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Riscos Ocupacionais APRESENTAÇÃO Pode haver diversos agentes agressores no ambiente de trabalho. Para que fosse possível identificá-los de forma mais fácil, foram separados em cinco grupos, que são os riscos físicos, biológicos, químicos, ergonômicos e de acidente. Conheça, nesta Unidade de Aprendizagem, quais são os riscos ocupacionais e como estão presentes no local de trabalho. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: · Reconhecer os riscos ocupacionais. · Identificar os riscos originados no ambiente de trabalho. · Listar os riscos ocupacionais. DESAFIO No ambiente de trabalho existem inúmeros riscos ocupacionais que devem ser observados para que seja possível aplicar medidas de proteção. Observe as imagens e descreva os riscos ocupacionais aos quais o trabalhador está exposto. INFOGRÁFICO Observe no infográfico a classificação dos riscos ocupacionais. CONTEÚDO DO LIVRO O mapa de riscos ambientais é uma representação gráfica (esboço, croqui ou outro) de uma das partes ou de todo o processo produtivo da empresa, em que se registram os riscos e os fatores de risco a que os trabalhadores estão sujeitos e que são vinculados, direta ou indiretamente, ao processo, à organização e às condições de trabalho. Acompanhe um trecho da obra Técnico em segurança do trabalho. Mapa de riscos ambientais O mapa de riscos ambientais teve origem nos movimentos sindicais italianos que lutavam pela sua participação nas decisões sobre a segurança no ambiente de trabalho. Eles entendiam na épo- ca que as decisões sobre as formas de produzir ditadas pelos empresários ofereciam muitos riscos à saúde e à segurança dos trabalhadores. Segundo Oddone et al. (1986), os sindicalistas italianos desenvolveram a metodologia de elaboração do mapa de riscos com base em dois princípios: o do grupo homogêneo e o da não delegação. Grupo homogêneo: Estrutura organizada que proporciona ao trabalhador participação nas deci- sões sobre a realização do trabalho. O grupo homogêneo é composto pelos trabalhadores da em- presa, pelo grupo dos departamentos e pelos grupos das seções, ou seja, até nos menores grupos, são mantidas as mesmas características do todo. Não delegação: Assumir a responsabilidade de não entregar aos patrões as decisões sobre suas condições de saúde e segurança no trabalho. A participação nessas decisões proporciona ao traba- lhador maior controle sobre os eventuais riscos existentes e não vistos pelos empregadores. DEFINIÇÃO O mapa de riscos ambientais é uma representação gráfica (esboço, croqui, laμo7t ou outro) de uma das partes ou de todo o processo produtivo da empresa, em que se registram os riscos e os fatores de risco a que os trabalhadores estão sujeitos e que são vinculados, direta ou indiretamente, ao processo, à organização e às condições de trabalho. A obrigação de elaboração do mapa de riscos ambientais foi introduzida na legislação brasileira por meio da Portaria GM nº 3.214, de 8 de junho de 1978 (BRASIL, 1978a). De acordo com a NR 5, ficou es- tabelecida a seguinte atribuição à Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA): “[...] identificar os riscos do processo de trabalho e elaborar o mapa de riscos ambientais com a participação do maior número possível de trabalhadores, com assessoria do SESMT, onde houver.” (BRASIL, 1978a). No Brasil, essa metodologia começou a ser utilizada no início da década de 1980 com a troca de experiência entre sindicalistas e técnicos brasileiros e italianos e, de forma mais sistemática, a partir da década de 1990 por meio do Instituto Nacional de Saúde no Trabalho (INST-CUT), que desen- volveu, com base em estudos práticos, a metodologia do mapa de riscos ambientais tendo como referência a experiência sindical italiana (ODDONE et al., 1986). DEFINIÇÃO Grupo homogêneo é a menor unidade social de trabalho existente em um setor ou área, onde os trabalhadores estão submetidos às mesmas condições resultantes da organização do trabalho, tendo em comum as suas atividades, os riscos e os fatores de risco a eles relacionados (SIVIERI, 1996). Em 1983, o Ministério do Trabalho, por meio da Portaria nº 33, de 27 de outubro de 1983 (BRASIL, 1983), promoveu alterações nas NRs 4 e 5 visando a adequar a legislação às necessidades da época. A Portaria atrelou o grau de risco previsto no quadro I da NR 5 ao SESMT e atribuiu novas responsa- bilidades à CIPA. O aperfeiçoamento da legislação ocorreu com a publicação da Portaria DNSST nº 5, de 17 de agosto de 1992 (BRASIL, 1992b), que alterou a NR 9 e estabeleceu a obrigatoriedade de elaboração do mapa de riscos ambientais. Art. 1º - Acrescentar ao item 9.4 da Norma Regulamentadora NR-9 - Riscos Ambientais, a alínea “C” e itens, estabelecendo a obrigatoriedade da elaboração de Mapas de Riscos Ambientais nas Empresas cujo grau de risco e número de empregados demandem a constituição de Comissão Interna de Pre- venção de Acidentes - CIPA, conforme quadro I da NR 5, aprovada pela Port. 3.214/78, que passa a vigorar com a seguinte redação: 9.4. Caberá ao empregador: c) realizar o mapeamento de riscos ambientais, afixando-o em local visível, para informação aos tra- balhadores conforme abaixo: 1 - o Mapa de Riscos será executado pela CIPA, através de seus membros, depois de ouvidos os traba- lhadores de todos os setores produtivos da Empresa, e com a colaboração do Serviço Especializado em engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho - SESMT da empresa, quando houver (...). Em dezembro de 1994, o Ministério do Trabalho e Emprego publicou a Portaria nº 25 que, em seu artigo 1º, aprovou o texto atual da NR 9. Em seu corpo, a Portaria 25 incluiu o Anexo IV – Mapa de Riscos –, no qual estão descritas orientações sobre a elaboração do mapa de riscos ambientais e também a classificação dos principais riscos ocupacionais em grupos, de acordo com a sua nature- za, e a padronização das cores correspondentes. A Tabela I do Anexo IV da Portaria no 25 classifica os riscos em cinco grupos, detalhados a seguir (BRASIL, 1994b). ATENÇÃO A não elaboração e não afixação do mapa de riscos ambientais nos locais de trabalho acarreta aplicação de multas pela fiscalização do trabalho nos termos previstos na NR 28 da Portaria nº 3.214/78 (BRASIL, 1978a) e portarias do Ministério do Trabalho e Emprego. Classificação dos riscos ocupacionais Grupo 1 - Riscos físicos (verde) Ruídos: Provocam cansaço, irritação, dores de cabeça, diminuição da audição (surdez temporária, surdez definitiva e trauma acústico), aumento da pressão arterial, problemas no aparelho digesti- vo, taquicardia, perigo de infarto. Vibrações: Geram cansaço, irritação, dores nos membros, dores na coluna, doença do movimento, artrite, problemas digestivos, lesões ósseas, lesões dos tecidos moles, lesões circulatórias. Radiações ionizantes: Provocam alterações celulares, câncer, fadiga, problemas visuais, acidentes do trabalho. Radiações não ionizantes: Causam queimaduras e lesões na pele, nos olhos e em outros órgãos. Frio: Leva à taquicardia, aumento da pulsação, cansaço, irritação, fadiga térmica, prostração térmi- ca, choque térmico, perturbação das funções digestivas, hipertensão. Calor: Provoca os mesmos sintomas do frio. Pressões anormais: Ocasionam embolia traumática pelo ar (narcose por nitrogênio), intoxicação por oxigênio e gás carbônico, doença por descompressão. Umidade: Gera doenças do aparelho respiratório, da pele e da circulação, além de traumatismos por quedas. Iluminação (inadequada): Ocasiona fadiga, problemas visuais, acidentes do trabalho. Grupo 2 - Riscos químicos (vermelho) Poeiras: São produzidas mecanicamente por ruptura de partículas maiores. Fumos: São partículas sólidas produzidas por condensação de vapores metálicos. Névoas: São fumaças produzidas por combustão incompleta, como a liberada pelos escapamen- tos dos automóveis, que contêm monóxido de carbono; são contaminantes ambientais e represen- tam riscos de acidentes à saúde. Neblinas: Sãopara a área de Segurança no Trabalho na empresa de engenharia Bioresolve, e seu perfil despertou interesse dos líderes para ocupar o cargo de coordenadora de segurança do trabalho. Na semana seguinte ao processo seletivo, Joana realizou o exame admissional, conforme descrito nas alternativas a seguir. A partir disso, escolha a alternativa correta sobre o exame admissional: A) O exame admissional pelo qual Joana passou foi financiado pela empresa. Além disso, com vistas à promoção e à preservação da saúde do trabalhador, a fiscalização relacionada à obrigatoriedade da realização do exame de admissão é realizada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). B) Joana foi encaminhada ao exame admissional junto de Mara, selecionada no mesmo processo. Na perspectiva do exame admissional, isso ocorre para que a empresa possa, prematuramente, avaliar e comparar resultados no sentido de identificar qual das duas é mais saudável para ocupar o cargo de coordenadora de segurança do trabalho. C) Joana realizou uma bateria de exames com os médicos da empresa, tais como: hemograma e exame radiológico. O exame da saúde mental, no entanto, não integra as exigências legais do exame admissional, porque já foi realizado na seleção, com profissional psicólogo. D) Considerando que Joana está em idade fértil, a empresa, no curso do exame admissional, no escopo do conjunto de exames obstetrícios e ginecológicos, pode solicitar exame de gravidez, evitando, com isso, a contratação de uma profissional grávida, em caso de teste positivo. E) O exame de admissão de Joana foi realizado pelo técnico de enfermagem da empresa. Tal exame ocorreu, periodicamente, durante dois meses, até que a empresa alcançasse avaliação completa de seu bom estado de saúde em período de tempo ampliado. 2) Em qual das situações a seguir não é necessário realizar o exame de retorno ao trabalho? A) Trabalhadora que se afastou por licença-maternidade. B) Trabalhador que tirou 30 dias de férias. C) Trabalhador que se afastou por doença relacionada ao trabalho durante 45 dias. D) Trabalhador que sofreu acidente de trabalho e ficou afastado por 50 dias. E) Trabalhador que passar por procedimento cirúrgico e ficar afastado por 180 dias. 3) Marque a alternativa incorreta em relação ao atestado de saúde ocupacional (ASO). A) Deve ser emitido em duas vias. B) Deve ser emitido informando os riscos ocupacionais aos quais o trabalhador está exposto na função. C) Deve conter o histórico de saúde e doença do trabalhador. D) O exame que precede a emissão do ASO e o próprio documento devem ser armazenados no prontuário médico do funcionário. E) Deve ser guardado por 20 anos após o desligamento do trabalhador. 4) Marque a resposta errada sobre o PPRA. A) Sua implementação é de responsabilidade do empregador. B) Deve identificar os riscos químicos, físicos e biológicos. C) Deve estar alinhado com as demais NRs. D) Deve conter os exames ocupacionais que serão realizados pelo trabalhador. E) Deve ser elaborado em forma de documento e armazenado por 20 anos. 5) Marque o item que não se refere a uma estratégia de antecipação e reconhecimento dos riscos. A) Análise do projeto de novas instalações. B) Análise do processo de trabalho. C) Localização da fonte geradora do riscos. D) Identificação da forma de propagação dos agentes causadores de doença. E) Fornecimento de EPI para os trabalhadores. NA PRÁTICA A implementação dos programas de saúde e segurança ocupacional no ambiente de trabalho é realizada para identificar os riscos e elaborar estratégias para eliminá-los ou proteger os trabalhadores. O capital humano requer mais "ouvidos", ou seja, perceber a rotina, as características, as particularidades de cada segmento e da equipe ajuda muito a promover ações mais assertivas. A ginástica laboral é uma atividade física orientada, praticada durante o horário do expediente, visando a benefícios pessoais no trabalho. Essa atividade traz grandes benefícios para as empresas, motivo pelo qual é estimulada e implementada por diversas organizações. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Saúde do Trabalhador Para complementar a leitura do Conteúdo do Livro, leia os capítulos 1, 2 e 3 da obra Saúde do Trabalhador. PCMSO A preocupação com a saúde nos ambientes de trabalho começou a muito tempo. Mais precisamente na Itália de 1700, quando Bernardino Ramazzini publicou o livro "As Doenças dos Trabalhadores". Neste vídeo você vai ver como este italiano entendeu já no século XVIII que cada profissão poderia representar um risco para a saúde e os cuidados que cada profissional deve ter no seu da-a-dia de trabalho. ( Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! ) NR-9 - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais Clique a seguir e tenha acesso a toda Norma Regulamentadora 9. ( Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! ) NR-7 - Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional Clique a seguir e tenha acesso a toda Norma Regulamentadora 7. ( Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! ) Doenças ocupacionais APRESENTAÇÃO Devido à exposição aos riscos ocupacionais, os trabalhadores podem desenvolver doenças decorrentes da atividade desempenhada. Caso a empresa não implante medidas de proteção, a exposição contínua poderá gerar afastamento pela Previdência Social, e, caso o trabalhador não melhore, a Previdência pode conceder aposentadoria por acidente de trabalho. Nesta Unidade de Aprendizagem falaremos sobre as doenças ocupacionais. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: · Diferenciar doenças ocupacionais das demais enfermidades. · Identificar as possíveis causas das doenças ocupacionais. · Relacionar a doença com as atividades laborais. DESAFIO Uma mineradora solicitou ao Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) que identificasse por que há muitos funcionários apresentando atestados. Muitas vezes os mineradores não utilizam equipamentos de proteção adequada para suas atividades e começam a apresentar tosse e dificuldade de respiração. Funcionários com maior tempo de empresa apresentam silicose e não conseguem mais realizar suas atividades. Você, sendo funcionário do SESMT, precisa identificar o que pode causar esses sintomas e a doença, propor formas de prevenção e conferir se há ligação entre a atividade laboral e a doença. INFOGRÁFICO A saúde do trabalhador envolve um ampliado conjunto de variáveis sociais, econômicas, tecnológicas, organizacionais, então vinculadas aos fatores de risco ocupacionais situados no processo de realização do trabalho. As mudanças ocorridas no mundo do trabalho têm causado diferentes formas de adoecimento nos trabalhadores, de forma geral, desde transtornos mentais até lesões físicas por esforços repetitivos e exigentes. Afastamentos promovidos por doenças do trabalho, segundo a Organização Mundial do Trabalho, cresceram 25% entre os anos de 2005 e 2015, no Brasil (OIT, 2017). No entanto, a relação entre trabalho e doença, explica o Conselho Federal de Medicina, não é tão imediata, ou seja, facilmente identificada, como nos casos de acidentes de trabalho. Disso decorre a importância da identificação do nexo entre adoecimento e uma dada condição de trabalho. Acompanhe, no Infográfico a seguir, diferentes tipos de adoecimentos causados pelo trabalho. CONTEÚDO DO LIVRO As doenças ocupacionais são ainda piores do que os acidentes de trabalho, pois resultam de riscos não tratados existentes no ambiente de trabalho, muitas vezes da falta de consciência dos riscos por parte do próprio trabalhador. A alternativa para evitar ou minimizar as enfermidades é a prevenção e a conscientização dos trabalhadores. Acompanhe um trecho da obra Técnico em segurança do trabalho, base teórica desta Unidade de Aprendizagem. Boa leitura!( R741t Rojas, Pablo. Técnico em segurança do trabalho [recurso eletrônico] / Pablo Rojas. – Porto Alegre : Bookman, 2015. Editado como livro impresso em 2015. ISBN 978-85-8260-280-5 1. Segurança do trabalho. I. Título. CDU 331.45 ) Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094 ( 134 ) ( Para começar Segundo a Organização Internacional do Trabalho (2013), o número de mortes causadas pelas doenças ocupacionais é seis vezes maior do que o número de mortes causadas pelos acidentes de trabalho. Elas representam um enorme custo para os empregadores, para os trabalhadores e suas famílias e para os países, uma vez que correspondem a cerca de 4% do PIB mundial. )Os grandes esforços feitos para melhorar a segurança do trabalhador esbarram no risco aceitável e na predisposição do trabalhador em correr riscos. As empresas precisam aprimorar os limites do risco aceitável, ou seja, elas precisam assumir que a saúde do trabalhador é mais importante do que os seus resultados financeiros e passar a não admitir a possibilidade de ocorrência de doenças ocupacionais em suas instalações. Isso parece fácil, mas não é, uma vez que a grande competitividade econômica leva as empresas a economizar seus recursos e evitar o aumento de seus custos de produção. Como o trabalhador precisa do emprego, ele se dispõe a correr os riscos existentes, consciente ou inconscientemente. A necessidade do salário faz ele seguir rigorosamente as recomendações das empresas, mas nem sempre ele está preparado para exercer a atividade. Dessa forma, ele corre os riscos. PARA SABER MAIS Conheça o relatório da OIT sobre prevenção de doenças profissionais acessando o ambiente virtual de aprendizagem Tekne (www.grupoa.com.br/tekne). ( Técnico em Segurança do Trabalho )As principais doenças ocupacionais A saúde do trabalhador pode ser comprometida por diversos fatores, como idade, gênero ou grupo social. Além disso, o trabalhador pode sofrer prejuízos à saúde em virtude de exposição aos riscos existentes em sua atividade profissional. As doenças ocupacionais mais comuns segundo a classifi- cação do Ministério da Saúde do Brasil são detalhadas a seguir. Doenças respiratórias As doenças ocupacionais do sistema respiratório decorrem da inalação de agentes agressores pre- sentes no ambiente de trabalho, como gases, vapores, névoas ou particulados (aerodispersoides). Esses agentes, quando interagem com o organismo do trabalhador, geram uma reação defensiva que provoca alterações em seu sistema respiratório. A seguir, são descritas as principais doenças ocupacionais respiratórias classificadas pelo Ministério da Saúde. Pneumoconioses: São definidas pela OIT como “[...] doenças pulmonares causadas pelo acúmulo de poeiras nos pulmões e reação tissular à presença dessas poeiras.” (ORGANIZAÇÃO INTERNACIO- NAL DO TRABALHO, 2003, p. 5). As poeiras levam ao surgimento de duas doenças pulmonares en- contradas frequentemente em trabalhadores: a) Silicose: Causada pela aspiração de poeira sílica (minério) e aerossóis que contêm mais de 7,5% de sílica cristalina. Pode levar à tuberculose (doença mais grave). b) Asbestose: Ocasionada pela aspiração de poeira de amianto (substância cancerígena) presen- te na fabricação de diversos produtos (cimento amianto, materiais de fricção como pastilhas de freio, materiais de vedação, pisos e produtos têxteis, como mantas e tecidos resistentes ao fogo). Asma ocupacional: Caracteriza-se pela obstrução difusa e aguda das vias aéreas, de caráter re- versível, causada pela inalação de poeiras de substâncias alergênicas, presentes nos ambientes de trabalho (algodão, linho, borracha, couro, sílica, madeira vermelha, etc.). Lesão por esforço repetitivo A lesão por esforço repetitivo (LER) é constituída por um conjunto de síndromes (quadros clínicos, patologias, doenças) que atacam os nervos, músculos e tendões (juntos ou separadamente). Ela é proveniente de atividades em que o trabalhador necessita realizar grande esforço físico, adota uma má postura ou uma postura incorreta durante o trabalho ou ainda quando ocorre compressão mecânica constante das estruturas dos membros. A LER pode ter origem em atividades físicas, es- portivas ou domésticas. CURIOSIDADE ( 135 )A LER é uma síndrome relatada desde 1700, quando Ramazzini, o pai da medicina do trabalho, a descreveu como a “doença dos escribas e notórios”. Mais tarde aparece como “doença das tecelãs” (1920) ou “doença das lavadeiras” (1965). O problema se amplia a partir de 1980, quando atinge várias profissões que envolvem movimentos repetitivos ou grande mobilização postural. ( 136 ) Distúrbio osteomuscular relacionado ao trabalho Distúrbio osteomuscular relacionado ao trabalho (DORT) é o conjunto de afecções musculares, de ten- dões e ligamentos que atingem os membros superiores em torno do ombro e região cervical em virtu- de do uso repetido dos músculos ou de postura inadequada durante a execução das atividades profis- sionais. A DORT provém somente de atividades laborais. A LER e o DORT possuem os mesmos sintomas e provocam exatamente as mesmas consequências – tendinites, tenossinovites, bursites, epicondilites, síndromes compressivas de nervos periféricos, contratura de Dupuytren (contratura de fascia palmar). Figura 9.1 Exemplos de lesões ocupacionais: bursite e tendinite. Fonte: Hemera/Thinkstock e iStock/Thinkstock. Perda auditiva induzida pelo ruído ocupacional A perda auditiva induzida pelo ruído ocupacional (PAIR) manifesta-se pela diminuição gradual da audição decorrente de exposição contínua a níveis elevados de ruído. A perda é irreversível, pois decorre de dano causado às células do órgão de Corti da orelha interna. A perda auditiva pode inclusive vir a prejudicar a fala e o processo de comunicação do trabalhador. Dermatoses ocupacionais ( Técnico em Segurança do Trabalho )As dermatoses são ocorrências difíceis de ser diagnosticadas que podem ser provocadas por agen- tes biológicos (ofídios, vírus, bactérias, fungos artrópodes, leveduras, animais terrestres e aquáti- cos, tecidos e secreções orgânicas, helmintos, protozoários, etc.), físicos (temperatura, eletricidade, radiações) e mecânicos (atrito, traumas, pressão, vibrações, micro-ondas). As dermatoses em geral se manifestam de duas formas: Dermatite irritativa de contato: Provocada pelo manuseio de detergentes, solventes orgânicos e inorgânicos, resinas, óleos de corte e outros produtos. Dermatite alérgica de contato: Provocada pelo contato com borracha e seus aditivos, cromatos, resinas, metais, plásticos, tintas e pigmentos, madeiras. Distúrbios neurológicos Existem inúmeras substâncias químicas capazes de gerar distúrbios neurológicos utilizadas nos diversos tipos de indústrias (comestíveis, cosméticos, construção civil, eletroeletrônicos, automo- bilísticas), e nas empresas de serviços, como nos hospitais. Também são encontradas substâncias químicas em grande quantidade nas atividades agrícolas e domésticas. No contexto da medicina do trabalho, os distúrbios neurológicos podem ser provocados por to- xinas presentes no ambiente de trabalho, como solventes orgânicos (tolueno e hidrocarbonetos clorados), por metais (chumbo e manganês) e por pesticidas. De acordo com a Classificação Internacional de Doenças - Décima Revisão (CID-10), em seu Capí- tulo VI, as doenças do sistema nervoso são classificadas pelos códigos G00 a G99, e muitas delas se originam por conta das atividades laborais (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2008). Doenças relacionadas ao estresse Diversas doenças se desenvolvem quando o estresse no trabalho se torna insuportável para o tra- balhador. Geralmente o estresse no local de trabalho acontece em virtude de pressão exercida pelo alcance de metas e pelo cumprimento de prazos, além de outros motivos que geram demanda mental do trabalhador. O estresse gera diversosdistúrbios psíquicos, como irritabilidade, fadiga, medo de acidente, de assalto e de desemprego, sonolência, ansiedade, depressão, tensão, distúr- bios do sono. A Organização Mundial da Saúde (OMS) (1946) estabelece que a saúde “[...] é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não consiste apenas na ausência de doença ou de enfermidade.” As condições de saúde podem ser interpretadas de acordo com a cultura, a religião, os costumes, os padrões de vida e o nível de desenvolvimento da sociedade. A melho- ria sempre é bem-vinda. Prevenção de doenças ocupacionais A prevenção de doenças ocupacionais passa historicamente pela medicina do trabalho. A respon- sabilidade da medicina do trabalho sobre a saúde do trabalhador restringe-se ao horário em que ele está trabalhando (MENDES; DIAS, 1991) e, por isso, ela é responsável pela recomendação de implementação de ações preventivas contra os riscos à saúde do trabalhador. ( 137 )Infelizmente, na maioria das empresas, a área de medicina do trabalho limita-se apenas a realizar os exames admissionais, periódicos e demissionais, e existe um “faz de conta” por trás desses exa- mes, com a única finalidade de salvaguardar as empresas contra as ações trabalhistas que serão ATENÇÃO A maioria das dermatoses é causada por substâncias químicas presentes nos locais de trabalho. PARA SABER MAIS Conheça mais sobre doenças relacionadas ao trabalho no Manual de Procedimentos para os Serviços de Saúde, ( Doenças ocupacionais )desenvolvido pelo Ministério da Saúde e disponível no ambiente virtual de aprendizagem Tekne. ( capítulo 9 ) IMPORTANTE A mudança da forma de pensar dos trabalhadores e das empresas é essencial para que a saúde do trabalhador ocupe lugar de destaque entre as prioridades empresariais. Para que sejam validadas, tais mudanças devem fazer parte de uma mudança de cultura (ou do aperfeiçoamento da cultura organizacional da empresa) e da reeducação do trabalhador. IMPORTANTE O trabalhador deve receber informações sobre os resultados das avaliações e ser orientado sobre constatações feitas a partir dos exames realizados. Ele também deve ser orientado pela área de saúde do trabalho a procurar orientação médica caso note a manifestação de sintomas como cansaço muscular nos braços ou nas pernas, dores, dormências, inchaços e outras alterações. movidas pelos trabalhadores no caso de contraírem alguma doença profissional. As empresas sa- bem que o investimento em prevenção custa bastante e preferem correr “riscos calculados”, apli- cando seus recursos em alternativas, como a automação de atividades, com consequente aumento da produtividade e dos ganhos. O processo de reeducação do trabalhador se dá por meio de treinamentos oferecidos pela empre- sa, nos quais ele desenvolva o senso crítico e passe a questionar tudo o que pode ser prejudicial a ele no ambiente profissional. O processo de mudança de cultura na empresa precisa acontecer a partir do entendimento dos aspectos estratégicos e das metas, de forma que o pensamento da gestão e dos trabalhadores esteja alinhado para alcançar resultados sustentáveis. Ações preventivas Os capítulos anteriores apresentaram as diversas normas regulamentadoras e as responsabilida- des por elas estabelecidas, mas é importante tratar das ações preventivas, uma vez que, segundo Gomez e Costa (1997), a saúde ocupacional ainda não é considerada uma prioridade em grande parte das empresas. A seguir, são mostrados exemplos de ações preventivas a serem aperfeiçoadas pelas empresas. Melhoria dos processos de gestão dos programas de saúde e segurança do trabalho da em- presa: Pode ser feita por meio de indicadores, mas eles só indicam os resultados obtidos. A melhor forma de melhorar tais processos é pela antecipação de ocorrências: ou seja, trabalhar sempre na busca de melhorias, sem esperar que ocorrências provoquem ações corretivas. Isso exige pessoas capacitadas para trabalhos em prevenção e antecipação de riscos. Diminuição dos prazos de realização dos exames periódicos: Os trabalhadores estão constan- temente sujeitos aos efeitos de suas atividades e do meio em que as realizam. A redução do tempo de realização dos exames periódicos exigidos para o exercício das atividades proporcionaria aos médicos do trabalho a oportunidade de interferir com maior prontidão em possíveis constatações de problemas relacionados à saúde do trabalhador. Os médicos poderiam, ainda, sem prejuízo dos exames obrigatórios, adicionar novos exames que possam servir de amparo para suas decisões. Acompanhamento do trabalhador em tratamento médico: O trabalhador que contrai uma das inúmeras doenças profissionais precisa do amparo da empresa, pois foi ali que ele contraiu a doença. O acompanhamento pelo serviço de medicina ocupacional da empresa, pelo serviço de assistência social e pelo próprio líder ou gestor mostra que o trabalhador é importante para a empresa, e não somente um instrumento para o alcance de metas. Assim, os demais trabalhadores entendem que as recomendações sobre saúde e segurança do trabalho têm o objetivo de protegê- los, e não só garantir os interesses da empresa. DICA Os canais de comunicação interna podem e devem ser utilizados para conscientizar os trabalhadores sobre os riscos existentes e sobre as ações e campanhas de prevenção desenvolvidas pela empresa, bem como para motivá-los a participar dessas ações. 