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<p>Tema 01: Seguridade Social na Constituição: natureza jurídica e princípios constitucionais. A proteção da Assistência Social na Constituição e o benefício de prestação continuada na Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS).</p><p>01ª QUESTÃO:</p><p>Os aposentados por incapacidade permanente no Regime Geral de Previdência Social (RGPS) do INSS que, além da incapacidade para o trabalho, também necessitam da assistência permanente de outra pessoa, têm o valor da aposentadoria acrescido de 25% (art. 45, da Lei n° 8.213/1991).</p><p>Sabendo disso, Mario, que recebe aposentadoria programada, mas que, após a concessão, passou também a necessitar de auxílio permanente de outra pessoa, ingressa com ação na Justiça Federal com pedido de extensão do acréscimo de 25% ao valor de sua aposentadoria. Como deve decidir o juiz e, principalmente, com base em qual princípio constitucional?</p><p>Resposta:</p><p>O pedido de extensão não pode ser concedido. O STF, em sede de recursos repetitivos, decidiu o acréscimo de 25% previsto no art. 45 da Lei 8.213/91 (grande invalidez ou auxílio-acompanhante ou aposentadoria valetudinária) só se aplica para a aposentadoria por invalidez (aposentadoria por incapacidade permanente), não podendo ser estendido para outras espécies de aposentadoria.</p><p>Isso porque, segundo a Corte, no âmbito do RGPS, somente a lei pode criar ou ampliar benefícios e vantagens previdenciárias, não havendo, por ora, previsão de extensão do auxílio da grande invalidez a todas às espécies de aposentadoria.</p><p>Aplica-se ao caso, o princípio da prévia fonte de custeio (art. 195, § 5º, CRFB/88), que visa garantir o equilíbrio financeiro do sistema previdenciário, sendo uma das características que diferenciam a previdência dos outros segmentos da seguridade social – saúde e assistência social.</p><p>Com efeito, a Corte Constitucional não tem legitimidade para suprir ou suplantar a atuação legislativa na seara da proteção aos riscos previdenciários.</p><p>O regime previdenciário brasileiro é regido pelo princípio da distributividade, o qual remete ao legislador ordinário a escolha dos riscos sociais e dos segurados que serão atendidos por determinado benefício. Sendo assim, a criação ou extensão dos benefícios previdenciários é uma opção política a ser exercida pelo legislador, em momento e lugar adequados para a reflexão e análise sobre a questão. As razões que inspiraram a edição da súmula vinculante 37 podem ser aplicadas, mutatis mutandis, à solução da controvérsia analisada:</p><p>Súmula vinculante 37, STF: Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob fundamento de isonomia.</p><p>02ª QUESTÃO:</p><p>Maria da Silva era casada com Arlindo, aposentado pelo INSS e que recebia o benefício no valor de um salário-mínimo. Maria requereu o pagamento do benefício assistencial de prestação continuada, que foi indeferido sob fundamento de que a renda familiar per capita ultrapassava o limite previsto na Lei 8.742/1993. Irresignada, Maria propôs ação judicial. Como o juiz deve decidir?</p><p>Resposta:</p><p>Nos termos do art. 20, § 3º, da LOAS, o benefício assistencial de prestação continuada será concedido para famílias com renda per capita igual ou inferior a 1/4 do salário-mínimo. Ainda, esse benefício poderá ser ampliado para meio salário-mínimo, mediante regulamento, conforme o disposto no art. 20, § 11-A, da LOAS.</p><p>Porém, segundo entendimento do STF, esse critério de 1/4 do salário-mínimo é inconstitucional. Mesmo assim, o legislador, com a Lei 14.176/2021, manteve esse critério de 1/4, apenas prevendo sua possibilidade de majoração para 1/2.</p><p>No entanto, há de se considerar que, segundo o STF e o STJ, a condição de miserabilidade pode ser provada por outros meios. No âmbito do STF, trata-se de tese em sede de recurso repetitivo e, portanto, vinculante para os juízes e tribunais.</p><p>Com isso, o juiz deverá analisar se Maria realmente se encontra em condição de miserabilidade, para fins de concessão do benefício, mediante a análise das provas apresentadas no processo.</p><p>Tema 02: Previdência Privada Fechada e Aberta: regras constitucionais e as principais previsões da LC 109/2001.</p><p>01ª QUESTÃO:</p><p>Diante de difícil situação financeira e atuarial de determinado Fundo de Pensão, seus administradores apresentaram um plano de recuperação que prevê o auxílio financeiro da União, com um aporte substancial de recursos para garantir o equilíbrio do sistema e a regularidade do pagamento das complementações de aposentadorias a milhares de beneficiários. Pergunta-se: seria possível à União, mediante previsão legal, subsidiar a recuperação do Fundo de Pensão?</p><p>Resposta:</p><p>Em se tratando de previdência complementar, o Estado não é garantidor, conforme o disposto no art. 40, § 15 c/c art. 202, § 3º, ambos da CRFB/88. Logo, não é possível a União subsidiar a recuperação do fundo de pensão (entidade fechada de previdência complementar) diante da vedação constitucional.</p><p>02ª QUESTÃO:</p><p>Um beneficiário da Fundação Rede Ferroviária de Seguridade Social (REFER), que concede benefícios complementares a empregados da RFFSA, recorre da decisão do juiz de Direito que declinou da competência para julgar ação proposta em face da Fundação, sob argumento de que haveria interesse da União, nos termos do art. 109, I, da Constituição. Intimada, a União alega que a demanda envolve apenas interesses entre particulares. Como deve o tribunal decidir o recurso?</p><p>Resposta:</p><p>O Tribunal deve reconhecer a competência da justiça estadual, em razão da súmula 505 do STJ: “A competência para processar e julgar as demandas que têm por objeto obrigações decorrentes dos contratos de planos de previdência privada firmados com a Fundação Rede Ferroviária de Seguridade Social – REFER é da Justiça estadual”.</p><p>O STJ pacificou o tema, afirmando que a competência para processar e julgar as demandas que têm por objeto obrigações decorrentes dos contratos de planos de previdência privada firmados com a Fundação Rede Ferroviária de Seguridade Social — REFER é da Justiça ESTADUAL.