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<p>1</p><p>UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI.</p><p>CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS, POLÍTICAS E SOCIAIS – CEJURPS.</p><p>CURSO DE DIREITO.</p><p>NECESSIDADE, POSSIBILIDADE e PROPORCIONALIDADE:</p><p>Trinômio indispensável para fixação dos alimentos</p><p>ELOIR FERNANDO FAVIL</p><p>Itajaí, 30 de maio de 2008.</p><p>I</p><p>UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI.</p><p>CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS, POLÍTICAS E SOCIAIS – CEJURPS.</p><p>CURSO DE DIREITO.</p><p>NECESSIDADE, POSSIBILIDADE e PROPORCIONALIDADE:</p><p>Trinômio indispensável para fixação dos alimentos</p><p>ELOIR FERNANDO FAVIL</p><p>Monografia submetida à</p><p>Universidade do Vale no Itajaí –</p><p>UNIVALI, como requisito parcial à</p><p>obtenção do grau de Bacharel em</p><p>Direito.</p><p>Orientadora: Professora Msc. Ana Lúcia Pedroni.</p><p>Itajaí, 30 de Maio de 2008.</p><p>II</p><p>AGRADECIMENTO</p><p>À Deus, em primeiro lugar, pois se não</p><p>fosse por ele, não teria conseguido finalizar.</p><p>À minha esposa Vanda de Jesus,que por</p><p>muitos momento a deixei de lado, e mesmo</p><p>assim me apoiou nessa trajetória.</p><p>À minha mãe, Dona Aladia, que no inicio de</p><p>minha estudantil trabalhou muito para eu</p><p>tivesse um estudo a altura.</p><p>A minha Filha Amanda e Gilmara, que</p><p>sempre aguardaram pela minha conclusão</p><p>de curso.</p><p>Por fim, à minha professora orientadora</p><p>Msc. Ana Lucia Pedroni.</p><p>III</p><p>DEDICATÓRIA</p><p>Para minha esposa, Vanda Maria Carneira de</p><p>Jesus Favil</p><p>IV</p><p>TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE</p><p>Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo</p><p>aporte ideológico ao presente trabalho, isentando a Universidade do Vale do</p><p>Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e a Orientadora</p><p>de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo.</p><p>Itajaí, 30 de Maio de 2008.</p><p>Eloir Fernando Favil.</p><p>Graduando</p><p>V</p><p>PÁGINA DE APROVAÇÃO</p><p>A presente monografia de conclusão do Curso de Direito da Universidade do Vale</p><p>do Itajaí – UNIVALI, elaborada pelo graduando Eloir Fernando Favil, sob o título</p><p>pensão alimentícia, foi submetida em [data] à banca examinadora composta pelos</p><p>seguintes professores: _______________________________, e aprovada com a</p><p>nota____________________.</p><p>Itajaí, 30 de Maio de 2008.</p><p>Professora Msc. Ana Lúcia Pedroni.</p><p>Orientadora e Presidente da Banca</p><p>Professor Msc. Antônio Augusto Lapa.</p><p>Coordenação da Monografia</p><p>VI</p><p>ROL DE ABREVIATURAS E SIGLAS</p><p>APEL. Apelação.</p><p>ART. Artigo.</p><p>CC/1916 Código Civil Brasileiro de 1916.</p><p>CC/2002 Código Civil Brasileiro de 2002.</p><p>CF/88 Constituição Federal de 1988.</p><p>DES. Desembargador.</p><p>FLS. Folhas.</p><p>P. Página.</p><p>STF Supremo Tribunal Federal</p><p>TJAL Tribunal de Justiça da Alagoas.</p><p>TJRJ Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.</p><p>TJRS Tribunal de Justiça do Rio Grade do Sul.</p><p>TJSP Tribunal de Justiça de São Paulo.</p><p>VOL. Volume.</p><p>VII</p><p>ROL DE CATEGORIAS</p><p>Rol de categorias que o Autor considera estratégicas à</p><p>compreensão do seu trabalho, com respectivos conceitos operacionais.</p><p>Alimentos</p><p>“alimentos são prestações para satisfação das necessidades vitais de quem não</p><p>pode provê-las por si. Compreende o que é imprescindível à vida da pessoa como</p><p>alimentação, vestuário, habitação, tratamento médico, transporte, diversões, e, se</p><p>a pessoa alimentada for menor de idade, ainda verbas para a instrução e</p><p>educação (CC, art. 1701, in fine), incluindo parcelas despendidas com</p><p>sepultamento, por parentes legalmente responsáveis pelos alimentos”1.</p><p>Descendentes</p><p>“são todos os parentes de sucessivas gerações a partir dos filhos biológicos ou</p><p>adotivos”2.</p><p>Filiação</p><p>“é a relação de parentesco consangüíneo, em primeiro grau e em linha reta, que</p><p>liga uma pessoa àquelas que a geraram. Todas as regras sobre parentesco</p><p>consangüíneo estruturam-se a partir da noção de filiação. A Constituição de 1988</p><p>(art. 227, §6º) estabeleceu absoluta igualdade entre todos os filhos, não admitindo</p><p>mais a retrograda distinção entre filiação legítima ou ilegítima, segundo os pais</p><p>fossem casados ou não, e adotiva, que existia no Código Civil de 1916. Hoje,</p><p>todos são apenas filhos, uns havidos fora do casamento, outros em sua</p><p>constância, mas com iguais direitos e qualificações”3.</p><p>1 WASHINGTON, Barros Monteiro, Curso de Direito: Direito de Família V.2; 2007; p. 290.</p><p>2 LÔBO, Paulo Luiz Netto; Código Civil Comentado; 2003; p. 18</p><p>3 GONÇALVES, Carlos Roberto; Direito de Família; 2002; p. 86</p><p>VIII</p><p>Necessidade do credor</p><p>“a necessidade varia de cada indivíduo. O montante dos alimentos variará de</p><p>acordo com cada interessado. A necessidade deflui do tipo de roupa, do lugar</p><p>que é freqüentado pelo alimentado, do transporte, da necessidade de</p><p>concorrência com outros… tudo entra no fator necessidade… A necessidade</p><p>advém mais do padrão de vida que os autores possuíam. Como se viu, não é</p><p>apenas a necessidade de encontrarem-se alimentados e vestidos, com freqüência</p><p>a boa escola, uma vez que ele têm bom padrão social. É a necessidade de terem</p><p>bons trajes, de vez que freqüentam segmento social elevado. Há, pois,</p><p>necessidade”4.</p><p>Poder Familiar</p><p>é o conjunto de direitos e deveres atribuídos aos pais, no tocante à pessoa e aos</p><p>bens dos filhos menores. Não tem mais o caráter absoluto de que revestia no</p><p>direito romano, por isso, já se cogitou chamá-lo de” patri dever “, por atribuir aos</p><p>pais mais deveres do que direitos. A denominação” Poder Familiar “é melhor que</p><p>Pátrio Poder, utilizada pelo Código Civil de 1916, mas não é a mais adequada,</p><p>porque ainda reporta ao ”poder “5.</p><p>Possibilidade do devedor</p><p>“os alimentos devem ser prestados por aquele que os forneça sem desfalque do</p><p>necessário ao próprio sustento. O alimentante os prestará sem desfalque do</p><p>necessário ao próprio sustento. Não encontra amparo legal que a prestação de</p><p>alimentos vá reduzi-lo a condições precárias, ou lhe imponha sacrifício para a sua</p><p>condição social. Daí dizer-se que tanto se exime de prestá-los aquele que não o</p><p>pode fazer sem sacrifício de sua própria subsistência, quanto aquele que se porá</p><p>em risco de sacrificá-la vier a dá-los”6.</p><p>4 RIZZARDO; Arnaldo; Direito de Família; 2007; p. 744.</p><p>5 GONÇALVES, Carlos Roberto; Direito de Família; Sinopses Jurídicas; v.2; 8ª ed. Atual.</p><p>de acordo com o novo Código Civil; São Paulo: Saraiva; 2002 p. 107</p><p>6 RIZZARDO; Arnaldo; Direito de Família; 2007; p. 744.</p><p>IX</p><p>Proporcionalidade</p><p>“a fixação dos alimentos deve atentar às necessidades de quem os reclama e às</p><p>possibilidades do obrigado a prestá-los (CC, art. 1.694, § 1º). Havendo revisar-se</p><p>o valor da pensão alimentícia (CC, art. 1.699). Tais modificações, como provocam</p><p>afronta ao que se passou a chamar de trinômio proporcionalidade / necessidade /</p><p>possibilidade, autorizam a busca de nova equalização do valor dos alimentos. A</p><p>exigência de obedecer a este verdadeiro dogma é que permite buscar a revisão</p><p>ou a exoneração da obrigação alimentar. Portanto, o que autoriza a modificação</p><p>do quantum é o surgimento de um fato novo que leve ao desequilíbrio do encargo</p><p>alimentar”7.</p><p>7 PEREIRA; Caio Mário da silva; Instituições de Direito Civil; 2006; p. 498.</p><p>X</p><p>SUMÁRIO</p><p>RESUMO............................................................................................XII</p><p>INTRODUÇÃO......................................................................................1</p><p>CAPÍTULO 1.........................................................................................3</p><p>DOS ALIMENTOS</p><p>1.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS ALIMENTOS...................................................2</p><p>1.2 CONCEITO DE ALIMENTOS............................................................................5</p><p>1.3 PRESSUPOSTOS ESSENCIAIS DA OBRIGAÇÃO DE PRESTAR</p><p>ALIMENTOS............................................................................................................9</p><p>1.4 NATUREZA JURÍDICA DO DIREITO AOS</p><p>ALIMENTOS...............................11</p><p>1.5 CARACTERISICAS DO DIREITO A PRESTAÇÃO DE</p><p>ALIMENTOS..........................................................................................................14</p><p>forma cum manu, a mulher</p><p>deixava fática e juridicamente a família de origem, submetendo-se</p><p>ao poder marital, sendo, em relação a ele, considerada como filha,</p><p>ou seja, subordinada ao pátrio poder dele. Se o casamento se</p><p>desse na forma sine manu, a mulher permanecia sob o pátrio</p><p>poder do pai até a morte dele, tornando-se, após este fato, capaz,</p><p>juridicamente, quanto a si mesma100.</p><p>Com o advento da influência do cristianismo com o direito</p><p>canônico, aproximadamente no período do principado em Roma, e mais</p><p>expressivamente com o direito de justinianeu, trouxe algumas limitações ao pátrio</p><p>poder.</p><p>No direito justinianeu foi seguramente reconhecida uma obrigação</p><p>alimentar recíproca entre ascendentes e descendentes em linha</p><p>reta ao infinito, paternos e maternos na família legítima, entre</p><p>ascendentes maternos, pai e descendentes na família ilegítima</p><p>com exclusão daquela constituída ex nefariis vel incestis vel</p><p>damnatis complexibus...101.</p><p>98 CAHALI, Yussef Said; Dos Alimentos; 2006; p. 38.</p><p>99 DIAS, Maria Berenice; Manual de Direito das Famílias; 2006; p 343.</p><p>100 de OLIVEIRA, Neiva Flávia; Pátrio Poder e Poder Familiar; 1999 p. 13.</p><p>101 CAHALI, Yussef Said; Dos Alimentos; 2006; p. 40.</p><p>33</p><p>… em concomitância com a progressiva afirmação de um conceito</p><p>de família em que o vínculo de sangue adquire uma importância</p><p>maior, quando então se assiste a uma paulatina transformação do</p><p>dever moral de socorro...102.</p><p>Mesmo com estas mudanças, ainda se perpetua na Idade</p><p>Média o poder marital predomina de forma dominadora, e até mesmo repressora.</p><p>Na baixa Idade Média, a mulher casada se encontrava sob o</p><p>pátrio poder marital, na mesma condição que os filhos menores,</p><p>tendo ela a obrigação de fidelidade e coabitação. Um dos</p><p>exemplos que mais claramente ilustra esse poder marital é o</p><p>direito de correção do marido, ele não permitia ao marido matar a</p><p>mulher, mas autorizava-o a bater, ainda que disso resultasse</p><p>ferimentos. Um texto jurídico de Aerdenburgo, cidade flamenga do</p><p>Século XIV diz: “O marido pode bater na mulher, cortá-la de alta a</p><p>baixo e esquecer os pés no seu sangue desde que a torne a coser</p><p>e ela sobreviva”103.</p><p>Uma origem um pouco mais branda e a do direito germânico</p><p>que dará uma influência no direito lusitano, estes que futuramente influenciarão</p><p>ao direito brasileiro.</p><p>No Direito germânico bárbaro, a mulher sempre esteve sob um</p><p>determinado pátrio poder, o paterno ou marital, ou até de outro</p><p>membro masculino da família (sippe), na forma de tutela104.</p><p>O antigo direito lusitano se inspira na orientação romana, mas as</p><p>Ordenações já acolhem o instituto após os importantes</p><p>abrandamentos que, através dos tempos, sofreu em seu rigor. De</p><p>modo que, ao lado de direitos concedidos ao chefe da família,</p><p>impõem-se-lhe muitos e variados deveres para com seus</p><p>descendentes105.</p><p>Esta é a origem do atual “poder familiar” antigo pátrio poder</p><p>ao Sistema Jurídico Brasileiro, tendo ainda características machista, perpetuando</p><p>102CAHALI, Yussef Said; Dos Alimentos; 2006; p. 39.</p><p>103 de OLIVEIRA, Neiva Flávia; Pátrio Poder e Poder Familiar; 1999 p. 13.</p><p>104 de OLIVEIRA, Neiva Flávia; Pátrio Poder e Poder Familiar; 1999 p. 13.</p><p>105 RODRIGUES, Silvio; Direito Civil; 2002; p. 397.</p><p>34</p><p>por todo o sistema jurídico, que se estabeleceu com as ordenações e as leis do</p><p>período Imperial Brasileiro, sendo influentes para a alusão do Código Civil de</p><p>1916 e as leis extravagantes.</p><p>O Código Civil de 1916 assegurava o pátrio poder exclusivamente</p><p>ao marido como cabeça do casal, chefe da sociedade conjugal.</p><p>Na falta ou impedimento do pai é que a chefia da sociedade</p><p>conjugal passava à mulher e, com isso, assumia ela o exercício</p><p>do poder familiar com relação aos filhos106.</p><p>O Estatuto da Mulher Casada (L. 4.121/1962) assegurou o pátrio</p><p>poder a ambos os pais, mas era exercido pelo marido com a</p><p>colaboração da mulher. No caso de divergência entre os</p><p>genitores, prevalecia à vontade do pai, podendo a mãe socorrer-</p><p>se da justiça107.</p><p>O poder familiar tratado de forma machista, já num período</p><p>onde a sociedade brasileiro detinha mudança estruturais,em que a mulher</p><p>passava a cada vez mais participar ativamente do sustento familiar e a titular</p><p>deveres e obrigações, sem que ainda fosse regulamentadas juridicamente,</p><p>apresentando-se neste período novos conceito jurídicos para a mudança de pátrio</p><p>poder a poder familiar, onde forma com este imposto pela Nova Constitucional e a</p><p>Novo Código Civil.</p><p>Como se trata de um termo que guarda resquícios de uma</p><p>sociedade patriarcal, o movimento feminista reagiu108.</p><p>A Constituição Federal concedeu tratamento isonômico ao homem</p><p>e à mulher (CF art. 5º, I). Ao assegurar-lhes iguais direitos e</p><p>deveres referentes à sociedade conjugal (CF art. 226 § 5º),</p><p>outorgou a ambos os genitores o desempenho do poder familiar</p><p>com relação aos filhos comuns109.</p><p>106 DIAS, Maria Berenice; Manual de Direito das Famílias; 2006; p. 343.</p><p>107 DIAS, Maria Berenice; Manual de Direito das Famílias; 2006; p. 343.</p><p>108 DIAS, Maria Berenice; Manual de Direito das Famílias; 2006; p. 343.</p><p>109 DIAS, Maria Berenice; Manual de Direito das Famílias; 2006; p 343.</p><p>35</p><p>O novo Código optou por designar esse instituto como poder</p><p>familiar, pecando gravemente ao mais se preocupar em retirar da</p><p>expressão a palavra ‘pátrio’, por relacioná-la impropriamente ao</p><p>pai (quando recentemente já lhe foi atribuído aos pais e não</p><p>exclusivamente ao genitor), do que cuidar para incluir na</p><p>identificação o seu real conteúdo, que, antes do poder, como</p><p>visto, representa uma obrigação dos pais, e não da família, como</p><p>surge o nome proposto110.</p><p>È importante salientar que a Norma Constitucional de 5</p><p>Outubro de 1988, também abordou novo assunto, estipulando o não só</p><p>casamento como vinculo para o surgimento do poder familiar, mais também a</p><p>união estável, que não sendo os indivíduos desta relação, casados de fato,</p><p>poderão ter sua relação convertida em casamento., inserido sobre esta relação</p><p>um entidade familiar, e com isto o poder familiar.</p><p>Aliás, a Constituição de 5 de Outubro de 1988 veio suprir essa</p><p>omissão do legislador de 1916, ao dizer que, ‘para efeito da</p><p>proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem</p><p>e a mulher, como entidade familiar, devendo a lei facilitar a sua</p><p>conversão em casamento111</p><p>A comunidade jurídica pelejou por quase 100 anos para</p><p>convencer o legislador de que a união entre homem e mulher, à</p><p>imagem e semelhança do casamento, não é uma sociedade</p><p>comercial, e sim uma entidade familiar, porque a união estável é</p><p>reflexo do casamento112.</p><p>a uma, a que sustenta, como nós, a equiparação da união</p><p>estável ao casamento, ancorada na Constituição Federal e,</p><p>agora, nas Leis dos conviventes, outorgando aos conviventes,</p><p>(membros da união estável) todos os direitos e deveres do</p><p>casamento113.</p><p>2.1.2 – Conceito de Poder Famíliar.</p><p>110 RODRIGUES, Silvio; Direito Civil; Direito de Família; 2002; p. 397.</p><p>111 RODRIGUES, Silvio; Direito Civil; Direito de Família; 2002; p. 284.</p><p>112 WELTER, Belmiro Pedro; Alimentos na União Estável; 1998; p. 7.</p><p>113 WELTER, Belmiro Pedro; Alimentos na União Estável; 1998; p. 11.</p><p>36</p><p>Com esta nova expressão Poder familiar, se buscou a</p><p>igualdade entre o homem e a mulher, em relação à obrigação, e a</p><p>responsabilidade dos pais, estabelecendo poderes iguais aos genitores, o que</p><p>serve ao interesse dos filhos, como assim define Maria Berenice Dias:</p><p>A expressão poder familiar é nova, pois corresponde ao antigo</p><p>pátrio poder, termo que remonta ao Direito Romano: pater</p><p>potestas – direito absoluto e ilimitado conferido ao chefe da</p><p>organização familiar sobre a pessoa dos filhos114.</p><p>O Poder Familiar é sempre trazido como exemplo</p><p>da noção de</p><p>poder- função ou direito – dever, consagradora da teoria</p><p>funcionalista das normas de direito das famílias: poder que é</p><p>exercido pelos genitores, mas que serve ao interesse do filho, a</p><p>idéia predominante é de que a potestas deixou de ser uma</p><p>prerrogativa do pai para se afirmar como a fixação jurídica do</p><p>interesse dos filhos115.</p><p>Ressaltando os deveres dos pais com os filhos, no interesse</p><p>da formação para com a sociedade, estando vinculado a este poder o dever de</p><p>sustento, de educação, de moradia.</p><p>Nesse sentido, Carlos Roberto Gonçalves, conceitua que:</p><p>O Poder Familiar é o conjunto de direitos e deveres atribuídos aos</p><p>pais, no tocante à pessoa e aos bens dos filhos menores. Não tem</p><p>mais o caráter absoluto de que revestia no direito romano, por</p><p>isso, já se cogitou chamá-lo de” patri dever “, por atribuir aos pais</p><p>mais deveres do que direitos. A denominação” Poder Familiar “é</p><p>melhor que Pátrio Poder, utilizada pelo Código Civil de 1916, mas</p><p>não é a mais adequada, porque ainda reporta ao ”poder “116.</p><p>Os doutrinadores questionam a expressão “Poder”,</p><p>enfatizada pelo legislador, que buscou atender a igualdade entre o homem e a</p><p>114 DIAS, Maria Berenice; Manual de Direito das Famílias; p. 343.</p><p>115 DIAS, Maria Berenice; Manual de Direito das Famílias; p. 343.</p><p>116 GONÇALVES, Carlos Roberto; Direito de Família; Sinopses Jurídicas; v.2; 8ª ed.</p><p>Atual. de acordo com o novo Código Civil; São Paulo: Saraiva; 2002 p. 107.</p><p>37</p><p>mulher, buscando o novo código civil de 2002 a se adequar com a constituição</p><p>federal em seu artigo 5°, I, onde expressa que:</p><p>I – Homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações,</p><p>nos termos desta constituição.</p><p>E em relação ao poder familiar no que toca os direitos e</p><p>deveres aos filhos menores, a Constituição Federal de 1988, esclarece em seu</p><p>artigo 229, que assim define:</p><p>Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos</p><p>menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice,</p><p>carência ou enfermidade.</p><p>O entendimento de Silvio Rodrigues em relação à expressão</p><p>“Poder”, de poder familiar, é o seguinte:</p><p>Pecou gravemente ao se preocupar, mas em retirar da expressão</p><p>a palavra ”pátrio“ do que incluir o seu real conteúdo, que, antes de</p><p>um poder, representa obrigação dos pais, e não da família, como</p><p>o nome sugere117.</p><p>Carlos Roberto Gonçalves, enfatiza que:</p><p>Algumas legislações estrangeiras, como a Francesa e a Norte-</p><p>americana, optaram por” autoridade parental “, sendo está à</p><p>expressão que goza da simpatia dos doutrinadores, tendo em</p><p>vista o conceito de autoridade que traduz, melhor o exercício de</p><p>função legitima fundada no interesse de outro individuo, e não em</p><p>coação física ou psíquica, inerente ao poder118.</p><p>2.1.3 Igualdade dos Pais frente às Obrigações para com os Filhos Menores e</p><p>Incapazes.</p><p>117 RODRIGUES, Silvio; Direito Civil; 2002; p. 344.</p><p>118 GONÇALVES, Carlos Roberto; Direito de Família; 2002 p. 108.</p><p>38</p><p>É mister salientar que antes ao pai cabia atuar no interesse</p><p>da família, onde nos tempos atuais, cabe esta obrigação a ambos:</p><p>Dispõe assim RODRIGUES:</p><p>A expressão podia ser admitida em sentido vulgar, ou seja, par</p><p>significar que o marido atua no interesse do casal e dos filhos,</p><p>representando aquela entidade natural, composta por estes e</p><p>aquele. Hoje, em virtude da igualdade proclamada pela</p><p>Constituição. Ambos os cônjuges representam a família119.</p><p>Hoje, como disse acima, pela nova leitura do Código com as</p><p>lentes fornecidas pela Constituição Federal, a chefia da sociedade</p><p>conjugal é exercida por ambos os cônjuges, pois ambos</p><p>participam de todos os direitos e arcam com todas as obrigações</p><p>dentro do lar. E a legislação em vacância, naturalmente, adota</p><p>expressamente essa solução120.</p><p>E também imputado por GONÇALVES:</p><p>O dever de prover à manutenção da família deixou de ser apenas</p><p>um encargo do marido, incumbindo também à mulher, com efeito,</p><p>o art. 1.568 do novo Código que “os cônjuges são obrigados a</p><p>concorrer, na proporção de seus bens e dos rendimentos do</p><p>trabalho, para o sustento da família e a educação dos filhos,</p><p>qualquer que seja o regime patrimonial”. Se qualquer dos</p><p>cônjuges estiver desaparecido ou preso por mais de cento e</p><p>oitenta dias, interditado judicialmente ou privado,</p><p>temporariamente, de consciência, e virtude de enfermidade ou de</p><p>acidente, “o outro exercerá com exclusividade a direção da</p><p>família, cabendo-lhe a administração dos bens” (CC, art. 1.570)121.</p><p>Sendo assim, os filhos menores ficam sujeitos ao poder</p><p>familiar, ao qual ambos exercerão com igualdade.</p><p>Estabelece o CC, no art. 1.630, que os filhos estão sujeitos ao</p><p>poder familiar, enquanto menores; e no art. 1.631: “Durante o</p><p>119 RODRIGUES, Silvio; Direito Civil; 2002; p. 140.</p><p>120 RODRIGUES, Silvio; Direito Civil; 2002; p. 139.