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Indaial – 2016 Gestão do ConheCimento Prof. Pedro Sidnei Zanchett 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2016 Elaboração: Prof. Pedro Sidnei Zanchett Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: 658.4038 Z27g Zanchett; Pedro Sidnei Gestão do conhecimento /Pedro Sidnei Zanchett : UNIASSELVI, 2016. 178 p. : il. ISBN 978-85-7830-959-6 1.Administração da Tecnologia da Informação. I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. III ApresentAção Prezado acadêmico! Seja bem-vindo à disciplina de Gestão do Conhecimento. A vontade de dominar o conhecimento acompanha a trajetória humana. A chamada era do conhecimento tem provocado mudanças nas organizações e na sociedade como um todo. O conhecimento é a informação da qual o ser humano se apropria, que interpreta, e a partir daí passa a ter novas ideias. A Gestão do Conhecimento (GC) é um fenômeno do fim do século XX e começo do século XXI. Sempre existiu de forma intuitiva nas organizações, mas só agora ela tomou importância devido à competitividade e à globalização. Fatores estes que exigem das organizações uma formalização dos processos de gestão. “A Gestão do Conhecimento (GC) não se aplica, se pratica”; está pautada na coerência e atitude das pessoas, na aprendizagem e compartilhamento das ideias. Para muitos autores, a GC é um ponto importante de confluência entre a cultura administrativa da organização e a tecnologia de informação que esta utiliza. Compreende-se a GC como um processo de criar boas condições às pessoas de um determinado espaço organizacional, para aprender/criar/ gerar conhecimento, compartilhar/socializar conhecimento, bem como usá-lo para atingir objetivos e metas organizacionais, retroalimentando a gestão da informação. O conhecimento passa a ser o principal fator de competitividade da organização no final do último século, quando o mundo todo enfrentava inúmeras mudanças econômicas, sociais e tecnológicas, frutos da globalização, e a concorrência se mostrava cada vez mais acirrada. Hoje, com o desenvolvimento acelerado da Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e o encurtamento das distâncias, a disseminação do conhecimento ficou extremamente facilitada. Com a velocidade e a interatividade da internet, o conhecimento pode ser adquirido e disseminado com a mesma velocidade. Basta que se promova um ambiente positivo, em que todos se sintam motivados a aprender e a multiplicar seu conhecimento com a mesma intensidade. Neste sentido, as TICs auxiliam na criação de estratégias baseadas em conhecimento, cujos resultados transformam a organização e se tornam essenciais para ambientes competitivos, dinamizando as relações, os comportamentos e a cultura informacional existente. Contudo, a GC ocorre através de três componentes: pessoas, processos e tecnologia. As pessoas são fontes geradoras de conhecimento, que transformam dados e informações em conhecimento. Os processos IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA referem-se ao fluxo de eventos que descrevem como as coisas funcionam na organização. Quando sistemáticos e efetivos, podem contribuir para a melhoria da produtividade organizacional, rentabilidade, qualidade e crescimento. Já a tecnologia serve como meio, na medida em que fornece suporte aos processos e às pessoas. Aproveitamos esse momento para destacar que as autoatividades NÃO SÃO OPCIONAIS. O objetivo de cada exercício deste caderno é a fixação de determinado conceito. É aí que reside a importância da realização de todos. Sugerimos fortemente que em caso de dúvida em algum exercício você entre em contato com seu tutor externo ou com a tutoria da UNIASSELVI e que não passe para o exercício seguinte enquanto o atual não estiver completamente compreendido. Por fim, ressalto que, mesmo sendo uma área muito ampla, o caderno de estudos lhe oferece um início sólido e consistente sobre o tema. Desejo a você uma excelente experiência nos estudos dos conteúdos dessa disciplina! Prof. Pedro Sidnei Zanchett V Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais que possuem o código QR Code, que é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar mais essa facilidade para aprimorar seus estudos! UNI VI VII Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! LEMBRETE VIII IX UNIDADE 1 – CONHECIMENTO EXPLÍCITO E TÁCITO, ESPIRAL DO CONHECIMENTO, ERA DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO, SOCIEDADE DO CONHECIMENTO E O COMPARTILHAMENTO DO CONHECIMENTO, GESTÃO DO CONHECIMENTO ..................................................................................1 TÓPICO 1 – CONHECIMENTO EXPLÍCITO E CONHECIMENTO TÁCITO, ESPIRAL DO CONHECIMENTO, ERA DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO .......3 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................3 2 CONHECIMENTO EXPLÍCITO E CONHECIMENTO TÁCITO .................................................6 3 A ESPIRAL DO CONHECIMENTO ...................................................................................................9 4 ERA DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO ....................................................................13 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................16 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................18CONHECIMENTO 27 Tonet e Paz (2004, p. 4) definem compartilhamento de conhecimento como sendo “o comportamento do indivíduo de repassar o que sabe às pessoas com quem trabalha e de receber o conhecimento que elas possuem”, e ainda afirmam que esse “compartilhamento de conhecimento é um componente-chave dos sistemas de gestão do conhecimento”. No atual mercado em que as organizações estão inseridas, o ato de compartilhar o conhecimento tem se mostrado de grande importância, porém de difícil concretização, pois, para que o compartilhamento das informações obtenha êxito, necessita-se do envolvimento dos componentes (destinatário e receptor) nessa transferência (ROSA, 2009). “O que se espera é que o destinatário ou receptor assimile o conhecimento compartilhado pela fonte ou emissor de forma completa e sem interrupções, embora o conhecimento e habilidades anteriores, bem como a motivação dos envolvidos, podem causar influências diretas nesse processo” (TONET; PAZ, 2004, p. 6). Tonet e Paz (2004, p. 4) descrevem ainda: [...] ao compartilhar conhecimento no trabalho, os indivíduos precisam justificar em público as suas crenças, e para isso enfrentam quatro grandes barreiras organizacionais: (1) necessidade de linguagem legítima, que permita explicitar o conhecimento tácito; (2) histórias organizacionais; (3) procedimentos predefinidos; (4) os paradigmas da empresa. Rosa (2009, p. 12 apud FLEURY; OLIVEIRA Jr., 2001) contribui dizendo que: As empresas possuem conhecimentos que já se encontram disseminados e compartilhados por todos os colaboradores da organização, entretanto, existem diversas informações que pertencem a colaboradores específicos ou a equipes de trabalho. O grande desafio das organizações é identificá-las, codificá-las e torná-las acessíveis aos demais colaboradores. 28 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico você aprendeu que: • A sociedade vive um momento de transição e está migrando da era da informação para a era do conhecimento. • Para Amaral (2006), na Sociedade do Conhecimento a educação ocupa um lugar central, e as novas tecnologias apoiam a sua disseminação. • Musacchio (2014) destaca que a Sociedade do Conhecimento se produziu a partir das redes sociais, das interações e colaborações entre os indivíduos membros. • As 10 sugestões de Musacchio (2014) para entrar na Sociedade do Conhecimento são: 1. Nunca mais pare de estudar, se capacitar e se habilitar. 2. Participe das redes sociais. 3. Desenvolva a prática saudável de produzir informação. 4. Participe de grupos de estudos na sua área de atuação. 5. Construa sua imagem baseada na honestidade, no altruísmo, na parceria. 6. Procure ver e ser visto. 7. Desenvolva a capacidade de ouvir, mais do que falar. 8. A colaboração e a interação são o seu principal foco social e profissional. 9. Não omita sua opinião. 10. Nunca diga EU ACHO. • O modelo de produção na sociedade do conhecimento tem, portanto, uma palavra-chave: a flexibilidade. • Compartilhamento do conhecimento é de difícil implementação, por depender menos das ferramentas tecnológicas e mais da cultura, ou seja, depende das atitudes e motivação das pessoas. • O compartilhamento do know-how envolverá custo e tempo, principalmente se a codificação do conhecimento for abordada como uma atividade adicional de força de trabalho. • Para Ichijo (2008), compartilhamento de conhecimento é concebido como uma interação relacional entre pessoas que partilham conhecimento tácito e explícito como meio de geração de conhecimento novo e de valor para a organização. 