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Indaial – 2023 EnfErmagEm na Urgência E EmErgência Prof. Luís Felipe Pissaia Prof.ª Maria José de Oliveira Prof.ª Sandra Letícia Souza Soares Junqueira 1a Edição assistência dE Elaboração: Prof. Luís Felipe Pissaia Prof.ª Maria José de Oliveira Prof.ª Sandra Letícia Souza Soares Junqueira Copyright © UNIASSELVI 2023 Revisão, Diagramação e Produção: Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI Impresso por: C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI. Núcleo de Educação a Distância. PISSAIA, Luís Felipe. Assistência de Enfermagem na Urgência e Emergência. Luís Felipe Pissaia; Maria José de Oliveira; Sandra Letícia Souza Soares Junqueira. Indaial - SC: Ar- qué, 2023. 190p. ISBN 978-65-5646-563-0 ISBN Digital 978-65-5646-559-3 “Graduação - EaD”. 1. Enfermagem 2. Urgência 3. Emergência CDD 610.73 Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679 Caro acadêmico, o livro de Assistência de Enfermagem na Urgência e Emergência tem como propósito oferecer a você elementos que permitam compreender os aspectos fundamentais no Atendimento às Urgências e Emergências. O livro está dividido em três unidades, cada qual com objetivos, conteúdo, atividades de estudo, dicas, sugestões e recomendações. Na primeira unidade, iremos aprender a Rede de Atendimento às Urgências e Emergências, a importância de cada ponto de atenção da RUE, como é organizada a triagem nos serviços de urgências e emergências, a importância de realizar o acolhimento e classificação de risco no atendimento inicial ao paciente e os impactos da segurança do paciente para a gestão de riscos em urgência e emergência. Já na Unidade 2, será possível aprender sobre a atuação da equipe de enfermagem no atendimento de urgência e emergência pré e intra-hospitalar, ser capaz de planejar a assistência ao indivíduo por meio da Sistematização da Assistência de Enfermagem em unidades de urgência e emergência, estabelecer um plano de promoção, prevenção e recuperação da saúde do indivíduo em situações de saúde críticas e prestar assistência de enfermagem nas principais emergências clínicas. Na Unidade 3, você compreenderá os procedimentos para atendimento a situações especificas, tais como: identificar a ocorrência de diferentes traumas e situações especiais na sociedade; articular as diferentes formas de abordagem ao paciente a partir de uma assistência de qualidade; compreender a importância da assistência de qualidade para a rede de urgências e emergências; reconhecer o papel do enfermeiro na assistência ao pacientes com traumas e situações especiais. APRESENTAÇÃO Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR Codes completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos. GIO QR CODE Olá, eu sou a Gio! No livro didático, você encontrará blocos com informações adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender melhor o que são essas informações adicionais e por que você poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto estudado em questão. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um novo visual – com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada também digital, em que você pode acompanhar os recursos adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Preocupados com o impacto de ações sobre o meio ambiente, apresentamos também este livro no formato digital. Portanto, acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Preparamos também um novo layout. Diante disso, você verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os seus estudos com um material atualizado e de qualidade. ENADE LEMBRETE Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conheci- mento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa- res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confi ra, acessando o QR Code a seguir. Boa leitura! SUMÁRIO UNIDADE 1 - REDE DE ATENDIMENTO ÀS URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS .......................... 1 TÓPICO 1 - A REDE DE ATENDIMENTO ÀS URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS .........................3 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................3 2 COMPONENTES DA RUE: UPA, SAMU, PORTAS HOSPITALARES SOS, LEITOS DE RETAGUARDA E ATENÇÃO DOMICILIAR – PROGRAMA MELHOR EM CASA .......................6 3 A TRIAGEM NOS SERVIÇOS DE URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS ..................................... 12 4 O ACOLHIMENTO COM CLASSIFICAÇÃO DE RISCO ....................................................... 17 RESUMO DO TÓPICO 1 ......................................................................................................... 19 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 20 TÓPICO 2 - A LEGISLAÇÃO VIGENTE DA REDE DE ATENDIMENTO ÀS URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS .................................................................................................................... 23 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 23 2 POLÍTICA NACIONAL DE URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS (PNAU) ................................. 24 RESUMO DO TÓPICO 2 .........................................................................................................27 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 28 TÓPICO 3 - A SEGURANÇA DO PACIENTE E A GESTÃO DE RISCOS EM URGÊNCIA E EMERGÊNCIA ....................................................................................................................... 31 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 31 2 A SEGURANÇA DO PACIENTE NA ASSISTÊNCIA DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA ....... 32 3 GESTÃO DE RISCOS EM URGÊNCIAE EMERGÊNCIA ..................................................... 35 LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................................ 40 RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................................ 48 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 49 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................... 51 UNIDADE 2 — ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA URGÊNCIA E EMERGÊNCIA ............ 55 TÓPICO 1 — A ENFERMAGEM NO ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR E INTRA HOSPITALAR ........................................................................................................................57 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................57 2 A ENFERMAGEM NO ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR ................................................ 58 2.1 ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR ..................................................................................................58 2.1.1 Atendimento pré-hospitalar móvel .......................................................................................58 2.1.1.1 Etapas Básicas do Atendimento Pré Hospitalar Móvel ..........................................60 2.1.2 Atendimento pré-hospitalar domiciliar ................................................................................62 2.2 ATENDIMENTO INTRA-HOSPITALAR ..............................................................................................63 2.3 Passos da Avaliação de Emergência ............................................................................................63 3 O PAPEL DO ENFERMEIRO NO ATENDIMENTO DE URGENCIA PRÉ-HOSPITALAR E INTRA-HOSPITALAR .......................................................................................................... 64 3.1 ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS DAS URGÊNCIAS .........................................................................65 3.1.1 Atuação do enfermeiro na assistência pré-hospitalar móvel .........................................66 3.1.2 Atuação do enfermeiro no gerenciamento da assistência e de áreas e/ou recursos pré-hospitalares móveis ......................................................................................................... 67 RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................................ 68 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 69 TÓPICO 2 - SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS ..................................................................................................................... 71 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 71 2 SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM ...............................................72 2.1 COLETA DE DADOS DE ENFERMAGEM .......................................................................................... 73 2.1.1 Entrevista ..................................................................................................................................... 74 2.1.2 Exame físico de enfermagem ................................................................................................ 75 2.2 DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM .................................................................................................. 75 2.3 PLANEJAMENTO DA ASSISTENCIA DE ENFERMAGEM ............................................................. 76 2.4 IMPLEMENTAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM ........................................................... 77 2.5 AVALIAÇÃO DE ENFERMAGEM ........................................................................................................78 3 SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM URGÊNCIA E EMERGÊNCIA .......................................................................................................................78 3.1 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA URGÊNCIA E EMERGÊNCIA ........................................... 79 3.2 COMUNICAÇÃO DENTRO DA URGÊNCIA E EMERGÊNCIA ....................................................... 80 RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................................ 82 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 83 TÓPICO 3 - ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM EMERGÊNCIAS CLÍNICAS .................. 85 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 85 2 PARADA CARDIORRESPIRATORIA (PCR) ...................................................................... 86 2.1 ABORDAGEM INICIAL DO ATENDIMENTO .....................................................................................86 2.2 MANOBRAS DE SUPORTE BÁSICO DE VIDA (SBV) .....................................................................87 2.2.1 Reconhecimento da PCR e chamar por ajuda (com desfibrilador) ...............................87 2.2.2 Desencadeamento do sistema de emergência ............................................................... 88 2.2.3 Compressões torácicas .......................................................................................................... 88 2.2.4 Manuseio das vias aéreas ......................................................................................................90 2.2.5 Desfibrilação .............................................................................................................................. 91 2.3 MANOBRAS DE SUPORTE AVANÇADO DE VIDA (SAV) ..............................................................93 2.3.1 Desfibrilação – PCR em FV/TV sem pulso .........................................................................93 2.4 Via aérea avançada ............................................................................................................................94 2.4.1 Confirmação e adequação da via aérea avançada ..........................................................95 3 HIPOTENSÃO E CHOQUE .................................................................................................96 3.1 ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA .........................................................................................................98 3.1.1 Tratamento do Choque .............................................................................................................99 4 CRISE HIPERTENSIVA ......................................................................................................99 4,1 DEFINIÇÃO DE GRAVIDADE ............................................................................................................100 4.2 ACHADOS RELEVANTES NA CRISE HIPERTENSIVA .................................................................101 4.3 TRATAMENTO .....................................................................................................................................102 4.3.1 ATUAÇÃO DA ENFERMAGEM ................................................................................................104 LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................106 RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................................108 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................109 REFERÊNCIAS .....................................................................................................................111UNIDADE 3 — ENFERMAGEM EM SITUAÇÃO DE TRAUMA ............................................... 113 TÓPICO 1 — ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COM TRAUMA NEUROLÓGICO .................................................................................................................. 115 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 115 2 CINEMÁTICA DO TRAUMA E ASSISTÊNCIA AO PACIENTE VÍTIMA DE TRAUMA ......... 116 3 TRAUMAS DIVERSOS .....................................................................................................120 3.1 TRAUMA MUSCULAR E ESQUELÉTICO E MUSCULOESQUELÉTICO .....................................120 3.2 TRAUMA CRANIOENCEFÁLICO E HEMORRAGIAS CEREBRAIS ............................................. 123 3.2.1 Ferramentas utilizadas pelo enfermeiro no trauma cranioencefálico e hemorragias cerebrais .................................................................................................................................... 125 3.3 TRAUMA RAQUIMEDULAR..............................................................................................................128 3.3.1 Ferramentas utilizadas pelo enfermeiro trauma raquimedular ................................... 129 3.4 TRAUMA TORÁCICO ......................................................................................................................... 132 3.5 TRAUMA ABDOMINAL E PÉLVICO ................................................................................................. 133 3.6 PARTICULARIDADES DO TRAUMA ............................................................................................... 133 3.7 TRAUMA COM MÚLTIPLAS VÍTIMAS ............................................................................................. 134 RESUMO DO TÓPICO 1 .......................................................................................................136 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 137 TÓPICO 2 - ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COM QUEIMADURAS .......139 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................139 2 PELE E O PROCESSO DE CICATRIZAÇÃO ..................................................................... 140 2.1 PELE ....................................................................................................................................................140 2.2 PROCESSO DE CICATRIZAÇÃO...................................................................................................... 142 3 AVALIAÇÃO DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COM QUEIMADURA ............................ 144 3.1 ADMISSÃO DO PACIENTE COM QUEIMADURA ........................................................................... 145 3.2 CLASSIFICAÇÕES E CAUSAS DA QUEIMADURA ....................................................................... 147 4 CUIDADOS DE ENFERMAGEM AO PACIENTE QUEIMADO ............................................153 RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................... 157 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................158 TÓPICO 3 - ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM SITUAÇÕES ESPECIAIS ................... 161 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 161 2 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA EMERGÊNCIA PSIQUIÁTRICA............................162 3 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA INTOXICAÇÃO EXÓGENA ...................................163 4 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS E OUTROS ANIMAIS ..............................................................................................................164 5 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO CHOQUE ELÉTRICO ...........................................165 5.1 PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA ................................................................................................ 166 6 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA CRISE HIPERTENSIVA ......................................169 LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................................171 RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................................178 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 179 REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 181 1 UNIDADE 1 - REDE DE ATENDIMENTO ÀS URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • Compreender a Rede de Atendimento às Urgências e Emergências. • Identifi car os componentes da Rede de Atendimento às Urgências e Emergências. • Compreender a triagem nos serviços de urgências e emergências. • Conhecer o acolhimento. • Conhecer a Legislação da Rede Atendimento as Urgências e Emergências. • Compreender a segurança do paciente e gestão de riscos em urgência e emergência. A cada tema de aprendizagem desta unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TEMA DE APRENDIZAGEM 1 – A REDE DE ATENDIMENTO ÀS URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS TEMA DE APRENDIZAGEM 2 – A LEGISLAÇÃO VIGENTE DA REDE DE ATENDIMENTO ÀS URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS TEMA DE APRENDIZAGEM 3 – A SEGURANÇA DO PACIENTE E A GESTÃO DE RISCOS EM URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 1! Acesse o QR Code abaixo: 3 A REDE DE ATENDIMENTO ÀS URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS 1 INTRODUÇÃO Caro acadêmico, você já ouviu falar de rede de saúde? A Rede de Atenção à Saúde (RAS) é definida como arranjos organizativos de ações e serviços de saúde, de diferentes densidades tecnológicas que, integradas por meio de sistemas de apoio técnico, logístico e de gestão, buscam garantir a integralidade do cuidado (BRASIL, 2013a). E na perspectiva do atendimento de urgência e emergência o Ministério da Saúde, em 2011, por meio da Portaria nº 1.600, de 7 de julho, implementou a Política Nacional de Atenção as Urgências e instituiu a Rede de Atenção as Urgências no Sistema Único de Saúde (SUS). De modo que, a Rede de Atendimento às Urgências e Emergências (RUE) é um fluxo estruturado e articulado entre as unidades de saúde que compõem os municípios de cada localidade do país (BRASIL, 2011). Dentre os seus objetivos, destacamos a ampliação do acesso e acolhimento aos casos agudos demandados aos serviços de saúde em todos os pontos de atenção, contemplando a classificação de risco e intervenção adequada e necessária aos diferentes agravos. Além disso, ela busca promover e assegurar a universalidade e integralidade da assistência em saúde, bem como a equidade de acesso. TÓPICO 1 - UNIDADE 1 4 Figura 1 – Unidades de saúde que compõem a RUE e a sua organização no fluxo de atendimento Para aprofundar seus conhecimentos sobre a Portaria nº 1.600, de 7 de julho, acesse: https://bit.ly/3HFjTYP. DICA Fonte: https://bit.ly/3NAEQbl. Acesso em: 3 maio 2023. Para operacionalizar o fluxo de atendimento desta rede, ela está organizada por níveis de complexidade sendo eles: atenção primária, atenção secundária e atenção terciária. A atenção primária são as unidades básicas de saúde, a atenção secundária se refere às unidades de pronto atendimento e aos serviços especializados e a atenção terciária aos hospitais com estruturas mais complexas para realização de exames e cirurgias (BRASIL, 2013a). Os níveisde atenção que compõe a RUE foram instituídos pela Portaria nº 4.279, de 30 de dezembro de 2010. A organização por meio da portaria é importante para sabermos referenciar as urgências e emergências dentro da rede de atenção à saúde de acordo com a complexidade do caso (BRASIL, 2013a). https://bit.ly/3NAEQbl 5 Figura 2 – Representação dos níveis de complexidade e as unidades de saúde que compõem a sua organização Para uma melhor compreensão do funcionamento dos níveis de complexidade na RUE, assista ao vídeo disponibilizado no link em: https://bit.ly/3LshaTD. DICA Fonte: https://bit.ly/3p3Ia4o. Acesso em: 3 maio 2023. Veja a importância da RUE para o atendimento da população de um município. A seguir, para maior aprofundamento da temática leia o artigo “A Rede de Atenção às Urgências e Emergências em cena: contingências e produção de cuidado”, disponível em: https://bit.ly/3LwCVlc. DICA https://bit.ly/3p3Ia4o 6 2 COMPONENTES DA RUE: UPA, SAMU, PORTAS HOSPITALARES SOS, LEITOS DE RETAGUARDA E ATENÇÃO DOMICILIAR – PROGRAMA MELHOR EM CASA A Portaria nº 1.600/2011, que reformulou a Política Nacional de Atenção às Urgências e institui a Rede de Atenção às Urgências no SUS, cita em seu Art. 4º os componentes da RUE, sendo eles: Promoção, Prevenção e Vigilância à Saúde, Atenção Básica em Saúde, Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192) e suas Centrais de Regulação Médica das Urgências, leitos de retaguarda, Unidades de Pronto Atendimento (UPA 24h) Portas Hospitalares e Atenção Domiciliar (BRASIL, 2013a). Neste sentido, a Promoção, Prevenção e Vigilância em Saúde tem como objetivo estimular e promover o desenvolvimento de ações de saúde e educação permanente voltadas para a vigilância e a prevenção das violências e dos acidentes, das lesões e mortes no trânsito e das doenças crônicas não transmissíveis, além de ações intersetoriais e da participação e mobilização da sociedade nessas ações (BRASIL, 2013a). Caro acadêmico, você sabia que a Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS) faz parte do componente da RUE e que prioriza, dentre suas ações estratégicas, a redução da morbimortalidade em decorrência do uso abusivo de álcool e outras drogas, por acidentes de trânsito e a prevenção da violência, além do estímulo à cultura de paz? (BRASIL, 2013a). Para um maior aprofundamento desta política acesse o link: https://bit. ly/42kY8p3. DICA Na Atenção Básica em Saúde, especificamente nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) encontramos o vínculo longitudinal do cuidado que, acompanhado das atividades de prevenção, promoção de saúde e vigilância, auxiliam o paciente no decorrer do seu processo de saúde e doença e previnem as situações que possam gerar urgências e emergências, no entanto, se houver uma situação de urgência na UBS, a equipe possui treinamento e recursos para o suporte básico de vida (SBV), sendo necessário chamar o SAMU para transporte e resolução do caso em outro ponto de atendimento da RUE (BRASIL, 2013a). 7 Figura 3 – As unidades básicas de saúde Fonte: https://bit.ly/44kUy0d. Acesso em: 3 maio 2023. Para melhor compreensão do atendimento realizado e dos recursos disponibilizados nas UBSs, assista ao vídeo, acessando o link: https://bit. ly/3B9zTyR. DICA O SAMU é o componente da Rede de Atenção às Urgências e Emergências que objetiva ordenar o fluxo assistencial e disponibilizar atendimento precoce e transporte adequado, rápido e resolutivo às vítimas acometidas por agravos à saúde de natureza clínica, cirúrgica, gineco-obstétrica, traumática e psiquiátricas mediante o envio de veículos tripulados por equipe capacitada, acessado pelo número “192” e acionado por uma Central de Regulação das Urgências, reduzindo a morbimortalidade (BRASIL, 2013a). O Samu é normatizado pela Portaria nº 1.010, de 21 de maio de 2012. https://bit.ly/44kUy0d 8 Figura 4 – Atendimento do SAMU Fonte: https://bit.ly/3LudC3s. Acesso em: 3 maio 2023. Assista ao vídeo que explica o fluxo de atendimento do SAMU, acesse em: https://bit.ly/3Vr465J. DICA Outro local de atendimento da RUE são as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), as quais são estruturas de complexidade intermediária entre as Unidades Básicas de Saúde e a rede hospitalar, devendo funcionar 24h por dia, todos os dias da semana, com o objetivo de garantir o acolhimento aos pacientes, intervir em sua condição clínica e encaminhar para os demais pontos de atenção da RUE, para os serviços especializados ou para internação hospitalar, proporcionando a continuidade do tratamento com impacto positivo no quadro de saúde do paciente (BRASIL, 2013a). https://bit.ly/3LudC3s 9 Figura 5 – Atendimento UPA Fonte: https://bit.ly/410bfv0. Acesso em: 3 maio 2023. Em algumas cidades teremos disponível os leitos para retaguarda às urgências e emergências. Estes poderão ser criados ou qualificados em hospitais acima de 50 leitos, localizados na região de saúde, podendo ser implantados nos hospitais estratégicos ou em hospitais de menos adensamento tecnológico que deem suporte aos prontos-socorros e às Unidades de Pronto Atendimento, devendo, como pressuposto, ser exclusivos para a retaguarda às urgências e estar disponíveis nas centrais de regulação (BRASIL, 2013a). Figura 6 – Leitos de retaguarda Fonte: https://bit.ly/3HBmR0i. Acesso em: 3 maio 2023. 10 Ademais, as portas hospitalares que atendem urgência e emergência devem ter implementado a classificação de risco, identificando o paciente segundo o grau de sofrimento ou de agravos à saúde e de risco de morte, priorizando aqueles que necessitem de tratamento imediato. Dentre os principais agravos atendidos nesses locais, podemos citar: cerebrovascular, cardiovascular, emergências e urgências clínicas e traumas (BRASIL, 2013a). Atendimentos assim são possíveis, pois possuem equipe especializada para atendimento e exames de alta complexidade, além de medicamentos adequados para resolubilidade dos casos. Os pacientes podem chegar por conta própria ao serviço de emergência, podem ser transferidos de outros componentes da rede ou pelo transporte do SAMU, decorrente de atendimento no domicílio ou transferência entre unidades de saúde (BRASIL, 2013a). Figura 7 – Portas Hospitalares Urgência e Emergência Fonte: https://bit.ly/3nojYJD. Acesso em: 3 maio 2023. Ao receber alta, o paciente poderá ter continuidade de seu atendimento por meio da atenção domiciliar (AD), esta tem por finalidade estruturar e organizar o cuidado no domicílio a partir de três modalidades (AD1, AD2, AD3), que são definidas a partir da condição clínica, da necessidade e do uso de equipamentos e da frequência de visitas domiciliares (BRASIL, 2013a). Essa continuidade é importante para reabilitação integral do paciente, em situações como, por exemplo, da alta de um paciente que sofreu um acidente vascular cerebral, este irá precisar, dependendo da gravidade de suas sequelas, de readaptação no domicílio e suporte familiar para o cuidado, contudo a família precisa ser orientada e acompanhada para realizar os cuidados adequados e o paciente não ter complicações e necessitar de reinternação precoce (BRASIL, 2013a). 11 Figura 8 – Atenção Domiciliar Fonte: https://bit.ly/44s6w8k. Acesso em: 3 maio 2023. Assista a um vídeo sobre a importância da continuidade do cuidado realizado pela equipe da atenção domiciliar. Acesse em: https://bit.ly/42hygKQ. DICA Caro acadêmico, vamos relembrar e resumir os pontos de atenção da Rede de Urgência e Emergência? 12 Figura 9 – Resumo das unidades de saúde que compõem a RUE Fonte: https://bit.ly/41h47KV. Acesso em: 3 maio 2023. A seguir, falaremos sobre como é realizada a triagem nos serviços de urgência e emergências. 3 A TRIAGEM NOS SERVIÇOS DE URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS No Brasil, o atendimento dos serviços de urgência e emergência era realizado, inicialmente, pela recepcionista dos hospitais, esta preenchia uma ficha de atendimento e, na sequência, o técnico de enfermagem verificavaos sinais vitais do paciente e o encaminhava para consulta médica. Observe que não se realizava uma avaliação de gravidade do paciente para adequação do tempo de espera, no entanto, com o passar dos anos e uma mudança no perfil de adoecimento da população, os serviços de urgência e emergência ficaram cada vez mais superlotados, necessitando repensar a forma de atendimento (BRASIL, 2009). 13 Figura 10 – Fluxo de atendimento dos pacientes no sistema de triagem Fonte: https://bit.ly/3p6C5Er. Acesso em: 3 maio 2023. Neste sentido, no ano de 2008, o Brasil utilizou como referência de triagem nos serviços de urgência e emergência o Protocolo de Manchester, que foi criado em 1996 no Reino Unido. A classificação de risco é a possibilidade de utilização de uma linguagem única em todos os pontos de atenção da Rede de Urgência e Emergência. Essa ferramenta reduz o tempo de espera e, consequentemente, o risco de agravamento do caso do paciente. É importante compreender que a Classificação de Risco não é um instrumento de diagnóstico de doença, mas sim um recurso que, por meio de um fluxo de atendimento, pode determinar a prioridade clínica para o atendimento e não pressupor exclusão, mas sim estratificação de risco (FRANCISCO, LIMA, 2014). Para maior conhecimento do funcionamento do protocolo de Manchester, assista ao vídeo disponível no link: https://bit.ly/3Vr6tFF. DICA 14 Fonte: https://bit.ly/41Y1Ipm. Acesso em: 3 maio 2023. Conforme Mendes et al. (2022), mesmo com a implementação da classificação de risco nos serviços de urgência e emergência, ainda há alta demanda por atendimento, o que gera uma superlotação dos serviços e prejudica o tempo de atendimento ao usuário. Este fato impacta de forma negativa na qualidade do acolhimento, bem como no processo de classificação de risco. Figura 12 – O protocolo de classificação de risco implementado pelo Ministério da Saúde, fluxo de atendimento Figura 11 – Classificação de cores e o tempo de espera do protocolo de Manchester Fonte: os autores 15 O protocolo de classificação de risco adaptado pelo Ministério da Saúde, a partir do protocolo de Manchester, utiliza quatro cores (vermelho, amarelo, verde e azul), e sugere as situações de saúde que devem ser direcionadas a cada cor, após avaliação inicial de sinais e sintomas pelo enfermeiro. Figura 13 – Descrição das sintomatologias que compõem a classificação de risco do protocolo brasileiro Fonte: https://bit.ly/3ARTPGa. Acesso em: 3 maio 2023. No protocolo de classificação de risco, a cor vermelha está relacionada à prioridade zero, ou seja, deve-se encaminhar o paciente o mais rápido possível para sala de estabilização e avisar a equipe médica. O atendimento inicial não deve ultrapassar o tempo de quinze minutos devido ao risco de morte iminente. As situações classificada como vermelho, por exemplo, são: dor torácica, sudorese, palpitações precordiais, tontura, escurecimento visual, perda de consciência e alterações neurológicas, múltiplas fraturas de ossos, lesões na coluna, hemorragias, perda de membros (amputações), perda de grande volume de sangue e queimaduras extensas (BRASIL, 2004). Com relação à cor amarela, o tempo recomendado para atendimento é de no máximo trinta minutos. O paciente deve ser avaliado pelo enfermeiro e tão logo encaminhado para avaliação médica, pois apresenta elevado risco de morte. Os casos priorizados nesta cor são trauma moderado ou leve, traumatismo craniano sem perda de consciência, dor abdominal, convulsão, cefaleias, idosos e gravidas sintomáticas (BRASIL, 2004). O paciente classificado na cor verde é considerado como uma urgência menor e deve ser avaliado pelo médico no tempo máximo de uma hora. Não há risco de morte iminente, no entanto, se dentro deste período o paciente apresentar piora clínica, deve ser reavaliado pelo enfermeiro. As situações clínicas relacionas à cor verde são: dor abdominal difusa, doença psiquiátrica, diarreias, idosos e gravidas assintomáticos. 16 A cor azul indica situações menos graves e que podem aguardar até quatro horas ou até serem encaminhadas a outros pontos da rede de saúde com menor complexidade. Dentre as situações clínicas neste caso estão: aplicação de medicação com receita, dores crônicas já diagnosticadas e troca de sondas ou de curativos (BRASIL, 2004). Observe que a partir da avaliação de sinais e sintomas apresentados em diferentes níveis de gravidade, podemos indicar qual cor deve ser designada a cada um dos pacientes atendidos na classificação de risco. Contudo, para que haja o processo de implantação da classificação de risco nas unidades de atendimento às urgências emergências, o Ministério da Saúde recomenda que devem ser direcionados profissionais de saúde de nível superior, mediante treinamento específico e utilização de protocolos pré-estabelecidos para avaliar o grau de urgência das queixas dos pacientes, colocando-os em ordem de prioridade para o atendimento. Sendo assim, o enfermeiro tem sido o profissional indicado para atuar na classificação de risco dos serviços de urgência e emergência. A seguir, para melhor compreensão das atividades do enfermeiro na classificação de risco, leia o artigo “Atividades do enfermeiro nos sistemas de triagem/classificação de risco nos serviços de urgência: revisão integrativa”, disponível em: https://bit.ly/3NASona. DICA Partindo dessa premissa, o Conselho Federal de Enfermagem, por meio da Resolução n° 661/2021, discorre acerca da atualização e normatização da participação da equipe de enfermagem na atividade de classificação de risco. A resolução também menciona que o acolhimento com classificação de risco pode ser realizado pelo enfermeiro, contudo a resolução não prevê a dispensa dos pacientes sem avaliação médica (COFEN, 2021). Além disso, a Resolução Cofen nº 661/2021, no inciso II, discorre que para garantir a segurança do paciente e do profissional responsável pelo atendimento de classificação de risco, deverá ser observado o tempo médio de quatro minutos por paciente, com limite máximo de quinze atendimentos por hora. Ainda, no Art. 2º, ressalta que, durante a atividade de classificação de risco, o enfermeiro não deverá exercer outras atividades concomitante. Para um maior conhecimento da Resolução Cofen nº 661/2021, acesse: https:// bit.ly/41Y6naQ. DICA 17 Lembre-se que, além de todo conhecimento técnico do protocolo de classificação de risco, este deve ter o conhecimento prévio da RUE do seu local de atuação, a fim de conseguir realizar as referências adequadas para outros pontos de atendimento de acordo com as necessidades de saúde dos usuários (COFEN, 2021). 4 O ACOLHIMENTO COM CLASSIFICAÇÃO DE RISCO O acolhimento nos serviços de urgência e emergência no Brasil foi regulamentado pela Portaria nº 2048/2002, a qual discorre que o enfermeiro da classificação de risco, além de organizar a demanda de pacientes que chegam à procura de atendimento, deve saber acolher as necessidades de saúde dos pacientes. Sendo assim, é imprescindível que o enfermeiro que atua na urgência e emergência tenha habilidade de realizar uma escuta qualificada, para avaliar e registrar corretamente a queixa do paciente, assim promovendo o raciocínio clínico adequado e a tomada de decisões, a fim de que se efetive a continuidade do cuidado em tempo hábil e seguro (BRASIL, 2009). Para compreender melhor a Portaria nº 2048/2002, acesse: https://bit. ly/3AQo4x7. DICA Nesse sentido, o Ministério da Saúde propôs a Política Nacional de Humanização (PNH), também focada nos serviços de urgência e emergência. A PNH tem como proposta produzir mudanças nos modos de agir e cuidar em saúde. Assim, propõe o acolhimento como um dispositivo de gestão da PNH (BRASIL, 2003a). O acolhimento na assistência de urgência e emergência ocorre por meio da escuta qualificada ao paciente, a qual permite ao enfermeiro entender a complexidade dos fenômenos saúde e doença apresentados pelo usuário, eassim conseguir avaliar o grau de sofrimento que este se encontra, priorizando a atenção no tempo correto, reduzindo óbitos evitáveis, sequelas e internações desnecessárias (BRASIL, 2009). Para maiores informações acerca do acolhimento na urgência e emergência assista ao vídeo disponibilizado em: https://bit.ly/40ZNW4j. DICA 18 O acolhimento com a classificação de risco é uma forma de repensar o método de triagem que se limita na avaliação subliminar do paciente. O método deve possibilitar, nos serviços de urgência e emergência, um atendimento mais ágil, eficaz e humanizado. De modo que pressupõe uma mudança das relações profissional e usuário, reconhecendo o usuário como sujeito e como participante ativo no processo de produção da saúde. Constituindo, assim, uma relação de inclusão que como base sustentadora à troca de saberes entre os sujeitos envolvidos, para encontrar estratégias que melhorem o atendimento de urgência e emergência no SUS. A fim de ampliar a discussão sobre o acolhimento com classificação de risco, leia o artigo intitulado “Desafios no acolhimento com classificação de risco sob a ótica dos enfermeiros”, disponível em: https://bit.ly/422q8hp. DICA Figura 14 – Síntese sobre o acolhimento com classificação de risco Fonte: https://bit.ly/3LwNjtc. Acesso em: 3 maio 2023. 19 Neste tema de aprendizagem, você estudou: • A importância da rede de atenção as urgências e emergências no atendimento as necessidades de saúde da população, com foco nas ações de promoção, prevenção e vigilância em saúde, mas também ações curativas no atendimento às situações agravadas das doenças prévias. • Realizar a triagem na avaliação inicial do paciente na urgência e emergência e ainda o papel do enfermeiro na condução da assistência ao paciente. • Compreender o acolhimento e a classificação de risco no contexto da urgência e emergência como ferramenta de avaliação e assistência de enfermagem. RESUMO DO TÓPICO 1 20 AUTOATIVIDADE 1 A articulação entre os componentes da rede de atendimento às urgências e emergências (RUE), tem a finalidade de integrar todos os equipamentos, recursos humanos e ampliação do acesso aos serviços de saúde de forma integral, universal, humanizada e ágil. Com relação aos serviços que compõem a RUE, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Atenção básica à saúde, Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192) e suas centrais de regulação médica das urgências, as Unidades de Pronto Atendimento (UPA 24h), rede hospitalar e atenção domiciliar. b) ( ) Centro Atenção Psicossocial, Consultório de Rua, atenção básica a saúde, Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192). c) ( ) Atenção domiciliar, Consultório de Rua, atenção básica a saúde, Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192). d) ( ) Centrais de regulação médica das urgências, as Unidades de Pronto Atendimento (UPA 24h), rede hospitalar, Centros de Convivência e Atenção à Gestação e Parto. 2 Considera-se como modalidade de triagem o Acolhimento com Classificação de Riscos, nos serviços de urgência e emergência. Este método visa qualificar o atendimento de urgência e emergência no sistema único de saúde e está dentro da proposta da Política Nacional de Humanização, com base no objetivo do Acolhimento com Classificação de Riscos, analise as sentenças a seguir: I- Ser instrumento capaz de acolher o cidadão e garantir um melhor acesso aos serviços de urgência/emergência. II- Funcionar como um instrumento de ordenação e orientação da assistência, sendo um sistema de regulação da demanda dos serviços de urgência/emergência. III- O acolhimento com classificação de risco nos serviços de urgência e emergência, auxilia o enfermeiro a organizar os pacientes por ordem de chegada. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e II estão corretas. b) ( ) Somente a sentença II está correta. c) ( ) As sentenças I e III estão corretas. d) ( ) Somente a sentença III está correta. 21 3 Ao realizar o acolhimento do paciente, o enfermeiro irá seguir um protocolo de atendimento com o qual irá avaliar: a situação do paciente; a queixa principal; a duração dos sintomas; breve histórico (relatado pelo próprio paciente, familiar ou testemunhas); medicações de uso habitual; e verificação de sinais vitais. Além disso, deve realizar a verificação da glicemia e eletrocardiograma, se necessário. A partir dessa avaliação inicial o paciente é classificado por cores, sendo elas: vermelho, amarelo, verde e azul. De acordo com o protocolo de cores, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) A cor vermelha está relacionada à prioridade zero, ou seja, deve-se encaminhar o paciente o mais rápido possível para sala de estabilização e avisar a equipe médica. ( ) O atendimento inicial da cor verde não deve ultrapassar o tempo de quinze minutos, devido ao risco de morte iminente. ( ) As situações clinicas relacionadas à cor amarela são: dor abdominal difusa, doença psiquiátrica, diarreias, idosos e grávidas assintomáticos. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – F. b) ( ) V – F – V. c) ( ) F – V – F. d) ( ) F – F – V. 4 O Ministério da Saúde propôs a Política Nacional de Humanização (PNH), também focada nos serviços de urgência e emergência. A PNH tem como proposta produzir mudanças nos modos de agir e cuidar em saúde. Assim, propõe o acolhimento como um dispositivo de gestão da PNH (BRASIL, 2003a). Sendo assim, explique como o acolhimento pode ser feito na assistência de urgência e emergência pelo enfermeiro? 