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A INTERVENÇÃO FISIOTERAPÊUTICA NO FORTALECIMENTO MUSCULAR DE MMII PARA UM MELHOR RESULTADO TERAPÊUTICO EM CRIANÇAS COM PARALISIA CEREBRAL (PC): REVISÃO NARRATIVA Physiotherapeutic intervention in the muscle strengthening of lower limbs for a better therapeutic outcome in children with cerebral palsy (CP): Narrative review Marley Bruno Feles de Oliveira1, Fernanda Gabriele Campelo2, Claudia Maria Monteiro3 1 Centro Universitário Una – Acadêmico - Contagem, MG – Brasil 2Centro Universitário Una – Acadêmico - Contagem, MG – Brasil 3Centro Universitário Una – Professora orientadora - Contagem, MG – Brasil Resumo Objetivo: O objetivo do presente estudo é propor mediante apresentação de práticas baseadas em evidências – PBE a eficácia do fortalecimento muscular na melhora da marcha em crianças com Paralisia Cerebral (PC). Métodos: Trata-se de uma revisão narrativa que incluiu 8 estudos das bases de dados Pubmed, cochrane, Lilacs e Pedro, utilizando os descritores: ¨cerebral palsy¨, “resistance training”, ¨general surgery¨, ¨pharmaceutical preparations¨. LILACS, Cochrane, PEDro no período de janeiro de 2016 a 2021. Na seguinte combinação: (cerebral palsy) AND (strength training) OR (resistance training), sendo que, nas bases LILACS e Cochrane foram adicionadas as combinações: NOT (pharmaceutical preparations) NOT (general surgery). Para serem incluídos os estudos tinham que investigar fatores relacionados a crianças diagnosticadas com PC, fortalecimento muscular e comprometimento de marcha. Resultados: 8 artigos envolvendo pacientes com PC, lidos na integra tiveram fortalecimento muscular e a caminhada em seus resultados nas pesquisas. Os estudos selecionados evidenciaram média e baixa positividade ao utilizar o fortalecimento muscular isoladamente. Conclusão: Evidência reforçam positivamente sobre fortalecimento muscular no tratamento de pacientes com PC. Dessa forma, o fortalecimento muscular tem grande importância no tratamento da PC, porém, a técnica isolada não obteve diferença entre os estudos, o resultado positivo está associado a combinações de técnicas. Palavras-chave: Paralisia cerebral, Treino de força, Treino de resistência. Abstract Objective: The aim of this study is to propose the presentation of evidence-based practices - EBP - the effectiveness of muscle strengthening in improving gait in children with Cerebral Palsy (CP). Methods: This is a narrative review that included 8 studies from Pubmed, Cochrane, Lilacs and Pedro databases, using the descriptors: ¨cerebral palsy¨, “resistance training”, ¨general surgery¨, ¨pharmaceutical preparations¨. LILACS, Cochrane, PEDro from January 2016 to 2021. In the following combination: (cerebral palsy) AND (strength training) OR (resistance training), and in the LILACS and Cochrane bases the combinations were added: NOT (pharmaceutical preparations) NOT (general surgery). To be included, the studies had to investigate factors related to children diagnosed with CP, muscle strengthening and gait impairment. Results: 8 articles involving CP patients, read in the integration have muscle strengthening and walking in their research results. The selected studies showed medium and low positivity when using muscle strengthening alone. Conclusion: Evidence positively reinforces muscle strengthening in the treatment of patients with CP. Thus, muscle strengthening is of great importance in the treatment of CP, however, the technique provided did not show any difference between the studies, the positive result is associated with the base of techniques. Palavras-chave: Cerebral palsy, Strength training, Endurance training. Introdução A paralisia cerebral (PC) é causada por uma lesão estática no desenvolvimento do Sistema Nervoso Central (SNC), resultante de uma encefalopatia crônica não progressiva e pode ser causada nos períodos pré, peri e pós-natal. Verifica-se que as evidências sugerem que 70% a 80% sejam de origem pré-natal (ZANINI et al., 2009). A