Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

CONDICIONAMENTO E TREINAMENTO 
DE FORÇA PARA CRIANÇA 
E ADOLESCENTE
W
B
A
04
14
_v
1.
0
2
Marina Lívia Venturini Ferreira 
Vinícius Barreto da Silva
Londrina 
Editora e Distribuidora Educacional S.A. 
2020
CONDICIONAMENTO E TREINAMENTO DE 
FORÇA PARA CRIANÇA E ADOLESCENTE
1ª edição
3
2020
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Presidente
Rodrigo Galindo
Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada
Paulo de Tarso Pires de Moraes
Conselho Acadêmico
Carlos Roberto Pagani Junior
Camila Braga de Oliveira Higa
Carolina Yaly
Giani Vendramel de Oliveira
Henrique Salustiano Silva
Juliana Caramigo Gennarini
Mariana Gerardi Mello
Nirse Ruscheinsky Breternitz
Priscila Pereira Silva
Tayra Carolina Nascimento Aleixo
Coordenador
Camila Braga de Oliveira Higa
Revisor
Túlio Bernardo Macedo Alfano Moura
Editorial
Alessandra Cristina Fahl
Beatriz Meloni Montefusco
Gilvânia Honório dos Santos
Mariana de Campos Barroso
Paola Andressa Machado Leal
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
_________________________________________________________________________________________ 
Ferreira, Marina Lívia Venturini.
F383c Condicionamento e treinamento de força para criança e 
 adolescente/ Marina Lívia Venturini Ferreira, Vinícius 
 Barreto da Silva – Londrina: Editora e Distribuidora 
 Educacional S.A., 2020.
 43 p.
 
 ISBN 978-65-5903-042-2
 
 1. Avaliar 2. Planejar 3. Acompanhar. I. Silva, Vinícius B 
arreto da. II. Título. 
CDD 796.08 ____________________________________________________________________________________________
Raquel Torres – CRB 6/2786
© 2020 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser 
reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, 
eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de 
sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, 
por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A.
4
SUMÁRIO
Conceitos fundamentais na infância e adolescência _________________ 05
Conceitos fundamentais e princípios científicos sobre prescrição de 
exercício físico para criança e adolescente __________________________ 21
Desmistificando a musculação para crianças e adolescentes ________ 38
Periodização e modelos de treinamento para crianças 
e adolescentes ______________________________________________________ 54
CONDICIONAMENTO E TREINAMENTO DE FOR-
ÇA PARA CRIANÇA E ADOLESCENTE
5
Conceitos fundamentais na 
infância e adolescência
Autoria: Vinícius Barreto da Silva
Leitura crítica: Túlio Bernardo Macedo Alfano Moura
Objetivos
• Descrever os conceitos básicos do crescimento 
Infantil.
• Explicar as etapas do desenvolvimento e da 
maturação infantil. 
• Explanar sobre conceitos relacionados à 
aprendizagem e ao desenvolvimento motor. 
6
1. Conceitos fundamentais na infância 
e na adolescência
O intervalo entre o nascimento e a idade adulta é comumente dividido 
em idade e períodos. A infância é geralmente subdividida em duas fases, 
inicial e intermediária, em que o primeiro se aproxima dos anos pré-
escolares, cerca de 1 a 5 anos de idade, enquanto o último se aproxima 
do ensino fundamental, dos 5-6 aos 10-11 anos.
O limite superior da fase intermediária da infância é arbitrário, porque é 
seguido pela adolescência, cujo início é variável. Por exemplo, algumas 
meninas da quarta série, que têm cerca de 9 e 10 anos de idade, 
já entraram nos primeiros estágios da adolescência, o que torna a 
delimitação de idade de transição entre os estágios muito subjetiva.
Além disso, o término da adolescência também é bastante variável, 
de modo que se torna muito difícil especificar quando começa a idade 
adulta. Em questões biológicas, algumas meninas são sexualmente 
maduras por volta dos 12 anos de idade e alguns meninos são por volta 
dos 14 anos, ou seja, eles são biologicamente adultos. No entanto, eles 
são adolescentes aos olhos da sociedade, uma vez que a idade adulta é 
um conceito definido socialmente, geralmente no contexto de conclusão 
do ensino médio e, em alguns casos, de conclusão da faculdade.
O grande fato é que crianças e adolescentes experimentam três 
processos importantes de interação: crescem, amadurecem e se 
desenvolvem. Esses termos são frequentemente tratados como 
tendo o mesmo significado; porém, são três tarefas distintas durante 
aproximadamente as duas primeiras décadas de vida. Dessa forma, 
ao longo deste material, abordaremos os conceitos fundamentais 
que abrangem o universo da infância e da adolescência, no intuito de 
esclarecermos pontos importantes para a atuação profissional.
7
1.1 Conceitos básicos sobre o crescimento humano
De forma geral, o crescimento refere-se ao aumento do tamanho 
do corpo como um todo e de suas partes. Assim, à medida que as 
crianças crescem, ficam mais altas e pesadas, aumentam em tecidos 
magros e gordurosos, seus órgãos aumentam de tamanho e assim por 
diante. Volume do coração e massa, por exemplo, seguem o padrão 
de crescimento do peso corporal, enquanto os pulmões e as funções 
pulmonares crescem proporcionalmente à altura. Já diferentes partes 
do corpo crescem em ritmos e tempos diferentes, o que resulta em 
mudanças em proporções do corpo, ou seja, a relação de uma parte do 
corpo para outra. As pernas, por exemplo, crescem mais rápido que o 
tronco durante a infância; portanto, a criança torna-se relativamente 
mais comprida para a sua altura (MALINA, 2010).
O crescimento infantil é considerado o melhor indicador global de 
bem-estar físico em crianças, uma vez que as práticas alimentares 
inadequadas, tanto em quantidade quanto em qualidade, e o nível 
de atividade física, ou mais frequentemente uma combinação dos 
dois, são os principais fatores que afetam o crescimento físico e o 
desenvolvimento mental em crianças. O crescimento é consequência de 
uma série de fatores relacionados ao padrão geral de vida e aspectos 
biológicos. A avaliação do crescimento infantil, portanto, não serve 
apenas como um meio para avaliar a saúde e o estado nutricional, mas 
também fornece uma excelente medição das desigualdades em saúde 
enfrentadas pelas populações (ROMANI; LIRA, 2004).
Os marcos de crescimento são os mais previsíveis, embora devam ser 
vistos dentro de cada contexto específico de influências genéticas e 
étnicas da criança. Dessa forma, é essencial traçar o crescimento da 
criança em gráficos apropriados para gênero e idade. Eles atualmente 
são disponibilizados para alguns grupos étnicos específicos, bem como 
8
para algumas síndromes genéticas (por exemplo, síndromes de Down e 
Turner).
O ganho de peso fetal é maior durante o terceiro trimestre de gestação 
e após o nascimento; já durante os primeiros poucos meses de vida, 
esse crescimento é rápido e contínuo. Todavia, ao longo do tempo, 
essa taxa tende a desacelerar, como mostra a Tabela 1. O peso ao 
nascer é recuperado por volta das 2 semanas de idade e dobra em 5 
meses, enquanto a altura não dobra até entre 3 e 4 anos de idade. O 
crescimento da cabeça durante os primeiros 5 ou 6 meses é devido à 
continuação da divisão celular neuronal; porém, mais tarde, ele acontece 
por meio do crescimento de células neuronais e da proliferação de 
tecidos de suporte (JOHNSON; BLASCO, 1997).
Tabela 1 – Parâmetros de crescimento físico médio
IDADE CIRCUNFERÊNCIA 
OCCIPITOFRONTAL ALTURA PESO 
Nascimen-
to 35 cm 50,8 cm 3 a 3,5 kg
+ 2 cm (0 a 3 meses) + 25,4 cm Reganho do peso de nascimento em 
2 semanas
+ 1 cm (3 a 6 meses) Dobro do peso de nascimento 
em 5 meses
+ 5 cm (6 a 12 meses)
 
1 anoe adolescentes é a 
dor lombar, com taxas de prevalência que se aproximam das 
encontradas em adultos, salientando-se a importância da aptidão 
física geral e da saúde da região lombar (FAIGENBAUM et al., 2009).
2. Lesão da placa de crescimento: uma preocupação comum 
associada ao treinamento de força em crianças e adolescentes é o 
potencial de lesão das estruturas responsáveis pelo crescimento 
longitudinal do osso, que incluem a fise (placa de crescimento) e 
as epífises. Tais estruturas apresentam uma composição de três a 
cinco vezes mais fraca quando comparadas ao tecido conjuntivo 
circundante, sendo mais vulneráveis a estímulos de tensão e 
cisalhamento. Lesões nessa parte do osso podem resultar em 
afastamento da prática esportiva, desconforto significativo e 
problemas de crescimento. No entanto, ainda que relatos de 
casos retrospectivos tenham notado traumas nas estruturas 
de crescimento de jovens praticantes de treinamento de força, 
50
grande parte dessas lesões foram decorrentes de escolhas 
inadequadas de exercícios, técnicas incorretas de execução e 
ausência de supervisão por profissionais qualificados. Em estudos 
prospectivos não há relatos de traumas na fise nem na epífise, 
da mesma forma que não há nenhuma evidência de que o 
treinamento de força possa ser prejudicial para o crescimento e a 
maturação de crianças e adolescentes (MCCAMBRIDGE; STRICKER, 
2008).
3. Hipertensão arterial: crianças e adolescentes com alguma 
patologia pré-estabelecida devem ser tratados com cautela, pois 
a prática de treinamento de força pode resultar em aumentos 
adicionais da pressão arterial durante a sessão, de modo que 
uma autorização médica prévia para a realização do treinamento 
garante mais segurança a todos (MCCAMBRIDGE; STRICKER, 2008).
4. Tratamentos quimioterápicos: crianças e adolescentes submetidos 
a tratamentos com antraciclinas também apresentam um 
risco aumentado de intercorrências cardiovasculares durante 
o treinamento de força devido aos efeitos tóxicos desses 
medicamentos, devendo ser acompanhados por profissionais 
médicos e do exercício (MCCAMBRIDGE; STRICKER, 2008).
5. Distúrbios convulsivos: crianças e adolescentes que apresentem 
quadros de distúrbios convulsivos devem ser suspensos de 
programas de treinamento de força até que sejam autorizados por 
seus médicos (MCCAMBRIDGE; STRICKER, 2008).
6. Hipertensão pulmonar de moderada a grave: crianças e 
adolescentes que apresentem tal patologia devem se ausentar 
de programas de treinamento de força, pois apresentam risco 
de descompensação aguda devido a alterações hemodinâmicas 
repentinas (MCCAMBRIDGE; STRICKER, 2008).
7. Cardiomiopatias: o treinamento de força não é recomendado 
para crianças e adolescentes que apresentem cardiomiopatias 
(particularmente cardiomiopatia hipertrófica), uma vez que 
podem desenvolver um agravamento da hipertrofia ventricular e 
51
da cardiomiopatia restritiva ou descompensação hemodinâmica 
secundária decorrente de um aumento agudo da pressão arterial 
pulmonar. Indivíduos com quadros de hipertensão pulmonar de 
moderada a grave também devem se ausentar de programas de 
treinamento de força, pois apresentam risco de descompensação 
aguda devido a alterações hemodinâmicas repentinas. Aqueles 
que apresentem a síndrome de Marfan, caracterizada por uma 
raiz aórtica dilatada, também não devem participar de programas 
de treinamento de força (MCCAMBRIDGE; STRICKER, 2008).
Figura 1 – Adolescente com sobrepeso praticando 
treinamento de força
 
