Prévia do material em texto
<p>SOLUÇÃO DE</p><p>CONFLITOS</p><p>JURÍDICOS</p><p>Martha Luciana</p><p>Scholze</p><p>U N I D A D E 1</p><p>Teoria do conflito e</p><p>métodos de resolução</p><p>de disputas</p><p>Objetivos de aprendizagem</p><p>Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:</p><p> Definir teoria do conflito.</p><p> Analisar a transformação dos processos de resolução de disputas.</p><p> Explicar o que são os espirais de conflito.</p><p>Introdução</p><p>A teoria do conflito consiste em estudar situações em que indivíduos diver-</p><p>gem sobre algum aspecto e, muitas vezes, têm reações negativas, como</p><p>agressividade, tristeza, violência, etc. É sabido, porém, que o conflito não</p><p>gera apenas situações negativas. Quando percebido de forma positiva,</p><p>ele pode trazer resultados benéficos, como a conversa, o entendimento</p><p>e a satisfação das partes.</p><p>A resolução de conflitos tem sido muito estudada desde as alterações</p><p>estabelecidas no Código de Processo Civil (CPC) de 2015, que visam a</p><p>soluções mais rápidas para questões que muitas vezes demoravam anos</p><p>para serem resolvidas por meio do processo judicial. Neste capítulo,</p><p>abordamos o conflito sob o olhar de vários autores, para que você possa</p><p>conhecer todos os possíveis entendimentos sobre as questões a ele</p><p>relacionadas.</p><p>Neste capítulo, você vai estudar o que é a teoria do conflito, analisar</p><p>a transformação dos processos de resolução de disputas e entender o</p><p>que são as espirais do conflito.</p><p>C01_Teoria_conflito_juridico.indd 1 27/06/2018 17:04:00</p><p>lalves</p><p>Retângulo</p><p>lalves</p><p>Retângulo</p><p>Teoria do conflito</p><p>O termo confl ito, individualmente, é interpretado como um estado ou processo,</p><p>temporário ou permanente, defi nitivo ou não, mas que revela ocorrências como</p><p>o desentendimento, que é pautado pelas controvérsias e por vários níveis de</p><p>agressão. Diz respeito ao desconforto que gera a insatisfação, ao confronto de</p><p>opiniões entre duas ou mais pessoas sobre algo que precisa ser empossado ou</p><p>recuperado, ou simplesmente ao que se poderia denominar colisão de interesses</p><p>por algum tipo de causa material ou emocional. Em outras palavras, o confl ito</p><p>é defi nido como o processo ou estado em que duas ou mais pessoas discordam</p><p>sobre interesses ou objetivos individuais, com visões mutuamente incompatíveis.</p><p>Fiorelli, Malhadas e Moraes (2004) formulam uma definição para o termo</p><p>conflito, quando entendem que todos os organismos vivos buscam o que se</p><p>denomina homeostase dinâmica: uma tendência a manter seu estado e, si-</p><p>multaneamente, cumprir um ciclo vital. Existe, portanto, um conflito inerente</p><p>à vida, presente nos organismos, por meio do qual a evolução se processa.</p><p>Falar de conflito é falar de vida — não há a segunda sem o primeiro. Nem</p><p>poderia ser diferente: as relações comerciais e interpessoais são efetuadas em</p><p>contextos cada vez mais complexos, e a rede e a quantidade de relacionamentos</p><p>crescem em decorrência do aumento contínuo das possibilidades de ofertas</p><p>e da diversidade de situações. Tudo isso, acompanhado da conscientização</p><p>crescente dos direitos individuais e coletivos, constitui uma receita infalível</p><p>para as oportunidades de conflitos existirem.</p><p>Também se entende que o conflito é um fenômeno natural de qualquer</p><p>ser vivo, não importando qual tipo de manifestação se revele (agressividade,</p><p>indiferença, autoritarismo, etc.). Muitas vezes, o conflito é interpretado como</p><p>um evento negativo e desgastante, mas que também ocasiona crescimento e</p><p>amadurecimento, quando se vivenciam as possibilidades para a minimização</p><p>de impactos negativos na rotina das partes envolvidas.