</p><p>Segundo o STJ, a competência somente seria da Justiça Federal se a União, suas autarquias federais ou empresas públicas figurassem na causa como autoras, rés, assistentes ou oponentes.</p><p>No caso em tela, não existe vínculo de direito material entre a União e o associado ou ex-participante de plano de previdência privada firmado com a REFER a justificar o deslocamento da competência para a Justiça Federal.</p><p>A REFER possui personalidade jurídica própria, sendo uma fundação privada, e, portanto, não se confunde com a personalidade jurídica da sua instituidora e patrocinadora, ou seja, a extinta RFFSA, sociedade de economia mista que sequer é demandada nesses casos. O fato de a Lei nº 9.364/96 ter autorizado que a União pagasse os débitos da RFFSA junto à REFER não faz com que o ente federal passe a ter interesse nas demandas propostas pelos participantes contra a entidade de previdência.</p><p>Não se aplica a Súmula 365 do STJ porque a União, nas demandas dos participantes contra a REFER, não tem interesse no feito e não faz a intervenção no processo. Somente se a União manifestar interesse e decidir intervir no processo é que a causa irá ser deslocada para a Justiça Federal.</p><p>Tema 03: A estrutura previdenciária pública no Brasil. Regime Geral de Previdência Social (RGPS): conceito e riscos sociais protegidos; previsão constitucional no art. 201, da CRFB. Competência da Justiça para julgar ações de interesse do INSS.</p><p>01ª QUESTÃO:</p><p>O Município de Cipoal de Fora impetrou mandado de segurança contra ato do Delegado Regional da Secretaria de Receita Federal do Brasil e requereu liminar para suspender a exigibilidade do suposto crédito tributário, com todos os consectários legais, advindos da aplicação do art. 40, § 13 da Constituição Federal aos servidores celetistas que, até então, vinham contribuindo para o fundo de previdência do município e, a partir da referida norma, vincularam-se, no entendimento estatal, ao INSS. Decida a questão.</p><p>Resposta: ADI 2024 – celetista é empregado público</p><p>O art. 40, § 13 da CRFB</p><p>obriga a filiação ao RGPS, de modo que seria ilegal manter um regime próprio para os sujeitos elencados no dispositivo. Portanto, a ordem deve ser denegada.</p><p>02ª QUESTÃO:</p><p>José Alves, que percebe auxílio por incapacidade temporária (auxílio-doença) decorrente de acidente do trabalho, tem seu benefício suspenso pelo INSS, sem prévio aviso, tendo somente recebido uma singela carta após a suspensão, explicitando que a autarquia previdenciária considera sua prestação ilegal, em decorrência de fraude.</p><p>Irresignado, José, por meio de seu advogado, vem a impetrar mandado de segurança contra o ato do Chefe da Agência do INSS responsável pela suspensão. Ingressa com o feito perante o Juízo Estadual. O INSS, preliminarmente, pede o reconhecimento da incompetência absoluta do juízo. Decida a respeito da questão.</p><p>Resposta:</p><p>Sobre a competência, a preliminar deve ser acolhida, pois a competência é da Justiça Federal, na forma do art. 109, VIII, da CRFB/88, pois trata-se de mandado de segurança contra ato de autoridade de autarquia federal.</p><p>No mérito, a ordem deve ser concedida, pois não foi observado o processo administrativo regular, com garantia do contraditório e da ampla defesa (art. 5º, LV, CRFB/88).</p><p>Tema 04: RGPS: beneficiários: segurados e dependentes; empresa e empregador doméstico; filiação e inscrição; tipologia das prestações.</p><p>01ª QUESTÃO:</p><p>Durante 12 (doze) anos João Paulo, advogado, efetuou o pagamento de suas contribuições previdenciárias na condição de contribuinte individual. Em razão de ter sido aprovado em concurso público estadual, para o cargo que lhe impede de exercer a advocacia, passou a dedicar-se, exclusivamente, à sua nova função, e a contribuir para seu regime próprio de previdência. Indaga-se:</p><p>a) João poderá continuar a contribuir para o RGPS, na condição de segurado facultativo, a fim de obter benefício futuro?</p><p>b) Caso negativo, os anos de contribuição poderão ser computados para a obtenção de aposentadoria através do seu regime próprio de previdência?</p><p>Resposta:</p><p>a) Não, pois é expressamente vedado pelo art. 201, § 5º da CRFB/88. Ademais, cabe ressaltar que o RGPS não configura uma previdência complementar.</p><p>b) Sim, trata-se de possibilidade expressamente prevista no art. 201, § 9º da CRFB.</p><p>02ª QUESTÃO:</p><p>Enzo, menor sob a guarda de Asclepíades, segurado do RGPS, pleiteia a concessão de pensão após a morte de seu guardião. O INSS indefere o requerimento, sob argumento de que não há previsão, na Lei n. 8.213/1991, de proteção do menor sob guarda como dependente.</p><p>Enzo propõe ação judicial na qual pleiteia a condenação do INSS na concessão do benefício. Decida a questão.</p><p>Resposta:</p><p>A Lei 8.213/91 não prevê o menor sob guarda como dependente (art. 16). Porém, o art. 33, § único do ECA estabelece que a guarda confere a condição de dependente para fins previdenciários. Diante disso, os Tribunais Superiores entenderam que, apesar do silêncio da Lei 8.213/91, aplica-se a norma do ECA, em razão do princípio da proteção integral da criança e do adolescente (art. 227, CRFB).</p><p>Porém, posteriormente, o art. 23, § 6º da EC 103/2019 estabeleceu que se equiparam a filhos, para fins de recebimento de pensão por morte, exclusivamente o enteado e o menor tutelado. Com isso, há quem defensa que a EC 102/2019 não recepcionou o art. 33, § 3º do ECA.</p><p>Contudo, o art. 23, § 6º da CRFB é inconstitucional, pois viola o princípio da proteção integral do art. 227 da CRFB, afetando diretamente direitos fundamentais do menor, garantidos pelo sujeito falecido.</p><p>Tema 05: RGPS: manutenção da qualidade de segurado (período de graça); acidente do trabalho; período de carência; conceito de renda mensal inicial e de salário-de-benefício.