138 Realização de campanhas de vacinação: Embora previstas, as campanhas de vacinação nem sempre são realizadas. A solução para isso seria transformar essas campanhas em eventos nos quais o trabalhador contribuiria de alguma forma com ideias e maneiras de realizá-las. A criação de cronogramas de vacinação individual e de grupos deve ser objeto dessa providência, pois o serviço de medicina do trabalho convocaria os trabalhadores para vacinação individual ou em massa. Reeducação do trabalhador para a prevenção de doenças: A reeducação do trabalhador é um fator de sucesso quando se pretende mudar uma situação, programar um novo processo produtivo ou aperfeiçoar algum sistema já existente. Ela parte do princípio de que o trabalhador já possui di- versos conhecimentos e experiências e, portanto, de nada adianta ficar insistindo em treinamentos e reciclagens padronizadas, muitas vezes aplicados há diversos anos. Realizar palestras sobre saúde e segurança, além de treinamentos específicos ministrados por profissionais capacitados, é uma das soluções que tem contribuído muito para a reeducação do trabalhador. DICA A reeducação do trabalhador deve ser feita por meio de abordagens diferentes das realizadas no passado. É interessante trazer novas ideias para dentro da empresa, e a contratação de empresas especializadas pode ser uma boa solução. Utilização de mídias e recursos visuais: As mídias e os recursos visuais são extremamente im- portantes nos processos de prevenção. O técnico em segurança do trabalho conhece essas mídias e recursos visuais, mas o ideal é que esses recursos sejam usados por publicitários, que saberão transmitir as mensagens de forma que sejam compreendidas por todos os trabalhadores, indepen- dentemente do seu nível de instrução. ( Doenças ocupacionais )Disponibilização de serviços odontológicos: Apesar de os serviços odontológicos serem conside- rados complementares aos serviços de medicina do trabalho, já foi comprovado que o trabalhador que não possui saúde bucal adequada produz menos e tem menor nível de confiança e amor-próprio. Os serviços odontológicos devem propiciar ao trabalhador uma reeducação quanto à higiene bucal e à saúde de gengivas e dentes, bem como conscientizá-lo da importância da aparência física para a confiança e a autoestima. A correção de problemas dentários elimina os riscos de desenvolver conta- minações e infecções decorrentes das substâncias presentes no ambiente de trabalho. ( capítulo 9 )Figura 9.2 Ações preventivas: campanhas de vacinação e serviços odontológicos. ( 139 )Fonte:iStock/Thinkstock. Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. DICA DO PROFESSOR O diagnóstico de doenças relacionadas ao processo do trabalho pode facilitar a prevenção e a promoção da saúde no ambiente laboral. Dada a dificuldade de estabelecermos nexo entre determinada doença e o ambiente/processo laboral, é importante que você conheça de que forma a natureza de uma doença dermatológica ou parasitária, por exemplo, é interpretada no escopo do contexto ou do processo de trabalho. Acompanhe, a seguir, na Dica do Professor, a caraterização de doenças relacionadas ao trabalho. ( Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! ) EXERCÍCIOS 1) Qual doença se refere a uma doença respiratória relacionada ao trabalho? A) Asbestose. B) Sinusite. C) Amidalite. D) Pneumonia. E) Pneumococos. 2) Qual situação não é um agente causador de lesão por esforço repetitivo? A) Má postura. B) Regulagem de cadeiras. C) Grande mobilização postural. D) Compressão mecânica constante das estruturas dos membros. E) Realização de grandes esforços físicos. 3) As dermatoses ocupacionais não são ocasionadas por: A) Bactérias. B) Microondas. C) Ruído. D) Atrito. E) Solvente. 4) Qual agente pode causar distúrbios neurológicos relacionados ao trabalho? A) Exposição à umidade. B) Realização de esforços repetitivos. C) Utilização de detergentes enzimáticos. D) Aplicação de pesticidas. E) Exposição a temperaturas extremas. 5) Qual sintoma não está relacionado ao estresse? A) Sonolência. B) Fadiga. C) Medo. D) Irritabilidade. E) Degeneração óssea. NA PRÁTICA Dentro das empresas, o SESMT será o responsável por identificar as situações que trazem risco à saúde dos trabalhadores, objetivando controlá-las, neutralizá-las ou eliminá-las com ações preventivas. Um exemplo disso pode ser uma fábrica de copos com um grande índice de lesão por esforço repetitivo (LER) dos funcionários que verificam falhas nos copos de vidro. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: A importância da ginástica laboral na prevenção de doenças ocupacionais ( Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! )O objetivo deste estudo foi verificar, através de revisão bibliográfica, a importância da Ginástica Laboral na prevenção de doenças ocupacionais. Caracterização das doenças profissionais na atividade de construção civil de Santa Maria- RS ( Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! )a indústria da construção civil tem procurado adotar novas posturas sócio-organizacionais, melhorando seus processos, organização e gestão do trabalho. Saiba mais sobre essa pesquisa acessando o link. Trabalho e morbidade comum em indústria de celulose e papel: um perfil segundo setor Este artigo objetiva identificar as associações das morbidades comuns e dos acidentes de ( Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! )trabalho com setor, descrevendo as cargas de trabalho e realizando um amplo controle de fatores de confusão. O ambiente e as doenças de trabalho em indústrias de artefatos de cerâmica vermelha ( Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! )Esta pesquisa contribuirá, para a melhoria do ambiente de trabalho das empresas, que atuam no ramo de fabricação de cerâmica vermelha, proporcionando assim, qualidade no conforto, segurança e saúde dos seus trabalhadores. Prevenção de Acidentes do Trabalho e Doenças Ocupacionais Vídeo sobre o I Simpósio de Acidentes do Trabalho e Doenças Ocupacionais do TRT-2. ( Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! ) Síndrome de Burnout APRESENTAÇÃO O mundo das organizações vem sendo impactado pelas rápidas mudanças que ocorrem no mundo, fazendo com que as empresas atuem em um ambiente cada vez mais incerto e dinâmico, marcado pela alta competitividade e pela necessidade de constante adaptação para sua sobrevivência. Nesse cenário, há uma forte exigência e pressão sobre os trabalhadores que necessitam se atualizar continuamente e têm sobre suas costas o peso da responsabilidade pelos resultados positivos das empresas. A síndrome de burnout, descrita por Freudenberger, é um distúrbio psíquico relacionado ao esgotamento profissional acarretado por condições de trabalho desgastantes e em excesso e por conflitos interpessoais nas relações de trabalho. Nesta Unidade de Aprendizagem, você verá o trabalho na contemporaneidade, a síndrome de burnout, suas causas e principais sintomas e como a psicologia organizacional e a gestão de pessoas podem atuar na prevenção das doenças relacionadas ao trabalho. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: · Descrever o trabalho na contemporaneidade. · Definir a síndrome de burnout, suas causas e principais sintomas. · Identificar como a psicologia organizacional e a gestão de pessoas podem atuar para prevenir o adoecimento relacionado ao trabalho. DESAFIO O papel da psicologia organizacional é de extrema importância no ambiente laboral, no entanto, muitas empresas ainda não contam com profissionais dessa área em seu quadro funcional. Imagine que você acaba de concluir sua especialização em psicologia organizacional e se candidatou a uma vaga para trabalhar no setor de gestão de pessoas de um hospital. Nessa situação, explique ao chefe do setor as funções que irá desenvolver, caso seja contratado, e sua importância. INFOGRÁFICO Com a crescente pressão sobre as empresas e os trabalhadores e com a complexidade que envolve o trabalho atualmente, torna-se cada vez mais imprescindível monitorar o ambiente de trabalho, visto que é crescente o aumento de doenças relacionadas a ele. Veja, no Infográfico, características do mundo empresarial e o que é exigido dos profissionais na contemporaneidade, bem como o que as pressões e exigências sofridas pelas empresas podem causar no trabalhador. CONTEÚDO DO LIVRO A necessidade de reestruturação do trabalho ocasionada pelas transformações que vêm ocorrendo nos ambientes interno e externo das organizações desperta preocupação em todo o mundo, uma vez que, com as exigências de adaptação cada vez mais complexas, os riscos de os trabalhadores desenvolverem doenças de fundo emocional e psicológico e de se envolverem em acidentes nos ambientes de trabalho vêm aumentando. Partindo da premissa de que saúde e trabalho não se dissociam, é fundamental compreender as organizações na atualidade, a forma como os trabalhadores se veem nesse contexto e como empresa e trabalhador se relacionam, buscando encontrar as melhores práticas de prevenção a esses riscos, pois todas as doenças, sejam físicas ou emocionais, causam consequências negativas para o trabalhador e para as empresas. No capítulo Síndrome de burnout, do livro Qualidade de Vida e Segurança no Trabalho, você verá o trabalho na contemporaneidade, o conceito, as causas e os principais sintomas da síndrome de burnout e como a psicologia organizacional e a gestão de pessoas podem atuar para prevenir o adoecimento relacionado ao trabalho. Boa leitura. QUALIDADE DE VIDA E SEGURANÇA NO TRABALHO Ligia Maria Fonseca Affonso Síndrome de burnout Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: · Descrever o trabalho na contemporaneidade. · Definir a síndrome de burnout, suas causas e principais sintomas. · Identificar como a psicologia organizacional e a gestão de pessoas podem atuar para prevenir o adoecimento relacionado ao trabalho. Introdução O excesso de trabalho, a falta de reconhecimento pelo trabalho realizado, problemas com a liderança, trabalhos sem significado e ambiente de trabalho instável, somados à grande pressão por qualificação, produtivi- dade e aquisição de novas competências e habilidades, vêm abalandoa estabilidade emocional dos trabalhadores, impulsionando o surgimento do estresse e da síndrome de burnout, que, se prolongados, podem gerar outros problemas de saúde, inclusive, a depressão. Neste capítulo, você vai estudar sobre o trabalho na contemporanei- dade, conhecerá o conceito, as causas e os principais sintomas da síndrome de burnout e vai conhecer como a psicologia organizacional e a gestão de pessoas podem atuar para prevenir o adoecimento relacionado ao trabalho. O trabalho na contemporaneidade As transformações pelas quais o mundo vem passando têm provocado mu- danças na vida das pessoas, nas sociedades e no mundo das organizações e do trabalho. No século XVII, com o surgimento da burguesia, que se dedicava ao comércio, o sentido do trabalho começa a ser modificado — até então, trabalho era considerado como uma atividade inferior destinada aos escravos. Os avanços científicos ocorridos nesse período, a transição do feudalismo para o capitalismo e as consequências decorrentes desses eventos fazem o trabalho ser valorizado e se consolidar na sociedade como uma atividade digna e contrária à vida ociosa (ALVIM, 2006). Com a Revolução Industrial, ocorrida entre os séculos XVIII e XIX, as máquinas invadem os processos de produção para aprimorá-los e torná-los mais eficientes, fazendo surgir um modelo de trabalho mecanizado, sem valor afetivo por parte do trabalhador, que passa a ser controlado precisamente pelos burocratas, responsáveis por estabelecer as regras de trabalho no modelo de gestão inspirado nas práticas de Frederick Taylor (TAYLOR, 1995). Esse mo- delo prega a racionalização do trabalho e leva à alienação do trabalhador. Há, consequentemente, uma separação entre a concepção do trabalho e sua execução. ( Frederick Taylor criou o modelo de administração com base na aplicação de métodos ci e n t í f i c o s p a r a a s o l u ç ã o d e p r ob l e m a s . S ua i n t e n ç ã o e r a i d e n t i f i c ar e c o n t r o l ar o s d e s p e r dí ci o s n a s i n dú s t r i a s , e l e v a n d o o n í v e l d e p r o d u ç ã o , e m m e n o r t e m p o e c o m m e n o r c u s t o . A r a ci o na l i z a ç ã o d o t r a b a l h o , a e s p e c i a l i z a ç ã o d o o p e r á r i o e a p a d r o n i - z a ç ã o s ã o a l g um a s c a r a c t e r í s t i c a s da a dm i n i s t r a ç ã o ci e n t í f i c a d e T a y l o r ( S I L V A , 2 0 1 3 ) . ) Nesse período, há um crescente aumento de produção, o que permite ao comércio ter estoque de mercadorias. Dessa forma, faz-se necessário aumen- tar o número de compradores e, aos poucos, a sociedade do consumo vai se formando e, quanto maior as vendas, maior a necessidade de produção. Esse movimento contribuiu para o aparecimento de mais fábricas em diversas localidades e, com a produção em maior escala, surge a necessidade de con- tratar mais trabalhadores. O impasse da época era como conseguir contratar trabalhadores para uma atividade tão desvalorizada como o trabalho. Pen- sando nisso, os produtores repaginaram o significado histórico e social do trabalho, fazendo com que fosse visto como um ato nobre. Surge o conceito de homo economicus, ou seja, o homem como produtor e consumidor. Esse conceito foi crescendo de tal forma que contagiou as diversas classes sociais, influenciou valores culturais e tornou-se algo mais importante e valorizado que o próprio trabalhador. Nesse sentido, o trabalho era o centro da vida do trabalhador, que ficava confinado nas fábricas, e interferia em suas relações familiares, no lazer e em seus sonhos. O trabalho passa a ser, então, algo essencial para a existência do homem, uma vez que não significa somente ( 16 ) ( Síndrome de burnout ) ( Síndrome de burnout 17 ) um meio de sobrevivência, mas, também, um meio de realização pessoal e inserção social, sendo um fator de equilíbrio e desenvolvimento (DEJOURS; DESSORS; DESRIAUX, 1993; NARDI, 2006). O avanço do capitalismo para um modelo mais liberal torna o mercado mais livre e competitivo. Assim, o livre comércio, o mercado globalizado, o avanço da tecnologia e o crescente fluxo de informações levam as organi- zações a enxergar as pessoas como meio para alcançar maior diferencial e competitividade, ou seja, as mudanças no trabalho não param de acontecer, e os modelos de gestão, de evoluir. O surgimento do movimento da qualidade total devolve ao trabalhador a responsabilidade de pensar sobre suas atividades e sobre como exercê-las, superando a antiga separação entre a concepção e a execução do trabalho, fazendo com que o trabalhador volte a criar um vínculo afetivo com as atividades laborais. Dessa forma, o sentido negativo do trabalho vai cedendo lugar a um sentido positivo e valorizado. Cabe destacar que as transformações que vêm ocorrendo no mundo, além de gerarem impactos nas dimensões política, econômica, social, ambiental, tecnológica e cultural, afetam também o mundo das organizações, gerando incertezas, imprevisibilidade e turbulência, exigindo que elas estejam atentas e preparadas para se adaptar a todo tipo de mudanças, adotando novas estratégias e formas de trabalhar para enfrentar o mercado altamente competitivo e encontrar respostas para as exigências que se impõem, garantindo sua sobrevivência. Ou seja, o mercado é dinâmico e está em constante transformação, o que faz com que as organizações convivam permanentemente com a necessidade de adaptação, ajustando ou alterando seus processos, relacionamentos, modelos de gestão, estruturas, cultura, etc. Isso significa que a mudança é cada vez mais presente no cotidiano das organizações, que buscam continuamente adaptar sua estrutura, ressignificando sua cultura e adotando novas dinâmicas que tornam o trabalho mais complexo, gerando maiores ou menores impactos em seus ambientes interno e externo (LIMA; BRESSAN, 2003; OURO, 2005; JONES, 2010; KOTTER, 2013). É importante destacar que a capacidade das organizações de se posicionarem no mercado e de responderem aos seus desafios está diretamente relacionada às pessoas e à forma como elas as estimulam e às suas competências, bem como definem seu organograma e suas formas de funcionamento. Além de fatores como produtividade, iniciativa, criatividade, conhecimento e inovação como diferenciais competitivos, as pessoas passaram a ser vistas como o vetor de criação de valor nas organizações, que, por esse motivo, voltaram seu olhar para o capital humano, considerando-o como seu mais importante ativo intangível, capaz de gerar, ou não, valor e riqueza. Ou seja, os seres humanos assumem maior importância para as empresas, uma vez que serão capazes de aumentar ou diminuir a produtividade, de melhorar ou piorar a qualidade de um serviço e, ainda, gerar maior ou menor lucro para as organizações. Dessa forma, as organizações passaram a investir em seu capital humano, utilizando novas ferramentas e estratégias de gestão capazes de potencializar suas competências e valorizá-las. Ou seja, as empresas passaram a se preocupar com a forma de trabalho, pois o fator humano permeia todos os níveis da organização e, sem ele, não se produz o resultado esperado (FERNANDES, 2005; CARBONE, 2000; AFFONSO; ROCHA, 2010). Assim, em uma luta entre o velho e o novo, ou seja, entre os paradigmas da gestão tradicional e os da nova gestão, as organizações passam a buscar novas práticas e estratégias de gestão, como, por exemplo, a descentralização do poder e a administração flexível, e começam a incentivar a criatividade, a inovação e a participação dos trabalhadores nas decisões da empresa e sobre suas atividades, como meio de fazer com que se comprometam e se envolvam com a missão da organização e contribuam para a realização de mudanças e para a obtenção de melhores resultados, ou seja, que para o objetivo maior da empresa, a sua razão de existir. ( O comprometimento organizacional pode ser entendido como um tipo de vínculo social que o trabalhadorestabelece com a organização a partir de um sentimento de a fe t o e d e i d e n t i f i c a ç ã o q u e e s t i m u l a um c o m p o r t a m e n t o p r o a t i v o , d e p a r t i c i p a ç ã o , d e e m p e n h o s u p e r i o r e d e d e fe s a da o r ga n i z a ç ã o ( M E N E Z E S , 2 0 0 9 ) . ) Nesse sentido, a participação confere maior autonomia ao trabalhador ao mesmo tempo que eleva sua autoestima, pois, permitindo sua participação, a organização valoriza suas ideias, experiências e conhecimento. Essa é uma forma de fazer com que o trabalhador se sinta como parte importante no processo organizacional e se comprometa com os objetivos organizacionais. A participação possibilita, ainda, maior interação entre os trabalhadores, me- lhoria no trabalho em equipe, fortalecimento da comunicação e da cooperação, contribuindo, também, para a construção de um ambiente de trabalho mais saudável e motivador, além de revelador talentos (MOTTA, 1999). Ao adotar modelos de administração mais flexíveis, as organizações esperam dos trabalhadores, dentre outros aspectos, maior versatilidade e responsabilidade; mente aberta às mudanças e aprendizagem contínuas, bem como a capacidade de assumir riscos. Dessa forma, as organizações esperam que seus trabalhadores estejam disponíveis para adequar-se rapidamente ao ambiente que se apresenta, impulsionando o surgimento do trabalhador multi- funcional, ou seja, capaz de atuar em diversas funções necessárias ao alcance dos objetivos organizacionais e à preservação de seu emprego (GAULEJAC, 2007; SENNETT, 2007; BOLTANSKI; CHIAPELLO, 2009). Mas você já parou para refletir como está o mundo do trabalho atualmente? Não podemos falar em trabalho sem falar nas empresas e na forma como elas se estruturam e gerenciam seus recursos e as pessoas. As empresas contemporâneas valorizam sua mão de obra e têm seu foco em seus clientes; são mais ágeis, algu- mas são mais enxutas e exigem de seus funcionários maior conhecimento sobre seus negócios. Ou seja, modelos de gestão e de organização tradicionais não são mais indicados para a gestão na contemporaneidade, apesar de ainda serem uma prática em muitas organizações, principalmente porque o ambiente externo não é mais o mesmo. Os princípios que orientavam as organizações nos anos 1960, como hierarquia, especialização por funções, unidade de comando e amplitude de controle, não se adequam às organizações atuais (GONÇALVES, 1998). As organizações modernas passaram a ser desenhadas com base em prin- cípios como criação de valor, trabalho em equipe, monitoramento dos resulta- dos, coordenação, maior fluxo de comunicação direta, alocação dinâmica de recursos, entre outros, e buscam se adequar às exigências dos novos tempos. Assim, o universo empresarial tem como palavras de ordem “adaptação” e “atualização”, visto que, no mundo globalizado, as mudanças são rápidas e constantes. Assim, as organizações devem trabalhar para criar vantagem com- petitiva, gerando resultados para seu negócio e seus stakeholders, utilizando estratégias adequadas ao negócio (LUSTRI, 2005). Com o ambiente empresarial altamente competitivo e imprevisível, as empresas se veem cada vez mais dependentes de trabalhadores comprome- tidos e preparados. Nesse sentido, devem investir na qualidade de vida no trabalho, na motivação dos funcionários e, sobretudo, em sua qualificação e capacitação, buscando o desenvolvimento de novas competências e habilidades. Isso significa que capacitar a força de trabalho tem sido uma das maiores preocupações das empresas que buscam se manter no mercado e alcançar o sucesso. Desenvolver continuadamente as pessoas em todos os níveis e grupos das empresas é fundamental para que estejam preparadas para os novos e contínuos desafios. Dessa forma, requer-se dos trabalhadores novos conhe- cimentos, novas habilidades e novos comportamentos, desde a compreensão de processos em sua totalidade até a resolução de problemas. ( C o m p e t ê n ci a r e f e r e - s e a o c o n j u n t o d e c o n h e ci m e n t o s , h a b i l i d a d e s e a t i t ud e s n e c e s s á r i o s a o s i n d i v í d u o s p a r a e x e r c e r d e t e r m i n a d a a t i v i d a d e . F o i D u r a n d ( 1 9 8 6 ) q u e m c o n s t r u i u o c o n c e i t o d e c o m p e t ê n c i a c o m b a s e e m t r ê s di m e n s õ e s : K n o w l edg e , K n o w - Ho w e A t t i t ud e s , t am b é m c o n h e c i d o s c o m o C H A . O c o n h e c i m e n t o r e fe r e - s e a o “ s a b e r ” ; ha b i l i d a d e r e fe r e - s e a o “ s a b e r f a z e r ” e a t i t ud e r e fe r e - s e a o “ q u e r e r f a z e r ” ( C A R B O N E , 2 00 0 ) . ) Nesse contexto, os trabalhadores vêm sendo cada vez mais cobrados pelas organizações, visto que, para acompanhar as novas exigências que lhes são requeridas, precisam qualificar-se mais, dedicar-se mais e envolver-se com o trabalho que realizam. Dessa forma, o trabalho assume cada vez mais impor- tância e significado na vida dos trabalhadores, visto que estes passam a maior parte de seu tempo nas empresas e menos tempo com suas famílias. Assim, é importante destacar que o trabalho, além de ser um fator de equilíbrio e desenvolvimento pessoal, pode ser também um fator de deterioração física e psíquica (DEJOURS; DESSORS; DESRIAUX, 1993). Síndrome de burnout Você viu que o trabalho, além de ser um meio de sobrevivência, é uma forma de as pessoas se realizarem profissionalmente e pessoalmente, além de um meio de reconhecimento e aceitação social. Ou seja, o trabalho é algo fundamental para a existência humana, uma vez que é por meio da remuneração recebida que as necessidades humanas de alimentação, moradia, educação, bem-estar social, entre outras, são