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<p>ii</p><p>iiiiiiiiji</p><p>Brasília – DF</p><p>2021</p><p>IVANEIDE ROSA DOS SANTOS</p><p>A INFLUÊNCIA DA PUBLICIDADE NO COMPORTAMENTO</p><p>ALIMENTAR INFANTIL</p><p>IVANEIDE ROSA DOS SANTOS</p><p>A INFLUÊNCIA DA PUBLICIDADE NO COMPORTAMENTO</p><p>ALIMENTAR INFANTIL</p><p>Trabalho de conclusão de curso</p><p>apresentado à Faculdade Anhanguera de</p><p>Brasília como requisito parcial para a</p><p>obtenção do título de graduação em</p><p>Nutrição.</p><p>Orientadora: Juliana Varjão</p><p>Brasília – DF</p><p>2021</p><p>IVANEIDE ROSA DOS SANTOS</p><p>A INFLUÊNCIA DA PUBLICIDADE NO COMPORTAMENTO</p><p>ALIMENTAR INFANTIL</p><p>Trabalho de conclusão de curso</p><p>apresentado à Faculdade Anhanguera de</p><p>Brasília como requisito parcial para a</p><p>obtenção do título de graduação em</p><p>Nutrição.</p><p>Orientadora: Juliana Varjão</p><p>BANCA EXAMINADORA:</p><p>______________________________________</p><p>Professor(a)</p><p>Faculdade Anhanguera</p><p>______________________________________</p><p>Professor(a)</p><p>Faculdade Anhanguera</p><p>______________________________________</p><p>Professor(a)</p><p>Faculdade Anhanguera</p><p>Brasília – DF, _____ de _______________de 2021.</p><p>AGRADECIMENTOS</p><p>Primeiramente agradeço a Deus, que permitiu a conclusão desse sonho. À</p><p>minha família que esteve ao meu lado de dando forças e suporte para conquistar</p><p>essa jornada.</p><p>Agradeço aos meus colegas de classe que de alguma forma contribuíram</p><p>para o meu desenvolvimento acadêmico. Aos mestres que estiveram dispostos a</p><p>ensinar e foram fundamentais para tornar-me quem sou hoje.</p><p>À minha orientadora que foi fundamental para a elaboração e pesquisa deste</p><p>trabalho.</p><p>E a todos àqueles que direta ou indiretamente contribuíram para a realização</p><p>da minha pesquisa.</p><p>Precisamos preparar a criança, desde pequena, para</p><p>receber as informações do mundo exterior, para</p><p>compreender o que está por trás da divulgação de</p><p>produtos. Só assim ela se tornará o consumidor do</p><p>futuro, aquele capaz de saber o que, como e por que</p><p>comprar, ciente de suas reais necessidades e</p><p>consciente de suas responsabilidades consigo</p><p>mesma e com o mundo.</p><p>(Luciene Ricciotti Vasconcelos)</p><p>DOS SANTOS, Ivaneide Rosa. A influência da publicidade no comportamento</p><p>alimentar infantil. 2021. 45 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em</p><p>Nutrição) – Faculdade Anhanguera, Brasília - DF, 2021.</p><p>RESUMO</p><p>Diante de uma sociedade cada vez mais conectada e bombardeada com</p><p>publicidades dirigidas, o público infantil é o mais vulnerável e o mais persuadido</p><p>nesse meio. Se um adulto é facilmente influenciado por uma propaganda, uma</p><p>criança se torna um alvo ainda mais fácil de ser persuadida. Entretanto, as</p><p>consequências que essa publicidade causa a uma criança podem afetá-la por toda a</p><p>vida. O objetivo deste trabalho é analisar a influência e as consequências que essa</p><p>publicidade exerce no hábito alimentar das crianças. O estudo foi realizado por</p><p>revisão bibliográfica em livros, revistas, artigos científicos e periódicos de bases de</p><p>dados da área da saúde que tinham como tema a publicidade e a propaganda de</p><p>alimentos para o público infantil. Foi constatado que o mercado de consumo infantil</p><p>utiliza estratégias publicitárias que encantam e influenciam as crianças afetando</p><p>consideravelmente seus hábitos alimentares resultando em uma dieta nutricional</p><p>pobre e trazendo riscos à saúde que poderão acompanhá-las durante toda a vida.</p><p>Os pais têm cedido ao forte poder decisório das crianças e sozinhos não conseguem</p><p>vencer a influência desse mercado. Entidades governamentais e não</p><p>governamentais têm trabalhado para que os impactos das publicidades sejam</p><p>minimizados, mas é o estímulo, a conscientização e a orientação das crianças de</p><p>uma dieta mais saudável e dos riscos desses alimentos ultraprocessados que irá</p><p>criar um senso crítico para avaliar se aquele alimento da propaganda é bom ou ruim</p><p>para sua dieta. Com pais, responsáveis, professores, profissionais de saúde</p><p>contribuindo para a mudança e o controle na rotina alimentar da criança</p><p>acrescentando em sua dieta alimentos mais saudáveis como legumes, frutas,</p><p>cereais, verduras diminuindo a influência que a publicidade e a propaganda de</p><p>alimentos ultraprocessados têm sobre as crianças.</p><p>Palavras-chave: Mídia. Publicidade. Influência. Alimentação infantil.</p><p>DOS SANTOS, Ivaneide Rosa. The influence of advertising on children's eating</p><p>behavior. 2021. 45 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Nutrição) –</p><p>Faculdade Anhanguera, Brasília - DF, 2021.</p><p>ABSTRACT</p><p>Faced with a society increasingly connected and bombarded with targeted</p><p>advertising, children are the most vulnerable and the most persuaded in this medium.</p><p>If an adult is easily influenced by an advertisement, a child becomes an even easier</p><p>target to persuade. However, the consequences that such publicity causes for a child</p><p>can affect the child for a lifetime. The objective of this work is to analyze the influence</p><p>and consequences that this advertising exerts on children's eating habits. The study</p><p>was carried out by means of a bibliographic review in books, magazines, scientific</p><p>articles and periodicals from databases in the health area, which had as its theme the</p><p>publicity and advertising of food for children. It was found that the children's</p><p>consumption market uses advertising strategies that delight and influence children,</p><p>considerably affecting their eating habits, resulting in a poor nutritional diet and</p><p>bringing health risks that may accompany them throughout their lives. Parents have</p><p>given in to the strong decision-making power of children and alone cannot overcome</p><p>the influence of this market. Governmental and non-governmental entities have been</p><p>working so that the impacts of advertising are minimized, but it is the encouragement,</p><p>awareness and guidance of children towards a healthier diet and the risks of these</p><p>ultra-processed foods that will create a critical sense to assess whether that food of</p><p>advertising is good or bad for your diet. With parents, guardians, teachers, health</p><p>professionals contributing to the change and control in the child's eating routine,</p><p>adding vegetables, fruits, cereals, vegetables and healthier foods to their diet will</p><p>diminish the influence that advertising and advertising of ultra-processed foods have</p><p>about children.</p><p>Keywords: Media. Advertising. Influence. Infant Feeding.</p><p>SUMÁRIO</p><p>1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 9</p><p>2 O COMPORTAMENTO ALIMENTAR NA INFÂNCIA E SUAS MODIFICAÇÕES 11</p><p>2.1 A FORMAÇÃO DOS HÁBITOS ALIMENTARES NA INFÂNCIA .......................... 11</p><p>2.2 FATORES QUE INFLUENCIAM A FORMAÇÃO DOS HÁBITOS ALIMENTARES 13</p><p>2.2.1 Fatores fisiológicos ........................................................................................... 13</p><p>2.2.2 Fatores ambientais ........................................................................................... 16</p><p>2.3 O ESTILO DE VIDA DAS CRIANÇAS ATUALMENTE ......................................... 20</p><p>3 A PUBLICIDADE PARA CRIANÇAS E A OBESIDADE INFANTIL ...................... 24</p><p>3.1 MARKETING E PUBLICIDADE DE ALIMENTOS ................................................ 24</p><p>3.2 OBESIDADE INFANTIL ....................................................................................... 26</p><p>3.3 AS CONSEQUÊNCIAS DA MÁ ALIMENTAÇÃO (INGESTÃO DE ALIMENTOS</p><p>ULTRA PROCESSADOS) ......................................................................................... 29</p><p>4 REGULAMENTAÇÃO DA PUBLICIDADE DE ALIMENTOS DIRIGIDA ÀS</p><p>CRIANÇAS ...............................................................................................................</p><p>no fundo tem uma mensagem para despertar o desejo e o impulso pelo</p><p>consumo. Que aqueles alimentos em sua maioria não trarão benefícios à sua saúde</p><p>(SILVA; VASCONCELOS, 2012).</p><p>Não é uma blindagem à criança ou torná-la imune aos comerciais, porque até</p><p>os adultos possuem desejos e impulsos os quais muitas vezes se rende. Porém,</p><p>com esse senso crítico a criança reflete melhor antes e depois da compra</p><p>questionando se aquele produto lhe fará bem ou mal (SILVA; VASCONCELOS,</p><p>2012).</p><p>A criança que tem uma dieta nutricionalmente pobre pode ter graves</p><p>consequências ao longo da vida podendo ter diabetes, doenças cardíacas,</p><p>derrames, artrite e câncer. Além de influenciar no seu crescimento, no seu excesso</p><p>ou não de peso. É essencial que desde tenra idade o ser-humano tenha uma dieta</p><p>equilibrada e sadia para que resulte numa vida confortável e saudável.</p><p>38</p><p>5 CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>O presente trabalho mostrou como a publicidade de alimentos consegue</p><p>influenciar na conduta de hábitos alimentares do público infantil, pelo fato desse</p><p>público ser considerado o mais vulnerável quando voltado para os apelos de</p><p>propagandas alimentares.</p><p>Inicialmente, foram abordados os fatores determinantes para a formação do</p><p>comportamento alimentar, a compreensão desses fatores facilita a criação de</p><p>processos educativos mais efetivos na mudança do padrão alimentar das crianças,</p><p>pois nos primeiros anos de vida todas as informações aprendidas são enraizadas e</p><p>tendem a se tornar o padrão de consumo no futuro.