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<p>É lei o ensino de história e cultura africana e afro-brasileira nas escolas de Ensino Fundamental e Médio, por isso, desenvolveu-se esta disciplina.</p><p>Seus principais objetivos são:</p><p>· Entrar em contato com as literaturas dos Palop (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa) como: a angolana, moçambicana, cabo-verdiana.</p><p>· Incorporá-las à sua formação literária e cultural, levando em conta a necessidade da construção de um repertório plural</p><p>· Representar etnias e vivências culturais.</p><p>· Valorizar a cultura africana e seus ecos na cultura afro-brasileira e na literatura brasileira em geral.</p><p>· Espera-se que o aluno seja capaz de analisar e refletir de forma crítica sobre as literaturas africanas, levando em conta as relações culturais e literárias entre Brasil, África e Portugal.</p><p>Para fazermos isso, apresenta-se um panorama dessas literaturas, autores e obras mais representativos, considerando os períodos de colonização e pós-colonização, onde o marco divisor são as independências em 1975, com o fim do Salazarismo.</p><p>Os contextos históricos e sociais também serão apresentados, considerando o colonialismo, as guerras civis e o pós-colonialismo dos Palop (Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe).</p><p>Entre os principais autores, destacam-se os angolanos:</p><p>· Viriato Correia</p><p>· Agostinho Neto</p><p>· José Luandino Vieira</p><p>· Pepetela</p><p>· Ana Paula Tavares</p><p>· José Eduardo Agualusa</p><p>· Ondjaki</p><p>Entre os moçambicanos, destacam-se:</p><p>· José Craveirinha</p><p>· Noémia de Sousa</p><p>· Luís Bernardo Honwana</p><p>· Orlando Mendes</p><p>· Paulina Chiziane</p><p>· Mia Couto</p><p>· Ungulani Ba Ka Khosa</p><p>E entre os cabo-verdianos:</p><p>· Baltasar Lopes</p><p>· Orlanda Amarílis</p><p>· Corsino Fortes</p><p>As obras também serão estudadas pelo viés da prática de ensino, com propostas de atividades de aplicação tanto para o Ensino Fundamental quanto para o Ensino Médio.</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>A África se reflete não somente na cor da pele de muitos brasileiros, mas também em nossa música, costumes, literatura, brincadeiras, língua e entre outras manifestações pelos milhares e milhares de negros trazidos da África para o Brasil como escravos, para compor uma nação repleta de ambiguidades, entre riquezas e mazelas.</p><p>A Lei Federal n. 10.639, tornou obrigatório o ensino de história e cultura africana e afro-brasileira nas escolas de Ensino Fundamental e Médio.</p><p>Assim como o Brasil, vários países africanos foram colonizados pelos portugueses e estiveram submetidos à metrópole durante séculos, incorporando a língua portuguesa como oficial.</p><p>Contudo, esses países – Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe – conseguiram suas independências somente em 1975, após a Revolução dos Cravos e o fim do Salazarismo, a longa ditadura portuguesa.</p><p>Atualmente, esses países incorporam a sigla Palop.</p><p>Os territórios onde esses países se localizam, já eram habitados antes da chegada dos portugueses por diferentes povos, com línguas e costumes distintos, mas que foram silenciados e agrupados conforme as regras dos colonizadores.</p><p>Nascidas ainda no período do colonialismo, as literaturas africanas em língua portuguesa são distintas entre si, pois carregam suas especificidades nacionais, mesmo que possuam percursos históricos semelhantes.</p><p>Ou seja, não existe uma literatura africana, mas várias.</p><p>As literaturas em língua portuguesa convivem com as literaturas em línguas nativas, sejam elas orais ou escritas, como o quimbundo, umbundo, quicongo, cokwe, entre outras.</p><p>O colonialismo acabou quando ocorreu o desenvolvimento cultural do continente africano.</p><p>Mas mesmo após a independência, há ainda muitas lacunas a serem preenchidas e vozes a serem ouvidas.</p><p>Muitos escritores manifestaram em suas obras o desejo de resgatar o passado, entender melhor sua história, conhecer suas raízes e preencher essas lacunas, algo muito marcante na formação dessas histórias literárias.</p><p>O início dessas literaturas foi marcado pelos movimentos de resistência e de luta pela libertação política e por um resgate das tradições locais, principalmente na década de 1960.</p><p>Para se ter uma literatura nacional, é preciso que se tenha uma consciência nacional, uma ideia ampla de uma nação, promovida por grupos sociais específicos. Nesses países africanos, entretanto, essa consciência nacional é um fato recente, com pouco mais de 40 anos, em pleno processo de construção e afirmação.</p><p>PAÍSES AFRICANOS DE LÍNGUA OFICIAL PORTUGUESA</p><p>Os Palop (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa), como já dissemos, são:</p><p>· Angola</p><p>· Moçambique</p><p>· Cabo Verde</p><p>· Guiné-Bissau</p><p>· São Tomé e Príncipe</p><p>A língua portuguesa é a língua oficial de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe, mas somente no Brasil e em Portugal ela é a língua materna, ou seja, a língua aprendida desde a infância.