Prévia do material em texto
SIMULADO ENEM 1° DIA LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS 1) A emissão de gases tóxicos na atmosfera traz diversas consequências para nosso planeta. De acordo com o gráfico, retirado do texto Global warming is an international issue, observa-se que: A. as queimadas poluem um pouco mais do que os combustíveis usados nos meios de transporte. B. as residências e comércios são os menores emissores de gases de efeito estufa na atmosfera. C. o processo de tratamento de água contribui para a emissão de gases poluentes no planeta. D. os combustíveis utilizados nos meios de transportes poluem mais do que as indústrias. E. os maiores emissores de gases de efeito estufa na atmosfera são as usinas elétricas. 2) 36 hours in Buenos Aires Contemporary Argentine history is a roller coaster of financial booms and cracks, set to gripping political soap operas. But through all the highs and lows, one thing has remained constant: Buenos Aires’s graceful elegance and cosmopolitan cool. This attractive city continues to draw food lovers, design buffs and party people with its riotous night life, fashion-forward styling and a favorable exchange rate. Even with the uncertain economy, the creative energy and enterprising spirit of Porteños, as residents are called, prevail — just look to the growing ranks of art spaces, boutiques, restaurants and hotel. SINGER, P. Disponível em: www.nytimes.com. Acesso em: 30 jul. 2012. Nesse artigo de jornal, Buenos Aires é apresentada como a capital argentina, que: A. foi objeto de novelas televisivas baseadas em sua vida noturna e artística. B. manteve sua elegância e espírito cosmopolita, apesar das crises econômicas. C. teve sua energia e aspecto empreendedor ofuscados pela incerteza da economia. D. foi marcada historicamente por uma vida financeira estável, com repercussão na arte. E. parou de atrair apreciadores da gastronomia, devido ao alto valor de sua moeda. 3) Uma campanha pode ter por objetivo conscientizar a população sobre determinada questão social. Na campanha realizada no Reino Unido, a frase “A third of the food we buy in the UK ends up being thrown away" foi utilizada para enfatizar o(a): A. desigualdade social. B. escassez de plantações. C. reeducação alimentar. D. desperdício de comida. E. custo dos alimentos. 4) Hunger Games Review: Family Film Guide Parent Concerns: There is definitely violence in this film. The central Hunger Games may not be as bloody and brutal as author Suzanne Collins describes in the novel, but there’s a visceral reaction to seeing the kid-on-kid violence ratherthanconjuring it inyourown imagination. The tributes kill each other in a host of ways, from spear, knife and arrow wounds to hand-to-hand battles that leave teens with their heads smashed in or necks snapped. The editing is quick and the shots never linger on anything overly graphic, but there is blood and twenty-two adolescents, aged 12-18, die in the annual blood sport pageant. Immature teens, even if they’ve read the books, may not be ready to handle to the film just yet. A good rule of thumb: if they’re not old enough to be reaped into the Hunger Games, theyYe probably not mature enough to see it. ANGULO-CHEN, S. Disponível em: http://news.moviefone.com. Acesso em: 28jun. 2012. Produções literárias e cinematográficas estão, muitas vezes, articuladas. No caso do filme Hunger Games, a autora da resenha chama a atenção para a questão da violência, que é mais: A. detalhada do que a autora do livro gostaria que fosse. B. brutal do que os pais permitiriam para seus filhos. C. amena do que os adolescentes imaginavam. D. superficial do que o público poderia esperar. E. impactante do que a representada no livro. 5) On the Meaning of Being Chinese Ethnically speaking, I feel I am complicated to classify, but who isn’t, right? To me, being Chinese-Brazilian in America means a history of living in three opposite cultures, and sometimes feeling that I did not belong in neither, a constant struggle that immigrants, and national citizens, face when their appearance is foreign to natives in the country. Jokingly, I say that I am Asian in America, Brazilian in China, and a “gringa” in Brazil. Nevertheless, 1 believe that dealing with these hard to reconcile extremes have somehow helped me to become more comfortable with my identity. BELEZA LI. Disponível em: www.aiisf.org. Acesso em: 28 mar. 2014. Nesse fragmento, Beleza Li resume sua experiência de vida ao descrever a complexidade em: A. viver como imigrante em um país asiático. B. definir quem ela é no que concerne à etnia. C. compreender as culturas que a constituem. D. lidar com brincadeiras sobre sua aparência. E. lutar contra a discriminação nos Estados Unidos. 6) OLHOS DE RESSACA "Enfim, chegou a hora da encomendação e da partida. Sancha quis despedir-se do marido, e o desespero daquele lance consternou a todos. Muitos homens choravam também, as mulheres todas. Só Capitu, amparando a viúva, parecia vencer-se a si mesma. Consolava a outra, queria arrancá-la dali. A confusão era geral. No meio dela, Capitu olhou alguns instantes para o cadáver tão fixa, tão apaixonadamente fixa, que não admira lhe saltassem algumas lágrimas poucas e caladas... As minhas cessaram logo. Fiquei a ver as dela; Capitu enxugou-as depressa, olhando a furto para a gente que estava na sala. Redobrou de carícias para a amiga, e quis levá-la; mas o cadáver parece que a retinha também. Momentos houve que os olhos de Capitu fitaram o defunto, quais os da viúva, sem o pranto nem palavras desta, mas grandes e abertos, como a vaga do mar lá fora, como se quisesse tragar também o nadador da manhã." (Machado de Assis) "Capitu parece vencer-se a si mesma" A SI MESMA é redundância da palavra SE - figura a que chamamos: A. metáfora B. anacoluto C. pleonasmo D. silepse E. hipérbato 7) Leia o trecho a seguir: 4 Graus Céu de vidro azul fumaça Quatro Graus de latitude Rua estreita, praia e praça Minha arena e ataúde Não permita Deus que eu morra Sem sair desse lugar Sem que um dia eu vá embora Pra depois poder voltar Quero um dia ter saudade Desse canto que eu cantei E chorar se der vontade De voltar pra quem deixei De voltar pra quem deixei. Fonte: http://fagner.letras.terra.com.br/letras/253766/, em 10 de março de 2024. No primeiro verso da canção, um recurso de estilo se destaca. Trata-se da: A. Metáfora B. Metonímia C. Sinédoque D. Catacrese E. Antonomásia 8) “Fiquei sabendo que mais da metade da população mundial somos crianças.” Ocorre, neste fragmento, um exemplo de: A. inversão na mudança da ordem natural dos termos no enunciado. B. omissão de um termo que já apareceu antes. C. concordância não com o que vem expresso, mas com o que se entende, com a ideia que está implícita. D. aproximação de termos contrários, que se opõem pelo sentido. E. exagero na colocação da ideia com finalidade expressiva. 9) Leia o poema abaixo, de Cecília Meireles: Reinvenção A vida só é possível Reinventada. Anda o sol pelas Campinas E passeia a mão dourada Pelas águas, pelas folhas... Ah! Tudo bolhas Que vêm de fundas piscinas De ilusionismo... - mais nada. Mas a vida, a vida, a vida, A vida só é possível Reinventada. Vem a lua, vem, retira As algemas dos meus braços. Projeto-me por espaços Cheios da tua Figura. Tudo mentira! Mentira Da lua, na noite escura. Não te encontro, não te alcanço... Só - no tempo equilibrada, Desprendo-me do balanço Que além do tempo me leva. Só - na treva, Fico: recebida e dada. Porque a vida, a vida, A vida só é possível Reinventada. Nesse poema aparece expressa a seguinte oposição fundamental: A. Vida versus Morte B. Realidade versus Ficção C. Presença versus Ausência D. Dia versus Noite E. LiberdadeD. a integração regional supõe a livre circulação de pessoas e mercadorias. E. expulsão das forças navais ocidentais garantiria a soberania nacional. 68) As dinâmicas da Guerra Fria proporcionaram oportunidades de crescimento magníficas para países periféricos, com economias agrárias e de baixa industrialização. O simples fato de se alinhar com alguma das ideologias antagônicas significava, na maioria das vezes, apoio econômico e militar. Quatro países asiáticos souberam aproveitar as tensões da época para, a partir da década de 60, atingirem níveis de industrialização e crescimento sem precedentes. Coreia do Sul, Taiwan, Hong Kong e Cingapura passaram, então, a ser conhecidos pela alcunha de “Tigres Asiáticos”. Dentre os motivos que levaram os países supracitados a um acelerado crescimento durante a segunda metade do século XX estão: A. A presença de recursos minerais abundantes, o que enriqueceu os países através das exportações. B. Uma política de investimentos por parte da China, que transformou esses países em Zonas de Livre Comércio. C. Incentivos monetários estrangeiros, que, combinados com uma política de sério investimento em educação, aumentaram imensamente a competitividade desses países no cenário mundial. D. O estabelecimento de Zonas de Livre Comércio em seus litorais, criando o modelo econômico conhecido como “socialismo de mercado”. E. O investimento em uma indústria de substituição de importações, fazendo com que esses países deixassem de depender de produtos oriundos da China, o que contribui grandemente para seus crescimentos econômicos. 69) Após uma longa guerra civil, em meados do século XX, o movimento revolucionário liderado por Mao Tsé- Tung conseguiu assumir o poder na China, derrotando as tropas do governo de Chiang Kai-Shek. A partir daí, Mao desenvolveu uma série de mudanças e transformações na economia e cultura chinesa. Em relação ao “Grande Salto Para Frente” e a “Revolução Cultural”, assinale a alternativa correta. A. A “Revolução Cultural” foi uma campanha pacifista implementada pelo governo chinês que buscava seguir os ensinamentos de Mahatma Ghandi, a fim de frear a ocidentalização do povo chinês. B. O programa de comunização da agricultura, estabelecido pelo “Grande Salto”, atingiu logo seu objetivo, organizando a produção agrícola. Entre os anos de 1958 e 1960, o Partido Comunista praticamente dobrou a produção de alimentos se comparado ao ano de 1957. C. Apesar de ter conquistado êxito, o “Grande Salto Para Frente” se resumiu ao setor agropecuário, deixando de lado a produção industrial. Isso fez com que a China maoísta se tornasse uma grande potência agroexportadora, mas dependente industrialmente das outras nações. D. Apesar da reforma agrária conduzida de maneira forçada pelo Partido Comunista no âmbito do “Grande Salto Para Frente” ter sido um desastre humanitário, com milhões de mortos pela escassez de alimentos, a industrialização urbana estabeleceu o alicerce para o grande crescimento chinês nas décadas seguintes. E. A “Revolução Cultural” tinha como um de seus principais objetivos a preservação do passado. Era preciso inaugurar uma “Nova China”, baseada no Maoísmo, que tinha como fundamento as práticas e os pensamentos antigos, notadamente do Confucionismo. 70) "Sem dúvida, a atração para o mar foi incentivada pela posição geográfica do país, próximo às ilhas do Atlântico e à costa da África. Dada a tecnologia da época, era importante contar com correntes marítimas favoráveis, e elas começavam exatamente nos portos portugueses.... Mas há outros fatores da história portuguesa tão ou mais importantes." Assinale a alternativa que apresenta outros fatores da participação portuguesa na expansão marítima e comercial europeia, além da posição geográfica: A. O apoio da Igreja Católica, desde a aclamação do primeiro rei de Portugal, já visava tanto à expansão econômica quanto à religiosa, que a expansão marítima iria concretizar. B. Para o grupo mercantil, a expansão marítima era comercial e aumentava os negócios, superando a crise do século. Para o Estado, trazia maiores rendas; para a nobreza, cargos e pensões; para a Igreja Católica, maior cristianização dos "povos bárbaros". C. O pioneirismo português deve-se mais ao atraso dos seus rivais, envolvidos em disputas dinásticas, do que a fatores próprios do processo histórico, econômico, político e social de Portugal. D. Desde o seu início, a expansão marítima, embora contasse com o apoio entusiasmado do grupo mercantil, recebeu o combate dos proprietários agrícolas, para quem os dispêndios com o comércio eram perdulários. E. Ao liderar a arraia-miúda na Revolução de Avis, a burguesia manteve a independência de Portugal, centralizou o poder e impôs ao Estado o seu interesse específico na expansão. 