</p><p>Os estudos apontaram que as empresas e indústrias do ramo alimentício</p><p>possuem várias estratégias de marketing para atrair a atenção do público infantil,</p><p>como o uso de artistas, músicas, brincadeiras, personagens animados, brindes,</p><p>entre outros meios, para que haja o crescimento das vendas e consequentemente o</p><p>consumo de alimentos industrializados. A divulgação de alimentos muito calóricos e</p><p>pouco nutritivos tem contribuído para um ambiente obesogênico e um aumento</p><p>considerável das Doenças Crônicas Não Transmissíveis nas crianças.</p><p>Para se obter um maior controle sobre o que é divulgado a esse público é</p><p>necessário a elaboração de leis específicas e rígidas, com a efetiva vigilância por</p><p>parte do poder estatal. No Brasil, ainda não há uma legislação específica que</p><p>regulamente a publicidade voltada para crianças, mas existem órgãos e conselhos</p><p>responsáveis por controlar politicas públicas para a infância e a adolescência.</p><p>Por fim, vale ressaltar que a colaboração e assistência da família são</p><p>fundamentais para que as crianças desenvolvam hábitos alimentares saudáveis,</p><p>sendo importante que esta, em conjunto com professores e profissionais da área</p><p>saúde, ensinem e alertem as crianças que o objetivo da publicidade é aumentar a</p><p>venda dos produtos e não informar e educar sobre a qualidade nutricional dos</p><p>alimentos.</p><p>Conclui-se que a o marketing e a publicidade de alimentos sem valor</p><p>nutricional está por toda a parte e é poderoso e eficaz e mais eficaz ainda para</p><p>crianças, o público mais vulnerável e mais persuadido. Que combater o excesso de</p><p>peso infantil requer a restrição e regulação do marketing e da publicidade, pois</p><p>caminham juntos.</p><p>39</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ALMEIDA, S. S., NASCIMENTO, P. C. B. D., QUAIOTI, T. C. B. Quantidade e</p><p>qualidade de produtos alimentícios anunciados na televisão brasileira. Rev.</p><p>Saúde Pública, São Paulo, v.36, n.3, jun. 2002. Disponível em:</p><p>(Acesso em: 24 mar. 2021).</p><p>ASSOLINI, Pablo José. O mundo encantado da comunicação direcionada às</p><p>crianças: o outro lado das redes de fast-food. 2010. 164 f. Dissertação (Mestrado</p><p>em Comunicação Social), Faculdade de Comunicação Social, UMESP, São Paulo:</p><p>2010. Disponível em: (Acesso em: 16 abr. 2021).</p><p>BRASIL. Ministério da Saúde. Atlas da obesidade infantil no Brasil. Brasília - DF,</p><p>2019. Disponível em: (Acesso em: 12 abr. 2021).</p><p>_____. Pesquisa Nacional de Saúde 2015. Mais de 30% das crianças consomem</p><p>refrigerante antes dos dois anos. 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Tese (Doutorado em</p><p>Ciências Nutricionais) - Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Araraquara,</p><p>Universidade Estadual Paulista, São Paulo, 2008.</p><p>32</p><p>4.1 PERFIL CONSUMIDOR DAS CRIANÇAS ........................................................... 34</p><p>4.2 REGULAMENTAÇÃO DA PUBLICIDADE NO BRASIL........................................ 34</p><p>4.3 A IMPORTÂNCIA DA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL NA INFÂNCIA ..................... 36</p><p>5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 38</p><p>REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 39</p><p>9</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>O poder da publicidade é algo indiscutível, a mídia sempre teve o poder de</p><p>persuadir as pessoas facilmente propagando mensagens que são feitas para</p><p>induzirem a querer comprar o produto apresentado, seja ele um cosmético, um</p><p>acessório ou mesmo um alimento que ingerimos diariamente. As crianças não</p><p>possuem o conhecimento suficiente para discernir entre alimentos bons ou ruins e</p><p>muitas acabam optando por guloseimas em invés de frutas e verduras.</p><p>Durante a infância o crescimento e o desenvolvimento do indivíduo ocorrem</p><p>de maneira mais expressiva, nessa etapa hábitos são desenvolvidos e mantêm-se</p><p>ao longo de toda vida. A alimentação é um desses hábitos e quando inadequado</p><p>acarreta problemas de crescimento, distúrbios alimentares como anorexia, bulimia e</p><p>comprometimento futuros para o desenvolvimento do indivíduo.</p><p>A infância é o período em que as crianças desenvolvem todas as suas</p><p>formações inclusive os hábitos alimentares. A publicidade de alimentos vem</p><p>influenciando cada vez mais esses hábitos alimentares e a saúde das crianças. Os</p><p>alimentos são os produtos mais anunciados pela mídia sendo a maior parte desses</p><p>alimentos ricos em lipídios, açúcares, gorduras saturadas, gorduras trans ou sódio e</p><p>não contém os nutrientes necessários para uma alimentação saudável e adequada.</p><p>Nesse contexto, será que devido as propagandas de alimentos não saudáveis</p><p>que as crianças de hoje possuem números alarmantes de doenças não</p><p>transmissíveis como a obesidade, por exemplo? Existe alguma medida de controle</p><p>dessas propagandas ou alguma forma de influenciar crianças a se alimentarem de</p><p>forma mais saudável e combater esse alto consumo de alimentos com pouco ou sem</p><p>nenhum nutriente?</p><p>Este trabalho tem o intuito de mostrar a influência da publicidade nos danos</p><p>causados ao longo da vida por uma má-alimentação durante a infância. Ele está</p><p>dividido em três capítulos que irão abordar os hábitos alimentares das crianças, a</p><p>influência da publicidade veiculada na grande mídia e como essa publicidade é</p><p>regulada a fim de proteger os hábitos alimentares das crianças.</p><p>Por último, a análise da interferência da mídia e da publicidade nas escolhas</p><p>alimentares das crianças a qual utiliza personagens e apelos nutricionais dos</p><p>produtos, influenciando na aquisição de alimentos industrializados e pobres em</p><p>nutrientes. Concluindo que é preciso que os pais, familiares e educadores</p><p>10</p><p>contribuam na formação dos bons hábitos alimentares das crianças para que estas</p><p>não caiam nas armadilhas do marketing e passem a ter uma alimentação mais</p><p>saudável.</p><p>A metodologia utilizada para produção deste trabalho foi o método de estudo</p><p>qualitativo, usando o procedimento exploratório com apoio em revisão bibliográfica</p><p>de trabalhos publicados no Brasil nos últimos vinte anos abordando o tema:</p><p>influência da mídia nos hábitos alimentares infantil.</p><p>A pesquisa foi realizada através das plataformas de pesquisa na internet, dos</p><p>repositórios virtuais de universidades e de bibliotecas virtuais de saúde, foram</p><p>utilizados os seguintes termos para a pesquisa: influência, mídia, hábitos</p><p>alimentares. Os critérios de inclusão foram o público infantil.</p><p>11</p><p>2 O COMPORTAMENTO ALIMENTAR NA INFÂNCIA E SUAS MODIFICAÇÕES</p><p>A infância é o momento mais importante na construção dos hábitos</p><p>alimentares, pois nos primeiros anos de vida todas as informações aprendidas são</p><p>enraizadas e tendem a se tornar o padrão de consumo futuro. Por isso, nessa fase</p><p>da vida a alimentação é determinante nos fatores que interferem no crescimento e</p><p>desenvolvimento regular da criança, como também nos fatores que são associados</p><p>a doenças que podem surgir na fase adulta (SOUZA, 2013).</p><p>Conforme a criança se desenvolve seu comportamento alimentar vai</p><p>alterando e se ajustando ao seu gosto sendo muitas das vezes influenciado por</p><p>fatores externos. É totalmente aceitável que isso tende a acontecer, uma vez que</p><p>conforme seu crescimento e desenvolvimento vão avançando suas necessidades</p><p>nutricionais vão se alterando.</p><p>2.1 A FORMAÇÃO DOS HÁBITOS ALIMENTARES NA INFÂNCIA</p><p>A família é fundamental na formação do hábito alimentar das crianças,</p><p>mesmo com as mudanças de padrões da sociedade e o aumento do consumo de</p><p>refeições realizadas fora de casa, o âmbito familiar ainda é o principal meio para a</p><p>formação do comportamento alimentar (PEARSON; BIDDLE; GORELY, 2009).</p><p>Durante a infância são os pais que ofertam os alimentos, moldam</p><p>experiências e são usados como espelhos para os seus filhos. Com o aleitamento</p><p>materno, forma-se um elo entre mãe e filho que perdura durante toda a introdução</p><p>alimentar. A representatividade que os pais exercem e a forma com a qual eles</p><p>controlam positiva ou negativamente as práticas alimentares irão perdurar por toda a</p><p>vida (RIDEL, 2013).</p><p>Na fase escolar, as crianças passam a conviver com outros adultos que</p><p>também vão influenciar na formação de seus hábitos alimentares, com isso a escola</p><p>também atua na formação de novos hábitos, e na manutenção da saúde da criança.</p><p>Já na adolescência, tendem a acontecer mudanças no comportamento alimentar,</p><p>devido as transformações que irão ocorrer nesta fase, como as mudanças</p><p>fisiológicas e a importância que o ambiente social ganha para o adolescente.</p><p>Contudo, em qualquer faixa etária, a combinação dos alimentos ingeridos são</p><p>12</p><p>reflexos de experiências individuais que são moldadas por determinantes culturais,</p><p>genéticos, ambientais, sociais e de saúde (CORRÊA, 2017).</p><p>O preparo dos alimentos, o acesso e a disponibilidade interferem diretamente</p><p>no consumo e nos hábitos alimentares das crianças. A população infantil é a mais</p><p>vulnerável do ponto de vista psicológico, socioeconômico e cultural pelo ambiente</p><p>em que se encontra (ROSSI; MOREIRA; RAUEN, 2008).</p><p>Oliveira e colaboradores (2003) destacam que quando o meio em que se vive</p><p>é desfavorável, pode refletir na formação de distúrbios alimentares, que sendo uma</p><p>vez instalado, podem se estender ao longo de toda a vida.</p><p>Quando são iniciados hábitos alimentares saudáveis desde a infância, os</p><p>benefícios à saúde são inúmeros, como também se percebe a influência de boas</p><p>práticas alimentares e proteção da saúde para a vida adulta (MIKILLA, 2004).</p><p>Bortolini, Gubert e Santos (2012), realizaram um estudo que demostrou que</p><p>crianças brasileiras entre 6 e 59 meses apresentam baixo consumo de carnes e</p><p>vegetais e alta ingestão de refrigerantes, frituras, salgadinhos e doces.