</p><p>Além da língua oficial, esses países têm em comum o fato de terem sido colonizados pelos portugueses, tornando-se independentes somente em 1975, após a Revolução dos Cravos e o fim do Salazarismo.</p><p>O que foi a Revolução dos Cravos?</p><p>A "Revolução dos Cravos" foi um momento muito importante na história de Portugal. Imagine que havia um rei ou chefe que mandava em tudo, mas ele não deixava as pessoas falarem o que pensavam e nem tomarem decisões. As pessoas começaram a ficar tristes e com vontade de mudar isso.</p><p>Então, no dia 25 de abril de 1974, um grupo de soldados decidiu que era hora de fazer uma mudança, mas eles não queriam machucar ninguém. Eles saíram nas ruas com seus tanques e armas, mas ao invés de usar as armas para machucar as pessoas, eles colocaram cravos (que são flores) nas pontas delas.</p><p>As pessoas ficaram tão felizes com essa atitude que começaram a colocar cravos nas armas dos soldados e a comemorar nas ruas. Foi uma revolução sem violência, onde as flores venceram, e por isso ficou conhecida como a "Revolução dos Cravos." Depois disso, Portugal se tornou um país onde as pessoas podem falar o que pensam e escolher seus líderes de forma justa.</p><p>O que foi Salazarismo?</p><p>O "Salazarismo" foi uma época em Portugal em que um homem chamado António de Oliveira Salazar mandava no país, como se fosse o chefe de tudo. Ele começou a governar na década de 1930 e ficou no poder por muitos anos, até a década de 1970.</p><p>Salazar dizia o que as pessoas podiam ou não podiam fazer, como se todos tivessem que seguir as regras dele sem questionar. Ele não deixava as pessoas falarem o que pensavam se isso fosse contra as ideias dele, e quem tentava protestar ou reclamar podia ser preso ou ter problemas.</p><p>Ele também não gostava que as pessoas escolhessem seus líderes, então não havia eleições livres e justas, como temos hoje. As pessoas viviam com medo de falar ou fazer algo que ele não gostasse.</p><p>O "Salazarismo" durou muito tempo, mas as pessoas começaram a ficar cansadas de não ter liberdade. Por isso, a "Revolução dos Cravos" aconteceu em 1974, e as pessoas conseguiram mudar o país, fazendo com que todos pudessem ter mais liberdade e viver melhor.</p><p>Com exceção de Cabo Verde e de São Tomé e Príncipe, os outros territórios já eram habitados antes da chegada dos portugueses.</p><p>Como sabemos, o continente africano é composto por diferentes povos e etnias, com línguas e culturas bem variadas. Essa diversidade também é encontrada em um mesmo país.</p><p>Em Angola, por exemplo, a situação etnolinguística pode ser resumida da seguinte maneira:</p><p>Em Moçambique, há mais de 20 línguas reconhecidas. Estima-se que o número chegue a 43. Segundo a ONU (2020), somente 17% dos moçambicanos falam português como primeira língua.</p><p>Já em Cabo Verde, o crioulo cabo-verdiano (krioulu kauberdianu) é a língua materna, falada e escrita. Essa língua é a base da identidade cultural desse país e atravessa fronteiras.</p><p>Em Guiné-Bissau, a língua mais falada também se denomina crioulo, mas diferente do crioulo cabo-verdiano.</p><p>São Tomé e Príncipe também possui suas versões crioulas, como o forro ou santomense, o angolar, o tonga e o monco. Em Príncipe fala-se também o lunguye, uma mistura do português</p><p>com outros idiomas africanos.</p><p>O que é o crioulo?</p><p>O crioulo é como se fosse uma mistura de idiomas. Imagine que há duas pessoas que falam línguas diferentes e precisam conversar, mas não entendem as palavras uma da outra. Então, elas começam a misturar palavras de suas línguas para conseguir se entender.</p><p>No caso do crioulo, isso aconteceu entre as pessoas que falavam português antigo (que é como o português que falamos hoje, mas de muito tempo atrás) e as pessoas da África que falavam línguas africanas. Elas começaram a misturar as palavras e as maneiras de falar de ambos os idiomas, criando um novo idioma chamado crioulo.</p><p>Esse novo idioma tinha palavras do português, mas também palavras e sons das línguas africanas. Então, o crioulo é como uma língua nova que nasceu da união de duas outras, feita para que as pessoas pudessem se comunicar melhor.</p><p>Sendo assim, nos países, como aqueles que foram colonizados por Portugal no passado, a língua portuguesa é usada para as coisas mais importantes, como escrever leis, fazer documentos oficiais e governar o país.</p><p>Mas, mesmo sendo a língua oficial, não é a única língua que as pessoas falam nesses lugares. Existem outras línguas que as pessoas falam em casa, com suas famílias e amigos, que podem ser línguas locais ou que vieram de suas próprias culturas.</p><p>Então, o português é como a língua principal que todos precisam aprender para se comunicar com o governo e para as coisas oficiais, mas cada pessoa também pode falar outras línguas que fazem parte da sua história e cultura.</p><p>COLONIALISMO, PÓSCOLONIALISMO E DESCOLONIZAÇÃO</p><p>As literaturas africanas escritas em português falam muito sobre o tempo em que esses países eram colônias de Portugal, ou seja, quando Portugal mandava nesses lugares e as pessoas tinham que seguir as regras do Império Português.