29 • Por fim, compreender como o compartilhamento do conhecimento pode ser estimulado possibilitará às organizações operacionalizar a gestão do conhecimento de maneira eficaz. • O conhecimento pode ser compartilhado por meio de processos formais ou informais, criando mecanismos ou procedimentos para identificar e codificar o conhecimento através das estratégias de formalização de codificação e personalização. • Para Ajmal e Koskinen (2007), o compartilhamento do conhecimento pode ser analisado em três níveis básicos: nível individual, nível grupal e nível organizacional. • Para obter êxito no compartilhamento do conhecimento é importante envolver de forma correta a transferência entre os componentes: destinatário e receptor, onde o comportamento do indivíduo é o de repassar o que sabe às pessoas com quem trabalha e de receber o conhecimento que elas possuem. • As barreiras para o compartilhamento do conhecimento no trabalho são: (1) necessidade de linguagem legítima, que permita explicitar o conhecimento tácito; (2) histórias organizacionais; (3) procedimentos predefinidos; (4) os paradigmas da empresa. 30 1 Conceitue o que é Sociedade do Conhecimento. 2 Explique por que o uso intensivo da informação e do conhecimento, das tecnologias de informação e da comunicação (TIC) está contribuindo para a Sociedade do Conhecimento. 3 O que é o compartilhamento do conhecimento? 4 Quais as barreiras do compartilhamento do conhecimento? 5 Quais são os três níveis básicos de compartilhamento do conhecimento? AUTOATIVIDADE 31 TÓPICO 3 GESTÃO DO CONHECIMENTO UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Pode-se dizer que a Gestão do Conhecimento, como hoje é entendida, foi uma decorrência de algumas mudanças significativas ocorridas no último milênio e na última década. A principal delas foi o surgimento da internet e o consequente aumento espetacular na capacidade humana de se comunicar, publicar e acessar informações, colaborar com pessoas em localidades muito distantes. Outras incluem a globalização, o aumento da velocidade de desenvolvimento de produtos, a explosão no volume de informações e o surgimento de modelos de negócio em rede. Neste cenário, segundo Schuelter (2009 p. 3), “é admirável conhecer um pouco mais do termo gestão do conhecimento, para isso tem-se a visão dos estudiosos da área que trazem a conceituação do termo”. São inúmeros os autores que atuam nesse campo e conceituam gestão do conhecimento. A seguir apresentam-se alguns deles, cujas visões podem ser conferidas na tabela a seguir. 32 UNIDADE 1 | CONHECIMENTO EXPLÍCITO E TÁCITO, ESPIRAL DO CONHECIMENTO, ERA DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO, SOCIEDADE DO CONHECIMENTO E O COMPARTILHAMENTO DO CONHECIMENTO, GESTÃO DO CONHECIMENTO TABELA 1 - VISÃO E CONCEITUAÇÃO DE GESTÃO DO CONHECIMENTO FONTE: Schuelter (2010) O interesse pelo tema Gestão do Conhecimento reflete na miríade de termos que, de certa maneira, se referem a ele. É relativamente difícil estabelecer limites para a forma como os termos conhecimento, competência, aprendizado e habilidades, criatividade, capital intelectual, capital humano, tecnologia, capacidade inovadora, ativos intangíveis e inteligência empresarial, entre outros, são empregados no dia a dia das empresas e na literatura gerencial (TERRA, 2000, p. 1). Diante deste cenário, precisamos qualificar as decisões a serem tomadas, enfrentar o desafio de transformar dados em informação e informação em conhecimento, atentando para que interferências individuais não distorçam negativamente este processo (ANGELONI, 2003). Tais interferências podem ocorrer na codificação e decodificação destes elementos, provocando problemas no processo de comunicação. A figura a seguir demonstra, de modo gráfico, as diferenças entre dado, informação e conhecimento. Observa-se também que com a agregação de valor entre dado e informação, diminui-se sua disponibilidade e, da mesma forma, na agregação de valor entre informação e conhecimento. TÓPICO 3 | GESTÃO DO CONHECIMENTO 33 FIGURA 9 - DIFERENÇA ENTRE DADO, INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO FONTE: Davenport (2001 apud SILVA, 2009) A partir do momento em que o indivíduo aprender e saber aproveitar corretamente os dados para informação, da informação para o conhecimento, transforma-se em um sujeito apto, pois se torna competente diante das exigências que o conhecimento nos proporciona. O conhecimentoé um ativo valioso, resultado da combinação de dados, informações, conhecimento e competência que podem ser usados para auxiliar a tomada de decisão. FIGURA 10 - CADEIA DE VALOR DO CONHECIMENTO FONTE: Rowley (2007 apud SANTOS, 2008) 34 UNIDADE 1 | CONHECIMENTO EXPLÍCITO E TÁCITO, ESPIRAL DO CONHECIMENTO, ERA DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO, SOCIEDADE DO CONHECIMENTO E O COMPARTILHAMENTO DO CONHECIMENTO, GESTÃO DO CONHECIMENTO A gestão do conhecimento envolve, a nosso ver, principalmente, a incorporação de um novo “raciocínio e foco gerencial” na dimensão ou recurso do conhecimento. Logicamente, envolve também a utilização de uma série de novos métodos recentes e consolidados, por exemplo: mapeamento de conhecimentos, gestão por competência, comunidades de prática, gestão de talentos, e também uso de novas tecnologias de informação, colaboração virtual e comunicação. O verdadeiro desafio é a articulação desta ampla gama de ferramentas gerenciais e tecnológicas que servem para melhorar a capacidade das organizações para aprender, inovar, utilizar suas competências e proteger seus conhecimentos e ativos intangíveis estratégicos (SALDANHA, 2004). Segundo Moreira (2005), a Gestão do Conhecimento exige um certo grau de sofisticação intelectual, empatia verdadeira para envolver os colaboradores e também capacidade de abstração para compreender bem a natureza do conhecimento que se quer gerir e quais ferramentas, métodos e processos são mais eficazes para estimular seu desenvolvimento, compartilhamento e proteção. É muito diferente ter como foco melhorar a gestão do conhecimento em um ambiente de produção e desenvolvimento, fábrica, departamento de marketing ou central de atendimento. FIGURA 11 - GESTÃO DO CONHECIMETNO ORIENTANDO AS AÇÕES E AS TOMADAS DE DECISÃO FONTE: Disponível em: . Acesso em: 5 jan. 2016. Estritamente falando, o conhecimento em si não pode ser diretamente gerenciado. Para entender isso é importante lembrar que gerenciar conhecimento é bem diferente de gerenciar informação e dados. Conhecimento, de fato, só existe na cabeça das pessoas. TÓPICO 3 | GESTÃO DO CONHECIMENTO 35 Portanto, é algo “invisível” e um pouco abstrato para a maior parte das pessoas que aprenderam a gerenciar “coisas”. Do ponto de vista da organização, o que importa são as manifestações do conhecimento de cada indivíduo que, com suas ações e decisões, agrega valor aos processos de que participa. A Gestão de Conhecimento se ocupa, portanto, dos processos gerenciais, a infraestrutura física e digital que facilita, favorece e estimula os processos humanos de criação, compartilhamento e uso de conhecimentos individuais e coletivos (TERRA, 2005). A estrutura de tecnologias da informação vem se tornando cada vez mais imprescindível na comunicação entre os indivíduos. Sobre a dinâmica da tomada de decisões organizacionais e o papel da TI, Angeloni (2003, p. 21) conclui: As tecnologias da informação conduzem a profundas evoluções organizacionais. Elas levam a novas formas de gestão. As organizações devem estar preparadas para suportar o crescente volume e rapidez de circulação de informações e conhecimentos, implantando estruturas organizacionais e tecnológicas flexíveis que permitam a circulação das informações e dos conhecimentos, a fim de poder tomar decisões em tempo hábil e se adaptar às mudanças do meio ambiente em que estão inseridas. FIGURA 12 - ELEMENTOS INTERVENIENTES NA TOMADA DE DECISÃO ORGANIZACIONAL FONTE: Adaptado de Angeloni (2003) Segundo Weng (2012), é notório, por sua vez, o fato de as iniciativas com o rótulo “gestão do conhecimento” e que se basearam primordialmente na implantação de sistemas de informação, em sua grande maioria, terem produzido resultados muito limitados ou mesmo desastrosos. A visão simplificada do processo de gestão do conhecimento deve-se, também, em grande parte e paradoxalmente, às grandes empresas de consultoria que desenvolveram pioneiramente os primeiros modelos de gestão do conhecimento. 