</p><p>Outros estudos apontam também que o consumo elevado de alimentos com</p><p>alto teor de gorduras saturadas, gorduras trans, sódio, carboidratos simples, além de</p><p>bebidas e alimentos processados e ultraprocessados, nessa mesma faixa etária não</p><p>caracterizam um consumo alimentar saudável (ASTRUP et al., 2008; BIELEMANN et</p><p>al., 2015).</p><p>Os hábitos alimentares inadequados podem trazer uma série de malefícios a</p><p>saúde, a qualidade de vida de crianças e jovens, com consequências físicas e</p><p>psicológicas, trazendo problemas futuros como transtornos alimentares, obesidade,</p><p>deficiência no comportamento alimentar. O que ressalta a importância de se</p><p>conhecer melhor a assunto e aprofundar nas pesquisas e estudos (ZANCUL, 2008).</p><p>Desse modo, se faz importante verificar todos os fatores relacionados à</p><p>alimentação infantil, pois eles são reflexos das práticas sociais e culturais (SILVA; et</p><p>al., 2016).</p><p>A alimentação de um modo geral e em todas as fases da vida é</p><p>determinada por fatores culturais e socioeconômicos. As escolhas alimentares</p><p>apesar de não serem baseadas totalmente no fator econômico são decorrentes do</p><p>capitalismo (CHUPROSKI; et al., 2011).</p><p>A partir da análise dos fatores, podemos entender que as práticas</p><p>alimentares, disponibilidade dos alimentos, frequência e horário das refeições são</p><p>13</p><p>realizadas de acordo com a realidade de casa família (ROTENBERG, VARGAS,</p><p>2014).</p><p>2.2 FATORES QUE INFLUENCIAM A FORMAÇÃO DOS HÁBITOS</p><p>ALIMENTARES</p><p>O comportamento alimentar humano é complexo, sendo formado pelas</p><p>experiências alimentares, que se inicia durante a gestação, se modificam com a</p><p>lactação e a introdução de alimentos durante toda a vida, sendo influenciada por</p><p>diversos fatores (VIANA; SANTOS; GUIMARÃES, 2008).</p><p>Estes fatores são divididos em duas categorias: externos ou ambientais, tais</p><p>como a família, renda, cultura, regionalismo, mídia, tabus alimentares; e internos ou</p><p>fisiológicos, como aprendizagem, motivação, emoção, genética (RAMOS; STEIN,</p><p>2000; QUAIOTI; ALMEIDA, 2006; AGUIAR; AGUIAR; GUEDES, 2013).</p><p>A compreensão dos fatores determinantes para o comportamento alimentar</p><p>possibilita a elaboração de processos educativos mais efetivos na mudança do</p><p>padrão alimentar das crianças (RAMOS; STEIN, 2000).</p><p>2.2.1 Fatores fisiológicos</p><p>Os fatores fisiológicos são aqueles relacionados a genética, experiências</p><p>intrauterinas, aleitamento materno, neofobia e regulação da ingestão de alimentos.</p><p>a) Experiências intrauterinas</p><p>É comum o pensamento de que o leite materno é o primeiro alimento que</p><p>influi na formação do hábito alimentar. No entanto, há pesquisas que mostram a</p><p>possibilidade de experiências na vida intrauterina que contribuem para a preferência</p><p>de alguns sabores (GIULIANI; VICTORA, 2000).</p><p>O feto recebe vários estímulos sensoriais dentro do útero. As papilas</p><p>gustativas são o aparelho necessário para detectar tais estímulos e aparecem pela</p><p>primeira vez por volta da 7ª e 8ª semana de gestação. (BEAUCHAMP; MENNELLA,</p><p>1999).</p><p>14</p><p>É provável que as experiências intrauterinas interfiram nas preferências</p><p>futuras de sabores. O líquido amniótico é aromático e o seu odor é influenciado pela</p><p>dieta da mãe. Existe uma semelhança de aromas entre o líquido amniótico e o leite</p><p>materno, podendo explicar a preferência do recém-nascido pelo cheiro do leite</p><p>materno (GIULIANI; VICTORIA, 2000).</p><p>A composição do fluído amniótico pode variar no decorrer da gestação,</p><p>especialmente a partir do momento em que o feto começa a urinar. Nas</p><p>proximidades do parto o feto humano ingere quase um litro de fluido por dia e é</p><p>exposto a uma variedade de substâncias, como a glicose, frutose, ácido láctico,</p><p>ácido pirúvico, ácidos graxos, fosfolipídeos, creatina, ureia, ácido úrico, aminoácidos,</p><p>proteínas e sais (BEAUCHAMP; MENNELLA, 1999).</p><p>A exposição do feto a algum tipo de odor dentro do útero pode resultar em</p><p>uma preferência pelo referido odor após o nascimento. A título de exemplo, cita-se</p><p>um estudo realizado com filhotes de ratos, que imediatamente após o nascimento</p><p>preferiram o odor do fluido amniótico da própria mãe ao de outros ratos, indicando</p><p>que esta preferência é adquirida antes do nascimento (BEAUCHAMP; MENNELLA,</p><p>1999).</p><p>b) Leite materno</p><p>O leite materno apresenta um papel importante no desenvolvimento do</p><p>comportamento alimentar, sendo a dieta da mãe o principal fator para alterar o sabor</p><p>do leite.</p><p>Segundo Domínguez (2014), os sabores oriundos da alimentação da mãe são</p><p>passados para o leite materno e através da amamentação o bebê é exposto</p><p>precocemente aos sabores e odores relacionados a esses alimentos. Essa</p><p>exposição pode resultar no desenvolvimento da capacidade de resposta preferencial</p><p>a alguns alimentos, que permanecem observáveis em todo o processo de desmame.</p><p>Observa-se ainda que a composição do leite se modifica à medida em que a</p><p>lactação progride. Os níveis de lactose diminuem e aumentam os de cloreto,</p><p>tornando o leite levemente salgado. Essa mudança pode favorecer a aceitação dos</p><p>alimentos complementares no tempo oportuno (GIUGLIANI; VICTORA, 2000).</p><p>Nos primeiros seis meses de vida, a Organização Mundial da Saúde (OMS)</p><p>recomenda que o aleitamento materno seja exclusivo, pois a ingestão única e</p><p>15</p><p>exclusiva do leite materno já proporciona todos os nutrientes e energia necessários</p><p>para o desenvolvimento da criança, exceto quando existe a necessidade da</p><p>utilização de alguns suplementos médicos (WHO, 2007).</p><p>Desse modo, durante este tempo a alimentação da mãe estará influenciando</p><p>na formação do comportamento alimentar do bebê, portanto, os hábitos alimentares</p><p>inadequados da mãe poderão motivar os hábitos alimentares inadequados no futuro</p><p>da criança (ROSSI; MOREIRA; RAUEN, 2008).</p><p>Após os seis meses a OMS recomenda a introdução de alimentos</p><p>complementares nutricionalmente adequados e culturalmente apropriados, como,</p><p>por exemplo, frutas e verduras, mas com a manutenção da amamentação por dois</p><p>anos ou mais (WHO, 2002; WHO 2001).</p><p>c) Neofobia</p><p>A transição da dieta láctea da primeira infância para a alimentação da família</p><p>requer que a criança seja estimulada a experimentar diversos sabores. A relutância</p><p>em consumir novos alimentos recebe o nome de neofobia. Muitos dos alimentos que</p><p>as crianças rejeitam inicialmente terminarão sendo aceitos se a criança tiver ampla</p><p>oportunidade de provar os alimentos em condições favoráveis, logo, deve-se instruir</p><p>a família de que são necessárias pelos menos dez exposições para que o alimento</p><p>possa se incorporar na alimentação da criança (DIAS; FREIRE; FRANCESCHINI,</p><p>2010).</p><p>A aprendizagem é fator importante na aceitação dos novos alimentos, e está</p><p>cientificamente provado que existe relação direta entre a frequência das exposições</p><p>e a preferência pelo alimento (EUCLYDES, 2000). A exposição repetida à prova de</p><p>alimentos com sabores não familiares gera boas perspectivas, no sentido de</p><p>promover preferências e prevenir rejeições alimentares por crianças (WARDLE, et</p><p>al., 2003).</p><p>A rejeição inicial ao alimento muitas vezes é erroneamente interpretada como</p><p>uma aversão permanente a ele, o qual acaba sendo excluído da dieta da criança</p><p>(GIULIANI; VICTORA, 2000).</p><p>Segundo Ramos e Stein (2000) a criança aprende pelo ato de repetição, nas</p><p>várias vezes em que são ofertados os mesmos alimentos, ainda que em alguns</p><p>casos elas se recusem a comer, a criança aprende a gostar do alimento com o</p><p>16</p><p>tempo, pois com a oferta repetida cria-se uma afinidade com o alimento e uma</p><p>adaptação do paladar, que ainda está conhecendo e se formando.</p><p>d) Regulação da ingestão de alimentos</p><p>Para Valle e Euclydes, (2007) a capacidade de ajustar a ingestão de</p><p>alimentos com base na densidade energética, ou seja, à quantidade de energia</p><p>fornecida por grama de peso do alimento, pode influenciar os padrões de aceitação</p><p>do alimento pelas crianças, definindo tanto as suas preferências quanto as</p><p>quantidades de consumo. Quando os pais mostram maior controle sobre o que,</p><p>quando e a quantidade de alimentos que as crianças consomem, elas apresentam</p><p>maior capacidade de resposta ao valor energético dos alimentos.</p><p>As sensações do paladar também servem como indicador do valor nutricional</p><p>do alimento e são importantes no desenvolvimento das preferências alimentares, os</p><p>efeitos do sabor que reforçam a saciedade são encontrados nos alimentos com alto</p><p>teor de gordura e carboidratos, o que pode constituir uma das razões para a</p><p>obesidade (SHIFFMAN, 1999).</p><p>No entanto, as preferências ou aversões alimentares são modificadas com o</p><p>tempo, uma vez que a preferência pelo sabor doce e o consumo de açúcar é</p><p>reduzida na fase adulta (VALLE; EUCLYDES, 2007).</p><p>2.2.2 Fatores ambientais</p><p>Os fatores ambientais são aqueles relacionados ao contexto social,</p><p>econômico e cultural que o individuo</p><p>está inserido e interferem na formação do</p><p>hábito alimentar.</p><p>a) Alimentação dos pais</p><p>A família é considerada o primeiro e o principal agente de socialização,</p><p>transmitindo comportamentos e moldando o estilo de vida das crianças, por meio de</p><p>suas próprias práticas (ABREU, 2010). É no ambiente familiar que o aprendizado se</p><p>inicia e onde acontecem as primeiras experiências alimentares.