</p><p>Depois, essas literaturas também falam sobre o que aconteceu quando esses países conseguiram sua independência, a partir de 1975, e puderam começar a se governar sozinhos. Esse período é chamado de pós-colonial.</p><p>Uma coisa importante que acontece nas literaturas africanas pós-coloniais é que os escritores e as pessoas desses países sentem a necessidade de "descolonizar," que é um jeito de dizer que eles querem se livrar das ideias e das regras antigas que Portugal deixou.</p><p>Eles querem criar suas próprias ideias e contar suas histórias do jeito deles, sem ser influenciados pelo antigo domínio português. É como se eles quisessem se reconectar com suas raízes e culturas originais, deixando de lado o que foi imposto a eles durante a colonização.</p><p>O colonialismo na África aconteceu durante um período chamado "Modernidade," e foi impulsionado pelo sistema capitalista.</p><p>Os países europeus colonizaram a África com o objetivo de ganhar dinheiro, explorando os recursos naturais e as pessoas. O colonialismo não foi uma coisa simples; ele envolveu muitas partes diferentes, como economia, cultura, política, e relações sociais. Ele afetou profundamente as pessoas na África, mudando suas vidas de várias maneiras complicadas.</p><p>A partir disso, surgem diferentes movimentos em prol da liberdade, além de processos contínuos e intrincados com o da descolonização. Lutar pela independência política gera esse novo processo, o da descolonização, que vai muito além dessa luta.</p><p>Descolonizar é muito mais do que conseguir a liberdade política; é sobre mudar a forma como as pessoas pensam e se veem, para que elas possam valorizar sua própria cultura, língua e identidade.</p><p>É um processo contínuo e difícil, porque envolve mudar uma mentalidade que foi imposta durante muito tempo, fazendo com que os antigos colonizados deixem de se sentir inferiores ou dependentes do que vem da Europa ou dos Estados Unidos.</p><p>No final da década de 1990, o sociólogo peruano Aníbal Quijano começou a explorar novos conceitos para entender melhor as consequências do colonialismo nas sociedades latino-americanas. Foi introduzido termos como "colonialidade" e "decolonialidade," que, embora complexos, são amplamente utilizados hoje.</p><p>Aníbal Quijano</p><p>A colonialidade refere-se ao que acontece depois que o colonialismo oficialmente termina. Mesmo que as colônias tenham se tornado independentes, muitos dos aspectos do colonialismo continuam a existir e influenciar as antigas colônias. Isso significa que as antigas colônias ainda são tratadas como subordinadas, tanto econômica quanto culturalmente. As ideias, culturas e conhecimentos dessas sociedades são frequentemente desvalorizados ou ignorados, enquanto a cultura europeia ou norte-americana é vista como superior e mais valiosa. Isso afeta profundamente a forma como pensamos, como vemos a beleza, a religião, e a cultura em geral, que continuam sendo fortemente influenciadas por padrões vindos da Europa e dos Estados Unidos.</p><p>Por outro lado, a decolonialidade é o esforço para desafiar e desmontar essas estruturas de dominação e exploração que ainda persistem. É uma forma de questionar essa mentalidade eurocêntrica e reconhecer que a produção de conhecimento e cultura não deve ser dominada apenas por perspectivas europeias. Em vez disso, deve-se valorizar igualmente as contribuições e as experiências das culturas que foram colonizadas, buscando criar um mundo onde todas as culturas tenham o mesmo respeito e importância.</p><p>Os estudos decoloniais propõem uma nova forma de entender e interpretar a história e as teorias que, por muito tempo, foram aceitas sem questionamento.</p><p>Esses estudos desafiam a visão tradicional de que a modernidade foi um fenômeno que surgiu de maneira uniforme na Europa e, depois, foi levado para o resto do mundo. Em vez disso, eles argumentam que a modernidade deve ser vista como um fenômeno global, mas que foi formado por relações desiguais de poder entre as diferentes partes do mundo.</p><p>A modernidade não foi simplesmente algo criado na Europa e distribuído de maneira igualitária aos outros países, mas sim algo que envolveu uma dinâmica de dominação, onde as nações europeias exerceram poder e controle sobre outras regiões. Isso significa que a modernidade, está profundamente ligada às desigualdades e às injustiças que surgiram dessas relações de poder, e que entender a modernidade de forma justa e completa requer levar em conta essas desigualdades históricas.</p><p>Na África, o processo de colonização foi influenciado pela Conferência de Berlim, que ocorreu entre 15 de novembro de 1884 e 15 de fevereiro de 1885.</p><p>Durante essa conferência, representantes de 13 países europeus, além dos Estados Unidos e do Império Otomano, se reuniram para dividir o continente africano entre si.</p><p>Essa divisão foi feita sem considerar as diferentes línguas, culturas e etnias dos povos africanos. Basicamente, eles desenharam fronteiras e decidiram quais áreas cada país europeu controlaria, como se estivessem dividindo um grande mapa, mas sem se preocupar com as pessoas que já viviam ali.</p><p>Portugal, por exemplo, recebeu o controle de partes do sudoeste africano, que mais tarde se tornariam os países de Angola e Moçambique.