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AULA 1 MERCHANDISING E PROMOÇÃO DE VENDAS Prof. Joselmo Zaniboni Rezende 2 TEMA 1 – MARKETING: CONCEITO, COMPOSTO DE MARKETING E AMBIENTE DIGITAL Segundo Kotler e Keller (2012), o marketing envolve a identificação e a satisfação das necessidades humanas e sociais gerando lucro para as organizações. Em nossa concepção, não existe diretamente o preço caro ou o barato, mas sim o preço justo. Mesmo quando estamos em busca de um produto e fazemos uma pesquisa de preços sobre ele, nos deparamos com diferenças entre um estabelecimento ou outro e, ainda assim, por vezes compramos um determinado produto pagando um pouco mais caro por ele. Isso porque existem diversos fatores, entre os quais o atendimento, o ambiente da loja, as condições de venda, que nos fazem mais propícios a determinadas negociações do que a outras. Ainda para Kotler e Keller (2012), o marketing é uma arte e uma ciência, ao mesmo tempo, isso porque os seus profissionais se esforçam para encontrar novas soluções criativas em meio à complexidade do ambiente de negócios e do próprio marketing do século XXI. Por sua vez, a American Marketing Association (citada por Kotler; Keller, 2012, p. 3) propõe a seguinte definição: “o marketing é a atividade, o conjunto de conhecimentos e os processos de criar, comunicar, entregar e trocar ofertas que tenham valor para consumidores, clientes, parceiros e sociedade como um todo”. Kotler e Keller (2012, p. 4) também reforçam a definição do marketing, sob a perspectiva social, como “[...] um processo social pelo qual indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam por meio da criação, da oferta e da livre troca de produtos de valor entre si” e, sob a perspectiva gerencial, como “[...] a arte de vender produtos”. Reichelt (2013, p. 16) destaca ainda que “[...] marketing tem por objetivo atender às necessidades e aos desejos do consumidor de forma lucrativa para a empresa”. Por fim, Andrade (2012) ressalta, dentre tantas definições, que o foco do marketing está no cliente, pelo que as organizações têm como objetivo gerar valor ao cliente, mas com lucro para si próprias. Pensando em todas as implicações positivas ou negativas que uma organização ou marca pode ter na sociedade, olhando para os aspectos sociais ou somente empresariais, deixamos de ter o marketing como uma função ou um departamento e passamos a ver o marketing como a própria organização, com 3 sua missão e visão para atender ao mercado e aos seus clientes, gerar resultados positivos para a sociedade e lhe agregar valor de uma forma geral. Assim sendo, o pensamento estratégico do marketing define o modo de atuação da organização, como ela irá satisfazer as necessidades e desejos do mercado, e suas decisões olham para os chamados quatro pês (4Ps) do marketing, teoria desenvolvida por Jerome McCarthy (1978), em seu livro Marketing básico: uma abordagem gerencial. Esses 4Ps consistem em: 1. Produto – implica a tomada de decisões relacionadas a: posicionamento, aplicabilidade do produto (desejo ou necessidade do cliente), funções ou novidades que esse produto precisa ter para atender ao mercado, como será o seu processo produtivo, quais seus diferenciais perante a concorrência, design mais apropriado e definição de seu ciclo de vida. 2. Preço – envolve aspectos de custos na fabricação do produto desde a aquisição da matéria-prima, passando pelos custos de transformação, logística, com pagamento de impostos até que o produto chegue às mãos dos consumidores. Mas, além da perspectiva de custos e da cadeia produtiva, o preço também envolve questões mercadológicas como o valor envolvido para a satisfação de uma determinada necessidade ou o valor que o consumidor está disposto a pagar por um produto ou serviço. 3. Promoção – de forma mais holística, nesse sentido deve haver preocupação com os esforços integrados de comunicação e elaboração de atividades promocionais para se produzir um posicionamento unificado e focado nos públicos de interesse, não somente externos, mas também internos. 