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1 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3 2 CONFLITO E NEGOCIAÇÃO ..................................................................... 4 2.1 A origem dos Conflitos ......................................................................... 5 2.2 As Partes de um Conflito ...................................................................... 6 2.3 A Natureza dos Conflitos ...................................................................... 7 3 A AGRESSIVIDADE COMO TENDÊNCIA DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS INTERPESSOAIS .................................................................................. 8 3.1 Variáveis desencadeadoras ................................................................. 9 3.2 Aspectos Cognitivos e Afetivos Envolvidos na Agressão ................... 11 3.3 Atitudes e valores ............................................................................... 12 3.4 Condutas não Agressivas e Resolução de Conflitos Interpessoais .... 14 4 NEGOCIAÇÃO E O MÉTODO DE HARVARD ......................................... 15 4.1 Os 4 elementos do método negociação de Harvard .......................... 16 4.2 O Melhor Alternativa Para um Acordo Negociado .............................. 18 5 O ESTADO E A RESOLUÇÃO DE CONFLITOS ...................................... 19 6 ACESSO À JUSTIÇA ................................................................................ 22 7 MEIOS CONSENSUAIS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS ........................ 24 7.1 Classificação e diferenças .................................................................. 25 8 IDENTIFICAÇÃO DOS MEIOS CONSENSUAIS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS COMO PRÁTICAS DEMOCRÁTICAS ................................................. 27 9 OS MEIOS DE SOLUÇÃO DE LITÍGIOS .................................................. 29 10 MEDIAÇÃO E CONCILIAÇÃO............................................................... 32 11 A ARBITRAGEM .................................................................................... 35 12 POLÍTICA PÚBLICA DE TRATAMENTO ADEQUADO DE CONFLITOS ................................................................................................................37 2 13 A RESOLUÇÃO DE CONFLITOS E O Código de Processo Civil de 2015 ................................................................................................................38 13.1 A conciliação e mediação como pacificação de conflitos ................ 40 14 AS MEDIDAS INCENTIVADAS PELO CNJ E AS POSITIVADAS PELO NOVO CPC ..................................................................................................... 41 15 A RESOLUÇÃO DOS CONFLITOS POR MEIO ELETRÔNICO............ 43 16 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 48 3 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 4 2 CONFLITO E NEGOCIAÇÃO Fonte: gp4us.com.br O homem é um ser conflitivo por natureza. As relações interpessoais, já carregam consigo a existência de conflitos. Na grande maioria das vezes, as negociações surgem para buscar a resolução de conflitos existentes. Mas o que vem a ser um conflito? Um conflito consiste em um embate, uma discussão, uma luta; pode ainda simbolizar elementos de oposição em um jogo de forças, mas ele é, primeiramente, uma relação interpessoal, que consiste em uma forma de interação social. O conflito surge, geralmente, de questões de discordância de objetivos, de opiniões ou mesmo por oposição e incompatibilidade entre as partes envolvidas no mesmo. Todavia, há que se ressaltar que um conflito é considerado como tal, a partir do momento em que uma das partes desenvolve uma ação efetiva sobre a outra, tornando-se necessária a sua reação, ou seja, o “conflito só existe a partir de um movimento de ação e reação”. (SILVA, 2006. p.16 apud Costa, 2015, p. 4). 5 Ainda especificando o que é um conflito, vale destacar Hamptom (1991, p.126, apud Costa, 2015, p. 4) que diz que “conflito é o processo que começa quando uma parte percebe que a outra parte frustrou ou vai frustrar seus interesses”. 2.1 A origem dos Conflitos Uma forte característica da origem dos conflitos é a existência de grupos ou mesmo de partes oponentes. A qual vejamos: As organizações constituem-se em verdadeiras arenas para conflitos individuais ou grupais, nos quais os participantes lutam por recursos limitados, possibilidades de progresso na carreira, privilégios e outras recompensas que possam ser proporcionadas pela empresa. Os conflitos entre grupos são muito comuns, tanto dentro quanto fora das organizações. Segundo Hampton, (1991, p.297) o conflito pode surgir da experiência de frustração de uma ou ambas as partes, de sua incapacidade de atingir uma ou mais metas. A seguir, a parte frustrada interpreta a situação projetando suas consequências, passando a comportasse à luz da situação imaginada. A outra parte envolvida reage a este comportamento, com base em suas próprias percepções e conceituações da situação, que podem ser bem diferentes daquelas imaginadas pela outra parte. Tem-se então, os resultados do conflito, que podem ser de natureza completamente diversa para cada um dos negociadores, ou seja, um ciclo de frustrações ocorre em virtude da má interpretação ou incompreensão dos interesses ou necessidades das partes, fazendo com que cada um interprete a situação a seu modo. (MARTINELLI E ALMEIDA, p.47, apud Costa, 2015, p. 5). Podemos então afirmar que, um conflito irá surgira quando das divergências e/ou metas entre grupos ou partes diferentes, existindo a necessidade de uma ação e reação, ou seja, se a parte A possui um objetivo diferente da parte B, mas a parte B não se sentir afetada, nesse caso não haverá um conflito entre eles. Sendo assim, as causas das origens dos conflitos podem ser: - Competição por recursos limitados; - Choque de valores e culturas diferentes; - Definir responsabilidades indesejáveis a quem irá executá-las; - Mudanças que geram medo e desconfiança. 6 2.2 As Partes de um Conflito Costa adverte que para se reconhecer a melhor forma de resolução, o objeto central do conflito e planejar a negociação, é importante caracterizar as partes envolvidas no mesmo. De acordo com Silva (2005, p.21, apud Costa, 2015, p.6), as partes de um conflito são: Primeira Parte: é aquela que inicia um conflito e o institui em termos legais. Segunda Parte: é a oponente da primeira. Consiste na parte afetada. É a segunda parte que estabelece a existência de um conflito, ao assumir suas implicações, considerando as ações da primeira parte. Terceira Parte: são aqueles que estão fora do processo de formação do conflito entre a primeirae a segunda parte, mas que de alguma forma estarão envolvidos em algum momento no processo de resolução de conflitos. Geralmente consistem em gestores, ou árbitros e mediadores. Parte Intermediária Direta: faz parte do conflito e muitas vezes constituem a equipe técnica, ou seja, é composta por aqueles que buscam e geram as informações para constituir a resolução dos conflitos. Parte Intermediária Indireta: não faz parte do conflito, mas é afetada indiretamente através dos resultados da negociação. Temos como exemplo uma empresa que produziu um sofisticado software destinado ao gerenciamento de grandes eventos e congressos. Depois de efetuada a venda a um cliente, o mesmo reclamou de mau funcionamento do produto. Todavia, a empresa antes de colocar o produto a venda, constatou que o mesmo não possuía as falhas que o cliente estava alegando ter. O gerente de desenvolvimento do produto irá testá-lo novamente e entrar em contato com o cliente para resolverem o assunto. 7 Objeto do Conflito: Falha no software para eventos. Primeira Parte: Empresa que desenvolveu o software. Segunda Parte: Cliente que adquiriu o produto. Parte Intermediária Direta: O gerente do produto que irá buscar a causa e a solução do conflito. Parte Intermediária Indireta: Os funcionários da empresa que desenvolveram o software e os participantes do evento no qual o produto deveria estar funcionando. 2.3 A Natureza dos Conflitos Inicialmente é importante destacar que a natureza dos conflitos é diferente de sua origem, isso porque um conflito se origina da contraposição de objetivos, ideais ou metas. A natureza consiste em definir quais seriam esses objetivos ou metas, que geraram o conflito. Costa, 2015, assim define a natureza dos conflitos: - Quanto aos Comportamentos: observe que há influência direta do comportamento das partes que geram um conflito, podendo se estabelecer através do comportamento os conflitos de interesse, os conflitos de opinião e até mesmo falhas comportamentais conflitantes (como quando alguém extremamente agitado fica irritado com o calmo comportamento de seu oponente); - Quanto aos Contrários: os contrários simbolizam diretamente os conflitos individuais, hierárquicos, raciais; entre instituições e organizações, estabelecendo por vezes uma relação de força e poder entre as partes; - Quanto aos Momentos de Ação: os momentos de ação são gerados diretamente sobre os fatos, as causas, os meios e os valores que predominam como objetivos entre as partes. O conflito, portanto, o resultado das diferenças de ações, atitudes, crenças, pensamentos e ainda da diversidade de sistemas e estruturas sociais. 