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Universidade Federal Rural do Semi-árido Centro de Ciências Exatas e Naturais Professora: Maria Joseane F. G. Macêdo Disciplina: Cálculo I Notas de aula de Cálculo I Mossoró, novembro de 2017. ii Sumário 1 Números Reais 1 1.1 Conjuntos Numéricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 1.2 Desigualdades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 1.3 Valor absoluto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 1.4 Intervalos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 2 Funções 7 2.1 Funções de uma variável real a valores reais . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 2.2 Operações com funções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 2.3 Alguns tipos de funções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 2.4 Funções trigonométricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 2.4.1 Funções seno e cosseno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 2.4.2 Funções tangente, cotangente, secante e cossecante . . . . . . . . . 17 3 Limite e Continuidade 19 3.1 Noção intuitiva de limite . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 3.2 Limite . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 3.2.1 Limites laterais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 3.3 Expressões indeterminadas no cálculo de limites . . . . . . . . . . . . . . . 23 3.4 Limites no Infinito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 3.5 Limites Infinitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 3.6 Asśıntotas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 3.7 Continuidade e Teorema do confronto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 3.7.1 Propriedades das funções cont́ınuas . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 3.7.2 Outras propriedades de limites . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 3.8 Limites fundamentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 iii iv SUMÁRIO 4 Derivada 33 4.1 A reta tangente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 4.2 A derivada de uma função . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 4.3 Regras de derivação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 4.4 Derivadas de ex e lnx . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 4.5 Derivadas das funções trigonométricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 4.6 Continuidade de funções deriváveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38 4.7 A derivada de uma função composta - Regra da Cadeia . . . . . . . . . . . 39 4.7.1 A derivada da função exponencial composta . . . . . . . . . . . . . 40 4.8 Função inversa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41 4.9 A derivada da função inversa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42 4.9.1 Derivada das funções trigonométricas inversas . . . . . . . . . . . . 42 4.9.2 Derivada das funções hiperbólicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43 4.10 Derivadas de ordem superior . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 4.11 Derivação de uma função dada implicitamente . . . . . . . . . . . . . . . . 45 5 Aplicações das Derivadas 47 5.1 Velocidade e Aceleração. Taxa de Variação . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 5.2 Máximos e Mı́nimos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49 5.3 Teoremas sobre Derivadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 5.4 Funções Crescentes e decrescentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53 5.5 Critérios para determinar os extremos de uma função . . . . . . . . . . . . 54 5.6 Concavidade e pontos de inflexão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 5.7 Construção e análise de gráficos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57 5.8 Problemas de maximização e minimização . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58 5.9 Regras de L’Hospital . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60 5.10 Introdução à Integração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61 Caṕıtulo 1 Números Reais Caro estudante, essas notas de aula não tem a intenção de ser original, são apenas um guia e direcionamento para o estudo da nossa disciplina de Cálculo I no decorrer desse semestre. A escrita está baseada em alguns livros de Cálculo I bastante conhecidos (Cálculo A da Diva Maŕılia e Cálculo volume 1 do Guidorizzi, serão apresentados em sala de aula). Os exemplos e exerćıcios estão apenas enunciados, alguns exemplos serão resolvidos em sala de aula. Os teoremas, lemas e proposições também serão apenas enunciados, alguns demonstrações pertinentes à disciplina serão feitas em sala de aula. Esse material está em constante edição e revisão, então se identificarem algum erro por favor me avise, ficarei grata. Estarei à disposição para ajudá-los no decorrer do semestre. O objetivo deste caṕıtulo de revisão sobre números reais é apresentar uma re- visão sobre algumas das principais propriedades dos números reais, não nos preocupando com a definição de número real. Esse estudo é extremamente importante para toda a disciplina. Um aluno que não souber trabalhar as propriedades básicas dos números reais terá dificuldade em assimilar bem os conteúdos de Cálculo I. Desse modo, que não estiver seguro nesse tópico, sugiro que estuda muito bem as propriedades básicas dos números reais em outras referências bibliográficas (estudadas nos ensinos fundamentais e médios). Boa sorte e bons estudos! 1.1 Conjuntos Numéricos Os primeiros números conhecidos pela humanidade são os chamados inteiros po- sitivos ou naturais, dados por N = {1, 2, 3, . . .}. A união dos números naturais com os inteiros negativos (−1,−2,−3, . . .) e o zero define o conjunto dos números inteiros que 1 2 denotamos por Z = {. . . ,−3,−2,−1, 0, 1, 2, 3, . . .}. Os números racionais são da forma a b , com a e b inteiros e b 6= 0, isto é: Q = {a b ; a, b ∈ Z, b 6= 0}. Sejam a b e c d dois números racionais quaisquer. A soma e o produto destes dois números racionais são dadas da seguinte forma: Soma : a b + c d = ad+ bc bd , Produto : a b · c d = ac bd . Mas também existem os números que não podem ser representados na forma a b , com a, b ∈ Z e b 6= 0, tais como √ 2 = 1, 414 . . ., π = 3, 14159 . . ., e = 2, 71 . . .. Tais números formam o conjunto dos números irracionais. A união dos números racionais com os números irracionais resulta no conjunto dos números reais, denotado por R. Exemplo 1.1 Resolva as seguintes operações: 1. 2 5 + 3 7 2. 1 2 − 3 4 3. 1 4 + 2 3 Agora vamos apresentar alguns axiomais e propriedades dos números reais: 1. Fechamento: se a, b ∈ R existe um e somente um número real denotado por a+ b, chamado soma, e existe um e somente um número real, denotado por ab (ou a · b), chamado produto. 2. Comutatividade: se a, b ∈ R, então a+ b = b+ a e a · b = b · a. 3. Associatividade: se a, b, c ∈ R, então a+(b+c) = (a+b)+c e a · (b ·c) = (a ·b) ·c. 4. Distributividade: se a, b, c ∈ R, então a · (b+ c) = ab+ ac. 5. Existência de elementos neutros: existem 0 e 1 números reais tais que a+0 = a e a · 1 = a, para todo a ∈ IR. Números Reais 3 6. Existência de simétricos: para todo a ∈ IR existe um simétrico, denotado por −a, tal que a+ (−a) = 0. 7. Existência de inversos: para todo 0 6= a ∈ IR existe um inverso, denotado por a−1 ou 1 a , tal que a · 1 a = 1. A partir da existência de simétricos e inversos, podemos definir a subtração e a divisão de números reais. 8. Subtração: se a, b ∈ R, a diferença entre a e b, denotada por a− b, é definida por a− b = a+ (−b). 9. Divisão: se a,b ∈ R, com b 6= 0, o quociente de a e b é definido por a b = a · 1 b . 1.2 Desigualdades No conjunto dos números reais existe um subconjunto denominado números po- sitivos, graças a esse subconjunto é posśıvel definir uma relação de ordem no conjunto dos números reais. Proposição 1.2 (Axioma de Ordem) No conjunto dos números reais existe um sub- conjunto denominado números positivos, tal que: (i) se a ∈ IR, exatamente uma das três afirmações ocorre: a = 0, a é positivo ou −a é positivo. (ii) a soma de dois números reais positivos é positiva. (iii) o produto de dois números reais positivos é positivo. Definição 1.3 O número real a é negativo se, e somente se, −a é positivo. Definição 1.4 Dizemos que a é menor do que b, e denotamos por a < b se, e somente se, b− a é positivo (b− a > 0). Definição 1.5 Dizemos que a é maior do que b, e denotamos por a > b se, e somente se, a− b é positivo (a− b > 0). Observação 1.6 Dizemos que a é menor ou igual do que b se, e somente se, a < b ou a = b. Dizemos que a é maior ou igual do que b se, e somente se, a > b ou a = b. 4 Expressões envolvendo os śımbolos > ou ≥ e < ou ≤ são chamadas de desigual- dades. Os śımbolos > e < são referidos como desigualdades estritas, enquanto que ≥ e ≤ são as desigualdades não estritas. Propriedades: Sejam a, b, c, d ∈ IR. 1. Se a > b e b > c, então a > c. 2. Se a > b e c > 0, então ac > bc. 3. Se a > b e c < 0, então ac < bc. 4. Se a > b, então a+ c < b+ c, para todo c ∈ IR. 5. Se a > b e c > d, então a+ c < b+ d. 6. Se a > b > 0 e c > d > 0, então ac < bd. Exerćıcio 1.7 Demonstrar as propriedades anteriores. (Obs.: se tiver dificuldade pes- quise!) 