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UNIPE - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE JOÃO PESSOA DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS JURíDICAS PRÁTICA JURÍDICA 11 Pror Francisco Sagres Macedo Vieira IAPOSTILA - [ I N Q U É R IT O - ART. 4° - 23 CPP o DIREITO DE PUNIR PERTENCE AO ESTADO. ESTE NÃO PODE AUTO EXECUTÁ.LO RAZÃO DOS LIMITES CONSTITUCIONAIS PARA VALER SEU PODER.DEVER DE PUNIR. TEM QUE SE DIRIGIR AO ESTADO-JUIZ ATRAVÉS DO ÓRGÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO OU DO OFENDIDO.viTIMA E DELE RECLAMAR A APLICAÇÃO DA SANCTIO JURIS. O INQUÉRITO PRECEDE A AÇÃO PENAL NA REUNIÃO DE INFORMAÇÕES SOBRE A PRÁTICA DA INFRAÇÃO A NORMA E SUA RESPECTIVA AUTORIA. OI-CONCEITO Procedimento preparatório da ação penal, de caráter administrativo conduzido pela polícia judiciária e voltado a colheita preliminar de provas para apurar a prática de uma infração penal e sua autoria. 02 - FINALIDADE DO INQUÉRITO Seguindo o entendimento de Guilherme de Souza Nucci, em sua obra Código de Processo Penal Comentado - 8s Edição, pág. 70v, '''seu objetivo precípuo é a formação da convicção do Representante do Ministério Público". Em seu comentário, traz o eminente Jurista a lição de Tourino Filho em sua obra Processo Penal - Vol. 3, p. 175-176, "Sua finalidade é a investigação do crime e a descoberta do seu autor, com o fito de fornecer elementos para o titular da ação penal promove-Ia em Juízo, seja ele o Ministério Público, seja o particular, conforme o caso". 03 - INQUÉRITO POLICIAL E EXTRAPOLlCIAL a) Policial - aquele da alçada da Polícia Judiciária (Civil ou Federal), como assim denomina a CF, nos crimes, portanto, da alçada da Justiça Comum ou da Federal (art. 144,9 1°, I e 11,da CF); Obs: Nos delitos de entorpecentes, a exceção do tráfico internacional que cabe à Justiça Federal. a competência é da Justiça Comum Estadual, porém a ambas polícias cabe a investigação e lavratura de Inquérito. b) Policial Falimentar - hoje definido como policial, já que ao Juiz cabe após decisão final da Falência ou Recuperação Judicial ou da Extrajudicial, verificar a hipótese de crime, parágrafo 2°, do art. 187, da Lei nO I l.I O1/2005, cientificar ao Ministério Público que no prazo legal, assim entendendo, ofertará denúncia, observadas as exigências contidas no art. 186 da mesma Normat Legal, ou ainda, se entender pertinente, requisitará Inquérito Policial, art. 187, da mesma Lei. Instaurado o inquérito policial e remetido ao Ministério Público, cabe-lhe requerer o arquivamento, o que não está o Juiz sujeito, podendo encaminhar o feito ao Procurador Geral de Justiça, na forma do art. 28, do c.P.P., aplicado subsidiariamente, como assim determina o art. 188, da nominada Lei Il.IOI/2005. Ao Juiz Criminal é que cabe o processo e julgamento de ação penal por crime falimentar, na ótica do art. 183, da Lei de Falência (Lei Il.I 01/2005). o inquérito, nessa hipótese é da atribuição da Polícia Judiciária, acatando determinação do Órgão do Ministério Público, a vista de requisição deste ou de relatório do síndico, após acolhido pelo Juiz, ouvido o Parque!. c) Policial-militar - nas hipóteses de crimes militares, como definido na lei Penal Militar; d) Administrativo - quando diz respeito a questões de ordem administrativa, nos casos de improbidade administrativa, peculato e outros; e) Parlamentar - nos casos de fatos infringentes a norma legal, praticadas por parlamentares, agente públicos ou que se vinculem as situações políticas de interesse marcante no meio social, de cuja investigação e presidência cabe as Comissões Parlamentares de Inquérito - CPI, previamente designadas pelas casas legislativas em sessões plenárias. 04 - ATRIBUiÇÕES DA POLICIA CIVIL OU JUDICIÁRIA (FEDERAL OU ESTADUAL) .A função da polícia civil ou judiciária estadual ou federal consiste na formação do inquérito sob sua presidência e ordenador das diligências e investigações pertinentes a persecução criminal, isto dentro da área de sua atribuição e competência que se denomina: Distrito, Município e Comarca. Os aeentes de polícia são: a) Delegado de Polícia Civil (Judiciária) Estadual ou Federal; b) Agente de Investigação ou de Polícia Civil (Judiciária) Estadual ou Federal; c) Escrivão de Policia Civil (Judiciária) Estadual ou Federal. 