8 3 A AGRESSIVIDADE COMO TENDÊNCIA DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS INTERPESSOAIS Fonte: targetteal.com Conforme atesta Leme, 2004, p.368, a agressividade é a tendência de resolução de conflitos interpessoais mais estudada na literatura, provavelmente por envolver maior risco para os envolvidos nos possíveis confrontos que enseja. É, ainda, a que mais apresenta dificuldades como objeto de investigação porque, o comportamento dela resultante, a agressão, é uma conduta que, além de episódica, não é facilmente definível, assumindo diferentes formas de manifestação, cuja evolução é também variável, e também, porque está sujeita à influência de variáveis, tanto biológicas como sociais. No que diz respeito ao problema da definição, pode-se constatar que vários tipos de comportamentos são considerados agressivos, variando do exemplo extremo, ataque físico a formas mais veladas, como a maledicência. O que pode ser identificado de comum nestes comportamentos é a intenção de causar prejuízo ao outro, aliada à 9 expectativa de que tal objetivo será atingido (Edmunds & Kendrick, 1980; Geen, 1990; Loeber & Stouthamer-Loeber, 1998, apud Leme 2004, p.368). Entretanto, também a atribuição de intencionalidade pode apresentar problemas como critério definidor, por estar sujeita à contaminação do juízo moral do observador (Tremblay, 2000, apud Leme 2004, p.368). A frustração intensa, por exemplo, pode desencadear comportamento muito violento que, aparentemente, não é motivado pelo desejo de causar dano. Outro aspecto que deve ser lembrado, ligado, diretamente, à questão da intencionalidade envolvida na agressão, é que, muitas vezes, um ato não é julgado agressivo, pois não provoca danos, como, por exemplo, quando uma criança pequena, cuja força ainda é insignificante, joga um objeto em alguém. 3.1 Variáveis desencadeadoras Com relação às variáveis que influem sobre o surgimento e manutenção da agressão, verificamos que, apesar das indicações da existência de um componente biológico, de função adaptativa, podem ser apontados muitos outros fatores que intervêm sobre o processo: variáveis pessoais como personalidade, experiências anteriores, expectativas socioculturais, que formam o potencial individual de agressão, dirigindo o comportamento. Dentre estas últimas, variáveis como cultura familiar e exposição à mídia violenta também influem, no sentido de seu incremento ou diminuição, por meio da aprendizagem (Geen, 1990, apud Leme 2004, p.368). Por outro lado, intervêm também no processo variáveis situacionais, como frustração, ataque, conflito, violações da norma e elementos ambientais estressantes, como calor, ruído, que influem no sentido de ativar o indivíduo, predispondo-o para o comportamento agressivo. Lemos ressalta, porém, que este comportamento é desencadeado após um processo de avaliação complexo, no qual interagem as variáveis pessoais e situacionais citadas, que aumentam ou diminuem o nível de ativação necessário para impulsionar a conduta agressiva. 10 Verifica-se que a exposição à violência tem como consequência o aumento da probabilidade de que sejam mantidos ativos na memória scripts, também violentos, redundando, possivelmente, em uma maior ativação, que pode influir sobre o processo de avaliação de situações complexas, novas ou ambíguas. Vez que todas as emoções passam por um processo de avaliação cognitiva, bastante complexo e universal, das várias dimensões envolvidas na situação desencadeadora. Essa avaliação inclui valência, isto é, se o evento eliciador é positivo ou negativo, análise da agência causadora da emoção, intenção da mesma, adequação às normas sociais do evento eliciador e da própria emoção resultante, grau de incerteza sobre as consequências envolvidas na situação, grau de controle, e, finalmente, esforço a ser despendido no lidar com a situação. Importante destacar que a avaliação é dinâmica, ou seja, à medida que transcorre o tempo em que novas informações são incorporadas, as dimensões são reavaliadas, reordenadas, resultando, às vezes, em mudança na própria emoção experimentada. Embora estas dimensões sejam provavelmente universais, na medida em que fazem parte de situações comuns à vida de qualquer indivíduo, em qualquer sociedade, como ataque, perda, surpresa etc., elas, também variam, no sentido em que cada cultura estabelece normas sobre o que consiste em novidade, ameaça, etc. Outro aspecto importante diz respeito à incorporação gradual de tais normas no sistema de crenças e valores do indivíduo, à medida em que se processa a sua socialização em uma dada cultura (Ellsworth, 1994, apud Leme 2004, p.369). A tendência do sistema cognitivo é a organização, abstração e retenção destas experiências recorrentes em esquemas de situações típicas, os chamados scripts, muitas vezes como instanciação da própria norma. É neste sentido, portanto, que a exposição à violência representa grande risco, principalmente no início da vida: os esquemas de interação social que estariam se formando e organizando nesta fase, para a solução de problemas do tipo conflito interpessoal, teriam maior probabilidade de ser de naturezamais violenta também, ocasionado distorções na interpretação de intenções, estreitando o espectro de opções de resolução, etc. 11 3.2 Aspectos Cognitivos e Afetivos Envolvidos na Agressão Uma outra polêmica entre os pesquisadores e de interesse para a presente pesquisa é se as diferentes formas de agressão, furtiva e explícita, partilham as mesmas causas. No que tange à afetividade, verifica-se o envolvimento de emoções diferentes: a raiva geralmente acompanha a explícita, enquanto a furtiva é acompanhada por afetos mais neutros, exceto pelo dano à propriedade alheia, que é voltado para prejudicar o outro (Loeber & Stouthamer-Loeber, 1998, apud Leme 2004, p.369). Acerca dos aspectos cognitivos, observam-se diferenças marcantes: na explícita é verificada dificuldade em encontrar soluções não agressivas para conflitos interpessoais e um viés nas inferências sobre as intenções alheias (Astor, 1994; Deluty, 1995; Loeber & Hay, 1997, apud Leme 2004, p.369). Os aspectos cognitivos dos perpetradores da agressão furtiva são menos conhecidos, mas supõe-se que as dificuldades mencionadas não se aplicam. Pelo contrário, este tipo de agressão exige habilidades cognitivas mais sofisticadas, como planejamento, preocupação com consumo, propriedade e mentira para escapar à punição. Leme afirma que alguns estudos localizaram causas na família para este tipo de transgressão: castigos físicos muito severos induzem a um comportamento furtivo, mais típico da agressão como roubo etc., assim como ausência de explicitação de valores como honestidade e respeito à propriedade alheia por parte dos pais no processo de socialização. Por outro lado, punições sofridas na infância, tão severas que caracterizam violência doméstica, aumentam as chances das vítimas se tornarem futuros agressores de seus familiares (Azevedo & Guerra, 1995, apud Leme 2004, p.369). A posição familiar também é importante, pois crianças com irmãos mais velhos são mais desenvolvidos na habilidade cognitiva social, a chamada teoria da mente, do que filhos únicos, e inferem melhor as intenções alheias. Outro fator a ser destacado é o gênero, nem sempre considerado por todos pesquisadores como determinante. Talvez, mais importante que esta questão, seja a suposição decorrente de que meninos e meninas seguem a mesma trajetória. Ao que tudo indica, fatores ligados à socialização têm um peso não desprezível, pois não se constatou diferença significativa quanto a este aspecto na primeira infância, o que se aplica, também, a outras emoções (Ellsworth, 1994, apud Leme 2004, p.369). No período pré-escolar, já começam a se manifestar, uma vez que os meninos começam a mostrar maior tendência do que meninas a agredir fisicamente em 12 determinados contextos. Além disso, as meninas, quando transgridem neste aspecto, iniciam mais tarde, geralmente na adolescência. 3.3 Atitudes e valores Muito se tem divergido com relação à associação da agressão a atitudes positivas frente à violência. Ao que tudo indica, explica Leme, a associação entre atitudes favoráveis à violência e agressão aumenta com a idade, assim como a estabilidade, e também, a previsibilidade mútua, da atitude prever comportamento, e este último prever a primeira. Com relação ao aspecto da transferência do comportamento, pode se verificar a variação de acordo com o contexto: nem todos aqueles que agridem em casa irão agredir na escola, e vice-versa. É possível, porém, generalizar de um contexto para outro, sendo mais provável de casa para a escola do que o inverso. Quanto à interveniência destes fatores sobre a interrupção do comportamento agressivo, e também, sobre a sua estimulação, verifica-se que esta é uma área negligenciada pelas pesquisas, que têm se concentrado mais na delinquência (Loeber & Hay, 1997, apud Leme 2004, p.369). As principais causas apontadas para a desistência são a construção de ligações fortes com instituições adultas como família, trabalho e comunidade. Ao que tudo indica, a desistência ocorre na adolescência e está diretamente relacionada à gravidade dos atos cometidos, sendo ainda, função da percepção do perpetrador das consequências do seu ato e da probabilidade de ocorrência de sanção social para os mesmos. Esta percepção é fruto de uma mudança do poder das sanções externas para a transgressão, como, por exemplo, disciplina dos pais, para uma regulação interna do comportamento. Ë muito provável que a habilidade de regular emoções negativas, como raiva e impaciência, desempenhe um papel importante na interrupção da agressão e da violência. A desistência é, possivelmente, resultado da adoção de valores e padrões de conduta não violentos. Tal mudança precisa, todavia, ser mais investigada, principalmente entre jovens do sexo