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Derivada Lucas G Mesquita lucasgmesquita@gmail.com 11 de julho de 2013 1 Definic¸a˜o de derivada Dado uma func¸a˜o f : R → R, muitas vezes queremos saber sua taxa de variac¸a˜o, isto e´, se os valores de uma func¸a˜o crescem muito rapidamente, decrescem rapidamente, se ficam invaria´veis, etc. Sabemos que, se a e x sa˜o dois valores no domı´nio de f, enta˜o a variac¸a˜o me´dia de f entre esses valores e´ f(x)− f(a) x− a . A partir disso, sabemos, em me´dia, como variou f entre a e x. Pore´m, muitas vezes na˜o estamos interessados na variac¸a˜o me´dia da func¸a˜o em um certo intervalo do domı´nio, mas sim da variac¸a˜o instantaˆnea de f em um determinado ponto a do domı´nio. Para encontrar essa variac¸a˜o, podemos usar a equac¸a˜o acima e tomar o limite quando x fica cada vez mais pro´ximo de a, isto e´, tal variac¸a˜o instantaˆnea e´ lim x→a f(x)− f(a) x− a . Para deixar a equac¸a˜o acima mais ”limpa”, podemos fazer h = x − a (portanto x = a + h) e observarmos que se x→ a, enta˜o h→ 0. Assim, a equac¸a˜o acima se torna lim h→0 f(a+ h)− f(a) h . Esse valor e´ chamado de derivada de f em a, e denotado por f ′(x) (leˆ-se ”f linha de a”). Exemplo: Encontre a derivada de f(x) = x2 − 8x+ 9 em um nu´mero a. 1.1 A derivada como inclinac¸a˜o da reta tangente Ha´ uma interpretac¸a˜o geome´trica muito importante da derivada de uma func¸a˜o. Seja uma func¸a˜o y = f(x) e considere seu gra´fico. Se P(a,f(a)) e´ um ponto no gra´fico, vamos querer achar a inclinac¸a˜o da reta r que passa por P e e´ tangente ao gra´fico. Para isso, seja um outro ponto Q(a+h,f(a+h)) no gra´fico, e considere a reta s secante determinada por PQ. Podemos achar a inclinac¸a˜o da reta r tomando o limite da inclinac¸a˜o da reta s quando h→ 0. Observe a figura 1 abaixo. A inclinac¸a˜o da reta s e´ dada por tanα = f(a+h)−f(a)h . A` medida que a + h se aproxima de a, isto e´, a` medida que h→ 0, a reta s tende a` reta r. Assim, temos que a inclinac¸a˜o da reta r e´ dada por lim h→0 f(a+ h)− f(a) h . Isto e´, a inclinac¸a˜o da reta tangente ao gra´fico de f no ponto a e´ dada por f ′ (a) Exemplo: Encontre uma equac¸a˜o da reta tangente a` para´bola y = x2 − 8x+ 9 no ponto (3,−6). 1.2 Derivada como func¸a˜o Na sec¸a˜o anterior, vimos o que significa a derivada de uma func¸a˜o em um ponto a do seu domı´nio. A derivada so´ vai existir se o limite lim h→0 f(a+ h)− f(a) h existir. Da mesma forma, se tal limite existe para todo valor no domı´nio de f, podemos definir uma func¸a˜o derivada que associa a cada x um f ′ (x): f ′ (x) = lim h→0 f(x+ h)− f(x) h , 1 Figura 1: Reta tangente em que x agora e´ uma varia´vel. Se a derivada de f existe em um valor a, dizemos que f e´ deriva´vel ou diferencia´vel em a; se a derivada de f existe em todo o domı´nio, dizemos simplesmente que f e´ diferencia´vel. Exemplo: Se f(x) = √ x− 1, encontre a lei de formac¸a˜o de f ′(x) e determine seu domı´nio. Exemplo: Onde a func¸a˜o f(x) = |x| e´ diferencia´vel? Ale´m de