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PLANEJAMENTOPLANEJAMENTOPLANEJAMENTOPLANEJAMENTO ESTRATÉGICO COMOESTRATÉGICO COMOESTRATÉGICO COMOESTRATÉGICO COMO FERRAMENTA DAFERRAMENTA DAFERRAMENTA DAFERRAMENTA DA GESTÃO SOCIAL EGESTÃO SOCIAL EGESTÃO SOCIAL EGESTÃO SOCIAL E NOVASNOVASNOVASNOVAS COMPETÊNCIAS DOCOMPETÊNCIAS DOCOMPETÊNCIAS DOCOMPETÊNCIAS DO SERVIÇO SERVIÇO SERVIÇO SERVIÇO SOCIALSOCIALSOCIALSOCIAL OBJETIVOS DE APRENDIZAGEMOBJETIVOS DE APRENDIZAGEMOBJETIVOS DE APRENDIZAGEMOBJETIVOS DE APRENDIZAGEM A partir da perspectiva do saber-fazer,A partir da perspectiva do saber-fazer,A partir da perspectiva do saber-fazer,A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintesneste capítulo você terá os seguintesneste capítulo você terá os seguintesneste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem:objetivos de aprendizagem:objetivos de aprendizagem:objetivos de aprendizagem: • oferecer um histórico da atuação do Serviço Social como profissão diante das novas demandas profissionais; • apresentar e discutir as novas questões emergentes do Serviço Social como profissão atuante nas demandas sociais; • analisar formas e modelos de planos e programas, bem como projetos sociais que venham de encontro à necessidade da atuação profissional; • debater sobre a necessidade da participação popular na elaboração dos planos e ações das políticas sociais. 1 CONTEXTUALIZAÇÃO1 CONTEXTUALIZAÇÃO1 CONTEXTUALIZAÇÃO1 CONTEXTUALIZAÇÃO Neste capítulo, será apresentada uma refl exão sobre a importância doplanejamento nas atribuições e contribuições do profissional de serviço social nos espaços sócio-ocupacionais, demonstrando os desafios na operacionalização deste enquanto instrumento de trabalho. É importante destacar e reconhecer o planejamento como um instrumento técnico, e, ao mesmo tempo, político, que precisa estar interligado ao projeto ético-político da profissão, focando superar as formas centralizadas, burocráticas e funcionais nos espaços ocupados pelo assistente social. Nesta atual conjuntura, novos desafios são apresentados diariamente nos espaços sócio- ocupacionais de trabalho do assistente social e as mudanças ocorrem através da informação, do conhecimento e, em destaque, da aplicação de novas tecnologias. Considera-se um espaço de contínuas mudanças o que envolve as relações sociais e econômicas, e com isso, as organizações estatais, privadas e sociais perceberam a importância de compreender as mudanças que estão ocorrendo no mundo, tanto no âmbito econômico, social, político, cultural, ambiental quanto em outros. Esse entendimento se estendeu para a importância da dimensão do planejamento como uma ferramenta estratégica em todos os espaços sócio-ocupacionais, enfatizando a atuação do Serviço Social. O planejamento estratégico se institui como uma ação gerencial relevante, em que as ações são projetadas para o futuro, quando os objetivos são traçados e definidos, as estratégias são estabelecidas dando maior visibilidade à ação profissional. 2 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO2 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO2 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO2 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO COMO FERRAMENTA DA GESTÃOCOMO FERRAMENTA DA GESTÃOCOMO FERRAMENTA DA GESTÃOCOMO FERRAMENTA DA GESTÃO SOCIAL E NOVAS COMPETÊNCIASSOCIAL E NOVAS COMPETÊNCIASSOCIAL E NOVAS COMPETÊNCIASSOCIAL E NOVAS COMPETÊNCIAS DO SERVIÇO SOCIALDO SERVIÇO SOCIALDO SERVIÇO SOCIALDO SERVIÇO SOCIAL O planejamento estratégico é considerado, atualmente, um instrumento gerencial que proporciona identificar as ações que são fundamentais e necessárias ao enfrentamento dos desafios profissionais que devem serem vencidos. Esses desafios estão em todos os espaços sócio-ocupacionais, ou seja, tanto nas organizações não governamentais quanto nas privadas e nas públicas, pois requer clareza nos objetivos e estratégias a que se propõem. As organizações precisam de organizar e se profissionalizar, tendo clareza do que se quer realizar. Nesse sentido, este capítulo apresentará ao profissional de Serviço Social como o planejamento estratégico é essencial à gestão das políticas, programas e projetos sociais. 2 .1 PLANEJAMENTO NO CAMPO DAS2.1 PLANEJAMENTO NO CAMPO DAS2.1 PLANEJAMENTO NO CAMPO DAS2.1 PLANEJAMENTO NO CAMPO DAS POLÍT ICAS SOCIA IS E ASPOLÍT ICAS SOCIA IS E ASPOLÍT ICAS SOCIA IS E ASPOLÍT ICAS SOCIA IS E AS DETERMINAÇÕES CONCEITUAIS DEDETERMINAÇÕES CONCEITUAIS DEDETERMINAÇÕES CONCEITUAIS DEDETERMINAÇÕES CONCEITUAIS DE PLANO, PROGRAMAS E PROJETOSPLANO, PROGRAMAS E PROJETOSPLANO, PROGRAMAS E PROJETOSPLANO, PROGRAMAS E PROJETOS SOCIA ISSOCIA ISSOCIA ISSOCIA IS Este subtópico apresenta o planejamento como sendo um instrumento lógico e racional, enfatizando alguns conceitos e determinações conceituais, ou de suas etapas e dimensões. Referem-se a importantes questões para a compreensão enquanto instrumento de ação do Serviço Social na gestão das políticas, projetos e programas sociais. O planejamento é um importante instrumento na gestão das políticas públicas, pois atua de forma sistematizada focando as mudanças da realidade social. No decorrer da história da humanidade, o ser humano sempre conseguiu dar respostas aos desafios encontrados em seu cotidiano. Podemos citar esses desafios, como as novas demandas de atuação profissional (quais desafios são esses?) por meio de novos conhecimentos em todas as áreas de atuação, e diante disso fez com que a ação de planejar se tornasse essencial na hora de tomar decisões. Afirmando esse contexto, Matus (apud BAPTISTA, 2010, p. 14) afirma que: “[...] o planejamento não é mais uma tentativa de viabilizar que o homem tem de governar a si próprio e ao seu futuro: de impor às circunstâncias à força da razão humana”. Diante dessa afirmação, pode-se perceber que o planejamento é uma ação racional, como sinaliza Mannhein (1962), por ser inerente a todos os homens, atribui-se ao Homem a capacidade de pensar sobre determinadas situações numa perspectiva lógica de tempo, planejando, assim, seu futuro. Analisando as afirmações de Baptista (2010), o planejamento é um processo lógico, racional, político e técnico. Segundo as análises da autora, na perspectiva lógica e racional, “ refere-se ao processo permanente e metódico de abordagem racional e científica de questões que se colocam no mundo social. Como um processo permanente e dinâmico de algumas situações em determinados momentos históricos” (BAPTISTA, 2010, p. 13). Dessa maneira, o planejamento se refere a um conjunto de ações que são necessárias e fundamentais para atender a uma demanda específica, como por exemplo, recursos, prazos e resultados. O planejamento se remete também ao trajeto a ser seguido, pois direciona à elaboração de objetivos e indicadores que mostram e sinalizam se o planejamento está indo na direção correta proposta, sendo necessário visualizar os aspectos subjetivos e conjunturais para que aconteça a materialização do planejamento como instrumento de gestão das políticas sociais. Segundo Lozano e Martim (apud BAPTISTA, 2010, p. 18), “não será fácil estabelecer a inter- relação necessária entre o elemento técnico (ou de concepção) e o elemento político de decisão no processo de planejamento”. O desempenho técnico-operativo consiste em planejar as ações de acordo com o grupo gestor, ou seja, as decisões tomadas por este. Como processo racional, o planejamento se organiza em ações que estão interligadas simultaneamente, conforme Baptista (2010, p. 15): a) de reflexão – diz respeito ao conhecimento de dados , à análise e estudo de alternativas , à superação e reconstrução de conceitos e técnicas de diversas disciplinas relacionadas com a explicação e quantificação dos fatos sociais e outros; b) de decisão – se refere à escolha de alternativas, à determinação de meios, à definição de prazos e etc; c) de ação – relacionada à execução das decisões. Essa fase é o foco central do planejamento. Dirige-sede solução para as vulnerabilidadessolução para as vulnerabilidadessolução para as vulnerabilidadessolução para as vulnerabilidades sociais que são reflexos do sistemasociais que são reflexos do sistemasociais que são reflexos do sistemasociais que são reflexos do sistema capitalista e do modelo decapitalista e do modelo decapitalista e do modelo decapitalista e do modelo de produção. Estes programas eramprodução. Estes programas eramprodução. Estes programas eramprodução. Estes programas eram compensatórios e deliberados porcompensatórios e deliberados porcompensatórios e deliberados porcompensatórios e deliberados por meio de critérios políticos e partidosmeio de critérios políticos e partidosmeio de critérios políticos e partidosmeio de critérios políticos e partidos e através de emendase através de emendase através de emendase através de emendas parlamentares da transferência dosparlamentares da transferência dosparlamentares da transferência dosparlamentares da transferência dos recursos financeiros para o enterecursos financeiros para o enterecursos financeiros para o enterecursos financeiros para o ente federado, visando às açõesfederado, visando às açõesfederado, visando às açõesfederado, visando às ações pontuais. A partir da transferênciapontuais. A partir da transferênciapontuais. A partir da transferênciapontuais. A partir da transferência gradual das execuções das políticasgradual das execuções das políticasgradual das execuções das políticasgradual das execuções das políticas públicas federais para estados epúblicas federais para estados epúblicas federais para estados epúblicas federais para estados e municípios, surgiram pilares demunicípios, surgiram pilares demunicípios, surgiram