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<p>Normas gerais e especiais de tutela do trabalho</p><p>Desafio</p><p>A Lei da Reforma Trabalhista introduziu modificações em vários preceitos do Título II da CLT, destacando-se a grande intervenção realizada no Capítulo II, que trata da duração do trabalho. Em especial, foi introduzido o Capítulo II-A, cujos artigos 75-A a 75-F cuidam de regulamentar o regime de teletrabalho, ou seja, a prestação de serviço realizada a partir da casa do empregado.</p><p>Analise o contexto e a situação a seguir:</p><p>Nesse cenário, em que essa nova modalidade de trabalho se faz presente, sabendo que Alex vai à empresa somente em três dias na semana, responda:</p><p>É possível afirmar que existe uma relação de emprego? Indique a Alex os requisitos que configuram uma relação de emprego e se eles se fazem presentes na relação que ele tem com a empresa.</p><p>Padrão de resposta esperado</p><p>Entre Alex e a empresa XYZ Construção Civil existe, sim, uma relação de emprego. Mesmo trabalhando por home office, já aduz o artigo 6º da CLT que não há distinção entre o trabalho realizado no estabelecimento do empregador, o executado no domicílio do empregado e o realizado a distância, desde que estejam caracterizados os pressupostos da relação de emprego.</p><p>No presente caso, estão todos os requisitos necessários para configurar uma relação de emprego, a saber:</p><p>• a subordinação, pois o chefe passa tarefas diariamente e Alex deve dar um retorno dessas atividades ao final da tarde;</p><p>• a habitualidade, pois, mesmo realizando o trabalho em home office, existe o trabalho do empregado diante de seu empregador;</p><p>• a onerosidade, pois ele recebe um salário mensal;</p><p>• a pessoalidade, pois é Alex quem realiza o trabalho, não outra pessoa;</p><p>• a pessoa física, pois o empregado é uma pessoa natural.</p><p>Exercícios</p><p>1. Sabe-se que os princípios têm extrema importância na normatização das relações de trabalho. Sobre os princípios trabalhistas, leia o conceito a seguir:</p><p>A relação objetiva evidenciada pelos fatos define a verdadeira relação jurídica estipulada pelos contratantes, ou seja, em matéria trabalhista, importa mais o que ocorre na prática do que o pactuado pelas partes, em forma mais ou menos expressa, ou o que se insere em documentos, formulários e instrumentos de contrato.</p><p>De qual princípio específico do Direito do Trabalho se está falando?</p><p>B. Primazia da realidade.</p><p>Justificativa: O enunciado diz respeito ao princípio da primazia da realidade, segundo o qual se busca priorizar a realidade em detrimento da forma. Em caso de discordância entre o que ocorre na prática e o que emerge de documentos ou acordos, deve-se dar preferência ao primeiro, isto é, ao que se sucede no terreno dos fatos. Pelo princípio da condição mais benéfica, existe a incidência sobre cláusulas contratuais, aplicando-se aquela que é mais benéfica ao empregado. Pelo princípio da intangibilidade contratual lesiva, há que a regra é que o contrato não pode ser alterado, e a exceção é que só pode ser alterado se houver mútuo consentimento e não houver prejuízos. Pelo princípio da busca do pleno emprego, tem-se a criação de oportunidades de trabalho, para que todos possam viver dignamente, do próprio esforço. Já pelo princípio da continuidade da relação de emprego, está, como regra, que o contrato é por prazo indeterminado; se existe o contrato a termo, ou seja, por prazo determinado, ele é exceção.</p><p>2. “Os princípios são os preceitos fundamentais de uma determinada disciplina e, como tal, servem de fundamento para seus institutos e para sua evolução. Constituem o núcleo inicial do próprio Direito, em torno dos quais vai tomando forma toda a estrutura científica da disciplina em questão” (ROMAR, 2022, p. 25).</p><p>A autora salienta o papel crucial que os princípios desempenham no ordenamento jurídico brasileiro, na medida em que é a partir deles que se constrói o ramo do Direito.</p><p>Nesse sentido, no que diz respeito aos princípios do Direito do Trabalho e ao raciocínio doutrinário sobre a matéria, é correto dizer que:</p><p>B. o princípio da norma mais favorável tem aplicação em três momentos diferentes: na elaboração da regra, no confronto entre as regras concorrentes e na interpretação das regras jurídicas.