1.3 Valor absoluto Definição 1.8 O valor absoluto de a, denotado por |a|, é definido por |a| = a, se a ≥ 0−a, se a < 0. Observação 1.9 Geometricamente, o valor absoluto de a, também chamado de módulo de a, representa a distância entre a e 0. Também podemos escrever, |a| = √ a2. Propriedade 1.10 1. |x| < a ⇔ −a < x < a, onde a > 0. 2. |x| > a ⇔ x > a ou x < −a, onde a > 0. 3. Se a, b ∈ IR, então |a · b| = |a| · |b|. 4. Se a, b ∈ IR, então |a b | = |a| |b| . 5. (Desigualdade triangular) Se a, b ∈ IR, então |a+ b| ≤ |a|+ |b|. Números Reais 5 6. Se a, b ∈ IR, então |a− b| ≤ |a|+ |b|. 7. Se a, b ∈ IR, então |a| − |b| ≤ |a− b|. Nota: o aluno curioso pode pesquisar as demostrações das propriedades anteriores. 1.4 Intervalos Os intervalos são conjuntos infinitos de números reais dados como segue. 1. (Intervalo aberto) (a, b) ou ]a, b[ é o conjunto {x ∈ IR : a < x < b}. 2. (Intervalo fechado) [a, b] é o conjunto {x ∈ IR : a ≤ x ≤ b}. 3. (Intervalo fechado à direita e aberto à esquerda) (a, b] ou ]a, b] é o conjunto {x ∈ IR : a < x ≤ b}. 4. (Intervalo fechado à esquerda e aberto à direita) [a, b) ou [a, b[ é o conjunto {x ∈ IR : a ≤ x < b}. 5. (Intervalos infinitos) • (a,+∞) é o conjunto {x ∈ IR : x > a}. • [a,+∞) é o conjunto {x ∈ IR : x ≥ a}. • (−∞, b) é o conjunto {x ∈ IR : x < b}. • (−∞, b] é o conjunto {x ∈ IR : x ≤ b}. Exerćıcio 1.11 Resolver os exemplos da Seção (1.5) do livro Cálculo A. 6 Caṕıtulo 2 Funções Neste caṕıtulo vamos estudar (revisar) a definição de função e alguns tipos de funções. 2.1 Funções de uma variável real a valores reais Definição 2.1 Sejam A e B subconjuntos de IR. Uma função f : A → B é uma lei ou uma regra que a cada elemento de A faz corresponder um único elemento de B. Observação 2.2 f : A→ B a 7→ f(a), (2.1) Definição 2.3 Seja f : A→ B uma função. (a) Dado x ∈ A, o elemento f(x) ∈ B é chamado de valor da função f no ponto x ou de imagem de x por f . (b) Dizemos que o conjunto de todos os valores assumidos pela função f é o conjunto imagem de f e denotaremos por Im(f). Definição 2.4 Seja f : A → B uma função. O gráfico de f é o conjunto de todos os pontos (x, f(x)) de um plano coordenado, onde x pertence ao domı́nio de f . Ou seja, Gf = {(x, f(x)) : x ∈ A}. Observação 2.5 1. Gf é um subconjunto do conjunto de todos os pares ordenados (x, y) em IR. 7 8 2. Munindo-se o plano de um sistema ortogonal de coordenadas cartesianas, Gf pode ser compreendido como o lugar geométrico descrito pelo ponto (x, f(x)) quando x percorre o domı́nio de f . 3. Por simplificação, deixaremos muitas vezes de explicitar o domı́nio e o contra- domı́nio de uma função. Nesses casos fica impĺıcito que o contradomı́nio é IR e que o domı́nio é o “maior” subconjunto de IR para o qual faz sentido a regra em questão. 4. É usual representar uma função f de uma variável real a valores reais e com domı́nio A, simplesmente por y = f(x), x ∈ A. Nesse caso, dizemos que x é a variável independente e que y é a variável dependente. Exemplo 2.6 Seja y = f(x), com f(x) = x3. Determine: (a) Domı́nio e a imagem de b; (b) f(−1), f(0), f(1), f(a+ b); (c) Expresse e esboce o gráfico de f . Exemplo 2.7 Seja f a função dada por f(x) = √ x. Determine: (a) D(f) e Im(f); (b) f(4); (c) f(t2); (d) f(x+ 3); (e) Gf . Exemplo 2.8 Sejam A = {1, 2, 3, 4, 5}, B = IZ (o conjunto dos números inteiros) e f : A → B definida pela regra que a cada elemento de A faz corresponder o seu dobro. Verifique se f é realmente uma função. Em caso afirmativo, determine D(f) e Im(f). Exemplo 2.9 Determine o domı́nio, o conjunto imagem e o gráfico das seguintes funções: (a) f : IR→ IR x 7→ x2. (2.2) Funções de uma variável real a valores reais 9 (b) f(x) = 1 x (c) f(x) = − √ x− 1 (d) f(x) = |x| 2.2 Operações com funções Definição 2.10 Dadas as funções f , g e uma constante k ∈ IR, a soma de duas funções (f+g), a diferença de duas funções (f−g), o produto de duas funções (f ·g) e o quociente de duas funções (f/g), são definidos das seguinte maneira: 1. (f + g)(x) = f(x) + g(x) 2. (f − g)(x) = f(x)− g(x) 3. (f · g)(x) = f(x) · g(x) 4. (kf)(x) = k f(x) 5. (f/g)(x) = f(x) g(x) Observação 2.11 1. O domı́nio das funções (f + g), (f − g) e (f · g) é a intersecção dos domı́nios de f e g. 2. O domı́nio de (f/g) é a intersecção dos domı́nios de f e g excluindo-se os valores de x para os quais g(x) = 0. 3. O domı́nio de kf coincide com o domı́nio de f . Exemplo 2.12 Sejam f(x) = √ 5− x, g(x) = √ x− 3 e k = 2. Determine a regra, o domı́nio e a imagem de cada uma das funções a seguir. 1. (f + g)(x) 2. (f − g)(x) 3. (f · g)(x) 4. (kf)(x) 5. (f/g)(x) 10 Exemplo 2.13 Sejam f(x) = √ x2 − 4 e k = 3. Determine D(f) e Im(f). Exemplo 2.14 Dada a função f(x) = −x2 + 2x, simplifique: (a) f(x)− f(1) x− 1 (b) f(x+ h)− f(x) h Definição 2.15 Sejam f e g duas funções tais que Im(f) ⊂ D(g). A função dada por y = g(f(x)), x ∈ D(f), denomina-se função composta de g e f . Usamos a notação g ◦ f para indicar a composta de g e f . Assim, (g ◦ f)(x) = g(f(x)), x ∈ D(f). Note que g ◦ f tem o mesmo domı́nio de f . Exemplo 2.16 Sejam f e g dadas por f(x) = 2x+ 1 e g(x) = x2 + 3x. Determine g ◦ f e f ◦ g Exemplo 2.17 Sejam f e g dadas por f(x) = x2 e g(x) = √ x. Determine g ◦ f e f ◦ g Definição 2.18 Sejam f : A→ IR e g : C → IR. Dizemos que f é igual a g, e escrevemos f = g, se os domı́nios de f e g forem iguais, A = C, e se, para todo x ∈ A, f(x) = g(x). Exemplo 2.19 Verifique se as funções f e g dadas por f(x) = √ x √ x− 1 e g(x) = √ x2 − x são iguais. 2.3 Alguns tipos de funções Função constante Uma função y = f(x), x ∈ A, dada por f(x) = k, onde k é uma constante, denomina-se função constante. Exemplo 2.20 (a) f(x) = 2 é uma função constante, com D(f) = IR e Im(f) = {2}. Além disso, Gf = {(x, 2) : x ∈ IR}. (b) f(x) = −1 é uma função constante, com D(f) = IR e Im(f) = {−1}. Além disso, Gf = {(x,−1) : x ∈ IR}. Funções de uma variável real a valores reais 11 (c) g : [−1,∞)→ IR dada por g(x) = −1 também é uma função constante. Determine o conjunto imagem de g e esboceo seu gráfico. (d) A função f : IR→ IR dada por f(x) = 1, se x ≥ 0,−1, se x < 0, (2.3) também é uma função constante (também conhecida como função constante por partes). Determine a imagem, e esboce o gráfico de f . Função linear Uma função f : IR → IR dada por f(x) = ax, onde a é uma constante, é dita função linear. Seu gráfico é a reta que passa pelos pontos (0, 0) e (1, a). Além disso, o gráfico de f é crescente se a > 0 e decrescente se a < 0. Figura 2.1: Função linear crescente e descrescente Observação 2.21 (i) A função dada por f(x) = ax + b, onde a e b são constantes, é chamada de função afim. Seu gráfico é a reta que passa pelo ponto (0, b) e é paralela à reta y = ax. Se a = 0, a função afim se reduz à uma função constante. Se a 6= 0, seu gráfico é a reta que passa pelos pontos (0, b) e ( −b a , 0). (ii) Quando a = 1, a função linear recebe uma nomenclatura especial. Nesse caso ela é conhecida como função identidade e é dada por f(x) = x. (iii) A função h : IR→ IR dada por h(x) = |x| é conhecida como função módulo ou modular. Além disso, temos que |x| = x, se x ≥ 0−x, se x < 0. 12 Exemplo 2.22 Esboce o gráfico das funções: a)f(x) = 3x, b)g(x) = −3x e c)h(x) = 3|x|. Função polinomial Uma função f : IR→ IR dada por f(x) = aox n + a1x n−1 + · · ·+ an−1x+ an, onde a0 6= 0, a1, a2, . . . , an são números reais fixos, denomina-se função polinomial de grau n (n ∈ IN). Exemplo 2.23 • f(x) = x2 − 4 é uma função polinomial de grau 2 e seu gráfico é uma parábola. • g(x) = (x − 1)3 é uma função polinomial de grau 3. Esboce o gráfico de g. Em seguida esboce o gráfico da função dada por h(x) = (x+ 1)3. Função racional Uma função racional f é uma função dada por f(x) = p(x) q(x) , onde p e q são funções polinomias. O domı́nio de f é o conjunto {x ∈ IR} : q(x) 6= 0}. Exemplo 2.24 Determine o domı́nio das seguintes funções racionais: f(x) = x+ 1 x , g(x) = x2 + 1 x e h(x) = 1 x2 . Exerćıcio 2.25 Estudar os exemplos 13, 14, 15 e 16 do livro do Guidorizzi. Função Par e função ı́mpar Definição 2.26 Dizemos que uma função f é par se, para todo x ∈ D(f), f(−x) = f(x). Uma função f é dita ser uma função ı́mpar se, para todo x ∈ D(f), f(−x) = −f(x). Observação 2.27 O gráfico de uma função par é simétrico em relação ao eixo y e o gráfico de uma função ı́mpar é simétrico em relação à origem. Exemplo 2.28 1. A função dada por f(x) = x2 é uma função par. 2. A função dada por f(x) = x5 + x3 é uma função ı́mpar. 3. A função dada por f(x) = x3 + 4 não é função par nem ı́mpar. Funções de uma variável real a valores reais 13 Funções periódicas Definição 2.29 Dizemos que uma função f é periódica se existe um número real τ 6= 0 tal que f(x+ τ) = f(x), ∀ x ∈ D(f). Observação 2.30 O número τ é chamado de peŕıodo da função. O gráfico de uma função periódica se repete a cada intervalo de comprimento |τ |. Exemplo 2.31 A função constante é periódica com τ sendo qualquer número real dife- rente de 0. Função exponencial Chamamos de função exponencial de base a a função f : IR → IR que associa a cada x real o número real ax, sendo a um número real 0 < a 6= 1. Isto é, f : IR→ IR x 7→ y = ax. O domı́nio da função exponencial é o conjunto dos números reais IR e sua imagem é Im(f) = (0,∞) (ou simplesmente IR∗+). O gráfico da função exponencial intersepta o eixo das ordenadas em (0, 1) e f(x) = ax é crescente se a > 1 e decrescente se 0 < a < 1. Figura 2.2: Função exponencial crescente e descrescente Observação 2.32 Sejam a > 0, b > 0, x e y reais quaisquer. São válidas as seguintes propriedades: 1. axay = ax+y 14 2. (ax)y = axy 3. (ab)x = axbx 4. Se a > 1 e x < y, então ax < ay 5. Se 0 < a < 1 e x < y, então ax > ay Exemplo 2.33 Esboce o gráfico de f(x) = 2x e y = ( 1 2 )x Função logaŕıtmica Dado um número real a (0 < a 6= 1), chamamos de função logaŕıtmica de base a a função f : IR∗+ → IR que associa a cada x real o número loga x (lê-se: log de x na base a). Isto é, f : IR∗+ → IR x 7→ y = loga x. Observação 2.34 (i) Importante: y = loga x ⇐⇒ ay = x. Ou seja, o logaritmo de x na base a é o expoente que se deve atribuir à base a para reproduzir x. (ii) O logaritmo na base e é indicado por ln, assim ln = loge. Logo, y = lnx⇐⇒ ey = x. O domı́nio da função logaŕıtmica é dado por IR∗+ e sua imagem é Im(f) = IR. O gráfico da função exponencial intersepta o eixo das abscissas em (1, 0) e y = loga x é crescente se a > 1 e decrescente se 0 < a < 1. Figura 2.3: Função logaŕıtmica crescente e descrescente Observação 2.35 Sejam 0 < a 6= 1, 0 < b 6= 1, x > 0 e y > 0 reais quaisquer. São válidas as seguintes propriedades: Funções de uma variável real a valores reais 15 1. loga xy = loga x+ loga y 2. loga x y = y loga x 3. loga x y = loga x− loga y 4. (Mudança de base) loga x = logb x logb a 5. Se a > 1 e x < y, então loga x < loga y 6. Se 0 < a < 1 e x < y, então loga x > loga y Exemplo 2.36 Esboce o gráfico de f(x) = log2 x e y = log 1 2 x. 2.4 Funções trigonométricas 2.4.1 Funções seno e cosseno Seja x um número real, e marque um ângulo com medida x radianos na circun- ferência unitária com centro na origem. Seja P o ponto de intersecção do lado terminal do ângulo x com essa circunferência. Denominamos seno de x a ordenada ¯OP1 do ponto P em relação ao sistema UOV . E denominamos cosseno de x a abscissa ¯OP2 do ponto P em relação ao sistema UOV . Figura 2.4: Circunferência unitária Definição 2.37 Definimos a função seno como a função f : IR → IR que a cada x ∈ IR faz corresponder o número real y = senx. Definição 2.38 Definimos a função cosseno como a função f : IR → IR que a cada x ∈ IR faz corresponder o número real y = cosx. 16 Observação 2.39 (i) sen0 = 0 e cos 0 = 1; (ii) O domı́nio das funções seno e cosseno é o conjunto IR e o conjunto imagem é o intervalo [−1, 1]; (iii) As funções seno e cosseno são funções periódicas com peŕıodo 2π, já que sen(x + 2π) = senx e cos(x+ 2π) = cos x; (iv) A função y = senx é crescente nos intervalos [0, π/2] e [3π/2, 2π] e decrescente no intervalo [π/2, 3π/2]. (v) A função y = cosx é crescente nos intervalos [π, 2π] e decrescente no intervalo [0, π]. (vi) O gráfico da função y = senx é donominado senóide e o gráfico da função y = cosx é donominado de cossenóide. Figura 2.5: Senóide e cossenóide Propriedade 2.40 Quaisquer que sejam os reais a e b, temos sen(a− b) =sena cos b− senb cos a (2.4) cos(a− b) = cos a cos b+ senasenb (2.5) cos2 t+ sen2t = 1 (2.6) Exerćıcio 2.41 a) Mostre que, para todo t real, cos2 t+ sen2t = 1. b) Mostre que sen é uma função ı́mpar. Funções de uma variável real a valores reais 17 c) Mostre que cos é uma função par. d) Mostre que para quaisquer a e b reais, cos(a+ b) = cos a cos b− senasenb e sen(a+ b) = sena cos b+ senb cos a. e) Mostre que, para todo x, cos(2x) = cos2 x− sen2x e sen(2x) = 2senx cosx. f) Mostre que, para todo x, cos2 x = 1 2 + 1 2 cos(2x) e que sen2x = 1 2 − 1 2 cos(2x). g) Calcule: a) cos(π/4), b) sen(π/4), c) cos(π), d) sen(π). Exerćıcio 2.42 2.4.2 Funções tangente, cotangente, secante e cossecante Essas funções são definidas em termos de seno e cosseno. A função tg definidas por tgx = senx cosx , denomina-se função tangente. O domı́nio da função tg é o conjunto de todos os x tais que cosx 6= 0. Figura 2.6: Interpretação geométrica da tgx Geometricamente, a tgx é interpretada como sendo a medida algébrica do seg- mento AT , onde T é a interseção da reta OP com o eixo das tangentes e ÂP o arco de medida x radianos. Os triângulos OMP e OAT são semelhantes. Logo: ĀT M̄P = 1 ¯OM ⇒ ĀT = M̄P¯OM ⇒ tgx = senx cosx . As funções sec (secante), cotg (cotangente)e cosec (cossecante) são dadas por secx = 1 cosx cotgx = cosx senx cosecx = 1 senx Exemplo 2.43 Determine o domı́nio das seguintes funções: a) y = cotgx b) y = cosecx 18 Caṕıtulo 3 Limite e Continuidade 3.1 Noção intuitiva de limite Inicialmente vamos introduzir a noção intuitiva do conceito de limite e de conti- nuidade. Para isso, considere os seguintes exemplos de sucessões numéricas. (a) 1, 2, 3, 4, . . . (b) 1 2 , 2 3 , 3 4 , 4 5 , 5 6 , . . . (c) 1, 0, −1, −2, −3, . . . (d) 1, 3 2 , 3, 5 4 , 5, 7 6 , 7, . . . Observe que, na sucessão (1) os termos tornam-se cada vez maiores sem atingir um limite. Dado um número real qualquer, por maior que seja, podemos encontrar nessa sucessão um número ainda maior. Neste caso, dizemos que os termos dessa sucessão tendem para o infinito ou que o limite da sucessão é infinito (x → ∞). Na sucessão (2) os termos crescem, mas não ilimitadamente. Os números aproximam-se cada vez mais de 1, embora nunca atinjam esse valor (x → 1). Já na sucessão (3), podemos observar que ocorre x→ −∞. Por outro lado, na sucessão (4) os termos oscilam sem tender para um limite espećıfico. Intuitivamente, uma função cont́ınua em um ponto p de seu domı́nio é uma função cujo gráfico não apresenta um “salto” em p. Observemos, na Figura, que o gráfico da função f não apresenta um salto em p, logo f é cont́ınua em p. Observe que à medida que x se aproxima de p, quer pela 19 20 Figura 3.1: Função cont́ınua em p e não cont́ınua em p direita ou pela esquerda, os valores f(x) se aproximam de f(p). Além disso, quanto mais próximo x estiver de p, mais próximo estará f(x) de f(p). O mesmo não acontece com a função g, uma vez que g apresenta um salto em p. Logo, g não é cont́ınua em p. Exemplo 3.1 Analise intuitivamente o conceito de limite para as duas funções a seguir: f(x) = x, g(x) = 1 se x ≤ 12 se x > 1, y = 1x e h(x) = x2 + 3x− 2. Exemplo 3.2 Utilizando a ideia intuitiva de limite, calcule: lim x→1 (x+ 1) e lim x→1 x2 − 1 x− 1 . 3.2 Limite Intuitivamente, dizemos que uma função f(x) tem limite L quando x tende para a, se é posśıvel tornar f(x) arbitrariamente póximo de L, desde que tomemos valores de x, x 6= a e suficientemente próximos de a. Agora vamos apresentar formalmente o conceito de limite. Definição 3.3 Seja f uma função definida num intervalo aberto I contendo a, exceto possivelmente no próprio a. Dizemos que f tem limite L quando x tende para a, e deno- tamos por lim x→a f(x) = L, se, para todo ε > 0, existe um δ > 0 (δ dependendo de ε), tal que para todo x ∈ D(f) |f(x)− L| < ε sempre que 0 < |x− a| < δ. Tal número L, quando existe é único. Resumindo: lim x→a f(x) = L⇔ ∀ε > 0, ∃δ > 0 tal que, para todo x ∈ D(f)0 < |x− a| < δ ⇒ |f(x)− L| < ε. Observação 3.4 O limite de f em a (quando x tende para a) não depende do valor (caso f esteja definida em a) que f assume em a, mas sim dos valores que f assume nos pontos Limite e Continuidade 21 próximos de a. Quando estivermos interessados no limite de f em a, basta olharmos para os valores que f assume num “pequeno” intervalo aberto contendo a. O conceito de limite é um local. Exemplo 3.5 Usando a Definição 3.3, prove que a) lim x→1 (3x− 1) = 2, b) lim x→4 x2 = 16. Proposição 3.6 (Unicidade do Limite) Se lim x→a f(x) = L1 e lim x→a f(x) = L2, então L1 = L2. Demonstração. Seja ε > 0 arbitrário. Como lim x→a f(x) = L1, então da Definição 3.3, existe δ1 > 0 tal que |f(x) − L1| < ε/2 sempre que 0 < |x − a| < δ1. Do mesmo modo, como também ocorre lim x→a f(x) = L2, então existe δ2 > 0 tal que |f(x) − L2| < ε/2 sempre que 0 < |x− a| < δ2. Faça δ = min{δ1, δ2}. Então, temos que |L1 − L2| = |L1 − f(x) + f(x) − L2| ≤ |f(x)−L1|+ |f(x)−L2| < ε 2 + ε 2 = ε. Uma vez que ε é arbitrário, temos que |L1−L2| = 0 e, portanto, L1 = L2. A seguir vamos estudar algumas propriedades bastante úteis no cálculo do limite, e que nos possibilitam calcular limites de funções mais robustos sem a necessidade de usar a definição de limite. Proposição 3.7 Se a, m e n são números reais quaisquer, então lim x→a (mx+n) = ma+n. Demonstração. Essa demonstração nas páginas 68− 69 do livro Cálculo A. Da proposição anterior decorre o seguinte corolário. Corolário 3.8 Se c é um número real qualquer, então lim x→a c = c e lim x→a x = a. Proposição 3.9 Se lim x→a f(x) e lim x→a g(x) existem, e c é um número real qualquer, então: (a) lim x→a [f(x) + g(x)] = lim x→a f(x) + lim x→a g(x); (b) lim x→a c · f(x) = c · lim x→a f(x); (c) lim x→a [f(x) · g(x)] = lim x→a f(x) · lim x→a g(x); (d) lim x→a f(x) g(x) = lim x→a f(x) lim x→a g(x) ; (e) lim x→a [f(x)]n = [lim x→a f(x)]n, para qualquer inteiro positivo n; 22 (f) lim x→a n √ f(x) = n √ lim x→a f(x), se lim x→a f(x) > 0 e n é um inteiro ou se lim x→a f(x) ≤ 0 e n é um inteiro positivo ı́mpar. Exemplo 3.10 Calcule os seguintes limites: 1. lim x→2 4 2. lim x→2 (3x− 2) 3. lim x→2 (x2 + 3x+ 5) 4. lim x→3 x− 5 x3 − 7 5. lim x→−2 √ x4 − 4x+ 1 6. lim x→1 x2 − 1 x− 1 7. lim x→2 (5x3 − 8) 8. lim x→1 x4 − 2x+ 1 x3 + 3x2 + 1 9. lim x→1 f(x), onde f(x) = x2 − 1 x− 1 se x 6= 1 3 se x = 1. 