Prévia do material em texto
<p>DESENVOLVIMENTO</p><p>CONTRATUAL: DA FORMA À</p><p>EXTINÇÃO DOS CONTRATOS</p><p>OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM</p><p>Conhecer os elementos necessários para a formação da relação contratual.</p><p>Conhecer os elementos de execução e alteração contratual, além dos</p><p>elementos de extinção e dissolução dos contratos.</p><p>A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes</p><p>objetivos de aprendizagem:</p><p>1 CONTEXTUALIZAÇÃO</p><p>Neste segundo capítulo, o enfoque será no desenvolvimento contratual, nos</p><p>elementos necessários para a formação da relação contratual e as suas</p><p>caraterísticas, em seguida estudaremos os elementos necessários para a sua</p><p>execução, bem como de alteração contratual e, por �m, como o contrato tem seu</p><p>�m, estudando os elementos de extinção e dissolução dos contratos.</p><p>Neste capítulo trabalharemos os aspectos teóricos trazidos pela doutrina, mas</p><p>também pincelando o entendimento utilizado nos tribunais e na prática</p><p>Capítulo 2</p><p> </p><p>01/10/2024, 22:07 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=2 1/26</p><p>pro�ssional na elaboração contratual, �cando um conteúdo bastante técnico que</p><p>possibilitará o aprendizado para a elaboração, a interpretação e a execução dos</p><p>contratos.</p><p>2 ELEMENTOS FORMATIVOS DA RELAÇÃO CONTRATUAL</p><p>Conforme estudamos no primeiro capítulo, o contrato nasce com as partes</p><p>exercendo a sua autonomia da vontade e em consenso negociam uma obrigação</p><p>com contraprestação que tenha algum valor. Assim, temos que o primeiro passo</p><p>para a formação do contrato é a expressão da livre e válida vontade entre as</p><p>partes de realizarem um negócio jurídico.</p><p>Esse primeiro passo divide-se, conforme Tartuce (2017), em quatro oportunidades,</p><p>sendo a primeira delas a fase de negociação preliminar (puntuação), em seguida a</p><p>fase de proposta publicitação ou oblação, a fase de contrato preliminar e a fase de</p><p>contrato de�nitivo ou conclusão do contrato.</p><p>Em paralelo também serão abordados os requisitos do Código de Defesa do</p><p>Consumidor, que expõe de forma mais detalhada os requisitos especí�cos para a</p><p>formação contratual que envolvam bens e serviços consumeristas, sendo</p><p>complementados subsidiariamente com os requisitos tratados na lei geral (Código</p><p>Civil) nos contratos.</p><p>2.1 FASE DE NEGOCIAÇÕES PRELIMINARES (PUNTUAÇÃO)</p><p>Destacamos de forma inicial que esta fase não está prevista no Código Civil,</p><p>contudo, ela faz parte da prática cotidiana da formação contratual, porque seriam</p><p>as primeiras conversas para a formação do negócio jurídico. Anteriormente a</p><p>qualquer assunção de proposta, ela pode estar presente numa troca de e-mails,</p><p>carta de intenções ou qualquer documento prévio à proposta do negócio jurídico.</p><p>Conforme Tartuce (2017), essa fase não geraria obrigação, logo, responsabilização</p><p>civil das partes, como ocorreria na proposta ou policitação nos termos do art. 427</p><p>do Código Civil. Isso não signi�ca dizer, entretanto, que é um debate paci�cado.</p><p>A mesma doutrina de Flávio Tartuce (2017), citada anteriormente, destaca que por</p><p>mais que essa fase não vincule as partes a obrigações do contrato principal, por</p><p>base no princípio da boa-fé objetiva que vincula todas as fases do negócio jurídico,</p><p>Capítulo 2</p><p> </p><p>01/10/2024, 22:07 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=2 2/26</p><p>vincularia possíveis obrigações acessórias ou perdas e danos, conforme deveriam</p><p>as partes agir ou deixarem de agir, alinhando-se aos arts. 187 e 422 do Código</p><p>Civil.</p><p>Assim, para a con�guração da responsabilização civil na fase de puntuação,</p><p>dependerá da análise do caso concreto e de critérios subjetivos, como a con�ança</p><p>depositada na promessa, mas deve pressupor que essa con�guração será aferida</p><p>quando a parte que rompe a con�ança na tratativa preliminar trair as expectativas,</p><p>frustrando o negócio.</p><p>Nesta fase, deve-se ter atenção ao Código de Defesa do Consumidor - CDC -,</p><p>quando a matéria contratual for consumerista, porque a legislação especial,</p><p>sobretudo entre os arts. 30, 38 e 52, prevê uma série de parâmetros quanto à</p><p>oferta do serviço ou produto. Assim, tanto para a fase preliminar quanto para a</p><p>fase seguinte, a fase da proposta (que estudaremos a seguir), é necessário seguir</p><p>essas regras para não invalidar o contrato e ele ser considerado abusivo ou</p><p>nulo/anulável.</p><p>Esses parâmetros dão amplitude ao conceito consumerista de oferta, que além de</p><p>séria, clara, precisa e de�nitiva, acaba sendo mais ampla porque se dirige a</p><p>pessoas indeterminadas, para contratação em massa, por exemplo. Devendo o</p><p>fornecedor assegurar toda a proposta, não apenas o preço, mas também as</p><p>quantidades das características dos produtos e serviços veiculados aos públicos</p><p>(GONÇALVES, 2012).</p><p>2.2 FASE DE PROPOSTA, POLICITAÇÃO OU OBLAÇÃO</p><p>A fase de proposta é a fase de�nida no artigo 427 do Código Civil, que seria a</p><p>formalização da oferta, sendo classi�cada como uma declaração de vontade</p><p>unilateral à outra parte e, em contrapartida, espera-se a concordância.</p><p>Deve-se ter atenção na proposta, sobretudo em matéria consumerista, porque ela</p><p>vincula o proponente à matéria proposta, sendo que, em matéria consumerista, a</p><p>alteração da proposta ou retirada da oferta deverá ser feita por meio público e</p><p>equivalente ao meio ofertado.</p><p>Para que a proposta seja válida, ela deverá conter o objeto contratual, o preço ou</p><p>valor, a forma de pagamento, o tempo de execução do contrato e os pontos</p><p>Capítulo 2</p><p> </p><p>01/10/2024, 22:07 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=2 3/26</p><p>essenciais para a formação do negócio jurídico, sendo �rmado o contrato a partir</p><p>da aceitação (MELLO, 2017).</p><p>O doutrinador Flávio Tartuce destaca que quando a matéria for direcionada ao</p><p>público em geral, a promessa permanecerá até encerrar os requisitos essenciais</p><p>do contrato:</p><p>O caráter receptício da Declaração é mantido se a promessa for direcionada ao</p><p>público, conforme consagra o art. 429 do Código Civil, hipótese em que o oblato é</p><p>determinável, não determinado. Também nessa hipótese, a proposta vincula aquele</p><p>que a formulou quando encerrar os requisitos essenciais do contrato, salvo se o</p><p>contrário resultar das circunstâncias ou dos usos (TARTUCE, 2017, p. 193).</p><p>Obviamente, nenhuma proposta tem caráter absoluto, sendo possível revogar a</p><p>oferta ao público nos termos do art. 429, parágrafo único do Código Civil, desde</p><p>que se utilize da mesma via de divulgação (ressalvada as circunstâncias da</p><p>divulgação), respeitando o dever de informar as partes interessadas.