4. Ponto de venda – esse item não diz respeito somente ao local em que o produto será exposto ou aos materiais de comunicação nas lojas, como gôndolas, corredores ou displays, mas sim, numa visão ampliada, refere- se a decisões relacionadas a toda a cadeia de suprimentos, desde levar o produto da fábrica até onde ele é consumido, passando por aspectos como escolha das embalagens apropriadas para seu transporte, como o usuário final do produto irá consumir e, por fim, descartar o produto. Ainda nessa perspectiva, o conceito fundamental do marketing é relacionado a necessidades e desejos, o que, segundo Gabriel (2010), denominamos demanda. Essa visão é importante para entendermos que, mesmo se tendo um público-alvo com necessidade por um determinado produto, isso não 4 garante que exista o mercado para ele. É necessário que o público tenha condições para adquirir esse produto, o que determina também a demanda, que é, então, influenciada pelas condições econômicas, pela introdução de novas tecnologias, pela cultura de uma determinada região, entre outros fatores, para definição da estratégia a fim de não desperdiçar esforços, ao longo do caminho de produção. Lauterborn (citado por Amaral, 2000) propõe uma revisão dos conceitos sugeridos por McCarthy (1978), alterando a visão dos 4Ps para: 1. Produto – o que importa é a necessidade do cliente e não o que a empresa precisa produzir. Entender e se adequar a essa necessidade torna um produto mais atraente ao mercado. 2. Preço – importante é entender o custo o qual o consumidor está disposto a pagar para satisfazer sua necessidade. 3. Praça – nesse caso, e destacando a evolução da web, as empresas devem pensar na conveniência para o indivíduo ter acesso a seus produtos. 4. Promoção – as empresas devem pensar na comunicação com seus clientes, em criar relacionamento com eles, trabalhando melhor seus conteúdos. Essa visão propõe ainda uma mudança drástica na visão dos 4Ps para correspondê-los com quatro cês (4Cs), a saber: 1. produto – cliente; 2. preço – custo; 3. praça – conveniência; 4. promoção – comunicação. Essa visão é mais próxima e apropriada para o marketing digital, se levarmos em consideração o empoderamento dos consumidores no uso da internet. Consideramos, então, a emergência de uma comunicação individualizada, em que o marketing de massa (e as grandes mídias) perde(m) espaço, dado que no “[...] marketing de massa é a generalidade que caracteriza as ações” (Gabriel, 2010, p. 77). Na web, temos o marketing segmentado, em que a especificidade orienta a estratégia, com a digitalização dos negócios, que podem ser síncronos ou assíncronos. Nessa perspectiva, Adolpho (2011) defende a premência de um processo contínuo e ininterrupto no marketing digital, para que a empresa consiga informações mais precisas sobre seu consumidor. 5 Adolpho (2011) enuncia, ainda, o que seriam os oito pês (8 Ps) do marketing digital: 1. Pesquisa – a web não possui borracha: toda navegação deixa rastros, ou marcas, possibilitando assim se acompanhar hábitos, motivações e necessidades dos usuários. Desenhar uma persona (o cliente ideal de sua organização) torna-se mais fácil, por meio das pegadas digitais. 2. Planejamento – pode-se montar equipes multidisciplinares (com programadores, publicitários, designers, jornalistas, profissionais de pesquisa e marketing), a fim de se pensar de forma holística e em todos os aspectos possíveis em termos de marketing: tipos de post, cores, plataformas, conteúdo gerado e até mesmo o design de um site ou blog. 3. Produção – esta deve se dar paralela: o gestor deve ter a capacidade de integrar todas as áreas da organização, como um verdadeiro gestor de projetos,a fim de entregar o projeto como um todo. 4. Publicação – diz respeito às estratégias de divulgação, que vão desde um simples conteúdo, passando por um site completo, uma página ou uma landpage. Vale ressaltar a forma de publicação e a sua estratégia impactarão milhares de seguidores e usuários, quase de forma instantânea, o que gerará impactos nos resultados dos negócios. 5. Promoção – quando falamos em promover, focamos na criação de relacionamento, de laços fortes e fracos, nas redes sociais, utilizando o consumidor como um veículo de propagação, da forma mais eficaz possível. A web possibilita essa estratégia de forma mais rápida, desde que se apresente um conteúdo relevante ao consumidor, fazendo assim com que ele seja um promotor da marca com a qual se identifique. 