10. lim x→3 √ x− √ 3 x− 3 3.2.1 Limites laterais Vamos verificar nesta seção que o limite existe e é finito se, e somente se, os limites laterais existem (finitos) e são iguais. Definição 3.11 Seja f uma função definida num intervalo aberto (a, c). Dizemos que um número L é o limite à direita da função f quando x tende para a, e denotamos por lim x→a+ f(x) = L, se para todo ε > 0, existe um δ > 0, tal que a < x < a+ δ ⇒ |f(x)− L| < ε. Definição 3.12 Seja f uma função definida num intervalo aberto (d, a). Dizemos que um número L é o limite à esquerda da função f quando x tende para a, e denotamos por lim x→a− f(x) = L, se para todo ε > 0, existe um δ > 0, tal que a− δ < x < a ⇒ |f(x)− L| < ε. Limite e Continuidade 23 Observemos que x→ a+ indica que os valores de x são sempre maiores do que a. Por outro lado, x → a− indica que os valores de x são sempre menores do que a. Além disso, as propriedades de limites estudadas anteriormente continuam válidas no caso de limites laterais. Teorema 3.13 Se f é definida num intervalo aberto contendo a, exceto possivelmente no ponto a, então lim x→a f(x) = L se e somente se lim x→a+ f(x) = L = lim x→a− f(x). Demonstração. Ver página 78 do livro Cálculo A. Exemplo 3.14 (a) Dada a função f(x) = (1+ √ x− 3), determinar, se posśıvel, lim x→3+ f(x) e lim x→3− f(x). Verifique se existe o limite lim x→3 f(x). (b) Dada a função f(x) = −|x| x , se x 6= 0 1, se x = 0 , determinar, se posśıvel, lim x→0+ f(x) e lim x→0− f(x). Esboce o gráfico. Verifique se existe o limite lim x→0 f(x). (c) Dada a função f(x) = |x|, determinar, se posśıvel, lim x→0+ f(x) e lim x→0− f(x). Esboçar o gráfico. Verifique se existe o limite lim x→0 f(x). (d) Dada a função f(x) = x2 + 1, se x < 2 2, se x = 2 9− x2, se x > 2 , determinar, se posśıvel, lim x→2+ f(x), lim x→2− f(x) e lim x→2 f(x). Esboce o gráfico de f . 3.3 Expressões indeterminadas no cálculo de limites Muitas vezes, no cálculo de limites, nos deparamos com algumas indeterminações. Nesses casos, alguns artif́ıcios algébricos são necessários. Algumas das indeterminações que costuma aparecer são as seguintes: 0 0 , ∞ ∞ , ∞−∞, 0 · ∞, 00, ∞0, 1∞. (3.1) Vejamos, por exemplo, o que ocorre com a indeterminação 0 0 . Para isso, considere f e g duas funções tais que lim x→a f(x) = lim x→a g(x) = 0. Nada se pode afirmar, a priore, sobre o limite do quociente f g , pois dependendo das funções envolvidas esse limite pode ser qualquer valor real ou não existir. Por essa maneira, dizemos que 0 0 é um śımbolo de indeterminação. 24 Exemplo 3.15 (i) Sejam f(x)= x3 e g(x) = x2. Calcule o limite lim x→0 f(x) g(x) . (ii) Sejam f(x) = x2 e g(x) = 2x2. Calcule o limite lim x→0 f(x) g(x) . Agora vamos resolver alguns exemplos de cálculo de limites para os quais artif́ıcios algébricos mais robustos são necessário. Exemplo 3.16 Calcule os seguintes limites: (a) lim x→−2 x3 − 3x+ 2 x2 − 4 (b) lim x→0 √ x+ 2− √ 2 x (c) lim x→1 3 √ x− 1√ x− 1 (d) lim h→0 (x+ h)2 − x2 h Termina aqui o conteúdo da primeira avaliação 3.4 Limites no Infinito Definição 3.17 Seja f uma função definida em um intervalo aberto (a,+∞). Escreve- mos, lim x→+∞ f(x) = L, quando o número L satisfaz a seguinte condição: Para qualquer ε > 0, existe A > 0 tal que x > A implica que |f(x)− L| < ε. Definição 3.18 Seja f uma função definida em um intervalo aberto (−∞, b). Escreve- mos, lim x→−∞ f(x) = L, quando o número L satisfaz a seguinte condição: Para qualquer ε > 0, existe B < 0 tal que x < B implica que |f(x)− L| < ε. Observação 3.19 As propriedades dos limites estudadas na Seção3.2 continuam válidas para limites no infinito, bastando apenas substituirmos x→ a por x→ +∞ ou x→ −∞. Teorema 3.20 Se n é um número inteiro positivo, então lim x→+∞ 1 xn = 0 e lim x→−∞ 1 xn = 0. Demonstração. Ver Cálculo A, página 85. . Exemplo 3.21 Calcule os seguintes limites: Limite e Continuidade 25 1. lim x→+∞ 2x− 5 x+ 8 2. lim x→−∞ 2x3 − 3x+ 5 4x5 − 2 3. lim x→+∞ 2x+ 5√ 2x2 − 5 4. lim x→−∞ 2x+ 5√ 2x2 − 5 3.5 Limites Infinitos Definição 3.22 Seja f uma função definida em um intervalo aberto contendo a, exceto, possivelmente, em x = a. Dizemos que lim x→a f(x) = +∞, se para qualquer A > 0, existe δ > 0 tal que 0 < |x− a| < δ implica que f(x) > A. Definição 3.23 Seja f uma função definida em um intervalo aberto contendo a, exceto, possivelmente, em x = a. Dizemos que lim x→a f(x) = −∞, se para qualquer B < 0, existe δ > 0 tal que 0 < |x− a| < δ implica que f(x) < B. Podemos considerar também os limites laterais infinitos e os limites laterais no infinito. Existem definições formais para cada um dos limites lim x→a+ f(x) = +∞, lim x→a− f(x) = +∞, lim x→a+ f(x) = −∞, lim x→a− f(x) = −∞, lim x→+∞ f(x) = +∞, lim x→+∞ f(x) = −∞, lim x→−∞ f(x) = +∞, e lim x→−∞ f(x) = −∞. Algumas propriedades de limites permanecem válidas para limites infinitos, no entanto devemos tomar bastante cuidado quando combinamos funções envolvendo esses limites. A Tabela 3.2 nos ajudar nessa tarefa. Observação: 0+ indica que o limite é zero e a função se aproxima de zero por valores positivos e 0− indica que o limite é zero e a função se aproxima de zero por valores negativos. Exemplo 3.24 Determine os seguintes limites: 1. lim x→0 (x3 + √ x+ 1 x2 ) 2. lim x→+∞ (3x5 − 4x3 + 1) 3. Determinar lim x→0+ |x| x2 , lim x→0− |x| x2 e lim x→0 |x| x2 4. lim x→−1 5x+ 2 |x+ 1| 26 Figura 3.2: Tabela retirada do livro Cálculo A p.89 Limite e Continuidade 27 5. Determinar lim x→2+ x2 + 3x+ 1 x2 + x− 6 , lim x→2− x2 + 3x+ 1 x2 + x− 6 e lim x→2 x2 + 3x+ 1 x2 + x− 6 6. lim x→+∞ x2 + 3 x+ 2 7. lim x→+∞ 5− x3 8x+ 2 8. lim x→+∞ 2x4 + 3x2 + 2x+ 1 4− x4 9. lim x→+∞ x2 + 3x− 1 x3 − 2 10. Mostrar que se p(x) = a0x n + ax n−1+...+an 1 e q(x) = b0x m + bx m−1+...+bm 1 , então lim x→±∞ p(x) q(x) = lim x→±∞ a0x n b0xm . 3.6 Asśıntotas Em aplicações práticas, encontramos com muita frequência gráficos que se apro- ximam de uma reta à medida que x cresce ou decresce. Essas retas são chamadas de asśıntotas. Vamos focar nosso estudo em asśıntotas horizontais e verticais. Definição 3.25 A reta x = a é uma asśıntota vertical do gráfico y = f(x), se pelo menos uma das seguintes afirmações for verdadeira: (a) lim x→a+ f(x) = +∞; (b) lim x→a− f(x) = +∞; (c) lim x→a+ f(x) = −∞; (d) lim x→a− f(x) = −∞. Exemplo 3.26 A reta x = 2 é uma asśıntota vertical do gráfico de y = 1 (x− 2)2 . Definição 3.27 A reta y = b é uma asśıntota horizontal, se pelo menos uma das seguintes afirmações for verdadeira: 1. lim x→+∞ f(x) = b; 2. lim x→−∞ f(x) = b. 28 Exemplo 3.28 As retas y = 1 e y = −1 são asśıntotas horizontais do gráfico de y = x√ x2 + 2 . Definição 3.29 A reta y = ax + b é uma asśıntota inclinada do gráfico de y = f(x), se pelo menos uma das seguintes afirmações for verdadeira: 1. lim x→+∞ [f(x)− (ax+ b)] = 0; 2. lim x→−∞ [f(x)− (ax+ b)] = 0. Exemplo 3.30 A reta y = 2x é asśıntota do gráfico de y = 2x3 x2 + 4 . 3.7 Continuidade e Teorema do confronto Definição 3.31 Dizemos que uma função f é cont́ınua em a se as seguintes condições são satisfeitas: (i) f é definida no ponto a; (ii) lim x→a f(x) existe; (iii) lim x→a f(x) = f(a) Observação 3.32 Dizemos que f é cont́ınua em A ⊂ D(f) se f for cont́ınua em todo a ∈ A. Dizemos, simplesmente, que f é cont́ınua se ela for cont́ınua em todo ponto do seu domı́nio. Observação 3.33 As funções constante, afim, polinomiais, racionais, seno, cosseno e exponencial são cont́ınuas em todo o seus domı́nios. Exemplo 3.34 a) Verifique se as funções f e g dadas por f(x) = x2 − 1 x− 1 e g(x) = x2 − 1 x− 1 , se x 6= 1 1, se x = 1, são cont́ınuas em a = 1. b) Verifique que função dada por f(x) = x |x| , se x 6= 0 0, se x = 0, é cont́ınua em a = 0. Limite e Continuidade 29 c) Verifique que função dada por h(x) = x+ 3, se x ≥ −1−x+ 1, se x < −1, é cont́ınua. 3.7.1 Propriedades das funções cont́ınuas Se f e g são funções cont́ınuas em a, então: (i) f + g é cont́ınua em a; (ii) f − g é cont́ınua em a; (iii) f · g é cont́ınua em a; (iv) f/g é cont́ınua em a, desde que g(a) 6= 0. Agora que já sabemos formalmente o que é uma função cont́ınua, vejamos a seguinte proposição que trata do limite de uma função composta. Proposição 3.35 Sejam f e g funções tais que lim x→a f(x) = b e g é cont́ınua em b. Então, lim x→a (g ◦ f)(x) = lim x→a g(f(x)) = g[lim x→a f(x)] = g(b). O seguinte resultado nos diz que a composta de duas funções cont́ınuas ainda é uma função cont́ınua. Proposição 3.36 Sejam f é cont́ınua em a e g é cont́ınua em f(a), então a função composta g ◦ f é cont́ınua em a. 3.7.2 Outras propriedades de limites As seguintes propriedades a seguir são consequências da continuidade das funções envolvidas. Se lim x→a f(x) e lim x→a g(x) existem, então: 1. lim x→a ln[f(x)] = ln[lim x→a f(x)], se lim x→a f(x) > 0; 2. lim x→a cos[f(x)] = cos[lim x→a f(x)]; 3. lim x→a sen[f(x)] = sen[lim x→a f(x)]; 30 4. lim x→a ef(x) = elimx→a f(x). Teorema 3.37 (Teorema do Confronto ou do sandúıche) Se f(x) ≤ h(x) ≤ g(x) para todo x num intervalo aberto contendo a, exceto possivelmente no próprio a, e se lim x→a f(x) = L = lim x→a g(x), então lim x→a h(x) = L. Exemplo 3.38 Calcule os seguintes limites: 1. lim x→π sen(2x); 2. lim x→π 2 [2senx− cosx+ cotgx]; 3. lim x→4 (ex + 4x); 4. Encontrar lim x→0 x2|sen(1/x)|. 