Fonte: iStock – coffeekai/iStock.com. 
3. Conclusão
O amplo embasamento teórico adquirido nos últimos anos evidencia 
a aplicabilidade, a eficácia e a segurança do treinamento de força 
52
para crianças e adolescentes, fazendo com que este seja aceito e 
recomendado por importantes organizações médicas e da ciência 
do exercício. Seus benefícios são inúmeros, e os riscos podem ser 
minimizados com uma prescrição e supervisão de treinamento 
adequadas, seleção cuidadosa dos equipamentos e progressão de carga 
sensata, sempre realizada por profissionais da área. Assim como nas 
demais modalidade esportivas, a origem do problema se encontra na 
maneira como o treinamento de força é prescrito ou realizado, e não 
propriamente nas suas características enquanto exercício físico.
Estudos recentes apontam novos desafios. Questões relacionadas 
à motivação, à manutenção, à diversificação e à aderência aos 
programas de treinamento de força devem ser o foco das próximas 
investigações. Isso porque, mais do que aumentar o número de crianças 
e adolescentes praticantes de treinamento de força em academias, 
escolas e centros esportivos, é preciso mantê-los ativos, de modo que os 
hábitos adquiridos na infância e na adolescência se transponham para a 
vida adulta.
Referências Bibliográficas
DENCKER, M. et al. Daily physical activity related to body fat in children aged 8–11 
years. J Pediatr., [s.l.], v. 149, p. 38-42, 2006.
FAIGENBAUM, A. D. et al. Youth resistance training: updated position statement 
paper from the National Strength and Conditioning Association. The Journal of 
Strength & Conditioning Research, [s.l.], v. 23, n. 5, p. 60-79, 2009.
FAIGENBAUM, A. D.; MYER, G. D. Pediatric Resistance Training: Benefits, Concerns, 
and Program Design Considerations. Current Sports Medicine Reports, [s.l.], v. 9, 
n. 3, p. 161-168, maio/jun. 2010.
FAIGENBAUM, A. D. et al. Resistance training for kids: right from the start. ACSM’s 
Health & Fitness Journal, [s.l.], v. 20, n. 5, set./out., 2016.
HAGBERG, J. et al. Effect of weight training on blood pressure and hemodynamics in 
hypertensive adolescents. J Pediatrics, [s.l.], v. 104, p. 147-151, 1984.
53
KRAEMER, et al. Resistance training and youth. Pediatric Exercise Science, [s.l.], v. 1, 
p. 336-350, 1989.
MCCAMBRIDGE, T. M.; STRICKER, P. R. Strength training by children and adolescents. 
American Academy of Pediatrics Council on Sports Medicine and Fitness, [s.l.], 
v. 121, n. 4, p. 835-840, abr. 2008.
WHO. World Health Organization. Global Recommendations on Physical Activity 
for Health. Geneva: WHO Press, 2010. p. 58.
54
Periodização e modelos de 
treinamento para crianças e 
adolescentes
Autoria: Marina Ferreira
Leitura crítica: Túlio Bernardo Macedo Alfano Moura
Objetivos
• Fornecer uma atualização sobre o papel do 
treinamento de força para o desenvolvimento de 
crianças e adolescentes.
• Compreender a importância da periodização e dos 
diferentes modelos de treinamento dentro de um 
programa de treinamento de força voltado para 
crianças e adolescentes.
• Avaliar, planejar, prescrever e acompanhar com 
eficácia um programa de treinamento voltado para o 
desenvolvimento de crianças e adolescentes.
55
1. Introdução
O treinamento de força é considerado parte integrante de programas 
abrangentes para o condicionamento físico e a promoção da saúde 
de crianças e adolescentes. Embora não haja uma idade mínima 
para o início da prática de treinamento de força, participantes devem 
estar fisicamente e mentalmente aptos a seguir as instruções de 
seus treinadores e superar desafios inerentes a um programa de 
treinamento.
Para os profissionais de educação física, o entendimento dos modelos 
de periodização do treinamento e a apreciação da singularidade de 
crianças e adolescentes são essenciais para o desenvolvimento seguro, 
eficiente e agradável de um programa de treinamento. O planejamento, 
a prescrição e a supervisão adequados não garantem apenas segurança 
e prazer ao participante, mas aumentam a aderência e otimizam as 
adaptações.
Assim, a proposta deste Tema será atualizar e esclarecer a respeito 
dos tipos de periodização para crianças e adolescentes, bem como os 
modelos para o desenvolvimento das principais capacidades físicas 
(cardiorrespiratória, força, flexibilidade, velocidade e agilidade), com 
base nas principais diretrizes médicas e na ciência do exercício.
2. Modelo de periodização do treinamento para 
crianças e adolescentes
A periodizaçãodesportiva pode ser definida como sendo a divisão do 
tempo de treinamento em diferentes períodos, objetivando o alcance 
de um pico máximo de rendimento em uma fase específica (BOMPA, 
2002). De acordo com Dantas (2003), a periodização é o planejamento 
56
geral e detalhado do tempo disponível para treinamento, obedecendo a 
metas intermediárias previamente estabelecidas, de modo a respeitar os 
princípios científicos do treinamento desportivo.
Dentro da periodização esportiva voltada para crianças e adolescentes, 
o objetivo principal é a promoção do desenvolvimento global, 
proporcionando diversos estímulos que levem ao desenvolvimento 
de habilidades motoras básicas, além de oportunizar bases universais 
para a prática de uma variedade de atividades desportivas. Para isso, é 
necessário um planejamento progressivo e a longo prazo, estabelecendo 
pequenas metas para um determinado período (BOMPA, 2002).
2.1 Periodização linear ou clássica
Pensando no desenvolvimento global e na formação desportiva, o 
modelo de periodização tradicional ou clássica é o mais recomendado 
para crianças e adolescentes. Ele foi criado nos anos 1960 por Leev 
Pavlovich Matveev e fundamentou-se na teoria da Síndrome Geral de 
Adaptação, caracterizada pela variação das cargas de treinamento ao 
longo do tempo (OLIVEIRA; SEQUEIROS; DANTAS, 2005).
De acordo com Matveev (1990), a periodização tem por objetivo 
proporcionar ao atleta sua melhor forma desportiva durante as 
competições, ou seja, prepará-lo para um estado em que ele esteja 
apto para a obtenção de resultados. Dessa forma, o autor elaborou um 
modelo de distribuição de cargas por períodos com duração máxima de 
12 meses, sendo o primeiro período composto por 6 meses; o segundo 
com variação de 4 a 5 meses; e o terceiro composto de 1 a 2 meses. Tais 
períodos estão descritos a seguir:
1. Período preparatório 
 
Necessário para a criação e o desenvolvimento das bases para 
57
que se atinja a forma desportiva, de modo a assegurar a sua 
consolidação. Subdivide-se em outras duas subfases: a preparação 
geral e a preparação específica. 
 
A preparação geral tem por objetivo criar uma base sólida 
para o alcance da forma desportiva. Assim, é necessária a 
evolução das capacidades funcionais do organismo, por meio do 
aumento gradual do volume e da intensidade do treinamento, 
com incremento preferencial no volume. A forma desportiva 
é dependente do nível inicial de preparação física, não tendo 
um indivíduo iniciante os mesmos resultados que um indivíduo 
previamente treinado. 
 
Como essa etapa objetiva o aumento das capacidades funcionais, 
deve-se utilizar uma ampla gama de exercícios, visando ao 
desenvolvimento da resistência geral e ao aperfeiçoamento 
da força. Nessa fase, as competições devem representar uma 
porcentagem baixa. 
 
A preparação específica tem por objetivo a maior ênfase na 
estrutura e no conteúdo do treino, de modo a criar condições 
para atingir a forma desportiva. Assim, há uma tendência 
para a redução do volume total e o acréscimo da intensidade. 
A preparação técnica é essencial nessa fase e paralelamente 
se desenvolve a preparação tática, criando condições para a 
especificidade do treinamento. 
2. Período competitivo 
 
Após atingir a forma desportiva, é necessária a manutenção 
desses ganhos para que possam ser utilizados na conquista 
dos resultados desportivos. Nesse período, não devem ser 
realizadas reestruturações, já que estas poderiam limitar a forma 
58
desportiva, impedindo o alcance de resultados. Caso o período de 
competição seja curto, pode-se manter o volume geral das cargas 
de treinamento contínuo, realizando apenas uma ligeira redução 
para em seguida estabilizar. As intensidades das cargas específicas 
devem aumentar até seu máximo para em seguida também 
estabilizar. Nesse momento, ocorrem as oscilações ondulatórias 
entre volume e intensidade. Caso o período de competição seja 
longo, é necessário um novo aumento do volume geral das 
cargas após a estabilização e uma leve redução da intensidade, 
ocorrendo uma redução do volume e um aumento da intensidade 
novamente. 
3. Período de transição 
 