pilares demunicípios, surgiram pilares de sustentação a essa nova forma desustentação a essa nova forma desustentação a essa nova forma desustentação a essa nova forma de governar. Avalie as sentenças agovernar. Avalie as sentenças agovernar. Avalie as sentenças agovernar. Avalie as sentenças a seguir e assinale a alternativa queseguir e assinale a alternativa queseguir e assinale a alternativa queseguir e assinale a alternativa que apresenta as principais leisapresenta as principais leisapresenta as principais leisapresenta as principais leis complementares que instituem ecomplementares que instituem ecomplementares que instituem ecomplementares que instituem e regulamentam as políticas públicasregulamentam as políticas públicasregulamentam as políticas públicasregulamentam as políticas públicas e sua descentralização:e sua descentralização:e sua descentralização:e sua descentralização: 2) Os profissionais de serviço2) Os profissionais de serviço2) Os profissionais de serviço2) Os profissionais de serviço social, no processo de gestão esocial, no processo de gestão esocial, no processo de gestão esocial, no processo de gestão e avaliação das políticas sociais,avaliação das políticas sociais,avaliação das políticas sociais,avaliação das políticas sociais, buscam entender e apreender obuscam entender e apreender obuscam entender e apreender obuscam entender e apreender o cotidiano de suas açõescotidiano de suas açõescotidiano de suas açõescotidiano de suas ações profissionais no fazer das açõesprofissionais no fazer das açõesprofissionais no fazer das açõesprofissionais no fazer das ações para que ocorra o desenvolvimento,para que ocorra o desenvolvimento,para que ocorra o desenvolvimento,para que ocorra o desenvolvimento, implementação e efetuação dasimplementação e efetuação dasimplementação e efetuação dasimplementação e efetuação das políticas públicas sociais. Analisandopolíticas públicas sociais. Analisandopolíticas públicas sociais. Analisandopolíticas públicas sociais. Analisando esse o contexto, assinale aesse o contexto, assinale aesse o contexto, assinale aesse o contexto, assinale a alternativa que afirma qual é aalternativa que afirma qual é aalternativa que afirma qual é aalternativa que afirma qual é a forma que deve acontecer estasforma que deve acontecer estasforma que deve acontecer estasforma que deve acontecer estas ações em relação às políticasações em relação às políticasações em relação às políticasações em relação às políticas públicas sociais:públicas sociais:públicas sociais:públicas sociais: 3 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES3 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES3 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES3 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES Os processos atuais indicam que as formulações dos planejamentos estratégicos, na atual conjuntura, não saíram imunes ao embate entre as forças políticas conservadoras e as forças democráticas brasileiras. Ambas as forças captarão as categorias do planejamento estratégico das políticas sociais e vão redefini-las e redesenhar de acordo com cada interesse. Na visão do fortalecimento democrático, consegue-se chegar em determinados enunciados conclusivos. É necessário que se realize uma revisão na maneira que vem se efetivando o planejamento estratégico em algumas instituições, com responsabilidade da gestão das políticas públicas no Brasil, para que o ato de planejar as ações se insira como uma forma de liberdade e de criação estratégicas. O planejamento estratégico não é apenas uma mudança nos planos de roteiros nem de planilhas, ele é considerado um processo de construção de uma realidade completamente diferente e complexa, sendo esta compartilhada e assumida também pela classe trabalhadora. É imprescindível resistir ao pensamento único da solução de mercado para as demandas nacionais, que acabam invalidando o processo de planejamento estratégico público como um mecanismo governamental e de direção das políticas públicas, em especial as das áreas sociais. No Brasil, o planeamento estratégico precisa absorver a edificação de um legado, marcado pela ousadia de desmonte do sistema capitalista, ou seja, quebrar o eixo central desse sistema, que é a assimilação centralizada da riqueza e a dilatação destrutiva da natureza, ambas causadoras de violência, miséria e fome. As questões relacionadas às transformações de paradigmas devem aparecer no momento em que se está realizando o planejamento estratégico, para que este processo de mudanças da realidade que se deseja se afirme como modelo para as políticas públicas se concretizarem. O planejamento estratégico não pode ser considerado um instrumento de negociação entre o mercado e o setor público no que se refere aos procedimentos de gestão. É um instrumento que vai além das questões de gerência, busca através da participação popular um novo conceito e uma nova ética paras as demandas sociais. Todos os direitos reservados © 2020 Ma. Silvana Braz Wegrzynovski http://livroaberto.ufpa.br/jspui/handle/prefix/523por momentos que antecedem e subsidiada pelas escolhas efetivas na operação anterior, quanto aos necessários processos de organização; d) retomada de reflexão – operação de crítica dos processos e dos efeitos da ação planejada, com vistas ao embasamento do planejamento das ações anteriores. O planejamento por meio de uma visão lógica e racional se manifesta através de ações interligadas e contínuas, sendo reavaliadas continuamente. Nesse processo considerado racional, é nítida e clara a percepção da dimensão político e decisória inseridas nas relações de poder, que dão a direção para as ações técnicas e administrativas dos espaços sócios-ocupacionais onde há a atuação do Serviço Social. Baptista (2010, p. 19) representa essas ações e suas sequências através do seguinte esquema: FIGURA 1 – AÇÕES TÉCNICAS E ADMINISTRATIVAS DOS ESPAÇOS SÓCIOS- OCUPACIONAIS ONDE HÁ A ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL FONTE: A autora Por equacionamento entende-se que é o conjunto de informações levantadas pela equipe técnica e irão subsidiar as tomadas de decisões a partir das situações levantadas, em que os planejadores podem propor ações de resolutividade compreendendo e avaliando a realidade vivenciada. A tomada de decisões decorre, assim, das escolhas realizadas pelo planejador durante o processo de planejamento das ações a serem efetuadas. É importante considerar questões ideológicas, políticas e práticas. O planejamento se torna mais eficaz e eficiente quando direcionado ao envolvimento participativo da população beneficiada em todo o processo das ações interativas. O que ocorre é uma sustentabilidade das ações que são decorrentes do planejamento e que podem possibilitar o surgimento de novas propostas a serem executadas. Os beneficiários, ou seja, os usuários das ações planejadas devem se sentir parte desse processo de planejamento. No modelo mais conservador de planejamento, os usuários, enquanto sujeitos históricos e políticos, não fazem parte desse processo de planejar. Porém, nas novas formas de gestão das políticas públicas, a partir da Constituição Federal de 1988, a população passou a fazer parte desse instrumento como sujeito na elaboração e fiscalização do controle das políticas públicas, enfatizando a importância de um planejamento participativo. Dessa forma, destaca-se a importância da participação dos diferentes segmentos e movimentos sociais nesse processo de planejamento, pois a participação popular acarreta condições concretas na elaboração das políticas sociais, por meio da realidade vivenciada e apresentada. Para Baptista (2010, p. 23), é essencial que: O movimento no sentido da socialização da política e da incorporação permanente de novos sujeitos, com a criação de bases para multiplicação dos mecanismos de participação direta no processo decisório, na qual indivíduos e grupos ganham autonomia e representatividade, desligados da tutela do Estado. Na fase de operacionalização e do detalhamento das atividades no planejamento é importante que as decisões a serem efetuadas aconteça através da elaboração e execução de planos, programas e projetos, sendo esses instrumentos para a implantação das ações planejadas. O planejamento é considerado um instrumento de reflexão e de ações perante uma conexão analítica, em que se estuda determinadas situações e que prevê toda a sua operacionalidade, seus limites e suas estratégias de ação. Para Barbosa (1979), é através do planejamento e de sua racionalidade que é possível garantir algumas condições voltadas ao ato de pensar. O autor afirma ainda que na falta dele, o resultado poderá ocorrer de forma irracional, como exemplo, as emoções, sentimentos e desejos, não pensamos conscientemente, mas somos levados a agir por impulsos. Até o momento atual, o processo de planejamento teve várias fases históricas na sociedade. Para Mannheim (apud BARBOSA, 1979, p. 20-21), “não é necessário dizer que, naturalmente, primeiro, esses estágios não são de forma alguma exaustivos, e poderiam sofrer distinções ainda maiores; segundo, que não julgamos que todas as sociedades passem necessariamente por todos os mesmos estágios”. Em suas análises, Mannheim (apud BARBOSA, 1979, p. 20-21) enfatiza três estágios: a) O primeiro estágio se refere aos aspectos de solidariedade moral da horda. Tinha-se como fundamento os aspectos da vivência em grupo, baseados nos atos voltados para a tradição e o receio, sempre pautado em resultados homogêneos de comportamentos. Dentro deste contexto, o homem ainda não possuía a consciência individual de si mesmo, ou seja, de seus atos, concepções de mundo e convicções