PC pode ser causada por vários aspectos, tendo como principal causa a hipóxia, situação em que por algum motivo relacionado ao parto, tanto referente à mãe quanto ao feto ocorre falta de oxigenação no cérebro, resultando em uma lesão encefálica. A patologia pode apresentar em diversas variações e são diretamente relacionadas à extensão dos danos neurológicos. Além disso, verifica-se que as lesões mais extensas do encéfalo tendem a causar quadros mais graves (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2019). De acordo com a Associação Brasileira de Paralisia Cerebral (ABPC, 2018), há praticamente 17 milhões de pessoas em todo o mundo que vivem com PC, sendo que, outras 350 milhões de pessoas estão intimamente ligadas a uma criança ou adulto com PC. No Brasil, estima-se que a cada 1.000 crianças que nascem, 7 são portadoras de paralisia cerebral (MANCINI et al., 2004). No estudo sobre causas e prevalências da paralisia cerebral Zanini et al., 2009, descreveram que no Brasil os dados estimam cerca de 30.000 a 40.000 novos casos por ano. A classificação da PC pode ser feita de várias formas. Essa classificação é baseada em aspectos da inervação recíproca, como: espásticas, com origem no sistema piramidal; o discinético, com origem no sistema extrapiramidal; o atáxico, com origem cerebelar; o hipotônico, com origem cerebral; e o misto, onde há a combinação de dois ou mais tipos de disfunção motora. Em relação à topografia, a PC pode ser classificada em hemiplegia, com comprometimento em somente um hemicorpo; diplegia, com comprometimento nos membros superiores e inferiores, sendo o acometimento maior nos inferiores; e tetraplegia ou quadriplegia, que acomete globalmente os membros superiores e inferiores (CRISTINA et al., 2016; TELLECHEA, 2002; MANCINI et al., 2002; OLIVEIRA et al., 2010; GRECCO et al., 2013; REBEL et al., 2010; FELIX et al., 2012). Wimalasundera, et al. (2016), descreveram a distribuição do envolvimento do membro como unilateral ou bilateral, onde essa terminologia está substituindo termos como hemiparéticos, diparéticos e tetraplegia. As formas mais frequentes da doença é a espástica ou piramidal, sendo que, nas formas espásticas encontram-se a hipertonia muscular extensora e adutora dos membros inferiores, hiperreflexia profunda, e déficit de força localizado ou generalizado, dependendo da extensão do comprometimento (TELLECHEA, 2002). Souza e Ferraretto (1998) descreveram que a PC espástica caracteriza-se por um aumento do tônus e uma diminuição da força muscular. O aumento do tônus nos membros afetados pode ser sentido à palpação ou como um aumento da resistência ao movimento do membro afetado. A lesão ocorre no trato piramidal (córtex cerebral), área do cérebro responsável pelo início dos movimentos osteo-articulares uma vez que os músculos afetados não têm um desenvolvimento normal. Leite et al. (2005), descreveram a marcha espástica como uma forma comum em pacientes com hemiparesia. Observa-se a flexão do membro superior com extensão do membro inferior no hemicorpo acometido. Como consequência, o membro inferior não consegue suportar completamente o peso durante a fase de apoio, além de não se projetar para frente durante a fase de balanço, a não ser como um todo em circundução. Esse tipo de marcha também é chamado de marcha ceifante (MOREIRA et al.,2004). As crianças com PC espástica podem andar independentemente, mas possuem alterações que dificultam o desenvolvimento natural. Comparado as crianças com o desenvolvimento normal da mesma idade elas tem 52% menos de força contrátil máxima nos principais músculos das extremidades inferiores, e nos movimentos de flexão e extensão do tornozelo(WILEY et al., 1988; WOON et al, 2013). O flexor plantar, que é o músculo mais fraco em crianças com PC espástica tem 36% da força muscular de crianças típicas. (LAMPE et al., 2006). Conforme o Ministério da Saúde, em 2001, no manual de Prevenção de Incapacidades descreveu que as restrições das estruturas posteriores do tornozelo (tendão do calcâneo) limitam mecanicamente a dorsiflexão, com isso, predispõe o posicionamento do pé em flexão plantar, deformidade denominada pé equino. Dursun et al. (2004), descreveram que equino dinâmico é uma deformidade comum que piora a capacidade de locomoção de ambos os estados diparéticos e hemiparéticos. Em decorrência do pé equino ou pé torto, observa-se que, o indivíduo não consegue colocar o calcanhar no chão e crianças tendem a ter dificuldade ao caminhar ou até mesmo ficar na postura ortostática. Contudo, o seu desenvolvimento é limitado e impedem a participação nas atividades de vida diária e a participação social. De acordo com Tellechea (2002), os pacientes com PC devem ser tratados por uma equipe multidisciplinar, na qual o principal enfoque terapêutico é, sem dúvida, o fisioterapêutico. Dessa forma, observamos a necessidade do tratamento multiprofissional e setorial desses pacientes e o quão é importante quaisquer evoluções que possa propor melhor sensação de conforto e bem-estar. A fisioterapia com suas diversas áreas de atuação, sendo elas, o tratamento ortopédico e o neurológico se faz necessário no desenvolvimento e tratamento de pacientes com PC, sempre buscando melhores resultados. O treinamento de força e resistência muscular tem sido amplamente utilizado como intervenções terapêuticas para aumentar a força muscular e melhorar a funcionalidade (DAMIANO et al., 1995; DODD et al., 2003; ENGSBERG et al., 2006; WOON et al., 2013). Dessa forma, o objetivo do presente estudo foi investigar a eficácia do fortalecimento muscular na melhora da marcha em crianças com Paralisia Cerebral (PC). Métodos A pesquisa da literatura foi realizada nas bases de dados eletrônicas: Pubmed, LILACS, Cochrane, PEDro no período de janeiro de 2016 a 2021.As palavras-chave que foram usadas são: ¨cerebral palsy¨, “resistance training”, ¨general surgery¨, ¨pharmaceutical preparations¨. Na seguinte combinação: (cerebral palsy) AND (strength training) OR (resistance training), sendo que, nas bases LILACS e Cochrane foram adicionadas as combinações: NOT (pharmaceutical preparations) NOT (general surgery). A pesquisa foi limitada às línguas inglesa ou portuguesa, com estudos de revisão sistemática, ensaio clínico, meta-análise e teste controlado e aleatório. Os estudos selecionados tiveram como exigência pesquisas com crianças de faixa etária entre 1 e 18 anos que são diagnosticados com PC e comprometimento de marcha. Os estudos foram selecionados com base em três fases a seguir: (1) Inicialmente realizou-se a triagem dos títulos levando em consideração os artigos que descreveram os termos: exercícios, treinamento, treinamento de força; fortalecimento, treinamento fisioterápico e recurso fisioterápico; (2) revisão do resumo; (3) leitura completa dos artigos para identificar aqueles que correspondem aos critérios de inclusão em relação ao objetivo do estudo. Resultados das pesquisas A pesquisa literária resultou em 60 artigos. A 1° fase resultou em 39 excluídos, sendo que, 6 estavam duplicados e 33 títulos não tinham relação direta com o tema, e 21 artigos foram selecionados para a próxima fase; a segunda fase foi constituída por leitura do resumo e resultou em 12 estudos classificados para a 3° fase, onde foi realizado a leitura completa dos textos pelos autores. Com base na leitura foram selecionados 8 artigos envolvendo pacientes com PC, lidos na integram tiveram fortalecimento muscular e a caminhada em seus resultados nas pesquisas (Figura 1). Dos 8 artigos selecionados, foram: Uma revisão sistemática, 1 revisão sistemática e meta- análise e 6 ensaios clínicos (Quadro 1). Figure 1. Fluxograma de inclusão e exclusão dos estudos. Quadro1- Estudos que investigaram os resultados que envolviam o fortalecimento muscular e marcha em pacientes com PC Autores Objetivo do estudo Amostra n Teste Avaliação Intervenção Protocolo Resultados Corsi et al. 2019 -Investigar o efeito de intervenções fisioterapêuti cas sobre os parâmetros espaço- temporais