C) a hipoteca constituída pela GAMA em favor do Banco BETA é nula, uma vez que tal hipoteca garante dívida cujo vencimento é inferior ao da dívida garantida pela primeira hipoteca, constituída em favor do Banco RENDA. (D) o Banco BETA não poderá promover a execução judicial da hipoteca que lhe foi conferida antes de vencida a dívida contraída pela Companhia GAMA junto ao Banco RENDA. A: incorreta, pois o credor da segunda hipoteca (Banco Beta) não pode executar o imóvel antes de vencida a dívida referente à primeira hipoteca (em favor do Banco Renda), nos termos do art. 1.477 do CC; essa regra só cede quando o devedor está em estado de insolvência, que não é o caso da questão, já que o enunciado deixa claro que o devedor tem condições para pagar as dívidas; B e C: incorretas, pois, segundo o artigo 1.476 do CC, “o dono do imóvel hipotecado pode constituir outra hipoteca sobre ele, mediante novo título, em favor do mesmo ou de outro credor”; D: correta, nos termos do art. 1.477 do CC. (OAB/Exame Unificado – 2013.3) Alexandre, pai de Bruno, celebrou contrato com Carlos, o qual lhe concedeu o direito de superfície para realizar construção de um albergue em seu terreno e explorá-lo por 10 anos, mediante o pagamento da quantia de R$100.000,00. Passados quatro anos, Alexandre veio a falecer. Diante do negócio jurídico celebrado, assinale a afirmativa incorreta. Gabarito “D” (A) O superficiário pode realizar obra no subsolo, de modo a ampliar sua atividade. (B) O superficiário responde pelos encargos e tributos que incidirem sobre o imóvel. (C) O direito de superfície será transferido a Bruno, em razão da morte de Alexandre. (D) O superficiário terá direito de preferência, caso Carlos decida vender o imóvel. A: incorreta, devendo ser assinalada, pois o direito de superfície não autoriza obra no subsolo, salvo se for inerente ao objeto da concessão (art. 1.369, parágrafo único do CC); B: correta (art. 1.371 do CC); C: correta, pois o direito de superfície, por morte do superficiário transfere-se aos herdeiros (art. 1.372, caput, do CC); D: correta (art. 1.373 do CC) (OAB/Exame Unificado – 2014.2) Sara e Bernardo doaram o imóvel que lhes pertencia a Miguel, ficando o imóvel gravado com usufruto em favor dos doadores. Dessa forma, quanto aos deveres dos usufrutuários, assinale a afirmativa incorreta: (A) Não devem pagar as deteriorações resultantes do exercício regular do usufruto. (B) Devem arcar com as despesas ordinárias de conservação do bem no estado em que o receberam. (C) Devem arcar com os tributos inerentes à posse da coisa usufruída. (D) Não devem comunicar ao dono a ocorrência de lesão produzida contra a posse da coisa. Gabarito “A” A: correta (art. 1.402 do CC); B: correta (art. 1.403, I do CC); C: correta (art. 1.403, II do CC): D: incorreta (devendo ser assinalada), pois o usufrutuário é obrigado a dar ciência ao dono de qualquer lesão produzida contra a posse da coisa, ou os direitos deste (art. 1.406 do CC) (OAB/Exame Unificado – 2011.1) Noêmia, proprietária de uma casa litorânea, regularmente constituiu usufruto sobre o aludido imóvel em favor de Luísa, mantendo, contudo, a sua propriedade. Inesperadamente, sobreveio uma severa ressaca marítima, que destruiu por completo o imóvel. Ciente do ocorrido, Noêmia decidiu reconstruir integralmente a casa às suas expensas, tendo em vista que o imóvel não se encontrava segurado. A respeito da situação narrada, assinale a alternativa correta. (A) O usufruto será extinto, consolidando-se a propriedade em favor de Noêmia, independentemente do pagamento de indenização a Luísa, tendo em vista que Noêmia arcou com as despesas de reconstrução do imóvel. (B) O usufruto será extinto, consolidando-se a propriedade em favor de Noêmia, desde que esta indenize Luísa em valor equivalente a um ano de aluguel do imóvel. (C) O usufruto será mantido em favor de Luísa, independentemente do pagamento de qualquer quantia por ela, tendo em vista que Noêmia somente poderia ter reconstruído o imóvel mediante autorização expressa de Luísa, por escritura pública ou instrumento particular. (D) O usufruto será mantido em favor de Luísa, tendo em vista que o imóvel não fora destruído por culpa sua. Gabarito “D” A: correta, pois o usufruto fica extinto com a destruição