Após as competições, é necessário um período de descanso 
entre os macrociclos. Isso não significa que o atleta irá suspender 
completamente o processo de treinamento, mas que será 
necessária uma redução dos estímulos de modo a evitar o 
efeito acumulativo e o overtraining. É interessante que haja uma 
manutenção mínima das adaptações do treinamento, ainda que 
seja difícil a manutenção do mesmo nível de treinamento, de 
modo a iniciar um novo macrociclo com níveis de partida maiores 
que os anteriores. Esse período deve ser utilizado para a redução 
da carga de treinamento, porém com manutenção da atividade 
física, podendo ser um bom momento para a prática de diferentes 
esportes.
59
Figura 1 – Modelo proposto por Matveev para a distribuição de 
cargas dentro de um macrociclo
Fonte: adaptada de Matveev (1990).
2.2 Periodização não linear ou ondulatória
Ao contrário da periodização linear, a periodização não linear não 
segue um comportamento progressivo. Nela, a distribuição de cargas 
do treinamento acontece de forma ondulatória, alternando volume e 
intensidade, mas sem reduzir os níveis de 80% de carga máxima, ou 
seja, ela trabalha com uma intensidade elevada de maneira contínua. 
Além disso, utiliza predominantemente atividades específicas do período 
de competição, fazendo uso de intervalos profiláticos motivados pelo 
treinamento de alta qualidade, com pequena diferença entre volume e 
intensidade (GOMES, 2009).
As mudanças na intensidade e no volume acontecem mais 
frequentemente, variando ao longo dos dias ou das semanas. Esse 
tipo de periodização tem por objetivo o desenvolvimento simultâneo 
de diversas capacidades, promovendo estímulos frequentemente e 
dificultando a homeostase do organismo (FLECK, 2011).
Acredita-se que a periodização não linear seja causadora de maior 
estresse ao sistema neuromuscular em consequência da rápida e 
constante variação de estímulos (RHEA et al., 2002). Por esse motivo, é 
60
mais recomendada para alunos intermediários/avançados, não sendo 
recomendada para crianças e adolescentes, que em sua maioria estão 
iniciando programas de treinamento.
Aplicado a um programa de treinamento de força, o modelo de 
periodização não linear permite a mudança na intensidade e no 
volume em um microciclo, possibilitando o treinamento de diferentes 
componentes neuromusculares, como força, potência e resistência 
muscular localizada (RATAMESS et al., 2009). Dentro de um padrão 
de periodização não linear diária, pode-se utilizar, por exemplo, três 
diferentes zonas de treinamento, como 4-6, 8-10 e 12-15 zonas máximas 
de repetição, sendo cada uma delas realizada em um dia da semana, 
pensando-se em um total de três sessões de treinamento a cada 
semana (FLECK, 2011).
2.3 Modelo de treinamento não periodizado
O modelo de treinamento não periodizado é caracterizado pela ausência 
de variação da intensidade e do volume. Ele pode se constituir de 
maneira uniforme, havendo pouca ou nenhuma mudança no volume 
ou na intensidade; de maneira linear, com manutenção ou aumento 
do volume, enquanto a intensidade aumenta; ou aleatório, não 
apresentando mudanças sistemáticas de volume nem de intensidade.
Contudo, estudos já demonstram que o treinamento periodizado é 
superior ao não periodizado em atletas (FLECK, 2011; KRAEMER et al., 
2003) e indivíduos treinados (FRY; MORTON; KEAST, 1992).
61
3. Modelos de treinamento para as principais 
capacidades físicas
Crianças e adolescentes devem praticar no mínimo de 60 minutos de 
atividade física diária, com intensidade moderada a vigorosa, com o 
objetivo de manter a saúde (WHO, 2010). O objetivo principal dessas 
atividades deve ser o desenvolvimento de habilidades motoras básicas; 
porém, atividades para ganho de força, capacidade cardiorrespiratória, 
flexibilidade, velocidade e agilidade também devem ser incluídasna 
rotina.
As atividades em questão podem variar desde práticas esportivas até 
uma série de outras atividades mais simples, como caminhadas, práticas 
de aulas de educação física, danças e brincadeiras. Elas devem ser 
adequadas às fases de desenvolvimento e, o mais importante, variadas, 
além de proporcionarem diversão aos participantes.
3.1 Desenvolvimento de capacidade aeróbia
Como falado anteriormente, crianças e adolescentes devem praticar 
no mínimo 60 minutos de atividade física diária. Dentro dessa 
recomendação, são incluídos exercícios aeróbios de intensidade 
moderada a vigorosa, os quais devem ser realizados pelo menos 
três vezes por semana, com o objetivo de aumentar a capacidade 
cardiorrespiratória (WHO, 2010).
Para crianças e adolescentes, atividades moderadas são entendidas 
como aquelas em que o participante observa um aumento da frequência 
cardíaca e respiratória, sendo classificada em 5 ou 6, dentro de uma 
escala de 0 a 10. Já a atividade vigorosa é entendida como aquela que 
eleva consideravelmente a frequência cardíaca e respiratória, sendo 
classificada entre 7 ou 8, dentro de uma escala de 0 a 10 (GANLEY et al., 
2011).
62
Normalmente, o exercício aeróbio é prescrito por meio do uso de 
três parâmetros: intensidade, frequência e duração. Porém, quando 
se trata de crianças e adolescentes, devemos considerar que grande 
parte desses exercícios é realizada em curtos períodos, com alta 
intensidade, em vez de períodos prolongados de atividade. Nesse 
sentido, um estudo realizado com um acelerômetro demonstrou que 
episódios isolados de alta intensidade, menores ou iguais a 5 minutos, 
tiveram efeitos semelhantes sobre fatores de risco cardiometabólicos 
quando comparados a sessões prolongadas, com duração maior que 10 
minutos (HOLMAN; CARSON; JANSSEN, 2011). Assim, atividades como 
corrida, amarelinha, escalada, jogos, brincar, dançar, pular corda e 
muitos outros exercícios simples e atividades realizadas em playground 
podem ser incluídos como forma de levar ao aumento da aptidão 
cardiorrespiratória.
3.2 Desenvolvimento de força
Diretrizes internacionais incluem o treinamento de força como item 
fundamental dentro de um programa de condicionamento físico para 
crianças e adolescentes (FAIGENBAUM et al., 2009). Ele pode fazer parte 
dos 60 minutos de atividade física diária recomendado ou constituir-se 
como atividade adicional à recomendação.
Seu principal objetivo dentro de um programa de treinamento para 
crianças e adolescentes é realizar um trabalho muscular específico, 
com um nível mais alto comparado às atividades diárias normais. É 
importante notar que o treinamento de força para essa faixa etária não 
se concentra apenas no aumento da massa muscular, mas em melhorar 
o recrutamento neural, a adaptação muscular, a consciência corporal, a 
coordenação, o equilíbrio e a resistência (SALE, 1989).
A prescrição e a supervisão adequadas são fundamentais para a 
prevenção de lesões. Para a realização dos exercícios de força, podem 
63
ser utilizados o peso corporal, pesos e elásticos, exercícios pliométricos, 
além de jogos e brincadeiras como subir em árvores, cabo de guerra, 
corrida e pular corda.
Tabela 1 – Recomendações para a progressão do treinamento 
de força para crianças e adolescentes
Iniciante Intermediário Avançado
Ação Muscular Excêntrica e 
Concêntrica
Excêntrica e 
Concêntrica
Excêntrica e 
Concêntrica
Tipo de Exercício Multiarticular e 
Uniarticular
Multiarticular e 
Uniarticular
Multiarticular e 
Uniarticular
Intensidade 50-70% 1RM 60-80% 1RM 70-85% 1RM
Volume 1-2 séries x 10-15 
repetições
2-3 séries x 8-12 
repetições
≥3 séries x 6-10 
repetições
Intervalo (min.) 1 1-2 2-3
Velocidade Moderada Moderada Moderada
Frequência 
(dias/semana) 2-3 2-3 3-4
Fonte: adaptada de Faigenbaum et al. (2009).
3.3 Desenvolvimento de flexibilidade
A flexibilidade pode ser entendida como sendo a propriedade intrínseca 
dos tecidos do corpo, que determina a amplitude de movimento 
alcançada, sem que haja lesões em uma ou mais articulações (HOLT; 
HOLT; PELHAM, 1996). Já o alongamento consiste em um fator extrínseco 
do exercício, capaz de influenciar a ocorrência ou não de lesões e o 
desempenho por meio de uma adequada amplitude de movimento e 
complacência muscular (MCHUGH; COSGRAVE, 2010).
64
Pelo fato de haver poucos estudos com crianças e adolescentes, não 
são encontradas recomendações de alongamentos específicos para 
essa faixa etária, estando estas limitadas à população adulta. Assim, 
as mesmas recomendações de adultos são usadas como forma de 
orientação para exercícios de alongamentos em jovens saudáveis.
Com o objetivo de melhorar a flexibilidade e a amplitude de movimento 
a longo prazo, são recomendados exercícios de flexibilidade de 2 a 3 
vezes por semana de forma intensa, mas sem que haja um desconforto 
de mais de 30 segundos por alongamento, havendo uma repetição 
com duração de 60 segundos por grupo muscular (GARBER et al., 2011). 
Já em relação aos tipos de alongamento, são encontrados resultados 
positivos para alongamentos facilitadores estáticos, dinâmicos, 
balísticos ou proprioceptivos (GARBER et al., 2011). O aquecimento dos 
músculos, de forma dinâmica ou estática, é recomendado uma vez que 
a conformidade e a flexibilidade são beneficiadas pelo aquecimento dos 
tecidos (NOONAN et al., 1993).
Crianças e adolescentes envolvidos em atividades desportivas 
específicas devem realizar alongamentos mais específicos visando 
melhorar o desempenho. Assim, são recomendados alongamentos 
com duração de 4 a 6 minutos por grupo muscular em séries de 60-90 
segundos cada (MCHUGH; NESSE, 2008).
3.4 Desenvolvimento de velocidade e agilidade
A agilidade pode ser definida como a capacidade de realizar um 
movimento com o corpo inteiro com velocidade, envolvendo a mudança 
de direção e a resposta rápida a um estímulo (LLOYD et al., 2013). 
Sheppard e Young (2006) destacam ainda os processos de percepção e 
tomada de decisão como importantes subcomponentes da agilidade. 
Ela melhora o desempenho em atividades desportivas e pode prevenir 
o surgimento de lesões (JEFFREYS, 2006; JUNGE et al., 2011). Pode 
65
ser parte de uma sessão de treinamento regular ou integrar sessões 
especializadas.
Lloyd et al. (2013) apresentam uma visão geral do tempo a ser dedicado 
ao treinamento de diferentes componentes de agilidade dentro de 
uma sessão de treinamento ao longo do desenvolvimento de crianças 
e adolescentes. Assim, na pré-puberdade, 60% do treinamento de 
agilidade deve ser dedicado ao desenvolvimento de habilidades motoras 
fundamentais; 25% ao desenvolvimento de habilidades para mudanças 
rápidas de direção; e 15% para a agilidade reativa. Na puberdade, 
30% do tempo deve ser dedicado ao desenvolvimento de habilidades 
motoras fundamentais; 40% ao desenvolvimento de habilidades para 
a mudança rápida de direção; e 30% para a agilidade reativa. Após a 
puberdade, 20% do tempo deve ser dedicado ao desenvolvimento de 
habilidades motoras fundamentais; 20% a habilidades de mudança 
rápida de direção; e 60% ao treinamento de agilidade reativa.
Figura 2 – Criança realizando treinamento de agilidade em quadra
Fonte: adaptada de LLYOD et al. (2013).
66
4. Conclusão
O aumento do número de crianças e adolescentes praticantes de 
treinamento de força em academias, escolas e centros esportivos 
criou uma necessidade imediata de implementar programas de 
treinamento seguros, eficazes e agradáveis. Diretrizes de avaliação, 
planejamento, prescrição e acompanhamento de um programa de 
treinamento de força para essa faixa etária foram propostos pelas 
principais organizações médicas e da ciência do exercício. Profissionais 
de educação física que compreendem a singularidade dessa população 
e os modelos de treinamento estão mais preparados para planejar, 
prescrever e supervisionar programas de treinamento de força 
sustentáveis, que despertem o interesse contínuo no treinamento para a 
melhora da saúde e daaptidão física.
Pesquisas futuras devem ter como objetivo estabelecer a combinação de 
modelos e variáveis de treinamento que possam otimizar as adaptações 
neuromusculares ao mesmo tempo que despertam a motivação e 
o interesse de crianças e adolescentes, de modo a promover maior 
aderência aos programas de treinamento.
Referências Bibliográficas
BOMPA, T. O. Treinamento total para jovens campeões. São Paulo: Manole, 2002.
DANTAS, E. H. M. A prática da preparação física. 5. ed. Rio de Janeiro: Shape, 2003.
FAIGENBAUM, A. D. et al. Resistance training for kids: right from the start. ACSM’s 
Health & Fitness Journal, [s.l.], v. 20, n. 5, set./out. 2016.
FAIGENBAUM, A. D. et al. Youth resistance training: updated position statement 
paper from the National Strength and Conditioning Association. The Journal of 
Strength & Conditioning Research, [s.l.], v. 23, n. 5, p. 60-79, ago. 2009.
FLECK, S. Non-Linear Periodization for General Fitness & Athletes. Journal of 
Human Kinetics, [s.l.], v. 29, n. special issue, p. 41-45, 2011.
67
FRY, R. W.; MORTON, A. R.; KEAST, D. Periodization and the prevention of 
overtraining. Canadian Journal of Sports Science, [s.l.], v. 17, n. 3, p. 241-248, 1992.
GANLEY, K. J. et al. Health-related fitness in children and adolescents. Pediatr Phys 
Ther, [s.l.], v. 23, p. 208-220, 2011.
GARBER, C. E. et al. Quantity and quality of exercise for developing and maintaining 
cardiorespiratory, musculoskeletal, and neuromotor fitness in apparently healthy 
adults: guidance for prescribing exercise. Medicine Science in Sports Exercise, 
[s.l.], v. 43, p. 1334-1359, 2011.
GOMES, A. C. Treinamento desportivo [recurso eletrônico]: estruturação e 
periodização. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009.
HOLMAN, R. M.; CARSON, V.; JANSSEN, I. Does the fractionalization of daily physical 
activity (sporadic vs bouts) impact cardiometabolic risk factors in children and 
youth? PLos One, [s.l.], v. 6, n. 10, 2011.
HOLT, J.; HOLT, L. E.; PELHAM, T. W. Flexibility redefined. In: BAUER, T. (ed). 
Biomechanics in Sports XIII. Thunder Bay, Ontario: Lakehead University, 1996. p. 
170-174.
JEFFREYS, I. Motor learning–Applications for agility, part 1. Strength Cond J, [s.l.], v. 
28, p. 72–76, 2006.
JUNGE, A. et al. Countrywide campaign to prevent soccer injuries in Swiss amateur 
players. American Journal of Sports Medicine, [s.l.], v. 39, p. 57–63, 2011.
KRAEMER, W. J. et al. Physiological changes with periodized resistance training. 
Medicine and Science in Sports Exercise, [s.l.], v. 35, n. 1, p. 157-168, 2003.
LLOYD, R. S. et al. Considerations for the Development of Agility During Childhood 
and Adolescence. Journal of Strength and Conditioning Research, [s.l.], v. 35, n. 3, 
2013.
MATVEEV, L. O processo de treino desportivo. 2. ed. Lisboa: Livros Horizontes, 
1990.
MCCAMBRIDGE, T. M.; STRICKER, P. R. Strength training by children and adolescents. 
American Academy of Pediatrics Council on Sports Medicine and Fitness, [s.l.], 
v. 121, n. 4, p. 835-840, abr. 2008.
MCHUGH, M. P.; COSGRAVE, C. H. To stretch or not to stretch: the role of stretching 
in injury prevention and performance. Scand J Med Sci Sports, [s.l.], v. 20, p. 169-
181, 2010.
MCHUGH, M. P.; NESSE, M. Effect of stretching on strength loss and pain after 
eccentric exercise. Medicine Science Sports Exercise, [s.l.], v. 40, p. 566-573, 2008.
NOONAN, T. J. et al. Thermal effects on skeletal muscle tensile behavior. Am J Sports 
Med, [s.l.], v. 21, p. 517-522, 1993.
OLIVEIRA, A.; SEQUEIROS, J.; DANTAS, E. Matveev e Verkhoshanski: estudo 
comparativo entre o modelo de periodização clássica de Matveev e o modelo de 
68
periodização por blocos de Verkhoshanski. Fitness & Performance Journal, [s.l.], v. 
4, n. 6, p. 358-362, 2005.
RATAMESS, N. et al. Progression Models in Resistance Training for Healthy Adults. 
Medicine and Science in Sports and Exercise, [s.l.], v. 34, n. 2, p. 364-380, 2009.
RHEA, M. R. et al. A comparison of linear and daily undulating periodized programs 
with equated volume and intensity for strength. Journal of Strength and 
Conditioning Research, Champaign, v. 16, p. 250-255, 2002.
SALE, D. Strength training in children. In: GISOLFI, C. V.; LAMB, D. R. (ed.). 
Perspectives in Exercise Science and Sports Medicine: Youth, Exercise, and Sport. 
Indianapolis, IN: Benchmark Press, 1989, p. 165-216.
SERPELL, B. G.; YOUNG, W. B.; FORD, M. Are the perceptual and decision-making 
components of agility trainable? A preliminary investigation. Journal Strength 
Conditioning Research, [s.l.], v. 25, p. 1240-1248, 2011.
SHEPPARD, J. M.; YOUNG, W. B. Agility literature review: Classifications, training and 
testing. J Sports Sci, [s.l.], v. 24, p. 919-932, 2006.
WHO. World Health Organization. Global Recommendations on Physical Activity 
for Health. Geneva: WHO Press, 2010. p. 58.
69
BONS ESTUDOS!
	Sumário
	Conceitos fundamentais na infância e adolescência
	Objetivos
	1. Conceitos fundamentais na infância e na adolescência
	Referências Bibliográficas
	Conceitos fundamentais e princípios científicos sobre prescrição de exercício físico para criança e 
	Objetivos
	1. Conceitos fundamentais e princípios científicos sobre prescrição de exercício físico para
	Referências Bibliográficas
	Desmistificando a musculação para crianças e adolescentes
	Objetivos
	1. Introdução
	2. Treinamento de força para crianças e adolescentes
	3. Conclusão
	Referências Bibliográficas
	Periodização e modelos de treinamento para crianças e adolescentes
	Objetivos
	1. Introdução
	2. Modelo de periodização do treinamento para crianças e adolescentes
	3. Modelos de treinamento para as principais capacidades físicas
	4. Conclusão
	Referências Bibliográficas47 cm 76,2 cm 10 kg
+ 2 cm + 12,7 cm Triplo do peso de nascimento
 