</p><p>01ª QUESTÃO:</p><p>Carlota da Silva desenvolve lesão por esforço repetitivo - LER, o que a torna temporariamente inapta para suas atividades. Ao requerer o benefício de auxílio por incapacidade temporária (auxílio-doença), insurge-se quando o INSS lhe concede o auxílio de natureza previdenciária (comum), pois, na sua opinião, teria direito à modalidade acidentária, já que entende ter adquirido doença ocupacional derivada do seu trabalho. Todavia, como não houve emissão de comunicação de acidente do trabalho - CAT, manteve o INSS o deferimento inicial. Haveria alguma saída para que Carlota possa obter o benefício com natureza acidentária, mesmo sem emissão de CAT?</p><p>Resposta:</p><p>O CAT somente possui fins estáticos e epidemiológicos, não sendo pré-requisito para a concessão de benefício (art. 336 do Decreto nº 3.048/99. Portanto, ele é dispensável.</p><p>A solução seria realizar perícia médica do INSS para constatar a ocorrência de nexo técnico epidemiológico (art. 21-A da Lei 8.213/91 c/c art. 337, § 3º, do Decreto nº 3.048/99) com a finalidade de constatar a natureza acidentária da incapacidade.</p><p>02ª QUESTÃO:</p><p>Lucilaine requereu ao INSS a concessão de pensão pela morte de seu marido, contribuinte individual.</p><p>Autarquia indeferiu o pedido, sustentando que o falecido havia perdido a qualidade de segurado antes do óbito pelo decurso do prazo previsto no art. 15, da Lei n° 8.213/1991.</p><p>Proposta ação judicial, a autora argumentou que providenciou o pagamento de contribuições do ex-segurado após o óbito dele, o que faria com que o período tivesse que ser considerado para o efeito de manutenção da filiação.</p><p>Em contestação, o INSS resiste ao sustentar que o recolhimento de contribuição de contribuinte individual extemporânea após o óbito, pelo dependente, não gera o efeito de reconhecimento retroativo de filiação. Decida a questão.</p><p>Resposta:</p><p>A condição de segurado é requisito necessário para a concessão do benefício de pensão por morte, em razão do art. 74 da Lei 8.213/91. Porém, essa regra pode ser excepcionada quando o falecido tenha anteriormente preenchido os requisitos para a concessão de aposentadoria (art. 102, § 2º da Lei 8.213/91 e súmula 416 do STJ).</p><p>No caso, porém, ultrapassado o período de graça do art. 15 da Lei 8.213/91, o sujeito perde a condição de segurado, não havendo qualquer previsão legal que autorize a regularização após a morte para fins de concessão do benefício de contribuinte individual. Portanto, o pedido deve ser julgado improcedente.</p><p>Resposta:</p><p>a) A lei não exige período de carência para a concessão de aposentadoria voluntária, conforme se verifica no art. 27-A da Lei 8.213/91, podendo ser contado o período descontinuo de 180 contribuições mensais (art. 25, II, da Lei 8.213/91.</p><p>b) Antes da EC 109/19, havia duas formas de aposentadoria voluntária pelo RGPS: aposentadoria por tempo de serviço e aposentadoria por invalidez. Com a emenda, ocorreu a aglutinação dos requisitos em uma única espécie chamada de aposentadoria programada, comum para todo trabalhador urbano que preenche os requisitos de idade mínima e tempo de contribuição.</p><p>A atual previsão determina que a idade mínima será de 65 anos para homens e 62 anos para mulheres, com 20 anos de tempo de contribuição para homens e 15 anos para mulheres (art. 201, § 7º, I da CRFB/88 c/c art. 19, caput da EC 103/2019).</p><p>Porém, para filiados do RGPS até a data da entrada em vigor da EC 103/2019, há cinco regras de transição (art. 18 da EC 103/19). Como Marília possui 63 anos (2024), ela tem a idade mínima de 62 anos exigida pelo art. 18, I e § 1º, da EC 103/19, razão pela qual se exige apenas 15 anos de contribuição (art. 18, II, EC 103/2019), requisito o qual ela cumpriu.</p><p>c) O art. 9º, § 1º da Lei 8.213/91 c/c art. 21, § 2º da Lei 8.212/91 veda a concessão de aposentadoria por tempo de serviço ao MEI. Porém, a aposentadoria do art. 18 da EC 103/91, apesar de exigir tempo de contribuição, não se trata propriamente do antigo instituto, de modo que não se exige complementação.</p><p>Resposta:</p><p>A condição de segurado é requisito necessário para a concessão do benefício de pensão por morte, em razão do art. 74 da Lei 8.213/91. Porém, essa regra pode ser excepcionada quando o falecido tenha anteriormente preenchido os requisitos para a concessão de aposentadoria (art. 102, § 2º da Lei 8.213/91 e súmula 416 do STJ). Logo, o juiz deve</p><p>julgar procedente o pedido.</p><p>Resposta:</p><p>a) A preliminar de incompetência absoluta deve ser acolhida. Se determinado vendedor é morto durante um assalto ocorrido na loja, tal evento caracteriza-se como acidente de trabalho atípico (art. 21, II, “a”, da Lei 8.213/91). A ação proposta pela viúva desse vendedor contra o INSS buscando o benefício previdenciário da pensão por morte deve ser julgada pela Justiça Estadual (art. 109, I, parte final, da CF/88 e súmula 501 do STF).</p><p>b) No mérito, a demanda deve ser julgada procedente, pois não se exige carência para a concessão de pensão por morte (art. 26, I, Lei 8.213/91).</p><p>Tema 06: RGPS: benefício por incapacidade temporária, aposentadoria por incapacidade permanente e auxílio acidente</p><p>01ª QUESTÃO:</p><p>João, com quarenta e oito anos de idade e que recebe auxílio por incapacidade temporária (auxílio doença) há dois anos, ao comparecer a perícia médica administrativa do INSS, é aconselhado a realizar intervenção cirúrgica cardíaca. Como se negou a se submeter à cirurgia, o órgão da autarquia concedeu aposentadoria por incapacidade permanente (aposentadoria por invalidez). Após dois anos em gozo do novo benefício, João operou o coração. O INSS então o convocou para nova perícia, que concluiu que João recuperou plenamente a capacidade para o trabalho, apesar de o segurado não ter conseguido retornar para seu emprego anterior.</p><p>Pergunta-se:</p><p>a) João, em fruição de auxílio por incapacidade temporária (auxílio doença), poderia ter se negado a se submeter à intervenção cirúrgica recomendada pelo INSS?</p><p>b) O INSS poderia ter convocado João, já aposentado por incapacidade permanente (aposentado por invalidez), para nova perícia?</p><p>c) Como se fará o retorno de João à atividade?