da coisa (art. 1.410, V, do CC); tal extinção só não aconteceria se o imóvel tivesse seguro e, com o valor deste, tivesse sido reconstruído (art. 1.408 do CC); B: incorreta, pois, no caso, a extinção se dá sem que a lei preveja indenização em favor do usufrutuário (art. 1.410, V, do CC); C e D: incorretas, pois o usufruto será extinto, conforme visto. (OAB/Exame Unificado – 2019.2) Arnaldo institui usufruto de uma casa em favor das irmãs Bruna e Cláudia, que, no intuito de garantir uma fonte de renda, alugam o imóvel. Dois anos depois da constituição do usufruto, Cláudia falece, e Bruna, mesmo sem “cláusula de acrescer” expressamente estipulada, passa a receber integralmente os valores decorrentes da locação. Um ano após o falecimento de Cláudia, Arnaldo vem a falecer. Seus herdeiros pleiteiam judicialmente uma parcela dos valores integralmente recebidos por Bruna no intervalo entre o falecimento de Cláudia e de Arnaldo e, concomitantemente, a extinção do usufruto em função da morte de seu instituidor. Diante do exposto, assinale a afirmativa correta. (A) Na ausência da chamada “cláusula de acrescer”, parte do usufruto teria se extinguido com a morte de Cláudia, mas o usufruto comoum todo não se extingue com a morte de Arnaldo. (B) Bruna tinha direito de receber a integralidade dos aluguéis independentemente de estipulação expressa, tendo em vista o grau de parentesco com Cláudia, mas o usufruto automaticamente se extingue com a morte de Arnaldo. Gabarito “A” (C) A morte de Arnaldo só extingue a parte do usufruto que caberia a Bruna, mas permanece em vigor no que tange à parte que cabe a Cláudia, legitimando os herdeiros desta a receberem metade dos valores decorrentes da locação, caso esta permaneça em vigor. (D) A morte de Cláudia extingue integralmente o usufruto, pois instituído em caráter simultâneo, razão pela qual os herdeiros de Arnaldo têm direito de receber a integralidade dos valores recebidos por Bruna, após o falecimento de sua irmã. A: correta, pois a morte de um dos usufrutuários gera a extinção do usufruto com relação a ele. Porém o usufruto como um todo não se extingue com a morte do instituidor. Logo, o direito de Bruna permanece intacto (art. 1.411 CC); B: incorreta, pois Cláudia apenas teria direito de receber a integralidade dos aluguéis se houvesse estipulação expressa, uma vez que o direito de acrescer nunca se dá de forma tácita (art. 1.411 CC). Nada tem a ver o grau de parentesco. Ademais, o usufruto não se extingue com a morte do instituidor, mas sim com o falecimento do usufrutuário (art. 1.410, I CC); C: incorreta, pois a morte de Arnaldo não extingue o usufruto. O usufruto perante Cláudia está extinto, pois ela faleceu, logo seus herdeiros não possuem nenhum direito (art. 1.410, I e 1.411 CC); D: incorreta, pois a morte de Cláudia apenas extingue o usufruto referente ao seu quinhão. Conforme art. 1.411 CC, extingue-se a parte em relação a quem faleceu. Destarte, os herdeiros de Arnaldo têm direito de receber os aluguéis da parte de Cláudia apenas entre o período entre sua morte e a morte de Arnaldo. GR 6.6. DIREITOS REAIS EM GARANTIA Gabarito “A” (OAB/Exame Unificado – 2015.3) Vitor e Paula celebram entre si, por escritura particular levada a registro em cartório de títulos e documentos, contrato de mútuo por meio do qual Vitor toma emprestada de Paula a quantia de R$ 10.000,00, obrigando-se a restituir o montante no prazo de três meses. Em garantia da dívida, Vitor constitui em favor de Paula, por meio de instrumento particular, direito real de penhor sobre uma joia de que é proprietário. Vencido o prazo estabelecido para o pagamento da dívida, Vitor procura Paula e explica que não dispõe de dinheiro para quitar o débito. Propõe então que, em vez da quantia devida, Paula receba, em pagamento da dívida, a propriedade da coisa empenhada. Assinale a opção que indica a orientação correta a ser transmitida a Paula. (A) Para ter validade, o acordo sugerido por Vitor deve ser celebrado mediante escritura pública. (B) O acordo sugerido por Vitor não tem validade, uma vez que constitui espécie de pacto proibido pela lei. (C) Para ter validade, o acordo sugerido deve ser homologado em juízo. (D) O acordo sugerido por Vitor é válido, uma vez que constitui espécie de pacto