6. Propagação – baseia-se no capital social empregado pela organização ou indivíduo para se posicionar e fortalecer sua imagem como referência para determinado assunto ou produto. O uso de influenciadores é uma excelente estratégia para alavancar uma marca. 7. Personalização – como já citamos, a comunicação individual com clientes ou possíveis clientes busca aproximação e maior identificação do consumidor com a marca. A web permite que organizações segmentem sua comunicação, para esta ser mais relevante. 8. Precisão – podemos dizer que esse é o resultado de todos os itens anteriores: o monitoramento, a medição e a avaliação constante das 6 estratégias utilizadas permitem a identificação de métricas precisas para se precisar o resultado de toda ação. O ambiente de marketing, na era digital, é mais fluido, mais dinâmico e mais inconstante, necessitando de profissionais que deem respostas mais rápidas às organizações. Por outro lado, ele é mensurável, menos custoso e com potencial exponencial de crescimento. TEMA 2 – DA WEB 1.0 À WEB 4.0 O consumidor mudou sua forma de se relacionar com as organizações, e seu empoderamento lhe permitiu tornar-se mais crítico e dispor de mais influência nas decisões das organizações. Estas, por sua vez, também mudaram sua forma de abordar os clientes, e essa mudança foi drástica, com o surgimento de negócios on-line que também contribuíram para alteração do comportamento do consumidor. Vivemos uma atualidade em que o digital e o real possuem uma linha tênue que os separa. Podemos, então, ver a web como um ambiente em constante movimento no tocante aos relacionamentos pessoais e corporativos, às leis que abrangem uma tecnologia até então não utilizada e à forma como nós nos relacionamos com a tecnologia, que antes era de domínio mais reservado a especialistas, técnicos e engenheiros sentados à frente de seus computadores, escrevendo linguagens indecifráveis para o cidadão comum. Por isso, nos propomos a entender um pouco dessa história e sua evolução. 7 Gráfico 1 – História e evolução da web Fonte: Elaborado com base em Nascimento; Quintão, 2011. • Web 1.0: a internet surgiu por volta de 1969, desenvolvida pela agência norte-americana Advanced Research and Projects Agency – Arpa, com o objetivo de conectar computadores dos departamentos de pesquisa universitários, para troca de informações. A primeira versão da web tinha características de um projeto acadêmico e sem grandes pretensões a não ser a conectividade dos computadores. Os projetos não tinham escalabilidade, ou seja, uma vez construídos, não se podia expandi-los ou modificá-los. • Web 2.0: os computadores de uso pessoal pulverizaram a informática e permitiram investimentos bem inferiores em centros de processamento de dados – CPDs, processadores. A partir desse momento, uma estação de trabalho com acesso à internet possibilitava a desenvolvedores individuais programarem e produzirem. O conceito da web 2.0, como apresentado por Tim O’Reilly (citado por Gabriel, 2010), definiu a web, então, como uma plataforma onde se consome e se produz conteúdo e cuja facilidade de publicação deu poder ao indivíduo de se tornar, para além de um simples Se m ân tic a da s r ed es d e in fo rm aç ão Semântica das redes sociais Era do PC 1980 - 1990 WEB 1.0 1990 - 2000 WEB 2.0 2000 - 2010 WEB 3.0 2010 - 2020 WEB 4.0 2020 - 2030 Desktop Word Wide Web Web semântica WebOS Inteligência artificial Tags Porta Websites Groupware Banco de dados Servidor de arquivos Sistema de arquivos Windows Java Banco de dados semântico Colaboração Redes sociais Mídia social Flash RDF RSS Java SOAP P2 HTML HTPP MacOS 8 consumidor de conteúdos, como na web 1.0, um produtor de conteúdo. Esse foi o primeiro grande movimento social na web, com as pessoas querendo acesso a informações e buscando a referência da contribuição dos integrantes da rede. Considerada a fase de uso da inteligência coletiva, foi possível dar empoderamento aos usuários para produção de distribuição de conteúdo, fazendo com que a rede fosse descentralizada, iniciando o convívio dos indivíduos em redes sociais, em coletivos de relacionamento e em comunidades por interesses. • Web 3.0: a redução drástica dos custos de produção e distribuição possibilitou ao usuário deixar de ser um consumidor e passar a ser um produtor de conteúdo. A rede evolui com os