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V��t�ia e Duda - T7
Esquiz���nia
➔ esquizofrenia é um distúrbio psiquiátrico grave,
crônico, heterogêneo e com manifestações psicóticas
que afetam em geral o comportamento social e a
percepção de realidade do indivíduo
➔ psicose refere-se a um grupo de sintomas (p. ex.,
alucinações, delírios, alterações formais do
pensamento, desorganização comportamental e
catatonia), caracterizados por alteração na percepção da
realidade, podendo resultar de transtornos
psiquiátricos ou de uma variedade de alterações clínicas
(p. ex., intoxicação/abstinência de substâncias,
medicamentos e disfunções orgânicas cerebrais)
➔ para fins didáticos, as psicoses são divididas em
primárias (ou funcionais, no sentido de alterações da
função cerebral) e secundárias (ou orgânicas, com
alterações anatomofisiológicas identificáveis ou
clinicamente presumíveis), decorrentes de transtorno
orgânico primário
epidemiologia
➔ a esquizofrenia tem incidência anual de 2 a 4 casos por
10 mil habitantes, prevalência ao longo da vida em
torno de 1% e distribuição homogênea em diferentes
culturas e países
➔ apresenta incidência semelhante entre sexos,
geralmente com início entre 16 e 30 anos, embora
mulheres tenham início mais tardio, curso mais
benigno, menor número de internações e melhor
funcionamento social (possível ação protetiva de
estrogênios)
fisiopatologia
➔ embora diversas alterações anatômicas e fisiológicas
sejam observadas em diferentes regiões cerebrais
(especialmente em regiões corticais temporal e frontal),
nenhuma alteração neurobiológica se mostra específica
ou presente em todos os casos
➔ um dos achados mais replicados é a associação de
hipoatividade frontal com sintomas negativos e de
hiperatividade temporal com sintomas positivos
➔ sob o ponto de vista neuroquímico, diversos estudos
documentam alterações nos sistemas de
neurotransmissão, especialmente dopaminérgico,
glutamatérgico e serotoninérgico
➔ estudos mais recentes apontam para déficits na
conectividade entre as diversas regiões cerebrais
envolvidas com sensopercepção, cognição e afeto
➔ estudos recentes têm investigado correlações entre
distúrbio na interação entre os sistemas dopaminérgico
e glutamatérgico, neuroimuno inflamação e alterações
pós-sinápticas como causas da desconectividade
funcional observada em esquizofrenia
➔ existem fatores de exposição ambiental
consistentemen te associados à esquizofrenia, como
complicações obstétricas, migração, urbanicidade, uso
de maconha e exposição a eventos traumáticos
➔ a evidência inicial da participação de fatores genéticos
na esquizofrenia foi a observação de haver agregação
familiar, ter um parente de primeiro grau aumenta em
10% a chance de ser afetado
➔ existem evidências sobre o papel da inflamação e da
resposta imunológica na esquizofrenia, com
mecanismos possivelmente multi fa toriais, assim,
variações genéticas no sistema complemento, bem
como aumento de citocinas pró-inflamató rias (p. ex.,
IL-6, TNF-alfa), têm sido identificados em indivíduos
com esquizofrenia e naqueles com ultra alto risco
teoria dopaminérgica
➔ estudos apontam que haveria uma alteração funcional
da transmissão dopaminérgica com liberações de
grandes quantidades fora de contexto, o que alteraria
um processo cognitivo denominado saliência (a
capacidade de atribuir relevância a um objeto ao mudar
o foco atencional) – função essencial à sobrevivência e
ao convívio social
➔ a liberação excessiva, fora de contexto, levaria a atribuir
saliência de forma errática e inadequada, em
contrapartida, não se atribuiria saliência aos estímulos
adequados, o que também causaria uma quebra no
padrão de comportamento esperado
➔ o aumento da atividade dopaminérgica causada
notadamente por algumas drogas (cocaína e
anfetamina) e seu consequente efeito de piora ou
aparecimento de sintomas psicóticos também contribui
para esta hipótese
➔ sabe-se ainda que os tratos dopaminérgicos
