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<p>LEITURA E COMPREENSÃO DE</p><p>TEXTOS NÃO LITERÁRIOS</p><p>AULA 5</p><p>Prof.ª Thaisa Machado</p><p>CONVERSA INICIAL</p><p>Olá, aluno(a)! Neste encontro, nossos estudos seguem sendo sobre</p><p>gêneros textuais, porque é de extrema importância que nos apropriemos dos</p><p>gêneros para alcançar uma verdadeira socialização e nossa inserção prática</p><p>em atividades sociocomunicativas. É preciso destacar que gêneros textuais são</p><p>orais e escritos, e conheceremos um pouco mais sobre alguns deles.</p><p>Vamos iniciar falando sobre as práticas sociais possibilitadas pelos</p><p>gêneros textuais. Em seguida, abordaremos as principais características de</p><p>uma ata e os diferentes tipos de relatórios, dependendo de seu contexto e</p><p>finalidade. Notícia e reportagem são gêneros que normalmente se confundem,</p><p>e nosso objetivo é aclarar as diferenças entre eles, além de apresentar as</p><p>características principais do gênero propaganda. Na sequência, abordaremos o</p><p>gênero textual carta. De imediato, podemos pensar que esse é um gênero em</p><p>desuso e sem relevância, porém há diferentes tipos de cartas que possuem</p><p>grande importância em sua função social.</p><p>1 – Práticas sociais</p><p>2 – Ata e relatório</p><p>3 – Requerimento</p><p>4 – Notícia, propaganda e reportagem</p><p>5 – Carta</p><p>Na Prática</p><p>Finalizando</p><p>Referências</p><p>TEMA 1 – PRÁTICAS SOCIAIS</p><p>Como já sabemos, os gêneros textuais são modelos comunicativos e</p><p>fazem parte do nosso dia a dia. Inclusive, a questão do gênero passou a ser</p><p>discutida no meio linguístico, deixando de ser exclusivo do meio literário, e por</p><p>essa razão discutir gêneros textuais durante essa disciplina é crucial. Segundo</p><p>Bakhtin (1997, p. 279),</p><p>a utilização da língua efetua-se em forma de enunciados (orais e</p><p>escritos), concretos e únicos, que emanam dos integrantes duma ou</p><p>doutra esfera da atividade humana. O enunciado reflete as condições</p><p>específicas e as finalidades de cada uma dessas esferas, não só por</p><p>seu conteúdo (temático) e por seu estilo verbal, ou seja, pela seleção</p><p>operada nos recursos da língua – recursos lexicais, fraseológicos e</p><p>gramaticais -, mas também, e sobretudo, por sua construção</p><p>composicional. Estes três elementos (conteúdo temático, estilo e</p><p>construção composicional) fundem-se indissoluvelmente no todo do</p><p>enunciado, e todos eles são marcados pela especificidade de uma</p><p>esfera de comunicação. Qualquer enunciado considerado</p><p>isoladamente é, claro, individual, mas cada esfera de utilização da</p><p>língua elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciados,</p><p>sendo isso que denominamos gêneros do discurso.</p><p>Dominar os gêneros orais e escritos é imprescindível para quem vive em</p><p>sociedade e, portanto, mantém práticas sociais. Desde um bilhete breve</p><p>deixado na porta da geladeira até um artigo científico desenvolvido no meio</p><p>acadêmico, estamos praticando gêneros textuais. Trocar mensagens pelo</p><p>celular, conversar entre amigos, a famosa lista de compras, a ata da última</p><p>reunião realizada no seu ambiente de trabalho – todos esses são exemplos de</p><p>gêneros textuais e práticas sociais.</p><p>Os gêneros textuais são ilimitados; note que se vamos à missa, o gênero</p><p>utilizado é o religioso, se vamos a um show, o gênero é artístico, a um jogo de</p><p>futebol, o gênero é esportivo, e assim por diante. Os gêneros se moldam</p><p>conforme o contexto, logo, na área acadêmica a comunicação redigida deve</p><p>ser em linguagem apropriada, não somente ao contexto, mas à técnica,</p><p>apresentando as características próprias dos gêneros dessa área. Já que</p><p>existem gêneros para todas as situações comunicativas, elencaremos, a</p><p>seguir, alguns deles.