cuja licitude é expressamente reconhecida pela lei. A e C: incorretas, pois não existem tais exigências no Código Civil; B: incorreta, pois somente é inválida a cláusula que obriga o devedor aceitar previamente que, em caso de não pagamento da dívida, o credor fique com o bem empenhado (art. 1.428, caput, do CC); porém, se após o vencimento da dívida o devedor quiser espontaneamente dar a coisa empenhada em pagamento desta, a lei permite tal conduta de forma expressa (art. 1.428, parágrafo único, do CC); D: correta, pois, de acordo com o art. 1.428, parágrafo único, do CC, “após o vencimento, poderá o devedor dar a coisa em pagamento da dívida”. (OAB/Exame Unificado – 2014.1) Antônio, muito necessitado de dinheiro, decide empenhar uma vaca leiteira para iniciar um negócio, acreditando que, com o sucesso do empreendimento, terá o animal de volta o quanto antes. Sobre a hipótese de penhor apresentada, assinale a afirmativa correta. (A) Se a vaca leiteira morrer, ainda que por descuido do credor, Antônio poderá ter a dívida executada judicialmente pelo credor pignoratício. (B) As despesas advindas da alimentação e outras necessidades da vaca leiteira, devidamente justificadas, consistem em ônus do credor pignoratício, sendo vedada a retenção do animal para obrigar Antônio a indenizá-lo. (C) Se Antônio não quitar sua dívida com o credor pignoratício, o penhor estará automaticamente extinto e, declarada sua extinção, poder-se-á proceder à adjudicação judicial da vaca leiteira. (D) Caso o credor pignoratício perceba que, devido a uma doença que subitamente atingiu a vaca leiteira, sua morte está próxima, o CC/2002 permite a sua venda antecipada, mediante prévia autorização judicial, situação que pode ser impedida por Antônio por meio da sua substituição. A: incorreta, pois o credor pignoratício tem o dever de zelar pela coisa empenhada como depositário e, em caso de perda ou deterioração por descuido próprio deve ressarcir o dono da coisa ou Gabarito “D” podendo, ser compensada na dívida, até a concorrente quantia (art. 1.433, I do CC). Logo, Antônio não poderá ter a dívida executada judicialmente; B: incorreta, pois referidas despesas com a coisa empenhada não configuram ônus do credor pignoratício, sendo permitida a retenção dela até que seja ressarcido (art. 1.433, II do CC); C: incorreta, pois caso a dívida não seja quitada o penhor não estará automaticamente extinto. Neste passo, a adjudicação judicial da coisa apenas pode ocorrer se autorizada pelo credor (art. 1.436, V do CC); D: correta (art. 1.433, VI do CC). (OAB/Exame Unificado – 2012.3.A) De acordo com as regras atinentes à hipoteca, assinale a afirmativa correta. (A) O Código Civil não admite a divisibilidade da hipoteca em casos de loteamento do imóvel hipotecado. (B) O ordenamento jurídico admite a instituição de nova hipoteca sobre imóvel hipotecado, desde que seja dada em favor do mesmo credor. (C) Segundo o Código Civil, o adquirente de bem hipotecado não pode remir a hipoteca para que seja extinto o gravame pendente sobre o bem sem autorização expressa de todos credores hipotecários. (D) A hipoteca pode ser constituída para garantia de dívida futura ou condicionada, desde que determinado o valor máximo do crédito a ser garantido. A: incorreta, pois o Código Civil admite sim essa divisibilidade (art. 1.488, caput, do CC); B: incorreta, pois a nova hipoteca pode se dar em favor do mesmo ou de outro credor (art. 1.476 do CC); C: Gabarito “D” incorreta, pois o adquirente do bem hipotecado pode remir a hipoteca para que seja extinto o gravame pendente sem que seja necessária autorização expressa de todos os credores hipotecários, bastando que o adquirente cite os credores hipotecários e proponha importância não inferior ao preço porque o adquiriu e não haja impugnação pelos credores, independentemente de autorização expressa destes (art. 1.481, caput e § 2.