5 Um dos grandes problemas enfrentados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) é o “pronto atendimento” aos usuários do sistema. As suas portas de urgência e emergência ainda apresentam dificuldades evidentes, em maior grau, provocadas pela imensa demanda de condições clínicas de urgência e emergência. Assim, o Ministério da Saúde, nos últimos anos, vem realizando esforços permanentes e progressivos no sentido de fortalecer a sua Rede de Urgência e Emergência (RUE). A busca da resolutividade nesses cenários assistenciais trata-se de uma das grandes prioridades do sistema. Disserte acerca da diferença entre rede de saúde e região de saúde em urgência e emergência. 22 23 A LEGISLAÇÃO VIGENTE DA REDE DE ATENDIMENTO ÀS URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS 1 INTRODUÇÃO Acadêmico, seja bem-vindo ao Tema de Aprendizagem 2, nele serão abordadas as questões referentes à Política Nacional de Atenção as Urgências e algumas portarias importantes para construção dessa política. Você sabe a importância da Política Nacional de Atenção as Urgências? É uma questão complexa e que depende de inúmeras variáveis para a sua aplicação afim de gerar uma assistência de qualidade. Nesse sentido, foi construído um arcabouço legal para fundamentar as ações em nível federal, estadual e municipal, a Política Nacional de Atenção às Urgências (PNAU) é a legislação que regulamenta o atendimento na RUE. Observe que essa legislação traz as estratégias para a consolidação da RUE de modo que, possa promover e assegurar a universalidade e integralidade da atenção, a equidade do acesso, além da transparência na alocação de recursos (BRASIL, 2003b). Além disso, essa política aumentou a carga das ações e serviços de saúde no SUS, com responsabilização dos diversos profissionais e nos diferentes locais de atendimento, além de tornar mais resolutiva a atenção às urgências e emergências, e possibilitar um levantamento das dificuldades da rede, viabilizando correções. Os documentos que compõem a PNAU apresentam conexão entre si por apresentar uma sequência coerente de pareceres que consideram a grande extensão territorial do país e que apresenta grandes distâncias para a rede hospitalar especializada e de alta complexidade, necessitando de serviços intermediários como unidades de pronto atendimento e o serviço de atendimento móvel. Evidencia-se a importância dessa política para toda a rede de saúde do SUS, permitindoorganizar o sistema e tendo um impacto efetivo para o bom atendimento dos seus usuários (BRASIL, 2003b). No entanto, para se chegar à formulação final da Política Nacional de Atenção às Urgências (PNAU), foi preciso instituir algumas portarias, tais como: Portaria nº 814, de 1º de junho de 2001, que estabeleceu o conceito geral, os princípios e as diretrizes da Regulação Médica das Urgências UNIDADE 1 TÓPICO 2 - 24 Caro acadêmico, para maior conhecimento disponibilizamos a seguir o link da referida portaria: https://bit.ly/42fOowc. DICA A Portaria nº 2.048, de 5 novembro de 2002, pode ser acessada por meio do link: https://bit.ly/413jJl1. DICA Essas portarias do Ministério da Saúde foram importantes para o estabelecimento de uma Política Nacional de Atenção às Urgências, pois buscaram se adequar a realidade brasileira, com planejamento para que cada nova decisão colaborasse para a implementação e ampliação da política. A seguir, vamos conhecer um pouco mais sobre a PNAU. 2 POLÍTICA NACIONAL DE URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS (PNAU) A Política Nacional de Atenção as Urgências foi criada em 2003, por meio da Portaria nº 1.863, de 29 setembro de 2003, em seu Art. 2º descreve que o atendimento às situações de urgência e emergência deve respeitar os princípios do SUS, sendo eles: a universalidade, a equidade e a integralidade da assistência no atendimento de urgências e emergências clínicas, cirúrgicas, gineco-obstétricas, psiquiátricas, pediátricas e as relacionadas às causas externas (traumatismos não intencionais, violências e suicídios). Além disso, visa a implantação dos sistemas de regulação e estruturação de uma rede regionalizada e hierarquizada de atendimento as urgências e emergências no Brasil (BRASIL, 2003b). Além disso, a Portaria nº 2.048, de 5 de novembro de 2002, fundamentou como seria implantada a PNAU no território brasileiro. De modo que estabeleceu os princípios e diretrizes dos Sistemas Estaduais de Urgência e Emergência, as normas e critérios de funcionamento, classificação e cadastramento de serviços e envolve temas como a elaboração dos Planos Estaduais de Atendimento às Urgências e Emergências, Regulação Médica das Urgências e Emergências, atendimento pré- hospitalar, atendimento pré-hospitalar móvel, atendimento hospitalar, transporte inter- hospitalar e ainda a criação de Núcleos de Educação em Urgências e proposição de grades curriculares para capacitação de recursos humanos da área. 25 A leitura da Portaria nº 1.863, de setembro de 2003, pode ser realiza na integra por meio do link a seguir: https://bit.ly/3NEey7U. DICA A Política Nacional de Atenção as Urgências, também rege a implantação do componente pré-hospitalar móvel por meio da Portaria nº 1.864, de 29 de setembro de 2003, que institui os serviços de atendimento móvel de urgência – SAMU-192, suas centrais de regulação (central SAMU-192) e seus núcleos de educação em urgência, em municípios e regiões de todo o território brasileiro, como primeira etapa da implantação da Política Nacional de Atenção às Urgências. Ademais, a fim de qualificar o atendimento de urgência e emergência no território brasileiro, foi acrescida a Política Nacional de Atenção as Urgências, a Portaria nº 2.972, de 9 de dezembro de 2008, que orienta a continuidade do programa de qualificação da atenção hospitalar de urgência e emergência no SUS, priorizando a organização e qualificação das redes loco regionais de atenção integral as urgências. Para complementar a sua leitura sobre a Portaria nº 2.972/2008, acesse: https://bit.ly/3LThnk4. DICA No entanto, para promover a atenção a saúde qualificada para toda população do território brasileiro, incluindo o atendimento ágil e resolutivo das urgências e emergências, no ano de 2011, foi criada a Portaria nº 1.600, que tem como objetivo principal Reformular a Política Nacional de Atenção as Urgências e institui a Rede de Atenção às Urgências (RUE) no Sistema Único de Saúde (SUS), em seu Art. 2º, discorre sobre a ampliação do acesso e acolhimento nos serviços de urgência e emergência, enfatizando os casos agudos e contemplando a classificação de risco para intervenção adequada e necessária aos diferentes agravos. Destaca ainda, a importância da organização das redes assistenciais (BRASIL, 2011). Leia a Portaria nº 1.600, de 7 julho de 2011, em: https://bit.ly/3p7DMRZ. DICA 26 Figura 15 – Fluxo de atendimento da RUE que compõe a Política Nacional de Urgências Fonte: https://bit.ly/3nsY9sm. Acesso em: 3 maio 2023. Observa-se que, no Brasil, a aplicação integral da Política Nacional de Atenção as Urgências ainda é um desafio, mas que tudo aquilo que já evoluímos na operacionalização dessa política, reveste-se de grande importância para salvar vidas, evitar sequelas e reduzir o sofrimento das pessoas quando elas mais necessitam dos serviços de saúde. 27 Neste tópico, você aprendeu: • A importância da Política Nacional de Atenção às Urgências no atendimento as necessidades de saúde da população. • As principais portarias que levaram à criação da Política Nacional de Atenção as Urgências (PNAU). RESUMO DO TÓPICO 2 28 AUTOATIVIDADE 1 A atenção às urgências deve fluir em todos os níveis do SUS, organizando a assistência desde as Unidade Básicas, equipes de Saúde da Família até os cuidados pós-hospitalares na convalescença, recuperação e reabilitação à saúde da população. Com relação à organização e aos objetivos da a Política Nacional de Atenção às Urgências, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) A Política Nacional de Atenção às Urgências observa os princípios da universalidade, da integralidade, da descentralização e a participação social e a humanização do atendimento. Esta também busca atender outras necessidades, como implantação dos sistemas de regulação e estruturação de uma rede regionalizada e hierarquizada. b) ( ) A Política Nacional de Atenção às Urgências deverá ser estruturada para atender as demandas em cuidados paliativos proveniente de outros pontos de atenção da rede. c) ( ) A Política Nacional de Atenção às Urgências prevê a atenção à saúde exclusivamente oferecida na moradia do paciente e caracterizada por um conjunto de ações de promoção à saúde, prevenção e tratamento de doenças. d) ( ) A Política Nacional de Atenção às Urgências observa o princípio da universalidade proporcionando ao paciente um cuidado ligado diretamente aos aspectos referentes à estrutura familiar, à infraestrutura do domicílio. 2 No ano de 2011 foi criada a Portaria nº 1.600, que tem como objetivo principal reformular a Política Nacional de Atenção às Urgências e instituir a Rede de Atenção às Urgências no Sistema Único de Saúde (SUS), nela os serviços oferecidos são agrupados de acordo com o grau de complexidade necessário para acolher as demandas da população com o objetivo de proteger, restaurar e manter a saúde dos cidadãos, com equidade, qualidade e resolutividade. Com base nas definições dos níveis de complexidade que compõem a RUE, analise as sentenças a seguir: I- Os níveis de atenção e assistência à saúde no Brasil que compõem a Rede de Atenção à Saúde às Urgências e Emergências, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), são: atenção primária, atenção secundária e terciária. II- O serviço de atendimento móvel (SAMU) não faz parte do nível quaternário de atenção e assistência à saúde no Brasil. III- No nível terciário estão as Unidades de Pronto Atendimento (UPA 24h) que se encaixam nos atendimentos de saúde de complexidade intermediária, com capacidade de atendimento de 150 a 450 pacientes por dia. 29 Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e II estão corretas. b) ( ) Somente a sentença I está correta. c) ( ) As sentenças I e III estão corretas. d) ( ) Somente a sentença III está correta. 3 A Portaria nº 1.863, de 29 de setembro de 2003, instituiu a Política Nacional de Atenção às Urgências, a partir de componentes fundamentais. Considerando estes componentes fundamentais,analise as afirmativas a seguir e classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) Adotar estratégias promocionais de qualidade de vida, buscando identificar os determinantes e condicionantes das urgências e por meio de ações transetoriais de responsabilidade pública, sem excluir as responsabilidades de toda a sociedade. ( ) Orientação geral segundo os princípios da saúde suplementar. ( ) Instalação e operação das Centrais de Regulação Médica das Urgências, integradas ao Complexo Regulador da Atenção no Sistema Único de Saúde (SUS). Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – F. b) ( ) V – F – V. c) ( ) F – V – F. d) ( ) F – F – V. 4 Os quadros de saúde que exigem intervenção imediata, acidentes e violência têm forte impacto sobre o Sistema Único de Saúde (SUS) e a sociedade brasileira. Por este motivo, a área de Urgência e Emergência constitui-se em um importante componente da assistência em saúde. Disserte acerca da Política Nacional de Atenção às Urgências no Brasil e sua importância para na organização da RUE para ao atendimento à população. 5 A Portaria nº 1.600, de 7 de julho de 2011, reformula a Política Nacional de Atenção às Urgências e institui a rede de atenção às urgências no Sistema Único de Saúde (SUS). O Capítulo I trata das diretrizes da rede de atenção às urgências, normatizando, no Art. 2º, o que se constituem diretrizes da rede de atenção às urgências. Disserte acerca das diretrizes que constituem rede de atenção às urgências. 30 31 TÓPICO 3 - A SEGURANÇA DO PACIENTE E A GESTÃO DE RISCOS EM URGÊNCIA E EMERGÊNCIA 1 INTRODUÇÃO Caro acadêmico, falamos até o momento de toda a estruturação e complexidade da rede de atendimento às urgências e emergências. E como profissional do sistema de saúde, você deve observar a grande demanda de atendimento nas referidas unidades de urgência e emergência e como essa situação pode influenciar na qualidade da assistência prestada e na segurança do paciente. Acadêmico, neste tema de aprendizagem, abordaremos a segurança do paciente e a gestão de riscos em urgência e emergência. O intuito de dar espaço a esta temática vai ao encontro das diversas nuances da atuação em enfermagem, cujas especificidades interagem com área de urgência e emergência. Os tópicos a serem abordados neste tema têm como um dos objetivos da formação do enfermeiro a compreensão de que, além de executar a assistência a beira leito, devemos compreender e executar a gestão de processos nos serviços de urgência e emergência. É uma temática bastante desafiadora, pois a formação do enfermeiro é quase que centrada nas atividades assistenciais, contudo, a seguir, iremos discutir sobre os riscos de ocorrência de erros durante o cuidado em saúde nos serviços de urgência e emergência e a necessidade de preservar a segurança do paciente realizando a gestão destes riscos. Caro acadêmico, você sabe o que é a segurança do paciente nos serviços de urgência e emergência? E o que é a gestão de riscos nesses locais de atendimento? A segurança do paciente é um conjunto de ações voltadas à proteção do paciente contra riscos, eventos adversos (EA) – incidente que resulta em danos à saúde – e danos desnecessários durante a atenção prestada nos serviços de saúde. Sabe-se que 4% a 17% de todos os pacientes que são admitidos em um serviço de saúde sofrem incidente relacionado à assistência à saúde (que não está relacionado à sua doença de base), podendo afetar sua saúde e recuperação (BRASIL, 2013a). Desse modo, para o gerenciamento dos riscos, é necessário aprender a prevenir as falhas e mudar a cultura de interpretação e análise dos incidentes relacionados à assistência à saúde (BRASIL, 2013a). UNIDADE 1 32 2 A SEGURANÇA DO PACIENTE NA ASSISTÊNCIA DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA As unidades de saúde que prestam atendimento de urgência e emergência apresentam maior risco de eventos adversos que comprometem a segurança do paciente. Conforme Marques, Rosetti e Portugal (2021), os serviços de urgência e emergência são locais dinâmicos e predispostos aos erros assistenciais devido ao seu ritmo acelerado, à superlotação, à complexidade da gravidade dos pacientes, ao fato de que os profissionais de enfermagem atendem simultaneamente muitos pacientes e com escassez de informações clínicas, além de trabalharem sob pressão constantemente. Figura 16 – Enfermaria de atendimento de um serviço de urgência e emergência com lotação que aumenta o risco a segurança do paciente Errar é humano, mas você pode ajudar a identificar problemas de segurança e contribuir na criação de barreiras para evitar que o erro lhe atinja, prevenindo danos em serviços de saúde. DICA Fonte: https://bit.ly/44kajV7. Acesso em: 3 maio 2023. Nessa perspectiva, os profissional de enfermagem que atuam no cuidado de urgência e emergência devem ter destreza manual e rapidez na ação, autocontrole emocional e grande facilidade de comunicação, para otimizar os cuidados e salvar vidas, contudo a situação de atendimento ao paciente crítico com possíveis desfechos ruins, muitas vezes leva a condutas profissionais inadequadas que ferem a segurança da própria equipe de saúde e coloca o atendimento ao paciente em risco (MARQUES, ROSETTI, PORTUGUAL, 2021). 33 Estudos tem evidenciado a falta de segurança do paciente em serviços de urgência e emergência. Conforme Paixão et al. (2020) os profissionais de saúde não realizam a identificação correta dos pacientes e não aplicam nenhum protocolo de risco aos pacientes na admissão. Além disso, observou-se que 52,8 % das soluções parenterais administradas aos pacientes não estavam identificadas com rótulos e apenas 29,4% dos pacientes foram investigados sobre ter alergia a produtos e medicamentos. Corroborando com os achados, Glickman et al. (2020) argumenta que os serviços de urgência e emergência são considerados a terceira área dos hospitais com maior ocorrência de eventos adversos. Partindo dessa premissa, é necessario rever os pontos de fragilidade na segurança dos pacientes nos serviços de urgência e emergência. De modo que, as equipes de saúde devem ser treinadas para identificar possiveis erros relacionados ao seu atendimento. As capacitações devem abordar os conceitos basicos propostos pela Organização Mundial de Saúde voltados à Segurança do Paciente, sendo eles: segurança do paciente, dano, risco, incidente, cirscunstância notificavel, near miss, incidente sem lesão e evento adverso (WHO, 2009). No Quadro 1, iremos descrever cada um destes conceitos. Quadro 1 – Alguns conceitos-chave da Classificação Internacional de Segurança do Paciente da Organização Mundial da Saúde Segurança do paciente Reduzir a um mínimo aceitável, o risco de dano desnecessário associado ao cuidado de saúde. Dano Comprometimento da estrutura ou função do corpo e/ou qualquer efeito dele oriundo, incluindo-se doenças, lesão, sofrimento, morte, incapacidade ou disfunção, podendo, assim, ser físico, social ou psicológico. Risco Probabilidade de um incidente ocorrer. Incidente Evento ou circunstância que poderia ter resultado, ou resultou, em dano desnecessário ao paciente. Circunstancia notificavel Incidente com potencial dano ou lesão. Near Miss Incidente que não atingiu o paciente. Incidente sem lesão Incidente que atingiu o paciente, mas não causou danos. Evento adverso Incidente que resulta em dano ao paciente. Fonte: adaptado de WHO (2009) No intuito de melhorar a qualidade da assistência ao paciente nas unidades de urgência e emergência, foi instituído o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP) por meio da Portaria nº 529, de 1º de abril de 2013. O PNSP tem como objetivo geral contribuir para a qualificação do cuidado em saúde em todos os estabelecimentos de saúde do território nacional. E dentre os seus objetivos específicos estão: promover e apoiar a implementação de iniciativas voltadas à segurança do paciente em diferentes áreas da atenção, organizaçãoe gestão de serviços de saúde, por meio da implantação da gestão de risco e de Núcleos de Segurança do Paciente nos estabelecimentos de saúde (BRASIL, 2013b). 34 Assim, para pensar a segurança do paciente nos serviços de urgência e emergência, é preciso reorganizar o fluxo de atendimento, identificar materiais e medicamentos e seguir protocolos de atendimento. Não somente isso, mas também para garantir a qualidade do atendimento e promover a prevenção de eventos adversos nos serviços de urgência e emergência, as salas de atendimento aos pacientes devem ser reorganizadas por cores, de acordo com o protocolo de classificação de risco. Logo, a sala vermelha que atende casos graves deve ter recursos humanos e materiais suficientes. E seus materiais, medicamentos (drogas e soluções) e equipamentos devem estar identificados, higienizados e com manutenção em dia para que possam suprir as necessidades de assistência ventilatória, assistência circulatória e estabilização em geral. Nesta sala o ideal é que o paciente não permaneça por mais de quatro horas (BRASIL, 2003a). Já a Sala Amarela é destinada a casos de gravidade moderada, já estabilizados, que tenham passado pela Sala Vermelha ou não, e que necessitam de cuidados especiais, mas que precisam ficar em observação e de atendimento médico e de enfermagem. A sala deve ter leitos equipados com monitores e suporte parecido com o de uma UTI, além da disponibilidade de recursos humanos e materiais adequado para atendimento seguro. Figura 17 – A organização, disposição dos materiais e identificação na sala de estabilização Para a leitura da Portaria nº 529, de 1º de abril de 2013, na integra, acesse: https://bit.ly/3ND2KD6. DICA Fonte: https://bit.ly/44r3ssL. Acesso em: 3 maio 2023. 35 Em relação à área verde, esta deve ser ampla para acomodar os pacientes estáveis em observação, mas que requerem uso de alguma medicação e muitas vezes aguardam leitos para internação ou transferência. Deve-se observar para que não haja muitos pacientes para atender e poucos profissionais disponíveis. Na área azul geralmente é onde fica a sala de medicação com poltronas ou cadeiras. Neste local há um potencial grande de erros de medicação, pois são atendidos os pacientes menos graves que fazem apenas uso de medicação e após são liberados (BRASIL, 2003a). Figura 18 – A organização e a estrutura da sala de observação dos pacientes que irão internar no hospital ou mesmo que necessitam ficar em um leito Fonte: https://bit.ly/412pnna. Acesso em: 3 maio 2023. Diante disso, a organização do ambiente de trabalho e do fluxo de atendimento dos serviços de urgência e emergência pode contribuir para melhorar o cuidado assistencial e ter impacto direto na segurança do paciente. 3 GESTÃO DE RISCOS EM URGÊNCIA E EMERGÊNCIA O ambiente hospitalar, de modo geral, tem seu objetivo centrado em reestabelecer a saúde dos pacientes seja qual for a gravidade que apresentam, mas, para salvar vidas, também é necessário realizar o gerenciamento de riscos principalmente nos serviços que atendem urgência e emergência. Dessa forma, quando se fala em gerenciamento de riscos, devemos considerar a qualidade dos serviços de saúde oferecidos e lembrar que a segurança do paciente é o objetivo principal do cuidado prestado em urgência e emergência. 36 Desse modo, a gestão de riscos da Rede de Urgência e Emergência segue os protocolos e portarias vigentes do Ministério da Saúde. Para o gerenciamento de risco dos serviços de urgência e emergência seguimos as orientações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) por meio da Resolução – RDC nº 36/2013, que discorre sobre as boas práticas para segurança do paciente nos serviços de saúde. Dentre as suas recomendações está a criação de núcleos de segurança do paciente (NPS), que buscam realizar a correção e contingenciamento dos fatores de risco inerentes a assistência à saúde (BRASIL, 2013c). Assista ao vídeo a seguir sobre como fazer a notificação de um evento adverso, disponível em: https://bit.ly/3VJtELD. Assista ao vídeo a seguir sobre gerenciamento de riscos no serviço de saúde, disponível em: https://bit.ly/3LRThWY. DICA DICA Partindo dessa premissa, para que a gestão de riscos nos serviços de urgência emergência seja realmente realizada, a área deve estar incluída nas ações dos núcleos de segurança do paciente. Estes núcleos são responsáveis por estabelecer estratégias e ações voltadas para reduzir ao mínimo os eventos adversos relacionados a assistência ao paciente. Deve-se realizar a identificação, análise, avaliação, monitoramento e comunicação dos riscos no serviço de urgência e emergência (BRASIL, 2013c). Para que a identificação e o gerenciamento dos riscos sejam realizados da forma correta nos serviços de urgência e emergência, estes seguem as ações sugeridas pelo Ministério da Saúde relacionadas à implementação de seis metas de identificação de risco assistencial (BRASIL, 2013c). 37 Figura 19 – Metas internacionais de segurança do paciente que também são utilizadas nos serviços de urgência e emergência Fonte: https://bit.ly/42kak9x. Acesso em: 3 maio 2023. Caro acadêmico, você sabe como poderíamos aplicar essas metas de segurança do paciente dentro dos serviços de urgência e emergência para promover a redução dos eventos adversos? Vamos ao exemplo a seguir para compreendermos como é realizado o processo de utilização dessas metas pelos profissionais de saúde da urgência e emergência. Quando o paciente é atendido na recepção do serviço de urgência e emergência já deve receber uma pulseira de identificação, contendo o seu nome completo e data de nascimento. Após passar pelo acolhimento e classificação de risco e ser avaliado pelo enfermeiro(a), o paciente poderá receber mais duas pulseiras de identificação de risco, sendo elas: alergias e risco de quedas. Essas três pulseiras de identificações irão auxiliar 38 no fluxo de atendimento e no gerenciamento de riscos na assistência ao paciente dentro do serviço de urgência e emergência. Figura 20 – A pulseira de identificação e risco de quedas colocadas no paciente na classificação de risco da urgência e emergência. Fonte: https://bit.ly/3Hx2XDV. Acesso em: 3 maio 2023. Na avaliação do médico emergencista poderão ser solicitados exames, medicamentos e procedimentos cirúrgicos para o paciente. Neste momento, para a sequência de atendimentos, o profissional de saúde da urgência e emergência deve sempre confirmar com o paciente seu nome completo, data de nascimento e alergias. Além de ficar atento ao auxílio e direito de acompanhante aos pacientes mais vulnerais em risco de queda. O simples ato de confirmar essas identificações, irá evitar erro de medicações, reações adversas de medicamentos e exames adequados à necessidade do paciente. Assim reduzindo riscos potenciais e promovendo a segurança do paciente (BRASIL, 2013a). Quando algum desses passos não é realizado pelo profissional de urgência e emergência, há maior possibilidade de ocorrer o erro, e este irá gerar um indicador assistencial que deve ser feita a análise da situação que ocorreu. Essa análise também é de responsabilidade do enfermeiro, que deve, na sua unidade de saúde, realizar treinamentos da equipe frente às situações problemas encontradas para evitar novos erros. Este é o ciclo do gerenciamento de risco no serviço de urgência e emergência. Tudo que é feito ao paciente e que é previsto nas seis metas internacionais de segurança do paciente gera indicadores assistenciais que auxiliam no gerenciamento dos riscos. No artigo intitulado “Fatores facilitadores e dificultadores da notificação de eventos adversos: revisão integrativa”, teremos mais informações sobre a temática discutida anteriormente. Acesse em: https://bit.ly/3p7WxVu. DICA 39 Figura 21 – Resumo dos conteúdos relacionados a gestão de risco nos serviços de urgência e emergência Fonte: https://bit.ly/422NGTr. Acesso em: 3 maio 2023. 40PERCEPÇÕES SOBRE O TRABALHO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM EM SERVIÇO HOSPITALAR DE EMERGÊNCIA DE ADULTOS Eliana Maria Scarelli Amaral Divanice Contim Dayane da Silva Vieira Suzel Regina Ribeiro Chavaglia Rosali Isabel Barduchi Ohl INTRODUÇÃO As unidades de urgência e emergência são setores desgastantes dos hospitais, exigindo procedimentos rápidos e precisos da equipe atuante, para conforto e socorro ao paciente e seus familiares. Isso resulta em desgaste físico e mental dos profissionais que ali atuam. O ambiente hospitalar também pode ser considerado um fator estressor, uma vez que possui condições de insalubridade e periculosidade em relação a outros tipos de serviços que são prestados por esses profissionais. Em unidades de urgência e emergência hospitalar a equipe de Enfermagem deve ter competências como: agilidade de pensamento e capacidade de resolução dos problemas iminentes. Trata-se de um ambiente de trabalho no qual o tempo é limitado; as atividades são intensas e a situação clínica dos indivíduos exige, na maioria das vezes, que o profissional atue com rapidez para que possa afastar os riscos de morte iminente ou complicações graves, pois esse é um ambiente de grande complexidade de assistência e intenso fluxo de atividades, de profissionais e usuários. A equipe de Enfermagem está inserida nos serviços de Urgência e Emergência de forma efetiva na assistência ao paciente e está sujeita a lidar com situações que englobam a vida, a doença e a morte. Logo, tem elevado nível de envolvimento com o cliente, o que desencadeia estados de ansiedade, tensão física e psicológica. Esses estados, aliados às más condições de trabalho, podem refletir negativamente nas ações prestadas pela equipe. Originalmente a palavra equipe está associada à realização de serviços laborais realizados entre indivíduos que buscam objetivos comuns. A conceituação mais técnica de trabalho em equipe é a valorização de conjunto de atribuições, tarefas ou atividades nos diferentes processos de trabalhos, tendo como base o conhecimento sobre o trabalho do outro, construindo consensos e resultados coletivos. LEITURA COMPLEMENTAR 41 O trabalho em equipe é impulsor de transformações, e, é uma das formas de trabalho que muito tem contribuído para o desenvolvimento do processo de melhoria da qualidade das instituições. Ele surge como uma possibilidade de reorganizar o trabalho e promover a qualidade dos serviços. Considera-se que esse modo de trabalho é uma alternativa para alcançar resultados eficazes, promovendo com qualidade a assistência, sendo este um dos múltiplos fatores impulsores de transformações possíveis nesse campo de atuação. Registra- -se o trabalho em equipe por sua própria característica e natureza, suscetível ao fenômeno do estresse ocupacional, embora este seja observado mesmo naqueles que não estão lotados em áreas de atendimento crítico. O conhecimento dos fatores que dificultam o desempenho das equipes é fundamental para que se indiquem pontos de conflitos e os que restringem esse desempenho rumo ao atendimento de qualidade na assistência em saúde, assim como aqueles que potencializam e podem não estar sendo valorizados. Diante do exposto, torna-se importante conhecer a percepção dos profissionais de Enfermagem com relação ao trabalho em equipe em uma unidade de Urgência e Emergência de um hospital público federal, frente às situações de cuidado ao paciente crítico e ambiente físico. Destaca-se a relevância deste estudo pelo fato de que a literatura é escassa em relação às pesquisas que focalizam o trabalho em equipe, particularmente nessas unidades, na perspectiva a que se propõe esta investigação. MÉTODO Estudo exploratório, descritivo de abordagem qualitativa, desenvolvido numa unidade de Pronto-Socorro Adulto (PSA) de um hospital de ensino de um município do Estado de Minas Gerais, MG. Foram considerados critérios de inclusão dos sujeitos na pesquisa: ser membro da equipe de Enfermagem desse serviço há mais de um ano e estar trabalhando na época da coleta de dados. Foram excluídos da pesquisa os indivíduos que não exerciam suas atividades laborais no referido serviço pesquisado ou que não se incluíam nas categorias profissionais selecionadas. O número de participantes foi de 28 sujeitos, definido pelo critério de saturação dos dados, que permite a análise mais detalhada das relações estabelecidas no ambiente da pesquisa e a compreensão de significados, sistemas simbólicos e de classificação, códigos, práticas, valores, atitudes, ideias e sentimentos. Os dados foram coletados por meio de entrevista semiestruturada tendo a seguinte questão de pesquisa: “como você percebe a atuação da equipe de Enfermagem na unidade de pronto-socorro? Por quê?” As entrevistas foram gravadas, disponibilizadas em arquivos digitais e, posteriormente, transcritas na íntegra, tendo duração média de 30 a 50 minutos. Para a análise dos dados utilizou-se o referencial de Análise de Conteúdo, a partir da realização das seguintes etapas: pré-análise, exploração do material, tratamento dos resultados e inferência e interpretação. 42 Os dados foram extraídos a partir da leitura e releitura atentiva dos discursos obtidos nas entrevistas, identificação das unidades de significado e codificação a partir de sua relação com os objetivos do estudo. Na última etapa foi feita a categorização dos discursos, a partir da classificação dos elementos segundo suas semelhanças e diferenciações, com posterior reagrupamento em função de características comuns, que deram origem às categorias temáticas pertinentes aos objetivos do estudo. Para categorização utilizaram-se os códigos: colchetes ([…]) quando um fragmento da fala foi excluído e aspas (“…”) para ilustrar as pausas que ocorreram durante a entrevista. Manteve-se o anonimato dos depoentes, que foram identificados pelas letras “Enf” para enfermeiro, “Tc” para técnicos, seguidas por número conforme ordem de entrevista (Enf1, Tc2…). O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Triângulo Mineiro sob o parecer n° 1994/11, atendendo à Resolução nº 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde. Os participantes que concordaram em participar do estudo assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido apresentado anteriormente à realização das entrevistas. RESULTADOS E DISCUSSÃO Participaram do estudo 28 profissionais da equipe de Enfermagem, sendo quatro Enfermeiros e 24 Técnicos de Enfermagem. Houve predomínio do sexo feminino com 19 (67,9%) participantes. A faixa etária predominante foi de 25-35 anos, com 12 (42,81%) sujeitos, indicando a constituição de uma equipe de Enfermagem relativamente jovem. Quanto ao tempo de formação, 13 (46,4%) sujeitos estavam com seis a dez anos de formados. No tocante à escolaridade, prevaleceu o nível médio, com 15 (53,7%) profissionais. Em relação ao tempo de serviço, 17 (60,7%) trabalham um a cinco anos na área. Considerando o regime de trabalho, dez (35,7%) desses profissionais são servidores federais e 18 (64,3%) seguem o regime brasileiro da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Vale destacar que nove (32,1%) desses trabalhadores exercem jornada dupla de trabalho. A respeito da designação para trabalhar em unidades de urgência e emergência, 14 (50%) foram por opção pessoal. Com relação à participação em cursos de capacitação, 22 (78,5%) sujeitos referiram ter feito algum tipo de treinamento para atuar na área de urgência e emergência. A análise dos discursos obtidos culminou com a identificação de três categorias temáticas: dinâmica do trabalho da equipe; interação da equipe e aspectos físicos e psicológicos da equipe. 43 DINÂMICA DO TRABALHO EM EQUIPE Para os sujeitos, a dinâmica do trabalho na equipe é caracterizada pelo sincronismo no atendimento, em que cada profissional desempenha uma função no cuidado ao paciente, baseada na divisão de responsabilidades, o que resulta no atendimento das necessidades docliente, como pode ser observado nos discursos. Na minha equipe o atendimento é sincronizado (Enf 1). Cada um ocupa uma posição, no caso, né? Cada um desenvolve uma técnica, um cuidado. De maneira que a gente atende o paciente como um todo, de maneira humanizada […] dá, trabalhando em equipe dá condição de atender o paciente da maneira que ele precisa (Enf 1). A equipe de Enfermagem valoriza a sua preparação para atuar em situações de Urgência e Emergência e reconhece que, perante situações de cuidado ao paciente crítico, a atuação coordenada dos profissionais é considerada fundamental para uma assistência eficaz. Há a necessidade de estar bem sincronizada, porque no atendimento de urgência você precisa de rapidez, e cada um precisa saber exatamente o que tem que fazer, sem perder tempo (Tc 21). Este fato corrobora estudos realizados com técnicos e auxiliares de Enfermagem, que destacaram a importância da ação coordenada da equipe de Urgência e Emergência por conseguir dar pronta resposta diante da necessidade de atendimento ao paciente. Essas unidades de serviço possuem uma dinâmica ativa e o reconhecimento e valorização do trabalho em equipe e, constituem a principal ferramenta para tornar o processo de trabalho factível. Vale ressaltar que nas unidades de atendimento ao paciente crítico há escassez de tempo e de recursos e, a exigência exercida pela necessidade de assistência imediata e precisa gera um clima de tensão e conflitos intra e interpessoais. Elas oferecem um dos ambientes mais agressivos e tensos do hospital, onde se destaca o estresse como determinante da qualidade de vida dos trabalhadores de Enfermagem. INTERAÇÃO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM Esta categoria indica que existem união e cooperação entre os profissionais na prática cotidiana da equipe de Enfermagem e a interação entre os trabalhadores é fundamental para o cuidado efetivo, expressadas nos discursos: 44 A gente sempre trabalha bem junto e temos uma boa interação no cuidar, principalmente, que a gente está bem acostumada com paciente crítico, tanto em caráter de emergência como os pacientes nas enfermarias, são pacientes muito graves, a gente tem uma boa conduta (Tc13). Tem sim interação. A gente sempre ajuda um ao outro. Se um está precisando, o outro se empenha e ajuda. Não tem esse negócio de meu paciente e paciente do outro. Sempre que um está precisando o outro ajuda (Tc10). Nesse sentido, a interação é reconhecida como ações e relações entre os membros de uma equipe, manifestada por atitudes de reciprocidade. Dessa forma, a interação entre os membros da equipe de Enfermagem favorece o desenvolvimento de uma assistência efetiva. A Política Nacional de Humanização destaca a importância da interação entre os profissionais de Enfermagem, sendo considerada um desafio a ser enfrentado pela equipe, seja pela necessidade de produção de cuidado qualificado como pelo respeito às singularidades de cada um dos sujeitos envolvidos na assistência. A prática colaborativa passou a ser reconhecida como forma de organização do trabalho desde a década de 1950 no processo de trabalho da Enfermagem, corroborando estudos acerca dessa temática que registra que a comunicação dialogada possibilita aos profissionais o desenvolvimento de atitudes colaborativas. A interação entre os membros de uma equipe pode se desenvolver como ações colaborativas por meio da integração entre os profissionais, mostrando que essa condição é primordial para o desenvolvimento das atividades laborais da equipe de Enfermagem e aprimoramento de ações voltadas para a segurança e a qualidade da assistência prestada. As interações entre membros da equipe no cotidiano do trabalho podem desencadear a ocorrência de conflitos. O conflito pode expressar significados positivos ou negativos, a depender de como ocorrem e são conduzidos. Para que as situações de conflito sejam evitadas, é primordial que haja compreensão e respeito às limitações técnicas ou de caráter emocional dos membros da equipe. O gerenciamento de conflito advindo dessas relações pode também promover mudança, criatividade e combater o conformismo. Pode-se observar nos discursos que os conflitos existem, porém se considera que a equipe unida na assistência ao paciente pode superá-los. Tem, tem bastante interação! A partir do momento que a gente fala: “- vamos fazer isso?!”, chega o paciente, assim… Tem que dar os cuidados, medicação, tudo… A gente, assim, é uma equipe até bem unida, a gente tem muita interação. Há conflitos? Há sempre, porque trabalhar em equipe não é fácil… (Tc 3). 45 A presença constante da Enfermagem nas instituições de saúde torna-a suscetível a situações conflitantes, pois o contexto e natureza do trabalho muitas vezes são complexos e estressantes, por envolverem relações de vida e morte, poder e submissão. Diante disso, torna-se relevante saber lidar com essas situações para manutenção da qualidade da assistência e da organização hospitalar. Em estudo realizado em unidade de emergência da rede pública no sul do país, observou-se que a percepção de união e cooperação entre os membros da equipe de Enfermagem gera satisfação laboral nesse ambiente de trabalho. Ressalta-se a necessidade de realização de momentos coletivos de reflexão com a finalidade de promover integração e harmonização. ASPECTOS FÍSICOS E PSICOLÓGICOS DA EQUIPE Os profissionais da equipe de Enfermagem declaram que podem estar sujeitos a consequências físicas ocasionadas pelas condições de trabalho, como ambiente e falta de equipamentos, e psicológicas, tais como; ansiedade, estresse e frustração, que podem prejudicar as relações no trabalho e na assistência. Tipo assim – “se estivesse assim, eu teria feito isso…” “se tivesse equipamento ali perto da enfermaria, banheiro, esse paciente teria pessoas mais próximas dele” então, assim, a gente fica meio frustrado. Igual hoje, são 20 e tantos pacientes para dois técnicos, isso não é bom pro próprio paciente e psicológico da gente […] (Tc 25). […] então o ambiente não é adequado! Prejudica tanto na parte física, porque aí já começa a sentir dor na coluna, de posição […] então fisicamente vai debilitando, a gente sente muitas dores, e psicologicamente… que você como não tem uma estrutura adequada, fica com essas macas nos corredores… isso querendo ou não aumenta a ansiedade da gente, o estresse, o nervosismo, então nisso prejudica também! Tanto físico, quanto mentalmente […] (Enf 3). Um estudo reforça a ideia de que é fundamental dispensar a atenção aos profissionais que assistem aos pacientes em estado crítico, pois a eles é atribuída a responsabilidade da prestação de assistência com qualidade e segurança. Para tanto, sugere-se a criação de uma ambiência favorável, com espaços alternativos que possam promover momentos de relaxamento da equipe de Enfermagem como forma de alívio das situações geradoras de estresse decorrente do trabalho nessas unidades. Um significativo número de profissionais de Enfermagem é acometido por doenças em sua atividade laboral. Esses profissionais encontram-se constantemente expostos a vários fatores de riscos para o desenvolvimento de doenças ocupacionais, como síndromes de estresse e Burnout. Esses fatores podem ser físicos, químicos, mecânicos, biológicos, ergonômicos ou psicossociais, evidenciando-se, assim, a necessidade de criação de estratégias direcionadas para esses profissionais no sentido de prevenir o surgimento dessas doenças ocupacionais. 