</p><p>121 GONÇALVES, Carlos Roberto; Direito de Família; 2002 p. 52.</p><p>39</p><p>casamento e a união estável, compete o poder familiar aos pais;</p><p>na falta ou impedimento de um deles, o outro o exercerá com</p><p>exclusividade”122.</p><p>Deixando de ser a mãe mera subsidiária do pai na</p><p>manutenção da família.</p><p>E como tanto o pai quanto a mãe são igualmente obrigados, na</p><p>proporção da respectiva capacidade econômica, à manutenção da</p><p>prole, exclui-se daí que possa considerar a obrigação materna</p><p>como meramente subsidiária em relação àquela do pai123.</p><p>Sendo importante aqui anotar o que doutrina DIAS:</p><p>Principie-se por anotar que, na família contemporânea, a</p><p>igualdade entre cônjuges e a proibição de designação</p><p>discriminatória dos filhos alcançam o interior das relações</p><p>familiais, assumindo pais e filhos novos papéis, segundo observa</p><p>Ricardo Lira “[…] não há poder dos pais sobre os filhos. Há</p><p>deveres e há faculdade que são instrumentos desse deveres”124.</p><p>O exercício do dever familiar de ambos, não é</p><p>obrigatoriamente, necessário à presença de ambos em todos os atos usuais,</p><p>dispondo sobre isso LÔBO:</p><p>O exercício do poder familiar, no caso de pais casados ou em</p><p>união estável, não necessita de comprovação do assentimento de</p><p>ambos, para cada ato. Em relação a terceiro de boa-fé, cada um</p><p>dos pais tem a presunção de agir com a concordância do outro,</p><p>nos atos usuais do exercício do poder familiar125.</p><p>122 CAHALI, Yussef Said; Dos Alimentos; 2006; p. 362.</p><p>123 CAHALI, Yussef Said; Dos Alimentos; 2006; p. 363.</p><p>124 DIAS, Maria Berenice e PEREIRA; Rodrigo da Cunha; et al.; Direito de Família e o</p><p>novo Código Civil; 2005; p. 122.</p><p>125 LÔBO, Paulo Luiz Netto; Código Civil Comentado; Direito de Família, Relações de</p><p>parentesco, Direito Patrimonial: arts. 1.591 a 1.693; v. XVI; São Paulo: Atlas; 2003; p.</p><p>211.</p><p>40</p><p>Assim como será responsabilidade dos pais, os filhos</p><p>menores que causarem danos a terceiros, sendo responsável o eu estiver com o</p><p>filho sobre sua autoridade:</p><p>O poder familiar não apenas diz respeito às relações entre pais e</p><p>filhos. Interessam suas repercussões patrimoniais em relação a</p><p>terceiros. Os pais respondem pelos danos causados por seus</p><p>filhos menores, que estejam submetidos a seu poder familiar.</p><p>Trata-se de responsabilidade civil transubjetiva, pois a</p><p>responsabilidade pela reparação é imputável a quem não causou</p><p>diretamente o dano126.</p><p>Estabelece o art. 932 do Código Civil que os pais são</p><p>responsáveis pelos filhos menores que estiverem sob sua</p><p>autoridade e em sua companhia. Autoridade, nessa norma, está</p><p>no sentido de quem é titular do poder familiar, ainda que não</p><p>detenha a guarda do filho menor, no caso de pais separados.</p><p>Exige-se o requisitos de o menor estar na companhia do pai ou da</p><p>mãe, que é suposta sempre que este sejam casados ou vivam em</p><p>união estável. Para pais separados, o requisito da companhia</p><p>depende de prova para se verificar</p><p>se o menor causou o dano</p><p>quando estava com o guardião ou com o outro, no exercício do</p><p>direito de visita127.</p><p>Sendo os pais obrigados a sustentar seus filhos dentro de</p><p>seus ganhos, independente do estado civil perante o outro:</p><p>O dever de sustento é um dever assistencial, inerente à vida</p><p>conjugal, como efeito do casamento (Código Civil de 2002, art.</p><p>1.566, IV, e 1.568), como obrigação de ambos os genitores, na</p><p>proporção de seus ganhos128.</p><p>Reforçado por RODRIGUES:</p><p>126 LÔBO, Paulo Luiz Netto; Código Civil Comentado; 2003; p. 193.</p><p>127 DIAS, Maria Berenice e PEREIRA; Rodrigo da Cunha; Direito de Família e o novo</p><p>Código Civil; 2005;p. 153.</p><p>128 CAHALI, Yussef Said; Dos Alimentos; 2006; p. 351.</p><p>41</p><p>Aos pais incumbe sustentar e educar os filhos, de acordo</p><p>com suas possibilidades129.</p><p>Assim como enquadra CAHALI, é importante expor ainda</p><p>neste sub-capítulo, que os pais em igualdade deverão sustentar o filho que detiver</p><p>alguma incapacidade, independente do gênero desta:</p><p>Efetivamente, com a maioridade, pode surgir obrigação alimentar</p><p>dos pais em relação aos filhos adultos, porém de natureza</p><p>diversa, fundada no art. 1.694 do CC; essa obrigação diz respeito</p><p>aos filhos maiores que, por incapacidade ou enfermidade; não</p><p>estão em condições de prover à sua própria subsistência130.</p><p>Devem os pais prover aos filhos menores ou incapazes, que</p><p>fundamenta-se da seguinte forma:</p><p>Incumbe aos genitores – a cada qual e a ambos conjuntamente –</p><p>sustentar os filhos, provendo-lhes a subsistência material e moral,</p><p>fornecendo-lhes alimentação, vestuário, abrigo, medicamento,</p><p>educação, enfim, tudo aquilo que se faça necessário à</p><p>manutenção e sobrevivência dos mesmos131.</p><p>É importante salientar no campo material, deverão os pais</p><p>representar ou assistirem os seus filhos menores ou incapazes.</p><p>Os pais representam os filhos menores de 16 anos e assistem</p><p>entre 16 e 18 anos. Essa regra completa o regime de capacidade</p><p>civil, que todas as pessoas têm, e da capacidade negocial, que os</p><p>incapazes não têm, conforme arts. 1º a 5º do Código Civil132.</p><p>A qual diz respeito aos bens do filho, os pais deverão:</p><p>A administração e o usufruto dos pais perduram até que o menor</p><p>alcance a idade de 18 anos ou até a data em que for emancipado,</p><p>129 RODRIGUES, Silvio; Direito Civil; 2002; p. 131.</p><p>1301CAHALI, Yussef Said; Dos Alimentos; 2006; p. 351.</p><p>131 CAHALI, Yussef Said; Dos Alimentos; 2006; p. 347.</p><p>132 LÔBO, Paulo Luiz Netto; Código Civil Comentado; 2003; p. 211.</p><p>42</p><p>a partir dos 16 anos. Após os 18 anos, se o filho for declarado</p><p>incapaz, em processo judicial de interdição, a responsabilidade</p><p>será do curador designado do menor. Considerando o disposto no</p><p>art. 1.690 do Código Civil, a administração e o usufruto pelos pais</p><p>deverão ser compartilhados com o menor, quando este contar</p><p>com mais de 16 anos, pois aqueles deixam de exercê-los com</p><p>exclusividade. A assistência ao menor relativamente capaz não se</p><p>dá apenas em atos isolados; em outras palavras, os pais assistem</p><p>o filho maior de 16 anos na administração e usufruto dos bens</p><p>deste133.</p><p>Outra parte importante dentro do campo material, a qual diz</p><p>respeito à vida do filho, devem os pais manter a guarda de seus filhos.</p><p>A guarda do filho representa, para os pais, a um tempo direito e</p><p>dever, direito de manter o filho junto de si, disciplinando-lhe as</p><p>relações com estranhos; e dever de guardar, a que não podem</p><p>subtrair-se, incumbindo-lhes resguardar a vida do filho, com os</p><p>desvelos próprios à sua idade ou formação; e não desconvém a</p><p>este dever o internamento em colégio ou estabelecimento</p><p>adequado, no interesse do próprio descendente134.</p><p>Devendo assim o juiz restringir a guarda do filho quanto aos</p><p>seus interesses:</p><p>A guarda dos filhos menores é uma prerrogativa dos pais. E dela</p><p>só serão privados por sentença judicial, pois o juiz pode,</p><p>excepcionalmente e tendo em vista o interesse dos menores,</p><p>deferir a outrem que não àqueles a guarda dos filhos135.</p><p>É importante salientar dentro da guarda dos pais, do qual antes eram postulado</p><p>juridicamente pela seguinte forma: como dispõe RODRIGUES:</p><p>Ainda, para o caso de dissolução do casamento, ou da união</p><p>estável, preserva-se o exercício conjunto do poder familiar, como</p><p>atualmente já se faz, limitando apenas o direito de um dos pais de</p><p>133 LÔBO, Paulo Luiz Netto; Código Civil Comentado; 2003; p. 348.</p><p>134 CAHALI, Yussef Said; Dos Alimentos; 2006; p. 362.</p><p>135 RODRIGUES, Silvio; Direito Civil; 2002; p. 131.</p><p>43</p><p>ter os filhos em sua companhia, ressalvada a fixação de visitas</p><p>(CC/2002, art. 1.632, renovando o conteúdo do art. 381 do Código</p><p>de 1916)136.</p><p>E nesse espírito de tutela do bem-estar dos filhos é que, como já</p><p>referido, qualquer decisão quanto à guarda e visitas</p><p>(homologando acordo ou decidindo o litígio), pode ser revista a</p><p>qualquer tempo, diante de novos elementos apresentados pelo</p><p>interessado137.</p><p>Mais mediante recente aprovação legislativa, sendo</p><p>aguardando sua sanção; o direito de guarda que era uno, poderá ser recíproco,</p><p>assim como publicado pelo Jornal de Santa Catarina:</p><p>Maria Berenice afirma que o compartilhamento significa uma</p><p>mudança cultural, que já vinha sendo acolhida pela Justiça. Ela</p><p>defende de que o juiz determine a guarda conjunta mesmo</p><p>quando não há consenso entre os separados138.</p><p>2.2 ALIMENTOS DECORRENTES DO PARENTESCO.</p><p>Deve aqui abordar de inicio que o parentesco no sistema</p><p>Jurídico Brasileiro, não tem mais o caráter de legitimidade e ilegitimidade perante</p><p>os filhos, mais quanto à união estável de companheiros que, presumi-se em</p><p>vinculo de futuro casamento, derivando de tais afetos.</p><p>Doutrina diante do parentesco DIAS.</p><p>A vinculação do parentesco à consangüinidade remonta aos</p><p>primórdios da civilização humana, sendo certo também que a</p><p>adoção é instituído antigo que permitiu a constituição de ralações</p><p>de parentesco dissociadas do vínculo sangüíneo, daí outro critério</p><p>de classificação do parentesco, dividindo-o em parentesco natural</p><p>e parentesco civil. Com base nos avanços biotecnológicos</p><p>136 RODRIGUES, Silvio; Direito Civil; 2002; p. 399.</p><p>137 RODRIGUES, Silvio; Direito Civil; 2002; p. 273.</p><p>138 Dias, Maria Berenice; Falcetto, Olga; Guarda dos Filhos Terá Maior Proteção;</p><p>Jornal de Santa Catarina; Ano XXXVI; nº. 11288; Blumenau; 22.5.2008; p. 7.</p><p>44</p><p>relacionados à reprodução humana, é importante observar que</p><p>nova fonte de parentesco deve ser reconhecida, o que</p><p>infelizmente, não foi objeto de preocupação pelo legislador na</p><p>elaboração, na discussão e na aprovação do novo Código Civil. É</p><p>válido destacar, ainda, que passou a ser inconstitucional qualquer</p><p>distinção, em matéria de parentesco, com base na existência de</p><p>casamento ou de outro instituto. Daí não ser mais possível</p><p>designar parentesco legítimo e parentesco ilegítimo, numa</p><p>evidente alusão ao estigma que, durante muito tempo, pairou</p><p>sobre a descendência resultante de relações extramatrimoniais139.</p><p>Ao abordarmos os alimentos decorrentes do parentesco, é</p><p>importante salientar, quais e como são classificados os parentes que possuem</p><p>direitos a alimentos em nosso Sistema Jurídico, sendo o quando e quanto</p><p>necessário exposto no capítulo seguinte.</p><p>Outra distinção normalmente feita para fins de classificação dos</p><p>parentes, sem prejuízo da divisão em linha reta ou em linha</p><p>colateral, leva em conta o grau de parentesco, sendo tal critério</p><p>considerado em harmonia com o primeiro. Assim, nas palavras de</p><p>Arnoldo Wald, “o grau de parentesco é o número de gerações que</p><p>separam os parentes”, sendo importante verificar a forma de</p><p>contagem do grau de parentesco em linha reta e em linha</p><p>colateral140.</p><p>Em nosso sistema jurídico estabelecemos o parentesco</p><p>através das linhas de graus de parentesco, doutrinada por GONÇALVES.</p><p>O vinculo</p><p>de parentesco estabelece-se por linhas: reta e colateral,</p><p>e a contagem faz-se por graus. Parentes em linha reta são as</p><p>pessoas que descendem umas das outras: bisavô, avô, pai, filho,</p><p>neto e bisneto. A linha reta é ascendente quando se sobe de</p><p>determinada pessoa para os seus antepassados (do pai para o</p><p>avô etc.). É descendente quando se desce dessa pessoa para os</p><p>seus descendentes141.</p><p>139 DIAS, Maria Berenice; PEREIRA, Rodrigo da Cunha; Direito de Família e o novo</p><p>Código Civil; 2005; p. 95.</p><p>140 DIAS, Maria Berenice; PEREIRA, Rodrigo da Cunha; Direito de Família e o novo</p><p>Código Civil; 2005; p. 93</p><p>141 GONÇALVES, Carlos Roberto; Direito de Família; 2002; p. 83.</p><p>45</p><p>São parentes em linha colateral ou transversal as pessoas que</p><p>provêm de um tronco comum, sem descenderem uma outra (CC,</p><p>art. 1.592). É o caso de irmãos, tios, sobrinhos e primos. Na linha</p><p>reta não há limite de parentesco; na colateral, este estende-se</p><p>somente até quarto grau142.</p><p>Os vínculos de parentes podem ser por laços sanguíneos,</p><p>sendo os de linha reta; estabelecendo esta distinção dentro do conceito de</p><p>ascendentes, o doutrinário LÔBO:</p><p>Ascendente é toda pessoa da qual se origina outra pessoa</p><p>imediata ou mediante. A principal relação de ascendência e</p><p>descendência é de origem biológica. Não é a única, pois a</p><p>Constituição estabelece que a filiação e o parentesco decorrente</p><p>te origem natural ou adotiva, vedadas quaisquer designações</p><p>discriminatórias (art. 227, §6º). Alinha de ascendência, em</p><p>verdade, bifurca-se entre os ascendentes do pai e os ascendentes</p><p>da mãe, prosseguindo em sucessivas bifurcações. A linha reta</p><p>ascende e, ramificações pois cada pessoa origina-se de duas. Por</p><p>isso fala-se em “árvore genealógica”. Os ascendentes de cada</p><p>pessoa são maternos ou paternos, quando os vínculos derivam da</p><p>mãe ou do pai. Assim, os avós, bisavós, triavós são maternos ou</p><p>paternos. Ao contrario do direito anterior, não há mais</p><p>precedência dos ascendentes paternos sobre os maternos. O</p><p>direito também considera ascendente o que se vincula a outro por</p><p>laços de afinidade, em decorrência do casamento (exemplo: sogro</p><p>e genro)143.</p><p>Doutrinando também a distinção dentro do conceito dos</p><p>descendentes:</p><p>Descendentes são todos os parentes de sucessivas gerações a</p><p>partir dos filhos biológicos ou adotivos. A descendência mão pode</p><p>ser desfeita por ato de vontade. Pode haver modificações dos</p><p>efeitos jurídicos do parentesco mas nunca a rejeição voluntária. O</p><p>pai poderá perder o poder familiar sobre o filho ou sua guarda,</p><p>mas não deixará de ser pai, persistindo os demais efeitos</p><p>142 GONÇALVES, Carlos Roberto; Direito de Família; 2002; p. 83.</p><p>143 LÔBO, Paulo Luiz Netto; Código Civil Comentado; 2003; p. 18.</p><p>46</p><p>previstos em lei, em virtude desse parentesco (por exemplo,</p><p>impedimento para casar ou sucessão). O parentesco poderá ser</p><p>extinto, todavia, na hipótese de adoção, pois esta desliga o</p><p>adotado de qualquer vínculo com os pais e parentes</p><p>consangüíneos144.</p><p>Aproveitando esta linha de parentesco salienta</p><p>GONÇALVES, sobre a linha reta da filiação:</p><p>Filiação é a relação de parentesco consangüíneo, em primeiro</p><p>grau e em linha reta, que liga uma pessoa àquelas que a geraram.</p><p>Todas as regras sobre parentesco consangüíneo estruturam-se a</p><p>partir da noção de filiação. A Constituição de 1988 (art. 227, §6º)</p><p>estabeleceu absoluta igualdade entre todos os filhos, não</p><p>admitindo mais a retrograda distinção entre filiação legítima ou</p><p>ilegítima, segundo os pais fossem casados ou não, e adotiva, que</p><p>existia no Código Civil de 1916. hoje, todos são apenas filhos, uns</p><p>havidos fora do casamento, outros em sua constância, mas com</p><p>iguais direitos e qualificações145.</p><p>E por ultimo dos vínculos de parentes por laços sanguíneos,</p><p>sendo os de linha colateral; estabelecendo esta distinção dentro do conceito de</p><p>descendentes, o doutrinário LÔBO dispõe:</p><p>O parentesco colateral ou transversal supõe ancestrais comuns,</p><p>que a lei chama de tronco, segundo o modelo natural de árvore</p><p>genealógica. Por conseqüência, os parentes colaterais não</p><p>descendem uns dos outros. Ao contrário da linha reta, a linha</p><p>colateral é finita, para fins jurídicos. No direito brasileiro, encerra-</p><p>se no quarto grau (a respeito da contagem dos graus vejam-se os</p><p>comentários ao art. 1.594). Não parente colateral em primeiro</p><p>grau, porque esse parentesco se conta subindo ao ascendente</p><p>comum; há. no mínimo, dois graus e três pessoas relacionadas.</p><p>Em muitas regiões do país, a tipicidade social difere da jurídica,</p><p>considerando-se parente todo aquele que ostente o mesmo</p><p>sobrenome, ou nome de família, desde que se identifiquem os</p><p>ancestrais comuns, ainda que distantes146.</p><p>144 LÔBO, Paulo Luiz Netto; Código Civil Comentado; 2003; p. 18.</p><p>145 GONÇALVES, Carlos Roberto; Direito de Família; 2002; p. 86.</p><p>146 LÔBO, Paulo Luiz Netto; Código Civil Comentado; 2003; p. 21.</p><p>47</p><p>Já num conceito um pouco controverso na doutrina jurídica,</p><p>o vínculo não sanguíneo estabelecido por afinidade, gerando grau de parentesco:</p><p>Quanto à afinidade, embora mantenha a definição tradicional,</p><p>alguns aspectos novos são detalhados, especialmente no que</p><p>respeita às limitações dos parentes afins e à extinção, sem que,</p><p>mesmo assim, aí se apresente realmente novidade147.</p><p>Sendo este conceito doutrinado por GONÇALVES da</p><p>seguinte forma:</p><p>As pessoas unem-se em uma família em razão de vínculo</p><p>conjugal ou união estável, de parentesco por consangüinidade ou</p><p>outra origem e da afinidade. Em sentido estrito, a palavra</p><p>“parentesco” abrange somente o consangüíneo, definido como a</p><p>relação que vincula entre si pessoas que descendem umas das</p><p>outras, ou de mesmo tronco. Em sentido amplo, no entanto, inclui</p><p>o parentesco por afinidade e o decorrente da adoção ou de outra</p><p>origem, como algumas modalidades de técnicas de reprodução</p><p>medicamente assistido. Denominou-se, em outros tempos, de</p><p>agnação o parentesco que se estabelece pelo fato masculino, e</p><p>de cognação, o que se firma pelo lado feminino. Afinidade é o</p><p>vínculo que estabelece entre um dos cônjuges ou companheiro e</p><p>os parentes do outro. Parentesco civil é o resultante da adoção ou</p><p>outra origem (CC, art. 1.593). recebe esse nome por tratar-se de</p><p>uma criação da lei148.</p><p>Doutrinando sobre a material DIAS alude:</p><p>Há, na afinidade, certa simetria com o parentesco, especialmente</p><p>no que toca à distinção entre linhas, graus e espécies de afins.</p><p>Com base na analogia do parentesco, a afinidade também</p><p>comportam duas linhas: a linha reta e a linha colateral – obliqua</p><p>ou transversal. Como lecionava Orlando Gomes, “conquanto não</p><p>seja a afinidade idônea à computatio por linhas retas e graus, tal</p><p>como é o parentesco, conta-se do mesmo modo, admitindo-se</p><p>147 DIAS, Maria Berenice; PEREIRA, Rodrigo da Cunha; Direito de Família e o novo</p><p>Código Civil; 2005; p. 113.</p><p>148 GONÇALVES, Carlos Roberto; Direito Família; ;2002 p. 82.</p><p>48</p><p>sua existência em linha reta sem limite de grau e em linha</p><p>colateral, no segundo grau”149.</p><p>Mais ainda, afirma LÔBO:</p><p>O parentesco por afinidade é estabelecido forçadamente em</p><p>decorrência do casamento ou da constituição de união estável. O</p><p>vínculo jurídico independe da vontade das partes ou da eventual</p><p>rejeição dos que a ele ficam sujeitos. No sentido comum,</p><p>afinidade compreende-se como coincidência ou semelhança de</p><p>gostos, interesses, sentimentos, como pontos comuns entre duas</p><p>coisas da mesma espécie ou até mesmo como identidade. No</p><p>sentido jurídico, contudo, diz apenas respeito a parentesco</p><p>especifico com os parentes do outro cônjuge a ou companheiro150.</p><p>Sendo requisito para geração de tal parentesco, o</p><p>casamento</p><p>ou união estável validos, como dispõe DIAS.</p><p>Além das relações de parentesco, o Direito Família também regula</p><p>as relações constituídas entre o marido e os parentes de sua</p><p>esposa, e a esposa e os parentes de seu marido, de maneira mais</p><p>restrita subjetivamente - especialmente na linha colateral – e</p><p>objetivamente – relacionada ao número menor de efeitos</p><p>decorrentes da afinidade em comparação com os que se</p><p>produzem pelo parentesco. Nas palavras de Washington de</p><p>Barros Monteiro: “afinidade é o vínculo que estabelece entre cada</p><p>cônjuge e os parentes do outro”. Importante destacar que a</p><p>afinidade é instituto que se origina do casamento válido, como</p><p>aponta Orlando Gomes: “O casamento putativo não gera</p><p>afinidade, uma vez que a boa-fé somente produz efeitos em</p><p>relação aos cônjuges e à prole, jamais a respeito de terceiro”151.</p><p>Quanto à fundamentação dos alimentos decorrentes do</p><p>parentesco, expressa DIAS:</p><p>Todos têm direito de viver, e viver com dignidade. Surge, desse</p><p>modo, o direito a alimentos como principio da preservação da</p><p>dignidade humana (CF 1º III). Por isso os alimentos têm a</p><p>149 DIAS, Maria Berenice e PEREIRA; Rodrigo da Cunha; Direito de Família e o novo</p><p>Código Civil; p. 101.</p><p>150 LÔBO, Paulo Luiz Netto; Código Civil Comentado; 2003; p. 34.</p><p>151 DIAS, Maria Berenice e PEREIRA; Rodrigo da Cunha; Direito de Família e o novo</p><p>Código Civil; 2005; p. 100.</p><p>49</p><p>natureza de direito de personalidade, pois asseguram a</p><p>inviolabilidade do direito à vida, à integridade física. Os parentes</p><p>são os primeiros convocados a auxiliar aqueles que não têm</p><p>condições de subsistir por seus próprios meios. A lei transformou</p><p>os vínculos afetivos que existem nas relações familiares em</p><p>encargo de garantir a subsistência dos demais parentes. Trata-se</p><p>do dever de mútuo auxílio transformado em lei. Aliás, este é um</p><p>dos motivos que leva a Constituição a emprestar especial</p><p>proteção à família (CF 226). Assim, parentes, cônjuges e</p><p>companheiros assumem, por força de lei, a obrigação de prover o</p><p>sustento uns dos outros, aliviando o Estado e a sociedade desse</p><p>ônus. Tão acentuado é o interesse público para que essa</p><p>obrigação seja cumprida que é possível até a prisão do devedor</p><p>de alimentos (CF 5º LXVII)152.