</p><p>17</p><p>A forma como as crianças aprendem as coisas requer muito cuidado, pois</p><p>costuma ser observando e trocando experiências com as pessoas que estão ao seu</p><p>redor, normalmente essas pessoas são os pais e/ou irmãos. Desse modo, é provável</p><p>que venham a querer os mesmos alimentos que estes consomem, mostrando mais</p><p>uma vez que as escolhas inadequadas dos pais ao se alimentarem irão influenciar</p><p>diretamente as escolhas inadequadas das crianças (ROSSI; MOREIRA; RAUEN,</p><p>2008).</p><p>Pesquisas sobre padrões alimentares comportamentais de sobrepeso</p><p>revelam que as práticas alimentares de pais obesos influenciam no comportamento</p><p>alimentar das crianças, ou seja, pais que têm sobrepeso têm problemas de controle</p><p>de ingestão alimentar e podem levar os filhos a desenvolverem a obesidade (VALLE;</p><p>EUCLYDES, 2007).</p><p>Com isso, percebe-se que a exposição a um determinado tipo de alimento</p><p>dependerá da família. As crianças consumirão os mesmos alimentos que compõem</p><p>a mesa e os hábitos alimentares da família. Assim sendo, é preciso explicar como</p><p>deve ser feita a introdução de alimentos, sendo necessário, muitas vezes, a</p><p>mudança de comportamento alimentar da família, mostrando a importância de</p><p>hábitos saudáveis (ROSSI; MOREIRA; RAUEN, 2008).</p><p>b) Ambiente escolar</p><p>Aos poucos a criança é inserida à sociedade e inicia a sua fase escolar, logo,</p><p>ocorre a convivência com outras crianças e novas experiencias começam a ser</p><p>exploradas, apesar de já apresentarem algumas preferencias alimentares definidas,</p><p>as crianças aceitam espontaneamente novas preparações alimentares (BRASIL,</p><p>2009).</p><p>Para Schmitz (2008) quando a criança começa a ter uma vida social na</p><p>escola, seu perfil começa a mudar, suas preferências acabam assemelhando-se</p><p>com a de seus colegas de convívio da escola e professores, que se tornam suas</p><p>novas referências, sendo a escola o local que a criança passará mais tempo em sua</p><p>vida, ou seja, a escola será umas das principais influenciadora nos hábitos</p><p>alimentares das crianças durante boa parte de seu desenvolvimento.</p><p>O aprendizado social traduz-se na capacidade das pessoas de reproduzirem</p><p>os seus comportamentos e valores observando os comportamentos e as atitudes</p><p>18</p><p>das outras pessoas, assim modificando a si próprio, o que pode ser bom ou ruim,</p><p>como exemplo do ambiente escolar, onde as crianças observam seus colegas,</p><p>professores e funcionários da escola, construindo seus hábitos, comportamento e</p><p>valores, quais estão em constante mudança (PRADO et al., 2012).</p><p>Por isso, deve-se ofertar e estimular a ingestão de alimentos saudáveis neste</p><p>ambiente, já que as preferências alimentares podem mudar em consequência das</p><p>experiências e do aprendizado, assim, hábitos inadequados nesta idade ainda</p><p>podem ser transformados (LAZARI et al., 2012).</p><p>Estudos realizados em algumas cantinas escolares constataram que elas não</p><p>ofereciam uma alimentação saudável, pois a maior parte dos alimentos</p><p>disponibilizados eram industrializados e processados, ricos em açucares e com alto</p><p>teor de gorduras como salgadinhos, frituras, refrigerantes, doces dentre outros.</p><p>Desse modo, as crianças facilmente trocam a ingestão lanches caseiros e saudáveis</p><p>por estes tipos de alimentos, pelo fato de seus colegas consumirem e por possuírem</p><p>um sabor mais agradável a seu ver. A vontade de consumir o alimento</p><p>comercializado na cantina está ligada ao fato de ser diferente do que geralmente</p><p>come em casa, pela influência dos amigos e ainda pela falta opção dos pais, que</p><p>nos dias atuais possuem uma vida corrida e preferem dar o dinheiro para o filho</p><p>comprar um lanche, pois não tem um tempo livre para preparar sua refeição (SALVI;</p><p>CENI, 2009).</p><p>Mas existem escolas que proporcionam uma alimentação saudável, quando</p><p>os educadores fazem os alunos participarem de uma reeducação alimentar, por</p><p>meio de palestras, peças de teatros, jogos e atividades que incentivam o</p><p>questionamento do que é uma alimentação saudável, segurança alimentar e</p><p>nutricional e outros assuntos relacionados com a nutrição, eles incentivam uma boa</p><p>alimentação, ocorre uma transmissão positiva de conhecimento, onde deve-se incluir</p><p>também os donos de cantinas para participarem e aprenderem, tentando levar o</p><p>conhecimento para a sua empresa fazendo com que o seu trabalho contribua para a</p><p>alimentação saudável dos alunos e usuários (SALVI; CENI, 2009).</p><p>Na fase escolar, os pais devem dobrar sua atenção para os hábitos</p><p>alimentares de seus filhos, pois poderão ser afetados por toda sua vida, é</p><p>necessário acompanhar seu estado nutricional das crianças e verificar possíveis</p><p>carências e/ou excessos nutricionais, para prevenir surgimentos de problemas</p><p>19</p><p>futuros, já que seu metabolismo nesta fase encontra-se acelerado, necessitando de</p><p>uma demanda maior e mais qualitativa (CEOLIN et al 2008).</p><p>c) Influência da televisão</p><p>Quando a criança começa a ter contato com a televisão, consequentemente,</p><p>mídia e propaganda atuam como fatores influenciáveis na formação do</p><p>comportamento alimentar. Viana, Santos e Guimarães (2008) discorrem que a mídia</p><p>é um fator determinante que pode tanto motivar como atrapalhas as crianças na hora</p><p>de escolher o que comer pois a maioria das propagandas são manipuladoras e</p><p>tendenciosas, ditam hábitos, quase sempre, não saudáveis.</p><p>A televisão estimula nas crianças a imaginação e o consumo descontrolado</p><p>(GORE, et al, 2003). O poder da televisão, exercido através de seus agentes sociais,</p><p>age na criação de valores míticos como liberdade, autonomia, felicidade e bem-</p><p>estar, indicando, conjuntamente, comportamentos adequados para o alcance de tais</p><p>fins (ANDRADE, 2003).</p><p>Para Almeida, Nascimento e Quaioti, (2002) a exposição de apenas 30</p><p>segundos a comerciais de alimentos é capaz de influenciar a escolha de crianças</p><p>por determinados produtos.</p><p>Uma análise realizada sobre a qualidade dos alimentos que são veiculados</p><p>nas propagandas televisivas demonstrou que 60% dos produtos estavam</p><p>classificados nas categorias gorduras, óleos e açúcares. A predominância de</p><p>produtos com altos teores de gordura e/ou açúcar pode estar contribuindo para uma</p><p>mudança negativa nos hábitos alimentares de crianças e jovens e agravando o</p><p>problema da obesidade na população (ALMEIDA; NASCIMENTO; QUAIOTI, 2002).</p><p>As crianças que assistiram mais a televisão durante a infância tiveram um</p><p>maior aumento da massa gorda, de acordo com um estudo longitudinal realizado</p><p>com 106 crianças de 4 anos de idade, que foram acompanhadas até os 11 anos, no</p><p>qual seus pais responderam, anualmente, a um questionário sobre o hábito de seus</p><p>filhos assistirem à televisão (PROCTOR, et al., 2003).</p><p>Além da televisão, as crianças estão passando cada vez mais tempo em</p><p>frente ao computador, tablet e jogos de celular, participando menos de brincadeiras</p><p>que incluem a prática de atividades físicas, ou seja, a televisão, além de promover o</p><p>sedentarismo, estimula a ingestão de alimentos calóricos. (HALFORD, et al., 2003).</p><p>20</p><p>Vale ressaltar que nem todas as crianças que assistem televisão possuem o</p><p>discernimento entre o que é bom ou ruim, por isso é importante o cuidado com as</p><p>programações voltadas a esse público. Na visão de Popper e Condry (2007) a</p><p>televisão prova as crianças de momento importantes, que poderiam ser usados para</p><p>aprender e adquirir conhecimento sobre questões do mundo em que vivem. Já</p><p>Belloni, (2001) “pressupõe que a televisão deve fazer parte da rotina da criança, pois</p><p>é uma ferramenta de interação da mesma maneira que seus brinquedos”.</p><p>Entende-se que a televisão influencia bastante o comportamento e as atitudes</p><p>das crianças, sendo necessário que os pais ou responsáveis limitem o tempo,</p><p>conheçam o conteúdo dos programas assistidos e também incentivem outras</p><p>brincadeiras, leituras e práticas de esportes.</p><p>2.3 O ESTILO DE VIDA DAS CRIANÇAS ATUALMENTE</p><p>Assim como qualquer ser humano, a criança vive em um mundo socializado e</p><p>globalizado estando seu consumo e sua conduta também propensa a ser</p><p>influenciada pelo meio social em que vive. Essas influências surgem de suas</p><p>necessidades fisiológicas moldadas pela sociedade, pela cultura e pela economia.</p><p>Conforme a criança vai amadurecendo vai adquirindo conhecimentos, competências</p><p>e atitudes de escolhas de consumo em que muitas das vezes os pais e/ou</p><p>responsáveis acabam cedendo.</p><p>Nos últimos anos houve uma mudança no estilo de vida do brasileiro, com a</p><p>saída da mulher para o mercado de trabalho, os pais têm menos tempo para se</p><p>dedicarem aos seus filhos e acabam deixando-os ocupados com videogames,</p><p>celulares, tablets, internet, assim o mercado aproveita e usa estratégias de</p><p>publicidade e marketing de forma a agradar as crianças e as instigar ao consumo de</p><p>alimentos (GROSSI; SANTOS, 2007).</p><p>Diante disso, é certo que existe um novo perfil de consumidor da criança</p><p>quando comparado com anos passados, as quais já conhecem o que é poder de</p><p>compra e como conseguir o desejado, participando e influenciando nas decisões de</p><p>compras mensais da família, conseguindo o poder de escolha e de oposição nas</p><p>compras do supermercado (NETO; MELO, 2013). Ademais, já possuem meios para</p><p>realizar compras sem a presença dos pais ou responsáveis, pois já se tem o</p><p>conhecimento do que é o dinheiro e seu poder de aquisição, sendo que algumas</p><p>21</p><p>crianças recebem de seus pais e/ou outros responsáveis uma mesada ou renda fixa</p><p>para gastos pessoais (DALLAZEN, 2012).