da marcha em crianças com PC. - Até Jan de 2019 - 26 estudos - Idade: 0 a 18 anos -GMFS: I a III - Velocidade da marcha. - Treinamento de força e resistência. - Sem diferença entre os grupos. - Recomendação foi dada contra o uso de fortalecimento muscular para melhorar a velocidade da marcha quando comparado às intervenções de controle. - Os métodos usados nos estudos foram bastante diferentes. - Baixa evidencia com intervenção isolada. Liang et al. 2021 - Avaliar a eficácia das intervenções de exercícios para o tratamento da paralisia cerebral em crianças e determinar o papel do tipo de treinamento para crianças com paralisia cerebral. - 2003 a 2019 - 27 estudos - 834 crianças - Idade: 1,8 a 16 anos - Velocidade da marcha. - Força muscular. - Função motora grossa. - Treinamento de Força e resistência. - Função motora grossa. - Resultado negativo na melhora da função motora grossa; - Velocidade da marcha e força muscular; - Foi observado melhor resultado quando os pacientes homens foi >= 50%, e quando o acompanhamento foi <6 meses; - Baixa evidencia com intervenção isolada. Kara et al. 2019 - O objetivo deste estudo foi investigar os efeitos de um novo programa de treinamento de força funcional e potência na marcha e na função motora grossa em participantes com paralisia cerebral unilateral. - 30 crianças - Idade: 7 a 16 anos. - GMFCS: I - Teste de sprint de potência muscular; - Função Motora Grossa (GMFM). - Teste de caminhada de 1 minuto (1MWT); - Timed Up and Go (TUG); -1 repetição máxima (1RM) de um leg press; - Dinamômetr o portátil (força). - Duração: 3X Semana, por 12 semanas (36 sessões). - O protocolo experimental consistiu em fortalecimento funcional usando o leg press, exercícios pliométricos (incluindo salto) e treinamento de equilíbrio. - O grupo de comparação ativa continuou sua terapia treinamento locomotor, melhoria da simetria de sustentação de peso, Alongamento. E não incluiu exercícios de treinamento de força de resistência progressiva - Após 12 semanas, o grupo experimental diminuiu significativamente os valores de TUG; - Aumentou os valores de 1RM para as pernas afetadas e não afetadas; - Aumentou a força muscular nos músculos quadríceps femoral, isquiotibiais, dorsiflexor e flexores plantares em ambas as pernas. Quadro1- Estudos que investigaram os resultados que envolviam o fortalecimento muscular e marcha em pacientes com PC Autores Objetivo do estudo Amostra n Teste Avaliação Intervenção Protocolo Resultados Surana et al. 2019 - O objetivo deste estudo foi testar a eficácia de 90 horas de treinamento funcional intensivo distribuído em: LIFT X H-HABIT -Treinamento realizado por cuidadores em casa usando telerreabilitaç ão. - 12 H - 12 M - Idade: 8 a 16 anos. - O desfecho primário foi o teste de caminhada de 1 minuto (1MWT), - Desfechos secundários foram: - Teste de caminhada de 10 metros (auto selecionado e velocidade de marcha rápida)); - Teste de sentar elevantar da cadeira por 30seg (força); - Equilibrar de uma perna só, unipodal do lado afetado (equilíbrio). - DURAÇÃO: • LIFT completaram 87,4 (7,8) horas; • H-HABIT completaram 82,9 (12,7) horas. - Treinamento funcional intensivo distribuído, membros inferiores (LIFT): • Aprendizagem motora; • Prática intensiva e estruturada; • Habilidade ou progressão de atividade; • Treinamento de resistência. - O grupo de controle H-HABIT realizou atividades bimanuais, destinadas a melhorar: • O alcance; • a preensão; • a liberação; • a manipulação das mãos; e os movimentos relacionados ao uso da mão afetada como auxiliar. - As crianças do grupo LIFT tiveram melhorias no 1MWT entre o pré- teste e o pós-teste em relação aos controles H-HABIT. - As crianças do grupo LIFT tiveram melhorias na postura unipodal entre o pré-teste e o pós-teste em relação às do grupo de controle H-HABIT. No entanto, as comparações entre os modelos completos, sugeriram que as interações não foram significativas. - Não houve diferenças significativas entre LIFT e H-HABIT para velocidade de caminhada auto