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<p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ</p><p>15ª CÂMARA CÍVEL</p><p>Apelação Cível n° 0025038-58.2021.8.16.0001, da 9ª Vara Cível de Curitiba</p><p>Apelante (s): Lake Securitizadora S/A</p><p>Apelado (s): Angélica Aparecida Pereira</p><p>Relator: Desembargador Jucimar Novochadlo</p><p>APELAÇÃO CÍVEL. EMBARGOS DE TERCEIRO. EXECUÇÃO DE TÍTULO</p><p>EXTRAJUDICIAL. 1. IMPENHORABILIDADE. CONFIGURAÇÃO. BEM DE</p><p>FAMÍLIA. IMÓVEL DESTINADO À RESIDÊNCIA DA ENTIDADE FAMILIAR.</p><p>REQUISITOS PREVISTOS NA LEI 8.009/90 DEVIDAMENTE COMPROVADOS. 2.</p><p>SUCUMBÊNCIA. EXEGESE DA SÚMULA 303 DO STJ. RESISTÊNCIA</p><p>INJUSTIFICADA DA EMBARGADA. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA</p><p>SUCUMBÊNCIA. SENTENÇA MANTIDA, POR SEUS PRÓPRIOS</p><p>FUNDAMENTOS. 3. HONORÁRIOS RECURSAIS. CABIMENTO.</p><p>1. Para que se constitua bem de família definido na Lei n.º 8.009/90 é</p><p>necessário que o imóvel seja de propriedade do casal ou da entidade familiar e</p><p>que os membros da família nele residam. Preenchidos tais requisitos, deve ser</p><p>mantido o reconhecimento da impenhorabilidade do bem.</p><p>2. Tendo o embargado manifestado discordância dos embargos de terceiro,</p><p>defendendo a regularidade da constrição e havendo o acolhimento do pedido</p><p>formulado na ação, os ônus de sucumbência devem ser suportados pelo</p><p>embargado, na proporção de sua derrota.</p><p>3. É devida a majoração da verba honorária em grau recursal, em observância</p><p>ao art. 85, §11, do CPC, sem afronta ao princípio da reformatio in pejus por se</p><p>tratar de aplicação de regra processual.</p><p>Apelação cível não provida.</p><p>Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível n° 0025038-</p><p>58.2021.8.16.0001, da 9ª Vara Cível de Curitiba, em que figura como Apelante Lake Securitizadora S</p><p>/A; e Apelado Angélica Aparecida Pereira.</p><p>Trata-se de recurso de apelação interposto por em face1. Lake Securitizadora S/A</p><p>da sentença proferida em embargos de terceiro (NPU 0025038-58.2021.8.16.0001; mov. 98.1), a qual julgou</p><p>procedente a pretensão inicial, para o fim de desconstituir a penhora levada a efeito sobre o imóvel da</p><p>embargante nos autos de execução de título extrajudicial (NPU 0034822-30.2019.8.16.0001), bem como de</p><p>condenar a parte embargada ao pagamento das custas/despesas processuais e dos honorários</p><p>advocatícios, estes fixados em 10% sobre o valor atualizado da causa.</p><p>Nas razões de recurso, defende a recorrente, em síntese, que: a) diversamente do</p><p>que constou na sentença, inexiste nos autos prova de que o imóvel em discussão seja, de fato, residência</p><p>da apelada; b) os documentos acostados também não dão conta de provar que seja um bem de família,</p><p>visto que a apelada é proprietária de mais de um imóvel; c) a juntada de carnê de IPTU não comprova que</p><p>referido tributo está em nome da apelada, não havendo qualquer comprovante que indique ter sido ela a</p><p>adimplir a obrigação; d) além de não ser o único imóvel da apelada, esta alegou tê-lo recebido em herança</p><p>de sua mãe; e) a proteção legal do bem de família exige a demonstração de se tratar de único imóvel do</p><p>devedor e de ser ele destinado à residência familiar; f) houve injusta condenação do recorrente em</p><p>honorários, pois não tinha como o recorrente