satisfeitas. Dessa forma, o trabalho é um elemento crítico que contribui para o autoconceito e para a identidade pessoal (FERREIRA; LUCCA, 2015). Nesse sentido, é importante ter em mente que um trabalho só possui signi- ficado para um indivíduo se gerar algum valor que ele possa perceber, ou seja, se contribui para seu crescimento profissional ou pessoal; se o resultado do trabalho é relevante; se oferece benefícios em relação ao ambiente empresarial, etc. O sentido que o indivíduo dá a seu trabalho, isto é, a forma como ele trabalha e o que produz com seu trabalho, afeta-o diretamente, não somente no ambiente de trabalho, mas fora dele também, gerando impacto sobre seu pensamento, liberdade, consciência, comportamento e independência. Isso significa que um trabalho que não gera qualquer interesse no trabalhador e acontece em um ambiente insignificante contribui para torná-lo entediante, absurdo e sem sentido (MORIN, 2001; RONCHI, 2010). Estudos sobre motivação (BERGAMINI, 2008; VERGARA, 2010) têm revelado que o significado do trabalho é fonte de motivação para alguns trabalhadores, enquanto para outros vem enfraquecendo-se, tendo seu valor limitado às vantagens econômicas por ele geradas e à necessidade de sobre- vivência. Pesquisas apontam que, no Brasil, mais de 50% dos trabalhadores formais andam insatisfeitos com seu trabalho. Dentre as principais causas, estão a falta de reconhecimento e valorização do trabalhador, conflito entre os valores e objetivos pessoais e organizacionais, problemas de liderança, remuneração incompatível com o esforço empreendido, ambiente de trabalho desfavorável, sobrecarga de trabalho, entre outros (DINO, 2018). Essa insatisfação no trabalho é algo preocupante e precisa ser investigado, uma vez que pode gerar consequências negativas na vida do trabalhador, como, por exemplo, diversas doenças de fundo emocional e psicológico, como estresse, burnout e depressão, que, por sua vez, impactam diretamente nos resultados da empresa, visto que geram desmotivação, baixo desempenho do trabalhador e, consequentemente, baixa produtividade, alta rotatividade, absenteísmo, violência no localde trabalho, entre outras (QUICK et al., 1997). O estresse organizacional é considerado como um dos riscos mais sérios ao bem-estar psicossocial do indivíduo e é uma fonte constante de preocupação, pois coloca em risco a saúde dos trabalhadores de uma organização, ambiente no qual 50 a 80% de todas as suas doenças é de fundo psicossomático ou estão relacionadas ao estresse. São muitas as reações fisiológicas, emocionais e comportamentais associadas ao estresse, como doenças do coração e hiperten- são, relacionadas à quantidade de estresse sofrido pelo indivíduo; ansiedade, baixa autoestima, depressão; insatisfação com o trabalho, baixo desempenho e violência no local de trabalho (PELLETIER, 1984; QUICK et al., 1997). A depressão refere-se a um conjunto de manifestações que levam a neces- sidade de isolamento, desânimo, ansiedade, insônia, tristeza, angústia, medo, vontade de chorar, entre outros. É uma doença que pode manifestar-se em dife- rentes momentos da vida de uma pessoa e pode ser considerada um problema de saúde pública, uma vez que causa grande sofrimento e altas taxas de suicídio. É, além disso, um dos principais motivos de afastamento do trabalho (OMS, 1993). O termo burnout traduzido do inglês significa queimar lentamente, até o fim, e tem relação com o desgaste emocional que impacta nos aspectos físicos e emocionais do indivíduo. A síndrome de burnout foi descrita por Freudenberger (1974) como um distúrbio psíquico relacionado ao esgotamento profissional acarretado por condições de trabalho desgastantes e em excesso e por conflitos interpessoais com os colegas de trabalho e demais pessoas envolvidas nele (ROSSI et al., 2010). É uma síndrome considerada no mundo organizacional como um grande problema e responsável, dentre outras coisas, pela diminuição do interesse em trabalhar. Assim, burnout é um termo utilizado quando o desgaste emocional está correlacionado com a atividade ou com o ambiente de trabalho (MERZEL, 2019). ( Freudenberger foi um psicólogo alemão e um dos pioneiros na descoberta dos sintomas d e e s g o t a m e n t o p r o f i s s i o n a l , t e n d o s e a p r o f u n d a d o n o s e s t ud o s s ob r e a s í n d r o m e de burnout (ROSSI et al. , 2010). ) Burnout é uma síndrome psicológica que envolve uma reação prolongada à tensão emocional crônica e que se dá em três dimensões, cujas reações são exaustão devastadora, sensação de ceticismo e desligamento do trabalho, sensação de ineficácia e falta de realização. Veja um pouco mais sobre essas dimensões a seguir (LEITER; MASLACH, 2005). · Dimensão da exaustão: os trabalhadores sentem-se esgotados, sem energia e reclamam de estarem sobrecarregados de trabalho. Essa exaus- tão tem como fontes principais a sobrecarga de trabalho e o conflito pessoal no trabalho. · Dimensão do ceticismo: refere-se à sensação negativa e insensível aos diversos aspectos do trabalho. Normalmente, desenvolve-se como uma resposta à sobrecarga de exaustão emocional, ou seja, atua como uma proteção emocional. Diante da carga excessiva de trabalho, o trabalhador começa a se retrair e a reduzir o que está fazendo. Esse desligamento do trabalho pode incorrer na perda do idealismo e na desumanização dos outros, ou seja, com o passar do tempo, essa proteção e a diminuição do trabalho se transformam em uma reação negativa do trabalhador em relação às pessoas e ao trabalho. Conforme o ceticismo vai se de- senvolvendo, o trabalhador vai deixando de fazer o melhor para fazer o mínimo, isto é, diminui o tempo que passa no trabalho e o esforço e a dedicação a ele. Com isso, o desempenho cai e o trabalhador acaba fazendo o mínimo para garantir seu salário. · Dimensão da ineficácia: refere-se ao sentimento de incompetência, de falta de realização profissional e de produtividade no trabalho. Esse sentimento é disparado pela falta de recursos para a execução do trabalho e pela falta de apoio social e de oportunidades para se desenvolver profissionalmente. Os indivíduos que vivenciam essa dimensão do burnout sentem-se como se tivessem cometido um erro na escolha de sua carreira e passam a se autocriticar e a ter uma ideia negativa de si mesmo e dos outros. Mas qual será o perfil de pessoas com maior probabilidade de sofrer de burnout? Na verdade, estudos sobre esse aspecto não apresentaram resultados relevantes, apenas sugestões de tendências. A doença tende a se desenvolver em pessoas com baixa autoestima, baixos níveis de resistência, comportamento de risco e que apresentam traços de ansiedade, hostilidade, depressão, insegurança e vulnerabilidade, ou seja, aspectos relacionados ao neuroticismo. ( O neuroticismo é um dos cinco traços da teoria dos traços que constituem a persona- lidade de um indivíduo e refere-se ao nível crônico de desajustamento e instabilidade e m o ci o na l . O s d e m a i s t r a ç o s s ã o a e x t r o v e r s ã o , a a b e r t u r a p a r a e x p e r i ê n c i a , a am a b i - l i d a d e e a c o n s ci ê n c i a ( P E R V I N ; J O H N , 2 0 1 3 ) . ) Essas pessoas encaram as situações estressantes de forma passiva e defen- siva e são emocionalmente instáveis e passíveis de distresse psicológico, ou seja, são pessoas que correm maior risco de desenvolver a síndrome de burnout. ( Distresse é um termo das áreas de psicologia e psiquiatria relacionado ao estresse e x c e s s i v o , o u s e j a , a q u e l e e m m ai o r n í v e l , c a p a z d e c a u s a r s o f r i m e n t o e p r e j u d i c a r a s a ú d e e , c o n s e q u e n t e m e n t e , o u t r a s d i m e n s õ e s da v i d a p e s s o a l e p r o f i s s i o na l . O e u s t re s s e , p o r s ua v e z , r e fe r e - s e a um e s t r e s s e b o m e q u e a j u da a s p e s s o a s a r e a g i - r e m p o s i t i v a m e n t e d i a n t e d e d e s a f i o s e m u da n ç a s ; é um t i p o d e e s t r e s s e q u e l e v a o o r ga n i s m o a p r o d u z i r a d r e na l i na , da n d o à p e s s o a â n i m o e e n e r g i a ( F AR O , 2 0 1 5 ) . ) Os sintomas da síndrome de burnout podem ser físicos ou psíquicos, como, por exemplo, dores no corpo, cansaço, desânimo, apatia, desinteresse, irritabilidade, alterações no sono e no apetite, além de tristeza excessiva. É importante destacar que a síndrome foi identificada no mundo do trabalho, mais precisamente nas áreas de assistência, como saúde, saúde mental, assistência social, sistema judiciário penal, profissões religiosas, de aconselhamento e no ensino. Nessas áreas de atuação, a necessidade dos outros é colocada em primeiro lugar, e isso exige muito trabalho, abnegação, contato pessoal e emocional intenso e fazer o que for preciso para ajudar o outro. Assim, pro- fissionais da área de saúde, professores e policiais possuem grande propensão a desenvolver a síndrome (LEITER; MASLACH, 2005; MERZEL, 2019). ( A síndrome de burnout é muitas vezes confundida com estresse, o que pode dever-se a o f a t o d e q u e o s s i n t o m a s d o e s t r e s s e e s t ã o p r e s e n t e s n e s s a s í n d r o m e ( M E R Z E L , 2 0 1 9 ) . ) Outro aspecto que deve ser destacado é que o problema que causa a síndrome não surge em decorrência de falha pessoal, e, sim, da falta de afinidade do indivíduo com aspectos de seu trabalho, como, por exemplo, sobrecarga de trabalho, falta de controle, recompensas insuficientes, ruptura na comunidade, falta de justiça e conflitos de valor. Dessa forma, o acúmulo de atividades e de responsabilidades, bem como o alto nível de exigências e pressões por parte das empresas, pode desencadear os primeiros sintomas da síndrome. Nesse contexto, três aspectos principais se manifestam: o esgotamento físico e mental; uma sensação de impotência e a falta de expectativas. Cabedestacar que, quanto maior for a incompatibilidade entre o traba- lhador e seu trabalho, maior é a probabilidade de desenvolver burnout. Por outro lado, quanto menor for essa incompatibilidade, maior será o nível de comprometimento com o trabalho (ROSSI et al., 2010). Vamos ver um pouco mais sobre algumas incompatibilidades? · Sobrecarga de trabalho: é um dos principais preditores da dimensão exaustão do burnout. O trabalhador sente que tem muito trabalho a realizar e pouco tempo e recursos para isso. Pessoas com sobrecarga de trabalho normalmente também sentem um desequilíbrio entre tal sobrecarga de trabalho e a vida pessoal, uma vez que, muitas vezes, acabam sacrificando momentos em família para concluir o trabalho. · Falta de controle: o trabalhador não tem controle sobre diversos as- pectos que podem interferir no trabalho, como, por exemplo, demissão, mudanças na gerência, enxugamento do quadro funcional, necessidade de trabalhar fora da empresa, de viajar, de trabalhar fora do horário de expediente, etc. Essas situações causam impactos significativos sobre os níveis de estresse e burnout. · Recompensas insuficientes: o trabalhador acredita que não está sendo adequadamente recompensado pelo trabalho exercido e pelo desempe- nho apresentado. Isso se refere não somente ao salário e aos benefícios recebidos, mas também ao reconhecimento pela qualidade do trabalho e o esforço empreendido para a sua realização. O reconhecimento positivo sobre o trabalho realizado é fundamental para prevenir o bunout. · Ruptura na comunidade: refere-se às relações entre as pessoas no ambiente de trabalho, como a falta de apoio e confiança e conflitos não resolvidos. A quebra do senso de comunidade gera hostilidade e concorrência, dificultando a resolução dos conflitos, o que eleva os níveis de estresse e burnout, dificultando a realização do trabalho. · Falta de justiça: refere-se à falta de justiça e igualdade no local de trabalho, situações que levam a raiva e hostilidade, fazendo com que o trabalhador se sinta tratado com desrespeito. · Conflitos de valor: acontece quando há uma incompatibilidade entre os valores da empresa e os valores pessoais. Ou seja, há um conflito, por exemplo, entre o que o trabalhador quer fazer e o que ele tem que fazer. Ou seja, o trabalhador precisa agir de uma forma com a qual não concorda para realizar o trabalho, havendo, assim, um conflito de valores. Além disso, a síndrome é preocupante porque pode gerar custos não só para os funcionários, mas também para as empresas. Muitas vezes, os gerentes não dão a devida importância para os sintomas de estresse e esgotamento apresen- tados pelo trabalhador. De modo geral, ao identificar tais sintomas, os gerentes pensam que se trata de um dia ruim na vida do trabalhador, considerando que esse é um problema seu, e não da empresa. Muitas pesquisas revelam que o estresse no trabalho indica uma piora no desempenho do trabalhador, proble- mas nos relacionamentos com a família e de saúde. Por exemplo, o auge da síndrome pode causar uma crise física e emocional que, muitas vezes, requer um atendimento médico com intervenção medicamentosa e psicoterapia. Um funcionário com burnout apresenta padrões mínimos de trabalho, passa a ter um desempenho bem abaixo da média e queda na qualidade da produtividade. Além disso, comete mais erros, torna-se menos cuidadoso e apresenta baixo nível de criatividade na resolução de problemas, aspectos que podem gerar altos custos para as empresas (ROSSI et al., 2010; MERZEL, 2019). ( Apesar de a síndrome de burnout ter sido identificada em atividades relacionadas à a s s i s t ê n c i a , a o a c o n s e l ha m e n t o e a o e n s i n o , s ua a p l i c a ç ã o po d e t o r na r - s e i m p o r t a n t e e m o u t r a s e s fe r a s da v i da , c o m o , p o r e x e m p l o , na f am í l i a , p a r a ana l i s ar a r e l a ç ã o e n t r e p a i s e f i l h o s e e n t r e p e s s o a s q u e f o r m am um c a s a l ( P R O C A C C IN I ; K I E F AB E R , 1 9 8 3 ) . ) Psicologia organizacional e gestão de pessoas na prevenção de doenças do trabalho O mundo do trabalho está cada vez mais dinâmico e complexo, impactando na forma como as pessoas realizam seu trabalho, lidam com ele e se relacionam com as pessoas nesse ambiente. É claro que tantas mudanças não deixariam o mundo do trabalho de fora, que é um reflexo da vida do homem e acompanha a sua evolução. Você já sabe que as pessoas, atualmente, passam a maior parte de seus dias dentro das empresas onde trabalham, envoltas em processos variados que lhes permitem executar suas tarefas e contribuir para o alcance dos objetivos da empresa. Você já parou para pensar no quanto esse ambiente é complexo e quanta diversidade é possível encontrar nele? Pessoas, valores, crenças, for- mação, pensamentos, experiências, vivências, conhecimentos, habilidades, conhecimentos, todos diferentes uns dos outros. Assim, é natural encontrar nesses ambientes problemas e conflitos que precisam ser tratados e solucionados. Dessa forma, as empresas necessitam de profissionais preparados para encarar toda essa complexidade e lidar cuidadosamente com as pessoas, os pro- blemas e conflitos, permitindo que os profissionais se desenvolvam e exerçam suas atividades em um ambiente harmonioso de trabalho. Você também já sabe que as pessoas são o ativo mais importante das empresas, uma vez que são as responsáveis por ajudá-las a alcançar seus objetivos, ou seja, são responsáveis pelo aumento ou pela diminuição da produtividade, por melhorar ou piorar a qualidade dos serviços ou produtos e por gerar maior ou menor lucro. Dessa forma, entendemos que não basta uma ótima estrutura, recursos materiais e tecnológicos necessários se as empresas não puderem contar com profissionais qualificados e comprometidos. Assim, é preciso que essas empresas cuidem dessas pessoas, entendendo-as nesse universo e compreendendo os aspectos relacionados à sua atuação no ambiente de trabalho. A psicologia organizacional tem como objetivo estudar o indivíduo na organização e a influência desta no indivíduo. Nesse contexto, além de es- tudar a estrutura formal e informal das empresas, estuda seus processos de recrutamento e seleção, a forma como recompensam seus trabalhadores pelos serviços executados, como estimulam a motivação nos trabalhadores, como esses se relacionam socialmente neste ambiente e como seu pensamento, seus sentimentos e comportamentos são influenciados pela empresa, entre outros aspectos (FURNHAM, 2001). A gestão de pessoas, por sua vez, tem como responsabilidade coordenar e equilibrar os interesses pessoais e organizacionais, com vistas a manter na orga- nização funcionários motivados, qualificados, produtivos e comprometidos com os objetivos da organização. Nesse contexto, o psicólogo organizacional tem como principal função ocupar-se com a saúde emocional e psicológica do trabalhador. Mas quais são as funções da gestão de pessoas nas organizações? Vamos ver algumas delas a seguir (GIL, 2006). · Agregar pessoas: diz respeito a adotar políticas eficazes de atração e retenção do capital humano, ou seja, atrair, selecionar e integrar novos funcionários. · Aplicar pessoas: significa que, além de descrever cargos e suas funções, deve-se adequá-los às estratégias da organização, avaliar o desempenho dos funcionários, viabilizar o plano de carreiras e disseminar a cultura organizacional. · Recompensar pessoas: refere-se a elaborar uma boa política de remu- neração e recompensar e reconhecer o trabalho realizado. · Desenvolver pessoas: refere-se a capacitar e desenvolver os profissionais por meio de programas de desenvolvimento, de gestão de mudança e de comunicação interna, de forma contínua, alinhando-os aos perfis individuais de competência e às demandas da organização. · Manter pessoas: refere-se a criar e manter um bom clima e cultura orga- nizacional, gerir programas de saúde, segurança do trabalho,higiene e qualidade de vida. Isso significa que um ambiente satisfatório e seguro é fundamental para a realização do trabalho. · Monitorar pessoas: refere-se ao acompanhamento e à gestão de pessoas por meio de resultados, o que pode ser operacionalizado por meio de reuniões periódicas com os envolvidos, buscando a análise do desen- volvimento do trabalho e dos resultados alcançados. Todas essas funções são imprescindíveis para o sucesso da gestão de pessoas e para que o setor possa atender às exigências do cenário organizacional con- temporâneo. São funções importantes também para prevenir o adoecimento no trabalho. Nesse contexto, o psicólogo organizacional participa atuando também: · nos processos de recrutamento e seleção; · no treinamento e no desenvolvimento dos trabalhadores; · na avaliação de desempenho; · no desenvolvimento de líderes e equipes; · no aconselhamento de carreira; · no diagnóstico de problemas; · na formulação de programas de qualidade de vida no trabalho; · na identificação de doenças e acidentes de trabalho e suas causas. O importante é que essas e outras tantas funções da gestão de pessoas, em conjunto com a psicologia organizacional, permitam a criação de condições necessárias para que as pessoas desenvolvam competências e habilidades necessárias à realização de seu trabalho, tornando-se mais eficientes, eficazes, participativas, satisfeitas e realizadas no ambiente profissional, com menor índice de doenças e acidentes de trabalho (TEIXEIRA et al., 2010). Os problemas emocionais e psíquicos relacionados ao trabalho, como, por exemplo, o estresse e o burnout, acabam desencadeando outras doenças, cau- sando sintomas como dores no corpo, cansaço, desânimo, apatia, desinteresse, irritabilidade, alterações no sono e no apetite, tristeza excessiva, entre outras. Esses problemas e outras doenças relacionadas ao trabalho geram prejuízos não só aos trabalhadores, mas às empresas, acarretando problemas como absenteísmo (falta ao trabalho), alta rotatividade (grande fluxo de entrada e saída de profissionais na empresa), afastamento por doenças, conflitos inter- pessoais, acidentes de trabalho, e outros (ROSSI et al., 2010). Não existe receita pronta para resolver o problema das doenças do trabalho. Cada organização é única e conta com estruturas e processos diferenciados. No caso de identificação de estresse e burnout, por exemplo, é preciso avaliar os seus impactos e consequências na saúde do trabalhador e nos resultados da organização, com a participação dos gestores de pessoas, psicólogos, médicos do trabalho, entre outros, pois, para cada caso, haverá uma solução ou ação específica que deve ser buscada com a participação do trabalhador envolvido (ROSSI et al., 2010). Além de todas as ações apresentadas, deve ser dada uma atenção maior ao comportamento e ao desempenho do trabalhador, ou seja, a como ele está se relacionando com seu líder, com seus colegas e seus clientes; se a sua relação com os outros é respeitosa; se está conseguindo executar suas atividades diárias dentro do prazo estabelecido; se cumpre normalmente seu horário de trabalho; se participa com contribuições significativas nas reuniões com seu líder e equipe; se consegue atingir as metas estabelecidas, entre outros. Cabe destacar que, se a empresa cobra tanto do profissional, deve estar atenta a esses e outros aspectos. Por sua vez, é preciso avaliar se a empresa oferece boas condições de trabalho e disponibiliza os recursos necessários para a sua realização; como ela remunera, recompensa e valoriza seus trabalhadores; se as metas estabelecidas para os trabalhadores são factíveis; se o trabalho é significativo para o trabalhador e se este possui autonomia e responsabilidade para sua execução; se a empresa investe e estimula relações pessoais saudáveis; se gerencia os níveis de estresse no ambiente de trabalho; se a comunicação com os trabalhadores é clara e transparente, etc. (ROSSI et al., 2010). Assim, podemos concluir que a manutenção da saúde do trabalhador dentro da empresa é fundamental, pois, além de oferecer ao trabalhador maior qualidade de vida no trabalho, traz para a empresa maior produtividade e obtenção dos resultados esperados, uma vez que trabalho e saúde não se dissociam. Nesse sentido, o psicó- logo organizacional atua na prevenção de adoecimentos relacionados ao trabalho. ( A F F O N S O , L . M . F .; R O C H A , H . M . F a t o r e s o r g a n i z a ci o n a i s q u e g e r a m i n s a t i s f a ç ã o n o s e r v i d o r p ú b l i c o e c o m p r o m e t e m a qua l i d a d e d o s s e r v i ç o s p r e s t a d o s . In : S I M P Ó S I O D E E X C E L Ê N C I A E M G E S T Ã O E T E C NO L O G I A , 7 ., 2 01 0 . A n a i s [ .. . ] . R e s e n d e : A E D B, 2 01 0 . D i s p o n í v e l e m : h t t p s : / / w w w . a e db . b r / s e g e t / a r qu i v o s / a r t i g o s 1 0 / 2 34 _ S E G e T _ F a t _ O r ga n i z a ci o na i s _ c _ a u t o r e s . p d f . A c e s s o e m : 2 6 fe v . 2 0 1 9 . A L V I M , M . B . A r e l a ç ã o d o h o m e m c o m o t r a b a l h o na c o n t e m p o r a n ei d a d e : um a v i s ã o c r í t i c a f u n da m e n t a da na g e s t a l t - t e r a p i a . E s t u d o s e P e s q u i s a s e m P s i c o l o g i a , R i o d e J a - n e i r o , v . 6 , n . 2 , p . 1 2 2 - 1 30 , d e z . 2 0 0 6 . D i s p o n í v e l e m : h t t p : / / p e p s i c . b v s a l ud . o r g / s ci e l o . p h p ? s c r i p t = s c i _ a r t t e x t & p i d = S 1 8 0 8 - 4 2 8 1 2 0 06 00 0 2 00 01 0 . A c e s s o e m : 2 6 fe v . 2 0 1 9 . B E R G A M IN I , C . W . M o t i v a ç ã o n a s o r ga n i z a ç õ e s . 5 . e d . S ã o P a u l o : A t l a s , 2 0 0 8 . B O L T A N S K I , l .; C H I A P E L L O , E . O n o v o e s p í r i t o do c a p i t al i s m o . S ã o P a u l o : W M f M a r t i n s F o n t e s , 2 0 0 9. ) CARBONE, P. P. Cultura organizacional do setor público brasileiro: desenvolvendo uma metodologia de gerenciamento da cultura. Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 34, n. 2 mar./abr., 2000. Disponível em: http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/ index.php/rap/article/view/6273. Acesso em: 26 fev. 2019. 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DICA DO PROFESSOR Os problemas emocionais e psicológicos têm afetado cada vez mais pessoas, inclusive crianças. Vivemos em um mundo dinâmico, com muitas atividades e preocupações diárias que, se prolongadas, podem causar estresse e se agravar com problemas em várias esferas da vida, principalmente no trabalho, local onde se está a maior parte do tempo. Veja, na Dica do Professor, alguns aspectos do estresse e o que os especialistas recomendam para equilibrá-lo. ( Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! ) EXERCÍCIOS 1) Os modelos de gestão e de organização tradicionais não se encaixam mais em muitas organizações nos dias de hoje, principalmente porque o ambiente externo não é mais o mesmo. Os princípios que orientavam as organizações nos anos 1960 não se adequam às organizações atuais. Nesse sentido, é correto afirmar que é uma característica do trabalho na contemporaneidade: A) a especialização por função. B) a centralização. C) a padronização de processos. D) o monitoramento de resultados. E) a amplitude de controle. 2) Após um período de desvalorização, o trabalho assumiu grande importância passando a representar para as pessoas, além de um meio de sobrevivência, um meio de realização pessoal e de reconhecimento social. As empresas também passaram a se preocupar com a forma de trabalho, pois o fator humano permeia todos os níveis da organização e sem ele não se produz o resultado esperado. Nesse sentido, em uma luta entre os paradigmas da gestão tradicional e os da nova gestão, as organizações passam a buscar novas práticas e estratégias de gestão como: A) participação das pessoas nas decisões sobre suas atividades. B) melhor fluxo de comunicação entre as chefias. C) estímulo a relações formais entre as pessoas. D) capacitação de forma periódica. E) decisões centradas nos níveis mais altos da empresa. 3) Pesquisas apontam que, no Brasil, mais de 50% dos trabalhadores formais andam insatisfeitos com seu trabalho. Essa insatisfação é algo preocupante e precisa ser investigada, uma vez que pode gerar consequências negativas na vida do trabalhador, como, por exemplo, doenças emocionais e psicológicas. Ao distúrbio que envolve uma reação prolongada à tensão emocional crônica damos o nome de: A) ansiedade. B) depressão. C) burnout. D) estresse. E) medo. 4) O burnout é um termo utilizado quando o desgaste emocional está correlacionado com a atividade ou o ambiente de trabalho e que se dá em três dimensões. Quando o trabalhador começa a se retrair e a reduzir o que está fazendo, pode-se dizer que o burnout está acontecedo em que dimensão? A) Estresse. B) Exaustão. C) Conflito. D) Ineficácia. E) Ceticismo. 