</p><p>A aceitação da proposta, segundo o Código Civil, deve ser séria, clara, precisa e</p><p>de�nitiva (art. 427), contudo, como dissemos anteriormente, ela não tem caráter</p><p>absoluto, podendo deixar de ser obrigatória nas hipóteses do art. 428, que</p><p>determina:</p><p>I - se, feita sem prazo à pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se</p><p>também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação</p><p>semelhante;</p><p>II - se, feita sem prazo à pessoa ausente, tiver decorrido tempo su�ciente para</p><p>chegar a resposta ao conhecimento do proponente;</p><p>III - se, feita à pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo</p><p>dado;</p><p>IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a</p><p>retratação do proponente.</p><p>Assim, tem-se emprimeira hipótese, que é de não obrigatoriedade, e da não</p><p>aceitação imediata, quando a proposta for feita sem prazo à pessoa presente, ou</p><p>seja, imediatamente em sua presença (por meio físico, digital ou qualquer outro</p><p>meio).</p><p>Capítulo 2</p><p> </p><p>01/10/2024, 22:07 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=2 4/26</p><p>A segunda hipótese trata-se de quando a proposta tiver sido feita à pessoa</p><p>ausente, sem prazo, mas com tempo su�ciente para a resposta do proponente.</p><p>A terceira hipótese de não obrigatoriedade ocorre quando a proposta tiver sido</p><p>feita à pessoa ausente e após o prazo determinado não houver tido a resposta.</p><p>Também há a hipótese de retratação (alteração da proposta) quando chegar antes</p><p>ou em simultâneo à alteração/retratação da proposta ao oblato, sendo</p><p>considerada inexistente a aceitação nessa hipótese (art. 433 do Código Civil).</p><p>Há, ainda, uma quinta hipótese, que é condicionada às circunstâncias dos fatos,</p><p>prevista no art. 430 do Código Civil. O artigo prevê que por meio alheio à vontade</p><p>das partes (imprevisto), e a aceitação da proposta chegar tardiamente ao</p><p>conhecimento do preponente, este deverá comunicar o fato ao aceitante sob pena</p><p>de responder por perdas e danos, sendo que a aceitação da contraproposta fora</p><p>do prazo, isto é, com as modi�cações, adições e restrições novas, será considerada</p><p>para efeitos legais, como nova proposta e será de liberalidade do proponente</p><p>aceitar ou não (art. 431 do Código Civil).</p><p>Se o negócio for de costume não ter a aceitação expressa, como compra e venda</p><p>de imóveis, ou houve a dispensa da aceitação expressa pelo proponente, a</p><p>proposta se dará concluída caso não chegue a tempo a recusa, é o que dispõe o</p><p>art. 432 do Código Civil. Contudo, Tartuce (2017) destaca que o referido artigo é</p><p>controvertido pela doutrina, por não respeitar uma importante regra da parte</p><p>geral do Código Civil:</p><p>Enuncia o art. 432 do atual Código Privado que, se o negócio for daqueles em que</p><p>não seja costume a aceitação expressa, ou o proponente a tiver dispensado, reputar-</p><p>se-á concluído o contrato, caso não chegue a tempo a recusa. Esse dispositivo trata</p><p>da aceitação tácita ou silêncio eloquente, que é possível no contrato formado entre</p><p>ausentes. O dispositivo é criticado por parte da doutrina, pelo fato de contrariar a</p><p>regra contida no art. 111 do Código Civil, pela qual quem cala não consente: “O</p><p>silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não</p><p>for necessária a declaração de vontade expressa” (TARTUCE, 2017, p. 194).</p><p>Os contratos entre ausentes, conforme mencionamos anteriormente, seriam</p><p>aqueles em que a proposta é dada à pessoa que não está imediatamente diante</p><p>do proponente. O Código Civil, no art. 434, dispõe que o contrato por pessoaCapítulo 2</p><p> </p><p>01/10/2024, 22:07 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=2 5/26</p><p>ausente será perfeito a partir da aceitação da proposta, contudo, traz consigo três</p><p>exceções em que eles não serão perfeitos (ausentes de qualquer tipo de vício).</p><p>A primeira delas é o texto do art. 433 do Código Civil, que é o caso de retratação da</p><p>proposta; a segunda exceção é a que o preponente tiver se comprometido em</p><p>esperar a resposta e a última exceção é se a proposta não chegar no prazo</p><p>convencionado. Um adendo a estas exceções é de no caso de falecimento da</p><p>parte, os sucessores herdariam a obrigação contratual.</p><p>O local da celebração do contrato será o local em que foi proposto (art. 435 do</p><p>Código Civil), na prática, elege-se o foro por convenção das partes. Essa regra do</p><p>art. 435 do Código Civil não se aplica aos contratos internacionais, que conforme o</p><p>art. 9, §2º, da Lei de Introdução ao Direito Brasileiro (LINDB), o local do contrato é o</p><p>da residência do proponente, contudo, essa regra é muito criticada pelos</p><p>doutrinadores internacionalistas de direito privado, como Maristela Basso (2013),</p><p>porque em comparação a outros países, é uma regra que de certa forma atrapalha</p><p>a composição dos contratos internacionais, sobretudo na questão da escolha do</p><p>direito aplicado ao contrato internacional.</p><p>A denominação das partes envolvidas na fase de proposta pode aparecer de</p><p>diversos modos, alterando sua posição de acordo com quem oferece a proposta</p><p>ou contraproposta, nesse sentido, para simpli�car, a �gura a seguir ajudará nessas</p><p>de�nições.</p><p>FIGURA 1 – DENOMINAÇÃO DAS PARTES ENVOLVIDAS</p><p>Capítulo 2</p><p> </p><p>01/10/2024, 22:07 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=2 6/26</p><p>FONTE: A autora</p><p>2.3 FASE DE CONTRATO PRELIMINAR</p><p>A fase preliminar ao contrato, também conhecida como fase de pré-contrato,</p><p>apesar de estar disciplinada no Código Civil, é uma fase facultativa às partes, não</p><p>sendo obrigatória a sua realização. Contudo, é bastante comum a sua utilização</p><p>para que não haja problemas no contrato principal.</p><p>É preciso ter atenção aos contratos preliminares, pois, como não são o contrato</p><p>principal, podem acabar gerando obrigações extracontratuais de perdas e danos,</p><p>se em decorrência deste contrato houver a promessa de celebrar o contrato</p><p>de�nitivo.</p><p>Os requisitos essenciais dos contratos preliminares deverão seguir os requisitos</p><p>comuns a todos os negócios jurídicos, assim, é indispensável que seja indiciada a</p><p>natureza do negócio e a modalidade será caracterizada pelo conjunto das</p><p>cláusulas (NADER, 2018). Assim, destaca-se:</p><p>Para que a promessa alcance validade jurídica é indispensável que as partes, além de</p><p>atenderem aos requisitos gerais dos negócios jurídicos, de�nam as cláusulas do</p><p>futuro contrato. Tratando-se de negócio de compra e venda, a promessa haverá de</p><p>indicar o objeto, o preço, a modalidade de pagamento e qualquer convenção</p><p>especial que as partes pretendam, como a referente à preempção ou preferência. De</p><p>acordo com a doutrina, não há necessidade de se �xarem, previamente, todas as</p><p>cláusulas e condições do futuro contrato. As principais devem �car assentadas e as</p><p>demais, embora não determinadas, necessitam ser determináveis, excluindo-se o</p><p>arbítrio de uma só parte (NADER, 2018, p. 184).