adivinhar que no imóvel residia uma das coproprietárias; g) por</p><p>força do princípio da causalidade, em se tratando de embargos de terceiro, a parte que tornou necessária a</p><p>prestação jurisdicional é que deve responder pelo ônus de sucumbência, nos termos da Súmula 303 do STJ;</p><p>e h) apesar de requerida a penhora do imóvel, não havia qualquer informação acerca do atual morador,</p><p>tampouco acerca de eventual impenhorabilidade por se tratar de bem de família, ou seja, de moradia de uma</p><p>das coproprietárias. Diante disso, requer o recebimento do recurso e, ao final, seu provimento, com a</p><p>reforma da sentença, com a improcedência da pretensão inicial e a exclusão da condenação em honorários</p><p>de sucumbência. (mov. 105.1)</p><p>O recurso foi respondido. (mov. 110.1)</p><p>É o relatório.</p><p>O recurso não comporta provimento.2.</p><p>Restrita à questão à defesa de não comprovação dos requisitos necessários ao</p><p>reconhecimento da impenhorabilidade do apartamento matriculado sob nº 88.184 junto ao 9º Ofício de</p><p>Registro de Imóveis de São Paulo como bem de família, a controvérsia tem origem na ação executiva de</p><p>título extrajudicial (NPU 0034822-30.219.8.16.0001), na qual a recorrente pretende a satisfação de seu</p><p>crédito fundado em instrumento de confissão de dívida garantida por notas promissórias, cuja inadimplência</p><p>resultou no débito desatualizado de R$ 47.887,94.</p><p>Na origem, a pretensão da apelada em sede de embargos de terceiro foi julgada</p><p>procedente, por se entender pela comprovação dos requisitos legais exigidos à configuração da</p><p>impenhorabilidade do imóvel como bem de família, o que deve ser mantido.</p><p>De acordo com a matrícula do imóvel litigioso (mov. 312.3, da execução), o</p><p>apartamento foi partilhado por ocasião da sucessão de Angelina La Selva Pereira (R3/88.184), na proporção</p><p>de 50% para Orlando Pereira e outros 50%, na proporção de 16,66% para os herdeiros Orlando Pereira</p><p>Filho (executado), Angélica Aparecida Pereira (apelada embargante) e Rejane Aparecida Pereira.</p><p>Como se sabe, embora a impenhorabilidade do bem de família possa ser alegada a</p><p>qualquer tempo (REsp 1114719/SP), incumbe ao devedor o ônus de comprovar o preenchimento dos</p><p>requisitos previstos nos artigos 1º e 5º, ambos da Lei nº 8.009/90, verbis:</p><p>Art. 1º O imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é impenhorável e não</p><p>responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza,</p><p>contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam, salvo</p><p>nas hipóteses previstas nesta lei.</p><p>Parágrafo único. A impenhorabilidade compreende o imóvel sobre o qual se assentam a construção,</p><p>as plantações, as benfeitorias de qualquer natureza e todos os equipamentos, inclusive os de uso</p><p>profissional, ou móveis que guarnecem a casa, desde que quitados.</p><p>O mencionado dispositivo é complementado pelo art. 5º de referida Lei, que assim</p><p>determina:</p><p>Art. 5º Para os efeitos de impenhorabilidade, de que trata esta lei, considera-se residência um único</p><p>imóvel utilizado pelo casal ou pela entidade familiar para moradia permanente.