71) As grandes mudanças que se verificam na arte náutica durante a segunda metade do século XV levam a crer na possibilidade de chegar-se, contornando o continente africano, às terras do Oriente. Não se pode afirmar, contudo, que a ambição de atingir por via marítima esses países de fábula presidissem as navegações do período henriquino, animada por objetivos estritamente mercantis. (...) Com a expedição de Antão Gonçalves, inicia-se em 1441 o tráfico negreiro para o Reino (...) Da mesma viagem procede o primeiro ouro em pó, ainda que escasso, resgatado naquelas partes. O marfim, cujo comércio se achava até então em mãos de mercadores árabes, começam a transportá-lo os barcos lusitanos, por volta de 1447." (Sérgio Buarque de Holanda, Etapas dos descobrimentos portugueses.) Assinale a alternativa que melhor resume o conteúdo do trecho acima: A. A descoberta do continente americano por espanhóis, e depois, por portugueses, revela o grande anseio dos navegadores ibéricos por chegar às riquezas do Oriente através de uma rota pelo Ocidente. B. Os portugueses logo abandonaram as viagens de descoberta para o Oriente através do Atlântico, visto que lhes bastavam as riquezas alcançadas na África, ou seja, ouro, marfim e escravos. C. Embora a descoberta de uma rota africana para o Oriente fosse para os portugueses, algo cada vez mais realizável em razão dos avanços técnicos, foi a exploração comercial da costa africana o que, de fato, impulsionou as viagens do período. D. As navegações portuguesas, à época de D. Henrique, eram motivadas, acima de tudo, pelo exotismo fabuloso do Oriente; secundariamente, contudo, dedicavam-se os portugueses ao comércio de escravos, ouro e marfim, sobretudo na costa africana. E. Durante o período henriquino, os grandes aperfeiçoamentos técnicos na arte náutica permitiram aos portugueses chegar ao Oriente contornando o continente africano. 72) As primeiras expedições na costa africana a partir da ocupação de Ceuta em 1415, ainda na terra de povos berberes, foram registrando a geografia, as condições de navegação e de ancoragem. Nas paradas, os portugueses negociavam com as populações locais e sequestravam pessoas que chegavam às praias, levando-as para os navios para serem vendidas como escravas. Tal ato era justificado pelo fato de esses povos serem infiéis, seguidores das leis de Maomé, considerados inimigos, e portanto podiam ser escravizados, pois acreditavam ser justo guerrear com eles. Mais ao sul, além do rio Senegal, os povos encontrados não eram islamizados, portanto não eram inimigos, mas eram pagãos, ignorantes das leis de Deus, e no entender dos portugueses da época também podiam ser escravizados, pois ao se converterem ao cristianismo teriam uma chance de salvar suas almas na vida além desta. (Marina de Mello e Souza. África e Brasil africano, 2007.) De acordo com o texto, A. a motivação da conquista europeia da África foi essencialmente religiosa, destituída de caráter econômico. B. os líderes políticos africanos apoiavam a catequizaçãodos povos nativos pelos conquistadores europeus. C. os africanos aceitavam a escravização e não resistiam à presença europeia no continente. D. os povos africanos reconheciam a ação europeia no continente como uma cruzada religiosa e moral. E. a escravização foi muitas vezes justificada pelos europeus como uma forma de redimir e salvar os africanos. 73) Todo homem de bom juízo, depois que tiver realizado sua viagem, reconhecerá que é um milagre manifesto ter podido escapar de todos os perigos que se apresentam em sua peregrinação; tanto mais que há tantos outros acidentes que diariamente podem aí ocorrer que seria coisa pavorosa àqueles que aí navegam querer pô-los todos diante dos olhos quando querem empreender suas viagens. J. PT. “Histoire de plusieurs voyages aventureux”. 1600. In: DELUMEAU, J. História do medo no Ocidente: 1300- 1800. São Paulo Cia. das Letras. 2009 (adaptado). Esse relato, associado ao imaginário das viagens marítimas da época moderna, expressa um sentimento de A. gosto pela aventura. B. fascínio pelo fantástico. C. temor do desconhecido. D. interesse pela natureza. E. purgação dos pecados 74) Em geral, os nossos tupinambás ficaram admirados ao ver os franceses e os outros dos países longínquos terem tanto trabalho para buscar o seu arabotã, isto é, pau-brasil. Houve uma vez um ancião da tribo que me fez esta pergunta: “Por que vindes vós outros, mairs e pêros (franceses e portugueses), buscar lenha de tão longe para vos aquecer? Não tendes madeira em vossa terra? ” LÉRY, J. Viagem à Terra do Brasil. In: FERNANDES, F. Mudanças Sociais no Brasil. São Paulo: Difel, 1974. O viajante francês Jean de Léry (1534-1611) reproduz um diálogo travado, em 1557, com um ancião tupinambá, o qual demonstra uma diferença entre a sociedade europeia e a indígena no sentido A. do destino dado ao produto do trabalho nos seus sistemas culturais. B. da preocupação com a preservação dos recursos ambientais. C. do interesse de ambas em uma exploração comercial mais lucrativa do pau-brasil. D. da curiosidade, reverência e abertura cultural recíprocas. E. da preocupação com o armazenamento de madeira para os períodos de inverno. 75) Publicado em Veneza, em 1556, o mapa abaixo é um dos primeiros a mostrar o Brasil individualmente. Raro, ele faz parte de uma obra italiana, Atlas dele navigazione e Viaggi (Atlas de navegação e Viagens), de Giovanni Battista Ramusio. Trata-se de uma pintura da época sobre o Brasil, a qual revela pouca preocupação geográfica, mas que nos mostra: A. uma terra de riquezas: a exuberância das matas, a fartura de peixes nos mares e a existência de povoadores fortes, sadios e trabalhadores. B. indígenas extraindo troncos de pau-brasil que, depois, eram empilhados nas feitorias. Chegando os portugueses, os nativos eram recompensados através de um escambo com produtos europeus. C. o início da colonização do Brasil: os indígenas estão derrubando as árvores para formar os campos onde seria feito o plantio da cana-de- açúcar e a construção dos engenhos. D. o medo dos nativos brasileiros com a chegada das naus portuguesas: eles estão abatendo árvores para construção de fortificações e defesa da ameaça europeia. E. homens nus, selvagens, que conviviam pacificamente com animais de grande porte, o que causava grande espanto e medo aos colonizadores. 76) Texto I TEXTO 2 “A ciência e a arte, dentro de um processo intrincado, fabricavam realidades mitológicas que tiveram, e ainda têm vida prolongada e persistente”. COLI, Jorge. A invenção da descoberta. In: Como estudar arte brasileira no século XIX? São Paulo: Senac, 2005, p. 23. Sobre os documentos referentes ao Descobrimento do Brasil e à arte produzida no século XIX, é correto afirmar que A. ignoram a participação dos indígenas no processo de formação da identidade nacional. B. derrubam uma imagem hierarquizada do encontro das etnias que formaram a nação brasileira. C. consolidam uma visão da colonização marcada pela exploração portuguesa das matérias- primas. D. constroem uma memória pacífica do nascimento da nação fundada sob a égide do catolicismo. E. constroem uma memória brutal do nascimento da nação fundada sob a tutela dos jesuítas e bandeirantes. 77) A tribo não possui um rei, mas um chefe que não é chefe de Estado. O que significa isso? Simplesmente que o chefe não dispõe de nenhuma autoridade, de nenhum poder de coerção, de nenhum meio de dar uma ordem. O chefe não é um comandante, as pessoas da tribo não têm nenhum dever de obediência. O espaço da chefia não é o lugar do poder. Essencialmente encarregado de eliminar conflitos que podem surgir entre indivíduos, famílias e linhagens, o chefe só dispõe, para restabelecer a ordem e a concórdia, do prestígio que lhe reconhece a sociedade. Mas evidentemente prestígio não significa poder, e os meios que o chefe detém para realizar sua tarefa de pacificador limitam-se ao uso exclusivo da palavra. CLASTRES, P. A sociedade contra o Estado. Rio de Janeiro. Francisco Alves, 1982 (adaptado). O modelo político das sociedades discutidas no texto contrasta com o do Estado liberal burguês porque se baseia em: A. Imposição ideológica e normas hierárquicas. B. Determinação divina e soberania monárquica. C. Intervenção consensual e autonomia comunitária. D. Mediação jurídica e regras contratualistas. E. Gestão coletiva e obrigações tributárias. 78) Quanto mais complicada se tornou a produção industrial, mais numerosos passaram a ser os elementos da indústria que exigiam garantia de fornecimento. Três deles eram de importância fundamental: o trabalho, a terra e o dinheiro. Numa sociedade comercial, esse fornecimento só poderia ser organizado de uma forma: tornando-os disponíveis à compra. Agora eles tinham que ser organizados para a venda no mercado. Isso estava de acordo com a exigência de um sistema de mercado. Sabemos que em um sistema como esse, os lucros só podem ser assegurados se se garante a autorregulação por meios de mercados competitivos interdependentes. POLANYI, K. A grande transformação: As origens de nossa época. Rio de Janeiro: Campus, 2000 (Adaptado). A consequência do processo de transformação socioeconômica abordada no texto é a A. expansão das terras comunais. B. limitação do mercado como meio de especulação. C. consolidação da força de trabalho como mercadoria. D. diminuição do comércio como efeito da industrialização. E. adequação do dinheiro como elemento padrão das transações. 79) Hoje, a indústria cultural assumiu a herança civilizatória da democracia de pioneiros e empresários, que tampouco desenvolvera uma fineza de sentido para os desvios espirituais. Todos são livres para dançar e para se divertir, do mesmo modo que, desde a neutralização histórica da religião, são livres para entrar em qualquer uma das inúmeras seitas. Mas a liberdade de escolha da ideologia, que reflete sempre a coerção econômica, revela-se em todos os setores como a liberdade de escolher o que é sempre a mesma coisa. ADORNO, T HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro: Zahar, 1985. A liberdade de escolha na civilização ocidental, de acordo com a análise do texto, é um(a) A. legado social. B. patrimônio político. C. produto da moralidade. D. conquista da humanidade. E. ilusão da contemporaneidade. 80) A sociologia ainda não ultrapassou a era das construções e das sínteses filosóficas. Em vez de assumir a tarefa de lançar luz sobre uma parcela restrita do campo social, ela prefere buscar as brilhantes generalidades em que todas as questões são levantadas sem que nenhuma seja expressamente tratada. Não é com exames sumários e por meio de intuições rápidas que se pode chegar a descobrir as leis de uma realidade tão complexa. Sobretudo, generalizaçõesàs vezes tão amplas e tão apressadas não são suscetíveis de nenhum tipo de prova. DURKHEIM, E. O suicídio: estudo de sociologia. São Paulo: Martins Fontes, 2000. O texto expressa o esforço de Émile Durkheim em construir uma sociologia com base na A. vinculação com a filosofia como saber unificado. B. reunião de percepções intuitivas para demonstração. C. formulação de hipóteses subjetivas sobre a vida social. D. adesão aos padrões de investigação típicos das ciências naturais. E. incorporação de um conhecimento alimentado pelo engajamento político. 81) A maior parte das agressões e manifestações discriminatórias contra as religiões de matrizes africanas ocorrem em locais públicos (57%). É na rua, na via pública, que tiveram lugar mais de 2/3 das agressões, geralmente em locais próximos às casas de culto dessas religiões. O transporte público também é apontado como um local em que os adeptos das religiões de matrizes africanas são discriminados, geralmente quando se encontram paramentados por conta dos preceitos religiosos. REGO, L. F.; FONSECA, D. P. R.; GIACOMINI, S. M.. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2014. As práticas descritas no texto são incompatíveis com a dinâmica de uma sociedade laica e democrática porque A. asseguram as expressões multiculturais. B. promovem a diversidade de etnias. C. falseiam os dogmas teológicos. D. estimulam os rituais sincréticos. E. restringem a liberdade de credo. 82) A criação do Sistema Único de Saúde (SUS) como uma política para todos constitui-se uma das mais importantes conquistas da sociedade brasileira no século XX. O SUS deve ser valorizado e defendido como um marco para a cidadania e o avanço civilizatório. A democracia envolve um modelo de Estado no qual políticas protegem os cidadãos e reduzem as desigualdades. O SUS é uma diretriz que fortalece a cidadania e contribui para assegurar o exercício de direitos, o pluralismo político e o bem-estar como valores de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, conforme prevê a Constituição Federal de 1988. RIZZOTO, M. L. F. et al. Justiça social, democracia com direitos sociais e saúde: a luta do Cebes. Revista Saúde em Debate, n. 116, jan.-mar. 2018 (adaptado). Segundo o texto, duas características da concepção da política pública analisada são: A. Paternalismo e filantropia. B. Liberalismo e meritocracia. C. Universalismo e igualitarismo. D. Nacionalismo e individualismo. E. Revolucionarismo e coparticipação. 83) Ao mesmo tempo que as novas tecnologias inseridas no universo do trabalho estão provocando profundas transformações nos modos de produção, tornam cada vez mais plausível a possibilidade de liberação do homem do trabalho mecânico e repetitivo. JORGE, M. T. S. Será o ensino escolar supérfluo no mundo das novas tecnologias? Educação e Sociedade, v. 19, n. 65, dez. 1998 (adaptado). O paradoxo da relação entre as novas tecnologias e o mundo do trabalho, demonstrado no texto, pode ser exemplificado pelo(a) A. utilização das redes sociais como ferramenta de recrutamento e seleção. B. transferência de fábricas para locais onde estas desfrutem de benefícios fiscais. C. necessidade de trabalhadores flexíveis para se adequarem ao mercado de trabalho. D. fenômeno do desemprego que aflige milhões de pessoas no mundo contemporâneo. E. conflito entre trabalhadores e empresários por conta da exigência de qualificação profissional 84) Espaço geográfico é formado por um conjunto indissociável, solidário e também contraditório de sistemas de objetos e sistemas de ações, não considerados isoladamente, mas como um quadro único no qual a história se dá. No começo era a natureza selvagem, formada por objetos naturais, que ao longo da história vão sendo substituídos por objetos fabricados, objetos técnicos, mecanizados e, depois, cibernéticos, fazendo com que a natureza artificial tenda a funcionar como uma máquina. SANTOS, M. A Natureza do Espaço. Técnica e Tempo. Razão e Emoção. 2º Edição. São Paulo: Editora Hucitec, l997. O texto acima indica que o conceito de espaço geográfico está relacionado ao A. processo de modificação da natureza por meio das atividades produtivas realizadas pelo homem. B. papel das empresas na transformação de bens primários em produtos de alto valor agregado. C. emprego de técnicas rudimentares de produção na fabricação de bens tecnológicos. D. protagonismo do Estado no controle das atividades de produção desenvolvidas pelo homem. E. sistema de produção capitalista empregado na maior parte dos países do globo. 85) O homem também vai impondo à natureza suas próprias formas, a que podemos chamar de formas ou objetos culturais, artificiais, históricos. Estas formas históricas não são as mesmas através dos tempos; aqueles acréscimos dos tempos primitivos são diferentes dos atuais. Hoje, as formas impostas à natureza são muito mais complexas, resultado também de uma série de heranças. A natureza conhece um processo de humanização cada vez maior, ganhando a cada passo elementos que são resultado da cultura. Torna-se cada dia mais culturalizada, mais artificializada, mais humanizada. [...]. No processo de desenvolvimento humano, não há uma separação do homem e da natureza. A natureza se socializa e o homem se naturaliza. (Milton Santos. Metamorfoses do espaço habitado, 1997.) De acordo com o autor, é correto afirmar que: A. o homem e a natureza constituem elementos opostos e dissociados, já que mantêm poucas relações entre si, evoluindo, do ponto de vista da organização e funcionamento, paralelamente. B. a natureza, hoje, subordina o homem às suas “leis” e “regras”, restando às sociedades adaptar suas atividades econômicas e culturais aos ritmos e condicionamentos impostos pelos fenômenos naturais. C. as transformações do espaço geográfico realizadas pelo homem produziram uma “nova natureza”, caracterizada, cada vez mais, pela presença de formas e objetos artificiais e culturais. D. os objetos artificiais instalados no espaço geográfico pelo homem caracterizam-se, hoje, pela sua baixa sofisticação, diferentemente daqueles acréscimos dos tempos primitivos, caracterizados pela alta complexidade. E. a natureza, através dos tempos, mantém-se como um obstáculo intransponível a todo tipo de ação transformadora do espaço geográfico intentada pelo homem. 86) O atual espaço geográfico mundial, nos últimos anos, tem passado por um acelerado processo de reestruturação, fruto da revolução tecnológica e da abertura dos mercados nacionais. Sobre a referida reestruturação do espaço geográfico mundial, é correto afirmar que: A. há uma crescente interdependência dos mercados, fruto da abertura das economias nacionais e do avanço tecnológico dos meios de transportes e comunicações, o que tornou a circulação mais rápida, intensificando os fluxos de mercadorias, capitais e informações. B. o novo espaço industrial se caracteriza por funcionar em rede e, embora a gestão empresarial seja mantida nas principais metrópoles globais, a produção está cada vez mais desconcentrada, direcionando-se às grandes cidades C. a dimensão cultural da globalização provoca a padronização dos costumes, tendo como referência os hábitos dos países centrais, sobretudo dos Estados Unidos. Essa tendência enfrenta resistência em algumas regiões do mundo, como o Oriente Médio, porque grande parte da população dessa região busca um modo de vida mais consumista. D. a reestruturação da economia mundial altera o mundo do trabalho, o que provoca a expansão do desemprego estrutural. Esse novo tipo de desemprego ocorre nos países periféricos e é fruto de mudanças irreversíveis, como a automação das atividades e a desconcentração produtiva. E. há um fortalecimento das transnacionais, pois estas assumem várias funções que antes eram exercidas pelos Estados, como o controle dos meios de comunicaçõese energia. Além disso, essas corporações vêm expandindo suas áreas de influência, por meio de processos de fusões e aquisições, o que tem eliminado as fronteiras políticas e econômicas dos Estados Nacionais. 87) Leia atentamente a seguinte descrição de um conceito geográfico: “É um conjunto de formas que, em um dado período, revela as heranças que representam as relações espacializadas entre homem e natureza, ou sociedade e espaço. Dotada de aspectos naturais e culturais do mundo, revela os aspectos perceptíveis do espaço geográfico possíveis de serem percebidos, contemplados e conhecidos a partir dos órgãos dos sentidos”. O enunciado acima descreve o conceito geográfico de A. lugar. B. meio. C. território. D. paisagem. E. região. 88) No final do século XX e em razão dos avanços da ciência, produziu-se um sistema presidido pelas técnicas da informação, que passaram a exercer um papel de elo entre as demais, unindo-as e assegurando ao novo sistema uma presença planetária. Um mercado que utiliza esse sistema de técnicas avançadas resulta nessa globalização perversa. SANTOS, M. Por uma outra globalização. Rio de Janeiro: Record, 2008 (adaptado). Uma consequência para o setor produtivo e outra para o mundo do trabalho advindas das transformações citadas no texto estão presentes, respectivamente, em: A. Eliminação das vantagens locacionais e ampliação da legislação laboral. B. Limitação dos fluxos logísticos e fortalecimento de associações sindicais. C. Diminuição dos investimentos industriais e desvalorização dos postos qualificados. D. Concentração das áreas manufatureiras e redução da jornada semanal. E. Automatização dos processos fabris e aumento dos níveis de desemprego 89) Populações inteiras, nas cidades e na zona rural, dispõem da parafernália digital global como fonte de educação e de formação cultural. Essa simultaneidade de cultura e informação eletrônica com as formas tradicionais e orais é um desafio que necessita ser discutido. A exposição, via mídia eletrônica, com estilos e valores culturais de outras sociedades, pode inspirar apreço, mas também distorções e ressentimentos. Tanto quanto há necessidade de uma cultura tradicional de posse da educação letrada, também é necessário criar estratégias de alfabetização eletrônica, que passam a ser o grande canal de informação das culturas segmentadas no interior dos grandes centros urbanos e das zonas rurais. Um novo modelo de educação. BRIGAGÃO, C. E.; RODRIGUES, G. A globalização a olho nu: o mundo conectado. São Paulo: Moderna, 1998 (adaptado). Com base no texto e considerando os impactos culturais da difusão das tecnologias de informação no marco da globalização, depreende-se que A. ampla difusão das tecnologias de informação nos centros urbanos e no meio rural suscita o contato entre diferentes culturas e, ao mesmo tempo, traz a necessidade de reformular as concepções tradicionais de educação. B. a apropriação, por parte de um grupo social, de valores e ideias de outras culturas para benefício próprio é fonte de conflitos e ressentimentos. C. as mudanças sociais e culturais que acompanham o processo de globalização, ao mesmo tempo em que refletem a preponderância da cultura urbana, tornam obsoletas as formas de educação tradicionais próprias do meio rural. D. as populações nos grandes centros urbanos e no meio rural recorrem aos instrumentos e tecnologias de informação basicamente como meio de comunicação mútua, e não os veem como fontes de educação e cultura. E. a intensificação do fluxo de comunicação por meios eletrônicos, característica do processo de globalização, está dissociada do desenvolvimento social e cultural que ocorre no meio rural 90) Um dos grandes debates da Geografia, desde que esta alcançou o status de ciência, entre o final do séc. XVIII e início do séc. XIX, tem sido alusivo ao seu objeto de estudo. Na atualidade, tomando como referência argumentos de geógrafos como Milton Santos e Roberto Lobato Corrêa, entende-se que a Geografia tem como objeto de estudo o espaço geográfico. Dessa forma, definimo-la como “ciência da organização espacial”. Sobre o conceito de espaço geográfico e sua abrangência no estudo da Geografia, assinale a alternativa incorreta. A. O espaço geográfico não constitui uma totalidade homogênea, uma vez que reflete as diferentes singularidades da natureza e das dimensões do trabalho humano. B. O espaço geográfico abrange, além dos elementos naturais e artefatos humanos, a rede de relações criada por fluxo de pessoas, mercadorias, capitais e informações. C. O espaço geográfico constitui uma totalidade homogênea, uma vez que reflete o resultado das interações do trabalho humano e suas interações com a natureza. D. O espaço geográfico é o produto material da interação, mediada pelas técnicas, entre as sociedades e a superfície terrestre em que estão inseridas. E. O espaço geográfico é dinâmico e está, ao mesmo tempo, organizando-se e reorganizando-se. Nesse sentido é que se pode dizer que a Geografia analisa a organização espacial. RASCUNHO PARA REDAÇÃO ______________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________versus Prisão 10) Canção do Exílio (...) Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá; As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá. Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores. Em cismar, sozinho, à noite, Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Minha terra tem primores, Que tais não encontro eu cá; Em cismar - sozinho, à noite - Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá; Sem que desfrute os primores Que não encontro por cá; Sem qu’inda aviste as palmeiras, Onde canta o Sabiá. (Antônio Gonçalves Dias, Primeiros Cantos) Entre as figuras de sintaxe, como recursos que um autor emprega para obter maior expressividade, existe a zeugma. Uma das formas de elipse, a zeugma consiste na supressão de um vocábulo, já enunciado em frase anterior, por estar subentendido. No poema de Gonçalves Dias, a zeugma ocorre apenas em: A. Sem qu’inda aviste as palmeiras. B. Em cismar, sozinho, à noite. C. As aves, que aqui gorjeiam. D. Nossa vida mais amores. E. Nosso céu tem mais estrelas. 11) "O pregar há-de ser como quem semeia, e não como quem ladrilha ou azuleja. Ordenado, mas como as estrelas. (...) Todas as estrelas estão por sua ordem; mas é ordem que faz influência, não é ordem que faça lavor. Não fez Deus o céu em xadrez de estrelas, como os pregadores fazem o sermão em xadrez de palavras. Se de uma parte há-de estar branco, da outra há-de estar negro; se de uma parte está dia, da outra há-de estar noite; se de uma parte dizem luz, da outra hão-de dizer sombra; se de uma parte dizem desceu, da outra hão-de dizer subiu. Basta que não havemos de ver num sermão duas palavras em paz? Todas hão-de estar sempre em fronteira com o seu contrário? Aprendamos do céu o estilo da disposição, e também o das palavras." (Vieira, Sermão da Sexagésima.) A metáfora do xadrez é explicada, no texto, com a seguinte figura de linguagem: A. hipérbole B. antítese C. repetição D. rima E. metonímia 12) Texto I: Perante a Morte empalidece e treme, Treme perante a Morte, empalidece. Coroa-te de lágrimas, esquece O Mal cruel que nos abismos geme. (Cruz e Souza, Perante a morte.) Texto II: Tu choraste em presença da morte? Na presença de estranhos choraste? Não descende o cobarde do forte; Pois choraste, meu filho não és! (Gonçalves Dias, I Juca Pirama.) Texto III: Corrente, que do peito destilada, Sois por dous belos olhos despedida; E por carmim correndo dividida, Deixais o ser, levais a cor mudada. (Gregório de Matos, Aos mesmos sentimentos.) Texto IV: Chora, irmão pequeno, chora, Porque chegou o momento da dor. A própria dor é uma felicidade... (Mário de Andrade, Rito do irmão pequeno.) Texto V: Meu Deus! Meu Deus! Mas que bandeira é esta, Que impudente na gávea tripudia?!... Silêncio! ...Musa! Chora, chora tanto Que o pavilhão se lave no teu pranto... (Castro Alves, O navio negreiro.) Em apenas dois dos textos apresentados, as lágrimas são caracterizadas ou configuradas por meio da hipérbole. Os dois textos são: A. I e II. B. II e III. C. II e V. D. III e IV. E. III e V. 13) " Pedro cumprira sua missão me devolvendo ao seio da família; foi um longo percurso marcado por um duro recolhimento, os dois permanecemos trancados durante toda a viagem que realizamos juntos, e na qual, feito menino, me deixei conduzir por ele o tempo inteiro; era já noite quando chegamos, a fazenda dormia num silêncio recluso, a casa estava de luto, as luzes apagadas, salvo a clareira pálida no pátio dos fundos que se devia à expansão da luz da copa, pois a família se encontrava ainda em volta da mesa; entramos pela varanda da frente, e assim que meu irmão abriu a porta, o ruído de um garfo repousando no prato, seguido, embora abafado, de um murmúrio intenso, precedeu a expectativa angustiante que se instalou na casa inteira; me separei de Pedro ali mesmo na sala, entrando para o meu antigo quarto, enquanto ele, fazendo vibrar a cristaleira sob os passos, afundava no corredor em direção à copa, onde a família o aguardava; largado na beira de minha velha cama, a bagagem jogada entre meus pés, fui envolvido pelos cheiros caseiros que eu respirava, me despertando imagens torpes, mutiladas, me fazendo cair logo em confusos pensamentos; na sucessão de tantas idéias, me passava também pela cabeça o esforço de Pedro para esconder de todos a sua dor, disfarçada quem sabe pelo cansaço da viagem; ele não poderia deixar transparecer, ao anunciar a minha volta, que era um possuído que retornava com ele a casa; ele precisaria dissimular muito para não estragar a alegria e o júbilo nos olhos de meu pai, que dali a pouco haveria de proclamar para os que o cercavam que “aquele que tinha se perdido tornou ao lar, aquele pelo qual chorávamos nos foi devolvido”. NASSAR, Raduan. Lavoura Arcaica. São Paulo: Companhia das Letras, 1989. “… a fazenda dormia num silêncio recluso, a casa estava de luto…”. A figura de linguagem empregada pelo autor neste trecho é A. a metonímia. B. a antítese. C. a hipérbole. D. a metáfora. E. a prosopopéia ou a personificação. 14) IRACEMA "Além, muito além daquela serra que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema. Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo da jati não era doce como o seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado. Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas." (José de Alencar) O segundo parágrafo do texto começa com a palavra que encerra o primeiro: "Iracema". Temos um recurso de repetição, conhecido como anadiplose, que, no texto em estudo, I. contribui para acentuar o ritmo II. ajuda o leitor a perceber Iracema como a figura central da descrição III. produz uma espécie de eco, por meio do qual a figura da protagonista se destaca É correto o que se afirma A. apenas em I B. apenas em II C. apenas em III D. em II e III E. em I, II e III 15) MAR PORTUGUÊS Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal! Por te cruzarmos, quantas mães choraram, Quantos filhos em vão rezaram! Quantas noivas ficaram por casar Para que fosses nosso, ó mar! Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador Tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu. Fernando Pessoa, Obra poética, Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1990. No 1º verso do poema, há a interpelação direta a um ser inanimado a quem são atribuídos traços humanos. Assinale a alternativa que designe adequadamente as figuras de linguagem que expressam esses conceitos. A. Metáfora e prosopopéia. B. Metonímia e apóstrofe. C. Apóstofre e prosopopéia. D. Redundância e metáfora. E. Redundância e prosopopéia. 16) Considere os seguintes trechos de "A Hora da Estrela", de Clarice Lispector: "Embora a moça anônima da história seja tão antiga que podia ser uma figura bíblica. Ela era subterrânea e nunca tinha tido floração. Minto: ela era capim." "Se a moça soubesse que minha alegria também vem de minha mais profunda tristeza e que a tristeza era uma alegria falhada. Sim, ela era alegrezinha dentro de sua neurose. Neurose de guerra." Neles predominam, respectivamente, as seguintes figuras de linguagem: A. inversão e hipérbole. B. pleonasmo e oxímoro. C. metáfora e antítese.D. metonímia e metáfora. E. eufemismo e antítese. 17) Morrer — isso não se faz a um gato. Pois o que há de fazer um gato num apartamento vazio. Trepar pelas paredes. Esfregar-se nos móveis. Nada aqui parece mudado e no entanto algo mudou. Nada parece mexido e no entanto está diferente. E à noite a lâmpada já não se acende. Algo aqui não começa na hora costumeira. Algo não acontece como deve. Alguém esteve aqui e esteve, e de repente desapareceu e teima em não aparecer. Que mais se pode fazer. Dormir e esperar. Espera só ele voltar, espera ele aparecer. Vai aprender que isso não se faz a um gato. Para junto dele como quem não quer nada devagarinho sobre patas muito ofendidas. E nada de pular miar no princípio. (Wislawa Szymorska) Considerada a norma-padrão, comenta-se com correção: A. O conteúdo dos versos Nada aqui parece mudado / e no entanto algo mudou estaria preservado, em formulação clara e correta, assim “Algo mudou, a não ser que nada aqui pareça mudado”. B. A determinação de gato, em – isso não se faz a um gato −, exemplifica o emprego do artigo indefinido que, por sua força generalizadora, pode atribuir a um substantivo no singular a representação de toda a espécie. C. Em E à noite a lâmpada já não se acende, o pronome se pode ser considerado indicativo de voz passiva, e a frase, na forma analítica, seria: “E à noite a lâmpada já não foi acendida”. D. A conjunção destacada em Pois o que há de fazer um gato / num apartamento vazio estabelece, no contexto, relação do mesmo tipo da vista em “Todos estão aqui, tratemos, pois, de dar início aos trabalhos”. E. Em E à noite a lâmpada já não se acende, o sinal indicativo da crase está empregado corretamente, mas é um equívoco sua presença em “Àquela hora da noite, todos já estavam recolhidos”. 18) O apanhador de desperdícios Uso a palavra para compor meus silêncios. Não gosto das palavras fatigadas de informar. Dou mais respeito às que vivem de barriga no chão tipo água pedra sapo. Entendo bem o sotaque das águas Dou respeito às coisas desimportantes e aos seres desimportantes. Prezo insetos mais que aviões. Prezo a velocidade das tartarugas mais que a dos mísseis. Tenho em mim um atraso de nascença. Eu fui aparelhado para gostar de passarinhos. Tenho abundância de ser feliz por isso. Meu quintal é maior do que o mundo. Sou um apanhador de desperdícios: Amo os restos como as boas moscas. Queria que a minha voz tivesse um formato de canto. Porque eu não sou da informática: eu sou da invencionática. Só uso a palavra para compor meus silêncios. BARROS, Manoel de. O apanhador de desperdícios. In. PINTO, Manuel da Costa. Antologia comentada da poesia brasileira do século 21. São Paulo: Publifolha, 2006. p. 73-74. É próprio da poesia de Manoel de Barros valorizar seres e coisas considerados, em geral, de menor importância no mundo moderno. No poema de Manoel de Barros, essa valorização é expressa por meio da linguagem A. denotativa, para evidenciar a oposição entre elementos da natureza e da modernidade. B. rebuscada de neologismos que depreciam elementos próprios do mundo moderno. C. hiperbólica, para elevar o mundo dos seres insignificantes. D. simples, porém expressiva no uso de metáforas para definir o fazer poético do eu lírico poeta. E. referencial, para criticar o instrumentalismo técnico e o pragmatismo da era da informação digital. 19) Devemos dar apoio emocional específico, trabalhando o sentimento de culpa que as mães têm de infectar o filho. O principal problema que vivenciamos é quanto ao aleitamento materno. Além do sentimento muito forte manifestado pelas gestantes de amamentar seus filhos, existem as cobranças da família, que exige explicações pela recusa em amamentar, sem falar nas companheiras na maternidade que estão amamentando. Esses conflitos constituem nosso maior desafio. Assim, criamos a técnica de mamadeirar. O que é isso? É substituir o seio materno por amor, oferecendo a mamadeira, e não o peito! PADOIN, S. M. M. et al. (Org.) Experiências interdisciplinares em Aids: interfaces de uma epidemia. Santa Maria: UFSM, 2006 (adaptado). O texto é o relato de uma enfermeira no cuidado de gestantes e mães soropositivas. Nesse relato, em meio ao drama de mães que não devem amamentar seus recém-nascidos, observa-se um recurso da língua portuguesa, presente no uso da palavra “mamadeirar”, que consiste A. na manifestação do preconceito linguístico. B. na recorrência a um neologismo. C. no registro coloquial da linguagem. D. na expressividade da ambiguidade lexical. E. na contribuição da justaposição na formação de palavras. 