</p><p>O contrato preliminar pode ainda se limitar apenas à criação do contrato</p><p>de�nitivo, mas também pode decidir quando iniciará a execução da obrigação, ou</p><p>seja, a obrigação só será executada ou cumprida com o segundo contrato</p><p>(principal) (NADER, 2018).</p><p>“Em se tratando de promessa de compra e venda, é possível as partes estipularem</p><p>que a prestação se fará integralmente no ato da escritura de�nitiva ou a partir</p><p>desta, podendo optar, todavia, pelo início de pagamento antes do contrato</p><p>de�nitivo” (NADER, 2018, p. 180). Capítulo 2</p><p> </p><p>01/10/2024, 22:07 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=2 7/26</p><p>Este tipo de contrato não necessariamente precisa de registro para a sua validade,</p><p>mas é interessante o registro para precaver direito de terceiros que possam</p><p>frustrar o negócio jurídico ora pactuado, sobretudo em contratos de mútuo e de</p><p>compra e venda. Em caso de bens imóveis, o registro será feito no Cartório de</p><p>Registro de Imóveis, no caso de bens móveis dependerá do bem; no caso de ser</p><p>automóvel, o registro será feito no Departamento de Trânsito (DETRAN);</p><p>embarcações marítimas, o registro será feito na Capitania dos Portos (Marinha)</p><p>etc.</p><p>É bastante importante que o discente esteja consciente da diferenciação do</p><p>contrato preliminar e oferta. Na prática negocial e contratual, às vezes a situação</p><p>pode ser de difícil distinção.</p><p>Estudamos anteriormente que a oferta se trata de uma fase pré-processual, uma</p><p>tratativa em que não há vínculo entre as partes, apenas o oferecimento da</p><p>formação do negócio jurídico. Em contrapartida, o contrato preliminar seria o</p><p>vínculo pré-constituído entre as partes através de um negócio jurídico bilateral de</p><p>forma inicial.</p><p>Esta fase tem previsão legal no Código Civil entre os arts. 462 a 466 e conta com</p><p>pelo menos dois subtipos de contratos e um instituto, o contrato de compromisso</p><p>unilateral (contrato de opção) e o contrato de compromisso bilateral e instituto do</p><p>contrato com pessoa a declarar.</p><p>2.3.1 O Contrato de Compromisso Unilateral</p><p>O contrato de promessa unilateral é previsto no art. 466 do Código Civil e dispõe</p><p>que, para ter efeito, o credor deverá se manifestar no prazo previsto da proposta</p><p>ou na</p><p>inexistência de prazo, o tempo que for razoável, desde que assinado pelo</p><p>devedor.</p><p>Essa modalidade seria uma opção de contrato em que as duas partes assinam o</p><p>contrato, mas apenas uma das partes assume o dever e a obrigação de fazer o</p><p>contrato de�nitivo. Um exemplo prático deste tipo de contrato seria o de leasing,</p><p>no qual o arrendatário tem a opção de compra após o �nal do aluguel (TARTUCE,</p><p>2017).</p><p>2.3.2 O Contrato de Compromisso Bilateral</p><p>Capítulo 2</p><p> </p><p>01/10/2024, 22:07 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=2 8/26</p><p>O contrato de promessa bilateral é regido pelo art. 463 do Código Civil e dispõe</p><p>dos mesmos deveres de um contrato normal (art. 104 do Código Civil), assim, as</p><p>partes ao mesmo tempo assumem a obrigação de celebrar o contrato de�nitivo,</p><p>contudo, esse contrato de promessa bilateral somente terá efeito se não tiver</p><p>cláusula de arrependimento.</p><p>Uma observação importante quanto ao parágrafo único do art. 463 do Código Civil,</p><p>ao falar que o contrato preliminar nessa modalidade deve ser levado ao registro</p><p>competente, a doutrina destaca que essa interpretação deve ser dada de forma</p><p>diferente da leitura literal do artigo, “a palavra ‘deve’, constante do comando legal</p><p>em questão, merece ser interpretada como sendo um ‘pode’” (TARTUCE, 2017, p.</p><p>199).</p><p>Com base nessa interpretação, tem-se que se o contrato bilateral de promessa não</p><p>for registrado (no órgão competente, conforme o objeto do contrato) haverá a</p><p>obrigação de fazer os efeitos obrigacionais entre as partes. Contudo, se houver o</p><p>registro, dependendo do objeto, como uma compra e venda de imóveis com o</p><p>registro no Cartório de Registro de Imóveis, poderá gerar uma obrigação de dar o</p><p>direito real da coisa (TARTUCE, 2017).</p><p>Entretanto, se o estipulante não der continuidade ao contrato de promessa, este</p><p>será desfeito e poderá a parte não executante responder por perdas e danos,</p><p>conforme o art. 465 do Código Civil.</p><p>2.3.3 Instituto do Contrato com Pessoa a Declarar</p><p>A �gura do instituto do “contrato com a pessoa a declarar”, em que pese não seja</p><p>tecnicamente um contrato, aparece nos contratos preliminares e na seção</p><p>seguinte do Código Civil nos arts. 467 e 471. “A �gura do contrato com pessoa a</p><p>declarar também é conhecida como a previsão de uma cláusula contratual pro</p><p>amico eligendo” (TARTUCE, 2017, p. 201).</p><p>O objetivo deste instituto, conforme o art. 467 do Código Civil, é de regular que</p><p>uma das partes no momento da conclusão do contrato, poderá facultar/indicar</p><p>outra pessoa que adquirirá os direitos e assumirá a partir do momento em que foi</p><p>celebrado o contrato as obrigações decorrentes deste (art. 469 do Código Civil).</p><p>A indicação de outra pessoa deverá ser feita pelo prazo de até cinco dias após o</p><p>encerramento do contrato, se não tiver outro prazo prescrito no contrato (art. 468</p><p>Capítulo 2</p><p> </p><p>01/10/2024, 22:07 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=2 9/26</p><p>do Código Civil). A aceitação só será e�caz se for feita da mesma forma que o</p><p>contrato de proposta, ou seja, se for uma proposta por escrito, a aceitação deverá</p><p>ser por escrito (parágrafo único do art. 468 do Código Civil).</p><p>O Código Civil, no art. 470 e seus incisos, faz duas ressalvas quanto à ine�cácia da</p><p>nomeação de pessoas para assunção das obrigações. A primeira delas é a não</p><p>indicação dessa pessoa no prazo ou se a pessoa indicada negar sua nomeação. A</p><p>segunda hipótese de ine�cácia é se a pessoa nomeada era insolvente e a pessoa</p><p>desconhecia a situação da nomeada; em ambos os casos poderá haver a</p><p>substituição do nomeado caso haja previsão contratual de reserva de nomeação.</p><p>Neste sentido:</p><p>A cláusula de reserva de nomeação pode incidir sobre a generalidade das espécies</p><p>contratuais, tanto os que provocam efeitos pessoais, quanto reais. Para alguns</p><p>autores os contratos estipulados intuitu personae não comportam a cláusula. Tal</p><p>restrição não se justi�ca, pois cabe ao promittens avaliar o seu próprio interesse,</p><p>julgando a conveniência de admitir a substituição da contraparte (NADER, 2018, p.</p><p>190).</p><p>Devemos nos atentar quanto à execução do contato, pois pode gerar uma</p><p>incerteza em caso de não aceitação pelo terceiro, no qual permanecerá a oferta do</p><p>estipulante. Assim “ao promitente a situação não se altera com a substituição,</p><p>salvo quanto à pessoa da contraparte, perante a qual deverá exercer direitos e</p><p>obrigações” (NADER, 2018, p. 190).