</p><p>Resposta:</p><p>a) João poderia se negar a se submeter à cirurgia, nos termos do art. 101, III, da Lei n° 8.213/1991;</p><p>b) O INSS poderia ter convocado João já aposentado por invalidez, nos termos do art. 101, I, da Lei n° 8.213/1991;</p><p>c) Nos termos do art. 47, I, b, da Lei n° 8.213/1991, a mensalidade de recuperação durará tantos meses quanto forem os anos de duração do auxílio. Como o benefício durou 2 anos, a mensalidade de recuperação durará 2 meses.</p><p>02ª QUESTÃO:</p><p>José filiou-se ao Regime Geral de Previdência Social em 15/02/2021. No entanto, em 30/06/2021, foi acometido de tuberculose ativa.</p><p>O segurado deu entrada no pedido administrativo, visando ao deferimento de benefício por incapacidade temporária. O pedido foi atendido pela autarquia, sendo devidamente concedido o auxílio-doença até a data de 15/02/2022.</p><p>Findo o período de gozo do benefício por incapacidade temporária, José retornou às suas atividades laborativas. Todavia, em 25/05/2022, José teve uma apendicite aguda, necessitando novamente afastar-se do seu labor.</p><p>Novamente, o segurado deu entrada no pedido administrativo para a concessão de auxílio-doença. O pedido foi negado pela autarquia, sob o argumento de que o segurado não tinha a carência necessária, isto é, o número de contribuições suficientes para o gozo do benefício.</p><p>José, inconformado, propôs ação, visando à concessão do benefício, aduzindo que é possível o cômputo do período do auxílio-doença que usufruiu como parte das contribuições exigidas para a concessão do benefício pleiteado.</p><p>A autarquia, em sua contestação, reitera os argumentos utilizados em sede administrativa, destacando que, no âmbito do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), somente lei pode criar ou ampliar benefícios e vantagens previdenciárias, não havendo, por ora, previsão de cômputo do período em gozo de auxílio-doença para fins de carência. O INSS argumenta que tal cômputo seria inconstitucional.</p><p>Diante disso, decida.</p><p>Resposta:</p><p>O período de recebimento de auxílio-doença deve ser considerado no cômputo do prazo de carência necessário à concessão de aposentadoria por idade, desde que intercalado com períodos contributivos.</p><p>STJ. 2ª Turma. REsp 1334467-RS, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 28/5/2013 (Info 524).</p><p>STF, tema 1125 – tese: É constitucional o cômputo, para fins de carência, do período no qual o segurado esteve em gozo do benefício de auxílio-doença, desde que intercalado com atividade laborativa.</p><p>Se o tempo em que o segurado recebe auxílio-doença é contado como tempo de contribuição (art. 29, § 5º, da Lei 8.213/91), consequentemente, deve ser computado para fins de carência. É a própria norma regulamentadora que permite esse cômputo, como se vê do disposto no art. 60, III, do Decreto 3.048/99.</p><p>Tema 07: RGPS: aposentadoria programada; aposentadoria programada do professor do ensino infantil, fundamental e médio; aposentadoria por idade rural; aposentadorias do deficiente físico e aposentadoria especial</p><p>01ª QUESTÃO:</p><p>Após 24 (vinte e quatro) anos de trabalho, na condição de empregado de uma construtora, João teve seu contrato de trabalho rescindido, deixando desde então de efetuar sua contribuição previdenciária, vindo, por consequência, a perder sua qualidade de segurado.</p><p>Somente em janeiro de 2020, na condição de segurado facultativo, filiou-se novamente ao RGPS.</p><p>Em março de 2021 completou 65 (sessenta e cinco) anos de idade.</p><p>Pergunta-se:</p><p>a) O INSS deverá conceder a João aposentadoria programada, computando, para efeito de carência, as contribuições efetuadas antes da perda da condição de segurado?</p><p>b) Caso a resposta anterior seja positiva, qual será o valor da sua renda mensal?</p><p>Resposta:</p><p>a) Sim, ele poderá se aposentar, na forma do art. 19 da EC 103/19. Observa-se que o pois o art. 27-A da Lei 8.213/91 não exige metade da carência na nova filiação quando se trata de aposentadoria programada. Ainda, por força do art. 13, § 6º do Decreto 3.048/99, a perda da qualidade de segurado não impede a concessão de aposentadoria quando cumprida a carência de 180 dias para a concessão do benefício (art. 25, II, Lei 8.213/99).</p><p>b) A renda mensal de João deve ser calculada na forma do art. 26, §§ 1º e 2º da EC 103/19. Como João tem 25 anos de contribuição, a sua renda mensal será de 70% sobre a média das suas contribuições ao longo dos anos.</p><p>60% + 2% x 5 (anos que excedem 20) = 70%</p><p>02ª QUESTÃO:</p><p>Carlos requereu a concessão de aposentadoria especial e continuou a desempenhar atividade laboral prejudicial à saúde. Diante do indeferimento pelo INSS, propôs ação judicial em face da autarquia, cujo pedido veio a ser julgado procedente dois anos depois. Pergunta-se:</p><p>a) Carlos terá que se afastar da atividade especial ou poderá continuar a trabalhar na mesma função com a percepção simultânea do benefício?</p><p>b) Se, após o trânsito em julgado da decisão final proferida na ação, Carlos se afastar da atividade, terá direito à percepção dos valores das competências atrasadas desde a data do requerimento do benefício?</p><p>Resposta:</p><p>a) Não poderá, por força do art. 57, § 8º da Lei 8.213/91. Assim, o beneficio será suspenso.</p><p>b) Nas hipóteses em que o segurado solicitar a aposentadoria e continuar a exercer o labor especial, a data de início do benefício será a data de entrada do requerimento, remontando a esse marco, inclusive, os efeitos financeiros. (STF), pois o benefício lhe foi indevidamente negado, sendo forçado a continuar em atividade para sua subsistência.</p><p>Resposta:</p><p>a) Não, pois a perda da qualidade de segurado não impede a concessão de aposentadoria para aqueles que preencheram os requisitos para a concessão do benefício anteriormente (art. 102, § 1º, Lei 8.213/91).</p><p>b) Não. O período de carência para aposentadoria é de 180 meses de contribuição mensal, na forma do art. 25, II, da Lei 8.213/91.</p><p>c) Sim, pois ele preencheu os requisitos antes da EC 109/2019. Nesse caso, o juízo competente a Justiça Federal (art. 109, I, CRFB/88).</p><p>Tema 08: RGPS: regras de transição para aposentadorias na Reforma da Previdência (programada; programada do professor de ensino infantil, fundamental e médio, e aposentadoria especial).