</p><p>Segundo Boniface e Gausel (1981), existem três tipos de mesadas praticadas</p><p>pelos pais: primeiro, os pais que não dão mesada por já darem tudo o que os filhos</p><p>precisam; segundo, os pais que dão mesada como uma retribuição ou recompensa</p><p>por algum ato da criança; terceiro, os pais que rotineiramente dão mesada</p><p>independente de contrapartida. Assim, quanto mais habituada à mesada mais</p><p>independente e intervencionista será a criança no processo decisivo de compras da</p><p>família.</p><p>O mercado infantil fatura milhões por ano, usufruindo do poder de compra que</p><p>crianças exercem sobre os pais, o marketing infantil que antes era voltado somente</p><p>para os brinquedos, hoje utiliza estratégias que chamam atenção das crianças para</p><p>o consumo de produtos alimentícios (LINN apud JAIME, 2011).</p><p>Diante desse novo consumidor, a mídia verificou uma grande oportunidade de</p><p>crescimento de mercado, no qual investiram em produtos e propagandas destinadas</p><p>às crianças, sabendo da potencialidade que elas podem exercer sobre o poder de</p><p>compra dos pais (NETO; MELO, 2013).</p><p>Segundo Fiates (2006), o perfil de escolha e aquisição de alimentos será</p><p>diferente de acordo com a idade, crianças até 2 (dois) anos ainda não possuem</p><p>conhecimento de dinheiro e poder de compra, suas escolhas serão realizadas de</p><p>acordo com as preferências de seus pais. Crianças de 5 (cinco) a 7 (sete) anos,</p><p>pedem aos pais, choram e fazem pirraça e já compram com ajuda dos pais,</p><p>portanto, já podem ser influenciadas por propagandas. De 8 (oito) a 10 (dez) anos</p><p>de idade, algumas crianças já realizam compras sozinhas e participam de compras</p><p>em família, pegam o produto e colocam no carrinho, sofrendo influência da mídia,</p><p>amigos e familiares. As crianças de 8 (oito) a 10 (dez) anos possuem maior</p><p>conhecimento sobre a qualidade e valores dos produtos, assim são suscetíveis a</p><p>influência de marcas e produtos de maior valor, a educação financeira é atribuída a</p><p>família que deve ensinar a criança o valor real das coisas, mas quando se fala em</p><p>marcas, esta influência é principalmente da mídia e dos amigos.</p><p>Para Santos (2000), existem três etapas de decisão relacionadas à idade que</p><p>as crianças passam. São elas: do 0 aos 2 anos, fase inicial denominada de Universo</p><p>das Observações em que, quando acompanham seus pais, a criança descobre as</p><p>compras, mas não consegue diferenciar produtos ou marcas; dos 3 aos 5 anos, fase</p><p>22</p><p>do Universo das Indagações em que as crianças começam a demonstrar desejos e</p><p>pedidos aos pais, são capazes de identificar produtos, marcas e certas embalagens;</p><p>dos 6 aos 12 anos, fase do Universo Racional em que a criança obtêm uma postura</p><p>mais ativa e seletiva na escolha de produtos e marcas.</p><p>As alterações no perfil alimentar das crianças e dos adolescentes deriva do</p><p>novo estilo de vida da sociedade e recebe muita influência da mídia, o que acaba</p><p>propiciando o maior consumo de produtos alimentícios processados, com mais</p><p>refeições fora de casa, com a troca da refeição saudável pela praticidade dos</p><p>lanches de entrega rápida, o que acaba levando a alta ingestão de alimentos</p><p>gordurosos, com excesso de açucares e bebidas gaseificadas e a eventual</p><p>diminuição do consumo do tradicional arroz e feijão (DALLAZEN, 2012).</p><p>Rosely Sichieri entende que:</p><p>Os alimentos consumidos fora de casa no Brasil são menos saudáveis do</p><p>que os consumidos no domicílio, porém, ainda é pequena a parcela de</p><p>alimentação fora do domicílio no Brasil, correspondendo a 16% das calorias</p><p>diárias per capita. Esse dado é interessante, pois indica que é na</p><p>capacidade das famílias de comprar e preparar os alimentos que se</p><p>organiza o consumo alimentar no Brasil. Em outros países, como nos</p><p>Estados Unidos, quase toda alimentação já é comprada em porções</p><p>individuais e o ambiente doméstico pouco influencia na preparação dos</p><p>mesmos. O Brasil caminha a passos rápidos para um maior consumo fora</p><p>de casa, que aumenta muito com o aumento da renda (SICHIERI, 2013, p.</p><p>2).</p><p>Assim, entende-se que o novo perfil consumidor da criança, se caracteriza</p><p>como independente, com persuasão ao poder de compra dos pais, com forte</p><p>influência da mídia, do convívio social, com maiores preferências por alimentos</p><p>industrializados de rápido consumo e praticidade para transporte (PIEDRAS, 2013).</p><p>Contudo, essas alterações no cotidiano, trouxeram um aumento da obesidade</p><p>infantil, sendo as crianças as que mais têm predisposição de evoluir para essa</p><p>doença crônica não transmissível, que de acordo com Pereira (2012), também estão</p><p>relacionadas ao estilo de vida e a mudança da dieta, destaca ainda que o maior</p><p>número de crianças com obesidade está entre as idades de 5 (cinco) e 9 (nove)</p><p>anos, que estão em fase de desenvolvimento e maior aprendizado.</p><p>Observa-se que a substituição e a diminuição da prática de atividades físicas</p><p>das crianças, pelo uso dos produtos eletrônicos, como tablets, videogame,</p><p>computador entre outros, está afastando as crianças de um convívio com círculo</p><p>23</p><p>social, propiciando o sedentarismo e em conjunto uma possível evolução para</p><p>sobrepeso ou obesidade (CEOLIN et al., 2008).</p><p>Mayer e Weber (2013) ressaltam ainda que o sedentarismo é umas das</p><p>causas para o aumento da obesidade, em sua pesquisa com 8.020 (oito mil e vinte)</p><p>crianças constatou-se que 81% (oitenta e um por cento) dos alunos de escolas</p><p>particulares e 65% (sessenta e cinco por cento) de escolas públicas são sedentários</p><p>e realizam no máximo 10 (dez) minutos de atividade física por dia, e também que a</p><p>atividade física no ambiente escolar é muito precária e não priorizada.</p><p>Jonevesi (2013) verificou em sua pesquisa em uma escola da rede pública,</p><p>realizada com crianças de ambos os sexos, com idades entre 7 (sete) e 10 (dez)</p><p>anos, que crianças obesas são menos ativas que as outras, além disso, observou</p><p>que existem mais meninas obesas do que meninos, sendo os meninos os mais</p><p>ativos. Destaca ainda que a prática de atividade física está relacionada com o tempo</p><p>das mães junto aos filhos, sendo que as mães desempregadas</p><p>possuem filhos mais</p><p>ativos, por passarem mais tempo com eles e incentivarem a fazer mais atividades,</p><p>as mães com maior nível de estudos também têm filhos mais ativos, por incentivá-</p><p>los a prática de esportes e porque apresentam maiores recursos materiais e</p><p>financeiros.</p><p>A prática de exercícios físicos nas escolas tem virado um dos poucos lugares</p><p>em que as crianças ainda praticam alguma atividade física e outros esportes, pois as</p><p>aulas de educação física acabam sendo a única opção que as crianças possuem de</p><p>promover exercícios físicos regulares. Os professores precisam conscientizar e</p><p>estimular seus alunos a realizarem a prática esportiva, e informá-los sobre os</p><p>benefícios da prevenção de doenças, bem-estar e lazer, incentivando e contribuindo</p><p>para terem uma vida mais saudável (FARIAS et al., 2012).</p><p>24</p><p>3 A PUBLICIDADE PARA CRIANÇAS E A OBESIDADE INFANTIL</p><p>3.1 MARKETING E PUBLICIDADE DE ALIMENTOS</p><p>O marketing é o conjunto de estratégias utilizadas pelas empresas para</p><p>persuadir os clientes a comprarem seus produtos, que envolve o planejamento, a</p><p>concepção, preço, promoção e a distribuição de bens, serviços e ideias. A</p><p>publicidade faz parte do marketing, é a responsável pela promoção, divulgação do</p><p>produto, serviço ou marca com o objetivo de atingir um público-alvo e incentivá-lo a</p><p>comprar (RODRIGUES et al. 2011).</p><p>Lopes (2010) usa a expressão “publicidade sensível” para representar aquela</p><p>que pode trazer algum tipo de dano à sociedade e a classifica em três categorias: o</p><p>produto anunciado, qual o tipo de mensagem e para qual público se destina.</p><p>As estratégias de marketing de grandes empresas do ramo alimentício têm</p><p>desenvolvido táticas de divulgação para seus produtos e marcas de forma que seja</p><p>associada uma imagem positiva, ligada à saúde e sustentabilidade, mesmo que os</p><p>alimentos comercializados por elas não sejam considerados saudáveis, com</p><p>elevadas taxas de gordura, sal e açúcar, como exemplo, as redes de fast-food</p><p>(ROCHA et al, 2012; HARRIS, 2012).</p><p>O marketing alimentar e nutricional promove as informações sobre um</p><p>produto e sua marca por meio da abordagem das várias etapas do sistema alimentar</p><p>e sua afinidade com o consumidor final de forma a chamar a atenção e convencê-lo</p><p>sobre as qualidades do produto e marca (PEREIRA; MONTEIRO, 2014).</p><p>Para Heede e Pelican (1995) o marketing não tem a ideia de desenvolver a</p><p>capacidade intelectual das pessoas, mas sim reforçar e tentar mudar</p><p>comportamentos, através da satisfação e das vontades do consumidor.</p><p>Por outro lado, Kotler (2009) defende que o objetivo do marketing não deve</p><p>ser unicamente “vender”, já que a sua finalidade é tornar a venda um esforço</p><p>dispensável. Então, sua finalidade seria conhecer a clientela ao ponto de que o</p><p>produto/serviço ofertado seja apropriado a cada cliente e se venda por si só,</p><p>resultando em um público tendente a comprar o produto disponibilizado.</p><p>Quando a pessoa é atraída pelas características dos produtos, esta atração</p><p>acaba logo após a aquisição, na maioria das vezes, o indivíduo não é capaz de</p><p>raciocinar eficazmente sua conduta. Dessa forma, a publicidade manipula o</p><p>25</p><p>subconsciente influenciando o consumidor nas suas escolhas (ISHIMOTO, ARAUJO,</p><p>2001).</p><p>Nesta esteira, quando o marketing alimentar é destinado especificamente</p><p>para o público infantil são realizadas várias ações para atrair a atenção desse</p><p>público, como a melhora de nutrientes em alimentos altamente processados, o</p><p>recrutamento de equipe de vendedores especializados, a venda dos produtos em</p><p>embalagens menores, além do estabelecimento de pontos de vendas distintos</p><p>(MONTEIRO; CASTRO, 2009).