mesocorticais e mesolímbicos do SNC têm um papel
significativo na fisiopatologia da esquizofrenia
➔ assim, podemos dizer que, apesar de não estar
completamente esclarecida, a ação dopaminérgica
mostra-se importante nas manifestações sintomáticas
da esquizofrenia
sistema glutamatérgico
➔ tem se destacado por permitir ligar as evidências que
indicam alterações do neurodesenvolvimento
encontradas na esquizofrenia e a modulação do sistema
dopaminérgico
➔ em modelos animais, o uso de agentes glutamatérgicos
induz não só sintomas positivos, mas também sintomas
negativos, enquanto modelos animais com agentes
dopaminérgicos mimetizam apenas sintomas positivos
teoria serotoninérgica
➔ surgiu a partir da observação de que vários agentes
alucinógenos apresentavam ação agonista ou agonista
parcial em receptores 5-HT2A, como o LSD e a
mescalina
➔ posteriormente, o papel da serotonina foi reforçado,
pois a maior parte dos antipsicóticos de segunda
geração apresentava importante antagonismo 5-HT2A
➔ a teoria serotoninérgica postula que existe excesso de
liberação de serotonina pelos receptores 5-HT2A e/ou
aumento de sua expressão na região cortical, o que
cau saria liberação subsequente de glutamato, por sua
vez, o aumento de glutamato em neurônios projetados
para a área tegumentar ventral poderia então
hiperativar a via mesolímbica, resultando em excesso de
dopamina e, por fim, causando delírios ou alucinações
auditivas
➔ em conjunto, as teorias dopaminérgica, serotoninérgica
e glutamatérgica trazem uma compreensão mais
integrativa da esquizofrenia
manifestações clínicas
➔ atualmente, propõe-se agrupar os sintomas em
dimensões, nas quais a intensidade pode variar, não
sendo apenas uma questão de apresentar ou não o
sintoma, mas de quão intenso ele é
➔ o modelo dimensional mais aceito é composto por cinco
dimensões: sintomas positivos, negativos, cognitivos, de
desorganização e de humor/ansiedade
sintomas positivos
➔ é composta por delírios (alteração do conteúdo do
pensamento) e aluci nações (alterações da
sensopercepção)
➔ os delírios autorreferentes e persecutórios e as
alucinações auditivas são as manifestações mais
comuns na esquizofrenia
➔ outros conteúdos podem ocorrer, e o diagnóstico não
deve ser realizado exclusivamente pelo conteúdo das
experiências psicóticas, mas pelo modo como os
sintomas se apresentam em conjunto (“o todo da vida
psíquica”)
➔ os principais sintomas são:
- alucinações auditivas (mais frequentes), visuais
ou de outros tipos
- ideias delirantes paranóides, autorreferentes,
de influência ou de outra natureza
- comportamento bizarro e atos impulsivos
- agitação psicomotora
- ideias bizarras, não necessariamente delirantes
- produções linguísticas como neologismos
sintomas negativos
➔ esses sintomas dizem respeito à ausência de
determinados comportamentos esperados, mais
notadamente na expressão do afeto e da vontade
➔ 0 prejuízo na vontade é apontado, em especial, como o
principal preditor de prejuízo funcional nas pessoas
com esquizofrenia, de forma mais detalhada, o
consenso (NIMH) propôs cinco domínios para os
sintomas negativos: alogia, alteração do afeto,
associabilidade, avolição e anedonia
➔ são aspectos que devem ser explorados, de preferência,
com informações de familiares, pois, muitas vezes, os
pacientes não têm crítica da sua condição e minimizam
seu impacto
➔ as medicações não tem muito efeito, prognóstico é pior
➔ principais sintomas negativos são:
- embotamento afetivo: perda da capacidade de
sintonizar afetivamente com as pessoas, de
demonstrar ressonância afetiva no contato
interpessoal
- retração social: o paciente vai se isolando
progressivamente do convívio social
- empobrecimento da linguagem e do
pensamento
- diminuição da fluência verbal
- diminuição da vontade e apragmatismo, ou
seja, dificuldade ou incapacidade de realizar
tarefas ou ações que exijam um mínimo de
iniciativa e persistência
- autonegligência: falta de higiene e cuidado