</p><p>Os gêneros enumerativos servem para lembrar e transmitir dados,</p><p>inclusive o exemplo mais comum para esse gênero já foi citado anteriormente</p><p>nesta aula, estamos falando da lista de compras; temos também guias,</p><p>formulários, etiquetas, enciclopédias, agendas, cadernos de notas, bloco de</p><p>notas do celular, diários, catálogos, dados, infográficos. Observem que todos</p><p>os exemplos citados apresentam tarefas, finalidades, e esse é o objetivo.</p><p>Gêneros informativos são para compreender, comunicar, informar, como</p><p>a própria nomenclatura antecipa, características de um tema. Alguns exemplos</p><p>são cartas, telegramas, notas, reportagens, convites, jornais, propagandas etc.</p><p>Temos um grupo cujo objetivo é estudar, compartilhar e discutir</p><p>conhecimentos: são os gêneros expositivos e argumentativos. Entram aqui</p><p>resenhas, relatórios, livro-texto escolar ou apostilas, artigos científicos,</p><p>biografia, conferências, ensaios, entre outros.</p><p>Os prescritivos servem para dar instruções, como receitas culinárias,</p><p>regulamentos, códigos, normas de jogos, normas para formatação de trabalhos</p><p>acadêmicos, manuais, e assim por diante. Vale destacar que os modos</p><p>discursivos de narração, descrição, exposição ou argumentação podem ser</p><p>utilizados nos diferentes gêneros, afinal gênero textual é diferente de tipo</p><p>textual, como já estudado anteriormente.</p><p>Para melhor fixação dos gêneros e de suas características, acompanhe</p><p>o quadro a seguir.</p><p>Gênero</p><p>textual</p><p>Características Exemplos</p><p>Enumerativos Lembrar e</p><p>transmitir</p><p>dados.</p><p>Bloco de</p><p>notas,</p><p>infográficos,</p><p>diário,</p><p>agenda, lista</p><p>de compras,</p><p>lista de</p><p>presentes.</p><p>Informativos Compreender,</p><p>comunicar ou</p><p>informar</p><p>características</p><p>de um tema.</p><p>Cartas,</p><p>telegramas,</p><p>convites,</p><p>jornais,</p><p>propagandas,</p><p>notas.</p><p>Expositivos e</p><p>argumentativos</p><p>Compartilhar ou</p><p>discutir</p><p>conhecimentos</p><p>e estudar.</p><p>Resenhas,</p><p>relatórios,</p><p>apostilas,</p><p>material</p><p>didático,</p><p>biografias,</p><p>ensaios,</p><p>conferências.</p><p>Prescritivos Apresentar</p><p>instruções.</p><p>Bula de</p><p>remédio,</p><p>receitas</p><p>culinárias,</p><p>manuais,</p><p>códigos,</p><p>normas de</p><p>jogos.</p><p>TEMA 2 – ATA E RELATÓRIO</p><p>Ata e relatório são gêneros textuais inerentes às atividades acadêmicas.</p><p>Iniciaremos com a caracterização da esfera de atividade em que o relatório se</p><p>insere e suas funções sociocomunicativas. Quando buscamos uma definição</p><p>de relatório, encontramos algo muito amplo, e essa ausência de precisão é</p><p>resultado da diversidade de situações em que se produz esse gênero textual. A</p><p>flexibilidade do relatório dificulta sua definição, o que não acontece com outros</p><p>gêneros mais facilmente reconhecidos pela função sociocomunicativa que</p><p>exercem, a exemplo do resumo.