</p><p>Como se vê, a vontade do legislador foi a de proteger o imóvel utilizado como</p><p>residência da entidade familiar, tanto que o art. 5º da mesma lei assim prevê: caput do “Para efeitos de</p><p>impenhorabilidade, de que trata esta lei, considera-se residência um único imóvel utilizado pelo casal ou</p><p>.pela entidade familiar para moradia permanente”</p><p>Nesse aspecto, para a configuração do bem de família, necessário que o imóvel seja</p><p>de propriedade do casal ou da entidade familiar, e que os membros da família nele residam. Portanto,</p><p>diversamente da tese defendida nas razões recursais, não é imprescindível que o devedor seja proprietário</p><p>de somente um imóvel para que se reconheça a impenhorabilidade do bem de família, mas que seja o único</p><p>destinado à residência do devedor.</p><p>Logo, a conjugação dos dispositivos legais citados permite extrair que a</p><p>impenhorabilidade incide se o imóvel serve de moradia permanente para o devedor e sua família.</p><p>Com efeito, no caso concreto, os fundamentos que levaram à conclusão de</p><p>impenhorabilidade do imóvel em discussão não foram devidamente impugnados pela recorrente em suas</p><p>razões recursais, especialmente quanto à prova obtida via mandado de constatação (mov. 56.2, fls. 16, da</p><p>execução), pelo qual restou confirmada a condição de residência da apelada, fato que foi atestado tanto pelo</p><p>oficial de justiça como pelo porteiro, o que, aliado aos demais documentos reunidos (faturas de telefone e de</p><p>energia elétrica – mov. 1.6/1.7), constituem elementos suficientes para amparar a proteção legal defendida</p><p>nos embargos de terceiro.</p><p>Sob essa perspectiva, é infundada a oposição do Banco embargado à</p><p>impenhorabilidade do apartamento pela falta de documentos que demonstrem a existência de outros bens</p><p>do devedor, cuja localização incumbe ao exequente.</p><p>Assim, como acertadamente concluiu o Juízo de origem, a apelada, irmã do</p><p>executado Orlando</p><p>Pereira Filho, logrou êxito em demonstrar que o imóvel em questão é destinado à sua</p><p>moradia, em virtude de sua condição de coproprietária da fração de 16,66% do bem que foi herdado de sua</p><p>mãe.</p><p>Com base nessas premissas, conclui-se pelo preenchimento dos requisitos impostos</p><p>pela Lei nº 8.009/90 para o reconhecimento da impenhorabilidade do apartamento caracterizado como bem</p><p>de família, razão pela qual resta mantida a r. sentença.</p><p>Da aplicação do princípio da sucumbência</p><p>Requer a apelante, a condenação da apelada ao pagamento do ônus de</p><p>sucumbência, ou alternativamente sejam isentas da condenação em honorários advocatícios, em face do</p><p>princípio da causalidade.</p><p>Pois bem.</p><p>Como se sabe, por força do princípio da causalidade, aplicável em se tratando de</p><p>embargos de terceiro, a parte que tornou necessária a prestação jurisdicional deverá responder pelo ônus</p><p>de sucumbência.</p><p>Nesse sentido, a Súmula 303 do STJ é clara ao prever que "em embargos de terceiro,</p><p>quem deu causa à constrição indevida deve arcar com os honorários advocatícios".</p><p>Contudo, é preciso ter em mente que a referida Súmula não pode ser aplicada</p><p>indiscriminadamente, devendo sempre ser interpretada em consonância com o caso concreto, pois não se</p><p>deve levar em consideração tão-somente o ato da constrição, mas também o comportamento da parte</p><p>embargada após o conhecimento dos embargos de terceiro.