</p><p>2.4 FASE DE FORMAÇÃO DO CONTRATO DEFINITIVO</p><p>A fase de formação do contrato de�nitivo é a fase mais esperada pelos</p><p>contratantes, signi�ca a confecção do contrato principal que regera as regras de</p><p>execução e nos termos e obrigações do negócio jurídico entre as partes, advindo à</p><p>responsabilidade civil contratual.</p><p>A responsabilização civil contratual está prevista no direito obrigacional, regulado</p><p>pelos arts. 389 a 391, que trabalham o inadimplemento das obrigações, assim, não</p><p>se pode confundir com a responsabilização civil extracontratual prevista no art.</p><p>186 do Código Civil, que é a responsabilidade em decorrência de atos ilícitos civis</p><p>(TARTUCE, 2017). Capítulo 2</p><p> </p><p>01/10/2024, 22:07 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=2 10/26</p><p>Um aspecto importante da prática jurídica nesta fase de formação do contrato</p><p>de�nitivo é ter atenção na elaboração desde os termos semânticos utilizados, que</p><p>devem ser claros e objetivos, respeitando a cordialidade e a boa-fé.</p><p>Além disso, é preciso observar as mais diversas hipóteses de frustração do</p><p>contrato e os possíveis impactos econômicos do negócio, assim, será melhor</p><p>prevenir problemas futuros aos contraentes. É interessante, para sugestão, que se</p><p>faça uma pesquisa sobre o negócio jurídico, descobrindo o que a doutrina e</p><p>sobretudo a jurisprudência têm adotado para o negócio jurídico e as principais e</p><p>atuais divergências do caso.</p><p>Lembre-se: é muito melhor um contrato bem redigido, objetivo e honesto</p><p>com cláusulas que previnam a frustração, do que contratos prolixos, grandes</p><p>e com expressões abertas que deem margem para discussões.</p><p>Se o objeto do contrato for consumerista, além dos requisitos dos arts. 30 a 38 do</p><p>CDC, também deve-se atentar ao artigo 52 do CDC, conforme destaca Tartuce</p><p>(2017, p. 205):</p><p>Pelo art. 52 da Lei 8.078/1990, em sintonia com o dever de informação, um dos</p><p>baluartes da boa-fé objetiva, no caso de outorga de crédito ou �nanciamento a favor</p><p>do consumidor, deverá o fornecedor informar ao consumidor prévia e</p><p>adequadamente sobre:</p><p>a) O preço do produto ou serviço em moeda nacional corrente.</p><p>b) O montante dos juros de mora e da taxa efetiva anual de juros.</p><p>c) Os acréscimos legalmente previstos.</p><p>d) O número e a periodicidade das prestações.</p><p>e) A soma total a pagar, com e sem �nanciamento.</p><p>Ressalta-se que o art. 52 do CDC também se aplicará a todas as fases pré-</p><p>contratuais.</p><p>Capítulo 2</p><p> </p><p>01/10/2024, 22:07 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=2 11/26</p><p>3 ELEMENTOS DE EXECUÇÃO E ALTERAÇÃO DA RELAÇÃO</p><p>CONTRATUAL</p><p>Neste ponto do estudo, estudaremos os elementos de execução do contrato e as</p><p>possibilidades extrajudiciais e judiciais de alteração da relação contratual.</p><p>3.1 ELEMENTOS DE EXECUÇÃO DO CONTRATO</p><p>Rapidamente, para iniciarmos com o estudo da execução dos contratos,</p><p>relembraremos que o contrato, para ter efeito, precisa: existir (agente, vontade,</p><p>objeto, forma etc.), ser válido (capacidade do agente, liberdade, licitude,</p><p>possibilidade, objeto determinado/determinável, adequação à ordem pública) e ter</p><p>e�cácia (condição, termo, consequências do inadimplemento negocial etc.). Logo,</p><p>os elementos de execução do contrato são os elementos do negócio jurídico,</p><p>conforme visto no primeiro capítulo.</p><p>Quanto à execução</p><p>dos contratos, Coelho (2012) expõe que ela pode ser</p><p>classi�cada de duas formas: a execução voluntária e a execução forçada. A</p><p>execução voluntária seria a forma natural de um contrato, no qual o devedor de</p><p>forma voluntária realiza a contraprestação ao credor nos termos do contrato. Já a</p><p>execução forçada seria quando a execução da obrigação ou indenização pela não</p><p>execução tiver que ser submetida ao Judiciário ou à Câmara Arbitral para a</p><p>resolução do litígio.</p><p>A execução forçada pode ser distinguida como especí�ca ou subsidiária. A</p><p>execução forçada especí�ca seria garantir através do Judiciário ou arbitragem os</p><p>efeitos naturais do contrato, como se a execução tivesse sido voluntariamente.</p><p>Enquanto a execução forçada subsidiária seria o resultado através do Poder</p><p>Judiciário ou arbitral, decisão próxima ou simular da execução voluntária ou ainda</p><p>indenização por danos decorrente da omissão obrigacional (COELHO, 2012).</p><p>Nos interessa neste momento do estudo justamente a e�cácia do contrato, porque</p><p>é a partir desse plano que a exequibilidade trabalhará no limiar, dependendo do</p><p>caso entre a execução voluntária e involuntária. Para isso, existem dois institutos</p><p>do direito civil que abordam a exequibilidade contratual, são eles: a “exceção de</p><p>contrato não cumprido” e o “direito de retenção”. Ambos decorrentes das</p><p>obrigações descritas no contrato, provenientes das condições, do termo de</p><p>negócio, das consequências do inadimplemento, entre outros.</p><p>Capítulo 2</p><p> </p><p>01/10/2024, 22:07 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=2 12/26</p><p>3.1.1 O Instituto da Exceção de Contrato não Cumprido</p><p>Nos contratos bilaterais, em regra geral, as obrigações são recíprocas às partes</p><p>contratantes, ou seja, quando ambas são credoras e devedoras ao mesmo tempo.</p><p>Por isso, o instituto bastante antigo da “exceção do contrato não cumprido”,</p><p>previsto no art. 476 e 477 do Código Civil, tem por objetivo garantir a autonomia da</p><p>vontade, paridade das obrigações das partes.</p><p>O instituto determina o seguinte: se uma das partes deixar de cumprir uma das</p><p>obrigações (�car em mora), a parte que está em mora com a obrigação não poderá</p><p>exigir da outra que também cumpra a obrigação, porque ambas têm o dever de</p><p>cumprir igualmente a obrigação contratual. As prestações não precisam ser</p><p>necessariamente equivalentes, sendo requisito a existência de recíprocos crédito e</p><p>débitos (COELHO, 2012). A doutrina ainda ressalta que essa exceção não se aplica</p><p>aos contratos unilaterais: “A exceção do contrato não cumprido é estranha aos</p><p>contratos unilaterais porque não há neles reciprocidade das posições ativa e</p><p>passiva da obrigação. No contrato unilateral, um contratante é só credor, e o</p><p>outro, apenas devedor” (COELHO, 2012, p. 213).</p><p>Assim, a legislação repudia a premissa de pressionar a execução do contrato com</p><p>base na retenção de contraprestação. Por não ter função econômica, lógica ou</p><p>jurídica, essa sistemática combatida pela exceção de contrato não cumprido visa</p><p>manter a justiça e o equilíbrio �nanceiro entre as partes (COELHO, 2012).</p><p>Por �m, devemos nos atentar que a alegação da exceção de contrato não</p><p>cumprido deve ser feita a partir da imediata constatação da mora, desde que</p><p>ainda haja alguma prestação a entregar (COELHO, 2012). Em razão da mudança</p><p>considerável de patrimônio decorrente da mora do devedor, o credor poderá</p><p>postergar o adimplemento da obrigação após a contraprestação, conforme o art.