</p><p>Quando pensamos em relatórios, muito provavelmente imaginamos um</p><p>documento por escrito, mas o relatório também pode ser oral. Imaginemos a</p><p>seguinte situação: ao final do dia a mãe pergunta ao filho como foram suas</p><p>atividades, o que fez na escola, no curso de espanhol, e assim por diante. O</p><p>filho relata os acontecimentos, e conforme sua maturidade pode ocultar</p><p>algumas informações, ser criterioso em sua seleção. A fala do filho é um</p><p>relatório. Outro contexto possível é no ambiente escolar, quando o professor</p><p>pede a seus alunos que relatem por escrito suas férias, ou um passeio</p><p>pedagógico; o resultado é a entrega de um relatório.</p><p>Há empresas que exigem de seus funcionários um relatório semanal</p><p>sobre suas atividades, principalmente quando se trata de trabalhos externos,</p><p>como um vendedor ou um representante de laboratório que visita consultórios</p><p>médicos. Notem que o nível de complexidade de um relatório varia conforme o</p><p>contexto em que está inserido. Nas séries iniciais, os alunos relatam</p><p>informações básicas sobre uma leitura, nas empresas há relatórios contábeis,</p><p>de produtividade, de vendas, com informações relevantes aos diretores</p><p>responsáveis. A famosa carta de Pero Vaz de Caminha destinada ao rei dom</p><p>Manuel sobre o descobrimento do Brasil também é um relatório. Acompanhem</p><p>o que Hartmann e Santarosa (2012, p. 188) falam sobre isso.</p><p>Podemos comparar o autor de um relatório com o viajante contador</p><p>de histórias, aquele que se senta e conta ao público ouvinte por onde</p><p>andou e o que viu em suas jornadas. Também podemos compará-lo</p><p>ao artesão, aquele que domina um ofício e conta</p><p>aos aprendizes as</p><p>técnicas utilizadas na construção de um artefato. Esses dois</p><p>exemplos evidenciam que o relatório é construído pelo uso das</p><p>formas composicionais da narração (ordenação de acontecimentos</p><p>no tempo) e da descrição (detalhamento de características daquilo</p><p>que é observado).</p><p>A ata é o registro escrito de uma reunião, sessão, assembleia, e tem</p><p>efeito legal. O objetivo é registrar informações e deliberações realizadas por</p><p>uma coletividade. O secretário, pessoa responsável pela redação do</p><p>documento, tem a função de escrever, ler ao final do encontro, colher as</p><p>assinaturas, guardar o livro ata e, se for necessário, registrar em cartório. Deve</p><p>ser escrita em parágrafo único e os assuntos colocados em ordem cronológica,</p><p>com os verbos conjugados no pretérito perfeito do indicativo e os numerais</p><p>registrados por extenso. Rasuras não são permitidas, uma vez que se trata de</p><p>um documento legal. Se houver erros e for percebido, escreve-se a correção</p><p>com a observação em tempo. Para evitar fraudes, a estrutura da ata não</p><p>permite espaços em branco, portanto as assinaturas devem aparecer logo</p><p>depois do texto.</p><p>Esse gênero possui uma característica muito interessante, a polifonia,</p><p>que quer dizer a reunião de várias vozes. Os diferentes discursos podem ser</p><p>transcritos ou adaptados ao registro escrito. Isso significa que para uma ata,</p><p>contamos com vários autores, já que o secretário apenas registra o que foi dito</p><p>pelos membros durante o evento. A estrutura da ata é simples: deve conter</p><p>data, local, horário e o nome da instituição ou entidade em que está reunida.</p><p>Os membros devem ser citados, e em caso de ausência ou substituição, essa</p><p>informação também deve aparecer. Na sequência, vem a pauta discutida, as</p><p>decisões tomadas pelos membros, assim como os assuntos mais importantes</p><p>que tenham sido discutidos, além de votações, se elas acontecerem. A pessoa</p><p>que redigirá a ata deve dominar a norma culta da língua portuguesa.