selecionada. - A velocidade de caminhada rápida, as crianças do grupo LIFT relataram melhorias entre o pré-teste e o pós-teste. - As crianças do grupo LIFT relataram melhoras maiores entre o pré-teste e o pós- teste para a elevação da cadeira por 30 sig. No entanto, as comparações entre os modelos completos é reduzido, sugeriram que a interação não foi significativa. Quadro1- Estudos que investigaram os resultados que envolviam o fortalecimento muscular e marcha em pacientes com PC Autores Objetivo do estudo Amostra n Teste Avaliação Intervenção Protocolo Resultados Kruse et al. 2018 - O objetivo principal deste estudo foi investigar os efeitos de 8 semanas de treinamento de resistência progressiva funcional (PRT) e circuito de alta intensidade (HICT) funcionais nas propriedades mecanomorfo lógicas da unidade músculo- tendão dos flexores plantares em crianças com PC espástica. - 15 H - 7 M - Idade: 8 a 16 anos. N/D - DURAÇÃO: • 3 x semana; • 8 semanas; • 40 min PRT; • 28 min HICT; - Treinamento- PRT: exercícios funcionais para membros inferiores em séries com 10–12 repetições organizadas em 4 circuitos: Exercício sentar-para-ficar-se de pé; elevações do calcanhar; estocadas para a frente; exercício de elevação lateral; e exercício de ponte. - Circuito de alta intensidade (HICT): Mesmos exercícios realizados pelo grupo PRT, mas a carga de exercício foi definida pelo número de repetições que poderiam ser concluídas em um intervalo de 30 segundos. - Os resultados deste estudo mostraram que nem 8 semanas de PRT funcional domiciliar nem a mesma quantidade de HICT levaram a alterações significativas nas propriedades do músculo gastrocnêmio medial e do tendão de Aquiles em crianças com PC espástica. Peungsuw an et al. 2017 - O objetivo deste estudo foi investigar o efeito de um programa de exercícios combinados de força e resistência funcionalmen te em participantes com PC. - 8 H - 7 M - Idade entre 7 e 16 anos. - Teste de caminhada de 6 minutos (TC6); - Teste de sentar para levantar de 30 segundos (30sSTST); - Teste de caminhada de 10 m (10mWT); - Teste Timed Up and Go (TUGT); - Alcance funcional Teste (FRT). - Grupo EX recebeu um programa de exercícios funcionais que incluiu um programa de treinamento combinado de força e resistência por 8 semanas; - O programa total de exercícios de 70 minutos; - Este programa de treinamento de 3 dias por semana foi supervisionado por um fisioterapeuta. - O grupo CON não recebeu este programa de exercícios. - Após a intervenção de 8 semanas, os resultados melhoraram significativamente em EX, exceto TUGT. - Os resultados não mudaram em CON em comparação com as pontuações iniciais. - Este estudo apoiou os efeitos positivos de um programa de treinamento de exercícios combinados: TC6, TC10, 30sSTST, TRF. - O aumento da força muscular após o treinamento físico influenciou positivamente nas atividades de vida diária em participantes com PC. Quadro1- Estudos que investigaram os resultados que envolviam o fortalecimento muscular e marcha em pacientes com PC Autores Objetivo do estudo Amostra n Teste Avaliação Intervenção Protocolo Resultados Kusumoto et al. 2016 - O objetivo foi determinar o efeito de exercícios sentar e levantar - STS com carga semelhante em velocidades diferentes na melhora do custo fisiológico da caminhada em crianças com diplegia espástica. - 16 H - Idade: 12 a 18 anos. - Força máxima extensora do joelho; - Avaliação de controle da extremidade inferior (escala); - Teste de caminhada de 6 minutos (6mwd); - Índice de custo fisiológico. - Sentar e levantar – STS; - 15 min, 4 séries por dia, 3-4 dias por semana, por 6 semanas, sob a supervisão dos cuidadores em casa. - A altura da cadeira semelhante entre os grupos. - Grupo STS carga lenta começou com: aquecimento de 3 a 5 min para cada sessão. - Aquecimento: alongamento dos músculos isquiotibiais e extensores lombares. - 10X STS princípio de 30% 1-RM. - Após descanso de 1–2 min. 4 séries de STS. - Sentar-se para ficar em pé por 5seg. * As crianças