Prévia do material em texto
1 ASPECTOS NUTRICIONAIS E REGULAÇÃO DO METABOLISMO NA OBESIDADE E EMAGRECIMENTO 1 SUMÁRIO 1. NOSSA HISTÓRIA ........................................................................................................................ 2 2. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 3 3. obesidade e processo de emagrecimento ................................................................................... 4 a. Associação da Vitamina D com a Obesidade ..........................................................................12 1. ..................................................................................................................................................12 2.1.1 Relação da Obesidade e o Transtorno Alimentar ........................................................15 4. metabolismo energético em humanos ......................................................................................19 a. Influência do chá Verde no Metabolismo Energético – Relação com Emagrecimento ............24 2. Referências ...............................................................................................................................27 2 1. NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós- Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 2. INTRODUÇÃO O avanço da obesidade no mundo vem sendo sugerido como uma das principais causas de morbidades e mortalidades dos tempos atuais.O sobrepeso e obesidade estão rigorosamente associados com riscos à saúde cardiovascular, diabetes, câncer entre outras doenças e o aumento da obesidade tem sido relacionado com o aumento de mortalidade O corrente interesse na utilização de alimentos funcionais que visam o controle de peso está focado em plantas e ingredientes capazes de interferir nos sistema simpatoadrenal. Investigações se o extrato de chá verde, em virtude do alto conteúdo de catequinas e cafeína no aumento do gasto energético de 24 horas e taxa de oxidação lipídica em humanos, estão sendo avaliados a fim de se obter uma ação comprobatória do efeito benéfico desta erva. O chá verde parece possuir propriedades termogênicas e promove oxidação lipídica, além do fato de conter em sua composição a cafeína. O extrato de chá verde trabalha no controle da composição corporal via ativação adrenergica estimulando a termogênese, oxidação lipídica ou ambos. O aumento da utilização lipídica para o gasto energético em indivíduos sedentários e praticantes de atividade físicas parece estar evidenciado quando da combinação de exercício e ingestão das catequinas do chá verde, se comparada à prática de exercícios somente, porém a associação deste e ainda uma dieta controlada ainda são as melhores ferramentas a serem utilizadas. A obesidade é uma doença multifatorial e é um fator de risco para outras doenças, como a deficiência de vitamina D. Existem diversos fatores que relacionam a obesidade com a hipovitaminose D. 4 3. OBESIDADE E PROCESSO DE EMAGRECIMENTO A prevalência de sobrepeso e obesidade tem sido considerada uma epidemia de grandes proporções nos últimos anos. O aumento da obesidade é reconhecido como um problema médico em países desenvolvidos, associada ao risco de morte prematura pelo aumento de uma série de condições clínicas, como o diabetes mellitus tipo 2 (DM2) e doenças cardiovasculares. A obesidade é um dos fatores de risco mais importantes para outras doenças não transmissíveis. Pode causar complicações em quase todos os sistemas do corpo humano, levando ao surgimento de doenças como: doenças cardiovasculares, câncer, diabetes melittus tipo II, hipertensão arterial sistêmica, resistência à insulina, anormalidades lipídicas, hiperuricemia, anormalidades dos hormônios sexuais, dispilemias, problemas respiratórios, doença da vesícula biliar, artrite e gota A obesidade é uma desordem complexa com múltiplos fatores, incluindo genéticos e ambientais. A causa da obesidade é normalmente atribuída à combinação destes fatores e as desordens em si envolvem específicos fatores biológicos que regulam a homeostase. A etiologia da obesidade é complexa e multifatorial, resultando de interação de genes, ambiente, estilos de vida e fatores emocionais. O ambiente moderno é um potente estímulo para a obesidade (figura 1). A diminuição dos níveis de atividade física e o aumento da ingestão calórica são fatores determinantes. Percebe-se um traço familiar, de modo que filhos de pais obesos têm risco aumentado de ser obesos. Contudo, não é uma tarefa simples avaliar até onde vai o papel da genética e qual a contribuição dos fatores ambientais, pois, além da genética, pais e filhos costumam compartilhar hábitos alimentares e de atividade física semelhantes. Além disso, há evidências de que os fatores genéticos são capazes de modular a resposta do organismo às variações dos fatores ambientais, como dieta e atividade física. 5 Figura 1 - Modelo Causal da Obesidade. Fonte: J Pediatr (Rio J). 2004;80(1):07-16 A redução na expectativa de vida em função do aumento de peso e os prejuízos à saúde são parâmetros importantes para caracterizá-la, e avaliar sua gravidade.O comprometimento fisiopatológico de basicamente todos os sistemas do organismo e as inúmeras complicações associadas, responsáveis pelos altos índices de mortalidade e morbidade, torna a obesidade um grande desafio para pesquisadores, profissionais de saúde e governos do mundo inteiro. O tecido adiposo humano é subdividido em tecido adiposo branco (TAB) e marrom (TAM). O TAB, localizado perifericamente nas regiões subcutânea e visceral, armazena energia na forma de triglicerídios e participa da regulação do balanço energético mediante processos de lipogênese e lipólise. Histologicamente, ele é composto por adipócitos, células do sistema imune, tecido conjuntivo, nervoso e vascular. O TAM, localizado no sistema nervoso