3.8 Limites fundamentais Vamos estudar três limites que caracterizam alguns casos particulares das inde- terminações do tipo 0/0, 1∞ e∞0. Tais limites são conhecidos como limites fundamentais. Proposição 3.39 lim x→0 senx x = 1. Demonstração. Figura 3.3: Circunferência unitária Considere a circunferência de raio 1. Seja x a medida em radianos do arco ÂOM , com a variação de x limitada ao intervalo (0, π/2). Observando a Figura 3.3, temos as seguintes equivalências: Limite e Continuidade 31 area∆MOA < area setorMOA < area∆AOT ⇒ ⇒ OAMM ′ 2 < OAÂM 2 < OAAT 2 ⇒ senx < x < tgx⇒ 1 < x senx < 1 cosx . Do fato das funções senx x e cosx serem par, e do Teorema do confronto, segue o resultado. Obs.: A demonstração com mais detalhes será feita na aula. Exemplo 3.40 Calcule os seguintes limites: 1. lim x→0 sen(2x) x 2. lim x→0 sen(3x) sen(4x) 3. lim x→0 tgx x Proposição 3.41 lim x→±∞ ( 1 + 1 x )x = e, ondee é o número irracional neperiano cujo valor aproximado é 2, 718281828459... Demonstração. A demonstração será omitida. Exemplo 3.42 1. Prove que lim x→0 (1 + x)1/x = e 2. Calcule lim t→0 ln(1 + t)1/t Proposição 3.43 lim x→0 ax − 1 x = ln a, onde a > 0 e a 6= 1. Demonstração. A demonstração será feita na aula. Exemplo 3.44 Calcule os seguintes limites: 1. lim x→0 ax − bx x 2. lim x→1 ex−1 − ax−1 x2 − 1 32 Caṕıtulo 4 Derivada 4.1 A reta tangente Vide o caṕıtulo 3 da Apostila de Cálculo I do professor Jackson 4.2 A derivada de uma função Primeiramente, vejamos a definição da derivada de uma função num ponto. Definição 4.1 (Derivada de f em a) Dizemos que f é derivável em a, se o limite lim x→a f(x)− f(a) x− a existe e é finito. Neste caso, tal limite é chamado de derivada de f em a e denotamos por f ′(a), logo f ′(a) = lim x→a f(x)− f(a) x− a . Observação 4.2 Existem outras maneiras de escrever a definição 4.1, por exemplo: Fa- zendo a substituição x = h+ a, a derivada de f em a também pode ser escrita na forma f ′(a) = lim h→0 f(a+ h)− f(a) h . Por outro lado, fazendo a substituição x = ∆x + a, a derivada de f em a também pode ser escrita na forma f ′(a) = lim ∆x→0 f(a+ ∆x)− f(a) ∆x . Exemplo 4.3 (a) Seja f a função dada por f(x) = 5x2 + 6x− 1. Usando a definição calcule f ′(2). 33 34 (b) Seja f a função dada por f(x) = |x|. Mostre que não existe f ′(0). Mostre que f é cont́ınua em x = 0. Observe que, mesmo sendo cont́ınua em x = 0 a função modular não é derivável neste ponto. Ou seja, uma função ser cont́ınua num ponto não implica que a mesma seja derivável em tal ponto. Definição 4.4 A derivada de uma função f , dada por f(x), é a função f ′, dada por f ′(x) (lê-se f linha de x) tal que o seu valor em qualquer ponto do domı́nio de f , x ∈ D(f), é dado por: f ′(x) = lim h→0 f(x+ h)− f(x) h , se este limite existe e é um número finito. Dizemos que a função é derivável quando existe a derivada em todos os pontos do seu domı́nio. Observação 4.5 Notações: f ′(x); ou Dxf (lê-se derivada de f em relação a x); ou Dxy (lê-se derivada de y em relação a x); ou ainda dy dx (lê-se derivada de y em relação a x), entre outras. Observação 4.6 Diremos, simplesmente, que a função f é derivável, se f for derivável em todo ponto do seu domı́nio. Exemplo 4.7 Seja f a função dada por f(x) = x− 2 x+ 3 . Usando a definição, determine f ′(x). Exerćıcio 4.8 Encontre a equação da reta tangente à curva y = √ x, que seja paralela à reta 8x− 4y + 1 = 0. Exerćıcio 4.9 Encontre a equação para a reta normal à curva y = x2 no ponto (2, 4). 4.3 Regras de derivação Agora vamos estudar algumas regras que nos permite calcular a derivada sem o uso da definição. Para isso, considere f e g duas funções deriváveis e c uma constante. Propriedade 4.10 (P1) Derivada de uma constante: se f(x) = c, para todo x, então f ′(x) = 0. (P2) Regra da potência: se n é um número inteiro positivo e f(x) = xn, então f ′(x) = nxn−1. Além disso, Derivada 35 (a) Se f(x) = x−n, então f ′(x) = (−n)x−n−1; (b) Se f(x) = x1/n, então f ′(x) = 1 n x 1 n −1, onde x > 0 se n for par e x 6= 0 se n for ı́mpar (n ≥ 2). (P3) Derivada do produto de uma constante por uma função: se g(x) = cf(x), então g′(x) = cf ′(x). (P4) Derivada da soma (ou diferença): se h(x) = f(x) ± g(x), então h′(x) = f ′(x)± g′(x). (P5) Derivada da produto: se h(x) = f(x) ·g(x), então h′(x) = f ′(x)g(x)+f(x)g′(x). (P6) Derivada da quociente: se h(x) = f(x) g(x) , então h′(x) = f ′(x)g(x)− f(x)g′(x) [g(x)]2 . Exemplo 4.11 Calcule a derivada das seguintes funções: 1. g(x) = 3 + π; 2. f(x) = esen3; 3. f(x) = 3x5; 4. f(x) = x−3; 5. f(x) = 1 x5 ; 6. f(x) = √ x; 7. f(x) = 3 √ x; 8. f(x) = 3x6 − 2x3 + 3x− 2; 9. f(x) = x5 − x4 + 3x2 − 2x+ π; 10. f(x) = (x− 1)(x2 + 3x); 11. f(x) = (x2 − 3)(3x2 + x− 2); 12. f(x) = x− 3 x2 − 1 ; 13. f(x) = x4 − 2x+ π x2 + 1 ; Exerćıcio 4.12 Estudar a Seção 4.2 (Velocidade e aceleração) do livro Cálculo A. 36 4.4 Derivadas de ex e lnx Teorema 4.13 São válidas as seguintes fórmulas de derivação: (a) Se f(x) = ex, então f ′(x) = ex. (b) Se g(x) = ln x, então g′(x) = 1 x , com x > 0. Demonstração. Será feita na aula. . Exemplo 4.14 Calcule a derivada das seguintes funções: (a) f(x) = x5 − 3x2 + ex; (b) g(x) = 3ex + 3π; (c) h(x) = 3x4 + e+ ln x; Exerćıcio 4.15 1. Determine a equação da reta tangente ao gráfico de f(x) = ex no ponto de abscissa 0. 2. Determine a equação da reta tangente ao gráfico de f(x) = ln x no ponto de abscissa 1. Esboce os gráficos de f e da reta tangente. 3. Seja f(x) = ax, onde a > 0 e a 6= 1 é um número real dado. Mostre que f ′(x) = ax ln a. 4. Baseados no exerćıcio anterior, calcule a derivada das seguintes funções: (a) f(x) = 2x; (b) f(x) = πx; (c) f(x) = 5x; (d) f(x) = ex. 5. Seja g(x) = logax, onde a > 0 e a 6= 1 é uma constante. Mostre que g′(x) = 1 xln a . 6. Baseados no exerćıcio anterior, calcule a derivada das seguintes funções: (a) g(x) = log3x; (b) f(x) = log5x; (c) f(x) = logπx; (d) f(x) = ln x. Derivada 37 4.5 Derivadas das funções trigonométricas Agora vamos estudar as derivadas das funções trigonométricas. Faremos algumas demonstrações em sala, as que forem omitidas fica como exerćıcio para vocês. Observação 4.16 Lembremos que: tgx = senx cosx , cotgx = cosx senx , secx = 1 cosx e cossecx = 1 senx . Teorema 4.17 São válidas as seguintes fórmulas de derivação: (a) sen′x = cosx; (b) cos′x = −senx; (c) tg′x = sec2x; (d) sec′x = secx tgx; (e) cotg′x = −cossec2x; (f) cossec′x = −cossecx cotgx. Demonstração. Faremos as demonstrações de alguns dos itens em sala de aula, os demais ficarão como exerćıcio. Dica: para as demonstrações dos itens (a) e (b) utilize as seguintes fórmulas trigonométricas: sen(p)− sen(q) = 2sen ( p− q 2 ) cos ( p+ q 2 ) e cos(p)− cos(q) = −2sen ( p+ q 2 ) sen ( p− q 2 ) . Exemplo 4.18 Faça o que se pede: 1. Dada f(x) = senx+ cosx, calcule f ′(x) e f ′(π); 2. Dada g(x) = 4x2 − 3cosx+ 2senx, calcule g′(x); 3. Dada h(x) = (1 + senx)(x3 − 1), calcule h′(x); 4. Determine a equação da reta tangente ao gráfico de f(x) = senx no ponto de abs- cissa 0. 38 4.6 Continuidade de funções deriváveis Vimos que função modular, dada por f(x) = |x|, é cont́ınua em x = 0 mas não é derivável neste ponto. Ou seja, uma função ser cont́ınua num ponto não implica que a mesma seja derivável em tal ponto. No entanto, a rećıproca é verdadeira, como mostra o teorema a seguir. Teorema 4.19 Se f é uma função derivável em a, então f é cont́ınua em a. Demonstração. A demonstração será feita em sala. Observação 4.20 Segue do teorema que se f não for cont́ınua em a, então f não poderá ser derivável em a. Exemplo 4.21 A função f dada por f(x) = x2 se x ≤ 12 se x > 1 é derivável em 1? Justi- fique. Exemplo 4.22 A função g dada por g(x) = x2 se x ≤ 11 se x > 1 é cont́ınua em 1? f é diferenciável em 1? Exemplo 4.23 A função h dada por h(x) = x2 se x ≤ 12x− 1 se x > 1 é derivável em 1? f é cont́ınua em 1? Exerćıcio 4.24 Seja f(x) = x+ 1 se x < 21 se x ≥ 2 (a) f é cont́ınua em 2? Por quê? b) É derivável em 2? Por quê? Exerćıcio 4.25 Seja f(x) = x2 se x ≤ 0−x2 se x > 0 (a) f é derivável em 0? Justifique. b) É cont́ınua em 0? Justifique. Exerćıcio 4.26 Seja f(x) = −x+ 3 se x < 3x− 3 se x ≥ 3 (a) f é derivável em 3? Justifique. b) É cont́ınua em 3? Justifique. Derivada 39 4.7 A derivada de uma função composta - Regra da Cadeia Sejam y = g(u) e u = f(x) duas funções deriváveis. Para todo x tal que f(x) está no domı́nio de g, podemos escrever y = g(u) = g(f(x)), isto é, podemos considerar a função composta (g ◦ f)(x). A proposição a seguir, chamada de Regra daCadeia, nos mostra que a função composta g ◦ f é derivável e que sua derivada é dada em termos das derivadas de f e g. Proposição 4.27 (Regra da Cadeia) Se y = g(u), u = f(x) e as derivadas dy du e du dx existem, então a função composta y = g(f(x)) tem derivada dada por: dy dx = dy du · du dx ou y′(x) = g′(f(x)) f ′(x). (4.1) Observação 4.28 Supondo g derivável, é fácil verificar através da Regra da Cadeia que: (a) [eg(x)]′ = eg(x)g′(x). (b) [ln g(x)]′ = g′(x) g(x) . (c) [cos(g(x))]′ = −g′(x)sen(g(x)). (d) [sen(g(x))]′ = g′(x)cos(g(x)). (e) [(g(x))n]′ = n(g(x))n−1g′(x). (f) [(g(x))1/n]′ = 1 n (g(x)) 1 n −1g′(x) (n ≥ 2). Exemplo 4.29 1. Dada a função y = (x2 + 5x+ 2)7, calcule dy dx . 2. Dada a função f(x) = ( 3x+ 2 2x+ 1 )5 , determine f ′(x). 3. Dada a função y = (3x2 + 1)3(x− x2)2, calcule y′. 4. Calcule a derivada das funções: y = e3x, y = sen(t2), f(x) = cos(3x) e g(x) = ln(x2 + 3). 5. Dada a função f(x) = 5 3 √ x2, determine f ′(x). 6. Dada a função g(t) = t2 3 √ t3 + 1 , determine g′(t). 40 7. Seja f : IR→ IR uma função derivável e seja g(x) = f(cosx). Calcule g′(π 3 ) supondo que f ′( 1 2 ) = 4. Observação 4.30 Valem todas as regras de derivação estudadas para o caso da derivada de funções compostas. Exemplo 4.31 1. Calcule a derivada de y = x2e3x. 2. Calcule a derivada das funções: f(x) = ( x+ 1 x2 + 1 )4 e y = 3 √ x2 + 3. 3. Calcule a derivada de y = u1/3, onde u = x2 + 3. 4. Calcule a derivada de y = x8 + (2x+ 4)3 + √ x. 5. Calcule a derivada de y = x+ 1√ x2 − 3 . 6. Calcule a derivada de y = 3x(8x3 − 2). 7. Calcule a derivada de y = 3 √ 6x2 + 7x+ 2. 