º, do CC); D: correta (art. 1.487, caput, do CC). (OAB/Exame Unificado – 2010.2) Passando por dificuldades financeiras, Alexandre instituiu uma hipoteca sobre imóvel de sua propriedade, onde reside com sua família. Posteriormente, foi procurado por Amanda, que estaria disposta a adquirir o referido imóvel por um valor bem acima do mercado. Consultando seu advogado, Alexandre ouviu dele que não poderia alienar o imóvel, já que havia uma cláusula na escritura de instituição da hipoteca que o proibia de alienar o bem hipotecado. A opinião do advogado de Alexandre: (A) está incorreta, porque a hipoteca instituída não produz efeitos, pois, na hipótese, o direito real em garantia a ser instituído deveria ser o penhor. (B) está incorreta, porque Alexandre está livre para alienar o imóvel, pois a cláusula que proíbe o proprietário de alienar o bem hipotecado é nula. (C) está incorreta, uma vez que a hipoteca é nula, pois não é possível instituir hipoteca sobre bem de família dodevedor hipotecário. (D) está correta, porque em virtude da proibição contratual, Alexandre não poderia alienar o imóvel enquanto recaísse sobre Gabarito “D” ele a garantia hipotecária. De acordo com o art. 1.475 do Código Civil “é nula a cláusula que proíbe ao proprietário alienar imóvel hipotecado”. Portanto, a alternativa “B” está correta. Vale salientar que não é correta a afirmação contida na alternativa “C”, de que a hipoteca é nula, por ser o imóvel bem de família. Isso porque, segundo o art. 3.º, V, da Lei 8.009/1990, a impenhorabilidade não é oponível em processo movido “para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia real pelo casal ou pela entidade familiar”. (OAB/Exame Unificado – 2019.1) Os negócios de Clésio vão de mal a pior, e, em razão disso, ele toma uma decisão difícil: tomar um empréstimo de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) com Antônia, dando, como garantia de pagamento, o penhor do seu relógio de ouro e diamantes, avaliado em R$ 200.00,00 (duzentos mil reais). Antônia, por sua vez, exige que, no instrumento de constituição do penhor, conste uma cláusula prevendo que, em caso de não pagamento da dívida, o relógio passará a ser de sua propriedade. Clésio aceita a inserção da cláusula, mas consulta seus serviços, como advogado(a), para saber da validade de tal medida. Sobre a cláusula proposta por Antônia, assinale a afirmativa correta. (A) É válida, tendo em vista o fato de que as partes podem, no exercício de sua autonomia privada, estipular esse tipo de acordo. (B) É nula, tendo em vista o fato de que o Código Civil brasileiro proíbe o pacto comissório. Gabarito “B” (C) É válida, uma vez que Clésio como proprietário do bem, não está impedido de realizar o negócio por um preço muito inferior ao de mercado, não se configurando a hipótese como pacto comissório. (D) É válida, ainda que os valores entre o bem dado em garantia e o empréstimo sejam díspares, nada impede sua inserção, eis que não há qualquer vedação ao pacto comissório no direito brasileiro. A: incorreta, pois o princípio da autonomia privada das partes se aplica até onde não haja vedação expressa de Lei. No caso em tela, o art. 1.428 CC proíbe que o credor fique com a coisa empenhada; B: correta, pois o Código Civil de fato proíbe o pacto comissório, isto é, é nula a cláusula que autoriza o credor pignoratício, anticrético ou hipotecário a ficar com o objeto da garantia, se a dívida não for paga no vencimento. Isso para evitar que haja abusos por parte do credor em ficar com o objeto da garantia, pois é possível que em muito exceda o valor da dívida; C: incorreta, pois apesar de Clésio não estar impedido por lei de realizar o negócio por um valor muito abaixo ao de mercado, está nítido que há uma situação desproporcional, onde por desespero ele acaba cedendo às exigências da credora. A Lei protege Clésio nesse caso. Na hipótese de o negócio ser realizado, ele pode ser anulado pelo vício da lesão (art.157 CC). Se eventualmente a cláusula for inserida no contrato, ela é considerada nula por configurar pacto comissório (art. 1.428 CC); D: incorreta, pois o CC expressamente proíbe o pacto comissório no art. 1.428 CC, onde está previsto que o credor não pode pegar para si o objeto de garantia da dívida. A Lei visa principalmente a coibir situações como essa, em que o valor do objeto empenhado seja consideravelmente maior do que a dívida, pois assim haveria um enriquecimento sem causa por parte do credor. GR 7. FAMÍLIA 7.1. CASAMENTO (OAB/Exame Unificado – 2017.3) João e Carla foram casados por cinco anos, mas, com o passar dos anos, o casamento se desgastou e eles se divorciaram. As três