36 UNIDADE 1 | CONHECIMENTO EXPLÍCITO E TÁCITO, ESPIRAL DO CONHECIMENTO, ERA DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO, SOCIEDADE DO CONHECIMENTO E O COMPARTILHAMENTO DO CONHECIMENTO, GESTÃO DO CONHECIMENTO Essas organizações, embora tenham contribuído bastante para a visão e prática de gestão do conhecimento, têm imaginado ser possível replicar o modelo que criaram para organizações muito mais complexas e diversificadas, com diferentes tipos de operações, profissionais e infraestrutura. Uma outra grande dificuldade é a necessidade de mostrar resultados em curto prazo e a chamada “falta de participação das pessoas”. Essa ansiedade é particularmente típica do Brasil, que, por ser um país em desenvolvimento, investe relativamente muito pouco em “conhecimento”. Quem entra nesta história de gestão do conhecimento pensando que conhecimento se gera em projetos de cinco a seis meses comete um engano fatal. Projetos, embora possam contribuir, não constituem a essência da GC, que é antes de tudo um compromisso com o aprendizado constante, com modelos de negócio e organizacionais colaborativos e com uma cultura de inovação. Conforme Schramm et al. (2006), aqueles que se comprometeram de maneira mais sustentada com o tema entenderam como o recurso conhecimento gera valor e garante vantagens competitivas duradouras. Apenas conhecimento e ativos intangíveis podem vir a gerar retornos exponenciais. O conhecimento que traz vantagem competitiva tem a grande propriedade de ser difícil de comprar e imitar. Gerar valor, portanto, por permitir diferenciação e também porque pode ser utilizado, muitas vezes, por aqueles que o detêm sem custos adicionais (marginais) significativos. A gestão dos ativos intangíveis é também, muitas vezes, colocada no contexto amplo da GC. Ativos intangíveis vistos de uma maneira ampla incluem: marcas, patentes, direitos autorais, as competências e habilidades de colaboradores, redes de relacionamento, cultura organizacional, capacidades inovadoras. São recursos, ativos e características que, embora valiosos, não entram no Balanço Patrimonial das organizações (TERRA, 2005, p. 8). Terra (2007, p. 7) segue nos explicando que: [...] organizações líderes têm programas formais para gerenciar sua propriedade intelectual e um processo de revisão específico para avaliar e assegurar que estão investindo e protegendo adequadamente seus ativos intangíveis. Por exemplo, para o trabalho que se desenvolve em áreas passíveis de inovação, há uma espécie de milestone durante o qual comitês de especialistas avaliam se o trabalho realizado merece/ precisa ser patenteado, se marcas precisam ser registradas e/ou se o resultado do trabalho precisa ser tratado como um segredo de negócio. Segundo Cislaghi (2008, p. 105), “fazer a GC é identificar o que se sabe, captar e organizar esse conhecimento e utilizá-lo de modo a gerar retornos. É o processo pelo qual a organização gera riquezas, a partir de seu capital intelectual”. Cislaghi (2008) ainda sintetiza sua visão de GC como um processo empregado por uma organização para capturar e compartilhar a experiência, promover a colaboração e prover amplo acesso às informações, independente de sua fonte ou estrutura. TÓPICO 3 | GESTÃO DO CONHECIMENTO 37 FIGURA 13 - MAPEAMENTO DA ÁREA DE CONHECIMENTO FONTE: Carvalho, Souza e Loureiro (2002) Já a Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento (SBGC) ilustra na figura a seguir que a GC é tratada de forma multidisciplinar, envolve diversas áreas de conhecimento, como: Gestão da Informação, Inteligência Competitiva, Sistemas Especialistas, Aprendizagem Organizacional, Inovação e Capital Intelectual. FIGURA 14 - ÁREAS DA GESTÃO DO CONHECIMENTO PELA SBGC FONTE: Disponível em: . Acesso em: 5 jan. 2016. 38 UNIDADE 1 | CONHECIMENTO EXPLÍCITO E TÁCITO, ESPIRALDO CONHECIMENTO, ERA DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO, SOCIEDADE DO CONHECIMENTO E O COMPARTILHAMENTO DO CONHECIMENTO, GESTÃO DO CONHECIMENTO Dentre as abordagens de GC propostas, Probst; Raub e Rombhardt (2002) defendem a adoção de uma composição de seis processos, cada um deles desdobrado em etapas, conforme apresentado no quadro a seguir. QUADRO 4 - PROCESSOS E ETAPAS ESSENCIAIS DA GESTÃO DO CONHECIMENTO FONTE: Probst; Raub e Rombhardt (2002) O que é Gestão do Conhecimento? O termo “Gestão do Conhecimento” provém do inglês “Knowledge Management” (KM), e trata-se de uma área de atuação transversal entre as diversas disciplinas relacionadas, sobretudo, à gestão estratégica, teoria das organizações, sistema de informação, gestão da tecnologia, e às áreas mais tradicionais, como a economia, sociologia, psicologia, marketing, entre outras. TÓPICO 3 | GESTÃO DO CONHECIMENTO 39 A gestão do conhecimento é reconhecida como um recurso estratégico inserido nas empresas e no cotidiano das pessoas. Estamos na era do conhecimento, sabemos que, num processo lógico, toda experiência e informação gerada pelo ser humano, em sociedade, torna-se em conhecimento, conhecimento presente nas bancas acadêmicas, nos livros e nas enciclopédias virtuais. Para ser mais competitivo no campo profissional, para uma empresa crescer e para uma pessoa viver melhor é necessário conhecimento e seu domínio em determinadas áreas. Conhecer é conquistar, elaborar e praticar melhor; porém, saber muito, por si só, não significa melhor nível de competitividade. O conhecimento, além de suportes, necessita de gestão, processo de armazenagem, zelo na guarda de suas informações, gerenciamento e canais para a sua disseminação. O conhecimento abrange o capital intelectual, o capital humano, a capacidade de pesquisar e inovar e a inteligência empresarial. A gestão de conhecimento é necessária em virtude da existência do conhecimento na empresa, na mente das pessoas, nos departamentos e nos processos executados. Todos esses elementos são fundamentais e presentes em uma empresa. Esse tipo de gestão consiste numa modelagem de processos corporativos por meio de conhecimentos gerados, uma maneira de estruturar as atividades organizacionais no ambiente interno e externo, trata-se de um gerenciamento corporativo. Visa favorecer a organização por meio de seu próprio conhecimento adquirido e desenvolvimento e a partir do conhecimento colhido no ambiente externo (experiência de concorrentes, influências culturais, inovações tecnológicas etc.). Essa gestão se preocupa com as condições organizacionais, localização, geração e partilha do conhecimento, e das ferramentas a serem utilizadas na comunicação e organização de determinado conteúdo. A gestão de conhecimento amplia a vantagem competitiva e concorrencial da empresa, reduz custos com P&D (Planejamento e Desenvolvimento), geração de novos modelos de negócio, melhor aproveitamento e desenvolvimento do capital intelectual da empresa, suporte às tomadas de decisão e melhorias na produção e na prestação de serviços. Em suma, é uma modalidade de gestão que facilita o controle e o acesso às informações relevantes num processo de trabalho e administração de seus meios. O conhecimento parte de uma informação, pesquisa, experiência e produz impactos positivos ou negativos na sociedade e em determinada organização, dependendo de como esse conhecimento é filtrado, analisado e gerido. FONTE: Disponível em: . Acesso em: 5 jan. 2016. 40 UNIDADE 1 | CONHECIMENTO EXPLÍCITO E TÁCITO, ESPIRAL DO CONHECIMENTO, ERA DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO, SOCIEDADE DO CONHECIMENTO E O COMPARTILHAMENTO DO CONHECIMENTO, GESTÃO DO CONHECIMENTO 2 PRÁTICAS RELACIONADAS A PROCESSOS FACILITADORES DA GESTÃO DO CONHECIMENTO Conforme Mesquita (2011, p. 33 grifos do original), os processos facilitadores da GC consistem em: 1. Melhores Práticas (Best Practices): diz respeito ao conhecimento acumulado sobre a melhor e mais efetiva forma de se empreender uma atividade ou processo. Sua gestão depende de uma atuação dedicada a encontrá-las, adaptá-las e implantá-las. São documentadas por meio de bancos de dados, manuais ou diretrizes. 2. Benchmarking interno e externo: consiste no processo sistemático e estruturado que compara o desempenho de uma atividade ou processo com aqueles semelhantes na organização. 