</p><p>A fundamentação dos alimentos encontra-se no principio da</p><p>solidariedade, ou seja, a fonte da obrigação alimentar são os</p><p>laços de parentalidade que ligam as pessoas que constituem uma</p><p>família, independentemente de seu tipo: casamento, união</p><p>estável, famílias monoparentais, homoafetivas, parentalidade</p><p>sócioafetiva, entre outras. Ainda que cada uma das espécies de</p><p>obrigação tenha origem diversa e características próprias, todas</p><p>são tratadas pelo Código Civil de maneira indistinta153.</p><p>Sendo reforçado tal conceito por CAHALI:</p><p>A obrigação de alimentos fundada no jus sanguinis repousa sobre</p><p>o vínculo de solidariedade humana que une os membros do</p><p>agrupamento familiar e sobre a comunidade de interesses,</p><p>impondo aos que pertencem ao mesmo grupo o dever recíproco</p><p>de socorro154.</p><p>Sobre os alimentos, salientamos, os por afinidade, aqui é</p><p>exposto por Dias da seguinte forma:</p><p>Reconhecendo a lei a permanência do vínculo de parentesco sem</p><p>fazer nenhuma ressalva ou impor qualquer restrição, descabe</p><p>interpretação restritiva que acabe por limitar direitos. Assim,</p><p>152 DIAS, Maria Berenice; Manual de Direito das Famílias; 2006; p. 406.</p><p>153 DIAS, Maria Berenice; Manual de Direito das Famílias; 2006; p. 406.</p><p>154 CAHALI, Yussef Said; Dos Alimentos; 2006; p. 468.</p><p>50</p><p>dissolvido o casamento ou a união estável, possível é tanto o ex-</p><p>sogro pedir alimentos ao ex-genro, como este pedir alimentos</p><p>àquele. Isso tanto se a relação foi de casamento como de união</p><p>estável. Não dispondo o ex-cônjuge ou o ex-companheiro de</p><p>condições de alcançar alimentos a quem saiu do relacionamento</p><p>sem meios de prover o próprio sustento, os primeiros convocados</p><p>são os parentes consangüíneos e os que mantêm vínculo de</p><p>parentesco civil, por adoção ou socioafetiva. Na ausência ou</p><p>precariedade de condições desses de prestar os alimentos, cabe</p><p>socorrer-se os parentes cujo vínculo permaneceu mesmo depois</p><p>de solvido e elo afetivo: ex-sogro, ex-genro155.</p><p>Mesmo com a dissolução do vínculo afetivo com o cônjuge</p><p>ou companheiro, expressa DIAS:</p><p>A lei impõe a obrigação alimentar aos parentes sem qualquer</p><p>distinção ou especificação (CC 1.694). Parentes são quem a lei</p><p>assim identifica. A obrigação alimentar decorre não só do</p><p>parentesco natural ou consangüíneo, mas também do</p><p>parentesco por afinidade. O casamento e a união estável geram</p><p>parentesco por afinidade entre o cônjuge ou companheiro e os</p><p>seus ascendentes, descendentes ou irmãos (CC 1.595 § 1º). Com</p><p>a dissolução do vínculo dissolve-se a relação parental por</p><p>afinidade na linha colateral, mas não na linha reta156.</p><p>Não se confundido os parentes por afinidade, com</p><p>parentesco legítimo, aquele originário do vinculo sanguíneo, pois dentro de alguns</p><p>conceitos doutrinários não a mais o parentesco ilegítimo por consangüíneo:</p><p>Nesta termologia expressa DIAS:</p><p>Cumpre destacar que parentesco e afinidade são vínculos que</p><p>não se confundem, a despeito de ser utilizada terminologia que</p><p>muitas vezes os considera no mesmo contexto, como o termo</p><p>“parentesco por afinidade”. Aliás, os dos textos – o Código Civil</p><p>de 1916 e o do novo Código Civil – não se preocuparam em</p><p>distinguir as noções de parentesco e afinidade, o que fica</p><p>evidenciado pela emenda do Título V do Livro de Direito de</p><p>155 DIAS, Maria Berenice; Manual de Direito das Famílias; 2006; p. 427.</p><p>156 DIAS, Maria Berenice; Manual de Direito das Famílias; 2006;p. 426.</p><p>51</p><p>Família do Código de 1916, e do Subtítulo II do Título I do novo</p><p>Código Civil – Projeto de Lei nº. 118/84: Das Relações de</p><p>Parentesco157.</p><p>Nos casos de ascendência e descendência, graus de</p><p>parentesco configurado na linha reta, sendo o um assunto controverso em relação</p><p>ao poder familiar, apresentado conforme entendimento de CAHALI da seguinte</p><p>forma:</p><p>A obrigação alimentar não se vincula ao pátrio poder ou poder</p><p>familiar, mas à relação de parentesco, representando uma</p><p>obrigação mais ampla que tem seu fundamento no art. 1.696 do</p><p>novo Código Civil; tem com causa jurídica o vínculo ascendentes-</p><p>descendentes158.</p><p>Expressando sobre tal entendimento, afirma CAHALI:</p><p>Este entendimento vem sendo reafirmado pelo STF, com o</p><p>asserto de que “a pretensão alimentar, em razão do parentesco,</p><p>há de assentar no reconhecimento voluntário do parentesco, ou</p><p>no reconhecimento em juízo. Não é possível declarar-se a</p><p>paternidade incidentemente, e para o só efeito de alimentos,</p><p>quando contestado o parentes (paternidade), pressuposto</p><p>essencial ao reconhecimento da obrigação alimentar. A lei</p><p>5.478/68 teve em vista unicamente a prestação alimentar,</p><p>exigindo para isso a prova pré-constituída do parentesco, que</p><p>rende ensejo a fixação de plano, pelo juiz, dos alimentos</p><p>provisórios, como se vê consignado no seu art. 4.º [v. arts. 1.705 e</p><p>1.706, CC/2002]”159.</p><p>Aborda ainda Dias que, os parentes em linha reta, tem uma</p><p>obrigação alimentar recíproca, conforme exposto:</p><p>É mantida a reciprocidade da obrigação alimentar e sua extensão</p><p>indefinida entre os parentes em linha reta, iniciando-se pelos</p><p>ascendentes, os mais próximos em primazia aos mais remotos,</p><p>157 DIAS, Maria Berenice e PEREIRA; Rodrigo da Cunha; Direito de Família e o novo</p><p>Código Civil; 2005; p. 88.</p><p>158 CAHALI, Yussef Said; Dos Alimentos; 2006; p. 455.</p><p>159 CAHALI, Yussef Said; Dos Alimentos; 2006; p. 404.</p><p>52</p><p>para depois fazer recair a obrigação nos descendentes, guardada</p><p>a ordem de vocação hereditária. Na falta destes, busca-se a</p><p>solidariedade dos colaterais em segundo grau, que são os irmãos,</p><p>não se distinguindo, para esta finalidade, entre os unilaterais e os</p><p>bilaterais160.</p><p>Entrado nesta relação de parentesco em linha reta, e mister</p><p>salientar pela definição de RODRIGUES, que:</p><p>O dever de o marido manter os filhos decorre do</p><p>parentesco…161</p><p>Expressando RODRIGUES para tal alusão, a completitude</p><p>de uma certa falta da positivação classificatória de parentes:</p><p>Talvez a definição ficasse mais clara se fizesse expressa distinção</p><p>entre o parentesco em linha reta e linha colateral, seguindo, de</p><p>resto, os passos dos arts. 330 e 331 do Código Civil, renovados</p><p>pelos arts. 1.591 e 1.592 do novo Código, de modo que, sem</p><p>desprezar a lição do consagrado mestre, parece-me que o</p><p>parentesco ficaria mais bem definido com a relação que vincula</p><p>entre si pessoas que descendem das outras, ou que descendem</p><p>de um mesmo tronco162.</p><p>Cabendo também dentro desta linha o filho extraconjugal ou</p><p>inconsciente da existência do mesmo, sendo classificado como descendente, em</p><p>linha reta, no primeiro grau, conforme entendimento de MADALENO.</p><p>A obrigação de assistência é inerente à relação biológica. Aquele</p><p>que deu origem ao filho biologicamente, mesmo que não saiba de</p><p>sua existência ou de seu nascimento, possui deveres decorrentes</p><p>de sua participação na concepção, e não é suplantado pela</p><p>assunção destes por terceiro163.</p><p>160 DIAS, Maria Berenice e PEREIRA; Rodrigo da Cunha; Direito de Família e o novo</p><p>Código Civil; 2005; p. 194.</p><p>161 RODRIGUES, Silvio; Direito Civil; 2002; p. 147.</p><p>162 RODRIGUES, Silvio; Direito Civil; 2002; p. 316.</p><p>163 MADALENO, Rolf; Ações de Direito de Família; 2006; p. 31.</p><p>53</p><p>Nos casos de ascendência e descendência, graus de</p><p>parentesco configurado na linha colateral, é expresso DIAS que a limite da linha</p><p>dos parentes, irá até quarto grau.</p><p>Nas relações de parentesco, o tema remanesce com a</p><p>definição tradicional dos parentes em linha reta. È acrescido, na linha colateral, o</p><p>dispositivo que a limita até o quarto grau164.</p><p>Iniciando-se pelos irmãos, na falta de parentes na linha reta,</p><p>como trata CAHALI:</p><p>Na falta de ascendentes ou descendentes, cabe a obrigação</p><p>alimentar “aos irmãos, assim germanos como unilaterais” (CC, art. 1.697,</p><p>repetindo o art. 398 do Código anterior)165.</p><p>Ainda abordando sobre a possibilidade, expõe CAHALI:</p><p>O direito de alimentos do irmão sujeita-se aos parâmetros comuns</p><p>da obrigação alimentar jure sanguinis; assim, intentada a ação</p><p>contra irmãos, poderá a autora fazer jus a alimentos se, “embora</p><p>possuindo bens, não aufira rendas, por serem os mesmos</p><p>improdutivos e lhe faltarem possibilidade para explorá-los, para</p><p>aquela finalidade”; não haverá esse direito e até o presente tem</p><p>mantido os filhos. Logo, restando ainda a avó na linha mais</p><p>próxima, impossível reconhecer a procedência da ação contra as</p><p>colaterais”166.</p><p>Reporta CAHALI fundamentando:</p><p>Dispõe o atual CC, no art. 1.696 (repetindo o art. 397 do Código</p><p>anterior), que o direito à prestação de alimentos é recíproco entre</p><p>pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes, recaindo a</p><p>obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de outros. E,</p><p>no art. 1.697 (repetindo o art. 398 do Código anterior): “Na falta</p><p>164 DIAS, Maria Berenice e PEREIRA; Rodrigo da Cunha; Direito de Família e o novo</p><p>Código Civil; 2005;p. 113.</p><p>165 CAHALI, Yussef Said; Dos Alimentos; 2006; p. 489.</p><p>166 CAHALI, Yussef Said; Dos Alimentos; 2006; p. 493.</p><p>54</p><p>dos ascendentes cabe a obrigação aos descendentes, guardada a</p><p>ordem de sucessão e, faltando estes aos irmãos, assim,</p><p>germanos como unilaterais”167.</p><p>2.3 – A MAIORIDADE DOS FILHOS E DO DIREITO AOS ALIMENTOS.</p><p>A maioridade dos filhos, diz respeito à obrigação alimentar, é</p><p>o que define SAID CAHALI.</p><p>Não se põe dúvida que o filho que vinha sendo sustentado pelo</p><p>genitor, em razão do poder familiar, atingida a maioridade, vê</p><p>nascer a seu beneficio um direito de alimentos, agora</p><p>condicionado à verificação dos pressupostos do artigo 1.695 do</p><p>Código Civil168.</p><p>Efetivamente, com a maioridade, pode surgir obrigação alimentar</p><p>em relação aos filhos adultos, porem de natureza diversa, fundada</p><p>no artigo 1. 696, do Código Civil, essa obrigação diz respeito aos</p><p>filhos maiores que, por incapacidade ou enfermidade, não</p><p>estiverem em condições de prover a sua própria subsistência169.</p><p>A jurisprudência tem entendimento firmado senão vejamos:</p><p>Se o filho não é invalido, cessam os efeitos do acordo alimentar a</p><p>partir de sua maioridade, podendo, no entanto, mover ação</p><p>especifica contra o pai, caso entenda credor de alimentos (3°</p><p>Câmara Cível do TJSP-19.12.1995,JTJ 178/194)170.</p><p>Neste caso, verifica-se a condição do alimentado, e das</p><p>disposições do alimentante, ao contrario fica estabelecido que não tem mais a</p><p>obrigação de dar alimentos.</p><p>167 CAHALI, Yussef Said; Dos Alimentos; 2006; p. 469.</p><p>168 CAHALI, Yussef Said; Dos Alimentos; 2006; p. 455.</p><p>169 CAHALI, Yussef Said; Dos Alimentos; 2006; p. 465.</p><p>170 CAHALI, Yussef Said; Dos Alimentos; 2006; p. 459.</p><p>55</p><p>Existem casos especiais em que não se extingue o dever de</p><p>sustento, mesmo o filho atingindo a maioridade civil, como ressalta doutrina de</p><p>SAID CAHALI.</p><p>Em realidade, nesta sede, algumas concessões podem ser feitas</p><p>sem que se descaracterize a tese de cessação automática do</p><p>dever de sustento pela cessação do poder familiar, afirmando – se</p><p>que somente em casos especialíssimos, entre eles o dos filhos</p><p>maiores inválidos, persiste o dever alimentar dos pais (Lei</p><p>6.515/77, art.16) estendendo aos maiores incapazes a prestação</p><p>de alimentos, artigo 1.590 do Código Civil, é que, tratando-se de</p><p>filho acometido de grave enfermidade, não propicia a exoneração</p><p>do encargo alimentar a extinção do poder familiar pela aquisição</p><p>da maioridade, eis que a necessidade de recebimento dos</p><p>alimentos não deriva mais da faixa etária e sim de seu precário</p><p>estado de saúde171.</p><p>A jurisprudência, neste caso, demonstra a total concessão</p><p>de prestação de alimentos, conforme expõe:</p><p>O fato da maioridade faz extinguir a obrigação alimentar, muito</p><p>embora, em casos excepcionais, tenha sempre se admitido a</p><p>subsistência da obrigação , em especial quando se trate de</p><p>alimentado portador de alguma incapacidade , impeditiva do</p><p>exercício de qualquer profissão ou atividade , assim como em</p><p>relação a dependentes que,cursando universidade , em tempo</p><p>integral , não tenham condições de se auto manter172.</p><p>Outro caso em que se estende à obrigação alimentar, dos</p><p>pais em relação aos filhos, é quando os filhos estão cursando, escola de nível</p><p>superior, ou escola técnica superior, e demonstram a insuficiência para se manter</p><p>estudando em tempo integral, e não obtendo rendimentos suficientes para suas</p><p>despesas escolares.</p><p>Tal entendimento tem sido geralmente adotado naqueles casos</p><p>em que o filho encontra-se cursando escola superior, a</p><p>maioridade do filho, que é estudante e não trabalha, a exemplo do</p><p>que acontece com as famílias abastadas, não justifica a exclusão</p><p>171 4° Câmara Cível do TJSP- Apel.215.200-1,2508.1994.</p><p>172 CAHALI, Yussef Said; Dos Alimentos; 2006; p. 459.</p><p>56</p><p>da responsabilidade do pai quanto a seu amparo financeiro para o</p><p>sustento e estudos173.</p><p>A alteração do termo inicial da maioridade civil, pelo novo código</p><p>civil, não alterou ou revogou o direito ao pensionamento de filhos</p><p>universitários, até 24 anos de idade, conforme entendimento</p><p>pretoriano174.</p><p>173 CAHALI, Yussef Said; Dos Alimentos; 2006; p. 460.</p><p>174 11° Câmara Cível do TJRJ-Apel. 129/04, 30.03.2005.</p><p>57</p><p>CAPÍTULO 3</p><p>REQUISITOS PARA FIXAÇÃO DOS ALIMENTOS</p><p>3.1 NECESSIDADES DO CREDOR DE ALIMENTOS.</p><p>Quanto a esta questão da necessidade de alimentos,</p><p>a</p><p>alguns fundamentos doutrinários a serem citados, sendo assim.</p><p>A regra tradicional é que cada pessoa deve prover-se segundo</p><p>suas próprias forças ou seus próprios bens: a obrigação de</p><p>prestar alimentos é, assim, subsidiária, no sentido de que só</p><p>nasce quando o próprio indivíduo não pode cumprir esse</p><p>comezinho dever com a sua pessoa, que é de alimentar-se a si</p><p>próprio, com o produto do seu trabalho e rendimentos175.</p><p>Sendo assim, importante salientar que, sendo este</p><p>fundamento estabelecido para a necessidade e possibilidade.</p><p>Na fixação dos alimentos equaciona-se, portanto, dois fatores: as</p><p>necessidades do alimentado e as possibilidades do alimentante.</p><p>Trata-se, evidentemente, de mera questão de fato, a apreciar-se</p><p>em cada caso, não se perdendo de vista que alimentos se</p><p>concedem não ad utilitatem, ou ad voliptatem, mas ad</p><p>necessitatem176.</p><p>Ainda, dentro da linha fundamental para a necessidade,</p><p>reporta-se ao conceito de alimento, para tal compreensão da necessidade.</p><p>Merece registro, por fim, ter sido agora trazida ao texto legal a</p><p>distinção feita pela doutrina entre alimentos naturais ou</p><p>necessários (necessarium vitae), como os indispensáveis à</p><p>subsistência (alimentação, vestuário, saúde, habitação, etc.) e os</p><p>alimentos civis ou côngruos (necessarium personae), destinados a</p><p>manter a qualidade de vida do, credor, de acordo com a condição</p><p>175 CAHALI, Yussef Said; Dos Alimentos; 2006; p. 459.</p><p>176 MONTEIRO; Washington de Barros; Curso de Direito Civil; Direito de Família; v. 2; 38</p><p>ed.; ver. E atual. por Regina Beatriz Tavares da silva de acordo com o novo Código Civil;</p><p>São Paulo: Saraiva; 2007; 369.</p><p>58</p><p>social dos envolvidos, preservando, assim, o padrão de vida e o</p><p>status social do alimentado, limitada a quantificação,</p><p>evidentemente, pela capacidade econômica do obrigado177.</p><p>Reforçando ainda DIAS:</p><p>A diferença entre as duas espécies de alimentos, embora não</p><p>prevista no Código revogado (diversamente das legislações</p><p>italiana, Argentina e chilena), na prática sempre ocorreu, mas de</p><p>forma virtual (transparente – existe, mas não se vê), pois sem</p><p>repercussão. Daí por que pouca importância se empresta à exata</p><p>fixação do divisor entre alimentos necessários e civis178.</p><p>As condições primarias de que se devem encontra-se o</p><p>alimento, é aqui estabelecida por RODRIGUES:</p><p>Para que se emerja o direto de pedir alimentos, mister se faz que</p><p>o alimentário não tenha bens, nem possa prover, pelo seu</p><p>trabalho, à própria mantença…179.</p><p>Reforçando sobre tais condições, dispõe CAHALI:</p><p>Para além da existência do vínculo de família, a exigibilidade da</p><p>prestação alimentar pressupõe que o titular do direito não possa</p><p>manter-se por si mesmo, ou com o seu próprio patrimônio; assim,</p><p>só serão devidos alimentos quando aquele que os reclama não</p><p>tem bens, nem poder prover, pelo seu trabalho, à própria</p><p>mantença (CC, art. 1.695)180.</p><p>Conforme, se apresenta as condições de estado do</p><p>alimentado, a qual será tratada a sua necessidade:</p><p>Dispõe MONTEIRO, em questão dos artigos acima citado:</p><p>Verifica-se, por este artigo, que pode requerer alimentos nem</p><p>viver a expensas de outro quem possui bens, ou está em</p><p>177 DIAS, Maria Berenice; PEREIRA, Rodrigo da Cunha; Direito de Família e o novo</p><p>Código Civil; 2005; p. 195.</p><p>178 DIAS, Maria Berenice; PEREIRA, Rodrigo da Cunha; Direito de Família e o novo</p><p>Código Civil; 2005; p. 195.</p><p>179 RODRIGUES, Silvio; Direito Civil; 2002; p. 423.</p><p>180 CAHALI, Yussef Said; Dos Alimentos; 2006; p. 510.</p><p>59</p><p>condições de subsistir com o próprio trabalho.</p><p>Conseqüentemente, só pode reclamá-los aquele que não possuir</p><p>recursos próprios e esteja impossibilitado de obtê-los por</p><p>menoridade, doença, idade avançada, calamidade pública ou falta</p><p>de trabalho181.</p><p>Reforçado por CAHALI:</p><p>A impossibilidade de prover, o alimento, à própria mantença pode</p><p>advir da incapacidade física ou mental para o trabalho; doença,</p><p>inadaptação ou imaturidade para o exercício de qualquer atividade</p><p>laborativa; idade avançada; calamidade pública ou crise</p><p>econômica de que resulte absoluta falta de trabalho182.</p><p>Diante destes conceituações, concorda RODRIGUES:</p><p>Por outro lado, se a questão diz respeito a pessoa idosa ou</p><p>doente que não pode trabalhar, ou mesmo se se trata de indivíduo</p><p>válido que não consegue arranjar emprego, em virtude de crise</p><p>que torna escassas as colocações, então o pedido de alimentos</p><p>pode ser atendido183.</p><p>Sendo as condições expostas acima e como já tratado, se</p><p>mantém o mesmo conceito no caso de pessoa adulta; é importante salientar que</p><p>se deva manter atenção no fato de possível formação que o mesmo não se torna</p><p>parasita do alimentante.</p><p>Em regra, todo indivíduo adulto e são deve trabalhar para o</p><p>próprio sustento. Como diz CLÓVIS, com toda a propriedade, o</p><p>instituto dos alimentos foi criado para socorrer necessitados, não</p><p>para fomentar a ociosidade ou favorecer o parasitismo184.</p><p>Deve ser exposta no caso da necessidade, também a</p><p>condição social que se encontra o necessitado, no caso de separação.</p><p>Sobre o fato, passa o referente conceito de RIZZARDO:</p><p>181 MONTEIRO; Washington de Barros; Curso de Direito Civil; 2007; 368.</p><p>182 CAHALI, Yussef Said; Dos Alimentos; 2006; p. 511.</p><p>183 RODRIGUES, Silvio; Direito Civil; 2002; p. 423.</p><p>184 MONTEIRO; Washington de Barros; Curso de Direito Civil; 2007; 368.</p><p>60</p><p>De notar, ainda, que a necessidade é medida em proporção à</p><p>condição social que desfrutava o alimentário antes da separação,</p><p>segundo contempla o art. 1.694. Nesta linha, não é preciso que o</p><p>pretendente derive para a miséria a fim de conseguir a pensão185.</p><p>Esta necessidade, fundamentada na condição social do</p><p>indivíduo, deve ser explanada os seguintes pressupostos:</p><p>Dispõe RIZZARDO:</p><p>Na fundamentação do voto: “A necessidade varia de cada</p><p>indivíduo. O montante dos alimentos variará de acordo com cada</p><p>interessado. A necessidade deflui do tipo de roupa, do lugar que</p><p>é freqüentado pelo alimentado, do transporte, da necessidade de</p><p>concorrência com outros… tudo entra no fator necessidade… A</p><p>necessidade advém mais do padrão de vida que os autores</p><p>possuíam. Como se viu, não é apenas a necessidade de</p><p>encontrarem-se alimentados e vestidos, com freqüência a boa</p><p>escola, uma vez que ele têm bom padrão social. É a necessidade</p><p>de terem bons trajes, de vez que freqüentam segmento social</p><p>elevado. Há, pois, necessidade186.</p><p>No caso do indivíduo encontrar-se em condições de não</p><p>poder prover seu próprio sustento, onde se almeja que o alimentado não se</p><p>encontrara em estado de miséria, expressa neste sentido, PEREIRA.</p><p>Não importa, igualmente, a causa da falta de trabalho, seja ela</p><p>social (desemprego), seja física (enfermidade, velhice, invalidez),</p><p>seja moral (ausência de ocupação na categoria do necessitado)</p><p>ou outra qualquer, desde que efetivamente colo que o indivíduo</p><p>em situação de não poder prover à própria subsistência. Daí dizer-</p><p>se que não tem cabimento para assegurar a uma pessoa sua</p><p>posição social, revestindo, pois, o aspecto de garantia contra a</p><p>miséria, mas não contra as simples dificuldades187.</p><p>185 RIZZARDO; Arnaldo; Direito de Família; Lei nº 10.406, de 10.01.2002; Rio de</p><p>Janeiro: Forense; 2007; p. 744.</p><p>186 RIZZARDO; Arnaldo; Direito de Família; 2007; p. 744.</p><p>187 PEREIRA; Caio Mário da silva; Instituições de Direito Civil; vol. 5; 16ª ed.; Rio de</p><p>Janeiro: Forense; 2006; p. 497.