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<p>INTRODUÇÃO</p><p>As avermectinas são uma série de drogas usadas para tratar vermes parasitas. Elas são derivados de lactona macrocíclica de 16 membros com potentes propriedades anti-helmíntico e inseticidas. Estes compostos que ocorrem naturalmente são gerados como produtos de fermentação por Streptomyces avermitilis, um actinomiceto.</p><p>A ivermectina é um dos fármacos antiparasitários mais conhecidos e amplamente utilizados na medicina humana e veterinária. Descoberta em 1975, a ivermectina é o derivado mais seguro e eficaz da classe das avermectinas, um grupo de substâncias produzidas pelos actinomicetos Strep-tomyces avermitilis. Trata-se de um fármaco antiparasitário e amplo espectro que possui estrutura similar aos antimicrobianos macrolídeos, apesar de não possuir nenhuma atividade antibacteriana.</p><p>É uma lactona macrocíclica semissintética que atua contra ampla gama de helmintos e artrópodes. O exato mecanismo de ação de ivermectina não está esclarecido, porém alguns estudos realizados sugerem que mecanismo de ação envolva potencialização e/ou ativação direta de canais de cloreto regulados por glutamato em membranas plasmáticas de nematódeos. Essa ação resulta em hiperpolarização de células neuromusculares e paralisia da faringe desses parasitas.</p><p>Outra ação da ivermectina é intensificar a ação do ácido gama-aminobutírico (GABA) com consequente incremento em sua liberação nas terminações pré-sinápsicas, ativando os receptores e potencializando a ligação com o receptor gerando um estado de hiperpolarização. O efeito final consiste em bloqueio da transmissão neuromuscular e paralisia do verme.</p><p>Farmacocinética da Ivermectina</p><p>A farmacocinética da ivermectina varia de acordo com uma série de fatores que podem influenciar profundamente as concentrações da substância no plasma. A maior biodisponibilidade do medicamento é obtida por via subcutânea. A IVM apresenta baixa solubilidade no tecido subcutâneo, pois há precipitação no local e isso favorece a sua lenta absorção. A ivermectina oral é rapidamente absorvida pelo trato gastrointestinal e sua biodisponibilidade é relativamente baixa, sendo em torno de 50%, e sua concentração plasmática atinge o pico em torno de 4 horas após a sua ingestão e sua meia vida varia de 12 a 36 horas. Seus metabólitos possuem um pico de concentração plasmática maior, de 6 a 12 horas, indicando a ocorrência da recirculação entero-hepática. Animais com a função hepática comprometida, terão esse tempo de meia vida prolongado.</p><p>Após ser absorvida, a ivermectina se liga à albumina e lipoproteínas plasmática, acumulando-se no tecido adiposo que irá atuar como um reservatório graças a sua lipofilicidade. A biotransformação do fármaco é pequena e ocorre no fígado, sendo o seu principal metabólito o 24-hidroximetil-H2B1a. Parte da ivermectina é metabolizada antes de atingir a circulação sistêmica total, o que reduz a quantidade disponível para a ação terapêutica. Apesar de lipossolúvel, a ivermectina não atravessa a barreira hematoencefálica de mamíferos em situações normais.</p><p>A maior parte é excretada de forma íntegra pelas fezes, via em que 90% do fármaco é eliminado e apenas 2% é pela via urinária. Essa eliminação ocorre de forma lenta contribuindo para um efeito terapêutico do medicamento mais prolongado</p><p>Farmacodinâmica da Ivermectina</p><p>A ivermectina age imobilizando os parasitas induzindo há uma paralisia tônica da musculatura mediada pela ativação direta dos canais de CL- que são sensíveis à ivermectina, controlados pelo glutamato. Esses canais estão presentes nos nervos e células musculares de invertebrados – atuam na transmissão neuromuscular e na função neurossináptica - e quando ativados, aumentam a permeabilidade da membrana celular ao CL- acarretando em paralisia ou morte do parasita devido à incapacidade de mover-se e alimentar-se. Os compostos desta classe podem também interagir com canais de Cl- mediados por outros neurotransmissores como o ácido gama-aminobutírico (GABA).</p><p>O fármaco possui uma atividade seletiva e não afeta o sistema nervoso central dos mamíferos devido ao fato de que os canais iônicos mediados pelo GABA só estão presentes no cérebro e a ivermectina não atravessa a barreira hematocefálica em situações normais. Deve-se considerar também que os nervos e as células musculares dos mamíferos não apresentam canais de Cl– controlados por glutamato.</p><p>A ivermectina é altamente eficaz contra muitos parasitas devido à especificidade dos canais iônicos para os quais a ivermectina se liga, ela se torna altamente eficaz contra muitos parasitas:</p><p>· Nematoides gastrointestinais: a ivermectina veterinária é eficaz contra diversos vermes intestinais em animais, incluindo nematoides intestinais (vermes redondos) e do estômago – Ancylostoma sp, Toxocara canis;</p><p>· Vermes de outros órgãos: o medicamento também age para prevenir e tratar infecções por vermes do pulmão (angiostrongylus vasorum) e coração (Dirofilaria immitis);</p><p>· Ectoparasitas: a ivermectina veterinária também pode ser usada contra vários ectoparasitas, como ácaros da sarna sarcóptica (Sarcoptes scabiei), sarna demodécica (Demodex canis), piolhos e carrapatos.</p>