</p><p>O jornal alemão Deutsche Welle destacou que, apesar de essa divisão ter sido feita "em conformidade com o direito internacional," nenhum representante africano foi convidado para participar da reunião, o que mostra como os interesses e as vozes dos africanos foram completamente ignorados.</p><p>Otto von Bismarck, o chanceler alemão que organizou a conferência, foi um dos principais responsáveis por essa divisão e é lembrado como uma figura cruel no contexto do colonialismo.</p><p>Sob seu comando, o Império Colonial Alemão se expandiu para territórios que hoje correspondem à Namíbia, Camarões, Togo e parte do Quênia. Outros países europeus também receberam grandes partes da África: a Grã-Bretanha ficou com áreas que hoje incluem a África do Sul, Nigéria e Zimbábue, enquanto a França controlou territórios como Marrocos, Argélia e Senegal.</p><p>Essa divisão arbitrária, feita sem consultar os africanos, teve consequências duradouras e dolorosas, pois as novas fronteiras desenhadas pelos europeus frequentemente</p><p>cortavam ao meio comunidades, ignoravam alianças históricas e forçavam diferentes grupos a viverem juntos sob o controle colonial.</p><p>O continente africano foi loteado arbitrariamente, o que gerou conflitos, guerras, miséria e subdesenvolvimento, efeitos nefastos do colonialismo que até hoje são percebidos.</p><p>Durante a colonização, os europeus criaram estados em regiões da África, como Angola, sem levar em consideração as realidades sociais e culturais locais. Em vez de formar uma "nação angolana" com uma identidade unificada, eles agruparam vários grupos sociais diferentes, que muitas vezes tinham línguas, tradições e até interesses conflitantes.</p><p>Esse agrupamento não foi feito de forma cuidadosa ou respeitosa, mas sim de maneira aleatória e arbitrária. Ao juntar esses grupos tão diversos e, às vezes, divergentes dentro de um mesmo estado, o poder colonial tinha um objetivo estratégico: manter e fortalecer o seu controle.</p><p>O professor Carlos Serrano explica que o poder colonial se beneficiava ao manter essas divisões e explorar as contradições entre os grupos. Ao estimular ou simplesmente permitir que esses grupos entrassem em conflito uns com os outros, os colonizadores conseguiam dominar mais facilmente toda a região.</p><p>Esse método de "dividir para reinar" é uma antiga tática de controle: ao causar ou perpetuar divisões internas, os colonizadores podiam justificar sua presença e manter seu poder, pois os grupos divididos tinham menos força para resistir à dominação estrangeira.</p><p>Bismarck dividindo o continente africano como se fosse um bolo.</p><p>E após tudo isso, cabe às literaturas e seus escritores o resgate de tradições, a busca de uma harmonia e identidade nacional, assim como o constante desejo de preencher as lacunas deixadas por tantos anos de alienação e exploração.</p><p>Assim, conhecer esse contexto colonial, os aspectos históricos, econômicos e sociais, assim como os diferentes conflitos como a guerra colonial e as guerras civis, entre outros, é imprescindível para entendermos o processo de formação das literaturas africanas.</p><p>Para se ter uma literatura nacional, é preciso que se tenha uma consciência nacional,</p><p>uma ideia ampla de uma nação, promovida por grupos sociais específicos. Nesses países africanos, essa consciência nacional é um fato recente e ainda está em processo de afirmação. Apesar das independências, ainda persiste nesses países uma mentalidade colonialista aliada ao subdesenvolvimento, uma visão ainda eurocêntrica, que desprestigia e inferioriza os povos africanos</p><p>O início das literaturas africanas foi marcado pelos movimentos de resistência e de luta pela libertação política, assim como por um resgate das tradições locais, principalmente nos anos 1960.</p><p>Vários escritores foram revolucionários que se envolveram em guerrilhas e nos movimentos de libertação.</p><p>Russell G. Hamilton explica que a história única das cinco colônias africanas de língua portuguesa (os PALOP: Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa) influenciou de maneira especial a forma como a literatura se desenvolveu nesses países.</p><p>Durante as últimas três décadas da colonização, os escritores dessas colônias começaram a usar a literatura como uma forma de reivindicar a identidade cultural, protestar contra as injustiças sociais e expressar a resistência contra o regime colonial.</p><p>Essas expressões literárias — por meio de poemas, contos, romances e peças teatrais — foram fundamentais para preparar o terreno para a literatura pós-colonial que surgiria após a independência.</p><p>Esses textos muitas vezes se opunham abertamente ao regime colonial, refletindo a luta pela liberdade e a resistência ao domínio estrangeiro. Hamilton menciona que, em qualquer sociedade ou época, a literatura tende a apoiar ou contestar o regime em vigor, e no caso dos PALOP, a literatura foi uma ferramenta poderosa de contestação.