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1 DIREITO AMBIENTAL DIREITO AMBIENTAL Graduação DIREITO AMBIENTAL 43 U N ID A D E 3 DIRETRIZES, PRINCÍPIOS, OBJETIVOS E FINALIDADES DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE Conhecidos os fundamentos da Política Nacional do Meio Ambiente e as condições sob as quais é estabelecida e se desenvolve, direta e indiretamente, o modo de torná-la concreta, na sua execução, relaciona-se às suas diretrizes, princípios, objetivos e fins, nesta terceira unidade de estudo. OBJETIVOS DA UNIDADE: • Compreender os fundamentos da Política Nacional do Meio Ambiente, diretrizes, princípios, objetivos e fins a ela relativos. Conhecidos os seus fundamentos, as diretrizes, princípios, objetivos e fins, apontam-lhe os rumos. É a direção corre-ta à sua execução. • Relacionar como destaque o espaço à criação, implantação e gestão de unidades de Conservação e, por analogia, de espaços territoriais especialmente protegidos. • Reconhecer que as diretrizes, princípios, objetivos e fins da Política Nacional do Meio Ambiente requerem órgãos competentes para o exercício de funções e atribuições as mais variadas, cujas competências, segundo Toshio Mukai, se baseiam no federalismo cooperativo. PLANO DA UNIDADE • Diretrizes • Princípios e objetivos • Finalidades e aspectos conceituais • Espaços territoriais especialmente protegidos • Órgãos do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama) • Competências • Indicações para reflexão preventiva ao desenvolvimento da matéria UNIDADE 3 - DIRETRIZES, PRINCÍPIOS, OBJETIVOS E FINALIDADES DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE 44 No contexto de sua implementação, a tutela jurídica ao meio ambiente na proteção aos recursos ambientais é parte fundamental ao equilíbrio ecológico. Neste quadro, estipulam-se regras para a ação governamental, para o setor privado, para instituições de pesquisa e ensino e se consagra o princípio internacionalmente reconhecido como o do poluidor-pagador. Um de seus destaques se refere à proteção a espaços territoriais especialmente protegidos. Para executá-la, instituíram-se órgãos do Sistema Nacional do Meio Ambiente e se estabeleceram as respectivas competências. O Direito Ambiental, no contexto da Política Nacional do Meio Ambiente, dela decorre porque é em função dessa política que se prevêem recursos ambientais submetidos à tutela jurídica de proteção. Mas toda a legislação que a estabelece, integra o Direito Ambiental e todas as suas linhas, mesmo não sendo específicas de direito, são, por este, disciplinadas. Um dos grandes avanços verificados é o referente à instituição da Política Nacional de Educação Ambiental. DIRETRIZES A lei n. 6.938/81, que estabelece a Política Nacional do Meio Ambiente, foi atualizada em 07/02/2000; alterações: Lei n. 9.960, de 28/01/2000; Lei n. 10.165, de 2000. Diretrizes (artigo 5º e § único, Lei n. 6.938/81): Art. 5º: As diretrizes da Política Nacional do Meio Ambiente serão formuladas em normas e planos destinados a orientar a ação dos Governos da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios no que se relaciona com a preservação da qualidade ambiental e manutenção do equilíbrio ecológico, observados os princípios estabelecidos no artigo 2º desta Lei. § Único: As atividades empresariais públicas ou privadas serão exercidas em consonância com as diretrizes da Política Nacional do Meio Ambiente. A Lei n. 6.938/81 dispõe sobre “os fins e os mecanismos de sua formulação e aplicação”. Funda-se nos incisos VI e VII do artigo 23 e no artigo 225, e incisos da Constituição Federal brasileira de 1988. PRINCÍPIOS E OBJETIVOS No artigo 2º estatui que a Política Nacional do Meio Ambiente tem “por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando a assegurar, ao País, condições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade humana”. DIREITO AMBIENTAL 45 Os princípios e objetivos dessa Política estão especificados nos incisos I a X, do artigo 2º: I – ação governamental na garantia e proteção do meio ambiente como patrimônio público, tendo em vista o uso coletivo; II – racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar; III – planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais; IV – proteção dos ecossistemas com a preservação de áreas representativas; V – controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras; VI – incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e à proteção dos recursos ambientais; VII – acompanhamento do estado da qualidade ambiental; VIII – recuperação de áreas degradadas; IX – proteção de áreas ameaçadas de degradação; X – e, educação ambiental em todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade (...). FINALIDADES E ASPECTOS CONCEITUAIS As finalidades da Política Nacional do Meio Ambiente estão elencadas no artigo 4º, da Lei n. 6.938/81: “I – compatibilização do desenvolvimento econômico com a preservação ambiental e o equilíbrio ecológico; II – definição de áreas prioritárias de ação governamental; IV – proteção dos ecossistemas com a preservação de áreas representativas; V – controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras; VI – preservação e restauração dos recursos ambientais”. O termo preservar é mencionado reiteradamente; significa: “manter uma área ou um bem natural específico protegido contra a degradação ou a destruição. Preservação – ato de proteger contra a destruição ou qualquer forma de dano ou degradação um ecossistema, uma área geográfica definida ou espécies animais ou vegetais ameaçadas de extinção, adotando- se as medidas preventivas legalmente necessárias e as medidas de vigilância adequadas. Difere de conservação por preservar a área de qualquer uso que possa modificar sua estrutura natural original” (LIMA E SILVA et al, 1999)1. (grifo nosso) A Lei da Política Nacional do Meio Ambiente define a base normativa do Direito Ambiental em pontos fundamentais: a) ao estatuir sobre proteção UNIDADE 3 - DIRETRIZES, PRINCÍPIOS, OBJETIVOS E FINALIDADES DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE 46 ambiental, determinando tutela ao meio ambiente; b) ao se referir a áreas e a recursos ambientais, permitindo, além da tutela geral, tutela ambiental específica. No artigo 3º, da lei n. 6.938/81, definem-se, em seu inciso V, recursos ambientais: “a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora” (redação dada pela Lei n. 7.804/89). Mas, para fins do direito, quem é o poluidor? Dispõe o art. 3º, inc. IV da Lei n. 6.938/81: (...) a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental. ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS A Lei n. 9.985 de 18 de julho de 2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), estabelece critérios e normas para a criação, implantação e gestão de unidades de conservação. Para os fins dessa Lei, entende-se por: “Art. 2º: (...) I – Unidade de Conservação: espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção.” Este dispositivo é importante porque define critérios gerais relacionados à: DIREITO AMBIENTAL 47 Observam-se, com vistas à sua proteção: Por serem essas Unidades conservacionistas, o significado de conservação é da maior importância porque se refere, de modo especial, à sua destinação: • Unidades de Conservação (Lei n. 9.985, de 18.07.2000) Conservação da Natureza”O manejo do uso humano da natureza, compreendendo a preservação, amanutenção, a utilização sustentável, a restauração e a recuperação do ambiente natural, para que possa produzir o maior benefício, em bases sustentáveis, às atuais gerações, mantendo seu potencial de satisfazer as necessidades e aspirações das gerações futuras, e garantindo a sobrevivência dos seres vivos em geral.” (art. 2º, II). Conservação in situ”Conservação dos ecossistemas e habitats naturais e a manutenção e recuperação de populações viáveis de espécies domesticadas ou cultivadas, nos meios onde tenham desenvolvimento de propriedades características” (art. 2º, VII). Objeto de menção, no tópico relativo à conservação da natureza, o termo preservação deve ter seu significado recordado: “Ato de proteger, contra a destruição e qualquer forma de dano ou degradação um ecossistema, uma área geográfica definida, ou espécies animais e vegetais ameaçadas de extinção, adotando-se as medidas preventivas legalmente necessárias e as medidas de vigilância adequadas. Diferente de conservação por preservar a área de qualquer uso que possa modificar sua estrutura natural original.” Preservar: manter uma área ou um bem natural específico protegido contra a degradação ou destruição.” (LIMA e SILVA et al, 1999) Quando se refere a espaços territoriais especialmente protegidos, as chamadas