central, apresenta função termogênica, é mais vascularizado, possui maior número de mitocôndrias e diminui com a idade. O TAB, antes reconhecido como órgão passivo de energia, é considerado atualmente um importante órgão endócrino 6 metabolicamente ativo. Ele expressa e/ou secreta, exclusivamente ou não, várias substâncias bioativas com ação local ou sistêmica. Essas substâncias são chamadas adipocinas e estão envolvidas em processos metabólicos, imunes e neuroendócrinos. Na literatura encontramos o termo “adipocitocinas” e “adipocinas”. O primeiro termo infere que as proteínas secretadas pelo adipócito são citocinas, ou atuam como tais, como é o caso do TNF-α e da IL-6. Todavia, nem todas têm essa propriedade. Por conseguinte, o termo “adipocinas”é mais recomendado, pois engloba todas as proteínas ou peptídios secretadas pelos adipócitos, considerando seus distintos grupos funcionais. Principais adipocinas e suas categorias funcionais. Embora as adipocinas estejam agrupadas didaticamente em categorias distintas, suas ações ocorrem de forma integrada, ocasionando a participação do TAB na homeostase energética, na imunidade, na resposta inflamatória, na sensibilidade insulínica, na angiogênese e na pressão sangüínea. TNF-α: Fator de Necrose tumoral alfa; IL-6: Interleucina-6; MCP- 1: Proteína quimioatrativa de monócitos e macrófagos; SAA: Proteína amilóide A sérica; RBP: Proteína ligadora de retinol; CETP: Proteína de transferência de colesteril éster; PAI-1: Inibidor da ativação de plasminogênio; VEGF: Fator de crescimento endotelial vascular. Tem-se um pequeno resumo na figura 2. Figura 2 – obesidade – uma doença inflamatória Fonte: Lúcia Dantas Leite, et al. 2009 7 Num primeiro plano, a leptina é um componente integral do complexo sistema fisiológico que regula o armazenamento, o equilíbrio e o uso de energia pelo organismo. Além deste papel, a leptina sinaliza e modula o estado nutricional do organismo para outros sistemas fisiológicos. Este segundo aspecto é evidente diante dos seus efeitos inibitórios sobre o conjunto de alterações neuroendócrinas secundárias à privação alimentar (6). Outro papel da leptina que vai além da sua atividade na regulação do peso corporal é a possibilidade dela ser o sinal bioquímico que informa o cérebro que as reservas energéticas são suficientes para sustentar o início da puberdade e a reprodução (figura 3). Figura 3: Diagrama representando o tecido adiposo, o acesso da leptina ao hipotálamo e seus efeitos na regulação de energia e atividade neuroendócrina. Fonte: André B. Negrão Julio Licinio, 2000 Até o momento, os resultados de tratamentos e programas de emagrecimento são insatisfatórios.Dos pacientes com obesidade grave não responde ao tratamento e recupera seu peso em dois anos.Sumariamente, a obesidade pode ser considerada um transtorno do comportamento, no qual há um excesso de consumo alimentar comparado ao dispêndio de energia. Essa extrema simplificação poderia situá-la como um problema do controle da vontade, caracterizando-a como um distúrbio psicológico. 8 Há uma vulnerabilidade genética, que pode se expressar em maior ou menor grau, dependendo das condições ambientais. A própria regulagem do peso pode também ser influenciada por esses fatores. Os elevados índices de transtorno de humor e ansiedade e os relatos de episódios de compulsão alimentar, sem mecanismos compensatórios ou de purgação, característicos desse transtorno, fizeram com que esse grupo viesse a ocupar um quadro diagnóstico relativamente recente no DMS-IV (APA, 1994) - Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders - e que está para ser incluído no DSM-V como diagnóstico próprio. Esses indivíduos são hoje diagnosticados como portadores do Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica (TCAP). Os transtornos alimentares são doenças psiquiátricas caracterizadas por alterações graves no comportamento alimentar, que alteram o metabolismo, os padrões de fome e saciedade, o significado do alimento e resulta em graves alterações clínicas e nutricionais. Essas síndromes comportamentais vêm sendo amplamente estudadas nos últimos 30 anos e são ainda designadas como “transtornos”, pelo fato de não terem sua etiologia e etiopatogenia devidamente esclarecidas. A obesidade é, segundo a Organização Mundial de Saúde (1993), uma doença endócrina, nutricional e metabólica, e não um distúrbio mental ou comportamental. Apesar de, não ser considerada tampouco como um transtorno alimentar (TA), vários aspectos de seu quadro clínico mostram-se relacionados a eles. Caracterizada pelo acúmulo excessivo de tecido adiposo no organismo, sendo a classificação mais utilizada para definir os níveis de obesidade é denominada “Índice de Massa Corporal (IMC)”, que engloba duas medidas simples: peso e altura, onde o peso do indivíduo, expresso em quilogramas, é dividido pela altura ao quadrado (P/A²), expresso em metros. Dessa forma, obtém-se o IMC, que possui definições, independente do sexo: o peso normal é definido como IMC de 20 a 24,9, o sobrepeso é considerado de 25 – 29,9, e a partir do IMC 30, considera-se obesidade dividida em seus três graus, grau I de 30 a 34,9, obesidade grau II de 35 a 40,0 e obesidade grau III, onde o IMC é acima de 40,0. Já se sabe que os índices de obesidade nas camadas mais jovens da sociedade vêm aumentando a passos largos, no entanto, o que mais preocupa em relação a este dado é a alta frequência de crianças com sobrepeso que se tornam 9 adultos obesos. Além disso, a obesidade na infância tem consequências também precoces na saúde cardiovascular e metabólica do indivíduo. O processo denominado “Transição Nutricional”, na infância, caracterizado por uma inversão nos padrões de distribuição dos problemas nutricionais, consiste em uma passagem da desnutrição para o excesso de peso. Aponta-se também a coexistência de obesidade