3. Memória organizacional/Lições aprendidas/Banco de conhecimentos: forma a combinação de um repositório (banco de conhecimento) ou o espaço onde a memória organizacional é armazenada, e a comunidade, que são as pessoas que interagem com esses objetos, visando a aprendizagem, capacidade de tomar decisões, de entender o contexto etc. As lições aprendidas são relatos de experiências em que se registram os fatos, o acontecimento esperado, a análise das causas das diferenças, ou seja, tudo o que foi aprendido durante o processo. 4. Sistemas de inteligência organizacional: visam a transformação de dados em inteligência, com a finalidade de apoiar a tomada de decisão. Consistem em extrair inteligência por meio da captura e da conversão das informações, em diversos formatos, e a absorção do conhecimento a partir da informação. O conhecimento obtido de fontes internas ou externas, formais ou informais é apresentado, documentado e armazenado para facilitar tal acesso. 5. Mapeamento ou auditoria do conhecimento: aponta para a identificação dos conhecimentos fundamentais em uma organização, assim como suas relações simples ou de causa e efeito. É o registro do conhecimento organizacional sobre processos, produtos, serviços e relacionamento com os clientes e pode ser apresentado em diversas formas, tais como: mapas, diagramas ou árvores hierárquicas de conhecimento, nos quais se descrevem fluxos e relacionamentos de indivíduos, grupos ou toda a organização. 6. Sistema de gestão por competências: aponta a existência de uma estratégia de gestão baseada nas competências requeridas para o exercício das atividades de determinado posto de trabalho e a remuneração pelo conjunto de competências efetivamente exercidas. As ações nesta área visam determinar as competências essenciais à organização, avaliar a capacitação interna e definir os conhecimentos e as habilidades necessários para a superação de carências existentes em relação ao nível desejado para a organização. 7. Banco de competências organizacionais: consiste em um repositório de informações sobre a localização de dados na organização, incluindo fontes de consulta, bem como as pessoas ou as equipes detentoras de determinado conhecimento. 8. Banco de competências individuais: é o banco de talentos ou páginas amarelas que informa sobre a capacidade técnica, científica, artística e cultural das pessoas. O perfil pode ser limitado de acordo com a experiência obtida no ensino formal, através de eventos de TÓPICO 3 | GESTÃO DO CONHECIMENTO 41 treinamento e aperfeiçoamento reconhecidos pela instituição, ou pode-se analisar de forma mais ampla a capacidade dos funcionários, incluindo informações sobre conhecimento tácito, experiências e habilidades de negociação e processual. 9. Gestão do capital intelectual ou gestão dos ativos intangíveis: são recursos disponíveis no ambiente institucional, de complexa qualificação e mensuração, que contribuem para seus processos produtivos e sociais. A prática pode incluir o mapeamento dos ativos organizacionais intangíveis; gestão do capital humano; gestão do capital do cliente e política de propriedade intelectual. A fim de elucidar melhor sobre a importância da Gestão de Conhecimento nas Organizações, a seguir será apresentado o texto publicado por Nei Grando, membro da SBGC. 42 UNIDADE 1 | CONHECIMENTO EXPLÍCITO E TÁCITO, ESPIRAL DO CONHECIMENTO, ERA DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO, SOCIEDADE DO CONHECIMENTO E O COMPARTILHAMENTO DO CONHECIMENTO, GESTÃO DO CONHECIMENTO LEITURA COMPLEMENTARA GESTÃO DO CONHECIMENTO DEVE COMEÇAR PELA ESTRATÉGIA “O amor, mais que o conhecimento, é necessário para conduzir a alma dos homens à sua perfeição”. Irineu de Lyon Costumo comparar uma empresa a um organismo vivo. Assim como o corpo humano é um sistema complexo, uma empresa também o é. Se um dos órgãos não vai bem o organismo sofre, fica doente e, se não for bem tratado, até mesmo morre. Por isso precisamos ter uma visão sistêmica da empresa e do negócio, além de conhecer bem todos os seus órgãos (suas partes) e a relação entre eles. A importância desta visão holística pelos gestores, tanto quanto as relações da estratégia e gestão do conhecimento (GC), não só se aplicam às empresas, mas também às instituições do governo e às organizações não governamentais. A Estratégia Estratégia nunca foi tão importante quanto nos dias de hoje. Em um sentido geral, estratégia é a definição dos grandes objetivos e linhas de ação estabelecidos nos planos empresariais ou governamentais. Tática, em complemento, definiria de forma mais detalhada como atingir esses objetivos. Considerando o cenário atual de competição globalizada, a expectativa de vida e prosperidade das organizações é determinada pela sua capacidade de se adaptar ao ambiente em evolução contínua. A necessidade de sobreviver e prosperar neste cenário de constantes mudanças requer que as vantagens competitivas também sejam revistas e melhoradas, e isto tem exigido das empresas a criação estruturada da estratégia e a organização disciplinada dos esforços de sua implementação. Os elementos fundamentais que compõem os alicerces da estratégia de uma organização são: a Missão, os Valores e a Visão de futuro. TÓPICO 1 | CONHECIMENTO EXPLÍCITO E CONHECIMENTO TÁCITO, ESPIRAL DO CONHECIMENTO, ERA DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO 43 FIGURA 15 - MISSÃO, VISÃO, VALORES E A ESTRATÉGIA FONTE: Disponível em: . Acesso em: 5 jan. 2016. Além desta ideologia básica, a estratégia deve considerar o modelo de negócios da empresa e o ambiente onde ela está inserida. Ele é o elemento central da estratégia, e deve ser singular, ou seja, diferenciado da concorrência, pois busca uma vantagem competitiva sustentável. Desenhar este modelo e analisá-lo ajuda muito a enxergar a empresa e o negócio de forma sistêmica, além de equalizar a linguagem e a comunicação entre todos os interessados e facilitar a tomada de decisões em possíveis mudanças inovadoras. “Um modelo de negócios descreve a lógica de criação, entrega e captura de valor por parte de uma organização”. Alexander Osterwalder Modelo de Negócios busca responder a questões como estas: Qual é o nosso negócio? Quem são os clientes que queremos focar? Quais os produtos/ serviços que vamos oferecer? Como vamos entregar de maneira eficiente e diferenciada? Durante o planejamento estratégico é importante que o modelo de negócios seja revisto, considerando todos os elementos envolvidos em seu design. 44 UNIDADE 1 | CONHECIMENTO EXPLÍCITO E TÁCITO, ESPIRAL DO CONHECIMENTO, ERA DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO, SOCIEDADE DO CONHECIMENTO E O COMPARTILHAMENTO DO CONHECIMENTO, GESTÃO DO CONHECIMENTO FIGURA 16 - OS ELEMENTOS DE UM MODELO DE NEGÓCIOS FONTE: Disponível em: . Acesso em: 5 jan. 2016. “Uma empresa somente consegue superar seus oponentes se for capaz de estabelecer uma diferença que consiga preservar. A empresa deve entregar maior valor para seus clientes, ou criar um valor comparável a um custo mais baixo, ou fazer ambos”. Michael Porter O ambiente onde a empresa e seu modelo de negócios estão inseridos também é fundamental para análise do cenário durante o planejamento estratégico. A ferramenta SWOT, cuja sigla é uma abreviação das palavras Strengths, Weaknesses, Opportunities e Threats, facilita a análise de ambiente interno (pontos fortes, pontos fracos) e externo (oportunidades e ameaças) para avaliação do posicionamento da organização e de sua capacidade de competição. TÓPICO 1 | CONHECIMENTO EXPLÍCITO E CONHECIMENTO TÁCITO, ESPIRAL DO CONHECIMENTO, ERA DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO 45 FIGURA 17 - QUADRO DA FERRAMENTA DE ANÁLISE SWOT FONTE: Disponível em: . Acesso em: 5 jan. 2016. Geralmente esta análise considera a comparação da empresa com a concorrência e/ou com outras empresas do setor. Este processo é conhecido como Benchmarking e busca identificar as melhores práticas na indústria para obter um desempenho superior. Nele a empresa examina como outra empresa realiza uma função específica, a fim de melhorar como realizar a mesma ou uma função semelhante. Mas não se pode esquecer que, melhor do que usar uma prática existente é superá-la, e para isso é preciso inovar. Além da Análise SWOT, existem outras ferramentas muito úteis para o planejamento estratégico. Uma bastante usada é a das cinco forças competitivas de Porter, que faz uma análise setorial considerando: a Rivalidade entre os concorrentes; o Poder de Negociação dos clientes; o Poder de Negociação dos fornecedores; a Ameaça de Entrada de novos concorrentes; e a Ameaça de produtos substitutos. A essência da gestão estratégica é elaborar, por meio de uma abordagem inovadora e criativa, uma estratégia competitiva, composta dos grandes objetivos e linhas de ação, que