5) O problema que causa a síndrome de burnout não surge em decorrência de falha pessoal e sim da falta de compatibilidade do indivíduo com aspectos de seu trabalho. O acúmulo de atividades e de responsabilidades, bem como o alto nível de exigências e pressões por parte das empresas podem desencadear os primeiros sintomas da síndrome. Nesse contexto, um dos primeiros sinais que se manifesta é: A) insônia. B) ineficiência. C) falta de expectativa. D) conflito de valor. E) depressão. NA PRÁTICA Pesquisas em torno do tema trabalho revelam que as doenças de ordem emocional ou psíquica desenvolvidas no trabalho acontecem por conta do ambiente e das condições em que o trabalho se dá. No entanto, algumas medidas podem ser tomadas para alterar o ambiente e as condições, reduzindo as doenças. Veja, Na Prática, a história de funcionários que estavam adoecendo no setor de planejamento da Secretaria Municipal de Saúde de um município do estado do Rio de Janeiro e com algumas ações o problema foi contornado. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Síndrome de burnout: as novas formas de trabalho que adoecem ( Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! )Neste artigo, cujo objetivo foi analisar a síndrome de burnout, você verá suas causas, sintomas e a relação da tecnologia nas relações de trabalhos disfuncionais atuais, além de tratamentos disponíveis. Síndrome de burnout: causas e consequências em diversos profissionais ( Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! )Neste link, você acessa o artigo cujo objetivo foi investigar a síndrome de burnout em profissionais de diversas áreas por meio de revisão bibliográfica exploratória quanti-qualitativa. Qualidade de vida do trabalho: estresse ocupacional ( Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! )Neste link, você acessa um estudo que teve por objetivo identificar quais são as vantagens dos programas de qualidade de vida no trabalho para empregados e organização. Acidente de trabalho APRESENTAÇÃOpartículas líquidas produzidas por condensação de vapores. Gases: São dispersões de moléculas que se misturam com o ar. Vapores: São dispersões de moléculas no ar que podem se condensar para formar líquidos ou sólidos em condições normais de temperatura e pressão. Substâncias compostas: Existem milhares de substâncias compostas, geradas pela combinação de mais de 100 elementos químicos. Produtos químicos em geral: Todos os produtos químicos considerados perigosos à saúde de acordo com a Convenção no 170 da OIT (ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO, 1990). Grupo 3 - Riscos biológicos (marrom) Vírus: São pequenos agentes infecciosos (20-300 ym de diâmetro) que apresentam genoma cons- tituído de uma ou várias moléculas de ácido nucleico (DNA ou RNA), as quais possuem a forma de fita simples ou dupla. Os vírus são capazes de infectar todos os tipos de seres vivos e representam a maior diversidade biológica do planeta. Bactérias: São microrganismos unicelulares, desprovidos de envoltório nuclear e organelas mem- branosas. Geralmente são microscópicas ou submicroscópicas (entre 0,2 e 30 µm). Podem ser en- contradas na forma isolada ou em colônias e viver na presença de ar (aeróbias), na ausência de ar (anaeróbias) ou, ainda, ser anaeróbias facultativas. Estão entre os organismos mais antigos, com evidências encontradas em rochas de 3,8 bilhões de anos. Protozoários: São microrganismos unicelulares divididos pela biologia em quatro grupos, de acordo com o seu meio de locomoção. Os ciliados se locomovem na água mediante o batimento de cílios numerosos e curtos; os flagelados utilizam o movimento de um único e longo flagelo; os rizópodos utilizam pseudópodos (“falsos pés”), moldando a forma do seu próprio corpo para se locomover; e os esporozoários não possuem organelas locomotoras nem vacúolos contráteis. Fungos: Pertencem a um reino separado das plantas, dos animais e das bactérias (estão mais próximos dos animais do que das plantas). A maioria dos fungos não é vista a olho nu por seu tamanho muito pequeno. Eles normalmente são vistos quando frutificam como cogumelos ou como bolores. Parasitas: São organismos que vivem em associação com outros dos quais retiram os meios para a sua sobrevivência, normalmente prejudicando o organismo hospedeiro, no processo conheci- do como parasitismo. Todas as doenças infecciosas e as infestações dos animais e das plantas são causadas por parasitas. O efeito de um parasita no hospedeiro pode ser mínimo, sem afetar suas funções vitais, como é o caso dos piolhos, ou até causar a sua morte, como ocorre com muitos vírus e bactérias patogênicas. Bacilos: São organismos unicelulares responsáveis por infecções como tétano, botulismo, cólera, coqueluche, difteria, shigelose e outras. Grupo 4 - Riscos ergonômicos (amarelo) ( 109 )Esforço físico intenso: Resulta de atividade desenvolvida pelo trabalhador durante a jornada de trabalho que exige grande esforço físico ou trabalho pesado, o que deve ser evitado, pois pode gerar danos físicos e psicológicos. Levantamento e transporte manual de peso: É uma das formas de trabalho mais antigas e comuns, sendo responsável por muitas lesões e acidentes do trabalho. Essas lesões, em sua grande maioria, afetam a coluna vertebral, mas também causam outros males, como a hérnia escrotal. Todo trabalho que exige levantamento e transporte de peso deve seguir as recomen- dações e os parâmetros da NR 17 para não comprometer a saúde e a segurança do trabalhador. Os limites de peso estabelecidos pela Consolidação das Leis do Trabalho são: para homens – 60 kg; para mulheres e trabalhadores menores de 18 anos quando realizam trabalhos contínuos – 20 kg; para mulheres e trabalhadores menores de 18 anos quando realizam trabalhos ocasio- nais – 25 kg. Exigência de postura inadequada: Geralmente ocorre quando o trabalhador é obrigado a exer- cer suas atividades em máquinas projetadas sem considerar a ergonomia e em postos de trabalho mal projetados. A má postura gera fadiga, dores corporais, LER, DORT e afastamentos do trabalho. A má postura produz consequências danosas ao trabalhador quando ele executa trabalho estático (exige que o trabalhador permaneça parado por muito tempo), atividades que exigem muita força e tarefas que requerem posturas incorretas (pernas dobradas, braços levantados, corpo curvado, entre outras). Controle rígido de produtividade: Impõe riscos físicos e psicológicos ao trabalhador e gera es- tresse. Imposição de ritmos excessivos: Quando a carga de trabalho supera a capacidade do emprega- do e ele não consegue modificá-la, ocorre o aumento do número de acidentes de trabalho. Trabalho em turno e noturno: São fatores que geram doenças (causadas pela diminuição da me- latonina e cortisol) e instabilidade emocional no trabalhador (estresse), uma vez que ele não con- segue uma boa qualidade de sono, o que leva a um aumento no risco de ocorrência de acidentes de trabalho. Jornadas de trabalho prolongadas: A duração normal da jornada de trabalho pode ser acres- cida de, no máximo, duas horas, desde que previamente acordado por escrito com o emprega- do ou mediante acordo coletivo, também conhecido como horas extras. Um período superior a esse aumenta bastante a possibilidade de ocorrência de acidentes em razão de desgaste físico e emocional. Monotonia e repetitividade: Levam à baixa produtividade e a problemas físicos e psíquicos. Outras situações causadoras de estresse físico e ou psíquico têm de ser analisadas e eliminadas ou amenizadas, pois, segundo Sivieri (1996), podem gerar : · alexitimia (estado psicológico que se caracteriza pela incapacidade de discriminar e mani- festar emoções; dificuldade de expressar sentimentos tomando por físicas as manifestações emocionais); · estresse (estado de saturação por desgaste constante no trabalho que tem como principais sintomas lentidão para resolver questões, cansaço, insônia e ansiedade aumentada). · baixa autoestima (estado psicológico que se caracteriza pelo sentimento de inadequação, incapacidade, culpa e autodepreciação). Grupo 5 – Riscos de acidentes (azul) Arranjo físico inadequado: Não permite a integração entre o trabalhador e o equipamento. O rendimento da produção é prejudicado e provoca cansaço e desgaste pela necessidade constante de deslocamentos. Os riscos de acidentes aumentam bastante (NR 12). Máquinas e equipamentos sem proteção: Oferecem grande risco aos operadores e às pessoas que circulam ao seu redor (NR 12). Ferramentas inadequadas ou defeituosas: Provocam diversos tipos de acidentes (NR 12). Iluminação inadequada: Diminui o rendimento das pessoas e provoca doenças profissionais. Transforma o ambiente de trabalho em um local sombrio, o que pode levar a problemas psíquicos nos trabalhadores (NR 12). Eletricidade: Para trabalhar com eletricidade, é necessário passar por um treinamento, não sendo permitido a pessoas não treinadas realizar esse tipo de atividade. Existem muitos riscos envolvidos no trabalho com eletricidade, os quais podem provocar acidentes, como choque elétrico, explosão elétrica e queimaduras por eletricidade, resultando em graves lesões ou mesmo em morte. Probabilidade de incêndio ou explosão: Medidas de prevenção que atuem sobre um ou mais dos componentes do triângulo do fogo são necessárias para evitar o início do incêndio ou da explosão. Sistemas de detecção e alarme sonoros destinados a avisar rapidamente a existência de um incêndio precisam fazer parte das medidas de segurança para possibilitar a extinção rápida e a evacuação do pessoal do local de trabalho. Armazenamento inadequado: Os materiais devem ser armazenados e estocados de modo a não prejudicar o trânsito de pessoas e de trabalhadores, a circulação de materiais, o acesso aos equipa- mentos de combate a incêndio e a entrada e saída de portas ou saídas de emergência, além de não provocar empuxos ou sobrecargas nas paredes, lajes ou estruturas de sustentação maiores do que o previsto em seu dimensionamento. Animais peçonhentos: Animais peçonhentos são aqueles que produzemO acidente de trabalho é um evento que ocorre quando houve falha nas medidas preventivas. A Lei n. 8213/91 traz os conceitos de acidente e doença ocupacional, os quais devem ser considerados para caracterizar tais situações. Nesta Unidade de Aprendizagem conheceremos o que é considerado um acidente de trabalho e as consequências de seu acontecimento. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: · Definir o que é acidente de trabalho. · Reconhecer as consequências do acidente de trabalho. · Distinguir os diferentes tipos de acidente. DESAFIO Uma empresa que trabalha com transporte de papelão tem dificuldade de trabalhar a prevenção de acidentes causados por problemas na estrada como os buracos. Recentemente, um caminhoneiro acidentou-se na estrada durante um dia de chuva. Ele relata que não visualizou o buraco que estava cheio de água, passou com a roda dentro, perdeu o controle da direção e tombou o caminhão no acostamento que estava em um nível mais baixo que a pista e em condições precárias. O acidente ocorreu na BR-116, km 483, na cidade de Dom Cavati (MG). De acordo com o boletim de ocorrência da Polícia Federal, o funcionário usava cinto de segurança e dirigia a 80 km/h conforme leitura do tacógrafo. No hospital, foi identificado que o funcionário teve contusões, ficando marcado pelo cinto de segurança na clavícula e na crista ilíaca. Bateu com a cabeça na parte de proteção do banco do motorista e na janela, sofrendo alguns cortes causados pelo impacto da cabeça e pela quebra do vidro. Foi identificado que o funcionário não fez uso de álcool, drogas ou outras substâncias psicoativas. O médico de plantão emitiu um atestado solicitando que o funcionário ficasse afastado de suas atividades laborais por sete dias. O motorista relata que teve uma noite de sono tranquila no dia anterior e respeitou as 11 horas de descanso que prevê a legislação, fato que foi confirmado pelo sistema de telemetria que a empresa utiliza para rastrear o caminhão e tacógrafo. INFOGRÁFICO Um acidente de trabalho invariavelmente traz consequências econômicas, políticas e sociais nos aspectos humanos e materiais. Veja no infográfico: CONTEÚDO DO LIVRO Todo trabalhador contratado por uma empresa para prestar serviço continuamente ou por um período determinado está sujeito a riscos que podem levá-lo a sofrer um acidente de trabalho. Esse evento traz diversas consequências negativas ao trabalhador, à empresa e também ao Estado. Acompanhe um trecho da obra Técnico em segurança do trabalho, que abordará as causas do acidente de trabalho e as formas de investigá-las e analisá-las, para buscar suas prevenções. Boa leitura! ( R741t Rojas, Pablo. Técnico em segurança do trabalho [recurso eletrônico] / Pablo Rojas. – Porto Alegre : Bookman, 2015. Editado como livro impresso em 2015. ISBN 978-85-8260-280-5 1. Segurança do trabalho. I. Título. CDU 331.45 ) Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094 Para começar O acidente de trabalho é o que de pior pode ocorrer a um trabalhador durante o exercício de suas atividades laborais. O trabalhador sofre consequências físicas, psicológicas e emocionais e pode perder sua capacidade física ou mesmo sua vida. Além disso, em decorrência de um acidente de trabalho, a empresa sofre consequências econômicas, financeiras e legais, e o governo arca com as responsabilidades determinadas pela Lei da Previdência Social. PARA SABER MAIS Acesse o ambiente virtual de aprendizagem Tekne (www.grupoa.com.br/ tekne) para conhecer as disposições sobre os planos de benefícios da Previdência Social e outras providências. O acidente de trabalho pode ocorrer durante o horário de trabalho – quando o indivíduo está a serviço de uma empresa –, ou mesmo quando se está indo ou vindo do trabalho ou em viagem por motivos profissionais. As empresas, por força da lei e por interesses econômicos, investem na segu- rança do trabalhador, incentivando e patrocinando programas de prevenção de riscos, pois sabem que seus custos (diretos e indiretos), sua imagem e sua competitividade no mercado são afetados na ocorrência desse tipo de acidente. As causas dos acidentes e os estudos e as investigações sobre elas são primordiais para que as em- presas aprimorem seus métodos de gestão e consigam criar barreiras que impeçam sua ocorrência. Entretanto, a maior causa das ocorrências de acidentes de trabalho ainda está relacionada ao ser humano e ao seu comportamento, uma vez que é impossível prever as ações individuais, mesmo quando existem regras e regulamentos que buscam fazê-lo. O acidente de trabalho O acidente de trabalho compreende, além das ocorrências no ambiente de trabalho, as conse- quências geradas pela atividade desempenhada pelo trabalhador, como as doenças decorrentes das condições de trabalho, consideradas doenças profissionais e/ou ocupacionais. As doenças ocupacionais estão previstas no Artigo 20 da Lei nº 8.213/91 e em seus incisos, mas tam- bém existe jurisprudência a respeito de doenças que não constam na lei, mas que já foram conside- radas como tal em virtude das condições de relacionamento direto entre o trabalhador e sua causa (BRASIL, 1991a). A Previdência Social é o órgão governamental incumbido de avaliar os acidentes e as doenças ocupacionais. DEFINIÇÃO De acordo com o Artigo 19 da Lei nº 8.213/91 (BRASIL, 1991a), o acidente de trabalho ocorre pelo exercício do tra- balho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do Artigo 11 dessa lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho (BRASIL, 1991a). A Previdência Social resulta de contribuições feitas por trabalhadores para prover alguma subsistência na inca- pacidade de trabalhar. Ela é administrada pelo Ministério da Previdência Social, e suas ações são executadas pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). 118 Quando um trabalhador sofre um acidente de trabalho que resulte em lesão, doença, transtorno de saúde, distúrbio, disfunção, síndrome, evolução aguda ou doença crônica, precisa passar por uma perícia médica para obter o afastamento remunerado pelo INSS. Quando ocorre a morte do trabalhador, os familiares precisam apresentar os documentos solicitados para receber o benefício (pensão). A perícia identificará o nexo entre a tarefa executada pelo trabalhador e determinará sua gravidade. O nexo sempre obedecerá aos códigos da Classificação Internacional de Doenças e de Problemas Relacionados à Saúde (CID). De acordo com o Artigo 21 da Lei nº 8.213/91, acidentes decorrentes de atividades ligadas ao tra- balho ou sofridos em circunstâncias em que o trabalhador é considerado estando à disposição da empresa para trabalho ou em horário de trabalho, incluindo doenças profissionais, são equipara- dos ao acidente de trabalho (BRASIL, 1991a). As situações já definidas e equiparadas estão listadas no corpo dessa lei, mas a evolução das ativi- dades econômicas frequentemente cria novas situações que, após apreciação pela Justiça do Tra- balho, são transformadas em jurisprudências e passam a valer como leis. Essas decisões judiciais têm trazido novas equiparações a acidentes de trabalho em diversas situações em atividades que antes não haviam sido consideradas. Comunicação do acidente de trabalho Todo acidente de trabalho deve ser comunicado à Previdência Social por meio de um documento denominado Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT). O CAT obedece às diretrizes do De- creto nº 3.048, de 6 de maio de 1999, atualizado em dezembro de 2013, e prevê que a empresa deve comunicar o acidente de trabalho à Previdência Social até o primeiro dia útil seguinte e, em caso de morte, comunicar à autoridade competente (BRASIL, 1991b). Se a empresa se omitir em reconhecer o acidente e deixar de comunicá-lo,será multada pela fisca- lização do Ministério do Trabalho e Emprego. Quando a empresa não comunica a ocorrência do aci- dente de trabalho, o próprio trabalhador acidentado pode fazê-lo, bem como seus dependentes, o sindicato da categoria, os médicos ou a autoridade pública. Causas de acidentes no trabalho ( 119 ) ( capítulo 8 )São muitas as possíveis situações e causas de ocorrência de um acidente no trabalho. Neste capí- tulo, vamos nos ater somente às causas indicadas na NBR 14.280 (Cadastro de Acidentes do Tra- balho – Procedimento e Classificação), de 28 de fevereiro de 2001, em vigor desde 30 de março de 2001 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2001). NO SITE Conheça a tabela de códigos da Classificação Internacional de Doenças, bem como diversos documentos relativos à CAT, acessando o ambiente virtual de aprendizagem Tekne. PARA SABER MAIS Acesse o ambiente virtual de aprendizagem Tekne para conhecer o texto do Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999, atualizado em dezembro de 2013 e o texto integral da NBR 14280, de 28 de fevereiro ( Acidente de trabalho )de 2001. ATENÇÃO O uso da NBR não elimina os demais procedimentos de comunicação de acidentes e identificação de riscos apresentados em O objetivo da NBR 14280 é “[...] fixar critérios para o registro, comunicação, estatística e análise de acidentes de trabalho, suas causas e consequências, aplicando-se a quaisquer atividades labora- tivas.” (ASSOCIAÇÃO DE NORMAS TÉCNICAS, 2001). Ela é um instrumento prevencionista e, como tal, não indica soluções para os problemas. As soluções devem ser encontradas pelos que dela se utilizam para estudar o acidente ocorrido no trabalho. ( 120 )capítulos anteriores. Técnicas de investigação de acidentes do trabalho e incidentes Além dos preceitos contidos na NBR 14280, as metodologias geralmente utilizadas na investigação dos motivos da ocorrência de acidentes de trabalho e incidentes que resultaram ou poderiam ter resultado em lesões ao trabalhador, danos à empresa e prejuízos nas operações são a técnica de análise sistemática de causas (TASC) e a árvore de causas (ADC), apresentadas na seção Metodolo- gia de investigação e análise de acidentes de trabalho. A investigação parte do pressuposto de que o acidente é sempre um acontecimento que decorre de uma série de fatores existentes em processos, materiais e ambiente e também do comporta- mento humano. Eles acontecem em geral durante o desenvolvimento de alguma atividade indi- vidual ou em equipe. As atividades desenvolvidas pelos trabalhadores são compostas por quatro elementos, detalhados a seguir. O indivíduo (I) Indivíduo é a pessoa que exerce suas atividades profissionais no local de trabalho, com suas capaci- dades físicas e emocionais e suas preocupações profissionais e pessoais. Também são consideradas nessa categoria as demais pessoas que se relacionam com o indivíduo direta ou indiretamente durante o exercício de suas atividades. Os indivíduos são diferentes fisicamente uns dos outros e modificam-se fisiologicamente diante de determinadas circunstâncias vivenciadas dentro e fora do ambiente de trabalho (p. ex., fadiga, embriaguez, sono, condição inabitual). Além disso, passam por modificações de sua forma de ser e agir em virtude de suas condições psicológicas (p. ex., preocupação, descontentamento). ( Técnico em Segurança do Trabalho )Os indivíduos possuem, ainda, capacidades e competências diferentes em decorrência de seus in- teresses pessoais e de sua formação profissional (p. ex., falta de treinamento, treinamento deficien- te, pouca experiência). Eles podem se sentir bem ou mal alocados de acordo com o clima existente em seu local de trabalho, o que influencia aspectos como colaboração, camaradagem, respeito, amizade e outros atributos do ambiente de trabalho. A tarefa (T) Tarefas são atribuições recebidas e realizadas pelo indivíduo na manufatura de um produto ou na execução de um serviço, incluindo as etapas anteriores e posteriores ao processo (ligar a máquina ou equipamento, operar, desligar, limpar, manter). ( 130 ) Consequências dos acidentes de trabalho Um acidente de trabalho invariavelmente traz consequências econômicas, políticas e sociais nos aspectos humanos e materiais. No aspecto humano, as consequências sociais acontecem nos três níveis de relacionamento social do trabalhador acidentado: · com o próprio acidentado, que perde a autoconfiança em virtude do fato em si, do sofrimen- to físico e emocional e da diminuição de sua capacidade produtiva; · com a família do acidentado, em razão do sofrimento a que é submetida involuntariamente, da preocupação com sua vida e saúde e da insegurança gerada com relação ao futuro; · com os colegas de trabalho, em razão do mal-estar sentido pelos colegas em virtude do ocor- rido, da inquietação proveniente de incertezas quanto à segurança e do medo de se tornar a próxima vitima. Ainda no aspecto humano, existem consequências relacionadas tanto à empresa, uma vez que há uma variação negativa no clima motivacional e psicológico e o mercado penaliza sua reputação, quanto ao país, pois cada registro de acidente feito por meio da CAT diminui o potencial produtivo estimado. No aspecto material, as consequências atingem o círculo social do trabalhador, trazendo impactos nos três níveis: · ao próprio acidentado, refletindo-se na perda de salário, pois ele passa a receber benefícios do INSS que, em geral, são valores menores do que os pagos pela empresa, e perda de sua perspectiva profissional em virtude de diminuição de seu potencial e capacidade física; · à família do acidentado, pelo surgimento de dificuldades econômicas e pela necessidade de mudança da forma de vida; · aos colegas de trabalho, refletindo-se na queda de produtividade com a consequente perda financeira de prêmios, aumento da carga de trabalho para suprir a ausência do colega aciden- tado e incumbências de formação de um substituto para o colega. ( Técnico em Segurança do Trabalho )A empresa também sofre consequências no aspecto material, pois as linhas de produção ficam pa- radas, as máquinas envolvidas com o acidente precisam passar por manutenção, a produção atrasa e a empresa precisa investir em substituição e treinamento do funcionário acidentado. Ocorrem ainda aumentos dos custos de produção e dos prêmios de seguros. As consequências materiais para o país incluem a perda de produção, que impacta na arrecadação de impostos e no cálculo do PIB. Além disso, o INSS arca com as despesas hospitalares e de recupe- ração do acidentado, gerando, além da perda do poder de compra do trabalhador e de sua família, despesas com a fiscalização e reeducação sobre segurança do trabalho. Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. DICA DO PROFESSOR Confira na dica do professor a diferença entre o acidente de trabalho e o acidente de trajeto. ( Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! ) EXERCÍCIOS 1) Caso ocorra um acidente de trabalho, a empresa deve comunicar a quem? A) À diretoria. B) Ao Ministério do Trabalho e Emprego. C) À Previdência Social. D) Ao Sindicato. E) À Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA). 2) Qual o papel da Previdência Social no acidente de trabalho? A) Avaliar o acidente através da perícia médica. B) Investigar o acidente. C) Implementar medidas de proteção aos trabalhadores. D) Multar a empresa. E) Interditar as instalações. 3) Qual item não se refere aos passos que a empresa deve seguir após a ocorrência do acidente? A) Investigar o acidente. B) Prestar os primeiros socorros ao acidentado. C) Punir o trabalhador. D) Promover ações de proteção aos trabalhadores. E) Realizar estatísticas de acidentes. 4) Caso o trabalhador venha a óbito após o acidente, qual é o prazo para a comunicação do evento? A) Até cinco horas após o acidente.B) Até 24 horas após o acidente. C) Até 12 horas após o acidente. D) Imediatamente. E) Até oito horas. 5) Qual item não se refere às condições que podem gerar um acidente? A) Más condições de trabalho. B) Posto de trabalho adaptado ergonomicamente. C) Ambiente de trabalho insalubre. D) Ferramentas de trabalho quebradas. E) Máquinas sem proteção. NA PRÁTICA Na ocorrência do acidente de trabalho, assim que a empresa tiver ciência, deve prestar os primeiros socorros ao trabalhador, podendo fazer o encaminhamento à assistência médica. Após, deve-se conversar com o trabalhador para identificar as possíveis causas do acidente e coletar dados para investigação. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: BRASIL. Ministério da Previdência Social. Formulários solicitados pela Previdência Social. ( Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! ) Técnico em Administração [Série Tekne] Leia a partir do tópico Saúde e Segurança do trabalho (página 228) Acidente do trabalho - conceito e caracterização ( Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! ) O que é acidente de trabalho? ( Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! )O link apresenta as questões legais referentes à definição de acidente de trabalho e amplia o escopo do que foi tratado na aula! 4 Coisas sobre Acidente de Trabalho ( Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! )Acidentes de trabalho podem acontecer mesmo que sejam tomadas todas as providências e cuidados. Mas você sabe quais são os direitos de um empregado que sofreu acidente durante o exercício de suas funções? Segurança e Saúde No Trabalho: Quem é Quem? Este vídeo mostra uma questão que está entre as mais importantes do nosso cotidiano: as boas condições de trabalho. Aqui, os trabalhadores encontrarão ampla abordagem sobre o tema e tomarão conhecimento do seus direitos e das responsabilidades que governo, empresários e sindicatos têm quando o assunto é segurança e saúde no trabalho. ( Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! ) APRESENTAÇÃO Ergonomia Dentro de um ambiente profissional trabalham pessoas de estrutura corporal, gênero e culturas diferentes, entre outras características. Por esse motivo, ferramentas, postos de trabalho e máquinas nem sempre estarão adaptados a tais diferenças. Para que isso não deixe o trabalhador lesionado, implementa-se a ergonomia no ambiente de trabalho, assunto que abordaremos nesta Unidade de Aprendizagem. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: · Identificar a aplicação da ergonomia no ambiente de trabalho. · Reconhecer as diferentes situações que exigirão adaptações para atender a ergonomia. · Indicar melhorias para implementar a ergonomia. DESAFIO O funcionário Emanuel trabalha como ajudante de pedreiro, tem 1,60 m de altura, 52 kg e 22 anos. Está há 10 meses na empresa e há dois meses vem reclamando de fortes dores na coluna depois de fazer o transporte manual dos sacos de cimento para o estoque da obra. Ontem à tarde, o funcionário estava fazendo o descarregamento dos sacos de cimento, cujo peso 50 kg cada, e, quando estava em cima do caminhão, sentiu sua coluna travar, desequilibrou-se e caiu, batendo com a cabeça e a lateral direita no chão. Identifique quais foram os problemas no processo produtivo que resultaram no acidente. INFOGRÁFICO Veja no infográfico as avaliações realizadas com base nos sintomas apresentados e percebidos pela área de saúde e segurança da empresa. CONTEÚDO DO LIVRO A ergonomia é a área da ciência que estuda a relação do homem com o seu ambiente de trabalho, com a finalidade de proporcionar proteção ao trabalhador e evitar que ele desenvolva doenças consequentes de suas atividades profissionais. Acompanhe o capítulo Ergonomia, da obra Ergonomia e conforto ambiental , na qual serão apresentadas as leis e normas, bem como as principais relações da ergonomia relacionadas à segurança do trabalho. Boa leitura. ERGONOMIA E CONFORTO AMBIENTAL Fernando Pinheiro Weber Revisão técnica: Henrique Martins Rocha Engenheiro Mecânico Mestre em Sistemas de Gestão Doutor em Engenharia Mecânica Pós-Doutor em Projetos/Desenvolvimento de Novos Produtos ( W373e Weber, Fernando Pinheiro. Ergonomia e conforto ambiental / Fernando Pinheiro Weber ; [revisão técnica: Henrique Martins Rocha]. – Porto Alegre : SAGAH, 2018. 148 p. : il. ; 225 cm. ISBN 978-85-9502-596-7 1. Ergonomia. 2. Engenharia de produção. I. Título. CDU 331.101.1 ) Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin — CRB 10/2147 ( 1 ) U N I D A D E Ergonomia Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: · Reconhecer a importância da aplicação da ergonomia no ambiente de trabalho. · Identificar diferentes situações que exigirão adaptações para atender às necessidades ergonômicas. · Indicar melhorias para implementar a ergonomia. Introdução As mudanças nos contextos econômico e organizacional, o compor- tamento individual e o ambiente de trabalho são apenas algumas das variáveis inseridas nos processos de produção. Na garantia da eficiência e manutenção do fluxo produtivo constante, a ergonomia desempenha um importante papel. Neste capítulo, você vai estudar sobre a aplicação da ergonomia no ambiente produtivo e verificar o quanto é importante o conhecimento da Norma Regulamentadora (NR) nº. 17 do Ministério do Trabalho. Além disso, você vai identificar algumas modificações ergonômicas que podem ser implementadas nas empresas e verificar as etapas da análise ergonômica. Aplicação da ergonomia ao ambiente de trabalho As mudanças ocasionadas pelas mudanças econômicas, tecnológicas e, con- sequentemente, das relações de trabalho tornam cada vez mais necessárias a absorção e adaptação de novas demandas nas organizações. Manter-se atualizado é uma obrigação para uma empresa que visa ao lucro e que quer alcançar e manter vantagem competitiva no longo prazo. Os processos produtivos não são fáceis de serem entendidos, uma vez que envolvem seres humanos e toda a sua complexidade, englobando, assim, os seus aspectos psicológicos, fisiológicos, sociais, ambientais, entre outros. Dessa forma, trabalhar com o ser humano não é uma tarefa fácil, pois trata- -se de uma “máquina” com poucos padrões, embora algumas com algumas características em comum. Daí a importância de um processo cuidadoso de seleção, treinamento e retenção de talentos, de forma que os recursos humanos estejam suficientemente satisfeitos a fim de trabalharem em uníssono com os objetivos estratégicos das organizações. Em um cenário econômico competitivo, todos os fatores da produção devem ser considerados. Como produzir melhor e com mais eficiência? Essa é uma pergunta frequentemente abordada nas grandes empresas. A partir do século XX, os estudos da produção, com foco na interação entre homem, máquina e ambiente de trabalho, começaram a surgir, sendo Frederick Winslow Taylor um grande estudioso dessa questão. No entanto, atualmente, a ergonomia tem um conceito diferente do proposto por Taylor, conforme leciona Corrêa e Boletti (2015). O conceito mais atual da ergonomia não é adaptar o homem à máquina, mas adaptar a máquina ao homem, criando um sistema de in- teração entre as partes. Manter uma linha de produção eficiente significa prestar atenção na máquina e, também, nos trabalhadores — somente assim um sistema funcionará adequadamente. Para que ocorra o equilíbrio do sistema proposto de interação entre ho- mem e máquina, a ergonomia deve ser considerada, pois foca na qualidade do processo, não somente adaptando as máquinas aos trabalhadores, mas também verificando as características ambientais envolvidas e como podem afetar a qualidade do trabalho, conforme afirma Iida (2005). A preocupação com aqualidade de vida dos trabalhadores não é ape- nas uma questão de eficácia produtiva — ela vai além, uma vez que, no Brasil, a NR nº. 17 do Ministério do Trabalho, intitulada “Ergonomia” e conhecida como NR–17, tem força de lei. Portanto, a preocupação com o bem-estar e a qualidade de vida no trabalho não tem apenas o objetivo de otimizar a produção ou adaptar a máquina; existe, ainda, o aspecto legal (BRASIL, 1978). ( 24 ) ( Ergonomia ) ( Ergonomia ) ( 23 ) ( A Associação Brasileira de Ergonomia conceitua ergonomia da seguinte forma: A Ergonomia (ou Fatores Humanos) é uma disciplina científica re- lacionada ao entendimento das interações entre os seres humanos e outros elementos ou sistemas, e à aplicação de teorias, princípios, dados e métodos a projetos a fim de otimizar o bem-estar humano e o desempenho global do sistema (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ERGONOMIA, 1999). ) A ergonomia pode fazer parte de todo o processo, desde o projeto de um produto (já adaptado a determinadas condições) até a verificação de produtos ou formas de trabalhar já existentes, propondo adequações. As soluções, na grande maioria das vezes, não são tarefas fáceis a ponto de serem resolvidas na primeira tentativa. Na maioria dos casos, conforme leciona Iida (2005), a tarefa é complexa e exige diversas tentativas ou análises, não existindo respostas prontas. ( A ergonomia está classificada em três formas de contribuição: Ergonomia de concepção — ocorre quando a ergonomia contribui ainda na fase de projeto do produto, da máquina ou do ambiente. Ergonomia de correção — esse tipo de contribuição é aplicado em situações reais já existentes, abrangendo problemas de segurança, fadiga, doenças do trabalho, entre outros. Ergonomia de conscientização — quando os problemas não são corrigidos nas fases de concepção ou correção, muitas vezes é importante conscientizar o operador a trabalhar de forma segura, bem como oportunizar treinamentos e aperfeiçoamentos para a execução da atividade. ) A ergonomia, inicialmente, era aplicada apenas na indústria e nos setores militar e espacial. Porém, cada vez mais outros setores vêm adotando as suas diretrizes, inclusive no dia a dia das pessoas “comuns”. É evidente que, nos projetos, existem concessões, às vezes relacionadas à postura, ao ruído ou a outro tipo de desconforto; porém, em relação à segurança do operador, nenhuma concessão deve ser permitida, já que os danos à saúde física do trabalhador por vezes são irreparáveis. Na indústria, a ergonomia tem como objetivo contribuir para a eficiên- cia, a confiabilidade e a qualidade das operações. Está presente na interface homem–máquina, na adequação dos postos de trabalho, na organização do trabalho e na verificação das condições ambientais como um todo (ruído, temperatura, luminosidade). Além das condições ambientais, estão inseridos no escopo da ergonomia os aspectos relacionados com a fadiga, o tédio e a monotonia, que podem ser ocasionados em tarefas repetitivas. Na agricultura, a ergonomia avança de forma um pouco mais lenta, devido às características dispersas das atividades desse setor. As máquinas agrícolas vêm evoluindo constantemente, possibilitando mais conforto e segurança ao trabalhador e visando a evitar os acidentes relacionados a esse tipo de máquina. No setor de serviços, o qual inclui hospitais, lojas, escritórios e uma série de outros locais de trabalho, a ergonomia é aplicada de diferentes formas. Em um hospital complexo, por exemplo, onde diferentes equipamentos devem operar em tempo integral, são necessárias escalas de trabalho, iluminação adequada na sala de cirurgia, conforto para o paciente, acessibilidade à edificação e uma série de outros requisitos. A ergonomia também está presente no cotidiano, melhorando a qualidade de vida em vários aspectos. Nesse contexto, a Norma Brasileira (NBR) nº. 9050, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), estabelece con- dições para acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2015). Essa norma utiliza conceitos de ergonomia para tornar os locais acessíveis à maioria da população. Enfim, são inúmeras as maneiras de se aplicar a ergonomia ao ambiente de trabalho e no dia a dia; difícil é imaginar uma situação na qual os conceitos da ergonomia não se aplicam. A verificação das condições de trabalho deve ser constante, e deve-se ter em mente que tanto os trabalhadores quanto a empresa têm necessidades. Esse equilíbrio entre as condições ambientais da empresa e a qualidade de vida dos trabalhadores necessita ser mediado por uma equipe multidisciplinar para que metas e resultados possam ser atingidos. Modificações ergonômicas Um dos objetivos da ergonomia é tornar o ambiente de trabalho mais seguro, saudável, confortável e eficiente, conforme lecionam Dul e Weerdmeester (2004). Nesse contexto, os autores Iida (2005) e Kroemer e Gradjean (2007) enfatizam as necessidades de otimização da eficiência e de redução da mono- tonia, do estresse, de erros e acidentes. Dessa forma, promove-se a segurança no local de trabalho, sempre alinhada à produção. Não é possível manter a produção de uma empresa com alto rendimento quando ocorrem diversos afastamentos por lesões ou desconfortos. Tais pro- blemas podem, inclusive, ser motivo de interdições temporárias realizadas pelo Ministério do Trabalho. Com base nesses conceitos, as linhas de montagem tradicionais, responsáveis por trabalhos monótonos e repetitivos, vêm dando espaço para núcleos de trabalho. Trata-se de equipes menores, com maior fle- xibilidade; isto é, uma célula produtiva, responsável por um produto completo. Nessa mudança de forma de trabalho, a ergonomia tem papel fundamental. Além da redução da fadiga, da monotonia e do tédio, nesse tipo de arranjo os erros são mais fáceis de serem percebidos, e não é necessário que toda a linha seja interrompida quando um erro é encontrado, pois este ocorre apenas no núcleo do processo. Com isso, a distribuição de tarefas ocorre de forma mais organizada, conforme leciona Iida (2005). Os benefícios da modificação ergonômica no ambiente de trabalho se tornam mais evidentes quando o próprio posto de trabalho é alterado. Em escritórios, as pessoas utilizam o computador o tempo todo; assim, a adaptação da estação de trabalho é muito importante para melhorar a qualidade das tarefas. Como exemplo, podemos observar, na Figura 1, o registro da atividade muscular dos ombros no ato de escrita. Na posição “A” é registrada a posição ótima de escrever; na posição “B”, a altura elevada move a carga para os ombros; na posição “C”, a altura está ainda mais alta do que na posição “B”, exigindo a elevação lateral dos braços para compensar. Para a aplicação de um estudo ergonômico, seja qual for o método aplicado, é necessário o conhecimento dos movimentos corporais necessários para a tarefa. ( Figura 1. Registro da atividade da musculatura dos ombros. Fonte: Kroemer e Gradjean (2007). ) Para se conduzir modificações ergonômicas, entre outros métodos exis- tentes, pode ser realizada uma análise ergonômica do trabalho (AET), conforme estabelece a NR–17 (BRASIL, 1978). A aplicação da AET ajuda a verificar as situações problemáticas no sistema produtivo, conforme leciona Iida (2005). Porém, somente com o conhecimento prévio da demanda, da tarefa ou da atividade uma análise correta poderá ser aplicada. Ainda, deve ser realizada uma análise para cada indivíduo; caso contrário, o resultado não será satisfatório. Todas as etapas devem ser corretamente executadas para o bom êxito do estudo técnico. Melhorias para adaptar a ergonomia Fundamentalmente, a ergonomia tem por objetivo melhorar a qualidade do trabalho em vários aspectos, como físicos, sensoriais, cognitivos, sociais e organizacionais. Nesse enfoque, está intrínseco o aspecto de prevenção das doenças do trabalho. Identificada a necessidadede mudança, a indicação de melhorias é feita com base em um dos métodos de análise existentes. São diversos os métodos e ferramentas para a execução da AET, não existindo método certo ou errado; cada um possui características que melhor se aplicam a determinadas situações. Em uma análise ergonômica, inicialmente, deve-se apontar as primeiras observações em relação ao ambiente de trabalho, caso não exista histórico de aplicação da ergonomia na empresa. O escopo da NR–17 prevê os seguintes aspectos a serem observados (BRASIL, 1978): 1. Levantamento, transporte e descarga individual de materiais. 2. Mobiliários dos postos de trabalho. 3. Equipamentos dos postos de trabalho. 4. Condições ambientais de trabalho. 5. Organização do trabalho. Existem dois anexos sobre o trabalho dos operadores de checkout e o tra- balho em teleatendimento ou telemarketing. É importante ressaltar a extensão do conteúdo da norma; além de condições ambientais, o documento também contempla a organização do trabalho. Apesar de a norma estabelecer parâmetros e algumas recomendações, estes não são absolutos, mas referência. O objetivo da NR–17 é proporcionar máximos conforto e segurança e desempenho eficiente. A tolerância de limites de segurança pode ser medida de forma objetiva; porém, em relação ao conforto, a medição se torna mais complexa (BRASIL, 1978). Para essa avaliação, a participação do trabalhador é fundamental; somente este pode afirmar se determinada solução está atendendo às expectativas. Esta é uma das diferenças em relação à organização do trabalho proposta por Taylor: a participação do trabalhador. Cada vez mais, os colaboradores devem ser consultados sobre o mobiliário, as ferramentas e demais inter- faces da produção. Outro conceito que deve ser entendido é o de produção eficiente. Para a NR–17, produzir de maneira eficiente não corresponde à produção máxima da linha de produção, sem medir as consequências na saúde do trabalhador (BRASIL, 1978). Muito pelo contrário, a eficiência está ligada ao desempenho satisfatório de toda a vida de trabalho. A eficiência, nesse caso, está relacio- nada com a manutenção do trabalhador durante todo o período produtivo estipulado de trabalho. Como a tendência da previdência social é aumentar a idade mínima de aposentadoria, até mesmo devido à situação econômica do país, as empresas devem oferecer condições de trabalho adequadas para manter o trabalhador na ativa durante o período necessário. De acordo com o item 17.1.2 da NR–17, cabe ao empregador realizar as análises ergonômicas. Lembrando que a norma recomenda análises em ativi- dades mais complexas, e a solicitação, quando de forma protocolar e rotineira, acaba gerando resultados obsoletos ou ineficientes (BRASIL, 1978). Por isso, é importante entender a demanda, a tarefa e a atividade, que, basicamente, representam as três etapas da AET: 1. Análise da demanda — definir problemas a serem resolvidos. 2. Análise da tarefa — estudar as condições de trabalho nas quais o tra- balhador exerce as suas atividades. 3. Análise da atividade — estudar o comportamento humano no ambiente de trabalho. Analisada a demanda de forma correta e estudando-se o problema de forma adequada, a resposta ao problema ergonômico será satisfatória. Não devem ser feitas análises abstratas ou genéricas; analisa-se algo concreto, para assim entender o problema. O fluxo produtivo depende da manutenção das máquinas e dos homens. Conhecer os limites e as potencialidades de cada um faz parte da organização do trabalho. Somente com esses dois elementos trabalhando de forma integrada, adequada, confortável e segura, torna-se possível obter melhores resultados. ( Deimling e Pesamosca (2014) aplicaram a AET em uma empresa de confecções. O posto de trabalho analisado foi o de fechamento das laterais de camisas, pois exigia maior esforço e demonstrava problemas (verificação da demanda). De acordo com o estudo, a AET possibilitou identificar todos os movimentos realizados pelos( as) funcionários(as). Como resultado da aplicação da ferramenta de análise, verificou-se que vários desses movimentos não estavam de acordo com as recomendações de conforto para a função. Para amenizar o problema, foram propostas três alternativas. A primeira compreendia a reavaliação da máquina, a qual não permitia a aproximação ideal do operador do equipamento. A segunda proposta consistia em providenciar uma cadeira com apoio para os cotovelos, permitindo, dessa forma, a execução das atividades sem interferência. A terceira proposta consistia em intercalar pausas de 3 a 5 minutos, para diminuir os efeitos do trabalho repetitivo, e elaborar exercícios de ginástica laboral específicos para a função. Essas considerações foram realizadas apenas para uma atividade dentro da empresa, mas poderiam ser expandidas para outras áreas que apresentassem reclamações ou afastamentos. ) ( Assinale a alternativa e) Consiste em alterar espaços de correta a respeito do atual trabalho visando ao conforto conceito de ergonomia. dos usuários, mesmo que Consiste em adaptar o isso implique contrariar o que homem ao maquinário para está previsto na legislação. aumentar a produtividade. 2. A ergonomia de conscientização: Consiste em prever um a) ocorre quando a ergonomia novo ambiente a partir de contribui ainda na fase de uma análise realizada pelos projeto do produto, da trabalhadores : a AET. máquina ou do ambiente. Consiste em adaptar as máquinas b) é aplicada em situações reais ao homem, criando um sistema já existentes, abrangendo de interação entre as partes. problemas de segurança, Consiste em adaptar o fadiga, doenças do ambiente às demandas trabalho, entre outros. operacionais da organização, c) ocorre quando os problemas independentemente do não são corrigidos nas fases conforto dos funcionários. de concepção ou correção, ) visando conscientizar o operador a trabalhar de forma segura. d) é aplicada em situações reais já existentes, visando à memorização de atividades que causem menos estresse físico e psíquico. e) ocorre quando a ergonomia contribui na fase de implementação do produto, da máquina ou do ambiente. 3. A respeito da AET, é correto afirmar que: a) ajuda a verificar as situações problemáticas no sistema produtivo. b) a sua realização independe do conhecimento prévio da demanda, da tarefa ou da atividade. c) mesmo se apenas algumas de suas etapas forem executadas, garantirá o êxito do laudo técnico. d) pode ser realizada por amostragem, de forma coletiva. e) significa análise ergonômica das tarefas e visa adaptar os indivíduos às suas atividades laborais. 4. As etapas da AET são, respectivamente: a) Análise da demanda, da tarefa e da atividade. b) Análise da tarefa, da demanda e da atividade. c) Análise da atividade, da tarefa e de demanda. d) Análise da demanda, da atividade e da tarefa. e) Análise da atividade, da demanda e da tarefa. 5. Na AET, a análise da atividade consiste em: a) definir problemas a serem resolvidos. b) estudar as condições de trabalho nas quais o trabalhador exerce as suas atividades. c) estudar o comportamento humano no ambiente de trabalho. d) definir medidas de controle da eficiência das atividades do trabalhador. e) estudar o comportamento das máquinas utilizadas pelo homem. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ERGONOMIA. O que é ergonomia. 1999. Disponível em: . Acesso em: 23 ago. 2018. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050:2015: acessibilidade a edifi- cações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro, 2015. Disponível em: . Acesso em: 23 ago. 2018. BRASIL. Ministério do Trabalho. Gabinete do Ministro. NormaReguladora nº. 17. Er- gonomia. Diário Oficial da União, 6 jul. 1978. Disponível em: . Acesso em: 23 ago. 2018. CORRÊA, V. M. BOLETTI, R. R. Ergonomia: fundamentos e aplicações. Porto Alegre: Bookman, 2015. DEIMLING, M. F.; PESAMOSCA, D. Análise ergonômica do trabalho em uma empresa de confecções. Ibroamerican Journal of Industrial Engineering, v. 6, n. 11, p. 37-58, 2014. DUL, J.; WEERDMEESTER, B. Ergonomia prática. São Paulo: Edgard Blucher, 2004. IIDA, I. Ergonomia: projeto e produção. São Paulo: Blucher, 2005. KROEMER, K. H. E.; GRADJEAN, E. Manual de ergonomia: adaptando o trabalho ao homem, 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2007. Leitura recomendada FREITAS, M. P.; MINETTE, l. J. A importância da ergonomia dentro do ambiente de pro- dução. In: Simpósio Acadêmico de Engenharia de Produção, 9., 2014, Viçosa. Anais... Minas Gerais: Universidade Federal de Viçosa, 2014. Disponível em: . Acesso em: 23 ago. 2018. Conteúdo: NA PRÁTICA Dentro das empresas, a ergonomia é aplicada através de adequações de mobiliário, máquinas, equipamentos, normas de trabalho, entre outros. Para que isso seja possível, é essencial que os trabalhadores aprovem as adequações, não apenas na teoria. Portanto, muitas vezes é necessário produzir protótipos que serão testados pelos trabalhadores. Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos APRESENTAÇÃO Máquinas e equipamentos sem as proteções de partes móveis são situações de risco iminente de acidente. O Ministério do Trabalho e Emprego criou a NR-12 com a finalidade de estabelecer parâmetros para proteger os trabalhadores de acidentes que envolvam máquinas e equipamentos, proporcionando maior segurança na sua operação. Nesta Unidade de Aprendizagem falaremos sobre segurança no trabalho em máquinas e equipamentos. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: · Demonstrar as exigências para promover a segurança na operação de máquinas e equipamentos. · Identificar a normatização que regulamente a segurança do trabalho com máquinas e equipamentos. · Indicar as situações de inadequação de máquinas e equipamentos que precisam de modificação para torná-los seguros. DESAFIO Um padeiro estava operando um cilindro de panificação durante a produção de massa. Em uma das passagens da massa, o trabalhador prendeu os dedos no cilindro. Você ficou responsável por indicar na padaria quais medidas de segurança deveriam ser colocadas no cilindro de panificação para evitar que uma situação como essa aconteça novamente. INFOGRÁFICO A NR-12 estabelece as medidas prevencionistas de segurança e higiene do trabalho a serem adotadas pelas empresas em relação à instalação, operação e manutenção de máquinas e equipamentos, visando à prevenção de acidentes do trabalho. CONTEÚDO DO LIVRO As máquinas e equipamentos podem oferecer riscos aos trabalhadores como: cortes, perfurações, queimaduras, etc. Estes riscos podem ser eliminados através da implantação de medidas de proteção nas máquinas e equipamentos, como: grades, sistemas de intertravamentos, botões de emergência, chaves de segurança, entre outros. A Norma Regulamentadora NR-12 e seus anexos estabelecem os princípios e as medidas de proteção que devem ser adotadas para prevenção de acidentes com máquina ou equipamentos. Esta norma também orienta como devem ser desenvolvidos os sistemas de segurança para as máquinas e equipamentos. Neste capítulo, você vai conhecer a NR 12, aprender sobre os dispositivos de proteção que garantem a segurança das máquinas e equipamentos em consonância com a norma e vai ver alguns exemplos de máquinas e equipamentos que devem ser modificados para garantir a segurança dos operadores.SEGURANÇA DO TRABALHO E SAÚDE OCUPACIONAL Introdução A operação de máquinas e equipamentos pode oferecer risco de acidentes aos trabalhadores, como cortes, perfurações, queimaduras, choques etc. Para eliminar esses riscos, é necessária a implantação de métodos de proteção nas máquinas e equipamentos para garantir a segurança da operação. A Norma Regulamentadora (NR) no 12 trata especificamente da proteção dos trabalhadores em relação a máquinas e equipamentos (BRASIL, [2019a]). Essa norma e seus anexos estabelecem os princípios e as medidas de proteção que devem ser adotadas para a prevenção de acidentes com máquinas ou equipamentos. Neste capítulo, você vai estudar a NR-12 (BRASIL, [2019a]). Além disso, vai conhe- cer os dispositivos de proteção utilizados para garantir a segurança das máquinas e equipamentos em consonância com essa norma. Por fim, vai ver exemplos de máquinas e equipamentos que não são seguros e devem ser modificados para garantir a segurança dos operadores. Segurança na operação de máquinas e equipamentos A operação de máquinas e equipamentos pode oferecer risco de acidentes aos trabalhadores. Tais acidentes podem ocorrer em dois pontos: na operação realizada pelo operador (corte, dobra, moldagem, prensagem, entre outros) ou nos sistemas de transmissão de energia para os elementos da máquina realizarem a operação (correias, volantes, acoplamentos, roldanas, polias, correntes e engrenagens) (CAMISASSA, 2020). Além dos riscos mecânicos, existem outros riscos adicionais. Segundo Mattos e Másculo (2019), os riscos podem ser classificados da seguinte forma. · Perigo mecânico: esmagamento, decepamento, choque, corte por ci- salhamento, perfuração, entre outros. · Perigo elétrico: choque elétrico por contato ou aproximação. · Perigo térmico: queimaduras por alta tensão, chamas ou explosões. · Perigos provocados pelo ruído: degeneração permanente da audição, zumbidos, fadiga, diminuição na capacidade de concentração etc. · Perigos provocados pelas vibrações: perturbações vasculares e neu- rológicas, entre outras. · Perigos provocados pelas radiações: radiofrequências e micro-ondas, radiações ionizantes ou não ionizantes, infravermelhos, ultravioleta, luz visível, raios X e gama etc. · Perigos provocados por materiais e substâncias: inalação de fluidos, gases e névoas com efeito nocivo ao trabalhador, perigo de incêndio e explosão etc. · Perigos provocados pelo desrespeito aos princípios ergonômicos: posturas defeituosas, esforços excessivos ou repetitivos, distúrbios psíquicos, estresse, entre outros. Existem diversos métodos de proteção que podem ser projetados para minimizar os riscos das máquinas e equipamentos. Esses métodos devem ( 14 ) ( Segurança no trabalho em máquinas e equipamentos ) ( Segurança no trabalho em máquinas e equipamentos 13 ) ser projetados de forma que permitam que a operação e manutenção sejam realizadas sem a necessidade de retirar as proteções. Para garantir a eficácia de tais métodos, segundo Mattos e Másculo (2019), eles devem obedecer aos requisitos a seguir. · Prevenir o contato: as proteções devem projetadas para eliminar a possibilidade de risco, evitando que o trabalhador ou suas vestimentas entrem em contato com a máquina. · Ter alta durabilidade: as proteções devem ser feitas com materiais adequados, estar fixadas às máquinas e só podem ser retiradas por pessoas autorizadas. · Proteger de contato com objetos estranhos: a proteção deve garantir que nenhum objeto entre em contato com as partes móveis da máquina. · Não criar novas situações de perigo: as proteções não devem ter ex- tremidades ou arestas cortantes nem pontos de esmagamento ou agarramento entre as partes da proteção e da máquina. · Não interferir no trabalho: as proteções não podem atrapalhar o serviço do operador, pois isso as torna inutilizáveis. As proteções podem ser classificadas como barreira ou anteparos de proteção, dispositivos de segurança, isolamento ou separação pela distância de segurança e mecanismos auxiliares de proteção. Dispositivos de proteções para máquinas e equipamentos As barreiras de anteparos podem ser proteçõesmóveis, fixas, ajustáveis, com intertravamento ou com intertravamento e dispositivos de bloqueio (MATTOS; MÁSCULO, 2019). A proteção fixa está sempre na posição para a qual foi projetada e não depende de qualquer parte móvel para desempenhar seu papel. Enquadram-se nessa categoria a proteção por enclausuramento da máquina e a proteção por distância. A proteção móvel é fixada à máquina e pode ser aberta com a ajuda de ferramentas. São exemplos: as proteções acionadas por energia, a proteção com autofechamento e a proteção de comando. A proteção ajustável é uma proteção que permite a regulagem de parte do sistema de proteção de acordo com o tamanho do material que está em processo. A proteção de intertravamento não permite que a máquina opere caso a proteção esteja aberta ou tenha sido retirada. Por fim, a proteção com intertravamento e dispositivos de bloqueio não permite que a máquina volte a operar até que o dispositivo de proteção esteja fechado e travado. Os sensores de posição são dispositivos que param o trabalho das má- quinas quando detectam que o trabalhador está em uma zona de risco. São dispositivos dessa categoria: o fotoelétrico, o de presença por rádio frequência e o de sensor eletromecânico. A NR-12 estabelece que máquinas e equipamentos devem ser dotados de dispositivos de acionamento de parada (BRASIL, [2019a]). Tais dispositivos devem permitir o acionamento pelo usuário ou terceiro em caso de emer- gência. Eles não podem estar localizados na zona de risco da máquina. Entre os dispositivos de parada, estão (MATTOS; MÁSCULO, 2019): · controle de segurança por impacto; · barras de pressão; · dispositivo de segurança tipo vareta de desengate; · cabos de segurança; · controles bimanuais; · controles tipo porta. As proteções por isolamento ou separação pela distância de segurança são projetadas para manter as partes perigosas das máquinas fora do alcance do trabalhador. Nesse caso, podem ser utilizadas proteções como os métodos de alimentação de máquina automática ou semiautomática, a extração de produtos/peças automática ou semiautomática e os robôs. Outros mecanismos de proteção podem ser utilizados para tornar máquinas e equipamentos seguros. Esses dispositivos dão ao trabalhador uma margem a mais de segurança se utilizados corretamente. Entre eles estão as placas de advertência, as ferramentas manuais (alicates, chaves, pinças etc.), o escudo, as alavancas de empurrão ou o bloqueio de máquinas. A Figura 1 apresenta uma combinação de alguns dispositivos de segurança em uma mesma máquina. Nesse caso, o robô faz a alimentação da máquina — etapa que causava perigo ao trabalhador —, e outros dispositivos de se- gurança foram implantados para proteger o funcionário de perigos causados pelos movimentos do robô. Figura 1. Combinação de dispositivos de proteção. Fonte: Mattos e Másculo (2019, p. 163). As proteções para máquinas e equipamentos não precisam ser utili- zadas separadamente. Pelo contrário, muitas vezes é a combinação de vários dispositivos de proteção a melhor alternativa para eliminar os riscos. Vale lembrar que a participação do trabalhador durante o projeto e a imple- mentação dos sistemas de segurança ajuda a garantir que os dispositivos de proteção sejam corretamente utilizados. Além disso, deve haver treinamentos, procedimentos de trabalho seguros, inspeções e outras formas de garantir que as proteções estão sendo corretamente utilizadas. Regulamentação da segurança no trabalho em máquinas e equipamentos As NRs foram criadas pelo Ministério do Trabalho para orientar a área de saúde e segurança do trabalho a como identificar e eliminar os riscos existentes no ambiente de trabalho (BRASIL, 2021). Assim, elas podem garantir que os trabalhadores desenvolvam suas atividades sem sofrimento ou danos à saúde. A NR-12 trata especificamente da proteção dos trabalhadores em relação a máquinas e equipamentos (BRASIL, [2019a]). Essa NR e seus anexos esta- belecem os princípios e as medidas técnicas de proteção para a prevenção de acidentes e doenças do trabalho nas fases de projeto e para a utilização de máquinas e equipamentos de todos os tipos, tanto novas quanto usadas. A fase de utilização vai desde o transporte até a desativação da máquina ou equipamento (BRASIL, [2019a]). Segundo a NR-12 (BRASIL, [2019a]), as instalações e arranjos físicos devem manter os requisitos a seguir. · Áreas de instalação e circulação devem ser demarcadas e desobstruídas. · Áreas de circulação e armazenamento de materiais em torno das má- quinas devem ser projetadas de modo que o trabalhador possa operar com segurança. · Deve haver distância adequada entre máquinas para operações, limpeza e abastecimento. · Os pisos devem ser adequados (limpos, nivelados e resistentes a cargas). · As ferramentas devem estar em lugares específicos. · As instalações e os dispositivos elétricos devem estar de acordo com a NR-10 (BRASIL, [2019b]). · As instalações, as carcaças, os invólucros, as blindagens ou as partes condutoras de máquinas e equipamentos devem estar aterradas para que possam ficar sob tensão. As máquinas e equipamentos que oferecem perigo ao trabalhador devem ser dotadas de sistemas de segurança caracterizados por proteções fixas, móveis e dispositivos de segurança interligados, que garantem a adequação da máquina à operação. São consideradas proteções fixas os elementos mantidos em posição permanente e que só podem ser removidos com o uso de ferramentas, como as grades de proteção. As proteções móveis podem ser movidas sem o uso de ferramentas e, geralmente, estão ligadas a um dispositivo de intertrava- mento. Os sistemas de segurança e comandos de acionamento e parada das máquinas devem garantir a manutenção do estado de segurança da máquina. A Figura 2 mostra exemplos de proteção fixa e móvel e de um sistema de acionamento bimanual. ( A ) ( B ) ( C ) Figura 2. Exemplos de (a) proteção fixa, (b) proteção móvel e (c) sistema de controle bimanual. Fonte: (a) Paredes Filho, Rosa e Santos (2016, p. 197); (c) Mattos e Másculo (2019, p. 160). Além das medidas da Figura 2, devem ser adotadas manutenções re- gulares das máquinas e dos equipamentos, de acordo com as orientações do fabricante. A inspeção, o reparo, a limpeza, o ajuste, a manutenção e as outras intervenções necessárias devem ser executadas por profissionais capacitados. Também devem ser adotadas medidas de controle de riscos adicionais provenientes da emissão de agentes químicos, físicos e biológicos oriundos de máquinas e equipamentos (BRASIL, [2019a]). As máquinas, os equipamentos e suas instalações devem ter sinalizações de segurança dos riscos e instruções de operação segura. As sinalizações (Figura 3) devem ser visíveis, legíveis, em língua portuguesa e expostas no equipamento. Podem ser utilizadas cores, símbolos, sinais sonoros e lumi- nosos. Além disso, todas as máquinas e equipamentos devem ter manual de instrução, fornecido pelo fabricante, que indica os riscos em todas as fases de operação. Figura 3. Sinalização visual. Devem ser elaborados procedimentos de trabalho e segurança para máqui- nas e equipamentos, indicando os riscos. Devem ser fornecidas capacitações sobre os procedimentos a serem realizados pelos operadores em máquinas e equipamentos. As capacitações devem ser realizadas durante o horário de trabalho, com carga horária mínima de aprendizagem, ministradas por profissional habilitado e com conteúdo programático específico. Além disso, sempre que houver modificações significativas nas máquinas ou instalações, como troca de métodos, processos ou organização do trabalho, é necessário promover uma capacitação de reciclagem (CAMISASSA, 2020). Além das disposições gerais que compõem a NR-12 (BRASIL, [2019a]), há os anexos. Os anexos I a V (BRASIL, [2019a]) apresentam informações para atendimento à parte principal das normas. Os anexos V a XII (BRASIL, [2019a]) trazem especificidades ou excepcionalidades sobre determinado tipo de máquina. Veja a seguir os anexos que compõem a NR-12 (BRASIL,[2019a], documento on-line). · Anexo I — Requisitos para o uso de detectores de presença optoeletrônicos. · Anexo II — Conteúdo programático da capacitação. · Anexo III — Meios de acesso a máquinas e equipamentos. · Anexo IV — Glossário. · Anexo V — Motosserras. · Anexo VI — Máquinas para panificação e confeitaria. · Anexo VII — Máquinas para açougues, mercearias, bares e restaurantes. · Anexo VIII — Prensas e similares. · Anexo IX — Injetora de materiais plásticos. · Anexo X — Máquinas para fabricação de calçados e afins. · Anexo XI — Máquinas e implementos para uso agrícola e florestal. · Anexo XII — Equipamentos de guindar para elevação de pessoas e realização de trabalho em altura. Na próxima seção, vamos estudar situações de risco. Situações de risco Para identificar as situações de risco, é preciso fazer a avaliação dos riscos. Alguns passos devem ser considerados na construção de um sistema de segurança de máquinas e equipamentos eficiente. Veja a seguir (MATTOS; MÁSCULO, 2019). · Especificar os limites da máquina: é necessário determinar o tempo de uso da máquina, a variação dos movimentos, os limites de espaço e o espaço requerido para instalação. · Identificar os perigos e acessos de risco: é preciso identificar os riscos associados à máquina. · Reduzir os perigos e o limite de riscos o máximo possível: é necessário retirar todos os pontos de perigo e implantar as medidas de proteção para as máquinas. · Informar o trabalhador sobre qualquer risco presente na máquina: deve-se reportar aos usuários os riscos presentes com símbolos, sinais, placas de advertência etc. Os anexos V, VI, VIII, IX, X, XI e XII da NR-12 (BRASIL, [2019a]) contemplam obrigações, disposições especiais ou exceções que se aplicam a um deter- minado tipo de máquina ou equipamento. Há centenas de máquinas que oferecem risco de acidentes aos trabalhadores e não estão listadas nos anexos da NR-12 (BRASIL, [2019a]). As máquinas que estão listadas nesses anexos são aquelas cujo risco de acidentes é maior. Elas são responsáveis pela maioria dos acidentes de trabalho registrados no Brasil. As máquinas e equipamentos que não estão enquadradas nos anexos devem obedecer aos requisitos do texto geral da norma (CAMISASSA, 2020). Os equipamentos da Figura 4, utilizados em uma serralheria, estão em desacordo com a norma e oferecem risco ao usuário. Note que não há qualquer tipo de proteção nesses equipamentos, o que ocasiona riscos de esmaga- mentos, perfurações, cortes, choques elétricos etc. Figura 4. Equipamentos inadequados. Fonte: Oliveira et al. (2018, p. 678). A Figura 5 mostra duas serras circulares, utilizadas na construção civil, que estão em desacordo com o estabelecido pela NR-12 (BRASIL, [2019a]). As máquinas não têm qualquer dispositivo de proteção instalado e oferecem riscos de corte, perfurações e choques elétricos. Figura 5. Serras circulares inadequadas. Fonte: Soares, Maia e Catai (2016, p. 12, 16). A Figura 6 apresenta os cilindros sovadores de duas máquinas utilizadas em uma padaria. Tais máquinas estão em desacordo com o estabelecido pelo anexo VI da NR-12 (BRASIL, [2019a]), que afirma que, para cilindros sovadores, devem ser instaladas proteções móveis intertravadas e dois botões de parada de emergência da máquina. Figura 6. Cilindros sovadores inadequados. Fonte: Melo, Neiva e Santos (2020, p. 1038). Além das máquinas de panificação e confeitaria, os anexos da NR-12 (BRASIL, [2019a]) estabelecem princípios de segurança para motosserras, máquinas utilizadas em açougues, mercearias, bares e restaurantes, injetoras de plástico, máquinas para fabricação de calçados, máquinas de uso agrícola e florestal e equipamentos para trabalho em altura. Estudo da implementação da NR-12 em uma máquina desbobinadeira de chapas de aço na indústria automotiva Como exemplo, vamos usar o estudo de Paredes Filho, Rosa e Santos (2016). A partir da metodologia do estudo de caso, esse trabalho teve como obje- tivo analisar qual é o impacto da implementação da NR-12 (BRASIL, [2019a]) em uma máquina desbobinadeira de chapas de aço. A máquina escolhida como objeto de estudo é um equipamento de grande porte que desbobina e corta chapas de aço automaticamente. Essa máquina apresenta alto risco de acidentes por esmagamento, queda, prensamento, corte e choque elétrico. Para medir o impacto da implementação da NR-12 (BRASIL, [2019a]), foram avaliados os riscos da desbobinadeira antes e depois da adequação da norma. O levantamento dos riscos foi realizado para cada um dos componentes da máquina. A análise dos riscos foi feita considerando os parâmetros a seguir (PAREDES FILHO; ROSA; SANTOS, 2016, p. 197). · Frequência de ocorrência: · A: extremamente remota; · B: remota; · C: pouco provável; · D: provável; · E: frequente. · Severidade: · I: desprezível; · II: marginal; · III: crítica; · IV: catastrófica. · Risco de ocorrência: · 1: desprezível; · 2: menor; · 3: moderado; · 4: sério; · 5: crítico. No alimentador de bobinas, para reduzir os riscos identificados, foram instalados sistemas de proteção fixos (grades de enclausuramento) e móveis (chaves de segurança, botão de permissão de entrada, reset manual, cortinas de luz). O Quadro 1 mostra a relação dos riscos do alimentador de bobinas antes e depois da implantação da NR-12 (BRASIL, [2019a]). Quadro 1. Avaliação dos riscos do alimentador de bobinas antes e depois do ajuste à NR-12. Consequência Avaliação qualitativa Frequência de ocorrência Severidade Risco de ocorrência Antes Risco de esmagamento E IV 5 Risco de corte E III 4 Risco de queda E IV 5 Risco de prensamento E IV 5 Risco de choque elétrico D III 4 Depois Risco de esmagamento A II 1 Risco de corte B II 2 Risco de queda A I 2 Risco de prensamento A II 2 Risco de choque elétrico A II 1 Fonte: Adaptado de Paredes Filho, Rosa e Santos (2016, p. 196, 198). O mesmo procedimento de análise de risco foi realizado para os outros componentes da máquina. Um dos principais pontos avaliados após a imple- mentação da NR-12 (BRASIL, [2019a]) é o possível impacto na produtividade. Para medir esse impacto, os pesquisadores coletaram o tempo de setup antes e depois da implementação da NR-12 (BRASIL, [2019a]). Os resultados eviden- ciam um aumento de 1,15 minutos no setup diário em virtude da instalação das proteções, que ocasionou uma alteração na forma de operação. Porém, esse aumento não impacta diretamente o atendimento da demanda, pois a máquina tem capacidade acima da utilizada. Como conclusão do estudo, os autores (PAREDES FILHO; ROSA; SANTOS, 2016) afirmam que a máquina desbobinadeira de chapas de aço era uma máquina de condição insegura antes da implementação da NR-12 (BRASIL, [2019a]), pois a análise de risco realizada apontava o grau de risco sério (4) ou crítico (5) para os diferentes componentes da máquina. Com os ajustes realizados, os riscos foram reduzidos ao nível desprezível (1) ou menor (2), atendendo ao estabelecido pela NR-12 (BRASIL, [2019a]) e prevenindo a ocor- rência de acidentes de trabalho. Neste capítulo, estudamos a NR-12 (BRASIL, [2019a]), que regulamenta os princípios de segurança em máquinas e equipamentos, as exigências que devem ser adotadas para garantir a segurança das máquinas e equi- pamentos e alguns exemplos de máquinas e equipamentos que não estão em conformidade com a norma e oferecem perigo ao trabalhador. As NRs são obrigatórias para todas as organizações. Logo, estudar os princípios da NR-12 (BRASIL, [2019a]), identificar as exigências que são necessárias para atender a essa norma e conhecer os dispositivos de segurança de máquinas e equipamentos é fundamental para garantir a correta implantação desses conceitos nas organizações e, assim, tornar máquinas e equipamentos seguros para operação. Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantementemudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. NA PRÁTICA Ao longo dos anos, a indústria foi evoluindo os mecanismos de produção, sendo hoje utilizados máquinas e equipamentos como ferramentas para produzir mais em menor tempo. Porém, nem sempre se pensou na necessidade de proteção de quem opera as máquinas e os equipamentos. image3.jpeg image76.png image77.png image78.png image79.png image80.png image81.png image82.png image83.png image84.png image85.png image4.jpeg image86.png image87.png image88.png image89.png image90.png image91.png image92.png image93.png image94.png image95.png image5.png image96.png image97.png image98.png image99.png image100.png image101.png image102.png image103.png image104.png image105.png image106.png image107.png image108.png image109.png image110.png image111.png image112.png image113.png image114.png image115.png image116.png image117.png image118.png image119.png image120.png image121.png image122.png image123.png image124.png image125.png image6.png image126.png image127.png image128.png image129.png image130.png image131.png image132.png image133.png image134.png image135.png image7.png image136.png image137.png image138.png image139.png image140.png image141.png image142.png image143.png image144.png image145.png image8.png image146.png image147.png image148.png image149.png image150.png image151.png image152.png image153.png image154.png image155.png image9.png image156.png image157.png image158.png image159.png image160.png image161.png image162.png image163.png image164.png image165.png image10.png image166.png image167.png image168.png image169.png image170.png image171.png image172.png image173.png image174.png image175.png image11.png image176.png image177.png image178.png image179.png image180.png image181.png image12.png image182.png image13.png image183.jpeg image184.jpeg image14.png image185.png image186.png image187.png image188.png image189.png image190.png image15.png image191.png image192.png image193.png image194.png image195.png image196.png image16.png image197.png image198.png image199.png image200.png image201.jpeg image202.jpeg image203.png image204.png image205.png image206.png image17.png image207.png image208.png image209.png image210.png image211.png image212.png image213.png image214.png image215.png image216.png image18.png image217.png image218.png image219.png image220.png image221.png image222.png image223.png image224.png image225.png image19.png image226.png image227.png image228.png image229.png image230.png image231.png image232.png image233.png image234.png image235.png image20.png image236.png image237.png image238.png image239.png image240.png image241.png image242.png image243.png image244.jpeg image245.jpeg image21.png image246.jpeg image247.jpeg image22.png image248.jpeg image249.png image250.png image251.png image252.png image253.png image254.png image23.png image255.png image256.png image257.png image260.png image261.png image262.png image24.png image263.png image264.png image265.png image25.png image266.png image267.png image268.jpeg image26.png image269.jpeg image270.jpeg image27.png image271.png image272.png image273.png image274.png image275.png image276.png image277.png image278.png image28.png image279.png image280.png image281.png image282.png image283.png image284.png image285.png image286.png image287.png image288.png image29.png image289.png image290.png image291.png image292.png image293.png image294.png image295.png image296.png image297.png image30.png image298.png image299.png image300.png image301.png image302.png image303.png image304.png image305.png image306.png image307.png image31.png image308.png image309.png image310.png image311.png image312.png image313.png image314.png image315.png image316.png image317.png image318.png image319.png image320.png image321.jpeg image32.jpeg image322.jpeg image323.jpeg image324.jpeg image325.png image326.png image327.png image328.png image329.png image330.png image331.png image332.png image335.png image336.jpeg image337.png image338.png image339.png image33.png image340.png image341.png image342.png image343.png image344.png image345.png image346.png image347.png image348.png image349.png image350.png image351.png image352.png image353.png image354.jpeg image355.jpeg image356.png image357.jpeg image358.jpeg image359.png image360.jpeg image361.jpeg image362.jpeg image363.jpeg image364.jpeg image34.png image35.png image36.png image37.png image38.png image39.png image40.png image41.png image42.png image43.png image44.png image45.png image46.png image47.png image48.png image49.png image50.png image51.png image52.png image53.png image54.png image55.jpeg image56.png image57.png image58.png image59.png image60.png image61.png image62.png image63.png image64.png image1.png image65.png image66.png image67.png image68.png image69.png image70.png image71.png image72.png image2.jpeg image73.jpeg image74.jpeg image75.png image258.png image259.png image333.png image334.pngsubstância tóxica e apresentam um aparelho especializado para a inoculação dessa substância, que é o veneno. Esses animais possuem glândulas que se comunicam com dentes ocos, ferrões ou aguilhões, por onde o veneno passa ativamente. Outros riscos Alguns autores sinalizam que os cinco grupos de riscos descritos na NR 9 já não são suficientes para englobar os riscos identificados posteriormente por serem fruto da evolução da sociedade e do próprio desenvolvimento econômico. Os riscos não contemplados na verdade sempre existiram, mas não eram considerados porque não ocorrem no ambiente produtivo, e sim em decorrência dele, no entorno da organização produtiva e na vida do trabalhador. São os fatores sociais e am- bientais. Fatores sociais: Decorrem das condições de vida dos trabalhadores, como o transporte (ida e vin- da do trabalho), a alimentação (durante o período de trabalho e fora dele), o lazer (necessidade de convivência com a família e amigos) e a moradia (propriedade do imóvel ou despesa com aluguel e ambiente de criação dos filhos), entre outros. Fatores ambientais: Correspondem aos riscos gerados pelo processo produtivo no ambiente ex- terno à empresa, como a liberação de rejeitos sólidos e resíduos líquidos, a instalação de dutos e o transporte de produtos e materiais, atividades que prejudicam a vida dos seres humanos e tam- bém da fauna e flora. Desenhando o mapa de riscos ambientais O desenho do mapa de riscos é feito após o mapeamento dos riscos. Os riscos indicados podem ser exclusivos do