e desnutrição em um mesmo indivíduo, que potencializa muito o risco de doenças tanto infecciosas quanto crônicas. Há uma relação da baixa estatura de adolescentes e pré-púberes, e uma possível consequência de uma desnutrição leve, a um maior percentual de gordura, principalmente na região abdominal. Para justificar esse fenômeno tem-se uma possível privação nutricional durante o período fetal e na primeira infância, que pode levar a adaptações resultando no desenvolvimento da obesidade nas fases subsequentes. O aleitamento materno também tem forte influência na composição corporal durante a infância,um importante fator de proteção contra sobrepeso em crianças de um a cinco anos. O efeito protetor é ainda intenso quando o aleitamento é realizado logo nas primeiras semanas de nascimento. Com objetivo de obter um diagnóstico precoce e prevenir o ganho de peso nesta população, algumas medidas simples podem ser adotadas em consultas médicas e até em avaliações escolares periódicas. A avaliação de obesidade abdominal é uma importante medida já que seu impacto na saúde cardiovascular é inclusive mais intenso do que na obesidade geral. A relação entre obesidade e alterações no metabolismo da glicose já foi bem descrita em adultos na literatura, porém, em crianças ainda restam algumas dúvidas quanto a seu comportamento. Encontra-se uma forte associação entre a resistência à insulina e o IMC nesta faixa etária (pré-púberes). Dessa forma,acredita-se que políticas de saúde específicas para redução de peso nesta faixa etária teriam impacto direto na prevalência de diabetes e síndrome metabólica na população adulta. A doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) é uma das consequências hepáticas da obesidade. Sua prevalência está também associada à síndrome metabólica e vem crescendo muito em crianças e adolescentes.Por ser uma doença de poucos sintomas e evolução lenta, suas consequências em uma população tão jovem podem ser desastrosas como a evolução para cirrose seguida de morte. 10 Estudos mostram a possível contribuição da obesidade para o desenvolvimento de asma em crianças e adolescentes. Existem dados na literatura que sugerem uma maior presença de massa óssea em indivíduos obesos, agindo como um fator de proteção contra fraturas e osteoporose. Estabelecem uma forte relação entre a composição corporal e a massa óssea em crianças e adolescentes. No entanto foram encontradas grandes diferenças entre os gêneros: os meninos tiveram sua massa óssea relacionada à quantidade de massa magra, enquanto a massa óssea das meninas se relacionou a sua quantidade de massa gorda. A obesidade implica uma grave alteração do estado nutricional do indivíduo edessa forma a composição da saliva fica alterada, podendo gerar consequências importantes como a desmineralização dos dentes e alterando estruturas protetoras da boca.A análise da saliva mostrou que indivíduos com sobrepeso e obesidade apresentam alterações na composição química da saliva, podendo influenciar a proteção contra cáries. Os maus hábitos alimentares adotados pelas crianças e adolescentes têm consequências que vão além da obesidade. A escolha de alimentos pobres do ponto de vista nutricional, além de ocasionar o ganho de peso, implica um quadro sério de deficiências nutricionais nesta população. Estudo detectou a prevalência de deficiência de vitaminas B6 e B12 e folato em adolescentes brasileiros. Surpreendentemente a prevalência de inadequação nutricional foi considerada baixa, o que pode ser explicado pelo programa de suplementação destes nutrientes em alimentos processados e farinhas e ao maior acesso a alimentos ricos nestes nutrientes. Ainda assim, o feijão foi considerado o alimento que mais contribuiu para adequação do consumo destes nutrientes. O exercício físico está envolvido na prevenção e tratamento da obesidade e comorbidades relacionadas a ela. Nesse cenário a aptidão física é determinante e seus baixos índices podem caracterizar alterações metabólicas. Existe correlaçãono nível de aptidão física e medidas antropométricas em escolares com idades entre 7 e 15 anos. O resultado apontou uma importante correlação entre inaptidão física, sexo feminino, obesidade e hiperadiposidade abdominal. Há íntima relação entre obesidade, resistência à insulina, inflamação e aterosclerose. Após a exploração de todos os possíveis mecanismos patofisiológicos associando estas condições, o vínculo entre estas condições foi finalmente 11 estabelecido. Tudo indica que o excesso de tecido adiposo induz uma desregulação na produção de adipocinas, substâncias metabolicamente ativas produzidas pelo adipócito. Ocorre um excesso na produção de adipocinas inflamatórias, como IL-6 e TNF- alfa, resultando em um estado inflamatório crônico do organismo, assim como a resistência à insulina e disfunção endotelial. Simultaneamente neste quadro ocorre a redução na produção de adipocinas benéficas, como adiponectina e leptina, que podem exacerbar suas características e estimular o apetite, induzindo o ganho de peso. Sendo assim, a perda de peso parece ser um objetivo essencial para redução do risco cardiovascular em obesos. Estratégias clássicas como prática de exercícios físicos e dieta devem ser mantidas no tratamento destes indivíduos, porém são necessárias novas estratégias que aliadas às clássicas tragam maior eficácia. O papel principal da substância butirilcolinesterase (BChE) no organismo é hidrolisar a colina e outros ésteres no fígado, antes da distribuição destes nutrientes no organismo. Achados anteriores, no entanto, indicam uma associação desta substância com a obesidade, dislipidemia e o ganho de peso em razão de sua relação de hidrolisação e inativação da grelina. Dados mostram também que obesos apresentam valores altos de butirilcolinesterase. Para comprovar esta teoria, avaliaram a intensidade e atividade