2 anos 49 cm 88,9 cm 12 a 12,5 kg
Quádruplo do peso de nascimento
 
Fonte: adaptada de Johnson e Blasco (1997).
Ao longo do processo de crescimento, ocorrem algumas acelerações 
bruscas que podem ser denominadas de saltos de crescimento. Ao 
9
longo da infância e da adolescência, o indivíduo passa por vários saltos 
de crescimento, todos com sua importância específica; todavia, podemos 
destacar um como sendo o mais relevante, que é o que acontece 
durante a puberdade.
O salto da puberdade tende a atingir seu pico máximo aos 12 anos 
de idade nas meninas e aos 14 anos de idade nos meninos. Ele é 
extremamente importante, pois traz um aumento expressivo, tanto do 
peso como da altura, o que ocasionará diferenças significativas, não 
observadas anteriormente, entre os meninos e as meninas em relação 
ao peso e à estatura (UNESCO, 2013).
Embora a maioria dos indivíduos abaixo ou acima do tamanho 
médio não apresente disfunções, há um aumento da prevalência de 
deficiências de desenvolvimento nessas duas subpopulações. Muitas 
síndromes genéticas estão associadas à baixa estatura, enquanto 
síndromes de grande estatura são menos comuns. Novamente, ao 
considerar o desvio da normalidade em uma criança específica, com 
base no padrão construído pelo National Center of Health Statistics (NCHS) 
(1977/1978), adotado como referência internacional pela Organização 
Mundial da Saúde (OMS), as características genéticas advindas dos 
familiares devem ser consideradas. O conceito de altura parental 
média é útil em determinar se uma determinada criança apresenta 
tamanho condizente ao seu processo de crescimento e desenvolvimento 
(HOWARD, 1990).
10
Figura 1 – Fatores que podem influenciar no crescimento
Fonte: elaborada pelo autor.
1.2 Desenvolvimento e Maturação Infantil
A maturação refere-se ao progresso em direção à maturidade ou ao 
estado de maturidade biológica. É um conceito operacional, porque o 
estado maduro varia com o sistema corporal, uma vez que todos os 
tecidos, órgãos e sistemas do corpo amadurecem.
É um processo que deve ser visto em dois contextos, timing e tempo. O 
timing refere-se aos eventos maturacionais específicos; por exemplo, a 
idade em que ocorre o início do desenvolvimento dos seios em meninas, 
a idade de aparecimento de pelos púbicos em meninos e meninas, 
ou a idade de crescimento máximo durante o pico de crescimento do 
adolescente. Já o tempo refere-se à taxa de progressão da maturação; 
por exemplo, a rapidez ou lentidão com que o jovem passa pelo pico 
de crescimento adolescente. Tanto o timing quanto o tempo variam 
consideravelmente entre os indivíduos (MALINA, 2010).
11
De acordo com Haywood e Getchell (2016), o desenvolvimento motor se 
refere ao processo de mudanças no movimento contínuo relacionado 
à idade, além das interações entre fatores do indivíduo, ambiente e 
tarefa. Quando as crianças experimentam a vida em casa, escola, igreja, 
esportes, recreação e outras atividades comunitárias, desenvolvem-se 
nas áreas cognitiva, social, emocional, moral e assim por diante. Elas 
estão aprendendo a comportar-se de maneira culturalmente apropriada 
(ROMANI, 2004).
Os três processos, crescimento, maturação e desenvolvimento, ocorrem 
ao mesmo tempo e interagem entre si, influenciando o autoconceito da 
criança, a autoestima, a imagem corporal e a competência percebida. 
Dessa forma, os professores e treinadores devem estar cientes dessas 
interações, uma vez que uma incompatibilidade entre as demandas 
de um esporte e as etapas de crescimento e maturação normais pode 
ser uma fonte de estresse entre jovens atletas. Como um jovem está 
lidando com sua maturação sexual ou com seu surto de crescimento, 
por exemplo, pode influenciar seus comportamentos, incluindo aqueles 
relacionados ao esporte (MALINA, 2010).
Entre as formas de se avaliar o status de maturidade e o progresso de 
crianças e adolescentes, podemos citar a avaliação das maturações 
esquelética e sexual. A maturação do esqueleto concentra-se nos ossos 
da mão e do punho, que geralmente refletem o restante do esqueleto; 
dessa forma, um raio-X da mão e do pulso é necessário para avaliar 
a maturação esquelética. Esse é um método valioso e útil durante 
a infância e adolescência para o acompanhamento do progresso e da 
maturidade; além de poder ser usado, em uma certa idade, para prever 
a altura adulta. Todavia, o método tem utilidade limitada fora de um 
ambiente clínico (MACHADO, 2007).
12
Figura 2 – Comparação da radiografia de mão e punho de um 
adulto e uma criança
Fonte: https://media.gazetadopovo.com.br/2009/09/f33b4bf34730afc8a8709f762353407d-
gpLarge.jpg . Acesso em: 7 set. 2020.
A maturação sexual é baseada no desenvolvimento dos seios e pelos 
púbicos nas meninas e nos testículos e pelos púbicos nos meninos, 
avaliação normalmente feita por um médico no exame clínico. Todavia, 
como proposto por Matsudo e Matsudo (1991), a autoavaliação pode 
ser utilizada como um método mais simples e menos invasivo para 
o avaliado. Além disso, a idade em menarca, o primeiro período 
menstrual, é o indicador mais comumente usado de maturidade sexual 
em meninas (MACHADO, 2007).
https://media.gazetadopovo.com.br/2009/09/f33b4bf34730afc8a8709f762353407d-gpLarge.jpg
https://media.gazetadopovo.com.br/2009/09/f33b4bf34730afc8a8709f762353407d-gpLarge.jpg
13
Figura 3 – Diretrizes para mudanças esperadas de altura, peso e 
composição corporal
Pré-adolescência ou pré-puberdade (dos 6 aos 10 anos de idade)
Espera-se que as crianças cresçam, ou seja, aumentem de peso e altura. Embora haja muita variação 
entre os individuos, elas ganham, em média, cerca de 5-8 cm (2 a 3 polegadas) e cerca de 2-3 kg (5 
a 7 libras) por ano entre os 6 e os 10 anos de idade. Na adolescência, com o início da puberdade, as 
taxas de crescimento aumentam, primeiro em altura e depois em peso.
Adolescência e puberdade
A adolescência é caracterizada pelo pico de crescimento e maturação sexual.
A seguir encontram-se as tendências centrais que caracterizam o pico de crescimento:
MENINAS:
•	 Começa entre 9 e 10 anos.
•	 Atinge o máximo por volta dos 12 anos.
•	 Fica mais lento após os 12 anos.
•	 A taxa desacelera após os 12 anos; porém, o crescimento continua até os 16 
ou 18 anos.
MENINOS:
•	 Começa entre 11 e 12 anos.
•	 Atinge o máximo por volta dos 14 anos.
•	 Fica mais lento após os 14 anos.
•	 A taxa desacelera após os 14 anos; porém, o crescimento continua até os 18 
ou 20 anos.
O crescimento em altura continuará até os 20 anos em alguns meninos e em algumas meninas. Há 
grande variação entre os individuos em relação ao TIMMING (quando ocorre o pico) e ao TEMPO (taxa 
de progressso por meio do pico).
O peso corporal, a massa livre de gordura e a massa muscular também mostram picos nos adolescen-
tes; ocorrem, em média, vários meses após a taxa máxima de crescimento em altura.
Durante o intervalo de crescimento máximo em altura (cerca de 11-13 anos em meninas e 13-15 anos 
em meninos), as meninas ganham cerca de 7 kg de massa livre de gordura, enquanto os meninos ga-
nham o dobro desse valor, 14 kg. No entanto, as meninas ganham um pouco mais de massa gorda do 
que os meninos durante o intervalo do estirão de crescimento, 3 kg versus 1,5 kg.
Fonte: adaptada de Malina (2014).
As duas características mais óbvias da maturação biológica durante 
a adolescência são a puberdade ou maturação sexual e o pico de 
14
crescimento. O primeiro sinal fisicamente aparente de maturação sexual 
em meninas é geralmente o desenvolvimento inicial das mamas, seguido 
pelo aparecimento de pelos pubianos. Já nos meninos, em média, é o 
aumento dos testículos, seguido pelo aparecimento de pêlos pubianos.
Cada uma dessas características sexuais secundárias passam por 
uma série de mudanças conforme o indivíduo passa da puberdade à 
maturidade, sendo geralmente avaliadas por um médico em um exame 
clínico, uma vez que sua avaliaçãorequer a invasão da privacidade do 
jovem em um momento da vida em que está aprendendo a lidar com as 
alterações fisiológicas que ocorrem durante a puberdade. Desta forma, 
seu monitoramento requer o máximo cuidado e sensibilidade para o 
jovem envolvido (UNESCO, 2013).
O início do aparecimento dos sinais de maturação sexual em meninas 
ocorre, em média, por volta dos 10 anos de idade, mas pode ocorrer 
antes dos 9 anos em cerca de 10% das meninas e não antes dos 12 anos 
em outros 10%. O desenvolvimento das mamas maduras ocorre, em 
média, entre os 14 e 15 anos de idade. No entanto, a maturidade pode 
ocorrer por volta dos 12 anos em algumas meninas e não antes dos 16 
ou 17 anos em outras.
O progresso do desenvolvimento inicial ao amadurecimento da mama é 
altamente variável. Algumas meninas podem passar pelo processo em 
dois anos, enquanto outras podem levar cinco ou mais anos. A menarca, 
o primeiro período menstrual, é um evento de maturação bastante 
tardio da puberdade, ocorrendo normalmente após o crescimento 
máximo em altura, em uma idade média de 12,8 anos (MALINA, 2014).
O aumento inicial dos órgãos genitais (testículos e pênis) marca o 
primeiro sinal fisicamente aparente de maturação sexual em meninos. 
Ocorre, em média, por volta dos 11 anos de idade, mas pode ocorrer aos 
9 anos em cerca de 10% dos meninos e não antes de 13 anos em outros 
10%. O desenvolvimento genital maduro ocorre, em média, por volta 
15
dos 15 anos de idade. Contudo, a maturidade pode ocorrer aos 13 anos 
e após os 18 anos. O progresso do desenvolvimento genital inicial ao 
maduro é altamente variável; assim, alguns meninos podem passar pelo 
processo em dois anos, enquanto outros podem levar cerca de cinco ou 
mais anos (MALINA, 2014).
É importante que professores e treinadores estejam cientes de tal 
variação entre os indivíduos, bem como da importância da maturação 
sexual para o crescimento e o desenvolvimento comportamental. A 
maturação sexual em meninos é acompanhada de ganhos marcantes 
na massa muscular e força e alargamento dos ombros em relação aos 
quadris. Já nas meninas, é acompanhada por ganhos menores de massa 
muscular e força, por um alargamento dos quadris em relação aos 
ombros e por ganhos na gordura. O resultado líquido são diferenças 
de sexo em força, constituição corporal e composição corporal no final 
da adolescência e na idade adulta jovem. A maturação sexual também 
influencia o desenvolvimento comportamental, como aumento da 
autoconsciência, preocupação com o ganho de peso em meninas, 
relacionamentos com o sexo oposto, e assim em diante (UNESCO, 2013).
1.3 Desenvolvimento motor
Para realizar uma classificação significativa sobre a competência motora 
de uma criança, o pediatra deve organizar dados coletados, como exame 
físico e exame de neurodesenvolvimento, de acordo com o seguinte 
esquema proposto por Malina (2014):
1. Marcos de desenvolvimento motor.
2. Exame neurológico clássico.
3. Marcadores cerebrais de maturação neuromotora (primitivos 
reflexos e reações posturais).
Marcos do desenvolvimento motor são extraídos da história bem como 
de observações durante o exame de neurodesenvolvimento. Para esse 
16
tipo de análise, são necessárias tabelas de referências de sequências 
de marcos de desenvolvimentos motores brutos e finos. Os resultados 
da avaliação em qualquer um dos domínios são resumidos com uma 
indicação da idade de desenvolvimento da criança, ou seja, essa 
abordagem torna possível classificar a criança em termos do seu nível de 
funcionamento em comparação com a idade cronológica.
O Quociente de Desenvolvimento (QD) é a idade de desenvolvimento 
dividida pela idade cronológica vezes 100 (veja o exemplo a seguir). 
Isso fornece uma expressão simples de desvio da normalidade. Um 
quociente acima de 85 em qualquer domínio é considerado dentro dos 
limites normais, enquanto um quociente abaixo de 70 é considerado 
anormal. Já um quociente entre 70 e 85 representa um resultado que 
justifica um acompanhamento rigoroso, como demonstrado na Tabela 3 
(MALINA, 2014).
Exemplo: Um menino de 12 meses é levado para supervisão de saúde. 
Ele não caminha sozinho, mas se levanta para ficar de pé (9 meses), 
passa por móveis (10 meses) e caminha bem quando sua mãe segura 
as duas mãos (10 meses). Essa criança tem uma idade motora grossa de 
10 meses e uma idade cronológica de 12 meses. Essa discrepância de 2 
meses deve ser uma preocupação? Para decidir, deve-se calcular o QD 
usando os marcos motores:
QD = Quociente de Desenvolvimento; IM = Idade Motora; IC = Idade Cronológica
𝑄𝑄𝑄𝑄 = IM
𝐼𝐼𝐼𝐼 × 100 = 10 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚
12 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 x 100 = 83 
 