46 A infraestrutura do setor estudado foi avaliada pelos sujeitos de pesquisa como inadequada e considerada como um aspecto dificultador do trabalho em equipe, por influenciar de forma negativa a assistência devido à falta de materiais, espaço e condições adequadas. Outro aspecto ressaltado foi que a falta de condições de trabalho, como a rotina de serviço e as dificuldades na execução da assistência, permeadas pela inadequação do ambiente físico, pode ocasionar problemas físicose psicológicos no trabalhador. Estudos indicam também que outros fatores importantes, como a escassez de profissionais, a carga de trabalho elevada, realização de atividades em curto espaço de tempo, a falta de comunicação eficaz e ambiente físico inadequado da unidade, têm levado ao surgimento de problemas físicos e psicológicos nos profissionais. As condições inadequadas de trabalho fazem com que os profissionais estejam mais sujeitos à frustração, insatisfação e sofrimento, o que prejudica a qualidade da assistência. CONCLUSÃO Este estudo possibilitou registrar aspectos inerentes que caracterizam o trabalho em equipe de Enfermagem nesse tipo de ambiente hospitalar. Entre esses aspectos foram observadas a importância das condições do ambiente de trabalho para a melhoria da assistência e as consequências disso para os profissionais de saúde. Na equipe estudada, evidenciou-se a articulação entre as ações no âmbito do processo de trabalho, refletida, principalmente, no sincronismo entre os membros no que diz respeito à responsabilidade do cuidado ao paciente crítico de modo a produzir o melhor resultado das intervenções de forma coordenada, fundamental para uma assistência eficaz. Quanto à interação, os entrevistados enfatizam a complexidade das relações humanas. Os entrevistados consideram a equipe unida e descrevem uma atitude positiva no ambiente de trabalho, porém, reconhecem as situações de conflito. A situação de conflito para os sujeitos advém da interação entre pessoas diferentes no ambiente de trabalho, sendo necessário o empenho de ambas as partes para que esse convívio seja o mais harmonioso possível. No que se refere aos aspectos físicos e psicológicos da equipe, os membros da equipe estudada destacam que a estrutura física, falta de equipamentos, é fonte geradora de ansiedade, estresse e frustração, que podem prejudicar as relações no trabalho e na assistência. Nesse aspecto, percebe-se a necessidade de atenção dos gestores a fim de desenvolver estratégias que possam reorganizar o processo de trabalho dos serviços hospitalares de emergência. 47 Os resultados deste estudo, por serem baseados numa análise qualitativa de casos heterogêneos, devem ser examinados com cuidado, já que não são passíveis de generalizações e devem ser reexaminados em futuras pesquisas sobre o tema. Essas questões merecem ser mais bem exploradas em estudos futuros sobre essa importante temática, uma vez que estão presentes de forma bastante significativa na realidade dos profissionais de Enfermagem que trabalham em unidades de atendimento ao paciente crítico. Fonte: AMARAL, E. M. S. et al. Percepções sobre o trabalho da equipe de enfermagem em serviço hospitalar de emergência de adultos. Reme: Revista Mineira de Enfermagem, Belo Horizonte, v. 21, p. 1-6, nov. 2017. Disponíve em: https://bit.ly/3ND6Wmk. Acesso em: 3 maio 2023. https://bit.ly/3ND6Wmk 48 Neste tema de aprendizagem, você estudou: • A importância da segurança do paciente nas unidades de urgências para melhorar o atendimento às necessidades de saúde da população e reduzir eventos adversos. • Como aplicar a gestão de riscos nas unidades de urgência e como realizar o gerenciamento de eventos adversos. RESUMO DO TÓPICO 3 49 AUTOATIVIDADE 1 A Organização Mundial da Saúde (OMS), no ano de 2004, demostrando preocupação com a grande incidência de erros relacionados à assistência à saúde, criou a World Alliance for Patient Safety (Aliança Mundial para a Segurança do Paciente), a qual tem como objetivo, organizar os conceitos relacionados à segurança do paciente e propor ideias para reduzir os riscos e eventos adversos. Com relação aos conceitos propostos pela (OMS) para realizar a Classificação Internacional de Segurança do Paciente, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Os conceitos propostos são: segurança do paciente, dano, risco, incidente, cirscunstância notificavel, near miss, incidente sem lesão e evento adverso. b) ( ) Os conceitos propostos são: cultura de segurança do paciente, identificação correta, metas internacionais de segurança do paciente e incidente sem lesão. c) ( ) Os conceitos propostos são: cultura de segurança do paciente, quase falha, infecções relacionadas à assistencia de saúde. d) ( ) Os conceitos propostos são: dano, risco, comunicação efetiva, incidente, cirscunstância notificavel, near miss, incidente sem lesão e evento adverso. 2 No intuito de melhorar a qualidade da assistência ao paciente nas unidades de saúde do país, foi instituído o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), por meio da Portaria nº 529, de 1º de abril de 2013. Com base no PNSP e em seus objetivos específicos, analise as sentenças a seguir: I- Promover e apoiar a implementação de iniciativas voltadas à segurança do paciente em diferentes áreas da atenção. II- Organização e gestão de serviços de saúde, por meio da implantação da gestão de risco e de Núcleos de Segurança do Paciente nos estabelecimentos de saúde. III- Traz a importância de envolver os pacientes e familiares nas ações de segurança do paciente, bem como ampliar o acesso da sociedade às informações relativas à segurança do paciente. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e II estão corretas. b) ( ) Todas as sentenças estão corretas. c) ( ) As sentenças I e III estão corretas. d) ( ) Somente a sentença III está correta. 3 A gestão de riscos da rede de urgência e emergência segue os protocolos e portarias vigentes do Ministério da Saúde. Neste sentido, a gestão de riscos é também voltada para a qualidade e segurança do paciente, observando o cumprimento dos princípios e diretrizes da gestão de risco. De acordo com o exposto, analise as afirmativas a seguir e classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: RESUMO DO TÓPICO 3 50 ( ) Adotar estratégias promocionais de qualidade de vida, buscando identificar os determinantes e condicionantes das urgências. ( ) A criação de cultura de segurança e a execução sistemática e estruturada dos processos de gerenciamento de risco dentro dos centros de saúde. ( ) A integração com todos processos de cuidado e articulação com os processos organizacionais do serviços de saúde no Sistema Único de Saúde (SUS). Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – F. b) ( ) F – V – V. c) ( ) F – V – F. d) ( ) F – F – V. 4 Para o adequado gerenciamento de riscos nos serviços de saúde, foram criados os núcleos de segurança do paciente nas instituições de saúde. Devem avaliar, dentro da gestão de risco, alguns tópicos importantes que podem reduzir eventos/danos relacionados À assistência do paciente. Disserte sobre quais são os tópicos que podem ter impacto direto na segurança do paciente. 5 A OMS, em parceria com a Joint Commission International (JCI), sugeriu a implementação e vigilância de seis principais metas relacionas a assistência em saúde BRASIL, 2021). Disserte sobre quais são essa seis metas relacionadas a segurança do paciente. Fonte: BRASIL. Metas Internacionais de Segurança do Paciente. Ministério da Educação, Brasília, DF, 7 jun. 2021. Disponível em: https://bit.ly/44p2eOU. Acesso em: 3 maio 2023. 51 REFERÊNCIAS BRASIL. Política Nacional de Humanização – Humaniza SUS. Ministério da Saúde, Brasília, DF, 2003a. Disponível em: https://bit.ly/42jvZ1Q. Acesso em: 3 maio 2023. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.863, de 29 de setembro de 2003. Institui a Política Nacional de Atenção às Urgências, a ser implantada em todas as unidades federadas, respeitadas as competências das três esferas de gestão. Brasília, DF: Mi- nistério da Saúde, 2003b. Disponível em: HTTPS://BIT.LY/3P6WVX5. Acesso em: 3 maio 2023. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria-Executiva. Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. HumanizaSUS: acolhimento com avaliação e classificação de risco: um paradigma ético-estético no fazer em saúde. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2004. 48 p. (Série B.Textos Básicos de Saúde). BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.972, de 9 de dezembro de 2008. Orien- ta a continuidade do Programa de Qualificação da Atenção Hospitalar de Urgência no Sistema Único de Saúde – Programa QualiSUS, priorizando a organização e a qualifica- ção de redes loco-regionais de atenção integral às urgências. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2008. Disponível em: https://bit.ly/42olqdA. Acesso em: 3 maio 2023. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS – acolhimento e classificação de risco nos serviços de urgência. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2009. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.600, de 7 de julho de 2011. Reformula a Política Nacional de Atenção às Urgências e institui a Rede de Atenção às Urgências no Sistema Único de Saúde (SUS). Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2011. Disponível em: https://bit.ly/3noHO85. Acesso em: 3 maio 2023. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Aten- ção Especializada. Manual instrutivo da Rede de Atenção às Urgências e Emer- gências no Sistema Único de Saúde (SUS). Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2013a. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 529, de 1 de abril de 2013. Institui o Pro- grama Nacional de Segurança do Paciente (PNSP). Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2013b. Disponível em: https://bit.ly/42q3Vdb. Acesso em: 3 maio 2023. 52 BRASIL. Ministério da Saúde. Resolução – RDC nº 36, de 25 de julho de 2013. Institui ações para a segurança do paciente em serviços de saúde e dá outras provi- dências. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2013c. Disponível em: https://bit.ly/3nvh9q7. Acesso em: 3 maio 2023. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 354, de 10 de março de 2014. Publica a proposta de Projeto de Resolução "Boas Práticas para Organização e Funcionamento de Serviços de Urgência e Emergência". Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2014. Dispo- nível em: https://bit.ly/3LPHGH1. Acesso em: 3 maio 2023. BRASIL. 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A cada tema de aprendizagem desta unidade, você encontrará auto atividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado TEMA DE APRENDIZAGEM 1 – A ENFERMAGEM NO ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR E INTRA HOSPITALAR TEMA DE APRENDIZAGEM 2 – SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS TEMA DE APRENDIZAGEM 3 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM EMERGÊNCIAS CLÍNICAS Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 56 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 2! Acesse o QR Code abaixo: 57 TÓPICO 1 — A ENFERMAGEM NO ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR E INTRA HOSPITALAR UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO Acadêmico, neste tema, abordaremos sobre a atuação da enfermagem no atendimento pré-hospitalar e intra-hospitalar. Veremos como a enfermagem desempenha um papel fundamental no atendimento pré-hospitalar e intra-hospitalar. Esses profissionais são responsáveis por fornecer cuidados de enfermagem de qualidade e ajudar a garantir a segurança dos pacientes em ambientes de atendimento de emergência. No atendimento pré-hospitalar, os enfermeiros podem trabalhar em ambulâncias e helicópteros de emergência, respondendo a chamados de emergência e fornecendo cuidados de enfermagem imediatos aos pacientes em trânsito para o hospital. Os enfermeiros pré-hospitalares são treinados para lidar com situações de emergência, como parada cardiorrespiratória, trauma e crises convulsivas, e podem administrar medicamentos e tratamentos como oxigênio e terapia intravenosa. Já no ambiente intra-hospitalar, os enfermeiros trabalham em diferentes áreas, como unidades de emergência, Unidade de Terapia Intensiva (UTI), enfermarias, centro cirúrgico, entre outras. Eles são responsáveis por monitorar a saúde dos pacientes, administrar medicamentos e tratamentos, realizar procedimentos de enfermagem e garantir que os pacientes estejam confortáveis e bem cuidados. Além disso, os enfermeiros também trabalham em conjunto com outros profissionais de saúde, como médicos, fisioterapeutas e farmacêuticos, para garantir que os pacientes recebam um tratamento completo e eficaz. 58 2 A ENFERMAGEM NO ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR A enfermagem desempenha um papel essencial no atendimento pré-hospitalar, também conhecido como Atendimento Pré-Hospitalar (APH), que consiste no primeiro atendimento de saúde que uma pessoa recebe quando está em uma emergência (CHAVES, 2017). O atendimento pré-hospitalar é realizado por profissionais de saúde que são treinados para fornecer assistência de saúde em ambientes fora do hospital, como nas ruas ou em domicílios. No atendimento pré-hospitalar, os enfermeiros desempenham um papel fundamental no suporte básico de vida, realizando procedimentos como avaliação do nível de consciência do paciente, avaliação da respiração, administração de oxigênio, monitoramento dos sinais vitais, realização de curativos, imobilização de lesões e transporte seguro para o hospital. Os enfermeiros pré-hospitalares também são treinados para lidar com situações de emergência, como paradacardiorrespiratória, crises convulsivas, trauma e outras condições que requerem intervenção imediata. Além disso, os enfermeiros pré-hospitalares trabalham em estreita colaboração com outros profissionais de saúde, como médicos, técnicos em emergências médicas, bombeiros e policiais, para garantir que os pacientes recebam atendimento adequado e de qualidade em situações de emergência. 2.1 ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR O aumento da demanda por atendimentos de urgência e emergência no país, ocasionado pela violência no trânsito, violência social e doenças de etiologias diversas, destacando- se cardiovasculares, fez com que emergisse a necessidade de um atendimento rápido e especializado com a prestação dos primeiros socorros a esses doentes de traumas e males súbitos, no local. O APH, seja móvel, seja fixo, está pautado na premissa de que o suporte imediato oferecido à vítima de lesões e traumas, se tratados com brevidade, reduzem a chance de gerar sequelas significativas (ROCHA, 2012). 2.1.1 Atendimento pré-hospitalar móvel O atendimento móvel compõe o transporte em saúde de pessoas em situação de urgência e emergência. Esse serviço acolhe pedidos de socorro de cidadãos “acometidos por agravos agudos a sua saúde, de natureza clínica, psiquiátrica, cirúrgica, traumática, obstétrica e ginecológica”. 59 Segundo o Ministério da Saúde a equipe para o atendimento de urgência deve ser constituída por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e condutor do veículo, já as Portarias n° 814, de 01/06/01, e n° 2.048, de 05/11/02, especificam as funções de cada um dos membros (BRASIL, 2002). A atuação do enfermeiro está relacionada à assistência direta ao paciente grave sob risco de morte, mas não se restringe a esta. O enfermeiro, nesse sistema, além de executar o socorro às vítimas, também desenvolve atividades educativas como instrutor, participa da revisão dos protocolos de atendimentos, da elaboração do material didático, além de atuar junto à equipe multiprofissional na ocorrência de calamidades e acidentes de grandes proporções e ser o responsável pela liderança e coordenação da equipe envolvida (ALVES et al., 2013). É importante salientar que o atendimento pré-hospitalar é uma ação interdisciplinar, em que todos os envolvidos além conhecer seu papel deve também saber desempenhá-lo com segurança, e em tempo hábil. Os primeiros 10 minutos de atendimento serão o diferencial no prognóstico do paciente. O primeiro atendimento pré-hospitalar geralmente é realizado por pessoas leigas que estão presentes no local onde a vítima está, sendo assim, é importante que cada vez mais pessoas sejam orientadas a função que devem desempenhar no momento de um acidente, ou outro tipo de emergência. Estas estão descritas no Quadro 1. Quadro 1 – Funções do socorrista no atendimento pré-hospitalar Funções do Socorrista 1.Contatar o serviço de atendimento emergencial da região (SAMU, Corpo de Bombeiros). 2. Fazer o que deve ser feito no momento certo, a fim de: salvar uma vida ou prevenir danos maiores. 3.Manter o acidentado vivo até a chegada deste atendimento. 4.Manter a calma e a serenidade frente a situação inspirando confiança. 5.Aplicar calmamente os procedimentos de primeiros socorros ao acidentado. 6.Impedir que testemunhas removam ou manuseiem o acidentado, afastando-as do local do acidente, evitando assim causar o chamado “segundo trauma”, isto é, não ocasionar outras lesões ou agravar as já existentes. 7.Ser o elo das informações para o serviço de atendimento emergencial. 8.Agir somente até o ponto de seu conhecimento e técnica de atendimento. Saber avaliar seus limites físicos e de conhecimento. 9.Não tentar transportar um acidentado ou medicá-lo. Fonte: Noções Básicas de Primeiros Socorros (2020) 60 2.1.1.1 Etapas Básicas do Atendimento Pré Hospitalar Móvel De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de nove pessoas morrem no mundo a cada minuto devido a um politrauma – seja ele por acidente automobilístico, queda de médias ou grandes alturas, violência com armas de fogo, incêndio, entre outros (OMS, 2014). Se contarmos apenas os acidentes automobilísticos, temos cerca de 1 milhão de mortes anualmente ao redor do mundo e 50 milhões de feridos significativamente – os acidentes automobilísticos são a principal causa mundial de morte devido à trauma (OMS, 2014). A fim de reduzir essa estatística assustadora, a comunidade médica decidiu sistematizar e triar pacientes politraumatizados com o emprego do ATLS (Advanced Trauma Life Support) e um de seus maiores pilares, o ABCDE do trauma. O ABCDE do trauma é uma metodologia utilizada no atendimento pré-hospitalar para garantir que as vítimas de trauma sejam avaliadas e tratadas de forma rápida e eficaz (RODRIGUES et al., 2017). Essa técnica consiste em seguir uma sequência de avaliações e intervenções, de acordo com as prioridades de cada caso. As letras A, B, C, D e E representam os seguintes aspectos: • A - Avaliação da via aérea: a primeira prioridade é garantir que a via aérea da vítima esteja desobstruída e que ela esteja respirando adequadamente. Os socorristas devem verificar se há obstruções na garganta, como sangue, vômito ou outros objetos, e garantir que a cabeça esteja posicionada corretamente para facilitar a respiração. • B - Ventilação: a seguir, os socorristas devem garantir que a vítima esteja ventilando adequadamente, ou seja, que o ar esteja entrando e saindo dos pulmões. Eles podem utilizar oxigênio suplementar, se necessário, e realizar manobras de ventilação artificial se a vítima não estiver respirando adequadamente. • C - Circulação: em seguida, os socorristas devem avaliar a circulação sanguínea da vítima, verificando a presença de hemorragias externas e procurando sinais de choque, como palidez, sudorese, taquicardia e hipotensão. Se houver hemorragias, devem ser realizadas medidas de controle da hemorragia. • D - Disfunção neurológica: o próximo passo é avaliar a função neurológica da vítima, verificando a presença de sinais de lesões cerebrais, como confusão, desorientação, perda de consciência e convulsões. • E - Exposição: por fim, os socorristas devem expor a vítima para avaliar a presença de outras lesões, como fraturas, queimaduras, lesões na pele, entre outras. Isso pode ajudar a identificar outras necessidades de intervenção. O ABCDE do trauma é uma técnica amplamente utilizada no atendimento pré- hospitalar e é considerada uma abordagem padrão para o tratamento de vítimas de trauma. Ao seguir essa sequência, os socorristas podem avaliar e tratar rapidamente as condições mais críticas, garantindo a melhor chance de sobrevivência e recuperação da vítima. 61 Figura 1 – ABCDE do trauma, segundo ATLS Fonte: https://www.sanarmed.com/5-abcdes-da-medicina-que-voce-nao-deve-esquecer-colunistas. Aces- so em: 4 mai. 2023. A infraestrutura necessária para o atendimento pré-hospitalar móvel também deve ser adequada para lidar com emergências médicas. Algumas das principais exigências estão descritas no Quadro 2: Quadro 2 – Descrição da infraestrutura necessária para atendimento pré-hospitalar INFRAESTRUTURA NECESSÁRIA PARA ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR MÓVEL Ambulância equipada A ambulância móvel deve ter equipamentos médicos adequados, como desfibrilador, ventilador mecânico, monitor cardíaco, entre outros, para prestar atendimento emergencial no local e durante o transporte para o hospital. Equipe capacitada A equipe de atendimento pré-hospitalar móvel deve ser formada por profissionais de saúde capacitados para lidar com situações de emergência médica. Médicos, enfermeiros e técnicos em enfermagem devem estar aptos a realizar procedimentos como intubação, ventilação mecânica, administração de medicamentos, entre outros. Comunicação É importante que a equipe de atendimento pré-hospitalar móvel tenha comunicação constante com a central de regulação médica e com os hospitais para garantir uma resposta rápidaem caso de emergência. https://www.sanarmed.com/5-abcdes-da-medicina-que-voce-nao-deve-esquecer-colunistas 62 Equipamentos de proteção individual (EPIs) A equipe de atendimento pré-hospitalar móvel deve estar equipada com os EPIs necessários para garantir a segurança do paciente e da equipe, como luvas, máscaras, aventais, óculos de proteção, entre outros. Transporte seguro A ambulância móvel deve ser segura e confortável para o transporte do paciente. Deve possuir suporte para fixação de maca e equipamentos médicos, além de espaço suficiente para a equipe de atendimento. Monitoramento e rastreamento A ambulância móvel deve possuir um sistema de monitoramento e rastreamento que permita a localização e acompanhamento da unidade em tempo real, facilitando o acesso a informações importantes durante o atendimento. Treinamento e manutenção A equipe de atendimento pré-hospitalar móvel deve receber treinamento constante para atualização de conhecimentos e técnicas de atendimento, além de manter a manutenção regular dos equipamentos e ambulâncias móveis. Fonte: o autor 2.1.2 Atendimento pré-hospitalar domiciliar O atendimento pré-hospitalar domiciliar é uma modalidade de assistência à saúde que visa prestar cuidados médicos de emergência a pacientes em suas próprias residências. Esse tipo de serviço é realizado por equipes de profissionais da saúde, como médicos, enfermeiros e técnicos em enfermagem, que são treinados para prestar atendimento de urgência e emergência fora do ambiente hospitalar. O atendimento pré-hospitalar domiciliar pode ser útil em diversas situações, como em casos de crise hipertensiva, infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral, crises convulsivas, entre outros. Além disso, esse tipo de assistência pode reduzir o tempo de espera pelo atendimento médico, diminuir o tempo de internação hospitalar e aumentar a sobrevida do paciente. As equipes que prestam atendimento pré-hospitalar domiciliar devem ter equipamentos adequados e estar preparadas para lidar com situações de emergência. É importante que a equipe seja treinada em técnicas de reanimação cardiopulmonar (RCP) e que tenham acesso a medicamentos e equipamentos necessários para estabilizar o paciente. O atendimento pré-hospitalar domiciliar é uma opção importante para pacientes que precisam de atendimento emergencial, mas que preferem ou necessitam de cuidados em casa. É importante ressaltar que esse tipo de serviço deve ser realizado por profissionais qualificados e em conformidade com as normas de segurança e qualidade 63 estabelecidas pelos órgãos reguladores da saúde. Com relação ao material e equipamentos necessários para o atendimento pré- hospitalar domiciliar esse não difere do utilizado no atendimento pré-hospitalar móvel, já que ambos têm o objetivo de atender o paciente fora do ambiente de saúde. 2.2 ATENDIMENTO INTRA-HOSPITALAR O atendimento de urgência intra-hospitalar é uma parte fundamental do sistema de saúde, pois lida com situações emergenciais que ocorrem dentro das unidades hospitalares. Esses casos de urgência podem ser decorrentes de diversos fatores, como doenças agudas, acidentes e complicações decorrentes de procedimentos médicos. O objetivo principal do atendimento de urgência intra-hospitalar é garantir o suporte imediato e eficaz aos pacientes em estado grave, a fim de estabilizá-los e salvaguardar suas vidas. É essencial que as equipes de saúde que trabalham na unidade hospitalar estejam treinadas para lidar com essas situações de emergência, possuindo o conhecimento, habilidades e recursos necessários para realizar intervenções imediatas. 2.3 Passos da Avaliação de Emergência A avaliação de emergência é um processo essencial para o atendimento de urgência, que envolve a avaliação completa do paciente a fim de identificar possíveis condições que possam colocar sua vida em risco. Os passos comuns da avaliação de emergência, que podem ser aplicados envolvendo todo o corpo humano, incluem: Avaliação inicial: essa é a primeira etapa da avaliação, na qual o profissional de saúde avalia rapidamente o paciente para determinar a gravidade da situação e estabilizar as funções vitais, como respiração, circulação e nível de consciência. Histórico médico: é importante obter informações sobre o histórico médico do paciente, incluindo doenças pré-existentes, medicações utilizadas, alergias e outras informações relevantes que possam auxiliar no diagnóstico e tratamento. Exame físico: o profissional de saúde deve realizar um exame físico completo, avaliando os sinais vitais, como pressão arterial, frequência cardíaca, respiração e temperatura, bem como examinando a aparência geral do paciente e verificando sinais de trauma, dor ou outras anormalidades. Exames complementares: em alguns casos, pode ser necessário realizar exames complementares, como radiografias, exames de sangue, eletrocardiogramas e outros exames específicos para auxiliar no diagnóstico. Avaliação do sistema nervoso: é importante avaliar a função do sistema nervoso, incluindo nível de consciência, movimentos corporais e outras funções cerebrais. 64 Avaliação do sistema cardiovascular: o profi ssional de saúde deve avaliar a função do sistema cardiovascular, incluindo a avaliação do pulso, pressão arterial, edema e outros sinais relacionados. Avaliação do sistema respiratório: a função respiratória também deve ser avaliada, incluindo a frequência respiratória, ritmo e profundidade, além de sinais de difi culdade respiratória. Avaliação do sistema gastrointestinal: a avaliação do sistema gastrointestinal é importante em casos de doenças ou lesões abdominais, incluindo a avaliação do abdômen e órgãos internos. Avaliação do sistema geniturinário: em casos de emergência que envolvam o sistema geniturinário, é importante avaliar a função dos órgãos urinários e genitais. Tratamento: com base na avaliação realizada, o profi ssional de saúde deve iniciar o tratamento necessário para estabilizar o paciente, incluindo a administração de medicamentos, terapia de fl uidos, intervenções cirúrgicas ou outros procedimentos necessários. Esses são os passos gerais da avaliação de emergência que podem ser aplicados em casos de emergência envolvendo todo o corpo humano. É importante ressaltar que a avaliação pode variar dependendo da condição específi ca do paciente e que a equipe de saúde deve estar preparada para realizar adaptações conforme necessário para garantir o melhor atendimento possível. INTERESSANTE 3 O PAPEL DO ENFERMEIRO NO ATENDIMENTO DE URGENCIA PRÉ-HOSPITALAR E INTRA-HOSPITALAR O papel do enfermeiro no atendimento de urgência pré-hospitalar e intra-hospitalar é fundamental para garantir a qualidade e a segurança do atendimento ao paciente em situações de emergência. No atendimento pré-hospitalar, o enfermeiro pode trabalhar em equipe com médicos e técnicos em enfermagem, realizando avaliação e triagem do paciente, administração de medicamentos e procedimentos de emergência, além de garantir a estabilização do paciente antes da chegada ao hospital. Já no atendimento intra-hospitalar, o enfermeiro é responsável por realizar a avaliação inicial do paciente, incluindo a identifi cação e priorização dos problemas de saúde, a coleta de dados clínicos e a monitorização dos sinais vitais. O enfermeiro também pode administrar medicamentos e realizar procedimentos de emergência, além de coordenar a assistência prestada por outros profi ssionais de saúde. 65 Em ambos os casos, é importante que o enfermeiro esteja atualizado em relação às melhores práticas e protocolos de atendimento de urgência, além de possuir habilidades técnicas e de comunicação para lidar com situações de estresse e tomar decisões rápidas e precisas. O enfermeiro também deve ter uma abordagem humanizada e acolhedora, considerando as necessidades emocionais e psicológicas do paciente e de seus familiares, além de trabalhar em conjunto com a equipemultidisciplinar para garantir o melhor cuidado possível ao paciente 3.1 ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS DAS URGÊNCIAS As urgências médicas podem apresentar vários aspectos éticos e legais que devem ser considerados pelos profissionais de saúde envolvidos no atendimento. Algumas questões éticas que podem surgir durante uma emergência incluem: Consentimento informado: o paciente ou seu representante legal deve ser informado sobre o diagnóstico, os procedimentos que serão realizados e os riscos envolvidos antes de dar seu consentimento para o tratamento. Em situações de emergência, pode ser necessário realizar um tratamento sem o consentimento do paciente, mas nesse caso o profissional de saúde deve agir de acordo com o princípio da beneficência, ou seja, fazer o que é melhor para o paciente (BEAUCHAMP, 2019). Confidencialidade: os profissionais de saúde devem manter a privacidade do paciente e proteger suas informações confidenciais, de acordo com as leis de privacidade e proteção de dados (BEAUCHAMP, 2019). Justiça e equidade: durante uma emergência, os recursos podem ser limitados e os profissionais de saúde devem tomar decisões éticas sobre a alocação desses recursos para garantir uma distribuição justa e equitativa (BEAUCHAMP, 2019). • Além das questões éticas, existem várias leis e regulamentações que os profissionais de saúde devem seguir durante uma emergência. Por exemplo: • O código de ética médica e de enfermagem: são documentos que definem os princípios éticos que os profissionais de saúde devem seguir em sua prática. A Resolução COFEN nº 564/2017 é a normativa que aprova o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem. • A legislação sobre o atendimento de emergência: em alguns países, existe legislação específica que regula o atendimento de emergência, incluindo os procedimentos que devem ser seguidos e as responsabilidades dos profissionais de saúde. A responsabilidade civil e penal: os profissionais de saúde podem ser responsabilizados por danos causados durante o atendimento de emergência, se agirem com negligência ou imprudência. A atuação do profissional enfermeiro nas urgências está ancorada na Resolução nº 713/2022 que “Atualiza a norma de atuação dos profissionais de enfermagem no Atendimento Pré-hospitalar (APH) móvel Terrestre e Aquaviários, quer seja na assistência direta, no gerenciamento e/ou na Central de Regulação das Urgências (CRU), em serviços públicos e privados, civis e militares.” 66 3.1.1 Atuação do enfermeiro na assistência pré-hospitalar móvel A atuação do Enfermeiro na assistência pré-hospitalar engloba as práticas assistenciais já reconhecidas para o Suporte Básico de Vida (SBV), Suporte Intermediário de Vida (SIV) e do Suporte Avançado de Vida (SAV) nos agravos de origem clínica, traumática, cirúrgica, psiquiátrica, pediátrica, obstétrica e outros, em todo ciclo vital. Sendo assim, compete ao Enfermeiro na assistência pré-hospitalar: a. prestar cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica a pacientes graves e com risco de morte, que exijam conhecimentos científicos adequados e capacidade de tomar decisões imediatas, conforme protocolos assistenciais do serviço; b. cumprir prescrição oriunda do Médico regulador da Central de Regulação das Urgências fornecida por meio de rádio, telefones fixos e/ou móveis (a distância), ou conforme protocolos assistenciais estabelecidos e reconhecidos do serviço, observando a legislação vigente; c. executar práticas de abordagem ventilatória e circulatória, inclusive com a utilização de dispositivos extraglóticos, dispositivos intravasculares periféricos ou intraósseos, entre outras tecnologias, desde que capacitado, conforme legislação vigente; d. prestar a assistência de enfermagem à gestante, a parturiente e ao recém nato e realizar partos sem distócia; e. executar ações de salvamento terrestre, em altura e aquático, desde que esteja capacitado e portando os equipamentos de proteção individual e coletivos específicos para cada ação; f. participar nos programas de capacitação de pessoal de saúde em urgências, particularmente nos programas de educação permanente; g. realizar o processo de enfermagem, conforme legislação vigente; h. supervisionar, orientar e acompanhar os profissionais de enfermagem; i. executar atividades organizacionais concernentes à gestão do cuidado na rotina do serviço. Frente aos cuidados de maior complexidade técnica que exigem tomada de decisão imediata e o conhecimento específico que a área requer, e com vistas a garantir a segurança do paciente e do profissional, o presente documento estabelece conceitos e normas para a atuação e a responsabilidade dos profissionais de enfermagem no âmbito de suas competências legais, nas centrais de regulação das urgências, na assistência e no gerenciamento de serviços de atendimento pré-hospitalar móvel terrestres e aquaviários, públicos e privados, civis e militares. Resolução nº 0713/2022 IMPORTANTE 67 3.1.2 Atuação do enfermeiro no gerenciamento da assistência e de áreas e/ou recursos pré-hospitalares móveis A atuação do Enfermeiro no gerenciamento da assistência e dos recursos pré-hospitalares engloba as atividades relacionadas à administração da equipe de enfermagem e das diferentes áreas da estrutura organizacional dos serviços. Sendo assim, compete ao Enfermeiro em atividades de gerenciamento: a. coordenar e liderar a equipe de enfermagem do serviço pré-hospitalar; b. realizar a supervisão e avaliação das ações de enfermagem da equipe no APH, e/ou desenvolver processos de trabalho que atendam a esta norma; c. definir e fazer cumprir os parâmetros para o dimensionamento de pessoal de enfermagem; d. elaborar, cumprir e fazer cumprir o regimento do serviço de Enfermagem; e. estabelecer os requisitos e normativas para a elaboração da escala mensal, participando ativamente de sua construção e avaliação garantindo assim a qualidade e a segurança na assistência de enfermagem 24h ininterrupta em cada unidade de APH; f. articular, organizar e ministrar ações de educação permanente em serviço para as equipes de enfermagem e no trabalho interprofissional, nas atividades de sua competência; g. subsidiar os responsáveis pelo desenvolvimento de recursos humanos para as necessidades de capacitação permanente da equipe; h. participar em conjunto com a equipe multiprofissional, da construção de protocolos assistenciais e de processos de trabalho administrativos; i. fazer controle de qualidade do serviço nos aspectos inerentes à sua profissão, por meio da construção e análise de indicadores de qualidade da assistência de Enfermagem; j. garantir a realização do processo de enfermagem, conforme legislação vigente. 68 Neste tema de aprendizagem, você estudou: • A diferença de atendimento de urgência pré-hospitalar móvel e domiciliar. • A sequência de atendimento do trauma é um processo sistemático de avaliação e tratamento que é realizado para pacientes que sofreram lesões graves ou traumas. Essa sequência é conhecida como ABCDE do trauma, e é um acrônimo para as etapas que devem ser seguidas na ordem correta para garantir que o paciente receba o tratamento adequado o mais rápido possível. Seguir a sequência ABCDE do trauma é importante para garantir que o paciente receba o tratamento correto o mais rápido possível, o que pode ajudar a salvar vidas em casos de lesões graves ou traumas. • O papel desempenhado pelo profissional enfermeiro no atendimento de urgência e emergência é fundamental no suporte básico de vida, realizando procedimentos como avaliação do nível de consciência do paciente, avaliação da respiração, administração de oxigênio, monitoramento dos sinais vitais, realização de curativos, imobilização de lesões e transporte seguro para o hospital. • Para atendimento de urgências, necessitamos de infraestrutura física e recursos humanos viabilizar o atendimento tanto da urgência pré-hospitalar móvel quanto domiciliar, sendo que para ambosnecessitamos de: ambulância equipada; equipe capacitada; comunicação; equipamentos de proteção individual (EPIs); transporte seguro; monitoramento e rastreamento, treinamento e manutenção. • Os aspectos éticos e legais do atendimento de urgência que são norteados pela Resolução COFEN nº 713/2022. RESUMO DO TÓPICO 3 69 AUTOATIVIDADE 1 Em uma abordagem para prestar primeiros socorros a uma vítima, considere a primeira etapa: avaliação primária. Acerca do que é característica dessa etapa verificar, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Possível intoxicação da vítima. b) ( ) O estado de consciência da vítima. c) ( ) Se a vítima sofreu choque elétrico. d) ( ) A quantidade de sangue perdido pela vítima. e) ( )A existência de fraturas ou outras lesões na vítima. 2 A ação prioritária em um incidente de trauma é a avaliação geral da cena. Qualquer problema identificado nessa avaliação deve ser resolvido de determinada forma. Acerca de como esse tipo de problema deve ser resolvido, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Antes do chamado dos socorristas. b) ( ) Antes do atendimento da vítima. c) ( ) Durante o atendimento da vítima. d) ( ) Após a chegada dos socorristas. e) ( ) Após o atendimento da vítima. 3 No atendimento inicial às emergências, a avaliação objetiva identificar rapidamente o principal problema associado à lesão ou ao agravo clínico, para uma tomada de decisão quanto ao atendimento e(ou) a remoção da vítima. Com relação a esse tema, julgue o item subsequente: *Na avaliação primária do paciente com suspeita de trauma, a garantia da segurança da cena deverá ser prioridade. a) ( ) Certo. b) ( ) Errado. c) ( ) Não há avaliação primária. 4 Em caso de acidente de trânsito em que a vítima fica presa às ferragens do veículo, qual a ação prioritária a ser realizada? 70 5 O ABCDE do trauma é uma metodologia utilizada no atendimento pré-hospitalar para garantir que as vítimas de trauma sejam avaliadas e tratadas de forma rápida e eficaz (RODRIGUES et al., 2017). Essa técnica consiste em seguir uma sequência de avaliações e intervenções, de acordo com as prioridades de cada caso. Quais aspectos representam A, B, C, D e E trauma? Fonte: RODRIGUES, M. de S. R.; SANTANA, L. F.; GALVÃO, I. M. G. Utilização do ABCDE no atendimento do traumatizado. Rev Med, São Paulo, v. 96, n. 4, p. 278-80, out./nov., 2017. 71 SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS 1 INTRODUÇÃO Acadêmico, no Tema de Aprendizagem 2, abordaremos sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) em urgências e emergências, sendo a SAE uma importante ferramenta de gerenciamento do cuidado em meio às condições adversas que permeiam o cenário dos serviços de urgência e emergência. Para que o enfermeiro possa realmente construir sua identidade no campo da assistência e desmistificar conceitos e posturas como os de submissão à classe médica, é preciso, sobretudo, que se abandone o uso de intervenções ao acaso, sem planejamento, justificativa científica e reflexão. O Processo de Enfermagem é a representação maior do método científico da profissão, sendo direcionado pela SAE, através da qual ocorre o desenvolvimento e organização do trabalho da equipe pela qual o enfermeiro é responsável. A SAE permite detectar as prioridades de cada paciente quanto as suas necessidades, fornecendo, assim, uma direção para as possíveis intervenções. A SAE em urgências e emergências é fundamental para garantir uma assistência segura e de qualidade aos pacientes que necessitam de atendimento imediato. Além disso, esse processo contribui para a padronização dos cuidados e para a melhoria contínua da qualidade da assistência prestada pelos profissionais de enfermagem UNIDADE 2 TÓPICO 2 - 72 2 SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM No Brasil, vemos a cada dia a crescente demanda por serviços de saúde caracterizada pela elevada morbimortalidade devido a causas externas, em especial violência e acidentes de trânsito, associada à maior expectativa de vida da população e consequente aumento da prevalência de doenças crônicas não transmissíveis, que chama a atenção para a reorganização dos serviços de urgência e emergência, a fim de garantir uma assistência segura e de qualidade (BRASIL, 2013). Essa crescente demanda por serviços de urgência traz à tona problemas como superlotação das unidades, dimensionamento de pessoal inadequado, rotatividade dos pacientes, processo de trabalho fragmentado, conflitos de poder, números de pacientes superior à quantidade de leitos, sobrecarga de trabalho e pouca articulação das redes assistenciais (BRASIL, 2013). A superação dos desafios impostos para serem superados devem estar vinculada à prioridade da prestação de uma assistência contínua e com qualidade, o que requer, a implementação de processos de trabalho bem definidos e profissionais de saúde capacitados (MIRANDA et al., 2012). É nesse âmbito que a atuação do enfermeiro se torna fundamental junto à equipe multidisciplinar, tendo a SAE como uma importante ferramenta de gerenciamento do cuidado em meio às condições adversas que permeiam o cenário dos serviços de urgência e emergência. A Resolução COFEN n° 358/2009 define que a SAE tem por finalidade organizar o trabalho da Enfermagem, quanto ao método, pessoal e instrumentos, de modo que seja possível a operacionalização do Processo de Enfermagem (COFEN, 2009). Embora bem definida e respaldada por aspectos legais e científicos, a SAE ainda é pouco presente nesse tipo de serviço de saúde. Sabe-se que, apesar das dificuldades, a importância da SAE na garantia de uma assistência de qualidade em qualquer ambiente de saúde sobrepõe os entraves próprios desse cenário (FELIX; RODRIGUES; OLIVEIRA, 2009; MIRANDA et al., 2009). A SAE é um processo que visa proporcionar uma assistência segura e efetiva aos pacientes que necessitam de atendimento imediato devido a condições de saúde críticas. Esse processo é realizado por meio da aplicação do Processo de Enfermagem, que consiste em cinco etapas: coleta de dados, diagnóstico de enfermagem, planejamento de enfermagem, implementação de enfermagem e avaliação de enfermagem (COFEN, 2009). 