usuários e com o desenvolvimento da tecnologia, a semântica é utilizada fortemente, a tecnologia utiliza-se dessa ferramenta para entender melhor o comportamento do usuário e suas preferências de busca, o usuário passa a ser rastreável, seu histórico é gravado e, nas buscas futuras, o resultado passa a ser personalizado. Temos aqui, também, o advento da mídia social, possibilitando acesso a todos com um simples equipamento. Multiplicam-se, nesse contexto, redes sociais, blogs, perfis nas redes, comunidades de marcas e de interesses. As organizações começam a utilizar a web como ferramenta de mídia, e os grandes grupos de comunicação perdem o poder de centralização antes ocupado. Outro ponto importante é o uso dessa inteligência nas aplicações móveis, permitindo assim que o indivíduo receba informações em tempo real, de acordo com sua localização ou comportamento de deslocamento. A partir desse momento, o mundo passou a ser móvel, e os produtores de conteúdo estão com seus dispositivos móveis em qualquer lugar, produzindo conteúdos. • Web 4.0: a quarta etapa, iniciada a partir de 2020, confunde-se com a própria semântica. O uso da inteligência artificial, similar a um grande sistema operacional dinâmico e inteligente, utiliza os dados disponíveis na rede para fomentar as interações entre os indivíduos em tempo real, antecipando resultados – soluções ou problemas – não esperados pelo usuário, baseando-se muito mais em hardware do que em software. Segundo Nascimento e Quintão (2011), a web 4.0 é baseada em sistemas operacionais da web, propondo então suportar tomadas de decisões. As autoras ainda destacam que ela propicia maior “[...] transparência global, 9 governança, distribuição, participação, colaboração na indústria, redes políticas e sociais e outros esforços importantes da comunidade” (Nascimento; Quintão, 2011, p. 8). TEMA 3 – TIPOS DE MÉTRICAS: DOWNLOADS, ACESSOS, MONETIZAÇÃO Quanto mais informações disponíveis, maior a necessidade das empresas de monitorar o consumidor, a fim de entenderem a efetividade de suas estratégias e se existe necessidade de ajustes, ao longo de suas campanhas. O monitoramento identifica o máximo de variáveis possíveis que interferem na tomada de decisão de compra do consumidor, desde as mais públicas e até as mais pessoais de cada um (Comportamento, 2022). Gabriel (2010) define a análise de dados dos indivíduos como uma engenharia social que se traduz em práticas e esforços para influenciar atitudes e comportamentos dos indivíduos por meio de obtenção e análisede dados pessoais deles. Silva (2022) complementa essa ideia destacando a necessidade de se monitorar as vendas de uma empresa por meio de “[...] indicadores numéricos utilizados para acompanhar o desempenho dos vendedores de uma empresa. [Eles] Servem para oferecer uma visibilidade clara sobre a performance atingida e como isso se compara com as metas traçadas na fase de planejamento”. O autor reforça que “os números obtidos com as métricas de vendas contribuem para que os gestores identifiquem quais pontos e abordagens estão dando certo e quais precisam de ajustes para melhorar o desempenho do seu time” (Silva, 2022). Segundo o autor, são 13 as métricas de vendas, conforme Quadro 1. Quadro 1 – Indicadores para monitoramento de vendas Indicador O que mede Para que serve 1. Número de oportunidades abertas Quantos leads são trabalhados por vendedor e qual sua taxa de sucesso Mostra quantas chances de negócio são trabalhadas por cada um e se os colaboradores estão sendo assertivos na sua atuação 2. Número de oportunidades encerradas Resultado das oportunidades encerradas (se o cliente fechou negócio ou não) Indica o aproveitamento do time de vendas e o nível de eficiência de cada profissional 3. Ticket médio Soma do total faturado pelo número de pedidos Ajuda a avaliar a margem de lucro dos itens que realmente geram conversão 4. Custo de aquisição por cliente (CAC) Soma dos custos operacionais, dividida pelo montante de clientes que compraram produtos/serviços Mostra quanto cada cliente custa para a empresa 10 5. Lifetime value (LTV) Total gasto por um cliente enquanto ele esteve ativo Permite avaliar as estratégias de atração e retenção de clientes 6. Retorno sobre investimento (ROI) Divisão do lucro gerado pelo total investido