</p><p>Para Henriques et al., 2012, as estratégias que buscam atrair o público</p><p>infantil, utilizam de artifícios emocionais e afetivos, assim como a oferta de brindes, o</p><p>uso de personagens, apresentadores infantis, no intuito de fascinar as crianças para</p><p>o consumo de seus produtos.</p><p>O entretenimento é o principal artifício utilizado pela publicidade, as empresas</p><p>de marketing investem em brinquedos e brincadeiras, criando uma espécie de</p><p>“mundo encantado” que cercam as crianças, a fim de ganhar sua atenção para o</p><p>consumo de determinado produto (ASSOLINI, 2010).</p><p>Em razão do que veem nos comerciais, as crianças começam a acreditar que</p><p>os alimentos ultra processados são de qualidade, tornam as pessoas mais felizes,</p><p>fortes, atraentes e socialmente aceitas (BRASIL, 2014).</p><p>Fidelix (2015), realizou um estudo com 102 escolares de 7 a 10 anos e</p><p>concluiu que a mídia influência nas escolhas alimentares das crianças</p><p>principalmente pelo uso de artistas, músicas e personagens animados nos</p><p>comerciais. Ressalta também que os produtos com embalagens de cores atrativas e</p><p>diferenciadas, alguns contendo jogos e brincadeiras infantis, e aqueles com brindes</p><p>estão entre os preferidos das crianças.</p><p>De acordo com as pesquisas de Cazzaroli (2011), as crianças influenciam</p><p>cerca de 70% na decisão sobre quais produtos a família costuma comprar. Em</p><p>relação aos produtos alimentícios esse percentual chega a 92%, o que faz com que</p><p>as empresas invistam cada vez mais na publicidade direcionada às crianças.</p><p>Em cerca de 100 anos, a prática do marketing direcionado a crianças que era</p><p>desaprovada, passou a ter altos níveis de crescimento quando as empresas</p><p>perceberam que investir em marketing para o público infantil geraria retorno</p><p>financeiro imediato e futuro. Todos os anos, cresce a quantidade de dinheiro gasto</p><p>com o intuito de alcançar esse público, devido ao fato de que as crianças e</p><p>26</p><p>adolescentes gastam bilhões nas compras, influenciam nas decisões de compras da</p><p>família e asseguram uma possível fidelidade à marca no futuro (LAPIERRE et al.,</p><p>2017).</p><p>Estudos comprovam que há uma exibição exagerada de alimentos não</p><p>saudáveis na televisão e indicam que a maior parte da publicidade direcionada as</p><p>crianças, se refere a alimentos com elevadas taxas de gorduras, sódio e açúcar</p><p>(Organização Pan-Americana de Saúde, 2012).</p><p>De acordo com Rodrigues et al., 2011, antes dos 4 ou 5 anos, as crianças</p><p>ainda não são capazes de distinguir as propagandas da programação. Entre os 4 e</p><p>os 7 anos, são capazes de distinguir propaganda de programação, mas só após os</p><p>11 ou 12 anos são capazes de construir um pensamento crítico acerca da</p><p>publicidade e suas reais intenções.</p><p>A Organização Mundial de Saúde já considera a publicidade de alimentos</p><p>dirigida ao público infantil como de alta densidade energética e que os</p><p>estabelecimentos de fast-food são os que mais concorrem para a obesidade infantil.</p><p>Por este motivo, a publicidade de gêneros alimentícios tem sido alvo de grande</p><p>debate internacional, nos últimos anos, principalmente no que diz respeito às</p><p>crianças (HAWKES, 2004).</p><p>Diante disso, vários países têm adotado medidas legais para limitar a</p><p>publicidade de alimentos dirigida a crianças, seja proibindo a propaganda de</p><p>produtos não saudáveis, do ponto de vista nutricional, seja alterando o horário de</p><p>sua veiculação, ou, ainda, proibindo absolutamente qualquer publicidade voltada a</p><p>esse público (MONTEIRO, 2009).</p><p>3.2 OBESIDADE INFANTIL</p><p>A obesidade é caracterizada pelo aumento exagerado de tecido adiposo no</p><p>corpo, essa definição serve tanto para os adultos, quando para as crianças.</p><p>Doenças crônicas que antigamente só atingiam os adultos, agora estão sendo</p><p>encontradas em crianças e adolescentes, sendo esta doença a que mais cresceu</p><p>nas últimas décadas. (RAMOS et al., 2003).</p><p>O crescente número de crianças com sobrepeso tornou-se um problema de</p><p>saúde pública alarmante (LUCAS; FEUCHT; OGATA, 2012).</p><p>27</p><p>A obesidade infantil é um problema muito sério que pode afetar as crianças</p><p>por toda a vida, pois traz sérias consequências a saúde como: doenças do coração,</p><p>depressão, diabetes, e ainda pode sofrer com o bullying por conta da obesidade. No</p><p>documentário “Muito Além do Peso”, que fala justamente</p><p>sobre a obesidade infantil</p><p>no Brasil mostra essa realidade que muitas crianças passam. Além disso a</p><p>autora/diretora mostra sua crítica frente as formas de propagandas de determinados</p><p>produtos e como isso influi na alimentação das crianças (RENNAR, 2012).</p><p>Pesquisas apontaram um crescimento rápido da prevalência de obesidade e</p><p>doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) ligadas à alimentação, que é</p><p>chamando atenção para as taxas no público infantil (SPARRENBERGER et al.,</p><p>2015). Também mostram que em algumas regiões do mundo, por exemplo os</p><p>Estados Unidos, por volta de 1/3 dos adultos são obesos e uma em cada seis</p><p>crianças e adolescentes tem excesso de peso. Já no Brasil estudos apontam um</p><p>aumento na prevalência de excesso de peso entre crianças e adolescentes</p><p>(NOGUEIRA; SICHIRI, 2009).</p><p>De acordo com a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008-2009 do</p><p>IBGE, uma em cada três crianças brasileiras com idade de 5 e 9 anos encontravam-</p><p>se com excesso de peso. Esses dados revelam que o problema de desnutrição no</p><p>país, agora deu lugar a elevados índices de sobrepeso e obesidade, quando 33,5%</p><p>das crianças tinham sobrepeso e 14,3% obesidade, apenas 4,1% apresentaram</p><p>déficit de peso (IBGE, 2010).</p><p>Crianças obesas têm maior probabilidade de se tornarem adultos obesos</p><p>(RODRIGUES et al., 2011), contribuindo para a formação de uma série de doenças</p><p>crônicas e um aumento considerável das taxas de morbimortalidade (HERNANDES;</p><p>VALENTINI, 2010).</p><p>Umas das ações apresentadas na reunião de alto nível da Organização das</p><p>Nações Unidas, em setembro de 2011, pelo Plano de Ações Estratégicas para o</p><p>Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) no Brasil (2011-</p><p>2022) é a prevenção e o tratamento da obesidade, levando em consideração que ela</p><p>é um fator de risco para o desenvolvimento das DCNT (MALTA; NETO; JUNIOR,</p><p>2011).</p><p>Ainda assim, a obesidade pode ser prevenida através de ações multissetoriais</p><p>que incluam os setores de saúde e os responsáveis pela produção, distribuição e</p><p>comercialização de alimentos (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2014).</p><p>28</p><p>A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), entre 2013 e 2014, revelou que os</p><p>alimentos ricos em gorduras e açucares são consumidos cada vez mais cedo. Os</p><p>dados demonstram que 60,8% das crianças brasileiras menores de 02 de anos</p><p>biscoitos, bolachas e bolos e 32,3% delas tomavam sucos artificiais e refrigerantes</p><p>(BRASIL, 2015).</p><p>Dornelles, Anton e Pizzinato (2014), entrevistaram profissionais de saúde</p><p>sobre suas percepções acerca da função da sociedade e da família no cuidado com</p><p>sobrepeso e a obesidade infantil. Grande parte dos profissionais atribuiu a</p><p>problemática à falta de tempo das famílias para o preparo dos alimentos, à falta de</p><p>atividade física por causa da violência, que faz com as crianças não brinquem fora</p><p>de casa, à exposição excessiva à televisão e ao computador, entre outros fatores.</p><p>Especialistas sugerem que a publicidade de alimentos ultra processados está</p><p>contribuindo para uma epidemia global de obesidade infantil (MOURA, 2010).</p><p>Existe um órgão chamado Instituto de Medicina (IOM) que dá dicas de saúde</p><p>de como diminuir a obesidade infantil, essas dicas são para várias áreas de trabalho,</p><p>na área da saúde os profissionais tem a função de guiar as famílias a como cuidar</p><p>melhor das crianças e também a fazer o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC),</p><p>na industrial para que alertem nas embalagens o que os consumidores estão</p><p>consumindo, que na maioria das vezes, são alimentos processados e</p><p>ultraprocessados, na escolar para que a mostrem e incentivem as crianças a se</p><p>alimentar da maneira correta e a consumir alimentos com maior quantidade de</p><p>nutrientes, além de mostrar a importância de não ser sedentário, e por último o</p><p>governo que deve oferecer a comunidade a oportunidade se alimentar da forma</p><p>correta e de se exercitar (MAHAN; SCOTT-STUMP, 2013).</p><p>Estes alimentos, denominados por Monteiro et al. (2010) como</p><p>ultraprocessados, são caracterizados pelo excesso de gorduras, açúcares e sódio e</p><p>geralmente possuem baixo teor de fibras, tendo alta densidade energética,</p><p>podendo ocasionar obesidade infantil e desenvolvimento de DCNT e futuramente</p><p>podendo causar diabetes mellitus (DM), doenças cardiovasculares, dislipidemias e</p><p>hipertensão, como foi apontado em estudos. (SCHUCH et al., 2013;</p><p>SPARRENBERGER et al., 2015 e ELÍAS-BONETA et al., 2015).</p><p>As Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) já acometem 36 milhões</p><p>de pessoas no mundo e são responsáveis pela grande maioria das mortes, sendo</p><p>29</p><p>derivadas do modo de vida, do perfil alimentar e a pela falta de atividade física</p><p>(WHO, 2011).</p><p>As DCNT são um fator risco, e de ameaça à saúde e ao desenvolvimento</p><p>humano. Os países de baixa e média renda são os que mais sofrem com a</p><p>reincidência dessas doenças (WHO, 2015).</p><p>A produção de alimentos baratos facilitou o acesso a população mais pobre,</p><p>mas também viabilizou dietas de má qualidade nutricional. Isso ocasionou em</p><p>diversos problemas, dentre eles, malefícios à saúde da população, que marcaram o</p><p>cenário epidemiológico das DCNT’s (LANG; BALING; CARAHER, 2009).