masculino, para verificar se adotaram mesmo valores contrários à violência, ou se simplesmente, passaram a praticar violência doméstica contra a esposa e os filhos para uma inserção social no mundo do trabalho e da comunidade. Concluindo, os fatores protetores e de risco foram bastante investigados, mas poucos resultados 13 sólidos encontrados, exceto que as meninas são mais vulneráveis a problemas familiares graves. Finalmente, um resultado importante relacionado ao aspecto anterior: a agressividade responde bem a programas de intervenção, que infelizmente, são realizados mais frequentemente na idade escolar, quando a agressão já pode ter surgido e se instalado, sem que a criança tenha aprendido a regulação da mesma (Tremblay, 2000, apud Leme 2004, p.369). Assim resume Leme, acerca do que foi examinado acima: a agressão é um comportamento que apresenta dificuldades para ser investigado em função: 1) da grande amplitude de condutas consideradas agressivas manifestas e encobertas; 2) da dependência de critérios subjetivos, como os valores de quem observa o comportamento e emite um juízo; 3) é causado por vários fatores, cujo peso varia de acordo com a idade e gênero dos envolvidos; 4) seu surgimento e evolução também variam. Porém, um dado animador neste cenário complexo é a sua permeabilidade à aprendizagem, e consequentemente, à intervenção. A despeito destas dificuldades, algumas hipóteses podem ser levantadas a partir do que foi examinado acima: 1) é provável que se encontre diferença nesta tendência de resolução de conflitos, ligada a gênero, dado que as pesquisas constatam que a agressividade é mais comum entre meninos do que entre meninas; 2) é também provável, que em função da evolução ordenada, independente do tipo e da trajetória, sejam encontrados índices mais baixos deste tipo de tendência nas faixas etárias anteriores aos 10 anos; 3) é razoável esperar que as tendências agressivas decaiam a partir dos 10 anos, após ter atingido ali o seu ápice, pela incorporação de atitudes e valores contrários à violência que passarão a regular a conduta. 14 3.4 Condutas não Agressivas e Resolução de Conflitos Interpessoais Como já observado, verifica-se, na revisão da literatura, maior atenção ao comportamento agressivo por parte das pesquisas, do que as formas alternativas e não violentas de resolução de conflitos interpessoais: a submissão e a assertividade. O comportamento assertivo caracteriza-se, como o agressivo, pelo enfrentamento da situação de conflito, evidenciado em comportamentos explícitos de defesa dos próprios direitos e opiniões, sem, porém, apelar para qualquer forma de coerção, como violência ou desrespeito ao direito e opinião alheios (Deluty, 1981, apud Leme 2004, p.371). Além disso, envolve também expressão de pensamentos e sentimentos positivos, como, por exemplo, elogiar e concordar com opiniões dos outros. Neste sentido, é o mais desejável dos comportamentos em situações de conflito, embora nem sempre seja o mais aconselhável, como, por exemplo, em uma situação que envolverisco físico, ou quando ceder pode representar o fortalecimento de um vínculo. O comportamento submisso envolve, assim como o assertivo, a consideração dos direitos e sentimentos dos outros, só que em detrimento dos próprios. Caracteriza- se, assim, pelo não enfrentamento de uma situação, por meio de fuga ou esquiva da mesma. É muitas vezes acompanhado pela negação da ocorrência de um conflito, valendo-se de argumentos defensivos como percepção de ausência de dano, de ameaça à autoestima, etc. O comportamento submisso é mais frequente que o assertivo, por ser visto, erroneamente, como mais adaptativo, ou desejável socialmente, por não envolver confronto (Del Prette & Del Prette, 2002, apud Leme 2004, p.371). Deve ser lembrado, porém, que o aspecto de não enfrentamento da situação nem sempre é motivado pelo que é considerado socialmente desejável. Muitas vezes, o comportamento submisso é motivado, simplesmente, pelo medo do confronto, constituindo, assim, o verso da agressividade (Deluty, 1979, apud Leme 2004, p.371). Em outras palavras, muitos indivíduos se comportariam de modo agressivo em muitas situações, caso sentissem condições de obter sucesso com isso. É interessante observar a este respeito, que desde cedo, aos 5 anos em média, crianças são capazes de detectar o poder inibidor do sentimento de medo, pois crianças agressivas são percebidas por seus pares não só como agressivas, mas também como mais medrosas do que outras (Morais & cols., 2001, apud Leme 2004, p.371). 15 Inicialmente acreditava-se, que, tanto os comportamentos agressivos como os submissos, seriam mais frequentes do que os assertivos, pela inabilidade de muitas crianças em avaliar a inadequação de um comportamento naquela situação. Porém, as pesquisas têm revelado que crianças agressivas e submissas sabem que seus comportamentos são inadequados na resolução de conflitos interpessoais, entretanto, têm dificuldade em considerar respostas não agressivas ou não submissas para resolver este tipo de problema, como se as soluções possíveis se resumissem a luta ou fuga, sem outras alternativas entre os dois extremos. Além disso, verificou-se que, mesmo quando são capazes de pensar nestas alternativas, algumas acham que se beneficiarão mais apresentando um comportamento agressivo ou submisso (Deluty,1995, apud Leme 2004, p.371). 4 NEGOCIAÇÃO E O MÉTODO DE HARVARD Fonte: widoox.com.br Cada negociação é própria, isto é, as pessoas e interesses envolvidos podem ser diferentes ou o contexto é diferente ou os objetivos são diferentes ou, até o seu 16 próprio lugar, no espaço e no tempo, é diferente. Entretanto, os elementos básicos não mudam. Desta feita, querer generalizar e padronizar o processo de negociação é, em primeira instância, uma temeridade, no entanto, ter uma metodologia, ou várias, para desenvolver o processo não só é saudável como indispensável. Existem vários métodos e enfoques para conduzir e facilitar processos de negociação. Um dos mais famosos é o Método de Harvard, divulgado no livro “Getting a Yes”, ou, com o título em português, “Como Chegar ao Sim”, de Roger Fisher, William Ury e Bruce Patton. No método desenvolvido no programa de negociação de Harvard tem como premissa de que a negociação deve ser baseada em princípios, onde cada negociador deve focar no núcleo da questão e nos critérios objetivos e procurar soluções que atendam às necessidades todas as partes envolvidas. Se baseia tal método em quatro pontos fundamentais: 1 – Separe as pessoas do problema; 2 – Concentre-se em interesses, não em posições; 3 – Invente múltiplas opções, em busca de ganhos mútuos, antes de decidir; 4 – Insista em que o resultado tenha por base algum critério objetivo. 4.1 Os 4 elementos do método negociação de Harvard Gouvêa Neto, 2017, assim explica os quatro pontos relevantes desta negociação: “Separar as pessoas do problema. ” Quando temos um problema nossas emoções nos levam a ver o outro como parte do problema e não como uma parte em uma negociação na qual devemos buscar a colaboração. Por isso, os autores defendem que é importante manter o foco nas questões que devem ser tratadas e não nas pessoas envolvidas. Dessa forma, podemos ver o outro como um colaborador na busca de uma solução. Em uma mediação, o mediador deve encorajar as partes tratarem do problema e criar um https://freitasgouvea.jusbrasil.com.br/ 17 ambiente onde as pessoas possam expressar os seus sentimentos. Recomenda-se ser duro com relação ao problema e afável com as pessoas para que fique claro que o problema não são os indivíduos nem as possíveis diferenças entre eles, mas sim a questão que deve ser resolvida com a participação de ambos. “Concentre-se em interesses, não em posições. ” As partes devem superar a falha de se concentrar nas posições, pois o objetivo da negociação é satisfazer os interesses dos envolvidos. As posições obscurecem os reais interesses das pessoas e por isso devem ser deixadas de lado ao longo da negociação. O conflito em uma negociação não é de posições, mas de necessidades, desejos, preocupações e temores. São estes que devem ser explorados e explicitados em um procedimento de mediação. Provavelmente, se descobrirá que existem muitos interesses em comum e compatíveis. Uma boa dica para descobrir os interesses por trás das posições é utilizar a pergunta “Por que? ”. A partir da resposta é possível descobrir os verdadeiros motivos para a pessoa ter adotado determinada posição. Da mesma forma, é importante transmitir aos outros nossos interesses com relação ao problema. A escuta ativa exerce um papel importante neste ponto. “Invente múltiplas opções, em busca de ganhos mútuos, antes de decidir”. Para poder chegar em um acordo é necessário criar diferentes opções e usar a nossa criatividade para criá-las. Os obstáculos para fazer isso de uma forma eficiente podem ser o julgamento prematuro, a busca por uma resposta única, a pressuposição de um bolo fixo e pensar que os problemas do outro lado são de responsabilidade deles. Assim, para inventar opções criativas, os autores recomendam: separar o ato de inventar opções de julgá-las, devemos primeiro buscar todas opções possíveis sem inicialmente avaliá-las (o uso de um brainstorm pode ajudar nisso); buscar ampliar o número de opções possíveis e para isso não se deve achar que existe apenas uma resposta para o problema (consultar outras pessoas ou especialistas podem contribuir para gerar outras opções); buscar obter ganhos mútuos, por meio da identificação de interesses compartilhados e a harmonização de 18 interesses discrepantes (neste ponto pode ajudar fazer um rol de todos os interesses e necessidades apresentados pelas pessoas para clarificar quais são os compatíveis); e facilitar a decisão da outra parte criando opções que levem em conta as necessidades deles (um exercício de se colocar no lugar do outro pode contribuir para isso). “Insista em que o resultado tenha por base algum critério objetivo”. É necessário buscar critérios objetivos para que a solução possa ser considerada justa pelas partes. Utilizar algum padrão aceitável para ambas as partes facilita na escolha da solução. Pode-se usar, por exemplo, uma tabela de preço, a legislação, os usos e costumes, a avaliação de um perito, etc. O importante é que os critérios sejam sempre objeto de debate, argumentados e contra argumentados, e não é necessário que apenas um seja usado, mas eles podem contribuir muito na hora de se chegar a um acordo. 