para obtê-lo Mensura o retorno de cada estratégia executada pela equipe de vendas 7. Receita recorrente mensal (MRR) Receita gerada mensalmente pela base de clientes ativos Permite avaliar a eficiência das estratégias e verificar quantos clientes encerram seus contratos no curto prazo 8. Tempo médio de venda Quanto tempo uma oferta fica aberta até gerar conversão Indica oportunidades que podem ser trabalhadas para impulsionar o faturamento da empresa 9. Tempo de resposta Tempo que leva para o vendedor responder a um lead Avalia o nível de prontidão e empenho de cada profissional 10. Taxa de follow-up Quantos contatos são necessários para se fechar uma venda Serve para mostrar fatores que influenciam na negociação e avaliar a assertividade do processo de vendas 11. Taxa de conversão Quantidade de oportunidades que geram vendas, por colaborador Mede o nível de sucesso individual 12. Ciclo de venda Tempo gasto pelo cliente para realizar uma compra Avalia o nível de interesse e o tempo dedicado pelo cliente para comprar produtos/serviços da empresa 13. Receita por vendedor Lucro gerado individualmente Serve também para avaliar o desempenho individual Fonte: Elaborado com base em Silva, 2022. No que diz respeito ao marketing digital, o monitoramento é a ferramenta de orientação e condução do planejamento, com a diferença que as ações podem ser alteradas rapidamente. Algumas métricas são relevantes e de extrema importância. Segundo Souza (2015), as métricas do marketing digital mostram onde se está errando, apontam a direção para se corrigir os rumos e revelam oportunidades valiosas. O autor apresenta 14 métricas principais, divididas em 4 grupos importantes, vide Quadro 2. Quadro 2 – Métricas do marketing digital Indicador Métricas de receita e vendas ROI O ROI mostra o retorno sobre o valor investido e quando (e se) se deve escalar o investimento. Enquanto o ROI for positivo e a empresa ainda tiver capacidade de produção, o ideal é aumentar os investimentos em marketing digital. ROI = receita obtida – valor investido / valor investido. CAC Serve para conhecer quanto a empresa gasta para conquistar um consumidor. O cálculo deve considerar todos os custos envolvidos: investimentos em mídia, vendas, salários da equipe etc., durante um determinado período. CAC = despesas + investimentos em marketing e vendas / número de novos clientes em um período. Ticket médio Aponta o valor que cada cliente gasta, em média, nos serviços ou produtos da empresa. Quando um ticket médio está baixo demais, deve-se implementar estratégias para aumentá-lo, como up-selling e cross-selling. Ticket médio mensal = receita do mês / número de vendas do mês. LTV Permite identificar o potencial de lucro com cada consumidor, obtendo uma previsibilidade de rendimentos. Basicamente, essa métrica consiste na receita média que cada cliente gera para uma empresa ao longo de todo o 11 tempo em que se faz negócios com ele. O ideal, para um negócio financeiramente sustentável, é que o LTV seja ao menos três vezes maior do que o CAC. LTV = ticket médio mensal x tempo médio de retenção de cada cliente. Indicador Métricas de campanhas pagas Taxa de cliques (click-through rate – CTR) Mostra a real efetividade de um anúncio. Com essa métrica, se pode avaliar diferentes aspectos de um anúncio ou campanha, como: a segmentação, as palavras-chave, as imagens e os textos. CTR (%) = (número de cliques no anúncio / número de impressões) x 100 Custo por clique (CPC) Por meio dele, consegue-se determinar quanto está sendo investido para que cada pessoa chegue até uma determinada página de um site. Essa métrica avalia ainda quais versões dos anúncios vigentes estão apresentando uma melhor performance e quais devem ser descartadas. CPC = custo da campanha / número de cliques obtidos. Custo por lead (CPL) Mede o custo de cada lead em relação ao esforço e investimento em mídia digital que a empresa esteja fazendo. Se o CPL for alto, é preciso que as conversões de leads em clientes sejam muito boas ou que o ticket médio por cliente seja ainda mais alto. CPL = investimento total na campanha / número de leads gerados. Indicador Métricas de marketing de conteúdo Taxa de conversão A taxa de conversão pode ser usada com várias finalidades. De forma geral, as conversões são sempre o