05 - CARACTERíSTICA 00 INQUÉRITO a) Sigiloso - art. 20 e 2 I do Código de Processo Penal - forma de garantir a elucidação dos fatos, obselVando-se, como sempre, o sucesso das investigações. O sigilo não se estende ao Juiz, ao Ministério Público ou ao Advogado constituído. O STF editou Súmula Vinculante a pedido da OAB, dando o díreito ao Defensor do Cidadão ao acesso a peças do Inquérito, mesmo tramitando em segredo de Justiça, no teor seguinte: "É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatórios, realizado por órgão competente de policia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa". A súmula ao meu sentir, diz respeito a prova já documentada, veja: "... ter acesso aos elementos de prova que, já documentados em procedimentos investigatórios, ... ". Os atos de investigações em curso, ainda não satisfeitos, não são atingidos pela decisão sumulada, isto se estende as interceptações, pois até o relatório com as seleções compartilhadas dos áudios de interesse da prova, não cabe o acesso ao advogado, até porque, se assim fosse, perderia o objeto perquirido. b) Oficial - o inquérito é exclusivo do Estado, não podendo ficar a cargo do particular. c) Oficioso - a atividade policial independe de provocação, ressalvadas as hipóteses de ação penal pública condicionada e a ação penal privada - art. 5°, g 4° e 5°, do CPP. d) Inquisitivo - não se aplica o princIpio do contraditório e ampla defesa definido na CF, art. 107, do CPP que veda a argüição de suspeição e impedimento da autoridade policial. O indiciado, perante a autoridade policial não é um sujeito de direito, é sim, objeto de investigação, cabendo obrigação de zelar pela sua integridade fisica e moral. A exceção prevista quanto ao contraditório está definida no art. 102 e 104, do decreto n° 86.715/81 que regulamenta a Lei nO 6.815/80 (Estatuto do Estrangeiro ). e) Indisponível - instaurado o inquérito não pode ele ser arquivado pela autoridade policial- art. 17, do CPP (Registro no Livro Tombo). I) Dispensável - não constitui obrigação ao Ministério Público ou ao ofendido se ater ao inquérito, desde que tenha elementos suficientes a propositura da ação ela pode ser ajuizada. o inquérito é necessário, porém não imprescindível. 06 - DILIGÊNCIA NO CURSO DAS INVESTIGAÇÕES Instaurado o Inquérito a autoridade policial determinará as diligências imprescindíveis a persecução criminal, observado os princípios insertos no art. 6°, do CPP. I - Inicialmente - Lei nO8.862/94, conhecimento do local da infração, isto em determinados delitos. 2 - Ouvirá na seqüênci~ a vítima e as testemunhas que assistiram o fato ou que dele tenham conhecimento. 3 - Requisitará de pronto exame de corpo de delito ou outro necessário ao conhecimento da verdade. 4 - Procederá, se necessário o reconhecimento do agente do delito, a acareação ou ainda, a reprodução simulada doe crime. 5 - A identificação dactiloscópica, há vedação legal, em caso de agente civilmente identificado. Há ressalva, na hipótese do art. 5°, da Lei n° 9.034/95 e 1°, da Lei n° 10.05412000, quando se trata de agentes vinculados a Organizações Internacionais ou criminosas quaisquer, ou não seja civilmente identificado. 6 - Procederá a autoridade policial a apreensão do instrumento do crime ou qualquer outro objeto que tenha correlação com o fato criminoso, art. 11, do C.P.P. 7 - Procederá o reconhecimento de pessoas ou COIsas, ordenando a busca e apreensão, bem assim a simulação do crime. 8 - Afinal, requisitará os antecedentes criminais do acusado. Obs: a vítima pode requerer diligências a autoridade policial que não está obrigada a admiti-las. Ao Ministério Público cabe a prerrogativa de reqnisitar diligências, no curso das investigações policiais ou na fase deinstrução processual, desde que imprescindíveis a persecução criminal, na forma do art. 16, do CPP. Na hipótese de requerimento de baixa dos autns à Delegacia para novas diligências com indeferimento pelo Jniz, cabe recurso de correição parcial. 