8. A função diferenciável y = f(x) é tal que, para todo x ∈ D(f), xf(x)+sen(f(x)) = 4. Mostre que f ′(x) = −f(x) x+ cos(f(x)) , para todo x ∈ D(f), com x+ cos(f(x)) 6= 0. 4.7.1 A derivada da função exponencial composta Sejam f e g duas funções deriváveis num mesmo conjunto A, com f(x) > 0 para todo x ∈ A. Consideremos a função definida em A e dada por y = f(x)g(x). Então, [f(x)g(x)]′ = f(x)g(x)[g(x)ln(f(x))]′ . Nota: faremos essa demonstração em sala de aula. Exemplo 4.32 Calcule a derivada das seguintes funções 1. y = xx 2. y = 3x 3. f(x) = x √ 2 4. y = 8x + log2x Derivada 41 Exerćıcio 4.33 Calcule a derivada das seguintes funções 1. y = cos(1/x) 2. f(x) = 3tg( √ x) + cotg(3x) 3. y = cosx 1 + cotgx 4. f(x) = sec(x2 + 3x+ 7) 5. y = cosec ( x+ 1 x− 1 ) 4.8 Função inversa Definição 4.34 Seja F : A → B uma função de A em B dada por y = f(x) . Se para cada y ∈ B, existir exatamente um valor de x ∈ A tal que y = f(x), então podemos definir uma função g : B → A tal que x = g(y). A função g definida desta maneira é chamada função inversa de f e denotada por f−1. Exemplo 4.35 1. A função f : IR→ IR dada por y = 2x−5 tem como função inversa f−1 : IR→ IR definida por x = 1 2 (y + 5). 2. A função f : IR−{3} → IR−{−1} definida por y = x− 1 3− x admite a função inversa f−1 : IR− {−1} → IR− {3} definida por x = 1 + 3y y + 1 . Observação 4.36 Graficamente podemos determinar se uma função admite inversa. Pas- sando uma reta paralela ao eixo dos x, esta deve cortar o gráfico em apenas um ponto. Isso pode ser observado no gráfico da função y = x2, logo esta função não admite inversa. No entanto, fazendo uma restrição conveniente do domı́nio, essa mesma função passa a admitir inversa. Por exemplo, para x ≥ 0 existe a inversa x1 = √ y e para x ≤ 0 existe a inversa x1 = − √ y Observação 4.37 Para fazer o gráfico da função inversa basta traçar a reta y = x e observar a simetria. Exemplo 4.38 1. A função f : [0,∞)→: [0,∞) dada por f(x) = x2 tem como função inversa g : [0,∞)→: [0,∞) definida por g(x) = √ x. 2. A função f : IR → IR definida por y = x3 admite a função inversa g : IR → IR definida por x = 3 √ x. 42 4.9 A derivada da função inversa Teorema 4.39 Seja y = f(x) uma função definida em um intervalo aberto (a, b). Su- ponhamos que f(x) admita uma função inversa x = g(y) cont́ınua. Se f ′(x) existe e é diferente de zero para qualquer x ∈ (a, b), então g = f−1 é derivável e vale: g′(y) = 1 f ′(x) = 1 f ′[g(y)] . Exemplo 4.40 Seja f a função dada por f(x) = 4x− 3. Calcule a função inversa de f e a sua derivada. Exemplo 4.41 Seja y = 8x3, calcule a sua inversa. Calcule a derivada da função e a derivada da sua inversa. 4.9.1 Derivada das funções trigonométricas inversas Da Definição 4.34 podemos concluir que é imposśıvel definir uma função inversa para a função y = senx, uma vez que para cada valor de y há uma infinidade de valores x tais que senx = y. Portanto, para definirmos a função inversa de y = senx é necessário restringir o seu domı́nio. Este fato ocorre com as demais funções trigonométricas. Definição 4.42 Funções arco seno e arco cosseno: (i) Função arco seno: seja f : [−π/2, π/2] → [−1, 1] a função definida por f(x) = senx. A função inversa de f é chamada arco seno, denotada por arc sen, e é dada por f−1 : [−1, 1] → [−π/2, π/2], onde f−1(x) = arc senx. Simbolicamente, para −π 2 ≤ y ≤ π 2 , escrevemos a equivalência: y = arc senx ⇔ x = seny. (ii) Função arco cosseno: seja f : [0, π]→ [−1, 1] a função definida por f(x) = cosx. A função inversa de f é chamada arco cosseno, denotada por arc cos, e é dada por f−1 : [−1, 1] → [0, π], onde f−1(x) = arc cosx. Simbolicamente, para 0 ≤ y ≤ π, escrevemos a equivalência: y = arc cosx ⇔ x = cosy. Observação 4.43 Observe que, nas definições das funções arco seno e arco cosseno, podeŕıamos ter restringido o domı́nio a outros intervalos. Derivada 43 Observação 4.44 Para mais detalhes sobre as demais funções trigonométricas inversas, basta consultar um dos livros sugeridos nas referências bibliográficas da disciplina. Vejamos alguns exemplos de derivadas das funções trigonométrica inversas. 1. Derivada da função arco seno: Seja f : [−1, 1] → [−π/2, π/2] definida por f(x) = arc senx. Então f é derivável em (−1, 1) e f ′(x) = 1√ 1− x2 . 2. Derivada da função arco cosseno: Seja f : [−1, 1]→ [0, π] definida por f(x) = arc cosx. Então f é derivável em (−1, 1) e f ′(x) = −1√ 1− x2 . 3. Derivada da função arco tangente: Seja f : IR → (−π/2, π/2) definida por f(x) = arc tgx. Então f é derivável e f ′(x) = 1 1 + x2 . 4. Derivada da função arco cotangente: Se f(x) = arc cotgx, então f ′(x) = −1 1 + x2 . 5. Derivada da função arco secante: Se f(x) = arc secx, |x| ≥ 1, então f ′(x) = 1 |x| √ x2 − 1 , |x| > 1. 6. Derivada da função arco cossecante: Se f(x) = arc cosecx, |x| ≥ 1, então f ′(x) = −1 |x| √ x2 − 1 , |x| > 1. Observação 4.45 Também podemos aplicar a regra da cadeia nas derivadas das funções trigonométricas inversas, caso seja necessário. Exemplo 4.46 Determine a derivada das seguintes funções: (a) y = arc sen(x+ 1) (b) y = arc tg ( 1− x2 1 + x2 ) (c) y = arc cos (2x+ 1) 4.9.2 Derivada das funções hiperbólicas As funções hiperbólicas são definidas em termos da função exponencial, logo suas derivadas podem ser determinadas facilmente. 44 Definição 4.47 As funções seno hiperbólico, denotada por senh, e cosseno hi- perbólico, denotada por cosh, são definidas por: senh x = ex − e−x 2 cosh x = ex + e−x 2 . Observação 4.48 As expressões exponenciais que definem as funções hiperbólicas sur- gem frequentemente na Matemática Aplicada. E o comportamento dessas funções nos levam a fazer uma analogia com as funções trigonométricas. Observação 4.49 A partir das funções senhx e coshx obtemos as funções tghx = senhx coshx = ex − e−x ex + e−x , cotghx = coshx senhx = ex + e−x ex − e−x , sechx = 1 coshx = 2 ex + e−x e cossechx = 1 senhx = 2 ex − e−x . Nota: para mais detalhes, consultar nossas referências bibliográficas. Observação 4.50 O domı́nio das funções senh e cosh é dado pelo intervalo(−∞, +∞). O conjunto imagem da função senh é o intervalo (−∞, +∞), enquanto que a imagem de cosh é o intervalo [1, +∞). Vejamos as derivadas das funções hiperbólicas, já com o uso da regra da cadeia: 1. y = senh u ⇒ y′ = cosh u · u′ 2. y = cosh u ⇒ y′ = senh u · u′ 3. y = tgh u ⇒ y′ = sech2 u · u′ 4. y = cotgh u ⇒ y′ = −cossech2 u · u′ 5. y = sech u ⇒ y′ = −sech u · tgh u · u′ 6. y = cossech u ⇒ y′ = −cossech u · cotgh u · u′ Exemplo 4.51 Determinar a derivada das seguintes funções: (a) y = senh(x3 + 3) (b) y = cosh(x3 + 3) (c) y = sech(2x) (d) y = ln[tgh(3x)] (e) y = cotgh(1− x3) Derivada 45 4.10 Derivadas de ordem superior Sejam f uma função e A o conjunto dos x para os quais f ′(x) existe. A função f ′ : A→ IR dada por x 7→ f ′(x), denomina-se função derivada ou, simplesmente, derivada de f . Diremos ainda que f ′ é a derivada de primeira ordem de f , que também pode ser indicada por f (1). A derivada de f ′ denomina-se derivada de segunda ordem de f e é indicada por f ′′ ou f (2). Assim, f ′′ = (f ′)′. De maneira análoga defini-se as derivadas de ordens superiores a 2 de f . Exemplo 4.52 Seja f(x) = 3x3 − 6x+ 1. Determine f ′, f ′′ e f ′′′. Exemplo 4.53 Seja f(x) = x2 se x ≤ 11 se x > 1. Determine f e f ′ e, em seguida, esboce os seus gráficos. 4.11 Derivação de uma função dada implicitamente Consideremos uma equação nas variáveis x e y. Dizemos que uma função y = f(x) é dada implicitamente por tal equação se, para todo x no domı́nio de f , o ponto (x, f(x)) for solução da equação. Exemplo 4.54 Seja a equação x2+y2 = 1. A função y = √ 1− x2 é dada implicitamente pela equação, pois para todo x em [−1, 1], temos que x2 + ( √ 1− x2)2 = 1. Observe que a função y = − √ 1− x2 é, também, dada implicitamente por tal equação. Exemplo 4.55 Determine uma função que seja dada implicitamente pela equação y2 + xy − 1 = 0. Nem sempre é posśıvel encontrar a forma expĺıcita de uma função definida im- plicitamente. Por exemplo, como explicitar uma função y = f(x) definida pela equação y4 + 3xy+ 2ln(y) = 0? O método da derivação impĺıcita permite encontrar a derivada de uma função assim definida, sem a necessidade de explicitá-la. Para isso, deve-se fazer uso da cadeia. Vejamos na resolução dos exemplos a seguir em sala de aula. Exemplo 4.56 Seja y = f(x), x ∈ IR, a função dada implicitamente pela equação y3 + y = x. Suponha que f seja derivável. Mostre que f ′(x) = 1 3[f(x)]2 + 1 . Em seguida, determine a equação da reta tangente ao gráfico de f no ponto (10, f(10)). 46 Exemplo 4.57 Sabendo que y = f(x) é uma função derivável definida implicitamente pela equação x2 + y2 = 4, determinar y′. Exemplo 4.58 Sabendo que y = f(x) é definida pela equação xy2 + 2y3 = x − 2y, determinar y′. Exemplo 4.59 Se y = f(x) é definida por x2y2 + xsen(y) = 0, determinar y′. Caṕıtulo 5 Aplicações das Derivadas Agora vamos estudar algumas das aplicações das derivadas. Em diversas áreas encontramos problemas que são resolvidos utilizando a derivada como uma taxa de va- riação, estudaremos alguns casos. Também vamos analisar o comportamento das funções e a construção de seus gráficos através das definições e teoremas envolvendo derivadas. Além disso, vamos estudar as regras de L’Hospital, que são usadas nos cálculos de alguns limites. 