73 Figura 3 – Etapas da Sistematização Assistência de Enfermagem Fonte: COFEN (2009) A seguir, veremos cada fase desse processo voltado para o atendimento em urgência e emergência. 2.1 COLETA DE DADOS DE ENFERMAGEM A coleta de dados é a primeira etapa e envolve a coleta de dados sobre o paciente, incluindo a história clínica, sinais vitais, exames laboratoriais e físicos, além da avaliação da sua condição emocional e psicológica. Nessa etapa, é importante identificar os sinais de alerta e priorizar as intervenções de acordo com a gravidade da condição do paciente (SILVA, 2019). A fase de coleta de dados é composta pela entrevista e pelo exame físico de enfermagem, é nessa fase que colhemos todas as informações relativas ao paciente e suas necessidades. A partir desses dados, damos continuidade ao processo, levantando os problemas que necessitam de intervenção. 74 2.1.1 Entrevista A fase de entrevista é um momento crucial na sistematização da assistência de enfermagem, pois é nesse momento que o enfermeiro realiza a coleta de informações sobre o paciente, suas condições de saúde, histórico médico e outros fatores relevantes para a prestação de cuidados de enfermagem adequados. Durante a entrevista, o enfermeiro deve utilizar técnicas de comunicação efi cazes para obter informações precisas e relevantes sobre o paciente. É importante que o enfermeiro seja claro e objetivo ao fazer perguntas e também esteja atento aos sinais não verbais do paciente, como expressões faciais e linguagem corporal, para obter uma compreensão mais completa da situação. Além disso, o enfermeiro também deve estabelecer uma relação de confi ança com o paciente, criando um ambiente acolhedor e respeitoso,no qual o paciente se sinta à vontade para compartilhar suas informações. É importante que o enfermeiro seja empático e compreensivo, demonstrando interesse e preocupação genuína com a situação do paciente. Durante a entrevista, o enfermeiro deve coletar informações sobre o histórico de saúde do paciente, incluindo doenças prévias, tratamentos realizados, medicamentos em uso, alergias e outros fatores relevantes. Também deve avaliar o estado atual do paciente, incluindo sintomas, sinais vitais e outros aspectos físicos e psicológicos. Com base nas informações coletadas durante a entrevista, o enfermeiro poderá estabelecer um plano de cuidados de enfermagem individualizado e efetivo, que atenda às necessidades específi cas do paciente. Esse plano pode incluir intervenções como administração de medicamentos, monitoramento de sinais vitais, apoio emocional e outros cuidados necessários para garantir o bem-estar do paciente. A fase de entrevista é fundamental na sistematização da assistência de enfermagem, pois é nesse momento que o enfermeiro coleta informações cruciais sobre o paciente, estabelece uma relação de confi ança e empatia, e desenvolve um plano de cuidados individualizado e efi caz. É importante que o enfermeiro seja habilidoso em técnicas de comunicação e demonstre sensibilidade e preocupação genuína com o paciente, para que o cuidado seja prestado com excelência. INTERESSANTE 75 2.1.2 Exame físico de enfermagem O exame físico de enfermagem na urgência e emergência é uma avaliação rápida e sistemática do paciente que busca identificar possíveis alterações físicas ou fisiológicas que possam indicar risco iminente de morte ou comprometimento da saúde. O objetivo desse exame é avaliar a condição geral do paciente, determinar a urgência de intervenção médica, estabelecer diagnósticos e planejar cuidados imediatos. O exame físico de enfermagem na urgência e emergência é realizado em etapas que estão descritas no Quadro 3: Quadro 3 – Etapas do Exame físico de enfermagem do paciente ESTAPAS DO EXAME FÍSICO DE ENFERMAGEM Avaliação geral Avaliação do nível de consciência, respiração, circulação e perfusão periférica (pulso, temperatura e cor da pele), além de identificar sinais de trauma ou lesões visíveis. Inspeção Avaliação visual de características físicas do paciente, incluindo aparência geral, estado nutricional, sinais de desconforto, deformidades, assimetrias e mobilidade. Palpação: Avaliação de características físicas através do toque, como pulso, temperatura, dor e inchaço, bem como avaliação da presença de massa ou tumores. Ausculta: Avaliação da função pulmonar e cardíaca através da escuta dos sons produzidos pelo coração, pulmões e abdome, identificando possíveis anormalidades. Verificação de sinais vitais: Avaliação dos sinais vitais, incluindo pressão arterial, frequência cardíaca, frequência respiratória, oximetria de pulso e temperatura corporal. Fonte: o autor 2.2 DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM O diagnóstico é a segunda etapa e consiste na identificação das necessidades de cuidado do paciente com base na avaliação realizada. Os diagnósticos de enfermagem devem ser claros, objetivos e baseados em evidências científicas. Os diagnósticos de enfermagem se referem a como o cliente e sua família, vão reagir a condições de saúde e doença e os eventos trazidos por este processo (SILVA et al., 2017). 76 Figura 4 – Pensamento crítico Fonte: adaptada de Alfaro-Lefevre (2010) O Pensamento crítico como instrumento de tecnologia leve serve como subsídio para a prática do enfermeiro para a aplicação da Sistematização de Assistência de Enfermagem. Sendo assim, o enfermeiro para aperfeiçoamento dos seus conhecimentos técnicos-científicos, necessita desenvolver competências a partir da prática diária clínica, além de habilidades cognitivas e perceptivas para comunicação com a pessoa, família e coletividade. A coleta de dados dá subsídio ao processo de diagnóstico e prescrição das ações ou intervenções de enfermagem (ALFARO-LEFEVRE, 2010). 2.3 PLANEJAMENTO DA ASSISTENCIA DE ENFERMAGEM O planejamento é a terceira etapa e envolve a definição dos objetivos e das intervenções de enfermagem para atender às necessidades identificadas na etapa anterior. O plano de cuidados deve ser individualizado e adaptado às necessidades de cada paciente (SILVA et al., 2017). Baseado nas prioridades das ações, serão determinadas as intervenções/ações de enfermagem, que podem ser: 77 Quadro 4 – Intervenções/ações de enfermagem Fonte: o autor As ações de enfermagem, sendo elas intervenções independentes ou dependentes, necessita da competência técnica e conhecimento científico para execução. Saber reconhecer os resultados esperados a partir do planejamento influenciará na avaliação do cliente e requer saber identificar os possíveis efeitos advindos da ação (COREN/BA, 2016). IMPORTANTE 2.4 IMPLEMENTAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A implementação é a quarta etapa e consiste na execução do plano de cuidados definido na etapa anterior. As intervenções devem ser realizadas de forma segura, efetiva e individualizada, levando em consideração as condições clínicas do paciente (SILVA et al., 2017). A prescrição de enfermagem na urgência é uma atividade de grande importância para garantir a segurança e o bem-estar do paciente. É importante ressaltar que a prescrição de enfermagem não substitui a prescrição médica, mas complementa o cuidado prestado ao paciente. Algumas das ações que podem ser prescritas pelo enfermeiro na urgência incluem: 78 1. Administração de medicamentos: o enfermeiro é responsável pela prática de administração de medicamentos, prescritos pelo médico, sendo que na urgência e emergência as principais medicações para alívio da dor, redução de febre, controle de náuseas e vômitos, entre outras finalidades. Esse é um exemplo de intervenções interdependentes. 2. Realização de procedimentos: o enfermeiro pode prescrever procedimentos, como curativos, aspiração de secreções, nebulização, entre outros, desde que estejam dentro do seu escopo de prática profissional. 3. Monitorização de sinais vitais: o enfermeiro pode prescrever a monitorização dos sinais vitais do paciente, como frequência cardíaca, pressão arterial, frequência respiratória, temperatura. 4. Orientação e educação ao paciente: o enfermeiro pode prescrever orientações e educação ao paciente e seus familiares, como cuidados pós-operatórios, orientações sobre medicações e sobre a importância da adesão ao tratamento prescrito. 2.5 AVALIAÇÃO DE ENFERMAGEM A avaliação é a quinta e última etapa, que envolve a verificação dos resultados obtidos a partir das intervenções realizadas. É importante avaliar se os objetivos foram alcançados, se as intervenções foram efetivas e se há necessidade de ajustes no plano de cuidados (SILVA et al., 2017). Faça uma investigação abrangente da clientela (pessoa, família ou coletividade) para decidir se os resultados esperados foram alcançados ou se surgiram novos problemas: a. decida se modifica, mantem ou encerra o plano de cuidados; b. realize investigação contínua até a alta da clientela (pessoa, família ou coletividade), sempre revisando os enunciados de diagnósticos e intervenções de enfermagem. 3 SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM URGÊNCIA E EMERGÊNCIA O papel do enfermeiro na urgência é fundamental, pois ele é responsável por coordenar o atendimento, avaliar o paciente e definir o plano de cuidados. O enfermeiro também é responsável por prestar orientações aos pacientes e familiares, bem como realizar o acompanhamento após a alta hospitalar, garantindo a continuidade do tratamento e prevenção de complicações. É importante que o enfermeiro esteja preparado para lidar com situações de emergência, mantenha-se atualizado sobre os protocolos de atendimento e esteja sempre em busca de aprimoramento profissional, por meio de cursos e capacitações. 79 A atuação doenfermeiro é fundamental junto à equipe multidisciplinar, sendo a SAE uma importante ferramenta para gerenciar o cuidado em meio às condições adversas que estão presentes dentro da assistência serviços de urgência e emergência. Apesar de ter respaldo ético legal e científico, a SAE ainda não é realidade no serviço de urgência e emergência (FELIX; RODRIGUES; OLIVEIRA, 2009; MIRANDA et al., 2012). Sendo assim, é imprescindível que o enfermeiro conheça seu papel de atuação dentro da assistência. Essa atribuição está estabelecida na Lei n° 7.498, de 25 de junho de 1986, que regulamenta o exercício da profissão de enfermagem. Vamos aprofundar nossos conhecimentos? Consulte: Lei n° 7.498, de 25 de junho de 1986. DICA 3.1 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA URGÊNCIA E EMERGÊNCIA A assistência de enfermagem na urgência tem como objetivo atender às necessidades imediatas e urgentes dos pacientes, promovendo a estabilização do quadro clínico e a prevenção de complicações. Toda equipe de enfermagem deve sempre pronta e agir com destreza, agilidade e habilidade, sempre capaz de definir prioridades e intervir de maneira consciente, prestando uma assistência segura ao ser humano, tendo sempre como princípio que mesmo na emergência o cuidado é o elo de interação entre profissional e paciente (MARIA, 2012). Para implementar essa assistência de forma eficaz, é importante seguir as seguintes etapas: • Avaliação inicial O enfermeiro deve realizar uma avaliação rápida e sistemática do paciente, identificando os sinais vitais, os sintomas e as queixas principais, além de realizar uma rápida avaliação da história clínica do paciente. • Priorização de atendimento Com base na avaliação inicial, o enfermeiro deve priorizar o atendimento de acordo com a gravidade do quadro clínico do paciente. • Monitorização contínua É importante manter a monitorização contínua dos sinais vitais, como pressão arterial, frequência cardíaca, oxigenação, temperatura, entre outros. 80 • Realização de intervenções imediatas O enfermeiro deve realizar as intervenções imediatas necessárias para estabilizar o quadro clínico do paciente, como administração de oxigênio, medicamentos para dor, controle de hemorragias, entre outras. • Comunicação com a equipe médica O enfermeiro deve manter uma comunicação efetiva com a equipe médica, informando sobre o quadro clínico do paciente, a evolução do atendimento e as intervenções realizadas. • Registro adequado É fundamental realizar um registro adequado de todas as intervenções realizadas, para garantir a continuidade do atendimento e o acompanhamento adequado do paciente. 3.2 COMUNICAÇÃO DENTRO DA URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Durante o processo do cuidar, o enfermeiro utiliza diversas ferramentas, entre elas está a habilidade de se comunicar. A rotina da enfermagem diariamente está pautada na comunicação, a qual é essencial para estabelecer um processo interativo entre membros da equipe de enfermagem e multiprofissional e, com os pacientes, familiares e comunidade. Alguns teóricos defendem que o profissional enfermeiro mantém, com o outro, uma relação intersubjetiva, baseada na consciência existencial que ele tem de si e do outro. Sendo assim, o espaço onde se encontra o doente, é um local de transações intersubjetivas, em que o enfermeiro estabelece constante interdependência com o cliente, a família, a sua equipe e com as demais equipes de saúde e eles com o enfermeiro. A comunicação proporciona ao enfermeiro a oportunidade de transmitir atitudes de atenção, confiança, compreensão e ajuda. A comunicação é extremamente importante em situações de urgência e emergência, pois pode fazer a diferença entre a vida e a morte. A comunicação deve ser clara, objetiva e eficiente, e deve envolver tanto o paciente quanto os profissionais de saúde envolvidos no atendimento (SOARES, 2020). Nas unidades de urgência e emergência, a comunicação efetiva é elemento fundamental para o sucesso do atendimento; de cada membro espera-se que reporte suas impressões, problemas e tomadas de decisão. Ao se comunicar com um paciente em situação de urgência ou emergência, é importante manter a calma e falar de forma clara e tranquilizadora, explicando a situação e as medidas que serão tomadas para ajudá-lo. É importante utilizar termos simples e evitar jargões técnicos, para que o paciente entenda o que está acontecendo e possa colaborar com o atendimento. 81 O enfermeiro atuante nos setores de urgência e emergência necessitam estar aptos a obter um histórico do paciente, realizar o exame físico, executar tratamento imediato, preocupando-se com a manutenção da vida e orientação dos pacientes para a continuidade de tratamento, situações estas que exigem do enfermeiro habilidades de comunicação clara, objetiva e acima de tudo empática. A fundamentação teórica deve sempre estar aliada à capacidade de liderança, iniciativa e habilidades assistenciais e de ensino. É necessário que tenha raciocínio rápido e assertivo e capacidade de liderança, pois é responsável pela coordenação de uma equipe de enfermagem, e é parte vital e integrante da equipe de emergência. Além dessas qualidades, o enfermeiro precisa manejar técnicas de comunicação e saber ouvir, para conseguir obter informações sobre pacientes e familiares e como eles vivenciam a hospitalização, a doença, o tratamento, além de conhecer os receios, desejos e sentimentos dessas pessoas. Todo esse conhecimento é fundamental para que o planejamento do cuidado, ocorra de forma individualizada para cada paciente, atendendo suas necessidades. Além disso, o enfermeiro manter um bom diálogo com sua equipe e demais profi ssionais da equipe interprofi ssional, a fi m de que o trabalho ocorra de maneira organizada e a assistência mantenha padrões de qualidade. Comunicação em “alça fechada” é quando a mensagem vai do emissor para o receptor, que deve retornar indicando que ouviu e entendeu a mensagem. INTERESSANTE 82 Neste tópico, você aprendeu: • Sobre a importância da Sistematização da Assistência de Enfermagem como ferramenta de empoderamento para o enfermeiro, dentro do novo cenário de saúde que se apresenta com aumento de demanda por atendimento de emergência, impulsionado pela elevada morbimortalidade devido a causas externas, em especial violência e acidentes de trânsito, associada à maior expectativa de vida da população e consequente aumento da prevalência de doenças crônicas não transmissíveis. • Sobre como o pensamento crítico é uma tecnologia leve, no entanto subsidia toda a prática do enfermeiro na utilização do Processo de Enfermagem. Mas, para desenvolve-la, o enfermeiro necessita aperfeiçoar seus conhecimentos teóricos aliados a prática baseada em evidências. • Vimos também algumas das intervenções necessárias dentro do atendimento de emergência, que tem por objetivo principal a estabilização do paciente e a resolução de problemas levantados na fase de coleta de dados, que tragam eminente risco para a vida do paciente. • A importância da comunicação na área da saúde, sendo ferramenta imprescindível para bom andamento assistencial. Na emergência, essa necessidade é ainda maior, já que as situações dos pacientes são mais críticas, fazendo com que os profissionais muitas vezes precisem compartilhar notícias desagradáveis com os familiares, como por exemplo, agravamento do estado de saúde do paciente, reação adversa a alguma medicação ou tratamento. RESUMO DO TÓPICO 2 83 AUTOATIVIDADE 1.Para a avaliação do estado psíquico do paciente, é necessário que se estabeleça uma relação de confiança já no primeiro contato. O paciente deve ser altamente respeitado e preservado em sua intimidade, oferecendo, dentro das possibilidades, condições acolhedoras, confortáveis e de proteção. Assim, acercada das condições para a realização da avaliação do estado geral e psíquico, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Confiança, sigilo profissional e empatia. b) ( ) Julgamento,sigilo profissional e confiança. c) ( ) Confiança, quebra de sigilo, linguagem técnica. d) ( ) Linguagem técnica, empatia e sigilo profissional. e) ( ) Linguagem técnica, julgamento e confiança. 2 A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é uma metodologia que organiza toda a operacionalização do processo de Enfermagem. De acordo com a Resolução COFEN nº. 358/2009, o processo de Enfermagem se organiza em cinco etapas inter-relacionadas, interdependentes e recorrentes que são apresentadas em determinada ordem. Acerca dessa ordem, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) I - Diagnóstico de Enfermagem, II - avaliação de Enfermagem, III - coleta de dados de Enfermagem, IV - exame físico, V - planejamento de Enfermagem. b) ( ) I - Coleta de dados de Enfermagem, II - diagnóstico de Enfermagem, III – planejamento de Enfermagem, IV - implementação, V - avaliação de Enfermagem. c) ( ) I - Avaliação de Enfermagem, II - coleta de dados de Enfermagem, III - diagnóstico de Enfermagem, IV - implementação, V - planejamento de Enfermagem. d) ( ) I - Coleta de dados de Enfermagem, II - diagnóstico de Enfermagem, III - exame laboratorial, IV - evolução de Enfermagem, V - plano de alta. e) ( ) I - Levantamento de problemas de Enfermagem, II - evolução de Enfermagem, III - plano de alta, IV - planejamento de Enfermagem, V - prescrição de Enfermagem. 3 Conforme os diagnósticos de Enfermagem de NANDA-I 2018/2020, suscetibilidade à variação dos níveis séricos de glicose em relação à faixa normal que pode comprometer a saúde, referindo-se a determinado diagnóstico. Acerca desse diagnóstico, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Risco de função hepática prejudicada. b) ( ) Risco de função metabólica prejudicada. c) ( ) Risco de glicemia estável. d) ( ) Risco de síndrome do desequilíbrio metabólico. e) ( )Risco de glicemia instável RESUMO DO TÓPICO 2 84 4 A fim de implementar a assistência de enfermagem em unidades de urgência e emergência de forma eficaz, é importante seguir algumas etapas, são elas: 5 A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é uma metodologia científica, aplicada a prática de Enfermagem para conferir segurança nos cuidados prestados aos pacientes, pois padroniza e garante maior autonomia aos profissionais. O Conselho Federal de Enfermagem, por meio da Resolução 358/2009, preconiza que a SAE deve ser sistematizada por meio da implementação do Processo de Enfermagem (PE), que é dividido em 5 etapas. Visto isso, qual a etapa em que se verifica se houve mudanças nas respostas da pessoa para determinar se as ações ou intervenções de Enfermagem alcançaram o resultado esperado? 85 TÓPICO 3 - ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM EMERGÊNCIAS CLÍNICAS 1 INTRODUÇÃO Acadêmico, no Tema de Aprendizagem 3, abordaremos sobre a prestação da assistência de enfermagem nas emergências clínicas, sendo estas definidas como estados graves de saúde que não tiveram como causa fatores internos, geralmente, são consequências de doenças pré-existentes. Nesse tema, abordaremos um pouco sobre as emergências clínicas, entre elas: parada cardiorrespiratória, hipotensão e choque e crise hipertensiva. Uma das principais discussões que se tem hoje é a transição epidemiológica que ocorreu no país e no mundo, sendo um dos pontos mais relevantes dessa transição, o avanço tecnológico que trouxe longevidade a população, no entanto, esta não veio acompanhada de qualidade de vida, o que ocasionou um aumento de demanda por serviços de saúde, principalmente por serviços de atenção secundária e terciária (ARAÚJO et al., 2011) (BRASIL, 2012). Essa situação dos serviços de emergência que se apresenta é motivo de preocupação tanto para os gestores de saúde, quanto para a comunidade sanitária e a sociedade em geral. Sendo assim, cada vez mais vemos fortalecer a força de trabalho do enfermeiro que através das ferramentas de sistematização de assistência, executa o planejamento das ações em saúde, com objetivo de reduzir as superlotações nos serviços de emergência (SILVA, 2007). Dados estatísticos brasileiros extraídos do DataSUS mostram que 35% das mortes no Brasil são causadas por problemas cardiovasculares, resultando em 300 mil casos anuais. A parada cardiorrespiratória (PCR) é considerada a maior situação de prioridade de atendimento da parada, na qual a rapidez e a eficácia das intervenções adotadas são cruciais para um melhor resultado do atendimento (DATASUS, 2018). Norteando-se por isso, abordou-se esse tema pela metodologia da medicina baseada em evidências, que permite aplicar as medidas terapêuticas mais adequadas e de forma sistematizada, com obtenção de melhores resultados. UNIDADE 2 86 2 PARADA CARDIORRESPIRATORIA (PCR) A parada cardiopulmonar ou parada cardiorrespiratória (PCR) é definida como a ausência de atividade mecânica cardíaca, que é confirmada por ausência de pulso detectável, ausência de responsividade e apneia ou respiração agônica, ofegante. O termo “parada cardíaca” é mais comumente utilizado quando se refere a um paciente que não está respirando e não tem pulso palpável (NACER; BARBIERI, 2015). É uma condição que pode levar a pessoa a morte em um curto intervalo de tempo, caso não receba atendimento adequado. A PCR não tem uma condição especifica para ocorrer, sendo que pode acontecer a qualquer momento, sendo que entre as causas mais comuns são: doenças cardíacas, insuficiência respiratória e choque elétrico. Além disso, outras causas incluem: choque hipovolêmico, envenenamento, acidente vascular cerebral e afogamento. Alguns sinais de alerta podem surgir logo antes da parada cardíaca e respiratória ocorrer e podem alertar para essa condição, entre eles estão: dores fortes no peito, que irradiam para as costas ou abdômen, dores fortes de cabeça, língua enrolada, o que dificulta a fala; falta de ar ou dificuldade de respirar; formigamento no braço esquerdo e palpitações fortes. 2.1 ABORDAGEM INICIAL DO ATENDIMENTO A fibrilação ventricular (FV) é o ritmo inicial presente em mais de 40% dos casos de PCR, e para atendimento utiliza-se a cadeia hierarquizada de atitudes terapêuticas que é constituída por cinco passos principais: 1. Reconhecimento imediato da parada cardíaca e o desencadeamento do sistema de emergência (chamar por ajuda). 2. Aplicação das manobras de ressuscitação cardiopulmonar (RCP) com ênfase nas compressões de alta qualidade. 3. Rápida desfibrilação. 4. Medidas eficazes de suporte avançado de vida. 5. Cuidados organizados e integrados pós-parada O atendimento da PCR pode ser dividido em duas etapas: a avaliação primária e a secundária. • Avaliação primária (BLS) A avaliação primária (basic life suport – BLS), ou Suporte Básico de Vida (SBV) envolve o suporte básico de vida associado às manobras para reconhecimento da PCR e o suporte hemodinâmico e respiratório através da RCP. Este atendimento pode ser realizado por indivíduos leigos treinados 87 • Avaliação secundária (ALS) A avaliação secundária (advanced life suport – ALS) ou Suporte Avançado de Vida (SAV) envolve a aplicação de manobras para o suporte avançado de vida, como utilização de dispositivos invasivos de via aérea, estabelecimento de acesso venoso, utilização de drogas, desfibrilações elétricas e estabilização do paciente após a reversão da PCR com uso de vasopressores, por exemplo. No Brasil, esse suporte se caracteriza como ato médico, podendo ser realizado apenas por profissional habilitado, diferentemente de outros países avançados, onde o paramédico habilitado tem autorização para aplicar procedimentos invasivos na vítima. 2.2 MANOBRAS DE SUPORTE BÁSICO DE VIDA (SBV) O SBV tem como objetivo reconhecer e atender situações de emergência, como obstrução aguda de via aérea, acidente vascular cerebral e parada cardiorrespiratória. Essa abordagem inicial institui as condições mínimas necessárias para a manutenção ou a recuperação da perfusão cerebral, já que é a viabilidadeneurológica que define em grande parte o prognóstico da vítima. Em 2020, o algoritmo de atendimento foi simplificado e entre as recomendações essenciais estão inclusos: • Grande ênfase nas compressões torácicas de alta qualidade. É aceitável, inclusive, que o leigo realize apenas as compressões (sem ventilação). • O tradicional ABC foi substituído pelo CAB (compressões, vias aéreas e respiração). Ou seja, o socorrista atuando sozinho deve iniciar a ressuscitação com 30 compressões, em vez de 2 ventilações, para reduzir a demora na realização da primeira compressão. • A desfibrilação deve ser realizada o mais rápido possível, se indicada. Os passos que constituem o SBV estão enumerados a seguir. 2.2.1 Reconhecimento da PCR e chamar por ajuda (com desfibrilador) Após a definição de que a cena do evento é segura para a ação do socorrista, deve-se: • Checar se o paciente apresenta ou não algum grau de resposta. • Se o paciente responder ao chamado ou apresentar movimentos voluntários em resposta, isso significa que ele possui fluxo sanguíneo suficiente para manter alguma atividade do sistema nervoso central (mesmo que parcialmente), ou seja, a situação se afasta da condição de PCR. • Se o paciente não responde e não há movimentos respiratórios (ou ele apresenta gasps agônicos), assume-se que o paciente está em parada cardíaca. • Nessa condição, o passo seguinte deve ser o desencadeamento do sistema de 88 emergência pedindo o desfibrilador. • É importante lembrar que a busca de pulso central isoladamente não é um marcador confiável de PCR, mesmo quando feita por socorristas treinados, requerendo um valioso tempo adicional. • Para o leigo, não se recomenda procurar se há ou não pulso central, sendo recomendado iniciar imediatamente as compressões torácicas nessa situação (vítima arresponsiva e sem movimento respiratório ou apenas com gasps agônicos). • Para os profissionais de saúde, a busca por pulso central não deve ultrapassar 10 segundos. • Se não houver pulso (ou mesmo se for duvidoso), deve-se iniciar as compressões torácicas imediatamente. Adicionalmente, o tradicional “ver, ouvir e sentir” a respiração foi retirado do algoritmo. 2.2.2 Desencadeamento do sistema de emergência O chamado de emergência constitui passo imprescindível no atendimento, já que não se pode definir de imediato o que desencadeou a situação de emergência, que pode ser um simples caso de hipoglicemia ou até uma situação de extrema urgência, como a PCR. O SBV é fundamental para impedir a deterioração das condições da vítima, mas a medida principal que determina melhor prognóstico na PCR é o acesso rápido ao desfibrilador. Quando a desfibrilação é realizada até o 3º ou 4º minuto da PCR em FV, existe a reversão da parada em 47-72% dos eventos. Comprovadamente, a desfibrilação precoce é de grande importância e somente ocorrerá se o sistema de emergência for acionado, solicitando imediatamente o desfibrilador. 2.2.3 Compressões torácicas Após a confirmação da PCR recomenda-se o início imediato de compressões torácicas. As pressões de perfusão cerebral e coronariana determinadas pelas manobras de RCP são cruciais, pois determinam maior probabilidade de reversão da FV para ritmo organizado com pulso após o choque e retardam o tempo de instalação da lesão neurológica central hipóxia. A tradicional sequência A-B-C foi modificada para C-A-B (compressões, vias aéreas e respiração). Isso se deveu à necessidade de priorizar o efetivo suporte circulatório. Nas orientações anteriores, perdia-se muito tempo checando se havia ou não respiração e realizando duas ventilações de resgate. Isso acabava retardando o que é mais importante numa PCR: tentar restaurar a circulação. A Figura 5 mostra o posicionamento correto para realização de compressões torácicas. 89 Quadro 5 – Critérios para compressões torácicas efetivas Alta qualidade • Devem ser aplicadas de forma rápida e intensa, sobre a metade inferior do esterno, na linha intermamilar no centro do tórax. • Nesse ponto, coloca-se a região hipotenar da mão do braço mais forte, que servirá de base para a compressão cardíaca. • A outra mão deve ser colocada paralelamente sobre a primeira, mantendo-se os cotovelos estendidos, formando um ângulo de 90° com o plano horizontal. • As compressões devem ocasionar uma depressão de no mínimo 5 cm do tórax. • Após a compressão, deve-se permitir o retorno do tórax à posição normal • As compressões não devem ser interrompidas até a chegada do desfibrilador automático, da equipe de suporte avançado ou até que ocorra a movimentação espontânea da vítima. • O número de compressões deve ser de ao menos 100/minuto. Compressões isoladas • A maioria dos adultos em PCR extra-hospitalar não recebe nenhuma manobra de RCP pelo público leigo. • A realização da RCP pelo leigo apenas com compressões torácicas melhora substancialmente a sobrevida de adultos em PCR quando se compara com nenhuma compressão. • Em vítimas de PCR extra-hospitalar, a RCP realizada por leigos com compressões isoladamente versus a RCP convencional (compressão mais ventilação) mostrou resultados semelhantes. • É mais fácil ensinar, mesmo pelo telefone, a realização da compressão quando comparado com compressão mais ventilação. • É importante lembrar que para vítimas de afogamento ou PCR por asfixia essa recomendação não se aplica. Compressões + ventilação • Cada ventilação de resgate deve durar 1 segundo. • Aplicar volume corrente suficiente para elevar o tórax. • Evitar ventilações rápidas ou forçadas • Em qualquer momento, quando uma via aérea avançada estiver colocada, aplicar 8-10 ventilações por minuto não sincronizadas com as compressões torácicas. • Volume corrente de 6-7 mL/kg é suficiente. Fonte: o autor As compreensões torácicas devem obedecer a alguns critérios. Veja no Quadro 1. NOTA 90 Figura 5 – Posicionamento correto para compressões torácicas Fonte: Reis e Bulhões (2020) 2.2.4 Manuseio das vias aéreas A abertura de vias aéreas pode ser feita através da elevação da mandíbula e da hiperextensão a coluna cervical (head tilt/chin lift) ou pela tração da mandíbula (jaw thrust), conforme demonstrado na Figura 6. Figura 6 – Manobras para abertura das Vias Aéreas Fonte: Sanar Medicina (2023) 91 • Profissionais habilitados e leigos treinados (e confiantes) devem preferencialmente utilizar a manobra de elevação da mandíbula e hiperextensão da coluna cervical, exceto na suspeita de lesão cervical, quando se deve utilizar a manobra de tração da mandíbula sem hiperextensão cervical. • Mantendo-se a VA aberta, deve-se verificar a presença de respiração espontânea na vítima. Conforme já foi citado, nas novas recomendações de atendimento da PCR, a avaliação através do “ver, ouvir, sentir” foi abandonada por retardar o início das compressões torácicas. • Caso se perceba a presença da ventilação no paciente, cabe apenas a checagem de pulso a cada 2 minutos e o posicionamento da vítima em posição de recuperação (decúbito lateral, mantendo via aérea aberta) até a chegada do sistema de emergência. • Caso não se identifique o movimento respiratório, a vítima realmente encontra-se em parada respiratória. • A checagem de pulso carotídeo é obrigatória, mas não deve ultrapassar 10 segundos. 2.2.5 Desfibrilação • Sabe-se que o ritmo mais frequente presente nos primeiros minutos da PCR extra- hospitalar é a fibrilação ventricular (FV) ou a taquicardia ventricular sem pulso (TV sem pulso). • Sendo assim, quanto mais precoce a desfibrilação, melhores são os resultados na sobrevida. • O Desfibrilador Externo Automático (DEA) deve estar facilmente disponível em ambientes de alto risco de eventos cardiovasculares súbitos como hospitais, aeroportos e locais de alta concentração de pessoas, na Figura 7 está ilustrado o DEA. • A posição recomendada da vítima durante o atendimento é o decúbito dorsal horizontal sobre superfície rígida; a importânciada superfície rígida no resultado do atendimento ainda não foi definida. • Se a vítima estiver em posição prona, deve ser colocada em posição supina. • Durante o posicionamento da vítima, devemos nos lembrar da necessidade de manter sua coluna cervical sempre alinhada com o restante do tronco durante a mobilização. 92 Figura 7 – Desfi brilador Externo Automático Fonte: https://www.trammit.com.br/locacao/3092-locacao-de-desfi brilador-externo-automatico-dea.html. Acesso em: 4 mai. 2023. Detecção de FV/TV O desfi brilador automático/semiautomático possui um programa que lhe permite identifi car e reconhecer os ritmos de FV e TV, indicando então o choque. Se o ritmo presente não for uma TV ou FV, o aparelho não indicará o choque, cabendo ao socorrista manter a massagem cardíaca e as ventilações. Quando indicado pelo DEA, o choque inicial será de 360 J (monofásico) ou na energia máxima equivalente nos aparelhos bifásicos (entre 150 e 200 J). ATENÇÃO 93 2.3 MANOBRAS DE SUPORTE AVANÇADO DE VIDA (SAV) Por mais avançados que sejam os recursos disponíveis para o atendimento da PCR, o suporte básico de vida é crucial para a manutenção da perfusão e oxigenação cerebral e coronariana. No suporte avançado, a identificação do ritmo cardíaco é feita pelas pás do monitor cardíaco, poupando tempo durante o atendimento por permitir a rápida desfibrilação, caso esteja indicada. Através da identificação do ritmo cardíaco pelas pás, podemos dividir a PCR em duas modalidades: • Ritmos que merecem choque imediato: FV ou TV sem pulso. • Ritmos que não devem receber desfibrilação: assistolia ou atividade elétrica sem pulso 2.3.1 Desfibrilação – PCR em FV/TV sem pulso Quando se trata de PCR no ambiente extra-hospitalar, temos duas formas mais frequentes de atividade elétrica inicial uma delas é a fibrilação ventricular, sendo a outra a taquicardia ventricular sem pulso, porém frequentemente esta degenera-se para FV. Veja as Figuras 8 e Figura 9. Ambas, somadas, são responsáveis por até 80% dos casos de morte súbita e são os ritmos elétricos de melhor prognóstico para reversão, desde que tratadas adequadamente e em tempo hábil. Figura 8 – Eletrocardiograma de Fibrilação Ventricular Fonte: Medway (2023) 94 Figura 9 – Eletrocardiograma de Taquicardia Ventricular Fonte: Medway (2023) Conduta terapêutica: • Deve-se evitar o máximo possível a descontinuação das compressões torácicas e aplicar o choque o mais rápido possível. • O choque deverá ser de 360 J do monofásico ou na dose equivalente do bifásico (150 a 200 J). • Imediatamente após o choque, deve-se realizar 2 minutos de RCP (5 ciclos 30:2 de compressão e ventilação). • Após esse período, avalia-se novamente o ritmo, aplicando-se o choque ou não, e assim sucessivamente. • A segurança durante a desfibrilação é de responsabilidade de quem manipula o aparelho. • Durante a administração dos choques, alguns cuidados devem ser adotados. • O correto posicionamento das pás, a aplicação de força sobre elas e a utilização de gel condutor contribuem para uma melhor taxa de sucesso na desfibrilação. • Caso ainda persista a FV/TV sem pulso após o primeiro choque, é necessária a utilização de drogas que melhorem a condição hemodinâmica da PCR e auxiliem na reversão da arritmia. • Para aplicar as drogas, são necessários meios para administrá-las. • Após o 1º choque e mantida a PCR, é necessária a instalação de um acesso venoso periférico ou intraósseo, a colocação de via aérea definitiva para melhor oxigenação e a monitorização cardíaca através de eletrodos do monitor. 2.4 Via aérea avançada A via aérea avançada pode ser obtida por intubação orotraqueal (IOT) ou por uma via supra glótica (máscara laríngea, tubo esofagotraqueal). Para instituição de ambas as vias, é necessário ter experiência e treinamento. A IOT exige uma correta laringoscopia e visualização da glote. Sendo assim, se realizada por pessoas não adequadamente treinadas, pode causar inúmeras complicações (trauma 95 de orofaringe, sangramento, aspiração, hipoxemia e inserção do tubo no esôfago) e interrupções inaceitáveis das compressões torácicas. A via aérea avançada supra glótica é uma alternativa aceitável e tem como potenciais vantagens: não necessita visualizar a glote, pode ser colocada sem interromper as compressões e é mais fácil de ensinar e treinar. 2.4.1 Confirmação e adequação da via aérea avançada Intubação orotraqueal Após a realização da intubação, conforme demonstrado na Figura 10, sem interromper as compressões torácicas, é necessário a averiguação do correto posicionamento do tubo endotraqueal, tanto pelo exame físico como por um dos dispositivos de detecção de CO2 exalado (Capnógrafo). Figura 10 – Intubação orotraqueal (IOT) Fonte: http://www.szpilman.com/. Acesso em: 4 mai. 2023. No exame físico, verifica-se a expansão torácica bilateral, auscultar o epigástrio (sons respiratórios não audíveis) e os campos pulmonares bilateralmente (devem ser simétricos). A capnografia preferencial é capnografia quantitativa em forma de onda. Junto com o exame físico, a capnografia contínua permite confirmar a inserção correta do tubo orotraqueal e o reconhecimento precoce do deslocamento da via aérea, principalmente durante o transporte da vítima. http://www.szpilman.com/ 96 Na ausência da capnografi a quantitativa em forma de onda, é aceitável que se utilize a (capnografi a colorimétrica (sem forma de onda), essa é mais simples e barata, embora inferior à quantitativa. A fi xação da cânula com material adequado é mandatória. Via aérea supra glótica Assim como na IOT, deve-se proceder ao exame físico para verifi car se a via supra glótica está correta e ventilando adequadamente o paciente e utilizar um dos dispositivos para a detecção de CO2 exalado descritos. Na Figura 11, podemos observar a posição correta da cânula supra glótica. Figura 11 – Intubação orotraqueal (IOT) supra glótica A fi m de aprofundar seus conhecimentos indicamos a leitura do seguinte artigo: I Diretriz de Ressuscitação Cardiopulmonar e Cuidados Cardiovasculares de Emergência da Sociedade Brasileira de Cardiologia: https://www.scielo. br/j/abc/a/FzpcTtwTdpf8DDBYMS7vprr/?lang=pt. INTERESSANTE Fonte: http://www.szpilman.com/. Acesso em: 4 mai. 2023. 3 HIPOTENSÃO E CHOQUE O Choque é uma síndrome caracterizada pela incapacidade do sistema circulatório de fornecer oxigênio aos tecidos, o que pode levar à disfunção multissistêmica e morte. Seu reconhecimento precoce é fundamental para que haja a correção das disfunções, assim como a detecção da causa base. Existem três variáveis que baseiam o diagnóstico de choque, são eles: • Má perfusão periférica, na maioria das vezes manifestada como hipotensão 97 + taquicardia. O valor de PA sistólica pode estar com valores pressóricos normais, principalmente nos pacientes com história de hipertensão. • Ao exame físico, percebe-se sinais de hipoperfusão periférica, os quais incluem: extremidades frias, muitas vezes com cianose; oligúria (diurese < 0,5 mL/kg/hora) e manifestação de baixo débito no SNC (sonolência, confusão e desorientação). • Hiperlactatemia, que indica metabolismo celular de oxigênio alterado. Os estados de choque são classificados em: hipovolêmico, distributivo, cardiogênico e obstrutivo. Quadro 6 – Tipos de choque e principais causas Hipovolêmico Distributivo Cardiogênico Obstrutivo Hemorrágico: Relacionado ao trauma Não relacionado ao trauma (hemotórax, h e m o p e r i t ô n i o , h e m a t o m a r e t r o p e r i t o n e a l , hemorragia digestiva, perdas externas) Não hemorrágico: g a s t r i n t e s t i n a l (diarreia, vômitos), renal (excesso de diurético, nefropatia perdedora de sal, estado hiperosmolar h i p e r g l i c ê m i c o ) , perda para terceiro espaço (p. ex., pancreatite aguda, obstrução intestinal), q u e i m a d u r a s , hipertermia. Séptico Hiperdinâmico Hipodinâmico Síndrome do choquetóxico Anafilático Neurogênico (trauma r a q u i m e d u l a r , compressão de medula espinal e anestesia espinal/ epidural) E n d o c r i n o l ó g i c o : a d r e n a l (hipocortisolismo), crise tireotóxica Intoxicações agudas (cianeto, monóxido de carbono, n i t r o p r u s s i a t o , bretílio). Com edema pulmonar I s q u e m i a miocárdica Taquiarritmias P ó s - p a r a d a cardíaca Lesões valvares Miocardite aguda Cardiomiopatias D i s f u n ç ã o miocárdica na sepse I n t o x i c a ç ã o aguda (p. ex.