4.2 O Melhor Alternativa Para um Acordo Negociado Os autores também argumentam que muitas vezes não é possível negociar e por isso sempre é importante ter uma alternativa à negociação. É o que eles chamam de BATNA ou MAPAN, a melhor alternativa para um acordo negociado. Dessa forma, se devesempre conhecer o nosso BATNA, ou seja, quais são as alternativas existentes no caso da negociação fracassar, não ser possível que nossos interesses sejam atendidos ou até mesmo não existir a possibilidade de se estabelecer uma negociação. Descobrindo o BATNA podemos saber até que ponto podemos ir em uma negociação e o que acontecerá caso ela não chegue à um resultado satisfatório. Jamais se deve entrar em uma negociação sem conhecer as todas as alternativas. A razão da negociação é buscar um resultado melhor do que se não houvesse ela. Para conhecer e melhorar as alternativas, os autores recomendam inventar uma lista de ações que podem ser adotadas caso não se chegue em um acordo, aperfeiçoar algumas dessas ideias convertendo-as em alternativas práticas e 19 selecionar provisoriamente a que seja melhor (para saber o ponto de retirada da negociação). Também é se faz necessário conhecer qual é o BATNA da outra parte, visto que sabendo qual é a melhor alternativa deles se pode prever com eficiência o que esperar da negociação. Igualmente, em uma negociação podemos ajudar a outra parte avaliar melhor as suas alternativas, pois muitas vezes elas são superestimadas. Na mediação cabe ao mediador ajudar as pessoas descobrirem, aperfeiçoarem e avaliarem o seu BATNA (É como pintar as linhas em um campo de futebol para saber onde que o jogo pode ser jogado). 5 O ESTADO E A RESOLUÇÃO DE CONFLITOS Fonte: cnbsp.org.br Ao garantir o a cesso à justiça, na Constituição Federal de 1988, o Estado, por meio do Poder Judiciário, avocou para si a responsabilidade de resolver os conflitos da sociedade, aplicando o direito com seu poder de mando na busca da justiça (CA CHAPUZ; SUTER, 2015, apud GIMENEZ e BERNASCONI, 2016, p. 61). 20 Paralelamente, a sociedade evolui com inúmeras transformações e o direito deve acompanhar os anseios desta coletividade em constantes mudanças, buscando a justiça social e preservando a paz como arrimo de um Estado Democrático de Direito, afinal a busca pela paz social é a razão de existência do Poder Judiciário (BACELLAR, 2004, apud GIMENEZ e BERNASCONI, 2016, p. 61). Entretanto é notória a morosidade do Estado-Juiz para efetivar a tutela jurisdicional e isso causa, a cada dia, mais angústias e sofrimentos para as pessoas que estão à mercê de eficaz e célere solução de suas demandas. O excesso de formalismos dos processos judiciais, além da grande variedade de vias de impugnação às decisões proferidas durante o seu curso, são algumas causas da lentidão observada na resolução dos conflitos entregues ao judiciário. A dificuldade do Estado na administração da Justiça é foco de estudo de doutrinadores, juristas e sociólogos. Na seara das ciências sociais, Tatiana Robles (2009, p.22, apud GIMENEZ e BERNASCONI, 2016, p. 61) leciona que: O direito, que deveria assegurar as garantias mínimas da população e promover a pacificação dos conflitos sociais, não consegue por causa de um Judiciário vagaroso. Atravessamos, atualmente, uma profunda crise que gera a desestruturação do Estado e da sociedade. O Poder Judiciário acaba acumulando processos, gastando o dinheiro público e não solucionando, de maneira eficaz, as demandas sociais. Assegurou ainda a autora que “a falta de agilidade e ineficiência do Judiciário põem em risco o acesso à Justiça, assegurado pela Constituição”, fazendo com que o Estado não consiga atender às necessidades da sociedade, não cumprindo com o seu papel que é promover a Justiça. Também se faz necessário pontuar que os hipossuficientes são os que mais sofrem com as consequências da longa tramitação dos processos, porque além de aumentar custos para as partes a demora pode pressionar os economicamente limitados a trocarem o ideal de suas causas por acordos com valores abaixo do que teriam direito. A Convenção Europeia para Proteção dos Direitos Humanos e Liberdades Fundamentais reconhece explicitamente, no artigo 6º, parágrafo 1º, que a Justiça que não cumpre suas funções dentro de “um prazo razoável” é, para muitas pessoas, uma Justiça inacessível. (Mauro Cappelletti e Bryant Garth1988, p. 20-21, apud GIMENEZ e BERNASCONI, 2016, p. 62) 21 Jasson Ayres Torres (2005, apud GIMENEZ e BERNASCONI, 2016, p. 62), neste mesmo raciocínio, ensina que a justiça, ao oferecer a resolução tardia para a demanda, acaba por gerar problemas irreparáveis às partes envolvidas, atingindo o âmago do indivíduo, e que por isso seria correto afirmar que não ter acesso ao Poder Judiciário ou tê-lo e não alcançar com a agilidade desejada a reposição do direito pleiteado e no tempo exigido, representa a própria negação da justiça. Neste caminho, o Poder Judiciário não consegue suprir todos os anseios da sociedade litigante e consequentemente não restabelece a devida relação social entre as partes envolvidas no conflito, mas sim, a imposição de um direito por meio das sentenças proferidas pelos juízes. Joel Dias Figueira Junior (1999, p.129, apud GIMENEZ e BERNASCONI, 2016, p. 62), assevera: A sentença ou a decisão arbitral que acolhe ou rejeita o pedido formulado inicialmente pelo postulante não solucionam o conflito sociológico, mas simplesmente compõem a lide processual que, por sua vez, significa nada mais do que a parcela do litígio que foi levado ao conhecimento do juiz ou árbitro. Não há, portanto, um cuidado com a efetiva paz social, mas sim o equilíbrio jurídico que nem sempre estarão lado a lado, pois é sabido que há um número acentuado de interposição de recursos, além de um número exagerado de sentenças que não são cumpridas voluntariamente. Consciente do problema de alta complexidade o próprio Poder Judiciário Brasileiro procura, há tempos, novas alternativas para obtenção de respostas, procedendo à legitimação de meios consensuais de resolução de conflitos para viabilizar o acesso à justiça, especialmente, a mediação e a conciliação. 22 6 ACESSO À JUSTIÇA Fonte: guimaraes-adv.com/wp Hans Kelsen (1998, apud GIMENEZ e BERNASCONI, 2016, p. 62) ensina que a justiça se manifesta pela liberdade, paz, democracia e pela tolerância nas relações sociais. Assim sendo, o que torna a justiça algo inexplicável é o ser humano, uma vez que ela está diretamente ligada a ele. A delimitação do conceito de justiça é difícil ser feita. Discorre ainda KELSEN: “(...) não sei e não posso dizer o que significa justiça, a justiça absoluta, esse belo sonho da humanidade”. Para ele, a justiça é um conceito relativo, que cada um faz conforme sua concepção e seus princípios de vida. Nesse sentido, difícil se faz conceituar o acesso à justiça, já que possui relação com o sistema pelo qual pessoas, com direitos e deveres, querem reivindicá-los. Assim, num modelo ideal, esse sistema de justiça deve ser acessível a todos os cidadãos, fazendo o devido uso do mesmo para resolver seus litígios (CAPPELLETTI; GARTH, 1988, apud GIMENEZ e BERNASCONI, 2016, p. 63). Portanto, a disponibilização da solução para a resolução de conflitos deve se efetivar através do acesso à justiça: “sem acesso à justiça, é impossível gozar de qualquer outro direito – seja ele civil, político ou econômico – ou assegurar sua 23 realização” (Nlerum S. Okogbule, 2005, p.102, apud GIMENEZ e BERNASCONI, 2016, p. 63). Assim, no processo democrático, o acesso à justiça se torna um exercício de cidadania. O cerne do acesso à justiça não é possibilitar que todos possam ir à corte, mas sim que a justiça possa ser realizada no contexto em que se inserem as partes, com a salvaguarda da imparcialidade da decisão e da igualdade efetiva das partes. (Fernanda Tartuce, 2015, p.77, apud GIMENEZ e BERNASCONI, 2016, p. 63) Com isso, denota-se que o propósito do acesso à justiça não é apenas conseguir ter acesso ao Poder Judiciário, mas principalmente, ter acesso à ordem jurídica justa, obtendoassim uma justiça substancial. Conclui-se, desta feita, que o acesso à justiça deve ser muito mais do que garantir o acesso à justiça propriamente dito, deve assegurar o acesso à resposta esperada e efetiva obtida por meio do Poder Judiciário, objetivado através da eleição de uma adequada resolução do litígio. Nesse mesmo viés de pensamento, Luiz Guilherme Marinoni (1999, p.28, apud GIMENEZ e BERNASCONI, 2016, p. 63) apregoa que: (...) quer dizer acesso a um processo justo, a garantia a uma justiça imparcial, que não só possibilite a participação efetiva e adequada das partes no processo jurisdicional, mas que também permita a efetividade da tutela dos direitos, consideradas as diferentes posições sociais e as específicas situações de direito substancial. Acesso à justiça significa, ainda, acesso à informação e à orientação jurídica e a todos os meios alternativos de composição de conflitos. Todavia, o acesso à justiça precisa ser aperfeiçoado, proporcionando aos cidadãos maior segurança nas demandas que necessitam chegar a uma solução. A utilização dos meios consensuais de resolução de conflitos como a mediação e a conciliação, podem ser meios eficazes de se efetivar o acesso à justiça e a paz social. 