</p><p>61</p><p>Já no caso de possuir o alimentado, bens que não possa</p><p>satisfazer as suas necessidades; expressa sobre, CAHALI:</p><p>Daí a observação da Cunha Gonçalves: “Não se pode dizer que é</p><p>necessitado quem possui importantes valores improdutivos, cuja</p><p>alienação lhe pode produzir um capital suficiente para subsistir por</p><p>largo tempo, consumindo-o regradamente ou com o respectivo</p><p>rendimento,</p><p>pois necessitado é somente quem não possui</p><p>recursos alguns para satisfazer às necessidades ou que só os tem</p><p>os suficientes para parte delas”188.</p><p>Dispondo ainda CAHALI:</p><p>Donde se ter decidido que “poderá reclamar alimentos de seus</p><p>parentes aquele que, embora possuindo bens, não aufira rendas,</p><p>por serem os mesmos improdutivos e lhe faltarem possibilidades</p><p>para explorá-los, para aquela finalidade”189.</p><p>É mister salientar que o caso de ter que complementar renda</p><p>o alimentando, para com a mulher que trabalha, mas, não possui renda</p><p>equivalente para a mantença da família perante o filho.</p><p>Em sentido do mesmo, expressa CAHALI:</p><p>Desse modo, “embora a esposa desquitada [separa] tenha</p><p>profissão lucrativa, pelo exercício de dois empregos, é</p><p>devida a pensão alimentícia pelo marido se e eles são</p><p>atendidos com sacrifício a fim de os ganhos façam parte</p><p>frente às necessidades de manutenção própria e dos filhos”,</p><p>deve o marido concorrer com percentual complementar a fim</p><p>de contribuir para a mantença da mulher que trabalha”190.</p><p>Quanto à união estável, a necessidade ao companheiro será</p><p>respeitada as seguintes pré-disposições citada por WELTER.</p><p>188 CAHALI, Yussef Said; Dos Alimentos; 2006; p. 511.</p><p>189 CAHALI, Yussef Said; Dos Alimentos; 2006; p. 511.</p><p>190 CAHALI, Yussef Said; Dos Alimentos; 2006; p. 512.</p><p>62</p><p>Para ser concedido o direito a alimentos aos companheiros</p><p>deve ser provado o trinômio: união estável-necessidades-possibilidades191.</p><p>Dentre estes requisitos, dispõe ainda WELTER:</p><p>Na doutrina habitam dois entendimentos quanto à prova desse</p><p>três requisitos para que os companheiros requeriam pensão</p><p>alimentícia: primeiro, que se presume a necessidade de alimentos</p><p>pelos simples ajuizamento da demanda; segundo, que se deve</p><p>comprovar; de plano, a necessidade de alimentos, sob pena de</p><p>indeferimento da peça debutante192.</p><p>Para manter-se uma boa compreensão, matem-se ainda o</p><p>que dispõe WELTER:</p><p>Acolhemos a primeira corrente doutrinária, já que a necessidade</p><p>não pode ser vista sem exame do mérito, motivo pelo qual a</p><p>presunção é relativa, podendo ser afastada diante da prova</p><p>produzida na tessitura probatória. Não provada “initio litis” a</p><p>necessidade, obviamente não será o caso de indeferimento da</p><p>peça inicial, ou adoção de rito ordinário, porque: a uma, a prova</p><p>da necessidade não é questão preliminar, e sim de mérito da</p><p>demanda; a duas, a Lei nº. 5.478/68 não exige que o autor</p><p>comprove, de início, a necessidade dos alimentos, mas sim,</p><p>apenas exige a menção da necessidade; a três, o requisito da</p><p>necessidade poderá não ser contestado, pelo que a prova será</p><p>dispensada193.</p><p>Finalizando aqui a necessidade com a compreensão de que</p><p>poderá haver descaso em relação à causa para a pensão</p><p>alimentícia.</p><p>Dispõe RIZZARDO:</p><p>Mas, menos nesta hipótese, em outras circunstâncias não imposta</p><p>a causa, podendo ser desemprego, enfermidade, caso fortuito ou</p><p>191 WELTER, Belmiro Pedro; Alimentos na União Estável; 1998; p. 55.</p><p>192 WELTER, Belmiro Pedro; Alimentos na União Estável; 1998; p. 56.</p><p>193 WELTER, Belmiro Pedro; Alimentos na União Estável; 1998; p. 56.</p><p>63</p><p>de força maior. Os alimentos, então, não se restringem ao</p><p>indispensável pra a subsistência. Abrangem o necessário “para</p><p>viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive</p><p>para atender às necessidades de sua educação” – art. 1.694 (art.</p><p>396 do Código pretérito)194.</p><p>3.2 POSSIBILIDADES DO DEVEDOR DE ALIMENTOS.</p><p>Conceituando sobre o assunto, iniciamos desta forma com o</p><p>que dispõe PEREIRA:</p><p>Os alimentos devem ser prestados por aquele que os forneça sem</p><p>desfalque do necessário ao próprio sustento. O alimentante os</p><p>prestará sem desfalque do necessário ao próprio sustento. Não</p><p>encontra amparo legal que a prestação de alimentos vá reduzi-lo</p><p>a condições precárias, ou lhe imponha sacrifício para a sua</p><p>condição social. Daí dizer-se que tanto se exime de prestá-los</p><p>aquele que não o pode fazer sem sacrifício de sua própria</p><p>subsistência, quanto aquele que se porá em risco de sacrificá-la</p><p>vier a dá-los195.</p><p>Já perante a observação da possibilidade do devedor de</p><p>alimentos, aludem vários doutrinadores, no mesmo sentido, sobre a exposição de</p><p>poder desfalcar o alimentante.</p><p>Iniciando dentro desta ótica, RIZZARDO:</p><p>Aspecto este que já encontrava ressonância nos anais da</p><p>jurisprudência: “A obrigação alimentar não se presta somente aos</p><p>casos de necessidade; devendo-se considerar a condição social</p><p>do alimentando. Imprescindível, porém, a observância da</p><p>capacidade financeira do alimentante, para que não haja</p><p>desfalque do necessário a seu próprio sustento”196.</p><p>Reforçado tal entendimento por GONÇALVES:</p><p>194 RIZZARDO; Arnaldo; Direito de Família; 2007; p. 743.</p><p>195 RIZZARDO; Arnaldo; Direito de Família; 2007; p. 744.</p><p>196 GONÇALVES, Carlos Roberto; Direito de Família; 2002; p. 140.</p><p>64</p><p>O fornecimento de alimentos depende, também, das</p><p>possibilidades do alimentante. Não se pode somente ao</p><p>pagamento de pensão alimentícia quem possui somente o</p><p>estritamente necessário à própria subsistência. O § 1º do art.</p><p>1.694 do Código Civil dispõe que os “alimentos devem ser fixados</p><p>na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da</p><p>pessoa obrigada”. É o requisito da proporcionalidade, impedindo</p><p>que se leve m conta somente um desses fatores. O quantum</p><p>fixado não é imutável, pois, se houver modificações na situação</p><p>econômica das partes, poderá qualquer delas ajuizar ação</p><p>revisional de alimentos, com fundamento no art. 1.699 do Código</p><p>Civil, para pleitear a exoneração, redução ou majoração do</p><p>encargo197.</p><p>Salientando sobre o alimentante que possui família ou</p><p>apenas de baixa renda, estabelecendo sobre o assunto para nossa melhor</p><p>compreensão, RIZZARDO:</p><p>A possibilidade de fornecer alimentos também se reveste de</p><p>importância, porquanto não é coerente sobrecarregar de</p><p>compromissos quem não revela condições materiais. Ou seja, ao</p><p>devedor de alimentos cabe o dever de fornecê-los, mas de modo</p><p>e não causar desfalque ao seu sustento e ao da família. Isto, no</p><p>entanto, dentro da relatividade econômica do nível a que</p><p>pertence. Do contrário, toda pessoa pobre ou de recursos</p><p>modestos ficaria livre da obrigação. A circunstância de ser pobre o</p><p>alimentante não importa em isenção de dar alimentos. A pobreza</p><p>não significa impossibilidade. Apenas fixa-se a verba na</p><p>proporção do ganho do alimentante. Se bem que o alimentando</p><p>dirige, às vezes, a ação contra alguém tão pobre quanto ele,</p><p>talvez capaz de fornecer-lhe apenas minguada pensão198.</p><p>Estabelecendo, no que diz respeito ao quantum necessário,</p><p>dispõe RIZZARDO:</p><p>O quantum não se mede em função dos recursos que oferece o</p><p>alimentante. Não está este obrigado a dividir os seus rendimentos.</p><p>A responsabilidade limita-se a atender as exigências, v.g., de</p><p>197 PEREIRA; Caio Mário da silva; Instituições de Direito Civil; 2006; p. 498.</p><p>198 RIZZARDO; Arnaldo; Direito de Família; 2007; p. 744.</p><p>65</p><p>alimentação, moradia, vestuário, educação e recreação. Não são</p><p>os alimentos concedidos ad utilitatem, ou ad voluptatem, mas ad</p><p>necessitatem. O aumento da possibilidade nem sempre impõe a</p><p>elevação do montante a pagar199.</p><p>Sobre o mesmo pautado, dispõe MONTEIRO.</p><p>O critério usual, há muitos anos, para arbitramento da provisão</p><p>devida pelo alimentante à mulher, ou mesmo à mulher e filhos, é</p><p>de um terço dos vencimentos líquidos daquele. Mas nada impede</p><p>que, de acordo com os dois pressupostos essenciais –</p><p>possibilidades do obrigado e necessidades dos credores –, haja a</p><p>fixação acima ou abaixo desse critério200.</p><p>Superficialmente expressa RIZZARDO, a base do valor e as</p><p>correções monetárias a serem utilizadas:</p><p>Costuma-se a estabelecer em salários mínios a pensão, por</p><p>representar o critério que mede as oscilações da renda do</p><p>alimentante. Trata-se da fixação dos alimentos, que pode ser em</p><p>salários mínimos. A correção monetária ou atualização que o</p><p>dispositivo assinala diz respeito às prestações devidas ou e</p><p>atraso, que se procederá através dos índices oficiais ou</p><p>comumente adotados, como o IGP-M, ou o IPC, ou o INPC,</p><p>dentre outros201.</p><p>Devemos ter por entendimento alguns casos, dentro da</p><p>possibilidade do devedor de alimentos poderá atribuir.</p><p>Diante da seguinte definição, demonstra RIZZARDO, quanto</p><p>ao FGTS como integrante na pensão alimentícia.</p><p>A orientação jurisprudencial traçou rumos firmes a respeito do</p><p>caráter indenizatório do FGTS, admitindo com certa unanimidade</p><p>a retenção de valor quando recomendar a garantia das prestações</p><p>199 RIZZARDO; Arnaldo; Direito de Família; 2007; p. 744.</p><p>200 MONTEIRO; Washington de Barros; Curso de Direito Civil; 2007; 369.</p><p>201 RIZZARDO; Arnaldo; Direito de Família; 2007; p. 746.</p><p>66</p><p>futuras, e pela razão de ficar desempregado o alimentante, como</p><p>se presume do seguinte exemplo: “Não tem o Fundo de Garantia</p><p>Caráter alimentar, mas indenizatório. Se o devedor, entretanto,</p><p>perde o emprego, deve ser bloqueada parte do mesmo fundo para</p><p>garantir a prestação dos alimentos até a retomada de outro</p><p>emprego. Tal bloqueio pode ser feito tanto não ação de separação</p><p>judicial como em outro processo, não sendo necessária uma ação</p><p>cautelar para tanto, já que se trata de simples medida que pode</p><p>ser tomada até mesmo no despacho de retratação”202.</p><p>Agora quanto ao 13ª salário, ser integrante na pensão</p><p>alimentícia.</p><p>O STJ tem, no entanto, ordenado a inclusão dessa verba no</p><p>pagamento; “13º salário. Precedentes da Corte. Já decidiu a Corte</p><p>que sendo cabível o pagamento dos alimentos, alcança este,</p><p>também, o 13º salário” (Resp. nº 547.411/RS, da 13ª Turma j. em</p><p>17.03.2005, DJU de 23.05.2005)203.</p><p>Um importante fato também a ser aludido, é quando o</p><p>devedor de alimentos possui bens.</p><p>De notar, ainda, como o fazia Pontes de Miranda, que dividia</p><p>alimentaria é relativa aos rendimentos, é não valores dos bens, o</p><p>qual pode ser grande, sendo, porém, pequenos os rendimentos.</p><p>Assim, o progenitor não pode ser obrigado a vender a propriedade</p><p>de seus bens, como terras, apólices, para concorrer a alimentos</p><p>em uma expressão maior do que permite a renda204.</p><p>Quando o devedor de alimentos for trabalhador autônomo,</p><p>poderá ser investigado para a fixação do quantum.</p><p>Quando o alimentante é profissional liberal, autônomo ou</p><p>empresário, enorme é a dificuldade de descobrir seus ganhos. Por</p><p>isso, é possível a quebra do sigilo bancário, para saber de sua</p><p>movimentação financeira. Também pode o juiz solicitar à Receita</p><p>202 RIZZARDO; Arnaldo; Direito de Família; 2007; p. 745.</p><p>203 RIZZARDO; Arnaldo; Direito de Família; 2007; p. 745.</p><p>204 RIZZARDO; Arnaldo; Direito de Família; 2007; p. 746.</p><p>67</p><p>Federal cópia da declaração de renda de quem tem o ônus de</p><p>pagar alimentos. Novas possibilidades de constituição de</p><p>sociedades dão ensejo a que as pessoas dos sócios restem</p><p>totalmente invisíveis, ou seja, todo o patrimônio figura como sendo</p><p>da pessoa jurídica, percebendo os seus integrantes singelos</p><p>valores a título de pro labore. Esses mecanismos de</p><p>despatrimonialização, surgidos para driblar encargos tributários,</p><p>passaram a ser utilizados pelos devedores de alimentos, na</p><p>tentativa de dificultar a aferição dos seus reais rendimentos. Por</p><p>essa razão, vem cada vez mais ganhando espaço, na justiça, o</p><p>uso da teoria da despersonalização da pessoa jurídica, chamado</p><p>de princípio da disregard, que permite desvendar entes</p><p>societários para descobrir a real participação de determinado</p><p>sócio. Essas possibilidades investigatórias não se confortam com</p><p>os princípios constitucionais da privacidade e da intimidade do</p><p>alimentante, pois se sobreleva o direito à vida do alimentando205.</p><p>Para grau de conhecimento, expomos aqui, com certa</p><p>relevância, quanto ao fato do devedor de alimentos for funcionário público.</p><p>Assim, se o devedor for funcionário público, ou militar, ou exercer</p><p>profissão regulamentada pela legislação do trabalho, a prestação</p><p>alimentícia será descontada em folha de pagamento. Nesses</p><p>casos, o credor requererá ao juiz que oficie ao empregador do</p><p>réu, ordenando que de seu salário mensal seja deduzida</p><p>importância correspondente à coordenação, e entregue ao</p><p>alimentário ou a seu representante206.</p><p>Sendo assim disposto, sobre a vinculação do rendimento no</p><p>sistema bancário, o qual é defendido por Dias da seguinte forma:</p><p>O critério mais seguro e equilibrado para a definição do encargo é</p><p>o da vinculação aos rendimentos do alimentante. Dessa</p><p>maneira, fica garantido o reajuste dos alimentos no mesmo</p><p>percentual dos ganhos do devedor, afastando-se discussões</p><p>acerca da defasagem dos valores da pensão. Dita modalidade,</p><p>além de guardar relação com a capacidade econômica do</p><p>alimentante, assegura o proporcional e automático reajuste do</p><p>encargo207.</p><p>205 DIAS, Maria Berenice; Manual de Direito das Famílias; 2006;p. 433.</p><p>206 RODRIGUES, Silvio; Direito Civil; 2002; p. 429.</p><p>207 DIAS, Maria Berenice; Manual de Direito das Famílias; 2006;p. 433.</p><p>68</p><p>Finalizando, há possibilidade do devedor propor oferta sobre</p><p>a ação alimento.</p><p>Também há a possibilidade de o devedor propor ação de oferta de</p><p>alimentos (LA 24). Contudo, não pode o alimentante</p><p>simplesmente indicar o valor que se dispõe a pagar. É necessário</p><p>que comprove seus ganhos, pois a fixação é feita pelo juiz</p><p>segundo o critério da proporcionalidade, não estando adstrito ao</p><p>valor oferecido pelo autor. Sem transpor os limites da demanda,</p><p>pode estabelecer valor acima do qual foi oferecido, ainda que não</p><p>tenha o credor feito uso da via reconvencional. Há a possibilidade</p><p>de fixação do quantum valor superior ao ofertado, se tornar a</p><p>decisão infra ou ultra petita208.</p><p>3.3 PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE.</p><p>Dentro do que já foi exposto aqui nesta pesquisa, podemos</p><p>afirma que o princípio da proporcionalidade tem suas raízes assentadas na,</p><p>possibilidade e necessidade da pensão alimentícia.</p><p>Sobre a mesma ótica dispõe DIAS:</p><p>Tudo isso tem por base o princípio da proporcionalidade: a fixação</p><p>dos alimentos deve atentar às necessidades de quem os reclama</p><p>e às possibilidades do obrigado a prestá-los (CC, art. 1.694, § 1º).</p><p>Havendo revisar-se o valor da pensão alimentícia (CC, art. 1.699).</p><p>Tais modificações, como provocam afronta ao que se passou a</p><p>chamar de trinômio proporcionalidade / necessidade /</p><p>possibilidade, autorizam a busca de nova equalização do valor</p><p>dos alimentos. A exigência de obedecer a este verdadeiro dogma</p><p>é que permite buscar a revisão ou a exoneração da obrigação</p><p>alimentar. Portanto, o que autoriza a modificação do quantum é o</p><p>surgimento de um fato novo que leve ao desequilíbrio do encargo</p><p>alimentar209.</p><p>Para reforçar o conceito de proporcionalidade,</p><p>demonstraremos o que expressa PEREIRA:</p><p>208 DIAS, Maria Berenice; Manual de Direito das Famílias; 2006;p. 435.</p><p>209 PEREIRA; Caio Mário da silva; Instituições de Direito Civil; 2006; p. 498.</p><p>69</p><p>Os alimentos hão de ter, na devida conta, as condições pessoais</p><p>e sociais do alimentante e do alimentado. Vale dizer: serão</p><p>fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos</p><p>recursos da pessoa obrigada. Não tem cabida exigi-los além do</p><p>que o credor precisa, pelo fato de ser o devedor dotado de altas</p><p>posses; nem pode ser este compelido a prestá-los com sacrifício</p><p>próprio ou da sua família, pelo fato de o reclamante os estimar</p><p>muito alto, ou revelar necessidades maiores (§ 1º do art. 1.964)210.</p><p>Para definir valores, há se atentar ao dogma que norteia a</p><p>obrigação alimentar: o</p><p>princípio da proporcionalidade. Esse é o</p><p>vetor para a fixação dos alimentos. Tradicionalmente, invoca-se o</p><p>binômio necessidade-possibilidade, ou seja, perquirem-se as</p><p>necessidades do alimentando e as possibilidades do alimentante</p><p>para estabelecer o valor da pensão. No entanto, essa mensuração</p><p>é feita para que se respeite a diretriz da proporcionalidade211</p><p>3.4 ALTERAÇÃO DAS CONDIÇÕES FINANCEIRAS DO CREDOR OU DO</p><p>DEVEDOR DE ALIMENTOS.</p><p>No que condiz a parte financeira, na questão de pensão</p><p>alimentícia, as condições de ambas as partes, é fator primordial para a reparação</p><p>do tributo a alimentos, sendo assim, estão sujeitas a atualizações.</p><p>Dispõe DIAS sobre o referente caso:</p><p>A obrigação alimentar é adimplida através do pagamento de</p><p>parcelas que se estendem no tempo. As prestações</p><p>necessariamente estão sujeitas a atualizações (CC. 1.710).</p><p>apesar da vedação constitucional do uso do salário mínimo para</p><p>qualquer fim (CF 7º. IV), em se tratando de alimentos, pacificado</p><p>se encontra o entendimento de que é cabível sua utilização</p><p>quando não percebe o devedor remuneração que comporte</p><p>desconto em valor percentual. Estipulados os alimentos em</p><p>salários mínimos e ocorrendo mora, o devedor de vê pagar o valor</p><p>do salário que vigorava à data do vencimento acrescido de juros e</p><p>210 DIAS, Maria Berenice; Conversando sobre Alimentos; Porto Alegra: Livraria do</p><p>Advogado; 2006; p. 77.</p><p>211 DIAS, Maria Berenice; Manual de Direito das Famílias; 2006;p. 435.</p><p>70</p><p>correção monetária, e não o valor do salário mínimo à data do</p><p>pagamento212.</p><p>No caso do alimentado, adquirir vínculo empregatício, será</p><p>revisado o quantum, assim como doutrina DIAS:</p><p>A cessão do vínculo empregatício não libera o devedor nem</p><p>torna ilíquido o valor da obrigação. Cristaliza-se o quantum</p><p>alimentar no montante do último pagamento feito. Mudança na</p><p>situação econômica do alimentante, se houve, pode servir de</p><p>motivo para eventual ação revisional, mas não pode levar à</p><p>extinção do processo executório213.</p><p>Fato importante é o que RIZZARDO expõe quanto ao</p><p>entendimento da jurisprudência sobre a questão financeira do devedor.</p><p>A jurisprudência, entretanto, vem defendendo a obrigação mesmo</p><p>que reduzidos sejam os rendimentos do alimentante, e, no</p><p>momento, nem possa cumpri-la. A renda insuficiente não seria</p><p>motivo para dispensar o encargo, desde que induvidosa a</p><p>necessidade da pessoa. É possível que fique suspenso o</p><p>exercício, ou que se retire o ônus de pensionar temporariamente,</p><p>ou mesmo que se estabeleça uma quantia simbólica. Mas o</p><p>alimentante está sujeito a ser demandado tão logo se altere o seu</p><p>estado econômico214.</p><p>A duas circunstâncias, que deve ser salientadas e o fato de</p><p>o alimentante dispor de condições com o alimentado, e o caso de que seja</p><p>arruinada a condição financeira do alimentante.</p><p>Dentro da primeira circunstância, dispõe MONTEIRO:</p><p>Por exemplo, fixa o juiz a provisão alimentar, tendo em vista</p><p>determinado salário auferido pelo alimentante. Posteriormente,</p><p>vem este a obter promoção ou melhoria de vencimentos. Pode o</p><p>alimentado, com base nesses fatos supervenientes, solicitar</p><p>212 DIAS, Maria Berenice; Manual de Direito das Famílias; 2006;p. 452.</p><p>213 DIAS, Maria Berenice; Manual de Direito das Famílias; 2006;p. 453.</p><p>214 RIZZARDO; Arnaldo; Direito de Família; 2007; p. 749.</p><p>71</p><p>majoração do quantum obtido anteriormente, sempre na</p><p>proporção de suas necessidades215.</p><p>Com a ruína econômica, é um dos fatores primordiais para a</p><p>revisão da pensão, expressando melhor o caso, dispõe MONTEIRO:</p><p>Ao inverso, o alimentante vem a falir, reduz-se à miséria, sofre</p><p>grandes perdas pecuniárias ou é despedido do emprego. Poderá</p><p>ele, por sua vez, invocando a ruína econômica, pleitear completa</p><p>exoneração do encargo alimentar ou, pelo menos, respectivo</p><p>reajustamento, de acordo as suas possibilidades atuais216.</p><p>Neste sentido de falência, doutrina CAHALI:</p><p>E acrescentam: a primeira questão resolve-se pela afirmativa; a</p><p>dívida alimentar sobrevive em princípio à falência; entretanto,</p><p>diversa será a solução se da quebra resulta uma ruína completa</p><p>do devedor; mas a falência nem sempre pressupõe a ruína, nem</p><p>mesmo a insolvabilidade, mas apenas a cessação dos</p><p>pagamentos, não há, pois, lugar para declarar-se a piori a</p><p>extinção da pensão alimentar sob pretexto de que, com a falência,</p><p>o devedor não pode pagá-la217.</p><p>Mais em questão do filho ser menor, se sobrepõe a</p><p>obrigação em questão do poder familiar:</p><p>Mas razoavelmente, Lourenço Prunes refere que, declarado falido</p><p>o obrigado, continuará ele, normalmente, a desempenhar aos</p><p>seus deveres em relação à mulher e à prole submetida ao poder</p><p>familiar; contudo, se contribui com pensão, decretada</p><p>judicialmente, a favor de filhos maiores e outros parentes, a</p><p>mesma poderá ser reduzida na proporção de suas aperturas</p><p>financeiras, suspensa, por certo tempo, ou até extinta, se ficar em</p><p>absoluto estado de pobreza, pode acontecer, contudo, que tenha</p><p>ele outras fontes de renda, não atingidas pela falência (emprego,</p><p>215 MONTEIRO; Washington de Barros; Curso de Direito Civil; 2007; 370.