desta substância em indivíduos obesos e eutróficos. Apesar dos resultados apresentarem valores similares de intensidade entre os dois grupos, acredita- se que a atividade desta substância nos indivíduos obesos seja mais intensa do que nos eutróficos, o que demonstra uma capacidade de regulação das proporções de ação desta substância. Outros dados disponíveis na literatura mostraram que os indivíduos com atividade BChE inata elevada tendem a ser mais magros e que a síntese de BChE está aumentada em indivíduos com tendência ao ganho de peso, sugerindo que a atividade da BChE é importante para o equilíbrio energético, IMC e utilização de gordura. Esta conclusão pode se apoiar no fato de a desacilação da grelina ser uma atividade de BChE. Avaliou-se o papel dos genes de BChE e da grelina e sua relação com a utilização de gordura nos indivíduos. Os resultados obtidos não foram conclusivos, mas indicaram um papel regulatório do gene da grelina na expressão do gene BChE, sugerindo uma possível relação no processo de utilização de gordura. 12 O controle hipotalâmico da fome também foi alvo de pesquisas relacionadas à obesidade. A serotonina é um neurotransmissor responsável pela regulação de funções como humor, sono, apetite etc. Alterações na sua liberação ou nos seus receptores estão associadas ao aumento do desejo de consumo de doces e carboidratos, além de uma menor saciedade. a. Associação da Vitamina D com a Obesidade 1. A obesidade é uma doença multifatorial e é um fator de risco para outras doenças, como a deficiência de vitamina D. Existem diversos fatores que relacionam a obesidade com a hipovitaminose D.A patogênese da obesidade é complexa e inclui fatores genéticos e ambientais que não estão totalmente esclarecidos. Alguns estudos mostram que a vitamina D pode desempenhar um papel importante na obesidade. A vitamina D é uma vitamina lipossolúvel e apesar de ser denominada de vitamina, conceitualmente se trata de um pré-hormônio por ser sintetizada através da pele. Juntamente com o paratormônio (PTH), atuam como importantes reguladores da homeostase do cálcio e do metabolismo ósseo.Uma das características mais consistentemente associadas com a deficiência de vitamina D é a obesidade. Cada vez mais evidências sugerem que a vitamina D possui inúmeras funções biológicas além das já conhecidas, como a regulação do metabolismo ósseo. A vitamina D vem se destacando por sua participação em outros mecanismos fisiológicos. Foram encontrados receptores de vitamina D em tecidos do cérebro, mama, cólon e células imunológicas, que se ligam e respondem à forma ativa da vitamina. De forma direta ou indireta o calcitriol parece controlar mais de 200 genes, incluindo aqueles responsáveis pela regulação de diferenciação e proliferação celular, apoptose e angiogênese. Além disso, a vitamina D parece atuar também no controle da secreção de insulina, controle dos níveis pressóricos e na prevenção e tratamento de diversos tipos SAIBA MAIS: Acesse o link: https://www.youtube.com/watch?v=JIUwL_FEfHcpara saber mais sobre bioquímica – aula 05 – obesidade. 13 de câncer. A Sociedade de Endocrinologia Americana classifica como normal um nível de 25OHD acima de 30 ng/ml, uma vez que valores acima dessa dose foram associados a aumento na absorção de cálcio intestinal de 45 a 60%. Valores entre 20 e 29,9 ng/ml são considerados insuficientes, e valores abaixo de 20 ng/ml são considerados deficientes e relacionados ao desenvolvimento de problemas ósseos. Obesidade e deficiência de vitamina D são reconhecidamente problemas prevalentes em todo o mundo, e aparentemente estão relacionados entre si, embora ainda se desconheçam quais são os mecanismos de causa e efeito desta associação. Diversos fatores estão sendo investigados por estarem relacionados com a deficiência de vitamina D em pessoas obesas. Um destes fatores é pelo fato da vitamina D ser lipossolúvel, o que faz com que ocorra uma maior captação de vitamina D pelo tecido adiposo. As células de gordura agem como um depósito de grande capacidade para o armazenamento e liberação de vitamina D, acumulando a vitamina D proporcionalmente à sua concentração no soro, e liberando-a de forma muito mais lenta, devido à grande quantidade de gordura. Isto pode afetar a biodisponibilidade de 25OHD e prejudicar sua atividade biológica. Nos adipócitos existem receptores de vitamina D. A presença destes receptores sugere que a Vitamina D desempenha um papel na regulação da lipólise e que a forma ativa da vitamina D poderia regular a morte de adipócitos e diminuição de massa gorda. Por outro lado, uma redução da concentraçãode 25OHD pode levar a um aumento de PTH no soro, que leva a regulação da massa de gordura corporal, aumento da lipogênese e diminuição da lipólise. A figura 4 apresenta os possíveis mecanismos envolvidos na relação entre a vitamina D e a obesidade. 14 Figura 4. Mecanismos sugeridos para explicar a relação cíclica entre deficiência de vitamina D e o aumento do depósito de gordura corporal Fonte: CUNHA et al., 2015 Outro fator que pode estar envolvido na associação da deficiência de vitamina D e a obesidade é a menor conversão de vitamina D3 em 25OHD no fígado, como consequência da presença de esteatose hepática não alcoólica (EHNA) em pessoas obesas. Um estudo mostrou que pacientes obesos obtiveram níveis séricos de 25OHD menores em comparação aos indivíduos não obesos. Sobretudo, pacientes obesos praticantes de atividade física ao ar livre parecem apresentar menores riscos de desenvolver deficiência de vitamina D. Verificou-se através dos estudos apresentados que indivíduos obesos possuem menores níveis séricos de vitamina D comparados a indivíduos não obesos, mesmo expostos a radiação UVB e suplementação oral. Os estudos que abordaram a relação entre a deficiência de vitamina D e a obesidade mostraram diversos fatores que podem estar envolvidos nesta relação, tanto de forma direta ou indireta. Nenhum estudo se mostrou conclusivo sobre quais seriam os mecanismos envolvidos nesta relação. Entretanto é certo que esta relação existe e que a 15 elucidação destes fatores através de novos estudos poderá contribuir positivamente para prevenção e controle destas doenças. 