07 - INíCIO E PRAZO PARA CONCLUSÃO DO INQUÉRITO o Inquérito tem início por: a) Portaria - expedida pela autoridade policial ou judiciária que o preside. ESTADD DA PARAIBA SECRETARIA DA SEGURANÇA PÚBLICA i' DELEGACIA DE POLiciA CML DA CAPITAL PORTARIA N" /200_ Chegando ao meu conhecimento que ontem, dia 09 de fevereiro de 2003, pelas 22:40 horas, no lugar denominado Cangate do Urubu, no Bairro do Cristo Redentor, nesta Capital, o Individuo Severino da silva, conhecido populannente por "Capeta", residente naquela artéria da cidade, subtraiu da pessoa de Antonio Furtado da Sitva Antunes, uma carteira de cédulas, contendo a importância de R$ 300,00 (trezentos reais), seu relógio de pulso e uma pulseira em ouro, tendo para tanto o agredido a murros e pontapés, além de desferir-lhe dois tiros de revolver calibre 38 leslonando-o a altura das pernas, deixando-o desfalecido ao chio, onde foi socorrido por populares, d e t e r m I n o que, autue-se esta, se Instaure o respectivo inquérito, adotando inicialmente as seguintes providências: 01 - tome-se por tennos as declarações da vitima no hospital; 02 - submete-a a exame de corpo de delito, procedendo seu encaminhamento ao Instituto Médico Legal desta Capital; • 03 - proceda o tevantamento do local da ocorrência, de fonna a localizar pessoas que tenham conhecimento do fato e a seguir, tome-se por tennos os depoimentos de quem for Identificado; 04 - a seguir, votlem-me os autos conclusos, para utlerlores deliberações. Cumpra-se. João Pessoa-PB, em _ d. de 200_ Delegado de Polícia b) Auto de Prisão em Flagrante - a lavratura do auto de prisão em flagrante pela autoridade policial. PRISÃO EM FLAGRANTE - ART. 301 a 310 CPP EFEITO: EXEMPLARIDADE - ADVERT£NCIA AOS MAUS: SATISFAÇÃO - RESTITUI A TRANQUILIDADE AOS BONS: PRESTÍGIO - RESTAURA A CONFIANÇA A LEI, A ORDEN JURíDICA E A AUTORIDADE CONSTITUIDA. 01 - SUJEITO ATIVO: qualquer pessoa do povo poderá executar a prisão em ;flagrante.As autOrid~des têm obrigaçao de prender em flagrante quem for lencontrado nas condIções do arl. 302, do CPP. 102 - SUJEITO PASSIVO: quem esteja nas condições do art. 302, do CPP. 103 - EXCEÇOES: art. 1°, I, do CPP. em Virtude dos Tratados e Convenções ,Intemacionais. :Chefes de Estado e Representantes Diplomáticos gozam de privilégio de nao'l ;serem presos em flagrante.lo Decreto n° 3.167, de 14 de setembro de 1999, promulga a Convençao sobre a iPrevençao e Puniçao de crimes contra pessoas que gozam de proteçao linternacional. IMUNIDADES: I - Parlamentar - art. 53, li 1°, da CF - nos crimes afiançáveis os senadores e deputados federais nao podem ser presos em flagrante; art. 27, S 1°, da CF - a exceção é extensiva aos deputados estaduais. 11- Magistrado - art. 33, li, da lei Orginica Nacional da Magistratura! Nacional, só pode ser preso em flagrante por crime inafiançável, fazendo o sujeito ativo da prisao, a comunicaçao de imediata ao Presidente do Tribunal a que pertença e tenha competência para processar e julgá-lo. c) Requisição do Promotor de Justiça - art. 5°, 11,do CPP. d) Requisição do Juiz de Direito - art. 5°, 11,do CPP • e) Requerimento do ofendido ou de quem legalmente a represente. Na hipótese de crime de acão penal pública subordinada a representacão: - a primeira peça é o requerimento ou representação, caso dirigida diretamente a autoridade policial. - requisição do Promotor de Justiça ou do Juiz, acompanhada ou não da representação ou requerimento do ofendido ou seu representante legal. Prazo para conclusão do Inquérito: Acusado solto ou em liberdade - 30 dias, permitida a dilação desse prazo a critério do Juiz ouvido o Ministério Público. Acusado preso - 10 dias, tratando-se de necessidade imprescindivel, pode esse prazo ser dilatado, mas é polêmica a hipótese, pois, exige-se a soltura do indiciado. Lei Antitóxicos - 05 dias - equiparado a hediondo - art. 12, 13 e 14, da Lei n° 6.268, passa o prazo para 10 dias. Crimes da Competência da Justiça Federal, art. 144, ~ l°, I e 11,da CF -.li dias, prorrogável por igual período, preso ou solto o indiciado. Crimes contra a Economia Popular - 10 