</p><p>216 MONTEIRO; Washington de Barros; Curso de Direito Civil; 2007; 370.</p><p>217 CAHALI, Yussef Said; Dos Alimentos; 2006; p. 699.</p><p>72</p><p>por exemplo); nesta situação poderá até ser mantido o status</p><p>quo218.</p><p>3.5 CONSEQUÊNCIAS DA OBRIGAÇÃO ALIMENTAR</p><p>Sobre obrigação alimentar, o doutrinador CAHALI,</p><p>menciona, o fundamento da expressão obrigação e alimentos, e destaca que “a</p><p>obrigação alimentícia ou resulta diretamente da lei, ou resulta de uma atividade do</p><p>homem”.</p><p>Em linguagem técnica, bastaria acrescentam a esse</p><p>conceito, a idéia de obrigação que é imposta a alguém, em função de uma causa</p><p>jurídica prevista em lei, de prestá-los a quem deles necessite219.</p><p>A palavra alimentos vem a significar tudo a que é necessário para</p><p>satisfazer aos reclamos da vida, são as prestações com as quais</p><p>podem ser satisfeitas as necessidades vitais de quem não pode</p><p>provê-las, mais amplamente, é a contribuição periódica</p><p>assegurada a alguém, por um título de direito, para exigi-lo de</p><p>outrem, como necessário à sua manutenção220.</p><p>Uma das conseqüências que gera a obrigação para uma das</p><p>partes é os alimentos entre os cônjuges, como menciona J.M. Leoni Lopes:</p><p>Portanto os alimentos entre os cônjuges não se justificam,</p><p>em caso de separação, pelo simples fato da existência do casamento, mas no</p><p>caso de reais necessidades do cônjuge que pleiteia os alimentos221.</p><p>Assim sendo, só existe obrigação alimentar na</p><p>impossibilidade de o alimentante prover a sua subsistência222.</p><p>218 CAHALI, Yussef Said; Dos Alimentos; 2006; p. 700.</p><p>219 CAHALI, Yussef Said; Dos Alimentos; 2006; p. 15.</p><p>220 CAHALI, Yussef Said; Dos Alimentos; 2006; p. 16.</p><p>221 LOPES, J. M. Leoni; Curso de Direita: Direito de Família; v. 2; São Paulo: Saraiva;</p><p>2005; p. 16.</p><p>222 LOPES, J. M. Leoni; Curso de Direita: Direito de Família; 2005; p. 17.</p><p>73</p><p>Portanto pode a mulher pleitear alimentos de seu marido, pelo rito</p><p>da Lei de Alimentos (Lei nº 5.478/68), mesmo que esteja com este</p><p>coabitando sob o mesmo teto, desde que demonstre suas</p><p>necessidades e que o marido não venda cumprindo com o dever</p><p>de mútua assistência223.</p><p>Assim, art. 1.694, §1º, os alimentos (entre parente, ou</p><p>cônjuges) devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos</p><p>recursos da pessoa obrigada (para viver de modo compatível com a condição</p><p>social do alimentário); mas conforme §2º, “os alimentos serão apenas os</p><p>indispensáveis à subsistência, quando a situação da necessidade resultar de</p><p>culpa de quem os pleitear”.</p><p>Do mesmo modo, dispõe o art. 1.704 que, “se um dos cônjuges</p><p>separados judicialmente vir a necessitar</p><p>CAPÍTULO 2.......................................................................................24</p><p>MODALIDADE DE ALIMENTOS.</p><p>2.1 ALIMENTOS DECORRENTES DO PODER FAMILAIR.................................24</p><p>2.1.1 Origem e Evolução do Poder Familiar......................................................29</p><p>2.1.2 Conceito de Poder Familiar........................................................................35</p><p>2.1.3 Igualdade dos Pais frente às Obrigações para com os Filhos Menores e</p><p>Incapazes..............................................................................................................37</p><p>2.2 ALIMENTOS DECORRENTES DO PARENTESCO.......................................43</p><p>2.3 A MAIORIDADE DOS FILHOS E DO DIREITO AOS</p><p>ALIMENTOS..........................................................................................................54</p><p>XI</p><p>CAPÍTULO 3.......................................................................................57</p><p>REQUISITOS PARA FIXAÇÃO DE ALIMENTOS</p><p>3.1 NECESSIDADE DO CREDOR DE ALIMENTOS............................................57</p><p>3.2 POSSIBILIDADE DO DEVEDOR DE ALIMENTOS........................................63</p><p>3.3 PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE.......................................................68</p><p>3.4 ALTERAÇÃO DAS CONDIÇÕES FINANCEIRAS DO CREDOR OU DO</p><p>DEVEDOR DE ALIMENTOS.................................................................................69</p><p>3.5 CONSEQUÊNCIA DA OBRIGAÇÃO ALIMENTAR........................................72</p><p>3.6 CAUSA DE EXTINÇÃO DE ALIMENTOS.......................................................77</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................82</p><p>REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS............................................83</p><p>XII</p><p>RESUMO</p><p>Nesta pesquisa trata da pensão alimentícia no qual em</p><p>compreensão vulgar, entende-se por muitos como alimentos propriamente ditos,</p><p>ou seja, as pessoas entendem que é a obrigação de alimentar seu dependente,</p><p>quando, que na verdade, alimentos são aquilo que um individuo necessita para</p><p>sua subsistência. Em uma vida social, as necessidades serão tudo aquilo que se</p><p>precisa para viver dignamente entre a pessoas, lhe dando condições para</p><p>participar das atividades sociais, sendo os alimentos, o vestuário, a educação,</p><p>obrigação dos pais ou responsáveis (normalmente parentes) etc…A obrigação de</p><p>alimentar ou de sustentar, e personalíssima, sendo impossível à transferência de</p><p>obrigação, mais sim o auxilio a prestação, com isto afirmamos aqui, que mais do</p><p>que o interesse de prover os alimentos ao individuo necessitado, e o interesse de</p><p>que o individuo necessitado receba o auxilio para sua subsistência social. Ficando</p><p>bem claro, que a obrigação alimentar, quanto ao filho menor está subordinada ao</p><p>poder familiar (pátrio poder), sendo os cônjuges, companheiros ou simplesmente</p><p>os pais, obrigações a sustentar e educar sua prole, podem seres parentes auxilia-</p><p>los. Já no caso do filho atingir sua maioridade sua possibilidade de alimentos, não</p><p>estará mais vinculada ao poder familiar, mais sim ao parentesco, o qual poderá</p><p>empreitar ação a favor de sua necessidade, a qual se subsidiará por graus de</p><p>parentes conforme o que for mais próximo e com recursos que possa possibilitar.</p><p>Sendo sempre para a prestação da pensão examinada dentro do princípio da</p><p>proporcionalidade, a qual será equilibrado entre possibilidade e necessidade,</p><p>caso a necessidade seja maior do que a possibilidade será inserido terceiro que</p><p>possas prestas auxilio para que a necessidade seja cessada. Não só aos filhos sé</p><p>poderá prestar alimentos, mais sim também ao cônjuge ou companheira, sendo</p><p>entes último, um vínculo familiar pela união estável, e devidamente comprovada.</p><p>Dentro de todos os casos, salvo o do menor que encontra-se sobre o poder</p><p>familiar, agindo o credor de má fé com do devedor, poderá suceder a extinção da</p><p>obrigação de prestar alimentos, no caso de ex-cônjuge ou ex-companheiro, o fato</p><p>de constituir nova união ou familiar, exonerará o devedor de alimentos. Com isto,</p><p>a obrigação de ceder alimentos não está no ligado à necessidade de outrem, mais</p><p>ao estado de capacidade e social que se encontra, assim como se está enfermo,</p><p>XIII</p><p>incapaz de exercer o próprio sustento, sendo está incapacidade física ou mental,</p><p>no caso de incapacidade civil, ou seja, por menoridade, cabe a ser citado aqui,</p><p>mais e mister saber que este esta vinculado ao poder familiar, etc…</p><p>1</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>A presente Monografia tem como objeto a prestação de</p><p>pensão alimentícia.</p><p>O seu objetivo é demonstrar os requisitos para a obtenção</p><p>ou extinção de tal direito.</p><p>Para tanto, principia-se, no Capítulo 1, tratando de da</p><p>evolução histórica dos alimentos, e o conceito sobre o mesmo, onde chegaremos</p><p>ao atual compreensão do direito alimentar, e os pressupostos para obtenção de</p><p>tal direito, sendo descriminada a sua natureza jurídica, onde ajudará a aludir</p><p>sobre a compreensão jurídica dos alimentos e as características no que condiz</p><p>aos alimentos juridicamente classificados.</p><p>No Capítulo 2, trata-se dos indivíduos integrantes da</p><p>obrigação de prestar alimentos, desde os que devem sustentar derivado do poder</p><p>familiar (pátrio poder) ao de que alimentar derivado do parentesco.</p><p>No Capítulo 3, tratando dos requisitos necessários para a</p><p>prestação da pensão alimentício, fundado no princípio da proporcionalidade, aos</p><p>requisitos de extinção ou exoneração da pensão alimentícia.</p><p>O presente Relatório de Pesquisa se encerra com as</p><p>Considerações Finais, nas quais são apresentados pontos conclusivos</p><p>destacados, seguidos da estimulação à continuidade dos estudos e das reflexões</p><p>sobre a pensão alimentícia.</p><p>Para a presente monografia foram levantadas as seguintes</p><p>hipóteses:</p><p>Se desde os tempos mais remotos já havia a necessidade</p><p>de se prestar alimentos entre familiares.</p><p>2</p><p>Em relação a prestação da pensão alimentícia, se no seu</p><p>íntimo não havia o caráter punitivo, mais sim, uma responsabilidade civil de</p><p>solidariedade, sendo um dever mútuo de assistência entre familiares, no intuíto de</p><p>preservar toda a sociedade.</p><p>Por fim, o quanto, quando, como e porque a pensão</p><p>alimentícia deve ser tratada sempre com muita cautela.</p><p>Quanto à Metodologia empregada, registra-se que, na Fase</p><p>de Investigação foi utilizado o Método indutivo, na Fase de Tratamento de Dados</p><p>o Método Cartesiano, e, o Relatório dos Resultados expresso na presente</p><p>Monografia é composto na base lógica Indutiva.</p><p>Nas diversas fases da Pesquisa, foram acionadas as</p><p>Técnicas, do Referente, da Categoria, do Conceito Operacional e da Pesquisa</p><p>Bibliográfica.</p><p>3</p><p>CAPÍTULO 1</p><p>DOS ALIMENTOS</p><p>1.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS ALIMENTOS</p><p>Neste primeiro capítulo, abordar-se-á os alimentos de</p><p>maneira geral, iniciando com a sua evolução histórica, conceito, natureza jurídica</p><p>e as características principais.</p><p>Silvio de Salvo Venosa8, destaca que o ser humano, desde o</p><p>nascimento até sua morte, necessita de amparo de seus semelhantes e de bens</p><p>essenciais ou necessários para a sobrevivência, realçando-se, desta forma, a</p><p>importância dos alimentos. Assim, o termo alimentos, pode ser entendido, em sua</p><p>conotação vulgar, como tudo aquilo que é necessário para a subsistência de uma</p><p>pessoa.</p><p>Acrescenta-se a essa noção genérica a obrigação que tem</p><p>uma pessoa de fornecer alimentos a outra e chegar-se-á facilmente à noção</p><p>jurídica. No entanto, no Direito, a concepção do termo é mais ampla, pois a</p><p>palavra, além de abranger os alimentos propriamente ditos, deve referir-se</p><p>também à satisfação de outra necessidade essenciais da vida em sociedade,</p><p>preleciona Silvio Rodrigues9.</p><p>O fundamento originário da obrigação de alimentos é o</p><p>vínculo da “solidariedade familiar” ou de sangue ou ainda a lei natural.</p><p>de alimentos, será o</p><p>outro obrigado a prestá-los mediante pensão a sufixada pelo juiz,</p><p>caso não tenha sido declarado culpado na ação de separação</p><p>judicial, mas a acrescenta no parágrafo único que, “se o cônjuge</p><p>declarado culpado vier a necessitar de alimentos, a não tiver</p><p>parentes em condição de prestá-los, nem aptIdão para o trabalho,</p><p>o outro cônjuge será obrigado a assegurá-los, fixando o juiz o</p><p>valor indispensável à sobrevivência”224.</p><p>A lei nº 8.971/94, conferiu expressamente direitos alimentar</p><p>e sucessórios aos companheiros, culminado com a Lei nº 9.278/96, que</p><p>regulamentou a união estável de maneira extremamente semelhante ao</p><p>casamento.</p><p>A jurisprudência, portanto tem admitido, a fixação de</p><p>alimentos, decorrentes da união estável e do concubinato, como se a figura:</p><p>O tribunal de justiça do Paraná, através da 3ª Câmara Cível, em</p><p>que foi relator o Des. Silva Wolff, por unanimidade, reconheceu</p><p>que, se a “concubina, que prestou serviços alimentos durante a</p><p>vida concubinária o seu companheiro, foi abandonada por este, há</p><p>223 LOPES, J. M. Leoni; Curso de Direita: Direito de Família; 2005; p. 18.</p><p>224 CAHALI, Yussef Said; Dos Alimentos; 2006; p. 20.</p><p>74</p><p>que se pagar alimentos, necessitando ela destes para sua</p><p>manutenção”225.</p><p>Informa o Des. Silva Wolff a pretensão da concubina.</p><p>Emerge dos fundamentos aduzidos no pedido indenizatório (fls.</p><p>13/7), que o objetivo da autora, ora gravante, era o de obter uma</p><p>pensão com a qual pudesse se manter, posto que fora</p><p>abandonada por seu companheiro, militar reformado do Exercito</p><p>Brasileiro, uma união da qual nascera uma filha, e por isso</p><p>condenara este ao pagamento de indenização, pelos anos que</p><p>aquela servira nos trabalhos domésticos e durante a vida em</p><p>comum, correspondente a um salário mínimo vigente, pelo prazo</p><p>de vinte anos, em que durava o concubinato226.</p><p>Portanto; a pensão, na qual o réu foi condenado, tem índole,</p><p>alimentar, visando a atender às necessidade da agravante, a sua mantença, á</p><p>sua própria subsistência.</p><p>Com o advento da Lei nº. 8.971, de 29 de dezembro de 1994, que</p><p>regulou o direito dos companheiros a alimentos e a sucessão,</p><p>dispôs no art. 1º “que a companheira comprovada de um homem</p><p>solteiro, separado judicialmente, divorciado, ou viúvo, que com ele</p><p>viva há mais de cinco anos, ou dele tenha prole, poderá valer-se</p><p>do disposto na lei 5.478, de 25 de julho de 1968, enquanto não</p><p>constituir nova união e deste direito no parágrafo único desse</p><p>artigo”, ao dispor que “igual direito e nas mesmas condições é</p><p>reconhecido ao companheiro de mulher solteira, separada</p><p>judicialmente, divorciada, ou viúva”227.</p><p>Diante das espécies, a doutrina classifica os alimentos, em</p><p>decorrência do matrimônio, e por direito de sangue (parentesco) como legitimo:</p><p>225 LOPES, J. M. Leoni; Curso de Direita: Direito de Família; 2005; p. 270.</p><p>226 LOPES, J. M. Leoni; Curso de Direita: Direito de Família; 2005; p. 270.</p><p>227 CAHALI; Francisco José. PEREIRA, Rodrigo da Cunha; Alimentos no Código Civil;</p><p>2005; p. 82.</p><p>75</p><p>Como legitimo, qualificam-se os alimentos devidos em</p><p>virtude de uma obrigação legal; no sistema do nosso direito, são aqueles que se</p><p>devem, por direito de sangue228.</p><p>Said CAHALI, menciona ainda que: “tendo a atividade</p><p>humana como causa, a obrigação alimentícia ou resulta de atos voluntários ou de</p><p>atos jurídicos229.</p><p>No âmbito dos atos voluntários causa mortis, as disposições</p><p>aparecem nos arts. 1920 a 1928 do Código Civil230.</p><p>Um outro, a qual pode surgir o Direito a alimentos, sem</p><p>intenção para obtenção deste direito do necessitado, e a obrigação resultante de</p><p>ato ilícito.</p><p>CAHALI, menciona a respeito que:</p><p>Finalmente, o direito de alimentos pode nascer a beneficio do</p><p>necessitado, sem que ele próprio, ou terceiro tenha buscado</p><p>intencionalmente essa resultado, podendo, porém, surgir, tanto da</p><p>atividade do necessitado como da atividade de terceiro, inclui-se</p><p>nessa categoria a obrigação do donatário (em condições</p><p>especiais) e a obrigação resultante de ato ilícito231.</p><p>Na doação, efetivamente, a obrigação alimentar resulta mais</p><p>propriamente por efeito especial da relação jurídica existente entre as partes232.</p><p>Quanto à obrigação alimentar conseqüente da pratica de ato</p><p>ilícito, representa ela uma forma de indignação de dano ex delicto233.</p><p>228 CAHALI, Yussef Said; Dos Alimentos; 2006; p. 21.</p><p>229 CAHALI, Yussef Said; Dos Alimentos; 2006; p. 21.</p><p>230 CAHALI, Yussef Said; Dos Alimentos; 2006; p. 21.</p><p>231 CAHALI, Yussef Said; Dos Alimentos; 2006; p. 22.</p><p>232 CAHALI, Yussef Said; Dos Alimentos; 2006; p. 22.</p><p>233 CAHALI, Yussef Said; Dos Alimentos; 2006; p. 22.</p><p>76</p><p>Porém, vem sendo admitido que “a pensão mensal, a titulo de</p><p>indenização por ato ilícito, tem natureza de prestação alimentícia,</p><p>nos termos do art. 1.537, II, do CC [art. 948, II, CC/2002], e,</p><p>portanto, pode o pagamento ser efetuado através do desconto em</p><p>folha de pagamento de devedor234.</p><p>Em se tratando de obrigação alimentar, se vincula, esta em</p><p>relação de parentesco, conforme:</p><p>Art. 1.696 do Código Civil, surge após cessada a</p><p>menoridade, na menoridade é o dever sustento, surge então a obrigação</p><p>alimentar, que tem como causa jurídica o vinculo ascendente–descendente, e o</p><p>filho, até a idade de 24 anos, cursando ensino superior , “conseqüência que</p><p>dependendo da necessidade de dispor do alimentante será mantido a obrigação</p><p>alimentar”.</p><p>A jurisprudência, no sentido da mantença ao direito</p><p>alimentício pelo filho que, aos 24 anos de idade e cursando ensino superior:</p><p>11ª Câmara Civil do TJRJ: A alteração do termo inicial da</p><p>maioridade civil, pelo nosso código, não alterou ou revogou o</p><p>direito ao pensionamento de filho universitário, até 24 anos de</p><p>idade, conforme entendimento pretoriano (Apel. 7.129/04.</p><p>30.03.2005)235.</p><p>Destaca Francisco José Cahali, que:</p><p>Nessa faixa própria vista como uma obrigação alimentícia,</p><p>ingressa todo o crédito alimentar destinado aos filhos maiores e capazes, aos</p><p>colaterais, cônjuges ou conviventes236.</p><p>234 CAHALI, Yussef Said; Dos Alimentos; 2006; p. 25.</p><p>235 CAHALI, Yussef Said; Dos Alimentos; 2006; p. 460.</p><p>236 CAHALI; Francisco José. PEREIRA, Rodrigo da Cunha; Alimentos no Código Civil;</p><p>2005; p. 234.</p><p>77</p><p>Em resumo, aos filhos maiores a obrigação alimentícia, recai somente</p><p>aqueles que estão cursando, ensino de curso superior, com a idade limite de 24</p><p>anos, no caso de filhos maiores que, não obtém está exceção somente por</p><p>relação de parentesco, e provando a extrema necessidade e condições</p><p>disponíveis do alimentante.</p><p>3.6 CAUSAS DE EXTINÇÃO DOS ALIMENTOS</p><p>Uma das causas de extinção dos alimentos, é este previsto</p><p>no art. 1.708 caput e seu parágrafo único, do Código Civil, que assim define</p><p>CAHALI:</p><p>Por aplicação do art. 1.708, caput e ser parágrafo único do Código</p><p>Civil, com o casamento a união estável ou o concubinato do</p><p>credor, cessa o dever de prestar alimentos, do mesmo modo que</p><p>cessa em direito se aquele tiver com relação ao devedor um</p><p>procedimento indigno, entendendo-se como tal, em sentido amplo</p><p>a infração dos deveres de lealdade e assistência237.</p><p>A jurisprudência, neste caso tem o seguinte entendimento:</p><p>Ação de exoneração de pensão – ex-concubina que vive com</p><p>outro e a trabalhar – dever de alimentos somente enquanto não</p><p>constituída nova família e quando com necessidade a ex-</p><p>companheira238.</p><p>Lopes de Oliveira, descreve que a razão de extinção do</p><p>dever alimentar decorrente de novo casamento, em que</p><p>deve ser obtida a mútua assistência, não seria ético nem</p><p>razoável que perceba alimentos de seu anterior</p><p>companheiro, já que no âmbito deste novo casamento que</p><p>se devem resolver as necessidade239.</p><p>237 CAHALI, Yussef Said; Dos Alimentos; 2006; p.173.</p><p>238 4ª CÂMARA CÌVEL, TJSP, Apel. 143. 441-4, 21.09.2000.</p><p>239 LOPES, J. M. Leoni; Curso de Direita: Direito de Família; 2005; p. 178.</p><p>78</p><p>A obrigação alimentar é personalíssima, por isso que com a</p><p>morte do devedor dos alimentos, a obrigação se extingue.</p><p>Neste caso a obrigação de alimentos no casamento e na união</p><p>estável, com a morte do devedor é causa de extinção, pois é</p><p>personalíssimo, não podendo ser transferido a outra pessoa, nem</p><p>para os herdeiros240.</p><p>A gravidez da credora de alimento serve de coisa para pedir</p><p>exoneração do dever alimentar, tanto para o casamento. Como para a união</p><p>estável.</p><p>O entendimento doutrinário de J.M. Lopes, destaca que:</p><p>A gravidez exonera, na medida em que serve de indício, de</p><p>presunção de um relacionamento amoroso sério e duradouro,</p><p>portanto, a gravidez serve de causa para pedir exoneração do</p><p>dever alimentar, na medida em que forma uma presunção, que</p><p>evidentemente admite prova em contrário, de ser resultado de</p><p>relacionamento duradouro241.</p><p>Outra causa de exoneração de dever alimentar é a mudança</p><p>de fortuna quer do credor, quer do devedor.</p><p>Portanto, são motivos a fundamentos os pedidos de exoneração,</p><p>se devedor dos alimentos ficou impossibilitado de prestá-la, ou se</p><p>ficar demonstrada em ação própria, que o credor deles não mais</p><p>necessita por ter adquirido após a reparação, ou à estipulação dos</p><p>alimentos, meios suficientes para sua subsistência242.</p><p>Em relação à extinção dos alimentos, aos filhos maiores e</p><p>emancipados, a jurisprudência, tem o seguinte entendimento:</p><p>1ª Câmara Cível do TJAL, 17.12.1997, RT 752/273, 1ª Câmara</p><p>Cível do TJSP: Cessado o pátrio poder [hoje poder familiar], pela</p><p>maioridade ou pela emancipação, cessa para o genitor o (dever</p><p>240 LOPES, J. M. Leoni; Curso de Direita: Direito de Família; 2005; p. 25.</p><p>241 LOPES, J. M. Leoni; Curso de Direita: Direito de Família; 2005; p. 29.</p><p>242 LOPES, J. M. Leoni; Curso de Direita: Direito de Família; 2005; p. 38.</p><p>79</p><p>de prestar alimentos ao filho, independentemente de ação</p><p>exoneratória. (Agr. / Instr. 75. 158-4 05.05.1998)243.