2.1.1 Relação da Obesidade e o Transtorno Alimentar De acordo com os atuais sistemas de classificação dos transtornos mentais – DSM IV (American Psychiatric Association, 1994) e CID 10 (OMS, 1993), a anorexia nervosa e a bulimia nervosa, são consideradas as entidades principais da categoria dos transtornos alimentares e apresentam como características psicopatológicas centrais a preocupação excessiva com o peso e a forma, e o medo excessivo de engordar. Nas figuras 5 e 6, respectivamente tem-se a ilustração desses dois quadros de transtornos. Figura 5: transtorno de distorção da imagem corporal (anorexia Fonte: Boa Vista/Roraima, folha BV - 11 de setembro de 2020. Figura 6: transtorno de distorção da imagem corporal (bulimia) Fonte: DreamsTime, 2020 16 Para manterem o peso e alcançarem o corpo, que julgam ideal, os pacientes se utilizam normalmente, de dietas extremamente restritivas, e métodos compensatórios ou de purgação variados. A insatisfação com a imagem corporal é uma tônica e o autojulgamento se faz quase que exclusivamente em função da aparência física. Os quadros subclínicos ou síndromes parciais, ou seja, que não satisfazem todos os critérios diagnósticos para as síndromes completas, citadas anteriormente; os quadros atípicos e oTranstorno da Compulsão Alimentar Periódica (TCAP) (Binge Eating Disorder – BED) foram designados como transtornos alimentares sem outra especificação (TASOE). Diagnóstico, hoje, já amplamente utilizado na clínica, o TCAP se estabeleceu como tal, a partir da necessidade de se diferenciar indivíduos obesos que apresentavam a compulsão alimentar, daqueles que não a apresentavam, e também para distinguir os obesos com TCAP, dos bulímicos. Sugerem que as pessoas com episódios de compulsão alimentar e que não apresentavam eventos purgativos e/ou compensatórios como os bulímicos, fossem investigados como portadores de uma nova categoria de TA, que foi então denominada Binge Eating Disorder (BED). A principal característica do TCAP é a ingestão repetida de grande quantidade de alimentos (Binge), acompanhada pela sensação de perda de controle sobre o ato de comer, seguida por angústia intensa, vergonha, nojo, e/ ou culpa (Azevedo, Santos e Fonseca, 2004), distresse, aumento significativo de peso e alta comorbidade com outros transtornos psiquiátricos (Spitzer e colaboradores, 1992). O excesso alimentar, em período curto de tempo – máximo de duas horas, e o impulso irrefreável para comer são centrais para o diagnóstico, e devem acontecer com uma freqüência de duas vezes por semana, nos últimos seis meses (DSM IV-R). Quando comparados aos portadores da bulimia nervosa, esses indivíduos não relatam dietas tão restritivas e nem alternam, de forma tão intensa, compulsão e restrição. Comer até se sentir repleto, sensação de repulsa por si mesmo, hábito de comer sozinho para se evitar embaraços, passam a delinear um padrão alimentar característico. Outro aspecto do diagnóstico diferencial com a bulimia nervosa, é que indivíduos com TCAP não se utilizam de mecanismos compensatórios inadequadoscomo uso de laxantes, vômitos, diurese e exercícios exagerados. 17 Um novo critério, que tem pautado os estudos atuais é a auto-avaliação baseada no peso e na forma do corpo. Esse aspecto permite a diferenciação entre obesos com e sem TCAP, e sugere uma aproximação entre esse diagnóstico e a bulimia e anorexia. Para pacientes candidatos à cirurgia bariátrica, verificou-se a presença do transtorno em 56%. Os transtornos alimentares apresentam etiologia multifatorial e a influência sociocultural tem um impacto significativo, ao lado da predisposição genética e das vulnerabilidades biológicas e psicológicas. Fatores ambientais, características de personalidade, problemas com os pais, história de abuso sexual, história anterior de obesidade e de dietas são considerados fatores de risco. Para TCAP, os fatores etiológicos mais importantes são altas expectativas, maus tratos ou superproteção, eventos traumáticos na infância, alcoolismo ou transtornos psiquiátricos dos pais em algum período da vida, abuso e os fatores de dieta (comentários críticos sobre peso e forma física, obesidade ou transtorno alimentar dos pais e na infância). A dieta é considerada o fator precipitante da CA. A restrição alimentar severa, as alterações fisiológicas e psicológicas produzidas pela desnutrição e o ciclo de binge e purgação tendem a perpetuar os sintomas alimentares. Indivíduos que não desistem das dietas restritivas não deixam de ter a compulsão alimentar. Embora O TCAP possa ocorrer também em indivíduos com peso normal, há evidências que indivíduos com o transtorno ingerem significativamente mais alimentos que os obesos sem ele. Os frequentes insucessos nos tratamentos de redução de peso e os concomitantes prejuízos a saúde física e psicológica dos indivíduos obesos, forçam pesquisadores e profissionais de saúde a aprofundar a questão do diagnóstico, com o objetivo de se entender como os aspectos psicológicos e comportamentais são importantes para o manejo adequado do problema. Os transtornos alimentares têm sido considerados como problemas de difícil abordagem por sua complexidade etiológica e natureza multidimensional e podem produzir uma grande perturbação no funcionamento físico, psicológico, interpessoal e social do indivíduo. O tratamento para o TCAP deve ser feito por uma equipe interdisciplinar e aabordagem psicoterápica efetiva depende muitas vezes, além da psico-educação, da integração de várias técnicas psicológicas. 