denotar a derivada por uma ”linha”, tambe´m usa-se outras notac¸o˜es. Ao inve´s de f ′ , pode-se escrever a derivada de uma func¸a˜o f por df dx ou ddxf(x). Esta forma e´ interessante porque especifica-se que a varia´vel da func¸a˜o que esta´ sendo ”diferenciada”e´ a varia´vel x. Veremos, futuramente, que a`s vezes tratamos de mais de uma varia´vel, e que por isso e´ importante especificar em relac¸a˜o a qual varia´vel estamos derivando a func¸a˜o. 2 Regras de derivac¸a˜o e func¸o˜es elementares Quase nunca usamos a definic¸a˜o de derivada para encontrar uma derivada, como fizemos na sec¸a˜o anterior. Geralmente sabemos de regras pra´ticas para encontrar as derivadas das func¸o˜es mais elementares; assim, en- contramos as derivadas de forma ra´pida e fa´cil. E´ isso que vamos fazer agora. 2.1 Func¸a˜o constante Se f(x) = c, com c sendo uma constante, temos que f ′ (x) = lim h→0 f(x+ h)− f(x) h = lim h→0 c− c h = 0. O que ja´ era esperado, pois podemos interpretar a derivada como taxa de variac¸a˜o, e a func¸a˜o constante na˜o varia! Temos enta˜o o seguinte resultado: Se f e´ uma func¸a˜o constante, enta˜o f ′ = 0 2.2 Func¸a˜o poteˆncia Queremos agora derivar a func¸a˜o f(x) = xn. Para isso, observe que se n e´ um inteiro positivo enta˜o xn − an = (x− a)(xn−1 + xn−2a+ ...+ xan−2 + an−1) (basta multiplicar o membro direito da equac¸a˜o). Em ma˜os disso, temos que f ′ (a) = lim x→a f(x)− f(a) x− a = lim x→a xn − an x− a = lim x→a(x n−1 + xn−2a+ ...+ xan−2 + an−1) =an−1 + an−2a+ ...+ aan−2 + an−1 =nan−1. 2 Podemos mostrar que tal resultado tambe´m e´ va´lido para qualquer n ∈ R. Ou seja, para qualquer n real temos que Se f(x) = xn, enta˜o f ′ (x) = nxn−1 Exemplo: Se f(x) = x1000, quanto e´ dfdx? Exemplo: Se f(x) = 1x2 , quando e´ f ′ (x)? Exemplo: Ache a inclinac¸a˜o da reta tangente a` curca y = x √ x no ponto (1, 1). 2.3 Derivada de c · f Se c ∈ R e f for uma func¸a˜o diferencia´vel, enta˜o (cf) ′ (x) = lim h→0 (cf)(x+ h)− (cf)(x) h = lim h→0 cf(x+ h)− cf(x) h =c lim h→0 f(x+ h)− f(x) h =cf ′ (x) Ou seja, se c ∈ R e f for uma func¸a˜o diferencia´vel, enta˜o (cf) ′ (x) = cf ′ (x) 2.4 Func¸a˜o exponencial Seja a func¸a˜o exponencial f(x) = ax, com um a ∈ R qualquer. Vamos tentar encontrar a derivada de f em um valor x arbitra´rio atrave´s de definic¸a˜o de derivada: f ′ (x) = lim h→0 f(x+ h)− f(x) h = lim h→0 ax+h − ax h = lim h→0 axah − ax h = lim h→0 ax ah − 1 h =ax lim h→0 a0+h − a0 h =axf ′ (0). Ou seja, a derivada da func¸a˜o exponencial em um nu´mero real x e´ determinada pelo valor da derivada dessa func¸a˜o no valor zero (como consequeˆncia, uma func¸a˜o exponencial so´ tem derivada em algum ponto se tem derivada no zero). Existe um nu´mero especial, chamado nu´mero de Euler e denotado pela letra e. Tal nu´mero e´ irracional, tem valor aproximado de 2,7 e pode ser definido atrave´s de um limite: e = lim h→0+ (1 + h) 1 h . A importaˆncia desse nu´mero e´ que lim h→0 eh − e0 h = 1. Segue que, se f(x) = ex e´ a func¸a˜o exponencial de base e, enta˜o f ′ (x) = ex Exemplo: Em que ponto a tangente do gra´fico de f(x) = ex e´ paralela a` reta y = 2x? 2.5 Derivada da soma e diferenc¸a Considere duas func¸o˜es f e g com derivadas em um mesmo ponto a ∈ R. Observe que lim x→a (f + g)(x+ a)− (f + g)(a) h = lim x→a [f(x+ a) + g(x+ a)]− [f(a) + g(a)] h = lim x→a f(x+ a)− f(a) h + lim x→a g(x+ a)− g(a) h . 