Unidades de Conservação, a abordagem segue a Lei 9985/2000, especialmente ao agrupar as Unidades em dois grandes blocos: 1) UNIDADES DE PROTEÇÃO INTEGRAL ( Parques nacionais, as reservas biológicas, estações ecológicas, etc.), de uso indireto; 2) UNIDADES DE USO SUSTENTÁVEL ( APAs, RPPN, estações ecológicas, entre outras), de uso direto. • Proteção (Unidades de Conservação)- Lei n. 9.985/2000 - Proteção mediante vigilância adequada; - Tutela ambiental via medidas preventivas, no plano jurídico, ante a iminência de dano; UNIDADE 3 - DIRETRIZES, PRINCÍPIOS, OBJETIVOS E FINALIDADES DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE 48 - Proteção integral: manutenção dos ecossistemas livres de alterações causadas por interferência humana, admitido, apenas, o uso indireto de seus atributos naturais. (Inc. VI, art. 2º) Nós classificamos as Unidades de Conservação como espaços territoriais especialmente protegidos segundo o critério de destinação. São espaços que se destinam à conservação do meio ambiente natural. Há outros espaços territoriais especialmente protegidos, de que destacamos os exemplos a seguir: – Estações ecológicas e Áreas de Proteção Ambiental (APAs): a Lei n. 6.902 de 27 de abril de 1981 dispõe sobre: Estações ecológicas: trata-se de áreas representativas de ecossistemas brasileiros, destinadas à realização de pesquisas de ecologia, à proteção natural e ao desenvolvimento da educação conservacionista (art. 1º) com 90% ou mais de cada Estação Ecológica destinado, em caráter permanente, por ato do Poder Executivo, à preservação da biota (§ 1º), podendo, na área restante, serem autorizadas pesquisas ecológicas que acarretem modificação ao meio ambiente natural (§ 2º), desde que não coloquem em perigo a sobrevivência das populações das espécies existentes ali (§ 3º). – Áreas de Proteção Ambiental (APAs): o art. 8º autoriza o Poder Executivo a declarar determinadas áreas para a preservação ambiental, desde que haja relevante interesse público, a fim de assegurar o bem-estar das populações humanas e conservar ou melhorar as condições ecológicas locais. O art. 9º diz que, nessas áreas, dentro dos princípios constitucionais que regem o exercício do direito de propriedade, o Poder Público estabelecerá normas limitando ou proibindo: a) a implantação e o funcionamento de indústrias potencialmente poluidoras capazes de afetar mananciais de água; b) a realização de obras de assoreamento e a abertura de canais quando essas iniciativas importarem em sensível alteração das condições ecológicas locais; c) o exercício de atividades capazes de provocar uma erosão de terras e/ou acentuado assoreamento das coleções hídricas; d) o exercício de atividades que ameacem atingir, na área protegida, as espécies raras da biota regional. Nos termos do § 2º do art. 9º, o não-cumprimento das normas disciplinares sujeita os infratores: ao embargo das iniciativas irregulares; à medida cautelar de apreensão do material e das máquinas usadas nessas atividades; à obrigação de reposição e restituição, tanto quanto possível, da situação anterior, e à imposição de multas graduadas. – Parques Nacionais, Estaduais e Municipais: “São áreas geográficas extensas e delimitadas, dotadas de atributos naturais excepcionais, objeto de preservação permanente, submetidas às condições de inalterabilidade e indisponibilidade no seu todo” (Decreto 84.017/79, art. 1º, § 1º). DIREITO AMBIENTAL 49 – Jardins Zoológicos: “Considera-se Jardim Zoológico qualquer coleção de animais silvestres mantidos vivos em cativeiro ou semi-liberdade, expostos à visitação pública” (Lei n. 1.173 de 14 de dezembro de 1983, art. 1º). – Áreas de Relevante Interesse Ecológico (ARIES): “São áreas que possuem características naturais extraordinárias ou abriguem exemplares da biota, exigindo cuidados especiais de proteção por parte do Poder Público” (Decreto Federal n. 89.336/84, art. 2º). – Áreas e Locais de Interesse Turístico: a) Áreas de Interesse Turístico – “São trechos do território nacional, inclusive suas águas a serem preservadas e valorizadas no sentido cultural e natural e destinadas à realização de planos e projetos de desenvolvimento turístico” (Lei Federal n. 5.513, art. 3º). b) Locais de Interesse Turístico – “São trechos do território nacional compreendidos ou não em áreas especiais, destinados, por sua adequação, ao