</p><p>Muitos consideram que o conflito se insere no contexto de um ciclo vicioso de ação e</p><p>reação pelas partes, sendo que a reação normalmente é mais severa que a ação que a</p><p>precedeu; isso poderá culminar em uma disputa. Quando essa cadeia não é controlada,</p><p>corre-se o risco, inclusive, de as partes perderem de vista os seus verdadeiros anseios,</p><p>e as causas que inicialmente eram originárias tornam-se secundárias.</p><p>Teoria do conflito e métodos de resolução de disputas2</p><p>C01_Teoria_conflito_juridico.indd 2 27/06/2018 17:04:00</p><p>Ainda conforme os autores Fiorelli, Malhadas e Moraes (2004), a gestão</p><p>do conflito é a aplicação de um conjunto de estratégias capazes de identificá-</p><p>-lo, compreendê-lo, interpretá-lo e utilizá-lo para benefício da homeostase</p><p>dinâmica, contribuindo para o ciclo vital de cada indivíduo, das famílias, dos</p><p>grupos sociais, das organizações e, enfim, da sociedade. Interpreta-se que</p><p>esse conflito natural é um dos ingredientes que se somam para que ocorra</p><p>a evolução. Por outro lado, eliminar o conflito é um exercício que deve ser</p><p>construído e desenvolvido, no sentido de interpretar e compreender o conflito</p><p>para então buscar um sentido e uma posição capaz de fazê-lo reverter-se em</p><p>outros sentimentos, como o da satisfação ou da sensação de ganho e equidade,</p><p>por exemplo.</p><p>O conflito pode ser tratado a partir de uma gestão, com processos que</p><p>objetivam algo além do interesse do objeto, a sua solução e pacificação.</p><p>É preciso perceber no conflito poucas definições, mas que sejam signi-</p><p>ficativas para compreendê-lo. O seu conteúdo é explicado pelo viés da</p><p>psicologia, o que proporciona uma compreensão além da técnica, baseada</p><p>nas raízes do comportamento humano. Intermediar é um papel que exige</p><p>suporte e preparação. Assim, como diz Warat (1998), os conflitos nunca</p><p>desaparecem, se transformam, sendo recomendável, na presença de um</p><p>conflito pessoal, intervir sobre si mesmo, transformar-se internamente.</p><p>Dessa forma, o conflito se dissolverá se todas as partes comprometidas</p><p>fizerem a mesma coisa.</p><p>O conflito não deve ser visto apenas como algo negativo. Pelo contrário,</p><p>tem-se entendido que o conflito possui muitos aspectos positivos, e dele pode</p><p>resultar entendimento, compreensão, solução, etc. Essa maneira de se ver o</p><p>conflito de forma positiva tem representado uma verdadeira reviravolta na</p><p>teoria do conflito. A partir do momento em que o conflito é visto de forma</p><p>positiva e comum nas relações humanas, ele poderá ser utilizado como ferra-</p><p>menta para a solução de litígios.</p><p>Entender o conflito de forma negativa gera uma reação denominada</p><p>retorno de luta, ou fuga, o que desencadeia todas as reações negativas do</p><p>conflito. Por outro lado, quando o conflito é visto como uma oportunidade,</p><p>o efeito é contrário, e as partes saem mais felizes com o resultado. Para isso,</p><p>o mediador tem um papel importante, pois ele tem o poder de conduzir</p><p>o conflito de forma negativa ou positiva, a depender de como ele próprio</p><p>enxergará o conflito e como o conduzirá perante as partes. A prioridade</p><p>do processo de mediação é a restauração da harmonia e do equilíbrio das</p><p>relações entre as partes.</p><p>3Teoria do conflito e métodos de resolução de disputas</p><p>C01_Teoria_conflito_juridico.indd 3 27/06/2018 17:04:00</p><p>O que é o conflito? Normalmente o senso comum aponta que o conflito é uma situ-</p><p>ação desagradável e que deve ser evitada a todo custo, porque só traz prejuízos às</p><p>pessoas envolvidas e, muitas vezes, nenhuma compensação. No entanto, uma análise</p><p>mais profunda do fenômeno conflito pode mostrar que nem sempre é assim, e que</p><p>um conflito pode resultar em entendimento, compreensão, solução, entre outros</p><p>desencadeamentos positivos.