20) Mandioca, macaxeira, aipim e castelinha são nomes diferentes da mesma planta. Semáforo, sinaleiro e farol também significam a mesma coisa. O que muda é só o hábito cultural de cada região. A mesma coisa acontece com a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Embora ela seja a comunicação oficial da comunidade surda no Brasil, existem sinais que variam em relação à região, à idade e até ao gênero de quem se comunica. A cor verde, por exemplo, possui sinais diferentes no Rio de Janeiro, Paraná e São Paulo. São os regionalismos na língua de sinais. Essas variações são um dos temas da disciplina Linguística na língua de sinais, oferecida pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) ao longo do segundo semestre. “Muitas pessoas pensam que a língua de sinais é universal, o que não é verdade”, explica a professora e chefe do Departamento de Linguística, Literatura e Letras Clássicas da Unesp. “Mesmo dentro de um mesmo país, ela sofre variação em relação à localização geográfica, à faixa etária e até ao gênero dos usuários”, completa a especialista. Os surdos podem criar sinais diferentes para identificar lugares, objetos e conceitos. Em São Paulo, o sinal de “cerveja” é feito com um giro do punho como uma meia- volta. Em Minas, a bebida é citada quando os dedos indicador e médio batem no lado do rosto. Também ocorrem mudanças históricas. Um sinal pode sofrer alterações decorrentes dos costumes da geração que o utiliza. Disponível em: www.educacao.sp.gov.br. Acesso em: 1 nov. 2021 (adaptado). Nesse texto, a Língua Brasileira de Sinais (Libras) A. passa por fenômenos de variação linguística como qualquer outra língua. B. apresenta variações regionais, assumindo novo sentido para algumas palavras. C. sofre mudança estrutural motivada pelo uso de sinais diferentes para algumas palavras. D. diferencia-se em todo o Brasil, desenvolvendo cada região a sua própria língua de sinais. E. é ininteligível para parte dos usuários em razão das mudanças de sinais motivadas geograficamente. 21) Defensoria Pública reconhece visão monocular como deficiência e garante reserva de vagas em concursos A discussão sobre o assunto corre na Justiça também por meio do Projeto de Lei n° 1645, de 2019, que busca assegurar aos cidadãos com visão monocular os mesmos direitos previstos na legislação da pessoa com deficiência. Caso seja aprovado, esse grupo passaria a ter acesso, entre outros: • a serviços do SUS que promovam políticas públicas de acessibilidade; • à educação inclusiva (vedada a cobrança de mensalidade extra); • a provas acessíveis em universidades (se comprovada a necessidade); • à prioridade em serviços de socorro e proteção; • à disponibilização de recursos que garantam igualdade [...]. (TENENTE, Luiza. G1, 23 maio 2019) Para compreender as informações oferecidas por um texto, é importante atentar para a ligação entre as ideias expostas nele. No texto anterior, a oração em destaque no período tem por objetivo informar sobre um(a) A. causa do que o referido projeto de lei procura combater. B. consequência do projeto de lei para a sociedade como um todo. C. tempo em que os direitos expostos serão conferidos às pessoas. D. condição paraque os direitos expostos sejam conferidos às pessoas citadas. E. comparação entre o projeto de lei e os direitos de que ele deveria tratar. 22) Leia o “print” que vazou de uma conversa da ex- professora de sociologia do CP do ano passado com o lindo professor de gramática desse mesmo cursinho. Os aplicativos de mensagens instantâneas se tornaram muito populares e se caracterizam por uma aproximação entre linguagem escrita e falada, embora não se deva ignorar algumas convenções da escrita para uma boa comunicação. Na conversa apresentada, a segunda interlocutora dá uma resposta inesperada, porque a primeira A. perguntou sobre o horário, mas, ao utilizar o termo “linda”, conferiu excesso de polidez à linguagem. B. optou por chamá-la de “linda”, o que foi interpretado como uma ironia e gerou um atrito desnecessário. C. atribuiu à outra o adjetivo “linda”, revelando que não compreende o ambiente formal em que se encontra. D. utilizou um ponto de interrogação após a palavra “linda”, o que tornou a sentença ambígua. E. esqueceu a vírgula no vocativo, dando a entender que “linda” é uma caraterística. 23) E assim as coisas continuaram acontecendo entre os dois, em quase sustos, um grande por acaso com cacoetes de gestos definitivos. Com o Nunca Mais se oferecendo o tempo todo, bastaria dizer foi um prazer ter te conhecido, bastaria não trocar telefones nem e- mails e enterrar a casualidade com a cal da sabedoria — nada poderia ser definitivo, os encontros duravam duas horas ou duas décadas ou duas vezes isso, mas em algum momento necessariamente seria o fim. De todos os grandes amores. De todos os pequenos. De todas as juras, das promessas, de todos os na-alegria- e-na-tristeza. De todos os não amores, os desamores, os casamentos para sempre, os rancores para sempre, de todas as paralelas que só se viabilizam na abstração da geometria, de todas as pequenas paixões e de todas as grandes paixões, de tudo que para na antessala da paixão, de todos os vínculos não experimentados, de todos. LISBOA, A. Rakushisha. Rio de Janeiro: Objetiva, 2014. O recurso que promove a progressão textual, contribuindo para a construção da ideia de que as relações amorosas têm um enredo comum, é a A. repetição do pronome indefinido “todos”. B. utilização do travessão na marcação do aposto. C. retomada do antecedente pelo pronome “isso”. D. contraposição de ideias marcada pela conjunção “mas”. E. substantivação de expressões pela anteposição do artigo. 24) Sabemos que substantivo é a palavra que nomeia os seres em geral e que podem ser classificados em comum ou próprio, concreto ou abstrato, primitivo ou derivado, simples ou composto. Assinale a alternativa que identifica e classifica corretamente algumas palavras do trecho abaixo: Se as galas, as joias e as baixelas, ou no Reino, ou fora dele, foram adquiridas com tanta injustiça ou crueldade, que o ouro e a prata derretidos, e as sedas se se espremeram, haviam de verter sangue, como se há de ver a fé nessa falsa riqueza? A. As palavras “injustiça” e “crueldade” são substantivos abstratos e derivados. B. As palavras “derretidos” e “falsas” são substantivos comuns e abstratos. C. As palavras “joias” e “baixelas” são substantivos simples e derivados. D. As palavras “sangue” e “fé” são substantivos comuns e concretos. E. As palavras “joias” e “injustiça” são adjetivos. 25) PALAVRA – As gramáticas classificam as palavras em substantivo, adjetivo, verbo, advérbio, conjunção, pronome, numeral, artigo e preposição. Os poetas classificam as palavras pela alma porque gostam de brincar com elas, e para brincar com elas é preciso ter intimidade primeiro. É a alma da palavra que define, explica, ofende ou elogia, se coloca entre o significante e o significado para dizer o que quer, dar sentimento às coisas, fazer sentido. A palavra nuvem chove. A palavra triste chora. A palavra sono dorme. A palavra tempo passa. A palavra fogo queima. A palavra faca corta. A palavra carro corre. A palavra “palavra” diz. O que quer. E nunca desdiz depois. As palavras têm corpo e alma, mas são diferentes das pessoas em vários pontos. As palavras dizem o que querem, está dito, e pronto. FALCÃO, A. Pequeno dicionário de palavras ao vento. São Paulo: Salamandra, 2013 (adaptado). Esse texto, que simula um verbete para a palavra “palavra’’, constitui-se como um poema porque A. tematiza o fazer poético, como em “Os poetas classificam as palavras pela alma”. B. utiliza o recurso expressivo da metáfora, como em “As palavras têm corpo e alma”. C. valoriza a gramática da língua, como em “substantivo, adjetivo, verbo, advérbio, conjunção”. D. estabelece comparações, como em “As palavras têm corpo e alma, mas são diferentes das pessoas”. E. apresenta informações pertinentes acerca do conceito de “palavra”, como em “As gramáticas classificam as palavras”. 26) Notas Soluços, lágrimas, casa armada, veludo preto nos portais, um homem que veio vestir o cadáver, outro que tomou a medida do caixão, caixão, essa, tocheiros, convites, convidados que entravam, lentamente, a passo surdo, e apertavam a mão à família, alguns tristes, todos sérios e calados, padre e sacristão, rezas, aspersões d’água benta, o fechar do caixão, a prego e martelo, seis pessoas que o tomam da essa, e o levantam, e o descem a custo pela escada, não obstante os gritos, soluços e novas lágrimas da família, e vão até o coche fúnebre, e o colocam em cima e traspassam e apertam as correias, o rodar do coche, o rodar dos carros, um a um... Isto que parece um simples inventário eram notas que eu havia tomado para um capítulo triste e vulgar que não escrevo. ASSIS, M. Memórias póstumas de Brás Cubas. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 25 jul. 2022. O recurso linguístico que permite a Machado de Assis considerar um capítulo de Memórias póstumas de Brás Cubas como inventário é a A. enumeração de objetos e fatos. B. predominância de linguagem objetiva. C. ocorrência de período longo no trecho. D. combinação de verbos no presente e no pretérito. E. presença de léxico do campo semântico de funerais. 27) MORUMBI PRÓXIMA AO COL. PIO XII Linda residência rodeada por maravilhoso jardim com piscina e amplo espaço gourmet. 1 000 m2 construídos em 2 000 m2 de terreno, 6 suítes. R$ 3 200 000. Rua tranquila: David Pimentel. Cód. 480067 Morumbi Palácio Tel.: 3740-5000 Folha de S. Paulo. Classificados, 27 fev. 2012 (adaptado). Os gêneros textuais nascem emparelhados a necessidades e atividades da vida sociocultural. Por isso, caracterizam-se por uma função social específica, um contexto de uso, um objetivo comunicativo e por peculiaridades linguísticas e estruturais que lhes conferem determinado formato. Esse classificado procura convencer o leitor a comprar um imóvel e, para isso, utiliza-se A. da predominância das formas imperativas dos verbos e de abundância de substantivos. B. de uma riqueza de adjetivos que modificam os substantivos, revelando as qualidades do produto. C. de uma enumeração de vocábulos, que visam conferir ao texto um efeito de certeza. D. do emprego de numerais, quantificando as características e aspectos positivos do produto. E. da exposição de opiniões de corretores de imóveis no que se refere à qualidade do produto. 28) Qual a influência da comunicação nos fluxos migratórios? Denise Cogo, doutora em comunicação, discute a relação entre as tecnologias digitais e as migrações no mundo. Para a especialista, grande parte das representações e das experiências que conhecemos dos imigrantes chega pela mídia. “A mídia é mediadora das relações”, explica. O imigrante não é só um sujeito econômico, mas, explica Cogo, um sujeito sociocultural. Portanto, a comunicação integra a trajetória das migrações dentro de um processo histórico. “Desde o planejamento e o estudo das políticasmigratórias para o país de destino até o contato com amigos e familiares, o encontro dos fluxos migratórios com as tecnologias digitais traz novas perspectivas para os sujeitos. Também se abre a possibilidade para que, com um celular na mão, os próprios imigrantes possam narrar suas histórias, construindo novos caminhos”, analisa. Disponível em: http://operamundi.uol.com.br. Acesso em: 6 dez. 2017 (adaptado). Ao trazer as novas perspectivas acionadas pelos sujeitos na escrita de suas histórias, o texto apresenta uma visão positiva sobre a presença da(s): A. economia na formação cultural dos sujeitos. B. manifestações isoladas nos processos de migração. C. narrações oficiais sobre os novos fluxos migratórios. D. abordagens midiáticas no tratamento das informações. E. tecnologias digitais nas formas de construção da realidade. 29) Arte de “João Montanaro”. Disponível em: . Acesso em 23 jul. 2021. O humor na charge é provocado porque a personagem comete um deslize referente a um dos fatores pragmáticos do texto, sendo ele: A. a intencionalidade, considerando que o deslize cometido pela personagem foi proposital. B. a informatividade, pois a personagem desconhece a figura de um pássaro, assim como desconhece o símbolo da rede social mencionada. C. a situacionalidade, já que a situação comunicativa permite facilmente que um pássaro seja confundido com o símbolo de uma conhecida rede social. D. a informatividade, uma vez que o humor decorre do fato de que ele não conhece o pássaro e faz referência ao símbolo do Twitter devido ao seu desconhecimento de mundo e conhecimento de mídias sociais. E. a intertextualidade, visto que a personagem propositalmente menciona a rede social Twitter com a única intenção de que o diálogo entre os textos desperte o humor na narrativa. 