</p><p>TEMA 3 – REQUERIMENTO</p><p>Como o nome já diz, esse gênero textual tem como finalidade requerer</p><p>algo, solicitar. Trata-se de um documento sob amparo da lei. Aquele que emite</p><p>um requerimento e seu destinatário mantêm relação dentro de uma escala</p><p>hierárquica, sendo que o emissor ocupa cargo inferior, por isso a necessidade</p><p>de recorrer ao requerimento para apresentar sua necessidade ou pedido</p><p>àquele que ocupa posição superior. Entendam que não precisa ser</p><p>necessariamente destinado a uma pessoa, pode ser a um órgão público, a uma</p><p>universidade, a uma empresa ou a um grupo de pessoas relacionadas ao</p><p>assunto.</p><p>Não há um modelo único, inclusive há órgãos que contam com modelos</p><p>de requerimentos para diferentes situações. Porém, precisa ficar claro que</p><p>esse é um gênero pertencente à redação técnica e sua complexidade está</p><p>relacionada ao mote do requerimento. Sua escrita deve seguir os padrões da</p><p>norma culta da língua e deve estar em terceira pessoa a fim de garantir a</p><p>impessoalidade e objetividade.</p><p>Mesmo que não haja um único modelo, contamos com uma estrutura</p><p>padrão. Por se tratar de documento oficial deve ser digitado e seguir uma</p><p>formatação pré-estabelecida (fonte Arial ou Times New Roman; recuo de</p><p>1,5 cm; espaçamento de 1,5 cm; margem direita de 2 cm e margem esquerda</p><p>de 3 cm). Os elementos obrigatórios são: vocativo, texto, fecho, local e data, e</p><p>assinatura. Como se trata de um texto formal, deve-se respeitar os pronomes</p><p>de tratamento adequados no momento de escolher o vocativo, ou seja, se o</p><p>requerimento for destinado ao reitor de uma universidade, usamos magnífico</p><p>reitor. Essa escolha depende do cargo ocupado pelo destinatário. No corpo do</p><p>texto, informações como nome do requerente, filiação, estado civil, profissão,</p><p>naturalidade e residência não podem faltar. O fecho, abaixo do texto, em letras</p><p>maiúsculas, traz expressões como ESPERA DEFERIMENTO.</p><p>Em tipos mais simples o texto pode ter parágrafo único, sem maiores</p><p>aprofundamentos do caso; em tipos mais complexos haverá o detalhamento,</p><p>apresentará mais de um ponto a ser solicitado e prováveis argumentos para</p><p>garantir o aceite, portanto, um texto maior. Para o requerimento complexo,</p><p>existe ainda a possibilidade de contar com documentos anexados.</p><p>TEMA 4 – NOTÍCIA, PROPAGANDA E REPORTAGEM</p><p>A propaganda tem como objetivo convencer, persuadir, o leitor, seja</p><p>para consumir um produto ou obter apoio à ideia vinculada. Podemos encontrar</p><p>propagandas em diferentes veículos, como televisão, outdoor, revistas, jornais,</p><p>redes sociais. Sua linguagem, geralmente é mista, isto é, escrita e visual, ou</p><p>seja, construída por textos e imagens, com intuito de aumentar a</p><p>expressividade, usando cores, impressões, tamanhos da letra, formas, sons,</p><p>sim, sons, porque temos propagandas construídas com linguagem verbal,</p><p>visual ou verbal e visual, além de clara e direta, justamente por preocupar-se</p><p>com o efeito causado no receptor.</p><p>Ainda sobre a linguagem, a propaganda apresenta linguagem</p><p>argumentativa e expositiva, eventualmente com pequenas descrições. O texto,</p><p>normalmente, desperta sentimentos, sensações e emoções, pois o publicitário,</p><p>isto é, o autor do texto, domina o uso da linguagem, ele sabe como usar</p><p>palavras e imagens com apelos emocionais – o que garante alcançar o</p><p>objetivo. Certamente, uma das preocupações e cuidados do publicitário é de</p><p>conhecer o público-alvo da propaganda, afinal, cada propaganda tem sua</p><p>especificidade e o público é variado.