</p><p>477 do Código Civil.</p><p>3.1.2 Direito de Retenção</p><p>O direito de retenção é aquele direito de apropriar, provisoriamente, de coisa ou</p><p>bem, desde que de boa-fé e seja permitido por lei essa retenção. Esse direito surge</p><p>das relações jurídicas estranhas aos negócios jurídicos bilaterais.</p><p>Para melhor exempli�car, retira-se do art. 1.219 do Código Civil, a seguinte</p><p>situação:</p><p>Capítulo 2</p><p> </p><p>01/10/2024, 22:07 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=2 13/26</p><p>Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias</p><p>necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a</p><p>levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de</p><p>retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis.</p><p>Neste exemplo, Coelho (2012) explica que a benfeitoria (construção de melhoria,</p><p>por exemplo) poderá �car retida até que seja indenizada, desde que ela seja feita</p><p>de boa-fé e seja necessária ou útil.</p><p>Apesar de não estar prevista em lei, a hipótese de retenção em virtude contratual,</p><p>que é a exceção, em detrimento da regra geral de ser regulada em hipóteses</p><p>legais, enxerga-se com bons olhos a interpretação do art. 476 do Código Civil.</p><p>O art. 476 do Código Civil dispõe que se prevenindo de dano ao seu patrimônio, o</p><p>contratante adimplente poderá reter temporariamente a obrigação contratual até</p><p>que o devedor regularize sua situação. A ressalva da a�rmação de Coelho (2012)</p><p>quanto a esse instituto é que a retenção não será legítima se o contratante exercer</p><p>sobre coisa ou bens do devedor que sejam estranhas ao contrato que originou a</p><p>relação contratual.</p><p>3.2 ALTERAÇÃO CONTRATUAL</p><p>A alteração contratual pode ocorrer por diversos motivos, como alteração da</p><p>política econômica, prejuízo imprevisto, aumento de tarifa, aumento de custo do</p><p>serviço, entre outros motivos. Vimos no primeiro capítulo que uma das primeiras</p><p>fontes dos contratos é a autonomia da vontade, em que as partes se expressam</p><p>em querer realizar o negócio jurídico. Pode-se dizer que a alteração contratual se</p><p>dará em duas principais formas: a forma consensual e a forma litigiosa.</p><p>A alteração contratual de forma consensual agirá da mesma forma que a criação</p><p>do contrato, em que as partes, em comum acordo, aceitam a adequação do</p><p>contrato (renegociam as cláusulas), criando-se os aditivos contratuais, modi�cando</p><p>o contrato para a realidade do fato, mantendo assim a relação contratual saudável</p><p>para ambas as partes.</p><p>Em contrapartida, a alteração contratual litigiosa ocorrerá quando as partes não</p><p>chegarem ao consenso na renegociação e então a parte prejudicada moverá a</p><p>discussão para a esfera jurisdicional do estado ou câmara arbitral a �m de revisar</p><p>o contrato.</p><p>Capítulo 2</p><p> </p><p>01/10/2024, 22:07 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=2 14/26</p><p>3.2.1 Da Renegociação Contratual</p><p>O contrato é um acordo de vontades, essa fase de adequação do contrato pode</p><p>ser vital para a manutenção das relações econômicas das duas partes</p><p>contratantes. Sobre o tema, Coelho (2012, p. 226) destaca que a oportunidade</p><p>pode ser interessante para ambas as partes contratantes:</p><p>A oportunidade e dimensão da renegociação são assuntos do interesse exclusivo</p><p>dos contratantes. Em geral, decorre da iniciativa de um deles com o objetivo de</p><p>reequilibrar a equação do cálculo de interesses. Pode, contudo, ser o resultado do</p><p>intuito comum de ampliar os proveitos do contrato, por força da identi�cação de</p><p>novas oportunidades de negócio havidas após a sua celebração.</p><p>A renegociação contratual visa reequilibrar a relação contratual das partes e ela</p><p>tem como objetivo tanto prevenir a antecipação de eventual mora ou melhoria das</p><p>oportunidades econômicas das partes ou então contornar a inexecução do</p><p>contrato, culposa ou involuntária (COELHO, 2012).</p><p>A forma da renegociação contratual obedecerá às regras previstas aos contratos,</p><p>podendo ser utilizada outra forma de prova para maior segurança contratual,</p><p>quando a lei não exigir forma especial, podendo resultar na extinção da obrigação</p><p>para dar viés à novação (renovação contratual) ou simplesmente ajuste das</p><p>obrigações já existentes, tudo dependerá do acordo de vontade das partes</p><p>(COELHO, 2012).</p><p>3.2.2 Da Revisão Judicial ou Arbitral do Contrato</p><p>Essa é uma matéria controvertida tanto na doutrina</p><p>quanto nos tribunais e</p><p>encontra bastante resistência na prática jurídica para a alteração contratual. Isso</p><p>porque se pararmos para pensar, uma das partes vai ao poder jurisdicional ou de</p><p>foro para que um terceiro, alheio à relação, decida sobre a autonomia da vontade</p><p>das partes contratantes e altere a liberalidade negocial contraída entre elas contra</p><p>a vontade de uma das partes, sobretudo em um contrato bilateral.</p><p>No ordenamento jurídico brasileiro, a jurisprudência e a doutrina utilizam com</p><p>frequência, em especí�co, a teoria da imprevisão, com base nas previsões legais da</p><p>revisão contratual que se encontram nos artigos 317, 478 e 480 do Código Civil.</p><p>Capítulo 2</p><p> </p><p>01/10/2024, 22:07 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=2 15/26</p><p>A teoria basicamente consiste em regular hipóteses restritivas que devam ser</p><p>cumulativas para permitirem a alteração contratual.</p><p>O órgão judicante deverá para lhe dar ganho de causa, apurar rigorosamente a</p><p>ocorrência dos seguintes requisitos: a) Vigência de um contrato cumulativo de</p><p>execução continuada; b) alteração radical das condições econômicas no momento da</p><p>execução do contrato, em confronto com as do benefício exagerado para o outro; c)</p><p>onerosidade excessiva para um dos contraentes e benefício exagerado para o outro;</p><p>d) imprevisibilidade e extraordinariedade daquela modi�cação, pois é necessário</p><p>que as partes quando celebraram o contrato, não possam ter previsto esse evento</p><p>anormal, isto é, que está fora do curso habitual das coisas, pois não se poderá</p><p>admitir a rebus sic santibus se o risco advindo for normal ao contrato (TARTUCE,</p><p>2017, p. 230).</p><p>Basicamente, são requisitos essenciais da teoria da imprevisão que o fato seja</p><p>superveniente diante de uma imprevisibilidade somada a uma onerosidade</p><p>excessiva decorrente deste fato (TARTUCE, 2017).</p><p>Se o fato for superveniente, que desequilibre a relação contratual no decorrer do</p><p>cumprimento do negócio jurídico, esta lesão ao patrimônio não poderá subsistir,</p><p>assim, a parte prejudicada poderá alegar a onerosidade excessiva e permitir a</p><p>revisão do contrato (FARIAS; ROSENVALD, 2015). Ressalta-se que em que pese o</p><p>art. 478 ao utilizar a expressão “invalidação do contrato”, a jurisprudência tem</p><p>interpretado a norma - em conjunto aos arts. 317 e 479 do Código Civil - como</p><p>“Revisão do contrato”, para evitar a extinção precoce de forma desnecessária</p><p>(GONÇALVES, 2012).