18 Pacientes obesos com TCAP são mais resistentes às estratégias terapêuticas normalmente empregadas e são mais sujeitos a recaídas. A CA está fortemente associada à história de dieta, efeito sanfona, sintomas depressivos, maior propensão ao abandono do tratamento e piores resultados na perda de peso.Os pacientes com TCAP apresentaram auto-estima mais baixa e mais características de patologia alimentar. A duração, a intensidade e o grau de intervenção influenciam também na adesão de pacientes ao tratamento e conseqüentemente, na perda de peso. Tratamento comportamental combinado ao contato pós-tratamentocom o terapeuta, favoreceu a perda de peso em longo prazo, quando comparado com tratamento comportamental de 18 semanas. A manutenção da perda de peso adquirida parece ser mantida apenas com a continuidade do tratamento.A tendência das abordagens terapêuticas atuais tem seguido, cada vez mais, uma proposta de atenção integrada, em que o controle do peso, a melhora dos diversos sintomas psiquiátricos, a compreensão de aspectos psicológicos e fatores familiares e socioculturais são devidamente valorizados. Abordagens terapêuticas demonstram impacto positivo em outros aspectos: melhora na auto-estima, redução na ansiedade relacionada à aparência, diminuição na freqüência de episódios de CA e diminuição de sintomas psiquiátricos e alimentares. A maioria dos estudos com enfoque psicoterapêutico também se limita a períodos de curto prazo, ou não incluem aspectos dietéticos, e isso pode contribuir para os insucessos. 19 4. METABOLISMO ENERGÉTICO EM HUMANOS Definir o que significa metabolismo pode ser mais complicado do que se imagina. Isso porque o termo representa um conjunto de reações químicas que ocorrem no organismo dos seres vivos. O que faz as reações ocorrerem é a presença de enzimas responsáveis pelo processo de catalisação (figura 7). Figura 7: anabolismo x catabolismo Fonte: Conhecimentocientifico, 2020 Dessa forma, as reações metabólicas possuem diversas funções. Uma das principais é, certamente, a produção de energia. Mas, existem outras funções também muito importantes, como a quebra de biomoléculas, além de converter as moléculas dos nutrientes em macromoléculas, como lipídios, proteínas, etc. Com isso, as funções metabólicas se resumem em dois grandes processos: a síntese, também chamada de anabolismo; e a degradação, denominada de catabolismo.O que define a diferença entre os dois tipos de reações é o nível de açúcar no corpo, ou seja, glicose. Assim, as reações que ocorrem no organismo possuem a função de controlar os recursos energéticos e materiais do corpo. 20 O metabolismo conta com o processos de catabolismo e de anabolismo. E a glicemia, ou seja, nível de glicose no sangue, é o que determina o diferença entre as duas vias metabólicas (figura 8). Além disso, existem dois hormônios responsáveis no auxilio dos processos. Esses hormônios estão presentes no pâncreas e são denominados de Glucagon e Insulina. Dessa forma, o processo de catabolismo – também chamado de degradação ou via degradativa – ocorre na degradação de moléculas complexas em liberação de energia, por exemplo. A energia, neste caso, se caracteriza como uma forma de produto mais simples que ocorre no organismo. Além disso, o catabolismo se divide em aeróbico e anaeróbico. Figura 8: As reações do metabolismo são irreversíveis, distintas, mas se interligam Fonte: Conhecimentocientifico, 2020 No caso do metabolismo aeróbico, as reações são realizadas com a presença de oxigênio. Com isso, o oxigênio funciona como forma de aceitar os elétrons nas 21 reações químicas. Em contato com hidrogênio, por exemplo, forma água. Assim, as reações resultantes do catabolismo aeróbico são água e gás carbônico. Já o metabolismo anaeróbico ocorre sem a presença do oxigênio. Neste caso, quando ocorrem as reações, os responsáveis pela aceitação dos elétrons são íons nitrato. Além disso, amônia, sulfato e fumarato também aceitam elétrons nas reações. Logo, dentre os resultados da reação anaeróbica, temos a fermentação láctica – chamada de lacto; e a fermentação alcoólica – chamada de etanol. A outra forma de metabolismo, o anabolismo, é também chamado de via biossintética ou síntese. Neste processo, as moléculas consideradas complexas são formadas por meio das moléculas simples. Dessa maneira, para a produção de moléculas complexas, o organismo precisa consumir energia. Neste sentido, o processo anabólico funciona como forma de crescimento, além de manutenção do organismo. O metabolismo energético se resume às reações químicas que produzem energia para o organismo. Esse tipo de metabolismo ocorre tanto nos seres autótrofos, quanto nos heterótrofos. No caso dos seres humanos, por exemplo, as reações energéticas necessitam de substratos energéticos. Ou seja, esses substratos se originam por meio da alimentação. Para que a energia possa ser gerada, alimentos como carboidratos, lipídios e proteínas são considerados as principais fontes. Todo o processo se inicia na digestão, onde as moléculas dos alimentos são quebradas em moléculas menores. Com isso, as moléculas menores conseguem ser absorvidas pela corrente sanguínea. Em seguida, os nutrientes chegam aos tecidos, além de serem oxidados pelas células. No processo de oxidação, ocorre, então, a liberação de energia. Esse processo só é possível por conta da presença de oxigênio no organismo. A partir da produção de energia por meio da oxidação, ocorre a liberação de calor no organismo. Neste caso, o calor liberado é utilizado para que a temperatura do corpo seja mantida. Além disso, a energia no organismo é responsável pela produção do trifosfato de adenosina, ou seja, ATP. O ATP está inserido em vários processos metabólicos por fornecer energia necessária para sua realização. Neste sentido, a liberação de energia só é possível devido a conversão