</p><p>Vamos falar um pouco mais sobre os tipos de texto desse gênero</p><p>textual. Comecemos pelo texto informativo, aquele que apresenta informações</p><p>para seu leitor e pode ser encontrado em revistas, livros e jornais, físicos ou</p><p>não. O texto persuasivo intenciona convencer o leitor e, geralmente, apresenta</p><p>verbos no modo imperativo. O texto marcado pela defesa de um ponto de vista</p><p>é o argumentativo; utiliza argumentos para que o leitor aceite sua ideia, melhor</p><p>dizendo, passe a pensar como o autor. Por fim, o texto expositivo, que expõe</p><p>determinada ideia por meio de uma conceituação, descrição, informação ou</p><p>comparação. Evidentemente, o texto é composto de frases curtas, comumente</p><p>associadas a imagens que reforçam seu apelo.</p><p>Os gêneros textuais pertencentes ao universo jornalístico estão divididos</p><p>em dois grupos: jornalismo opinativo e jornalismo informativo. O gênero textual</p><p>notícia encontra-se no gênero do jornalismo informativo e como o próprio nome</p><p>revela, sua função é informar e não emitir opinião, apresentando, assim,</p><p>imparcialidade. Aborda temas atuais e fatos de relevância imediata, portanto</p><p>deve ser elaborado rapidamente para publicação ou veiculação na mídia,</p><p>porque sua validade informática expira em um curto prazo de tempo.</p><p>Os meios mais comuns de divulgação são jornais, revistas, televisão,</p><p>rádio e internet. Apesar de seu teor informativo, pode ser composto por textos</p><p>descritivos e narrativos, já que pode apresentar tempo, personagens e espaço</p><p>– claro que sempre reais, afinal este é um gênero textual não literário. Na</p><p>notícia, o discurso predominante é o indireto e a única voz que aparece é a do</p><p>repórter, porém ele não assina o texto. Geralmente, são textos escritos com</p><p>poucos parágrafos; informações principais, essenciais, aparecem no lead,</p><p>termo utilizado para referir-se ao primeiro parágrafo. Outros elementos são:</p><p>título, linha fina ou título auxiliar (logo abaixo do título) e o corpo da notícia.</p><p>Para elaborar uma reportagem é preciso que o jornalista realize</p><p>pesquisa minuciosa, uma investigação exaustiva sobre o tema escolhido.</p><p>Diferentemente da notícia, a reportagem não é imparcial, ou seja, há a</p><p>interpretação dos fatos narrados, a opinião do autor sobre o assunto, que varia</p><p>entre temas políticos, sociais e culturais, entre outros. Podemos deduzir que</p><p>esse gênero pertence ao jornalístico opinativo. Seus temas são desenvolvidos</p><p>de forma mais profunda, portanto apresentam</p><p>mais informações que a notícia,</p><p>que precisa ser concluída rapidamente. Mesmo que haja opinião do autor, a</p><p>reportagem de qualidade traz diferentes perspectivas do assunto tratado para</p><p>que o leitor tire suas próprias conclusões.</p><p>Na reportagem encontramos com facilidade o discurso direto e o</p><p>discurso indireto, o que significa que a polifonia se faz presente, ou seja, há a</p><p>voz do jornalista, mas também existem elementos como entrevistas com</p><p>especialistas, testemunhas, o que permite aparição de outras vozes. Essas</p><p>entrevistas podem ser com diferentes especialistas, com diferentes opiniões</p><p>sobre o mesmo tema. A reportagem costuma integrar a descrição, a narração e</p><p>a entrevista. Revistas são os meios de divulgação mais comuns para as</p><p>reportagens, que eventualmente podem aparecer também em edições</p><p>especiais de jornais. Os elementos da reportagem são os mesmos que os da</p><p>notícia, e a principal diferença é que o autor assina a reportagem.