dias, preso ou solto o acusado. Obs: O prazo para conclusão do inquérito tem início no dia imediato ao ato de prisão - art. 798, !llo, do CPP e lO, do CP. 08 RECEBIDO O INQUÉRITO AO MINISTÉRIO PÚBLICO-COMPETE: a) requerer a devolução dos autos à Policia para novas diligências e se querendo, requisitá-Ias diretamente, desde que imprescindíveis ao oferecimento da denúncia. b) requerer o arquivamento do Inquérito; Observância do preceito incerto no art. 6°, IX. do CPP; Comunicação da prisão ao Juiz, anexando cópia do auto; Expedição de nota de culpa, na forma do art. 306 e seu ~ Único. do CPP; 11I- Ministério Público. art. 40, 11I,da lei Orgânica Nacional do Ministério Público (Lei nO8.625/93), SÓ pode ser preso em flagrante por crime inafiançável, fazendo o sujeito ativo da prisão, a comunicação de imediata ao Chefe do Ministério Público a que está vinculado. 04 - PROCEDIMENTOS AOOTADOS NO FLAGRANTE 'I - I 1" - 111- I Irv - Nas hipóteses do art. 321, do CPP, a autoridade colocará em liberdade o ;conduzido após a lavratura do auto ou deixa de lavrar o auto. na forma do ~ iúnico, do art. 69, da lei 9.099195; I 'V - Arbitrar fiança, na forma dos art. 325 e 326, do CPP, na hipótese de. infração punida com detenção ou prisão simples; e, ,Obs: ao ser preso o agente, deverá a ele ser informado de seus direitos. art. 5°. ILXIII• da CF. 05 - MODALIDADE DA PRISÃO EM FLAGRANTE II - Flagrante Próprio - art. 302. I e li, do CPP - quando o agente é flagrado cometendo a infraçao penal ou acaba de cometê-la; 11- Flagrante Impróprio - art. 302. 11I. do CPP - quando o agente é perseguido, logo após a prática do crime, pela autoridade. ofendido, ou qualquer pessoa do povo, em situaçao que faça presumir ser autor da infração; e. 11I- Flagrante Presumido - art. 302, IV. Do CPP - quando é encontrada, logo Idepois, pela autoridade. com instrumentos. armas. objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração. I 06-FLAGRANTEPREPARADO IA Súmula 145 do STF I"NaO há crime. quando a preparação do flagrante pela polícia toma imposslvel a sua consumação •. É chamado crime de ensaio ou de experiência. Se nao há crime. MO há flagrante. 107 - FLAGRANTE ESPERADO Aqui nao há induzimento ou provocação, a autoridade espera a prática do crime e sua consumação, após o que autua em flagrante, sendo assim válido o auto. I .OBSERVAÇÓES GERAIS: lo auto de prisão em flagrante é a peça inicial do inquérito, entretanto, após sual lconclusao, caberá a autoridade ordenar novas diligências que se mostreml:imprescindiveis ao persecução criminal. c) requerer a extinção da punibilidade ao agente do delito; d) oferecer denúncia <!,- . 09 - INTERCEPTAAO TELEFONICA - PROCEDIMENTO Art. 6° da Lei n° 9.296/1996 - define que pode ser decretada de oficio pelo Juiz em qualquer fase do processo ou pré-processual, a representação da Autoridade Policial na fase investigatória - pré-processual ou pelo Ministério Público em qualquer fase do processual. Deferida a medida excepcional, a autoridade policial conduzirá o procedimento de interceptação, oficiando ao Ministério Público que, querendo, poderá acompanhar a sua realização. Este é o mandamento substantivo legal: Ora, se o Ministério Público tem o controle externo da atividade policial, titular inconteste, portanto, exclusivo da ação penal, art. 129, I, da CF, e ainda, se é ele o guardião dos direitos individuais e coletivos da sociedade, jamais poderia o Juiz conceder a interceptação sem que antes seja ouvido. Se a finalidade do Inquérito, com todos os seus elementos de provas, se destina ao titular da ação penal que é o Ministério Público, sua participaçãoem todo o evento deve ser observada, buscando assim, ao final, como bem leciona o insigne mestre Guilherme de Souza Nucei, em sua Obra Código de Processo Penal Comentado - 8" Edição, pág. 70v, sua convicção pard a propositura da ação penal em Juízo. 10 - DISPOSIÇOES GERAIS I - Justa Causa - constitui a materialidade do delito, associada a sua autoria. A ausência de justa causa permite o trancamento da ação penal via habeas- corpus. 