do ATP em fosfato inorgânico, além de outra substância, o difosfato de adenosina, ou ADP. 22 Já o metabolismo basal está ligado à energia que o organismo gasta na realização de atividade e demais funções. O corpo humano, por exemplo, gasta 75% da energia produzida pelo metabolismo para realizar atividades involuntárias, como respirar. Além disso, a energia é utilizada em funções importantes do organismo, como as atividades que ocorrem no sistema nervoso e na circulação. Com certeza, você já ouviu expressões como “metabolismo rápido” ou “metabolismo muito lento”. Essas expressões representam, na verdade, o tempo gasto pelo organismo para que as moléculas sejam construídas ou degradadas. Neste caso, quando os processos metabólicos são rápidos, significa que o gasto de energia é maior. Ou seja, a quantidade de lipídios e o acumulado de proteína são queimados, ou processados de uma forma mais rápida dentro do organismo. Agora, quando o metabolismo é lento, significa que o acúmulo de moléculas é maior que a degradação das mesmas. Além disso, as calorias ingeridas não são queimadas pela energia produzida, pois a digestão ocorre de maneira lenta, por exemplo. Para os casos em que as reações metabólicas são lentas, existem alimentos que auxiliam nos processos. Esses alimentos são chamados de termogênicos, ou seja, que ajudam no processo de acelerar o metabolismo (figura 9). Alguns desses alimentos são: gengibre, pimenta, canela, café, chá verde e chá de hibisco. Figura 9: Como funciona o metabolismo Fonte: Dietadaboaforma, 2020. https://dietadaboaforma.com/como-funciona-o-metabolismo/ 23 Por fim, é possível perceber que um processo metabólico depende do outro, por mais que as vias metabólicas sejam distintas e irreversíveis. Com isso, enquanto o processo de degradação das moléculas libera energia no organismo, o processo de síntese utiliza essa energia para que outras reações ocorram. Fundamentalmente existem somente dois caminhos para o tratamento da obesidade, reduzindo a energia ingerida e aumentando o gasto calórico. Devido à termogênese estar sob controle do sistema nervoso simpático, interferências neste sistema de neurotransmissores podem ajudar no controle a obesidade. Algumas ferramentas no controle da obesidade como o uso de termogênicos naturais tem sido utilizado como estratégias para perda e manutenção de peso. O tratamento para obesidade exerce beneficio para perda de peso e reduz os riscos de morbidade e mortalidade.Assim,neste contexto, houve um rápido crescimento no tratamento terapêutico com suplementos naturais (ervas) e têm surgido interesses nos potenciais efeitos termogênicos de compostos extraídos de plantas, como a cafeína do café e chás, efedrina da ephedra (erva), capsaícina presente nas pimentas e catequinas de chás devido a seu potencial de modular a atividade de catecolaminas. O desenvolvimento da obesidade é caracterizado pelo aumento do número das células de gordura e seus lipídeos, num processo chamado de mitogênese e diferenciação, que é regulado pela genética, eixo endócrino, metabólico, neurológico, farmacológico, meio ambiente e fatores nutricionais. Os mecanismos de como, particularmente, os nutrientes afetam este efeito mitogênico e a diferenciação de preadipócitos a adipócitos, ainda é pouco esclarecido, e seria importante para prevenir a iniciação do desenvolvimento da obesidade e doenças associadas. Assim, potenciais agentes terapêuticos, especialmente com baixa toxicidade, produtos naturais têm sido hábeis em reduzir ou inibir adipogênese ou aumentar a morte celular por apoptose, o que poderia ter um importante impacto para tratamento e prevenção da obesidade, relacionado com doenças metabólicas. O chá vem sendo considerada uma bebida saudável e com propriedades medicinais desde tempos bem remotos, mas recentemente, tem ganhado grande interesse no meio científico devido a suas atividades como antioxidante. 24 a. Influência do chá Verde no Metabolismo Energético – Relação com Emagrecimento Embora o café e o chá sejam largamente consumidos no mundo, o conhecimento de sua influência no metabolismo estava limitado nos estudos com a cafeína, como composto ativo de efeito farmacológico.resultados, em humanos, relacionando o efeito do chá verde à influência do gasto energético e utilização de substrato, mostrando um aumento no gasto energético de cerca de 4%, relacionada ao aumento da termogênese. O chá, uma das bebidas mais consumidas no mundo, é uma das fontes mais ricas em flavonóides. Produzido a partir de folhas de Camellia sinensis, o chá verde é largamente consumido em países orientais. O chá verde é constituído de folhas secascolhidas de diferentes partes da planta, o que determina os vários tipos de chás disponíveis e contém um grande número de substâncias bioativas, fitoquímicos, incluindo polifenóis, cafeína, aminoácidos e traços de lipídios e vitaminas. Acredita-se que os flavonóides, catequinas, presentes em chás fazem dele um alimento funcional. Os polifenóis do chá verde consistem em sua maioria em catequinas, incluindo a epigalocatequina galato (EGCG) que é a mais abundante, sendo cerca de 54 a 59% do total das catequinas do chá verde e a bioativamente mais ativa e, talvez seja o sinergismo desta catequina com a cafeína presente no chá que tragam o melhor benefício termogênico, além disso têm sido avaliado o efeito ergogênico no consumo de epigalocatequina galato, relacionado à melhora de condicionamento para prática de exercícios de endurance, uma vez que favorece uma maior oxidação lipídica, substrato energético, melhorando assim a capacidade de execução dos exercícios, retardando a fadiga muscular. O extrato do chá verde, especialmente, contém uma grande proporção de epigalocatequina galato e têm como atrativo, o aumento da termogênese e oxidação de gordura e tem sido demonstrado ser capaz de aumentar a energia gasta em 24h e a oxidação lipídica promovendo a perda de peso em humanos, esta comprovação tem sido evidenciada em estudos que nivelam a mesma quantidade de cafeína e difere um grupo, a ser estudado, pelo aumento de catequinas e os resultados observados mostram que os indivíduos tratados com as catequinas alcançam melhores resultados quanto à termogênese. 