30) Leia os versos da canção “Tenho sede”, composta por Anastácia e Dominguinhos. Traga-me um copo d’água, tenho sede E essa sede pode me matar Minha garganta pede um pouco d’água E os meus olhos pedem o teu olhar A planta pede chuva quando quer brotar O céu logo escurece quando vai chover Meu coração só pede o teu amor Se não me deres, posso até morrer A canção menciona a escassez de água, que pode afetar tanto os animais quanto as plantas. Um hormônio humano e um hormônio vegetal que atuam para a economia de água nesses organismos e uma figura de linguagem que aparece nesses versos são, respectivamente, A. vasopressina, ácido abscísico e pleonasmo. B. vasopressina, ácido abscísico e hipérbole. C. tiroxina, giberelina e hipérbole. D. tiroxina, giberelina e pleonasmo. E. vasopressina, giberelina e pleonasmo. 31) Analise o cartum de Quino. Contribuí para o efeito de humor do cartum o recurso: A. à antítese B. ao eufemismo C. à personificação D. à hipérbole E. ao paradoxo 32) Isaac Newton nasceu em 4 de janeiro de 1643, no condado de Lincolnshire, Inglaterra. Filho de fazendeiros, o cientista, físico e matemático nunca conheceu seu pai, morto três meses antes de o filho nascer. Estudou na escola King’s School, onde era um aluno mediano. Entretanto, depois de uma briga com um colega de classe, começou a se esforçar mais nos estudos. Passou então a ser um dos melhores alunos da escola. O sucesso nos estudos levou Newton a entrar na Faculdade Trinity, em Cambridge, onde auxiliava outros alunos em troca de uma bolsa de estudos paga pela faculdade. Newton se interessava pelos pioneiros da ciência, como o filósofo Descartes e os astrônomos Copérnico, Galileu e Kepler. Depois de formado, fez estudos em matemática e foi eleito professor da matéria em 1669. Em 1670, começou a dar aulas de ótica. Nessa época, demonstrou como, através de um prisma, é possível separar a luz branca nas cores do arco-íris. Em 1679, o cientista inglês voltou-se para mecânica e os efeitos da gravitação sobre as órbitas dos planetas. Em 1687, publicou o livro Principia mathematica, em que demonstrou as três leis universais do movimento. Com esse livro, Newton ganhou reconhecimento mundial. Disponível em: www.invivo.fiocruz.br. Acesso em: 1 dez. 2017 (adaptado). A análise dos elementos constitutivos desse texto, como forma de composição, tema e estilo de linguagem, permite identificá-lo como: A. didático, já que explica a importância das contribuições de Isaac Newton. B. jornalístico, pois dá a conhecer fatos relacionados a Isaac Newton. C. científico, pois investiga informações sobre Isaac Newton. D. ensaístico, já que discute fatos da vida de Isaac Newton. E. biográfico, pois narra a trajetória de vida de Isaac Newton. 33) Texto I Texto II As ações “Meninas Internacionais no Dia das TIC” são comemoradas todos os anos no mundo todo. O evento tem como objetivo criar um ambiente global que capacita e incentiva mulheres jovens a considerar a área crescente de TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação), permitindo que tanto as profissionais quanto as empresas de tecnologia colham os benefícios de uma maior participação feminina nesse setor. Segundo a União Internacional de Telecomunicações (UIT), atualmente existem cerca de 260 milhões de usuárias de internet a menos na comparação com os homens conectados. E, para reverter esse cenário, o evento busca proporcionar atividades de capacitação, além de discutir assuntos factuais sobre o mercado de trabalho. Disponível em: www.em.com.br. Acesso em: 21 maio 2018. Em ambos os textos, constata-se que a participação das mulheres nas diferentes áreas de conhecimento A. apresenta taxas de crescimento significativas em relação à dos homens. B. superou a produção masculina na construção de projetos ao longo dos anos. C. vem sendo estimulada por meio de ações educativas em diferentes setores. D. tem se transformado, seja pela iniciativa feminina, seja pelo incentivo de organizações. E. dobrou em relação à atuação de pesquisadores do outro gênero, no intervalo de 16 anos. 34) A masculinidade, assim como a feminilidade, é uma construção histórica e cultural. Em nossa cultura, a dança caracteriza-se, no sentido geral, como um universo predominantemente feminino. Homens que dançam são geralmente considerados homossexuais, por não se enquadrarem dentro das normas culturais hegemônicas de gênero e sexualidade. Por outro lado, demonstram a não existência de um único tipo de masculinidade, enfatizando que as identidades humanas são múltiplas e plurais. No contexto da dança, as representações hegemônicas de gênero e as regulações sociais que essas impõem não se manifestam deforma igual em todas as modalidades de dança. Persiste essa forte representação cultural ocidental que associa o balé à feminilidade e à homossexualidade. Em outras danças, ela não se revela tão forte, e os homens não aparecem em menor número, como nas tradicionais danças folclóricas ou no moderno hip hop. ANDREOLI, G. S. Representações de masculinidade na dança contemporânea. Movimento, n. 1, 2011 (adaptado). No que tange à identidade de gênero masculina, a dança e suas modalidades expressam o(a) A. padronização da inserção dos homens nessas manifestações corporais. B. identificação de como essas práticas regulam uma única masculinidade. C. reconhecimento das diferentes masculinidades. D. contestação das normas sociais pelo balé. E. reforço de uma feminilidade hegemônica. 35) Disponível em: http://arquivo-x.webnode.com. Acesso em: 5 dez. 2012. Em sua conversa com o pai, Calvin busca persuadi-lo, recorrendo à estratégia argumentativa de: A. mostrar que um bom trabalho como pai implica a valorização por parte do filho. B. apelar para a necessidade que o pai demonstra de ser bem-visto pela família. C. explorar a preocupação do pai com a própria imagem e popularidade. D. atribuirseu ponto de vista a terceiros para respaldar suas intenções. E. gerar um conflito entre a solicitação da mãe e os interesses do pai. 36) No que diz respeito ao uso de recursos expressivos em diferentes linguagens, o cartum produz humor brincando com a: A. caracterização da linguagem utilizada em uma esfera de comunicação específica. B. deterioração do conhecimento científico na sociedade contemporânea. C. impossibilidade de duas cobras conversarem sobre o universo. D. dificuldade inerente aos textos produzidos por cientistas. E. complexidade da reflexão presente no diálogo. 37) Disponível em: www.facebook.com/omeusegredinho.Acesso em: 9 dez. 2017 (adaptado) Essa imagem ilustra a reação dos celíacos (pessoas sensíveis ao glúten) ao ler rótulos de alimentos sem glúten. Essas reações indicam que, em geral, os rótulos desses produtos A. trazem informações explícitas sobre a presença do glúten. B. oferecem várias opções de sabor para esses consumidores. C. classificam o produto como adequado para o consumidor celíaco. D. influenciam o consumo de alimentos especiais para esses consumidores. E. variam na forma de apresentação de informações relevantes para esse público. 38) Apesar de muitas crianças e adolescentes terem a Barbie como um exemplo de beleza, um infográfico feito pelo site Rehabs.com comprovou que, caso uma mulher tivesse as medidas da boneca de plástico, ela nem estaria viva. Não é exatamente uma novidade que as proporções da boneca mais famosa do mundo são absurdas para o mundo real. Ativistas que lutam pela construção de uma autoimagem mais saudável, pesquisadores de distúrbios alimentares e pessoas que se preocupam com o impacto da indústria cultural na psique humana apontam, há anos, a influência de modelos como a Barbie na distorção do corpo feminino. Pescoço Com um pescoço duas vezes mais longo e 15 centímetros mais fino do que o de uma mulher, a Barbie seria incapaz de manter sua cabeça levantada. Cintura Com uma cintura de 40 centímetros (menor do que a sua cabeça), a Barbie da vida real só teria espaço em seu corpo para acomodar metade de um rim e alguns centímetros de intestino. Quadril O índice que mede a relação entre a cintura e o quadril da Barbie é de 0,56, o que significa que a medida da sua cintura representa 56% da circunferência de seu quadril. Esse mesmo índice, em uma mulher americana média, é de 0,8. Disponível em: http://oglobo.globo.com. Acesso em: 2 maio 2015. Ao abordar as possíveis influências da indústria de brinquedos sobre a representação do corpo feminino, o texto analisa a A. noção de beleza globalizada veiculada pela indústria cultural. B. influência da mídia para a adoção de um estilo de vida salutar pelas mulheres. C. relação entre a alimentação saudável e o padrão de corpo instituído pela boneca. D. proporcionalidade entre a representação do corpo da boneca e a do corpo humano. E. influência mercadológica na construção de uma auto imagem positiva do corpo feminino 39) Texto I Texto II Stephen Lund, artista canadense, morador em Victoria, capital da Colúmbia Britânica (Canadá), transformou-se em fenômeno mundial produzindo obras de arte virtuais pedalando sua bike. Seguindo rotas traçadas com o auxílio de um dispositivo de GPS, ele calcula ter percorrido mais de 10 mil quilômetros. Os textos destacam a inovação artística proposta por Stephen Lund a partir do(a): A. deslocamento das tecnologias de suas funções habituais. B. perspectiva de funcionamento do dispositivo de GPS. C. ato de guiar sua bicicleta pelas ruas da cidade. D. análise dos problemas de mobilidade urbana. E. foco na promoção cultural da sua cidade. 40) As duas imagens são produções que têm a cerâmica como matéria-prima. A obra Estrutura vertical dupla se distingue da urna funerária marajoara ao A. evidenciar a simetria na disposição das peças. B. materializar a técnica sem função utilitária. C. abandonar a regularidade na composição. D. anular possibilidades de leituras afetivas. E. integrar o suporte em sua constituição. 41) A instalação Dengo transformou a sala do MAM-SP em um ambiente singular, explorando como principal característica artística a: A. participação do público na interação lúdica com a obra. B. distribuição de obstáculos no espaço da exposição. C. representação simbólica de objetos oníricos. D. interpretação subjetiva da lei da gravidade E. valorização de técnicas de artesanato. 42) Para que a passagem da produção ininterrupta de novidade a seu consumo seja feita continuamente, há necessidade de mecanismos, de engrenagens. Uma espécie de grande máquina industrial, incitante, tentacular, entra em ação. Mas bem depressa a simples lei da oferta e da procura segundo as necessidades não vale mais: é preciso excitar a demanda, excitar o acontecimento, provocá-lo, espicaçá-lo, fabricá-lo, pois a modernidade se alimenta disso. CAUQUELIN, A. Arte contemporânea: uma introdução. São Paulo: Martins Fontes, 2005 (adaptado). No contexto da arte contemporânea, o texto da autora Anne Cauquelin reflete ações que explicitam: A. métodos utilizados pelo mercado de arte. B. investimentos realizados por mecenas. C. interesses do consumidor de arte. D. práticas cotidianas do artista. E. fomentos públicos à cultura 43) Na exposição “A Artista Está Presente”, no MoMa, em Nova Iorque, a performer Marina Abramovic fez uma retrospectiva de sua carreira. No meio desta, protagonizou uma performance marcante. Em 2010, de 14 de março a 31 de maio, seis dias por semana, num total de 736 horas, ela repetia a mesma postura. Sentada numa sala, recebia os visitantes, um a um, e trocava com cada um deles um longo olhar sem palavras. Ao redor, o público assistia a essas cenas recorrentes. ZANIN, L. Marina Abramovic, ou a força do olhar. Disponível em: http://blogs.estadao.com.br. Acesso em: 4 nov. 2013. O texto apresenta uma obra da artista Marina Abramovic, cuja performance se alinha a tendências contemporâneas e se caracteriza pela: A. inovação de uma proposta de arte relacional que adentra um museu. B. abordagem educacional estabelecida na relação da artista com o público. C. redistribuição do espaço do museu, que integra diversas linguagens artísticas. D. Negociação colaborativa de sentidos entre a artista e a pessoa com quem interage E. aproximação entre artista e público, o que rompe com a elitização dessa forma de arte. 44) Em 1866, tendo encerrado seus estudos na Escola de Belas Artes, em Paris, Pedro Américo ofereceu a tela A Carioca ao imperador Pedro II, em