consigo mesmo, desinteresse pelaprópria
aparência
- lentificação psicomotora
sintomas cognitivos
➔ têm ganhado espaço, a ponto de alguns autores
sugerirem que a esquizofrenia deveria ser definida
como uma doença cognitiva, praticamente todos os
domínios cognitivos podem ser afetados pela doença
➔ os principais achados apontam para alterações na
atenção, na velocidade de processamento, nas funções
executivas e na aprendizagem
➔ além de serem manifestações mais diretamente ligadas
às alterações neu robiológicas, junto com os sintomas
negativos, são importantes preditores das dificuldades
cotidianas dos pacientes
➔ mesmo quando há a remissão dos sintomas positivos,
permanecem dificuldades no planejamento de tarefas, o
que pode levar a um grande aumento da ansiedade ao
terem que lidar com demandas de maior complexidade,
resolução de conflitos ou harmonização de diferentes
perspectivas
sintomas de desorganização
➔ se manifestam no pensamento, sendo observados
principalmente no discurso e no comportamento, este
último avaliado durante a entrevista e a partir de relatos
de familiares
➔ o elemento central é a falta do encadeamento lógico
esperado para a conclusão de um raciocínio ou ação, as
vezes, os pacientes conseguem articular uma lógica
intrínseca, mas absurda, o que não deixa de denotar
também certa desorganização de conceitos
➔ a desorganização pode chegar aos fenômenos da
desagregação de pensamento, neologismos e salada de
palavras, em que o discurso perde quase que
inteiramente o nexo
sintomas de humor/ansiedade
➔ chamam a atenção para o fato de muitas manifestações
da doença se associa rem a alterações esperadas no
conteúdo emocional
➔ um exemplo simples seria maior ansiedade ou tristeza
provocadas pelo fato de o paciente se sentir perseguido,
vítima de um complô
➔ além dos sintomas que acompanham as alterações
psicóticas, os pacientes podem evoluir com sintomas
depressivos na fase pós-psicótica, quando entram em
contato com a crise e suas consequências, nesses casos,
há a descrição do quadro conhecido como depressão
pós-psicótica, mais comum em jovens e em pacientes
com maior nível educacional, esse quadro requer
identificação e tratamento precoces, pois pode
associar-se a maior risco de suicídio
➔ os traços mais característicos são retraimento social e
emocional, introversão, tendência ao isolamento e
comportamento desconfiado e excêntrico, são pessoas
de poucos amigos, que apresentavam dificuldades na
escola e no relacionamento afetivo com o sexo oposto,
muitas vezes, também não conseguem se adaptar ao
trabalho, sendo incapazes de manter vínculo
empregatício prolongado, desse modo, em alguns casos,
podemos observar retrospectivamente características
clínicas compatíveis com personalidade esquizoide
(frieza emocional, preferência por atividades isoladas,
introspecção) ou esquizotípica (comportamento
estranho, crenças excêntricas)
➔ aspecto geral:
- a aparência é, em geral, desleixada, denotando a
ausência de cuidados próprios, o comportamento pode
tornar-se agitado ou violento, frequentemente em
resposta à atividade alucinatória, nos quadros de
catatonia, o paciente pode apresentar posturas bizarras,
mutismo, negativismo e obediência automática, outros
comportamentos observados incluem estereotipias,
maneirismos, tiques e ecopraxia, na qual o paciente
imita a postura ou atitudes adotadas pelo examinador
fases da esquizofrenia
fase pré-mórbida
➔ a baixa sociabilidade, com predileção por atividades
solitárias ou ansiedade social, e as alterações cognitivas
(principalmente déficits de memória verbal, atenção e
funções executivas), identificadas já em filhos de
indivíduos
➔ portadores de esquizofrenia, podem ser consideradas
alterações pré-mórbidas
➔ essas alterações no comportamento, observáveis desde
a infância, podem progredir e estar associadas ao
desenvolvimento da esquizofrenia
➔ crianças que demoram mais para andar, dificuldade
escolar, falta de autocuidado tem maior propensão a