</p><p>3.3 AS CONSEQUÊNCIAS DA MÁ ALIMENTAÇÃO (INGESTÃO DE ALIMENTOS</p><p>ULTRA PROCESSADOS)</p><p>Pesquisas têm relatado que o consumo de refrigerantes além de ocasionar</p><p>aumento de peso, pode gerar cáries, diminuição de alimentos que são ricos em</p><p>cálcio, consequentemente causando aumento da osteoporose e do diabetes, estes</p><p>dados podem ser controversos (CARVALHO, 2006).</p><p>A alimentação inapropriada de crianças nos anos iniciais de vida está</p><p>relacionada à morbimortalidade em relação as crianças que estão representadas</p><p>com doenças respiratórias, infecciosas, afecções, desnutrição, excesso de peso,</p><p>cárie dental, e falta de alguns nutrientes como vitamina A, ferro, zinco, entre outros.</p><p>Segundo as últimas pesquisas nacionais 1,6% das crianças brasileiras menores de</p><p>cinco anos apresentam baixo peso, 7,4% excesso de peso, 6,8% baixa estatura. Já</p><p>na questão da anemia observou-se que 20,9% e a hipovitaminose A, está 17,4% das</p><p>crianças analisadas. Estima-se que mais 200 milhões de crianças em todo mundo</p><p>não desenvolveram todo seu potencial, por conta alimentação inadequada e demais</p><p>fatores (BORTOLINI et al, 2012).</p><p>Práticas alimentares inadequadas nos anos iniciais de vida de uma criança</p><p>podem trazer serias complicações futuras na vida dessa. A associação brasileira de</p><p>nutrologia alerta contra, segundo o nutrólogo Durval Ribas Filho, problemas como</p><p>pressão alta, doenças cardiovasculares, diabetes, síndrome metabólica, e alguns</p><p>tipos de câncer podem ter origem devidas os alimentos consumidos durante a</p><p>infância (TERRA, 2010).</p><p>30</p><p>Diante disso, algumas das consequências da obesidade são o</p><p>desenvolvimento precoce de doenças crônicas, como por exemplo a diabetes</p><p>mellitus tipo 2, doenças cardiovasculares, hipertensão arterial, dislipidemia e</p><p>alterações hepáticas, que são doenças geralmente encontradas em pessoas</p><p>adultas, e que, em crianças pode trazer alguns danos psicológicos devido a</p><p>obesidade, alguns desse danos pode vir a ser: vergonha do corpo, baixa autoestima,</p><p>depressão, isolamento social e o não aceitamento social (IFF, 2018).</p><p>Os diferentes hábitos alimentares ocasionaram um alto consumo energético</p><p>relacionado à elevada ingesta de macronutrientes (carboidratos, proteínas e</p><p>lipídeos), e consequentemente falta de micronutrientes (vitaminas e minerais). Esses</p><p>diferentes hábitos alimentares como o consumo de ultraprocessados, tem sido</p><p>definido como transição alimentar (SOUZA, 2010; BATISTA FILHO, RISSIN, 2013).</p><p>Em uma dieta baseada em produtos ultraprocessados, que em sua maioria</p><p>consiste em alimentos ricos em grandes quantidades de açúcar, sal e gordura,</p><p>podendo aumentar a prevalência de obesidade e de doenças crônicas não</p><p>transmissíveis, isso por conta de vários fatores tais como: alta densidade energética</p><p>dos alimentos ultraprocessados,</p><p>consumo usual de grandes quantidades de porções</p><p>por baixo custo, baixo teor de fibras e micronutrientes, grande carga glicêmica e alta</p><p>concentração de aromatizantes (ROLLS, 2009). Segundo Ludwig (2011), a alta</p><p>concentração desses aromatizantes em alimentos ultraprocessados pode substituir</p><p>os mecanismos de saciedade endógenos e produzir um comportamento semelhante</p><p>ao vício.</p><p>O consumo de micronutrientes é de extrema importância na dieta, sendo eles:</p><p>vitaminas e minerais, que são necessários para a produção de hormônios,</p><p>fornecimento de energia, contrações musculares, atividade celular, entre outros. A</p><p>substituição dos alimentos mais saudáveis pelos ultraprocessados diminui a</p><p>quantidade dos micronutrientes no organismo, podendo causar anemia, cegueira e</p><p>outras deficiências que podem ser assintomáticas (WORLD HEALTH</p><p>ORGANIZATION, 2004).</p><p>Em consequência da alta ingesta de alimentos ultraprocessados, estes,</p><p>podem estar relacionados a doenças bucais, como a cárie e a doença periodontal,</p><p>que caso não seja tratada pode levar à perda dentária. Por conta disso é essencial</p><p>evitá-los, já que é responsável pela quase totalidade de carga de doença pertinente</p><p>à boca, que gera grandes percas econômicas e incapacidade (KASSEBAUM et al.,</p><p>31</p><p>2017). A relação entre o consumo de sacarose e a cárie é bastante estudada</p><p>(MOYNIHAN; KELLY, 2014; MOYNIHAN; PETERSEN, 2004; SHEIHAM, 2001),</p><p>contando que provas experimentais de que o consumo de açúcar realmente causa</p><p>cárie. Tendo a noção que a quantidade de açúcar consumido nos alimentos</p><p>ultraprocessados é o fator mais relevante, contudo, há evidências que a frequência</p><p>em que é consumido também é significativo (GUSTAFSSON et al., 1954).</p><p>Portanto, é de suma importância bolar estratégias para reduzir o consumo de</p><p>açucares (MOYNIHAN; KELLY, 2014), e a atenção em evitar alimentos</p><p>ultraprocessados parece ser uma estratégia considerável. Entretanto, por hora,</p><p>ainda não há comprovações científicas suficientes para associação desses</p><p>alimentos e a cárie. O excesso do consumo de açúcar também pode estar</p><p>relacionado com a doença periodontal, através de efeitos locais que influenciam na</p><p>quantidade e a virulência dos biofilmes bacterianos causados pelo açúcar</p><p>(MOYNIHAN; PETERSEN, 2004; SIDI; ASHLEY, 1984). Todavia existem diversos</p><p>estudos científicos ligando-a ao diabetes mellitus à obesidade e à síndrome</p><p>metabólica, fatores que estão relacionados ao consumo de alimentos ultra</p><p>processados (GRAVES; DING; YANG, 2020; KOCHER et al., 2018).</p><p>Sendo assim, estes alimentos poderiam estar relacionados com todas essas</p><p>doenças, mesmo que não seja observado um efeito direto. (GENCO; BORGNAKKE,</p><p>2013). Já havendo desenvolvimento das evidências que o consumo excessivo de</p><p>alimentos ultra processados causam diversos malefícios, alguns países já adotaram</p><p>guias e diretrizes alimentares para uma alimentação saudável que se fundamenta na</p><p>redução destes alimentos (BRASIL, 2014).</p><p>32</p><p>4 REGULAMENTAÇÃO DA PUBLICIDADE DE ALIMENTOS DIRIGIDA ÀS</p><p>CRIANÇAS</p><p>Para encorajar e persuadir o público a consumir seus produtos empresas</p><p>utilizam e investem massivamente em técnicas de publicidade e propaganda</p><p>divulgando alimentos como comidas prontas, cereais matinais açucarados, bebidas</p><p>carbonatadas, lanches industrializados, como bolachas recheadas, chocolates e</p><p>salgadinhos, barrinhas de cereais, a maioria ricos em sódio, gordura, conservante e</p><p>açúcar. No Brasil cerca de 60% dos produtos anunciados são alimentos pobres em</p><p>nutrientes. Dessa forma, a escolha de alimentos saudáveis e nutritivos fica difícil,</p><p>principalmente para crianças que é um público muito mais vulnerável (MOURA,</p><p>2015).</p><p>A publicidade e a propaganda de alimentos impactam diretamente e de forma</p><p>poderosa nas preferências alimentares das crianças afetando seu comportamento</p><p>alimentar e influenciando negativamente na dieta, no peso e na saúde. A</p><p>Organização Mundial da Saúde (OMS) e outras entidades concordam que os</p><p>anúncios de alimentos são eficazes e fazem com que as crianças criem emoções</p><p>positivas com as marcas, comam mais realizando lanches entre as principais</p><p>refeições, prefiram alimentos com baixo ou nenhum teor nutricional induzindo seus</p><p>pais ou responsáveis a comprarem esses alimentos.</p><p>Estimativas da OMS apontam que 44 milhões de crianças tenham sobrepeso</p><p>e obesidade e que esse número chegue a 77 milhões de crianças em 2025.</p><p>Atualmente no Brasil existem 2,4 milhões de crianças com sobrepeso, 1,2 milhão</p><p>com obesidade e outras 755 mil com obesidade grave. Levantamento feito pelo</p><p>Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional, de 2019, revela que 16,33% das</p><p>crianças brasileiras com idade entre 5 e 10 anos estão com sobrepeso, 9,38% com</p><p>obesidade, e 5,22% com obesidade grave.</p><p>Observando uma estreita relação entre a publicidade de alimentos para o</p><p>público infantil e o crescente número de doenças crônicas não transmissíveis nas</p><p>crianças, em especial a obesidade, a OMS publicou um documento que lista</p><p>recomendações internacionais para revisão e implementação de regulamentações</p><p>sobre publicidade e propaganda de alimentos para crianças (HAWKES, 2006).</p><p>Na visão geral de regulamentações nacionais sobre a publicidade televisiva</p><p>para o público infantil, do estudo levantado de 73 países, 62 (85%) possuem</p><p>33</p><p>regulamentações específicas para o público infantil sobre publicidade e os demais</p><p>países não fazem referências a esse público ou sequer possuem regulamentação.</p><p>46 países (63%) possuem diretrizes estatutárias, 51 (70%) possuem</p><p>autorregulamentações e 2 com legislação que possibilitem a autorregulamentação.</p><p>Há coexistência de autorregulamentações e regulamentações estatutárias em ao</p><p>menos metade dos países analisados (37) e 32 (44%) têm restrições específicas</p><p>acerca da publicidade televisiva para crianças (HAWKES, 2006).</p><p>Regulamentação estatutária é aquela prevista em leis, estatutos ou códigos</p><p>que complementam as diretrizes determinadas pela legislação sendo o Estado o</p><p>agente principal e controlador. Enquanto que autorregulamentação é a estruturação</p><p>de códigos de práticas definidos pela própria indústria de publicidade e mídia que</p><p>geralmente criam uma organização autorregulatória para o processo de</p><p>estabelecimento, revisão e aplicação do código de prática. Sua estrutura legislativa</p><p>pode ou não ter a participação de agentes governamentais. Ambas as formas de</p><p>regulação podem coexistir e também possuem o mesmo princípio orientador: de que</p><p>a publicidade não deve ser abusiva ou enganosa (HAWKES, 2006).