primeiro objetivo de uma campanha de marketing. O cálculo da taxa de conversão depende do objetivo estipulado; mas, em geral, consiste na razão entre o número de visitas em uma página e o número de visitantes que de fato tomaram a ação desejada. Taxa de conversão do funil Apresenta como está a experiência do usuário no processo de compras definido em um site. Com essa métrica é possível identificar gargalos na experiência do usuário, isso resultando em maior efetividade de vendas. Visitas no site Essa métrica apresenta o alcance que um negócio tem na internet. Permite que se saiba quantas pessoas acessam os conteúdos do negócio, diariamente. É possível identificar quais as páginas mais acessadas do site ou blog e esse é um ótimo começo para se identificar o que já está funcionando bem e o que não. Visitas únicas Mostram a quantidade de usuários únicos que visitam um site. Trata-se esse de um número fundamental para ser monitorado, pois também permite saber a porcentagem de visitantes que retornam aos conteúdos. Em geral, quanto mais pessoas estiverem fazendo isso, melhor para o negócio. Tempo gasto no site Essa métrica mostra, em minutos, o tempo médio que cada usuário gasta num site. Com base nesses números, pode-se descobrir e corrigir possíveis problemas que estejam afastando os visitantes ou impedindo-os de passarem mais tempo no site em questão. Indicador Métricas de e-mail marketing Taxa de abertura de e-mail A taxa de abertura revela a quantidade de pessoas de uma dada lista que clicaram para ler um determinado e-mail disparado. Para manter as taxas altas, o primeiro passo é escrever bons assuntos de e-mail. Com base nessa métrica, pode-se analisar que tipo de assunto mais atrai uma audiência.É importante observar e-mails não lidos, erros de entrega e correspondentes que não interagem. Excluir esses “lixos”, além de melhorar as taxas de entrega, ajuda a reduzir os gastos com a plataforma de e-mail marketing. Taxa de cliques em e-mail De forma geral, mede a efetividade da comunicação do material que se encaminha para um cliente. Além da abertura do e-mail, é necessário que o cliente clique na mensagem e seja encaminhado para o local de destino do conteúdo que se quer divulgar. Fonte: Elaborado com base em Souza, 2015. Vemos, então, que o marketing é recheado de métricas e números: tanto no meio digital como nas lojas físicas é importante se conhecer e monitorar essas métricas, a fim de se buscar os melhores resultados dos esforços de venda e 12 marketing. No varejo, cada esforço é válido e a empresa que tiver domínio dessas métricas terá os melhores resultados. Logo, é importante olhar para os conjuntos de métricas, entender como o consumidor foi impactado por uma ação e chegou a uma loja e que tipo de ambiente virtual e físico tem o maior impacto no fechamento de um negócio, permitindo assim que esses conjuntos contribuam para o resultado de forma integrada. Por fim, deve-se também observar que muitas das métricas são similares, respeitando-se as limitações de cada ambiente, digital e físico. TEMA 4 – COOLHUNTING: CONCEITOS PARA PESQUISA E ANÁLISE DE TENDÊNCIAS A pesquisa de marketing é determinante no apoio ao sistema de informações. É necessário olharmos para o futuro para que possamos preparar melhor a organização para as mudanças previstas. Nesse contexto, a pesquisa de tendências trata-se de um estudo relativamente novo no processo de pesquisa, o qual possui técnicas que nos possibilitam verificar e entender os processos de mudanças futuros que irão impactar uma organização (Rezende, 2020, p. 62). Semenik e Bamossy (citados por Rezende, 2020) afirmam que a pesquisa de marketing deve ser uma coleta sistemática e organizada, e sua interpretação precisa apresentar informações relevantes para a tomada de decisões organizacionais. Já Gabriel (2010, p. 97) destaca que coolhunting é um termo criado na década de 1990 para se referir à atividade de observar e prever mudanças e/ou tendências culturais; assim, a origem da palavra vem da contração dos termos, do inglês, cool (legal) e hunting (caçada), traduzido, em geral, como busca de tendências. Logo, o objetivo das técnicas tradicionais de pesquisa é “[...] estudar as atitudes e comportamentos dos consumidores, não se tratando só de fornecer informações de tendências atuais” (Rasquilha (2015, p. 17). Essas tendências apresentam dois grandes tipos de mudanças: 1. De curto prazo: não são exatamente tendências, em função do prazo. São histórias curtas que se dissipam rapidamente, substituídas por novos lançamentos. Geram o que podemos chamar de ondas e modas. 