no grupo de treinamento STS com carga individualizada foram instruídas a sentar-se- ficar de pé e a ficar de pé-para-sentar em uma velocidade de seu próprio ritmo - O exercício STS lento e com carga baixa pode melhorar o custo fisiológico da caminhada em crianças com PC. - Limitações do estudo: • Tempo de treinamento; • Tamanho da amostra; • Características dos participantes estava limitada, os efeitos a longo prazo não foram avaliados. - Wu et al. 2017 - Determinar se a aplicação de forças de resistência controladas às pernas durante a fase de balanço da marcha pode melhorar a eficácia do treinamento em esteira em comparação à aplicação de forças assistenciais controladas em crianças com paralisia cerebral. - 23 crianças - 11 H - 12 M - Idade: variando 6 a 14 anos - GMFCS: I a IV - Velocidade da caminhada. - Caminhada de 6min. - Pontuação do GMFCS. - 3 X por semana durante 6 semanas (18 sessões). - 11 participantes do grupo controle. - 12 do grupo intervenção, cargas de resistência aplicadas nas pernas no tornozelo. - Os participantes foram submetido a treinamento em esteira robótica com carga de assistência / resistência de giro controlada foi aplicada a ambas as pernas começando dos pés fora da fase de balanço médio da marcha durante o treinamento. - Aplicar uma força de resistência nas pernas durante o treinamento em esteira robótica é mais eficaz do que aplicar uma força de assistência para melhorar a função de andar em crianças com PC. Isso sugere que o envolvimento ativo de crianças com PC durante o treinamento locomotor é crucial para melhorar a eficácia do treinamento em esteira. Além disso, a exposição repetida para forçar perturbações induz uma retenção prolongada do comprimento da passada melhorado em crianças com PC. Discussão Os artigos selecionados tiveram em seus estudos o treino de fortalecimento de MMII, com o resultado força ou melhora na caminhada e o que esse resultado proporcionou para um melhor prognóstico em crianças acometidas com PC. Contudo dos 8 apenas5 relataram resultados positivos. Corsi et al. (2019) investigaram o efeito das intervenções fisioterapêuticas nos parâmetros espaço-temporais da marcha em crianças com paralisia cerebral. Nos estudos tiverem como seleção estimulação elétrica funcional, estimulação inicial, treino de marcha, fortalecimento muscular, o treinamento de plataforma vibratória e fundição em série. Os autores afirmaram que o treino realizando as intervenções com plataforma vibratória, treino de marcha, estimulação transcraniana apresentam uma melhora mais significativa na velocidade de marcha ao comparar com grupo que realizou somente o fortalecimento isolado. O estudo descreve uma forte recomendação contra o uso de fortalecimento muscular para melhora da velocidade da marcha quando comparado às intervenções de controle. Por outro lado, estudo de Liang et al. (2021) investigaram a eficácia das intervenções de exercícios para o tratamento da PC em crianças e determinar o melhor tratamento. Os estudos selecionados tiveram em suas intervenções o treinamento de força e resistência, treinamento de força específico para tarefas dos MMII. Comparam a velocidade da marcha e força muscular em seus resultados. A revisão detectou que a velocidade da marcha e a força muscular no grupo intervenção obteve resultado positivo em comparação ao grupo controle. Entretanto, foi observado melhores resultados quando os pacientes homens foi >=50% dos participantes, e quando o acompanhamento foi menor nos 6 meses. Em outro estudo, Kara et al. (2019), obtiveram resultados positivos após 12 semanas e menos de 6 meses. A intervenção apresentava uma dosagem de 36 sessões de tratamento durante 3 vezes por semana por 12 semanas, utilizando como intervenção o fortalecimento muscular de MMII. O grupo experimental em todos os testes obteve resultados significativos após a intervenção, em especial a melhora da mobilidade, resistência e força muscular nos membros paréticos. Kusumoto et al. (2016), ao realizar um estudo com 