24 7 MEIOS CONSENSUAIS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS Fonte: estadodedireito.com.br O conflito faz parte do cotidiano das pessoas, devendo ser interpretado como algo necessário ao aprimoramento das relações interpessoais e sociais. Aponta-se assim a necessidade de que as controvérsias sejam resolvidas de forma adequada, permitindo um sentimento de satisfação e de contemplação às pessoas envolvidas. A importância da adequação do meio de solução ao tipo de conflito aponta para uma diversidade de mecanismos de solução como também para a percepção de que se faz necessário avaliar o tipo de conflito vivido para que se possa encontrar um mecanismo de solução que se encaixe à necessidade. Nesse contexto é importante se desapegar da visão de que só é possível a resolução de um conflito por um caminho exclusivo ou quando houver intervenção estatal e passar a construir a ideia de que um sistema de resolução de conflitos é eficiente quando conta com instituições e procedimentos que procuram prevenir e resolver controvérsias a partir das necessidades e dos interesses das partes. Bolzan de Morais (1999, p. 115, apud Sales e Rabelo, 2016) sobre o tema discorre: Trata-se da exigência de garantias e meios concretos rumo à democratização do acesso à Justiça – à solução de conflitos –, princípio basilar do Estado Democrático de Direito e, consequentemente, de um repensar os modos de 25 tratamento dos conflitos, com o objetivo de implementar mecanismos de pacificação social mais eficientes, que não desvirtuem os ideais de verdade e justiça social do processo, proporcionem a desobstrução da Justiça e assegurem as garantias sociais conquistadas. Esses mecanismos possíveis, entre os quais citam-se a negociação, a conciliação, a mediação e a arbitragem, colocam-se ao lado da tradicional jurisdição como uma opção que visa vincular o tipo de conflito ao meio de solução apropriado, se apresentando também como mecanismos de inclusão social, na medida em que as partes se tornam corresponsáveis pela construção de uma resolução mais adequada para suas contendas, e, ainda, de pacificação social, já que um dos objetivos dos mesmos é que as partes aprendam a administrar seus conflitos por meio do diálogo. 7.1 Classificação e diferenças Sales e Rabelo lecionam que se pode estabelecer classificações e diferenças entre os meios de solução de conflitos sob várias perspectivas, entre as quais: referência à jurisdição e ao poder decisório. A partir da referência jurisdicional, em dois grupos: o judicial, também denominado modelo tradicional triádico, em que o conflito é dirimido por um juiz togado, que declara de quem é o Direito, e o extrajudicial, que pode ser subdividido em negociação, conciliação, mediação e arbitragem. Outros mecanismos ainda podem ser citados, apesar de não serem utilizados no Brasil; é o caso do mini-trial, avaliador neutro, med-arb. A classificação também pode-se dar sob dois outros enfoques, dependendo de quem tem poder decisório para a resolução do conflito: pode ser uma solução heterônoma, em que um terceiro decide a questão, enquadrando-se nesse enfoque a jurisdição e a arbitragem; ou autônoma (modelo consensual) em que as próprias partes procuram solucionar o conflito, não havendo, portanto, a delegação do poder de resposta, já que a mesma é construída. São exemplos desse modelo a negociação, conciliação e mediação, mecanismos que serão estudados neste artigo. No modelo triádico, o Direito propõe tradicionalmente o recurso ao Judiciário, estruturado como poder de Estado encarregado de dirimi-los. Para tanto, os sistemas 26 judiciários estatais, no interior do Estado de Direito, são os responsáveis pela pacificação social mediante imposição das soluções normativas previamente expostas por meio de uma estrutura normativa escalonada e hierarquizada, tal como pensada por Kelsen (1986). Dessa forma, está diante de um dos maiores paradigmas da sociedade atual: levar ao Judiciário todos os conflitos para que este defina quem tem razão, ou seja, a imposição da decisão como a única solução. Esse modelo é em grande parte caracterizado pela oposição de interesses entre as partes, geralmente identificadas como indivíduos isolados, e atribuição de um ganhador e um perdedor, em que um terceiro imparcial, representando o Estado, é chamado a dizer a quem pertence o Direito, impondo uma decisão – “paz” por meio de sua imposição. O crescimento da utilização desses mecanismos tem-se mostrado em diversos países, dadas a percepção da necessidade de adequação das soluções ao tipo de conflito, as dificuldades do formalismo judicial estatal e sua pouca aspiração diante do dinamismo exigido pelas diversas áreas do inter-relacionamento afetivo, profissional ou comercial entre pessoas físicas e jurídicas, e as consequências da má administração desses problemas. Nos mecanismos consensuais, há uma apropriação pelos envolvidos do poder de gerir os conflitos, caracterizando-se pela proximidade, oralidade, diminuição de custos e maior possibilidade de discussão de todos os aspectos inerentes ao conflito (não se restringindo apenas àqueles dados descritos nas peças processuais). Os mecanismos consensuais, assim, foram ganhando espaço nas sociedades em função, especialmente, da necessidade de se perceber o conflito, avaliá-lo e de encontrar caminhos para uma solução pacífica e construída, não apenas uma solução imposta. Buscou-se fortalecer os indivíduos que vivenciam o conflito, a partir do reconhecimento de suas responsabilidades como protagonistas desses processos de solução Os métodos alternativos/consensuais/ adequados de resolução de conflitos não foram criados ou aprimorados para substituir o modelo tradicional de utilização do sistema judicial, nem para descongestioná-lo (não havendo, inclusive, qualquer relação de hierarquia entre o Poder Judiciário e os mecanismos consensuais), mas sim para propiciar opções viáveis, alternativas para as pessoas que buscam soluções diferenciadas, específicas, e, talvez, especializadas para suas distintas inter-relações. A questão, portanto, é de adequação e não de 27 hierarquia. O fundamental é que cada mecanismo de solução seja adequado ao tipo de conflito, a depender da especialidade fática de cada questão. 8 IDENTIFICAÇÃO DOS MEIOS CONSENSUAIS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS COMO PRÁTICAS DEMOCRÁTICAS Fonte: genjuridico.com.br A natureza democrática desses institutos se demonstra através de suas características. A mediação, a conciliação e a negociação são procedimentos que procuram resolver os conflitos de maneira ativa, participativa, pacífica e inclusiva,por meio da valorização do diálogo, do respeito às partes, da formação de parcerias e com ativa participação e responsabilidade das pessoas. Os pontos de contato entre os institutos e a democracia se revelam nas questões como o acesso à justiça, participação, inclusão social, o exercício da cidadania, o respeito aos direitos fundamentais e o resgate da dignidade humana, pois, como afirma Dynair Daldegan (1999, p.114, apud Sales e Rabelo, 2016): 28 Seu fundamento básico tem sido o reconhecimento dos direitos humanos e da dignidade dos indivíduos, bem como a consciência da necessidade de participação democrática em todos os níveis, e a crença de que cada indivíduo pode e deve participar e ter o controle das decisões que dizem respeito a sua vida, a prevalência dos valores éticos que devem nortear os acordos particulares, e uma maior tolerância às diversidades caracterizadoras da cultura moderna-contemporânea. Esses institutos, por estimularem a participação das pessoas envolvidas numa contenda, considerando que elas sejam capazes de encontrar as soluções mais adequadas para o conflito, contribuem para uma nova visão de cidadania, na qual o indivíduo se torna protagonista e responsável por suas escolhas. Assim, existe uma estreita vinculação entre uma democracia de qualidade e a prática cidadã. Quanto mais democratizada a participação dos cidadãos nas decisões políticas, com a disponibilização tanto de mecanismos de intervenção popular (referendo, plebiscito, etc.) quanto de espaços e oportunidades para uma participação efetiva, com o respeito às diferenças e a procura da construção de consensos, maior será a noção de cidadania ali observada. Nesse sentido, a mediação, a conciliação e a negociação se aproximam da visão ampliada de prática cidadã, já que colaboram no sentido de conscientizar as pessoas com relação a seus direitos (participar, ser ouvido, opinar), assim como de seu papel como agente de transformação da realidade, como sujeito de um novo processo de transformação social. São, portanto, práticas que fomentam a democracia. O processo democrático, enquanto processo, construção, se encontra intimamente vinculado ao exercício da cidadania, se desenvolvendo de forma circular, na medida em que a efetividade da prática cidadã possibilita a construção de uma democracia forte, que, por sua vez, irá estimular a atuação de um maior número de cidadãos conscientes de sua tarefa, gerando uma vida democrática mais rica e intensa (FAZOULI, 2002, p. 63, apud Sales e Rabelo, 2016). Os referidos institutos são mecanismos que se encaixam nesse processo de construção democrática, no momento em que estimulam a participação ativa, consciente e responsável, e busca valorizar o ser humano, que, por sua vez, passa a se sentir incluído. São instrumentos que contribuem, então, para o fomento da cidadania e da participação, uma vez que possuem como um de seus requisitos fundamentais a participação ativa das pessoas na construção das alternativas e decisão da melhor solução do conflito. 