13 2. De longo prazo: são as verdadeiras tendências, constituindo mudanças com impactos profundos no gosto, no estilo de vida, nas formas e comportamentos dos indivíduos, que são incorporadas no seu dia a dia. Gráfico 2 – Onda, tendência e moda Sobre o Gráfico 2, podemos dizer que: • Onda – possui grande impacto em curto espaço de tempo. É incorporada rapidamente pelos indivíduos (mesmo não se entendendo o seu todo) e logo se dissipa e é substituída por novas ondas. Ex.: as gírias de uma novela. • Moda – possui um impacto menor que a onda e é incorporada de modo consciente na rotina diária das pessoas, sem lhes causar mudanças de comportamento. Ex.: roupas de estação. • Tendência – mudança no comportamento assumida com uma mentalidade emergente e dominante. O processo é mais tímido, mas sua duração é grande e com impactos mais profundos na sociedade. Ex.: comportamento alimentar vegano e mais saudável. Muitas são as formas de acompanhar as tendências na web, e o Quadro 3 informa alguns sites de referência na publicação de tendências para marketing. Mudança Tempo Onda Tendência Moda 14 Quadro 3 – Sites de referência para o marketing Blog Mídia 8! ([S.d]): <https://midia8.blogspot.com/> Apresenta informações do mercado de marketing e web Trendspotting.com ([S.d]): <www.trendspotting.com/blog> Foca em pesquisa de marketing e previsões de mercado Olhar Digital ([S.d]): <https://olhardigital.com.br/> Foca no mercado digital e suas novidades Academia do Marketing ([S.d]): <https://www.academiadomarketing.com.br> Apresenta informações sobre marketing e web TrendWatching ([S.d]): <www.trendwatching.com> Foca em tendências, com base em opinião e considerações de observadores espalhados em mais de 500 lugares no mundo Webshoppers.com ([S.d]): <www.webshoppers.com> Informa sobre mercado e e-commerce brasileiro Fonte: Joselmo Rezende. Assim, observar tendências e comportamento ao longo de certos períodos é imprescindível para o profissional de marketing, seja por meio das pesquisas tradicionais, já praticadas; seja por meio de pesquisas qualitativas ou pesquisas quantitativas, pesquisas de campo, pesquisas com fontes secundárias, sites, páginas de concorrentes, redes sociais, relatórios... Enfim, todas as fontes de informação possíveis que possamos levantar se tornam relevantes para que saibamos o que está acontecendo e os movimentos futuros do mercado. O método da etnografia é uma metodologia de pesquisa derivada das ciências sociais, com o qual se pretende, por meio de observação, estudar a cultura e o comportamento de um determinado grupo social. Esse tipo de observação fornece resultados bem significativos sobre comportamentos e tendências. No ambiente digital, à mesma prática, só que adaptada ao meio, denominamos netnografia, pela qual, por intermédio da observação e pesquisa das redes sociais de determinados grupos sociais, por aqueles canais de comunicação interligados, é possível determinar gostos, afinidades, opiniões, relações, tamanho das redes de influência, nível de influência sobre os outros componentes da rede, capital social que determinado grupo ou indivíduo possui, enfim, muitas informações relevantes para determinação de uma estratégia de marketing digital relevante e efetiva. A netnografia não parte de uma simples observação; ela deve ser bem estruturada, com base em uma visão crítica sobre os aspectos comportamentais do indivíduo ou grupo estudado (Amaral, 2000). O pesquisador deve escolher, antes do início do processo, se ele irá se comunicar com o grupo ou indivíduo 15 observado, ou se irá somente discernir seus comportamentos. Enfim, planejamento é necessário, como em qualquer pesquisa de mercado. TEMA 5 – MARKETING BOCA A BOCA: WOM Primeiramente devemos entender que o marketing boca a boca ou word of mouth (WOM) não é uma tendência ou uma perspectiva oriunda do marketing digital. Ele se dá pelo exercício de uma influência interpessoal, baseado numa tendência dos indivíduos de aceitarem bem informações de outras