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1 EXPERIMENTO DO COMPORTAMENTO OPERANTE COM RATO VIRTUAL DO PROGRAMA SNIFFY Elaine Aparecida Vieira Castro1 Rosemeire Donomae2 Toniel Batista Silva Santos3 RESUMO O estudo analisou como um rato virtual aprende a pressionar uma barra para ganhar comida, usando um software chamado Sniffy. O objetivo era entender como esse novo comportamento é adquirido e restrito por meio de recompensas positivas e modelos. Os resultados mostraram que o rato virtual aprendeu a realizar a ação de forma eficiente, destacando a eficácia das técnicas de condicionamento operante. Essa pesquisa ajuda a entender como aprender e pode ser útil para desenvolver novas estratégias de intervenção comportamental, tanto em animais quanto em humanos. Usar um rato virtual permitiu que o experimento fosse controlado e repetido sem os problemas éticos e práticos que surgem ao trabalhar com animais de verdade. Palavras-Chave: Psicologia. Comportamento. Experimento. INTRODUÇÃO A psicologia comportamental, nos termos do behaviorismo, objetiva estudar e compreender o comportamento humano e animal, por meio da análise dos estímulos ambientais. Sendo assim, este trabalho, na tentativa de entender o comportamento operante, realizou um experimento com um rato virtual a partir do programa Snify, isto é, um software desenvolvido para uma alternativa menos invasiva como a de pesquisas com animais reais. Para isso, compreende-se que os comportamentos diários podem ser fundamentados em diferentes grupos, como os respondentes e os operantes. Conforme Largura e Basqueira (2010), 1 Acadêmica do curso de psicologia, 2º semestre, Faculdade Anhanguera. 2 Acadêmica do curso de psicologia, 2º semestre, Faculdade Anhanguera. 3 Acadêmico do curso de psicologia, 2º semestre, Faculdade Anhanguera. 2 “o comportamento operante é aquele que é aprendido (não filogenético), que depende, para o aprendizado, da história de vida de cada organismo (ontogênese) e da cultura em que esse indivíduo está inserido” (LARGURA; BASQUEIRA, 2010, p. 40). Ou seja, na relação entre o ambiente (estímulo) e organismo (resposta), o comportamento respondente, sozinho, não consegue abranger toda complexidade do comportamento humano e sua aprendizagem, e, por isso, o comportamento operante, termo cunhado por Burrhus Skinner, permite compreender que ele afeta os organismos e também produz consequências (modificações no ambiente). Isso contribui para entender como humanos e animais aprendem diferentes habilidades e como tal aprendizagem moldam a personalidade. Nesse sentido, Moreira e Medeiros (2007) enfatizam a importância da compreensão aos psicólogos sobre as consequências do comportamento controlado, afirmando que “(a) podemos manipular as consequências dos comportamentos para compreendermos melhor como a interação comportamento (resposta)-consequência (R-C) se dá; (b) se os comportamentos das pessoas (e também de animais não humanos) são controlados por suas consequências, isso significa que podemos modificar os comportamentos das pessoas (e dos animais não humanos) programando consequências especiais para seus comportamentos” (MOREIRA; MEDEIROS, 2007, p. 50). Nesses termos, existe um conceito chamado Tríplice Contingência que descreve a relação entre três componentes que determinam o comportamento de um indivíduo no ambiente e podem influenciar a probabilidade de ocorrência futura: os estímulos antecedentes – sinal que informa ao organismo que determinadas condições, se o comportamento desejado for realizado, uma consequência positiva ou negativa ocorrerá; o comportamento (resposta operante) – ação que ocorre em resposta ao antecedente, podendo ser observada e medida; e os estímulos consequentes – a circunstância que ocorre depois do comportamento, podendo ser um reforço (positivo ou negativo), que aumenta a probabilidade do comportamento se repetir, ou uma punição (positiva ou negativa), que diminui a probabilidade do comportamento se repetir. Esses condicionamentos operantes podem se dividir em a) Reforço Positivo - adição de um estímulo agradável para aumentar a probabilidade de um comportamento; b) Reforço negativo - remoção de um estímulo aversivo para aumentar a probabilidade de um comportamento; c) Punição Positiva - adição de um estímulo aversivo para diminuir a probabilidade de um comportamento; d) Punição Negativa - retirada de um estímulo agradável para diminuir a probabilidade de um comportamento (TORRES, 2016). 