individuais, o planejamento volta-se para o grupo, daí a homogeneidade de comportamento.Com horda refere-se às sociedades pré-capitalistas no modo de produção feudal. Que prevaleceu entre os séculos XII ao XV. b) No segundo estágio já se manifesta a disputa pelos interesses individuais de forma competitiva, surgindo, assim, a percepção individual e a consciência de si mesmo. O homem agora passa a enfrentar e a indagar as convenções e os comportamentos grupais. A sociedade que se formava tinha como características o imediatismo e o individualismo. O planejamento, neste período, não possuía uma visão de totalidade e os homens tomavam as suas decisões de acordo com as suas próprias convicções, de maneira individualizada. Para este segundo estágio refere- se ao capitalismo concorrencial, os artesãos possuíam autonomia, mas o lucro ficava nas mãos dos comerciantes. Preponderou entre os séculos XVI ao XVIII c) O terceiro estágio, por sua vez, é uma espécie de junção destes interesses, ou seja, predomina a solidariedade grupal, mas com interesses individuais. Neste contexto, a sociedade está separada em aglomerados e os indivíduos cada vez mais isolados. Os interesses particulares aqui estão subordinados aos interesses dos grupos maiores. É sob a égide do mundo contemporâneo que os detentores de propriedades individuais buscam outras formas de combinar e concentrar capital, formando, assim, empresas e organizações cada vez maiores, movidas pela tecnologia. No terceiro estágio remete-se a fase do capitalismo monopolista, iniciado em meados do século XIX, na Inglaterra e, no século XX, disseminado para todo o mundo. Conclui-se que no decorrer desses três estágios, o ser humano, sendo considerado um ser racional, é levado a abdicar de seus próprios interesses individuais e coletivos para se dedicar aos sistemas de caráter econômico e social que tem como foco a atuação para os interesses das organizações e instituições privadas ou públicas. O planejamento, que surgiu das necessidades coletivas e individuais das pessoas por meio da sua convivência na sociedade, no século XIX, passa a ser congregado pelo setor privado e público. Contudo, pode-se afirmar que o planejamento está ligado à modernidade como sendo um mecanismo de tomada de decisão, principalmente no que diz respeito aos contextos históricos das mudanças sociais e econômicas, e que por si só acabam alterando as estruturas de poder do sistema, resultando em transformações ideológicas. Com a ampliação de seus espaços de intervenção, o planejamento como instrumento de mudanças ideológicas acaba ficando submisso à compreensão de novas possibilidades no atual contexto social e econômico, sendo essencial para sua operacionalização. Segundo IANNI (1996), a instrumentalização do planejamento como uma prática em algumas situações específicas surgiu, incialmente, em decorrência dos interesses de quem detém o poder de decisão, sendo este em grande escala, como as demandas do setor privado, indústrias ou empresas. Nessa conjuntura, os administradores eram provocados diariamente por diversas complexidades e situações relacionadas às demandas de trabalho, avaliando que as respostas imediatas não eram suficientes para transformar o espaço institucional. Essa constataçãodeu ênfase para serem identificados os diversos problemas e suas causas, permitindo assim a elaboração de táticas e estratégias interventivas que possibilitaram a mudança institucional. Portanto, nesse sentido, fez-se necessária a contratação de técnicos especializados com condições e conhecimentos para planejar as ações futuras das instituições. O cargo, ou a função de administrador, surgiu nessa conjuntura, da necessidade e de profissionais que contribuem para o planejamento organizacional. Para Lafer (1987), um dos primeiros teóricos clássicos da administração e que abrangeu o planejamento como um instrumento voltado a planejar, organizar, coordenar e controlar a produção industrial, visando ao futuro, foi Henry Fayol. Segundo o autor, para Henry Fayol, administrar significa “olhar para frente”, levando à empresa privada o exercício de pensar etapas do processo produtivo, com o foco que diferencia daquele que apenas executa, ou seja, os planejadores e executores, daquilo que foi planejado. Inicialmente, esse modelo de planejamento surgiu no seio das indústrias privadas e depois passou a ser incorporado pelas administrações públicas governamentais e não governamentais. O planejamento, enquanto ferramenta da política econômica é recente, mesmo em se tratando de países socialistas. A primeira experiência de planejamento da administração pública surge na União Soviética, em 1929, que adotou o primeiro plano quinquenal, anterior à primeira Guerra Mundial, sendo o único país que utilizava o planejamento de forma sistemática. A questão central do órgão de planejamento nesse país estava voltada para os objetivos do governo e se baseava em informações sobre a própria economia (dados sobre o período anterior, existência de pontos de estrangulamento na economia, entre outras questões). O ponto de partida do plano tratava de estabelecer metas para o crescimento da renda e as ações estabelecidas pelo governo serviriam de base para o planejamento sobre as empresas, tendo em vista que o controle da produção estava nas mãos do governo. A grande questão a ser superada era como atribuir um valor final ao produto e como utilizá-lo sem desperdícios maiores, de forma a possibilitar maior qualidade de vida para a população. Sendo assim, nos países de economia socialista, em vez de o mercado regular a economia, quem o faz é o governo. Dessa forma, por meio de uma programação linear, determinava-se a estrutura e a oferta de bens e serviços, predominando os interesses da coletividade e a centralização das decisões. Por sua vez, o planejamento econômico em países capitalistas, de acordo com as análises de Ianni (1996), refere-se a um processo de acumulação privada de capital, que abrange alguns elementos fundamentais a exemplo do capital, força de trabalho, tecnologia e divisão social do trabalho. Cabe destacar que as forças produtivas não se organizam, desenvolvem e reproduzem apenas pela ação empresarial onde operam as dimensões econômicas. Nesse contexto, os empresários maximizam os lucros e competem entre si, o preço do produto é igual ao custo da produção. Para tanto, os capitalistas ainda contam com a esfera governamental que também é indispensável para a organização e reprodução das forças produtivas. FONTE: HORA, M. M. C. C. A atuação doFONTE: HORA, M. M. C. C. A atuação doFONTE: HORA, M. M. C. C. A atuação doFONTE: HORA, M. M. C. C. A atuação do assistente social no planejamento e gestão dasassistente social no planejamento e gestão dasassistente social no planejamento e gestão dasassistente social no planejamento e gestão das polít icas de assistência social e saúde no Municípiopolít icas de assistência social e saúde no Municípiopolít icas de assistência social e saúde no Municípiopolít icas de assistência social e saúde no Município de Aracaju-SE. São Cristóvão, 2014. 118 f.de Aracaju-SE. São Cristóvão, 2014. 118 f.de Aracaju-SE. São Cristóvão, 2014. 118 f.de Aracaju-SE. São Cristóvão, 2014. 118 f. Dissertação (Mestrado em Serviço Social) –Dissertação (Mestrado em Serviço Social) –Dissertação (Mestrado em Serviço Social) –Dissertação (Mestrado em Serviço Social) – Universidade Federal de Sergipe, 2014.Universidade Federal de Sergipe, 2014.Universidade Federal de Sergipe, 2014.Universidade Federal de Sergipe, 2014. Capítulo 2 Plano: é um documento mais abrangente e geral, nele contém estudos, análises de determinadas situações ou diagnósticos que são fundamentais à identificação das demandas a serem atacadas, dos programa e projetos que são necessários, como dos objetivos, estratégias e metas de um governo, de um determinado ministério, secretaria ou de uma unidade. Programa: é um documento que indica um determinado conjunto de projetos, em que os resultados visam abranger objetivos maior de uma política pública. Projeto: é considerado a menor unidade do processo de planejamento. É um instrumento técnico-administrativo de execução de empreendimentos específicos, e que são direcionados às mais diversas atividades interventivas e de pesquisa no espaço público e privado. Universidade Federal de Sergipe, 2014.Universidade Federal de Sergipe, 2014.Universidade Federal de Sergipe, 2014.Universidade Federal de Sergipe, 2014. Afirma-se, então, que em qualquer regime econômico que é adotado nos países, o modelo de planejamento estatal se estabilizou como uma ferramenta importante de gestão das políticas públicas, de forma que consegue ordenar os procedimentos visando ao alcance dos objetivos e na resolutividade de diversas situações. Citando novamente Barbosa (1979, p. 30-31), este elenca elementos importantes do planejamento, sendo eles: a) Atividade sistematizada, ou aquela que supõe certos tipos de procedimentos que quando ordenados garantem um dado método ou caminho metodológico, guardando sua identificação com um comportamento científico. b) Reflexão crítica que significa não um simples levantar e tabular dados, mas envolve uma análise cuidadosa dos mesmos, estabelecendo as inter-relações causais. c) Caminhos e alternativas, o que pressupõe que o planejamento não determina, mas levanta pistas, examina-as, estudando suas implicações para oferecer o elenco de opções que vai facilitar a decisão acerca daquela alternativa que vier a ser escolhida. Baptista (2010) considera o ato de planejar uma atividade dialética, pois permite a busca de respostas através de ações reflexivas sobre determinada situação, sendo importante estabelecer, primeiramente, a elaboração de um diagnóstico da realidade atual, após, a decisão de quais são os objetivos e metas que se pretende alcançar e, por último, a concretização das ações, por meio de processo de reflexão, decisão e de ação. A visão do todo num processo de planejamento deve ser preservada, mesmo se tratando de ações setorizadas ou locais. O planejamento, por ser considerado um instrumento processual, é composto por diferentes etapas que são interligadas e se relacionam entre si, buscando alcançar os objetivos almejados. As características do processo de planejamento são flexíveis, podendo ser revisadas conforme a necessidade. Para Barbosa (1979, p. 32-33), as etapas do processo de planejar são 1) Conhecimento da realidade: expressa o processo sincrético, analítico e de síntese de conhecer a realidade social, econômica ou territorial em apreço. 