</p><p>Do estudo apresentado por Corinna Hawkes (2006) observa-se quanto às</p><p>restrições específicas à publicidade que na Noruega e na Suíça é proibido qualquer</p><p>comercial de televisão para crianças menores de 12 anos de idade, na Áustria e na</p><p>Bélgica é proibido veicular comerciais antes e depois de programas infantis, na</p><p>Dinamarca há restrições de utilização de personagens de programas infantis nos</p><p>comerciais, na Itália o código de autorregulamentação prevê restrições específicas e</p><p>penalidades financeiras, na Austrália além de restringir a quantidade e frequência de</p><p>comerciais durante a programação infantil sua exibição em programas para crianças</p><p>em idade pré-escolar é proibida, na Ásia dos 16 países avaliados 10 possuem</p><p>alguma forma de regulamentação, na Malásia, no Paquistão e na Tailândia existe</p><p>um sistema de pré-avaliação e aprovação de comerciais.</p><p>A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) preocupada com os altos</p><p>números de obesidade infantil aprovou em 2014 o Plano de Ação para a Prevenção</p><p>da Obesidade em Crianças e Adolescentes que estipula quatro linhas de ações para</p><p>auxiliar os países a reduzir a obesidade infantil. São elas: atenção primária à saúde</p><p>e promoção de aleitamento materno e alimentação saudável; melhoria de ambientes</p><p>de nutrição e de atividade física escolar; políticas fiscais e regulamentação do</p><p>34</p><p>marketing e rotulagem de alimentos; maior</p><p>acesso a espaços recreativos e alimentos</p><p>nutritivos.</p><p>4.1 PERFIL CONSUMIDOR DAS CRIANÇAS</p><p>Com a virada de século, a globalização e o avanço das tecnologias, o perfil</p><p>consumidor das crianças foi afetado tornando-as mais consumistas e independentes</p><p>tendo uma opinião forte nas compras das famílias. Observando isso, o mercado de</p><p>publicidade e propaganda passou a montar estratégias mais direcionadas a esse</p><p>público com mais exibição de comerciais nos programas assistidos pelas crianças e</p><p>uso de personagens ou artistas infantis (SILVA, 2012).</p><p>Segundo um estudo da TNS/InterScience, de 2003, as crianças influenciam</p><p>em 80% das decisões de compras das famílias e das escolhas 92% são produtos</p><p>alimentícios, 86% brinquedos e 57% roupas. A preferência é por biscoitos,</p><p>refrigerantes, achocolatados, balas, chocolates e salgadinhos de pacote, decisão</p><p>essa induzida às crianças em 73% das vezes pela televisão.</p><p>Os dados do Painel Nacional de Televisão de 2014, realizado pelo Ibope</p><p>Media, apontam que crianças e adolescentes com idades entre 4 e 17 anos, de</p><p>todas as classes sociais, passem em média 5h35 de exposição diária à televisão. E</p><p>conforme a Associação Dietética Norte Americana (American Dietetic Association -</p><p>ADA), bastam apenas 30 segundos para um comercial influenciar uma criança.</p><p>4.2 REGULAMENTAÇÃO DA PUBLICIDADE NO BRASIL</p><p>Diante de um crescente mercado de consumo infantil se fez necessário a</p><p>regulação da publicidade de alimentos dirigidas às crianças. Criado em 1991 o</p><p>Conselho Nacional de Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) aprovou a</p><p>Resolução nº 163, de 13 de março de 2014, que dispõe sobre a abusividade do</p><p>direcionamento de publicidade e de comunicação mercadológica à criança e ao</p><p>adolescente.</p><p>Segundo essa Resolução é considerado abusivo toda publicidade ou</p><p>propaganda que utilize: (i) linguagem infantil, efeitos especiais e excesso de cores;</p><p>(ii) trilhas sonoras de músicas infantis ou cantadas por vozes de criança; (iii)</p><p>representação de criança; (iv) pessoas ou celebridades com apelo ao público infantil;</p><p>35</p><p>(v) personagens ou apresentadores infantis; (vi) desenho animado ou de animação;</p><p>(vii) bonecos ou similares; (viii) promoção com distribuição de prêmios ou de brindes</p><p>colecionáveis ou com apelos ao público infantil; e (ix) promoção com competições ou</p><p>jogos com apelo ao público infantil.</p><p>Ao veicular sua publicidade ou propaganda o anunciante deve estar atento e</p><p>obedecer aos princípios e normas previstos na Constituição Federal, no Estatuto da</p><p>Criança e do Adolescente, no Código de Defesa do Consumidor e na Resolução</p><p>citada. Certamente o mercado de consumo não se agradou com essa regulação</p><p>fazendo com que alguns ainda assim violem tais normas. Porém, essa foi uma</p><p>maneira que o Estado encontrou de barrar a publicidade em massa e desenfreada</p><p>veiculada às crianças e consequentemente protegê-las dos males e abusos do</p><p>mercado de consumo.</p><p>Em agosto de 2019 foi realizada uma pesquisa pelo Idec (Instituto Brasileiro</p><p>de Defesa do Consumidor) e Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) com</p><p>crianças de 7 a 12 anos de diferentes níveis socioeconômicos para avaliar a</p><p>influência das estratégias de marketing e o design dos rótulos na sua percepção,</p><p>preferências e escolhas alimentares.</p><p>A pesquisa aponta que, relativo a bebidas, 81% das crianças preferem sucos,</p><p>54% refrigerantes, 28% iogurtes ultraprocessados, quanto a alimentos, 61%</p><p>salgadinhos, 57% frutas, 55% bolos industrializados e 41% biscoitos. Já os pais e</p><p>responsáveis assumem adquirir alimentos industrializados para os seus filhos, sendo</p><p>71% biscoitos e bolachas, 58% bolos e bolinhos, 42% salgadinhos, 36% pães e</p><p>bisnaguinhas, e como bebidas 90% sucos industrializados, 57% bebidas lácteas e</p><p>achocolatados, 28% iogurtes ultraprocessados.</p><p>Por mais que as frutas apareçam na relação, 83% dos pais e responsáveis</p><p>assumiram que as crianças consomem diariamente alimentos e bebidas</p><p>industrializados e 51% afirmaram que a opinião das crianças é fator relevante na</p><p>escolha do alimento e da bebida.</p><p>Ademais, foi constatado que a rotulagem nutricional desses alimentos é</p><p>confusa e inadequada muita vezes fazendo os pais e responsáveis optarem por</p><p>produtos não saudáveis, mesmo que a rotulagem mostre que aquele alimento seja</p><p>rico em valor nutricional com mensagens do tipo: rico em fibras, cereal integral, com</p><p>vitaminas e minerais. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) propôs</p><p>uma regulação nas embalagens para que indiquem claramente o alto teor de sódio,</p><p>36</p><p>açúcar e gorduras totais nesses alimentos ultraprocessados, proposta ainda</p><p>pendente de aprovação.</p><p>4.3 A IMPORTÂNCIA DA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL NA INFÂNCIA</p><p>É função prioritária dos pais e responsáveis a conscientização das crianças</p><p>acerca dos benefícios de um estilo de vida equilibrado e mais saudável para o seu</p><p>desenvolvimento pleno. Deve o ambiente escolar proporcionar à criança orientação</p><p>sobre hábitos alimentares saudáveis, prática regular de atividades físicas, hidratação</p><p>adequada e necessidade de horas de sono (OLIVEIRA; COSTA, 2016).</p><p>Anos atrás a desnutrição e a carência nutricional eram os maiores problemas</p><p>que afligiam as crianças, entretanto os hábitos alimentares das famílias e suas</p><p>rotinas alimentares foram alteradas devido à influência da indústria e do mercado de</p><p>consumo fazendo com que doenças crônicas não transmissíveis, como a obesidade,</p><p>a diabetes, a hipertensão, o colesterol alto e até doenças cardíacas, se tornassem</p><p>mais comum em crianças e adultos. Essa drástica mudança se deu em grande parte</p><p>devido a maior exposição a televisão, videogames, redes sociais e outras mídias</p><p>pelas quais são veiculadas propagandas de alimentos calóricos, pobres em</p><p>nutrientes e ricos em aditivos, sódio, químicos, açúcares, gorduras, diminuindo</p><p>assim o consumo de legumes, frutas, cereais, verduras (MENDES; CATÃO, 2010).</p><p>Observando esse cenário o Estado viu a necessidade da criação de</p><p>programas de governo de prevenção e promoção de alimentação saudável para as</p><p>crianças como: o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), o NutriSUS, o</p><p>Crescer Saudável, o Programa Saúde na Escola (PSE), com a finalidade de orientar</p><p>as crianças, os pais e os responsáveis sobre a importância de uma alimentação</p><p>saudável e assim reduzir o consumo de alimentos ultraprocessados. Contribuindo</p><p>também para a formação de uma consciência crítica nas crianças sobre os alimentos</p><p>que são e que serão ingeridos ao longo da vida. Essa formação crítica é essencial</p><p>para que a criança mantenha seus hábitos alimentares saudáveis durante a fase</p><p>adulta o que irá contribuir para a redução da probabilidade de problemas de saúde</p><p>nessa fase e consequentemente influenciar sua prole nesses hábitos construindo</p><p>assim uma memória alimentar desde a infância.</p><p>Segundo um estudo do Ministério da Saúde 15,9% das crianças menores de</p><p>5 anos estão em sobrepeso e de cada dez crianças entre 5 e 9 anos de idade, três</p><p>37</p><p>estão acima do peso. Levantamentos da OMS indicam que 2030 o Brasil será o 5ª</p><p>no ranking de países com o maior número de crianças e adolescentes com</p><p>obesidade caso nada seja feito para reverter esses números (MINISTÉRIO DA</p><p>SAÚDE, 2019).</p><p>Outro fator importante analisado pelo Atlas da obesidade infantil no Brasil</p><p>(2019) é que 63% das crianças de 5 a 9 anos e 51% das crianças de 2 a 4 anos têm</p><p>o hábito de realizar as refeições assistindo à televisão. Mostrando o quanto a</p><p>televisão influencia na alimentação das crianças.</p><p>As crianças são como esponjas e absorvem tudo o que veem, não tem a</p><p>capacidade de filtrar todas as mensagens veiculadas nas propagandas e nem</p><p>refletem de forma crítica sobre isso. Portanto, uma forma de conscientizar a criança</p><p>a fim de ter uma alimentação saudável e não ser influenciada pela publicidade é os</p><p>pais e responsáveis as orientando que os anúncios não são desenhos animados e</p><p>que</p>