16 participantes todos homens com idade entre 12 e 18 anos, comparou um grupo intervenção e outro controle durante 6 semanas, 4 series por dia, 3 a 4 dias por semana sob a supervisão de cuidadores em casa, descreveu resultados positivos em seu desfecho. O grupo intervenção recebeu em seu tratamento: Atividades de aquecimento de 3 a 5 min; Alongamento ativo de MMII; após o aquecimento as crianças realizar exercício de sentar-se e levantar com uma mochila contendo peso de acordo com o princípio de 30% resistência máxima, realizado 4 series de 10 repetições respeitando um descanso de 1 a 2 min entre as series, e o tempo de sentar-se e levantar foi controlado (5seg para cada movimento). O grupo controle foi orientados a realizar a atividade sentar-se para ficar de pé e a ficar em pé para sentado em uma velocidade do seu próprio ritmo. O desfecho resultou positivamente no grupo intervenção, demonstrando que os exercícios de sentar e levantar com mochila de carga lenta pode melhorar o custo fisiológico da caminhada em crianças com PC. O ensaio clínico realizado por Wu et al. (2017), após uma intervenção de 3 vezes por semana durante 6 semanas, comparou a aplicação de força de resistência durante a fase de balanço da marcha com a aplicação de forças assistenciais controladas em crianças com PC. Os autores demonstraram que a aplicação de uma força de resistência nas pernas durante o treinamento em esteira robótica é mais eficaz do que aplicar uma força de assistência para melhorar a função de andar em crianças com PC. No estudo de Peungsuwan et al. (2017), foi avaliado a eficácia do fortalecimento muscular em crianças com PC. Foi evidenciado melhora da força muscular e melhor desempenho nas AVD`s das crianças submetidas a intervenção durante 8 semanas. Kruse et al. (2018), investigaram os efeitos do treinamento de resistência progressiva funcional (PRT) e treinamento em circuito de alta intensidade (HICT) sobre as propriedades mecanomorfológicas da unidade músculo-tendão flexora plantar em crianças com paralisia cerebral espástica. Foram recrutadas 22 crianças com idade de 8 e 16 anos, todas as crianças foram alocadas aleatoriamente para uma das 2 intervenções pelo uso de randomização de blocos permutados com um tamanho de bloco de 4. Ambos os programas de treinamento de força foram realizados em casa e supervisionados pelos pais das crianças. Onze crianças realizaram PRT 3 vezes por semana por 8 semanas em casa, realizado em séries com 10-12 repetições organizadas em circuitos. As outras 11 crianças realizaram o treinamento HICT mais curto programa. Mesmo com o potencial de programas de treinamento de força baseados em casa para melhorar a capacidade funcional, o treinamento não levou a mudanças significativas no nível muscular em crianças com paralisia cerebral. Os autores ressaltam que um estímulo mais específico de maior intensidade combinado com uma duração de treinamento mais longa pode ser necessário para evocar alterações nos músculos e tendões em indivíduos com paralisia cerebral. Surana et al. (2019), investigaram o treinamento intensivo de fortalecimento de MMII para melhora da biomecânica de crianças com PC. A intervenção foi por teleatendimento e com dosagem de 90 horas ao total do programa. Esse programa resultou de melhoras na distância de deambulação das crianças submetidas ao programa. Conclusão O fortalecimento muscular tem resultado positivo no tratamento de pacientes com PC. Entretanto existem inconsistência nas variáveis, protocolos diferentes, e a baixa qualidade entre os grupos após análise do subgrupo. Dessa forma, o fortalecimento muscular tem grande importância no tratamento da PC, porém, a técnica isolada não obteve diferença entre os estudos, o resultado positivo está associado a combinações de técnicas. Diante disso, mais estudos são necessários, com mais clareza e características das técnicas e maiores amostras, objetivando resultados mais fidedignos. Referências 1. 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