3 Como os dois limites da equac¸a˜o a` direita existem (pois eles sa˜o as derivada de f e g no ponto a), enta˜o o limite da equac¸a˜o a` esquerda tambe´m existe. Mas o limite da equac¸a˜o a` esquerda e´ a derivada de f + g no ponto a, ou seja, acabamos de provar que se o limite de f e g existem em a, enta˜o (f + g) ′ (a) = f ′ (a) + g ′ (a) O mesmo vale para a diferenc¸a: (f − g)′(a) = f ′(a)− g′(a). Exemplo: A partir disso, sabemos diferenciar toda func¸a˜o polinomial: d dx (anx n + an−1xn−1 + ...+ a1x+ a0) = annxn−1 + an−1(n− 1)xn−2 + ...+ a1 2.6 Derivada do produto A partir da derviada da soma e da diferenc¸a, voceˆ poderia imaginar que o mesmo funciona tambe´m para o produto: a derivada do produto de duas func¸o˜es seria o produto das derivadas: (fg) ′ (x) = f ′ (x)g ′ (x). Mas isso esta´ errado! Veremos o porqueˆ. Suponha que u = f(x) e v = g(x). Se houver uma variac¸a˜o em x por um acre´scimo de h, temos as respectivas variac¸o˜es em u e v: ∆u = f(x+ h)− f(x) e ∆v = g(x+ h)− g(x). Assim,a variac¸a˜o do produto e´ dada por ∆(uv) = u∆v+v∆u+∆v∆u = f(x)[g(x+h)−g(x)]+g(x)[f(x+h)−f(x)]+ [f(x+h)−f(x)][g(x+h)−g(x)]. Se dividirmos pela variac¸a˜o h temos ∆(uv) h = f(x) g(x+ h)− g(x) h + g(x) f(x+ h)− f(x) h + [f(x+ h)− f(x)]g(x+ h)− g(x) h . Observando que lim h→0 [f(x+ h)− f(x)] = 0, temos que (fg) ′ (x) = f ′ (x)g(x) + f(x)g ′ (x) que e´ chamada a regra do produto. Exemplo: Se f(x) = xex, encontre f ′ (x). Exemplo: Se f(x) = √ xg(x), com g(4) = 2 e g ′ (4) = 3, encontre f ′ (4). 2.7 Derivada do quociente Pode-se fazer uma demonstrac¸a˜o ana´loga para sedetermina a derivada de func¸a˜o fg em um ponto x quando ambas as derivadas de f e g existem em x e´ g(x) 6= 0. Chegamos ao seguinte resultado, chamado de regra do quociente: ( f g )′ (x) = f ′ (x)g(x)− f(x)g′(x) g2(x) Exemplo: Se y = x 2+x−2 x3+6 , encontre dy dx . 3 Func¸o˜es trigonome´tricas As func¸o˜es trigonome´trica aparecem com frequeˆncia no dia-a-dia de um(a) cientista. Com frequeˆncia, tambe´m, precisamos saber as suas taxas de variac¸o˜es, ou seja, as suas derivadas. Aplicando a definic¸a˜o de derivada para as func¸o˜es seno e cosseno, e trabalhando um pouco com as equac¸o˜es e alguns limites, chegamos aos seguintes resultados: d dx sen(x) = lim h→0 sen(x+ h)− sen(x) h = cos(x) e d dx cos(x) = lim h→0 cos(x+ h)− cos(x) h = −sen(x) Exemplo: Encontre a derviada de y = x2sen(x). Exemplo: Um objeto na extremidade de uma mola vertical e´ esticado 4cm ale´m de sua posic¸a˜o de repouso e solto no instante t = 0. Sua posic¸a˜o no instante t e´ s(t) = 4cos(t). 