processo produtivo ou do ambiente em que se realizam os trabalhos, de forma que as pessoas que transitam pelo local consigam conhecer e identificar os riscos com um simples olhar para o mapa, que deve estar afixado em locais de acesso ao ambiente. Para ter certeza de que o mapeamento dos riscos ambientais foi feito adequadamente e contem- plou todos os aspectos relacionados aos riscos, é recomendado solicitar aos funcionários das áreas que preencham um questionário complementar, o qual permitirá que se conheça a visão de cada trabalhador sobre os riscos existentes em suas atividades e área. O conjunto de respostas forne- cidos nos questionários permite a checagem do mapeamento de riscos e a realização de ajustes sobre aspectos de segurança que não haviam sido identificados. Após tabular os dados obtidos nos questionários, a próxima etapa consiste em confrontá-los com o mapeamento feito pelos especialistas e promover os ajustes necessários. É preciso classificar os riscos seguindo uma legenda específica de cores e símbolos de riscos (Figura 7.3). Cores utilizadas para identificar os tipos de riscos de acordo com seus agentes Físicos (verde) Químicos (vermelho) Biológicos (vermelho-escuro) Ergonômicos (amarelo) Acidentes (azul) Tamanho dos Círculos utilizados para indicar o tamanhho do risco existente Grande Médio Pequeno 5 Tipo de risco 1 5 Tipo de risco 2 5 Tipo de risco 3 Figura 7.3 Cores e símbolos usados no mapeamento de riscos. Quando os riscos são provocados por mais de um agente, isso é incluído no mapa de riscos am- bientais conforme ilustrado na Figura 7.4. O círculo grande é utilizado e preenchido com as cores indicativas dos riscos existentes. Dentro do círculo, coloca-se o número de trabalhadores sujeitos ao risco. Quando um agente de risco afeta toda a área de trabalho, ele é representado e indicado no centro do mapa de riscos, conforme ilustrado na Figura 7.5. Dois agentes Três agentes Quatro agentes Tipo de Tipo de 5 5 risco risco Tipo de Tipo de Tipo de 5 Tipo de 9 5 5 10 risco 5 5 risco risco risco 4 5 6 Tipo de 7 Tipo de 5 5 Tipo de risco risco risco 8 11 12 Preencha com as cores indicativas dos riscos existentes e o círculo no tamanho grande. Indique dentro do círculo o número de trabalhadores sujeitos ao risco. Figura 7.4 Representação para a existência de riscos provocados por mais de um agente. ( Tipo de risco 13 60 Quando um agente de risco afeta toda a área de trabalho, ele deve ser representado e indicado no centro do mapa de riscos com a seguinte representação: ) ( Figura 7.5 Representação de um risco que afeta toda a área de trabalho. DICAS Para facilitar a elaboração do relatório a ser enviado pela CIPA para a diretoria da empresa, cada círculo do mapa de riscos precisa receber um número. Caso o círculo represente mais de uma fonte geradora de riscos, para cada cor deve ser utilizado um número. Isso possibilitará representar os círculos por números no relatório. ) ( Gerenciamento de riscos )A relação dos riscos existentes no local de trabalho que será utilizada na tabulação dos riscos pode ser feita em um formulário como o apresentado na Tabela 7.3. Em seguida, essa relação precisa ser transferida para o desenho do mapa de riscos. Tabela 7.3 Formulário para a relação dos riscos existentes no local de trabalho Classificação Relação dos riscos identificados no ambiente de trabalho Pequeno Médio Grande Especificação do agente de risco ( 113 ) ( capítulo 7 )X X X X X X X X X X X X X X X O mapa de risco da área, seção ou departamento deve ser feito utilizando as técnicas de desenho de plantas de engenharia, respeitando as dimensões do local e as divisões e indicações de portas e janelas. O desenho pode ser feito de maneira simplificada ou completo, com indicações de máqui- nas, mesas e outros objetos instalados e definidos no layout da empresa. DICA Para fazer o layout, utilize as ferramentas de desenho no Word ou PowerPoint, que premitem inserir linhas, círculos e semicírculos, bem como escolher o tamanho e a cor. ( NO SITE No ambiente virtual de aprendizagem Tekne você encontra um exemplo de mapa de riscos para uma pequena empresa de manufatura industrial desenvolvido conforme as orientações fornecidas neste capítulo. )Depois de elaborado o mapa de riscos da empresa e de áreas e setores, é preciso emitir o relató- rio para a diretoria da empresa apontando os riscos encontrados. A empresa terá 30 dias após o recebimento para manifestar-se. O relatório é feito por área, seção e departamento, contendo as planilhas dos riscos encontrados em cada um deles. O relatório pode ser um formulário como o apresentado na Tabela 7.4, devendo ser preenchido um formulário para cada tipo de risco. No relatório são considerados os seguintes aspectos: · riscos existentes (riscos baseados na NR 9, de acordo com o grupo de riscos); · fonte geradora (causa do problema); · número no mapa (número(s) utilizado(s) para identificar os círculos no mapa de riscos; · proteção individual ou coletiva (indicar os EPIs e EPCs existentes e seu uso); · recomendações (medidas sugeridas para eliminar ou controlar os riscos existentes). Tabela 7.4 Relatório de riscos levantados pela CIPA Área, departamento, setor: Número de funcionários X Masculino X Feminino X Total X GRUPO DE RISCO (1, 2, 3, 4, 5) – Descrição (físicos, químicos, biológicos, ergonômicos, acidentes) Riscos existentes Fonte geradora Nº no mapa Proteção individual e coletiva Recomendações X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X Uma cópia do relatório com protocolo de entrega à diretoria fica em poder da CIPA, e a resposta da diretoria é cobrada depois de decorrido o prazo de manifestação, uma vez que os mapas precisam ser afixados nos locais de trabalho, e as alterações sugeridas negociadas. As negociações e os pra- zos acordados entre a CIPA, o SESMT e a empresa são registrados no livro de atas da CIPA. Controle e eliminação dos riscos ocupacionais APRESENTAÇÃO Para que o trabalhador seja protegido dos riscos ocupacionais, após identificá-los e analisá-los,é necessário traçar estratégias para sua eliminação ou controle. Para que isso seja possível, os profissionais que atuam na saúde e na segurança ocupacional devem conhecer as formas de controle e proteção. Nesta Unidade de Aprendizagem conheceremos de que forma é possível controlar ou eliminar os riscos. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: · Diferenciar as formas de controle e eliminação dos riscos. · Selecionar os mecanismos de controle e eliminação dos riscos para diferentes situações. · Identificar como controlar e eliminar os riscos ocupacionais. DESAFIO Após elaborar o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), foram identificados os riscos ocupacionais que a empresa possui. Ao identificá-los, foram feitas análises quantitativas dos riscos, como ruído de 90 dB (A) no setor de serralheria, pelo uso de máquinas muito ruidosas, e índices acima do limite de tolerância de exposição ao tolueno no setor de pintura. Conhecendo essa realidade, qual estratégia de controle e/ou eliminação dos riscos você utilizaria? Descreva respeitando a seguinte hierarquia: · Elencar medidas de proteção coletiva de controle e eliminação dos riscos. · Elencar medidas administrativas de controle e eliminação dos riscos. · Elencar medidas de proteção individual para controle e eliminação dos riscos. INFOGRÁFICO Para atingirmos bom controle e eliminação dos riscos ocupacionais, vamos observar no infográfico algumas medidas de prevenção. CONTEÚDO DO LIVRO A empresa que investe na segurança do trabalho, além de evitar acidentes, lucra mais, pois deixa de gastar com remuneração dos dias parados do acidentado e evita o remanejamento ou a contratação de funcionários para suprir a ausência do acidentado e os gastos decorrentes dos processos judiciais trabalhistas, cíveis e criminais. Acompanhe um trecho da obra Técnico em segurança do trabalho e conheça as formas de proteção coletiva e individual. Inicie o estudo a partir do tópico Investimento em segurança do trabalho. Boa leitura! ( R741t Rojas, Pablo. Técnico em segurança do trabalho [recurso eletrônico] / Pablo Rojas. – Porto Alegre : Bookman, 2015. Editado como livro impresso em 2015. ISBN 978-85-8260-280-5 1. Segurança do trabalho. I. Título. CDU 331.45 ) Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094 No comportamento culposo, o agente responderá por crime de lesão corporal culposa ou ho- micídio culposo, de acordo com o caso, sujeitando-se à pena de 2 meses a 1 ano de detenção no caso de lesão corporal e de 1 a 3 anos no caso de homicídio culposo. A pena será aumentada em um terço se o crime resultar de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício (p. ex., engenheiro que falha na escolha do ferro da laje que desaba; técnico de segurança que orienta erroneamente o empregado que se acidenta; médico do trabalho que erra no tempo de exposição do empregado aos gases exalados de certo produto químico, etc.). As responsabilidades sobre os acidentes de trabalho também recaem sobre os integrantes do SES- MT e da CIPA, pois suas atividades têm por finalidade promover a saúde e proteger a integridade do trabalhador no local de trabalho. Desse modo, eles têm a obrigação legal de aplicar os conheci- mentos de suas especialidades para esse fim. O SESMT estabelece e avalia os procedimentos adotados pela empresa no campo de segurança e medicina no trabalho, portanto, seus integrantes, dentro dos limites de sua área de atuação, res- pondem por culpa ou dolo quando ocorrem acidentes de trabalho. Os integrantes da CIPA podem dar causa ao acidente do trabalho por ação ou omissão. Os integrantes do SESMT e da CIPA somente se eximirão de responsabilidade quando provarem que não puderam agir para prevenir ou evitar o acidente ou que, apesar de cumprirem com todas as suas obrigações legais, este ainda assim ocorreu. DICA Geralmente existe nexo causal entre o resultado e a conduta dos membros do SESMT e da CIPA no acidente de traba- lho real, ocorrido no local de trabalho, e de doença do trabalho. Quando isso é comprovado, ocorre a ação criminal. ( 58 ) ATENÇÃO Uma ordem ilegal dada por um superior hierárquico não impede o membro do SESMT ou da CIPA de agir da forma correta, mas se ele agir incorretamente para atender a uma ordem ilegal dada por um superior hierárquico, a responsabilidade sobre um possível evento danoso aos funcionários recairá sobre ele. Investimento em segurança do trabalho Muitas empresas consideram a segurança do trabalho uma área cujas atividades e procedimento geram despesas e não lucros, e evitam tais gastos sempre que possível . Por sua vez, também exis- tem as empresas que consideram as despesas com segurança do trabalho um investimento. O investimento em segurança do trabalho é feito considerando toda a legislação pertinente, bem como estudos e pesquisas realizados com o objetivo de eliminar os fatores de risco que levam a acidentes ou reduzir seus efeitos. Nada é deixado ao acaso, pois isso pode conduzir a fatalidades. A seguir são apresentados os investimentos mais comuns e obrigatórios feitos pelas empresas. Equipamento de proteção coletiva (EPC) São equipamentos utilizados para proteção de segurança enquanto um grupo de pessoas realiza determinada tarefa ou atividade. Eles podem ser de proteção de um coletivo (geralmente estão instalados nos locais, como guarda-corpos, corrimãos, grades, etc.), ou são EPIs de uso coletivo (não exclusivo do funcionário), pois são usados por quem tiver necessidade no momento da execu- ção da atividade, como máscaras de solda ou cinto de segurança, adotados por todos os trabalha- dores quando expostos a determinados riscos. Os equipamentos de proteção coletiva protegem todos os trabalhadores expostos ao risco ao mes- mo tempo. Entre eles, destacam-se: · enclausuramento acústico de fontes de ruído; · ventilação dos locais de trabalho (exaustores para gases e vapores); · proteção de partes móveis de máquinas (tela/grade para proteção de polias, peças ou engre- nagens móveis, sensores de movimento); · ar-condicionado/aquecedor para locais frios; · placas de aviso e sinalizadoras; · corrimão em escadas e passarelas; · fitas antiderrapantes de degrau de escada; · iluminação; · piso antiderrapante; · barreiras de proteção contra luminosidade e radiação; · guarda-corpos; · sirene de alarme de incêndio; · cabines para pintura; · purificadores de ar/água; · chuveiro e lava-olhos de emergência (Figura 3.1). ( capítulo 3 )O uso de EPCs independe da ação do trabalhador, uma vez que devem estar presentes no ambiente de trabalho por determinação e indicação do SESMT da empresa e por recomendação da CIPA. IMPORTANTE A empresa que investe na segurança do trabalho, além de evitar acidentes, lucra mais, pois deixa de gastar com remuneração dos dias parados do acidentado e evita o remanejamento ou a contratação de funcionários para suprir a ausência do acidentado e os gastos decorrentes dos processos judiciais trabalhistas, cíveis e ( Responsabilidades da empresa pela segurança no ambiente de trabalho )criminais. ( 59 ) ( 60 ) ( A B ) Figura 3.1 Equipamentos de proteção coletiva: (A) chuveiro de emergência; (B) lava-olhos de emergência. Fonte: iStock/Thinkstock. Equipamento de proteção individual (EPI) É todo dispositivo ou produto, de uso individual do trabalhador, destinado à proteção contra riscos capazes de ameaçar a sua segurança e a sua saúde. Ele deve ser utilizado sempre que os EPCs não forem suficientes para eliminar completamente o risco de acidentes ou doenças ocupacionais. O SESMT ou a CIPA são responsáveis por indicar e recomendar ao empregador o fornecimento do EPI ao trabalhador em perfeito estado de conservação e funcionamento e nas seguintes situações: · sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes dotrabalho ou de doenças profissionais e do trabalho e também quando não for possível eliminar o risco por meio de EPCs; · enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo implantadas e quando for neces- sário complementar a proteção individual; · para atender a situações de emergência ou execução de trabalhos eventuais e em exposições de curtos períodos. Os EPIs fornecidos devem ser adequados ao tipo de atividade ou risco existente e à parte do corpo a ser protegida (Figura 3.2). Os seguintes equipamentos são exemplos de EPIs: · ( Técnico em Segurança do Trabalho )proteção auditiva (abafadores de ruídos ou protetores auriculares); · proteção respiratória (máscaras e filtro); · proteção visual e facial (óculos e viseiras); · proteção da cabeça (capacetes); · proteção de mãos e braços (luvas e mangotes); · proteção de pernas e pés (sapatos, botas e botinas); · proteção contra quedas (cintos de segurança e cinturões). Figura 3.2 Alguns equipamentos de proteção individual. Fonte: iStock/Thinkstock. Treinamento aos empregados ( 61 )O treinamento aos empregados sobre a segurança do trabalho deve ser feito a partir do momen- to em que eles são contratados, nos moldes exigidos pela NR 18, item 18.28 (BRASIL, 1978a). O trabalhador receberá por escrito os procedimentos de trabalho e de segurança a serem seguidos em sua execução. Durante o treinamento, o empregado receberá informações sobre o histórico da empresa e sobre a política de segurança. Também será instruído sobre o que é segurança do trabalho, o que é aciden- te de trabalho e quais são suas implicações, bem como será informado sobre as condições do meio ambiente de trabalho, os riscos de sua função e o uso de EPCs e EPIs. As empresas geralmente patrocinam os programas e ações propostos pelo SESMT e pela CIPA por meio da disponibilização dos recursos financeiros necessários à elaboração de palestras e de mate- riais impressos e à contratação de palestrantes. As responsabilidades da empresa com a segurança do trabalho são enormes e vão muito além das descritas na legislação, pois elas referem-se à vida do trabalhador. IMPORTANTE O treinamento aos empregados sobre segurança do trabalho deve ser reciclado periodicamente. ASSISTA AO FILME Para saber mais, assista aos vídeos produzidos pelo governo de Pernambuco sobre o uso de EPCs e EPIs disponíveis no ambiente virtual de aprendizagem Tekne. Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. DICA DO PROFESSOR O vídeo a seguir nos mostra como realizar o controle e a eliminação dos riscos ocupacionais. Confira! ( Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! ) EXERCÍCIOS 1) O que são equipamentos de proteção coletiva? A) Equipamentos que protegem vários trabalhadores ao mesmo tempo no ambiente de trabalho. B) Equipamentos que protegem individualmente cada trabalhador. C) Medidas administrativas para proteger os trabalhadores. D) Medidas de organização do trabalho. E) Equipamentos de uso coletivo. 2) Marque o item que não se refere a equipamento de proteção coletiva. A) Instalação de pisos antiderrapantes. B) Cinto para travar quedas. C) Proteção da cremalheira da betoneira. D) Placas de aviso de piso molhado. E) Instalação de películas nas janelas para diminuir a radiação solar. 3) Os EPCs devem estar presentes no ambiente de trabalho. A responsabilidade pela determinação e indicação dos EPCs na empresa é: A) Do engenheiro de segurança B) Da Comissão Interna de Prevenção a Acidentes (CIPA) C) Dos empregados D) Do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) E) Do empregador 4) Marque a questão que não se refere ao equipamento de proteção individual (EPI). A) Deve ser utilizado de acordo com o risco existente. B) Deve proteger a parte do corpo do trabalhador exposta ao risco. C) Possuir Certificado de Aprovação (CA). D) Deve ser adquirido pelo empregado sempre que for necessário. E) O trabalhador deve ser treinado para o uso. 5) Indique qual dos itens não é considerado um EPI. A) Óculos de proteção. B) Luvas. C) Sapato de segurança. D) Capacete de segurança. E) Uniforme. NA PRÁTICA Avaliar os riscos ocupacionais deve ser a base de uma gestão eficaz na área de segurança e saúde, visando prevenir e reduzir acidentes e doenças do trabalhador. Para tal, é importante que as empresas invistam em medidas de proteção individual e coletiva. No entanto, algumas empresas ainda enxergam as ações de prevenção e segurança como uma despesa, evitando esses gastos. Empresas que realmente se preocupam com a proteção e segurança dos trabalhadores vêem tais ações como um investimento, adotando medidas de proteção que reduzam os riscos ocupacionais no ambiente de trabalho. Importante lembrar que os riscos em tais ambientes (e consequentemente, as medidas contra eles) devem ser pensadas levando em consideração as rotinas, as tarefas laborais executadas, o ambiente em si, bem como as situações não diretamente relacionadas ao trabalho. Por exemplo, quando os trabalhadores se deslocam, chegando ou saindo do trabalho, ou ainda quando vão ao banheiro, eles podem estar expostos a risco. Da mesma forma, os riscos nesse tipo de ambiente podem afetar visitantes, fornecedores, clientes e a sociedade em geral. Por isso, é importante a análise minuciosa dos riscos potenciais e reais. Buscando identificar as melhores soluções para cada caso. Em termos de efetividade, mas também de praticidade, economicidade e facilidade/rapidez na implementação. Uma empresa de produtos químicos, por exemplo, ao invés de substituir um composto químico prejudicial à saúde, como o benzeno - o que não seria algo simples, uma vez que deveria investir também em testes e pesquisas para avaliar a possibilidade de troca, acarretando em custos adicionais, que seriam repassados ao produto -, pode investir em exaustores e em EPIs para proteger os trabalhadores, sem influenciar no processo produtivo. Cabe ressaltar que apesar de prevenir os riscos relacionados ao manuseio de equipamentos perigosos; exposição a agentes químicos e infecciosos, entre outros, garantindo ambientes de trabalho mais seguros, os riscos continuarão existindo. Ou seja, estar em segurança não significa estar, de fato, isento de riscos. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: NR 6 - Equipamento de proteção individual - EPI ( Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! ) NR 15 - Atividades e operações insalubres ( Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! ) 100% Seguro - Equipamentos de Proteção Individual | Parte 1 ( Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! ) 100% Seguro - Equipamentos de Proteção Individual | Parte 2 ( Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! ) EPI - Equipamentos de Proteção Individual ( Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! ) EPI na Indústria da Construção ( Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! ) EPI - Proteção Respiratória ( Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! ) Espaços Confinados ( Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! ) Programas de saúde e segurança ocupacional APRESENTAÇÃO Os programas de saúde e segurança ocupacional são obrigatórios pela portaria 3214/78. A finalidade dos programas é proteger a integridade física dos trabalhadores promovendo a saúde e segurança ocupacional. Os empregadores têm o dever de implementá-los no ambiente de trabalho, e os empregados devem seguir as recomendações dos programas. Nesta Unidade de Aprendizagem veremos quais são os programas de saúde e segurança ocupacional regulamentados pela portaria. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: · Diferenciar os programas de saúde esegurança ocupacional. · Indicar a necessidade de realização dos programas. · Identificar os itens que devem conter os programas de saúde e segurança ocupacional. DESAFIO Um posto de gasolina contratou uma vendedora para trabalhar na loja de conveniência no dia 19/07/2007. No dia 25/07/2007, a funcionária realizou o exame admissional. Um ano depois de sua contratação, foi promovida para a função de frentista, iniciando suas atividades assim que ocorreu a promoção. A funcionária ficou grávida aos 29 anos e ganhou o bebê no dia 10/08/2010, retornando ao trabalho 120 dias após o parto, tirando férias no dia do retorno ao trabalho. Três anos depois do parto, ela pediu desligamento da empresa por ter conseguido uma oportunidade de trabalho melhor em outro local. Nesse dia, realizou-se o exame demissional. INFOGRÁFICO Observe no infográfico a relação entre o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) e o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA). CONTEÚDO DO LIVRO Os programas de Programa de Gerenciamento de Riscos , Programa de Prevenção de Riscos Ambientais , Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional possuem o objetivo de proporcionar condições adequadas para o exercício de todas as atividades dentro da organização, prevenindo acidentes e doenças ocupacionais. Para tanto, é necessário que as empresas cumpram regularmente os requisitos estabelecidos pelas normas de segurança e pratiquem de forma adequada esses programas. No capítulo, Programas de Saúde e Segurança Ocupacional, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, aprenda a definição e requisitos mínimos dos programas acima citados, exigidos pelo Ministério do Trabalho e Emprego, bem como sua necessidade de implemetacao para prevenção de acidente e doenças. Boa leitura. SEGURANÇA DO TRABALHO E SAÚDE OCUPACIONAL Identificação interna do documento 6KR9VCV6OD-U1I25I1 Programas de saúde e segurança ocupacional Caroline Silva Sena OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM · Diferenciar os programas de saúde e segurança ocupacional. · Indicar a necessidade de realização dos programas. · Identificar os itens que devem conter os programas de saúde e segurança ocupacional. Introdução Um ambiente de trabalho ou a execução de algumas atividades podem colocar a segurança e a saúde do profissional em risco. Antes de dar início ao trabalho, ele é instruído pelo empregador, sobretudo por meio de ações de planejamento, como planos de gestão voltados à preservação da segurança na obra e instrumentos de controle de risco, a exemplo de programas de saúde e segurança no trabalho. As doenças e os acidentes ocupacionais consistem em um importante tópico de estudo para os gestores e donos de empresas, para os serviços de saúde e a seguridade social, bem como para os trabalhadores, especialmente. Os programas de intervenção para o enfrentamento desse problema se baseiam, em geral, em normas regulamentadoras (NRs), essenciais para normatizar a vigilância da saúde e da segurança, e são aplicados por meio de diversas estratégias no ambiente de trabalho. Identificação interna do documento 6KR9VCV6OD-U1I25I1 Neste capítulo, vamos diferenciar os principais programas de saúde e segurança ocupacional, de modo que o leitor entenda a importância desses programas para a garantia de melhores condições de saúde e segurança no trabalho. Além disso, explicaremos quais são os principais requisitos inseridos nesses programas. Programas de saúde e segurança ocupacional Programas de saúde e segurança ocupacional consistem em ações que devem ser obrigatórias dentro das empresas, sejam estas de pequeno, médio ou grande porte. Essas ações auxiliam na prevenção de doenças e de problemas relacionados ao trabalho, problemas que podem ser físicos ou/e mentais, mas que, muitas vezes, são causados pela repetição das atividades e/ou pelo próprio ambiente laboral. No que concerne às ações governamentais, o poder público age por in- termédio do Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho (DSST), cujo objetivo é garantir, por meio de políticas públicas e ações de fiscalização dos ambientes e das condições de trabalho, que estão sendo implementadas todas as medidas plausíveis para a prevenção de acidentes e doenças laborais, assegurando que a vida e a saúde dos trabalhadores sejam preservadas. Essas ações profiláticas são implantadas por programas como o Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), entre outros, além de pelas exigências de equipamento de proteção individual (EPI) e equipamentos de proteção coletiva (EPC), com o intuito de garantir uma maior segurança e reduzir a incidência de acidentes de trabalho. Cabe, ainda, destacar que compete à Secretaria de Trabalho (Setrab), por meio da Subsecretaria de Inspeção do Trabalho (SIT), a regulamentação complementar e a atualização das normas de saúde e segurança no trabalho, assim como a fiscalização dos ambientes laborais. Em outras