reconhecimento ao seu mecenas. O nu feminino obedecia aos cânones da grande arte e pretendia ser uma alegoria feminina da nacionalidade. A tela, entretanto, foi recusada por imoral e licenciosa: mesmo não fugindo à regra oitocentista relativa à nudez na obra de arte, A Carioca não pôde, portanto, ser absorvida de imediato. A sensualidade tangível da figura feminina, próxima do orientalismo tão em voga na Europa, confrontou-se não somente com os limites morais, mas também com a orientação estética e cultural do Império. O que chocara mais: a nudez frontal ou um nu tão descolado do que se desejava como nudez nacional aceitável, por exemplo, aquela das românticas figuras indígenas? A Carioca oferecia um corpo simultaneamente ideal e obsceno: o alto – uma beleza imaterial – e o baixo – uma carnalidade excessiva. Sugeria uma mistura de estilos que, sem romper com a regra do decoro artístico, insinuava na tela algo inadequado ao repertório simbólico oficial. A exótica morena, que não é índia – nem mulata ou negra – poderia representar uma visualidade feminina brasileira e desfrutar de um lugar de destaque no imaginário da nossa “monarquia tropical”? OLIVEIRA, C. Disponível em: http://anpuh.org.br. Acesso em: 20 maio 2015. O texto revelaque a aceitação da representação do belo na obra de arte está condicionada à A. incorporação de grandes correntes teóricas de uma época, conferindo legitimidade ao trabalho do artista. B. atemporalidade do tema abordado pelo artista, garantindo perenidade ao objeto de arte então elaborado. C. inserção da produção artística em um projeto estético e ideológico determinado por fatores externos. D. assimilação de técnicas e recursos já utilizados por movimentos anteriores que trataram da temática. E. apropriação que o pintor faz dos grandes temas universais já recorrentes em uma vertente artística. 45) A perplexidade causada pela catástrofe da Primeira Guerra Mundial fez surgir um movimento de vanguarda denominado Dadaísmo, que rejeitava os valores tradicionais e rompia com a estética clássica. A imagem da obra O gigante acéfalo A. explora elementos sensoriais para explicar a racionalidade do pós-guerra. B. recria a realidade para combater os padrões estéticos da época. C. organiza as formas geométricas para inovar as artes visuais. D. representa as experiências individuais de exaltação. E. utiliza a sensibilidade para retratar o drama humano. PROPOSTA DE REDAÇÃO TEXTO I LEI Nº 14.821, DE 16 DE JANEIRO DE 2024 Art. 1º É instituída a Política Nacional de Trabalho Digno e Cidadania para a População em Situação de Rua (PNTC PopRua), destinada a promover os direitos humanos de pessoas em situação de rua ao trabalho, à renda, à qualificação profissional e à elevação da escolaridade. Parágrafo único. Para fins desta Lei, considera-se população em situação de rua o grupo populacional heterogêneo que tem em comum a falta de moradia e utiliza os logradouros públicos como espaço de moradia e de sustento, bem como as unidades de acolhimento institucional para pernoite eventual ou provisório, podendo tal condição estar associada a outras vulnerabilidades como a pobreza e os vínculos familiares interrompidos ou fragilizados. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato20232026/2024/lei/L14821.htm#:~:text=LEI%20Nº% 2014.821%2C%20DE%2016,Art. TEXTO II TEXTO III Entre os principais motivos para se tornarem moradores de rua, os entrevistados apontaram problemas econômicos relacionados à insegurança alimentar, desemprego e conflitos familiares. Questões de saúde também disparam entre as motivações, sobretudo relacionadas à saúde mental: metade daqueles que destacaram que a saúde é o motivo de morar na rua também apontam conflitos familiares como segunda motivação. 44% deles destacavam problemas econômicos em conjunto. Mais de 47% dos entrevistados também priorizou conflitos familiares como principal motivação para morar nas ruas, contabilizando família e companheiros. Logo em seguida vem o desemprego, apontado por 40,5%. 30,4% mencionaram uso de drogas ou alcoolismo. Por fim, 26,1% declararam perda de moradia. Disponível em: https://exame.com/brasil/populacao-de-rua-e-mais-de-10-vezes-maior- em-2023-do-que-em-2013-diz-ipea/ TEXTO IV Embora o acesso aos serviços públicos de saúde seja muitas vezes difícil para qualquer cidadão, no caso da população em situação de rua, há agravantes. Para se conseguir atendimento é preciso chegar muito cedo ao posto e esperar várias horas. O morador de rua com frequência precisa sair para pegar o almoço, senão, só vai comer de noite. E a lógica da sobrevivência. Comida primeiro, médico depois. Em segundo lugar, é comum que o morador de rua esteja com roupas sujas e/ou não tenha tomado banho, o que faz com que ele seja mal recebido na sala de espera de um posto de saúde ou mesmo de um hospital. Muitas vezes ele é discriminado e sofre preconceitos de usuários e/ou funcionários dos serviços de saúde. A falta de documentação também apresenta-se como problema frequente para o acesso do morador de rua aos serviços públicos. O resultado final de tantas dificuldades é a busca por ajuda apenas em último caso. Assim, muitas questões de saúde tornam-se crônicas e por isso mais difíceis de resolver. Disponível em: https://www.msf.org.br/noticias/o-morador-de-rua-nao-se-ve-como-cidadao- como-alguem-que-tem-direitos/ A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade formal da língua portuguesa sobre o tema “Desafios para a cidadania e dignidade de pessoas em situação de rua no Brasil”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para a defesa de seu ponto de vista. CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS 46) No início de janeiro, um médico começa na cidade de São Paulo, no horário local de 09h, uma reunião via internet com pesquisadores localizados em uma faculdade europeia. Nela, o horário registrado é 12h. Considerando que no momento da reunião vigora o horário de verão no Brasil, a cidade dos pesquisadores na Europa está localizada no fuso de meridiano central A. 15º Norte. B. 15º Leste. C. 30º Leste. D. 45º Oeste. E. 90º Oeste. 47) Saga da Amazônia Mas o dragão continua a floresta devorar. E quem habita essa mata, pra onde vai se mudar? Corre índio, seringueiro, preguiça, tamanduá. Tartaruga, pé ligeiro, corre, corre tribo dos Kamaiurá. FARIAS, V. Disponível em: www.letras.com.br. Acesso em: 15 out. 2021 (fragmento). Para solucionar o problema apresentado no texto, qual medida governamental é necessária? A. Ampliação do número de terras devolutas. B. Proibição do extrativismo local sustentável. C. Regulação de pesquisas de origem estrangeira. D. Contenção do tráfego das embarcações fluviais. E. Fiscalização da exploração dos recursos naturais 48) Txai Suruí, liderança da Juventude Indígena, profere seu discurso na abertura da COP-26 “O clima está esquentando, os animais estão desaparecendo, os rios estão morrendo e nossas plantações não florescem como no passado. A Terra está falando: ela nos diz que não temos mais tempo.” VICK, M. Quais são as conquistas do movimento indígena na COP-26. Disponível em: www.nexojornal.com.br. Acesso em: 10 nov. 2021 (adaptado). O discurso da líder indígena explicita um problema global relacionado ao(à) A. manejo tradicional. B. reciclagem residual. C. consumo consciente. D. exploração predatória. E. reaproveitamento energético. 49) Em Goiás e Mato Grosso, as modificações dependeram fundamentalmente de novos manejos aplicados às terras. Acima de tudo, porém, o desenvolvimento regional deveu-se a uma articulada transformação dos meios urbanos e rurais, a serviço da produção tanto de alimentos básicos, como o arroz, por exemplo, quanto de grãos para consumo interno e exportação, como a soja. AB’SABER, A. N. Os domínios de natureza no Brasil: potencialidades paisagísticas. São Paulo: Ateliê, 2003. A realidade descrita no texto se estabelece sobre qual domínio morfoclimático? A. Pradaria. B. Cerrado. C. Caatinga. D. Araucária. E. Atlântico. 50) Belém é cercada por rios. Mas é a água que vem lá de cima que altera o ritmo na cidade. Quem vive na capital paraense sempre sai de casa com uma dúvida e uma certeza: sabe que vai chover, mas não sabe quando. “No Pará é assim. Ou você marca o encontro antes ou depois da chuva”, conta um morador. É quase sempre assim o ano inteiro, os moradores costumam dizer que só existem duas estações do ano na região — a que chove pouco e a que chove muito. “Não tem hora para chover”, constata uma moradora. “Trabalho, escola... Atrasa tudo. Tem que ficar esperando passar a chuva, na verdade”, diz outra moradora. Antes e depois da chuva. Disponível em: http://g1.globo.com. Acesso em: 6 nov. 2021 (adaptado). Qual fator geográfico favorece a condição climática da cidade citada no texto? A. Baixa latitude. B. Elevada altitude. C. Fraca insolação. D. Forte continentalidade.E. Acentuada refletividade. 51) Um geógrafo está viajando do Ponto A (175° Oeste - um local latitudinalmente próximo ao Alasca), onde são 10h da manhã de quarta-feira, em direção ao Ponto B (165° Leste - um local na Sibéria). Em que dia da semana e horário, nesse percurso, ele cruzará a Linha Internacional de Mudança de Data? A. Terça-feira às 09h. B. Quarta-feira às 11h. C. Quarta-feira às 09h. D. Quinta-feira às 24h. E. Quinta-feira às 10h. 52) O eixo de rotação da Terra apresenta uma inclinação em relação ao plano de sua órbita em torno do Sol, interferindo na duração do dia e da noite ao longo do ano. Uma pessoa instala em sua residência uma placa fotovoltaica, que transforma energia solar em elétrica. Ela monitora a energia total produzida por essa placa em 4 dias do ano, ensolarados e sem nuvens, e lança os resultados no gráfico. Próximo a que região se situa a residência onde as placas foram instaladas? A. Trópico de Capricórnio. B. Trópico de Câncer. C. Polo Norte. D. Polo Sul. E. Equador. 53) A pintura mostrada na figura anterior é típica de um período da história do ser humano. Identifique qual o período contemplado e qual o objetivo desse tipo de pintura realizado na época: A. Civilizações mesopotâmicas; agradecer ao deus Marduk, deus da Babilônia, pelas caçadas bem-sucedidas B. Civilização hebraica; representar histórias religiosas para ensinamento da religião à população C. Pré-história; representar histórias religiosas para ensinamento da religião à população D. Civilizações mesopotâmicas; esse tipo de pintura tinha fins apenas estéticos E. Pré-história; registrar o cotidiano e integrar rituais mágico-religiosos 54) “A história da Antiguidade Clássica é a história das cidades, porém, de cidades baseadas na propriedade da terra e na agricultura” K. Marx. Formações econômicas pré- capitalistas. Baseando-se na frase acima e considerando o modo de produção das cidades-Estado gregas, assinale o correto: A. O modo de produção se baseava em trabalhadores livres, em especial os comerciantes B. A vassalagem era o sistema de produção predominante e o acúmulo de artigos agrícolas era essencial para ascendência social C. O modo de produção que imperava era a escravidão e os cidadãos privilegiados eram aqueles que possuíam propriedades rurais D. Não existiam classes sociais na Grécia Antiga, sendo que a terra era propriedade coletiva E. O comércio era o setor que predominava nas cidades-Estado gregas, porém dependia dos sistema de vassalagem para obter insumos comerciais 55) “Mas, já que estamos a examinar qual é a constituição política perfeita, sendo essa constituição a que mais contribui para a felicidade da cidade... os cidadãos não devem exercer as artes mecânicas nem as profissões mercantis; porque este gênero de vida tem qualquer coisa de vil, e é contrário à virtude. É preciso mesmo, para que sejam verdadeiros cidadãos, que eles não se façam lavradores; porque o descanso lhes é necessário para fazer nascer a virtude em sua alma, e para executar os deveres civis” Aristóteles. A política. Livro IV, cap. VIII A partir da citação identifique qual a alternativa correta sobre a cidadania na Grécia Antiga: A. A cidadania era uma forma de distinção social, sendo que esse título não era permitido para profissões consideradas inferiores na Grécia Antiga