3 Além disso, por um processo de diferenciação progressivo, pode-se fazer um organismo emitir novas respostas, aumentando o repertório de comportamentos complexos. Esse processo pode ser considerado Modelagem ou Shaping. Inicia-se com aproximações sucessivas até chegar aos reforços diferenciais de um comportamento final desejado. Nas palavras de Moreira e Medeiros (2007), Portanto, basicamente usamos na modelagem o reforço diferencial (reforçar algumas respostas e extinguir outras similares) e aproximações sucessivas (exigir gradualmente comportamentos mais próximos do comportamento- alvo) a fim de ensinar um novo comportamento, sendo uma característica fundamental da modelagem a imediaticidade do reforço, ou seja, quanto mais próximo temporalmente da resposta o reforço estiver, mais eficaz ele será (MOREIRA; MEDEIROS, 2007, p. 61). Na mesma medida em que se pode adicionar novos comportamentos, é possível extingui-los também. Quando suspendemos ou encerramos o reforço de um comportamento, a tendência é ele diminuir até desaparecer. Ou seja, a frequência do comportamento retoma aos níveis de antes do comportamento ter sido reforçado. Esse processo é conhecido como Extinção Operante, do qual decorre a suspensão do reforço e resultante disso a gradual diminuição da ocorrência do comportamento. Igualmente pode haver a resistência à extinção. Alguns fatores são o esquema de reforçamento – comportamento ora reforçado, ora não; número de reforços – maior frequência do comportamento, maior resistência; e custo da resposta – mais complexa a resposta, maior a resistência. Dito isso, a proposta de investigação experimental se concentrou em condicionar o rato virtual, o qual foi nomeado de “Stuart”, a fim de que o mesmo conseguisse pressionar a barra de alimentação com sua pata. O procedimento seguiu a seguinte sequência: 1) Aproximação da parede perto do comedouro. 2) Subida na parede perto da barra que aciona a entrega da comida. 3) Pressão na barra do comedouro. SUJEITO Utilizamos um software, programa de computador com um rato virtual chamado Sniffy. Que simula o comportamento de um rato real em um ambiente controlado de laboratório. Esse simulador permite conduzir experimentos de condicionamento operante de forma semelhante a um ambiente de laboratório, mas sem o uso de um animal vivo. A principal vantagem é a possibilidade de realizar várias experiências sem preocupações éticas e práticas 4 relacionadas ao bem-estar de um animal, permitindo observar o processo de aprendizado em diferentes cenários e condições. Além disso, o uso de um rato virtual facilita a repetição e manipulação dos experimentos, proporcionando um aprendizado mais flexível e detalhado. Todos os dados, como a frequência e o tempo de resposta do comportamento, podem ser registrados automaticamente, permitindo uma análise precisa dos resultados e a geração de gráficos instantâneos durante o processo de aprendizado de um novo comportamento. Como todos os processo ocorre no computador, isso elimina a necessidade de um laboratório físico facilitando o acesso a práticas experimentais em qualquer ambiente. MÉTODO O condicionamento foi realizado em alguns passos, conforme descrito a seguir: Passo 1 – treinamento: Na fase inicial de treinamento, Sniffy foi recompensado comcomida toda vez que se aproximava da barra, reforçando a aproximação com reforço positivo, ajudou criar uma associação entre o comportamento de aproximar da barra e a recompensa, incentivando a interagir com área ao redor da barra. Passo 2 - modelagem: Nesta fase de modelagem, apenas movimentos específicos á barra foram reforçados. Sniffy recebeu uma porção de recompensa apenas quando realizava ações que o aproximavam do comportamento alvo, como tocar ou pressionar a barra. Esse processo de reforço direcionou Sniffy para pressionar a barra. Passo 3 – registro de informações: Após diversas tentativas, realizamos o último registro de uma hora e vinte e três minutos no total para que o Sniffy ficasse condicionado a uma frequência sucessivas de pressões na barra, sem a necessidade de precisar reforçar o comportamento. Esse resultado indica que ele aprendeu a pressionar a barra de maneira autônoma para obter a recompensa, conforme gráficos em análise de dados a seguir. 5 ANÁLISE DOS DADOS Gráfico 1 – Demonstra que o inicio o rato não estava condicionado, tendo zero registro de pressões na barra. Gráfico 2 – Apresenta a primeira e segunda pressão na barra pelo rato. Gráfico 3 – Mostra o condicionamento já com algumas sucessivas pressões na barra pelo rato. Gráfico 4 – Demonstra o condicionamento já formalizado do rato, tendo repetidas pressoes na barra sem quase intervalo para outras atividades. 6 BIBLIOGRAFIA LARGURA, Walmor de Almeida Nogueira; BASQUEIRA, Ana Paula. Análise experimental do comportamento. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2010. MOREIRA, Márcio Borges; MEDEIROS, Carlos Augusto de. Princípios básicos de análise do comportamento. Porto Alegre: Artmed, 2007. TORRES, André Roberto Ribeiro. História da Psicologia. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2016. ALLOWAY, Tom; WILSON, Greg; GRAHAM, Jeff. Sniffy O Rato Virtual. Editora Cengage Learning, 2006.