</p><p>Após a vitória dos movimentos de libertação nesses países, surgiu uma nova forma de literatura, que não apenas celebrava a queda do colonialismo, mas também exaltava a revolução social e a reconstrução nacional. Essa literatura pós-colonial tornou-se uma maneira de afirmar a nova identidade dos países, refletindo a mudança de poder e o início de uma nova era na história dessas nações.</p><p>REFLEXÕES SOBRE O ENSINO DE LITERATURAS AFRICANAS EM LÍNGUA PORTUGUESA</p><p>A Lei n. 10.639/2003 foi criada após anos de luta do Movimento Negro no Brasil.</p><p>Essa lei tornou obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana em todas as escolas de Ensino Fundamental e Médio, tanto públicas quanto privadas.</p><p>Isso significa que os alunos devem aprender sobre a história da África, as contribuições dos africanos e dos afrodescendentes na formação do Brasil, e a cultura negra em geral.</p><p>O artigo 26-A da lei especifica que o conteúdo programático deve incluir:</p><p>· O estudo da história da África.</p><p>· A luta dos negros no Brasil.</p><p>· Como o povo negro contribuiu para a sociedade brasileira nas áreas social, econômica e política.</p><p>· Esses conteúdos devem ser integrados em todo o currículo escolar, especialmente nas disciplinas de Educação Artística, Literatura, e História do Brasil.</p><p>A criação dessa lei foi um passo importante para reconhecer e valorizar a contribuição dos negros na construção da identidade e cultura brasileira, corrigindo uma lacuna histórica no ensino que por muito tempo negligenciou essas importantes partes da história do país.</p><p>Incluir essas literaturas no currículo não é apenas uma maneira de enriquecer a formação dos professores, mas também é uma exigência legal, para que eles tenham o conhecimento e as ferramentas necessárias para ensinar seus alunos na Educação Básica.</p><p>Embora a literatura brasileira tenha um papel central nos estudos literários, é essencial também estudar outras literaturas estrangeiras, como as africanas, em um contexto de estudos comparados.</p><p>A Lei n. 10.639 destaca que a formação da sociedade brasileira deve considerar as contribuições dos negros, tanto no passado quanto no presente. Portanto, ao elaborar currículos escolares, é fundamental incluir as literaturas africanas, seus autores e suas obras.</p><p>Além disso, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), um documento oficial que orienta o que deve ser ensinado nas escolas brasileiras, foi homologada para o Ensino Fundamental em 2017 e para o Ensino Médio em 2018, reforçando a necessidade de incluir a diversidade cultural e literária, como as literaturas africanas, no currículo escolar.</p><p>Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), uma competência é a capacidade de usar conhecimentos, habilidades, atitudes e valores para resolver problemas complexos do cotidiano, da cidadania e do mundo do trabalho.</p><p>A BNCC define competências para diferentes etapas do Ensino Fundamental e também competências específicas para o ensino da língua portuguesa.</p><p>Um exemplo é a competência 9, que se refere à leitura literária. Ela enfatiza a importância de envolver os alunos em práticas de leitura que ajudem a desenvolver o senso estético e a apreciação da literatura e das artes. Isso é visto como uma forma de proporcionar experiências enriquecedoras e transformadoras, que ajudam a criar um senso de imaginação e encantamento, além de valorizar a literatura como um meio importante de desenvolvimento humano e cultural.</p><p>As habilidades dos alunos são organizadas em diferentes áreas de atuação, como jornalismo, vida pública, estudo e pesquisa, e arte-literatura. Cada uma dessas áreas envolve práticas de linguagem específicas: falar, ler, escrever e analisar textos e sinais.</p><p>O foco aqui é o campo artístico-literário, onde o objetivo é ampliar o contato dos alunos com diversas manifestações culturais e artísticas e analisar essas produções de forma mais aprofundada. No Ensino Médio, essa análise se torna ainda mais detalhada, com uma ênfase na formação do leitor literário e na apreciação da literatura.</p><p>Os alunos são encorajados a estudar e avaliar não só os clássicos da literatura, mas também diferentes gêneros e formas de produções culturais, como</p><p>resenhas, vlogs, podcasts, filmes e peças teatrais.</p><p>Além disso, eles exploram como o texto literário é apropriado e transformado em outros formatos, como remídias (novas versões de obras existentes), paródias, e fanfics (histórias criadas por fãs baseadas em obras existentes). Essas atividades ajudam a desenvolver habilidades técnicas e estéticas mais sofisticadas, aprimorando a capacidade dos alunos de entender e criar produções artísticas e literárias.</p><p>A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para o Ensino Fundamental e Médio orienta a inclusão dos estudos sobre a cultura e história africana e afro-brasileira nas escolas.</p><p>A BNCC destaca que esses temas não devem ser abordados apenas nas aulas de história, mas devem ser integrados de maneira significativa em todo o currículo escolar.</p><p>Isso significa reconhecer e valorizar essas culturas como parte fundamental da história do Brasil, e permitir que os alunos entendam o papel dessas populações na formação da sociedade brasileira.