assegure o êxito da organização nos negócios atuais, ao mesmo tempo em que constrói as competências essenciais necessárias para o sucesso do negócio de amanhã. Para trabalhar a gestão estratégica existe uma ferramenta de negócios bastante conhecida, chamada BSC - Balanced Scorecard. No BSC, a missão e a visão da empresa são traduzidas em objetivos e medidas que refletem os interesses e as expectativas de seus principais interessados (clientes, acionistas, colaboradores e outros) e que possam ser agrupadas em quatro perspectivas diferentes: 46 UNIDADE 1 | CONHECIMENTO EXPLÍCITO E TÁCITO, ESPIRAL DO CONHECIMENTO, ERA DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO, SOCIEDADE DO CONHECIMENTO E O COMPARTILHAMENTO DO CONHECIMENTO, GESTÃO DO CONHECIMENTO • Financeira: Demonstra se a execução da estratégia está contribuindo para a melhoria dos resultados financeiros, em especial o lucro líquido, o retorno sobre o investimento, a criação de valor econômico e a geração de caixa. • Cliente: Avalia se a proposição de valor da empresa para os clientes-alvo está produzindo os resultados esperados em termos de satisfação de clientes, conquista de novos clientes, retenção de clientes, lucratividade de clientes e participação de mercado. • Processos Internos: Identifica se os principais processos de negócios definidos na cadeia de valor da empresa estão contribuindo para a geração de valor percebido pelos clientes e alcance dos objetivos financeiros da empresa. • Aprendizagem e Conhecimento: Verifica se a aprendizagem, a obtenção de novos conhecimentos e o domínio de competência no nível do indivíduo, do grupo e das áreas de negócios estão desempenhando o papel de viabilizadores das três perspectivas anteriores. A partir dos objetivos de cada perspectiva são estabelecidas medidas de desempenho ou indicadores (KPIs), bem como as metas e as iniciativas, de forma que sejam de fácil entendimento pelos participantes da organização. A partir das iniciativas são preparados os Planos de Ação com diversas manobras táticas que serão desdobradas em ações operacionais. Cada plano de ação deverá ter um responsável, um cronograma e um orçamento. Os objetivos são distribuídos entre as perspectivas de forma equilibrada (balanced) com desdobramentos de causa e efeito e podem ser visualizados posteriormente através de painéis e quadros de controle (scorecards). Para facilitar a gestão do BSC costuma-se utilizar ferramentas de tecnologia voltadasà inteligência de negócios, BI (Business Intelligence). Pequenas empresas podem iniciar via planilhas eletrônicas ou ferramentas on-line. A Gestão do Conhecimento "Gestão do Conhecimento é o processo pelo qual a organização gera riqueza, a partir do seu conhecimento ou capital intelectual". Bukowitz A Gestão do Conhecimento tem tudo a ver com o Capital Intelectual de uma organização, que inclui capital estrutural (tecnologia, processos, propriedade intelectual), humano (colaboradores) e relacional (clientes). E este Capital Intelectual é base estratégica para a inovação, diferenciação, agilidade e competitividade. Nos dias de hoje, mais do que nunca é preciso otimizar o uso dos recursos das empresas, incluindo os principais, que estão relacionados ao capital intelectual. Com a gestão do conhecimento a organização trabalha melhor seu capital intelectual, usando o conhecimento para facilitar a tomada de decisões, proporcionar maior agilidade ao fluxo de informações e reduzir custos. As informações a serem consideradas no levantamento devem ser necessárias, relevantes e precisas para poder proporcionar novos conhecimentos TÓPICO 3 | GESTÃO DO CONHECIMENTO 47 que auxiliarão no planejamento e visão estratégica que inclui a projeção de cenários que buscam uma melhor posição no mercado. Estes conhecimentos auxiliarão nas ações necessárias para a execução adequada da estratégia e nas melhorias que consideram cada uma das perspectivas estratégicas do negócio: financeira, clientes, processos internos, aprendizagem e conhecimento/inovação. A gestão do conhecimento, mais do que um conjunto de ferramentas e processos, é constituída de pessoas e precisa ser planejada. Para atingir os seus objetivos, uma organização deve buscar conscientemente e sistematicamente coletar, organizar, compartilhar e analisar seu acervo de conhecimento, ou seja, gerir seu conhecimento. Por que a Gestão do Conhecimento deve começar pela estratégia Como sabemos, o maior problema das empresas está na comunicação: • entre pessoas - porque não entendem seus papéis na organização ou a própria missão e valores da mesma; • de pessoas com sistemas - por falta de treinamento, ou interfaces de uso que deixam a desejar; e • entre sistemas, pelas dificuldades de integração ou integrações mal feitas. Sendo assim, quando falamos de equalização da linguagem e do alinhamento da comunicação, é importante que se comece pela estratégia, ou seja, é preciso que se passe de forma clara e objetiva as informações sobre a missão, valores, visão, modelo de negócios, objetivos estratégicos, diferenciais da empresa em relação à concorrência, além de informações específicas relacionadas à função a todo colaborador, do(a) presidente ao funcionário(a) da recepção. E este conhecimento precisa ser absorvido pelos colaboradores, ou seja, começa- se a gestão do conhecimento pelo básico, informando aquilo que é fundamental às pessoas. Só assim os colaboradores terão o senso de propósito necessário para motivação e execução de seus trabalhos. Este compartilhar de informações fundamentais pode ser feito através de workshops, usando técnicas modernas de narrativa (storytelling), imagens, vídeos e jogos. “A chave da excelência na estratégia, não importa o que se faça e que abordagem se adote, é definir com clareza tal estratégia e comunicá- la reiteradamente a clientes, funcionários e acionistas. Tudo parte de uma proposição de valor simples, focada, fundada em um reconhecimento profundo e cabal do público-alvo da empresa e em uma avaliação realista de suas próprias capacidades”. Nitin Nohria Concluindo, a Gestão do Conhecimento é importante para o planejamento estratégico e para tomada de decisões em sua execução considerando todos os níveis da organização. Antes mesmo da GC ser implementada formalmente, 48 UNIDADE 1 | CONHECIMENTO EXPLÍCITO E TÁCITO, ESPIRAL DO CONHECIMENTO, ERA DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO, SOCIEDADE DO CONHECIMENTO E O COMPARTILHAMENTO DO CONHECIMENTO, GESTÃO DO CONHECIMENTO ela precisa começar pela conscientização da sua importância pela liderança e através da comunicação adequada da estratégia a todas as pessoas, para que o alinhamento do conhecimento comece com o alinhamento da estratégia e vice- versa. FONTE: Disponível em: . Acesso em: 30 jan. 2016. Nota-se de forma importante que a engenharia de software segue os mesmos princípios de uma disciplina de engenharia tradicional. IMPORTANTE 49 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico você apendeu que: • A Gestão do Conhecimento é empregada no dia a dia através dos termos: conhecimento, competência, aprendizado e habilidades, criatividade, capital intelectual, capital humano, tecnologia, capacidade inovadora, ativos intangíveis e inteligência empresarial, entre outros. • A partir do momento em que o indivíduo aprender e saber aproveitar corretamente os dados para informação, da informação para o conhecimento, transforma-se em um sujeito apto, pois se torna competente diante das exigências que o conhecimento nos proporciona. O conhecimento é um ativo valioso, resultado da combinação de dados, informações, conhecimento e competência que podem ser usados para auxiliar a tomada de decisão. • O verdadeiro desafio é a articulação desta ampla gama de ferramentas gerenciais e tecnológicas que servem para melhorar a capacidade das organizações para aprender, inovar, utilizar suas competências e proteger seus conhecimentos e ativos intangíveis estratégicos. • A Gestão de Conhecimento se ocupa dos processos gerenciais, a infraestrutura física e digital que facilita, favorece e estimula os processos humanos de criação, compartilhamento e uso de conhecimentos individuais e coletivos. • Ativos intangíveis vistos de uma maneira ampla incluem: marcas, patentes, direitos autorais, as competências e habilidades de colaboradores, redes de relacionamento, cultura organizacional, capacidades inovadoras. São recursos, ativos e características que, embora valiosos, não entram no Balanço Patrimonial das organizações. • Cislaghi (2008) afirma que fazer a GC é identificar o que se sabe, captar e organizar