17
Tabela 2 – Diretrizes para a classificação do QD
QD CLASSIFICAÇÃO
> 85 Normal
70–85
Zona Suspeita (necessita de
acompanhamento próximo)
o desenvolvimento cognitivo via manipulação de 
objetos (UNESCO, 2013).
Como foi possível observar, o processo de crescimento, maturação 
e desenvolvimento motor infantil passa por diferentes estágios, que 
influenciam diretamente na formação e na evolução das habilidades 
motoras dos indivíduos. Desse modo, a compreensão dos diferentes 
20
estágios e das habilidades que devem ser desenvolvidas em cada um 
deles é de extrema importância para a atuação assertiva do profissional 
de Educação Física nos diferentes campos, uma vez que o universo 
que abrange o movimento humano em geral se encontra como um 
dos principais objetos desta área e, consequentemente, como um dos 
pilares de sua atuação profissional.
Referências Bibliográficas
CATTUZZO, M. T. et al. Motor competence and health related physical fitness in 
youth: a systematic review. J Sci Med Sport, [s.l.], v. 19, n. 2, p. 123-129, 2016.
HAYWOOD, K. M.; GETCHELL, N. Desenvolvimento motor ao longo da vida. 6. ed. 
Artmed: Porto Alegre, 2016.
HOWARD, B. J. Growing together: a guide to how babies and parents develop. 
Contemp. Pediatr., [s.l.], v. 7, p. 12-40, 1990.
JOHNSON, C. P.; BLASCO, P. A. Infant Growth and Development. Pediatrics in 
Review, [s.l.], v. 18, n. 7, p. 224-242, 1997.
MACHADO, F. A. Crianças e adolescentes: fatores relacionados ao crescimento, 
desenvolvimento e maturação biológica; implicações para a prática de exercício 
físico. Sa Bios-Rev. Saúde e Biol., Campo Mourão, v. 2, n. 1, p. 1-3, jan./jun. 2007.
MALINA, R. M. Basic principles of growth and maturation. In: SILVA, M. J. C. et 
al. (ed.). Youth sports: growth, maturation and talent. Coimbra: Imprensa da 
Universidade de Coimbra, 2010.
MALINA, R. M. Top 10 research questions related to growth and aturation of 
elevance to physical activity, performance, and fitness. Res Q Exerc Sport., [s.l.], v. 
85, n. 2, p. 157-173, 2014.
MATSUDO, S. S. M.; MATSUDO, V. K. R. Validade da auto-avaliação na determinação 
da maturação sexual. Rev. Bras. Ciênc. Mov., [s.l.], v. 5, n. 2, p. 18-35, 1991.
PIPER, M. C; DARRAH, J. Motor Assessment of the Developing Infant. Philadelphia, 
Penn: WB Saunders Co, 1994.
ROMANI, S. A. M; LIRA, P. I .C. Fatores determinantes do crescimento infantil. Rev. 
Bras. Saúde Mater. Infant., Recife, v. 4, n. 1, p. 15-23, mar. 2004.
UNESCO. Crescimento, desenvolvimento e maturação. Brasília: Fundação Vale, 
UNESCO, 2013.
21
Conceitos fundamentais e 
princípios científicos sobre 
prescrição de exercício físico para 
criança e adolescente
Autoria: Vinícius Barreto da Silva
Leitura crítica: Túlio Bernardo Macedo Alfano Moura
Objetivos
• Conceituar exercício físico.
• Conceituar atividade física.
• Apresentar os princípios científicos do treinamento 
com pesos.
22
1. Conceitos fundamentais e princípios 
científicos sobre prescrição de exercício 
 físico para criança e adolescente
O desenvolvimento da força e da potência muscular por meio do 
treinamento resistido em crianças e adolescentes ainda é objeto de 
alguns debates e críticas. Os primeiros estudos, ao não demonstrarem 
aumentos de força em crianças que participaram de um programa de 
treinamento de resistência, levaram à ideia de que o treinamento de 
resistido é ineficaz em crianças. A Academia Americana de Pediatria 
(AAP, 1989) concluiu que meninos pré-púberes (que se encontram na 
fase 1 ou 2 dos pelos pubianos) não melhoraram significativamente 
sua força ou aumentaram sua massa muscular em um programa 
de treinamento resistido, devido a uma circulação insuficiente de 
andrógenos no sangue.
Todavia, a maioria das pesquisas recentes fornecem evidências 
convincentes de que as crianças e os adolescentes engajados em 
programas de treinamento resistido, planejados de maneira adequada, 
podem aumentar significativamente sua força e potência muscular, a 
níveis acima dos normais de crescimentos e maturação. Dessa forma, 
ao longo deste material, estudaremos os conceitos fundamentais e 
os princípios científicos sobre a prescrição de exercícios físicos para 
criança e adolescente, principalmente sobre o que tange o universo 
do treinamento resistido ou, como popularmente é conhecido, a 
musculação.
1.1 Conceitos básicos sobre atividade física, exercício 
físico e treinamento resistido
Por muito tempo os conceitos de Atividade Física (AF) e Exercício Físico 
(EF) foram tratados como sinônimos; todavia, atualmente os conceitos 
23
de ambos estão bem definidos com base na literatura. Desse modo, 
podemos definir a AF como qualquer atividade do nosso sistema 
locomotor que gere um gasto energético que sobressaia aos níveis de 
repouso. Já o EF é uma atividade conceituada com uma abrangência 
menor, ou seja, envolve movimentos realizados com planejamento, 
organização e repetição no intuito do desenvolvimento ou da 
manutenção de uma ou mais capacidades físicas (CASPERSEN; POWELL; 
CHRISTENSON, 1985).
Assim, podemos entender que todo EF é também uma AF; porém, 
apenas algumas AF são classificadas como EF. Entre as modalidades 
de EF podemos citar o Treinamento Resistido (TR), também conhecido 
como treinamento de força ou musculação, como uma das atividades 
mais praticadas. Ele consiste em uma modalidade de EF que exige o 
movimento muscular realizado contra uma resistência, que pode ser 
gerada por meio da utilização de pesos, como anilhas e halteres, ou 
por meio de alguns equipamentos específicos (GRANACHER; LESINSKI; 
BÜSCH, 2016).
Os objetivos do TR devem se concentrar nos objetivos específicos do 
participante do programa, que podem ser melhorar a força, a partir do 
aumento da potência ou do volume muscular melhorar a resistência 
muscular; ou ainda uma combinação de ambos. Além disso, alguns 
estudos observaram associações positivas entre a aptidão muscular, 
a saúde óssea e a autoestima (GRANACHER; LESINSKI; BÜSCH, 2016; 
MILLER; CHEATHAM; PATEL, 2010; BEHRINGER et al., 2010).
Já quando falamos do âmbito esportivo, os programas de TR devem 
ser especificamente planejados, levando em consideração as várias 
demandas do esporte em questão. Por exemplo, um atleta que corre 
na pista e um atleta que joga beisebol podem ter o mesmo objetivo de 
melhoria da força muscular, mas devem ter programas adaptados às 
demandas do respectivo esporte.
24
Assim, o planejamento de tais programas, para condicionamento e 
treinamento específico do esporte, devem ser feitos por profissionais 
devidamente treinados, levando o atleta aos objetivos em questão. 
Isso permitirá que o exercício seja realizado no intuito de realizar 
a promoção ou auxiliar na aquisição de habilidades motoras, para 
melhorar o desempenho e os marcadores de bem-estar e reduzir o risco 
de lesões esportivas.
Além disso, Granacher, Lesinski e Büsch (2016) analisaram os principais 
benefícios de implementar exercícios de aumento da aptidão muscular e 
sugeriu que o TR aumenta a tolerância às demandas de treinamento de 
longo prazo, enquanto induz a saúde a longo prazo, promovendo efeitos 
que seguem até a idade adulta.
O TR é considerado seguro para crianças e adolescentes se for 
planejado de forma adequada, considerando o emocional e o estágio de 
desenvolvimento maturacional do participante. Isso ajudará a minimizar 
quaisquer lesões associadas às placas de crescimento, cartilagem 
e estrutura esquelética geral. O termo TR pode ser usado de forma 
intercambiável com o levantamento de peso, mas esse uso muitas vezes 
é inapropriado, uma vez que o levantamento de peso como modalidade 
competitiva não é recomendado para crianças ou adolescentes (MILLER; 
CHEATHAM; PATEL, 2010).
1.2 Princípios científicos do TR para crianças e 
adolescentes
Acredita-se que o TR na juventude tira proveito da sinergia entre as 
adaptações fisiológicas exigidas pelo treinamento em conjunto com a 
proliferação natural de adaptações devido à maturação. Durante a pré-
pubescência, a experiência da juventude é intensificada pela proliferação 
neural e maturação do sistema nervoso central (SNC). Desse modo, 
o aumento da cargae o estresse no corpo fornecem um estímulo 
25
adicional para a proliferação, resultando em um aumento sinérgico na 
proliferação neural em comparação com jovens que não participam do 
TR (NEGRA et al., 2016).
Estudos também demonstram que jovens e adolescentes iniciantes no 
TR desenvolvem maiores ganhos de força em comparação com adultos 
iniciantes. Essa disparidade também apoia a sugestão de que o aumento 
das adaptações neurais durante a maturação fisiológica é sinérgico com 
as demandas físicas desse treinamento (GRANACHER; LESINSKI; BÜSCH, 
2016).
No passado, pensava-se que o TR era prejudicial para jovens e foi 
contraindicado por muito tempo, especificamente por preocupação 
relacionada a possíveis danos que seriam causados pelas altas forças 
exercidas sobre o esqueleto do adolescente, que poderiam resultar 
em um aumento de lesões epifisárias, atrofiando o potencial de 
crescimento. Entretanto, vários estudos vêm contrapondo essa teoria, 
demonstrando que quando planejado de forma adequada, os jovens 
que incorporam esse treinamento em suas práticas podem apresentar 
uma diminuição nas taxas de fratura e lesões musculotendíneas 
associadas à prática esportiva específica. Isso ocorre devido ao aumento 
no índice de resistência óssea e no conteúdo mineral, ao fortalecimento 
dos tendões e à melhoria da força de músculos acessórios, promovidos 
pela atividade (LEGERLOTZ et al., 2016).
O TR é benéfico para o esqueleto imaturo em vários aspectos. O 
aumento da carga no esqueleto causa mudanças no conteúdo 
mineral ósseo, que por sua vez está positivamente correlacionado 
ao aumento na força óssea. Além disso, esse aumento no conteúdo 
mineral ósseo também está relacionado ao aumento do tempo de 
prática de TR semanal, ou seja, o aumento do número de horas de 
treinamento com pesos na semana acarreta um aumento proporcional 
no conteúdo mineral ósseo, desde seja realizado com a qualidade 
adequada, respeitando o controle adequado das variáveis de controle 
26
da intensidade do treinamento e a execução correta dos exercícios. 
Desse modo, podemos sugerir que um jovem submetido a 4 horas de TR 
por semana, por exemplo, terá ganhos significativamente maiores em 
conteúdo mineral ósseo em comparação a jovens submetidos a apenas 
2 horas por semana, considerando que o treinamento possua os ajustes 
adequados, garantindo sua qualidade (NEGRA et al., 2016).
No que diz respeito aos tendões, o TR pode ocasionar mudanças na 
composição e na espessura, o que permite uma maior quantidade 
de estresse que pode ser tolerado sem ferimentos. A composição do 
tendão muda em uma taxa mais rápida devido ao TR em comparação 
com os aumentos na área da seção transversa da estrutura. Os tendões 
dos adolescentes são capazes de aumentar a área seccional por longos 
períodos, conforme evidenciado por ginastas, ciclistas e atletas de 
esportes com bola, quem têm maiores áreas transversais dos tendões 
de Aquiles em comparação com não esportistas de idade semelhante. 
Todavia, o mecanismo exato de como o TR leva a mudanças na área da 
seção transversal e na composição do tendão a ainda não está claro 
(LEGERLOTZ et al., 2016).
A musculatura em crianças é reforçada pelo TR de várias maneiras, 
como por meio do aumento a longo prazo da área de seção transversa 
fisiológica do músculo, do aumento do comprimento do fascículo e dos 
ângulos de penação, os quais estão associados ao aumento da força, 
independentemente do processo de maturação. Além disso, alguns 
trabalhos indicam uma correlação dos ganhos de força e a duração 
dos programas de treinamento, o que enfatiza que os mais longos são 
ligeiramente mais benéficos do que aqueles semelhantes de menor 
duração.
Assim, assume-se que as crianças são capazes de ganhar força além 
dos ganhos promovidos pelas mudanças neurológicas que ocorrem 
predominantemente nas primeiras semanas de treinamento de força. 
Dessa forma, é possível que esses ganhos adicionais de força sejam 
27
advindos das mudanças estruturais, como a controversa e debatida 
hipertrofia, mesmo em estágios maturacionais iniciais (BEHRINGER et al., 
2010).
1.3 Diretrizes para a prescrição de TR para crianças e 
adolescentes
Devido às diferenças interindividuais na tolerância ao estresse, o TR 
precisa ser cuidadosamente prescrito e desenvolvido, uma vez que 
sua prescrição excessiva pode resultar em overtraining, enquanto sua 
prescrição insuficiente resultará em adaptações subótimas. Por esse 
motivo, a magnitude do esforço individual junto com a estruturação 
sistemática do programa de treinamento resistido precisa ser 
monitorada cuidadosamente. Além disso, cuidados (como supervisão 
qualificada, ambiente seguro, triagem de saúde) devem ser tomados 
quando crianças e adolescentes desejam participar desse tipo de 
programa.
É consenso que o modelo, a intensidade e o volume do TR necessários 
para promover um resultado específico dependerão do resultado que 
se deseja alcançar. Por exemplo, um programa de TR necessário para 
melhorar a composição corporal em adolescentes obesos pode ser 
diferente de um desenvolvido para reduzir a probabilidade de lesões 
relacionadas ao esporte em jovens atletas.
Portanto, uma vez que uma criança é considerada saudável o suficiente 
para participar de um programa de TR, questões relacionadas 
aos objetivos, as quais podem afetar o desenho do programa de 
treinamento, devem ser identificadas e tratadas. Embora a maioria 
dos programas de TR para jovens visem melhorar coletivamente vários 
desses objetivos, um fator-chave é o planejamento apropriado, que 
inclui a instrução e a supervisão adequadas dos exercícios, a prescrição 
correta das variáveis do programa e a inclusão de métodos específicos 
28
de progressão que manterão o estímulo de treinamento eficaz 
(BEHRINGER et al., 2010).
Além disso, uma vez que os estudos presentes na literatura demonstram 
que o prazer medeia os efeitos dos programas de atividade física para 
jovens, a importância de criar uma experiência de exercício agradável 
não deve ser esquecida. Entre as variáveis do programa que devem 
ser controladas, podemos citar o aquecimento, a escolha, a ordem dos 
exercícios, a intensidade do treinamento, o volume de treinamento, 
os intervalos de descanso entre as séries e os exercícios, a velocidade 
de repetição (cadência), a frequência de treinamento e a variação do 
programa. O Quadro 1 resume as diretrizes do TR para crianças e 
adolescentes (BEDOYA; MILTENBERGER; LOPEZ, 2015).
Quadro 1 – Diretrizes para a prescrição do TR para 
crianças e adolescentes
 