</p><p>Na área de língua portuguesa, para os alunos do 6º ao 9º ano, a BNCC enfatiza a importância de formar leitores críticos e apreciadores da literatura. Isso envolve desenvolver habilidades para compreender como as obras e produções culturais são criadas e recebidas, e analisar os recursos linguísticos e semióticos usados para criar experiências estéticas.</p><p>Para o Ensino Médio, a BNCC propõe uma ampliação do que foi aprendido no Ensino Fundamental, com a inclusão de textos mais complexos, incluindo obras da tradição literária brasileira e portuguesa, assim como literatura contemporânea e de outras culturas, como a indígena, africana e latino-americana. Além disso, o currículo deve diversificar ainda mais as produções culturais estudadas, incluindo músicas contemporâneas, minicontos, best-sellers, e literatura juvenil, tanto brasileira quanto estrangeira.</p><p>A BNCC também recomenda incluir obras da tradição popular e folclórica, que ajudam os alunos a se conectar com as culturas que influenciam a identidade de diferentes regiões do Brasil.</p><p>Há a proposta de incluir uma ampla variedade de gêneros e linguagens no ensino da literatura, desde tradições orais e populares até novos formatos digitais, que envolvem o uso de tecnologias como computadores, smartphones e a internet.</p><p>O objetivo é que os alunos desenvolvam habilidades para analisar e entender obras literárias de diferentes culturas e contextos, como a literatura brasileira, portuguesa, indígena, africana e latino-americana.</p><p>No entanto, a implementação desse ensino enfrenta desafios.</p><p>Primeiro, há uma limitação no acesso a livros de autores africanos no Brasil, o que dificulta a inclusão dessas obras nas bibliotecas escolares. Em segundo lugar, muitos educadores ainda não estão familiarizados com as literaturas africanas e precisam de formação contínua para poder ensinar essas obras de maneira eficaz. Além disso, existe o problema do preconceito, que pode dificultar a aceitação e o estudo dessas produções literárias que são importantes para a nossa compreensão cultural e histórica.</p><p>É importante superar esses obstáculos para garantir que as literaturas africanas e outras culturas sejam adequadamente representadas e ensinadas nas escolas. A proposta é usar exemplos e práticas recomendadas nos documentos oficiais para criar projetos que incentivem a leitura e o aprendizado sobre essas literaturas, enfrentando preconceitos e promovendo uma visão mais inclusiva e diversificada da literatura e da cultura.</p><p>LITERATURA ANGOLANA - CONTEXTO HISTÓRICO E SOCIAL</p><p>Angola, país situado na costa ocidental da África, do outro lado do oceano Atlântico fazendo limites com a República Democrática do Congo, a Zâmbia e a Namíbia.</p><p>As principais cidades frequentemente citadas nos contos e romances angolanos, Luanda, Benguela, Huambo e Cabinda (região rica em petróleo).</p><p>A história de Angola, assim como a de outras ex-colônias africanas, foi profundamente influenciada pelo colonialismo e pela luta para se libertar dele.</p><p>O colonialismo português em Angola, que foi particularmente intenso durante o período do Salazarismo em Portugal, gerou uma forte resistência local. Essa luta pela independência se intensificou na década de 1960, quando movimentos de guerrilha e outros esforços foram organizados para desafiar o domínio colonial.</p><p>A independência de Angola, conquistada em 1975, foi precedida por um longo período de resistência que começou com iniciativas mais pacíficas, como a imprensa e a literatura, incluindo o movimento "Vamos Descobrir Angola" de 1948.</p><p>À medida que a resistência se tornou mais intensa, especialmente a partir dos anos 1960, as ações foram mais diretamente confrontativas, incluindo a luta armada contra as políticas opressivas do Salazarismo.</p><p>O processo de libertação de Angola refletiu uma série de esforços contínuos para se livrar da dominação colonial, com a resistência se tornando cada vez mais organizada e agressiva, especialmente à medida que as colônias africanas lutavam contra a repressão crescente imposta por Portugal.</p><p>Assim, o processo de libertação e as questões políticas confundiam-se com as produções literárias.</p><p>Após conquistar a independência, Angola enfrentou uma guerra civil devastadora, caracterizada por conflitos internos intensos. Essa guerra não foi apenas uma luta pelo poder entre diferentes facções, mas também um reflexo das complexas divisões étnicas e ideológicas existentes no país. A situação foi ainda mais complicada porque Angola se tornou um campo de batalha da Guerra Fria, com potências estrangeiras envolvendo-se diretamente no conflito, usando o país como um laboratório para suas estratégias e armamentos, incluindo a devastadora presença de minas terrestres.</p><p>O professor Carlos Serrano explica que a diversidade étnica em Angola foi manipulada pelo poder colonial, que incentivava divisões entre os diferentes grupos para manter o controle e dificultar a unificação e a independência. Essa estratégia de "dividir para reinar" ajudou a prolongar a dominação colonial, ao explorar e acirrar as rivalidades internas.