desenvolver esquizofrenia
fase prodrômica
➔ a fase prodrômica é caracterizada por um período
variável de tempo, geralmente de meses, antecedendo a
eclosão da psicose, em que o indivíduo pode apresentar
um estado de apreensão e perplexidade sem um foco
aparente, sendo comum o sentimento de que “algo está
para acontecer”
➔ geralmente se nota uma mudança no comportamento
da pessoa, que passa a ficar mais isolada e a demonstrar
atitudes peculiares e excêntricas, podendo ocorrer
sintomas psicóticos breves e transitórios
progressão
➔ o período prodrômico culmina muitas vezes com o
primeiro episódio de psicose e, nesse ponto, inicia-se a
chamada fase progressiva da esquizofrenia, podendo
ocorrer deterioração
estabilização
➔ a esquizofrenia evolui para fase estável, sujeita a
recaídas
➔ os sintomas negativos muitas vezes são detectáveis
desde o princípio, ao passo que os sintomas positivos
ocorrem durante o período de exacerbação
diagnóstico
➔ a CID-11 define esquizofrenia como a presença de dois
ou mais dos seguintes sintomas, presentes por no
mínimo um mês:
- delírios persistentes
- alucinações persistentes (tipicamente auditivas,
mas que podem ocorrer em qualquer
modalidade sensorial)
- alterações formais do pensamento (p. ex.,
afrouxamento das associações, neologismos e
salada de palavras)
- experiências de influência, passividade ou
controle
- sintomas negativos, como embotamento
afetivo, avolição, anedonia e isolamento social
- comportamento grosseiramente desorganizado
que impede atividade dirigida a objetivos (p.
ex., comportamento bizarro ou sem propósito,
imprevisível ou com respostas emocionais
inapropriadas)
- distúrbios psicomotores como agitação ou
inquietação catatônica, negativismo, mutismo,
estupor e flexibilidade cérea
DSM-5:
tratamento
➔ os antipsicóticos representam as medicações de escolha
para o tratamento farmacológico da esquizofrenia e
devem ser usados tanto na fase aguda, para o controle
dos sintomas durante crises, quanto na de manutenção,
com o objetivo de prevenir recaídas
➔ desde a descoberta da clorpromazina, em 1950, diversos
antipsicóticos foram sintetizados, com diferentes perfis
 farmacológicos, porém, até o momento, antipsicóticos
antagonistas dopaminérgicos permanecem como o
único tratamento aprovado para a esquizofrenia, sendo
o bloqueio de receptores dopaminérgicos D2 em via
mesolímbica o seu principal mecanismo de ação
➔ em geral, diretrizes e manuais clínicos dão preferência à
prescrição de antipsicóticos de segunda geração,
principalmente nos casos de primeiro episódio
psicótico, devido a maior risco de aparecimento de
SEPs nesses pacientes
➔ no entanto, a maior recomendação de ASGs em relação
à de APGs está ligada a diferenças de tolerabilidade –
um importante preditor de adesão ao tratamento
medicamentoso – e não à eficácia
➔ no surto é utilizado o haloperidol IM
➔ clozapina é considerada mais eficaz em pacientes
refratários aos demais antipsicóticos, mas exige maior
diligência em titulação e manejo de efeitos adversos,
requer boa adesão ao tratamento, apresenta maior risco
de efeitos adversos graves (p. ex., agranulocitose) e
efeitos colaterais metabólicos, além de não ser superior
à clorpromazina em FEP não refratários
➔ risperidona, olanzapina e amissulprida constituem um
grupo provavelmente mais eficaz do que os demais
antipsicóticos, é prudente que a preferência por uma
delas se dê em razão de risco menor ou ausente para
complicações metabólicas (preferência por olanzapina),
sintomas extrapiramidais, acatisia e hiperprolactinemia
(preferência por risperidona e amissulprida)
- olanzapina: ganho de peso
➔ em geral, quetiapina e ziprasidona não têm boa eficácia
em sintomas psicóticos
➔ ECT: para fazer efeito, após a 20 sessão
T�a�ia nã� farmac�lógica da
esquiz���nia
➔ a esquizofrenia é um transtorno complexo, que afeta
múltiplos domínios da vida do indivíduo
➔ o tratamento medicamentoso é fundamental para