29 Baseados na autonomia e partindo da premissa de que as pessoas são capazes de realizar uma comunicação eficaz, com foco no diálogo, a mediação e a conciliação incentivam o reconhecimento, pelas próprias partes, de seu papel de cidadão, não aquele identificado como povo destinatário das ações e prestações do Estado, mas do povo enquanto ator político e apto a tomar parte nos debates relativos aos assuntos tanto individuais quanto coletivos. 9 OS MEIOS DE SOLUÇÃO DE LITÍGIOS Fonte: centrodemediadores.com Existem várias formas de solução de conflitos, sendo o método heterocompositivo da jurisdição a alternativa popularmente mais conhecida e difundida em nossa sociedade. Por ser o meio mais familiar e juntamente com a cultura do adversário impregnada no país, o Judiciário se vê abarrotado de processos. De acordo com o Relatório Justiça em Números 2017, pesquisa anual realizada pelo Conselho Nacional de Justiça que traz o detalhamento da estrutura e litigiosidade do Poder Judiciário, “O Poder Judiciário brasileiro finalizou o ano de 2016 com 79,7 milhões de processos em tramitação”. A pesquisa mostra também que houve um 30 aumento no número de demandas judiciais em relação ao ano de 2015, corroborando com o costume litigioso do brasileiro. Neste contexto, afirma a Justiça em Números 2017 que, “Ingressaram 29,4 milhões de processos, crescimento de 5,6% em relação a 2015”. Do mesmo modo indica que “Em média, a cada grupo de 100 mil habitantes, 12,907 mil ingressaram com uma ação judicial ao longo de 2016”. A quantidade exagerada de demandas judiciais no país faz com que o trâmite processual seja demasiadamente lento e custoso para os todos os envolvidos, sejam eles os indivíduos conflitantes ou o próprio Poder Judiciário. De mais a mais, uma causa judicial pode ser, igualmente, bastante traumática para as partes, vez que o campo por vezes rixoso do âmbito processual pode aflorar outras desavenças, perpetuando litígio e gerando um sentimento de descrença em relação ao Poder Judiciário. E essa cultura adversarial do “tudo ou nada” também compromete a conciliação dentro do processo judicial. Desse modo, o Código de Processo Civil 2015 busca incentivar todas as partes envolvidas a se utilizarem de métodos para solução consensual, como a conciliação ou a mediação, no intuito de transformar a cultura do litígio instaurada e alcançar uma saída satisfatória aos envolvidos. Ao versar sobre a inafastabilidade da jurisdição, ressalta o artigo 3º, § 3º do CPC que: “A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial”. Nesse sentido, o artigo 139, V, explana que: “O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo- lhe: [...] V- promover a qualquer tempo a autocomposição, preferencialmente com o auxílio de conciliadores e mediadores judiciais”. A jurisdição não pode ser considerada o instituto mais adequado e eficaz para solucionar todos os tipos de conflitos, visto que há métodos de solução de conflitos que podem e devem ser utilizados a fim de sanar os litígios. Outrossim, consagrado no artigo 5º XXXV da Constituição Federal de 1988, quando o indivíduo exerce o seu direito de acesso à justiça, a finalidade é de que se alcance a solução pacífica da sua demanda, entretanto, cabe ao judiciário não apenas atingir essa finalidade, mas que o indivíduo obtenha verdadeiramente desfecho justo. 31 O fim maior do Poder Judiciário deve ser a pacificação social e, assim, independentemente do processo e do procedimento desenvolvido para a resolução dos conflitos no âmbito do que se denomina monopólio jurisdicional, cabe também ao Judiciário incentivar mecanismos e técnicas que mais se aproximem o cidadão da verdadeira Justiça. Os meios alternativos de solução de conflitos são técnicas diferenciadas de tratamento do conflito como alternativas à solução judicial. Cabe ressaltar que estes meios alternativos nasceram com o objetivo de ofertar à sociedade métodos diferentes de solução de conflitos sem haver necessidade de percorrer todas as etapas processuais até que se alcance a sentença. Como exemplos de meios alternativos de solução de conflitos podemos citar a autocomposição, a heterocomposição e a autotutela. Analisando a autocomposição, teremos a conciliação, mediação, negociação, renúncia, submissão e a transação. Em relação à heterocomposição, esta constitui-se pela jurisdição e pela arbitragem. Sobre a autotutela, esta se define como um mecanismo de imposição de vontade de uma das partes à outra, sem intervenção de um terceiro, na qual a parte mais forte se consagra como vencedora. O seu surgimento se deu muito emrazão da ausência de um Estado soberano ou pela inexistência de leis gerais que garantissem o cumprimento do direito. Tal método era empregado pelas primeiras civilizações. A autotutela é, portanto, a solução de conflitos em que ocorre a imposição do sacrifício do interesse de uma das partes pela outra, sendo conduzida pela ameaça, uso da força, perspicácia ou esperteza, que acarretam no descontrole social e a prevalência da violência. No campo da autocomposição, a negociação é o instituto em que as partes conflitantes dialogam diretamente entre si, sem a intervenção de um terceiro, reconhecem os interesses divergentes e buscam encontrar uma saída para satisfazer os interesses em comum. Em síntese, a renúncia ocorre quando uma das partes abre mão de seu direito unilateralmente. O titular do direito abdica dele, que desaparece juntamente com o conflito. Sobre a transação, esta se caracteriza pelo consentimento entre as partes que resulta em um acordo, mediante concessões recíprocas. 32 A submissão irá ocorrer quando uma das partes, além de renunciar a sua pretensão, também aceitar a vontade da parte contrária sem qualquer exigência para tanto. Daniel Assunção Amorim Neves, apud Paz, 2018, apresenta um bom e esclarecedor exemplo dos meios autocompositivos em seus livros: Marina pretende obter 10, mas Aline só está disposta a pagar 5. Havendo um sacrifício recíproco, as partes podem se autocompor por qualquer valor entre 5 e 10 (transação). Marina, por outro lado, pode abdicar do direito de crédito de 10 (renúncia). Finalmente, Aline poderia, mesmo acreditando ser devedora de apenas 5, pagar a Marina os 10 cobrados (submissão). Os métodos autocompositivos mais usais e conhecidos são: a conciliação, a mediação e a arbitragem. 10 MEDIAÇÃO E CONCILIAÇÃO Fonte: targetdialogos.com.br Conforme já mencionado, mediação e conciliação são métodos de Resolução de Conflitos, ou Resolução Adequadas de Disputas (RADs), em que um terceiro imparcial conduz ou estimula as partes interessadas a encontrar soluções facilitadas. 33 Não obstante esses dois institutos apresentarem algumas semelhanças, eles se distinguem em diversos pontos. Assim, necessário se faz conhecer cada um e suas peculiaridades, a fim de se adotar o meio mais adequado para solucionar determinado conflito. (...) a resolução do método de resolução mais indicado para determinada disputa precisa levar em consideração características e aspectos de cada processo, tais como: custo financeiro, celeridade, sigilo, manutenção de relacionamentos, flexibilidade procedimental, exequibilidade da solução, custos emocionais na composição, da disputa, adimplemento espontâneo do resultado e recorribilidade. Assim, havendo uma disputa na qual as partes sabem que continuarão a ter contato uma com a outra (e.g. disputa entre vizinhos), em regra, recomenda-se algum processo que assegure elevado índices de manutenção de relacionamentos, tal como a mediação. Por outro lado, se uma das partes tiver interesse em abrir um precedente ou assegurar grande publicidade a uma decisão (e.g. disputa relativa a direitos individuais homogêneos referentes a consumidores), recomenda-se um processo que promova elevada recorribilidade, necessária para a criação de precedente em tribunal superior, e que público ou ao menos sigiloso (e.g. processo judicial). (BRASIL. CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. AZEVEDO, André Gomma P. 20) Uma das principais diferenças entre conciliação e mediação recai justamente na atuação dos conciliadores e mediadores. Ambos se assemelham por serem terceiros imparciais que auxiliam as partes a alcançarem uma solução pacífica para a controvérsia. O conciliador deverá ser um terceiro imparcial, ou seja, sem privilegiar nenhum dos envolvidos, colaborando para que as partes cheguem a uma solução satisfatória para o conflito. Apesar dessa delegação de protagonismo às partes, o conciliador tem a importante tarefa de facilitar a comunicação entre elas, para que cheguem a um denominador comum. Paz, 2018, pontua ser ponderoso esclarecer que não se deve confundir a facilitação do diálogo com interferência tendenciosa. Não cabendo ao conciliador emitir julgamentos ou opiniões pessoais, uma vez que a decisão final caberá às partes. O Novo Código de Processo Civil, nesse sentido assim estabelece: Art. 165. Os tribunais criarão centros judiciários de solução consensual de conflitos, responsáveis pela realização de sessões e audiências de conciliação