B. A cidadania era universal na Grécia Antiga, o que ia de acordo com a democracia grega recém-instaurada C. A agricultura era considerada um trabalho nobre, visto que a economia grega dependia dessa profissão. Portanto, todos os agricultores gregos possuíam direito ao voto D. Os direitos e deveres eram iguais para todos os cidadãos gregos, sendo considerada uma sociedade revolucionária por permitir a cidadania de mulheres E. Todos as profissões eram igualmente valorizadas na Grécia Antiga, sendo, por isso, esse modelo de democracia tido como ideal até os dias atuais 56) “Após a Declaração Universal dos Direitos Humanos pela ONU, em 1948, a Unesco publicou estudos de cientistas de todo o mundo que desqualificaram as doutrinas racistas e demonstraram a unidade do gênero humano.” R. Silveira. Os selvagens e a massa: papel do racismo científico na montagem da hegemonia ocidental. Afro-Ásia, n. 23, 1999. (Adapt.). Essas publicações realizadas pela ONU e pela Unesco, foram motivadas pelo(a): A. Guerra Fria, que deixou o mundo chocado com as atrocidades cometidas tanto pela Rússia quanto pelos EUA B. Rebelião Taiping, ocorrida na China na década de 1940 e que deixou mais de 20 mil mortos C. Apartheid, regime de segregação racial imposto pelo Partido Nacional na África do Sul D. Segunda Guerra Mundial, em que judeus foram presos, torturados e mortos no Holocausto E. Guerra do Vietnã, em que foi utilizado gás mostarda para extermínio de soldados e civis 57) Os Estados Nacionais Modernos surgiram após a crise do feudalismo, trazendo consigo novos aspectos sociais, econômicos e políticos. Dentre essas mudanças, originaram-se as monarquias absolutistas, sobre as quais é correto afirmar: A. Os reis tinham seu poder sustentado pela teoria do direito divino, formulada a partir de ideias de Jean Bodin e Jacques Bossuet, que afirmava que o poder real tem origem divina B. As monarquias absolutistas permitiram a criação de fronteiras nacionais bem definidas e, com isso, a redução de guerras e redução do investimento em estruturas militares C. Nos Estados Modernos, o monarca era instituído a partir de eleições entre a nobreza da época, o que muitas vezes resultou em sacerdotes assumindo a função de monarcas, visto que a Igreja Católica possuía extremo poder D. “O Príncipe”, de Nicolau Maquiavel, é uma crítica ferrenha as monarquias absolutistas dos Estados Modernos, visto que, conforme Maquiavel, existem limites que o monarca não pode ultrapassar, independentemente do fim desejado, pois os fins não justificam os meios E. Os Estados Modernos preconizavam a igualdade da população, sendo a monarquia absolutista uma forma de garantir os direitos absolutos dos cidadãos e a não distinção de classes sociais 58) A imagem acima corresponde ao mapa das Treze Colônias inglesas na América do Norte, fundadas entre os séculos XVII e XVIII. Quanto a essas colônias assinale o correto: A. As Treze Colônias eram uma grande unidade, com ideais e modos de produção semelhantes B. As Treze Colônias surgiram por iniciativa pública da Coroa Inglesa no século XVII, época do expansionismo marítimo e monarquias absolutistas, não sendo permitido que a iniciativa particular participasse da criação das Colônias C. A relação entre a Coroa Inglesa e as Treze Colônias se manteve de forma pacífica e satisfatória até o século XIX. Isso foi possível pelos incentivos financeiro ingleses às Treze Colônias e a não cobrança de impostos pelos ingleses durante esse período D. O modo de produção das colônias do sul era o plantation, isso é, baseava-se nos latifúndios, trabalho escravo, monoculturas e exportação E. A Festa do Chá de Boston foi uma celebração promovida pela indústria de chás britânica para comemorar a bem-sucedida instalação dos ingleses nas Treze Colônias após 50 anos do início da migração de ingleses para a América 59) Considerando a charge acima e o contexto da década de 1960, assinale o correto: A. Na charge, o homem representa os países da Europa Ocidental, que tentavam, na época, impulsionar os ideais socialistas na América Latina, buscando isolar esses países e garantir sua hegemonia na economia capitalista B. A charge demonstra a insatisfação estadunidense com a indústria de charutos cubanos, que estava em seu auge na década de 1960, dominando o mercado latino- americano e fazendo com que os EUA adotassem medidas para tentar frear essa dominância e reestabelecer seupoder nessa indústria C. A charge faz uma representação da Aliança para o Progresso, projeto político do governo de John F. Kennedy que visava acelerar o desenvolvimento econômico e social da América Latina, ao mesmo tempo que frear o avanço da influência socialista na região D. A charge mostra como os EUA, com seus ideais socialistas, estava buscando incentivar a difusão dessas ideias, através de Cuba, para toda a América Latina E. A charge não possui relação histórica com a década de 1960 e, sim, com o período da 2ª Guerra Mundial, em que os EUA tentaram evitar a participação de Cuba na Guerra 60) Não tinha outra filosofia. Nem eu. Não digo que a Universidade me não tivesse ensinado alguma; mas eu decorei-lhe só as fórmulas, o vocabulário, o esqueleto. Tratei-a como tratei o latim; embolsei três versos de Virgílio, dois de Horácio, uma dúzia de locuções morais e políticas, para as despesas da conversação. Tratei-os como tratei a história e a jurisprudência. Colhi de todas as cousas a fraseologia, a casca, a ornamentação. ASSIS, M. Memórias póstumas de Brás Cubas. Belo Horizonte: Autêntica, 1999. A descrição crítica do personagem de Machado de Assis assemelha-se às características dos sofistas, contestados pelos filósofos gregos da Antiguidade, porque se mostra alinhada à A. elaboração conceitual de entendimentos. B. utilização persuasiva do discurso. C. narração alegórica dos rapsodos. D. investigação empírica da physis. E. expressão pictográfica da pólis. 61) TEXTO I Gerineldo dorme porque já está conformado com o seu mundo. Porque já sabe tudo o que lhe pode acontecer após haver submetido todos os objetos que o rodeiam a um minucioso inventário de possibilidades. Seu apartamento, mais que um apartamento, é uma teoria de sorte e de azar. Melhor que ninguém, Gerineldo conhece o coeficiente da dilatação de suas janelas e mantém marcado no termômetro, com uma linha vermelha, o ponto em que se quebrarão os vidros, despedaçados em estilhaços de morte. Sabe que os arquitetos e os engenheiros já previram tudo, menos o que nunca já aconteceu. MÁRQUEZ, G. G. O pessimista. In: Textos do Caribe. Rio de Janeiro: Record, 1981. TEXTO II A situação é o sujeito inteiro (ele não é nada a não ser a sua situação) e é também a coisa inteira (nunca há mais nada senão as coisas). É o sujeito a elucidar as coisas pela sua própria superação, se assim quisermos; ou são as coisas a reenviar ao sujeito a imagem dele. É a total facticidade, a contingência absoluta do mundo, do meu nascimento, do meu lugar, do meu passado, dos meus redores — e é a minha liberdade sem limites que faz com que haja para mim uma facticidade. SARTRE, J.-P. O ser e o nada: ensaio de ontologia fenomenológica. Petrópolis: Vozes, 1997 (adaptado). A postura determinista adotada pelo personagem Gerineldo contrasta com a ideia existencialista contida no pensamento filosófico de Sartre porque A. evidencia a manifestação do inconsciente. B. nega a possibilidade de transcendência. C. contraria o conhecimento difuso. D. sustenta a fugacidade da vida. E. refuta a evolução biológica. 62) Advento da Polis, nascimento da filosofia: entre as duas ordens de fenômenos, os vínculos são demasiado estreitos para que o pensamento racional não apareça, em suas origens, solidário das estruturas sociais e mentais próprias da cidade grega. Assim recolocada na história, a filosofia despoja-se desse caráter de revelação absoluta que às vezes lhe foi atribuído, saudando, na jovem ciência dos jônios, a razão intemporal que veio encarnar-se no Tempo. A escola de Mileto não viu nascer a Razão; ela construiu uma Razão, uma primeira forma de racionalidade. Essa razão grega não é a razão experimental da ciência contemporânea. VERNANT, J. P. Origens do pensamento grego. Rio de Janeiro: Difel, 2002. Os vínculos entre os fenômenos indicados no trecho foram fortalecidos pelo surgimento de uma categoria de pensadores, a saber: A. os epicuristas, envolvidos com o ideal de vida feliz. B. os estoicos, dedicados à superação dos infortúnios. C. os sofistas, comprometidos com o ensino da retórica. D. os peripatéticos, empenhados na dinâmica do ensino. E. os poetas rapsodos, responsáveis pela narrativa do mito. 63) TEXTO I Uma filosofia da percepção que queira reaprender a ver o mundo restituirá à pintura e às artes em geral seu lugar verdadeiro. MERLEAU-PONTY, M. Conversas: 1948. São Paulo: Martins Fontes, 2004. TEXTO II Os grandes autores de cinema nos pareceram confrontáveis não apenas com pintores, arquitetos, músicos, mas também com pensadores. Eles pensam com imagens, em vez de conceitos. DELEUZE, G. Cinema 1: a imagem-movimento. São Paulo: Brasiliense, 1983 (adaptado). De que modo os textos sustentam a existência de um saber ancorado na sensibilidade? A. admitindo o belo como fenômeno transcendental. B. reafirmando a vivência estética como juízo de gosto. C. considerando o olhar como experiência de conhecimento. D. apontando as formas de expressão como auxiliares da razão. E. estabelecendo a inteligência como implicação das representações. 64) Empédocles estabelece quatro elementos corporais – fogo, ar, água e terra –, que são eternos e que mudam aumentando e diminuindo mediante mistura e separação; mas os princípios propriamente ditos, pelos quais são movidos, são o Amor e o Ódio. Pois é preciso que os elementos permaneçam alternadamente em movimento, sendo ora misturados pelo Amor, ora separados pelo Ódio. SIMPLÍCIO. Física, 25, 21. In: Os pré-socráticos. São Paulo: Nova Cultural, 1996. O texto propõe uma reflexão sobre o entendimento de Empédocles acerca da arché, uma preocupação típica do pensamento pré-socrático, porque A. exalta a investigação filosófica. B. transcende ao mundo sensível. C. evoca a discussão cosmogônica. D. fundamenta as paixões humanas. E. corresponde à explicação mitológica. 65) Entretanto, nosso amigo Basso tem o ânimo alegre. Isso resulta da filosofia: estar alegre diante da morte, forte e contente qualquer que seja o estado do corpo, sem desfalecer, ainda que desfaleça. Sêneca, L. Cartas morais. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1990. O excerto refere-se a uma carta de Sêneca na qual se apresenta como um bem fundamental da filosofia promover a A. valorização de disputas dialógicas. B. rejeição das convenções sociais. C. inspiração de natureza religiosa. D. exaltação do sofrimento. E. moderação das paixões. 66) Sócrates: "Quem não sabe o que uma coisa é, como poderia saber de que tipo de coisa ele é? Ou te parece ser possível alguém que não conhece absolutamente quem é Mênon, esse alguém saber se ele é belo, se é rico e ainda se é nobre? Parece-te ser isso possível? Assim, Mênon, que coisa afirmas ser a virtude?". PLATÃO. Mênon. Rio de Janeiro: PUC-Rio; São Paulo: Loyola, 2001 (adaptado). A atitude apresentada na interlocução do filósofo com Mênon é um exemplo da utilização do(a) A. escrita epistolar. B. método dialético. C. linguagem trágica. D. explicação fisicalista. E. suspensão judicativa. 67) Colegas, na mente e no coração do povo, a Crimeia sempre foi uma porção inseparável da Rússia. Essa firme convicção se baseia na verdade e na justiça e foi passada de geração em geração, ao longo do tempo, sob quaisquer circunstâncias, apesar de todas as drásticas mudanças que nosso país atravessou durante todo o século XX. Considerando a dinâmica geopolítica subjacente ao texto, a justificativa utilizada por Vladimir Putin, em 2014, para anexação dessa península apela para o argumento de que A. as populações com cultura e idioma russos devem estar submetidas à mesma autoridade estatal. B. o imperialismo soviético havia se acomodado às pretensões das potências vizinhas. C. os organismos transnacionais são incapazes de solucionar disputas territoriais.