</p><p>Transformação dos processos de resolução</p><p>de disputas</p><p>Em muitas situações, o processo judicial tem um rendimento menor do que</p><p>deveria, tendo em vista a sua morosidade e em “função dos defeitos proce-</p><p>dimentais, resulta muitas vezes lento e custoso, fazendo com que as partes,</p><p>quando possível, o abandonem” (ZAMORA Y CASTILLO, 1991, p. 238). Em</p><p>muitos casos, o processo judicial aborda o confl ito como se fosse um fenô-</p><p>meno jurídico e, ao tratar exclusivamente daqueles interesses juridicamente</p><p>tutelados, exclui aspectos do confl ito que são tão importantes quanto ou até</p><p>mais relevantes do que aqueles juridicamente tutelados. Embora a jurisdição</p><p>tenha como alvo a pacifi cação social e a solução do caso concreto submetido</p><p>ao Estado-juiz, há certa distorção de valores no manejo dos</p><p>confl itos por parte</p><p>tanto dos sujeitos ativos e passivos da relação processual quanto dos próprios</p><p>membros do aparato estatal.</p><p>De acordo com Cintra, Grinover e Dinamarco (2006), por meio da juris-</p><p>dição, o Estado procura a realização do Direito Material (escopo jurídico do</p><p>processo), sendo esta muito pobre em si mesma. Há de se concordar com a ideia</p><p>de que os objetivos buscados são, antes de mais nada, objetivos sociais, que</p><p>tratam de garantir que o Direito Objetivo Material seja cumprido, a autoridade</p><p>do ordenamento jurídico seja preservada, e a paz e a ordem na sociedade sejam</p><p>favorecidas pela imposição da vontade do Estado. O mais elevado interesse</p><p>que se satisfaz por meio do exercício da jurisdição é justamente o interesse</p><p>da sociedade.</p><p>Isso não quer dizer, contudo, que seja essa mesma motivação que leva</p><p>as pessoas ao processo. Quando a pessoa pede a condenação do seu alegado</p><p>devedor, ela está buscando a satisfação do seu próprio interesse, não, al-</p><p>Teoria do conflito e métodos de resolução de disputas4</p><p>C01_Teoria_conflito_juridico.indd 4 27/06/2018 17:04:00</p><p>truisticamente, a atuação da lei ou a paz social. Há uma pretensão perante</p><p>a outra parte, a qual não está sendo satisfeita, nascendo daí o conflito — e</p><p>é a satisfação dessa pretensão insatisfeita que o demandante busca no pro-</p><p>cesso. A realização do Direito Objetivo e a pacificação social são escopos</p><p>da jurisdição em si, e não das partes. O Estado aceita a provocação do</p><p>interessado e a sua cooperação, instaurando um processo e conduzindo-o</p><p>até o final, desde que o interesse deste em obter a prestação jurisdicional</p><p>coincida com o interesse público de atuar a favor do Direito Material e, com</p><p>isso, pacificar e fazer justiça.</p><p>Assim, percebemos a dupla função da jurisdição: pacificação social e</p><p>composição justa do caso concreto. O problema surge quando há um desvir-</p><p>tuamento da atividade jurisdicional para atender apenas ao segundo objetivo.</p><p>Com isso, no CPC de 2015, tem-se a prerrogativa de se utilizar a mediação no</p><p>curso do processo judicial, para que a lide seja resolvida com mais rapidez e</p><p>agilidade. Assim preceitua o § 3º do art. 4º, do CPC de 2015:</p><p>§ 3º A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de</p><p>conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos</p><p>e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial</p><p>(BRASIL, 2015, documento on-line).