esse conhecimento e utilizá-lo de modo a gerar retornos. • A Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento (SBGC) informa que a GC é tratada de forma multidisciplinar, envolve diversas áreas de conhecimento, como: Gestão da Informação, Inteligência Competitiva, Sistemas Especialistas, Aprendizagem Organizacional, Inovação e Capital Intelectual. • Probst, Raub e Rombhardt (2002) defendem a adoção de seis processos para a GC: 50 1. identificação do conhecimento; 2. aquisição do conhecimento; 3. desenvolvimento do conhecimento; 4. compartilhamento do conhecimento; 5. utilização do conhecimento; 6. retenção do conhecimento. • Para ser mais competitivo no campo profissional, para uma empresa crescer e para uma pessoa viver melhor é necessário conhecimento e domínio em determinadas áreas. Conhecer é conquistar, elaborar e praticar melhor; porém, saber muito, por si só, não significa melhor nível de competitividade. • O conhecimento, além de suportes, necessita de gestão, processo de armazenagem, zelo na guarda de suas informações, gerenciamento e canais para a sua disseminação. • O conhecimento parte de uma informação, pesquisa, experiência e produz impactos positivos ou negativos na sociedade e em determinada organização, dependendo de como esse conhecimento é filtrado, analisado e gerido. • Para Mesquita (2011), as práticas relacionadas a processos facilitadores da GC são: 1. Melhores Práticas (Best Practices). 2. Benchmarking interno e externo. 3. Memória organizacional/Lições aprendidas/Banco de conhecimentos. 4. Sistemas de inteligência organizacional. 5. Mapeamento ou auditoria do conhecimento. 6. Sistema de gestão por competências. 7. Banco de competências organizacionais. 8. Banco de competências individuais.9. Gestão do capital intelectual ou gestão dos ativos intangíveis. • Os elementos fundamentais que compõem os alicerces da estratégia de uma organização são: a Missão, os Valores e a Visão de futuro. • A ferramenta SWOT (Strengths, Weaknesses, Opportunities, Threats) facilita a análise de ambiente interno (pontos fortes, pontos fracos) e externo (oportunidades e ameaças) para avaliação do posicionamento da organização e de sua capacidade de competição. • Análise SWOT é uma ferramenta muito útil para o planejamento estratégico, que faz uma análise setorial considerando: a Rivalidade entre os concorrentes; o Poder de Negociação dos clientes; o Poder de Negociação dos fornecedores; a Ameaça de Entrada de novos concorrentes; e a Ameaça de produtos substitutos. 51 • Pela ferramenta de negócios BSC - Balanced Scorecard, a missão e visão da empresa são traduzidas em objetivos e medidas que refletem os interesses e as expectativas de seus principais interessados e que possam ser agrupadas em quatro perspectivas diferentes: Financeira, Cliente, Processos Internos e Aprendizagem e Conhecimento. • A Gestão do Conhecimento tem tudo a ver com o Capital Intelectual de uma organização, que inclui capital estrutural (tecnologia, processos, propriedade intelectual), humano (colaboradores) e relacional (clientes). Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. CHAMADA 52 1 Decorrente de que motivos e mudanças significativas nos últimos tempos a Gestão do Conhecimento passou a existir? 2 Quais são as diferenças entre dado, informação e conhecimento? 3 Do ponto de vista da organização, por que o conhecimento em si não pode ser diretamente gerenciado? 4 Por que a estrutura de tecnologias da informação vem se tornando cada vez mais imprescindível para a Gestão do Conhecimento? 5 Cite exemplos de ativos intangíveis em uma organização. 6 Quais são as práticas relacionadas a processos facilitadores da Gestão do Conhecimento descritas por Mesquita em 2011? 7 O que é o Balanced Scorecard (BSC) e explique suas quatro perspectivas? 8 Explique por que a Gestão do Conhecimento deve começar pela estratégia? AUTOATIVIDADE 53 UNIDADE 2 IMPLANTANDO A GESTÃO DO CONHECIMENTO NAS ORGANIZAÇÕES; TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO, INFRAESTRUTURA E FERRAMENTAS PARA A GESTÃO DO CONHECIMENTO; INDICADORES E REPRESENTAÇÃO DO CONHECIMENTO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • entender a criação do processo de Gestão do Conhecimento, sua implantação nas organizações; • identificar os fatores tecnológicos para alavancar a Gestão do Conhecimento; • conhecer as ferramentas tecnológicas para a prática da Gestão do Conhecimento; • compreender os indicadores de Gestão do Conhecimento e os Agentes Tecnológicos para a representação do conhecimento. Esta unidade está organizada em três tópicos. Em cada um deles você encontrará diversas atividades que o(a) ajudarão na compreensão das informações apresentadas. TÓPICO 1 – IMPLANTANDO A GESTÃO DO CONHECIMENTO TÓPICO 2 – INFRAESTRUTURA E FERRAMENTAS PARA A GESTÃO DO CONHECIMENTO TÓPICO 3 – FERRAMENTAS PARA A PRÁTICA DE GESTÃO DO CONHECIMENTO, OS INDICADORES/AGENTES TECNOLÓGICOS E O COMPARTILHAMENTO DO CONHECIMENTO 54 Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 55 TÓPICO 1 IMPLANTANDO A GESTÃO DO CONHECIMENTO UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO O conhecimento é o recurso empresarial que permite o maior grau de estímulo econômico e fica muito mais fácil implementar iniciativas de GC quando a alta administração tem uma real consciência disto. Segundo Terra (2004), outro aspecto prático muito importante para se conseguir a atenção da alta administração das organizações é a questão da linguagem que se utilliza. Temos notado que, por ser a GC um tema muito ligado à própria essência do ser acadêmico – criar, organizar, validar e disseminar conhecimento com frequência –, os mais ligados à GC acabam por utilizar muitas referências com pouco apelo empresarial (ex.: organizações que aprendem, aprendizagem com feedback loop, ciclos de conversão do conhecimento tácito e explícito etc.). Acreditamos que este vocabulário é adequado ao ambiente acadêmico, mas quando transposto para o ambiente empresarial precisa se adequar à sua linguagem. Assim, por exemplo, para motivar a alta administração das empresas, os objetivos da GC devem ser explicitados de maneira muito pragmática. Alguns exemplos dos objetivos que a alta administração das empresas normalmente entendem mais facilmente são os seguintes: • Acelerar a geração de novos conhecimentos de valor competitivo: aumentando e facilitando a colaboração entre os funcionários; facilitando o acesso dos funcionários às fontes de informações e de aprendizagem. • Melhorar o processo de decisão no nível de gestão, na produção e/ ou na linha de frente. • Reduzir custo e o retrabalho: não reinventando a roda; evitando atividades de baixo valor acrescentado. • Descobrir e reutilizar o capital intelectual e o conhecimento já existente na empresa para gerar novas receitas. • Proteger o capital intelectual existente na empresa. • Alavancar o conhecimento existente na empresa para melhor servir os clientes. (BELLOTTI, 2009, p. 5). UNIDADE 2 | IMPLANTANDO A GESTÃO DO CONHECIMENTO NAS ORGANIZAÇÕES; TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO, INFRA- ESTRUTURA E FERRAMENTAS PARA A GESTÃO DO CONHECIMENTO; INDICADORES E REPRESENTAÇÃO DO CONHECIMENTO 56 Neste contexto apresentado, Bellotti (2009, p. 5) prefere falar de iniciativas de GC ao invés de projetos de GC. Afinal, quem pode fazer o treinamento, e-learning, práticas rotineiras de brainstorming fora da empresa, implementação de software para gestão de conteúdos, procura de documentos, CRM ou portais corporativos, apoio à formação de comunidades de prática, patentes, incentivos para compartilhar conhecimento etc., não tem a ver com gestão do conhecimento? O fato de o recurso conhecimento permear praticamente todas as atividades em uma organização faz com que a GC adquira diferentes significados para diferentes pessoas. A lente pela qual a GC passa a ser vista, vendida e implementada depende muito da formação prévia das pessoas que lideram com estas iniciativas na organização. IMPORTANTE O que nos leva a refletir é que, na verdade, todas as iniciativas acima, utilizando-se ou não intensamente das tecnologias da informação e comunicação (TIC), podem contribuir para a GC. Assim, implantar GC pode significar a utilização de uma grande variedade de ferramentas. Na nossa experiência, no entanto, o primeiro grande desafio é a identificação clara e específica das bases de conhecimento que uma organização precisa realmente gerir de forma sistemática, metódica e estratégica, canalizando para isso recursos humanos, financeiros e tecnológicos (TERRA, 2004). FIGURA 18 - IMPLANTAÇÃO DA GC