pessoas com que lidam. Castro (2020) afirma que o WOM é: “[...] uma tradução de buzz marketing, estratégia nascida nos Estados Unidos como alternativa às mídias de massa. Em vez de investir milhões em anúncios em jornais, revistas, rádios e TV, ela faz com que a mensagem da marca se espalhe de pessoa a pessoa.” As redes sociais são a ferramenta ideal para esse tipo de marketing, pois dá liberdade, para os indivíduos, de disseminar informações em suas redes e, assim, possibilita que as pessoas tenham uma razão para falar sobre certos produtos e serviços (Rezende, 2015). De uma forma geral, o compartilhamento de experiências dos clientes nos ambientes de organizações como lojas, restaurantes, shoppings ou mesmo ambientes corporativos, assim como recomendações elaboradas pelos próprios consumidores garantem popularidade às empresas e aos seus produtos ou serviços. Olhandopara o merchandising, temos aqui uma ferramenta poderosa para divulgação dos projetos elaborados nos ambientes comerciais e provindos das experiências dos clientes. Na web, o conhecido marketing boca a boca é o que chamamos de eletronic word of mouth (eWOM). Podemos considerar também que o WOM é uma apropriação, por parte do consumidor, de uma marca que consome, a fim de divulgar a experiência que teve com essa marca, produto ou serviço, propagando de forma exponencial essa informação na rede. Logo, podemos dizer que o merchandising tem um papel importante no ambiente e na experiência que será entregue aos consumidores, garantindo o máximo de comunicação positiva destes, em relação à marca. Devemos lembrar que a divisão entre o ambiente digital e o presencial constitui uma linha tênue, dado que o consumidor está o tempo todo conectado e o mundo hoje não é estático – Gabriel (2010) reforça essa visão lembrando da expressão mundo é mobile. Assim, a complexidade de se planejar as ações no ponto de vendas tem sérias implicações no marketing eWOM, devido aos riscos 16 envolvidos, devendo as organizações estarem preparadas com ferramentas receptivas e de monitoramento para proporcionar ao cliente uma experiência em 360º, seja no ambiente físico, seja no virtual. Kotler e Keller (2012, p. 528) destacam que o WOM se apresenta de diferentes formas e listam três características importantes desse tipo de marketing, que são o fato de ele ser: 1. Influente – pessoas confiam em quem conhecem e respeitam suas opiniões, o que torna essa forma de comunicação altamente eficiente. 2. Pessoal – o boca a boca pode ser um diálogo muito íntimo, que reflete fatos, opiniões e experiências pessoais. 3. Oportuna – o boca a boca ocorre quando as pessoas querem ouvir as outras, ou seja, quando estão mais interessadas no que as outras estão a lhes falar; e, muitas vezes, isso acontece após eventos ou experiências marcantes ou significativos. Logo, o WOM se mostra de duas formas, a saber: 1. o buzz marketing, que induz as pessoas a falarem sobre uma marca ao assegurar que um produto ou sua forma de comercialização é algo fora do comum; 2. o marketing viral, que incentiva as pessoas a trocarem, pela internet, informações relacionadas a um bem ou serviço (Kotler; Keller, 2012, p. 605). Destacamos ainda o WOM como relevante em função do comportamento dos consumidores atuais. O relacionamento entre empresas e consumidores se alterou de forma drástica, de forma que o consumidor assume um papel ativo como influenciador de sua rede, em relação às experiências vividas com as marcas com que ele tem contato. As mídias sociais deram esse poder aos indivíduos, que passaram de simples receptores para produtores de conteúdo, com seus equipamentos móveis. Assim, pensar em merchandising, hoje, é pensar com uma visão 360º e em todos os canais possíveis nos quais uma dada ação pode ser propagada. 17 REFERÊNCIAS ACADEMIA DO MARKETING. [S.l., s.d.]. Site. Disponível em: <https://www.academiadomarketing.com.br/>. Acesso em: 20 jun. 2023. ADOLPHO, C. Os 8Ps do marketing digital: o guia estratégico de marketing digital. São Paulo: Novatec, 2011. AMARAL, S. A. Os 4Ps do composto de marketing na literatura da ciência da informação. Transinformação, v. 12, n. 2, p. 51-60, jul./dez. 2000. ANDRADE, C. F. Marketing: o que é? Quem faz? Quais as tendências? 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