</p><p>01ª QUESTÃO:</p><p>Quando poderá se aposentar a segurada professora que, na data de promulgação da EC 103/2019, tiver 23 anos de contribuição no ensino infantil e 48 anos de idade, a fim de que tenha a RMI</p><p>calculada com alíquota de 100%?</p><p>Resposta:</p><p>A EC 103/2019 entrou em vigor em 13 de novembro de 2019.</p><p>A segurada completará 52 anos em novembro de 2023 e terá 25 anos de tempo de contribuição no magistério em novembro de 2021. Poderá, portanto, se aposentar em novembro de 2023, momento em que terá preenchido os requisitos do art. 20, I, II e §1º da EC 109/2019.</p><p>02ª QUESTÃO:</p><p>Quando poderá se aposentar um segurado que, na data da promulgação de Emenda Constitucional 103/2019, tiver 34 anos de contribuição, utilizando regra de cálculo de benefício com aplicação de fator previdenciário.</p><p>Resposta:</p><p>Aplica-se ao caso o art. 17 da EC 103/2019.</p><p>O segurado completará 35 anos de contribuição em novembro de 2020 mas terá que trabalhar mais seis meses a título de pedágio, pois na data da entrada em vigor da emenda, restava 1 ano para completar o mínimo de 35 anos de tempo de contribuição (art. 17, II, da EC 103/2019). Portanto, poderá se aposentar em maio de 2021.</p><p>Tema 09: RGPS: salário-maternidade, salário-família, pensão por morte e auxílio-reclusão; serviços.</p><p>01ª QUESTÃO:</p><p>Claudia, que mantinha relação concubinária com Pedro, casado com Joana, pleiteia a pensão por morte após o falecimento deste, sob argumento de que sua relação afetiva merece proteção previdenciária. O INSS nega o requerimento de pensão e Claudia propõe ação judicial. Como deve decidir o juiz?</p><p>Resposta:</p><p>O art. 16 da Lei 8.213/91 não prevê a concubina como dependente do segurado. Ademais, o ordenamento jurídico brasileiro adotou um regime monogâmico ao exigir o dever de fidelidade recíproca (art. 1.566, I, do CC), impedindo a constituição de união estável entre pessoas impedidas de casar-se (art. 1.717, CC). Assim, a união entre Claudia e Pedro não está resguardada pelo ordenamento jurídico, de modo que a demanda deve ser julgada improcedente.</p><p>02ª QUESTÃO:</p><p>Antônia iniciou união estável com Mario em janeiro de 2015, tendo se casado em fevereiro de 2018. Mario, que contribuiu para o RGPS por vinte meses, veio a falecer de acidente de carro em março de 2018, quando Antônia completou 27 anos. Requerido o benefício de pensão por morte, o INSS o deferiu por quatro meses. Antônia então propôs ação judicial, pleiteando a concessão de pensão por morte vitalícia.</p><p>Pergunta-se: por quanto deve ser deferida a pensão a Antônia?</p><p>Resposta:</p><p>No caso, o período de 4 meses de pensão foi incorretamente deferido em razão deles possuírem menos de 2 anos de casado, com base no art. 77, § 2º, V, “b”, da Lei 8.213/91. Porém desconsiderou-se a necessidade de somar o período de união estável com o do casamento.</p><p>Assim, como em atenção ao art. 72, § 2º, V, “c”, “3”, da Lei 8.213/91, considerando o período superior a dois anos de início da união, mais de 18 meses de contribuição e a idade de 27 anos de Antônia, o benefício deveria ser deferido por 10 anos.</p><p>Resposta:</p><p>A demanda deve ser julgada procedente. Segundo o STF, no julgamento da ADI 6327, o art. 71 da Lei 8.213/91, o art. 392 da CLT e o art. 93 do Decreto nº 3.048/99 devem ser interpretados conforme a Constituição, de modo a se considerar como termo inicial da licença-maternidade e do respectivo salário-maternidade a alta hospitalar do recém-nascido e/ou de sua mãe, o que ocorrer por último, prorrogando-se em todo o período os benefícios, quando o período de internação exceder as duas semanas previstas no art. 392, §2º, da CLT, e no art. 93, §3º, do Decreto n.º 3.048/99.</p><p>Assim, o pagamento terá início com o parto, mas a contagem dos 120 dias terá inicio apenas com a alta da criança, de modo que o benefício será pago por 5 meses.</p><p>Tema 10: RGPS: regras finais da Lei n° 8.213/1991; contagem recíproca de tempo de contribuição; perda da qualidade de segurado; decadência e prescrição; acumulação de benefícios (art. 124, da Lei n° 8.213/1991 e art. 24 da EC 103/2019); desaposentação.</p><p>1ª QUESTÃO:</p><p>Martinho era aposentado pelo INSS e, ao morrer, deixou Marta, viúva, e Cristina, filha com 25 anos de idade. Após o óbito, o INSS concedeu pensão por morte a Marta. Em seguida, Marta e Cristina ingressaram com ação judicial, pleiteando:</p><p>a) a revisão do benefício de aposentadoria de Martinho com o pagamento das parcelas de aposentadoria vencidas não abrangidas pelo prazo prescricional quinquenal;</p><p>b) a revisão da pensão, em consequência à anterior revisão da aposentadoria, com pagamento das parcelas atrasadas.</p><p>O INSS, em contestação, sustenta:</p><p>(i) Somente Marta tem legitimidade para prosseguir na ação, e</p><p>(ii) Marta não pode pleitear, em nome próprio, direito alheio de revisar a aposentadoria de Martinho, se este permaneceu inerte quando estava vivo.</p><p>Como deve decidir o juiz?</p><p>Resposta:</p><p>Nos termos do art. 112 da Lei 8.213/91, o valor não recebido em vida será pago aos seus dependentes habilitados a pensão por morte e, somente na falta destes, aos seus sucessores. No caso, somente Marta, enquanto cônjuge, é dependente, na forma do art. 16, I da Lei 8.213/91, razão pela qual Cristina, filha com mais de 25 anos, deve ser excluída do polo ativo da demanda.</p><p>O STJ, no tema repetitivo 1057, fixou a tese de que pensionistas detêm legitimidade ativa para pleitear, por direito próprio, a revisão do benefício derivado (pensão por morte) - caso não alcançada pela decadência -, fazendo jus a diferenças pecuniárias pretéritas não prescritas, decorrentes da pensão recalculada.</p><p>Para a Corte, trata-se de pedido de readequação de benefícios previdenciários já concedidos, que não afeta o direito primário ao benefício, de índole personalíssima. Assim, trata-se de reflexo financeiro, de natureza econômica, passiveis de transferência a terceiros legitimados.</p><p>Nessa linha, segundo o Tribunal, o art. 112 da Lei 8.213/91 autoriza os pensionistas e, na falta deles, os sucessores, de intentar ação revisional da aposentadoria concedida ao falecido e da pensão por morte dela resultante, sem subordinar o exercício do direito de ação a nenhuma iniciativa do segurado em vida.