2) Decisão: por certo que o processo de conhecimento da realidade exige, nos seus mais variados momentos, decisões. 3) Ação: entendemos a implantação ou efetivação das “decisões” tomadas tendo em vista transformar alguma situação em apreço. 4) Crítica: sob este rótulo se compreenderá todo o conjunto de processos ou sub-processos de acompanhamento, controle e avaliação do desempenho de determinadas operações objetivando “realimentar o processo decisório tendo em vista a correção dos desvios ou distorções do processo executivo (ação) naconsecução dos objetivos estabelecidos”. Na elaboração de um planejamento é necessário, antes de tudo, conhecer a realidade em que se está atuando, mapeando todos os indicadores. Estes podem ser diagnosticados através de dados quantitativos. Com o levantamento do diagnóstico, as decisões podem ser tomadas de acordo com as prioridades das propostas elencadas. A ação é considerada uma etapa primordial do planejamento, é quando ocorre a concretização do processo planejado, onde existe a mudança da realidade desejada. O gerenciamento do processo de planejamento é o momento em que acontece a avaliação e até mesmo o redirecionamento das ações. A prioridade do planejamento econômico acontece nas esferas governamental, federal, estadual, municipal, em decorrência das demandas sociais. O objetivo sempre foi o crescimento econômico, mesmo não considerando seus impactos para a sociedade e também para o meio ambiente. O foco era o aumento do Produto Interno Bruto (PIB), por meio do acelerado crescimento tecnológico e do desenvolvimento industrial, deixando à mercê as condições ambientais e a situação social das pessoas, quando o crescimento econômico do Brasil era o foco. Para Fonseca (2006), houve períodos em que essa questão era mais relevante. Para o autor, no período do Liberalismo Econômico, que defendiam como órgão regulador o mercado, o crescimento estava voltado às classes mais altas da sociedade, através de investimentos em produtos de consumo e bens duráveis para beneficiar essa classe social. Essa situação se desenhava como uma forma de conflito entre mercado e planejamento e entre a função do Estado e o planejamento. O que se percebe é que a falta de objetivos e metas bem definidas em curto, médio e longo prazo de um planejamento pode acarretar um baixo desenvolvimento de países, como aconteceu nas últimas décadas do século XX. Holanda (1983, p. 36) afirma que “o prognóstico, portanto, é o resultado de uma revisão das projeções, à luz de diretrizes de política econômica que expressam os desejos e aspirações da comunidade. A formulação dessas diretrizes, por sua vez, está estreitamente associada à definição dos objetivos e instrumentos de política econômica do país”. Ao que se refere às demandas da Administração Pública, o processo de planejamento vem de encontro à necessidade de melhorias nas áreas sociais e econômicas, em especial nos países em desenvolvimento, onde sua política econômica é desigual, ou seja, injusta para classe baixa e vulnerável. Para Holanda (1983, p. 37), todo o planejamento necessita: “[...] antecipar soluções para problemas previsíveis e especificar as medidas de política econômica necessárias para remover os obstáculos que limitam o crescimento da renda e a mudança estrutural da economia”. Sendo assim, é necessária uma estrutura organizacional que se responsabilize desde a formulação, execução, controle até o monitoramento das ações traçadas no planejamento. Essa estrutura deve ser formada por técnicos capacitados que atuem junto à administração e foquem mudanças culturais no que diz respeito aos planejamentos das políticas públicas. Os governos deverão promover condições necessárias e fundamentais que contribuam com uma ruptura com os processos burocráticos até então utilizados, e facilitem o desenvolvimento de todo processo de planejamento. Essa equipe deve ser composta por profissionais capacitados e qualificados, pois é necessário realizar um diagnóstico real da realidade social e conjuntural, sendo assim, o conhecimento técnico do Serviço Social é essencial nessa fase. Através desse diagnóstico, consegue-se elaborar planos e projetos que visem ao desenvolvimento econômico e social do país, estado ou município, porém, o planejamento deve ter ações que se estendam a diversas dimensões conjunturais. Para Friedman (1959), essas dimensões podem ser: • Dimensão humana: apresenta o sujeito como ator principal, sendo este que elabora e executa as ações planejadas. Essa dimensão se manifesta através dos aspectos humanos, sociais e psicológicos. • Dimensão psicológica: refere-se a uma ação de nível inteligente e é executada através de operações processuais, sendo identificadas com interações, pensamento e ação. • Dimensão social: envolve três aspectos importantes: a satisfação imediata, a integração entre os sujeitos e a sistemática de ação. O primeiro aspecto reporta-se às necessidades humanas consideradas primárias e que são executadas por meio de impulsos e ações imediatas. O segundo aspecto está relacionado às relações sociais e a precisões de se planejar conforme as demandas da população, enfatizando a participação desta em todo processo de planejamento. Já o último aspecto se refere à sistemática de ação, em que o planejador é o responsável pela leitura das demandas da população e, com isso, pensa em ações que possam transformar a realidade por meio da participação social. • Dimensão política: essa dimensão é decorrente do processo contínuo de tomadas de decisões, podendo ser no âmbito governamental ou privado, em que são relevantes o respeito e os anseios de todos os envolvidos. Porém, é importante destacar que nessa dimensão nem sempre ocorre a participação da população, sendo o planejamento restrito apenas a técnicos e à cúpula governamental ou gestores de empresas. Segundo Barbosa (1979, p. 54), na esfera governamental, essa participação: [...] vai depender de cada modelo de desenvolvimento, que se expressa num dado estado político organizacional e no qual se definem maiores ou menores possibilidades para a participação das populações no processo de decisão. Neste processo, porém, é a forma organizacional da sociedade civil que constitui a medula da participação coletiva. Resume-se que todo planejamento, quando define as ações, acaba agregando diversas dimensões, sendo todas interligadas e uma complementa a outra. Quando surgem das necessidades das pessoas, acabam se juntando a elas fatores sociais e econômicos, além da participação popular na tomada de decisões e metas traçadas. Nesse sentindo, os planos de governo devem ser elaborados considerando todos os elementos acima citados, em especial, os que visem ao desenvolvimento socioeconômico através da gestão das políticas públicas sociais. Com isso, novas possibilidades de trabalho surgem na área da formulação, gestão e avaliação das políticas sociais, como na elaboração dos instrumentos de gestão pública para o Serviço Social. Novas atribuições são requisitadas aos assistentes sociais, exigindo uma assimilação de conceitos e procedimentos por cada profissional quando se refere ao planejamento e gestão das políticas públicas sociais. 2 .2 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO:2 .2 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO:2 .2 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO:2 .2 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO: FORMA CONTEMPORÂNEA DEFORMA CONTEMPORÂNEA DEFORMA CONTEMPORÂNEA DEFORMA CONTEMPORÂNEA DE PLANIF ICAÇÃO DOS PLANOS,PLANIF ICAÇÃO DOS PLANOS,PLANIF ICAÇÃO DOS PLANOS,PLANIF ICAÇÃO DOS PLANOS, PROGRAMAS E PROJETOS SOCIA ISPROGRAMAS E PROJETOS SOCIA ISPROGRAMAS E PROJETOS SOCIA ISPROGRAMAS E PROJETOS SOCIA IS Historicamente, os assistentes sociais têm sua trajetória permeada por um caminho progressivo do ponto de vista técnico, ético e político, tanto na dimensão conceitual como na operativa. A profissão vem se consolidando através de novas conquistas e responsabilidades na atuação profissional nos espaços ocupacionais, onde se pede reivindicações de expansão qualitativas e quantitativas na área teórica e prática. Nesse sentido, a atuação dos assistentes sociais se torna cada vez mais complexa e desafiante, em que são solicitados novos mecanismos intelectuais de trabalho e que redefinem as funções predominantes nos espaços de atuação do Serviço Social, consequentemente, abrem-se novos espaços de trabalho. São novas possibilidades de atuação no campo daformulação e avaliação das políticas públicas, planos, projetos e programas sociais que impõe a apropriação de conceitos e procedimentos para a atuação profissional em relação à gestão institucional. Essas conquistas se confirmam por meio de Lukács (1989), quando este diz que toda e qualquer atividade humana tende a ganhar, no exercício contínuo, graus superiores de