 
 - Forneça instrução e supervisão qualificadas. 
 - Certifique-se de que o ambiente de exercícios seja se-
guro e livre de perigos. 
 - Comece cada sessão com um período de aquecimento 
dinâmico de 5 a 10 minutos. 
 
- Comece com 1 série de 10 a 15 repetições com uma 
carga moderada em uma variedade de exercícios. 
 
- Avance para 2 ou 3 séries de 6 a 15 repetições, depen-
dendo das necessidades e dos objetivos. 
 
- Aumente a resistência gradualmente (5% a 10%), con-
forme a força melhora.
 
 
- Concentre-se na técnica correta do exercício, e não na 
quantidade de peso levantado. 
 
- Realize o TR de 2 a 3 vezes por semana em dias não 
consecutivos. 
29
 
- Use registros de treino individualizados para monitorar 
o progresso. 
 
- Mantenha o programa atualizado e desafiador, varian-
do-o sistematicamente. 
 
 
 
Fonte: adaptado de Faigenbaum (2007).
1.3.1 Aquecimento
Embora protocolos de aquecimento que incluem exercícios aeróbicos 
de baixa intensidade e alongamento estático tenham se tornado uma 
prática padrão, nos últimos anos, crenças antigas sobre a prática 
rotineira de alongamento estático pré-treino foram questionadas. 
Recentemente, tem havido um interesse crescente em procedimentos 
de aquecimento que envolvam a execução de movimentos dinâmicos 
(por exemplo, saltos e exercícios baseados em movimentos para a parte 
superior e inferior do corpo)projetados para elevar a temperatura 
corporal central, aumentar a excitabilidade da unidade motora, 
melhorar a consciência cinestésica e maximizar as amplitudes ativas de 
movimento (FAIGENBAUM, 2007).
O aquecimento dinâmico pode criar um ambiente ideal para o TR, 
melhorando a função neuromuscular. Recentemente, foi relatado 
que protocolos de treinamento que incluem exercícios preparatórios 
de intensidade moderada a alta, envolvendo movimentos dinâmicos, 
podem aumentar o desempenho de força em jovens e reduzir a 
probabilidade de lesões. Todavia, isso não quer dizer que o alongamento 
estático deva ser eliminado do programa de TR de um jovem, mas sim 
que o potencial impacto da realização de exercícios dinâmicos antes 
do TR sobre seu desempenho deve ser considerado. Uma sugestão 
razoável é realizar atividade dinâmica de 5 a 10 minutos durante o 
30
aquecimento, e alongamento estático durante a volta à calma (BEDOYA; 
MILTENBERGER; LOPEZ, 2015).
1.3.2 Escolha e ordem dos exercícios
Embora um número ilimitado de exercícios possa ser usado para 
melhorar a aptidão muscular, é importante selecionar exercícios que são 
apropriados para uma criança em relação ao tamanho do corpo, o nível 
de aptidão e experiência em relação à técnica de execução do exercício. 
Além disso, a escolha de exercícios deve promover o equilíbrio muscular 
entre as articulações e os grupos musculares antagônicos (por exemplo, 
quadríceps e isquiotibiais).
Máquinas de peso (as específicas para crianças e as de tamanho adulto), 
pesos livres, elásticos e medicine balls têm sido usados por crianças 
e adolescentes em programas de exercícios clínicos e escolares. Na 
maioria dos casos, pode ser razoável iniciar o TR em máquinas de peso 
e progredir gradualmente aos exercícios de peso livre e medicine ball, 
que geralmente requerem mais coordenação e habilidade para serem 
executados corretamente. Independentemente do modo de exercício, 
as fases concêntricas e excêntricas de cada movimento devem ser 
realizadas de forma controlada e de maneira condizente com a técnica 
adequada do exercício (GRANACHER; LESINSKI; BÜSCH, 2016).
Existem muitas maneiras de organizar a sequência de exercícios em 
uma sessão de TR. A maioria dos jovens deve realizar exercícios de 
corpo inteiro várias vezes por semana, que envolvem vários exercícios 
que estimulam todos os principais grupos musculares em cada sessão. 
Nesse tipo de treino, exercícios de grandes grupos musculares devem 
ser realizados antes de exercícios de grupos musculares menores; e 
exercícios multiarticulares (que envolvem mais de uma articulação, como 
o agachamento e o leg press) devem ser realizados antes de exercícios 
monoarticulares (que envolvem apenas uma articulação, como a rosca 
31
direta e a cadeira extensora). Seguindo essa ordem, será possível utilizar 
cargas mais pesadas nos exercícios multiarticulares, devido a uma 
menor fadiga.
Também é útil realizar exercícios desafiadores no início do treino, 
quando o sistema neuromuscular está menos fatigado. Assim, se uma 
criança está aprendendo como realizar um exercício de agachamento 
com barra, por exemplo, este deve ser realizado no início da sessão de 
treinamento para que ela possa praticar o exercício sem interferência da 
fadiga (GRANACHER; LESINSKI; BÜSCH, 2016).
1.3.3 Intensidade do treino
A variável mais importante na concepção de um programa de TR é a 
intensidade do treinamento. Todavia, para maximizar os ganhos na 
aptidão muscular, os jovens devem primeiro aprender a realizar cada 
exercício corretamente e então aprender como executar cada série 
até a fadiga volitiva (definida como a incapacidade de completar uma 
repetição por causa da fadiga temporária), usando uma resistência 
apropriada. O esforço individual, combinado com um programa de 
treinamento bem elaborado, acabará por determinar as adaptações que 
ocorrem (FAIGENBAUM, 2007).
O uso de repetição máxima (RM) é um método relativamente simples 
para prescrever a intensidade do TR. Alguns estudos envolvendo 
adultos sugerem que cargas de 6 ou menos RM têm maior efeito no 
desenvolvimento de força muscular, enquanto cargas de 20 ou mais 
RM têm maior impacto no desenvolvimento de resistência muscular 
localizada. No entanto, a maioria dos estudos envolvendo jovens sugere 
que cargas mais leves e repetições mais altas (por exemplo, 10 a 15 RM) 
são mais benéficas para melhorar a força muscular durante o período 
inicial de adaptação (cerca de 8 semanas).
32
Uma vez que diferentes combinações de séries e/ou repetições podem 
ser necessárias para promover ganhos a longo prazo na aptidão 
muscular, a melhor abordagem para uma criança ou adolescente 
consiste em começar o TR com uma série de 10 a 15 repetições com 
uma carga moderada e progredir gradualmente o programa de 
treinamento, dependendo dos objetivos e do tempo disponível para 
treinamento (GRANACHER; LESINSKI; BÜSCH, 2016).
Ao prescrever uma intensidade adequada de treinamento para jovens, 
parece ser razoável em um primeiro momento estabelecer uma faixa 
de repetição (por exemplo, 10 a 15) e, em seguida, ajustar a carga 
para manter a intensidade desejada. Em uma tentativa de auxiliar na 
prescrição de exercícios de força, podemos utilizar uma escala subjetiva 
de percepção de esforço específica para crianças. A escala de esforço 
percebido para crianças, que é uma adaptação da Escala de Borg 
(1982), contém expressões verbais ao longo de uma faixa numérica 
de respostas de 0 a 10 e descritores pictóricos que representam uma 
criança variando os níveis de esforço enquanto realiza treinamento de 
força (Figura 1).
As informações subjetivas advindas dessa escala, combinadas com as 
informações relacionadas à experiência e aos objetivos de treinamento, 
podem ser usadas para auxiliar na prescrição de programas de TR 
para jovens de forma segura e eficaz. Alguns autores, como Naclerio 
et al. (2011), Day et al. (2004) e Robertson (2004), sugerem que uma 
classificação de esforço de 6 ou 7 sobre o esforço percebido para 
crianças na escala é consistente com uma intensidade de treinamento 
de aproximadamente 75% de uma repetição máxima, que é a 
intensidade de treinamento desejável para a maioria dos jovens 
(FAIGENBAUM, 2007).
33
Figura 1 – Escala de Esforço Percebido para Crianças
Fonte: adaptada de Faigenbaum (2007).
1.3.4 Volume do treino
O número de exercícios realizados por sessão, as repetições 
realizadas por série e o número de séries realizadas por exercício 
influenciam o volume de treinamento. Embora haja algum debate 
sobre o volume de treinamento, é importante lembrar que as sessões 
de treinamento não precisam ser caracterizadas pelo mesmo número 
de séries, repetições e exercícios. A National Strength and Conditioning 
Association (NSCA, 2009) recomenda que crianças e adolescentes 
34
realizem de 1 a 3 séries em cada exercício para atingir as metas de 
aptidão muscular.
Em geral, é razoável começar o TR com uma série de vários exercícios 
e, em seguida, progredir gradualmente para protocolos de 2 ou 3 
séries, seguindo as primeiras semanas de treinamento. Embora 
estudos de treinamento de longo prazo (> 6 meses) sejam necessários 
para explorar os efeitos de diferentes modelos de TR para jovens, 
treinamentos compostos por protocolos de várias séries provaram 
ser mais eficazes do que protocolos de conjunto único em adultos, 
e é provável que descobertas semelhantes ocorram em crianças e 
adolescentes a longo prazo (BEDOYA; MILTENBERGER; LOPEZ, 2015).
1.3.5 Velocidade das repetições
A velocidade ou a cadência com que um exercício de força é realizado 
pode afetar as adaptações a um programa de treinamento. Dessa 
forma, considerando que os iniciantes precisam aprender como 
executar cada exercício corretamente, é recomendado que jovens 
não treinados realizem exercícios resistidos em uma velocidade 
moderada. Posteriormente, quando ganhar experiência com TR, 
diferentes velocidades podem ser usadas, dependendo da escolha 
do exercício(por exemplo, exercício de máquina de peso livre) e dos 
objetivos do programa (BEDOYA; MILTENBERGER; LOPEZ, 2015).
1.3.6 Frequência de treino
Uma frequência de TR de 2 a 3 vezes por semana em dias não 
consecutivos é recomendada para crianças e adolescentes. Evidências 
indicam que apenas um dia por semana de TR pode ser subótimo 
para aumentar a força muscular de jovens. Além disso, em trabalho 
realizado por Faigenbaum et al. (2002), foi demonstrado que após 
oito semanas de treinamento de força progressivo (uma série de 
35
10-15 repetições em 12 exercícios), crianças que treinaram uma vez 
por semana atingiram 67% de 1 RM em comparação às crianças que 
treinaram duas vezes por semana.
A frequência de treinamento de duas ou três vezes por semana em 
dias não consecutivos permite uma recuperação adequada entre as 
sessões (48 a 72 horas entre sessões) e será eficaz para melhorar 
força e desempenho musculoesquelético. Fatores como volume, 
intensidade, seleção de exercícios, ingestão nutricional e hábitos 
de sono também devem ser considerados ao prescrever uma 
frequência de treinamento, pois podem influenciar na capacidade 
de recuperação e de adaptação ao programa de treinamento 
(LEGERLOTZ et al., 2016).
1.3.7 Variação do programa
Alterando periodicamente as variáveis do programa, os ganhos 
de desempenho de longo prazo irão ser otimizados e o risco de 
lesões por uso excessivo pode ser reduzido. O conceito em que um 
programa de treinamento é sistematicamente variado ao longo do 
tempo é conhecido como periodização. Também é razoável sugerir 
que crianças e adolescentes que participam de um programa de TR, 
progressivo e bem planejado, e continuam a melhorar sua saúde e 
aptidão terão uma melhor aderência ao programa de exercício.
Além disso, mudar os exercícios sistematicamente, o número de 
séries e/ou as repetições e o intervalo de descanso entre as séries e 
os exercícios pode ajudar a evitar os platôs de treinamento, que não 
são incomuns após as primeiras 8 a 12 semanas de TR. A longo prazo, 
programas de TR periodizados (com recuperação adequada entre as 
sessões de treinos) permitem que os participantes obtenham ganhos 
adicionais, pois o corpo é desafiado a se adaptar a demandas ainda 
maiores (FAIGENBAUM, 2007).
36
Como foi possível observar, o universo que permeia a prescrição do 
TR é complexo e depende de diversos fatores, ainda mais quando 
tratamos da prescrição para crianças e adolescentes. Todavia, com 
base nas informações apresentadas neste material, podemos chegar 
à conclusão de que, com um planejamento cuidadoso de séries, 
repetições e exercícios, o estímulo de treinamento permanecerá 
eficaz, e, portanto, a relação esforço-benefício será maximizada.
Referências Bibliográficas
AAP. American Academy of Pediatrics, Committee on Sports Medicine. Anabolic 
steroids and the adolescent athlete. Pediatrics, [s.l.], v. 83, p. 127-128, 1989.
BEDOYA, A. A.; MILTENBERGER, M. R.; LOPEZ, R. M. Plyometric Training Effects on 
Athletic Performance in Youth Soccer Athletes: A Systematic Review. J Strength 
Cond. Res., [s.l.], v. 29, p. 2351-2360, 2015.
BEHRINGER, M. et al. Effects of Resistance Training in Children and Adolescents: a 
meta-analysis. Pediatrics, [s.l.], v. 126, e1199, 2010.
CASPERSEN, C. J.; POWELL, K. E.; CHRISTENSON, G. M. Physical activity, exercise, 
and physical fitness: definitions and distinctions for health-related research. Public 
Health Rep., [s.l.], v. 100, p. 126-131, 1985.
DAY, M. L. et al. Monitoring exercise intensity during resistance training using the 
session RPE scale. J Strength Cond Res, [s.l.], v. 18, p. 353-358, 2004.
FAIGENBAUM, A. et al. Comparison of 1 and 2 days per week of strength training in 