</p><p>Quanto aos aspectos do conflito, Deutsch (1973) apresenta a classificação</p><p>de processos de resolução de disputas ao indicar que estes podem ser cons-</p><p>trutivos ou destrutivos. Para o autor, um processo destrutivo se caracteriza</p><p>pelo enfraquecimento ou rompimento da relação social preexistente à disputa,</p><p>em razão da forma pela qual esta é conduzida. Em processos destrutivos há a</p><p>tendência de o conflito se expandir ou se tornar mais acentuado no desenvol-</p><p>vimento da relação processual. Como resultado, tal conflito frequentemente se</p><p>torna independente das suas causas iniciais, assumindo feições competitivas</p><p>nas quais cada parte busca vencer a disputa. Decorre da percepção, muitas</p><p>vezes errônea, de que os interesses das partes não podem coexistir. Em outras</p><p>palavras, as partes, quando em processos destrutivos de resolução de dispu-</p><p>tas, concluem tal relação processual com o esmaecimento da relação social</p><p>preexistente à disputa e a acentuação da animosidade decorrente da forma</p><p>ineficiente de se abordar o conflito.</p><p>Por sua vez, processos construtivos, segundo Deutsch (1973), seriam</p><p>aqueles em razão dos quais as partes concluiriam a relação processual com</p><p>5Teoria do conflito e métodos de resolução de disputas</p><p>C01_Teoria_conflito_juridico.indd 5 27/06/2018 17:04:00</p><p>um fortalecimento da relação social preexistente à disputa. Processos cons-</p><p>trutivos se caracterizam:</p><p> pela capacidade de estimularem as partes a desenvolverem soluções</p><p>criativas, que permitam a compatibilização dos interesses aparentemente</p><p>contrapostos;</p><p> pela capacidade de as partes ou o condutor do processo (magistrado ou</p><p>mediador) motivarem todos os envolvidos para que prospectivamente</p><p>resolvam as questões sem atribuição de culpa;</p><p> pelo desenvolvimento de condições que permitam a reformulação das</p><p>questões diante de eventuais impasses;</p><p> pela disposição das partes ou do condutor do processo para abordar,</p><p>além das questões juridicamente tuteladas, todas e quaisquer questões</p><p>que estejam influenciando a relação (social) das partes.</p><p>Em outras palavras, diante da contribuição de Deutsch (1973), ao apresentar</p><p>o conceito de processos construtivos de resolução de disputas, pode-se afirmar</p><p>que ocorreu uma nova contextualização acerca do conceito de conflito, ao se</p><p>registrar que este é um elemento da vida que inevitavelmente permeia todas</p><p>as relações humanas e que contém o potencial de contribuir positivamente</p><p>nessas relações. Nesse espírito, se conduzido construtivamente, o conflito</p><p>pode proporcionar crescimento pessoal, profissional e organizacional. A</p><p>abordagem do conflito, no sentido de que este pode, se conduzido com téc-</p><p>nica adequada, ser um importante meio de conhecimento, amadurecimento</p><p>e aproximação de seres humanos, impulsiona também relevantes alterações</p><p>quanto a responsabilidade e ética profissionais.</p><p>Os métodos, ou mecanismos, de resolução de disputas, surgiram a partir da ne-</p><p>cessidade de se encontrar formas mais eficientes de solução de conflitos do que</p><p>o processo judicial. De início, buscaram-se meios mais céleres e econômicos de se</p><p>atingir os resultados obtidos por decisões judiciais. Aos poucos, constatou-se que,</p><p>além de produzirem soluções mais rápidas e financeiramente menos onerosas,</p><p>esses métodos privados frequentemente preservam relações comerciais entre as</p><p>partes em disputa e garantem mais discrição quanto à exposição da controvérsia</p><p>ao conhecimento público.</p><p>Teoria do conflito e métodos de resolução de disputas6</p><p>C01_Teoria_conflito_juridico.indd 6 27/06/2018 17:04:00</p><p>Espirais do conflito</p><p>Como visto anteriormente, muitas pessoas procuram resolver confl itos de</p><p>forma judicial, sujeitando-se à morosidade e à burocratização do processo, e</p><p>acabam muitas vezes desistindo da ação. Um confl ito existe quando atividades</p><p>incompatíveis ocorrem. As ações incompatíveis podem ter origem em uma</p><p>pessoa, em uma coletividade ou em uma nação. Essas ações geram confl itos</p><p>intrapessoais, intracoletivos ou intranacionais, respectivamente. Uma ação</p><p>incompatível com outra impede, obstrui, interfere, danifi ca ou, de alguma</p><p>maneira, torna a outra menos provável ou menos efetiva.