5.1 Velocidade e Aceleração. Taxa de Variação Suponhamos que uma part́ıcula se desloca sobre o eixo x com função de posição x = f(t). Isto significa dizer que a função f fornece a cada instante a posição ocupada pela part́ıcula na reta. A velocidade média da part́ıcula entre os instantes t e t + ∆t é definida pelo quociente f(t+ ∆t)− f(t) ∆t , onde ∆x = f(t + ∆t)− f(t) é o deslocamento da part́ıcula entre os instantes t e t + ∆t. A velocidade da part́ıcula no instante t é definida como sendo a derivada (caso exista) de f em t, isto é: v(t) = dx dt = f ′(t). (5.1) Assim, pela definição de derivada, v(t) = lim ∆t→0 f(t+ ∆t)− f(t) ∆t . (5.2) A aceleração no instante t é definida como sendo a derivada em t da função 47 48 v = v(t): a(t) = dv dt = d2x dt2 . (5.3) Pela definição de derivada, a(t) = lim ∆t→0 v(t+ ∆t)− v(t) ∆t . (5.4) O quociente v(t+ ∆t)− v(t) ∆t é a acelaração média entre os instantes t e t+ ∆t. Exemplo 5.1 Uma part́ıcula move-se sobre o eixo x de modo que no instante t a posição x é dada por x = t2, t ≥ 0, onde x é dado em metros e t em segundos. (a) Determine as posições ocupadas pela part́ıcula nos instantes t = 0, t = 1 e t = 2; (b) Qual é a velocidade no instante t? (c) Esboce o gráfico da função de posição. Exemplo 5.2 Uma part́ıcula move-se sobre o eixo x de modo que no instante t a posição x é dada por x = cos(3t), t ≥ 0. Suponha x dado em metros e t em segundos. (a) Determine as posições ocupadas pela part́ıcula nos instantes t = 0, t = π/6, t = π/3, t = π/2 e t = 2π/3; (b) Qual é a velocidade no instante t? (c) Qual é a aceleração no instante t? (d) Esboce o gráfico da função de posição. Exemplo 5.3 Um ponto move-se ao longo do gráfico de y = x2 + 1 de tal modo que a sua abscissa x varia a uma velocidade constante 3 (cm/s). Qual é, quando x = 4 (cm), a velocidade da ordenada y? Exemplo 5.4 O raio r de uma esfera está variando, com o tempo, a uma taxa constante de 5 (m/s). Com que taxa estará variando o volume da esfera no instante em que r = 2 (m)? Exemplo 5.5 Um ponto P move-se sobre a elipse 4x2 + y2 = 1. Sabe-se que as coor- denadas x(t) e y(t) de P são funções definidas e deriváveis num intervalo I. Verifique que dy dt = −4x y dx dt , em todo t ∈ I, com y(t) 6= 0. Aplicações da Derivada 49 Exemplo 5.6 Uma cidade X é atingida por uma moléstia epidêmica. Os setores de saúde calculam que o número de pessoas atingidas pela moléstia depois de um tempo t (medido em dias a partir do primeiro dia da epidemia) é aproximadamente, dado por f(t) = 64t− t 3 3 . (a) Qual é a razão da expansão da epidemia no tempo t = 4? (b) Qual é a razão da expansão da epidemia no tempo t = 8? (c) Quantas pessoas serão atingidas pela epidemia no quinto dia? Exemplo 5.7 Analistas de produção verificam que, em uma montadora x, o número de peças produzidas nas primeiras t horas diárias de trabalho é dado por: f(t) = 50(t2 + t), para 0 ≤ t ≤ 4200(t+ 1), para 4 ≤ t ≤ 8. (5.5) (a) Qual é razão de produção (em unidades por hora) após 3 horas de trabalho? E após 7 horas? (b) Quantas peças são produzidas na oitava hora de trabalho? Exerćıcio 5.8 Resolver os exemplos e exerćıcios do livro Cálculo A e ou Guidorizzi. 5.2 Máximos e Mı́nimos A Figura 5.1 nos mostra o gráfico de uma função y = f(x), com os seguintes pontos de abscissas x1, x2, x3 e x4 em destaque. Figura 5.1: Exemplo de extremos relativos. Fonte: livro Cálculo A 50 Tais pontos são chamados de pontos extremos da função. Os valores f(x1) e f(x3) são chamados máximos relativos e f(x2) e f(x4) são chamados mı́nimos relativos. Definição 5.9 Uma função f tem um máximo relativo em c, se existir um intervalo aberto I, contendo c, tal que f(c) ≥ f(x), para todo x ∈ I ∩D(f). Definição 5.10 Uma função f tem um mı́nimo relativo em c, se existir um intervalo aberto I, contendo c, tal que f(c) ≤ f(x), para todo x ∈ I ∩D(f). Exemplo 5.11 A função f(x) = 3x4 − 12x2 tem um máximo relativo em c1 = 0, pois existe o intervalo (−2, 2) tal que f(0) ≥ f(x) para todo x ∈ (−2, 2). Figura 5.2: Gráfico da função do exemplo 5.11. Fonte: livro Cálculo A A proposição a seguir permite encontrar com precisão os extremos de uma função. Proposição 5.12 Suponhamos que f(x) existe para todos os valores de x ∈ (a, b) e que f tem um extremo relativo em c, onde a < c < b. Se f ′(c) existe, então f ′(c) = 0. Observação 5.13 Geometricamente, se f tem um extremo relativo em c e se f ′(c) existe,então o gráfico de y = f(x) tem uma reta tangente horizontal no ponto de abscissa c. Observação 5.14 Quando f ′(c) existe, a condição f ′(c) = 0 é necessária para a existência de um extremo relativo em c. No entanto, esta condição não é suficiente, isto significa que se f ′(c) = 0 a função f pode ter ou não um extremo relativo em c. Por outro lado, quando f ′(c) não existe f pode ou não ter extremo relativo em c. O ponto de abscissa c ∈ D(f) tal que f ′(c) não existe f ou f ′(c) = 0 é chamado de ponto cŕıtico de f . Portanto, uma condição necessária para que para a existência de um extremo relativo em um ponto de abscissa c é que ele seja um ponto cŕıtico. Aplicações da Derivada 51 Figura 5.3: Pontos cŕıticos. Fonte: livro Cálculo A Uma função definida num dado intervalo pode admitir diversos pontos extremos relativos. O maior valor da função num intervalo é chamado máximo absoluto da função nesse intervalo. Analogamente, o menor valor da função num intervalo é chamado mı́nimo absoluto da função nesse intervalo. Proposição 5.15 Seja f : [a, b] → IR uma função cont́ınua, definida num intervalo fechado [a, b]. Então f assume máximo e mı́nimo absoluto em [a, b]. Definição 5.16 Dizemos que f(c) é o máximo absoluto da função f , se c ∈ D(f) e f(c) ≥ f(x), para todo x ∈ D(f). Definição 5.17 Dizemos que f(c) é o mı́nimo absoluto da função f , se c ∈ D(f) e f(c) ≤ f(x), para todo x ∈ D(f). Exemplo 5.18 Verifique que a função f(x) = x2 + 6x−3 tem um mı́nimo absoluto igual a −12 no ponto de abscissa −3. Exemplo 5.19 Verifique que a função f(x) = −x2 + 6x − 3 tem um máximo absoluto igual a 6 no ponto de abscissa 3. 5.3 Teoremas sobre Derivadas Teorema 5.20 (Teorema de Rolle) Seja f uma função definida e cont́ınua em [a, b] e derivável em (a, b). Se f(a) = f(b) = 0, então existe pelo menos um ponto c ∈ (a, b) tal que f ′(c) = 0. 52 Sob as mesmas hipóteses o Teorema de Rolle pode ser estendido para funções tais que f(a) = f(b) 6= 0. A Figura 5.4 mostra alguns exenplos de funções em que o Teorema de Rolle é válido. Figura 5.4: Exemplos de aplicações do Teorema de Rolle. Fonte: livro Cálculo A Agora vamos apresentar o enunciado de um dos teoremas mais importantes do cálculo, o Teorema do Valor Médio (TVM). Estamos interessados no entendimento e no significado geométrico do TVM, de modo que sua demonstração será omitida. Teorema 5.21 (Teorema do Valor Médio) Seja f uma função cont́ınua em [a, b] e derivável em (a, b). Então existe pelo menos um c ∈ (a, b) tal que, f ′(c) = f(b)− f(a) b− a Geometricamente, o TVM nos afirma que se a função y = f(x) é cont́ınua em [a, b] e derivável em (a, b), então existe pelo menos um número c entre a e b onde a reta tangente à curva é paralela à corda que une os pontos (a, f(a)) e (b, f(b)). Aplicações da Derivada 53 Figura 5.5: Teorema do Valor Médio. Fonte: livro Cálculo A 5.4 Funções Crescentes e decrescentes Definição 5.22 Dizemos que uma função f , definida num intervalo I, é crescente em I se para quaisquer x1, x2 ∈ I, com x1 < x2, temos f(x1) ≤ f(x2). Definição 5.23 Dizemos que uma função f , definida num intervalo I, é decrescente em I se para quaisquer x1, x2 ∈ I, com x1 < x2, temos f(x1) ≥ f(x2). Se f é crescente ou decrescente num intervalo, dizemos que f é monótona neste intervalo. Analisando geometricamente o sinal da derivada podemos determinar os inter- valos onde uma função derivável é crescente ou decrescente, como no teorema a seguir. Sendo assim, como consequência do TVM temos o seguinte teorema. Proposição 5.24 Seja f uma função cont́ınua em [a, b] e derivável em (a, b). (i) Se f ′(x) > 0 para todo x ∈ (a, b), então f é crescente em [a, b]. (ii) Se f ′(x) < 00 para todo x ∈ (a, b), então f é decrescente em [a, b]. Exemplo 5.25 Determinar os intervalos nos quais as seguintes funções são crescentes ou decrescentes: (a) f(x) = x3 + 1; (b) f(x) = x2 − x+ 5; (c) f(x) = x3 − 2x2 + x+ 2; (d) f(x) = 2x2 − 4, x ≤ 1−x− 1, x > 1. ; 54 5.5 Critérios para determinar os extremos de uma função Agora veremos alguns critérios para determinar os extremos de uma função. Teorema 5.26 (Critério da derivada primeira para determinar extremos) Seja f uma função cont́ınua num intervalo fechado [a, b] e derivável no aberto (a, b), exceto pos- sivelmente num ponto de abscissa c. (i) Se f ′(x) > 0 para todo x < c e f ′(x) < 0 para todo x > c, então f tem um máximo relativo em c. (ii) Se f ′(x) < 0 para todo x < c e f ′(x) > 0 para todo x > c, então f tem um mı́nimo relativo em c. Figura 5.6: Critério da derivada primeira. Fonte: livro Cálculo A Exemplo 5.27 Determinar os intervalos de crescimento, decrescimento e os máximos e mı́nimos relativos das seguintes funções: (a) f(x) = x3 − 7x+ 6; (b) f(x) = (x− 2)2 − 3, x ≤ 51/2(x+ 7), x > 5. . Teorema 5.28 (Critério da derivada segunda para determinar extremos) Sejam f uma função derivável num intervalo (a, b) e c um ponto cŕıtico deste intervalo, isto é, f ′(c) = 0, com a < c < b. Se f admite a derivada f ′′ em (a, b), temos: Aplicações da Derivada 55 (i) Se f ′′(c) < 0, então f tem um valor máximo relativo em c. (ii) Se f ′′(c) > 0, então f tem um valor mı́nimo relativo em c. Exemplo 5.29 Encontre os máximos e mı́nimos relativos das seguintes funções, apli- cando o critério da derivada segunda: (a) f(x) = 18x+ 3x2 − 4x3; (b) f(x) = x(x− 1)2; (c) f(x) = 6x− 3x2 + 1 2 x3. 