</p><p>Aliás, sobre a questão, colhe-se da doutrina de Theodoro Júnior que se o exequente,</p><p>ao tomar conhecimento dos embargos de terceiro, “[...] reconhece prontamente o direito do embargante e</p><p>pede o levantamento da penhora, não é justo imputar ao primeiro, em tal circunstância, o ônus da</p><p>sucumbência, porquanto o incidente decorreu de um ato judicial que não lhe pode ser atribuído a título</p><p>THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil. 44. ed., rev. e atual. Rio dealgum”. (</p><p>Janeiro: Forense, 2012, vol. III, p. 296.)</p><p>Vale destacar, que diante da importância da controvérsia, o Superior Tribunal de</p><p>Justiça firmou entendimento sobre o tema em sede de recurso repetitivo. Confira-se:</p><p>“PROCESSUAL CIVIL. RECURSO REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. EXECUÇÃO</p><p>FISCAL. EMBARGOS DE TERCEIRO. DESCONSTITUIÇÃO DE PENHORA. OFENSA AO ART.</p><p>535 DO CPC/1973 NÃO CONFIGURADA. DISTRIBUIÇÃO DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.</p><p>PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE. 1. A solução integral da controvérsia, com fundamento suficiente,</p><p>não caracteriza ofensa ao art. 535 do CPC/1973. 2. "É admissível a oposição de Embargos de</p><p>Terceiro fundados em alegação de posse advinda do compromisso de compra e venda de imóveis,</p><p>ainda que desprovido do registro" (Súmula 84/STJ). 3. A sucumbência, para fins de arbitramento</p><p>dos honorários advocatícios, tem por norte a aplicação do princípio da causalidade. Nesse sentido,</p><p>a Súmula 303/STJ dispôs especificamente: "Em embargos de terceiro, quem deu causa à constrição</p><p>indevida deve arcar com os honorários advocatícios". 4. O adquirente do imóvel, ao não</p><p>providenciar a transcrição do título na repartição competente, expõe o bem à indevida constrição</p><p>judicial em demandas ajuizadas contra o antigo proprietário. As diligências realizadas pelo oficial de</p><p>Justiça ou pela parte credora, destinadas à localização de bens, no caso específico daqueles</p><p>sujeitos a registro (imóveis, veículos), são feitas mediante consulta aos Cartórios de Imóveis</p><p>(Detran, no caso de veículos), razão pela qual a desatualização dos dados cadastrais fatalmente</p><p>acarretará a efetivação da indevida penhora sobre o bem.</p><p>5. Nessas condições, não é lícito que a omissão no cumprimento de um dever legal implique, em</p><p>favor da parte negligente, que esta deve ser considerada vencedora na demanda, para efeito de</p><p>atribuição dos encargos de sucumbência. 6. Conforme expressamente concluiu a Corte Especial do</p><p>STJ, por ocasião do julgamento dos Embargos de Divergência no REsp 490.605/SC: "Não pode ser</p><p>responsabilizado pelos honorários advocatícios o credor que indica à penhora imóvel transferido a</p><p>terceiro mediante compromisso de compra e venda não registrado no Cartório de Imóveis. Com a</p><p>inércia do comprador em proceder ao registro não havia como o exequente tomar conhecimento de</p><p>uma possível transmissão de domínio". 