e mediação e 34 pelo desenvolvimento de programas destinados a auxiliar, orientar e estimular a autocomposição. § 2o O conciliador, que atuará preferencialmente nos casos em que não houver vínculo anterior entre as partes, poderá sugerir soluções para o litígio, sendo vedada a utilização de qualquer tipo de constrangimento ou intimidação para que as partes conciliem. O conciliador deve, assim, estar sempre atento ao desenrolar do conflito com o propósito de oferecer um leque de soluções pertinentes e criativas a fim de que as partes se interessem pela solução mais atraente ou que desperte nelas outras ideias para resolver o litígio. Com relação a figura do mediador, este também se trata de um terceiro imparcial, sem interesse na demanda, com a finalidade de facilitar o diálogo para que as partes cheguem a um entendimento. Conforme disposição do artigo 4º do Código de Processo Civil de 2015, “o mediador será designado pelo tribunal ou escolhido pelas partes”. Desta forma prevê o § 3º do artigo 165 da mesma lei: O mediador, que atuará preferencialmente nos casos em que houver vínculo anterior entre as partes, auxiliará aos interessados a compreender as questões e os interesses em conflito, de modo que eles possam, pelo restabelecimento da comunicação, identificar, por si próprios, soluções consensuais que gerem benefícios mútuos. Importante também destacar as distinções entre o mediador judicial e o mediador extrajudicial. Para atuar como mediador extrajudicial basta que seja pessoa capaz e que detenha confiança das partes, sendo desnecessário integrar conselho, entidade de classe ou associação. Entretanto, para ser mediador judicial, a lei exige ser pessoa capaz, bem como, graduada em curso de ensino superior, há no mínimo dois anos, em instituição reconhecida pelo Ministério da Educação, além da devida capacitação em escola de formação de mediadores, reconhecida pela ENFAM (Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados) ou por tribunais (arts. 9º e 11 da Lei de Mediação). http://www.jusbrasil.com.br/topicos/28896515/artigo-4-da-lei-n-13105-de-16-de-marco-de-2015 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/174276278/lei-13105-15 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/174276278/lei-13105-15 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/28895114/par%C3%A1grafo-3-artigo-165-da-lei-n-13105-de-16-de-marco-de-2015 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/28895120/artigo-165-da-lei-n-13105-de-16-de-marco-de-2015 35 É perceptível, destaca Paz, 2018, uma maior rigidez para se tornar apto a atuar como mediador judicial. A semelhança que a lei observa é a necessidade de em ambos os casos os mediadores serem pessoas capazes. No mais, a escolha para mediador extrajudicial é bastante livre, enquanto o mediador judicial precisa preencher os requisitos que a lei determina. O § 1º do artigo 167 do CPC/15, estabelece como requisito para atuação na condução da mediação ou da conciliação, que tanto os mediadores quanto os conciliadores, deverão realizar um curso de capacitação para estarem aptos a realizar tais funções. Por fim, cumpre ressaltar que quando o conciliador ou mediador tenha atuado assessorando, representando ou patrocinando qualquer das partes envolvidas, fica o mesmo impedido de atuar no procedimento com a parte mencionada por um prazo de um ano a contar do término da última audiência em queatuaram assessorando, representando ou patrocinando-a. 11 A ARBITRAGEM Fonte: dcomercio.com.br A arbitragem é um método heterocompositivo de solução de conflitos. Dentre todos os métodos de resolução de conflitos, este é o instituto mais próximo da http://www.jusbrasil.com.br/topicos/28895100/par%C3%A1grafo-1-artigo-167-da-lei-n-13105-de-16-de-marco-de-2015 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/28895102/artigo-167-da-lei-n-13105-de-16-de-marco-de-2015 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/174276278/lei-13105-15 36 jurisdição. Nele, ensina Paz, 2018, as partes elegem um árbitro em comum acordo, que vai intermediar a procedimento e ao final irá proferir uma sentença arbitral. Este instituto, ao lado da jurisdição estatal, representa uma forma heterocompositiva de solução de conflitos. As partes capazes, em comum acordo, diante de um litígio, ou por meio de uma cláusula contratual, estabelecem que um terceiro ou colegiado, terá poderes para solucionar a controvérsia, sem a intervenção estatal, sendo que a decisão terá mesma eficácia que uma sentença judicial. A Lei nº 9.307/96 (Lei de Arbitragem), estabelece no caput do art. 13: “pode ser árbitro qualquer pessoa capaz e que tenha confiança das partes”. Esse terceiro imparcial indicado pelas partes deve ter entendimento acerca da matéria discutida no litígio, sendo esse o requisito fundamental para sua escolha. Informa a doutrina que os árbitros são escolhidos em razão da sua experiência profissional, de sua reputação no mercado e da confiança de que gozam entre os litigantes. Mas nem todos os conflitos podem ser resolvidos por intermédio da arbitragem. A Lei nº 9.307/96 estabelece que as pessoas capazes interessadas poderão se valer da arbitragem para dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis, ou seja, estarão fora do âmbito da arbitragem aquelas matérias que envolvam direitos indisponíveis, tais como questões de direito tributário, penal e de família, via de regra. A arbitragem traz como ponto positivo o fato de possuir um procedimento mais célere, em comparação com a jurisdição. A sentença arbitral tem o mesmo efeito da sentença judicial e pode ser alcançada muito mais rápida. Outrossim, a arbitragem é um procedimento sigiloso, enquanto o processo judicial em regra é público. O sigilo da arbitragem é fundamental para as partes, uma vez que essas não se expõem, evitando, assim, possíveis desgastes de sua imagem. A sentença arbitral, classificada como o pronunciamento do árbitro ou do tribunal arbitral, encerra o procedimento. É o apogeu de todo o procedimento, vez que através dela irá se realizar a prestação jurisdicional almejada pelas partes. Paz, 2018, ainda destaca que a grande diferença da arbitragem com relação aos outros métodos consensuais de resolução de conflitos é que na primeira não se busca tão somente o acordo, mas a sentença arbitral ao final do procedimento. http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/103445/lei-de-arbitragem-lei-9307-96 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/203030325/lei-13140-15 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/103445/lei-de-arbitragem-lei-9307-96 37 12 POLÍTICA PÚBLICA DE TRATAMENTO ADEQUADO DE CONFLITOS Fonte: portalstylo.com.br Takahashi et e al, 2019, discorre que antes mesmo de existirem no Brasil marcos legais específicos sobre a mediação, houve importante protagonismo do Judiciário na aplicação e na regulação dos métodos consensuais por meio de resoluções, programas e núcleos permanentes de solução de conflitos, que atuam quer antes do processo judicial, quer incidentalmente a ele, em primeira instância ou em grau recursal. E é nesse cenário que se destaca a Resolução n. 125/2010 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que dispôs sobre a “Política Judiciária Nacional de Tratamento Adequado dos Conflitos de Interesse no âmbito do Poder Judiciário” e contribuiu sobremaneira para importantes passos voltados à institucionalização da mediação e da conciliação, além de difusão, sistematização e aprimoramento das práticas consensuais que já eram adotadas no Judiciário. Tal Resolução partiu da premissa de que os métodos consensuais são uma porta de acesso à Justiça tão relevante quanto a decisão judicial. Uma vez que naquele momento não havia marcos legais sobre a mediação, o papel da Resolução n. 125 do CNJ foi extremamente relevante. Além de trazer um Código de Ética, a Resolução estabeleceu parâmetros para a capacitação de 38 conciliadores e mediadores judiciais, buscando assegurar a realização da conciliação e mediação de conflitos em todo o País, ao determinar que os órgãos judiciários ofereçam, além da solução adjudicada dos conflitos, mecanismos de resolução consensual de controvérsias entre as partes, bem como a prestação de atendimento e orientação aos cidadãos, com a criação de Núcleos e Centros de Solução de Conflitos e Cidadania. No âmbito da Justiça Federal, as práticas de conciliação, de forma organizada, começaram a ser observadas a partir de 2002, em processos relativos ao Sistema Financeiro de Habitação (SFH) vinculados à Subseção Judiciária de Maringá (CALMON, 2011, p. 107-114, apud Takahashi et e al, 2019), no Estado do Paraná. Mais tarde, com a instalação dos juizados especiais federais previstos na Lei n. 10.259/2001, as conciliações foram se expandindo para as ações previdenciárias. Assim como ocorreu na Justiça Estadual, onde setores de conciliação já existiam antes da Resolução n. 125/2010 do CNJ, na Justiça Federal, os meios consensuais também já estavam presentes antes da Resolução, embora esta tenha sido um marco relevante em termos de institucionalização das práticas de conciliação e mediação em âmbito nacional. Partindo dos processos do SFH e passando pelas ações previdenciárias, a institucionalização dos mecanismos consensuais na Justiça Federal avançou para as mais variadas áreas, que são tratadas neste Manual. 