</p><p>Justificativa: O princípio protetivo tem como desdobramentos: norma mais favorável, condição mais benéfica e in dubio pro misero. O princípio da norma mais favorável é de observância mandatória ao legislador e ao julgador. É possível a transação trabalhista desde que haja acordo ou convenção coletiva. É admissível renunciar à estabilidade ou garantia de emprego. Conforme o artigo 468 da CLT, nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por mútuo consentimento e, ainda assim, desde que não resultem, direta ou indiretamente, em prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente dessa garantia.</p><p>3. No universo das relações jurídicas, existem as relações de trabalho e as relações de emprego. As relações de trabalho são o gênero do qual as relações de emprego são uma de suas espécies. Em ambos os casos, há, de um lado, aquele que presta o seu serviço e, do outro, aquele que toma tal serviço.</p><p>No tocante a essas relações, seus sujeitos e requisitos, segundo a legislação vigente, é correto o que se afirma em:</p><p>E. Equiparam-se ao empregador, para efeitos da relação de emprego, profissionais liberais, instituições de beneficência, associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos que admitirem trabalhadores como empregados.</p><p>Justificativa: Conforme disposto no art. 3º da CLT, considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. Dispõe o art. 2º da CLT que se considera empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço. Consoante o artigo 6º, não se distingue entre o trabalho realizado no estabelecimento do empregador, o executado no domicílio do empregado e o realizado à distância, desde que estejam caracterizados os pressupostos da relação de emprego; o parágrafo único do art. 6º disciplina que os meios telemáticos e informatizados de comando, controle e supervisão se equiparam, para fins de subordinação jurídica, aos meios pessoais e diretos de comando, controle e supervisão do trabalho alheio. Conforme o art. 2º, § 1º da CLT, equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos que admitirem trabalhadores como empregados.</p><p>4. A relação de emprego tem dois lados: de um lado, o empregado; de outro, o empregador, que é aquele que admite, dirige e remunera a atividade desenvolvida pelo empregado, nos termos do art. 2º da CLT. Verificando o conceito de empregado isoladamente, constata-se a presença de:</p><p>I. pessoa física ou jurídica;</p><p>II. pessoalidade;</p><p>III. não eventualidade;</p><p>IV. onerosidade;</p><p>V. subordinação.</p><p>São características corretas do conceito de empregado o que se afirma em:</p><p>A. II, III, IV e V.</p><p>Justificativa: Nos termos do art. 3º da CLT: “Art. 3º – Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário”. Nesse sentido, a assertiva I está incorreta, pois apenas será considerado empregado a pessoa física, não podendo ser pessoa jurídica. As demais assertivas estão corretas, pois são os requisitos do conceito de empregado. Por pessoalidade, entende-se que o empregado não pode se fazer substituir na prestação do serviço. Por não eventualidade, entende-se que o trabalho deve ser prestado com regularidade. Por onerosidade, entende-se a obrigação de o empregado receber a contraprestação financeira – o salário. Por subordinação, entende-se a sujeição do empregado ao poder diretivo do empregador – a dependência.</p><p>5. Nos termos do art. 2º da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT):</p><p>“Art. 2º – Considera-se empregador a empresa,</p><p>individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço”.</p><p>O trecho em destaque refere-se a um princípio do Direito do Trabalho que determina que os riscos da atividade econômica pertencem única e exclusivamente ao empregador. Esse princípio denomina-se:</p><p>A. princípio da alteridade.</p><p>Justificativa: Pelo princípio da alteridade, tem-se que o resultado do trabalho do empregado pertence ao empregador, que assume os riscos do negócio. Portanto, em caso de insucesso do empreendimento, o dono é quem assume os prejuízos advindos. Conforme o art. 2º da CLT: “Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço”. A onerosidade, a subordinação, a pessoalidade e a não eventualidade não se constituem em princípios, mas em requisitos para a caracterização de uma relação de emprego.</p><p>image1.png</p>