7. Para os fins do art. 1040 do CPC/2015 (antigo art. 543-</p><p>C, § 7º, do CPC/1973), consolida-se a seguinte tese: "Nos Embargos de Terceiro cujo pedido</p><p>foi acolhido para desconstituir a constrição judicial, os honorários advocatícios serão</p><p>arbitrados com base no princípio da causalidade, responsabilizando-se o atual proprietário</p><p>(embargante), se este não atualizou os dados cadastrais. Os encargos de sucumbência serão</p><p>suportados pela parte embargada, porém, na hipótese em que esta, depois de tomar ciência</p><p>da transmissão do bem, apresentar ou insistir na impugnação ou recurso para manter a</p><p>8. Precedentes: AgRg no".penhora sobre o bem cujo domínio foi transferido para terceiro</p><p>REsp 1.282.370/PE, Rel. Ministro Benetido Gonçalves, Primeira Turma, DJe 06/03/2012; EDcl nos</p><p>EDcl no REsp 375.026/PR, Rel. Ministro Carlos Fernando Mathias (Juiz Federal convocado do TRF</p><p>1ª Regidão), Segunda Turma, DJe 15/04/2008; REsp 724.341/MG, Rel. Ministra Denise Arruda,</p><p>Primeira Turma, DJ 12/11/2007, p. 158; AgRg no REsp 462.647/SC, Rel. Ministro Castro Meira,</p><p>SEGUNDA TURMA, DJ 30/08/2004, p. 244. 9. Na hipótese dos autos, o Tribunal de origem concluiu</p><p>que "a Fazenda Nacional, ao se opor à pretensão do terceiro embargante, mesmo quando</p><p>cristalinas as provas de sua posse sobre o imóvel constrito, atraiu para si a aplicação do princípio da</p><p>sucumbência". 10. Recurso Especial desprovido. Acórdão submetido ao julgamento no rito do art.</p><p>(REsp 1452840/SP, Rel. Ministro HERMAN1036 do CPC/2015 (antigo art. 543-C do CPC/1973)”.</p><p>BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 14/09/2016, DJe 05/10/2016). (Grifou-se).</p><p>No caso em tela, a apelada ingressou com a presente ação alegando a</p><p>impenhorabilidade do imóvel em que reside, em razão da penhora de referido bem nos autos de execução</p><p>(NPU 0034822-30.219.8.16.0001; mov. 319.1). Em sede de contestação, a apelante, ora embargada, se</p><p>opôs à liberação do bem imóvel (mov. 13.1, dos embargos de terceiro).</p><p>Sobreveio a r. sentença (mov. 98.1), a qual julgou procedentes os pedidos e, por</p><p>conseguinte, condenou o embargado ao pagamento das custas/despesas processuais e dos honorários</p><p>advocatícios. Inconformada, a recorrente apelou (mov. 105.1), pugnando pela manutenção da penhora sobre</p><p>o imóvel.</p><p>Dessa maneira, verifica-se que a recorrente opôs resistência à pretensão, quando</p><p>apresentou contestação e recurso de apelação, questionando o direito da apelada.</p><p>Também não se pode desconsiderar que, na ação executiva (mov. 312.1), o pedido</p><p>de penhora foi realizado sem qualquer cautela quanto ao fato de que o imóvel também pertencia a terceiros.</p><p>Desse modo, havendo oposição da embargada ao pedido, que acabou sendo julgado</p><p>procedente, torna-se sucumbente, não havendo espaço para a aplicação do princípio da causalidade.</p><p>No mesmo sentido, precedentes desta Corte:</p><p>“APELAÇÃO CÍVEL. EMBARGOS DE TERCEIRO. EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL.</p><p>INSTRUMENTO PARTICULAR DE COMPRA E VENDA. PENHORA DE IMÓVEL DE</p><p>PROPRIEDADE DE TERCEIROS. ALIENAÇÃO EFETUADA EM DATA ANTERIOR.</p><p>POSSIBILIDADE DE LEVANTAMENTO DA CONSTRIÇÃO. RECONHECIMENTO. ÔNUS</p><p>SUCUMBENCIAIS. INVERSÃO. POSSIBILIDADE. PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE. SÚMULA Nº</p><p>303 DO STJ. INAPLICABILIDADE. RESISTÊNCIA DO EMBARGADO. PRECEDENTES. “‘Não se</p><p>aplica a Súmula n° 303 da Corte naqueles casos em que o exequente enfrenta as impugnações do</p><p>terceiro embargante, desafiando o próprio mérito dos embargos’ (REsp 777393/DF, Rel. Ministro</p><p>CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO, CORTE ESPECIAL, julgado em 19/10/2005, DJ 12/06</p><p>/2006, p. 406)” (AgInt no Ag 1314374/PR, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado</p><p>”. (TJPR - 15ª C.em 04/10/2016, DJe 10/10/2016). APELAÇÃO CÍVEL CONHECIDA E PROVIDA</p><p>Cível - 0015739-35.2019.8.16.0031 - Guarapuava - Rel.: Desembargador Shiroshi Yendo - J.