aliviar sintomas e prevenirrecaídas, porém, não é
suficiente para reestabelecer relacionamentos sociais,
manter-se no emprego ou viver de forma independente
➔ nesse sentido, as intervenções psicossociais associadas
ao tratamento farmacológico são fundamentais para
melhorar a qualidade de vida das pessoas com
esquizofrenia e ajudá-las na recuperação dos domínios
da vida prejudicados
➔ arte-terapia: pode ser música, desenho, escrita, teatro,
dança, assim sendo, é utilizada para permitir a
expressão emocional e detalhes do evento traumático
por meio de recursos artísticos e visuais, permitindo
externalização de aspectos do consciente e inconsciente
de cada indivíduo
Diagnós�ic�s dif��n�iais da
esquiz���nia
Transt�n� esquiz�af��i��
➔ é definido por um transtorno no qual tanto os sintomas
afetivos quanto os esquizofrênicos são igualmente
proeminentes, de tal modo que não pode ser
diagnosticado como esquizofrenia nem transtorno do
humor
➔ o paciente, portanto, reúne critérios para um episódio
depressivo maior ou episódio maníaco juntamente com
critérios para a fase ativa da esquizofrenia
➔ é necessária a presença de delírios ou alucinações por,
pelo menos, duas semanas na ausência de sintomas
afetivos
➔ além disso, os sintomas afetivos também devem estar
presentes por uma parcela substancial dos períodos
psicóticos ativo e residual
➔ o curso clínico pode variar de exacerbações e remissões
a um curso deteriorante em longo prazo
➔ a presença de aspectos psicóticos incongruentes com o
humor em um transtorno do humor tende a ser um
indicador de mau prognóstico
➔ o diagnóstico diferencial deve ser feito com intoxicação
por esteroides, abusadores de anfetamina e epilepsia do
lobo temporal
➔ o uso de antidepressivos e estabilizadores do humor
devem ser empregados, e os antipsicóticos são
utilizados somente para controle em curto prazo
- ac. valpróico é o estabilizador de humor mais
utilizado para o transtorno bipolar (depois do
lítio)
➔ transtornos bipolares são equivalentes para homens e
mulheres, e depressivos mais comum em mulheres
diagnóstico
An�i�sicó�ic�s
➔ os fármacos antipsicóticos (neurolépticos) são
subdivididos em típicos/ primeira geração e atípicos/
segunda geração e são usados principalmente para
tratar esquizofrenia, mas também são eficazes em
pacientes em estado de mania com sintomas psicóticos
(como paranóia, delírio e alucinações)
➔ os efeitos dos fármacos antipsicóticos (neurolépticos)
típicos são resultantes principalmente do bloqueio dos
receptores dopaminérgicos (D2), enquanto os efeitos
dos fármacos antipsicóticos atípicos estão relacionados
ao bloqueio dos receptores serotoninérgicos (5-HT2A)
➔ as principais características e vantagens dos
antipsicóticos atípicos sobre os antipsicóticos típicos
estão relacionadas a uma menor afinidade pelos
receptores dopaminérgicos do tipo D2 e consequente
melhoria da eficácia e menor incidência de efeitos
adversos, como sedação, ação hipotensora e efeitos
extrapiramidais (bradicinesia, rigidez e tremor)
➔ os fármacos antipsicóticos são bem absorvidos quando
administrados por via oral e, em razão da alta
lipossolubilidade, penetram rapidamente no sistema
nervoso central (SNC) e na maioria dos outros tecidos
do corpo
➔ tais fármacos são metabolizados pelas enzimas
hepáticas e têm grande tempo de meias-vidas
plasmáticas que permitem uma única administração ao
dia
mecanismo de ação:
➔ antagonismo da neurotransmissão dopaminérgica D2
- o bloqueio dos receptores D2 estão associados a
efeitos adversos extrapiramidais (discinesia
tardia, rigidez e tremor)
➔ antagonismo do receptor de serotonina
➔ também bloqueiam receptores colinérgicos,
adrenérgicos e histamínicos
- não se sabe exatamente qual a função que essas
ações têm no alívio dos sintomas de psicose,
contudo, os efeitos indesejados dos
antipsicóticos resultam, em geral, das ações
farmacológicas nesses outros receptores
típicos/ primeira geração
➔ antipsicóticos de primeira geração são os fármacos mais