</p><p>Por �m, se o contrato for consumerista, o Código de Defesa do Consumidor não</p><p>exige a comprovação da teoria da imprevisão, já que conforme o artigo 6º, inciso V</p><p>do CDC, é direito básico do consumidor a revisão de cláusulas contratuais que</p><p>tornem as prestações excessivamente onerosas (COELHO, 2012).</p><p>4 EXTINÇÃO E INVALIDADE DO CONTRATO</p><p>Todo contrato tem um começo, um meio e um �m, mesmo que este �m não seja</p><p>determinado ou possa ser determinável, logo, o destino natural de um contrato é a</p><p>sua extinção, com o cumprimento de todas as obrigações e deveres que dele</p><p>advieram.</p><p>Capítulo 2</p><p> </p><p>01/10/2024, 22:07 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=2 16/26</p><p>Extinção normal do contrato.</p><p>Extinção por fatos anteriores à celebração.</p><p>Extinção por morte, que estudaremos em pormenores, nos subtópicos a</p><p>seguir.</p><p>Estudamos anteriormente que há diversas formas de extinguir um negócio</p><p>jurídico, seja através da anulabilidade ou da nulidade. A depender do caso</p><p>concreto, sequer haveria sua constituição ou já nascerá natimorto de pleno direito</p><p>ou ainda por resolução e resilição decorrentes de fatos jurídicos supervenientes as</p><p>suas formações (TARTUCE, 2017).</p><p>Há, segundo Tartuce (2017), três formas de extinção de contrato, sendo elas:</p><p>Os fatos posteriores à celebração do contrato serão trabalhados no tópico de</p><p>dissolução, para melhor emprego da técnica jurídica.</p><p>4.1 EXTINÇÃO NORMAL DOS CONTRATOS</p><p>Como dito anteriormente, todo contrato tem um começo, meio e �m, e há a</p><p>extinção e o �m de todo contrato, mesmo que o prazo seja determinado ou</p><p>determinável. O contrato, ao cumprir todas as suas obrigações, automaticamente</p><p>se extinguirá. Assim, as partes devem colaborar para que o seu resultado seja</p><p>atingido com excelência e da melhor forma possível.</p><p>4.2 EXTINÇÃO POR FATOS ANTERIORES À CELEBRAÇÃO</p><p>A extinção por fatos anteriores à celebração está prevista nos arts. 165, 167 e 171</p><p>do Código Civil, na parte geral do código. Eles trazem as hipóteses de nulidades e</p><p>anulabilidades do negócio jurídico, assim, causas de extinção por fatos anteriores à</p><p>celebração.</p><p>Contudo, essa de�nição pode ser controversa se for analisada sob a ótica de</p><p>negócio jurídico com uma nulidade absoluta, porque é requisito de existência não</p><p>haver nulidade, então, se há nulidade, o negócio jurídico nunca existiu de fato.</p><p>Desta forma, não haveria de se falar em extinção de algo que nunca existiu.</p><p>Entretanto, para a doutrina majoritária, incorre o seguinte caso:</p><p>Os contratos são passíveis de extinção por nulidade absoluta ou relativa. Contrato</p><p>nulo é o que, embora reúna os elementos essenciais à formação do negócio jurídico,</p><p>Capítulo 2</p><p> </p><p>01/10/2024, 22:07 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=2 17/26</p><p>contraria norma de ordem pública. Os efeitos jurídicos da nulidade retroagem à</p><p>conclusão do contrato. Contrato anulável se distingue do nulo porque padece de</p><p>vício social ou de vontade e seus efeitos retroagem à citação (NADER, 2018, p. 200).</p><p>Assim, apesar da controversa nesta discussão, haveria uma lógica para se justi�car</p><p>essa classi�cação de extinção por fatos anteriores à celebração. Porque os efeitos</p><p>retroagem à conclusão do contrato e esses efeitos permanecerão até o</p><p>reconhecimento da ofensa à ordem pública e nulidade.</p><p>4.3 EXTINÇÃO POR MORTE DE UM DOS CONTRATANTES</p><p>Por �m, das causas de extinção dos contratos, temos a extinção por morte de um</p><p>dos contratantes, é uma situação do direito civil que envolve contratos</p><p>personalíssimos, que são aqueles que apenas uma pessoa especí�ca</p><p>consegue/pode cumprir com a obrigação contraída.</p><p>Para outros tipos de contratos, em sua maioria e a título de exemplo, os contratos</p><p>de locação residencial, no qual costumeiramente existe uma previsão contratual,</p><p>de que em caso de morte do contratante a obrigação é repassada para seus</p><p>herdeiros e sucessores se for possível (art. 11 da Lei nº 8.245/91) ou no limite da</p><p>sua herança (art. 836 do Código Civil).</p><p>Caso não exista a quem transmitir a obrigação, o contrato se tornará ine�caz e</p><p>resolvido tacitamente nos termos do art. 474 do Código Civil.</p><p>4.4 DA INVALIDADE DO CONTRATO</p><p>Os requisitos mínimos para a validade do contrato são os requisitos do art. 104 do</p><p>Código Civil. Conforme estudamos na teoria geral do primeiro capítulo, são os</p><p>mesmos requisitos do negócio jurídico, ou seja, quem contratou deve ser</p><p>civilmente capaz, o objeto do contrato deve ser lícito, o objeto também deve ser</p><p>possível e determinado ou determinável e observar a forma, quando for</p><p>obrigatória pela legislação seguir alguma.</p><p>Além desses requisitos, o contrato tem que ser perfeito, livre de quaisquer vícios</p><p>que possam ser causa de anulação (por anulabilidade ou nulidade). Temos,</p><p>portanto, que os contratos inválidos são aqueles:</p><p>QUADRO 1 – CONTRATOS INVÁLIDOS</p><p>Capítulo 2</p><p> </p><p>01/10/2024, 22:07 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=2 18/26</p><p>Contraídos por incapazes não</p><p>representados</p><p>Objeto sem observância da</p><p>forma legal</p><p>Com objeto ilícito Com defeito de vício social</p><p>Com objeto impossível Firmado com fraude a credores</p><p>Com objeto indeterminável Firmado com simulação</p><p>Com defeito de consentimento Firmado por erro</p><p>FONTE: A autora</p><p>Lembrando que um contrato inválido é aquele sem os requisitos</p><p>de</p><p>essencialidade, é causa de nulidade do negócio jurídico por ser vício insanável.</p><p>5 DISSOLUÇÃO CONTRATUAL</p><p>A dissolução, muito confundida na prática com rescisão contratual, é a modalidade</p><p>de encerramento do vínculo entre as partes. A rescisão contratual pode ser</p><p>voluntária, em acordo entre as partes, sem submeter ao processo judicial ou</p><p>arbitral, a depender do caso com pagamento de penalidade, bem como pode ser</p><p>involuntária a uma das partes, devendo ser requerida através da ação de rescisão</p><p>contratual que tem o rito comum conforme o Código de Processo Civil de 2015 ou</p><p>em procedimento arbitral, a depender do negócio jurídico processual.</p><p>Existem duas espécies de dissolução contratual, as denominadas resolução e</p><p>resilição. A resolução seria o encerramento do contrato por descumprimento</p><p>contratual no decorrer do contrato, enquanto a resilição, dissolução por “vontade</p><p>bilateral ou unilateral, quando admissível por lei, de forma expressa ou implícita,</p><p>pelo reconhecimento de um direito potestativo” (TARTUCE, 2017, p. 315).