filhas do casal, menores impúberes, ficaram sob a guarda exclusiva da mãe, que trabalha em uma escola como professora, mas que está com os salários atrasados há quatro meses, sem previsão de recebimento. João vinha contribuindo para o sustento das crianças, mas, estranhamente, deixou de fazê-lo no último mês. Carla, ao procurá- lo, foi informada pelos pais de João que ele sofreu um atropelamento e está em estado grave na UTI do Hospital Boa Sorte. Como João é autônomo, não pode contribuir, justificadamente, com o sustento das filhas. Sobre a possibilidade de os avós participarem do sustento das crianças, assinale a afirmativa correta. (A) Em razão do divórcio, os sogros de Carla são ex-sogros, não são mais parentes, não podendo ser compelidos judicialmente a contribuir com o pagamento de alimentos para o sustento das netas. (B) As filhas podem requerer alimentos avoengos, se comprovada a impossibilidade de Carla e de João garantirem o sustento das filhas. Gabarito “B” (C) Os alimentos avoengos não podem ser requeridos, porque os avós só podem ser réus em ação de alimentos no caso de falecimento dos responsáveis pelo sustento das filhas. (D) Carla não pode representar as filhas em ação de alimentos avoengos, porque apenas os genitores são responsáveis pelo sustento dos filhos. A regra da prestação de alimentos aos descendentes é a de que a obrigação deve recair nos ascendentes mais próximos e – na ausência ou impossibilidade destes – recair nos mais remotos. Assim, “se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em condições de suportar totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato” (CC, art. 1.696 e 1.698). Diante da impossibilidade do adimplemento por parte dos pais, as filhas de Carla poderão pleitear os alimentos perante os avós. GN (OAB/Exame Unificado – 2016.3) João e Maria casaram-se, no regime de comunhão parcial de bens, em 2004. Contudo, em 2008, João conheceu Vânia e eles passaram a ter um relacionamento amoroso. Separando- se de fato de Maria, João saiu da casa em que morava com Maria e foi viver com Vânia, apesar de continuar casado com Maria. Em 2016, João, muito feliz em seu novo relacionamento, resolve dar de presente um carro 0 km da marca X para Vânia. Considerando a narrativa apresentada, sobre o contrato de doação celebrado entre João, doador, e Vânia, donatária, assinale a afirmativa correta. (A) É nulo, pois é hipótese de doação de cônjuge adúltero ao seu cúmplice. Gabarito “B” (B) Poderá ser anulado, desde que Maria pleiteie a anulação até dois anos depois da assinatura do contrato. (C) É plenamente válido, porém João deverá pagar perdas e danos à Maria. (D) É plenamente válido, pois João e Maria já estavam separados de fato no momento da doação. A: incorreta, pois tal hipótese (CC, art. 550) somente se configuraria caso o casamento ainda estivesse em pleno vigor com pleno exercício dos direitos e deveres conjugais, o que não ocorre no caso em tela, em virtude do longo prazo de separação de fato; B: incorreta, pois já transcorreu prazo suficiente de separação de fato do casal, o que afasta a possibilidade de anulação da doação; C: incorreta, pois não há dever de pagamento de perdas e danos à Maria; D: correta, pois a separação de fato por tão prolongado prazo afasta qualquer mácula que pudesse haver em relação à doação. GN (OAB/Exame Unificado – 2017.2) Arlindo e Berta firmam pacto antenupcial, preenchendo todos os requisitos legais, no qual estabelecem o regime de separação absoluta de bens. No entanto, por motivo de saúde de um dos nubentes, a celebração civil do casamento não ocorreu na data estabelecida. Diante disso, Arlindo e Berta decidem não se casar e passam a conviver maritalmente. Após cinco anos de união estável, Arlindo pretende dissolver a relação familiar e aplicar o pacto antenupcial, com o objetivo de não dividir os bens adquiridos na constância dessa união. Gabarito “D” Nessas circunstâncias, o pacto antenupcial é: (A) válido e ineficaz. (B) válido e eficaz. (C) inválido e ineficaz. (D) inválido e eficaz. A: correta, pois o pacto obedeceu a todos os requisitos de forma sendo, portanto, válido. Contudo, como todo pacto antenupcial, é necessário que ocorra o casamento (evento futuro e incerto) para que ele ganhe eficácia. É correto,