11 - Vícios do Inquérito - não acarreta nulidade processual, já que se constitui numa peça que serve á formação do "opinio delicti" do Ministério Público. Os vicios acarretam a ineficácia de determinados atos, como flagrante delito, a confissão do acusado e o auto de reconhecimento. 111 - Delatio Criminis - qualquer do povo, tomando conhecimento da existência de um crime de ação pública incondicionada ou condicionada, pode (faculdade) comunicar à Autoridade Policial, ao Ministério Público ou ao Juiz, verbalmente ou por escrito. IV - Delatio Anônima - apesar do entendimento minoritário a cerca da inconstitucionalidade do inquérito policial instaurado a partir de comunicação apócrita, ante a vedação constitucional ao anonimato na manifestação de pensamento, não deve ser ela repelida, mas admitida com as cautelas especiais. V - Requisição do Ministro da Justiça - o Ministério Público não está obrigado a denunciar. VI - Inquérito em Crime de Ação Penal Pública Condicionada ou Privada - concluido a requerimento da parte ofendida ou manifestado seu interesse em ver processado o agente do crime, após sua conclusão serão os autos remetidos ao Juizo competente, onde aguardarão a iniciativa do ofendido ou vitima - art. 19, do CPP, no prazo do art. 38, da mesma Norma Legal (06 meses - sob pena de decadéncia do direito de queixa ou representação - contados da data da ocorréncia do fato criminoso). A prisão em flagrante nos crimes de ação privada ou pública condicionada a representação exige manifesta autorização da vitima ou de seu representante legal. VII - Providências Especiais - o local do crime deve ser preservado até a chegada dos peritos, onde a autoridade terá que se dirigir - Lei n° 8.862/84. VIII - Interrogatório - o termo deve conter as assinaturas do delegado, do escrivão, este se 3d hoc, necessário o termo de compromisso, do interrogado e das testemunhas que hajam ouvido a leitura - art. 6°, do CPP. Ao menor de 21 anos e maior de 18 é de ser nomeado curador que apenas assiste o ato, podendo fazer observações no interesse do interrogado e assistido. A falta de curador não anula o inquérito, provoca o relaxamento da prisão em flagrante, por vicio formal. IX - Indiciamento - havendo indicios suficientes da autoria do delito ou ilicito penal e não apenas meras conjecturas ou suspeitas, é obrigatória a instauração do inquérito - art. 239, do CPP. X - Arquivamento do Inquérito - só ao Juiz cabe arquivar o inquérito, mas desde que ouvido o Ministério Público. Discordando o Juiz do pedido de arquivamento do inquérito, remete os autos ao Procurador Geral de Justiça, principio da devolução- art. 28, do CPP, estando o Promotor de Justiça designado para oferecer a denúncia, obrigado a fazê-lo, pois age por delegação. o arquivamento do inquérito é decisão "rebus sic standibus" e que não faz coisa julgada, podendo a qualquer tempo ser reaberto, desde que suJja fato novo. XI - Arquivamento de Inquérito a Pedido do Ministério Público - não cabe recurso. XII - Exame de Corpo de Delito -, é exame do conjunto de vestígios materiais deixados pelo crime. XIII - Juizado Especial Criminal - Lei n° 9.099/95 - não há inquérito policial e sim, termo circunstanciado, art. 61. 11 • LEGISLAÇÃO ESPECIAL LEI N° 12.015, DE 7 DE AGOSTO DE 2009. Altera o Título VI da Parte Especial do Decreto-Lei n' 2.848, de 7 de dezembro de 1940 • Código Penal, e o art. l' da Lei n' 8.072, de 25 de julho de 1990, que dispõe sobre os crimes hediondos, nos tennos do inciso XLIII do art. 52 da Constituição Federal e revoga a Lei n' 2.252, de l' de julho de 1954, que trata de corrupção de menores. o PRESIDENTEDAREPÚBLICAFaço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. l' Esta Lei altera o Titulo VI da Parte Especial do Decreto-Lei n' 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, e o art. l' da Lei n' 8.072, de 25 de julho de 1990, que dispõe sobre os crimes hediondos, nos termos do inciso XLIII do art. 5° da Constituição Federal. Art. 2' O Titulo VI da Parte Especial do Decreto-Lei n' 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal, passa a vigorar com as seguintes aijeraÇôes: "TíTULO VI DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL CAPiTULO I DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL Estupro Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção camaI ou a praticar ou permijir que com ele se pratique outro ato libidinoso: Pena. reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. 