</p><p>Capítulo 2</p><p> </p><p>01/10/2024, 22:07 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=2 19/26</p><p>5.1 DA RESILIÇÃO</p><p>Como mencionado outrora, a resilição é o encerramento do contrato por vontade</p><p>unilateral ou bilateral, quando admissível em lei de forma expressa ou implícita.</p><p>Quando unilateral, a previsão legal está no art. 473 do Código Civil, e a dissolução</p><p>do contrato deriva de negócio jurídico unilateral, assim, a parte titular declarará o</p><p>encerramento do vínculo contratual ou por lei. Segundo Coelho (2012, p. 250),</p><p>destacam-se algumas hipóteses de resilição unilateral:</p><p>No Código Civil, estão previstas algumas hipóteses expressas de resilição unilateral:</p><p>a) o adquirente de coisa locada pode denunciar a locação, a menos que do contrato</p><p>registrado conste cláusula de vigência em caso de alienação (art. 576); b) o mandato</p><p>cessa pela revogação do mandante ou pela renúncia do mandatário (art. 682, I); c) o</p><p>passageiro pode desistir da viagem antes de iniciada, desde que comunique o</p><p>transportador a tempo de viabilizar a renegociação da passagem (art. 740). Ademais,</p><p>abriga uma hipótese em que a resilição unilateral é implícita, por se encontrar nos</p><p>meandros da noção imprecisa de “suspensão do objeto do contrato”: trata-se do</p><p>direito titulado pelo dono da obra de, a qualquer momento, desconstituir o contrato</p><p>de empreitada, mediante indenização do empreiteiro (art. 623).</p><p>Por ser um exercício de direito previsto em lei, não há de se falar em multas penais</p><p>ou compensatórias pela denúncia do contrato unilateral, pois não há previsão no</p><p>próprio texto legal, não gerando obrigatoriedade, diferentemente da hipótese da</p><p>previsão contratual de penalidade da denúncia.</p><p>Quando a resilição for bilateral, o contrato será extinto por força do negócio</p><p>jurídico �rmado através do distrato exercido pela autonomia da vontade das</p><p>partes, o que na prática seria um contrato acessório que determina o</p><p>encerramento do contrato principal. No distrato também estarão os efeitos e as</p><p>consequências da extinção do negócio jurídico principal; neste contrato, podem</p><p>conter regras de indenização, negócios jurídicos processuais, encerramento do</p><p>vínculo entre as partes, entre diversos tipos de possibilidades.</p><p>Quanto à distinção de resilição unilateral e bilateral:</p><p>A princípio, a resilição só pode ser bilateral. Em decorrência da vinculação das partes</p><p>ao contrato, nenhuma delas pode, em regra, desvencilhar-se das obrigações</p><p>contratadas por simples declaração unilateral de vontade. Equivaleria uma tal</p><p>Capítulo 2</p><p> </p><p>01/10/2024, 22:07 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=2 20/26</p><p>possibilidade à desfuncionalização completa do instituto contratual. Se fosse</p><p>su�ciente ao contratante interessado em se desobrigar, em qualquer circunstância,</p><p>mera declaração unilateral de vontade, o contrato simplesmente não cumpriria a</p><p>função de gerar obrigações (COELHO, 2012, p. 248).</p><p>Assim, a regra seria a resilição bilateral, enquanto a unilateral seria exceção</p><p>condicionada à previsão contratual ou expressa em lei, desde que haja prévia</p><p>noti�cação à parte contratante denunciada.</p><p>5.2 A RESOLUÇÃO DOS CONTRATOS</p><p>Existem quatro categorias de resolução tipi�cadas pela doutrina e agora</p><p>estudaremos cada uma delas: a) a inexecução voluntária; b) a inexecução</p><p>involuntária; c) a cláusula resolutiva tácita; d) a resolução por onerosidade</p><p>excessiva.</p><p>5.2.1 A Resolução por Inexecução Voluntária</p><p>A resolução por inexecução voluntária estaria relacionada à impossibilidade da</p><p>prestação por culpa ou dolo do devedor. Se por culpa, sujeitará a parte</p><p>inadimplente ao ressarcimento de perdas e danos, conforme arts. 389, 390, 402 e</p><p>404 do Código Civil.</p><p>Há de ser fazer uma ressalva ao art. 475 do Código Civil, que especi�camente a</p><p>parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não</p><p>preferir exigir o cumprimento e, mesmo assim, caberá a indenização pelas perdas</p><p>e danos. Neste sentido, destaca-se:</p><p>Especi�camente, enuncia o art. 475 do CC que a parte lesada pelo inadimplemento</p><p>pode pedir a resolução do contrato, mas, se não preferir essa resolução, a parte</p><p>poderá exigir da outra o cumprimento do contratado, de forma forçada, cabendo em</p><p>qualquer uma das hipóteses, indenização por perdas e danos. No tocante a essas</p><p>perdas e danos, prevê o Enunciado n. 31 do CJF/STJ que dependem de imputação da</p><p>causa da possível resolução. Em outras palavras, o enunciado doutrinário a�rma que</p><p>a resolução em perdas e danos depende da prova de culpa do devedor, ou seja, que</p><p>a responsabilidade contratual também é, em regra, subjetiva (TARTUCE, 2017, p.</p><p>316).</p><p>Capítulo 2</p><p> </p><p>01/10/2024, 22:07 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=2 21/26</p><p>O dever de ônus da prova deverá ser invertido em favor ao credor, se for</p><p>compreendido que houve uma inadimplência contratual. Este entendimento tem</p><p>sido melhor aceito na praxe jurídica.</p><p>Uma teoria interessante para essa parte do estudo e que é utilizada como �ltro</p><p>para a extinção antecipada por inexecução obrigacional, é a Teoria do</p><p>Adimplemento Substancial, que visa cumprir a função social e evita a extinção</p><p>precoce do contrato que está próximo de ser extinto naturalmente, bem como</p><p>gerar uma lide no Judiciário (TARTUCE, 2017).</p><p>A teoria assim considera que quando quase todas as obrigações contratuais</p><p>tiverem sido adimplidas, ou seja, o adimplemento de uma parte substancial das</p><p>obrigações, não caberá a extinção do contrato, mas apenas a mutação para outros</p><p>efeitos jurídicos que mantenham o contrato em vigência até o seu término</p><p>(TARTUCE, 2017)</p><p>5.2.2 A Resolução por Inexecução Involuntária</p><p>Quando a inexecução do contrato ocorrer por fatores alheios às partes</p><p>contratantes ou fatos extracontratuais, que são imprevisíveis (fortuito) ou</p><p>previsíveis, mas não imutáveis (força maior), que não ocorram pela vontade das</p><p>partes contratantes, tem-se que ocorre a extinção por inexistência de</p><p>adimplemento de forma involuntária (TARTUCE, 2017).</p><p>Nestes casos, não haverá responsabilização civil por perdas e danos, sendo</p><p>devolvido o que foi pago e retornado a obrigação à situação originária. Contudo,</p><p>Tartuce (2017, p. 321) elenca três hipóteses de indenização mesmo nesses</p><p>eventos. São elas:</p><p>Se o devedor estiver em mora, a não ser que prove ausência de culpa ou que a</p><p>perda da coisa objeto da obrigação ocorreria mesmo não havendo o atraso</p><p>(art. 399 do CC).</p><p>Havendo previsão no contrato para responsabilização por esses eventos por</p><p>meio da cláusula de assunção convencional (art. 393 do CC), cuja validade é</p><p>discutível nos contratos de consumo e de adesão.</p><p>Em casos especi�cados em norma jurídica, como consta, por exemplo do art.