realização e de complexidade. E isso não seria diferente com a atuação do profissional de Serviço Social. Atualmente, temos uma grande demanda em todas as esferas governamentais no país para planejamento, gestão e formulação das políticas públicas legalmente fundamentadas na Constituição de 1988, a qual avançou na concepção de direitos sociais, como por exemplo, a política de Seguridade Social, através do seu tripé: Saúde, Previdência e Assistência Social, e também em outras áreas que foram conquistas das minorias com a promulgação da Constituição. Com isso, os profissionais de Serviço Social acabaram liderando funções de comando em diversos espaços de poder institucional, tanto no Judiciário, Executivo e Legislativo, levando a estarem preparados para os trabalhos de gestão e planejamento que passam a ser atribuídos ao seu labor. Em nível governamental, ministérios, secretarias ou órgão gestor têm a responsabilidade de elaborar suas políticas por meio de programas e projetos e de supervisionar e gerenciar estes, em que a atuação do assistente social cada vez mais se torna essencial. Os próprios governos municipais solicitam a participação deste profissional. As elaborações das políticas sociais, diante das novas exigências de democratização dos espaços públicos, permeiam as áreas estatal e civil da sociedade, e estas deixam de ser cada vez menos ligadas ao âmbito da gestão e do poder, tendo a participação da população nesse processo. Existem estudos que mostram que o planejamento tem uma tradição antiga nas culturas que são bem-sucedidas, como na afirmação de Habermas (2002), em que o autor coloca o planejamento como um produto da modernidade. Já Tatiwa (2004) afirma que é impossível imaginar a construção das pirâmides do Egito sem um planejamento prévio, ou as conquistas do Império Romano sem estratégias de guerra. No ano de 1884, o Japão elaborou o Kogyo Tkey, um plano decenal japonês que foi considerado o primeiro plano de desenvolvimento realizado no mundo. Já Fayol, 1916, publica estudos sobre o planejamento empresarial, e no ano de 1920, aparece a primeira experiência de planificação socialista da sociedade na antiga URSS. Nas sociedades que são consideradas capitalistas, o ideário liberal não instiga a planificação da sociedade, em que as experiências de planejamento são intensificadas somente após as guerras mundiais, e são privilegiadas as demandas econômicas. O marco inicial de planejar o mundo capitalista do Ocidente é o New Deal (1933- 1945). A França, em 1946, elaborou o Plano de Recuperação Econômica, sendo este modernizado, e no ano seguinte, em 1947, os EUA elaboram um plano que visava à recuperação econômica da Europa e Japão, chamado de Plano Marshall. No Brasil, o último plano proposto foi o Plano de Aceleração da Economia, o PAC. Este, como todos os demais que já surgiram, como o Plano de Metas, do governo de Juscelino Kubitschek (JK), os Planos Nacionais de Desenvolvimento, durante o período da ditadura militar, visam, em suas propostas, ações para elevar a área econômica. É necessário ter mobilização para que as políticas sociais estejam inseridas nos Planos Globais de Desenvolvimento Sustentável e Econômico. O termo “ter pressão” não ficou muito adequado, sugerimos o termo “mobilização” ou até “questionamento” diante das contradições impostas pelo capitalismo, que gera insatisfações na sociedade e assim delega ao Estado responder a estas demandas por meios de políticas sociais. Muitas vezes, o planejamento é confundido com plano, programa e/ou projetos, sendo estes, instrumentos para que o planejamento se efetive. Carvalho (2012) deixa claro qual é função de cada um para se concretizar as políticas públicas, sendo: A diferença entre plano, programa e projeto está no nível de associações das decisões e no detalhamento das operações que serão executadas, sendo assim, o plano tem um maior nível de agregações de decisões que um programa, e este, maior que de um projeto. Porém, um projeto tem mais detalhamento nas operações a serem realizadas que os programas, e este, tem mais que um plano. Uma gestão democrática exige que seja constituído, além dos planos, programas e projetos, com ações num determinado prazo, a estruturação do aparelho estatal, de sistemas, benefícios e serviços que serão direcionados à população, sendo ela urbana ou rural, e das classes em situação de vulnerabilidade social. Essa estruturação é a implementação dos direitos que são garantidos em lei, e devem ter ações permanentes e estar contidas no processo de planejamento, sempre serem avaliadas, revisadas e aperfeiçoadas. Como exemplos de sistemas permanentes no Brasil, pode-se se citar o Sistema Único de Assistência Social (SUAS), Sistema Único de Saúde (SUS), Sistema Previdenciário, Sistema Educacional, Sistema Prisional, entre outros. Nesses sistemas acontecem as estruturas das ações, em que cidadãos procuram atendimento para suas demandas sociais. Existem organizações que efetuam suas atividades através de estruturas fora dos sistemas, como exemplo, a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), porém a intenção é realizar ações integradas e unificadas em todo território nacional. O planejamento estratégico é visto atualmente como uma forma da planificação das ações. Alguns estudos permitem que essa temática do planejamento consiga ressurgir com uma certa importância renovada no contexto político e social em todas as esferas do poder público e privado. O desencanto que vem tendo o planejamento tradicional, que é chamado de “normativo” pelo autor Matus (1985), busca novas alternativas teóricas e metodológicas no modo de planejar, buscando superar as antigas técnicas e métodos, que permitiam buscar reflexões e encaminhar ações planejadas de gestão. Quando se absorve a ideia de estratégias em instituições governamentais e não governamentais, efetiva-se uma ação política para as demandas de gestão pública e concretiza-se a unidade a ser gerenciada como uma unidade plural, em que inconformação é um argumento presente diário e a utopia acaba sendo um horizonte para alcançar os objetivos traçados. A sociedade a que se destinam todas as ações planejadas, neste contexto, também é considerada um instrumento plural. Em todas as ações governamentais e não governamentais há instrumentos e ferramentas que facilitam e possibilitam a elaboração de novos mecanismos, que agilizam a concretização dos projetos que sempre eram um sonho para a sociedade. No início deste novo milênio, houve uma disseminação rápida das ideias e conceitos do planejamento estratégico. Atualmente, enfrenta-se e observa-se as críticas já feitas e retoma-se ao planejamento estratégico como uma forma de mostrar as faces que estão ocultas no planejamento tradicional. O planejamento estratégico atual coloca em suas reflexões qual é o papel da estratégia em todo o processo de tomadas de decisões que são compartilhadas com outras políticas públicas. Pois toda ação estratégica, além de um sentido político para a gestão das políticas Responder públicas e para efetivar um planejamento, resgata a noção de combate, reconhecendo as instituições como instrumentos específicos de luta para as mediações das demandas específicas. Existem muitos desafios para se combater na atual sociedade em que vivemos, como o preconceito, a injustiça, a violência, a desinformação, a fome, a miséria, a amoralidade, a desigualdade, o racismo, o desemprego, a marginalização e tantos outros. O Serviço Social tem um compromissoético com essas lutas, e se estamos no meio de um combate, precisamos ter êxito, envolvimento e, acima de tudo, um agir profissional que dê garantia ao cidadão de ter seus direitos garantidos. O cotidiano e a rotina de uma instituição que não é despertada para as ações estratégicas de combater as mazelas sociais, ficando apenas nas atividades burocráticas diárias, não assume seu fundamental papel para alcançar os objetivos traçados, é necessário comprometimento e coragem para sair da rotina. As metas ambiciosas são as envolventes e que podem ser alcançadas por caminhos simples, com ações definidas. O que dificulta, na maioria das vezes, alcançar as metas traçadas são os processos institucionais burocráticos, como exemplo, uma licitação para a compra de materiais de expediente que demora seis meses para se efetivar. Neste sentido, o maior desafio é simplificar os trajetos rumo aos objetivos traçados. Algumas instituições ainda exercem suas atividades de modo arcaico, impendido assim uma intervenção estratégica. O autoritarismo é um exemplo a ser citado, ou quando todas as conquistas são centralizadas, sem nenhuma socialização com a equipe, pois o êxito do trabalho é resultado de todos. Para Hamel (1993), existe outro obstáculo a ser enfrentado que é a “alocação” de recursos. Mais do que “serem alocados”, estes recursos devem ser usados a que foram destinados. O autor afirma ainda que o “custo” não é uma competência central do planejamento estratégico, para ele, a competência central é a qualidade social concreta. Ainda citando Hamel (1993), a qualidade não pode ser resumida, da forma como vem ocorrendo, a um chavão discursivo que sirva como álibi para os velhos propósitos e nem para a modernização de equipamentos e prédios. Para Hamel (1993), a qualidade é ter coragem de afirmar os princípios ético-institucionais e os objetivos sociais, é conceber as instituições em interação com seu ambiente, abertas e sensíveis aos movimentos sociais que estão em seu meio, e estar em uma interlocução com a sociedade permanentemente para alcançar o futuro que se quer. Nessa visão, pode-se perceber que planejamento e gestão pública planejamento e gestão pública planejamento e gestão pública