desenvolvimento de atividades turísticas e à realização de projetos específicos e que compreendem: I – bens não-sujeitos a regime específico de proteção e ambientação” (Lei Federal n. 6.513/79, art. 4º). – Reservas Biológicas: “Áreas delimitadas com a finalidade de conservação e proteção integral da flora e fauna, sendo proibida qualquer forma de exploração de seus recursos naturais. Características: visitação, só com o objetivo educacional. Posse e domínios públicos. Exemplos: Rebio Poço das Antas, Atol das Rocas, Guaporé. ÓRGÃOS DO SISTEMA NACIONAL DE MEIO AMBIENTE São órgãos integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA): Art. 6º: Os órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, bem como as fundações mantidas pelo Poder UNIDADE 3 - DIRETRIZES, PRINCÍPIOS, OBJETIVOS E FINALIDADES DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE 50 Público, responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental, constituirão o Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA). Como segue: I – Órgão superior: Conselho de Governo. Com a função de assessorar o Presidente da República na formulação da política nacional e das diretrizes governamentais para o meio ambiente e recursos ambientais (redação dada pela Lei n. 8.028/90). II – Órgão consultivo e deliberativo. Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), com a finalidade de assessorar, estudar e propor, ao Conselho de Governo, diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado. A competência do CONAMA, estabelecida no artigo 6º da Lei n. 6.938/81, foi regulamentada pelo Decreto n. 99.274 de 09 de junho de 1990, com nova redação dada pelo Decreto n. 3.942 de 27 de setembro de 2001, art. 7º. III – Órgão Central: Ministério do Meio Ambiente. O Ministério do Meio Ambiente resultou da transformação da Secretaria do Meio Ambiente em Ministério por força do artigo 21 da Lei n. 8.490 de 09 de dezembro de 1993, em Ministério do Meio Ambiente e da Amazônia legal. IV – Órgão executor: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). Criado pela Lei n. 7.735 de 22 de fevereiro de 1989, tem a finalidadede executar e fazer executar a política e diretrizes do governo federal para o meio ambiente. V – Órgãos seccionais. Órgãos e entidades estaduais responsáveis pela execução de programas, projetos e pelo controle e fiscalização dessas atividades capazes de provocar a degradação ambiental (redação dada pela Lei n. 7.804 de 18.07.1989).” VI – Órgãos locais: órgãos municipais do meio ambiente. COMPETÊNCIAS Mukai (1998, p. 16-17)2.refere-se a um federalismo cooperativo: O federalismo clássico deu lugar, em sua evolução, a uma nova forma de relacionamento entre os níveis de governo, influenciada pela legislação do mundo civilizado que tem hoje essa tendência DIREITO AMBIENTAL 51 (...). Trata-se do denominado federalismo cooperativo, onde os níveis de governo não se digladiam pelas suas atribuições, para darem conta das necessidades dos administrados. Há competências que são privativas da União (art. 21 e 22, da CF/88). Existem competências comuns da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (art. 23 da CF/88). No que se refere à competência concorrente, observa Mukai(1998, p. 18-19): “Há que se registrar, aqui, que o constituinte, ao imaginar que haveria diferenças substanciais entre as competências administrativas e legislativas; portanto, entre o art. 23 e o art. 24, excluiu propositadamente o Município do art. 24, dizendo competir à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre diversas matérias que elenca em 16 incisos (art. 24). Contudo, permitiu que o Município suplementasse a legislação federal e a estadual no que coubesse (inc. II do art. 30); aqui, trata-se de o Município dar continuidade à legislação federal existente, federal ou estadual... Assim o Município pode legislar, por exemplo, sobre proteção do meio ambiente (inc. VI), complementando a legislação federal e estadual, no âmbito estritamente local... Sabe-se que no âmbito da legislação concorrente (ou vertical) há uma hierarquia de normas, no sentido de que a lei federal tem prevalência sobre a estadual e municipal, e a estadual sobre a municipal.” Mukai(1998, p. 20-21) destaca que a “distinção básica entre a competência comum e a concorrente está em que, na primeira, as normas que não forem conflitantes