antigos e são classificados em subgrupos de acordo com
a estrutura química, em que temos:
- fenotiazinas (clorpromazina, tioridazina e
flufenazina)
- tioxantenos (tiotixeno)
- butirofenonas (haloperidol)
➔ bloqueio significativo do receptor D2 da dopamina
- aumenta a liberação de acetilcolina
➔ risco associado de efeitos colaterais extrapiramidais
atípicos/ segunda geração
➔ antipsicóticos de segunda geração são de estruturas
químicas variadas, mas apresentam eficácia no
tratamento da esquizofrenia
➔ por exemplo:
- clozapina, asenapina, loxapina, olanzapina,
paliperidona, risperidona, quetiapina,
sertindol, ziprasidona, zotepina e aripiprazol
efeitos adversos
contraindicações
➔ todos os antipsicóticos podem baixar o limiar
convulsivo e devem ser usados com cautela em
pacientes epilépticos ou que têm esse risco aumentado
para convulsões, como no caso de abstinência ao álcool
➔ esses fármacos também recebem a advertência de que
aumentam a mortalidade quando usados em pacientes
idosos com transtornos comportamentais relacionados
à demência e à psicose
➔ o uso de antipsicóticos em pacientes com transtornos
do humor deve ser monitorado quanto ao agravamento
do transtorno e às ideias e aos comportamentos
suicidas
Luta an��manic�mial
➔ celebrado em 18 de maio, resgata o início do
Movimento da Reforma Psiquiátrica, no final da década
de 1970, quando profissionais denunciaram as
condições de profunda degradação humana em que
operava a maioria dos hospitais psiquiátricos no país
➔ o movimento antimanicomial se notabiliza pela luta em
prol do cuidado em saúde mental com a garantia do
conjunto dos direitos, principalmente o direito ao
cuidado em liberdade
➔ a luta contra os manicômios busca uma mudança
civilizatória e traz em seu bojo a luta por uma sociedade
justa e inclusiva
➔ no centro desse movimento está o combate ao estigma e
à exclusão de pessoas que apresentam problemas de
saúde mental
➔ a luta antimanicomial, enquanto movimento propulsor
de um novo paradigma, advoga fortemente pelo direito
a viver em sociedade, o direito a receber cuidado e
tratamento, sem que para isto tenham que abrir mão da
liberdade e da cidadania
➔ a data marca as mobilizações em favor da superação dos
manicômios e a necessária mudança do modelo
assistencial em saúde mental
➔ a constituição e implantação da Rede de Atenção
Psicossocial (RAPS) no âmbito do Sistema Único de
Saúde são frutos desse processo
➔ em 1979, foi criado o Movimento dos Trabalhadores em
Saúde Mental (MTSM) e, em 1987, o movimento
antimanicomial, dando continuidade à luta pela nova
psiquiatria, que culminou com a promulgação da Lei nº
10.216/2001, conhecida como Lei da Reforma
Psiquiátrica, que prevê o fechamento gradual de
manicômios e hospícios
➔ a luta antimanicomial tem o objetivo de combater o
estigma e a exclusão a que são submetidos indivíduos
em sofrimento mental, ressaltando o direito à liberdade
e ao tratamento adequado, primando por uma atenção
humanizada, com base comunitária somada à
reabilitação psicossocial para que, desse modo, possam
exercer sua cidadania
➔ em substituição ao modelo de tratamento de
transtornos mentais centralizado em hospitais
psiquiátricos, o Sistema Único de Saúde (SUS) criou a
Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) – que organiza e
estabelece os fluxos para atendimento de pessoas com
problemas mentais, desde os transtornos mais graves
até os menos complexos
➔ o acolhimento desses pacientes e de seus familiares é
fundamental para identificar as necessidades
assistenciais, aliviar o sofrimento e planejar
intervenções medicamentosas e terapêuticas, conforme
cada caso
➔ pessoas em situações de crise podem ser atendidas em
qualquer serviço da RAPS, formado por unidades com
finalidades distintas, de forma integral e gratuita, pela
rede pública de saúde
➔ como parte integrante dessa rede, foram criados os
Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) – espaços para