planejamento e gestão pública andam juntos, pois encalçam mecanismos que admitem fluir em direção democrática da gestão das instituições ou dos espaços sócio- ocupacionais de trabalho. A visão de estratégia no planejamento aparece para revelar seu modo de concepção e ação para sua efetividade institucional ou não, em que os diversos interesses e posições políticas disputam o alcance de resultados. Elaborar políticas públicas sociais no sistema capitalista e no contexto neoliberal é afrontar diversas forças sociais e políticas que sempre defenderam os interesses de um Estado Mínimo de direitos. Sendo assim, é necessário lutar para assegurar que o Estado garanta os direitos sociais adquiridos para a população. O conceito de estratégia é ligado à ciência ou a à arte da guerra, daí seu sentido etimológico, tomado do grego strategía, o define como “arte militar de planejar e executar movimentos e operações de tropas, navios e/ou aviões, visando alcançar ou manter posições relativas e potenciais bélicos favoráveis a futuras ações táticas sobre determinados objetivos”, ou, ainda: “arte de aplicar os meios disponíveis com vista à consecução de objetivos específicos” (AURÉLIO, 1975, p. 586). A transposição do conceito para a política se dá pela sua dimensão também de luta, combate, meio em que é permanente a disputa entre forças antagônicas e, às vezes, até hostis, empenhadas em manter o poder. Ora, como diz Gramsci (1978, p. 207), “a luta política é enormemente mais complexa”. O planejamento estratégico absorve a categoria estratégia e lhe dá visibilidade por agregar ao processo a noção de mobilização, de negociação, de movimento, de manejo de técnicas, recursos, enfim, todos os meios (táticos) necessários para enfrentar o(s) oponente(s) ou uma situação complexa. FONTE: TEIXEIRA, Joaquina Barata. Formulação,FONTE: TEIXEIRA, Joaquina Barata. Formulação,FONTE: TEIXEIRA, Joaquina Barata. Formulação,FONTE: TEIXEIRA, Joaquina Barata. Formulação, administração e execução de polít icas públicas.administração e execução de polít icas públicas.administração e execução de polít icas públicas.administração e execução de polít icas públicas. Serviço Social : direitos e competênciasServiço Social : direitos e competênciasServiço Social : direitos e competênciasServiço Social : direitos e competências profissionais. Brasí l ia: CFESS/ABEPSS, 2009.profissionais. Brasí l ia: CFESS/ABEPSS, 2009.profissionais. Brasí l ia: CFESS/ABEPSS, 2009.profissionais. Brasí l ia: CFESS/ABEPSS, 2009. Alguns procedimentos são necessários para efetivar um planejamento, como: • Identificar o cenário onde serão realizadas as ações a serem planejadas. • Identificar possíveis parceiros e aliados, e até inimigos, sempre mapeando seus vínculos. • Identificar as forças em confronto, recursos, técnicas e capacidade operacional para realizar o que será planejado. • Identificar o tempo necessário. No planejamento, quer se chegar aos objetivos traçados, como domínio da situação de forma homogênea, por meio de diversas formas já previstas, sendo uma forma de transição do que se tem para um novo conteúdo ou forma. Em uma gestão pública considerada democrática, o planejamento estratégico é um mecanismo importante. Primeiramente, tem como foco romper com as organizações e hierarquias consideradas verticais e com rigidez no comando, passando para uma forma colegiada de se comunicar. Em segundo lugar, busca ir além da democracia representativa, por meio da democracia representativa e direta. Nesse momento aparecem os meios de participação popular, que são formados pela sociedade civil organizada, como exemplo: os conselhos de direitos e os fóruns locais, estaduais e nacionais das políticas públicas. Esses conselhos são fundamentais nas deliberações das políticas públicas, tendo poder nas mesmas. É dessa forma que a democracia é exercida diretamente. No terceiro momento ocorre um trajeto, que é o da centralização para a descentralização. A descentralização é considerada uma maneira de democratizar as decisões que são de interesse coletivo. Não se pode confundir dois conceitos básicos: descentralização com desconcentração, pois o processo de desconcentração ocorre quando as responsabilidades são repassadas para instâncias estaduais e municipais, sem haver descentralização dos recursos. 1) Nas atividades diárias como1) Nas atividades diárias como1) Nas atividades diárias como1) Nas atividades diárias como profissionais, trabalhamosprofissionais, trabalhamosprofissionais, trabalhamosprofissionais, trabalhamos diretamente com a descentralizaçãodiretamente com a descentralizaçãodiretamente com a descentralizaçãodiretamente com a descentralização das políticas públicas. Cite umdas políticas públicas. Cite umdas políticas públicas. Cite umdas políticas públicas. Cite um exemplo de descentralização dasexemplo de descentralização dasexemplo de descentralização dasexemplo de descentralização das políticas públicas sociais.políticas públicas sociais.políticas públicas sociais.políticas públicas sociais. 2 .3 A IMPORTÂNCIA DA2.3 A IMPORTÂNCIA DA2.3 A IMPORTÂNCIA DA2.3 A IMPORTÂNCIA DA PARTIC IPAÇÃO POPULAR NAPARTIC IPAÇÃO POPULAR NAPARTIC IPAÇÃO POPULAR NAPARTIC IPAÇÃO POPULAR NA ELABORAÇÃO DE POLÍT ICAS SOCIA ISELABORAÇÃO DE POLÍT ICAS SOCIA ISELABORAÇÃO DE POLÍT ICAS SOCIA ISELABORAÇÃO DE POLÍT ICAS SOCIA IS E NO PLANEJAMENTO DAS AÇÕESE NO PLANEJAMENTO DAS AÇÕESE NO PLANEJAMENTO DAS AÇÕESE NO PLANEJAMENTO DAS AÇÕES Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, a participação da sociedade civil vem sendo cada vez mais consolidada através dos inúmeros conselhos deliberativosdas políticas públicas sociais. No artigo 1º da Constituição de 1988 remete: “todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos dessa constituição” (BRASIL, 1988, p. 1). Pode-se afirmar que os conselhos estão inseridos nas políticas sociais, no Brasil, e seus eixos estruturantes de gestão, conselho, plano e fundo também estão inseridos nesse novo contexto. Segundo Pontual (2007, p. 2): Do ponto de vista histórico da sociedade brasileira é bom ressaltar que os 26 anos que marcaram a criação e implementação dos Conselhos de gestão pública tratam-se de um período relativamente pequeno face à tradição profundamente elitista e autoritária que sempre marcou a relação do Estado com a sociedade no Brasil e que tem no clientelismo o seu fenômeno mais expressivo. Através do surgimento da participação popular nos instrumentos de elaboração e de gestão das políticas públicas, os conselhos de políticas sociais se tornam os mecanismos de maior expressão numérica e capilaridade social. Estes tornaram-se cada vez mais evidentes a partir dos anos de 1990 até a atual conjuntura. A evolução e expressão dos conselhos caminha ao contrário do que preconiza as ideias neoliberais. Conforme retrata Raichelis (2000, p. 41): Enquanto no Brasil estávamos aprovando uma Constituição que incorpora mecanismos democratizadores e descentralizadores das políticas sociais, que amplia direitos sociais, fortalecendo a responsabilidade social do Estado, os modelos de Estado Social entram em crise no plano internacional, tanto os Estados de Bem- Estar Social quanto o Estado Socialista. E deste processo emerge uma crise mais ampla, que desemboca no chamado projeto neoliberal e nas propostas de redução do estado e do seu papel social. Isto vai ter um impacto muito grande na nossa experiência de democratização das políticas sociais. É por meio dessa nova forma de gestão intergovernamental entre os três entes federados, junto à sociedade civil, que aparecem condições objetivas de participação social, destacando a dos usuários quando se refere ao planejamento das políticas públicas sociais. A participação popular por meio dos conselhos deliberativos reforça o que afirma Pinheiro (2008, p. 57): Os Conselhos são formas de participação da sociedade que diferem de outras, como sindicatos, associações, movimentos sociais e etc. Diferem na sua forma e concepção, pois apresentam relação mais imbricada à gestão da política, sendo regulamentados por legislação específica (nacional, estaduais, distrital e municipais), apresentando portanto institucionalidade diferenciada. Os Conselhos de políticas sociais se manifestam como sendo a principal forma nas demandas de planejamento e de gestão das políticas públicas em que atuam. Porém, estes não se configuram como o único instrumento que permite a participação social de forma efetiva. É necessário que se criem outros mecanismos de participação popular na gestão pública, que visem aos levantamentos de demandas sociais. O surgimento de novos espaços de participação social deverá avaliar e monitorar a efetivação das ações das políticas sociais, como por exemplo, os fóruns de discussão das políticas públicas, os debates em grupos comunitários e as audiências públicas. A participação social não pode acontecer de qualquer forma, sendo necessária a criação de espaços para que a população consiga refletir sobre as demandas sociais, sendo estes os seminários, os fóruns, os grupos de discussão, que fomentem novas propostas, reflexões e esclarecimento através de uma visão mais crítica. A Constituição Federal de 1988 pressupõe não somente um repasse de responsabilidade para a União, Estados e Municípios, mas remete a uma contribuição estrutural para a gestão das políticas sociais. Essa contribuição necessita de um conjunto de fatores, como financeiros, recursos humanos, estrutura física, visando oportunizar condições objetivas para as novas funções assumidas. O modelo de planejamento participativo que é proposto para a política social deve se estruturar nas políticas sociais por meio da criação de mecanismos de negociação e de pactuação