convivem sob o manto do princípio da territorialidade, posto que, aqui, segundo limites próprios dados pela predominância dos interesses dos diversos entes políticos, eles podem atuar e legislar indistintamente; havendo conflito entre as legislações deve predominar aquela mais restritiva, desde que cada uma se atenha ao campo próprio de seus interesses predominantes, já que, no caso, visa-se à satisfação do interesse público. Na competência concorrente avulta a hierarquia legislativa, em que o exercício primário do poder de legislar está a ela vinculado, com a limitação dessa hierarquia ao campo estrito das normas gerais (União) e, suplementares a estas, ainda em termos de normas gerais (Estados), sendo que aquelas são impositivas a Estados e Municípios, e as suplementares, aos Municípios. Isto, entretanto, não exclui possa a lei federal dispor amplamente sobre suas atribuições, naquelas matérias previstas no art. 24, pois a hierarquia e a imperatividade previstas no § 1º do mesmo artigo há de ser referida à legislação estadual ou municipal.” INDICAÇÕES PARA REFLEXÃO PREVENTIVA AO DESENVOLVIMENTO POSTERIOR E DA MATÉRIA Você deve atentar para dois aspectos extremamente impor-tantes que repercutirão no desenvolvimento posterior desta matéria: UNIDADE 3 - DIRETRIZES, PRINCÍPIOS, OBJETIVOS E FINALIDADES DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE 52 a) a determinação, pela Lei 6.938/81, do que são recursos ambientais, os quais se constituem, em redação concisa da lei, dos bens ambientais que estarão sob tutela específica do Direito Ambiental. No artigo 3º da Lei n. 6.938/81, estabelecem-se, em seu inc. V, como recursos ambientais: “a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora.” (com a redação dada pela Lei n. 7.804/89). O disposto neste inciso dará sustentação, como veremos a partir da unidade 5, à especialização do Direito Ambiental. b) Fala-se em poluição, mas quem é o poluidor? Dispõe o art. 3º, inc. IV, da Lei 6.938/81: “a pessoa física e jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental.” A figura jurídica do poluidor estará associada, na unidade 5, a um dos princípios fundamentais do Direito Ambiental: o do poluidor-pagador. Toda a base para a especialização do Direito Ambiental está inserida no contexto da Política Nacional do Meio Ambiente. CONCLUINDO O conteúdo desta unidade, ao complementar o da unidade 2, delineia o quadro geral referente à Política Nacional do Meio Ambiente e sua execução. Na unidade 2, tiveram-se em vista, sobretudo, os seus fundamentos. Nesta unidade, voltada mais para a execução dessa Política, confere-se destaque às suas diretrizes, objetivos, princípios e fins. Um subsistema se insere no sistema geral da Política Nacional do Meio Ambiente: o relativo às Unidades de Conservação e aos demais espaços especialmente protegidos, que são, sem dúvida, “formas” de organização e controle de bens ambientais agrupados com o propósito de proteção. Completa-se o quadro geral de instrumentos e mecanismos à implementação da Política Nacional do Meio Ambiente, com a atribuição de funções e atribuição aos órgãos do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), e ao se estabelecerem competências privativas da União, comuns e concorrentes aos entes federativos sob a égide do que Toshio Mukai reco-nhece como federalismo cooperativo. DIREITO AMBIENTAL 53 LEITURA COMPLEMENTAR MUKAI, T. Direito Ambiental Sistematizado. 3ª edição. Rio de Janeiro: Forense Uni-versitária, 1998. 186p. NAZARETH, A. B. de. Direito Ambiental Básico. 1ª edição. Rio de Janeiro: UNIVERSO, 2002. 95p. É HORA DE SE AVALIAR! Não esqueça de realizar as atividades desta unidade de estudo, presentes no caderno de exercício! Elas irão ajudá- lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino-aprendizagem. Caso prefira, redija as respostas no caderno e depois as envie através do nosso ambiente virtual de aprendizagem (AVA). Interaja conosco! Na próxima unidade, continuaremos a estudar a Política Nacional do Meio Ambiente onde veremos as Leis especiais, que regulam as matérias de relevante interesse ecológico. NOTAS 1 LIMA E SILVA. Dicionário brasileiro de ciências ambientais. 1ª edição, R.J. Thex., 1994. 253p. 2 MUKAI, T. Direito ambiental sistematizado. 3ª. R.j. Forense Universitária, 1998. 186p.
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