</p><p>Em situações conflituosas, pode ocorrer uma escalada progressiva, que</p><p>resulta em um ciclo vicioso de ação e reação. Cada reação se torna mais severa</p><p>do que a ação que a precedeu e cria uma nova questão ou ponto de disputa. Esse</p><p>modelo é denominado espirais de conflito e sugere que, com esse crescimento</p><p>ou escalada do conflito, as causas originárias progressivamente se tornam</p><p>secundárias a partir do momento em que os envolvidos se mostram mais</p><p>preocupados em responder à ação que imediatamente antecedeu a sua reação.</p><p>Podemos trazer como exemplo um vizinho A que xinga o outro por soltar fogos de</p><p>artifício no dia de um jogo de futebol. O vizinho B, que é xingado, sente-se incomodado</p><p>e faz um gesto descortês para o vizinho A. O vizinho A não aceita a provocação e</p><p>também insulta B. O vizinho B grita e diz que não aguenta mais escutar o cachorro de A</p><p>latir durante a madrugada. O vizinho A, por sua vez, vai até a frente da casa de B e grita</p><p>que este deveria agir como homem e vir até ele para falar do seu cachorro. O vizinho</p><p>B arremessa uma pedra em direção ao vizinho A. Percebe-se, assim, que o conflito se</p><p>desenvolveu em uma espiral de agravamento progressivo das condutas conflituosas.</p><p>No exemplo citado, se passasse uma viatura policial no momento da dis-</p><p>cussão na rua, a polícia poderia ensejar um procedimento de juizado especial</p><p>criminal. Em audiência, possivelmente o vizinho B indicaria que</p><p>seria, de fato,</p><p>a vítima – e, de certa forma, estaria falando a verdade, uma vez que nesse</p><p>modelo de espiral de conflitos ambos são, ao mesmo tempo, vítima e ofensor</p><p>(ou autor do fato). A espiral do conflito se dá com isto: o conflito cresce e</p><p>a causa originária desse conflito se torna secundária, pois os envolvidos</p><p>7Teoria do conflito e métodos de resolução de disputas</p><p>C01_Teoria_conflito_juridico.indd 7 27/06/2018 17:04:00</p><p>demonstram mais preocupação para responder a ação que imediatamente</p><p>antecedeu a reação.</p><p>A possibilidade de a natureza de um relacionamento ser mal percebida</p><p>indica que, ocorrendo ou não um conflito, este pode ser determinado por um</p><p>desentendimento ou por uma má informação a respeito do estado de ânimos</p><p>objetivo. Dessa forma, a presença ou a ausência de conflito nunca é rigidamente</p><p>determinada pelo estado de ânimos objetivo.</p><p>Para que não ocorra o ingresso no judiciário para a solução de um lití-</p><p>gio, muitos conflitos podem ser resolvidos por meio da mediação, a partir</p><p>da redação de 2015 do CPC que determina a obrigatoriedade de audiências</p><p>conciliatórias. Podemos trazer como exemplo questões relativas ao Código de</p><p>Defesa do Consumidor, que busca, por meio da mediação, resolver problemas</p><p>(conflitos) com mercadorias compradas sem a necessidade de esperar pelo</p><p>trâmite completo do processo judicial.</p><p>O tema sobre conflito pode ser encontrado em livros, filmes e trabalhos científicos.</p><p>Conteúdos relacionados à teoria do conflito podem ser consultados no Manual de</p><p>mediação judicial, disponível no link abaixo.</p><p>https://goo.gl/MH34m7</p><p>Um artigo sobre o tema, intitulado “Formas de resolução de conflitos e acesso à</p><p>justiça”, está disponível no link abaixo.</p><p>https://goo.gl/Y9YcV3</p><p>1. Sobre o conceito de conflito</p><p>apresentado neste capítulo,</p><p>assinale a alternativa correta.</p><p>a) Para a mediação, o conflito tem</p><p>aspectos positivos, mas, em regra,</p><p>para a sociedade, prevalece a</p><p>ideia negativa do conflito.</p><p>b) O conflito é definido como o</p><p>processo ou estado em que duas</p><p>ou mais pessoas discordam sobre</p><p>interesses ou objetivos individuais,</p><p>com visões mutuamente</p><p>incompatíveis, e que nem sempre</p><p>traz uma situação negativa.