FONTE: Disponível em: . Acesso em: 9 jan. 2016. TÓPICO 1 | IMPLANTANDO A GESTÃO DO CONHECIMENTO 57 Esta identificação é, invariavelmente, mais complexa do que parece. Não são muitas as pessoas que conseguem enxergar as suas próprias organizações a partir de fluxos e de stocks de conhecimento. Verificamos isso, por exemplo, quando pedimos para que gestores e diretores de empresas digam quais são as competências centrais das suas organizações. De maneira geral, estes tendem a responder a esta questão do ponto de vista do que fazem e não do que sabem. Agravando esta situação, há o fato de que, quando vários gestores de uma mesma empresa são incitados a responder a esta pergunta, as respostas tendem a divergirmuito. Quais os principais processos organizacionais? Organizações que conhecem bem os seus processos já deram um primeiro passo importante rumo à identificação das bases de conhecimentos estratégicos. É evidente que alguns processos são muito mais estratégicos do que outros. Isto também já ajuda a restringir o escopo dos esforços da GC. No final das contas, as pessoas responsáveis pela implementação de iniciativas de GC precisam ser capazes de responder como as iniciativas de GC vão transformar a maneira como diferentes grupos de profissionais na empresa realizam o seu trabalho no dia a dia e como as bases de conhecimento estratégico da empresa estão fortalecidas, aplicadas e protegidas (BELLOTTI, 2009). Logicamente que, ao contrário de projetos típicos de gestão da informação, as iniciativas de GC têm um grande componente de transformação dos valores e práticas das pessoas, pois são estas, em última instância, aquelas que realmente criam, detêm e compartilham o conhecimento. Em virtude deste fato, Patrícia Bellotti (2009) nos diz que é primordial que qualquer iniciativa de GC comunique muito claramente para todos os colaboradores como estes se beneficiarão da GC. Iniciativas de GC necessitam, obrigatoriamente, conciliar os interesses das empresas e dos trabalhadores. Em muitos casos isto significa rever o perfil das pessoas selecionadas, os mecanismos de reconhecimento e recompensa, os critérios para promoção e as políticas que afetam a mobilidade dos colaboradores dentro das organizações. De fato, este último ponto é uma das iniciativas ainda pouco exploradas em programas de GC, pois um dos principais interesses e recompensas para os trabalhadores do conhecimento é ter a oportunidade de aplicar os seus talentos e conhecimentos em várias áreas da organização. FIGURA 19 - IDENTIFICANDO E APLICANDO A GC FONTE: Disponível em: . Acesso em: 9 jan. 2016. UNIDADE 2 | IMPLANTANDO A GESTÃO DO CONHECIMENTO NAS ORGANIZAÇÕES; TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO, INFRA- ESTRUTURA E FERRAMENTAS PARA A GESTÃO DO CONHECIMENTO; INDICADORES E REPRESENTAÇÃO DO CONHECIMENTO 58 As descrições de cargos tradicionais têm características intrinsecamente reguladoras e limitadoras. Já as descrições de competências, interesses, afinidades e o fortalecimento e divulgação da identidade humana ampliam horizontes pessoais. Entender bem isto significa incentivar a reutilização de conhecimento, às vezes esquecido ou subaproveitado, e detonar processos altamente motivadores para os trabalhadores do conhecimento (BELLOTI, 2009, p. 7). Portanto, Terra (2007, p. 161) nos traz a seguinte reflexão: [...] Por onde começar? Começar pequeno ou grande? Quem deve liderar os esforços da GC? Deve-se criar um departamento de GC? Como justificar os esforços de GC? Estas são algumas das perguntas mais comuns em empresas que ouvem falar e se interessam pelo tema GC. E, com frequência, estas pessoas querem respostas imediatas. Infelizmente, a resposta para todas estas questões é um grande depende. Depende do tipo de organização, do seu tamanho, do setor de atuação, da situação competitiva, do grau de aceitação e conhecimento sobre o tema GC, da infraestrutura de TI existente, da existência de um líder carismático, do grau de intensidade de conhecimento do negócio da empresa etc. Implementar projetos de GC é como implementar importantes projetos de mudanças organizacionais. Necessita de esforço sistemático em várias áreas: atuação da liderança, estratégias de comunicação, visão de processos, implantação de novas tecnologias, novas políticas de RH, novas medidas de resultados etc. (TERRA, 2007). Não queremos discutir aqui como estes vários pontos se entrelaçam, mas apenas alertar quanto ao aspecto necessariamente multidisciplinar e de gestão de mudanças normalmente associado a iniciativas importantes de GC. Todas as empresas realizam, de alguma forma, GC, pois não é possível conceber o trabalho humano sem o emprego da inteligência humana, e porque as empresas, nos seus processos de trabalho e crescimento, estão invariavelmente a reutilizar algum tipo de conhecimento para produzir e servir os clientes (BELLOTTI, 2009). Neste sentido, a GC, que surgiu como disciplina administrativa na última década, pode ser definida da seguinte maneira: [...] Gestão do Conhecimento significa rever e organizar as principais políticas, processos e ferramentas de gestão e tecnologia à luz de uma melhor compreensão dos processos de geração, identificação, validação, disseminação, partilha e uso dos conhecimentos estratégicos para gerar resultados (econômicos) para a empresa e benefícios para os colaboradores (BELLOTTI, 2009 apud TERRA, 2001, p. 123). Por fim, para ilustrar a importância da GC, uma série de características será apresentada por José Cláudio Cyrineu Terra (2004), para que as pessoas compreendam mais facilmente a GC a partir do que significa a sua ausência: TÓPICO 1 | IMPLANTANDO A GESTÃO DO CONHECIMENTO 59 1. Falta de relação entre estratégia e conhecimento • Pessoas na organização definem as competências-chave em termos de produtos e serviços. Não há clareza sobre os principais ativos intangíveis da organização. • Não há um claro entendimento sobre a natureza explícita ou tácita dos conhecimentos estratégicos. • As estratégias da empresa não são comunicadas de forma ampla e nem diretamente relacionadas a bases de conhecimento. • Não há estratégias sistemáticas para aquisição do conhecimento externo à empresa e inserção em redes externas de aprendizagem e colaboração. 2. Cultura que não estimula a colaboração • Uma atitude colaborativa não é um fato importante para contratação. • Não se investe tempo e recursos para transmissão de valores, cultura e formação de redes de contatos (principalmente nas primeiras semanas de novos empregados). • Falta de reconhecimento visível por atitudes colaborativas. • Sistemas de remuneração focados no desempenho individual. • Pessoas não colaborativas são promovidas. • Ausência de exemplo de partilha e muita coisa secreta. • Relações muito formais e comunicação através das linhas hierárquicas. • Espaços que não facilitam o contato pessoal. • Mecanismos de revisão e erros passados com foco no aprimoramento não são amplamente difundidos. • Elevada rotatividade na empresa. 3. Conhecimento disperso e não ordenado • Na cabeça das pessoas. • Em papel, gavetas, drivers. • Em aplicações que não se comunicam. • Em múltiplas intranets sem responsabilidades muito bem definidas. • Informação e conhecimento estratégico externo não integrado. 4. Infraestrutura • Plataformas e formatos proprietários. • Ausência de uma arquitetura corporativa unificada. • Dificuldade de integração de dados. • Aplicações de TI focadas no desktop ou em aplicativos específicos e departamentais. 5. Acesso à informação UNIDADE 2 | IMPLANTANDO A GESTÃO DO CONHECIMENTO NAS ORGANIZAÇÕES; TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO, INFRA- ESTRUTURA E FERRAMENTAS PARA A GESTÃO DO CONHECIMENTO; INDICADORES E REPRESENTAÇÃO DO CONHECIMENTO 60 • Dificuldade em aderir informações vitais. • Informação residente em silos departamentais. • Ausência de padrões corporativos para design de informações (sites) departamentais. • Redundância e duplicidade de informação. • Vários métodos e senhas para se buscar e aceder a informação e necessidade de intermediação das TI para aderir à informação. 6. Excesso de informação • Ausência de customização com base no perfil dos utilizadores. • Impossibilidade de personalização. • Inexistência de mecanismos automáticos e/ou semiautomáticos para criação de categorias. • Muitos aplicativos abertos simultaneamente. • Mecanismos de busca bastante limitados. 7. Ausência de informação sobre a informação. • Quem criou a informação, o seu background e como pode ser contatado? • Por quanto tempo a informação será válida, correta e relevante? • Em que contexto a informaçãoé relevante? • Quem validou a informação? • Falta de mecanismos amigáveis de feedback. 