</p><p>Após a independência, a falta de consenso entre os grupos de resistência, que tinham origens étnicas e regionais distintas e interesses variados, levou a um cenário de luta interna.</p><p>A Unita, composta pelos ovimbundos do sul, a FNLA, liderada pelos bacongos do norte, e o MPLA, que representava os quimbundos do centro, estavam entre os principais grupos em conflito.</p><p>A divergência entre essas facções, exacerbada por influências externas, resultou em um conflito prolongado e complexo, onde as lutas foram não apenas contra o colonialismo, mas também entre os próprios angolanos.</p><p>Após a independência de Angola, o MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola) assumiu o poder. O MPLA tinha um grande número de apoiadores e era bem organizado.</p><p>Agostinho Neto, era presidente do MPLA, tornou-se o primeiro presidente de Angola. O MPLA, originalmente conhecido como PLUA (Partido de Luta Unida), foi um dos primeiros grupos revolucionários em Angola e seu manifesto de 1956 destacava a luta revolucionária e a unidade nacional. Muitos militantes do MPLA enfrentaram repressão violenta e foram forçados a fugir do país para continuar sua luta. Durante a luta pela independência, muitos angolanos morreram em combate ou devido à repressão colonial.</p><p>Após a independência, Angola foi governada por José Eduardo dos Santos, que presidiu o país de 1979 até 2017. Durante seu governo, o país não realizou eleições, afastando-se dos princípios democráticos.</p><p>Atualmente, o general João Lourenço, que era vice-presidente do MPLA, é o chefe de estado. Embora Angola esteja em paz, o país ainda enfrenta sérios problemas, como autoritarismo, falta de liberdade de expressão, miséria e desigualdades sociais.</p><p>João Lourenço – Presidente da Angola</p><p>LITERATURA ORAL OU ORALITERATURA</p><p>A literatura de Angola começou a se formar no século 19, enquanto o país ainda era uma colônia de Portugal.</p><p>Naquela época, pessoas de Angola começaram a escrever livros e histórias.</p><p>Mas, muito antes disso, os angolanos já tinham uma rica tradição de contar histórias de boca em boca.</p><p>Essas histórias orais, que passaram de geração para geração, são muito antigas e fazem parte da cultura desde os primeiros tempos da humanidade.</p><p>A professora Tânia Macedo fala sobre isso em um livro, dizendo que, como há muitos grupos diferentes na África, cada um tem suas próprias maneiras de contar histórias. Por isso, é importante não achar que todos os grupos africanos fazem as coisas do mesmo jeito. Cada um tem suas próprias tradições e formas especiais de contar e guardar suas histórias.</p><p>Em Angola, há muitos grupos de pessoas, e cada um tem suas próprias línguas e tradições.</p><p>A literatura escrita em Angola começou no século 19, mas a tradição de contar histórias oralmente é muito mais antiga e vem desde os primeiros tempos da comunicação humana.</p><p>O que é chamado de "oratura" ou literatura oral é um conjunto de histórias e tradições que são passadas de boca em boca. Essas histórias são tão importantes que, hoje em dia, algumas delas foram escritas para que possam ser preservadas.</p><p>Um estudioso chamado Héli Chatelain, que chegou a Angola no final do século 19, identificou diferentes tipos de histórias baseadas na língua quimbundo. Como:</p><p>· Mi-sosso</p><p>· Maka</p><p>· Ma-lunda ou mi-sendu</p><p>· Ji-sabu</p><p>· Mi-imbu</p><p>· Ji-nongonongo</p><p>Em Angola, existem diferentes tipos de histórias e maneiras de contar essas histórias.</p><p>As histórias chamadas mi-sossos são como contos de fadas. Elas têm coisas mágicas e fantásticas, e sempre começam e terminam com uma frase especial. Por exemplo, o contador de histórias pode começar dizendo "ku-ta", que significa algo como "vou contar uma história", e a audiência responde com "Venha ela", mostrando que está pronta para ouvir. Nessas histórias, os animais podem falar e agir como pessoas. Pode-se ouvir sobre a lebre, o leão, o macaco e outros animais em papéis importantes.</p><p>As maka são histórias que as pessoas acreditam serem verdadeiras ou baseadas em fatos reais.</p><p>Já as ma-lunda são histórias antigas passadas pelos mais velhos, que são como crônicas históricas e muitas vezes têm segredos que só alguns conhecem bem.</p><p>Os ji-sabu são provérbios, que são frases curtas e sábias usadas no dia a dia para ensinar ou refletir sobre a vida.</p><p>Os mi-imbu são poemas que são cantados ou recitados de diferentes formas, às vezes mais como música do que como palavras.</p><p>Finalmente, os ji-nongonongo são adivinhas que ajudam a exercitar o cérebro e a memória, fazendo as pessoas pensarem e se divertirem ao mesmo tempo.</p><p>A literatura escrita muitas vezes se inspira na tradição oral.</p><p>Um bom exemplo é um poema chamado "Serão do menino", do poeta Viriato da Cruz. Nesse poema, ele fala sobre um grupo de crianças que adoram ouvir histórias que suas avós contam. Uma dessas histórias é sobre um leão e um chacal.