‚ betabloqueador, verapamil) Sem edema pulmonar Infarto agudo do miocárdio de ventrículo direito; IC grave descompensada perfil D (“frio” e “seco”); Bradiarritmias. E m b o l i a p u l m o n a r P n e u m o t ó r a x hipertensivo Tamponamento pericárdico P e r i c a r d i t e constrictiva Dissecção aguda de aorta H i p e r t e n s ã o pulmonar aguda Obstrução de cava ou tumores intratorácicos Ventilação com altos valores da PEEP. Fonte: o autor 98 3.1 ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA Pequenas alterações na pressão arterial média (PAM) ou no metabolismo de oxigênio ativam barorreceptores e quimiorreceptores localizados no arco aórtico, átrio direito, corpo carotídeo, vasculatura esplâncnica, aparelho justa glomerular e no sistema nervoso central. Ativa-se uma série de respostas compensatórias que incluem: ativação do sistema renina angiotensina aldosterona; liberação de catecolaminas nas terminações simpáticas e medula adrenal; redução do tônus vagal; aumento do ACTH e cortisol; liberação de vasopressina pela neuro hipófise; aumento da endotelina, do glucagon e redução da secreção pancreática de insulina. Na figura, encontra-se um esquema das fases compensatórias do choque. As consequências são variadas e incluem: • Aumento da contratilidade do miocárdio e da frequência cardíaca. • Vasoconstrição arterial e venosa. • Redistribuição da volemia, priorizando o SNC e o miocárdio. • Aumento da reabsorção de sódio e água pelos rins. • Aumento da extração de oxigênio. • Aumento da oferta de substratos (gliconeogênese, glicogenólise, lipólise e aumento do catabolismo proteico). O objetivo dessa resposta orquestrada tem como objetivo restaurar a perfusão periférica e corrigir o desequilíbrio no consumo de oxigênio. Entretanto, dependendo da etiologia e da gravidade do choque, das condições do paciente (p. ex., idade avançada, comorbidades) ou mesmo do retardo no tratamento, esses mecanismos acabam gerando respostas patológicas ou não compensatórias. O metabolismo aeróbio é substituído pelo metabolismo anaeróbio, que é muito menos eficiente, resultando em depleção de ATP, produção de lactato e acidificação intracelular. A persistência desse desequilíbrio entre a oferta e o consumo de oxigênio e/ou substratos culmina com o desencadeamento de respostas inflamatórias, lesão microvascular e celular, resultando frequentemente na disfunção de órgãos (p. ex., lesão renal e/ou pulmonar aguda). De grande importância, quaisquer que sejam as causas ou mecanismos do choque, a hipoperfusão tecidual é capaz de ativar a resposta inflamatória, ocasionando estase microvascular, trombose, ativação de macrófagos, neutrófilos, linfócitos e plaquetas. Isso leva a um círculo vicioso no qual a resposta inflamatória piora a hipoperfusão, ativando ainda mais essas respostas patológicas. Por último, segue-se uma fase 99 Para melhor compreensão do conteúdo indicamos que revise a Fisiologia do sistema circulatório, bem como seus mecanismos compensatórios. NOTA 3.1.1 Tratamento do Choque O tratamento do paciente em choque inclui dois principais aspectos, usualmente conduzidos de forma concomitante: • Restauração rápida e manutenção da perfusão e da oferta de oxigênio aos órgãos vitais. • Ressuscitação volêmica. • Drogas vasoativas se indicadas. • Suporte respiratório e correção da hipoxemia. • Identificação e tratamento da causa de base; assim, a atitude imediata correta e mais importante em casos específicos de choque é tratar a causa, por exemplo: pericardiocentese no tamponamento pericárdico; punção torácica no pneumotórax hipertensivo; cardioversão imediata nas taquiarritmias; revascularização do miocárdio se choque + síndrome coronariana aguda; antibióticos se choque séptico; trombólise de embolia maciça; ou es tancar imediatamente uma hemorragia. 4 CRISE HIPERTENSIVA A crise hipertensiva (CH) é uma situação de emergência médica que ocorre quando a pressão arterial aumenta repentinamente e atinge níveis perigosos, podendo causar danos aos órgãos vitais, como coração, cérebro, rins e olhos. irreversível, na qual a lesão celular é tão extensa que mesmo com tratamento existe disfunção de múltiplos órgãos, sendo o óbito quase inevitável. Figura 12 – Fases compensatórias do choque Fonte: https://medpri.me/upload. Acesso em: 4 mai. 2023. https://medpri.me/upload 100 Se você ou alguém que você conhece estiver passando por uma crise hipertensiva na emergência, é importante procurar ajuda médica imediatamente. O tratamento deve ser iniciado rapidamente para reduzir a pressão arterial e prevenir complicações. Durante a avaliação na emergência, o médico pode realizar exames, como a medida da pressão arterial, exame físico, exames laboratoriais e de imagem, para determinar a causa da crise hipertensiva. O tratamento pode envolver a administração de medicamentos para reduzir a pressão arterial, como vasodilatadores, diuréticos e medicamentos anti-hipertensivos. Além disso, é importante controlar outros fatores de risco, como o estresse, a alimentação e o estilo de vida. O paciente deve seguir as orientações do médico e comparecer às consultas de acompanhamento para monitorar a pressão arterial e prevenir futuras crises hipertensivas. Hipertensão arterial sistêmica (HAS) atinge 31,1% da população adulta mundial e é reconhecidamente o principal fator de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e morte cardiovascular. No Brasil, aproximadamente um terço da população adulta tem HAS, e é uma das principais causas de internação hospitalar (Bortolotto et al., 2018). 4,1 DEFINIÇÃO DE GRAVIDADE A definição de CH é definida um aumento súbito na PA, que se manifesta com níveis de PA sistólica (PAS) ≥180 mmHg e diastólica (PAD) ≥120 mmHg, que resulta ou não em lesões de órgãos-alvo – LOA (coração, cérebro, rins e artérias). A CH pode se apresentar sob duas formas distintas em relação à gravidade e ao prognóstico, são essas: 1. Emergência hipertensiva (EH) apresenta elevação acentuada da PA associada à LOA e risco imediato de morte, fato que requer redução rápida e gradual dos níveis tensionais em minutos a horas, com monitoração intensiva e uso de fármacos endovenosos, uma importante característica deste evento é que a PA frequentemente pode estar muito elevada (≥180/120 mmHg), mas não é o grau de elevação da PA que define a urgência e sim o status clínico do paciente. Um exemplo, são indivíduos previamente não hipertensos apresentando síndrome nefrítica, ou uma mulher no terceiro trimestre da gestação com eclampsia e PA pouco elevada (PA=150/95 mmHg), essas condições constituem-se verdadeiras emergências hipertensivas. 2. Uma outra situação é a urgência hipertensiva (UH) que se caracteriza por elevações da PA, sem lesões em LOA e sem risco de morte iminente, fato que permite redução mais lenta dos níveis pressóricos em um período de 24 a 48 horas. 101 No Quadro 7 vemos as principais apresentações clínicas da emergência hipertensiva. Quadro 7 – Principais apresentações clínicas da emergência hipertensiva Lesões cerebrovasculares Encefalopatia hipertensiva. Acidente vascular cerebral isquêmico. Acidente vascular cerebral hemorrágico. Hemorragia subaracnóidea. Lesões cardiovasculares Síndromes coronarianas agudas (infarto agudo do miocárdio/ angina instável). Edema agudo de pulmão. Dissecção aguda de aorta. Lesões renais Insuficiência renal rapidamente progressiva.Gestação Pré-eclâmpsia/eclampsia Crises catecolaminérgicas Crise de Feo cromocitoma. Overdose com fármacos simpatomiméticos [ácido lisérgico dietilamida (LSD), cocaína, fenilpropanolaminas]. Hipertensão rebote após retirada de anti-hipertensivos (clonidina ou β-bloqueadores). Interação da tiramina com inibidores da monoaminooxidase (MAO). Outras apresentações Trauma cerebral. Fonte: o autor 4.2 ACHADOS RELEVANTES NA CRISE HIPERTENSIVA Para determinar se a CH é uma Urgência ou Emergência, é importante identificar alguns achados relevantes de anamnese, exame físico e exames complementares. A seguir, estão descritos conforme acometimento dos órgãos alvos: • Coração - Sintomas: dispneia, ortopneia, escarro hemoptoico, dor precordial ou retroesternal, edema, palpitações. - Exame físico: 3ª ou 4ª bulha, crepitação pulmonar, edema, estase jugular, desvio do ictus, hepatomegalia. - Exames complementares: ECG: sobrecarga de câmaras, sinais de isquemia (segmento ST e onda T), arritmias. Raio X de Tórax: aumento de área cardíaca, congestão A definição numérica de CH é conceitual e serve como um parâmetro de conduta, mas não deve ser usada como critério absoluto. NOTA 102 pulmonar. Ecocardiograma: hipertrofia ventricular, aumento de átrio, disfunção ventricular sistólica e diastólica. • Rim - Sintomas: edema, oligúria, anorexia, perda de peso, náuseas, vômitos, adinamia - Exame físico: palidez cutânea, hálito urêmico, edema periorbital e de membros inferiores. - Exames complementares: níveis elevados de uréia e creatinina, proteinúria, hematúria, anemia Ultrassom renal: alterações do parênquima renal. • Cérebro - Sintomas: Cefaléia, confusão mental, agitação psicomotora, déficit motor, parestesias, convulsão, náuseas - Exame físico: Alterações do nível de consciência, paresia ou paralisia de membros, desvio de rima, anisocoria, alterações de reflexo, sinais de irritação meníngea. - Exames complementares: Tomografia cerebral – hemorragia, infarto, edema. Ressonância – infarto, alterações específicas. • Retina - Sintomas: embaçamento ou turvação visual, fosfenas, escotomas, amaurose. - Exame físico: Fundoscopia: exsudatos algodonosos, hemorragias retinianas, papiledema. • Aorta - Sintomas: dor torácica intensa, dorsalgia ou lombalgia. - Exame físico: assimetria ou ausência de pulsos periféricos. Diferença de pressão arterial entre os membros. - Exames complementares: ecocardiograma transesofágico – sinais de dissecção e insuficiência valvar. Angiotomografia – Nível e extensão da dissecção. 4.3 TRATAMENTO No tratamento da CH, é muito importante considerar o diagnóstico preciso do tipo de emergência e as características farmacológicas dos fármacos a serem utilizados, tais como o principal mecanismo de ação, tempo de ação, efeitos colaterais e as contraindicações do seu uso. Além disso, deve-se identificar se o paciente já faz uso de alguma medicação para hipertensão. A definição das metas terapêuticas de redução da PA é definida através desses aspectos. Com relação ao controle pressórico, a monitorização da PA deve ser rigorosa, a cada 5 a 10 minutos com medidas automáticas, ou se possível, com medida invasiva intra-arterial. As recentes diretrizes americanas de hipertensão recomendam em 103 adultos com emergência hipertensiva, internação em unidade de terapia intensiva para monitorização contínua da PA e das lesões de órgãos alvo, e para administração de agentes parenterais apropriados. Nesse ponto, a enfermagem tem papel crucial, planejando assistencialmente um plano de cuidados que atendam a esta necessidade, e treinando sua equipe a fim de conhecer todo o fluxo de intervenção caso a resposta não seja a esperada conforme as condutas adotadas. Importante lembrar que as metas de redução da pressão arterial são diferentes, conforme o tipo de emergência hipertensiva, tanto na velocidade da redução quanto em relação aos valores a serem atingidos, priorizando individualmente a assistência para cada paciente. No caso das emergências cardiovasculares, essas devem ser corrigidas mais rapidamente, principalmente quando se tem o caso da dissecção de aorta, onde a normalização da PA deve ser atingida o mais rápido possível, pois esta morbidade tem uma taxa de mortalidade muito alta e diretamente relacionada aos níveis de PA (BORTOLOTTO et al., 2018). Por outro lado, temos as emergências neurológicas, que exigem uma redução de PA com mais cautela, mantendo em níveis não tão reduzidos nas primeiras horas, com a normalização sendo recomendada apenas após 24 a 48 horas (BORTOLOTTO et al., 2018). No que tange o tratamento medicamentoso, é importante que a enfermagem conheça a terapêutica utilizada, bem como seu mecanismo de ação e reações adversas esperadas, afim de inclusão em seu plano de assistencial as intervenções necessárias para mitigação destes efeitos. No Quadro 8 vemos descritas as principais medicações utilizadas para CH, conforme VII Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, 2016. 104 Quadro 8 – Medicamentos indicados para o tratamento de emergências hipertensivas Medicação Classe Início da ação Indicações Nitroprussiato de sódio V a s o d i l a t a d o r arterial e venoso (estimula formação GMP cíclico). Imediato Maioria das emergências Hipertensivas. Nitroglicerina V a s o d i l a t a d o r arterial e venoso, doador de óxido nítrico. 2-5 min I n s u f i c i ê n c i a coronariana, insuficiência ventricular esquerda com EAP. Hidralazina Vasodilatador de ação direta. 10-20 min EV 20-30 min IM Eclâmpsia ou iminência de eclampsia. Esmolol Beta bloqueador seletivo de ação ultra rapida. 1-2 min Dissecção aguda de aorta (em combinação com NPS), hipertensão pós-operatória grave. Furosemida Diurético de alça. 2-5 min Insuficiência ventricular esquerda com EAP, situações de hipervolemia. Metoprolol Beta bloqueador seletivo. 5-10 min I n s u f i c i ê n c i a coronariana, dissecção aguda de aorta (em combinação com NPS). Fonte: Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2016) 4.3.1 ATUAÇÃO DA ENFERMAGEM A equipe de enfermagem do setor de emergência do Hospital é composta por: Enfermeiros clínico-cirúrgicos emergencistas. Enfermeiros de protocolo (acolhimento – pré-atendimento). Enfermeiros coordenadores. Técnicos de enfermagem e Auxiliares de Enfermagem. Em relação às atividades assistenciais exercidas pelo enfermeiro, salientamos as principais: 105 - Elabora, implementa e supervisiona, em 1conjunto com a equipe médica e multidisciplinar, o Protocolo de Atenção em Emergências (PAE) nas bases do acolhimento, pré-atendimento, regulação dos fluxos e humanização do cuidado. - Presta o cuidado ao paciente juntamente com o médico. - Prepara e ministra medicamentos. - Viabiliza a execução de exames complementares necessários à diagnose. - Instala sondas nasogástricas, nasoenterais e vesicais em pacientes. - Realiza troca de traqueotomia e punção venosa com cateter. - Efetua curativos de maior complexidade. - Preparam instrumentos para intubação, aspiração, monitoramento cardíaco e desfibrilação, auxiliando a equipe médica na execução dos procedimentos diversos. - Realiza o controle dos sinais vitais. - Executa a consulta de enfermagem, diagnóstico, plano de cuidados, terapêutica em enfermagem e evolução dos pacientes registrando no prontuário. - Administra, coordena, qualifica e supervisionam todo o cuidado ao paciente, o serviço de enfermagem em emergência e a equipe de enfermagem sob sua gerência. Dentre as atividades administrativas efetuadas pelo enfermeiro, destacam-se: - Realiza a estatística dos atendimentos ocorridos na unidade. - Lidera a equipe de enfermagem no atendimento dos pacientes críticos e não críticos. - Coordena as atividades do pessoal de recepção, hotelaria, limpeza e portaria. - Soluciona problemas decorrentes com o atendimento médico-ambulatorial. - Aloca pessoal e recursos materiais necessários. - Realiza a escala diária e mensal da equipe de enfermagem.- Controla estoque de material, insumos e medicamentos. - Verifica a necessidade de manutenção dos equipamentos do setor. O enfermeiro na emergência obtém a história do paciente, realiza exame físico, executa tratamento, aconselhando e ensinando a manutenção da saúde e orientando os enfermos para uma tratamento continuado, além de medidas vitais. 106 A HUMANIZAÇÃO DA ENFERMAGEM NOS CENÁRIOS DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Giovanna da Rosa Sarah Beatriz Rodrigues Alexandre do Nascimento Almeida Carolina Sturm Trindade Karin Viegas INTRODUÇÃO Os desafios de humanização são obstáculos a serem superados pelas equipes multidisciplinares da assistência para fornecer um serviço de saúde com maior qualidade. Entretanto, a equipe de enfermagem tem um papel de extrema importância no processo de cuidar para que, na perspectiva dos pacientes adultos, em seu momento de acolhimento nos serviços de urgência e emergência, encontrem o cuidado humanizado no atendimento procurado. Em 2003, o lançamento da Política Nacional de Humanização (PNH) – Humaniza SUS (Sistema Único de Saúde) – ocasionou a criação do Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar, fundamento norteador para as práticas de gestão e assistência com prioridade a participação e corresponsabilização dos agentes envolvidos nos mais diversificados processos de trabalho em saúde. Conforme a Política Nacional de Humanização, a humanização abrange os diversos sujeitos dos processos de produção de saúde – clientes, gestores e colaboradores – guiados por preceitos de independência, solidariedade, protagonismo, corresponsabilidade e esforço coletivo no processo de gestão. LEITURA COMPLEMENTAR 107 No âmbito hospitalar, quando se trata de uma situação de emergência, o paciente pode apresentar ansiedade e desconforto, e dependendo da maneira como ele vivencia esse momento pode ou não ocasionar uma experiência negativa. A necessidade de uma conduta hospitalar mais humanizada e atenciosa por parte dos profissionais da enfermagem se vê extremamente necessária quando considerada, também, a parte psicológica do paciente. Todavia, mesmo com a criação de políticas estimulantes em relação à atenção necessária para os pacientes em emergência e urgência, ainda é apontada certa desvalorização sobre os cuidados interpessoais entre paciente e profissional da enfermagem, com relatos de maus cuidados, desconforto, comunicação entre os membros da equipe multiprofissional e desatenção. Alguns pontos são retratados positivamente pelos usuários como oferecer um ambiente acolhedor ao paciente; todavia, é indispensável refletir sobre as partes que ainda encontram carência de humanização. Tais temáticas são perceptíveis tanto em hospitais da rede pública, como da rede privada no Brasil. [ ] Fonte: SOARES, G. et al. A Humanização da enfermagem nos cenários de urgência e emergência. Enferm Foco, Porto Alegre, v.13, 2022. Disponível em: https://enfermfoco.org/wp-content/uploads/articles_xml/ 2357-707X-enfoco-13-spe1-e-202245spe1/2357-707X-enfoco-13-spe1-e-202245spe1.pdf. Acesso em: 10 de março de 2023. 108 Neste tema de aprendizagem, você estudou: • Identificar uma Parada Cardiorrespiratória, e diferenciar o tipo de atendimento prestado tanto no Suporte Básico de Vida, quanto no Suporte Avançado de Vida. • Que a ressuscitação cardiopulmonar (RCP) é um procedimento de emergência que visa manter a circulação sanguínea e a oxigenação adequadas em pessoas que sofreram parada cardíaca. A RCP é realizada por meio de compressões torácicas e ventilações artificiais para manter a circulação sanguínea e a oxigenação dos órgãos vitais. • Diferenciar quais são ritmos chocáveis e os não chocáveis e a importância da rápida identificação e intervenção para sobrevida do paciente. • Quais são as principais causas de choque, conhecendo sua etiologia e fisiopatologia, consequentemente determinar as intervenções necessárias para cada situação. • O que é Crise Hipertensiva e suas principais definições. RESUMO DO TÓPICO 3 109 AUTOATIVIDADE 1 Baseado nos conhecimentos aprendidos, determinada ação se constitui importante dentro do Planejamento Assistencial de Enfermagem nas Crises Hipertensivas (Implementação da assistência). Acerca dessa ação, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Verificação de calendário vacinal do paciente. b) ( ) Manutenção de uma Via aérea definita. c) ( ) Banho morno de aspersão, a fim de fazer vasodilatação vascular. d) ( ) Aferição da PA a cada 5 ou 10 minutos. e) ( ) Observar motilidade intestinal a cada hora, para controle de balanço hídrico. 2 Sobre a leitura do texto complementar, podemos dizer que: Por vezes a humanização do paciente, muitas vezes está ligado a pequenas ações, como um diálogo mais interessado e até mesmo em um olhar mais atento. Nos atendimentos de emergência, tais necessidades podem se fazer ainda mais presentes, já que são instigadas quando os pacientes se encontram em um momento de desgaste emocional. Acerca da veracidade dessa informação, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Verdadeira. b) ( ) Falsa. c) ( ) Essa informação foi alterada. 3 Acerca do que se constitui por Manobras de Compressões de Alta Qualidade, assinale a alternativa INCORRETA. a) ( ) As aplicadas de forma rápida e intensa, sobre a metade inferior do esterno, na linha intermamilar no centro do tórax. b) ( ) A mão deve ser deve ser colocada paralelamente sobre a primeira, mantendo-se os cotovelos estendidos, formando um ângulo de 70° com o plano horizontal. c) ( ) As compressões devem ocasionar uma depressão de no mínimo 5 cm do tórax. d) ( ) Após a compressão, deve-se permitir o retorno do tórax à posição normal. e) ( ) O número de compressões deve ser de ao menos 100/minuto. 4 Quais são as Manobras utilizadas para abertura das Vias Aéreas durante a emergência? 5 Quais os aspectos estão inclusos no tratamento do paciente em Choque? 110 111 REFERÊNCIAS ALFARO-LEFEVRE R. Aplicação do processo de enfermagem: uma ferramenta para o pensamento crítico. Artmed: Porto Alegre; 2010. ALVES, M. et al. Particularidades do trabalho do enfermeiro no Serviço Móvel de Ur- gência de Belo Horizonte. Texto Contexto Enferm, Florianópolis, v. 22, n. 1, p. 208-15, jan./mar., 2013. ARAÚJO, I.; PAUL, C.; MARTINS, M. Viver com mais idade em contexto familiar: depen- dência no autocuidado. Rev Esc Enferm USP, São Paulo, v. 45, n. 4, p. 869-75, 2011. BEAUCHAMP, T.; CHILDRESS, J. Principles of Biomedical Ethics. Oxford University Press, 2019 BORTOLOTTO, L. A. et al. Crises Hipertensivas: Definindo a gravidade e o tratamento. Rev Soc Cardiol Estado de São Paulo; São Paulo, v. 28, n. 3, p. 254-9, 2018. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Aten- ção Básica. Caderno de atenção domiciliar / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. BRASIL. 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SAE - Sistematização da assistência de enfermagem: Guia prático.Salvador: COREN - BA, 2016. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7498.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7498.htm 112 FELIX, N. N.; RODRIGUES, C. D.S.; OLIVEIRA, V.D.C. Desafios encontrados na realização da sistematização da assistência de enfermagem (SAE) em unidade de pronto atendi- mento. Arq Ciência Saúde, Paraná, v. 16, n. 4, p. 155 -60, 2009. MARIA, M. A.; QUADROS F. A. A.; GRASSI, M. F. O. Sistematização da assistência de enfermagem em serviços de urgência e emergência: viabilidade de implantação. Rev Bras Enferm, Brasília, v. 65, n. 2, p. 297-303, mar./abr., 2012. MARTINS, H.S. et al. Emergências clínicas: abordagem prática. 10. ed. Barueri: Manole, 2015. MIRANDA, C. A. et al. Opinião de enfermeiros sobre instrumentos de atendimento sistematizado a paciente em emergência. Revista Rene, Ceará, v. 13, n. 2, p. 396-407, 2012. NACER, D. T.; BRBIERI, A. R. 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TEMA DE APRENDIZAGEM 1 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COM TRAUMA NEUROLÓGICO TEMA DE APRENDIZAGEM 2 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COM QUEIMADURAS TEMA DE APRENDIZAGEM 3 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM SITUAÇÕES ESPECIAIS Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 114 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 3! Acesse o QR Code abaixo: 115 TÓPICO 1 — ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COM TRAUMA NEUROLÓGICO UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO Acadêmico! Neste tema de aprendizagem, nós estudaremos a assistência de enfermagem ao paciente com trauma neurológico. Seja bem-vindo e bons estudos! Os traumas neurológicos podem ser compreendidos como um conjunto de lesões traumáticas que afetam regiões do corpo humano responsáveis pela coordenação das funções físicas e psicológicas, conforme comenta Degani et al. (2019). Para Sousa e Santos (2021) as regiões corpóreas afetadas em traumas neurológicos afetam o crânio, o cérebro, a coluna, a medula espinal e as inervações periféricas. As lesões neurológicas compõem o rol de principais causas de morte por violências no Brasil, relacionadas a acidentes de trânsito, cujo contexto ocasiona um problema de saúde pública devido ao custo elevado com terapias para reabilitação e restituições por incapacidades permanentes e óbito (BRASIL, 2023; SILVA; MAIA, 2021). Dessa forma, as principais causas de traumas neurológicos são os acidentes automobilísticos, lesões por arma de fogo, incidentes durante a prática de atividades esportivas, quedas, violência por arma branca e doenças crônicas (BRASIL, 2023; SOARES et al., 2021; SANTANA et al., 2022). Em suma, existem duas categorias de traumas neurológicos: o Traumatismo Cranioencefálico (TCE) e o Trauma Raquimedular (TRM), cada qual com as suas especificidades, características e formas de acompanhamento assistencial (SILVA; PIO; MAIA, 2019; MAGALHÃES et al., 2020). O TCE possui a origem em lesões traumáticas na região da cabeça, localizada especificamente no grupo anatômico do crânio, meninges e encéfalo (NASCIMENTO et al., 2022). Já o TRM associa-se a lesões neuronais, voltadas diretamente ao sistema nervoso central e ocasionada por trauma no canal vertebral, entre os pontos do forame magno até a região superior da lombar (SALVÁTICO; LOPES; DAVATZ, 2020). Os traumas neurológicos como o TCE e TRM podem ocorrer concomitantemente no paciente, ao passo que as lesões potencializadas por um acidente automobilístico, por exemplo, podem tornar-se múltiplas no organismo (SILVA et al., 2021). O cuidado relacionado a este tipo de trauma é delicado e necessita de habilidades e competências para evidenciar as lesões na vítima visando manuseá-la com segurança e evitando lesões secundárias (COUTO; SAPETA, 2022). 116 Neste contexto, o enfermeiro possui o papel essencial na identificação destes traumas na área da urgência e emergência, que segundo Cardoso et al. (2021), o profissional possui o dever de utilizar o raciocínio clínico em prol de proteger a vítima de possíveis lesões com potencial trauma neurológico. Ainda, para Will et al. (2020), é indicado a utilização de diversas tecnologias para a assistência de enfermagem ao paciente com trauma neurológico, dentre as quais está o conhecimento teórico e científico, ferramentas cientificamente validadas, recursos tecnológicos, trabalho em equipe e o diálogo aberto com o grupo familiar. Caro acadêmico, é importante destacar que neste subtema também será apresentada a cinemática do trauma e assistência ao paciente vítima de trauma, além de outros traumas, sendo o musculoesquelético, cranioencefálico e hemorragias cerebrais, torácico, abdominal e pélvico. Ainda, é indagado sobre algumas particularidades do trauma e situações com múltiplas vítimas. 2 CINEMÁTICA DO TRAUMA E ASSISTÊNCIA AO PACIENTE VÍTIMA DE TRAUMA A cinemática do trauma pode ser compreendida como uma das fases que compõe a avaliação da cena de qualquer acidente ou incidente e possibilita ao profissional a compreensão do “resultado” de determinado trauma a partir das forças e movimentos envolvidos no fato. A análise da cinemática intui sobre o posicionamento do paciente no momento em que o trauma ocorreu, danos em veículos e materiais envolvidos, uso de mecanismos de proteção, como Equipamentos de Proteção Individual (EPI), cinto de segurança, dentre outros, todos aspectos visam compreender como o organismo se comporta com o stress produzido no momento (ATALLAH; HIGA; BAFI, 2013). Neste contexto, a cinemática pode ser compreendida como a análise dos fatos, um meio utilizado pelo profissional treinado para identificar danos, na maioria das vezes não aparentes (IÑIGO et al., 2022). A cinemática direciona o enfermeiro na urgência e emergência, auxiliando na tomada de decisão sobre o caso e oferecendo agilidade na condução dos procedimentos e condutas (ATALLAH; HIGA; BAFI, 2013).Ainda, conforme Rocha, Silva e Silva (2022), a cinemática segue a chamada Primeira Lei de Newton, em que o corpo em movimento ou repouso permanece neste estado, a não ser que a física haja contra e exerça uma força externa que o impulsione, causando desta forma o trauma. Dessa forma, a importância de compreender a cinemática é uma das atribuições do enfermeiro e está ligada com a assistência de enfermagem para pacientes com trauma, a qual abarca o detalhamento da avaliação do caso e o conjunto de medidas de conforto e preparação do diagnóstico da vítima (CARDOSO et al., 2021). É importante destacar que traumas como o TCE e o TRM são ocasionados por lesões físicas que repercutem em nível neurológico com extensão e danos específicos para cada caso. Por este motivo, é importante que o enfermeiro reconheça os sinais e sintomas, bem 117 como realize a investigação do trauma de origem para posterior conduta e plano de ações (ATALLAH; HIGA; BAFI, 2013). Torna-se impossível saber a extensão das lesões logo após o trauma, pois a evolução dos danos pode persistir por até semanas. Neste contexto, as lesões também podem ser momentâneas, pequenas incapacidades que ocorrem após o trauma e após são reestabelecidas pelo próprio organismo (COUTO; SAPETA, 2022; SOUSA et al., 2013). Na condução clínica o diagnóstico é inicialmente uma conclusão a partir dos fatos avaliados e do trauma ocorrido, sendo confirmada por exames de imagem, em sua maioria a realização de tomografia computadorizada (MAGALHÃES et al., 2020). A assistência inicial consiste no suporte respiratório e manutenção da ventilação, oxigenação e da pressão arterial (SILVA; PIO; MAIA, 2019). Em alguns casos é necessária a utilização de dispositivos, como colar cervical e maca rígida, bem como de procedimentos cirúrgicos para correção e tentativas de aliviar os agravos relacionados ao trauma, como em situação de aumento da pressão intracraniana. É importante que o enfermeiro avalie o paciente de maneira holística em um momento de tamanha importância, visto que não é possível identificar o tipo de traumatismo e os danos neurológicos associados. Em suma, a prática de enfermagem deve ser prudente, sem negligenciar os cuidados básicos de estabilização do paciente, compreendendo os fatores que podem estar associados com traumas diversos no organismo. Inicialmente deve suspeitar-se de perda na estabilidade cervical e deste ponto de partida, realizar a avaliação, manipulação e manutenção das vias aéreas sem movimentos bruscos de hiperflexão, hiperextensão ou rotação do crânio e tronco cerebral (RAMOS et al., 2021). A orientação, independente da ocasião, é de que a coluna cervical seja mantida em posição neutra e caso necessário o enfermeiro pode realizar a estabilização manual ou com o auxílio de equipamentos, como o colar cervical e a maca rígida (WILL et al., 2020). Neste quesito, a imobilização cervical deve ser mantida até que uma possível lesão seja identificada, mesmo sem lesões aparentes, mas com o relato de trauma é necessário manter a imobilização (NASCIMENTO et al. 2022). Na prática de enfermagem, o profissional deve buscar ainda por qualquer alteração anatômica que indique lesões neurológicas, como abaulamento, instabilidade óssea, laceração no couro cabeludo ou pele das costas, lesões penetrantes, hematomas, lesão por arma de fogo, dentre outras que podem ter atingido as regiões do crânio e coluna cervical. Desta forma, a avaliação de enfermagem deve preconizar a manutenção da estabilidade hemodinâmica, identificando possíveis sangramentos e hemorragias, além da compensação respiratória (SILVA et al., 2021; RAMOS et al., 2021). Considera-se também a manutenção da estabilidade da cabeça e da coluna cervical em situações de trauma. Caso seja confirmado o TCE, realizar o controle da pressão intracraniana, bem como a aplicação de escala de sensibilidade para pacientes com TRM. Permanência em 118 observação clínica por pelo menos seis horas após o trauma, realizando reavaliações constantes e, em caso de deterioração, considerar piora nas classifi cações de TCE e TRM. As práticas aqui indicadas pelos autores podem ser diferentes daquelas encontradas em serviços de saúde, pois as práticas clínicas são construídas e implementadas por cada instituição com base na sua responsabilidade na rede de saúde, disponibilidade de recursos físicos e materiais e necessidades do público atendidas. Ressalta-se também que as práticas devem estar descritas e documentadas e protocolos operacionais padrão ou instruções de trabalho. ATENÇÂO Quando indagamos sobre as condutas de atendimento, Neto, Barros e Morais (2021), estabelecem que o enfermeiro seja orientado a reavaliar constantemente o tamanho e a resposta pupilar, especialmente em pacientes com suspeita de TCE. Aplicar escalas de avaliação sensória das extremidades e membros de paciente que foram vítimas de algum tipo de trauma neurológico. Realizar a comparação das avaliações realizadas desde o primeiro atendimento, buscando evidências de melhoria ou piora do caso com o passar do tempo. Manter a permeabilidade das vias aéreas, permitindo a efi ciência no padrão respiratório. Monitorar os sinais vitais manualmente ou com o auxílio de monitor específi co. Avaliar o nível de consciência por meio de escalas e testes neurológicos, bem como monitorar a efi cácia da circulação por meio da perfusão tissular (HINKLE; CHEEVER, 2020). Ainda, durante a anamnese o enfermeiro elenca as prioridades, aquilo que necessita acontecer para o sucesso no tratamento da vítima, para isso ele também se utiliza de recursos como o grupo familiar que pode relatar informações importantes sobre a vítima, principalmente quando está se encontra inconsciente (HINKLE; CHEEVER, 2020). No primeiro atendimento ao queimado, o enfermeiro deve realizar o exame físico no modelo XABCDE, proposto pelo National Association of Emergency Medical Technicians (2021), para a conclusão do estado geral da vítima e sua posterior condução conforme segue: • X: Observação de hemorragia externa grave, principalmente de veias e artérias. Para isso deverá realizar a rápida compressão local com panos limpos e a realização de torniquete com extremo cuidado e perícia; • A: Vias aéreas e coluna cervical. Atentar para a liberação das vias aéreas superiores e a correta troca de ar entre o paciente e o ambiente. Observar a necessidade de imobilizar a coluna cervical com apoio manual ou uso de colar cervical; • B: Importante observar se o paciente realiza as trocas gasosas, caso não é necessário intervir com a utilização de ambu, máscara de oxigênio ou máscara laríngea quando necessário. 119 Aos futuros enfermeiros, indica-se a leitura da Resolução COFEN Nº 641/2020, sobre a utilização de Dispositivos Extraglóticos (DEG) e outros procedimentos para acesso à via aérea, por enfermeiros, nas situações de urgência e emergência, nos ambientes intra e pré-hospitalares. Link do documento: http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-641-2020_80392.html. DICA • C: Avaliar a circulação do paciente, principalmente os pequenos sangramentos e possíveis hemorragias internas causadas pelo trauma. A hemorragia interna pode ser verifi cada por meio de deformidades nos tecidos moles do corpo, principalmente no abdômen, escurecimento cutâneo no local do sangramento e cianose nas extremidades; • D: Disfunção neurológica. Dependendo do caso, a vítima pode estar inconsciente e para isso o enfermeiro precisa aplicar uma escala de medição, a Escala de Coma de Glasgow já estudada anteriormente neste subtema. • E: Exposição e ambiente. Nesta etapa, o enfermeiro avalia a exposição da vítima ao ambiente, principalmente no quesito perda de calor, mas também no cuidado com a intimidade do indivíduo. Nesse momento, enquanto é avaliada a exposição, o profi ssional também realiza uma checagem em áreas corporais não atentadas nos quesitos anteriores. O enfermeiro pode utilizar de alguns recursospara driblar a perda de calor corporal, como a instalação de lençol térmico sobre a vítima. Uma boa dica de estudos futuros são artigos que tratem da aplicabilidade do método XABCDE em vítimas de trauma e mais interessante ainda quando inter-relacionada com a Sistematização da Assistência de Enfermagem. Segue a referência do estudo mencionado. SANTOS, J. R. Abordagens Clínicas na Sistematização da Assistência de Enfermagem a Clientes Gravidas Politraumatizadas no Ambiente Pré-Hospitalar. Brazilian Journal of Health Review, v. 5, n. 1, p. 895-906, 2022. ESTUDOS FUTUROS A realização do exame físico completo é fundamental para a prática do enfermeiro, mensurando assim não somente as questões relacionadas a própria queimadura, mas também a possíveis traumas primários e secundários que ocorreram no momento (ARAÚJO et al., 2022). O enfermeiro também auxilia o médico na condução da avaliação secundária, utilizando-se do mnemônico ARDEU conforme a National Association of Emergency Medical Technicians (2021), seguindo os passos: 120 • A: Possíveis alergias; • R: Uso contínuo de medicamento ou tratamento atual; • D: Histórico de saúde e doença. Caso gênero feminino questionar sobre possível gestação; • E: Eventos relacionados com a queimadura, possíveis agravos; • U: Registro da última refeição e consumo de líquidos. A avaliação secundária sustenta não somente as informações pertinentes aos diagnósticos de enfermagem, mas também para a constituição do plano de cuidado de enfermagem e médico, identificando as situações problemas e respeitando as individualidades e restrições do próprio organismo (LOUSADA et al., 2022). Destaca-se também que independentemente do método utilizado para a avaliação do paciente vítima de TCE ou TRM, é importante que o enfermeiro realize a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) em todas as suas etapas e motive os demais membros da equipe de enfermagem e multiprofissional que registrem os seus achados sobre o trauma e a evolução do caso, bem como as intervenções realizadas, como forma de qualificar a comunicação entre os participantes do cuidado. Aos interessados sobre a aplicabilidade da Sistematização da Assistência de Enfermagem no trauma, segue a referência de uma dica de leitura. NASCIMENTO, R. A.; SILVA, L. F.; MESQUITA, A. L. M.; ROCHA, A. S.; PORTELA, A. M. L. R. Atuação da enfermagem na assistência a pacientes com traumatismo cranioencefálico: uma revisão integrativa. Research, Society and Development, v. 11, n. 8, p. e56111831443-e56111831443, 2022. DICA 3 TRAUMAS DIVERSOS A ocorrência de trauma é uma das grandes causas de óbito nos serviços de urgência e emergência. Dessa forma é fundamental que o enfermeiro esteja capacitado para exercer a assistência de qualidade neste tipo de atendimento (BRASIL, 2023). Por este motivo, a seguir estudaremos os principais tipos de traumas e situações especiais, bem como as ferramentas que podem ser utilizadas pelo enfermeiro para a correta avaliação da vítima. 