9 l' Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos: Pena. reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. 9 2' Se da conduta resuija morte: Pena. reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos." (NR) "Violação sexual mediante fraude Art. 215. Ter conjunção carnai ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dmculte a livre manifestação de vontade da vítima: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa." (NR) "Assédio sexual Art. 216-A. . . 9 2' A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos." (NR) "CAPiTULO 11 DOS CRIMES SEXUAIS CONTRA VULNERÁVEL Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a lascívia de outrem: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. Parágrafo único. (VETADO)." (NR) "Ação penal Art. 225. Nos crimes definídos nos Capitulos I e 11 deste Titulo, procede-se mediante ação penal pública condicionada á representação. Parágrafo único. Procede-se, entretanto, mediante ação penal pública incondicionada se a vitima é menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa vulnerável." (NR) "CAPíTULO V DO LENOcíNIO E DO TRÁFICO DE PESSOA PARA FIM DE PROSTITUiÇÃO OU OUTRA FORMA DE EXPLORAÇÃO SEXUAL ............................................................................................. Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual Art. 228. Induzir ou atraír alguém á prostituição ou outra fonna de exploração sexual, facilrtá-Ia, impedir ou difícurtarque alguém a abandone: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. !i l' Se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, innão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador. preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância: Pena - reclusão, de 3 (trés) a 8 (oito) anos. .............................. " (N R) "Art. 229. Manter, por conta própria ou de terceiro, estabelecimento em que ocorra exploração sexual. haja, ou não, intuito de lucro ou mediação direta do proprietário ou gerente: ................................................................................... " (NR) "Rufianismo Art. 230. .. . 9 l' Se a vitima é menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos ou se o crime é cometido por ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro. tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou por quem assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância: Pena - reclusão, de 3 (trés) a 6 (seis) anos, e multa. ~ 2° Se o crime é cometido mediante violência, grave ameaça, fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação da vontade da vitima: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, sem prejuizo da pena cerrespondente á violência." (NR) "Tráfico internacional de pessoa para fim de exploração sexual Art. 231. Promover ou facilitar a entrada, no território nacional,de alguém que nele venha a exercer a prostituição ou outra forma de exploração sexual, ou a saída de alguém que vá exercê-Ia no estrangeiro. Pena - reclusão, de 3 (trés) a 8 (oito) anos. S 1l:! Incorre na mesma pena aquele que agenciar. aliciar ou comprar a pessoa traficada, assim cemo, tendo cenhecimento dessa cendição, transportá-Ia, transferi-Ia ou alojá-Ia. 9 2' A pena é aumentada da metade se: 1- a vitima é menor de 18 (dezoito) anos; 11 - a vítima, por enfermidade ou deficiênciamental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato; 111 - se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, conJuge, companheiro. tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; ou IV - há emprego de violência, grave ameaça ou fraude. S 32 Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa." (NR) "Tráfico interno de pessoa para fim de exploração sexual Art. 231-A. Promover ou facilitar o deslocamento de alguém dentro do território nacional para o exercício da prostituição ou outra