</p><p>Por fim, o STJ aponta que impedir a revisão do benefício, de modo que se adeque aos ditames legais, enseja eventual e indesejável enriquecimento sem causa da Administração Pública.</p><p>2ª QUESTÃO:</p><p>Uma segurada do INSS está aposentada e recebe proventos no valor de R$ 4.000,00. Postula a pensão por morte do cônjuge (data do óbito: 01/03/2020), que era aposentado do RPPS federal com proventos de R$ 5.000,00. Pergunta-se: qual é o valor da pensão? * Considere que o valor do salário-mínimo seja de R$1.000,00</p><p>Resposta:</p><p>No caso, por se tratar de regimes distintos, é possível a acumulação da aposentadoria com pensão por morte (art. 24, § 1º, II, da EC 103/2019).</p><p>O cálculo da pensão por morte deve observar o art. 23 da EC 109/01. No caso de 1 dependente, corresponderá ao valor de 60% do valor da aposentadoria. Cálculo pensão por morte: 5.000 x 60 % = R$ 3.000,00.</p><p>Com isso, tem-se que a aposentadoria de R$ 4.000,00 é o benefício mais vantajoso, e deverá ser concedido integralmente. Porém, quanto a pensão por morte, serão aplicados os redutores do art. 24, § 2º da EC 103/2019.</p><p>Cálculo dos redutores sobre a pensão por morte:</p><p>1ª faixa = 100% do valor de 1 salário-mínimo = R$ 1.000,00</p><p>2ª Faixa = 60 % do valor que exceder a 1 salário-mínimo até a faixa de 2 salários-mínimos = R$ 600,00</p><p>3ª Faixa = 40% = R$ 400,00</p><p>4ª Faixa = 10% do valor que exceder 4 salários = não há.</p><p>Total da pensão por morte = R$ 2.000,00.</p><p>Portanto, a segurada receberá R$ 4.000,00 de aposentadoria pelo RGPS e R$ 2.000,00 de pensão por morte pelo RPPS.</p><p>Tema 11: Regimes Próprios da Previdência Social (RPPS): regras sobre aposentadorias e pensão no art. 40, da CRFB. A contribuição dos servidores.</p><p>1ª QUESTÃO:</p><p>a) Quais os requisitos para que o servidor público federal possa se aposentar?</p><p>b) Como se calcula a contribuição previdenciária do servidor público Federal?</p><p>Resposta:</p><p>a) Os requisitos para o servidor público federal se aposentar estão previstos no art. 40, §§ 1º, 4º, 4-A, 4-B, 4-C e 5º da CRFB/88 e art. 10 da EC 103/2019. São eles:</p><p>1) Para aposentadoria voluntária: ter 62 anos de idade, se mulher,</p><p>e 65 anos de idade, se homem; ter 25 anos de contribuição, desde que cumprido o tempo mínimo de 10 anos de efetivo exercício no serviço público e o mínimo de 5 anos em cargo efetivo em que for concedida a aposentadoria.</p><p>2) Aposentadoria por incapacidade permanente para o trabalho, no cargo em que estiver investido, desde que insuscetível de readaptação.</p><p>3) Aposentadoria compulsória, quando completar 75 anos de idade (art. 40, § 1º, II da CRFB/88 c/c art. 2º da LC 152/2015).</p><p>b) A contribuição é calculada conforme art. 11 da EC 103/19.</p><p>2ª QUESTÃO:</p><p>Em 2020, após 20 anos de serviço público federal, Manoel faleceu em acidente de carro, deixando Joana, 43 anos, como esposa (em casamento com três anos de duração) e dois filhos, Mario e Carlos, respectivamente com 20 anos e com 18 anos de idade. Pergunta-se:</p><p>a) como será calculada a pensão deixada por Manoel?</p><p>b) o que ocorrerá progressivamente com o valor do benefício?</p><p>Resposta:</p><p>a) A pensão será calculada a partir da média aritmética simples das remunerações adotadas como base para a contribuição ao RPPS, correspondente a 100% do período contributivo (art. 26, EC 103/1019). Sobre essa média, será aplicada a alíquota de 60%, tendo em vista que Mario possuía 20 anos de contribuição (art. 26, §2°, III, da EC 103/2019). Sobre esse resultado será aplicada uma cota familiar de 50 %, acrescida de 10 % por dependente, totalizando a alíquota de 80%.</p><p>b) Quando os filhos perderem a condição de dependente, ao completarem 21 anos, cessará sua cota (art. 77, § 2º, II, Lei 8.213/91), sendo a cota reduzida para para 60% sobre o valor que seria devido de aposentadoria. Ainda, após 20 anos, o benefício cessará por completo, em razão da idade de 43 anos da viúva (art. 77, § 2º, V, “c”, “5”, da Lei 8.213/91.</p><p>Tema 12: RPPS: normas de transição da Reforma da Previdência.</p><p>1ª QUESTÃO:</p><p>Quando Paulo, nascido em março de 1968 e servidor público federal desde novembro de 1986 ocupante do mesmo cargo, poderá receber aposentadoria com integralidade e paridade, aplicando a regra de pedágio de 100%?</p><p>Resposta:</p><p>Para aposentadoria de Paulo, deve ser observado o disposto no art. 20 da EC 103/2019. Deverá preencher, cumulativamente, o requisito de 35 anos de contribuição e 60 anos de idade, além de 20 anos de efetivo exercício no serviço público e 5 anos no cargo efetivo em que se der a aposentadoria.</p><p>No caso, Paulo tinha 33 anos de contribuição na data da emenda, de modo que faltavam 2 anos para alcançar o tempo de contribuição. Assim, caso tivesse a idade mínima, seria aplicada a regra do pedágio de 100%, de modo que além dos 35 anos, Paulo teria que trabalhar mais 2 anos, o que ocorreria em 2023.</p><p>Porém, ele somente alcançará a idade de 60 anos em março 2028, de modo que essa será a data em que poderá se aposentar.</p><p>2ª QUESTÃO:</p><p>Quais são as regras de transição para os servidores públicos federais, incluindo policiais, deficientes físicos e aqueles que desempenham atividades expostas a agentes físicos, biológicos e químicos prejudiciais à saúde, previstas na EC 103/2019?</p><p>Resposta:</p><p>São aquelas previstas nos artigos 4º, 20 e 21 da EC 103/09.</p><p>Tema 13: As contribuições para a seguridade social: previsão constitucional e natureza jurídica. Quadro geral das contribuições para a seguridade social.</p><p>01ª QUESTÃO:</p><p>Sendo as contribuições sociais gerais e as de intervenção no domínio econômico espécies de contribuições especiais, subsumíveis, portanto, à lei complementar de normas gerais em matéria tributária, viola a Constituição Federal a sua instituição por medida provisória?