</p><p>TEMA 5 – CARTA</p><p>Há vários modelos de cartas: pessoais, comerciais, do leitor, aberta, e</p><p>assim por diante. A carta pessoal é pouco usada e na maioria dos casos foi</p><p>substituida pelo e-mail, gênero que trataremos com mais detalhes em outra</p><p>oportunidade, e por breves mensagens de texto via celular ou em redes</p><p>sociais, que garantem interação muito mais rápida entre os interlocutores.</p><p>No entanto, há cartas que ainda exercem importante função social, como</p><p>a carta aberta, do gênero textual argumentativo, cuja função é se posicionar,</p><p>levantar questionamento ou solicitar algo para alguém – entendam esse</p><p>alguém como pessoa ou organização que possui visibilidade e reconhecimento</p><p>social, por exemplo, membros da associação de pais e mestres solicitando</p><p>alguma melhoria ao diretor da escola. Ela é uma carta aberta porque ainda que</p><p>tenha um destinatário, seu acesso é público e o autor pretende convencer não</p><p>apenas o destinatário, mas uma comunidade por meio de seu caráter</p><p>argumentativo e estilo persuasivo. Assemelha-se a um protesto relacionado a</p><p>problemas sociais. Sua estrutura é semelhante a da carta comum: conta com</p><p>destinatário, remetente, local e data, e assinatura, mas lembrem-se que a carta</p><p>aberta discute questões sociais.</p><p>Ao escrever uma carta aberta, seis elementos são indispensáveis e</p><p>devem respeitar uma ordem estabelecida para garantir fluidez. O primeiro é o</p><p>título, sempre centralizado e em caixa-alta; ele dará um nome à sua carta, por</p><p>exemplo: CARTA ABERTA AOS PARLAMENTARES ESTADUAIS E</p><p>FEDERAIS DO ESTADO DO PARANÁ. Em seguida vem a introdução, que</p><p>apresentará o que será abordado. No desenvolvimento as questões abordadas</p><p>ganham profundidade e argumentação para embasar o posicionamento</p><p>defendido. Os argumentos podem ganhar força quando acompanhados por</p><p>pesquisas, entrevistas, dados estatísticos etc. Na conclusão, o debate se</p><p>encerra com uma sugestão para o problema identificado ou uma motivação</p><p>para que se resolva o problema de forma consciente e reflexiva. Situada na</p><p>lateral esquerda da folha, separada do texto, está a despedida, com tom</p><p>formal, composta de uma frase curta, normalmente iniciada por</p><p>Atenciosamente. A assinatura é a identificação do remetente, podendo ser uma</p><p>pessoa, um grupo ou uma instituição. Ao redigir uma carta aberta, priorizamos</p><p>a primeira pessoa do singular ou do plural, dependendo do remetente.</p><p>Outra carta que encontramos em nosso cotidiano é a carta do leitor.</p><p>Publicada em revistas, jornais e sites, o autor da carta expõe sua opinião a</p><p>respeito de uma matéria publicada em edições anteriores. Ainda que esse tipo</p><p>de carta possua caráter subjetivo, sua linguagem deve ser simples, clara e</p><p>objetiva, priorizando o tom argumentativo. A carta do leitor tem diferentes</p><p>funções. Aos veículos, possibilita formular novas matérias e monitorar a</p><p>receptividade de seus conteúdos, ambas informações influenciam diretamente</p><p>o desenvolvimento desses veículos. Além disso, a carta do leitor garante</p><p>participação política dos cidadãos, já que possui interesse coletivo, conferindo,</p><p>dessa forma, liberdade de expressão.