forma de exploração sexual: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. S 112 Incorre na mesma pena aquele que agenciar, aliciar, vender ou comprar a pessoa traficada, assim como, tendo conhecimento dessa condição, transportá-Ia, transferi-Ia ou alojá-Ia. (\ 2' A pena é aumentada da metade se: I - a vitima é menor de 18 (dezoito) anos; 11 - a vitima, por enfermidade ou deficiéncia mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato; 111 - se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; ou IV - há emprego de violência, grave ameaça ou fraude. (\ 3' Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também muita." (NR) Art. 3' O Decreto-Lei n' 2.848, de 1940, Código Penal, passa a vigorar acrescido dos seguintes arts. 217-A, 218-A, 218-8, 234-A, 234-8 e 234-C: "Estupro de vulnerável Art. 217-A Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos: Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. S 1" Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência. (\ 2' (VETADO) (\ 3' Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave: Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos. (\ 4' Se da conduta resulta morte: Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos." "Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente Art. 218-A Praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos." "Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual de vulnerável Art. 218-8. Submeter, induzir ou atrair á prostrtuição ou outra forma de exploração sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiéncia mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-Ia, impedir ou dificultar que a abandone: Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos. S l' Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa. 9 2Q Incorre nas mesmas penas: I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na situação descrita no caput deste artigo; 11 - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem as práticas referidas no caput deste artigo. S 3' Na hipótese do inciso 11 do S 2', constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de localização e de funcionamento do estabelecimento." "CAPiTULO VII DISPOSIÇOES GERAIS Aumento de pena Art. 234-A. Nos crimes previstos neste Titulo a pena é aumentada: I - (VETADO); 11 - (VETADO); 111- de metade, se do crime resultar gravidez; e IV - de um sexto até a metade, se o agente transmite à vitima doença sexualmente transmissível de que sabe ou deveria saber ser portador." "Art. 234-8. Os processos em que se apuram crimes definidos neste Titulo correrão em segredo de justiça." "Art. 234-C. (VETADO)." - Art. 4' O art. l' da Lei n' 8.072, de 25 de julho de 1990, Lei de Crimes Hediondos, passa a vigorar com a seguinte redação: "Art. l' . v -estupro (art. 213, caput e 99 l' e 2'); VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e 99 1',2',3' e 4'); ................................................................................... " (NR) Art. 5' A Lei n' 8.069, de 13 de julho de 1990, passa a vi90rar acrescida do seguinte artigo: "Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 (dezoito) anos, com ele praticando infração penal ou induzindo-o a praticá-Ia: Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. 9 l' Incorre nas penas previstas no caput deste artigo quem pratica as condutas ali tipificadas utilizando-se de quaisquer meios eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da internet. 9 2' As penas previstas no caput deste artigo são aumentadas de um terço no caso de a infração cometida ou induzida estar incluida no rol do art. l' da Lei n' 8.072, de 25 de julho de 1990: Art. 6' Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 7' Revogam-se os arts. 214, 216, 223, 224 e 232 do Decreto-Lei n' 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, e a Lei n' 2.252, de l' de julho de 1954. Brasilia, 7 de agosto de 2009; 188' da Independência e 121' da República. LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA Tarsa Genro Este texto não substitui o publicado no DOU de 10.8.2009
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