</p><p>27.07.2020).</p><p>“APELAÇÃO CÍVEL. EMBARGOS DE TERCEIRO. EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL.</p><p>ÔNUS DE SUCUMBÊNCIA.</p><p>PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE. Verificado que o embargado teve, já</p><p>no feito executivo, anteriormente à oposição dos embargos de terceiro, conhecimento da</p><p>alienação pelo executado do bem cuja constrição obtivera e, ainda assim, resistiu à pretensão do</p><p>terceiro adquirente, tornando necessário o ajuizamento dos embargos, deve aquele, na hipótese</p><p>de acolhimento destes, com base no princípio da causalidade, suportar a integralidade dos ônus</p><p>”. (TJPR - 15ª C. Cível - 0029051-08.2018.8.16.0001 -de sucumbência. RECURSO PROVIDO</p><p>Curitiba - Rel.: Desembargador Hayton Lee Swain Filho - J. 05.05.2020).</p><p>“APELAÇÃO CÍVEL. EMBARGOS DE TERCEIRO. PENHORA DE IMÓVEL PERTENCENTE A</p><p>TERCEIRO. HOMOLOGAÇÃO DO RECONHECIMENTO DA PROCEDÊNCIA DO PEDIDO.</p><p>CONDENAÇÃO DO EMBARGADO QUANTO AOS ÔNUS SUCUMBENCIAIS. REFORMA.</p><p>AUSÊNCIA DE AVERBAÇÃO DO COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA. DÚVIDA QUANTO A</p><p>PROPRIEDADE DO BEM. PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE. SUCUMBÊNCIA DEVIDA PELO</p><p>EMBARGANTE. “Nos Embargos de Terceiro cujo pedido foi acolhido para desconstituir a</p><p>constrição judicial, os honorários advocatícios serão arbitrados com base no princípio da</p><p>causalidade, responsabilizando-se o atual proprietário (embargante), se este não atualizou os</p><p>dados cadastrais. Os encargos de sucumbência serão suportados pela parte embargada, porém,</p><p>na hip��tese em que esta, depois de tomar ciência da transmissão do bem, apresentar ou insistir</p><p>na impugnação ou recurso para manter a penhora sobre o bem cujo domínio foi transferido para</p><p>”. (TJPR - 15ª C. Cível -terceiro” (Tema 872, REsp n.º 1.452.840/SP, STJ). APELAÇÃO PROVIDA</p><p>0012036-34.2018.8.16.0160 - Sarandi - Rel.: Desembargador Hayton Lee Swain Filho - J.</p><p>12.02.2020).</p><p>Portanto, deve ser mantida a sentença que condenou a recorrente ao pagamento dos</p><p>ônus de sucumbência.</p><p>Honorários recursais</p><p>De resto, em consequência do desprovimento do presente recurso, necessária a</p><p>majoração dos honorários advocatícios em favor dos patronos da apelada, os quais fixo definitivamente em</p><p>12% sobre o valor atualizado da causa, nos termos do art. 85, §11, do CPC.</p><p>Diante disso, nega-se provimento ao recurso, com a majoração recursal dos3.</p><p>honorários advocatícios, nos termos da fundamentação.</p><p>Ante o exposto, acordam os Desembargadores da 15ª Câmara Cível do TRIBUNAL</p><p>DE JUSTIÇA DO PARANÁ, por unanimidade de votos, em julgar CONHECIDO O RECURSO DE PARTE E</p><p>NÃO-PROVIDO o recurso de LAKE SECURITIZADORA S.A.</p><p>O julgamento foi presidido pelo (a) Desembargador Luiz Carlos Gabardo, sem voto, e</p><p>dele participaram Desembargador Jucimar Novochadlo (relator), Desembargador Luiz Cezar Nicolau e</p><p>Desembargadora Luciane Bortoleto.</p><p>Curitiba, 30 de agosto de 2024.</p><p>Jucimar Novochadlo</p><p>Relator</p>

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