entre governo, sociedade civil e usuários para que se concretize um efetivo controle social das políticas públicas. Raichelis (1998 apud PONTUAL, 2007, p. 3) expõe cinco categorias que, para seu entendimento, devem orientar a análise de uma esfera pública em relação a como se estruturam os conselhos: a) visibilidade social, na qual as ações e os discursos dos sujeitos devem expressar-se com transparência não apenas para os diretamente envolvidos, mas também para aqueles implicados nas decisões políticas; b) controle social que significa acesso aos processos que informam as decisões no âmbito da sociedade política, o qual possibilita a participação da sociedade civil organizada na formulação e na revisão das regras que conduzem as negociações e a arbitragem sobre os interesses em jogo, além do acompanhamento da implementação daquelas decisões, segundo critérios pactuados; c) representação de interesses coletivos, que implica a constituição de sujeitos sociais ativos, que se apresentam na cena pública a partir da qualificação de demandas coletivas, em relação às quais exercem papel de mediadores; d) democratização, que implica a dialética entre conflito e consenso, de modo que os diferentes e múltiplos interesses possam ser qualificados e confrontados, daí resultando a interlocução pública capaz de gerar acordos e entendimentos que orientem decisões coletivas; e) cultura política que implica o enfrentamento do autoritarismo social e da “cultura privatista” de apropriação do público pelo privado, remetendo à construção de mediações sócio-políticas dos interesses dos sujeitos sociais a serem reconhecidos, representados e negociados na cena visível da esfera pública. Tatagiba (2007, p. 63) argumenta que “os conselhos passam por fases ou momentos distintos no decorrer de sua trajetória, que se transformam ao longo do tempo, e [...] esse processo tem implicações na construção de sua identidade política”. Esse argumentado citado pelo autor confirma que o processo de participação popular na gestão das políticas públicas, em destaque aos conselhos, deve ser considerado o nível de mobilização e organização da sociedade civil envolvida nesse processo (TATAGIBA, 2007). As leis que surgiram após a Constituição Federal de 1988 visaram à participação popular nas áreas de gestão e planejamentos das políticas públicas sociais, como exemplo, a Lei Orgânica da Saúde e a Lei Orgânica da Assistência Social, em que foi efetivada a oportunidades de cogestão dessas políticas através da participação da sociedade civil. Neste sentido, é importante ressaltar que é fundamental que as políticas públicas sejam planejadas de acordo com as necessidades reais dos usuários destas, permitindo a formulação e a execução de políticas sociais que atendam de maneira efetiva às demandas apresentadas A participação popular no âmbito do planejamento e da gestão das políticas públicas é fundamental, em especial ao atendimento das demandas que são apresentadas pela população. Devemos entender a participação popular não somente através dos conselhos, mas em uma relação entre os trabalhadores, gestores e usuários, visando a uma maior democratização das políticas sociais. Com isso, faz-se necessária a criação de mais espaços democráticos em todos os serviços socioassistenciais, em que a população consiga sempre avaliar os serviços ofertados, além de proporem outros novos serviços. Essas metodologias participativas de planejamento, gestão e avaliação vêm ocupando um espaço de destaque nas áreas sociais, por meio de leituras e novos conhecimentos sobre essa atuação profissional, pois enfatizam a necessidade do envolvimento dos usuários no que se refere aos seus direitos adquiridos universalmente.O assistente social precisa criar novas habilidades diante dos processos de mobilizações sociais, estimulando os usuários a serem participantes de todo o processo de planejamento e gestão, não apenas espectadores. Souza Filho (2011, p. 100) ressalta que “o controle social aqui evocado refere-se à possibilidade e à capacidade da sociedade civil de participar (lutar por um determinado projeto social) do processo de formulação, deliberação e fiscalização das políticas públicas, numa perspectiva democrática”. É importante destacar que não estamos nos referenciando a uma participação tecnicista diante dos processos de elaboração e gestão das políticas públicas sociais, porém falamos de uma participação que está configurada nos mecanismos de lutas dos direitos dos usuários, focando uma efetivação de um projeto democrático para a sociedade. O conceito de participação no planejamento não é pacífico. Muitos supõem que a ultrapassagem do planejamento tradicional se dá pelo planejamento participativo e isso resolveria a questão da democracia do plano. Mas não é bem assim. Hoje, tem- se que o planejamento estratégico busca, inclusive, ultrapassar o planejamento participativo. E por quê? Porque houve, entre as décadas de 1950 e 1970, um discurso do planejamento participativo que foi incorporado ao ideário e à prática do Desenvolvimento de Comunidade, como parte de um Programa instituído pela ONU (após a Segunda Guerra Mundial) para os países pobres (do chamado terceiro mundo): Paquistão, Índia, toda a América Latina etc. Esse programa encontrou espaço no Brasil no fim da década de 1960 e início da década de 1970. Tais países, embora já subordinados ao que se chamava, naquela época, de imperialismo dos países ricos (o que explicava em parte seus grandes índices de pobreza, analfabetismo, doenças e miséria), ainda conservavam relações sociais não capitalistas, vistas, na ótica e no ideário dos países hegemônicos daquela época, como relações atrasadas, que precisavam ser rompidas para dar lugar a grandes empreendimentos capitalistas. Era preciso, portanto, desenvolver essas comunidades e prepará-las para o rompimento dessas relações, o que queria dizer: introduzir outras formas de propriedade, outras regras sociais, enfim, outras relações econômicas e sociais. Na concepção desse programa, a noção de participação assentava-se: 1) Em uma microvisão social localista, reduzida às fronteiras das distintas formas de associativismo ou aos limites espaciais das comunidades: vilas, povoados, aldeias, pequenas cidades. Para as populações, era uma forma de participação aparentemente desconectada dos processos decisórios da sociedade global. Esperava-se uma contribuição das lideranças aos tecnocratas no estudo de problemas locais ou na programação de melhorias localizadas. 2) Quando os planos pensavam as instâncias macrossocietárias, já no interior da linha keynesiana, tinham uma visão harmônica e unitária do todo societário, ou seja, o desenvolvimento é identificado com as plataformas do governo, cabendo ao Estado promovê-lo, orientá-lo e planificá-lo. O Desenvolvimento de Comunidade (DC) proclamava precisamente a integração dos esforços da população aos planos nacionais e regionais de desenvolvimento. A participação é tida aí como adesão. Isso não quer dizer, contudo, que a participação tenha sido descartada como um procedimento do processo de planejamento contemporâneo. Pelo A) ( ) Lei nº 11.340, chamada de Lei Maria da Penha, a Lei nº 10.741, que dispõe sobre o Estatuto do Idoso, a Lei nº 8080/90 que institui o Sistema Único de Saúde, Lei nº 9.394/96 – Lei de Diretrizes de Base – LDB. B) ( ) Lei nº 8080/90 que institui o Sistema Único de Saúde – SUS, a Lei nº 8.742/93, que foi alterada pela Lei nº 12435/11, ou a Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS, que instituem o Sistema Único de Assistência Social, e também da Lei nº 9.394/96 – Lei de Diretrizes de Base – LDB. C) ( ) Lei nº 9.394/96 – Lei de Diretrizes de Base – LDB, Lei nº 8.069, a Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS. D) ( ) Lei nº11.340, chamada de Lei Maria da Penha, Lei nº 8080/90 que institui o Sistema Único de Saúde, Lei nº 9.394/96 – Lei de Diretrizes de Base – LDB. Responder A) Por meio da descentralização das políticas sociais. B) Com auxílio do Sistema Único de Assistência Social. C) Através do contexto de um Estado democrático e de direito e que está respaldado por meio de uma Constituição. D) Com o predomínio da participação popular. Responder Capítulo 1 Capítulo 3 Conteúdo escrito por: planejamento contemporâneo. Pelo contrário, quer-se tornar claro de que participação se está falando. Fala-se da participação como adesão ou se fala de decisões compartilhadas em todos os níveis e instâncias? A participação não pode ser descartada porque ela deve integrar a prática social e designa uma variada série de atividades: o ato do voto universal, por exemplo, é uma forma de participação, a militância num partido político, a presença em uma manifestação de rua, um comício, uma assembleia de bairro etc. são formas de participação política. Sabe-se que o sufrágio universal só foi conquistado nos primeiros decênios do século XX e foi gradual. No início, as mulheres não votavam, nem os analfabetos, o que demonstra a conquista de patamares cada vez superiores de participação. FONTE: TEIXEIRA, Joaquina Barata. Formulação,FONTE: TEIXEIRA, Joaquina Barata. Formulação,FONTE: TEIXEIRA, Joaquina Barata. Formulação,FONTE: TEIXEIRA, Joaquina Barata. Formulação, administração e execução de polít icas públicas. In:administração e execução de polít icas públicas. In:administração e execução de polít icas públicas. In:administração e execução de polít icas públicas. In: Conselho Federal de Serviço Social - CFESS (Org.) .Conselho Federal de Serviço Social - CFESS (Org.) .Conselho Federal de Serviço Social - CFESS (Org.) .Conselho Federal de Serviço Social - CFESS (Org.) . Serviço socialServiço socialServiço socialServiço social: direitos sociais e competências: direitos sociais e competências: direitos sociais e competências: direitos sociais e competências profissionais. Brasí l ia, DF: CFESS: ABEPSS, 2009. p.profissionais. Brasí l ia, DF: CFESS: ABEPSS, 2009. p.profissionais. Brasí l ia, DF: CFESS: ABEPSS, 2009. p.profissionais. Brasí l ia, DF: CFESS: ABEPSS, 2009. p. 553-574. Disponível em:553-574. Disponível em:553-574. Disponível em:553-574. Disponível em: http://l ivroaberto.ufpa.br/jspui/handle/prefix/523http://l ivroaberto.ufpa.br/jspui/handle/prefix/523http://l ivroaberto.ufpa.br/jspui/handle/prefix/523http://l ivroaberto.ufpa.br/jspui/handle/prefix/523.... Acesso em: 27 maio 2020.Acesso em: 27 maio 2020.Acesso em: 27 maio 2020.Acesso em: 27 maio 2020. O trabalho dos técnicos é obter a participação das populações a programas prontos, decididos na cúpula e segundo os interesses das forças hegemônicas no Estado. Essa é uma das razões pelas quais algumas pessoas torcem o nariz quando se fala em “planejamento participativo”, porque o assemelham a essa herança do Desenvolvimento de Comunidade, que, na Amazônia, deixou um rastro de problemas que refletem ainda hoje, como por exemplo, a transformação da posse comunitária da terra em propriedade privada, a expropriação pura e simples, que deu lugar a grandes latifúndios, à migração rural-urbana que gerou o inchaço das cidades, à invasão das terras indígenas etc. Nesse contexto, a perspectiva da luta pelos direitos adquiridos se configura por meio das políticas públicas sociais e que são de responsabilidade do Estado no que se refere a sua condução e a dos direitos de cidadania, através da participação popular. Mesmo que o Estado adote um discurso de participação social e popular em diversos espaços de discussão social, como os conselhos e conferências, optam por uma prática de governabilidade queconserva ainda os padrões tradicionais e clientelista da política do Brasil. De acordo com resultados de estudos e de observações de práticas diárias no exercício da atuação do assistente social, é possível afirmar que a participação da população, em destaque os usuários dos Conselhos das políticas sociais, tem ocorrido mais ações nas ações de implementação das políticas, sendo assim, existe mais atribuições de fiscalização em relação à elaboração destas. Na atual conjuntura em que vivemos é importante destacar que mesmo que as políticas públicas sociais tenham um discurso e uma prática designada para a garantia dos direitos, temos que considerar todos os aspectos que levam à redução do papel do Estado, em especial nas demandas sociais. É perceptível a redução da função do Estado no que se refere às demandas sociais. O Estado coloca, em muitas situações, obstáculos no que se refere à conquista dos direitos sociais pela população, e prejudica a participação popular na elaboração e gestão das políticas sociais. Ao profissional de serviço social cabe elaborar estratégias que visem a rotinas profissionais de ação e reflitam na organização e no planejamento de seus trabalhos. Essas estratégias devem priorizar a participação popular e dos usuários em todos os espaços de gestão, visando à garantia de direitos adquiridos. Desde os anos de 1990, com a adoção do modelo neoliberal, muitos obstáculos surgiram na efetivação dos direitos que foram adquiridos constitucionalmente, em especial no que se refere à universalidade ao acesso deste. Como exemplo, podemos citar a política de saúde, o SUS, sendo que esta garantiu efetivamente a universalidade para toda a população. Na política de assistência social, o SUAS atribui critérios para o acesso dos benefícios, a assistência social se destina a quem dela necessitar. E previdência social que compõem a seguridade social te o caráter contributivo. Podemos afirmar que o Brasil possui um sistema de proteção social misto, com caráter contributivo e não contributivo, isso faz com que não garanta todos os direitos de maneira universal como estão contidos na Constituição Federal de 1988. Segundo as análises de Rodrigues (2007, p. 21), o nosso sistema de proteção social é: Ainda que limitado às políticas de saúde, assistência social e previdência, é marcado pela tensão entre uma lógica contributiva (a do seguro) e uma lógica da cidadania (a da assistência), o conceito de seguridade assegurado pela Carta Magna previa a construção de um sistema de proteção social – de caráter público, com gestão democrática e descentralizada e universalizada da cobertura e do atendimento – capaz de ampliar os direitos sociais. Mesmo diante desse contexto ao inverso da consolidação dos direitos adquiridos, o profissional de Serviço Social busca realizar suas ações na defesa de direitos e na efetividade da seguridade social pública. O assistente social privilegia sempre a participação social e dos usuários em todas as esferas dos processos de formulação, implementação e gestão das políticas públicas em que atua. Raichelis (2008, p. 46) destaca, como desafio, a efetivação dos direitos da seguinte forma: “uma grande tarefa é pensar estratégias de integração e articulação entre os conselhos, criar agendas comuns e fóruns mais amplos que contribuam para superar a segmentação das políticas sociais”. Esses desafios são observados, conforme Pontual (2007, p. 20), com: Uma ampla reforma política que possa aperfeiçoar os mecanismos da democracia direta e participativa, mas também introduzir profundas mudanças no sistema político-partidário e eleitoral capazes de remodelar o exercício da democracia representativa na direção de práticas republicanas e voltadas no sentido de responder aos legítimos interesses da sociedade fundados nos princípios da equidade e justiça social e no aprofundamento da construção democrática. Destaca-se, aqui, que o Serviço Social visa defender uma seguridade social de caráter público, universal e democrático, em que as políticas públicas se efetivem como sendo a garantia dos direitos de cidadania para população. De acordo com Behring e Boschetti (2011), neste sentido, a cidadania, muito mais do que um conjunto de direitos efetivados pelas políticas sociais é um caminho fértil para a construção de uma nova ordem social, com vistas à formação de uma consciência crítica da classe trabalhadora que possa lutar contra as desigualdades de classe e em favor de direitos efetivos de cidadania. As conquistas de direitos efetivados na Constituição Federal de 1988 são frutos de um processo de redemocratização que aconteceu no Brasil a partir dos anos 1980. Todas essas conquistas tiveram a participação de diferentes segmentos sociais e que estão sendo ameaçados com o ideário neoliberal. Como afirmam Behring e Boschetti (2011), esses ideais neoliberais efetivam uma forma conservadora que é denominada de contrarreforma, onde diferente de qualquer proposta revolucionária nos seus princípios continua a se efetivar nos governos posteriores a Fernando Henrique Cardoso. A política neoliberal é voltada aos ajustes fiscais e mercadológicos, em que diminui o papel do Estado, afastando este entre a formulação e a execução das políticas públicas sociais que envolva a participação popular e priorizam em seu planejamento uma forma tecnicista sem a participação da população, visado a uma eficácia na gestão pública. O Serviço Social, em sua atuação profissional e no que diz respeito ao âmbito do planejamento e da gestão das políticas públicas sociais, tem a função de incentivar a participação dos usuários dessas políticas, reconhecendo-os como sujeitos de direitos. O assistente social deve fortalecer o protagonismo dos usuários e criar mecanismos para que estes acessem seus direitos de forma autônoma. No contexto neoliberal, os desafios encontrados pelos assistentes sociais são inúmeros no que se refere ao planejamento e à gestão das políticas públicas sociais que visem à participação popular. Os assistentes sociais são referenciados por um projeto ético- político, que visa ao compromisso com os usuários das políticas sociais. Neste sentido, o projeto ético-político dos assistentes sociais, perante o contexto neoliberal, as ações profissionais no planejamento devem estar voltadas ao compromisso com os direitos democráticos e de participação popular. O Conselho Federal de Serviço Social (CFESS, 2013, p. 34) enfatiza, em seus parâmetros, a atuação dos assistentes sociais que atuam na política de assistência social, com o objetivo de: Contribuir para o fortalecimento do protagonismo dos/as usuários/as, portanto exige compromisso político e profissional com a classe trabalhadora e com as transformações radicais que tenham como projeto a socialização da riqueza socialmente construída, ao contrário do que acontece na sociedade atual, com a apropriação privada da riqueza. Só por esse caminho os/as usuários/as realmente serão protagonistas de uma história a favor da classe trabalhadora. Os usuários das políticas públicas sociais têm o direito de planejar as ações destas conforme as necessidades reais, e cabe ao assistente social contribuir para que essa participação se efetive. A democratização das políticas públicas é fundamental para evoluirmos nas conquistas que dão fundamentos para se chegar à cidadania e que os usuários consigam incorporar ações e consigam praticar a cidadania de forma real. 1) Durante a década de 1990, o1) Durante a década de 1990, o1) Durante a década de 1990, o1) Durante a década de 1990, o Brasil e toda a América LatinaBrasil e toda a América LatinaBrasil e toda a América LatinaBrasil e toda a América Latina aderiram aos programasaderiram aos programasaderiram aos programasaderiram aos programas compensatórios, em busca decompensatórios, em busca decompensatórios, em busca decompensatórios, em busca