13 A RESOLUÇÃO DE CONFLITOS E O CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015 Fonte:dolphin.com.br 39 A Lei de Mediação (Lei n. 13.140/2015) e o Código de Processo Civil vigente (CPC) foram marcos legais importantes para os meios consensuais. Embora não se possa dizer que mudanças culturais ocorram a partir de alterações normativas, elas costumam ter impacto na institucionalização da mediação e da conciliação, tratando de princípios e garantias básicas que devem ser resguardadas (como a imparcialidade do mediador, a autonomia de vontade, confidencialidade, informalidade, dentre outros previstos no art. 166 do CPC e art. 2o da Lei de Mediação). Nos últimos anos, a conciliação e a mediação têm sido destacados como importantes ferramentas para a solução pacífica e rápida dos conflitos, tanto na área judicial, como na esfera extrajudicial. O Conselho Nacional de Justiça deu um importante passo para estimular a mediação e a conciliação, através da Resolução nº 125 de 29 de novembro de 2010, incumbindo aos órgãos judiciários de oferecer mecanismos de soluções de conflitos e também de prestar atendimento e orientação aos cidadãos. Assim foi determinado aos Tribunais uma criação de Núcleos Permanentes de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos, os CEJUSCs, para serem realizadas sessões de conciliação e mediação pré-processuais. O Novo CPC recepcionou os anseios do CNJ de estimular o que este chamou de “Cultura da Paz”, trazendo ao texto aprovado grande destaque para as práticas de conciliação, mediação e arbitragem, firmando, assim, instrumentos de solução de conflitos de forma rápida e eficiente. Se verificarmos o Código, logo nos parágrafos do art. 3º, está disposto que o Estado tem o dever de promover sempre que possível, a solução consensual dos conflitos, a ser incentivada por todas instituições ligadas à justiça, antes ou durante o processo. Ou seja, antes de mais nada o Estado tentará de forma rápida e pacíficaresolver os conflitos, desafogando assim o acúmulo de trabalho dos Tribunais estatais. O art. 3º e seus §§ 1º, 2º e 3º, já demonstram que foi adotada uma nova visão sobre o acesso à justiça, pois a ação judicial passa ser forma residual para o estabelecimento da paz social. Podemos identificar também, no novo CPC, os artigos 139, V e 165 a 175 que dispõem sobre os conciliadores e mediadores judiciais e seus métodos para resolução de conflitos. http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/174276278/lei-13105-15 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/174276278/lei-13105-15 40 Quando não houver vínculo anterior entre as partes será preferencialmente o conciliador que atuará, sugerindo soluções para o litígio, sendo vedada a utilização de qualquer tipo de constrangimento ou intimidação para que as partes conciliem. Já nos casos em que há vínculo entre as partes, será o mediador quem irá atuar, auxiliando os interessados a compreender as questões e os interesses em conflito, de modo que eles possam, pelo restabelecimento da comunicação, identificar, por si próprias, soluções consensuais que gerem benefícios mútuos. Já o art. 334 do Novo CPC discorre sobre a audiência de conciliação ou de mediação. 13.1 A conciliação e mediação como pacificação de conflitos Não resta dúvida que a conciliação e a mediação são ferramentas importantes e instrumentos necessários para a pacificação e solução de conflitos em quase todas as áreas do direito, desde que se trate de direitos disponíveis. O Novo Código de Processo Civil mostra de forma positiva e muito objetiva os mecanismos adotados e como serão aplicados, cabendo aos operadores do direito, se adaptarem aos novos tempos, e participarem de forma efetiva na busca da pacificação social, única forma de obtermos a melhor atuação do Poder Judiciário e a prestação jurisdicional mais efetiva. Aos advogados, muitos dos quais resistentes a essas modalidades de solução de conflitos, restará se adaptarem e criarem mecanismos próprios, ou em parcerias, cercando-se de profissionais especializados de outras áreas do conhecimento para o melhor desempenho da atividade profissional. Aos Juízes e Promotores de Justiça, caberá uma mudança de postura, com a aceitação das novas normas que regerão os procedimentos judiciais, atuando de forma menos formalista e sensível à importância das novas técnicas de solução de conflitos eleitas pelo CNJ e pelo legislador brasileiro. Ao Estado, restará a responsabilidade de adotar as medidas adequadas e os aportes financeiros necessários para que o novo sistema de solução consensual de conflitos atinja os objetivos propostos, na busca de uma sociedade mais justa, menos conflituosa, igualitária e em sintonia com os princípios da cidadania e da dignidade humana assegurados na Constituição Federal. http://www.jusbrasil.com.br/topicos/28893587/artigo-334-da-lei-n-13105-de-16-de-marco-de-2015 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/174276278/lei-13105-15 41 14 AS MEDIDAS INCENTIVADAS PELO CNJ E AS POSITIVADAS PELO NOVO CPC Fonte: cnbsp.org.br A Lei nº 9.307/96 – Lei de Arbitragem – reconheceu a possibilidade de adoção da arbitragem para a solução de conflitos, assegurando a constitucionalidade da atividade. A lei garante todo o respaldo para suas sentenças, possuindo os mesmos efeitos que as proferidas pelo Poder Judiciário e não estando sujeitos à homologação deste último. Litígios envolvendo bens disponíveis podem se utilizar da arbitragem. Como exemplo, podemos citar problemas com contratos, cobranças, cheques, relações comerciais, aluguéis, condomínios, despejos, defesa consumidor, colisão de veículos, dentre outros. O novo CPC formalizou a arbitragem como jurisdição no Direito Brasileiro. A nova norma foi inserida no § 1º do artigo 3º do Novo Código. Como mencionado acima, este instituto já é regulamentado por lei própria, com as atualizações trazidas pela Lei nº 13.129/15, mas subsidiariamente se submete às normas do novo CPC. Nem por isso, ao Poder Judiciário, através de seus membros, é autorizado a discussão quanto ao mérito das decisões arbitrais. Tratam-se de jurisdições paralelas, http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/174276278/lei-13105-15 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/174276278/lei-13105-15 42 ambas reconhecidas constitucionalmente: a jurisdição estatal, que é regulada pelas normas processuais civis, e a jurisdição arbitral, que é regulada por lei extravagante. A harmonização entre ambas as jurisdições, nos termos do Novo CPC, se dá através de um novo instituto inserido no Código, conhecido como Carta Arbitral. Através desse instrumento jurídico é que formalmente se darão os pedidos de cooperação entre os juízes e árbitros. Tal instrumento está previsto no artigo 237, do CPC. Importante salientar que esse instrumento jurídico não autoriza juízes e desembargadores a revisar o mérito das decisões proferidas em âmbito arbitral. Os atos de cooperação se limitam à determinações e práticas de atos definidos em arbitragem. A cláusula arbitral é uma cláusula negocial firmada por pessoas capazes, envolvendo direitos disponíveis. Se uma das partes desobedece essa disposição contratual e ajuíza ação perante o Poder Judiciário, cabe a outra parte alegar esse descumprimento contratual, demonstrando ao juiz, a existência da convenção de arbitragem. Trata-se inclusive, esta alegação, de hipótese prevista no inciso VII, do artigo 485, do CPC, como causa em que o juiz não resolverá o mérito, inserida no Título III, do Livro VI da Parte Geral do Novo Código, que trata da Extinção do Processo. A Lei de Mediação – Lei nº 13.140/15 – alterou o Novo CPC, no que concerne ao tema da mediação, relegando à desvalia as regras do Código quando incompatíveis com a Lei de Mediação. A parte de mediação do Novo CPC foi revogada pela Lei de Mediação (posterior e especial), no que as disciplinas não sejam conciliáveis, ilação que tem reflexos absolutamente substanciais, tudo a demandar a atuação do intérprete na conciliação dos diplomas normativos. O Novo CPC permite que a audiência do artigo 334 do Novo CPC não se realize mediante consenso das partes quanto ao desinteresse no consenso, manifestado antes da data aprazada para o ato (§§ 4º e 5º). É o consenso quanto ao dissenso. Pois bem, no tocante à mediação, a disposição do Novo CPC é natimorta, pois a audiência de mediação, frente ao disposto na Lei de Mediação, não pode ser dispensada pelas partes, como se afere da leitura conjugada dos seus artigos 3º e 27. 43 Esse fatiamento do Novo CPC pela Lei de Mediação acentua a diferença entre os institutos da conciliação e da mediação, submetendo-os a regramento processual diverso, quiçá com perda de sistematicidade do ordenamento processual. Portanto, ainda que não fosse desejável, a Lei de Mediação alterou o Novo CPC, no concernente ao tema da mediação, relegando à desvalia as regras do Código quando incompatíveis com a Lei de Mediação. 15 A RESOLUÇÃO DOS CONFLITOS POR MEIO ELETRÔNICO Fonte: dazibao.com.br O Novo Código de Processo Civil prevê a exigibilidade da mediação para resolução dos conflitos, e em especial, para a cultura de mediar antes mesmo de judicializar, aliás esta tendência é mundial e o Brasil na vanguarda jurídica, vem com esta nova cultura de resolução de conflitos. No caso em tela, trabalhamos com a mediação extrajudicial e a mediação judicial, mas o objeto deste artigo é tratar a mediação eletrônica, um método mais adequado para nosso continente chamado “Brasil”. 44 Mister se faz aduzir que em uma leitura do artigo 1º do novo CPC, percebe-se que o legislador, de certa forma, deixou de lado o formalismo presente no Código de Processo Civil de 1973, trazendo o que alguns doutrinadores chamam de neoprocessualismo, que seria a atuação do direito processual com vistas ao direito constitucional
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