</p><p>Há ainda a carta comercial, também conhecida como correspondência</p><p>técnica, cuja função é promover a comunicação entre empresas ou entre</p><p>empresas e clientes, além de iniciar, manter ou encerrar negociações. As</p><p>informações mais comuns são reclamações, pedidos, avisos, cobranças ou</p><p>publicidade. Os textos geralmente possuem parágrafos curtos, objetivos,</p><p>impessoais e formais, por isso é preciso organização. Dependendo do assunto,</p><p>a carta comercial pode ser informativa, como um comunicado; descritiva, ao</p><p>descever um produto; ou dissertativa, ao apresentar sugestões ou</p><p>reclamações. Normalmente, são redigidas em papel timbrado com as</p><p>informações da empresa, como nome, endereço, local e data, um vocativo,</p><p>corpo do texto referenciando o assunto, sempre de forma clara, com</p><p>simplicidade, mas respeitando a norma culta da língua. Na despedida, além do</p><p>nome do remetente, deve constar seu cargo.</p><p>NA PRÁTICA</p><p>1. Durante seu curso você deverá realizar uma série de relatórios de</p><p>aprendizagem. Quais são os objetivos desses relatórios e quem serão</p><p>seus leitores?</p><p>2. Elabore um mapa mental sobre ata, relatório, notícia e reportagem.</p><p>Destaque as características gerais de cada público-alvo, função</p><p>sociocomunicativa, entre outros elementos que considere relevante.</p><p>3. Após nossas discussões, defenda a continuidade dos estudos acerca do</p><p>gênero textual carta.</p><p>FINALIZANDO</p><p>Em nosso encontro, iniciamos com uma reflexão sobre as práticas</p><p>sociais que envolvem os gêneros textuais. Concluímos que todo texto – oral ou</p><p>escrito – pertence a um gênero textual e possui função sociocomunicativa.</p><p>Assim, os gêneros textuais estão presentes diariamente em nossas vidas,</p><p>quase em tempo integral.</p><p>Em seguida, vimos alguns gêneros textuais de forma mais detalhada.</p><p>Começamos por relatório e ata – gêneros do meio acadêmico. Perpassamos</p><p>por alguns tipos de relatórios, gênero muito flexível, usado em diferentes</p><p>contextos com diferentes finalidades. Possui formas simples e complexas, pode</p><p>ser um relatório de viagem ou um relatório de produtividade de uma empresa.</p><p>Ata é um documento legal, conta com o recurso da polifonia, afinal é o registro</p><p>de deliberações realizadas por um grupo, em reuniões de condomínio,</p><p>colegiados etc.</p><p>O requerimento foi o gênero textual estudado na sequência. Seu objetivo</p><p>é requerer, solicitar algo para alguém que possui um lugar superior em uma</p><p>escala hierárquica; é um documento formal, além de ser amparado pela lei. No</p><p>quarto tópico, nossa conversa foi sobre propaganda, notícia e reportagem,</p><p>gêneros textuais do universo midiático. A propaganda tem caráter persuasivo e</p><p>linguagem mista com apelo emocional.</p><p>Notícia e reportagem não podem ser confundidas como gêneros</p><p>idênticos; a notícia é objetiva, imparcial e seu prazo de validade é curto, e trata</p><p>de fatos de relevância imediata. A reportagem é resultado de uma investigação</p><p>minuciosa realizada pelo jornalista e aborda temas sociais. Pode apresentar</p><p>opinião do autor, assim como posicionamentos diferentes de especialistas</p><p>sobre o assunto abordado, possibilitando ao leitor reflexão antes de formar sua</p><p>própria opinião. Finalizamos com o gênero textual carta. Apesar de a carta</p><p>pessoal estar em desuso, há outros tipos de carta que exercem importante</p><p>função social, como carta aberta, carta do leitor e carta comercial.</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. Os gêneros do discurso. São Paulo:</p><p>Martins Fontes, 1997.</p><p>HARTMANN, S. H. de G; SANTAROSA, S. D. Práticas de escrita para o</p><p>letramento no ensino superior. Curitiba: InterSaberes, 2012.</p><p>KÖCHE, V. S.; MARINELLO, A. F. Gêneros Textuais. Práticas de leitura,</p><p>escrita e análise linguística. Petrópolis: Vozes, 2015.</p>