</p><p>Teoria do conflito e métodos de resolução de disputas8</p><p>C01_Teoria_conflito_juridico.indd 8 27/06/2018 17:04:00</p><p>https://goo.gl/MH34m7</p><p>https://goo.gl/Y9YcV3</p><p>c) A resolução do conflito deve</p><p>se dar sempre por meio do</p><p>ingresso via judicial, pois é o</p><p>mecanismo mais adequado</p><p>para se resolver toda e</p><p>qualquer divergência.</p><p>d) O conflito deve ser resolvido</p><p>por meio da submissão do</p><p>mais fraco pelo mais forte.</p><p>e) O conflito é o estado</p><p>permanente de agressão em</p><p>que uma parte se sobrepõe à</p><p>outra na busca pela solução</p><p>de uma situação negativa</p><p>ocorrida entre elas.</p><p>2. Segundo a classificação de Deutsch</p><p>(1973), o processo de classificação do</p><p>conflito destrutivo se caracteriza por:</p><p>a) estabelecer que para toda</p><p>e qualquer situação de</p><p>conflito, deve-se procurar a</p><p>judicialização e, somente por</p><p>meio dela, resolver o embate</p><p>criado entre as partes.</p><p>b) determinar que a busca pela</p><p>solução dos conflitos se dá por</p><p>meio de estudos da legislação</p><p>e sua aplicação, na qual a parte</p><p>que se diz vítima sempre será</p><p>recompensada pelo fato.</p><p>c) justificar que a busca pela</p><p>solução dos conflitos deve se</p><p>dar de forma processual, mesmo</p><p>com sua morosidade, para</p><p>ao final chegar ao resultado</p><p>buscado pelo ator do fato.</p><p>d) fortalecer os vínculos das</p><p>partes na busca harmoniosa</p><p>da solução dos conflitos.</p><p>e) enfraquecer ou romper a relação</p><p>social preexistente à disputa,</p><p>em razão da forma pela qual</p><p>esta é conduzida, havendo</p><p>a tendência de o conflito se</p><p>expandir ou se tornar mais</p><p>acentuado no desenvolvimento</p><p>da relação processual.</p><p>3. Sobre o conceito das espirais do</p><p>conflito, assinale a alternativa correta.</p><p>a) A solução do conflito se dá de</p><p>uma forma demorada e muitas</p><p>vezes burocrática, daí o nome</p><p>espiral, visto que o trâmite</p><p>para a solução do conflito é</p><p>enrolado, devido ao número</p><p>de recursos existentes.</p><p>b) Quando há conflito entre</p><p>um determinado grupo na</p><p>sociedade, o interesse da parte</p><p>mais fortalecida prevalece,</p><p>visto que as espirais para a</p><p>solução dos conflitos atendem</p><p>à parte mais preparada.</p><p>c) O crescimento do conflito</p><p>e suas causas originárias</p><p>progressivamente se</p><p>tornam secundários, a partir</p><p>do momento em que os</p><p>envolvidos se mostram mais</p><p>preocupados em responder a</p><p>uma ação que imediatamente</p><p>antecedeu a sua reação.</p><p>d) O conflito se dá quando</p><p>a sociedade vai contra a</p><p>publicação de uma nova norma,</p><p>gerando conflitos; assim surge</p><p>a espiral, para que haja uma</p><p>pressão na alteração das leis.</p><p>e) A espiral do conflito nada</p><p>mais é do que a pressão</p><p>que a vítima sofre ao tentar</p><p>defender-se de uma acusação</p><p>perante o judiciário.</p><p>4. Com base na teoria do conflito,</p><p>assinale a alternativa correta.</p><p>a) O conflito é uma atitude</p><p>negativa da sociedade que tem</p><p>apenas a agressividade como</p><p>9Teoria do conflito e métodos de resolução de disputas</p><p>C01_Teoria_conflito_juridico.indd 9 27/06/2018 17:04:01</p><p>característica e deve ser resolvido</p><p>através do sistema processual.</p><p>b) O conflito deve ser entendido</p><p>tanto de forma negativa quanto</p><p>positiva. Quando visto de forma</p><p>positiva, gera compreensão,</p><p>entendimento e, na sua solução,</p><p>ambas as partes podem sair</p><p>satisfeitas com o desfecho.</p><p>c) Para a resolução do conflito,</p><p>o mediador deve sempre</p><p>esperar que o advogado</p><p>das partes indique a melhor</p><p>solução, sendo que apenas</p><p>uma delas sairá satisfeita.</p><p>d) O conflito deve ser visto como</p><p>algo negativo, já que não há</p><p>aspectos positivos nele.