</p><p>A doutrina Yussef Said CAHALI, ressalta que:</p><p>E, tratando-se de extinção automática, pelo simples implemento</p><p>do termo extintivo da obrigação, não se teria que exigir-se do</p><p>genitor o ajuizamento da ação exoneração para, só com a</p><p>procedência dela, ficar liberado da prestação alimentícia ao filho</p><p>que atingiu a maioridade; a este é que competiria agora a</p><p>iniciativa da reclamação de alimentos, sujeita a pensão a</p><p>pressupostos diversos: assim, que “a maioridade civil representa a</p><p>extinção do pátrio poder, ou na linguagem do novo CC, poder</p><p>familiar, a trazer como conseqüência, para o alimentante, a</p><p>afastamento da sua obrigação de continuar prestando alimentos</p><p>aos filhos, salvo exceções, devidamente comprovadas244.</p><p>Assim, acórdão majoritário daquela Corte, depois de reconhecer</p><p>que ali vinha prevalecendo o entendimento que o dever de</p><p>sustento decorrente do poder familiar se extingue com a</p><p>maioridade, cessando assim a obrigação correspondente do</p><p>genitor, bastando simples petição nos autos da ação originária</p><p>que fixara os alimentos, deferindo-se a exoneração, com ressalva</p><p>da ação de alimentos fundada no parentesco, acrescentava:</p><p>“Nova inteligência, porém, foi firmada pela 2ª Seção deste</p><p>Tribunal, no julgamento do Resp 442.502, de cuja ementa extrai-</p><p>se: Pensão alimentícia – Filho maior – Exoneração – Ação própria</p><p>– Necessidade245.</p><p>Ausentes aqueles pressupostos, a obrigação do STJ de que “a</p><p>jurisprudência desse Tribunal orienta-se no sentido de que o</p><p>alcance da maioridade não importa a extinção automática da</p><p>obrigação alimentar, mormente quando o alimentando ainda é</p><p>estudante”246.</p><p>Conforme RIZZRDO, relativamente a exoneração poderá</p><p>ocorrer da seguinte forma:</p><p>243 CAHALI, Yussef Said; Dos Alimentos; 2006; p. 460.</p><p>244 CAHALI, Yussef Said; Dos Alimentos; 2006; p. 457.</p><p>245 CAHALI, Yussef Said; Dos Alimentos; 2006; p. 467.</p><p>246 CAHALI, Yussef Said; Dos Alimentos; 2006; p. 466.</p><p>80</p><p>Relativamente à exoneração, ocorre quando a pensão é</p><p>cancelada, especialmente por não ser exercido o direito a</p><p>alimentos, e se advém total impossibilidade em prestar alimentos.</p><p>É o caso quando a mulher ou qualquer outro alimentando</p><p>simplesmente deixa de exigir o cumprimento da obrigação. De</p><p>igual modo, se o alimentante perde o emprego, ou fica em estado</p><p>de insolvência, ou adoece, não vindo a receber pensão</p><p>previdenciária247.</p><p>Ressalta ainda RIZZARDO que com mais freqüência, ocorre</p><p>a extinção ou exoneração com a impossibilidade de pagamento do devedor:</p><p>Extinção e exoneração na prática se equivalem. No sentido</p><p>jurídico, esse último termo tem maior emprego quando há a impossibilidade</p><p>econômica em dar alimentos, ou desaparece a necessidade de recebê-los.</p><p>E por fim, ainda na ótica de Rizzardo:</p><p>São casos, ainda, de exoneração ou extinção, que ocorrem</p><p>simplesmente com a caracterização e comprovação de certo fato:</p><p>a vida desordenada e irregular do alimentário, o qual, embora em</p><p>condições de exercer uma atividade remunerada, entrega-se ao</p><p>ócio, aos vícios, ao tráfico de entorpecentes, ao crime e outras</p><p>graves anomalias; o abandono voluntário da casa paterna –</p><p>situação freqüente quando os filhos atingem certa independência ;</p><p>a falência ou insolvência do devedor, sem a menor condição de</p><p>sustentar os dependentes, hipótese em que os alimentos não</p><p>entram na classificação dos créditos, eis que, da mesma forma</p><p>que não se arrecadam salários ou rendimentos advindos da</p><p>profissão, de igual modo não é subtraída a porção correspondente</p><p>dos bens ou dos valores monetários existentes que se encontram</p><p>destinados aos alimentários248.</p><p>Com isto finalizamos, com a compreensão das as causas da</p><p>extinção da pensão alimentícia, que estão vinculadas as condições financeiras</p><p>das partes, seu estado, e seus comportamentos perante a outrem.</p><p>247 RIZZARDO; Arnaldo; Direito de Família; 2007; p. 817.</p><p>248 RIZZARDO; Arnaldo; Direito de Família; 2007; p. 818.</p><p>81</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>Esta Monografia, apresentou um dos temas mais relevantes</p><p>no direito das famílias, onde, dependendo da ótica da cada indivíduo, este é um</p><p>dos temas mais importante do sistema jurídico brasileiro, pois, não só a</p><p>sociedade brasileira, ou qualquer outra sociedade, é fundamentada nas famílias,</p><p>sendo estas o alicerce de toda uma nação, ou estado; emergindo a sua</p><p>importância e o devido tratamento que merece.</p><p>Diante do exposto, considero esta pesquisa aqui firmada, a</p><p>qual foi transcrita varias ideologias dos mais importantes doutrinadores nacional,</p><p>os que já demonstram, respeitoso tratamento com a questão aqui abordada, a</p><p>qual deve ser compreendida que a necessidade pensão, independente de que a</p><p>tem a obrigação, o mister e que quem a necessite a receba, por se tratar de uma</p><p>forma de solidariedade familiar, voluntária ou involuntária, mais que resulta numa</p><p>importância defesa, quanto a possível desestruturar social do individuo a qual se</p><p>encontra em precárias condições de sustento, tanto sejam eles físicos ou</p><p>intelectuais, ressalvando assim, um indivíduo que poderá contribuir positivamente,</p><p>em momento futura ou pretérito, ao qual a pensão manterá resguardada a</p><p>sociedade.</p><p>82</p><p>REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS</p><p>BITTENCOURT, Edgar de Moura, Alimentos LEUD – São Paulo, 1979.</p><p>CAHALI, Yussef Said; Dos Alimentos; 5ª ed., ver. Atual. e ampl.; São Paulo:</p><p>Editora Revista dos Tribunais; 2006.</p><p>CAHALI; Francisco José. PEREIRA, Rodrigo da Cunha; Alimentos no Código</p><p>Civil; São Paulo: Saraiva; 2005</p><p>De OLIVEIRA, Neiva Flávia; Revista Brasileira de Direito de Família; Pátrio Poder</p><p>e Poder Familiar; Porto Alegre: Síntese, IBDFAM; vol. 1; nº 1; abr/jun; 1999.</p><p>DIAS, Maria</p><p>Berenice e PEREIRA, Rodrigo da Cunha; et al.; Direito da Família e</p><p>o Novo Código Civil; 4ª ed., rev. atual.; Belo Horizonte: Del Rey; 2005.</p><p>DIAS, Maria Berenice; Conversando sobre Alimentos; Porto Alegre: Livraria do</p><p>Advogado Ed., 2006.</p><p>DIAS, Maria Berenice; Guarda dos Filhos terá Maior Proteção; Jornal de Santa</p><p>Catarina; ano XXXVI; nº 11.288; Blumenau; 22.5.2008.</p><p>DIAS, Maria Berenice; Manual de Direito das Famílias; 3ª ed.; Porto Alegra:</p><p>Livraria do Advogado; 2006.</p><p>DINIZ. Maria Helena; Curso de Direito Civil Brasileiro; vol. 5, 20ª ed.; São</p><p>Paulo: Saraiva; 2005.</p><p>GONÇALVES, Carlos Roberto; Direito Civil: Direito de Família; vol. 2; 8ª ed.</p><p>Atual. de acordo com o novo Código Civil (Lei nº. 10.406, de 10-1-2002); São</p><p>Paulo: Saraiva; 2002; (Coleção sinopses jurídicas).</p><p>LISBOA, Roberto Senise; Manual de Direito Civil; 3ª ed.; São Paulo: RT; 2004.</p><p>83</p><p>LÔBO, Paulo Luiz Netto; Código Civil Comentado: Direito de Família, Relações</p><p>de Parentesco, Direito Patrimonial: arts. 1.591 a 1.693, vol. XVIO; São Paulo:</p><p>Atlas, 2003.</p><p>LOPES, J. M. Leoni; Curso de Direita: Direito de Família; v. 2; São Paulo:</p><p>Saraiva; 2005; p. 16.</p><p>MADALENO; Rolf e BRENNER, Cristina et al.; Ações de Direito da Família;</p><p>Porto Alegra: Livraria do Advogado Ed.; 2006.</p><p>MONTEIRO, Washington de Barros; Curso de Direito Civil; v. 2; Direito de</p><p>família; 38ª ed., ver. E atual. por Regina Beatriz Tavares da Silva de acordo com o</p><p>novo Código Civil (Lei nº 10.406 de 10-1-2002); São Paulo: Saraiva; 2007.</p><p>PEREIRA, Caio Mário da Silva; Instituições de Direito Civil; vol. 5; 16ªed., ver.</p><p>atual. de acordo com o Código Civil de 2002 por Tânia da Silva Pereira; Rio de</p><p>Janeiro; 2006</p><p>RIZZARDO, Arnaldo; Direito de Família: Lei nº 10.406, de 10.01.2002; Rio de</p><p>Janeiro: Forense; 2007.</p><p>RIZZARDO, Arnaldo; Direito de Família; Rio de Janeiro: Forense; 2006.</p><p>RODRIGUES, Silvio; Direito Civil; vol. 6; 27ª ed. Atual. por Francisco José</p><p>Cahali, com anotações ao novo Código Civil (Lei nº. 10.406, de 10.01.2002; São</p><p>Paulo: Saraiva; 2002.</p><p>RUGGIERO, Roberto; Instituições Direito Civil vol. II; 1999</p><p>VENOSA; Silvio da Salvo; Direito Civil: Direito de Família; 7ª ed.; São Paulo:</p><p>Atlas; 2007.</p><p>84</p><p>WELTER, Belmiro Pedro; Alimentos na união estável; Porto Alegre: Síntese;</p><p>1998.</p><p>NECESSIDADE, POSSIBILIDADE e PROPORCIONALIDADE:</p><p>NECESSIDADE, POSSIBILIDADE e PROPORCIONALIDADE:</p><p>ELOIR FERNANDO FAVIL</p><p>AGRADECIMENTO</p><p>DEDICATÓRIA</p><p>DOS ALIMENTOS</p><p>É importante salientar dentro da guarda dos pais, do qual antes eram postulado juridicamente pela seguinte forma: como dispõe RODRIGUES:</p><p>Os antigos</p><p>com exagero, certamente assemelhavam a recusa de alimentos ao homicídio.</p><p>Modernamente, não se equiparam ao ato de matar alguém (necare), mas trata-se</p><p>a obrigação alimentar como naturalmente nascente da solidariedade social que,</p><p>8 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: Direito de família, 7ª ed., p.337</p><p>9 RODRIGUES Silvio. Direito civil. Direito de família, 2002 vol. 6; 27ª ed. p. 337</p><p>4</p><p>no primeiro plano, grava as pessoas vinculadas pelas relações de família,</p><p>sancionando a sua falta com aplicação de medidas coercitivas10.</p><p>No Direito Romano clássico, a concepção de alimentos não</p><p>era conhecida. A própria estrutura da família romana, sob a direção do pater</p><p>famílias, que tinha sob seu manto e condução todos os demais membros, os</p><p>alieni júris(terceiro de direito), não permitia o reconhecimento dessa obrigação11.</p><p>Segundo Venosa12</p><p>“não há precisão histórica para definir quando a noção alimentícia</p><p>passou a ser conhecida. Na época de Justiniano, já era conhecida</p><p>a obrigação recíproca entre ascendentes e descendentes em linha</p><p>reta, que pode ser vista como ponto de partida . O Direito</p><p>Canônico alargou o conceito de obrigação alimentar. A legislação</p><p>comparada regula a obrigação de prestar alimentos com extensão</p><p>variada, segundo suas respectivas tradições e costumes”.</p><p>O Código Civil de 1916, originalmente disciplina a obrigação</p><p>alimentar dentre os efeitos do casamento, inserindo-a como um dos deveres dos</p><p>cônjuges (“mútua assistência”, art. 231, III e “sustento, guarda e educação dos</p><p>filhos”, art. 231, IV), bem como mencionando competir ao marido, como chefe da</p><p>sociedade conjugal, “prover a manutenção da família” (art. 233, IV), além de fazer</p><p>a obrigação derivar do parentesco (arts. 396 ss).</p><p>A legislação complementar posterior, por força das sensíveis</p><p>transformações sociológicas da família, introduziu várias nuanças no regulamento</p><p>do instituto. Anote-se também que há interesse público nos alimentos, pois se os</p><p>parentes não atenderem às necessidades básicas do necessitado, haverá mais</p><p>um problema social que afetará os cofres da Administração13.</p><p>10 RUGGIERO, Roberto. Instituições Direito Civil V.II, 1999, p.72</p><p>11 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil: direito de família, p. 338</p><p>12 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil: direito de família, p. 338.</p><p>13 Venosa, Silvio de Salvo. Direito civil: direito de família. p. 338 – 339.</p><p>5</p><p>A Constituição Federal de 1988, determinou em seu art.</p><p>229.</p><p>“os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores,</p><p>e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na</p><p>velhice, carência ou enfermidade”.</p><p>Questionou-se, inicialmente, se teria sido extinta a obrigação</p><p>alimentar entre colaterais. A Doutrina é unânime ao manter intacta a regra do art.</p><p>398, recepcionado pelo art. 1.697 de 2002, ao determinar que “na falta de</p><p>ascendentes ou descendentes, estende-se aos irmãos, assim germanos, como</p><p>unilaterais”. Consagra-se, assim, a reciprocidade alimentar como um direito</p><p>essencial à vida e à subsistência em todas as idades14.</p><p>É importante ressaltar que uma distinção que tem reflexos</p><p>práticos: o ordenamento reconhece que o parentesco, o jus sanguinis, estabelece</p><p>o dever alimentar, assim como aquele decorrente do âmbito conjugal definido pelo</p><p>dever de assistência e socorro mútuo entre cônjuges, e modernamente, entre</p><p>companheiros. Existe, pois, no ordenamento, uma distinção entre a obrigação</p><p>alimentar entre parentes e aquela entre cônjuges ou companheiros. Ambas,</p><p>porém, são derivadas da lei.</p><p>É enorme a pletora de ações de alimentos em nossas</p><p>cortes, de modo que as questões exigem muita dedicação e perspicácia dos</p><p>magistrados, em nação de acentuada pobreza e com injusta distribuição de</p><p>riquezas15.</p><p>1.2 CONCEITO DE ALIMENTOS</p><p>Há diversidades entre a conceituação jurídica e noção vulgar</p><p>de “alimentos”. Compreendendo-os em sentido amplo, o direito insere no valor</p><p>semântico do vocábulo uma abrangência maior, para estendê-lo, além de</p><p>14 Caio Mário da Silva Pereira, cit., p. 497.</p><p>15 Venosa, Silvio de Salvo. Direito civil: direito de família. p. 339.</p><p>6</p><p>acepção fisiológica, a tudo mais necessário à manutenção individual: sustento,</p><p>habitação, vestuário, tratamento.16</p><p>Dispõe o Código Civil Brasileiro, em seu art. 872:</p><p>“Nas despesas do enterro proporcionadas aos usos locais e à</p><p>condição do falecido, feitas por terceiro, podem ser cobradas da</p><p>pessoa que teria a obrigação de alimentar à que veio a falecer,</p><p>ainda mesmo que esta não tenha deixado bens”.</p><p>No entender de Orlando Gomes, alimentos são prestações</p><p>para satisfação das necessidades vitais de quem não pode provê-las por si17.</p><p>Compreende o que é imprescindível à vida da pessoa como alimentação,</p><p>vestuário, habitação18, tratamento médico19, transporte, diversões, e, se a pessoa</p><p>alimentada for menor de idade, ainda verbas para a instrução e educação (CC,</p><p>art. 1701, in fine), incluindo parcelas despendidas com sepultamento, por</p><p>parentes legalmente responsáveis pelos alimentos20.</p><p>Caio Mario da Silva Pereira, em seu entendimento</p><p>preleciona: São os alimentos, tanto os chamados “alimentos naturais”</p><p>(alimentação, vestuário, habitação) quanto os “civis”, que, sob outro aspecto, se</p><p>designam como “côngruos” – educação, instrução, assistência21. Esclareça-se</p><p>que o conceito de alimentos no art. 1694, do CC de 2002, compreende os</p><p>alimentos “naturais ou necessários” indispensáveis à subsistência e os “civis ou</p><p>côngruos” destinados a manter a qualidade de vida do credor, de acordo com as</p><p>condições sociais dos envolvidos22.</p><p>Quanto ao aspecto causal, os alimentos se dizem, ainda,</p><p>“legítimos” (os que são devidos por força de lei), “testamentários” (instituídos por</p><p>disposição de última vontade), “convencionais” (oriundos de estipulação negocial</p><p>16 Pereira, Caio Mario da Silva, Instituições Dto Civil, Dto Família Vol.V 8ª ed.p.78</p><p>17 Orlando Gomes, Direito de família.. p. 455.</p><p>18 Ordenações, I, 88, § 15.</p><p>19 Coelho da Rocha, Direito civil português, v. 1, p. 219.</p><p>20 W. Barros Monteiro, op. cit. p. 290.</p><p>21 Pereira, Caio Mario da Silva, Instituições Dto Civil, Dto Família p133.</p><p>22 Francisco José Cahali, “Dos alimentos”, in Direito de família e o Novo Código Civil,</p><p>p. 227.</p><p>7</p><p>inter vivos), “ressarcitórios” (destinados a indenizar vítima de ato ilícito), “judiciais”</p><p>(estabelecidos por provimento judicial)23.</p><p>Com o mesmo entendimento, Diniz24 explica que o</p><p>fundamento da obrigação de prestar alimentos é o princípio da preservação da</p><p>dignidade da pessoa humana (CRFB, art. 1˚, III) e o da solidariedade familiar25.</p><p>Pois vem a ser um dever personalíssimo, devido pelo alimentante, em razão de</p><p>parentesco, vínculo conjugal ou convivencial que o liga ao alimentando26. Assim,</p><p>p. ex., na obrigação alimentar um parente fornece a outro aquilo que lhe é</p><p>necessário a sua manutenção, assegurando-lhe meios de subsistência, se ele,</p><p>em virtude de idade avançada, doença, falta de trabalho ou qualquer</p><p>incapacidade, estiver impossibilitado de produzir recursos materiais com o próprio</p><p>esforço27.</p><p>Quem não pode prover à sua subsistência, nem por isso é</p><p>deixado à própria sorte. A sociedade há de propiciar-lhe sobrevivência, através de</p><p>meios e órgãos estatais ou entidades particulares. Ao Poder Público compete</p><p>desenvolver a assistência social, estimular o seguro, tomar medidas defensivas</p><p>adequadas28.</p><p>Mas o direito não descura o fato da vinculação da pessoa ao</p><p>seu próprio organismo familiar. E, impõe, então, aos parentes do necessitado, ou</p><p>pessoa a ele ligada por um elo civil, o dever de proporcionar-lhe as condições</p><p>mínimas de sobrevivência, não como favor ou generosidade, mas como obrigação</p><p>judicialmente exigível29.</p><p>Não se deve confundir a obrigação de prestar alimentos com</p><p>deveres</p><p>familiares de sustento, assistência e socorro que tem o marido em</p><p>relação à mulher e vice-versa e os pais para com os filhos menores, devido ao</p><p>23 Ruggiero, de Page, Planiol Et Ripert, Irmãos Mazeaud vol.l,</p><p>24 Diniz, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. p. 534</p><p>25 Caio Mario da Silva Pereira, Instituições, cit. p. 231.</p><p>26 Silvio Rodrigues, op. cit., p. 379.</p><p>27 Cahali, op. cit., p. 120. Barros Monteiro, op. cit., p. 289.</p><p>28 Caio Mario da Silva Pereira, Instituições, cit., p. 495.</p><p>29 Caio Mario da Silva Pereira. Instituições, cit., p. 495.</p><p>8</p><p>poder familiar, pois seus pressupostos são diferentes. A obrigação alimentar é</p><p>recíproca, dependendo das possibilidades do devedor, e só é exigível se o credor</p><p>potencial estiver necessitado, ao passo que os deveres familiares não têm caráter</p><p>de reciprocidade por serem unilaterais e devem ser cumpridos</p><p>incondicionalmente30.</p><p>O dever de sustento dos cônjuges toma a feição de</p><p>obrigação de prestar alimento, embora irregular, por ocasião da dissolução da</p><p>sociedade conjugal. A rigor não se tem, nessa hipótese, propriamente o dever de</p><p>prestação alimentícia, apesar de, para certos efeitos, os deveres de sustento,</p><p>assistência e socorro adquirirem o mesmo caráter31.</p><p>O dever de sustentar os filhos (CCB, art.1.566, IV) é diverso</p><p>da prestação alimentícia entre parentes, já que a obrigação alimentar pode durar</p><p>a vida toda e até ser transmitida causa mortis, (CCB, art. 1.700) e o dever de</p><p>sustento cessa, em regra, ipso iure, com a maioridade dos filhos sem</p><p>necessidade de ajuizamento pelo devedor da ação exoneratória (AASP, 1.950:36;</p><p>RT, 814:158), porém a maioridade, por si só, não basta para exonerar os pais</p><p>desse dever, porque filho maior, até 24 anos, que não trabalha e cursa</p><p>estabelecimento de ensino superior (AASP, 1.954:44; RT, 522:232...), pode</p><p>pleitear alimentos, alegando que se isso lhe for negado, prejudicará sua formação</p><p>profissional (*RT, 490:109; TJRJ, Adcoas, 1983, n. 89.527; 182,n.86.076); para</p><p>tanto dever-se-á observar que, pelo novo Código Civil, a maioridade se dá aos 18</p><p>anos.</p><p>Eis a razão pela qual o projeto de Lei n˚ 6.960/2002</p><p>procurará incluir o §3˚ ao art. 1.694, com o seguinte teor. “A obrigação de prestar</p><p>alimentos, entre parentes, independente de ter cessado a menoridade, se</p><p>comprovado que o alimentando não tem rendimentos ou meios próprios de</p><p>subsistência, necessitando de recursos, especialmente, para sua educação”.</p><p>Todavia, se o filho trabalhar, ganhando o suficiente para seu sustento e para</p><p>30 Orlando Gomes, op. cit., p.457; Mazeaud e Mazeaud, Leçons de droit civil, T.1.</p><p>31 Orlando Gomes, po. Cit., p. 457; Mourlon, Répétitions écrites, n. 739.</p><p>9</p><p>pagar seus estudos, não se justificará a verba alimentícia (RT, 757:321). Mas, se</p><p>com seu lavor não puder perceber o suficiente, seus pais deverão efetuar a</p><p>complementação (JTJ, 178:20).</p><p>É obvio que ao profissional do estudo universitário, ou seja,</p><p>ao repetente contumaz, cessará o direito a alimentos, bem como para aquele em</p><p>que o curso superior é compatível com a jornada de trabalho (RT, 534:80).</p><p>Imprescindível será prova da necessidade de sua manutenção pelo genitor. O juiz</p><p>deverá analisar caso por caso, empregando o bom senso e a prudência objetiva;</p><p>a pensão alimentícia subordina-se à necessidade do alimentando e à capacidade</p><p>econômica do alimentante, enquanto o dever de sustentar prescinde da</p><p>necessidade do filho menor não emancipado, medindo-se na proporção dos</p><p>haveres do pai e da mãe. Logo, essas duas obrigações não são idênticas na</p><p>índole e na estrutura32.</p><p>1.3 PRESSUPOSTOS ESSENCIAIS DA OBRIGAÇÃO DE PRESTAR</p><p>ALIMENTOS</p><p>Prescreve o art. 1.695 do Código Civil que “são devidos os</p><p>alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem pode prover,</p><p>pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele de quem se reclamam, pode</p><p>fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento”. Acrescenta o art.</p><p>1.694, § 1˚, que: “Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades</p><p>do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada”, daí se infere que seus</p><p>pressupostos essenciais são33:</p><p>a) Existência de companheirismo, vínculo de parentesco ou</p><p>conjugal entre o alimentando e o alimentante. Não são</p><p>todas as pessoas ligadas por laços familiares que são</p><p>obrigadas a suprir alimentos, mas somente ascendentes,</p><p>descendentes maiores, ou adultos, irmãos germanos ou</p><p>32 Planiol, Ripert e Rouast, op. cit., n. 22</p><p>33 Diniz, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. p. 537-539</p><p>10</p><p>unilaterais e o ex-cônjuge, sendo que este último, apesar</p><p>de não ser parente, é devedor de alimentos ante o dever</p><p>legal de assistência em razão do vínculo matrimonial.