25 Embora o efeito da epigalocatequina galato, não seja propriamente na diminuição da ingestão calórica, mas o significante aumento de energia presente nas fezes, que aumentam de acordo com o aumento das doses de epigalocatequina galato, sugerindo uma diminuição de absorção energética intestinal, envolvendo gordura e carboidratos, por inibir a ação da ß-amilase e α-glucosidade, que pode estar também envolvida com a inibição do sódio dependente do transportador de glicose. Numerosas pesquisas mostraram que os antioxidantes naturais, como o chá verde, podem ser usados para uma correção efetiva de índices elevados de colesterol no sangue, triglicérides e LDL e obesidade. A ingestão de epigalocatequina galato é altamente absorvível e distribuída no corpo. A ingestão do extrato de chá verde ou catequinas induz o efeito antioxidante, antiviral, controle de formação de plaquetas, anticancerígeno, bem como diminui a pressão arterial, diminuição absortiva de lipídeos e açúcar no sangue. Diversos estudos mostraram uma estreita relação, de inversa proporção, entre obesidade generalizada, obesidade abdominal e morbidades e mortalidades cardiovasculares e risco de câncer e o consumo de chá verde, estudos indicam que a epigalocatequina galato inibe o aumento de células tumorais. Sobre o efeito da epigalocatequina galato na inibição dos fatores angiogênicos, são sugeridas ações como a da leptina, já que ela está relacionada à geração de sinais envolvendo a tirosina quinase que desencadeia um processo intracelular e promove a angiogênese; além deste fato outros fatores parecem estar envolvidos, como a inibição do fator de proliferação vascular endotelial (VEGF). As catequinas são compostos incolores, hidrossolúveis, que contribuem para o amargor e a adstringência do chá verde. O chá verde contém também o efeito da cafeína e o possível mecanismo de atuação na termogênese, seria inibindo a enzima fosfodiesterase, assim inibindo a degradação do AMPc , que impediria o desencadeamento da ativação do hormônio lipase sensível (LHS), responsável pela lipólise. Além de ainda poder estar envolvida no estimulo de liberação de catecolaminas, estimulando a o metabolismo lipídico, e de estar relacionada com a redução de ingestão calórica. Estudos com humanos têm demonstrado que a cafeína estimula a termogênese e oxidação de gordura a curto prazo. A mistura de cafeína com as catequinas do chá verde mostraram uma inibição da catecol-O-metil-transferase (COMT), enzima que degrada a noradrenalina. 26 A epigalocatequina galato diminui a gordura corporal,reduz a ingestão alimentar, a absorção lipídica, os trigliceridios sanguíneos, colesterol, oxidação lipídica, concentrações de HDL, excreção de lipídios e a leptina teve um melhor desempenho na sinalização de gasto calórico, uma vez que ela está relacionada à quantidade de tecido adiposo, assim com a diminuição de peso a expressão da leptina, provavelmente induzido pelo consumo de cafeína, seria diminuída e sua sinalização melhorada; outro mecanismo que vêm sendo estudado é o estímulo à expressão de adiponectina, induzida pelas catequinas do chá verde, melhorando assim a sinalização de insulina no tecido adiposo (3T3L1 adipócitos), diminuindo os riscos de diabetes tipo 2. Foi descoberto que as catequinas suprimem a expressão do gene KLF7 que contribui para a diferenciação dos adipócitos e induz a produção da adiponectina. Tem-se a sinergia da epigalocatequina galato e cafeína no estimulo da noradrenalina para termogênese do tecido adiposo marrom. SAIBA MAIS: Acesse o link: https://www.youtube.com/watch?v=7DjOud20prk para saber mais sobre metabolismo energético 27 2. REFERÊNCIAS Andrea de Almeida Alterio; Daniela de Almeida Freitas Fava; Francisco Navarro.Interação Da Ingestão Diária De Chá Verde (Camellia Sinensis) No Metabolismo Celular E Na Célula Adiposa Promovendo Emagrecimento. Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento, São Paulo v. 1, n. 3, p.27-37, Mai/Jun, 2007. ISSN 1981-9919. Agnes Schmidt. RelaçãoEntre A Deficiência De Vitamina D E Obesidade: Uma Revisão Atual. Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento, São Paulo. v.9. n.53. p.207-212. Set./Out. 2015. ISSN 1981-9919. Cunha KA et al. Ingestão De Cálcio, Níveis Séricos De Vitamina D E Obesidade Infantil: Existe Associação? Associação de Pediatria de São Paulo. Publicado por Elsevier Editora Ltda, 2015. Lenize Chaves; Antonio Coppi Navarro. Compulsão Alimentar, Obesidade E Emagrecimento. Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento, São Paulo v.5, n.27, p.110-120, Maio/Jun. 2011. André B. Negrão Julio Licinio. Leptina: o Diálogo entre Adipócitos e Neurônios. Arq Bras Endocrinol Metab vol.44 no.3 São Paulo June 2000. Lúcia Dantas Leite, et al.Obesidade: Uma Doença Inflamatória. Revista Ciência & Saúde, Porto Alegre, v. 2, n. 2, p. 85-95, jul./dez. 2009. Geni Balaban, Giselia A. P. Silva. Efeito Protetor Do Aleitamento Materno Contra A Obesidade Infantil. J Pediatr (Rio J). 2004;80(1):07-16. Conhecimento cientifico. Metabolismo, O Que É? Definição, Características, Funções E Tipos Principais.Disponível em: https://conhecimentocientifico.r7.com/metabolismo/. Acesso em 11 set 2020. FERNANDA REIS DE AZEVEDO, BRUNA CRISTINA BRITO. Influência das variáveis nutricionais e da obesidade sobre a saúde e o metabolismo. Rev Assoc Med Bras 2012; 58(6):714-723. http://www.jped.com.br/conteudo/04-80-01-07/port_print.htm#autor1 http://www.jped.com.br/conteudo/04-80-01-07/port_print.htm#autor2 28