4 Encontre a velocidade no instante t e diga em que local o mo´dulo da velocidade e´ ma´ximo. A partir dessas duas derivadas, podemos encontrar as demais derivadas das func¸o˜es trigonome´tricas. Por exemplo, usando a regra do quociente encontramos a derivada da func¸a˜o tangente: d dx tg(x) = d dx ( sen(x) cos(x) ) = sen ′ (x)cos(x)− sen(x)cos′(x) cos2(x) = cos2(x) + sen2(x) cos2(x) = 1 cos2(x) =sec2(x). Resumindo, temos a seguinte tabela sen ′ (x) = cos(x) cos ′ (x) = −sen(x) tg′(x) = sec2(x) cossec ′ (x) = −cossec(x)cotg(x) sec′(x) = sec(x)tg(x) cotg′(x) = −cossec2(x) 4 Regra da cadeia Suponha que voceˆ queira encontrar a derivada da func¸a˜o F (x) = √ x2 + 3 em um determinado ponto. Nenhuma das regras de derivac¸a˜o que aprendemos ajuda a encontrar tal derivada. Observe, pore´m, que se fizermos u = x2 + 3, sabemos encontrar a derivada da func¸a˜o g(u) = √ u, como tambe´m da func¸a˜o f(x) = x2 + 3. Como F = g ◦ f , seria interessante se soube´ssemos uma regra que nos da´ a derivada de F em termos das derivadas de g e f. Essa regra existe, e e´ chamada de Regra da Cadeia. Ou seja, se f e g sa˜o func¸o˜es diferencia´veis em um ponto, enta˜o a func¸a˜o composta F = g ◦ f definida por F (x) = g(f(x)) e´ diferencia´vel nesse ponto. Sua derivada e´ dada por F ′ (x) = g ′ (f(x)) · f ′(x) Exemplo: Calcule a deivada de F mostrada acima. Exemplo: Diferencie y = sen(x2) e y = sen2(x). Exemplo: Encontre a derivada de func¸a˜o g(x) = ( t− 2 2t+ 1 )9 . Exemplo: Diferencie y = ecos(x). 5 Derivac¸a˜o impl´ıcita Aprendemos a diferenciar va´rias func¸o˜es quando uma varia´vel pode ser expressa explicitamente em func¸a˜o da outra (por exemplo, em y = x 2 −x5+2x , y esta´ explicitamente em func¸a˜o de x), isto e´, podemos escrever y = f(x). Ocorre que as vezes a relac¸a˜o entre x e y nem sempre e´ dada atrave´s de uma lei de formac¸a˜o, colocando uma equac¸a˜o em func¸a˜o de outra, mas sim atrave´s de um equac¸a˜o da forma x3 + y3 = 6xy, assumindo que y e´ uma varia´vel em func¸a˜o de x. O que podemos fazer, nesse caso, e´ achar a derivada em relac¸a˜o a x de ambos os lados da equac¸a˜o d dx (x3 + y3) = d dx x3 + d dx y3 =3x2 + 3y2 d dx y d dx (6xy) =y d dx (6x) + 6x d dx y =6y + 6x d dx y 5 e igualar ambos os lados d dx (x3 + y3) = d dx (6xy) 3x2 + 3y2 d dx y =6y + 6x d dx y dy dx = 2y − x2 y2 − 2x Desta forma, sabemos a derivada de y em relac¸a˜o a x. Note que, na verdade, sabemos dy dx em func¸a˜o de y e x. Pore´m como y e´ uma func¸a˜o de x, sabemos dy dx implicitamente em func¸a˜o somente de x. Exemplo: Se x2 + y2 = 25 (equac¸a˜o da circunfereˆncia), encontre y ′ . Mostre uma equac¸a˜o da reta tangente ao c´ırculo no ponto (3, 4). Exemplo: Se sen(x+ y) = y2cos(x), encontre y ′ . 5.1 Derivada de ln(x) Atrave´s da derivac¸a˜o impl´ıcita, podemos achar a derivada de y = ln(x). Para isto, observe que y = ln(x) ↔ ey = x. Derivando implicitamente em relac¸a˜o a x essa u´ltima equac¸a˜o, temos d dx (ey) = d dx x ey dy dx =1 dy dx = 1 ey dy dx = 1 x . Ou seja, d dx ln(x) = 1 x Exemplo: Diferencie y = ln(x3 + 1). 6
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