</p><p>Resposta:</p><p>As contribuições especiais são instituídas mediante lei ordinária de competência da União, na forma do art. 149 da CRFB/88. Diante disso, conforme orientação do STF, as medidas provisórias têm força de lei (art. 62, caput, CRFB/88), de modo que podem tratar de matérias reservadas as leis ordinárias.</p><p>Porém, medida provisória não pode instituir contribuições sociais para custeio residuais (art. 195, §4º c/c art. 154, I, da CF/88), que devem ser instituídas mediante lei complementar.</p><p>Ressalta-se que as normas gerais em matéria tributária, que versam sobre os temas previstos no art. 146, III da CRFB/88, não se confunde com a legislação que institui o tributo previsto na CRFB/88.</p><p>02ª QUESTÃO:</p><p>Supondo-se que medida provisória, publicada no primeiro trimestre do ano, majore contribuição social destinada a financiar a seguridade social e encurte o prazo para seu recolhimento, a eficácia dessas alterações dependeria do atendimento do princípio da anterioridade nonagesimal?</p><p>Resposta:</p><p>Quanto a majoração da contribuição social, deve ser respeitada a anterioridade nonagesimal, em atenção ao art. 195, § 6º, da CRFB/88.</p><p>Já em relação ao encurte do prazo para o seu recolhimento, não há necessidade de atenção ao referido princípio (súmula vinculante nº 50 do STF), pois não se trata de hipótese de instituição e majoração do tributo. Nesse caso, há</p><p>Tema 14: Contribuição dos segurados e do empregador doméstico. Salário-de-contribuição.</p><p>01ª QUESTÃO:</p><p>A técnica da progressividade simples, mediante a qual se aplica a alíquota mais gravosa sobre todo o salário de contribuição, e não sobre os valores compreendidos na respectiva faixa, adotado pelo art. 20 da Lei 8.212/1991, é constitucional?</p><p>Resposta:</p><p>O STF, em 2021, no julgamento do RE 852.796/RS (tema 833), entendeu pela constitucionalidade da técnica da progressividade simples, adotada pelo art. 20 da Lei 8.212/91. Para a Corte, não há qualquer restrição do uso da técnica no texto constitucional. Ademais, o aumento da carga tributária é proporcional ao aumento da base tributável, sem corresponder a valores desproporcionais ou irrazoáveis que configurem confisco. Portanto, a norma em comento é constitucional.</p><p>02ª QUESTÃO:</p><p>A contribuição dos segurados contribuinte individual e facultativo pelo chamado Plano Normal, consistente em recolher 20% do salário de contribuição, conforme previsto no caput do art. 21 da Lei 8.212/1991, permite a eleição da base contributiva?</p><p>Resposta:</p><p>O dispositivo permite a eleição da alíquota. Porém, para o facultativo, há a possibilidade de eleição da base contributiva, que é o salário de contribuição, na forma do art. 28, IV, Lei 8.212/91. Já para o contribuinte individual, a base é a remuneração auferida, na forma do art. 28, III, Lei 8.212/91.</p><p>Tema 15: A Contribuição das empresas: contribuição sobre a remuneração dos trabalhadores, contribuição de custeio dos benefícios referentes ao acidente do trabalho. COFINS, contribuição social sobre o lucro, outras formas de contribuição das empresas. SIMPLES Nacional. Outras receitas da seguridade social. Obrigações tributárias principal e acessória. Competência e capacidade tributária.</p><p>01ª QUESTÃO:</p><p>No custeio do Regime Geral de Previdência Social, é legítima a incidência contribuição previdenciária patronal sobre o adicional de 1/3 sobre as férias gozadas?</p><p>Resposta:</p><p>No tema de repercussão geral 985, o STF fixou a tese de que é legítima a incidência de contribuição social sobre o valor satisfeito a título de terço constitucional de férias.</p><p>Discutiu-se qual o alcance do art. 195, I da CRFB/88. A corte entendeu que o adicional de 1/3 de férias gozadas está atrelado ao contrato de trabalhado, tendo natureza remuneratória e habitualidade, de modo que incide a contribuição. Ficando afastada, porém, sobre as férias indenizadas, de natureza indenizatória, na forma do art. 28, § 9º, “d”, da Lei 8.212/91.</p><p>Portanto, é legítima a incidência de contribuição previdenciária patronal sobre o adicional de 1/3 de férias gozadas.</p><p>02ª QUESTÃO:</p><p>É constitucional a incidência de contribuição patronal sobre o benefício do salário-maternidade? E da contribuição do segurado?</p><p>Resposta:</p><p>No tema de repercussão geral nº 72, o STF entendeu pela inconstitucionalidade da incidência de contribuição previdenciária a cargo do empregador sobre o salário maternidade.</p><p>Para a Corte, como a empregada está afastada de suas funções, a parcela é um benefício previdenciário e, portanto, não pode ser considerada contraprestação</p>pelo trabalho ou retribuição em razão do contrato de trabalho. Dessa forma, não se amolda ao conceito de folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício, do art. 195, I, CRFB/88. Qualquer incidência não prevista no art. 195, I da CRFB/88 configura fonte de custeio alternativa, devendo estar prevista em lei complementar (art. 195, § 4º, CRFB/88), de modo que há inconstitucionalidade do art. 28, §2º, e da parte final da alínea a, do §9º, da Lei nº 8.212/91. Quanto a contribuição da segurada sobre o salário maternidade, a questão é controvertida, tendo sido reconhecida a repercussão geral no tema 1.274, ainda não julgado. Uma primeira posição, defende que incide contribuição da empregada sobre o salário-maternidade em razão do art. 195, II da CRFB/88, que afasta o tributo apenas sobre aposentadorias e pensões concedidas pelo RGPS e que o tema 72 do STF apenas considerou a contribuição patronal. Uma segunda posição afirma que, com a declaração de inconstitucionalidade do art. 28, §2º, e da parte final da alínea a, do §9º, da Lei nº 8.212/91 pelo STF, o salário-maternidade deixou de integrar o salário-contribuição, razão pela qual também não pode mais se exigir a respectiva contribuição previdenciária da segurada. Resposta: a) Não agiu corretamente. Apesar de ser isenta de recolher contribuição patronal, não está isenta da obrigação acessória de descontar em folha as contribuições do empregado. Em razão de sua isenção, a entidade deverá reter 20%, conforme art. 217, § 26 do Decreto 3.048/99. b) Sim, pois há presunção de desconto e repasse pela empresa contratante (art. 33, § 5º da Lei 8.212/91). Ademais, nos termos do art. 34, I da Lei 8.213/91, no cálculo do benefício serão computados os salários de contribuição referentes aos meses de contribuições devidas, ainda que não recolhidas pela empresa ou pelo empregador doméstico. Tema 16: Regras finais previdenciárias tributárias. Responsabilidade tributária e Retenção de 11%. Decadência e prescrição dos créditos da Seguridade Social. Evolução da obrigação tributária e do crédito tributário. Restituição e compensação das contribuições. Parcelamento das contribuições. 