</p><p>“Na história, o leão tinha um bode e o chacal tinha uma cabra. O chacal pediu ao leão para emprestar o bode para cruzar com a cabra, e assim nasceram dois cabritinhos. Um dos filhotes foi oferecido ao leão, mas ele não aceitou, achando que os dois cabritinhos eram dele por direito. O chacal não concordou e pediu ajuda ao cágado, que é um tipo de tartaruga. O cágado criou um plano para ajudar o chacal. Ele chegou atrasado ao julgamento e disse que se atrasou porque seu pai tinha dado à luz, o que fez todos os animais se perguntarem como um pai poderia dar à luz, já que só as mães fazem isso. Com isso, todos entenderam que o julgamento estava errado e que os cabritinhos deveriam ficar com o chacal. Então, o leão perdeu a disputa e os dois cabritinhos ficaram com o chacal.”</p><p>· Possui ambientação, com a composição de um lugar propício para a contação de histórias, a noite morna e escura, iluminada pelas estrelas e por uma fogueira.</p><p>· Ela se inicia com um “Era uma vez...”.</p><p>· A sinestesia se faz presente, em uma rima suave com avós, enfatizando o momento de acalanto.</p><p>· Recursos como aliterações e assonâncias (quente da voz / de suas avós, meninos se encantam / de contos bantos) e onomatopeia (tuc... tuc...) reforçam a oralidade dos versos.</p><p>· Os versos apresentam uma certa moral a partir de uma concepção maniqueísta em que o Bem (corça) vence o Mal (leão).</p><p>LITERATURA ANGOLANA E SEUS ESCRITORES</p><p>Apresentaremos a você alguns dos nomes mais significativos, por vezes objeto de pesquisas acadêmicas e cujas obras são de fácil acesso. Faremos aqui uma seleta de autores e comentaremos suas principais obras.</p><p>No século 19, o jornalismo foi uma das principais manifestações escritas de Angola e os jornais foram o principal veículo da divulgação de obras literárias.</p><p>Um dos jornalistas importantes da época foi o português Alfredo Troni (1845–1904), também um prosador ficcional.</p><p>Ele viveu grande parte de sua vida em Angola e escreveu uma história chamada "Nga Mutúri" (ou "Senhora viúva"). Essa história foi publicada em partes nos jornais em Lisboa, Portugal, em 1882, e só mais tarde foi publicada como um livro em 1973.</p><p>"Nga Mutúri" conta a história de uma menina negra que era escrava e amante de um comerciante branco. Quando ele morre, ela se torna "Nga Mutúri", ou "senhora viúva". A história se passa em dois lugares: o lugar onde vivia o povo dela, que é longe de Luanda, e a cidade de Luanda, para onde ela foi levada. O livro mostra como a protagonista passa por mudanças, aprendendo a se adaptar ao novo lugar e a respeitar as regras locais, mesmo que isso signifique abrir mão de suas tradições. A obra é considerada importante porque foi uma das primeiras a mostrar como era a vida em Angola e a experiência das pessoas lá.</p><p>“VAMOS DESCOBRIR ANGOLA!”</p><p>Durante o período colonial em Angola, lá pelos anos 1940, os escritores angolanos começaram a se organizar para criar uma literatura própria.</p><p>Eles formaram um grupo chamado Movimento dos Novos Intelectuais de Angola com o lema "Vamos descobrir Angola!"</p><p>Esse grupo queria mostrar a verdadeira cultura e os interesses do povo angolano através de suas obras.</p><p>Eles publicaram livros e revistas para espalhar suas ideias e histórias. Uma das publicações importantes foi a "Antologia dos Novos Poetas de Angola" e a revista "Mensagem – a voz dos naturais de Angola."</p><p>Essas iniciativas ajudaram a criar um "sistema literário", que é um jeito de descrever como a literatura é produzida, lida e compartilhada.</p><p>Os escritores angolanos também se inspiraram muito nos escritores brasileiros, especialmente no movimento modernista brasileiro, que começou em 1922. Eles aprenderam com autores famosos como Jorge Amado, José Lins do Rego e Manuel Bandeira, e usaram essas influências para ajudar a desenvolver sua própria literatura.</p><p>Eles acharam que os escritores do Brasil eram um bom exemplo a seguir, especialmente porque o Brasil tinha passado por experiências semelhantes às de Angola, como ter sido uma colônia.</p><p>Durante o período colonial, os escritores angolanos não podiam explorar a cultura africana como gostariam porque o governo colonial não permitia.</p><p>Então, eles olharam para a literatura brasileira, que era mais livre e refletia uma mistura de culturas, para encontrar inspiração.</p><p>O Brasil, que tinha muitos descendentes de africanos, servia como um modelo para os angolanos porque mostrava uma forma diferente de lidar com a literatura e a cultura.</p><p>Além dos escritores brasileiros, Angola tem muitos autores importantes, como:</p><p>· Alfredo Troni</p><p>· Castro Soromenho</p><p>· Pepetela</p><p>Esses escritores ajudam a formar e manter a literatura de Angola.</p><p>VIRIATO DA CRUZ (1928–1973)</p><p>image3.jpeg</p><p>image4.jpeg</p><p>image5.png</p><p>image6.jpeg</p><p>image7.jpeg</p><p>image8.jpeg</p><p>image9.png</p><p>image10.jpeg</p><p>image11.jpeg</p><p>image12.png</p><p>image13.jpeg</p><p>image14.jpeg</p><p>image15.jpeg</p><p>image16.jpeg</p><p>image17.jpeg</p><p>image18.jpeg</p><p>image19.jpeg</p><p>image20.png</p><p>image21.jpeg</p><p>image22.jpeg</p><p>image23.jpeg</p><p>image24.jpeg</p><p>image25.jpeg</p><p>image26.jpeg</p><p>image1.jpeg</p><p>image2.png</p>

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