palavras, esse é o órgão governamental responsável por mediar as relações de trabalho entre o trabalhador e a empresa, exceto quando expressamente estabelecido em contrário nas normas legais vigentes. No que tange aos programas de saúde e segurança ocupacional encontra- dos no dia a dia, deparamo-nos com inúmeras siglas em projetos, instruções, normas, leis, etc. Algumas dessas siglas merecem destaque por abordar assuntos diretamente essenciais ao entendimento da saúde ocupacional. No Quadro 1, estão representadas as principais siglas relacionadas aos programas de saúde ocupacional. Identificação interna do documento 6KR9VCV6OD-U1I25I1 ( 14 ) ( Programas de saúde e segurança ocupacional ) ( Programas de saúde e segurança ocupacional 15 ) Quadro 1. Programas relacionados à saúde ocupacional e suas respectivas siglas Norma regulamentadora Sigla Programa de Conservação Auditiva PCA NR nº 7: Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional PCMSO NR nº 9: Programa de Prevenção de Riscos Ambientais PPRA NR nº 18: Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção PCMAT NR nº 22: Programa de Gerenciamento de Riscos PGR A seguir, veremos os objetivos dos programas supracitados, visando a melhor compreender a diferença entre cada programa e a identificar as ações que contemplam na prevenção de doenças e acidentes de trabalho. Todos os programas descritos nesta seção tratam a segurança e a saúde como prioridade. Para que o trabalhador esteja mais seguro em seu ambiente de trabalho, é necessário propor treinamento qualificando-o e integrar os processos e as medidas de segurança na rotina da empresa, o que é essencial para transformar a realidade da indústria da construção civil, uma das indústrias que mais gera acidentes do trabalho no Brasil. Programa de Conservação Auditiva A NR nº 9 estabelece diretrizes e parâmetros mínimos para avaliar e acom- panhar a audição do empregado por meio de exames (BRASIL, 2019a). As ações preventivas devem ser iniciadas sempre que o nível de ruído a que o trabalhador estiver exposto for superior a 80 db (limite de ação). De uma forma geral, o PCA é um conjunto de medidas que objetiva prevenir a instalação ou evolução das perdas auditivas ocupacionais de trabalhadores expostos a níveis de pressão sonora elevada. Identificação interna do documento 6KR9VCV6OD-U1I25I1 Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional O PCMSO, descrito na NR nº 7, visa a estabelecer requisitos para a proteção e a preservação da saúde dos trabalhadores em relação aos riscos ocupacionais, de acordo a avaliação de riscos do PGR da empresa. Esse programa é um documento escrito que serve de alicerce para as próprias ações de execução e de instrução de suas diretrizes (BRASIL, 2018a). Vale destacar que ele deve estar articulado com as demais NRs. Na NR nº 7, é estabelecido que o empregador é obrigado a elaborar e a implementar o PCMSO para promover e prevenira saúde de seu grupo de trabalhadores. Esse programa também serve como uma ferramenta preventiva de rastreio e diagnóstico precoce dos agravos às saúdes relativos à atividade laboral. A natureza subclínica e a existência de casos de doenças provenien- tes da atividade de trabalho ou danos irreversíveis são componentes desse instrumento (BRASIL, 2018a). Cabe destacar que o PCMSO deverá ser implementado em todas as empresas, independentemente da quantidade de trabalhadores. Ainda, os riscos apresentados no PPRA devem ser considerados por essa ferramenta de controle. Programa de Prevenção de Riscos Ambientais O PPRA foi estabelecido pela NR nº 9 para deixar o ambiente de trabalho mais seguro para todos os colaboradores. Seu principal objetivo é a preser- var a saúde e a integridade dos trabalhadores por meio da antecipação, do reconhecimento, da avaliação e do consequente “[...] controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho, tendo em consideração a proteção dos recursos naturais” (BRASIL, 2019a, documento on-line). Nele, portanto, há um conjunto de ações que a empresa deverá implantar no âmbito de segurança e saúde do trabalho e que geralmente é elaborado por um profissional capacitado, ou um técnico, ou um engenheiro de segurança do trabalho. Os riscos ambientais são agentes biológicos, químicos ou físicos que podem causar danos ao colaborador. Eles estão previstos na NR nº 9, e o Quadro 2 contém os principais riscos, sinalizados nos ambientes laborais pelas cores verde, vermelho, amarelo, marrom e azul. Cada organização elabora seu programa de prevenção de riscos, conforme as necessidades de controle em cada departamento. Identificação interna do documento 6KR9VCV6OD-U1I25I1 Quadro 1. Principais riscos ambientais em locais de trabalho Tipo de risco Riscos Físico (verde) · Ruído · Vibração · Radiação ionizante · Radiação não ionizante · Frio · Calor · Pressões anormais · Umidade Químico (vermelho) · Poeira · Ilmenita · Dióxido de titânio · Sulfato ferroso · Fumos metálicos · Névoas · Vapores orgânicos · Dióxido de enxofre · Ácido sulfúrico · Ácido clorídrico · Ácido fluorídrico · Gás freon Biológico (marrom) · Vírus · Bactérias · Protozoários Ergonômico (amarelo) · Esforço físico · Levantamento e transporte de peso · Exigência de postura inadequada · Controle rígido de produtividade · Imposição de ritmos excessivos · Trabalho em turno e noturno · Jornada de trabalho prolongada · Monotonia e repetitividade · Treinamento inexistente · Treinamento inadequado · Atenção e responsabilidade · Estresse físico e/ou psíquico (Continua) Identificação interna do documento 6KR9VCV6OD-U1I25I1 (Continuação) Tipo de risco Riscos Mecânico (azul) · Arranjo físico inadequado · Máquinas e equipamento sem proteção · Ferramentas inexistentes · Ferramentas inadequadas sem proteção · Iluminação inadequada · Eletricidade · Probabilidade de incêndio · Armazenamento inadequado · Animais peçonhentos · Sinalização inadequada/insuficiente · Transporte de materiais · Piso escorregadio Fonte: Adaptado de Brasil (2019a). Entre as ações mais contempladas no PPRA, estão os treinamentos com trabalhadores sobre a forma adequada de utilização dos equipamentos de proteção, bem como informações acerca do ambiente de trabalho. Além disso, as empresas, em geral, utilizam sinalização adequada para prevenir acidentes nos ambientes laborais. O PPRA é uma obrigação que todas as empresas, independentemente da quantidade de funcionários, devem desenvolver no ambiente de trabalho. Embora esteja previsto na NR nº 9, sua implementação está articulada na NR nº 7, e ele auxilia a NR nº 18. Suas prevenções e seus diagnósticos devem ser relatados por um médico do trabalho, mas as empresas não são obrigadas a ter esse tipo de profissional em seu quadro de funcionários, sendo possível a terceirizá-los (BRASIL, 2015). Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção O Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Cons- trução, previsto na NR nº 18, é um instrumento obrigatório em estabeleci- mentos do setor com 20 trabalhadores ou mais e deve ser elaborado por profissional legalmente habilitado na área de segurança do trabalho. Seu conjunto documental deve contemplar as exigências contidas na NR nº 9, que institui o PPRA. A NR nº 18, no item 18.3.1, define o PCMAT como um programa que estabe- lece condições e diretrizes de segurança do trabalho na indústria da constru- Identificação interna do documento 6KR9VCV6OD-U1I25I1 ção civil, e cuja finalidade é avaliar, por atuações preventivas, a integridade física e a saúde do trabalhador da construção e de todas as pessoas que atuam direta ou indiretamente na realização de uma obra (BRASIL, 2018b). Ou seja, o PCMAT é um conjunto de ações preventivas relacionadas à saúde e à integridade física dos colaboradores que atuam no canteiro de obras. Programa de Gerenciamento de Riscos O PGR, determinado pela NR nº 22, é voltado para o setor da mineração, enquanto a NR nº 18 é própria da construção civil. Porém, ele apresenta itens da NR nº 22 aplicáveis na indústria da construção civil (BRASIL, 2019b). O foco do PGR é semelhante ao do PPRA, estabelecendo parâmetros relacionados aos impactos ambientais e riscos à saúde voltados para a atividade minera- dora. De uma forma mais abrangente que o PPRA, o PGR é uma ferramenta que apresenta um conjunto de ações a serem adotadas pelas organizações para diminuir/e ou extinguir todos os riscos existentes nos ambientes, riscos químicos, físicos, biológicos, ergonômicos ou de acidentes. A Setrab recentemente noticiou que, a partir de agosto de 2021, o PGR suprirá o PPRA. As organizações que se encontram com o PPRA em andamento deverão substituir seus dados e suas medidas de prevenção para o PGR, junto com a relação de todos os perigos existentes na organização (JORGE; SANTOS; ROCUMBACK, 2020). Os requisitos da nova mudança serão apresentados na NR nº 1, “Disposições gerais e gerenciamento de riscos ocupacionais”, cuja função é estabelecer os critérios gerais, o campo de aplicação, os termos e as definições comuns a todas NRs, além de conter os itens para o PGR e as medidas de prevenção em segurança e saúde no trabalho. A importância dos programas de saúde e segurança ocupacional Durante a Revolução Industrial, houve um aumento notável do número de acidentes relacionados ao trabalho, devido ao uso crescente de máquinas, do acúmulo de operários em locais confinados, das longas jornadas laborais, da utilização de crianças nas atividades industriais, das péssimas condições de salubridade nos ambientes fabris, entre outras razões. No Brasil, esses problemas também acompanharam a industrialização, que ocorreu por volta da década de 1930 (CHAGAS; SALIM; SERVO, 2012). Identificação interna do documento 6KR9VCV6OD-U1I25I1 Até meados da década de 1970, segundo Camisassa (2015), as leis voltadas para a segurança no trabalho existentes no país eram basicamente corretivas, não preventivas. Havia a preocupação de determinar as indenizações por acidentes de trabalho, mas não em investigar e prevenir as causas desses acidentes de forma efetiva. Com o decorrer do tempo e o surgimento de diversas questões trabalhistas, emergiu a necessidade de criação de leis e normas que assegurassem condições laborais menos insalubres. Assim surgiu a Lei nº 6.514, de 22 de dezembro de 1977, as normas brasileiras (NBRs) e as NRs, que estabeleceram parâmetros para que os profissionais, a fisca- lização e as empresas tivessem onde se fundamentar em seus programas e melhorias na segurança do trabalho. Cada um dispõe de programas, trei- namentos e procedimentos que deverão ser adotados pelas empresas que tenham seus funcionários regidos pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) (BRISTOT, 2019). Atualmente, apesar de todos os avanços na indústria da construção civil, são recorrentes casos de acidentes de trabalho em canteiros de obras. Com isso, aindasão necessários estudos referentes à problemática. O que se sabe com certeza é que implementar programas de saúde e segurança de forma estratégica contribui para a prevenção de acidentes e doenças ocupacionais. O acidente pode ser evitado; logo, pode ser prevenido. Porém, como as tarefas são executadas pelo ser humano, existem diferentes fatores externos que podem contribuir para a ocorrência de um acidente de trabalho (BRIS- TOT, 2019). Ademais, para que os programas de segurança sejam eficazes, é imprescindível que haja um investimento na mão de obra, uma vez que as instalações e manutenções de máquinas devem sempre ser executadas por profissionais capacitados. No Quadro 2, estão representadas as quantidades de acidentes de traba- lhos com comunicação de acidente do trabalho (CAT), revelados pela Ministério da Previdência Social, ocorridos durante o período de 2015 a 2019. Identificação interna do documento 6KR9VCV6OD-U1I25I1 Quadro 2. Acidentes de trabalho entre 2015 e 2019 Ano Acidentes com CAT Total de Acidentes Típico Trajeto Doença 2015 385.646 106.721 15.386 114.626 2016 355.560 108.552 13.927 107.587 2017 341.700 101.156 10.983 103.787 2018 363.314 108.082 10.597 104.024 2019 374.545 102.213 9.352 96.397 Fonte: Adaptado de Brasil ([2020?]). Conforme Bristot (2019), os programas de segurança e saúde podem ser auxiliados por algumas ações para que apresentem resultado significativo na melhoria dos ambientes de trabalho. Veja algumas a seguir. · Inspeções de segurança: avaliações dos riscos nos ambientes laborais. · Campanhas de segurança: campanhas com informações de segurança e saúde do trabalho, como a Semana Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho (Sipat), organizadas pela Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa). · Tratamento dos acidentes: controle, prevenção, análise e investigação de acidentes e possíveis acidentes no ambiente de trabalho. · Mapa de riscos: elaborado pela CIPA em cada setor de trabalho, iden- tificando os riscos que estão presentes no ambiente. · Diálogo Diário de Segurança (DDS): conversa rápida diária ou semanal sobre temas de segurança e saúde do trabalho. · Equipamentos de proteção: a utilização de EPI e equipamentos de proteção respiratória (EPR) e a implantação de EPC nos ambientes de trabalho diminuem a intensidade do risco que afeta o trabalhador. Identificação interna do documento 6KR9VCV6OD-U1I25I1 Caso seja constatado o descumprimento dos preceitos legais ou regulamentares relacionados à saúde e segurança no trabalho, o responsável pela fiscalização deverá lavrar o auto de infração. O auto de infração considerado subsistente ensejará a aplicação da penalidade (multa), depois de concluído o processo, sem prejuízo ao contraditório e à ampla defesa. Além disso, podem ocorrer o embargo e a interdição, procedimentos de urgência de caráter preventivo e que têm, por consequência, a paralisação total ou parcial das atividades sempre que for constatada a existência de situação de grave e iminente risco à segurança, saúde e integridade física dos trabalhadores (CAMISASSA, 2015). Requisitos dos programas de saúde e segurança ocupacional Com a validação da NR nº 1, que entrou em vigor em 2021, as organizações precisarão criar e implementar o gerenciamento de riscos ocupacionais (GRO) e o PGR. Portanto, a gestão dos riscos ambientais será realizada somente pelo novo PGR, substituindo a exigência do PPRA. Essa mudança também modificou alguns itens do PCMSO, que serão discutidos a seguir. Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção Para a composição do PCMAT, é necessário ter uma previsão de dados para estimar e controlar os riscos ambientais que existem, ou venham a existir, no ambiente laboral. A obrigação de elaborar e implantar o PCMAT se aplica às organizações que têm 20 trabalhadores ou mais, incluindo profissionais empregados e terceirizados. Cabe destacar que esse programa não é meramente um documento que deve ser apresentado ao órgão fiscalizador, mas um conjunto de ações a serem implantadas e que deve considerar o aperfeiçoamento de projetos e conceitos de controle de riscos, o programa de capacitação relacionado à segurança do trabalhador, a especificação de equipamentos de proteção e estimativas constantes dos riscos, com o emprego de métodos de gerenciamento e au- ditorias visando a avaliar a execução do sistema de segurança do trabalho. O PCMAT é desenvolvido na fase de concepção dos projetos, ou seja, é formulado antes de se dar início à construção. Nele, os riscos de todas as etapas processuais da produção devem ser contemplados; portanto, o PCMAT não tem prazo de validade definido. As empresas que não têm no mínimo Identificação interna do documento 6KR9VCV6OD-U1I25I1 20 empregados não são obrigadas a desenvolvê-lo; porém, para a garantia da segurança de seus trabalhadores, a construtora deve elaborar o PPRA. A parte documental do PCMAT, conforme a NR nº 18, é composta de (BRA- SIL, 2018b): · memorial sobre condições e meio ambiente de trabalho nas atividades e operações, levando-se em consideração riscos de acidentes e de doenças do trabalho e suas respectivas medidas preventivas; · projeto de execução das proteções coletivas, em conformidade com as etapas de execução da obra; · especificação técnica das proteções coletivas e individuais a serem utilizadas; · cronograma de implantação das medidas preventivas definidas no PCMAT, em conformidade com as etapas de execução da obra; · leiaute inicial e atualizado do canteiro de obras e/ou da frente de trabalho, contemplando, inclusive, previsão de dimensionamento das áreas de vivência; · programa educativo contemplando a temática de prevenção de aci- dentes e doenças do trabalho, com sua carga horária. Programa de Prevenção de Riscos Ambientais A estrutura básica do PPRA contém o seguinte: · planejamento anual com estabelecimento de metas; · prioridades e cronograma; · estratégia e metodologia de ação; · forma do registro; · manutenção e divulgação dos dados, com periodicidade predefinida; · forma de avaliação do desenvolvimento do PPRA. As etapas desse programa se dão por: · antecipação e reconhecimento dos riscos; · estabelecimento de prioridades e metas de avaliação e controle; · avaliação dos riscos e da exposição dos trabalhadores; · implantação de medidas de controle e avaliação de sua eficácia; · monitoramento da exposição aos riscos; · registro e divulgação dos dados. Identificação interna do documento 6KR9VCV6OD-U1I25I1 O reconhecimento dos riscos ambientais deverá conter os seguintes itens, quando aplicáveis: · sua identificação; · a determinação e localização das possíveis fontes geradoras; · a identificação das possíveis trajetórias e dos meios de propagação dos agentes no ambiente de trabalho; · a identificação das funções e determinação do número de trabalha- dores expostos; · a caracterização das atividades e do tipo da exposição; · a obtenção de dados existentes na empresa que indiquem possível comprometimento da saúde decorrente do trabalho; · os possíveis danos à saúde relacionados aos riscos identificados, disponíveis na literatura técnica; · a descrição das medidas de controle preexistentes. No tocante ao PCMSO, o programa consegue viabilizar o acompanhamento da saúde do trabalhador por meio de alguns exames: · admissional; · periódico; · de retorno ao trabalho; · de mudança de função; · demissional. Com relação ao atestado de saúde ocupacional (ASO), conforme disposto na NR nº 7 (BRASIL, 2018a), deve conter no mínimo: · o nome completo do trabalhador, o número de registro de sua iden- tidade e sua função; · os riscos ocupacionais específicos existentes, ou a ausência deles, na atividade do empregado, conforme instruções técnicas expedidas pela Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho (SSST); · indicação dos procedimentos médicos aos quais o trabalhador foi submetido, incluindo os exames complementares e a data em que foram realizados;· o nome do médico coordenador, quando houver, com respectivo número de registro no Conselho Regional de Medicina (CRM); Identificação interna do documento 6KR9VCV6OD-U1I25I1 · definição de apto ou inapto para a função específica que o trabalhador vai exercer, exerce ou exerceu; · nome do médico encarregado pelo exame e seu endereço ou forma de contato; · data e assinatura do médico encarregado pelo exame e carimbo con- tendo o número de inscrição no CRM. Ressalta-se que, ao receber o ASO, o trabalhador deve verificar o que nele consta e solicitar ajustes se identificar alguma irregularidade. Programa de Gerenciamento de Riscos Conforme comentado anteriormente, com o fim do PPRA, foi estabelecido o novo PGR. Segundo a Portaria nº 6.730, de 9 de março de 2020, o PRG deverá conter, no mínimo, inventário de riscos e plano de ação. Ainda conforme a Portaria nº 6.730/2020, esses documentos devem ser redigidos pela organi- zação, respeitando o disposto nas demais NRs, datados e assinados, e estar sempre disponíveis aos trabalhadores interessados ou a seus representantes, bem como à fiscalização (BRASIL, 2020). Outro requisito importante é o inventário de riscos ocupacionais, que traz os dados da identificação dos perigos e das avaliações dos riscos ocupacionais. Esse documento deve contemplar, no mínimo, as seguintes informações: · caracterização dos processos e ambientes de trabalho; · caracterização das atividades; · descrição de perigos e de possíveis lesões ou agravos à saúde dos trabalhadores, com a identificação das fontes ou circunstâncias, des- crição de riscos gerados pelos perigos, com a indicação dos grupos de trabalhadores sujeitos a esses riscos, e descrição de medidas de prevenção implementadas; · dados da análise preliminar ou do monitoramento das exposições a agentes físicos, químicos e biológicos, e os resultados da avaliação de ergonomia nos termos da NR nº 17. · avaliação dos riscos, incluindo a classificação para fins de elaboração do plano de ação; · critérios adotados para avaliação dos riscos e tomada de decisão. Identificação interna do documento 6KR9VCV6OD-U1I25I1 Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional Com relação ao responsável pela elaboração do PCMSO, temos uma atuali- zação importante: esse responsável terá que elaborar anualmente um novo relatório analítico para substituir o modelo de relatório anual que foi retirado dos anexos. A inclusão de novos anexos, listados a seguir, estabelece as dire- trizes para o controle médico da exposição a agentes nocivos (BRASIL, 2020). · Anexo I: Monitoração da exposição ocupacional a agentes químicos. · Anexo II: Controle médico ocupacional da exposição a níveis de pressão sonora elevados. · Anexo III: Controle radiológico e espirométrico da exposição a agentes químicos. · Anexo IV: Controle médico ocupacional de exposição a condições hiperbáricas. · Anexo V: Controle médico ocupacional da exposição a substâncias químicas cancerígenas e a radiações ionizantes. Neste capítulo, vimos que a aplicação dos programas, junto com as NRs, possibilita que seja reduzida ou extinta a incidência de acidentes laborais. Esses programas também permitem monitorar os danos, os erros cometidos pelos trabalhadores e os fatores ambientais previstos. Vê-se, portanto, a importância de desenvolver medidas de controle e de prevenção ambientais e, principalmente, de desenvolver as atividades da forma estabelecida no projeto. Referências BRASIL. Norma regulamentadora nº 18: condições de segurança e saúde no trabalho na indústria da construção. 2018b. Disponível em: https://www.gov.br/trabalho/pt- -br/inspecao/seguranca-e-saude-no-trabalho/normas-regulamentadoras/nr-18.pdf. Acesso em: 29 jun. 2021. BRASIL. Norma regulamentadora nº 7: programa de controle médico de saúde ocupa- cional. 2018a. Disponível em: https://www.gov.br/trabalho/pt-br/inspecao/seguranca- -e-saude-no-trabalho/normas-regulamentadoras/nr-07.pdf. Acesso em: 29 jun. 2021. BRASIL. Norma regulamentadora nº 9: programa de prevenção de riscos ambientais. 2019a. https://www.gov.br/trabalho/pt-br/inspecao/seguranca-e-saude-no-trabalho/ normas-regulamentadoras/nr-09-atualizada-2019.pdf. Acesso em: 29 jun. 2021. BRASIL. Norma regulamentadora nº 22: segurança e saúde ocupacional na mineração. 2019b. https://www.gov.br/trabalho/pt-br/inspecao/seguranca-e-saude-no-trabalho/ normas-regulamentadoras/nr-22.pdf. Acesso em: 29 jun. 2021. Identificação interna do documento 6KR9VCV6OD-U1I25I1 BRASIL. Estratégia nacional para redução dos acidentes do trabalho 2015-2016. Brasília: Ministério do Trabalho e Emprego, 2015. (E-book). CHAGAS, A. M. de R.; SALIM, C. A.; SERVO, L. M. (org.). Saúde e segurança no trabalho no Brasil: aspectos institucionais, sistemas de informação e indicadores. 2. ed. São Paulo: Ipea/Fundacentro, 2012. (E-book). CAMISASSA, M. Q. Segurança e saúde no trabalho: NRs 1 a 36 comentadas e descom- plicadas. São Paulo: Método, 2015. BRISTOT, V. M. Introdução à engenharia de segurança do trabalho. Criciúma: Unesc, 2019. (E-book). BRASIL. Portaria nº 6.730, de 9 de março de 2020. Aprova a nova redação da Norma Regulamentadora nº 01 - Disposições gerais e gerenciamento de riscos ocupacionais. (Processo nº 19966.100073/2020-72). Diário Oficial da União, Brasília, 12 mar. 2020. Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-6.730-de-9-de-marco- -de-2020-247538988. Acesso em: 29 jun. 2021. BRASIL. Dados estatísticos: Saúde e segurança do trabalhador. [2020?]. Disponível em: https://www.gov.br/previdencia/pt-br/assuntos/previdencia-social/saude-e- -seguranca-do-trabalhador/dados-de-acidentes-do-trabalho. Acesso em: 29 jun. 2021. JORGE, A. O.; SANTOS, A. G. DOS; ROCUMBACK, D. M. O PGR, o fim do PPRA e as mudanças das NR-1 e NR-9 para 2021. Migalhas, 2020. Disponível em: https://www.migalhas.com. br/depeso/338358/o-pgr--o-fim-do-ppra-e-as-mudancas-das-nr-1-e-nr-9-para-2021. Acesso em: 29 jun. 2021. Leitura recomendada BRASIL. Norma regulamentadora nº 5: comissão interna de prevenção de acidentes. 2019. Disponível em: https://www.gov.br/trabalho/pt-br/inspecao/seguranca-e-saude- -no-trabalho/normas-regulamentadoras/nr-05.pdf. Acesso em: 29 jun. 2021. Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Identificação interna do documento 6KR9VCV6OD-U1I25I1 Identificação interna do documento 6KR9VCV6OD-U1I25I1 DICA DO PROFESSOR Os empregadores deverão informar os trabalhadores de maneira apropriada e suficiente sobre os riscos ambientais que possam originar-se nos locais de trabalho, sobre os meios disponíveis para prevenir ou limitar tais riscos e para proteger-se deles. Confira no vídeo algumas dicas! ( Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! ) EXERCÍCIOS 1) O exame admissional pode ser compreendido como uma importante etapa do processo de gestão de pessoas. Tal processo é orientado pela legislação trabalhista, a qual regulamenta a movimentação de pessoas nas organizações, a partir do momento em que se candidatam para uma vaga até a aposentadoria ou demissão. Considerando, então, as relações de trabalho para a prática de gestão vinculada à segurança no trabalho e saúde ocupacional, no Brasil, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) (BRASIL, 1943), acrescida das normas complementares do Ministério do Trabalho e Emprego e, mais recentemente, da Reforma Trabalhista de 2017 (BRASIL, 2017), orienta o processo de admissão nas empresas, de forma geral. Joana – técnica em segurança do trabalho, administradora, pós-graduada em Psicologia Organizacional, tem 28 anos, é casada, não tem filhos (mas está tentando engravidar) – foi selecionada