5.6 Concavidade e pontos de inflexão O conceito de concavidade nos ajudará muito na construção do gráfico de uma função. Geometricamente, dizemos que uma curva tem concavidade voltada para cima no intervalo (a, b) quando observamos que dado um ponto qualquer c entre a e b, em pontos próximos de c o gráfico de f está acima da reta tangente à curva no ponto (c, f(c)). Como f ′(x) é a inclinação da reta tangente à curva, observamos na Figura 5.7 (b) que Figura 5.7: Concavidade voltada para cima. Fonte: livro Cálculo A podemos descrever essa mesma situação afirmando que no intervalo (a, b) a derivada f ′(x) é crescente. Geometricamente, isto significa que a reta tangente gira no sentido anti-horário à medida que avançamos sobre a curva da esquerda para a direita. Analogamente, a Figura descreve uma função que tem concavidade voltada para baixo no intervalo (a, b). Nesse caso, a tangente gira no sentido horário quando nos 56 deslocamos sobre a curva da esquerda para a direita. A derivada f ′(x) é decrescente em (a, b). Figura 5.8: Concavidade voltada para baixo. Fonte: livro Cálculo A Definição 5.30 Uma função f é dita côncava para cima no intervalo (a, b) se f ′(x) é crescente neste intervalo. Definição 5.31 Uma função f é dita côncava para baixo no intervalo (a, b) se f ′(x) é decrescente neste intervalo. Observação 5.32 Reconhecer os intervalos onde uma curva tem concavidade voltada para cima ou para baixo é de extrema valia para a construção do gráfico dessa função. Vamos utilizar o sinal da derivada segunda para obter informações sobre a concavidade de uma função em determinado intervalo. Teorema 5.33 Seja f uma função cont́ınua no intervalo fechado [a, b] e derivável até a segunda ordem no intervalo aberto (a, b). (i) Se f ′′(x) > 0 para todo x ∈ (a, b), então f é côncava para cima em (a, b). (ii) Se f ′′(x) < 0 para todo x ∈ (a, b), então f é côncava para baixo em (a, b). Definição 5.34 Um ponto (c, f(c)) do gráfico de uma função cont́ınua f é chamado um ponto de inflexão, se existe um intervalo (a, b) contendo c, tal que uma das seguintes situações ocorra: (i) f é côncava para cima em (a, c) e côncava para baixo em (c, b). Aplicações da Derivada 57 (ii) f é côncava para baixo em (a, c) e côncava para cima em (c, b). Na Figura 5.9, os pontos de abscissa c1, c2, c3 e c4 são pontosde inflexão. Vale observar que c2 e c3 são pontos de extremos de f para os quais não existe derivada. Por outro lado, nos pontos c1 e c4, existem as derivada f ′(c1) e f ′(c4). Além disso, podemos observar que nos pontos (c1, f(c1)) e (c4, f(c4)) a reta tangente corta o gráfico de f . Figura 5.9: Exemplos de pontos de inflexão. Fonte: livro Cálculo A Exemplo 5.35 Determine os pontos de inflexão e os intervalos para os quais as, seguin- tes, funções tem concavidade voltada para cima ou para baixo: (a) f(x) = (x− 1)3; (b) f(x) = x4 − x2; (c) f(x) = x2, x ≤ 11− (x− 1)2, x > 1. . 5.7 Construção e análise de gráficos Agora, tomando como base as últimas informações estudadas, podemos forma um conjunto de informações que permite fazer a análise do comportamento e o esboço do gráfico das funções. A seguir temos um resumo que poderá ser seguido para analisar o comportamento de uma função a partir de sua representação algébrica. Neste caso, sua análise pode culminar com um esboço gráfico destacando as propriedades e caracteŕısticas da função. Vamos seguir os seguintes passos na construção do gráfico de uma função f : 1. Encontrar D(f); 58 2. Calcular os pontos de intersecção com os eixos (quando não requer muito cálculo); 3. Encontrar os pontos cŕıticos; 4. Determinar os intervalos de crescimento e decrescimento de f ; 5. Encontrar os máximos e mı́nimos relativos; 6. Determinar a concavidade e os pontos de inflexão de f ; 7. Encontrar as asśıntotas horizontais e verticais, se existirem; 8. Esboçar o gráfico. Exemplo 5.36 Esboce o gráfico das funções do exemplo anterior e das funções a seguir: (a) f(x) = 3x4 − 8x3 + 6x2 + 2; (b) f(x) = x2 x− 3 ; (c) f(x) = (x+ 1)1/3; (d) f(x) = x2, x ≤ 11− (x− 1)2, x > 1. ; Exerćıcio 5.37 Resolver as seguintes questões da Seção 5.10 do livro Cálculo A (encon- trado na biblioteca virtual da Ufersa): 5, 6, 8, 9, 11, 12, 13, 14 e 15. Se não tivermos conhecimento da função na forma algébrica, mas apenas o seu gráfico estiver dispońıvel, é posśıvel fazer uma análise do comportamento dessa função a partir do seu gráfico, destacando suas propriedades e caracteŕısticas. 5.8 Problemas de maximização e minimização Agora vamos estudar alguns problemas práticos em diversas áreas relacionados com máximos e mı́nimos de funções. O primeiro passo para solucionar problemas deste tipo é escrever precisamente a função que deverá ser analisada, isto é, transformar o pro- blema prático num problema matemático. Tal função (que descreve o problema) poderá ser escrita em função de uma ou mais variáveis. Quando a função é de mais de uma variável, devemos procurar expressar uma das variáveis em função das demais. Com a função bem definida, devemos identificar um intervalo apropriado para o problema e pro- ceder a rotina matemática aplicando os conhecimentos que adquirimos até esse momento. Aplicações da Derivada 59 Figura 5.10: Resumo para análise de uma função a partir do seu gráfico. Fonte: livro Cálculo A Exemplo 5.38 Na Biologia, encontramos a fórmula φ = V ·A, onde φ é o fluo de ar na traquéia, V é a velocidade do ar e A a área do ćırculo formado ao seccionarmos a traquéia. Quando tossimos, o raio diminui, afetando a velocidade do ar na traquéia. Sendo r0 o raio normal da traquéia, a relação entre a velocidade V e o raio r da traquéia durante a tosse é dada por V (r) = ar2(r0 − r), onde a é uma constante positiva. Figura 5.11: Fonte: livro Cálculo A (a) Calcule o raio r em que é a velocidade do ar é maior; (b) Calcule o valor de r com o qual teremos o maior fluxo posśıvel. Exemplo 5.39 Uma rede de água potável ligará uma central de abastecimento situada na margem de um rio de 500 metros de largura a um conjunto habitacional situado na outra margem do rio, 2000 metros abaixo da central. O custo da obra através do rio é 60 de R$ 640, 00 por metro, enquanto que em terra custa R$ 312, 00. Qual é a forma mais econômica de instalar a rede de água potável? Figura 5.12: Fonte: livro Cálculo A Exerćıcio 5.40 Um galpão deve ser constrúıdo tendo uma área retangular de 12100m2. A prefeitura exige que exista um espaço livre de 25m na frente, 20m atrás e 12m de cada lado. Encontre as dimensões do lote que tenha a área mı́nima na qual possa ser constrúıdo este galpão. Exerćıcio 5.41 Uma caixa sem tampa, de base quadrada, deve ser constrúıda de forma que o seu volume seja 2500m3. O material da base vai custar R$ 1200, 00 por m2 e o material do lados R$ 980, 00 por m2. Encontre as dimensões da caixa de modo que o custo do material seja mı́nimo. 5.9 Regras de L’Hospital Agora vamos ver como podemos utilizar a derivada para auxiliar no cálculo de limites. Proposição 5.42 (Regras de L’Hospital) Sejam f e g funções deriváveis num inter- valo aberto I, exceto, possivelmente, em um ponto a ∈ I. Suponhamos que g′(x) 6= 0 para todo x 6= a em I. (i) Se lim x→a f(x) = lim x→a g(x) = 0 e lim x→a f ′(x) g′(x) = L, então lim x→a f(x) g(x) = lim x→a f ′(x) g′(x) = L. (ii) Se lim x→a f(x) = lim x→a g(x) =∞ e lim x→a f ′(x) g′(x) = L, então lim x→a f(x) g(x) = lim x→a f ′(x) g′(x) = L. Exemplo 5.43 Usando as Regras de L’Hospital, calcule os seguintes limites: 1. lim x→0 2x ex − 1 ; Aplicações da Derivada 61 2. lim x→2 x2 + x− 6 x2 − 3x+ 2 ; 3. lim x→0 senx− x ex + e−x − 2 ; 4. lim x→∞ ex − 1 x3 + 4x ; 5. lim x→∞ (3x+ 9)1/x; 6. lim x→∞ xsen(1/x); 7. lim x→0 ( 1 x2 + x − 1 cosx− 1 ) ; 8. lim x→0+ (2x2 + x)x; 9. lim x→+∞ ( 1 + 1 2x ) ; Exerćıcio 5.44 Resolver os exerćıcios da Seção 5.14 do livro Cálculo A. 5.10 Introdução à Integração Números Reais Conjuntos Numéricos Desigualdades Valor absoluto Intervalos Funções Funções de uma variável real a valores reais Operações com funções Alguns tipos de funções Funções trigonométricas Funções seno e cosseno Funções tangente, cotangente, secante e cossecante Limite e Continuidade Noção intuitiva de limite Limite Limites laterais Expressões indeterminadas no cálculo de limites Limites no Infinito Limites Infinitos Assíntotas Continuidade e Teorema do confronto Propriedades das funções contínuas Outras propriedades de limites Limites fundamentais Derivada A reta tangente A derivada de uma função Regras de derivação Derivadas de ex e ln x Derivadas das funções trigonométricas Continuidade de funções deriváveis A derivada de uma função composta - Regra da Cadeia A derivada da função exponencial composta Função inversa A derivada da função inversa Derivada das funções trigonométricas inversas Derivada das funções hiperbólicas Derivadas de ordem superior Derivação de uma função dada implicitamente Aplicações das Derivadas Velocidade e Aceleração. Taxa de Variação Máximos e Mínimos Teoremas sobre Derivadas Funções Crescentes e decrescentes Critérios para determinar os extremos de uma função Concavidade e pontos de inflexão Construção e análise de gráficos Problemas de maximização e minimização Regras de L'Hospital Introdução à Integração
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