children. Res. Q Exerc. Sport, [s.l.], v. 73, p. 416-424, 2002.
FAIGENBAUM, A. Resistance training for children and adolescents: are there health 
outcomes? Am J Lifestyle Med., [s.l.], v. 1, p. 190-200, 2007.
GRANACHER, U.; LESINSKI, M.; BÜSCH, D. Effects of Resistance Training in Youth 
Athletes on Muscular Fitness and Athletic Performance: A Conceptual Model for 
LongTerm Athlete Development. Front Physiol, [s.l.], v. 7, n. 164. 2016.
LEGERLOTZ, K. et al. Physiological Adaptations following Resistance Training in Youth 
Athletes-A Narrative Review. Pediatr Exerc Sci., [s.l.], v. 28, p. 501-520, 2016.
MILLER, M. G.; CHEATHAM, C. C.; PATEL, N. D. Resistance training for adolescents. 
Pediatr Clin North Am., [s.l.], v. 57, p. 671-682, 2010.
NACLERIO, F. et al. Control of Resistance Training Intensity by the Omni Perceived 
Exertion Scale. J Strength Cond Res, [s.l.], v. 25, n. 7, p. 1879-1888, 2011.
37
NEGRA, Y. et al. Effects of High-Velocity Resistance Training on Athletic Performance 
in Prepuberal Male Soccer Athletes. J Strength Cond. Res., [s.l.], v. 30, p. 3290-3297, 
2016.
NSCA. National Strength and Conditioning Association. Strength and Conditioning 
Professional Standards and Guidelines. Strength and Conditioning Journal, [s.l.], v. 
31, n. 5, p. 14-38, out. 2009.
ROBERTSON, R. J. Perceived Exertion for Practitioners. Champaign, IL: Human 
Kinetics, 2004.
38
Desmistificando a musculação para 
crianças e adolescentes
Autoria: Marina Ferreira
Leitura crítica: Túlio Bernardo Macedo Alfano Moura
Objetivos
• Fornecer uma atualização sobre o papel do 
treinamento de força para o desenvolvimento de 
crianças e adolescentes.
• Compreender a importância do treinamento 
de força como parte de uma abordagem para o 
desenvolvimento de crianças e adolescentes.
• Avaliar, planejar, prescrever e acompanhar com 
eficácia um programa de treinamento de força 
voltado para o desenvolvimento de crianças e 
adolescentes.
39
1. Introdução
Nos últimos anos, houve um aumento no número de crianças e 
adolescentes praticantes de treinamento de força em academias, escolas 
e centros esportivos. Simultaneamente, um maior corpo de evidências 
foi criado acerca dos benefícios desse tipo de treinamento para essa 
faixa etária. Pesquisas iniciais focaram em relatar seus efeitos sobre a 
aptidão física e sua relação com o crescimento e o desenvolvimento dos 
jovens.
No entanto, recentemente, a ênfase mudou para os efeitos do 
treinamento de força na redução dos fatores de risco para doenças 
não transmissíveis. Isso pode ser explicado pelas mudanças no 
comportamento dos jovens, que passaram a adquirir hábitos mais 
sedentários, levando muitos estudos a se preocuparem com os impactos 
do treinamento de força sobre os parâmetros de saúde.
Um amplo embasamento teórico foi adquirido nos últimos tempos e o 
treinamento de força foi considerado parte integrante de programas 
abrangentes para o condicionamento físico e a promoção da saúde de 
crianças e adolescentes. Contudo, este ainda é um tema polêmico, que 
pode gerar controvérsias.
Por esse motivo, a proposta deste Tema será atualizar e esclarecer os 
assuntos e as recomendações relacionados ao treinamento de força 
para crianças e adolescentes. Entre os tópicos abordados, iremos falar 
sobre o contexto histórico, os mecanismos fisiológicos, os benefícios e os 
riscos de um programa de treinamento de força voltado para essa faixa 
etária.
40
2. Treinamento de força para crianças e 
adolescentes
Recomendações de saúde global sugerem que crianças e adolescentes 
devam realizar pelo menos 60 minutos diários de atividade física com 
intensidade moderada a vigorosa. Além de atividades aeróbicas, a 
participação regular em atividades de fortalecimento muscular também 
é incentivada em uma rotina semanal de exercícios (WHO, 2010).
O aumento da aptidão muscular deve ser considerado fator 
fundamental para o desenvolvimento físico de crianças e adolescentes, 
uma vez que algum nível de produção de força é necessário para 
o desenvolvimento das habilidades motoras no início da vida 
(FAIGENBAUM et al., 2016). Pesquisas indicam que o treinamento 
de força pode levar a uma melhora de habilidades motoras básicas, 
como saltar, correr, arremessar e jogar. Além disso, a ausência de 
forçamuscular pode prejudicar o desenvolvimento de competências e 
habilidades motoras necessárias para a realização de uma variedade de 
atividades e esportes (FAIGENBAUM et al., 2009).
Nesse texto, o termo treinamento de força irá se referir a todos os 
exercícios que envolvem a capacidade de superar uma ampla gama 
de cargas resistivas, sejam elas aparelhos de musculação, pesos livres 
(barras e halteres), elásticos, medicine ball e peso corporal (FAIGENBAUM 
et al., 2010). Aqui, treinamento de força se difere de esportes como 
levantamento de peso e powerlifting, nos quais atletas treinam 
periodicamente com o intuito de levantar quantidades máximas de peso 
para participar de competições (FAIGENBAUM et al., 2010).
2.1 Contexto histórico do treinamento de força para 
crianças e adolescentes
41
Até as décadas de 1970 e 1980, havia uma grande discussão entorno 
da utilização do treinamento de força para crianças e adolescentes. Isso 
estava relacionado ao alto risco presumido de lesões associadas a esse 
tipo de treinamento. Além disso, havia a crença de que esse tipo de 
treinamento poderia, por levar ao aumento da força muscular, impedir 
o crescimento, causar lesões na coluna vertebral, causar deficiências no 
coração e até mesmo levar à impotência sexual.
Em 1986, um dos primeiros estudos conduzidos em crianças pré-
púberes relatou aumento da força muscular após nove semanas 
de treinamento de força. No entanto, em 1989, Kraemer e seus 
colaboradores publicaram uma importante revisão sobre os fatores 
que influenciavam o ganho de força em crianças e adolescentes, 
apresentando um modelo de integração entre fatores de crescimento 
e desenvolvimento com potenciais ganhos de força por meio do 
treinamento.
Embora a segurança e a eficácia do treinamento de força ainda 
fossem questionadas, Kraemer e seus colaboradores foram os 
pioneiros em desenvolver um programa de treinamento de força 
baseado em evidências e aplicações práticas e voltado para programas 
de condicionamento físico em crianças e adolescentes. Assim, foi 
demonstrado pela primeira vez que o treinamento de força era um 
método seguro, eficaz e válido para o condicionamento dessa faixa 
etária (KRAEMER et al., 1989; FAIGENBAUM et al., 2010).
Após algum tempo, estudos passaram a investigar os efeitos de 
diferentes protocolos de treinamento de força em crianças pré-púberes, 
sendo relatados importantes ganhos da força muscular. Desde então, 
diversas pesquisas têm expandido os conhecimentos a respeito do 
tema. Nos anos 2000, relatórios baseados em evidências sobre a 
segurança e a eficácia do treinamento de força fizeram com que este 
fosse aceito e recomendado por organizações médicas e da ciência do 
exercício (FAIGENBAUM et al., 2009; MCCAMBRIDGE; STRICKER, 2008).
42
Atualmente, as recomendações de saúde globais objetivam aumentar 
o número de jovens praticantes de atividades de fortalecimento 
muscular, e um número crescente deles já está envolvido em algum tipo 
de treinamento de resistência em escolas, academias de ginásticas e 
centros esportivos. Dessa forma, fica implícita a importância de conhecer 
as diretrizes pelas quais os exercícios de força podem melhorar a saúde, 
a aptidão física e o desempenho esportivo de populações mais jovens.
2.2 Fisiologia do treinamento de força para crianças e 
adolescentes
Os processos de crescimento, maturação e desenvolvimento estão 
em constante evolução em crianças e adolescentes, sendo observadas 
diversas alterações quantitativas e qualitativas. Assim, é possível notar 
ao longo dos anos ganhos em altura, peso, consumo máximo de 
oxigênio, capacidade anaeróbica e força muscular. Também podem ser 
notórios ganhos significativos de força, acima e além do crescimento e 
da maturação, durante o desenvolvimento de crianças e adolescentes, 
desde que estes se envolvam em programas de treinamento de força, 
com intensidade, volume e duração adequados (FAIGENBAUM et al., 
2009; FAIGENBAUM et al., 2010).
Quando realizadas anteriormente ao pico de velocidade de crescimento, 
as adaptações decorrentes do treinamento de força não parecem muito 
evidentes. Isso se deve à ausência de níveis adequados de hormônios 
circulantes, como a testosterona, levando as crianças a terem maiores 
dificuldades de aumentar a massa muscular em comparação com 
adultos.
Em pré-adolescentes, um programa de treinamento de força pode 
resultar em aumentos da força muscular, ainda que não sejam 
observados ganhos hipertróficos na mesma magnitude. Isso pode ser 
explicado pelo fato de que as adaptações do treinamento de força 
43
nessa faixa etária, assim como em adultos, estão mais associadas a 
mecanismos neurais (aumento da ativação, integração, sincronização 
e recrutamento de unidades motoras) e adaptações musculares 
intrínsecas (aumento do torque de contração) (FAIGENBAUM et al., 2009; 
FAIGENBAUM et al., 2010).
Na puberdade, esse quadro começa a mudar. Devido ao estímulo 
promovido pela secreção testicular de testosterona nos homens, 
podemos observar um considerável aumento da massa muscular e um 
crescimento linear. O treinamento de força, quando introduzido a partir 
dessa fase, pode resultar em ganhos de força induzidos também por 
adaptações hipertróficas, uma vez que hormônios androgênicos, como a 
testosterona, estão atuantes nesse momento.
Já nas mulheres, a magnitude da hipertrofia muscular se mantém 
limitada, uma vez que estas apresentam menores quantidades de 
testosterona (resultante da conversão enzimática de androgênicos 
precursores na glândula adrenal), ainda que outros hormônios e fatores 
de crescimento (por exemplo, o hormônio do crescimento e fatores 
de crescimento semelhantes à insulina) possam ser parcialmente 
responsáveis pelo desenvolvimento da massa muscular. Embora ainda 
seja um campo incerto, alterações na arquitetura da fibra muscular (por 
exemplo, no ângulo de penação) e mudanças nas influências inibitórias 
centrais também devem ser consideradas como fatores relacionados ao 
ganho de força em jovens (FAIGENBAUM et al., 2009; FAIGENBAUM et al., 
2010).
As adaptações decorrentes da puberdade também refletem padrões 
diferentes de força e coordenação (neuromuscular) entre homens e 
mulheres. Potência, força e coordenação corporal aumentam com 
a idade cronológica nos homens, estando relacionadas ao estágio 
maturacional; ao passo que, em mulheres púberes não treinadas, 
observa-se pouca melhora na força, no equilíbrio e na potência 
muscular (FAIGENBAUM et al., 2010). Tal fato pode ser evidenciado, por 
44
exemplo, com a aplicação de um teste de salto vertical (uma medida de 
potência para membros inferiores), no qual os valores atingidos pelos 
homens aumentam constantemente durante a puberdade, o que não é 
observado nas mulheres.
Tais divergências no desenvolvimento neuromuscular entre homens 
e mulheres na puberdade também podem explicar em parte o risco 
maior de lesões no sexo feminino. Contudo, devido aos menores níveis 
de desempenho neuromuscular basal, ganhos relativos decorrentes da 
prática de treinamento de força podem ser mais bem observados em 
mulheres em comparação aos homens (FAIGENBAUM et al., 2010).
2.3 Benefícios do treinamento de força para crianças e 
adolescentes
Nos últimos anos, um corpo de pesquisa convincente vem 
demonstrando que a utilização do treinamento de força é fundamental 
para a melhora da saúde e da aptidão física de crianças e adolescentes 
(MCCAMBRIDGE; STRICKER, 2008; FAIGENBAUM et al., 2009). Embora 
a prática de exercícios físicos voltados para o desenvolvimento da 
capacidade aeróbia ainda seja o foco da maior parte das pesquisas 
pediátricas, muitos estudos já demonstram que o treinamento de força 
pode oferecer benefícios únicos para crianças e adolescentes quando 
devidamente prescritos e supervisionados por profissionais da área. A 
melhora da composição corporal, do perfil lipídico, da quantidade de 
açúcar no sangue, da força muscular, de habilidades motoras e da saúde 
óssea são apenas alguns bons exemplosdas alterações induzidas pelo 
treinamento de força (FAIGENBAUM et al., 2009).
Benefícios psicológicos e de bem-estar também estão relacionados 
com a prática de atividades físicas. Além disso, é importante ressaltar 
que hábitos adquiridos durante a infância e a adolescência tendem 
a se transpor para a vida adulta, levando a um maior número de 
45
adultos mais ativos. Assim, uma boa razão para incentivar crianças e 
adolescentes a praticarem exercícios físicos regularmente é o fato de 
que a inserção de atividades físicas no início da vida pode reduzir o risco 
do desenvolvimento de doenças no futuro.
A seguir, podemos conferir os principais benefícios do treinamento de 
força para crianças e adolescentes:
1. Risco cardiovascular 
 