01ª QUESTÃO: A empresa Limpa Tudo Ltda, por meio de seu advogado, demanda judicialmente a exclusão, por parte do tomador de serviços, da retenção de 11% sobre as notas fiscais emitidas em razão dos serviços prestados mediante cessão de mão-de-obra. Alega a Autora que a citada obrigação criada pela Lei nº 9.711/98, dando nova redação ao art. 31 da Lei nº 8.212/91, criou nova fonte de custeio da seguridade social, o que somente poderia ser feito por meio de lei complementar, além de caracterizar possível empréstimo compulsório, em razão da retenção prolongada dos valores pertencentes à Autora. Decida a questão. Resposta: STF, RE 393946 O art. 31, caput, da Lei 8.212/91, que versa sobre o custeio da seguridade social, determina que a empresa contratante de serviços executados mediante cessão de mão de obra deverá reter 11% do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços e recolher em nome da empresa cedente de mão de obra. Em sua redação original, o referido dispositivo previa a solidariedade entre a empresa tomadora de serviço e a respectiva tomadora. Agora, com a redação dada pela Lei 9.711/98, que a empresa tomadora deverá realizar o recolhimento do tributo, em nome da prestadora de serviço. Percebe-se, portanto, que se trata de norma que versa sobre obrigação acessória, isto é, quem irá efetivar o recolhimento, de modo que não configura novo tributo, ou seja, não se trata de nova contribuição social ou empréstimo compulsório. Trata-se de norma que visa simplificar a arrecadação e facilitar a fiscalização, que está em consonância com o art. 128 do CTN. Portanto, indevida a pretensão da autora. 2ª QUESTÃO: A empresa LKH Ltda ingressa em juízo demandando a desconstituição do crédito aferido pela fiscalização da Receita Federal do Brasil já que, na sua visão, a mesma foi inconstitucional pois retroagiu 10 anos para fins de cobrança, em contrariedade com o lustro fixado no CTN (art. 173). Decida a questão. Resposta: O art. 45 da Lei 8.212/91, revogado pela LC 128/2008, previa que o direito da seguridade social de apurar e constituir seus créditos extinguia-se em 10 anos. Porém, o STF entendeu pela inconstitucionalidade do art. 45. Isso porque cabe a lei complementar estabelecer normas gerais em matéria tributária (art. 146, III, CRFB/88), que devem ser observadas no caso de contribuições sociais (art. 149, caput, CRFB/88). Assim, aplica-se o prazo de 5 anos do art. 173 do CTN, que foi recepcionado como lei complementar pela CRFB/88. Nesse sentido, prevê expressamente a súmula vinculante nº 8 do STF, de modo que a demanda da empresa deve ser julgada procedente. Resposta: a) Sim, o indeferimento está correto. As contribuições previdenciárias são tributos sujeitos a lançamento por homologação, caso em que a declaração entregue tem efeito de confissão de dívida, o que é suficiente para constituir o crédito tributário. Nesse sentido, súmula 426 do STJ: “A entrega de declaração pelo contribuinte reconhecendo débito fiscal constitui o crédito tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do fisco”. b) Não, em razão do disposto no art. 32, IV e § 2º, da Lei 8.212/91 e súmula 426 do STJ. c) O juízo não deve deferir a ordem, em atenção a súmula 446 do STJ: “Declarado e não pago o débito tributário pelo contribuinte, é legítima a recusa de expedição de certidão negativa ou positiva com efeito de negativa”. Tema 17: Imunidade e isenção. Preferência dos créditos da Seguridade Social. Matrícula da empresa. Certidão Negativa de Débitos - CND. Acessórios do crédito da Seguridade Social. 01ª QUESTÃO: A empresa Z., após obter parcelamento do débito frente à Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil - RFB, vem a solicitar CND, visando o desejo de alienar determinado bem imóvel de seu ativo. A RFB não concede o documento, alegando que somente poderia fazê-lo, haja vista a existência de valores devidos, se apresentada alguma garantia por parte da empresa devedora. Inconformada, a empresa ingressa com mandado de segurança exigindo a obtenção do documento. Decida a questão Resposta: O parcelamento suspende a exigibilidade do crédito tributário (art. 151, VI do CTN), sem qualquer exigência de garantia, devendo ser expedida a certidão positiva com efeitos de negativa, na forma do art. 206 do CTN. Portanto, a ordem deve ser concedida para que seja expedida a referida certidão. 02ª QUESTÃO: A entidade assistencial Estrela do Mar teve indeferido seu pedido de renovação do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (CEBAS), mediante decisão do Ministério da Cidadania, em razão de a entidade não atender a todos os requisitos previstos na Lei Complementar nº 187, de 16/12/2021. A entidade ingressa na via judicial demandando seu reconhecimento como entidade beneficente, alegando que já fora reconhecida como instituição de utilidade pública federal e estadual, sendo portadora dos registros de Entidade de Fins Filantrópicos e de Entidade Beneficente de Assistência Social perante o Conselho Nacional de Assistência Social, além de atender aos requisitos definidos pelo art. 55 da Lei 8.212/1991, possuindo, portanto, direito adquirido à imunidade tributária prevista no art. 195, §7º, da Constituição Federal. Decida a questão. Resposta: Segundo orientação do STJ, não existe direito adquirido a regime jurídico fiscal, de modo que as entidades beneficentes devem preencher as condições estabelecidas pela legislação superveniente (art. 195, § 7º da CRFB/88), que no caso é a LC 187/2021. Ressalta-se que a obtenção e a renovação do certificado não eximem a entidade de cumprir os requisitos legais supervenientes (súmula 352 do STJ). image6.emf image7.emf image1.emf image2.emf image3.emf image4.emf image5.emf