</p><p>583 do CC, para o contrato de comodato, segundo</p><p>o qual “correndo risco o</p><p>objeto do comodato, juntamente a outros do comodatário, antepuser este a</p><p>Capítulo 2</p><p> </p><p>01/10/2024, 22:07 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=2 22/26</p><p>salvação dos seus abandonando o do comodante, responderá pelo dano</p><p>ocorrido, ainda que se possa atribuir a caso fortuito, ou força maior”.</p><p>Atualmente, está cada vez mais comum ter esse tipo de previsão contratual para</p><p>responsabilização de eventos alheios, sobretudo para resguardar o patrimônio</p><p>que é objeto do contrato.</p><p>5.2.3 A Resolução por Cláusula Resolutiva Tácita</p><p>A cláusula contratual resolutiva também pode ser expressa, ou seja, ter em</p><p>previsão contratual a sua forma e condição, como se ocorrer determinado evento,</p><p>automaticamente o contrato estará resolvido. Nesta hipótese, não carece de</p><p>interpelação judicial, inclusive será aventada a falta de interesse de agir nesta</p><p>ocorrência, caso seja levado ao Judiciário ou Câmara Arbitral. Neste sentido, Nader</p><p>(2018, p. 204) destaca:</p><p>Caracterizada a resolução expressa, a parte lesada não carece de ajuizamento de</p><p>ação judicial, salvo se optar por exigir o cumprimento da obrigação, pleitear perdas e</p><p>danos ou formular ambos pedidos. O litígio judicial pode ser instaurado, contudo,</p><p>pelo acusado de inadimplência, pretendendo preservar o vínculo contratual, além de</p><p>exigir o ressarcimento da contraparte, quando, naturalmente, deverá provar o</p><p>cumprimento de sua obrigação.</p><p>Se o con�ito vier a ser objeto de ação judicial, tratando-se de matéria de fato, o</p><p>descumprimento deverá ser provado em juízo, a �m de que produza os efeitos</p><p>convencionais e os de lei. O princípio “o ônus da prova cabe a quem alega” nem</p><p>sempre prevalece. Se a inexecução alegada refere-se a não pagamento, por</p><p>exemplo, a prova caberá à parte acusada de inadimplemento.</p><p>A resolução por cláusula resolutiva tácita, que é prevista no art. 474 do Código</p><p>Civil, ocorre quando a resolução do contrato decorre em função da lei, e está</p><p>presente todos os negócios jurídicos, porém é necessária a interpelação judicial</p><p>para resolver o contrato.</p><p>Neste caso, essa resolução pode estar relacionada, a depender do caso, com</p><p>condição e termo que gerou o inadimplemento. Dependendo da análise do caso</p><p>concreto através da interpelação judicial, gerará a extinção por fato superveniente</p><p>à celebração. Ela está prevista em todo contrato bilateral, garantindo o equilíbrio</p><p>econômico e ético dos negócios jurídicos (MELLO, 2017).</p><p>Capítulo 2</p><p> </p><p>01/10/2024, 22:07 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=2 23/26</p><p>5.2.4 A Resolução por Onerosidade excessiva</p><p>A resolução por onerosidade excessiva é a inexigibilidade da prestação decorrente</p><p>da alteração por circunstâncias extraordinárias, que desequilibram a relação entre</p><p>as partes contratuais. Conforme explicam Farias e Rosenvald (2015, p. 540):</p><p>A resolução por inexigibilidade da prestação decorrente da alteração de</p><p>circunstâncias se diferencia da extinção do contrato por impossibilidade. Aqui, não</p><p>há como efetuar a prestação, que se impossibilitou em si mesma, propiciando o</p><p>inadimplemento absoluto. Na inexigibilidade, as circunstâncias supervenientes</p><p>tornam excessivamente onerosa a continuação da relação, di�cultando a prestação;</p><p>mesmo assim, esta ainda é “penosamente” realizável ainda que o objeto contratual</p><p>tenha sido modi�cado, isto é, a princípio, não há inadimplemento absoluto.</p><p>É importante ressaltar que esse instituto visa como última alteração depois da</p><p>tentativa de alteração contratual para equalizar as relações contratuais. Esse</p><p>instituto seria uma espécie de exceção ou �exibilização ao princípio do pacta sunt</p><p>servanda, permitindo a modulação das cláusulas contratuais para a sua</p><p>adequação ao equilíbrio da relação jurídica.</p><p>Essa resolução não é aplicada também em razão da onerosidade para os contratos</p><p>cumulativos e aleatórios, porque esse tipo de contrato depende da sorte e os</p><p>contraentes assumem o risco do negócio para eles, logo não é aceito pela doutrina</p><p>nem pela jurisprudência (FARIAS; ROSENVALD, 2015).</p><p>5.3 DISSOLUÇÃO PARCIAL</p><p>O contrato não precisa ser extinto ou resolvido em sua totalidade. Ele pode ter</p><p>apenas parte das obrigações contraídas resolvidas, permanecendo a manutenção</p><p>do contrato com as demais obrigações.</p><p>Coelho (2012) destaca que a dissolução parcial pode ser fruto derivado da resilição</p><p>ou da resolução. Quando for da resilição bilateral, em que distrataram apenas</p><p>parte do contrato, será uma espécie de renegociação do próprio contrato. Quando</p><p>se tratar de resilição unilateral, a dissolução parcial só caberá se houve essa</p><p>previsão expressa no contrato.</p><p>Inobstante, a resolução também pode ser parcial quando as obrigações forem</p><p>divisíveis, desde que se obtenha um prévio acordo com a outra parte contratante</p><p>Capítulo 2</p><p> </p><p>01/10/2024, 22:07 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=2 24/26</p><p>Responder</p><p>Responder</p><p>(COELHO, 2012).</p><p>PARA MELHOR FIXAÇÃO DO CONTEÚDO, PREPARAMOS UMA ATIVIDADE</p><p>QUE CORRESPONDE A DUAS QUESTÕES DISSERTATIVAS, QUE DEVERÃO</p><p>SER RESPONDIDAS DE FORMA ASSERTIVA CONFORME O CONTEÚDO</p><p>ESTUDADO.</p><p>1 Disserte sobre a possibilidade de responsabilização civil das partes</p><p>provenientes de eventual dano causado por um contrato preliminar.</p><p>2 Disserte sobre o que é e quais são os elementos da exceção do contrato</p><p>não cumprido, demonstrando o fundamento legal.</p><p>Capítulo 2</p><p> </p><p>01/10/2024, 22:07 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=2 25/26</p><p>Capítulo 1 Capítulo 3</p><p>Conteúdo escrito por:</p><p>ALGUMAS CONSIDERAÇÕES</p><p>O conteúdo de direito contratual é sem dúvida bastante complexo, porque além</p><p>da matéria especí�ca dos contratos, ele envolve diversas áreas do direito cível,</p><p>como a parte geral ou o Código de Defesa do Consumidor. Assim, é imprescindível</p><p>o estudo do direito obrigacional e dos requisitos básicos do direito civil para</p><p>melhor compreensão do direito contratual.</p><p>Percebemos que há também a problemática da interpretação dos artigos</p><p>conforme a jurisprudência e a doutrina em consonância ao caso concreto, em</p><p>parte a culpa é do legislador, que à época não pensou em todas as hipóteses,</p><p>além, é claro, da evolução natural das interações sociais, que sempre deixa as leis</p><p>defasadas com a velocidade de seu crescimento.</p><p>No próximo capítulo, serão estudados os contratos em espécies, assim, todo esse</p><p>conteúdo visto até então fará sentido e saberemos como aplicá-lo em cada tipo</p><p>especí�co de contrato.</p><p>Todos os direitos reservados © 2020 Gabriela Wol�</p><p> </p><p>01/10/2024, 22:07 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=2 26/26</p>