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· Atividade 2: Pesquisar um julgado ou um Termo de Ajuste de Conduta que envolva trabalho infantil no Brasil CONTRATO DE TRABALHO. MENOR DE IDADE. TRABALHO INFANTIL. Trata-se, portanto, de contrato de trabalho não permitido pela legislação, eis que o autor não fora contratado para programa de menor aprendiz, mas sim para típico contrato de trabalho, o que é vedado aos menores de 16 anos. Ademais, pela análise dos espelhos de ponto, observa-se que, em muitas oportunidades, a jornada praticada era incompatível com a frequência do autor às aulas escolares, o que torna o trabalho infantil realizado danoso não só ao empregado como à toda sociedade, motivo pelo qual a reparação por danos morais é mesmo devida. (TRT-2 10004488720195020331 SP, Relator: VALDIR FLORINDO, 6ª Turma - Cadeira 3, Data de Publicação: 20/08/2020) O julgado escolhido trata-se de uma ação de contrato de trabalho onde um menor foi contratado para exercer o cargo de empacotador quando tinha apenas 14 anos, constando em seu contrato de trabalho incompatibilidade ao regime de Menor Aprendiz. A legislação atual do Brasil é severa ao assegurar a proteção de menores de idade na questão trabalhista, determinando leis que restringem a exploração de crianças e adolescentes e garantem o seu desenvolvimento apropriado. A Constituição Federal, no artigo 7 inciso XXXIII, proíbe o trabalho de menores de 16 anos, exceto na condição de aprendiz, a partir de 14 anos. Reforçado pelo artigo 402 da Consolidação das Leis do Trabalho, que restringe menores de 14 anos de serem contratados para qualquer tipo de trabalho. Ademais, a Lei o Aprendiz limita a contratação para essa modalidade a jovens com idade entre 14 e 24 anos, e determina requisitos como a integração a um programa educacional ou técnico-profissional. Desse modo, essa ação trata, portanto, de um contrato de trabalho ilegal, uma vez que o menor representado não fora contratado para programa de menor aprendiz, visto que não cumpria tais requisitos estabelecidos pela legislação, mas sim para típico contrato de trabalho, o que é vedado aos menores de 16 anos. Além disso, ao analisar os espelhos de ponto do autor, observa-se que, por muitas vezes, a jornada praticada por ele era conflitante com a frequência do adolescente à escola, o que torna o trabalho infantil realizado prejudicial não só ao menor empregado como à toda sociedade, visto que vai contra o Estatuto da Criança e do Adolescente, o qual trata do direito à profissionalização e à proteção no trabalho das crianças e adolescentes, proibindo trabalhos noturnos, perigosos, insalubres, penosos, realizados em locais prejudiciais à sua formação e desenvolvimento físico, moral, psíquico e social, inclusive aqueles que impeçam a frequência escolar, e a CLT, que também estabelece que é dever do empregador assegurar horários e locais de trabalho que permitam a frequência à escola. Outro ponto que vale ser analisado é que, ainda que a contratação de menores de idade seja baseada na necessidade de ajudar na sobrevivência de suas famílias, ainda não pode ser tolerada, pois muito embora tenha sido o próprio pai do autor quem solicitou a sua contratação já que se encontrava desempregado, como alega a ré, a utilização de mão de obra infantil desrespeita a norma constitucional, uma vez que acaba por provocar inúmero prejuízo ao desenvolvimento físico e pedagógico do autor. Assim, o artigo 227 da nossa Constituição Federal estabeleceu que é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar a proteção integral à criança e ao adolescente, de forma a colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. Bem como o artigo 424 da CLT, o qual estabelece que: "É dever dos responsáveis legais de menores, pais, mães ou tutores, afastá-los de empregos que diminuam consideravelmente o seu tempo de estudo, reduzam o tempo de repouso necessário à sua saúde e constituição física, ou prejudiquem a sua educação moral ". A partir disso, conclui-se que a contratação de um menor de 14 anos com um regime de trabalho sem a devida regulamentação como aprendiz é inconstitucional, e infringe as leis de proteção à criança e ao adolescente, bem como as leis trabalhistas. O contrato de trabalho desse menor é considerado ilegal, portanto, o empregador deverá sofrer penalidades e responderá conforme a legislação. Assegurar os direitos de menores no ambiente de trabalho é essencial, e, para isso, as restrições estabelecidas devem ser respeitadas para garantir que suas condições de trabalho sejam seguras e adequadas ao seu desenvolvimento.