</p><p>Além disso, dissolvida a união estável por rescisão, o ex-</p><p>companheiro, enquanto tiver procedimento digno e não</p><p>vier a constituir nova união (CC, art. 1.708 e parágrafo</p><p>único), sendo o concubinato puro, poderá pleitear</p><p>alimentos ao outro, desde que com ele tenha vivido ou</p><p>dele tenha prole, provando necessidade por não poder</p><p>prover sua subsistência. Se terceiros prestarem</p><p>alimentos, voluntariamente, sobrestando o estado de</p><p>miserabilidade do alimentário, esse fato não exonera o</p><p>devedor de alimentos, nem mesmo do auxílio da</p><p>assistência pública. Poderão reaver, é claro, do devedor,</p><p>a importância que despenderam, mesmo que este não</p><p>ratifique o ato (CC, art. 871)34.</p><p>b) Necessidade do alimentado (RT, 392:154; RSTJ,</p><p>89:199), que além de não possuir bens, está</p><p>impossibilitado de prover, pelo seu trabalho, à própria</p><p>subsistência, por estar desempregado, doente, inválido,</p><p>velho, etc. O estado de penúria da pessoa que necessita</p><p>alimentos autoriza-a de seu pedido, ficando ao arbítrio do</p><p>magistrado a verificação das justificativas de seu pedido,</p><p>levando em conta, para apurar a indigência do</p><p>alimentário, suas condições sociais, sua idade, sua</p><p>saúde e outros fatores espácio-temporais que influem na</p><p>própria medida (CC, art. 1.701, parágrafo único)35.</p><p>c) Possibilidade econômica do alimentante, que deverá</p><p>cumprir seu dever, fornecendo verba alimentícia, sem</p><p>que haja desfalque do necessário ao seu próprio</p><p>34 Orlando Gomes, op. cit.,p.458; Cahali, op. cit.,p.131.</p><p>35 Diniz, Maria Helena, Curso de direito civil brasileiro. p. 538-539.</p><p>11</p><p>sustento (RT, 665:75, 751:264); daí ser preciso verificar</p><p>sua capacidade financeira, porque, se tiver apenas o</p><p>indispensável à própria mantença, injusto será obrigá-lo a</p><p>sacrificar-se e a passar privações para socorrer parente</p><p>necessitado, tanto mais que pode existir parente mais</p><p>afastado que esteja em condições de cumprir tal</p><p>obrigação alimentar, sem grandes sacrifícios36.</p><p>d) Proporcionalidade, na sua fixação, entre as necessidades</p><p>do alimentário e os recursos econômico-financeiros do</p><p>alimentante, sendo que a equação desses dois fatores</p><p>deverá ser feita em cada caso, levando-se em</p><p>consideração que os alimentos são concedidos ad</p><p>necessitatem37. Não tem cabida exigi-los além do que o</p><p>credor precisa, pelo fato de ser o devedor dotado de altas</p><p>posses; nem pode ser este compelido a prestá-los com</p><p>sacrifício próprio ou da sua família, pelo fato de o</p><p>reclamante os estimar muito alto, ou revelar</p><p>necessidades maiores (§1˚ do art. 1.964)38.</p><p>e) Reciprocidade. Além de condicional e variável, porque</p><p>dependente dos pressupostos vistos, a obrigação</p><p>alimentar, entre parentes, é recíproca, no sentido de que,</p><p>na mesma relação jurídico-familiar, o parente que em</p><p>princípio seja devedor poderá reclamá-los se vier a</p><p>necessitar deles39. A reciprocidade do dever de alimentar</p><p>entre pais e filhos é proclamada no art. 229,</p><p>da</p><p>Constituição Federal40.</p><p>1.4 NATUREZA JURÍDICA DO DIREITO AOS ALIMENTOS</p><p>36 Caio Mario da Silva Pereira, Instituições, cit., p. 323.</p><p>37 Cahali, op. cit.,p. 131-2.</p><p>38 Diniz, Maria Helena, Curso de direito civil brasileiro. p. 539.</p><p>39 Ruggiero e Maroi, Instituzioni, vol.I, § 50; Mazeaud, n˚1.221.</p><p>40 Caio Mario da Silva Pereira, Instituições. p. 498-499.</p><p>12</p><p>Talvez se possa afirmar que o primeiro direito do ser</p><p>humano é o de sobreviver. Para realizá-lo, o indivíduo precisa de meios materiais,</p><p>tais os alimentos, o vestuário, abrigo, etc. Na organização social vigente, a</p><p>pessoa obtém os bens materiais de que necessita através de seu trabalho ou da</p><p>renda de seus capitais. Todavia, pode ocorrer que não tenha recursos, nem</p><p>elementos para prover, por intermédio de sua atividade, à própria subsistência.</p><p>Daí o mister de outros o proverem de meios indispensáveis para manter-se41.</p><p>Funda-se o dever de prestar alimentos na solidariedade</p><p>humana e econômica que deve imperar entre os membros da família ou os</p><p>parentes. Há um dever legal de mútuo auxílio familiar, transformando em norma,</p><p>ou mandamento jurídico. Originalmente, não passava de um dever moral, ou uma</p><p>obrigação ética, que no direito romano se expressava na eqüidade, ou no officium</p><p>pietatis, ou na caritas.</p><p>No entanto, as razões que obrigam a sustentar os parentes</p><p>e dar assistência ao cônjuge transcendem as simples justificativas morais ou</p><p>sentimentais, encontrando sua origem no próprio direito natural. É inata na</p><p>pessoa a inclinação para prestar ajuda, socorro e dar sustento. Desponta do</p><p>íntimo das consciências esta inclinação, como que fazendo parte de nossa</p><p>natureza, e se manifestando como uma necessidade. Todo ser humano sente</p><p>espontaneamente a tendência não só em procriar, mas, sobretudo em produzir,</p><p>amparar, desenvolver, proteger, dar e doar-se. Inclinação natural esta ou instinto</p><p>que também se encontra nos animais, e constitui fator de perpetuação das</p><p>espécies. Por isso, a ninguém, senão por fortes motivos, é dado isentar-se deste</p><p>encargo42.</p><p>Funda-se, outrossim, a obrigação alimentícia sobre um</p><p>interesse de natureza superior, que é a preservação da vida humana e a</p><p>necessidade de dar às pessoas certa garantia no tocante aos meios de</p><p>subsistência. Neste sentido, emerge evidente participação do Estado na</p><p>41 Rodrigues, Silvio. Direito civil. p. 417.</p><p>42 Rizzardo, Arnaldo. Direito de família. p. 717.</p><p>13</p><p>realização de tal finalidade, que oferece uma estrutura própria para garanti-la.</p><p>Assim, os instrumentos legais que disciplinam este direito, e os meios específicos</p><p>reservados para a sua consecução, revestem de um caráter publicístico a</p><p>obrigação alimentar43.</p><p>O Estado tem interesse na fiel observância das normas que</p><p>tratam da matéria, e oferece meios capazes para o seu cumprimento, como o</p><p>desconto em folha de pagamento, ou a prisão do devedor contumaz. Há um</p><p>interesse público familiar, no dizer de Yussef Said Cahali: “Por essa razão,</p><p>orienta-se a doutrina no sentido de reconhecer o caráter de ordem pública das</p><p>normas disciplinadoras da obrigação legal de alimentos, no pressuposto de que</p><p>elas concernem não apenas aos interesses privados do credor, mas igualmente</p><p>ao interesse geral; assim, sem prejuízo de seu acentuado conteúdo moral, a</p><p>dívida alimentar veramente interest réu publicae; embora sendo o crédito</p><p>alimentar ligado à pessoa do beneficiário, as regras que governam são, como</p><p>todas aquelas relativas à integridade da pessoa, sua conservação e</p><p>sobrevivência, como direitos inerentes à personalidade, normas de ordem pública,</p><p>ainda que impostas por motivo de humanidade, de piedade ou solidariedade, pois</p><p>resultam do vínculo de família, que o legislador considera essencial preservar44.</p><p>Explica Maria Helena Diniz45</p><p>Em relação a questão da natureza jurídica dos alimentos é</p><p>bastante controvertida. Há os que consideram como um</p><p>direito pessoal extrapatrimonial, em virtude de seu</p><p>fundamento ético-social e do fato de que o alimentando não</p><p>tem nenhum interesse econômico, visto que a verba</p><p>recebida não aumenta seu patrimônio, nem serve de</p><p>garantia a seus credores, apresentando-se, então, como</p><p>uma das manifestações do direito à vida, que é</p><p>personalíssimo.</p><p>43 Rizzardo, Arnaldo. Direito de família. p. 718.</p><p>44 Dos alimentos, ob. cit.pp.20 e 21.</p><p>45 Diniz, Maria Helena. Curso de Direito Civil brasileiro p.540</p><p>14</p><p>Outros, como Orlando Gomes, aos quais nos filiamos, nele</p><p>vislumbram um direito, com caráter especial, com conteúdo patrimonial e</p><p>finalidade pessoal, conexa a um interesse superior familiar, apresentando-se</p><p>como uma relação patrimonial de crédito-débito, uma vez que consiste no</p><p>pagamento periódico de soma de dinheiro ou no fornecimento de víveres,</p><p>remédios e roupas, feito pelo alimentante ao alimentando, havendo, portanto, um</p><p>credor que pode exigir de determinado devedor uma prestação econômica46.</p><p>1.5 CARACTERÍSTICAS DO DIREITO À PRESTAÇÃO ALIMENTÍCIA</p><p>Esclarece Mario da Silva Pereira Caio47,</p><p>“que acerca dos caracteres os alimentos constituem em dever</p><p>para o alimentante. Uma vez apurados os seus requisitos, o</p><p>parente da classe e no grau indicado legalmente tem de os suprir.</p><p>Mas se, pela força das circunstâncias, mais de um parente os tiver</p><p>de fornecer, cada um responde pela sua parte (obrigação</p><p>cumulativa), de vez que não impera no caso o princípio da</p><p>solidariedade, nem se encontra na lei fundamento para</p><p>hierarquizar o débito alimentar, estabelecendo-se uma ordem</p><p>preferencial que o credor de alimentos deva necessariamente</p><p>seguir”.</p><p>A respeito do direito à prestação alimentícia, Diniz,</p><p>apresenta as seguintes características48:</p><p>a) É um direito personalíssimo por ter por escopo tutelar a</p><p>integridade física do indivíduo49, logo, sua titularidade não</p><p>passa a outrem50.</p><p>46Ruggiero, instituições de direito civil, v. 2, § 47, p. 33</p><p>47 Caio Mario da Silva Pereira, Instituições. p.499.</p><p>48 Diniz, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. p. 540-541.</p><p>49 Degni, op. cit.,p.477.</p><p>50 Cahali, op. cit.,p.132; AASP, 1.942:21.</p><p>15</p><p>b) É transmissível, pois o art. 1.700 (c/c o art. 1.694; RT,</p><p>729:233, 717133, 616:177) do Código Civil prescreve que</p><p>o credor dos alimentos (parente, cônjuge ou</p><p>companheiro) pode reclamá-los de quem estiver obrigado</p><p>a pagá-los, podendo exigi-los dos herdeiros do devedor,</p><p>se este falecer, porque a estes se transmite a obrigação</p><p>alimentar, passando assim, os alimentos a ser</p><p>considerados como dívida do falecido, cabendo aos seus</p><p>herdeiros a respectiva solução até as forças da herança</p><p>(CC, art.1.792 c/c os arts. 1.821 e 1.997), no limite do</p><p>quinhão que a cada um deles couber, Logo, se inexistir</p><p>herança, inviável será a transmissão da obrigação</p><p>alimentar (TJMG, 3˚ Câmara, Ap.</p><p>Civ.100000.00251.143-4/000, Rel. dês. Lucas</p><p>S.V.Gomes, j. 1˚-3-2002).</p><p>Com isso o alimentário tem direito de exigir a prestação</p><p>alimentícia dos herdeiros do antigo devedor, consignando-se, então, uma exceção</p><p>ao caráter personalíssimo da obrigação alimentar51? Parece que não, pois a</p><p>dívida alimentar continuará sendo do de cujus, visto que o espólio por ela</p><p>responderá. Trata-se, na verdade, de débito do espólio em razão do disposto no</p><p>art. 1.792, do Código Civil. Os herdeiros não são devedores; só têm a</p><p>responsabilidade pelo pagamento da dívida alimentícia, exigível até o valor da</p><p>herança52.</p><p>Assim sendo, preleciona Maria Helena Diniz53</p><p>“que, como o cônjuge passou a ser herdeiro necessário, terá</p><p>direito à herança e poderá concorrer com descendente (CC, arts.</p><p>1.829, I e 1.832) e com ascendente</p><p>do de cujus (CC 1.837) e o</p><p>companheiro concorrerá, como sucessor regular ; no que atina</p><p>aos bens onerosamente adquiridos durante a união estável, com</p><p>51 W.Barros Monteiro, op. cit. p. 295; Caio M. S. Pereira, Instituições, cit. P. 325.</p><p>52 Diniz, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. p. 542.</p><p>53 Diniz, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. P. 542.</p><p>16</p><p>descendente, ascendente e colaterais até o 4˚grau do falecido</p><p>(CC, art. 1.790, I a III). O Projeto de Lei n˚ 6.960 pretende alterar a</p><p>redação do art.1.700, que passará a ser a seguinte: “A obrigação</p><p>de prestar alimentos, decorrente de casamento e da união estável</p><p>transmite-se aos herdeiros do devedor, nos limites das forças da</p><p>herança, desde que o credor da pensão alimentícia não seja</p><p>herdeiro do falecido”. Assim, por essa proposta, a</p><p>transmissibilidade da obrigação de alimentos deveria restringir-se</p><p>à existência entre companheiros ou cônjuges, dependendo do seu</p><p>direito à herança.</p><p>Segundo Cahali,</p><p>“se falecer o beneficiado, extingue-se a obrigação, e se, por</p><p>ventura, seus herdeiros forem carentes de recursos materiais,</p><p>terão de requerer alimentos de quem seja obrigado, legalmente, à</p><p>prestá-los, fazendo-o por direito próprio e não como sucessores</p><p>do falecido”54.</p><p>c) É incessível em relação ao credor, pois o crédito não</p><p>pode ser creditado a outrem, por ser crédito a outrem,</p><p>por ser inseparável da pessoa do credor (CC, art. 1.707,</p><p>in fine). Não pode ser creditado o direito, quanto às</p><p>prestações vincendas, mas, no tocante às vencidas,</p><p>como constituem dívida comum, nada obsta sua cessão</p><p>a outrem, pois o art. 286 do Código Civil a ela não se</p><p>opõe. Tratando-se de crédito incessível, a transferência</p><p>acaso realizada não é somente inoponível a terceiros,</p><p>como inválida entre as partes (vol.II das Instituições -</p><p>n˚179)55.</p><p>d) É irrenunciável, uma vez que o Código Civil, em seu art.</p><p>1.701, 1˚parte, permite que se deixe de exercer, mas não</p><p>que se renuncie o direito de alimentos. Pode-se renunciar</p><p>o exercício e não o direito; assim o necessitado pode</p><p>54 Cahali, op. cit. p. 132</p><p>55 Caio Mario da Silva Pereira. Instituições, p. 501.</p><p>17</p><p>deixar de pedir alimentos, mas não renunciar este</p><p>direito56.</p><p>Segundo Roberto Senise Lisboa57, a indisponibilidade ou</p><p>irrenunciabilidade, tornando-se possível tão-somente a renúncia a eventuais</p><p>prestações não pagas e não cobradas no decorrer do prazo prescricional bienal.</p><p>A renúncia não alcança, portanto, o direito, mas o seu exercício sobre as parcelas</p><p>a que o credor da pensão faria jus.</p><p>Todavia, há julgado entendendo que, como cônjuge não é</p><p>parente, pode renunciar o direito aos alimentos sem incidir na proibição do art.</p><p>1.707, não mais podendo recobrá-lo (AJ, 278:871, 276:379; RT, 731:278,</p><p>669:99...). Por esse motivo, o Projeto de Lei n˚6.960/2002 pretende modificar a</p><p>redação do art. 1.707 para: ”Tratando-se de alimentos devidos por relação de</p><p>parentesco, pode o credor não exercer, porém lhe é vedado renunciar ao direito a</p><p>alimentos”. Com isso, se aprovado for, será possível a renúncia ao direito a</p><p>alimentos por ex-cônjuge ou ex-companheiro, não mais podendo pleiteá-lo,</p><p>posteriormente, mas não por parentes. Irrenunciável passaria a ser, portanto, o</p><p>direito aos alimentos, decorrente de vínculo de parentesco e não oriundo de</p><p>dissolução de casamento ou de união estável58.</p><p>e) É imprescritível, ainda que não exercido por longo tempo,</p><p>enquanto vivo tem o alimentando direito de demandar do</p><p>alimentante recursos materiais indispensáveis a sua</p><p>sobrevivência, porém se seu quantum foi fixado,</p><p>judicialmente, prescreve em 2 anos a pretensão para</p><p>cobrar as prestações de pensões alimentícias vencidas e</p><p>não pagas (CC, art. § 2˚, RT, 132:226, 211:251). Assim,</p><p>se o credor não executar dívidas alimentares atrasadas,</p><p>deixando escoar o biênio, não mais poderá exigi-las,</p><p>56 W. Barros Monteiro, op. cit.,v.1, n˚1.702 e W. Barros monteiro, op. cit.,p.297.</p><p>57 Lisboa, Roberto Senise. Manual de direito civil. V. 5, p. 64.</p><p>58 Diniz, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. p. 545.</p><p>18</p><p>visto que, por mais de dois anos, delas não precisou para</p><p>prover sua subsistência59.</p><p>Ainda sobre o assunto discorre Caio60</p><p>“que, o art. 23 da Lei n˚ 5.478/68 declarou expressamente que a</p><p>prescrição “só alcança as prestações mensais e não o direito a</p><p>alimentos”. Deve-se alertar para o art. 2.028, das “Disposições</p><p>Transitórias” ao determinar que “serão da lei anterior os prazos,</p><p>quando reduzidos por este Código, e se, na data de sua entrada</p><p>em vigor, já houver, transcorrido mais da metade do tempo</p><p>estabelecido na lei revogada”.</p><p>Observa Arnaldo Marmitt que61:</p><p>“a imprescritibilidade condiz com a irrenunciabilidade do direito</p><p>alimentar. Mas a irrenunciabilidade restringe-se aos alimentos</p><p>devidos entre parentes, jure sanguinis, não sendo extensiva a</p><p>outras espécies de alimentos, nem aos devidos entre cônjuges,</p><p>que não são parentes consangüíneos”.</p><p>f) É incompensável (CC, arts. 373, II e 1.707, in fine), pois</p><p>se se admitisse a extinção da obrigação por meio de</p><p>compensação, privar-se-ia o alimentando dos meios de</p><p>sobrevivência, de modo que, nessas condições, se o</p><p>devedor da pensão alimentícia tornar-se credor do</p><p>alimentando, não poderá opor-lhe o crédito, quando lhe</p><p>for exigida a obrigação62.</p><p>A este respeito, escreveu Yussef Said Cahali:</p><p>“Ainda em razão do caráter personalíssimo do direito de</p><p>alimentos, e tendo em vista que estes são concedidos para</p><p>assegura ao alimentando os meios indispensáveis à sua</p><p>59 Diniz, Maria Helena. Curso de direito civil. p. 545-546.</p><p>60 Caio M.S. Pereira, Instituições. p. 501.</p><p>61 Caio M.S. Pereira, Instituições. p. 501.</p><p>62 W. Barros Monteiro, op. cit., p. 296</p><p>19</p><p>manutenção, decorre, como princípio geral, que o crédito</p><p>alimentar não pode ser compensado; pretende-se, mesmo, que</p><p>não se permita a compensação em virtude de um sentimento de</p><p>humanidade e interesse público; nessas condições, se o devedor</p><p>da pensão alimentícia se torna credor da pessoa alimentada, não</p><p>pode opor-lhe, inobstante, o seu crédito, quando exigida a</p><p>obrigação”63.</p><p>g) É impenhorável, em razão da finalidade do instituto; uma</p><p>vez que se destina a prover a mantença do necessitado,</p><p>não pode, de modo algum, responder pelas suas dívidas,</p><p>estando a pensão alimentícia isenta de penhora (CC, art.</p><p>1.707, in fine; CPC, art. 649, II)64.</p><p>h) É intransacionável, não podendo ser objeto de transação</p><p>o direito de pedir alimentos (CC. Art. 841), mas o</p><p>quantum das prestações vencidas ou vincendas é</p><p>transacionável65.</p><p>i) É atual, porque o direito aos alimentos visa a satisfazer</p><p>necessidades atuais ou futuras e não as passadas do</p><p>alimentando; logo este jamais poderá requerer que lhe</p><p>conceda pensão alimentícia relativa às dificuldades que</p><p>teve no passado (AJ, 111:34; RF, 134:455). “Alimentos</p><p>atrasados só são devidos se fundados em convenção,</p><p>testamento ou ato ilícito, quer dizer, por título estranho ao</p><p>direito de família66”.</p><p>j) É irrestituível, pois uma vez pagos, os alimentos não</p><p>devem ser devolvidos, mesmo que a ação do beneficiário</p><p>seja julgada improcedente. Mas há quem ache que, em</p><p>caso de dolo, p. ex., de ex-cônjuge que oculta novo</p><p>casamento, haverá devolução por configurar</p><p>63 Yussef Said Cahali. Dos alimentos, ob. cit., p.88.</p><p>64 Caio M.S.Pereira, Instituições, op.cit.,p. 325; W. Barros Monteiro, op. cit., p. 297.</p><p>65 Orlando Gomes, op. cit., p.460.</p><p>66 W. Barros Monteiro, op. cit.,p. 297. Silvio Rodrigues, op. cit.,p. 380.</p><p>20</p><p>enriquecimento indevido e gerar responsabilidade por</p><p>perdas e danos. E, também, na hipótese de erro no</p><p>pagamento, caberá, sua restituição. Assim,</p><p>quem</p><p>fornecer alimentos na crença de que os devia, poderá</p><p>exigir a devolução de seu valor ao terceiro, que era o</p><p>verdadeiro devedor da prestação.</p><p>A respeito há norma expressa no Código Civil português, art.</p><p>2.207, n˚ 2, quando consigna que: “não há lugar, em caso algum, à restituição dos</p><p>alimentos provisórios recebidos”.</p><p>Doutrina, sobre este ponto, Edgard de Moura Bittencourt67:</p><p>“Deve, porém, ser entendida em termos, pois o que não se admite</p><p>é a restituição das prestações, fundada no fato de vir o</p><p>alimentando a obter recursos com que possa devolver o que</p><p>recebeu. Também não cabe restituição do que foi pago a título</p><p>provisório, durante a demanda a final julgada improcedente, mas</p><p>admite-se que os alimentos provisionais possam ser computados</p><p>na partilha da ação de desquite, se a mulher for vencida, o que é</p><p>uma forma de restituição”.</p><p>Esta abertura de possibilidade para a restituição,</p><p>computando-se na partilha o montante recebido a título de alimentos provisórios,</p><p>constitui uma descaracterização da natureza dos alimentos. Se possível à</p><p>devolução, é porque não eram devidos, situação esta, no entanto, que se</p><p>contradiz com a decisão. É evidente que a concessão derivou de uma decisão. E</p><p>se estabelecidos, é porque no momento se faziam necessários68.</p><p>k) É variável, por permitir revisão, redução, majoração ou</p><p>exoneração da obrigação alimentar, conforme haja</p><p>alteração da situação econômica e da necessidade dos</p><p>envolvidos (CC, art. 1.699). Por isso, a sentença que</p><p>estipula alimentos não tem caráter definitivo. Aliás, é</p><p>67 Bittencourt, Edgar de Moura, Alimentos, LEUD – São Paulo, 1979, p.16.</p><p>68 Arnaldo Rizzardo. Direito de família. p. 727.</p><p>21</p><p>definitiva no tocante à obrigação, ou ao vínculo que une o</p><p>alimentante e o alimentando. Não, porém, quanto ao</p><p>montante da pensão.</p><p>A revisão encontra por fundamento o princípio de que os</p><p>alimentos devem ser proporcionais às necessidades do alimentando e às</p><p>possibilidades do fornecedor da pensão. Por isso ordena a lei que se tenha</p><p>sensibilidade às mutações econômicas que a todos atingem, tornando a pensão</p><p>alimentícia variável (isto é, ela pode aumentar ou diminuir conforme a situação</p><p>econômica do credor e os recursos do devedor), e intermitente (o que equivale a</p><p>afirmar que a pensão pode extinguir-se e renascer posteriormente)69.