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Fluxo de massa: filtração e reabsorção O fluxo de massa é um processo passivo, em que grandes números de íons, moléculas ou partículas em um líquido movem-se em conjunto na mesma direção. As substâncias movem-se a uma velocidade muito mais rápida do que a que pode ser explicada apenas pela difusão. O fluxo de massa ocorre de uma área de pressão maior para uma área de pressão menor e continua enquanto houver diferença de pressão. A difusão é mais importante para a troca de solutos entre o sangue e o líquido intersticial, porém o fluxo de massa é mais importante para a regulação dos volumes relativos de sangue e líquido intersticial. O movimento impulsionado pela pressão de líquidos e solutos dos capilares sanguíneos para o líquido intersticial é denominado filtração . O movimento impulsionado pela pressão do líquido intersticial para os capilares sanguíneos, por sua vez, é chamado reabsorção . Duas pressões promovem a filtração: Pressão Hidrostática do Sangue (PHS) : Gerada pelo bombeamento do coração, é a força que empurra o líquido dos capilares para o líquido intersticial. É cerca de 35 mmHg na extremidade arterial dos capilares e 16 mmHg na extremidade venosa. Pressão Osmótica do Líquido Intersticial (PHLI) : A pressão que empurra o líquido dos espaços intersticiais de volta para os capilares. Geralmente, é próxima de zero (0 mmHg), embora possa variar entre pequenos valores positivos e negativos. Pressão de Reabsorção : Pressão Coloidosmótica do Sangue (PCS) : Resulta da presença de proteínas plasmáticas que são grandes demais para atravessar as paredes capilares. Tem uma média de 26 mmHg e puxa o líquido dos espaços intersticiais para dentro dos capilares. Pressão Osmótica do Líquido Intersticial (POLI) : A pressão que puxa o líquido para fora dos capilares para o líquido intersticial. Normalmente, é muito pequena, variando entre 0,1 a 5 mmHg, com um valor aproximado de 1 mmHg para simplificação. Equilíbrio das Pressões : Pressão de Filtração Efetiva (PFE) : Determina se o volume de líquido nos capilares e no líquido intersticial se mantém estável ou se muda. Se as pressões que empurram o líquido para fora dos capilares (PHS e POLI) superarem as pressões que puxam o líquido para dentro dos capilares (PCS e PHLI), ocorre filtração, movendo líquido dos capilares para os espaços intersticiais. Se as pressões que puxam o líquido para dentro dos capilares forem maiores, ocorre reabsorção, movendo líquido dos espaços intersticiais para os capilares. Lei de Starling dos Capilares : Em condições normais, o volume de líquidos e solutos reabsorvidos é quase igual ao volume filtrado, mantendo o equilíbrio entre o sangue e o líquido intersticial. A saída ou a entrada de líquidos nos capilares depende do equilíbrio das pressões. Se as pressões que empurram o líquido para fora dos capilares e xcederem as pressões que puxam o líquido para dentro dos capilares, o líquido se moverá dos capilares para os espaços intersticiais (filtração). Entretanto, se as pressões que empurram o líquido dos espaços intersticiais para dentro dos capilares ultrapassarem as pressões que puxam o líquido para fora dos capilares, o líquido se moverá dos espaços intersticiais para dentro dos capilares (reabsorção). Resistência vascular É a oposição ao fluxo de sangue, consequente ao atrito entre o sangue e as paredes dos vasos sanguíneos. A resistência vascular depende: 1.Tamanho do lúmen: Quanto menor o lúmen de um vaso sanguíneo, maior é a sua resistência ao fluxo sanguíneo. A resistência é inversamente proporcional à quarta potência do diâmetro (d) do lúmen do vaso sanguíneo (R ∝ 1/d4). Quanto menor o diâmetro do vaso sanguíneo, maior a resistência que ele oferece ao fluxo de sangue. Por exemplo, se o diâmetro de um vaso sanguíneo diminuir pela metade, a sua resistência ao fluxo de sangue aumentará 16 vezes. A vasoconstrição provoca estreitamento do lúmen, ao passo que a vasodilatação o amplia . Normalmente, as flutuações de momento a momento do fluxo sanguíneo em determinado tecido decorrem da vasoconstrição e da vasodilatação das arteríolas do tecido. À medida que as arteríolas se dilatam, a resistência diminui, e a pressão arterial cai. Conforme as arteríolas se contraem, a resistência aumenta, e ocorre elevação da pressão arterial. 2.Viscosidade do sangue: A viscosidade do sangue depende principalmente da proporção dos eritrócitos em relação ao volume de plasma (líquido) e, em menor grau, da concentração de proteínas no plasma. Quanto maior a viscosidade do sangue, maior a resistência. Qualquer condição capaz de aumentar a viscosidade do sangue, como desidratação ou policitemia (número anormalmente elevado de eritrócitos), aumenta, portanto, a pressão arterial. A depleção de proteínas plasmáticas ou de eritrócitos, em consequência de anemia ou de hemorragia, diminui a viscosidade e, portanto, reduz a pressão arterial. 3.Comprimento total dos vasos sanguíneos: A resistência ao fluxo sanguíneo em determinado vaso é diretamente proporcional a seu comprimento. Quanto mais longo for um vaso sanguíneo, maior a resistência. Os indivíduos obesos frequentemente apresentam hipertensão pelo fato de que os vasos sanguíneos adicionais em seu tecido adiposo aumentam o comprimento total dos vasos sanguíneos. A resistência vascular sistêmica (RVS): refere-se a todas as resistências vasculares oferecidas pelos vasos sanguíneos sistêmicos. Os diâmetros das artérias e das veias são grandes, de modo que a sua resistência é muito pequena, pois a maior parte do sangue não entra em contato físico com as paredes do vaso sanguíneo. Os vasos menores (arteríolas, os capilares e as vênulas) contribuem para a maior parte da resistência. Uma importante função das arteríolas é controlar a RVS e, portanto, a pressão arterial e o fluxo sanguíneo para determinados tecidos, alterando os seus diâmetros. As arteríolas precisam sofrer vasodilatação ou vasoconstrição apenas em grau leve para exercer um grande efeito sobre a RVS.