3.1 TRAUMA MUSCULAR E ESQUELÉTICO E MUSCULOESQUELÉTICO O trauma musculoesquelético ou também apresentado separadamente como músculo e esquelético é considerado um dos principais causadores de dor crônica em pessoas adultas e idosas, sendo possível identificar também um percentual significativo de pessoas com agravos e incapacidades oriundas de lesões agudas e crônicas (PALACIO et al., 2022). Este tipo de trauma é constituído por lesões resultantes de acidentes ou 121 incidentes em estruturas musculares e esqueléticas, fato que torna ampla a gama de possibilidades que o englobam (SILVA et al., 2022). Em suma, o sistema musculoesquelético é composto por músculos, ossos, cartilagens e tecido conjuntivo, possuindo como principal função a movimentação, a sustentação, a proteção e o suporte do organismo humano (ATALLAH; HIGA; BAFI, 2013). O músculo é responsável pela contração e distensão das células é composto por tecido liso, o qual forma as paredes dos vasos venosos e arteriais, além dos órgãos; tecido estriado esquelético, responsável pelas contrações voluntárias que o músculo realiza; o tecido estriado cardíaco que é responsável pelos movimentos involuntários do coração. Já a estrutura óssea é dividida entre o esqueleto axial, formado pelo crânio, coluna e tórax e o esqueleto apendicular, o qual se constitui pelos braços, pernas e quadris (REBOUÇAS et al., 2022). A seguir são apresentados alguns exemplos de traumas musculoesqueléticos frequentes em serviços de urgência e emergência. • Escoriações: traumas menores que apresentam sangramento leve e dor moderada. O manejo de enfermagem está em higienizar a lesão, observando o grau de comprometimento tecidual, solicitando avaliação médica quando necessário e aplicando cobertura antiaderente para proteção; • Contusões: lesões com característica traumática com bordas regulares ou irregulares e sangramento que varia conforme o local do ocorrido. A atuação do enfermeiro diz respeito à aplicação de compressa de gelo como forme de analgesia, aplicação de compressas para contensão de sangramentos quando pertinente; • Lacerações: decorrentes de traumas intensos e pode envolver a perda de tecidos com borda regular ou irregular. Neste caso, o enfermeiro deve realizar a higienização do local, preferencialmente com soro fisiológico, aplicação de curativo estéril com a intenção de controle do sangramento, podendo ser compressiva quando abundante e solicitar apoio médico para avaliação; • Avulsões: lesão aberta com descolamento da pele e profundidade que compromete o tecido cutâneo. Os cuidados de enfermagem em avulsões envolvem a higienização da lesão com soro fisiológico, aplicação de curativo compressivo e solicitação de avaliação médico para reconstrução tecidual; • Esmagamento: trauma resultante de força exercida contra o corpo, variando conforme a intensidade e local. O manejo de enfermagem visa compreender a cinemática do trauma e o grau de comprometimento das estruturas, realizando o encaminhamento para exames de imagem em conjunto com a equipe médica, para a correta tomada de decisão no caso; • Entorse: torção brusca na articulação de um membro que pode desestabilizar os ligamentos e enervações. O cuidado de enfermagem diz respeito à aplicação de compressa de gelo e imobilização do local com auxílio de tala flexível, solicitando a avaliação de médico especialista na área para condução da terapêutica; • Distensão: quando o tecido muscular espicha realizando o estiramento e rompendo fibras e feixes musculares. O cuidado de enfermagem diz respeito à aplicação de 122 compressa de gelo e imobilização do local com auxílio de tala flexível, solicitando a avaliação de médico especialista na área para condução da terapêutica; • Luxação: deslocamento das estruturas ósseas principalmente aquelas próximas às articulações. O cuidado de enfermagem diz respeito à aplicação de compressa de gelo e imobilização do local com auxílio de tala flexível, solicitando a avaliação de médico especialista na área para condução da terapêutica; • Fratura aberta: ruptura total ou parcial do osso, apresentando exposição óssea e sangramento intenso. Realização da higiene da lesão com soro fisiológico, aplicação de cobertura para controle de sangramento, imobilização do membro com auxílio de tala flexível e a ataduras, realizando encaminhamento para avaliação médica e condução na terapêutica; • Amputação traumática: quando um membro ou parte dele é amputado pelo agente causador do trauma, instantaneamente no momento em que o acidente ou incidente ocorreu. Os cuidados de enfermagem incluem a higienização do local com soro fisiológico e aplicação de curativo compressivo para contenção de possíveis sangramentos. O paciente deve ser avaliado por médico especialista para condução do caso; • Fratura fechada: ruptura total ou parcial do osso, mantendo a pele integra. O manejo de enfermagem inclui à aplicação de compressa de gelo e imobilizaçãodo local com auxílio de tala flexível, solicitando a avaliação de médico especialista na área para condução da terapêutica (PAN et al., 2022; REBOUÇAS et al., 2022). No atendimento de urgência e emergência ao trauma musculoesquelético, o enfermeiro precisa realizar a avaliação inicial no modelo XABCDE conforme mencionado anteriormente e realizar alguns procedimentos, como a imobilização do membro. A imobilização deve ser realizada com perícia, garantindo que o membro lesionado permaneça firme ao mesmo tempo em que a perfusão sanguínea é preservada (PALACIO et al., 2022). Para realizar a imobilização é importante que o enfermeiro atente para o tamanho adequado da tala, garantindo que a sua colocação não seja desconfortável e cause problemas no transporte durante o atendimento. IMPORTANTE 123 3.2 TRAUMA CRANIOENCEFÁLICO E HEMORRAGIAS CEREBRAIS O enfermeiro possui um papel importante na identifi cação do TCE nos serviços de urgência e emergência, contudo, o profi ssional precisa desenvolver em si as habilidades e competências necessárias para tal atividade (SILVA et al., 2023). Compreender as principais causas do TCE é de extrema importância para o aumento das chances de sobrevida do paciente, sendo que minutos podem fazer a diferença no momento de articular as ações e o prognóstico (WILL et al., 2020). No quesito TCE, as principais causas incluem quedas em idosos e crianças, especialmente pelo organismo apresentar maiores fragilidades, acidentes automobilísticos, aqui cabe destacar que o carro e a moto, mas também outros meios de transporte como a bicicleta. Casos de violência também podem levar a TCE, principalmente quando atinge o crânio, como empurrões, batidas e uso de arma de fogo ou objeto cortante. E ainda, algumas atividades esportivas, principalmente aquelas que causam impacto no indivíduo, sejam corpo a corpo com outros indivíduos (RAMOS et al., 2021). A gravidade do trauma neurológico associado ao TCE depende do agente causador e da força (energia) despendida para o local de impacto e pode ser de tamanho macro ou microscópicas, sendo que a gravidade da lesão normalmente está associada com os sinais e sintomas observados na vítima durante a evolução do caso (RAMOS et al., 2021). Contudo, é importante atentar aos detalhes do que aconteceu com o paciente, pois cada organismo possui uma tendência de reagir de forma diferente aos estímulos e lesões no campo neurológico. Quando indagamos sobre a “energia” do trauma, é importante destacar que isso se refere a uma área de estudos chamada de Cinemática, por este motivo indica-se o aprofundamento de tal terminologia e sua aplicabilidade em estudos futuros. Para iniciar, indicamos o artigo “Cinemática do trauma”, do autor Maurício Vidal de Carvalho, disponível no link: http://www.ph.uff .br/ artigos/cinematica.pdf. ESTUDOS FUTUROS 124 Neste contexto, as lesões cranianas podem ser categorizadas em dois grandes grupos, as abertas e as fechadas (ATALLAH; HIGA; BAFI, 2013). • Lesões abertas: englobam todas as lesões causadas por penetração na estrutura do crânio, envolvendo regiões internas críticas como as meninges e o tecido cerebral. Este tipo de trauma normalmente é causado por disparos de arma de fogo ou objetos cortantes que causam o processo de laceração do couro cabeludo e estrutura óssea do crânio. • Lesões fechadas: este grupo de lesões envolve situações de trauma sem penetração, que de forma abrupta causa algum desfecho interno ao crânio. É importante compreender a cinemática deste tipo de trauma para avaliar o prognóstico, pois as principais causas estão relacionadas a golpes e pancadas com objetos, além de movimentos bruscos e inesperados. A lesão fechada é causada pelo processo de aceleração e desaceleração da massa interna do crânio, dessa forma, existe um ponto de impacto, caracterizado como golpe, mas também um contragolpe no polo oposto da cabeça, já que a força do movimento depende da energia do trauma e pode ser repetitivo até a desaceleração. Na prática clínica, as lesões fechadas podem ter um desfecho de maior gravidade, pois os lóbulos frontal e temporal são vulneráveis aos movimentos de aceleração e desaceleração do impacto. Destaca-se também que a movimentação brusca da massa cerebral pode resultar no rompimento de axônios, causando lesão axonal ou ainda o rompimento de vasos sanguíneos resulta em hemorragias e hematomas localizados ou generalizados (ROCHA; SILVA, SILVA 2022). IMPORTANTE A seguir, estudaremos algumas das principais causas de trauma neurológico conforme Hutchinson et al. (2016), Degani et al. (2019), Santana et al. (2022), Couto e Sapeta (2022) e Atallah, Higa e Bafi (2013): • Concussão: a concussão é um trauma fechado e relacionado em maior número com a prática de esportes e caracterizado por um impacto abrupto na região craniana, acompanhado por desmaio, perda de consciência e memória momentânea. Em termos médicos, pode ser definida como uma alteração pós-traumática transitória (momentânea) cujo prognóstico é reversível no status mental em alguns minutos ou horas. Dado a característica neurológica, a concussão pode ocasionar sintomatologia secundária como cefaleia, náusea acompanhada ou não por vômito, além de perda de memória; • Contusão encefálica: a contusão encefálica pode ocorrer em lesões cranianas abertas ou fechadas e caracteriza-se como um hematoma cerebral. Neste contexto, o hematoma pode ocasionar grandes lesões nas funções cerebrais devido ao edema generalizado nas estruturas e o aumento da pressão intracraniana. A contusão encefálica nem sempre apresenta um desfecho imediato, apresentando-se como perda de função até mesmo em semanas ou meses após o trauma causador; 125 • Lesão axonal difusa: a lesão axonal difusa ocorre quando o trauma movimenta a massa cerebral causando a ruptura generalizada ou localizada de fibras axonais e também da bainha de mielina. Em suma, o rompimento ocasiona hemorragias na massa branca, observada em exames de imagem, causando a perda da consciência momentânea. Em grande escala, a lesão pode causar edema resultando no aumento da pressão intracraniana; • Hematoma subdural: o hematoma subdural ocorre devido ao acúmulo de sangue entre a dura-máter e a máter aracnoide, sendo em sua maioria relacionados à laceração de veias corticais, ou avulsão das pontes das veias entre o córtex e os seios durais. Os traumas relacionados com este tipo de hematoma são aqueles relacionados a quedas ou acidentes automobilísticos e contusões cerebrais. A evolução do caso pode ocorrer entre dias e semanas, sendo necessário monitorar a pressão intracraniana; • Hematoma epidural: o hematoma epidural caracteriza-se pelo acúmulo de sangue entre a estrutura óssea do crânio e a dura-máter. Está associado com fraturas ósseas na região temporal que causam sangramento arterial local podendo evoluir rapidamente para o óbito do paciente quando apresentar perda de grande volume. E ainda, apresenta-se como trauma leve quando afeta uma estrutura venosa; • Hematomas intercerebrais: o hematoma intercerebral ou ainda utilizado comumente pela literatura como hematomas intercerebrais devido a sua característica múltipla pode ser definido como o acúmulo de sangue na estrutura cerebral. Enquanto trauma está ligado a contusões, sendo incertos os desfechos de sua ocorrência, dependendo do grau de impacto, hemorragia e ainda a resposta do edema. Outro ponto importante a ser estudado sobre o trauma neurológico são as fraturas cranianas, pois são responsáveis por lesões graves, mesmo que em sua maioria, caracterizadas como fechadas. Para Silva et al. (2023), as fraturas cranianas por vezes não recebem a devida atenção devido à característica de serem fechadas, mas o comprometimento linear da estrutura óssea, bem como depressões na calota craniana podem ocasionar hematomas intracranianos em curto e longo prazo. Alguns tipos de fraturas merecem atenção conforme Hutchinson et al. (2016), como asdepressões ósseas que podem causar laceração dural e lesão no tecido cerebral, fraturas temporais que causam laceração arterial e a ocorrência de hematoma epidural e, também, diferentes fraturas em crianças que podem prejudicar o desenvolvimento subsequente da calota craniana. 3.2.1 Ferramentas utilizadas pelo enfermeiro no trauma cranioencefálico e hemorragias cerebrais A ocorrência de um TCE deve ser investigada a partir do agente causador, avaliando as nuances de suas características e realizando o prognóstico dos fatos que poderão concretizar-se, segundo Ramos et al. (2021) o trauma pode ocasionar sinais e sintomas imediatos ou ainda desencadear disfunções a longo prazo, e para isso o enfermeiro precisa estar preparado para a avaliação. Em suma, a maioria dos TCE possui um 126 potencial alto de causar edema cerebral, ao passo que diminui o suprimento de sangue no encéfalo e aumentando o volume na caixa craniana, a qual possui espaço limitado devido à formação óssea (ATALLAH; HIGA; BAFI, 2013). Da mesma forma, a caixa craniana possui em sua estrutura um preenchimento natural e restrito de massa cerebral e volume sanguíneo, contudo qualquer alteração que gere edema nas estruturas, aumenta de líquido ou redução do espaço, causam o aumento da pressão intracraniana (ROCHA; SILVA; SILVA, 2022). O volume de sangue na calota craniana é proporcional à Pressão de Perfusão Cerebral (PPC), a qual pode ser medida na diferença entre a Pressão Arterial Média (PAM) e a média da pressão intracraniana. Dessa forma, quando a pressão intracraniana aumenta, a PPC diminui (HUTCHINSON et al., 2016). Esse processo evolui para a isquemia do tecido cerebral que em conjunto com o edema forma lesões secundárias e disfunções. Existe a chamada Síndrome do Segundo Impacto que, segundo Hutchinson et al. (2016), caracteriza-se pelo rápido aumento da pressão intracraniana após um trauma secundário antes da recuperação total do primeiro. ATENÇÃO A pressão intracraniana excessiva causa disfunções graves à medida que aumenta e caso não seja solucionada pode suprimir o tecido cerebral causando herniações (SANTA et al., 2022; NASCIMENTO et al., 2022). Caso a pressão intracraniana permaneça descontrolada, aproximando-se da PAM, diminui a quase zero a PPC, ocasionando morte cerebral. As métricas anteriores caracterizam a ausência de fl uxo no sanguíneo no cérebro, qualifi cando o indivíduo em morte cerebral (LANES et al., 2021). Dessa forma, o enfermeiro precisa estar atento aos sinais e sintomas de pacientes com TCE, sendo que alguns deles em níveis moderados ou graves perdem a consciência por segundos ou minutos, além da piora como confusão mental e convulsões durante a evolução do caso, na ocorrência de edema, como exemplo (CARDOSO et al., 2021). Em casos específi cos como crianças com TCE, elas mostram-se irritáveis (WILL et al., 2020). Em contrapartida, o desfecho saudável do caso para Soares et al. (2021) e Santana et al. (2022) é a melhoria nos sinais e sintomas indicados anteriormente. Atentando que os pacientes devem estar acordados e conscientes, sem alteração nas funções cognitivas, eleitas na concordância com o tempo e o espaço. Em caso negativo, a evolução do caso pode seguir com o aumento progressivo na confusão mental, estupor e algum grau de coma. A duração do período entre as fases e o aparecimento dos sintomas depende do grau de comprometimento do TCE (WILL et al., 2020). 127 Estado de “estupor” refere-se à paralização dos aspectos físicos e psicológicos do paciente que se mantém imóvel aos estímulos verbais e dolorosos, tal situação evolui para o coma. DICA Durante a avaliação de enfermagem é utilizada a Escala de Coma de Glasgow, que pode ser vista na Figura 1, tratando-se de um sistema de pontuação para a abertura ocular, resposta verbal e melhor reflexo motor, sendo que os três aspectos precisam ser avaliados em sua totalidade para definir a gravidade do TCE. A pontuação de três pontos indica TCE fatal, sendo de três a oito, definido como grave, nove a treze, como moderado e quatorze a quinze, leve (GLASGOW COMA SCALE, 2023). Figura 1 – Escala de Coma de Glasgow Fonte: Glasgow Coma Scale (2023, s.p.) 128 Alguns sintomas de TCE podem alertar o enfermeiro quanto à ocorrência e sua localização. Dessa forma, os sintomas de hematoma epidural ocorrem entre minutos e horas após o trauma e incluem cefaleia, diminuição da consciência e perdas neurológicas, principalmente movimentos de membros. Em hematomas subdurais ocorre o aumento da pressão intracraniana associado à cefaleia, convulsões, alteração nas pupilas e hemiparesia. As contusões e hematomas intracerebrais demonstram-se inicialmente com perda da consciência e hemiparesia, hiperatividade simpática com hipertensão e taquicardia, cardiomiopatia neurogênica e lesão renal aguda. Aumento da pressão intracraniana manifesta-se com vômitos, hipertensão, bradicardia e bradipneia. É importante reavaliar periodicamente o paciente na busca por sinais de evolução do trauma (HUTCHINSON et al., 2016). A Glasgow Coma Scale possui um site onde disponibiliza estudos internacionais sobre o tema, além da escala oficial em diversas línguas. Acesse: https://www. glasgowcomascale.org/ para saber mais. DICA É importante que saiba evidenciar alguns sinais relacionados com fratura na base do crânio, sendo eles: Rinorreia Liquótica – Extravasamento de líquido cerebrospinal pelo nariz; Otorreia Liquórica – Extravasamento de líquido cerebrospinal pelas orelhas; Hemotímpano – Presença de sangue atrás da membrana timpânica; Sinal de Battle – Equimose atrás da orelha; Olhos de Guaxinim – Equimose na área periorbital (HUTCHINSON et al., 2016). DICA 3.3 TRAUMA RAQUIMEDULAR Ao estudarmos os traumas neurológicos, o TRM recebe um dos espaços de maior destaque no que diz respeito à assistência de enfermagem, pois se constitui como um problema de saúde pública que a situação ocasiona na população adulta brasileira (ATALLAH; HIGA; BAFI, 2013; SILVA; PIO; MAIA, 2019). O TRM ocorre a partir de um trauma na medula espinhal que resulta em algum grau de dano neurológico e perdas funcionais do organismo, como a função motora, sensitiva e as atividades autônomas (NETO; BARROS; MORAIS, 2021). A ocorrência de TRM está associada a faixa etária dos quinze a quarenta anos de idade, tendo como causas específicas os acidentes automobilísticos, queda de altura, disparos com arma de fogo e violências diversas com impacto local (CARDOSO et al., 2021). Ainda, conforme Neto, Barros e Morais (2021) e Ramos et al. (2021), o trauma de maior ocorrência é a concussão na medula espinhal, podendo caracterizar-se como uma contusão, laceração e compressão do líquor, situações em que o paciente se 129 recupera sem perdas funcionais. Em contrapartida, pode ocorrer à transecção completa da medula espinhal, fato que paralisa as funções abaixo do nível lesionado, devido ao corte das inervações entre a lombar e o tronco cerebral. Reconhecem-se os agravos relacionados à TRM são em especial nas lesões que acometem as raízes nervosas, os nervos periféricos e a medula, tornando-se desta forma uma perda neurológica (LANES et al., 2021; SILVA et al., 2023). Ao observarmos os principais pontos de alterações fisiológicas do TRM, indagamos sobre aquelas em que o paciente seccionou a medula espinhal e por consequência descontinuou algumas funções, como por exemplo, a trombose venosa profunda, a disrreflexia autônoma, bexiga neurogênica, infecções do trato urinário, intestino neurogênico, dentre alterações psicológicas advindas de sofrimentos (LANES et al., 2021). A coluna vertebral é o grande cenário de ocorrência do TRM e conforme Degani et al. (2019), é formada por trinta e três a trinta e quatro vértebras, sendo elas, sete cervicais, doze torácicas, cinco lombares, cinco sacrais e quatro ou cinco coccígeas. Neste sentido, a medula espinhal possui cerca de quarenta e cinco centímetros ao longo da colunade um adulto e encontra-se no cone medular, na qual se estende no filumterminale. A medula espinhal é um grande condutor de impulsos nervoso, com a finalidade sensitiva e motora, ambas colaboram para a organização do corpo humano (ATALLAH; HIGA; BAFI, 2013). A lesão traumática de TRM é causada por algum agente que transfere impulso por meio da energia, ocasionando o rompimento de axônios, lesão das células nervosas e ruptura dos vasos sanguíneos. Neste momento, ocorre à lesão primária, sendo que ocorre a hemorragia e necrose da massa cinzenta, seguida pelo edema espinhal e hemorragia ao longo de toda a coluna cervical. Em segundo momento, a necrose espalha-se com a massa branca, interrompendo o fluxo sanguíneo local. A separação dos axônios é um processo gradual, podendo levar dias, contudo em ferimentos cortantes, como o por arma de fogo, ocorre à secção imediata da medula espinhal, interrompendo a comunicação e limitando a lesão (ATALLAH; HIGA; BAFI, 2013). 3.3.1 Ferramentas utilizadas pelo enfermeiro trauma raquimedular A assistência de enfermagem é de suma importância no reestabelecimento do paciente vítima de TRM e volta-se para a avaliação completa e coerente das condições as quais o indivíduo enfrenta, visando à diminuição de sequelas, tempo de hospitalização, custos atrelados à terapêutica empregada e a qualidade de vida do indivíduo (SILVA et al., 2021). O conhecimento do enfermeiro é essencial para evitar complicações na vítima, traçar o plano de cuidados fidedigno com as necessidades e a reabilitação do trauma inicial (CARDOSO et al., 2021). 130 O enfermeiro que atua em urgência e emergência pode utilizar a classificação do grau de incapacidade da Associação Americana do TRM por meio da escala Avaliação da ASIA (American Spine Injury Association) indicando se é uma lesão completa ou incompleta. Figura 2 – Avaliação da ASIA Fonte: Damiani (2016, s.p.) Ao enfermeiro que realiza a avaliação do paciente com TRM, é importante que compreenda também as principais complicações associadas ao trauma, para assim identificar as necessidades latentes do indivíduo. As complicações seguem os preceitos de Sousa et al. (2013), Silva et al. (2023), Damiani (2016) e Degani et al. (2019). Acadêmico, indica-se o aprofundamento de leituras sobre a aplicação da Avaliação da ASIA. Segue uma dica de estudo. OLIVEIRA, D. D.; GARCIA, M. Bases teóricas e práticas sobre o uso do Protocolo da ASIA em Lesão Medular Traumática. Revista de Trabalhos Acadêmicos –Universo, Belo Horizonte, v. 1, n. 5, 2022. DICA 131 • Choque medular: o choque medular pode ser caracterizado como a completa arrefl exia da medula espinhal, ocorrido logo após o trauma. Esta condição indica a perda total de sensibilidade dos movimentos ou refl exos do paciente vítima do TRM, sendo que o fi nal do choque medular é marcado pelo retorno do refl exo bulbo cavernoso e possibilita a correta identifi cação do grau de perda funcional; • Choque neurogênico: o choque neurogênico é próprio de pacientes com lesão medular, caracterizado pela queda na pressão arterial, seguida por intensa bradicardia; • Trombose venosa profunda: ocasionada pelo acúmulo de sangue perifericamente, com maior ocorrência nos membros inferiores e pacientes que perderam o movimento do mesmo a partir do TRM; • Disrrefl exia autonômica: relacionada com pacientes que lesionaram a medula cervical acima do fl uxo simpático e possui como sintomas a hiperextensão abdominal, hipertensão arterial, sudorese profunda, rubor facial, congestão nasal e cefaleia intensa; • Bexiga neurogênica: ocorre posteriormente a um trauma grave na medula espinhal em que a bexiga permanece contraída, retendo totalmente a urina. Em casos não tratados com brevidade, o paciente permanece com a retenção ao longo da vida, sendo necessário o uso de sondagens de alívio ou de demora; • Intestino neurogênico: pacientes com lesão medular em sua maioria possuem perda na função intestinal, no que diz respeito à sensibilidade e controle da eliminação, sendo necessária a indução e uso de dispositivos para evacuação sem o consentimento; • Lesão por pressão: a lesão por pressão é uma ocorrência comum ao paciente com TRM que faz uso de cadeira de rodas ou encontra-se acamado, uma vez que o contato direto e contínuo com o colchão, lençóis e quaisquer superfícies favorecem o seu aparecimento. Difi culdades na troca de decúbito também ocasionam lesões por pressão, bem como fatores debilitantes como diminuição na perfusão tissular, má alimentação e hidratação. A enfermagem possui um papel de suma importância na prevenção e tratamento de lesões por pressão, dessa forma pertinente que seja realizado leituras sobre este tipo de prática. Segue a referência de um estudo sobre o tema. SMANIOTTO, M. C.; RIBEIRO, M. C.; RICHTER, S. A.; QUADROS, A. Conhecimento da equipe de enfermagem na prevenção de lesão por pressão no ambiente hospitalar. Rev. Enferm. Atual In Derme, p. 1-18, 2022. ESTUDOS FUTUROS 132 3.4 TRAUMA TORÁCICO A compreensão do trauma torácico é fundamental para que o enfermeiro realize o atendimento de qualidade na urgência e emergência, indagando que se trata de uma lesão física na região do peito e que devido à localização é considerada grave (OLIVARES et al., 2022). As lesões neste tipo de trauma comprometem a estrutura óssea e cartilaginosa das costelas, além dos órgãos internos como o coração e o pulmão (SILVA; NASCIMENTO, 2022). O trauma torácico pode ser causado por diversos tipos de contusões, como: acidente automobilístico, acidente com impacto, violência com arma de fogo ou objeto cortante, dentre outros (GONZALES et al., 2022). As lesões torácicas mais comuns são: contusão pulmonar, pneumotórax e hemotórax (ATALLAH; HIGA; BAFI, 2013). • Contusão pulmonar: a contusão pulmonar pode ser compreendida como um hematoma pulmonar que pode causar hemorragia e edema. Os sinais mais frequentes são dor atrelada a região torácica devido ao trauma e dispneia variando de intensidade conforme o grau de comprometimento pulmonar. O enfermeiro deve atuar na realização da avaliação inicial e a identificação desses sinais, encaminhando para a realização de exames de imagem e auxiliando a equipe médica na condução do caso (ATALLAH; HIGA; BAFI, 2013); • Pneumotórax: compreende-se como pneumotórax a presença de ar entre as duas camadas da pleura, fato causado por traumas principalmente de origem torácica e que comprometem a estrutura pulmonar. O principal sintoma relacionado é dor local torácica e dispneia. O manejo de enfermagem é realizar a aspiração das vias aéreas do paciente quando pertinente, monitorar os sinais vitais com enfoque na oxigenação e adotar a posição de Fowler para a estabilidade do paciente (ATALLAH; HIGA; BAFI, 2013); • Hemotórax: ocorre quando há o acúmulo de sangue entre o pulmão e a parede torácica. Dentre os principais sinais está a dispneia seguida de desmaio, dor na região torácica e déficit na perfusão tissular. Dentre os cuidados de enfermagem está o monitoramento dos sinais vitais com foco na oxigenação, realização da avaliação de enfermagem completa para identificação do trauma causador além de auxiliar o médico na inserção de treno observando a terapêutica empregada para o caso. Destaca-se que o enfermeiro realiza os cuidados inerentes a manutenção do dreno de tórax seguindo os protocolos do serviço de saúde (ATALLAH; HIGA; BAFI, 2013). O trauma pode gerar alguns eventos secundários e agravos, como dificuldade na respiração devido a lesões localizadas nos pulmões ou no trato respiratório, além de sangramentos que podem levar a hemorragias externas ou internas com evolução para choque hipovolêmico (OLIVARES et al., 2022). No atendimento de urgência e emergência, é fundamental que o enfermeiro realize a avaliação inicial a vítima de trauma conforme mencionado anteriormente e avalie sinais específicos desta região afetada, como monitoramento da qualidade do ciclo respiratório,avaliação visual do tórax, ausculta cardíaca e pulmonar e palpação, identificando possíveis assimetrias. Exames de imagem podem complementar as evidências (GONZALEZ et al., 2022; PALACIO et al., 2022). 133 3.5 TRAUMA ABDOMINAL E PÉLVICO Na prática de enfermagem em urgência e emergência é preciso atentar-se para as diferentes situações que batem à porta do serviço, estando o profissional capacitado para atender da melhor forma possível ao paciente (REBOUÇAS et al., 2022). No trauma abdominal e pélvico, a avaliação de enfermagem é essencial para a sobrevivência da vítima, uma vez que deve ser realizada a avaliação no modelo de atenção ao trauma, XABCDE, com atenção especial para a hemorragia e a circulação (PERIN et al., 2022). Em suma, o trauma abdominal e pélvico pode ser dividido em duas principais situações (FERNANDES et al., 2022; SANTOS, 2022): • Trauma abdominal fechado: ocorre principalmente em situações de impacto e cisalhamento em acidentes ou incidentes, causando o esmagamento e lesões secundárias em órgãos como o fígado e o intestino, sem apresentar sangramento externo. Durante a avaliação, o enfermeiro deve estar atento a deformidades na região abdominal e pélvica, além de hematomas e escoriações na pele; • Trauma abdominal penetrante: englobam todos os traumas penetrantes provocados por objetos cortantes, perfurando o peritônio. Nestes casos, os órgãos que podem ser lesionados são o intestino, o fígado e estruturas vasculares, além do diafragma. Neste tipo de trauma, o enfermeiro poderá visualizar lesões externas que sangram e até mesmo grandes hemorragias, além das deformações na própria região abdominal e pélvica. Independentemente da situação, o enfermeiro deve manter a estabilidade do indivíduo, principalmente na reposição de volume que o mesmo possa ter perdido em processos hemorrágicos após o trauma (FERNANDES et al., 2022; SANTOS, 2022). 3.6 PARTICULARIDADES DO TRAUMA As particularidades do trauma tratam, principalmente, de situações na área de urgência e emergência em que o enfermeiro precisa estar atento às especificidades de determinado público, sobretudo devido às diferenças que o organismo apresenta, sendo as três principais: • Trauma em idosos: para qualquer tipo de trauma na população idosa é importante manter a atenção quanto à diminuição da massa muscular e da densidade óssea, fatos que facilitam a ocorrência de fraturas, por exemplo. Outras questões envolvem o uso de medicações contínuas e a presença de doenças crônicas que aumentam a chance de trauma, por exemplo, a tontura que leva à queda. Ainda sobre a queda, trata-se de um dos principais riscos e causadores de trauma, seguido por atropelamento, violência física, situações que podem ocorrer no cotidiano, mas também fruto de maus tratos. O trauma em idosos também está relacionado com incapacidades, dificuldades na cicatrização e reabilitação do movimento de determinado membro, além da falta de estrutura financeira e familiar para apoiar em momentos de necessidade (LOPES et al., 2022); • Trauma em gestante: a gestação é um período delicado na vida da mulher, por 134 este motivo é importante estar atento ao contexto de ocorrência do trauma e monitorar as condições de saúde após o fato. O profissional de enfermagem precisa estar ciente de que o trauma em gestante pode aumentar drasticamente o risco de aborto, além de situações como parto prematuro, ruptura uterina, hemorragia feto- materna, descolamento prematuro de placenta e amniorrexe prematura. O trauma deve ser avaliado individualmente, quanto ao agente causador e grau de exposição, por este motivo, a consulta de enfermagem é de suma importância (SANTOS, 2022); • Trauma em criança: o trauma em crianças é variável, pois ela está exposta a situações próprias do crescimento que provocam quedas, engasgue, pequenos ferimentos e também a acidentes e incidentes que levam a contusões, lacerações e luxações. A criança pode ainda sofrer abusos e violências que levem ao trauma físico. Sendo que as complicações estão relacionadas com a idade e intensidade do trauma, principalmente aquelas que interferem no crescimento das estruturas ósseas e articulares (MARQUES et al., 2022). 3.7 TRAUMA COM MÚLTIPLAS VÍTIMAS O trauma com múltiplas vítimas é uma situação especial em que o enfermeiro atuante na rede de urgência e emergência pode presenciar. O trauma com múltiplas vítimas é um evento que produz simultaneamente um número maior de indivíduos que necessitem de atendimento ao passo que este contingente não é suportado pelo serviço de saúde do local (GOMES; MACHADO; MACHADO, 2022). No Brasil, considera-se que um acidente ou incidente com múltiplas vítimas é aquele que possui mais do que cinco pessoas feridas no mesmo espaço (SANTOS, 2022). Neste cenário, destaca-se que o atendimento de enfermagem se torna desafiador ao passo que os recursos materiais e humanos são reduzidos perante a necessidade de assistência, exigindo planejamento, perícia e qualificação (SILVA; CAVAZANA, 2022). Ainda, é fundamental que os profissionais utilizem do conhecimento técnico e científico para determinar o correto direcionamento das vítimas traumatizadas (ROCHA; LIMA, 2022). 135 A condução do atendimento de enfermagem no trauma com múltiplas vítimas segue o processo de triagem que busca identificar e priorizar os atendimentos, dividindo as urgências, das emergências (PERIN et al., 2022). Conforme Silva e Cavazana (2022), o método mais difundido no Brasil é o Simple Triage and Rapid Treatment (START) que utiliza uma classificação de vítimas por cores, sendo a vermelha com prioridade imediata e as demais amarelo, verde e preto com decréscimo no nível prioritário para atendimento. Complementando, a utilização da avaliação do trauma no modelo XABCDE, preconizada internacionalmente e que direciona corretamente o profissional nas necessidades do paciente (ROCHA; LIMA, 2022). Caro acadêmico! Neste subtema, nós estudamos preciosos conteúdos para a formação do enfermeiro, dentre os quais merecem destaque a ocorrência e fisiopatologia dos traumas, intuindo sobre o raciocínio clínico necessário ao profissional para a construção do plano de cuidados e a articulação na tomada de decisão assertiva perante a comunidade. Ainda, indagamos sobre a avaliação inicial e secundária do paciente nos diferentes tipos de traumas, a compreensão da cinemática e demais variáveis da assistência de enfermagem na urgência e emergência. 136 Neste tema de aprendizagem, você estudou: • A ocorrência e fisiopatologia de traumas, intuindo sobre a necessidade do raciocínio clínico como forma de reconhecer a problemática da população, com foco nas ações curativas, mas também na educação preventiva por meio do conhecimento. • Realizar a avaliação inicial e secundária do paciente com trauma, os principais cuidados e exames necessários para o correto diagnóstico das lesões e ainda o papel do enfermeiro na condução da assistência ao paciente. • Compreender a cinemática do trauma, suas principais variáveis, causas, sinais e sintomas, além do contexto de uso das diferentes ferramentas de avaliação e assistência de enfermagem em urgência e emergência. • O que é trauma musculoesquelético, cranioencefálico e hemorragias cerebrais, raquimedular, torácico, abdominal e pélvico, particularidades com idosos, crianças e gestantes, além de situações com múltiplas vítimas, intuindo sobre o uso das diferentes ferramentas de avaliação e construção do plano de cuidados em enfermagem. RESUMO DO TÓPICO 1 137 AUTOATIVIDADE 1 A pressão intracraniana é um indicador de suma importância na avaliação do paciente com trauma neurológico, principalmente, quando se trata de um traumatismo cranioencefálico. Por este motivo, o enfermeiro e a equipe médica mantém este indicador monitorado constantemente. Sobre as causas do aumento da pressão intracraniana, assinale a alternativa correta: a) ( ) A pressão intracraniana aumentada é consideradasinal de desordem no sistema circulatório, sendo possível antever a ocorrência de um Acidente Vascular Cerebral (AVC). b) ( ) No trauma neurológico, considera-se que uma das causas do aumento na pressão intracraniana é o edema cerebral. c) ( ) A laceração da medula espinhal na região lombar pode produzir o rompimento de axônios e por consequência o aumento da pressão intracraniana. d) ( ) A pressão intracraniana está diretamente ligada ao aumento da pressão arterial, sendo que o indivíduo hipertenso possui uma chance aumentada de derrame cerebral. 2 Considerando que o traumatismo cranioencefálico é ocasionado por um trauma localizado na calota craniana, diversas são as lesões que podem ocorrer no local e ocasionar rupturas, edema e ainda hemorragia, dentre as quais o hematoma subdural. Sobre a ocorrência do hematoma subdural, assinale a alternativa incorreta: a) ( ) O paciente com hematoma subdural pode apresentar melhora ou piora no estado geral entre dias e semanas, sendo de suma importância manter o monitoramento da pressão intracraniana. b) ( ) As principais causas do hematoma subdural estão relacionadas a acidentes automobilísticos e contusões cerebrais. c) ( ) O hematoma subdural ocorre devido ao acúmulo de sangue entre a dura-máter e a máter aracnoide. d) ( ) No paciente com trauma neurológico, o hematoma subdural é ocasionado pela formação de coágulos na artéria femoral com posterior deslocamento para o cérebro, interrompendo a vascularização local. RESUMO DO TÓPICO 1 138 3 O traumatismo raquimedular está associado à população jovem, na faixa etária dos quinze a quarenta anos de idade, sendo um grupo ativo profissionalmente e que se torna um problema de saúde pública devido ao alto custo para o tratamento, internações prolongadas, incapacidade laboral, sofrimento para o grupo familiar, dentre outras situações. Sobre o traumatismo raquimedular é incorreto afirmar: a) ( ) Quando avaliamos as causas do traumatismo raquimedular, observa-se que o trauma de maior ocorrência é a concussão, laceração e a compressão da medula espinhal. b) ( ) O trauma raquimedular está associado a diversas violências, principalmente aquelas que utilizam de objetos penetrantes para atingir a calota craniana. c) ( ) No traumatismo raquimedular pode ocorrer a transecção completa da medula espinhal, paralisando as funções orgânicas abaixo do nível lesionado. d) ( ) Algumas alterações funcionais após a ocorrência do traumatismo raquimedular incluem a bexiga e o intestino neurogênico. 4 Ao refletirmos sobre o papel do enfermeiro no trauma, podem ser observadas diversas oportunidades de atuação, prezando pelas habilidades e competências necessárias para a completa avaliação do paciente e realização do atendimento. Descreva as condutas indicadas para o enfermeiro no monitoramento do paciente com trauma. 5 A ocorrência de acidentes automobilísticos, quedas e violências atinge diferentes grupos populacionais, causando lesões e traumas nos indivíduos. Considera-se que situações que envolvem múltiplas vítimas são um desafio para a atuação do enfermeiro, desta forma descreva quais são os métodos de triagem e avaliação do paciente neste cenário. 139 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COM QUEIMADURAS 1 INTRODUÇÃO Acadêmico! Seja bem-vindo ao Tema de Aprendizagem 2, nele serão abordadas as questões referentes à assistência de enfermagem ao paciente com queimaduras. Você sabe o que é uma queimadura? E quais os cuidados que o enfermeiro precisa desenvolver com o paciente? São questões complexas e que dependem de inúmeras variáveis para a condução de uma assistência de qualidade. A queimadura é classificada como um tipo de injúria possui como causa, o contato do paciente com líquidos quentes ou frios, superfícies quentes ou frias, radiação, chamas, dentre outros causadores de trauma com origem térmica (CAETANO et al., 2022). Dessa forma, é importante destacar que o indivíduo queimado, independentemente do fator causador da injúria, torna-se uma vítima e conforme Silva et al. (2022), necessita de todo o apoio e assistência disponível no momento, pois a dor física e psicológica são exacerbadas devido às características do ferimento. A classificação quanto ao tipo de queimadura é uma avaliação pertinente e que depende diretamente da extensão da lesão ou lesões, além do tempo de exposição com o agente térmico, sendo que conforme Oliveira, Freitas e Rodrigues (2022), é fator determinante do prognóstico da vítima, podendo envolver agravos leves a gravíssimos, além de óbito. Neste mesmo cenário, a dor é um fator inerente à vítima de queimadura, sendo a sua intensidade capaz de afetar diretamente o bem-estar do paciente que demanda cuidados específicos e acompanhamento da sua evolução (SOUZA; VALE; OLIVINDO, 2022). Dessa forma, os cuidados empregados na queimadura dependem de diversos fatores, os quais Vidal et al. (2022) indicam a extensão e profundidade da lesão como os de maior importância, por indicar as ações necessárias para o primeiro atendimento à vítima. Ainda, recomenda a análise profissional imediata para a conseguinte realização do primeiro atendimento com a vítima, bem como a análise secundária e a construção do plano de cuidados como forme de diminuir as complicações e oferecer conforto ao paciente (BENITO et al., 2022). Trataremos deste assunto daqui a pouco. Para isso, a inserção do enfermeiro na assistência ao paciente com queimaduras é fundamental, desde a avaliação do caso, no acompanhamento e evolução das lesões, além da implantação de um plano de cuidados eficaz (LOUSADA et al., 2022). O enfermeiro UNIDADE 3 TÓPICO 2 - 140 atuante na unidade de urgência e emergência deve possuir a preocupação máxima em oferecer o atendimento imediato de qualidade, buscando em seu conhecimento técnico e científico a eficiência da terapêutica (BEITUM et al., 2023). É importante destacar que nos casos de queimadura, o enfermeiro não se limita a assistência primária voltada ao atendimento imediato, mas conforme Silva et al. (2023), o profissional é responsável pelo gerenciamento da equipe de enfermagem, atuando como guia nos processos implementados no serviço de urgência e emergência. Além deste fato, o papel do enfermeiro na atenção ao grupo familiar, prestando o apoio e as orientações necessárias aos responsáveis pela vítima, zelando pelo bem-estar e a clareza nas informações repassadas (CARDOSO et al., 2022). Assim, o Tema de Aprendizagem 2 constitui-se como direcionador para a assistência de enfermagem ao paciente com queimaduras, apresentando a você, futuro enfermeiro, o conhecimento necessário para a qualidade na formação. 2 PELE E O PROCESSO DE CICATRIZAÇÃO Neste subtema, você é convidado a conhecer detalhes e as especificidades da pele, sendo possível refletir sobre o processo de cicatrização e os seus atravessamentos. Ambos os conteúdos são importantes e necessários para a construção do seu conhecimento e por consequência o raciocínio clínico eficaz a partir da compreensão da fisiologia do organismo. 2.1 PELE A pele é considerada um órgão e no conjunto de sistemas que compõe o nosso organismo, ele é o maior e para Lousada et al. (2022) e Beitum et al. (2023) possui como função essencial a de proteção contra quaisquer agendes causadores de injúria. No que diz respeito às formas de injúria, Silva et al. (2023) determinam os fatores ambientais como principais causadores, sendo microrganismos, radiação ultravioleta, substâncias químicas, escoriações por material cortante, dentre outras que podem causar lesões neste órgão. Além da proteção contra os agentes ambientais, a pele atua na preservação das estruturas, como os órgãos vitais e também substâncias, que além de manter a hidratação do organismo, garantem que o líquido extracelular auxilie no processo de cicatrização de possíveis lesões (CARDOSO et al., 2022). Ainda, para Garcia et al. (2022) e Araújo et al. (2022),a pele possui funções secundárias de extrema importância, como a síntese de vitamina D no organismo, é considerado o “órgão dos sentidos” por permitir a sensibilidade ao meio externo pelo contato com as terminações nervosas e a regulação da temperatura basal, principalmente no resfriamento através da sudorese (GARCIA et al., 2022; ARAÚJO et al., 2022). 