A melhora da composição corporal (relação entre massa gorda 
e massa magra) em crianças e adolescentes por meio do 
treinamento de força tem se mostrado um importante tópico 
em vista da alta prevalência de obesidade nessa faixa etária. 
Atualmente, a obesidade é considerada um problema de saúde 
pública e está associada ao desenvolvimento de diabetes tipo 
2, que pode ser levada para a vida adulta. O comportamento 
sedentário constitui-se uma das principais causas da obesidade, 
embora fatores genéticos, psicossociais, econômicos e ambientais 
também desempenhem seu papel. 
 
É importante ressaltar ainda que, embora a prática de exercícios 
aeróbicos seja tradicionalmente recomendada para indivíduos 
obesos, o excesso de peso corporal pode levar a maiores 
dificuldades na realização das atividades, além de aumentar o 
risco de lesões musculoesqueléticas durante a prática (DENCKER 
et al., 2006). Por esse motivo, o treinamento de força pode ser 
mais bem aceito por jovens obesos, que tendem a preferir curtos 
períodos de atividade física intercalados com breves períodos de 
descanso entre as séries e os exercícios. 
 
Já em relação aos fatores hemodinâmicos, ainda não é clara a 
influência do treinamento de força sobre a pressão arterial de 
crianças e adolescentes, embora estudos sugiram que este possa 
46
ser considerado um tratamento não farmacológico importante 
para indivíduos hipertensos (HAGBERG et al., 1984). Da mesma 
forma, os efeitos do treinamento de força sobre o perfil lipídico 
dessa faixa etária ainda não são bem documentados, embora 
dados iniciais sugiram resultados positivos (FAIGENBAUM et al., 
2009). 
2. Saúde óssea 
 
Os processos de desenvolvimento e remodelamento ósseo 
que ocorrem durante a infância e a adolescência podem ser 
oportunizados por estímulos de força, tração e compressão 
decorrentes do treinamento de força. Isso porque a contração 
muscular leva a um aumento da atividade de osteoblastos, células 
anabólicas responsáveis pela produção da parte orgânica da 
matriz óssea e, consequentemente, ao aumento da mineralização. 
 
Os mecanismos de ganho de massa óssea podem ainda ser 
otimizados quando realizados próximo ao pico máximo de 
crescimento, caracterizado pela fase da puberdade. Não obstante, 
os efeitos osteogênicos estão relacionados com a magnitude 
da carga e da frequência de aplicação do estímulo, que, quando 
repetidos, otimizam a hipertrofia óssea (FAIGENBAUM et al., 2010). 
 
Assim, quando seguidas as diretrizes nutricionais, com a 
adequada ingestão de cálcio, somadas a um programa de 
treinamento de força condizente com a idade, podemos observar 
importantes ganhos em densidade mineral óssea nessa faixa 
etária. É importante ressaltar também que o treinamento de 
força durante a infância e a adolescência pode exercer influência 
positiva na prevenção de distúrbios ósseos no futuro, evitando o 
desenvolvimento de doenças como a osteoporose (FAIGENBAUM 
et al., 2009).
47
3. Saúde psicossocial e bem-estar 
 
Estudos demonstram que os benefícios do treinamento resistindo 
superam medidas físicas e podem ser comprovados também no 
âmbito da saúde psicossocial e do bem-estar. Outros notaram 
melhorias significativas no humor e nos fatores de autoavaliação 
em crianças que participaram de um programa de atividade física 
que incluiu treinamento de força. Além disso, há evidências de 
que crianças envolvidas em programas de treinamento de força 
tiveram uma melhora na socialização e na disciplina mental, de 
forma semelhante ao que ocorre com participantes de esportes 
em equipe (FAIGENBAUM et al., 2009). 
4. Desempenho motor e esportivo 
 
Melhorias de habilidades motoras básicas, tais como saltar, 
correr e lançar, foram observadas em crianças e adolescentes 
que realizaram o treinamento de força. Ganhos importantes 
também foram observados naqueles envolvidos em treinamentos 
pliométricos. 
 
Assim, como observado em adultos, a combinação do treinamento 
de força com o treinamento pliométrico parece ser mais vantajosa 
para o desenvolvimento motor de crianças e adolescentes. 
Contudo, os ganhos obtidos são bastante dependentes do 
programa de treinamento realizado, de forma que o princípio da 
especificidade deve ser levado em consideração quando avaliados 
tais dados (FAIGENBAUM et al., 2009). 
5. Lesões relacionadas ao esporte 
 
Um programa de treinamento de força devidamente prescrito e 
supervisionado pode levar a uma redução da probabilidade de 
48
lesões relacionadas ao esporte em crianças e adolescentes, além 
de ser utilizado em programas de reabilitação de lesões pré-
estabelecidas, o que é um fatores importante, uma vez que o risco 
de osteoartrite na vida adulta pode ser aumentado por certas 
lesões na juventude (FAIGENBAUM et al., 2009; MCCAMBRIDGE; 
STRICKER, 2008).
2.4 Riscos do treinamento de força para crianças e 
adolescentes
Uma das maiores preocupações associadas ao treinamento de força em 
crianças e adolescentes diz respeito aos presumidos riscos associados 
a ele. De fato, assim como em qualquer outro exercício ou atividade 
desenvolvida para essa população, o risco de intercorrências é algo 
inerente. Contudo, uma parte desse medo que se criou entorno dessa 
prática está relacionada aos dados publicados durante as décadas de 
1970 e 1980 pelo Sistema Nacional de Vigilância de Lesão (NEISS) da 
Comissão de Segurança de Produtos de Consumo dos Estados Unidos, 
que utilizavam números de departamentos de emergência para fazer 
projeções das lesões relacionadas aos exercícios e aos equipamentos. 
Porém, esses dados eram baseados em relatos de pacientes, ficando 
difícil concluir se realmente estavam relacionados aos exercícios e aos 
equipamentos ou a técnicas de execução inadequadas (FAIGENBAUM et 
al., 2009).
Estudos prospectivos atuais demonstram que as taxas de lesões 
decorrentes do treinamento de força em crianças e adolescentes, 
quando em ambientes supervisionados e com execução correta dos 
movimentos, são inferiores às que ocorrem durante a prática de 
modalidades esportivas e até mesmo nas escolas durante os intervalos 
da aula (MCCAMBRIDGE; STRICKER, 2008). Na grande maioria dos 
estudos publicados, nenhuma lesão evidente foi reportada, mesmo 
quando utilizada uma ampla variedade de regimes de treinamento. Na 
49
verdade, as lesões relacionadas ao treinamento de força parecem estar 
mais ligadas a progressões de carga excessivas e técnicas incorretas de 
execução.
De fato, a prescrição e a supervisão de treinamento adequadas, com 
seleção cuidadosa dos equipamentos e progressão de carga sensata, 
são fatores essenciais para a redução de acidentes. Além disso, é 
importante ressaltar que o risco de lesão em crianças e adolescentes 
pode ser significativamente reduzido por meio de períodos adequados 
de descanso entre as sessões de treinamento (FAIGENBAUM et al., 2010).
A seguir, podemos conferir os principais riscos do treinamento de força 
para crianças e adolescentes:
1. Lesão de tecidos moles: ocorre principalmente devido ao uso 
repetitivo de certas estruturas durante a prática de treinamento 
de força, sendo uma lesão difícil de ser determinada, pois muitas 
vezes não causa idas a setores médicos e de emergência. Nesse 
sentido, uma lesão comum em crianças

Mais conteúdos dessa disciplina