o acolhimento de pacientes,em tratamento
não-hospitalar
são parte integrante da RAPS:
serviços residenciais terapêuticos (SRT):
➔ locais de moradia destinados a pessoas com transtornos
mentais, incluindo usuários de álcool e outras drogas,
que tiveram alta de internações psiquiátricas, mas que
ainda não têm suporte financeiro, social ou laços
familiares que permitam sua reinserção na comunidade
➔ os SRT também podem acolher pacientes com
transtornos mentais que estejam em situação de
vulnerabilidade social e pessoal, como moradores de
rua
unidades de acolhimento (UA):
➔ estruturas que oferecem cuidados contínuos de saúde,
com funcionamento 24 horas por dia, em ambiente
residencial, para pessoas com necessidades decorrentes
do uso de crack, álcool e outras drogas
➔ atendem pessoas que apresentam acentuada
vulnerabilidade social ou familiar e que demandam
acompanhamento terapêutico e protetivo de caráter
transitório
leitos em hospital geral:
➔ são serviços destinados ao tratamento adequado e ao
manejo de pacientes com quadros clínicos agudos, em
ambiente protegido, com suporte e atendimento 24
horas por dia
➔ no âmbito do Ministério da Saúde (MS), desde o início
de 2023, o Departamento de Saúde Mental, Álcool e
outras Drogas da Secretaria de Atenção Especializada
vem retomando ações estruturantes
M�n�i
➔ os exames por tomografia computadorizada (TC) de
pacientes com esquizofrenia têm mostrado
consistentemente alargamento dos ventrículos laterais e
do terceiro ventrículo e alguma redução no volume
cortical
➔ alguns estudos concluíram que as lesões observadas na
TC estão presentes no início da doença e não progridem
➔ outros estudos, entretanto, concluíram que o processo
patológico visualizado em exames por TC continua a
progredir durante a doença
➔ portanto, ainda não se sabe se um processo patológico
ativo continua a se desenvolver em pacientes
➔ há uma simetria reduzida em várias áreas do cérebro na
esquizofrenia, incluindo os lobos temporal, frontal e
occipital
➔ estudos de amostras cerebrais na necropsia de
pacientes com o transtorno mostraram diminuição no
tamanho da região, incluindo a amígdala, o hipocampo
e o giro para-hipocampal
➔ alguns estudos do tálamo mostram evidência de
diminuição de volume ou perda neuronal, em
subnúcleos específicos
➔ estudos neuropatológicos dos gânglios da base
produziram relatos variáveis e inconclusivos a respeito
da perda celular e da redução do volume do globo
pálido e da substância negra
➔ estudos também mostraram aumento no número de
receptores D2 no núcleo caudado, e putamen e no
nucleus accumbens
➔ também existe a hipótese de que uma lesão no início do
desenvolvimento dos tratos de dopamina para o córtex
pré-frontal resulte no distúrbio da função do sistema
pré-frontal e límbico e leve aos sintomas positivos e
negativos e aos comprometimentos cognitivos
observados em pacientes com esquizofrenia
➔ dados de estudos de imagem funcional e estrutural em
humanos sugerem que, enquanto a disfunção do
circuito tálamo cortical dos gânglios da base cingulados
está na base da produção de sintomas psicóticos
positivos, a disfunção do circuito pré-frontal
dorsolateral é subjacente à produção de sintomas
primários, persistentes, negativos ou de déficit
➔ existe uma base neural para as funções cognitivas
comprometidas em pacientes com esquizofrenia
➔ a observação da relação entre desempenho da memória
de trabalho, integridade neuronal pré-frontal
danificada, córtices parietal pré-frontal, cingulado e
inferior alterados e fluxo sanguíneo hipocampal
prejudicado fornece forte apoio à ruptura do circuito
neural normal da memória de trabalho em pacientes
com esquizofrenia
➔ o envolvimento desse circuito, pelo menos para as
alucinações auditivas, foi documentado em uma série de
estudos de imagem funcional que comparam pacientes
com e sem alucinação
➔ questão minti: sobre alguma alteração que tem a ver
com a dopamina

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