141 A pele é formada por três camadas, sendo elas a epiderme, a derme e a hipoderme, como podem ser visualizadas na Figura 3, a seguir. Figura 3 – Camadas da pele Fonte: Sociedade Brasileira de Dermatologia (2023, s.p.) A primeira camada da pele é a epiderme, sendo a camada mais externa. A epiderme é a camada protetora do organismo, em suma, é considerada a primeira barreira física do ser humano contra a perda de nutrientes e proteção na entrada de microrganismos (QUEIROZ et al., 2022). Nesta mesma camada, encontram-se as células produtoras do pigmento da pele, os melanócitos, além de ser responsável por abrigar as glândulas sudoríparas e as sebáceas e a projeção de estruturas como as unhas e os pelos (PIMENTA et al., 2022). A epiderme é avascularizada, ou seja, seu aporte sanguíneo para nutrição ocorre por meio da derme. INTERESSANTE A camada intermediária é denominada como derme, sendo rica em fi bras colágenas e elásticas, ela é responsável pelo tônus, elasticidade e equilíbrio da pele que garantem essas características por meio da rica vascularização disponível (VIDAL et al., 2022). É na derme que se encontram os nervos sensitivos, os quais são responsáveis por captar os estímulos gerados junto à camada anterior, a epiderme, e enviar diretamente para o cérebro (CARDOSO et al., 2022). E por fi m, a hipoderme é formada estruturalmente por células de gordura que antecede a fáscia muscular (GARCIA et al., 2022). A função principal desta camada é a termorregulação e, em segundo a proteção de proeminências ósseas, formando um 142 “amortecedor”. Ainda segundo Silva et al. (2023) e Cardoso et al. (2022) a espessura da camada de gordura depende do biotipo e hábitos de cada indivíduo, pois está diretamente ligada ao acúmulo de energia para as funções orgânicas e até mesmo doenças crônicas, como a obesidade. Em algumas literaturas, a hipoderme é também tratada como tecido subcutâneo, assim denominado devido à localização. Interessante também é que a camada é uma via de administração de medicamentos, a subcutânea. O termo “descontinuidade” aplicado à pele, se refere a qualquer tipo de lesão que por sua etiologia causou a “abertura” do tecido. NOTA NOTA 2.2 PROCESSO DE CICATRIZAÇÃO O processo de cicatrização é pouco conhecido pelos enfermeiros e trata-se de um processo intrincado de fases no organismo que merecem atenção (LOUSADA et al., 2022). Anteriormente, estudamos a pele, suas camadas e funções e neste subtema seguiremos as observações sobre este órgão, mas neste momento, lesionado. Quando imaginamos a pele lesionada, logo vem à mente sangue, hematomas e escoriações e, normalmente são estas as situações aqui envolvidas nesta descontinuidade do tecido epitelial (SILVA et al., 2023). Dessa forma, após a descontinuidade da pele, o organismo inicia o processo de reparação tissular que é a capacidade do corpo humano de recuperar diferentes tecidos logo após a perda ou injúria (LOUSADA et al., 2022). Assim, o processo de cicatrização do tecido acontece independente do agente causador, podendo este ou questões individuais antecipar ou retardar o reparo tissular, sendo dividido em três fases: inflamatória, proliferação ou granulação e remodelamento ou maturação (LOUSADA et al., 2022). Neste sentido, a seguir, trabalharemos individualmente cada uma delas. 143 • Fase inflamatória: esta fase dura entre 24 e 48 horas após a lesão inicial. Este momento é localizado espacialmente logo após a ocorrência da lesão na pele, normalmente seguida por liberação de sangue, o qual precisa ser contido por meio de substâncias vasoconstritoras, as quais trabalham na rápida coagulação local, diminuindo a perda de volume sanguíneo. É importante destacar que o coágulo é formado por colágeno, plaquetas e trombina. As mesmas plaquetas ligam-se aos vasos rompidos, liberando citocinas para iniciar a cicatrização local. Neste momento, a resposta inflamatória inicial é por meio da vasodilatação vascular e a migração de neutrófilos para a ferida. Os neutrófilos por sua vez, são os primeiros a chegar à lesão, sendo o maior pico de intervenção em 24 horas após o incidente, a função destas células é a destruição bacteriana. Neste momento, os neutrófilos abrem espaço para os macrófagos que iniciam a fagocitose das bactérias e a posterior formação de secreção purulenta para expulsão de corpos estranhos. E por fim, os fibroblastos iniciam a replicação tecidual, agindo diretamente na transição para a fase proliferativa (PRZEKORA, 2020). • Fase proliferativa ou granulação: esta fase inicia após o 4º dia da lesão, estendendo-se até a segunda semana. A fase proliferativa é intensa e encontra-se no intermédio entre as primeiras ações do organismo e as últimas para a cicatrização de uma lesão. Dessa forma, constitui-se de quatro momentos: epitelização, angiogênese, formação de tecido de granulação e depósito de colágeno, seguindo esta ordem. Caso a membrana basal esteja intacta, a epitelização ocorre em média nos três primeiros dias, já que as células epiteliais migram para a direção superior realizando o fechamento da lesão. Em lesões profundas em que a membrana basal esteja danificada ou inexistente, as células epiteliais localizadas nas bordas da lesão iniciam o processo de proliferação na tentativa de reestabelecer a barreira. O percurso encontra a angiogênese, caracterizada pela migração das células endoteliais e a formação de capilares. Da mesma forma, os fibroblastos migram em grande quantidade para a lesão, produzindo colágeno em abundância. E por fim, com o auxílio dos fibroblastos e do colágeno, o tecido de granulação inicia o crescimento e expansão dentre a lesão (PRZEKORA, 2020). • Fase de maturação ou remodelamento: lembra-se do colágeno depositado na lesão durante a fase anterior? Pois bem, a maturação da lesão e o remodelamento da cicatriz dependem da intensificação deste colágeno. Lembrando que esta fase pode durar entre meses, até um ano após a ocorrência da descontinuidade da pele. É importante destacar que o colágeno produzido durante o final da granulação é fino, sendo reabsorvido neste momento para dar espaço a outro, espesso com característica de organização em linhas de concentração dependendo da fisiologia do local em que a lesão se encontra. Esta reorganização é importante ao passo que os fibroblastos e os leucócitos secretam uma substância chamada colagenase que desfaz a matriz antiga e impulsiona o crescimento da nova, remodelando e tencionando a lesão na busca pelo padrão da pele do organismo (PRZEKORA, 2020). 144 As três fases, bem como as suas características e tempos de ocorrência são encontradas na Figura 4, a seguir. Figura 4 – Processo de cicatrização Fonte: Przekora (2020, s.p.) Destaca-se que as fases constituintes do processo de cicatrização podem variar devido ao agente causador da lesão, bem como o tamanho dela, no caso de queimaduras. Da mesma forma, a ocorrência de doenças crônicas preexistentes, como diabetes mellitus ou dislipidemia, pode interferir diretamente nas condições indagadas em cada momento, sendo necessária a intervenção do enfermeiro e da equipe multiprofissional na construção do plano de cuidados (PRZEKORA, 2020). 3 AVALIAÇÃO DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COM QUEIMADURA Acadêmico! No subtema 3, nós estudaremos a avaliação de enfermagem ao paciente com queimaduras, para isso, inicialmente, você será direcionado a compreender como é realizada a admissão do paciente com queimadura e as formas com que o enfermeiro pode identificar suas especificidades e no segundo momento será articulado as classificações e causas daslesões no serviço de urgência e emergência. 145 3.1 ADMISSÃO DO PACIENTE COM QUEIMADURA A queimadura como indagada anteriormente é uma situação de injúria e que conforme Cardoso et al. (2022), possui a gravidade atrelada à etiologia, ou seja, ao fator causador, na maioria das vezes térmico. Dessa forma, a queimadura acontece por meio da transferência de energia, normalmente, uma fonte térmica, química ou elétrica entre um objeto ou material com o organismo, iniciando pela primeira camada da pele, a epiderme, seguindo para as demais conforme o tempo em que a troca acontece (VIDAL et al., 2022; BEITUM et al., 2023). Em estudos realizados recentemente, é interessante pontuar que o maior número de casos de queimadura está relacionado com acidentes domésticos, sendo de gravidade baixa a alta, dependendo do cenário e a evolução do processo dependente dos cuidados prestados logo após o acontecido (QUEIROZ et al., 2022; SILVA et al., 2022; CAETANO et al., 2022). Outra observação importante sobre a queimadura é o tamanho e locais de comprometimento, dentre os quais estão os tecidos superficiais como a epiderme, derme e a hipoderme, além de tendões, músculos e ossos, podendo em alguns casos lesionar órgãos internos, sobretudo aqueles vitais, como os pulmões e o coração (PIMENTA et al., 2022). Neste sentido, o enfermeiro precisa estar capacitado para avaliar a extensão do comprometimento gerado pela queimadura, utilizando de alguns instrumentos estabelecidos pela literatura nacional e internacional (PIMENTA et al., 2022). Os instrumentos e protocolos de avaliação de queimaduras são variados e podem diferenciar-se entre si em serviços da saúde, sendo necessário buscar nas práticas institucionais as orientações e o foco necessário para a atuação profissional. IMPORTANTE Em uma unidade de urgência e emergência, o paciente admitido com queimadura de qualquer grau deverá receber a assistência máxima da equipe de enfermagem, visto a necessidade de avaliar integralmente o indivíduo, além de realizar os procedimentos iniciais, exame físico e a aplicação das ferramentas de avaliação (SILVA et al., 2023). Os primeiros momentos do paciente no serviço de urgência e emergência são fundamentais para a construção do plano de cuidados e o correto direcionamento na rede de apoio e nos níveis de complexidade, como internação, centro cirúrgico, unidade de terapia intensiva ou centro especializado em queimados (CARDOSO et al., 2022). 146 Em alguns casos, como as queimaduras de origem térmica citada por Garcia et al. (2022) causam traumas secundários no organismo, como aqueles relacionados ao pulmão devido à inalação de fumaça ou gases perigosos. Os mesmos autores indicam também a necessidade de a equipe de enfermagem estar muito atenta ao contexto das lesões secundárias a queimadura, sendo que recursos materiais e tecnológicos precisar ser empregados para o diagnóstico correto. A equipe de enfermagem realiza o primeiro atendimento a queimadura, da mesma forma que os demais traumas, preocupando-se inicialmente com a reanimação do paciente e posteriormente a reparação do organismo por meio de procedimentos e terapêutica, até por fim a reabilitação que retoma o processo de cicatrização, cujo tempo depende da classificação da lesão (PIMENTA et al., 2022). Alguns autores, como Garcia et al. (2022) e Benito et al. (2022), indicam a necessidade de realizar um detalhado exame neurológico no indivíduo, aplicando escalas próprias, além de despir o corpo do queimado com a finalidade de atentar para qualquer alteração que possa ser evidenciada no momento da admissão nas ambas as práticas dependem da rotina do serviço de saúde, bem como o bom senso. Destaca-se que práticas como despir o paciente para a avaliação inicial de enfermagem devem ser discutidas em conjunto com a gestão do serviço de saúde e com os demais membros da equipe multiprofissional. A avaliação do contexto em que a prática ocorre deve ser documentada e analisada eticamente, preservando o direito de intimidade do paciente. NOTA É importante destacar que o paciente com queimadura admitido na rede de urgência e emergência encontra-se vulnerável emocionalmente, cujo momento de trauma causa na maioria das vezes o sentimento de dor e abalos que afetam diretamente o psicológico do indivíduo (OLIVEIRA; FREITAS; RODRIGUES, 2022). O trauma psicológico é abordado por Pimenta et al. (2022), Cardoso et al. (2022) e Beitum et al. (2023), como um dos principais problemas a serem atentados pelo enfermeiro, sendo que a queimadura ocorre perante uma situação estressora, causando desconforto e dores agudas, em alguns casos insustentáveis conscientemente. 147 O primeiro atendimento de enfermagem é para Caetano et al. (2022) e Geovaini (2014), essencial no prognóstico do paciente, atuando em três pontos fundamentais: • Permeabilidade das vias aéreas – avaliação das vias aéreas e sua liberação natural ou mecânica, bem como a oferta de oxigênio quando necessário para as funções vitais; • Reposição de fluídos – relacionado com possíveis sangramentos ou hemorragias comuns em pacientes com queimaduras e que necessitam repor os fluídos corporais por meio da infusão de substâncias hidratantes por meio de acesso venoso periférico, central ou ósseo; • Controle da dor – o uso de medidas de conforto, como afastamento do agente causador da queimadura e a infusão de medicações são eficientes e garantes o bem-estar ao paciente. As medidas iniciais de atendimento na urgência e emergência ocorrem conforme o grau de comprometimento do organismo em função da queimadura, tendo como foco a estabilização do paciente e a redução ao máximo do tempo de internação hospitalar (LOUSADA et al., 2022). Por fim, compreende-se que a queimadura é uma experiência física e psicológica e que o enfermeiro possui o papel fundamental no apoio ao paciente e do grupo familiar, com foco no acolhimento e construção do cuidado humanizado (PIMENTA et al., 2022). 3.2 CLASSIFICAÇÕES E CAUSAS DA QUEIMADURA Na prática de enfermagem é imprescindível que o enfermeiro realize o raciocínio clínico em relação à classificação e causas da queimadura, garantindo o correto direcionamento na rede de urgência e emergência, além de compor um plano de cuidados efetivo para o caso. Da mesma forma, é indicado o uso de alguns métodos, por exemplo, para classificação da queimadura, pois assim o profissional seguirá com uma nomenclatura e protocolos de atendimento padronizados nacional e internacionalmente (PIMENTA et al., 2022). A avaliação da queimadura é um passo de extrema importância no atendimento de enfermagem, sendo que a lesão pode ser classificada quanto a sua profundidade, ou seja, compreender até que ponto o agente causador penetrou no organismo e pela sua extensão, indicando o percentual da área corporal queimada (GARCIA et al., 2022). 148 No que diz respeito à profundidade das queimaduras, Vale (2005) classifica em primeiro, segundo e terceiro grau, conforme o detalhamento a seguir: • Queimadura de primeiro grau: é a queimadura mais superficial, atingindo somente a epiderme sem formação de bolhas. Os principais sinais observados é o rubor, edema leve, e dor local, sendo que a epiderme possui a tendência de descamar após 4 a 6 dias de ocorrência da queimadura. Um exemplo comum da queimadura de primeiro grau é a causada pela exposição excessiva à radiação solar. • Queimadura de segundo grau: esse tipo de queimadura afeta a epiderme e a derme da pele, comumente apresentando a formação de bolhas e flictenas. Por afetar duas camadas distintas da pele, os sinais diferenciam-se entre si. Por exemplo: a queimadura de segundo grau superficial apresenta bolha de aparência rósea, com aspecto úmido e doloroso ao manuseio, enquanto a profunda devido a sua localização destaca a bolha em cor esbranquiçada, com aspecto seco e indolor. Devido ao grau de comprometimento, este tipo de lesão leva uma média de 7 a 21 dias para restauraçãodos tecidos. Em alguns casos, a queimadura de segundo grau profunda necessita de enxertia de tecido para favorecer o processo de cicatrização. • Queimadura de terceiro grau: a queimadura de terceiro grau atinge todas as camadas da pele (epiderme, derme e hipoderme) comprometendo estruturas adjacentes como o tecido muscular, tendões, ossos e até mesmo órgãos internos. Um dos principais sinais da gravidade do comprometimento deste tipo de queimadura é a ausência de dor local, pois as terminações nervosas responsáveis pelo estímulo de dor são destruídas junto com os tecidos. Quanto ao visual, a queimadura apresenta placa esbranquiçada e em alguns casos enegrecida, com aspecto de material queimado. Devido ao comprometimento intenso de tecidos, esse tipo de lesão possui dificuldade de revitalizar, sendo necessária uma avaliação minuciosa do comprometimento local para posterior reconstrução de estruturas, incluindo enxertia de pele. É fundamental que o enfermeiro saiba realizar a avaliação completa da queimadura, dominando com exatidão as características de definem a classificação da lesão pela profundidade e extensão. Ambas as classificações demandam da realização do exame físico completo e a articulação do raciocínio clínico. DICA 149 A estrutura da pele normal e posteriormente com as queimaduras de primeiro, segundo e terceiro graus podem ser observada na Figura 5, a seguir. Figura 5 – Classifi cação por profundidade da queimadura Acadêmico, você perceberá que na literatura sobre queimados, alguns autores também utilizam a classifi cação de “quarto grau” sendo ela um desmembramento daquela de terceiro grau e que atinge as estruturas musculares e ósseas. ATENÇÃO Fonte: INBRAEP (2019, s.p.) A segunda forma de classifi cação da queimadura é a sua extensão. Para tal métrica, o enfermeiro deve realizar o cálculo da Superfície Corporal Queimada (SCQ). O cálculo da SCQ é realizado com a ferramenta chamada de Regra dos Nove e o seu resultado é apresentado em percentual (%) de área comprometida pela queimadura (CAETANO et al., 2022; SILVA et al., 2023). A Regra dos Nove determina que cada segmento corporal recebe o valor de nove ou múltiplos dele quando a área é aumenta em relação à anterior, conforme a descrição a seguir para um adulto: Cabeça: 9%; Troco frente: 18%; Tronco costas: 18%; Membros superiores: 9% cada; Membros inferiores: 18% cada e Órgãos genitais: 1%. Na Figura 6 é possível visualizar os valores em percentual para avaliação da SCQ em adultos e crianças. 150 Figura 6 – Percentual para cálculo de superfície corporal queimada de adulto e criança Fonte: Hettiaratchy e Dziewulki (2004, s.p.) Outra forma interessante para avaliar a SCQ é a Regra da Palma da Mão. Neste método, a palma da mão de um indivíduo é considerada a representação de 1% da área corporal, podendo desta forma estimar a extensão da queimadura conforme o somatório de palmas de mão correspondentes ao tamanho da lesão (VALE, 2005). No método da palma da mão é importante que a palma da mão utilizada como medida seja correspondente com a da vítima. Um adulto medindo outro adulto com o mesmo biotipo corporal, por exemplo. IMPORTANTE 151 Com base no resultado de um ou dos dois cálculos, mais a avaliação visual crítica quanto aos graus, o enfermeiro pode documentar o percentual da SCQ, defi nindo com exatidão a extensão da queimadura seguindo os parâmetros a seguir (VALE, 2005): • Queimado leve: as queimaduras de segundo grau atingem até 10% da SCQ em pacientes maiores de 12 anos e até 5% em menores de 12 anos. Caracteriza também indivíduos de qualquer idade com lesão de primeiro grau indiferente da extensão (VALE, 2005); • Queimado médio: são aquelas queimaduras classifi cadas em segundo grau que acometem certa de 10% a 20% da SCQ em pacientes maiores de 12 anos e 5% a 15% em menores que esta idade. Quando queimadura de terceiro grau com até 10% de SCQ em maiores de 12 anos e até 5% em menores de 12 anos, sem comprometimento visual da face, mãos, pé e períneo, áreas críticas. Entram nesta nomenclatura também as queimaduras de segundo grau que atinjam as áreas críticas – mão, pé, face, pescoço, axila e ainda grandes articulações, neste caso independente da faixa etária (VALE, 2005); • Queimado grave: neste grupo são as queimaduras de segundo grau em mais de 20% da SCQ em pacientes acima dos 12 anos de idade e mais do que 15% em indivíduos abaixo dos 12 anos de idade. Nas de terceiro grau são defi nidas como graves aquelas com SCQ maior que 10% em maiores de 12 anos e maior que 5% em menores de 12 anos. Aquelas queimaduras de segundo ou terceiro grau na região do períneo em qualquer idade e também queimadura por eletricidade em terceiro grau que atingem mão, pé, face, pescoço, axila – áreas críticas independentemente da idade (VALE, 2005). Áreas críticas para queimaduras são aquelas que possuem potencial para agravamento do caso e até mesmo óbito. Importante refl etir sobre as regiões do corpo sensíveis, com presença de mucosa, estruturas dos sentidos, ampla vascularização ou ainda articulações expostas ATENÇÃO Destaca-se que a gravidade da queimadura deve ser mensurada pelo enfermeiro através da profundidade, extensão e local afetado, sendo que áreas sensíveis e vitais como mãos, períneo, pescoço, face e olhos precisam de atenção hospitalar imediata (BRASIL, 2012). O agente causador da queimadura na maioria das vezes pode ser identifi cado no momento da ocorrência da injúria, tais como plantas que possuem látex ou seres vivos, já outros conforme Brasil (2012) e Geovanini (2014) são invisíveis, tratando-se de corrente elétrica, radiação solar e substâncias que podem ser inaladas, como a fumaça. Compreender o que causou a queimadura é um passo para a conclusão daquilo que aconteceu e o correto direcionamento do cliente. 152 Os agentes causadores de queimadura são divididos em três principais grupos, sendo os físicos, químicos e biológicos (BRASIL, 2012; GIOVANINI, 2014; GARCIA et al., 2022). Os agentes físicos são subdivididos em três grandes vertentes: • Térmica: que engloba quaisquer líquidos quentes, incluindo gorduras de origem vegetal ou animal, superfícies quentes, vapores de água e diretamente por chama de fogo; • Elétrica: neste quesito, os agentes são induzidos por corrente elétrica, compondo o cenário, a de baixa voltagem que alimenta eletrodomésticos nas residências, por exemplo, mas também a alta tensão utilizada no abastecimento residencial, encontrada em estruturas nas ruas. No dia 27 de janeiro de 2013, o incêndio na Boate Kiss na cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, deixou centenas de mortos e outros tantos de feridos, sendo em sua maioria vítimas de queimaduras de diferentes graus e agentes causadores, como a inalação de fumaça tóxica. A corrente elétrica é encontrada também na natureza, no fenômeno chamado de raio, considerado também um agente físico causador de queimadura. INTERESSANTE INTERESSANTE • Radiante: aquela que é ocasionada pela radiação, seja a mais comum causada pelo Sol ou até mesmo as de origem nuclear. Os agentes químicos são quaisquer produtos de origem manipulada e que pode ocasionar queimaduras, seja por contato direto, inalação ou explosão. Alguns exemplos de agentes químicos são os produtos de limpeza doméstica e industriaria que incluem solventes, soda, cloro ou qualquer tipo de ácido. Já os agentes biológicos se referem aqueles disponíveis na natureza, incluindo alguns animais como a água viva e a taturana e plantas como a urtiga e a comigo-ninguém-pode, exemplos amplamente conhecidos. É importante destacar que até mesmo os agentes causadores de queimaduras elencados podem se comportar de formas diferenciadas em contato com o organismo, por este motivo é necessário utilizar os meios de proteção quando o contato for previsto e reconhecer sinais e sintomas de possíveis lesões. 153 4 CUIDADOS DE ENFERMAGEM AO PACIENTE QUEIMADO O cuidado de enfermagemao paciente queimado é uma doação, pois o indivíduo necessita de um olhar aguçado do profissional, agindo rapidamente na contenção da fonte de queimadura, no alívio da dor e no reestabelecimento das funções orgânicas, além de atentar-se ao bem-estar psicológico de ambos (BENITO et al., 2022; BEITUM et al., 2023). Destaca-se que na área de queimaduras, o enfermeiro é um profissional estratégico para a realização de ações de educação em saúde voltada para a prevenção, segundo Queiroz et al. (2022), o enfermeiro possui o conhecimento teórico e prático sobre o contexto das queimaduras, favorecendo qualquer tipo de iniciativa ou inserção no meio do ensino, como por exemplo ações em escolas. Dessa forma, ao inserirmos o enfermeiro nos serviços de urgência e emergência, o mesmo deve possuir um preparo exemplar para a atuação junto com a equipe de enfermagem, médica, administrativa, dentre outras que se encontram no local conforme a realidade do mesmo (SILVA et al., 2022). O desenvolvimento do enfermeiro no cuidado a queimados perpassa diversas habilidades e competências, dentre as quais o raciocínio clínico que para Caetano et al. (2022) e Queiroz et al. (2022), é fundamental para a tomada de decisão, perpassando pela avaliação minuciosa do paciente, uso de ferramentas e tecnologias para mensuração dos dados e posterior direcionamento para serviços especializados ou ainda setores dentro da própria instituição. Destaca-se que o enfermeiro atua diretamente com as dores do paciente e familiar, em um local de extrema pressão, visto que a queimadura possui potencial de agravamento se não tratada adequadamente e com a devida atenção, evoluindo para perda significativa de tecidos e membros e até mesmo o óbito (GEOVANINI, 2014; CARVALHO, 2020). O enfermeiro é em essência e legalmente aquele que coordena a equipe de enfermagem e desta maneira precisa ter voz ativa frente ao delineamento do cuidado ao paciente queimado, considerando inserir e atribuir atividades para auxiliares e técnicos em enfermagem, observando as suas atribuições legais previstas na legislação específica sobre o exercício profissional e ainda o conhecimento teórico e prático sobre o caso (OLIVEIRA; FREITAS; RODRIGUES, 2022). Procure na legislação do exercício profissional da sua categoria, as atividades preconizadas, bem como as habilidades e competências necessárias para a formação. E, caso tenha dúvidas sobre determinado tema, é importante buscar materiais seguros para capacitação. DICA 154 Dessa forma, compete ao enfermeiro o levantamento das informações sobre o caso, intuindo que a anamnese é fundamental para que o cuidado atenda às necessidades do paciente queimado (PIMENTA et al., 2022). No primeiro momento, o enfermeiro em conjunto com os demais membros da equipe de enfermagem deve estabilizar o paciente, física e psicologicamente, pois as lesões causadas pela queimadura são variáveis e podem ter comportamentos diferentes entre si (CARDOSO et al., 2022). Acadêmico, provavelmente o tema “anamnese” seja algo comum na sua prática acadêmica. Contudo deixamos como sugestão a leitura deste material complementar sobre a anamnese em pacientes queimados. Referência: MORAIS, M. E. F. F. et al. Abordagem global do paciente queimado: uma revisão de literatura. Revista Eletrônica Acervo Médico, v. 8, p. e10155-e10155, 2022. DICA O primeiro atendimento ao queimado é uma situação complexa e permeada de fases para a completa compreensão do estado geral da vítima e o enfermeiro possui um papel essencial na realização da avaliação inicial, sendo ela preconizada no modelo XABCDE, sendo possível, a partir desta, direcionar corretamente o caso no serviço ou na rede de urgência e emergência (NATIONAL ASSOCIATION OF EMERGENCY MEDICAL TECHNICIANS, 2021). Acadêmico, retorne à Cinemática do trauma e assistência ao paciente vítima de trauma. No trecho em especial, você poderá revisar o modelo XABCDE de avaliação primária da vítima no fl uxo preconizado ao enfermeiro pelo National Association of Emergency Medical Technicians. ATENÇÃO Dentre os cuidados e procedimentos imediatos que o enfermeiro aplica junto ao paciente, está a estabilização do local da queimadura, aplicação de soro fi siológico em temperatura ambiente para aliviar a dor, proteger o local com tecido seco, de preferência estéril devido ao potencial contaminante da área. Além disso, é preconizado também, quando a vítima estiver já protegida no serviço de urgência e emergência que as roupas no local da queimadura sejam retiradas, independentemente se queimadas ou intactas, pois a equipe precisa avaliar o local com precisão. Realizar o registro de todos os pontos observados e avaliados, bem como procedimentos e direcionamentos do caso. Com o consentimento da vítima ou de familiar aplicar a profi laxia do tétano, realizando a investigação prévia do histórico de imunização seguindo as recomendações do plano nacional de vacinações do Ministério da Saúde (GEOVANINI, 2014; CARDOSO et al., 2022; BEITUM et al., 2023). 155 Quanto aos procedimentos relacionados à queimadura, destaca-se a remoção de contaminantes (terra, pedra, vidros, madeira, dentre outros) e medicamentos caseiros por ventura utilizados antes do atendimento da equipe de saúde. A higienização local deve ser realizada com sabão neutro ou glicerinado com soro fi siológico abundante, em temperatura ambiente. Não realizar a retirada imediata de agentes aderentes, pois podem ferir ainda mais a área queimada, manusear com cuidado, aplicando o soro fi siológico em abundância. A higienização da queimadura depende do agente causador, da profundidade e extensão, sendo necessário aplicar soro fi siológico em abundância conforme avaliação do enfermeiro ou profi ssional que coordena o caso. A aplicação de soluções neutralizadoras do agente causador deve passar por avaliação e prescrição médica (GEOVANINI, 2014; CARDOSO et al., 2022; BEITUM et al., 2023). Os protocolos de higienização de queimaduras indicam a utilização de soro fi siológico para a prática, sobretudo na atenção à prevenção de possíveis processos infeciosos no local. Contudo, algumas literaturas ainda trazem a utilizam de água, sendo avaliado o contexto de disponibilidade de recursos e fi nanciamento das soluções. ATENÇÃO A construção do plano de cuidados de enfermagem faz parte do processo de intervenções necessárias para o paciente, focando nos resultados esperados com as práticas e baseado nos recursos materiais e físicos disponíveis no serviço de saúde (SILVA et al., 2022). A atuação do enfermeiro neste tipo de trauma é imprescindível para a sobrevida do paciente queimado, identifi cando e agindo prontamente na identifi cação dos problemas e análise das necessidades do indivíduo (CARDOSO et al., 2022). É importante destacar que dentre o plano de cuidados está à realização de curativos, em primeiro momento no espaço de urgência e emergência preconiza-se uma cobertura antiaderente e oclusiva, permanecendo até o encaminhamento para o domicílio, internação ou outro serviço da rede de saúde (GEOVANINI, 2014; BRASIL, 2012). Para Oliveira, Freitas e Rodrigues (2022) o enfermeiro de urgência e emergência atua como educador na liberação dos clientes para realização do curativo em domicílio, já que o mesmo necessita de orientações no momento e o profi ssional delega o plano de cuidados para o próprio paciente, familiar ou cuidador. Da mesma forma, quando encaminhado para internação ou outros serviços, o enfermeiro opina sobre o plano de cuidados, utilizando como base o conhecimento do caso para munir o profi ssional do outo setor na construção da terapia de cuidados (QUEIROZ et al., 2022). Neste quesito, a comunicação efetiva é um dos pilares que sustentam o cuidado com o paciente queimado, articulando com outros enfermeiros e com a equipe multiprofi ssional estratégias efi cazes para o correto direcionamento do caso (QUEIROZ et al., 2022). No que tange a comunicação, o enfermeiro podeutilizar de tecnologias que 156 auxiliem nas trocas de informações e práticas, como o compartilhamento do plano de cuidados fundamentado na Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) e no uso do prontuário eletrônico (PIMENTA et al., 2022). Acadêmico, é importante que reserve um tempo nos seus estudos para compreender o signifi cado e a aplicabilidade da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) tendo em vista que é uma atividade privativa do enfermeiro e sua realização obrigatória nos serviços de saúde públicos e privados. ESTUDOS FUTUROS Caro acadêmico! Neste subtema foi possível compreender a fi siologia da pele, o processo de cicatrização e alguns tipos de lesões que infl uenciam na descontinuidade do mesmo, como as queimaduras. No conteúdo, indaga-se também sobre a importância da avaliação que o enfermeiro realiza no serviço de urgência e emergência, utilizando ferramentas específi cas de direcionamento e tomada de decisão do caso. RESUMO DO TÓPICO 2 157 Neste tema de aprendizagem, você estudou: • A fisiologia básica da pele, bem como o processo de cicatrização e as suas fases a partir da ocorrência de algum tipo de lesão que interrompa a continuidade do tecido epitelial, como as queimaduras, tratadas neste subtema. • A forma como o enfermeiro realiza a admissão de um paciente com queimaduras no serviço de urgência e emergência, preconizando a permeabilidade das vias aéreas, a reposição de fluídos e o controle da dor. • A classificação da queimadura quanto a sua profundidade, utilizando o raciocínio clínico a partir da identificação dos graus de comprometimento e a extensão da superfície corporal queimada com o uso da Regra dos Nove. • Qual é o papel do enfermeiro no contexto do serviço de urgência e emergência, na equipe de enfermagem e multiprofissional, além das atribuições frente ao primeiro atendimento da vítima de queimadura e os métodos iniciais de raciocínio clínico. a partir da ocorrência de algum tipo de lesão que interrompa a continuidade do tecido epitelial, como as queimaduras, tratadas neste subtema. • A forma como o enfermeiro realiza a admissão de um paciente com queimaduras no serviço de urgência e emergência, preconizando a permeabilidade das vias aéreas, a reposição de fluídos e o controle da dor. • A classificação da queimadura quanto a sua profundidade, utilizando o raciocínio clínico a partir da identificação dos graus de comprometimento e a extensão da superfície corporal queimada com o uso da Regra dos Nove. • Qual é o papel do enfermeiro no contexto do serviço de urgência e emergência, na equipe de enfermagem e multiprofissional, além das atribuições frente ao primeiro atendimento da vítima de queimadura e os métodos iniciais de raciocínio clínico. RESUMO DO TÓPICO 2 158 AUTOATIVIDADE 1 O trauma de origem térmica pode ocorrer por meio da exposição do indivíduo com a chama do fogo, superfícies ou líquidos aquecidos, causando a transferência do calor para o corpo humano, causando por si, lesões em formato de queimadura cuja gravidade será determinada pelo tempo de exposição ao agente. Em relação aos cuidados com a paciente vítima de queimadura térmica, é correto afirmar: a) ( ) É importante expor a vítima, retirando todas as roupas ainda no local em que ocorreu o incidente. b) ( ) Uma das medidas de conforto a dor do paciente é a aplicação de gelo local. O frio do gelo acalma o calor gerado pela queimadura e para o processo de piora da lesão. c) ( ) As lesões térmicas de primeiro grau atingem e epiderme, primeira camada da pele, sendo que a sua principal característica é a formação de bolhas esbranquiçadas e úmidas. d) ( ) A queimadura térmica deve ser avaliada quanto a sua causa e profundidade, mas mesmo assim é importante irrigar abundantemente o local com água ou soro fisiológico em temperatura ambiente, posteriormente realizando uma cobertura antiaderente e oclusiva. 2 A queimadura é um trauma doloroso para o ser humano, pois na maioria das vezes está envolvido com uma situação de incidente traumático. Por este motivo, é importante que o enfermeiro compreenda a fisiologia do corpo humano, sobretudo da pele para a correta implementação do plano de cuidados. Em suma, os cuidados iniciais visam à manutenção da vida do paciente e, em segundo plano o reestabelecimento da área lesionada, por meio de procedimentos cirúrgicos e ambulatórias, como o curativo. Avaliando este contexto, assinale a opção correta: a) ( ) Áreas articulares não são regiões sensíveis para queimaduras, pois dificilmente apresentam rica vascularização, presença de tendões ou órgãos vitais. b) ( ) A fase proliferativa é caracterizada pela presença de coágulos sanguíneos que empurram o tecido epitelial para fora da lesão, formando a nova borda esbranquiçada da lesão. c) ( ) A derme é a camada intermediária da pele, formada principalmente de fibras de colágeno e elastina que promovem a tonicidade e elasticidade da pele. d) ( ) A epiderme é também chamada de tecido conjuntivo, pois está localizado próximo ao músculo e ossos, constituindo-se como a terceira camada de pele. 159 3 O enfermeiro é o profissional capacitado para realizar a correta avaliação da gravidade de uma queimadura por meio da classificação quanto à extensão e profundidade. No que tange à profundidade, as queimaduras são classificadas em primeiro, segundo e terceiro graus conforme as características básicas e comprometimento no corpo humano. Responda V para verdadeiro e F para falso nas afirmativas relacionadas a características de uma queimadura de terceiro grau. ( ) A queimadura de terceiro grau afeta diversos tecidos, dentre os quais a epiderme, a derme e a hipoderme. ( ) Na maioria dos casos, a queimadura de terceiro grau descama na primeira semana, ficando com aspecto desvitalizado e cianótico. ( ) Uma das principais características da queimadura de terceiro grau é ser indolor, tendo em vista que junto com a destruição dos tecidos, ocorre a inativação dos receptores da dor. ( ) Na maioria das vezes a queimadura de terceiro grau exige intervenção cirúrgica para enxertia de tecido. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – V – F – V. b) ( ) F – F – V – F. c) ( ) V – F – V – V. d) ( ) V – F – V – F. 4 No primeiro atendimento à vítima de queimadura, o enfermeiro precisa avaliar o cenário e manter os parâmetros vitais do paciente. Conforme a National Association of Emergency Medical Technicians qual é o passo a passo do primeiro atendimento a vítima? Descreva os passos preconizados. 5 A Regra dos Nove é um cálculo para identificação do percentual da Superfície Corporal Queimada (SCQ). Explique detalhadamente como ele pode ser utilizado em pacientes adultos. 160 161 TÓPICO 3 - ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM SITUAÇÕES ESPECIAIS 1 INTRODUÇÃO Acadêmico! Neste tema de aprendizagem, nós abordaremos a assistência de enfermagem em situações especiais. O intuito de dar espaço para situações especiais vai ao encontro das diversas nuances da atuação em enfermagem, cujas especificidades, encontros e desencontros das áreas e especialidades interagem com a humanização e a ética no atendimento. Bons estudos! Ao indagar quais seriam os tópicos especiais a serem abordados neste tema, seguiu-se o limiar dos objetivos da formação do enfermeiro, uma das quais é construção de um ensino baseado nas necessidades da população. É uma questão deveras desafiadora, pois a formação do enfermeiro é globalizada, um profissional do mundo e para o mundo. Mesmo assim, singelamente direcionaram-se três situações especiais para estudarmos. A primeira situação especial está relacionada à assistência de enfermagem na emergência psiquiátrica, em consenso com o aumento expressivo nos dados relacionados a suicídio na população brasileira. Além disto, as doenças mentais tornaram-se parte da rotina da população durante a pandemia, questão necessáriacomo o isolamento social incentiva o desenvolvimento de transtornos, ora já latentes (PYPCAK et al., 2022). A seguir conduzimos a identificação de possíveis intoxicações exógenas e o potencial de agravos na ocorrência de acidentes e incidentes no serviço de urgência e emergência. Também é apresentado o manejo com pacientem em situações de acidentes com animais peçonhentos e outros animais também, com foco na manutenção da vida e o atendimento de enfermagem com qualidade. Sob o mesmo limiar, o choque elétrico é compilado como uma das situações especiais e que merece atenção devido a gama de possibilidades de traumas decorrentes do mesmo, bem como a parada cardiorrespiratória. E por fim, abre-se espaço para as doenças crônicas não transmissíveis, em uma grande preocupação com os atravessamentos gerados por estas patologias no contexto social. A assistência ao paciente com crise hipertensiva é uma das demandas mais frequentes em serviços de urgência e emergência, indagando sobre o papel do enfermeiro nas ações de prevenção, avaliação e tratamento destes pacientes (RODRIGUES et al., 2022). UNIDADE 3 162 2 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA EMERGÊNCIA PSIQUIÁTRICA Acadêmico! Dentre as situações especiais que o enfermeiro precisa estar atento e realizar correta assistência, está a emergência psiquiátrica. As questões psicológicas da população se desenham como um desafio para a equipe multiprofissional e o enfermeiro, compondo desta forma como uma área de especialidade e atuação, visto o grau de especificidade e necessidade de qualificação das práticas (PYPCAK et al., 2022). As questões relacionadas à saúde mental é um campo em ascensão o trabalho da enfermagem, conferindo ao profissional maior autonomia no desenvolvimento de ações e estratégias de prevenção e reabilitação da população (REIS et al., 2022). Segundo Krebs, Kinalski e Rebelato (2022), uma das grandes dificuldades que o enfermeiro enfrenta na emergência psiquiátrica é a assistência ao paciente com risco ou tentativa de suicídio. Um dos grandes preconceitos do enfermeiro é questionar o paciente sobre os seus sentimentos relacionados ao suicídio, indagando sobre o que está sentindo, percorrendo a identificação dos pontos de sofrimento e alguns detalhes caso tenha algum planejamento de atentar contra a própria vida (PYPCAK et al., 2022). A abordagem inicial ao sofrimento do paciente é essencial nas práticas do enfermeiro, utilizando da Consulta de Enfermagem como estratégia para realizar a escuta ativa, o acolhimento e a vinculação entre os sujeitos do cuidado (SILVA; CUNHA, 2022; REIS et al., 2022). A Consulta de Enfermagem é uma tecnologia necessária para a atuação do profissional, dessa forma, sugere-se a leitura do material a seguir. ROSTIROLLA, L. M.; ADAMY, E. K.; VENDRUSCOLO, C. Tecnologias educacionais para a consulta do enfermeiro: revisão integrativa. Saberes plurais: educação na saúde, v. 6, n. 1, p. 81-98, 2022. DICA Alguns fatores de risco podem ser citados para a compreensão do enfermeiro sobre o caso, como homens com idade entre quatorze e quarenta anos ou acima dos sessenta e cinco anos, uma vez que o gênero e idade disparam no número de casos em contraponto com o gênero feminino. Pacientes que sofrem por processos de separação conjugal, desemprego ou aposentadoria recente com dificuldade na aceitação da rotina. Indivíduos que possuam doença crônica e até mesmo incapacitante, bem como histórico de depressão, alcoolismo, tentativa prévia ou ideação suicida, isolamento social, transtornos de personalidade e instabilidade no grupo familiar. Estes são alguns dos pontos de risco, cabendo ao enfermeiro avaliar individualmente cada caso (SANTOS et al., 2022; REIS et al., 2022). 