</p><p>l) É divisível (CC, arts. 1.696 e 1.697) entre parentes do</p><p>necessitado, encarregados da prestação alimentícia,</p><p>salvo se o alimentando for idoso, visto que a obrigação</p><p>alimentar, passará, então, a ser solidária ex lege,</p><p>cabendo-lhe optar entre os prestadores (Lei</p><p>n˚10.741/2003, art. 12). Desse modo, vários parentes</p><p>podem contribuir com uma quota para os alimentos, de</p><p>acordo com sua capacidade econômica, sem que ocorra</p><p>solidariedade entre eles.</p><p>A obrigação alimentar, justamente em face da inexistência</p><p>de solidariedade, apresenta-se divisível por ser possível o seu pagamento por</p><p>vários parentes, a uma só pessoa, fixando-se a quota de cada obrigação</p><p>proporcionalmente à respectiva capacidade econômica. Estabelece-se uma</p><p>pluralidade de devedores, ou seja, “quando várias pessoas estão obrigadas a</p><p>pagar alimentos a um mesmo indivíduo70.</p><p>No art. 1.698, está clara a divisibilidade: “Se o parente, que</p><p>deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em condições de suportar</p><p>69 Arnaldo Rizzardo. Direito de família. p. 730.</p><p>70 João Claudino de Oliveira e Cruz. Dos alimentos no direito de família. ob. cit., p.33</p><p>22</p><p>totalmente encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato; sendo</p><p>várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na</p><p>proporção dos respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas, poderão</p><p>as demais ser chamadas a integrar a lide”.</p><p>Observa ainda, Maria Helena Diniz71 que, a obrigação de</p><p>prestar alimentos, por sua vez, possui os caracteres de:</p><p>1) Condicionalidade, uma vez que só surge a relação</p><p>obrigacional quando ocorrem seus pressupostos legais;</p><p>faltando um deles cessa a obrigação alimentar. P. ex., se</p><p>o alimentando adquirir recursos materiais que lhe</p><p>possibilitem prover sua mantença, o obrigado liberado</p><p>estará.</p><p>2) Mutabilidade do “quantum” da pensão alimentícia que</p><p>pode sofrer variações quantitativas ou qualitativas,</p><p>conforme se alterem os pressupostos (Lei n˚5.478/68, art</p><p>15). “As decisões que fixam alimentos trazem ínsita a</p><p>cláusula rebus sic stantibus, o que equivale dizer que são</p><p>modificáveis, dado que a fixação da prestação alimentar</p><p>se faz em atenção às necessidades do alimentante”.</p><p>(TJMG, Adcoas, 1982, n˚ 87.808).</p><p>O quantum é fixado pelo juiz, depois de verificadas as</p><p>necessidades do alimentando e as condições econômico-financeiras do</p><p>alimentante; assim, se sobrevier mudanças na situação financeira de quem os</p><p>supre ou na de quem os recebe, poderá o interessado reclamar do magistrado,</p><p>conforme as circunstâncias, exoneração (AASP, 1.958:52, RT, 803:216, 796:241,</p><p>799:304, RJ, 145:84, RJTJRS, 180:390), redução (RT, 803:315, Ciência Jurídica,</p><p>65:115 e 136) ou majoração do encargo (CC, art. 1.699, RT, 721:115, RTJ,</p><p>100:101, TJRS, Adcoas, 1980, n˚72.073).</p><p>71 Maria Helena Diniz. Curso de direito civil brasileiro. p. 547-550.</p><p>23</p><p>E, ainda, pela Lei n˚6.515/77, art. 22, salvo decisão judicial,</p><p>as prestações alimentícias de qualquer natureza serão atualizadas</p><p>monetariamente na forma dos índices oficiais regularmente estabelecidos (CC,</p><p>art. 1.710; RT, 617:48, 560:173), se ocorrer fenômeno inflacionário ou alteração</p><p>na economia nacional. Todavia, não se fará tal atualização, se o devedor de</p><p>alimentos não puder arcar com o gravame (RT, 617:48 e 560:173). Ante tais</p><p>disposições legais, a sentença condenatória de alimentos, no que concerne ao</p><p>quantum, não faz coisa julgada (RT, 415:147, 209:238)72.</p><p>“As sentenças que decidem sobre alimentos trazem em si a</p><p>cláusula rebus sic stantibus, não transitando em julgado no que</p><p>diz respeito à possibilidade de sua revisão, a qualquer tempo, face</p><p>á modificação das condições econômicas das partes. Entretanto,</p><p>a desconstituição de tais decisões somente pode ser obtida via</p><p>ação rescisória, vez que elas pelo menos fazem coisa julgada</p><p>quanto á obrigação de alimentar e ao respectivo direito à</p><p>obtenção dos alimentos”(JB, 156:202).</p><p>3) Reciprocidade, pois na mesma relação jurídico-familiar, o</p><p>parente que em princípio é devedor de alimentos poderá</p><p>reclamá-los se vier a precisar deles73 (CC, 1.696,</p><p>1˚parte). Os parentes podem reclamar uns dos outros os</p><p>alimentos, p. ex., se o pai pode exigi-los do filho, a este</p><p>será, também, lícito pedi-los àquele74 (RT, 755:253). O</p><p>art. 399, parágrafo único, do Código Civil de 1916</p><p>(acrescentado pela Lei n˚ 8.648/93), rezava que: “No</p><p>caso de pais que, na velhice, carência ou enfermidade,</p><p>ficaram sem condições de prover o próprio sustento,</p><p>principalmente quando se despojaram de bens em favor</p><p>da prole, cabe, sem perda de tempo e até em caráter</p><p>provisional, aos filhos maiores e capazes, o dever de</p><p>ajudá-los e ampará-los, com a obrigação irrenunciável de</p><p>assisti-los e alimentá-los até o final de suas vidas”.</p><p>72 Diniz, Maria helena, Curso de direito civil brasileiro, p. 548.</p><p>73 Ruggiero e Maroi, op. cit., v.1, §Vide RT, 755:253.</p><p>74 Azzariti e Martinez, Diritto civile italiano, Padova, CEDAM, 1943, t.1, p.1077.</p><p>24</p><p>Mas, com isso, a Lei n˚8.648/93 veio não só a contrariar o</p><p>princípio da reciprocidade, pois somente filhos maiores e capazes tinham o dever</p><p>de alimentar os pais, restringindo o comando do art. 229 à carta Magna, que não</p><p>requer,</p><p>para tanto, a capacidade da prole. Além disso, ante os arts. 1.696 e 1.697</p><p>do Código Civil, o descendente, mesmo incapaz, teria a obrigação de prestar</p><p>alimentos aos ascendentes mais remotos (avós ou bisavós). Daí a impropriedade</p><p>daquela lei. Urge lembrar que a mencionada lei impunha a “irrenunciabilidade da</p><p>obrigação de assistir e alimentar os pais”, quando, na verdade, só seria possível</p><p>renunciar um direito.</p><p>4) Periodicidade, uma vez que o pagamento dos alimentos</p><p>é periódico para que possa atender às necessidades do</p><p>alimentando. Seu pagamento poderá ser quinzenal ou</p><p>mensal. Não poderá ser pago de uma só vez, numa só</p><p>parcela, nem em lapsos temporais longos (p. ex.,anuais,</p><p>semestrais). O pagamento único poderia ocasionar</p><p>novamente a penúria do alimentado, que não tivesse</p><p>condições de administrar o numerário75.</p><p>75 Venosa, Silvio de Salvo. Direito civil. Direito de família. p. 347.</p><p>25</p><p>CAPÍTULO 2.</p><p>MODALIDADES DE ALIMENTOS.</p><p>2.1 ALIMENTOS DECORRENTES DO PODER FAMILIAR.</p><p>A prestação de alimentos, no que condiz ao poder familiar,</p><p>apresenta uma paridade com o parentesco, no âmbito do parentesco por</p><p>afinidade e nos de linha reta, o que será tratado mais adiante, mais aqui é mister</p><p>saber que:</p><p>A natureza jurídica dos alimentos está ligada à origem da</p><p>obrigação. O dever dos pais de sustentar os filhos deriva do poder familiar76.</p><p>Reforçado por CAHALI:</p><p>A obrigação de sustento tem a sua causa no pátrio poder (agora</p><p>poder familiar)77.De certa forma, a formação da entidade familiar,</p><p>gera parentesco por afinidade entre os cônjuges ou</p><p>companheiros.Não sendo um cônjuge parente do outro, ali não se</p><p>encontrava o fundamento legal da obrigação de alimentos entre</p><p>marido e mulher78.Afirmando, que os alimentos provenientes do</p><p>poder familiar, originam-se da obrigação dos pais aos filhos.</p><p>Dispõe CAHALI</p><p>“A doutrina, de maneira uniforme, inclusive com respaldo na lei,</p><p>identifica duas ordens de obrigações alimentares, distintas, dois</p><p>pais com os filhos: uma resultante do pátrio poder (hoje, poder</p><p>familiar), consubstanciada na obrigação de sustento da prole</p><p>durante a menoridade (CC, art. 1.566, IV) ; e outra, mais ampla,</p><p>de caráter geral, fora do pátrio poder e vinculada à relação de</p><p>parentesco em linha reta”79.</p><p>76 DIAS, Maria Berenice; Manual de Direito das Famílias; 3ª ed.; ver., atual. e ampl.;</p><p>São Paulo: Editora Revista dos Tribunais; 2006; p. 406.</p><p>77 CAHALI, Yussef Said; Dos Alimentos; 5ª ed.; ver. Atual e ampl.; São Paulo; Editora</p><p>Revista dos Tribunais; 2006 p. 349.</p><p>78 CAHALI, Yussef Said; Dos Alimentos; 2006; p. 141.</p><p>79 CAHALI, Yussef Said; Dos Alimentos; 2006; p. 348.</p><p>26</p><p>Como já dito, deve-se saber que para a formação do poder</p><p>familiar, é necessário formar-se uma entidade familiar.</p><p>Para que os companheiros possam postular alimentos, a união</p><p>estável deverá atender às mesmas exigências do casamento, ou</p><p>seja, os companheiros deverão cumprir os deveres listados nos</p><p>quatro incisos do artigo 231 do Código Civil, até porque assim o</p><p>exigem o artigo 2º da Lei nº. 9.278/96, o Projeto de Lei nº.</p><p>2.686/96 (Estatuto da União Estável) e as reformas do Código</p><p>Civil80.</p><p>Conforme compreensão de CAHALI, a obrigação de</p><p>sustento dos pais perante aos filhos, é estabelecido pelo poder familiar, mas só</p><p>caracterizando está obrigação se os filhos ainda forem menores, reforça:</p><p>Quanto aos filhos, sendo menores e submetidos ao poder familiar,</p><p>não há um direito autônomo de alimentos, mas sim uma obrigação</p><p>genérica e mais ampla de assistência paterna, representada pelo</p><p>dever de criar e sustentar a prole; o titular do poder familiar, ainda</p><p>que não tenha o usufruto dos bens do filho, é obrigado a sustenta-</p><p>lo, mesmo sem auxílio das rendas do menor e ainda tais rendas</p><p>suportem os encargos da alimentação: a obrigação subsiste</p><p>enquanto menores os filhos, independentemente do estado de</p><p>necessidade deles, como na hipótese, perfeitamente possível, de</p><p>disporem eles de bens (por herança ou doação), enquanto</p><p>submetidos ao poder familiar81.</p><p>O dever de sustento, assim não é recíproco a beneficio dos</p><p>genitores e cessa com a maioridade dos filhos82.</p><p>Sendo esta forma de dever de sustento aos filhos menores,</p><p>exercidas de forma natural, pelos genitores.</p><p>Na maior parte dos casos, a obrigação de sustento da prole,</p><p>vinculada ao poder familiar, executa-se naturalmente, de maneira</p><p>voluntária, in natura, pelo simples fato da vida em comum do casal</p><p>80 WELTER, Belmiro Pedro; Alimentos na União Estável; Porto Alegre; Síntese, 1998;</p><p>p. 32.</p><p>81 CAHALI, Yussef Said; Dos Alimentos; 2006; p. 349.</p><p>82 CAHALI, Yussef Said; Dos Alimentos; 2006; p. 351.</p><p>27</p><p>(CC, art. 1.566, II) e da vida em comum legalmente imposta aos</p><p>menores, na medida em que compete aos pais, quanto à pessoa</p><p>dos filhos menores, “tê-los em sua companhia e guarda” (CC, art.</p><p>1.634, II)83.</p><p>A obrigação do adotante de prestar alimentos ao adotado revela-</p><p>se induvidosa; com a transferência do poder familiar, compete-lhe</p><p>o dever de sustento do filho, e não ao pai de sangue, que no</p><p>direito anterior era tido apenas como subsidiariamente</p><p>responsável84.</p><p>Orientando neste sentido DIAS</p><p>Em matéria de exercício de poder familiar, deve-se ter presentes o</p><p>seu conceito de conjunto de direitos e deveres tendo por</p><p>finalidade o interesse da criança e do adolescente. Os pais não</p><p>exercem poderes e competências privados, mas direitos</p><p>vinculados a deveres e cumprem deveres cujos titulares são os</p><p>filhos. Por exemplo, os pais tem o direito de dirigir a educação e a</p><p>criação dos filhos e, ao mesmo tempo, o dever de assegurá-la.</p><p>Enquanto estreitamente funcionalizado ao interesse do menor e a</p><p>formação de sua personalidade, o exercício do poder familiar</p><p>evolui no curso da formação da personalidade. Na medida em que</p><p>o menor desenvolve sua capacidade de escolha, o poder familiar</p><p>reduz-se proporcionalmente, findando quando atinge seu limite</p><p>temporal85.</p><p>Sendo estabelece este limite de idade diante ao novo</p><p>Código, onde o mesmo refere-se pela capacidade:</p><p>Expressa neste sentido, RODRIGUES:</p><p>Havendo o §6º do art. 227 da Constituição equiparado os filhos,</p><p>qualquer que fosse a natureza da filiação, hoje todos os filhos</p><p>83 CAHALI, Yussef Said; Dos Alimentos; 2006; p. 362.</p><p>84 CAHALI, Yussef Said; Dos Alimentos; 2006; p. 497.</p><p>85 DIAS, Maria Berenice; PEREIRA, Rodrigo da Cunha; et al; Direito de Família e o</p><p>novo Código Civil; 4ª ed.; Ver. Atual.; Belo Horizonte: Del Rey; 2005; p. 156.</p><p>28</p><p>menores (até 21 ou 18 anos, conforme a vigência do atual ou do</p><p>novo Código Civil) estão sujeitos ao pátrio poder86.</p><p>Ainda estabelecido por DIAS, onde será reportada a</p><p>obrigação alimentar aos maiores, citada aqui com objetivo de um concepção</p><p>primaria do assunto:</p><p>Enquanto o filho se encontra sob poder familiar, a obrigação do</p><p>dever de sustento. O adimplemento da capacidade civil, aos 18</p><p>anos (CC 5º), ainda que enseje o fim do poder familiar, não leva à</p><p>extinção automática do encargo alimentar. Persiste a obrigação</p><p>pelos laços de parentesco derivados da relação paterno-filial.</p><p>Assim, de todo descabido fixar termo final aos alimentos. A</p><p>fixação é ineficaz. O implemento da data fixada não autoriza nem</p><p>a cessação do pagamento nem singelo pedido nos autos da ação</p><p>em que os alimentos foram fixados. A exoneração deve ser</p><p>formulada em ação autônoma. Também não deve ser deferida a</p><p>exoneração liminar para não surpreender o credor, que até por</p><p>razões outras, pode persistir da extinguir a obrigação decorrente</p><p>do poder familiar e impor ao filho que intente nova demanda para</p><p>buscar alimentos tendo por fundamento o vínculo de parentesco.</p><p>Nesse ínterim não terá meios de prover a própria sobrevivência87.</p><p>Preleciona Maria Berenice Dias,</p><p>Embora com poucas distinções, diz-se que havia tratamento</p><p>diferenciado entre os alimentos decorrentes</p><p>do parentesco e os</p><p>decorrentes da dissolução do casamento e da união estável, cada</p><p>qual com ratio e fundamento legal distintos, ensejando</p><p>características próprias. Veja-se que a causa legal da pensão</p><p>entre cônjuges repousava no art. 19 da Lei do Divorcio. Já no que</p><p>diz respeito a esta obrigação entre conviventes, encontramos a</p><p>previsão específica e em duplicidade na legislação privativa deste</p><p>instituto (leis nº. 8.971/94 e nº. 9.278/96)88.</p><p>86 RODRIGUES, Silvio; Direito Civil; v. 6; 27ª ed. Atual. por Francisco José Cahali; com</p><p>anotações ao novo Código Civil; São Paulo: Saraiva; 2002; p. 401.</p><p>87 DIAS, Maria Berenice; Manual de Direito das Famílias; 2006; p. 421.</p><p>88 DIAS, Maria Berenice e PEREIRA; Rodrigo da Cunha; et al; Direito de Família e o</p><p>novo Código Civil; 2005; p. 193.</p><p>29</p><p>De acordo com o enlace matrimonial, como citado assim</p><p>com o enquadramento da união estável, o dever de alimento entre cônjuges,</p><p>demonstra da seguinte forma, como dispõem DIAS89:</p><p>O dever de mútua assistência atribuído aos cônjuges quando de</p><p>enlace matrimonial é que dá origem à recíproca obrigação</p><p>alimentar. A responsabilidade pela subsistência do consorte é um</p><p>dos efeitos do casamento e independe da vontade dos noivos.</p><p>Trata-se de ônus que surge na solenidade das núpcias, mas sua</p><p>exigibilidade está condicionada ao término do casamento. Por</p><p>isso, o encargo alimentar sempre foi reconhecido como uma</p><p>seqüela do dever de assistência que decorre de imposição legal.</p><p>O que WELTER, realça é de importante sabedoria a todos,</p><p>que a obrigação de alimentos, não se reporta aos herdeiros do companheiro, no</p><p>caso da união estável:</p><p>Portanto. O Estatuto de União Estável também reforça a idéia de</p><p>que cabem alimentos aos companheiros somente em vida, pois se</p><p>assim não fosse, não constaria do artigo 6º que o juiz poderá</p><p>determinar que sejam prestados alimentos por um dos</p><p>companheiros ao outro, significando, pois, que os alimentos não</p><p>devem ser prestados por um dos companheiros aos herdeiros do</p><p>outro90.</p><p>Uma importante ressalva, e a relação homossexual, a qual</p><p>não configura nenhuma relação familiar em nossos pais.</p><p>A união homossexual, por não ter amparo no Direito de</p><p>Família, não gera direito a alimentos (ressalvada a hipótese de existência de</p><p>testamento)91.</p><p>2.1.1 Origem e Evolução do Poder Familiar.</p><p>89 DIAS, Maria Berenice; Manual de Direito das Famílias; 2006; p. 416.</p><p>90 WELTER, Belmiro Pedro; Alimentos na União Estável; 1998; p. 48.</p><p>91 MADALENO, Rolf; et al.; ; Ações de Direito de Família;Porto Alegre: Livraria do</p><p>advogado Ed., 2006; p. 220.</p><p>30</p><p>Pautar sobre poder familiar é os integrantes deste, os</p><p>vínculos afetivos, sendo por fim esta á entidade familiar que se forma, a entidade</p><p>familiar tem fundamento nos instintos primitivos do homem.</p><p>Assim dispõe Maria Berenice Dias:</p><p>Vínculos afetivos não são uma prerrogativa da espécie humana. O</p><p>acasalamento sempre existiu entre os seres vivos, seja em</p><p>decorrência do instinto de perpetuação da espécie, seja péla</p><p>verdadeira aversão que todos as pessoas têm à solidão92.</p><p>A evolução intelectual humana, a partir da filosofia, começa-</p><p>se a discutir sobre a estrutura social em que se deve encontrar a entidade</p><p>familiar.</p><p>Inúmeros filósofos antigos falaram sobre a estruturação do</p><p>casamento como fato social, importante e imprescindível, para a</p><p>perpetuação da raça humana, de maneira racional e civilizada;</p><p>mas acentuando sempre, nitidamente, a função feminina de mera</p><p>reprodutora, receptáculo do sêmen masculino, gerador da vida93.</p><p>Esta característica machista em que a entidade familiar é</p><p>enquadrada perante os filósofos, ira se perpetuar por vários séculos com o</p><p>advento do intervencionismo estatal.</p><p>O intervencionismo estatal levou à instituição do casamento,</p><p>convenção social para organizar os vínculos interpessoais. A</p><p>própria organização da sociedade dá-se em torno da estrutura</p><p>familiar, e não em torno de grupos outros ou de indivíduos em si</p><p>mesmo. A sociedade em determinado momento histórico, institui o</p><p>casamento como regra de conduta. Essa foi a forma encontrada</p><p>para impor limites ao homem, ser desejante que, na busca do</p><p>prazer, tende do outro um objeto. É por isso que o</p><p>desenvolvimento da civilização impõe restrição à total liberdade</p><p>e a lei jurídica exige que ninguém fuja dessas restrições94.</p><p>92 DIAS, Maria Berenice; Manual de Direito das Famílias; 2006; p. 25.</p><p>93de OLIVEIRA, Neiva Flávia; Revista Brasileira de Direito Família; Pátrio Poder e Poder</p><p>Familiar; v.1, n.1, Porto Alegre: Síntese, IBDFAM; abr/jun, 1999, p. 12.</p><p>94 DIAS, Maria Berenice; Manual de Direito das Famílias; 2006; Pág. 25.</p><p>31</p><p>Tendo em vista a origem autoritária que o homem reporta de</p><p>seus primórdios, tem-se ao casamento o homem como líder da entidade familiar.</p><p>O sistema jurídico se subsidia no social, e neste, o casamento se</p><p>torna uma forma de apossamento da mulher pelo homem, em</p><p>função de uma superioridade fundada na diferença sexual e,</p><p>portanto, a relação jurídica matrimonial se faz de forma a</p><p>subordinar a mulher ao marido, o que se concretiza através do</p><p>dito pátrio poder95.</p><p>Este fundamento de pátrio poder no casamento, onde sendo</p><p>o homem titular de todos os direitos, tem suas raízes afirmadas no Sistema</p><p>Jurídico Romano, que estabelece a forma de integração humana no pátrio poder.</p><p>Com efeito, o pátrio poder, na forma como é instituído em Roma,</p><p>tem um fundamento político e religioso que lhe explica os</p><p>aparentes exageros. O pater é não só o sacerdote do culto</p><p>familial, como o chefe de um pequeno grupamento humano, a</p><p>família, que constitui a célula em que se baseia toda a</p><p>organização política do Estado. Através de sua autoridade se</p><p>estabelece a disciplina e assim se consolida a vida dentro do lar e,</p><p>por conseguinte, dentro da sociedade. Daí ser conveniente</p><p>assegurar essa ampla autoridade paternal96.</p><p>No direito romano o pátrio poder é representado por um conjunto</p><p>de prerrogativas conferidas ao pater, na qualidade de chefe da</p><p>organização familial, e sobre a pessoa de seus filhos. Trata-se de</p><p>um direito absoluto, praticamente ilimitado, cujo escopo é</p><p>efetivamente reforça a autoridade paterna, a fim de consolidar a</p><p>família romana, célula-base da sociedade, que nela encontra o</p><p>seu principal alicerce97.</p><p>… tendo em vista que o único vínculo existente entre os</p><p>integrantes do grupo familiar seria o vínculo derivado do pátrio</p><p>poder; a teor daquela estrutura, o paterfamilias concentrava em</p><p>suas mão todos os direitos, sem que qualquer obrigação o</p><p>vinculasse aos seus dependentes, sobre os quais, aliás, tinha o</p><p>95 de OLIVEIRA, Neiva Flávia; Pátrio Poder e Poder Familiar; 1999 p. 13.</p><p>96 RODRIGUES, Silvio; Direito Civil; Direito de Família; vol. 6; ed. 27ª; São Paulo:</p><p>Saraiva; 2002; p. 395.</p><p>97 RODRIGUES, Silvio; Direito Civil; 2002; p. 395.</p><p>32</p><p>jus vitae et necis; gravitando à sua volta, tais dependentes não</p><p>poderiam exercitar contra o titula da pátria potestas nenhuma</p><p>pretensão de caráter patrimonial, como a derivada dos alimentos,</p><p>na medida em que todos eram privados de qualquer capacidade</p><p>patrimonial; com a natural recíproca da inexigibilidade de</p><p>alimentos pelo pater em relação aos membros da família sob seu</p><p>poder, à evidência de não disporem esse de patrimônio próprio98.</p><p>… pater potestas – direito absoluto e ilimitado conferido ao chefe</p><p>da organização familiar sobre a pessoa dos filhos. A conotação</p><p>machista do vocábulo pátrio poder é flagrante, pois só menciona o</p><p>poder do pai com relação aos filhos…99.</p><p>Mais adiante, no período Republicano de Roma, o pátrio</p><p>poder ganha nova forma, que neste, passa a ser estabelecida de dois pontos o</p><p>cum manu ou o sine manu.</p><p>Caso o casamento se desse pela</p>

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