</p><p>e) Para a resolução do conflito,</p><p>deve sempre haver ingresso via</p><p>judicial, pois é o mecanismo</p><p>mais adequado para se resolver</p><p>qualquer divergência.</p><p>5. De acordo com o CPC de</p><p>2015, no que diz respeito à</p><p>mediação e à conciliação:</p><p>a) ambas podem ser estimuladas</p><p>pelos juízes, inclusive no</p><p>decurso do processo judicial.</p><p>b) o mediador deve obrigatoriamente</p><p>ser funcionário concursado para</p><p>atuar nos processos de mediação.</p><p>c) a resolução de um conflito entre</p><p>as partes somente poderá ser</p><p>regida pelos artigos do CPC.</p><p>d) quando iniciada a discussão de</p><p>uma lide por meio do processo</p><p>judicial, este não poderá ter a sua</p><p>resolução por meio da mediação.</p><p>e) o juiz titular do processo é</p><p>quem determinará quem será</p><p>o mediador da ação, buscando</p><p>atender aos interesses das partes.</p><p>BRASIL. Lei nº. 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Diário Oficial</p><p>[da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 17 mar. 2015. Disponível em: <http://www.</p><p>planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em: 14 jun. 2018.</p><p>CINTRA, A. C. A.; GRINOVER, A. P.; DINAMARCO, C. R. Teoria geral do processo. 22. ed.</p><p>São Paulo: Malheiros, 2006.</p><p>DEUTSCH, M. The resolution of conflict: constructive and destructive processes. New</p><p>Haven and London: Yale University Press, 1973.</p><p>FIORELLI, J. O.; MALHADAS, M. J.; MORAES, D. L. Psicologia na mediação: inovado a</p><p>gestão de conflitos interpessoais e organizacionais. São Paulo: LTR, 2004.</p><p>WARAT, L. A. (Org.). Em nome do acordo: a mediação no Direito. Florianópolis: Almed,</p><p>1998.</p><p>ZAMORA Y CASTILLO, N. A. Processo, autocomposição e autodefensa. Cidade do México:</p><p>Ed. Universidad Autónoma Nacional de México, 1991.</p><p>Teoria do conflito e métodos de resolução de disputas10</p><p>C01_Teoria_conflito_juridico.indd 10 27/06/2018 17:04:01</p><p>http://planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm</p><p>Leituras recomendadas</p><p>AZEVEDO, A. G. (Org.). Glossário: métodos de resolução de disputas - Rds. Arcos, 2004.</p><p>Disponível em: <http://www.arcos.org.br/livros/estudos-de-arbitragem-mediacao-</p><p>-e-negociacao-vol3/parte-v-glossario/glossario-metodos-de-resolucao-de-disputas-</p><p>-rds>. Acesso em: 17 jun. 2018.</p><p>DEUTSCH, M. A resolução do conflito. Arcos, 2004. Disponível em: <http://www.arcos.</p><p>org.br/livros/estudos-de-arbitragem-mediacao-e-negociacao-vol3/parte-ii-doutrina-</p><p>-parte-especial/a-resolucao-do-conflito>. Acesso em: 17 jun. 2018.</p><p>SENA,</p><p>A. G. Formas de resolução de conflitos e acesso à justiça. Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg.,</p><p>Belo Horizonte, v. 46, n. 76, p. 93-114, jul./dez. 2007. Disponível em: <https://www.trt3.</p><p>jus.br/escola/download/revista/rev_76/Adriana_Sena.pdf>. Acesso em: 17 jun. 2018.</p><p>VIÉGAS, R. N. O campo da resolução negociada de conflito. Revista Brasileira de Ciência</p><p>Política, Brasília, n. 21, p. 7-44, set./dez. 2016. Disponível em: <http://www.scielo.br/</p><p>pdf/rbcpol/n21/2178-4884-rbcpol-21-00007.pdf>. Acesso em: 17 jun. 2018.</p><p>11Teoria do conflito e métodos de resolução de disputas</p><p>C01_Teoria_conflito_juridico.indd 11 27/06/2018 17:04:01</p><p>http://www.arcos.org.br/livros/estudos-de-arbitragem-mediacao-</p><p>http://www.arcos/</p><p>http://org.br/livros/estudos-de-arbitragem-mediacao-e-negociacao-vol3/parte-ii-doutrina-</p><p>https://www.trt/</p><p>http://jus.br/escola/download/revista/rev_76/Adriana_Sena.pdf</p><p>http://www.scielo.br/</p><p>Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para</p><p>esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual</p><p>da Instituição, você encontra a obra na íntegra.</p><p>C01_Teoria_conflito_juridico.indd 12 27/06/2018 17:04:01</p>