163 Os fatores de risco para emergências psiquiátricas nem sempre são regra, pois em alguns casos graves não há sinais claros, ao passo que o sofrimento está no campo dos pensamentos, ideias, planejamento e principalmente o desejo de estar morto, ao passo que o suicídio é um ato, uma ação intencional, bem como as tentativas entram neste campo de observação (SILVA; SORATTO, 2024). A avaliação de enfermagem deve ocorrer permanentemente, como ação preventiva quando identifi cado o risco e com o intuito de reabilitar após uma tentativa (SANTOS et al., 2022). O acolhimento e a vinculação com o paciente compõem as ferramentas mais efi cazes para a assistência de enfermagem e segundo Pypcak et al. (2022), a família, amigos e todo o grupo social deve estar inserido no cuidado, da mesma forma que o profi ssional, realizando a acolhida e apoiando o processo terapêutico. O enfermeiro precisa de calma e tranquilidade, sem pressa no resgate das informações, oferecer um ambiente seguro e manter um contínuo nas abordagens. Durante a mensuração de risco realizado na Consulta de Enfermagem, o enfermeiro deve considerar as ideias suicidas, os métodos planejados, o grau de violência idealizada para si ou para um grupo, as condições psiquiátricas, suporte social, uso de medicações, disponibilidade de recursos para a prática do suicídio, dentre outros (REIS et al., 2022; SANTOS et al., 2022). Após a consulta de enfermagem e evidência de risco, o enfermeiro deve realizar os encaminhamentos conforme protocolo institucional dentro da rede de saúde ou do próprio serviço, como a internação para estabilização clínica, desintoxicação de drogas, dentre outras (PYPCAK et al., 2022). Para Silva e Soratto (2024), o enfermeiro atuante na área da urgência e emergência possui o papel fundamental no atendimento à emergência psiquiátrica, uma vez que o estado de saúde do paciente é um desafi o para o atendimento e deve ser avaliado individualmente e encaminhado para continuidade do acompanhamento da rede de saúde. Acadêmico! Devido ao risco de tentativa e/ou suicídio na assistência a este perfi l de pacientes, é necessário que você tenha em mente o fl uxo de trabalho e direcionamento do serviço em situações de risco ou urgências e emergências. O fl uxo é próprio de cada serviço de saúde e deve estar documentado em formato de protocolo operacional padrão, instrução de trabalho, dentre outras nomenclaturas de arquivamento. ATENÇÃO 3 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA INTOXICAÇÃO EXÓGENA A intoxicação exógena é a causa de inúmeras situações em que o enfermeiro atuante na urgência e emergência precisa estar atento e ciente da importância na tomada de decisão rápida e assertiva. A maioria dos casos atendidos na rede de urgência e 164 emergência é de adultos que apresentam intoxicação exógena por drogas lícitas e ilícitas, além de crianças que tiveram contato acidental com agente tóxico (MESQUITA; VILARINHO; BARBOSA, 2022). A intoxicação exógena relaciona-se principalmente com medicamentos, produtos químicos de uso domiciliar e industrial, agrotóxicos, plantas, drogas lícitas e ilícitas, dentre outros (SIRTOLI, 2022). A intoxicação exógena é causada por um ou mais agentes tóxicos que em contato com o organismo humano desencadeiam lesões, sejam elas localizadas ou sistêmicas (DIOGENES et al., 2022). Uma das principais dificuldades no manejo desta situação é compreender a gravidade do paciente, uma vez que ela pode ser determinada somente após a investigação do caso, identificando o tipo de substância, local e tempo de exposição, além do próprio histórico de saúde e doença do indivíduo (JUSTEN; ALMEIDA, 2022). No atendimento de urgência e emergência, o enfermeiro precisa estar atento principalmente aos detalhes do exame físico realizado no paciente, indagando que conforme Sirtoli (2022), na maior parte dos casos o indivíduo possui condições de auxiliar o profissional na investigação. No que diz respeito ao exame físico, Krebs, Kinnalski e Rebelato (2022) indicam que o enfermeiro esteja atento a sinais de excitação fisiológica como: aumento na frequência respiratória e cardíaca e pico hipertensivo. O mesmo autor destaca também possíveis situações de depressão fisiológica indicada por:diminuição na frequência cardíaca e respiratória, hipotensão e alteração no estado mental. Avaliações adicionais também são indicadas, como o nível de consciência, pupila e o exame neurológico que conforme Caliman et al. (2022), colaboram para o correto direcionamento do caso em conjunto com a atenção especial para a pele e mucosas do paciente. Ainda para os autores, o manejo adotado pelo enfermeiro depende da avaliação de enfermagem realizada na admissão do paciente no serviço de urgência e emergência, prezando pela estabilidade dos sinais vitais e a terapêutica adotada em conjunto com a equipe médica. 4 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS E OUTROS ANIMAIS Os acidentes com animais peçonhentos, bem como outros animais, podem ocasionar diferentes agravos e até mesmo o óbito do paciente. Este tipo de acidente é compreendido por Souza et al. (2022) como aquele em que o animal injeta algum tipo de veneno no organismo humano por meio de picada ou outras vias. Alguns dos animais que causam estes acidentes são: serpentes, aranhas, peixes, escorpiões, abelhas, dentre outros (BRITO et al., 2023). É interessante destacar que a picada de qualquer animal que produza veneno pode ocasionar reações no organismo humano, principalmente nos indivíduos que possuem pré-disposição para crises alérgicas (RODRIGUES et al., 2023). No contexto deste tipo de acidente, Rodrigues et al. (2023), destaca que o maior número de casos ocorre entre a população de baixa renda e que reside em regiões e 165 países subdesenvolvidos, tendo como principal causador a falta de saneamento básico. Na urgência e emergência, o enfermeiro precisa estar atento aos sinais e sintomas dos indivíduos, sendo imprescindível identificar o animal responsável pelo acidente, sendo um fator determinante para o correto atendimento. Dentre os sinais e sintomas está a presença de náusea e vômito, sangramentos, hipotensão, diminuição gradativas na frequência cardíaca e respiratória, dor no local da picada e formigamento local ou no membro afetado (SOUZA et al., 2022). O atendimento de enfermagem visa administrar o antídoto contra o veneno após a identificação do animal causador, a higienização e proteção do local afetado, hidratação do indivíduo na maioria das vezes via endovenosa, manutenção da calma do paciente e acompanhante (caso presente) e observar frequentemente a evolução do caso (JÚNIOR; SILVA; CALDEIRA, 2023). 5 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO CHOQUE ELÉTRICO O choque elétrico é avaliado como uma situação especial devido ao potencial de gravidade do evento a que a vítima foi exposta no momento do trauma. O choque elétrico pode ser compreendido como uma reação gerada pelo organismo devido à passagem de corrente elétrica pela sua estrutura (NASCIMENTO et al., 2022). Sob este limiar, Junior, Antunes e Almeida (2022) comentam que o choque elétrico sempre possui uma fonte, seja ela a de uso doméstico ou a encontrada na natureza, como o raio, as quais são conduzidas por materiais “condutores” como a água ou metais (alumínio, cobre, ferro etc.). Sobre a ocorrência de choques elétricos, Oliveira et al. (2022) comentam que os principais exemplos são aqueles relacionados ao manuseio de estruturas ou equipamentos eletrificados, raios e o contato com alguns animais, como o peixe- elétrico. As principais lesões causadas pelo choque elétrico são aquelas causada por eletrocussão, normalmente fatal e causada por uma descarga elétrica de grande intensidade, o choque elétrico que atinge o corpo e dentro dele pode causar lesões como parada cardiorrespiratória, as queimaduras tanto internas quanto externas e quedas ocasionadas pelo choque resultante do impulso elétrico contra o corpo (CAVALCANTE et al., 2022). A atuação do enfermeiro de urgência e emergência no atendimento a vítima de choque elétrico visa avaliar minuciosamente o paciente, identificando possíveis traumas decorrentes do trauma, iniciando pela realização do processo XABCDE já estudado no subtema 2. Além da avaliação inicial, é fundamental que o enfermeiro mantenha o paciente e acompanhantes calmos, garantindo a permeabilidade das vias aéreas, reposição de fluídos e garantindo o controle da dor (MIRANDA et al., 2022). Em segundo plano, os cuidados de enfermagem devem seguir os níveis de necessidade de cada caso, sendo direcionado pela gravidade dos ferimentos e a estabilização do paciente (NASCIMENTO et al., 2022). 166 5.1 PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA A parada cardiorrespiratória pode ser compreendida como a parada do coração e dos pulmões devido a algum trauma, ocasionando a diminuição gradativa na frequência cardíaca e respiratória, até zerar (ATALLAH; HIGA; BAFI, 2013). Para os mesmos autores, a parada cardiorrespiratória resulta de algum distúrbio na condução elétrica do coração, sendo alguns dos sintomas, as dores torácicas, hemiparesia, desmaio e perda da consciência. O manejo de enfermagem demanda que o profissional se certifique da ocorrência da parada cardiorrespiratória por meio da avaliação sistemática dos sinais vitais, bem como possíveis obstruções nas vias aéreas, liberando-as sempre que possível, com auxílio de pinça quando engasgue, por exemplo, e reposicionamento da cabeça quando paciente inconsciente. Constatado a parada cardiorrespiratória, o paciente deve ser colocado em decúbito dorsal horizontal em superfície plana e preferencialmente dura, como por exemplo, o chão. A seguir é iniciado o suporte básico da vida com auxílio de Desfibrilador Externo Automático (DEA) ou manualmente por meio das compressões torácicas (ATALLAH; HIGA; BAFI, 2013). As compressões torácicas devem ser realizadas com a máxima eficiência, sendo possível realizar somente por um profissional ou por mais. Para a compressão, o profissional deve posicionar as mãos entrelaçadas sobre o tórax do paciente no centro do peitoral em meio à linha dos mamilos. Em adultos é indicado que a compressão atinja a profundidade entre cinco a seis centímetros, e que o profissional permita que o tórax recue após cada movimento e aplicando uma frequência menor do que dez segundos entre os movimentos. Ao enfermeiro que esteja sozinho na unidade, é importante que acione a equipe de suporte e inicie as compressões, entre 100 a 120 por minuto até a chegada dos demais profissionais. Quando em dupla ou mais profissionais, o enfermeiro deve realizar as compressões torácicas e outro em pose do ambu realizando os movimentos respiratórios, na ordem de trinta compressões torácicas para dois movimentos respiratórios, mantendo a conferência dos sinais vitais e revezando o posicionamento dos profissionais (ATALLAH; HIGA; BAFI, 2013). A seguir, na Figura 7, pode ser observado o correto posicionamento do paciente, bem como do enfermeiro realizando as compressões torácicas, utilizando as mãos entrelaçadas e na região central a linha dos mamilos de forma que o profissional fique ajoelhado ao lado realizando os movimentos com os braços estendidos a 90º (ATALLAH; HIGA; BAFI, 2013). 167 Figura 7 – Posicionamento do enfermeiro e vítima na compressão torácica Fonte: Martins, Neto e Velasco (2017, s.p.) No caso de parada cardiorrespiratória em crianças é indicado que a compressão seja de quatro centímetros e na metade inferior do osso esterno. Quando o enfermeiro estiver sozinho é importante que acione a equipe especializada e inicie as compressões intermitentes pressionando com os dedos indicador e médio, diferente das mãos entrelaçadas no adulto. As compressões torácicas podem ser realizadas com os dois polegares e mãos envolvendo o corpo da criança ou a palma de uma das mãos, seguindo o padrão de trinta movimentos para duas respirações. Em caso de mais do que um profissional realizando o socorro, preconiza-se quinze compressões torácicas e duas respirações (ATALLAH; HIGA; BAFI, 2013). Ambas as técnicas podem ser verificadas na Figura 8. 168 Figura 8 – Técnicas de compressão torácica em crianças Fonte: SBV Pediátrico(2023, s.p.) A atuação do enfermeiro leva em consideração um processo intricado de avaliações e procedimentos com o propósito de manter a vida do paciente. Em um ambiente de urgência e emergência, o enfermeiro deve desenvolver a perícia técnica, além de manter a postura ética e coerente com a gestão da equipe de enfermagem por meio do equilíbrio emocional. Em primeiro momento, o paciente necessita ser avaliado metodicamente, com foco na identificação da parada cardiorrespiratória e caso os sinais, principalmente respiratórios demonstrem declínio, é importante que sejam instalados equipamentos, como oxigênio conforme protocolo institucional para melhoria da eficiência pulmonar, observando o papel dos demais membros da equipe na condução do caso (ATALLAH; HIGA; BAFI, 2013). O manejo também inclui a correta aplicação das compressões torácicas em caso de conformação da parada cardiorrespiratória, além de garantir acesso venoso rápido e facilitado para a aplicação de medicamentos. Ainda, é responsabilidade do enfermeiro a instalação de equipamentos auxiliares ao suporte básico da vida, além daqueles que fazem o monitoramento dos sinais vitais. O enfermeiro possui a atribuição de gerenciar a equipe de enfermagem e direcionar as atividades dos demais componentes, sendo necessário desenvolver em si a liderança para o correto direcionamento dos profissionais no cenário de cuidado ao paciente em parada cardiorrespiratória (ATALLAH; HIGA; BAFI, 2013). Neste contexto, destaca-se que o enfermeiro gerenciador da unidade de urgência e emergência precisa estar atento a qualidade e funcionamento dos equipamentos utilizados no atendimento aos pacientes. Ainda no escopo do cuidado, o enfermeiro deverá estar ciente e participar da construção dos protocolos assistenciais que regem o atendimento de urgência e emergência, principalmente, no fluxo direcionado à equipe, utilização de equipamentos e administração de medicamentos. É importante que o enfermeiro gestor ou não da unidade esteja familiarizado com o protocolo do serviço 169 de saúde para atendimento em caso de parada cardiorrespiratória, fato que qualifi ca o atendimento prestado ao paciente. A educação continuada e permanente da equipe também é fundamental na construção de um serviço qualifi cado a favor da segurança da população (ATALLAH; HIGA; BAFI, 2013). Prezado acadêmico! Sugerimos a leitura do seguinte artigo sobre primeiros socorros no ambiente escolar, ideal para ampliar a sua compreensão sobre a atuação do enfermeiro com o público infantil. Referência: SILVA, B. R.; LIMA, F. R. P.; ELIAS, E. A.; CARDOSO, F. B. Conhecimento e abordagem de primeiros socorros em ambiente escolar: educação em saúde e enfermagem. Research, Society and Development, v. 12, n. 1, p. e10312139609-e10312139609, 2023. ESTUDOS FUTUROS 6 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA CRISE HIPERTENSIVA Acadêmico! Chegamos ao último evento especial do subtema, dedicado à assistência de enfermagem ao paciente em crise hipertensiva. A escolha pela situação torna- se pertinente ao instrumentalizar o enfermeiro nas demandas mais recorrentes na sociedade, sobretudo nas doenças crônicas não transmissíveis que representam uma das principais causas de morte e incapacidades nos brasileiros, juntamente com o trauma, trabalhado anteriormente. Indica-se a leitura do protocolo disponibilizado pelo Ministério da Saúde, intitulado Linha de cuidado do adulto com hipertensão arterial sistêmica. Disponível no link: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/linha_cuidado_ adulto_hipertens%C3%A3o_arterial.pdf. DICA No que diz respeito à patologia, a crise hipertensiva pode ocorrer em pessoas com ou sem diagnóstico de Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), pois ela é considerada uma condição clínica multifatorial, um aumento expressivo nos valores que indicam a pressão sistólica e a pressão diastólica (MANUEL; CHISSOCA; AFONSO, 2022). Para Barbosa et al. (2022) existem muitos casos de pacientes hipertensos que desconhecem o diagnóstico ou ainda o seu desenvolvimento no organismo, algumas vezes confundido com sinais e sintomas do cotidiano ou ainda com a negligência na saúde preventiva. A difi culdade no tratamento da HAS pode ocasionar alterações funcionais e estruturais em órgãos, como o coração, cérebro e rins, afetando principalmente o sistema circulatório e aumentando a chance de agravos (MARQUES et al., 2022). Um destes agravos é a ocorrência da crise hipertensiva que segundo Saturnino, Soares e 170 Bezerra (2022) é caracterizada pela rápida elevação da pressão arterial, apresentando- se na maioria dos casos com sintomatologia intensa. Complementando, Santos et al. (2022) comentam que a crise hipertensiva é uma das maiores causas de atendimento na rede urgência e emergência e a gravidade depende do contexto histórico do paciente. Indaga-se que por vezes a crise hipertensiva pode ser momentânea ocasionada por um momento de estresse ou ainda causada pela patologia HAS. Dessa forma, é importante avaliar o contexto para posteriormente articular as ações necessárias com o paciente. Alguns fatores secundários podem desencadear a crise hipertensiva, dentre as quais o abuso de álcool, sódio, cafeína, drogas ilícitas, além de situações como estresse, ansiedade e ainda abstinência de substâncias. Algumas apresentações da crise hipertensiva podem estar relacionadas com patologias ou situações prévias além da HAS, como trauma neurológico, cardiopatias e gestação (RODRIGUES et al., 2022). A assistência ao paciente em crise hipertensiva visa diminuir os níveis da pressão arterial, com foco na diminuição de possíveis agravos em órgãos, para isso são aplicadas medicações anti-hipertensivas até a normalização do caso (SILVA et al., 2022). Dentre os cuidados de enfermagem é importante destacar a necessidade de monitorar a pressão arterial rigorosamente e a evolução dos valores sistólicos e diastólicos após o início da terapia medicamentosa. Concomitante a isso, é recomendada à avaliação do nível de consciência do paciente, por meio da resposta verbal, ocular e motora. Atentar a ventilação, disponibilizando dispositivos para suprimento de oxigênio, se necessário. Realizar punção venosa periférica e manter a mesma permeável durante todo o atendimento para caso necessidade de medicações endovenosas. Monitorar o débito urinário, além de sinais de edema em quaisquer partes do corpo. E, por fim, é de suma importância que o enfermeiro registre e sistematize os cuidados prestados ao paciente em crise hipertensiva. O registro elenca todo o histórico de saúde e doença do paciente, bem como os diagnósticos, o plano de cuidados, as intervenções e a avaliação constante da evolução do caso, caracterizando-se como a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) (RODRIGUES et al., 2022; SILVA et al., 2022; Santos et al., 2022). Neste subtema, você aprendeu algumas situações especiais à atuação do enfermeiro, de forma que a reflexão sobre o raciocínio clínico seja corriqueiro para o profissional atuante na urgência e emergência. A seguir, é apresentado o estudo complementar para reflexão sobre boas práticas no tratamento às vítimas de queimaduras. 171 TECNOLOGIAS UTILIZADAS PELA ENFERMAGEM NO TRATAMENTO DE VÍTIMAS DE QUEIMADURAS EM CUIDADOS INTENSIVOS: SCOPING REVIEW Kyohana Matos de Freitas Clementino Gabriela Duarte Bezerra Gleice Adriana Araujo Gonçalves Maria Corina Amaral Viana Luis Rafael Leite Sampaio Woneska Rodrigues Pinheiro RESUMO Objetivo: Descrever as principais tecnologias utilizadas pela equipe de enfermagem no tratamento de lesões cutâneas por queimaduras, para pacientes em cuidados intensivos. Método: Trata-se de uma revisão de escopo realizada em março de 2022, segundo recomendações do The Joanna Briggs Institute, seguindo o checklist Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses extension for Scoping Reviews (PRISMA-ScR). Resultados: A amostra desta revisão foi composta por 12 artigosque tratam das tecnologias utilizadas pela equipe de enfermagem no tratamento de lesões cutâneas por queimaduras. Considerações Finais: Os estudos analisados mostram várias tecnologias aplicáveis em queimaduras, dentre elas coberturas/curativos, agentes biológicos, e terapias não-farmacológicas para alívio da dor e controle de infecção. Descritores: Queimaduras; Unidade de Terapia Intensiva; Terapêutica; Tecnologia; Cuidados de Enfermagem. LEITURA COMPLEMENTAR 172 INTRODUÇÃO As lesões decorrentes de agentes térmicos, químicos ou elétricos denominados por queimaduras ocorrem quando há calor excessivo que danifica os tecidos corporais. Essas lesões podem ser classificadas pela profundidade das camadas acometidas, relacionando-se com a morbidade do paciente, categorizado como: superficial, parcial superficial, parcial profunda e espessura total. Dessa forma, o tipo de queimadura varia quanto à extensão do comprometimento tecidual e a exposição ao agente agressor, podendo deixar a vítima com sequelas irreversíveis ou levá-la a óbito. Estimativas apontam que de um milhão de acidentes por queimaduras no país, somente 10% buscam atendimento hospitalar, e um total de 2.500 vão a óbito decorrente das lesões. É reconhecido que as maiores vítimas são crianças com menos de 15 anos e idosos em ambiente domiciliar. Contudo, as queimaduras em crianças em sua maioria são causadas por derramamento de líquidos quentes e costumam ser mais superficiais, no entanto, mais extensas. Diversos fatores devem ser observados diante de uma vítima com queimadura e esses influenciam na escolha do tratamento, entre eles estão: profundidade, extensão e localização, idade da vítima, doenças prévias, condições agravantes e a inalação de fumaça. No que tange à extensão, para uma avaliação precisa, utiliza-se a regra dos noves, que necessita ser ajustada em crianças menores de 10 anos. Seguindo essa regra, estima-se que a cabeça e pescoço e cada membro superior correspondem a 9%, cada membro inferior 18% e o tórax 36%. A assistência da equipe de enfermagem ao queimado é complexa, vai desde a avaliação inicial neurológica, avaliação da lesão até os cuidados mais direcionados a cada tipo de lesão, por isso a necessidade de um conhecimento técnico-científico que embase o profissional em sua prática. O primeiro cuidado envolve a manutenção da permeabilidade das vias aéreas, reposição de fluidos e o controle da dor, cabe ao enfermeiro também, fazer o acompanhamento e o controle da saturação de pacientes com respiração espontânea ou em oxigenoterapia, bem como a realização de dois acessos venosos periféricos calibrosos para a reposição de fluidos. O paciente com queimaduras admitido na Unidade de Terapia Intensiva, categoriza-se como grande queimado, o qual deve apresentar queimaduras de segundo grau em mais de 20% da superfície corporal queimada e de terceiro grau com mais de 10% de superfície corporal queimada; além das queimaduras de períneo, queimadura por corrente elétrica, e queimadura de terceiro grau em mãos, pés, face, pescoço ou axila. Também são considerados grandes queimados aqueles clientes vítimas de queimadura associada às seguintes situações: lesão inalatória, politrauma, trauma craniano, choque de qualquer origem, insuficiência renal, insuficiência cardíaca, 173 insuficiência hepática, diabetes, distúrbios da coagulação hemostasia, embolia pulmonar, infarto agudo do miocárdio, quadros infecciosos graves decorrentes ou não da queimadura, síndrome compartimental, doenças consumptivas ou qualquer outra afecção que possa ser fator de complicação à queimadura; A realização dos curativos nas lesões por queimaduras é imprescindível para a limpeza da lesão, estimulação do processo cicatricial, prevenção de infecção e redução da dor associada à injúria. Para esses objetivos serem alcançados em conjunto, tecnologias na área de curativos e cuidados com lesões devem ser utilizadas, levando em consideração o cuidado individualizado, analisando os aspectos biopsicossociais do paciente. Assim, o conceito de tecnologia pode ser percebido como processo, isto é, formação e estrutura de materiais didático-pedagógicos, e, como produto, por meio da criação de artefatos e novas formações. A tecnologia é baseada no conhecimento científico, que busca benefícios para a condição de saúde, além de objetivar a emancipação e a formação de conhecimento. Essas tecnologias podem ser divididas em três categorias: dura (representada por máquinas), leve dura (saberes estruturados) e leve (processo de relações subjetivas). Para a enfermagem, a tecnologia pode ser aplicada na área assistencial (com atividades de reabilitação, curativas, utilização de máquinas e prontuários eletrônicos) e no processo de ensino e aprendizagem, gerando, aprimorando ou criando instrumentos que se voltem para a aplicação do cuidado de enfermagem direcionado para a aplicação direta ou indireta nos pacientes. A tecnologia em enfermagem é um processo que envolve diferentes dimensões, do qual resulta um produto, que pode ser um bem durável, uma teoria, um novo modo de fazer algo, em bens ou produtos simbólicos. Os processos de cuidado em enfermagem são, em muitas situações, subjetivos e podem apresentar resultados não palpáveis. Portanto, o uso de tecnologias para esse fim também pode apresentar tais características. Desse modo, pode-se pensar nas tecnologias enquanto conceito abrangente que ultrapassa a simples utilização de máquinas; não é apenas considerado produto, mas também resultado de trabalho e de um conjunto de ações abstratas que possuem um objetivo: o cuidado em saúde. 174 OBJETIVO Diante do exposto, este estudo tem como objetivo descrever as principais tecnologias utilizadas pela equipe de enfermagem no tratamento de lesões cutâneas por queimaduras, para pacientes em cuidados intensivos. [...] DISCUSSÃO Este estudo contribuiu com investigações sobre as principais tecnologias utilizadas pela equipe de enfermagem no tratamento de lesões cutâneas por queimaduras, para pacientes em cuidados intensivos. Estudos evidenciam a utilização de agentes biológicos, como a aplicação de Lactobacillus plantarum, uma terapia probiótica que levou à redução da intensidade e da duração da infecção pseudomonal. Foi observado que a aplicação de bactérias probióticas, mesmo na ausência de um patógeno super infeccioso, atenua a deposição de colágeno estimulada por queimaduras. Ademais, outro estudo com agente biológico abordou a aplicação da cianobactéria S. elongatus PCC7942, em que a bactéria secreta vesículas extracelulares para acelerar a cicatrização de feridas cutâneas, promovendo a angiogênese e reparação de queimaduras em camundongos. Algumas das referências desta amostra versam sobre o uso de pele artificial, considerado para queimaduras de espessura parcial da região púbica, especialmente por pacientes submetidos à anestesia geral para queimaduras em outras partes do corpo. A aplicação bem-sucedida deste curativo biossintético minimizou a infecção e promoveu a cicatrização de feridas, sendo necessária a combinação da cobertura com a remoção dos pelos pubianos e inserção de um cateter vesical, permitindo a cobertura completa da ferida. Em outro estudo, cita-se os benefícios observados ao usar este curativo em pacientes com necrólise epidérmica, como a diminuição na dor, redução no tempo e frequência das trocas de curativos e benefícios de redução de custo. Os curativos de hidrogel são curativos úmidos interativos para feridas que fornecem alívio da dor por meio de um efeito de resfriamento evaporativo, criam um ambiente úmido que acalma as terminações nervosas expostas na pele e dissipam o calor do ferimento. Além disso, vêm em uma ampla variedade de tamanhos que podem ser aplicados em todas as áreas do corpo. Em uma randomização, os participantes tiveram o hidrogel aplicado após os primeiros socorros por no mínimo 20 min, seguido dos cuidados padrão para queimaduras.Os resultados do estudo foram confirmados através da aplicação de escalas de dor, avaliação dos sinais vitais, observação do comportamento do paciente e outros parâmetros. No estudo de caso realizado por Lopes et al. (2016), o processo de epitelização se deu de maneira rápida devido à utilização de pomada que o estimula junto ao uso da membrana biológica de hemicelulose, tida como um produto que promove uma gama de 175 propriedades terapêuticas esperadas no manejo das lesões por queimaduras, auxiliando também na oclusão das terminações nervosas, diminuindo a dor de queimaduras de segundo grau. A utilização de pomadas de regeneração cutânea se dá na fase final do tratamento ou quando não há cavidades que precisam ser granuladas, elas atuam estimulando o processo de epitelização. No estudo, houve um processo cicatricial efetivo de apenas cinco dias, sem injúrias maiores ao paciente e com ausência de complicações associadas ao trauma da queimadura. Wang et al. (2017) avaliaram a eficácia do Alginato de Cálcio (CAPS) em um modelo de queimadura de terceiro grau em suínos e ratos, particularmente com relação à dor, citocinas inflamatórias e formação de cicatriz. O alginato tem sido amplamente utilizado e testado devido à sua biocompatibilidade, biodegradabilidade, custo relativamente baixo, baixa toxicidade e propriedades de gelificação. As evidências também indicaram que o tratamento tópico com alginato para defeitos da pele é eficaz na redução do tamanho da ferida. Essa cobertura mantém as feridas úmidas e promove o crescimento do tecido de granulação, e a epidermização resultante diminui a dor e reduz a formação de cicatrizes. Além disso, os curativos secos de alginato absorvem os fluidos da ferida por meio de troca iônica e re-gel, sem se desintegrar. Oliveira e Peripato (2017), também trazem como tecnologias o hidroalginato associado à prata por sua ação antimicrobiana e por evitar exsudação e géis de quitosana que associado a sulfadiazina de prata favorece a angiogênese. Contudo, além de discorrerem sobre coberturas, agentes tópicos para queimaduras superficiais e enxertos em casos graves, os autores trazem sobre a tecnologia do curativo de pressão negativa à matriz de regeneração dérmica, o mesmo é capaz de acelerar o tempo de maturação da matriz tecidual para 14,57 dias, ativando a granulação celular. Uma tecnologia muito utilizada em feridas de diversas etiologias e citada por cerca de 99% dos estudos, é a papaína, usada como desbridante, tem função anti-inflamatória e age na junção de bordos por estimular citocinas a reprodução celular e dificultar o crescimento de microrganismos. Além dos seus inúmeros benefícios no leito da lesão, possui um preço baixo quando comparado a outros tipos de coberturas de cunho industrial. A papaína pode ser utilizada em diversas concentrações, para tecido de granulação (2%), (4 a 6%) se houver necrose de liquefação e (8 a 10%) se houver necrose de coagulação. Um ensaio clínico randomizado utilizado nesta revisão comparou os efeitos da titulação de Óxido nitroso (N2O) e N2O a 50% no tratamento de queimaduras para aliviar a dor e a ansiedade. O N2O é um sedativo e ansiolítico, caracterizado como uma analgesia segura, simples e eficaz para pacientes queimados. A partir do ensaio, analisou-se que, a titulação de N2O é uma intervenção mais apropriada como analgesia durante o curativo de queimadura em comparação com a exposição a N2O de 50%. Contudo, é crucial que mais estudos sejam realizados, com o intuito de identificar os efeitos analgésicos em todas as faixas etárias, e para o desenvolvimento de diretrizes e procedimentos operacionais. 176 A Terapia de Feridas por Pressão Negativa (TFPN) é um tipo de tratamento ativo da ferida que promove sua cicatrização em ambiente úmido, por meio de uma pressão subatmosférica controlada e aplicada localmente. Um ensaio clínico randomizado com crianças com queimaduras térmicas agudas cobrindo menos de 5% de sua área de superfície corporal total evidenciou que um total de 96 dos 101 participantes (95%) alcançou a reepitelização total espontaneamente. Ademais, o tempo médio para a reepitelização foi de 10 dias no grupo de controle e 8 dias no grupo TFPN. A diminuição do tempo esperado para o fechamento da ferida em 22% correspondeu a uma redução no número de trocas de curativos necessárias. A intervenção foi realizada por meio de uma bomba de vácuo ajustada para uma pressão subatmosférica contínua de 80 mmHg. Para queimaduras envolvendo as extremidades em crianças com menos de 12 meses, uma pressão de 40 mmHg foi empregada para reduzir o risco de dano isquêmico. Lima-Júnior et al. (2017) abordou os curativos biológicos, sendo o mais conhecido o uso da pele de tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus). A utilização desse método é decorrente da semelhança das características microscópicas e morfológicas da pele do peixe com o da pele humana e sua ação na regeneração tissular e capacidade cicatrizante. Sua influência se dá pela boa aderência à queimadura, retendo a umidade e regenerando o tecido lesionado. Além disso, as biomoléculas que a constituem têm potencialidade de induzir a migração/divisão celular e aumentar a síntese de colágeno pelos fibroblastos. Conjugado de quitosana-gentamicina (CS-GT) possui propriedades antimicrobianas eficientes, conforme evidenciado pelo ensaio de viabilidade e ensaio de hemólise de células L929 que CS-GT não é citotóxico e tem boa citocompatibilidade e hemocompatibilidade. Com CS-GT como um componente de reparo ativo e PVP como matriz, o hidrogel CS-GT foi preparado. A aplicação desse hidrogel possibilitou uma cicatrização mais rápida e menor tempo de cicatrização em animais. A análise bioquímica mostra que, ao facilitar a síntese de proteína total e hidroxiprolina no tecido de granulação, o hidrogel CS-GT promoveu a fibrose do colágeno enquanto reduzia os níveis de citocinas em uma resposta inflamatória e, assim, acelerou a cicatrização de feridas. Todos esses resultados demonstram que o hidrogel CS-GT é um curativo de reparo de queimaduras novo e promissor. Uma pesquisa foi realizada com o intuito de obter novos derivados do triterpeno natural lupeol e avaliar seus potenciais como substâncias ativas no tratamento de lesões cutâneas. Isonicotinato de lupeol, acetato e propionato foram os compostos mais eficazes na estimulação da proliferação de células da pele humana, resultando em mais de 30% de aumento na concentração de células em comparação com as amostras de controle. Os ésteres de lupeol apresentam atividade promissora na estimulação dos processos de reparação da pele e podem ser aplicados como substâncias ativas em formulações de aplicação tópica principalmente no tratamento de queimaduras cutâneas. 177 O fator de crescimento transformador beta 3 (TGF-ß3) recombinante humano (avotermina), gera uma restituição epidérmica e uma organização mais semelhante à original tanto na derme papilar quanto na reticular. A avotermina intradérmica acelerou significativamente a redução do eritema da cicatriz. O TGF-ß3, é capaz de influenciar diversas etapas da cicatrização, como a migração de fibroblastos e miofibroblastos para o sítio da ferida. Ademais, esse mediador estimula a expressão aumentada nas moléculas de remodelação da MEC (metaloproteinases), que permite uma redução dos excessos de colágeno. O TGF-ß3 também possibilita maior migração de células epiteliais; leva a uma restauração mais rápida das interações epiteliais-mesenquimais e acelera tanto a angiogênese quanto a maturação da cicatriz. Limitações do estudo Foi possível perceber em alguns estudos contemplados nesta revisão a falta de detalhamento de informações relativas às tecnologias utilizadas pela equipe de enfermagem no tratamento de lesões cutâneas por queimaduras, para pacientes em cuidados intensivos. Ademais, algumas bases de dados não utilizam descritores controlados, o que pode favorecer alguma perda. [...] Fonte:CLEMENTINO, K. M. F. et al. Tecnologias utilizadas pela enfermagem no tratamento de vítimas de queimaduras em cuidados intensivos: scoping review. OSF Preprints, 29 mar. 2022. Web. Link de acesso: https://osf.io/xfevw. Acesso em: 2 mar. 2023. Observação: Devido à limitação de espaço do presente material didático, são apresentados os principais fragmentos do artigo original, sendo recomendada a leitura do texto integral seguindo a referência do mesmo. CLEMENTINO, K. M. F. et al. Tecnologias utilizadas pela enfermagem no tratamento de vítimas de queimaduras em cuidados intensivos: scoping review. OSF Preprints, 29 mar. 2022. Web. Link de acesso: https://osf.io/xfevw. Acesso em: 2 mar. 2023. IMPORTANTE https://osf.io/xfevw 178 Neste tema de aprendizagem, você estudou: • Que as situações especiais na assistência ao paciente são variáveis e possuem especificidades e desta forma, o enfermeiro precisa manter-se atualizado em coerência com os preceitos éticos e científicos das condições de saúde. • As dinâmicas de compreensão de caso de um paciente em emergência psiquiátrica e intoxicação exógena, incentivando o acolhimento e a vinculação dos sujeitos do cuidado durante a Consulta de Enfermagem. • Os fatores de sofrimento causados por acidentes com animais peçonhentos e outros animais, além do choque elétrico, orientando os cuidados de enfermagem a partir das necessidades do paciente e a avaliação dos fatores causadores do trauma. • O manejo da crise hipertensiva em serviços de urgência e emergência, como foco na identificação dos fatores causadores, patologias pregressas e a articulação da avaliação de enfermagem na qualidade da assistência oferecida ao paciente. RESUMO DO TÓPICO 3 179 AUTOATIVIDADE 1 A Hipertensão Arterial Sistêmica pode ser definida como uma condição multifatorial caracterizada pela alteração significativa na pressão arterial. Os cuidados relacionados à Hipertensão Arterial Sistêmica incluem o uso de medicações anti-hipertensivas e a reeducação de hábitos importantes. Sobre os hábitos relacionados ao tratamento da Hipertensão Arterial Sistêmica e por consequente a redução de Crises Hipertensivas, assinale a alternativa correta. a) ( ) Aos indivíduos hipertensos é indicado que seja praticada atividade física diariamente, com o tempo mínimo determinado de duas horas. b) ( ) Práticas como meditação e yoga ajudam na redução do estresse e por consequência ajudam na diminuição da pressão arterial. c) ( ) A realização de exames de sangue a cada três meses são uma forma de prevenção das crises hipertensivas. d) ( ) Os pacientes hipertensos precisam manter acompanhamento nutricional por toda a vida, devido a constante reeducação alimentar que necessitam. 2 Os acidentes com animais peçonhentos, bem como outros animais, podem ocasionar diferentes agravos e até mesmo o óbito do paciente. Este tipo de acidente é compreendido como aquele em que o animal injeta algum tipo de veneno no organismo humano por meio de picada ou outras vias. No contexto de atendimento a vítima na urgência e emergência é correta a seguinte afirmativa: a) ( ) É importante que o enfermeiro realize a aplicação do torniquete junto ao membro atingido pelo acidente com animal peçonhento, fato que aumenta a chance de sobrevida do paciente por dificultar a chegada do veneno no coração. b) ( ) Independente do local em que ocorra a picado do animal, é importante que o enfermeiro aplique medicação para a dor, com preferência para a via intramuscular, oferecendo qualidade de vida para o paciente e a família. c) ( ) O atendimento de enfermagem visa administrar o antídoto contra o veneno após a identificação do animal causador, a higienização e proteção do local afetado, hidratação do indivíduo na maioria das vezes via endovenosa, manutenção da calma do paciente e acompanhante (caso presente) e observar frequentemente a evolução do caso. d) ( ) O enfermeiro deve estimular o paciente a retornar para o domicílio e capturar o animal causador do acidente, para posteriormente iniciar os cuidados terapêuticos. 3 O atendimento na emergência psiquiátrica é uma questão complexa para a assistência de enfermagem, fato que conduz ao profissional a conhecer mais o processo de saúde e doença do paciente. Sobre a assistência de enfermagem ao paciente em risco de suicídio é correto afirmar: 180 a) ( ) A assistência de enfermagem deve ser incisiva, focada em descobrir o problema do indivíduo e curar as necessidades. b) ( ) O acolhimento e a vinculação com o paciente compõem as ferramentas mais eficazes para a assistência de enfermagem. c) ( ) A avaliação de enfermagem possui o dever de induzir o cliente por novas práticas e esquecer do problema inicial. d) ( ) Para a Consulta de Enfermagem é importante que o enfermeiro convoque o grupo familiar e amigos para participar do momento junto com o paciente, trabalhando todas as questões em conjunto e dando abertura para opinião de todos. 4 O atendimento de enfermagem ao paciente com trauma por choque elétrico é um desafio, cuja necessidade de atenção no levantamento da cinemática do trauma define a sobrevivência ou não do mesmo. Assim, é imprescindível que o enfermeiro compreenda e identifique as lesões causadas pelo choque elétrico, as quais estão diretamente ligadas com o agente causador. Neste contexto, descreva os três principais traumas oriundos do choque elétrico. 5 O manejo do paciente em crise hipertensiva deve ser constante e detalhado para o correto direcionamento da assistência. O enfermeiro que atua no serviço de urgência e emergência está ciente da gravidade do caso e necessidade de realizar a Consulta de Enfermagem completa e de forma holística. Neste contexto, descreva os pontos importantes que o enfermeiro precisa estar atento e realizar na assistência ao paciente em crise hipertensiva. 181 REFERÊNCIAS ARAÚJO, M. F. N.; SOUZA, M. A. O.; NETO, J. A. M.; SILVA, A. G.; BRITO, L. D. S.; FILHO, L. N. S. Ação da sulfadiazina de prata para o tratamento de queimaduras: uma revisão integrativa. Revista Eletrônica Acervo Saúde, v. 15, n. 5, p. e10095-e10095, 2022. ATALLAH, Á. N.; HIGA, E. M. 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