8. Ausência de políticas explícitas para acesso à informação e para publicação • Qual a política de informação da empresa? • Quem pode publicar? • Que informações precisam ser pré-aprovadas? • Que informação pode ser compartilhada com clientes, parceiros e fornecedores? 9. Ausência de mecanismos eficientes e distribuídos de publicação e colaboração • Dificuldade para os indivíduos de publicar informação para o resto da empresa. • Publicação sem validação ou ciclo de vida. • Dificuldade na localização de experts. • Ambientes virtuais de colaboração limitados. • Ausência de mecanismos de colaboração que incluam parceiros externos de forma segura. 10. Ausência de métricas para medir fluxos de conhecimento e satisfação dos usuários TÓPICO 1 | IMPLANTANDO A GESTÃO DO CONHECIMENTO 61 • Sistemas com baixo grau de uso e métricas focadas no desempenho técnico. • Baixo entendimento do valor e uso de conteúdos estratégicos. • Perspectivas dos utilizadores não avaliada. • Ausência de mecanismos de reconhecimento de contribuições individuais ou departamentais. FONTE: TERRA, José C. Cyrineu. Perspectiva prática da implantação da Gestão do Conhecimento na era do conhecimento. SBGC. São Paulo: Serinews, 2004. 2 CRIAÇÃO DO PROCESSO DE GESTÃO DO CONHECIMENTO Segundo Nonaka e Takeuchi (2008), atualmente o conhecimento e a capacidade de criá-lo e utilizá-lo são considerados as mais importantes fontes de vantagem competitiva, sustentável de uma empresa. Parece, no entanto, que estamos longe de entender o processo pelo qual as organizações criam e utilizam o conhecimento. Estes autores reforçam que necessitamos de uma teoria baseada no conhecimento que seja diferente das teorias econômicas e organizacionais já existentes. O conhecimento é criado em uma espiral, conforme conteúdo abordado na Unidade 1, Tópico 1 deste caderno de estudos. Porém, na prática, passa através de conceitos aparentemente opostos, como ordem e caos, micro e macro, parte e todo, mente e corpo, tácito e explícito, eu e outro, dedução e indução, criatividade e eficiência. Defendemos que a chave para o entendimento do processo de criação do conhecimento são o raciocínio e a ação dialética, que transcendem e sintetizam tal paradoxo. A síntese não é uma conciliação. Ao contrário, é o cultivo dos traços opostos através do processo dinâmico do diálogo e da prática (NONAKA; TAKEUCHI, 2008). Em outra reflexão, Nonaka e Takeuchi (2008, p. 92) revelam que as empresas estão enfrentando várias contradições. Elas têm de competir no mercado global e ainda adaptar-se aos mercados locais. Oferecer produtos diferenciados para satisfazer as necessidades diversificadas dos clientes e também vencer a concorrência de preços. Mas construir o conhecimento tácito, que se torna a base da competitividade a longo prazo, leva tempo e recursos. Também nos dizem que a criação do conhecimento é um processo transcendental através do qual as entidades (indivíduos, grupos, organizações etc.) ultrapassam o limite do velho para o novo eu, através da aquisição de novo conhecimento. No processo são criados novos artifícios e estruturas conceituais para a interação que proporcionam possibilidades, assim como restrições, para as entidades, nos ciclos consequentes de criação do conhecimento. UNIDADE 2 | IMPLANTANDO A GESTÃO DO CONHECIMENTO NAS ORGANIZAÇÕES; TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO, INFRA- ESTRUTURA E FERRAMENTAS PARA A GESTÃO DO CONHECIMENTO; INDICADORES E REPRESENTAÇÃO DO CONHECIMENTO 62 FIGURA 20 - SINTETIZAR, NÃO OTIMIZAR FONTE: Nonaka e Takeuchi (2008) Conforme figura acima, as entidades coexistem com o ambiente porque estão sujeitas às influências ambientais, assim como o ambiente é influenciado pelas entidades. Esta conceitualização da interdependência entre as entidades e a estrutura é similar à teoria da estruturação. As teorias existentes, que tratam do estado estático de uma organização, em um determinado momento, não podem lidar com tal processo dinâmico (NONAKA; TAKEUCHI, 2008). Segundo Terra (2004), vários autores apresentam as seguintes orientações como fundamentais para um programa de gestão do conhecimento: • Comprometimento da alta administração: não há sucesso num programa de GC sem o apoio formal e informal deste nível hierárquico da empresa. • Projeto-piloto numa área com um alto nível de liderança, uma equipe de colaboradores ad hoc, com representantes dos stakeholders da organização; a ideia é fazer com que as pessoas se sintam parte do processo. • Objetivos e desígnios bem delimitados e divulgados. • Ferramentas e processos de seleção. • Equipe: líder do projeto, arquiteto do mapeamento do conhecimento, editor dos procedimentos e padrões, especialistas dos assuntos. • Iniciar com áreas de interesse e de grande importância no negócio. Steil (2007), ao analisar 19 definições de Gestão do Conhecimento, identifica os processos nelas referenciados e apresenta uma compilação considerando a frequência de aparição destes. TÓPICO 1 | IMPLANTANDO A GESTÃO DO CONHECIMENTO 63 TABELA 2 - COMPILAÇÃO DOS PROCESSOS DE GESTÃO DO CONHECIMENTO FONTE: Steil (2007) Os processos de Gestão do Conhecimento, tal como são entendidos aqui, estão dispostos na figura a seguir. Optou-se por essa abordagem porque ela integra a etapa de identificação do conhecimento, considerada relevante para o contexto desta pesquisa. FIGURA 21 - PROCESSOS DE GESTÃO DO CONHECIMENTO FONTE: Adaptado de CEN (2004) A identificação do conhecimento é um passo crucial e estratégico, uma vez que nesta etapa é identificado o conhecimento crítico necessário para desenvolver as competências essenciais da organização (NAIR; PRAKASH, 2009). Inclui uma análise do conhecimento que já está disponível e do que está faltando. Métodos e ferramentas que dão suporte à realização deste passo incluem: estratégias sistemáticas de pesquisa, brainstorming, técnicas de mapeamento e feedback (CEN, 2004). UNIDADE 2 | IMPLANTANDO A GESTÃO DO CONHECIMENTO NAS ORGANIZAÇÕES; TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO, INFRA- ESTRUTURA E FERRAMENTAS PARA A GESTÃO DO CONHECIMENTO; INDICADORES E REPRESENTAÇÃO DO CONHECIMENTO 64 A criação do conhecimento acaba com as lacunas de conhecimento por meio da conversão de conhecimentos existentes e da geração de novos conhecimentos, seja no nível individual, de equipe ou organizacional (NAIR; PRAKASH, 2009). O conhecimento, muitas vezes, provém da interação social, ou seja, por meio da formação, do aprender fazendo, da resolução conjunta de problemas ou do brainstorming. No nível organizacional, são os processos de inovação (de produtos, serviços ou processos) e as comunidades de práticas que visam à criação de novos conhecimentos (CEN, 2004). O armazenamento de conhecimento trata da coleta e da preservação do conhecimento existente, tendo em vista facilitar a recuperação (NAIR; PRAKASH, 2009). Exemplos de ferramentas que dão suporte ao armazenamento de conhecimento são: bases de dados de documentos, sistemas de perguntas e respostas, e localizadores de narrativas e experiências (diretórios comerciais tipo páginas amarelas) (CEN, 2004). O compartilhamento de conhecimento objetiva a transferência de conhecimento para o lugar certo, na hora certa, com a qualidade certa, fomentando uma aprendizagem contínua para alcançar os objetivos organizacionais (NAIR; PRAKASH, 2009). Esse processo pode ser facilitado com o uso da tecnologia, na medida em que o conhecimento é compartilhado, reciclado, modificado e ampliado (MCNABB, 2007). Métodos e ferramentas que dão suporte ao compartilhamento de conhecimento incluem: intranets, portais, bancos de dados, colaboração, comunidades de práticas, rodízio de funções, coaching, seminários e treinamento (CEN, 2004). A utilização do conhecimento busca colocar o conhecimento em ação, gerando valor para a organização (NAIR; PRAKASH, 2009). Além disso, esta etapa determinaas necessidades de conhecimento e deve sempre servir como um ponto de referência para o conhecimento a ser criado, armazenado e compartilhado. Enquanto o conhecimento é aplicado, podem-se descobrir algumas lacunas adicionais, bem como adquirir novas experiências que poderiam representar um novo conhecimento para a organização (CEN, 2004). Segundo Batista (2012), quando os processos de Gestão do Conhecimento estiverem voltados para o setor público, é importante relacioná-los também com a aprendizagem e a inovação, sendo esta última voltada para o aumento da eficiência e para a melhoria da qualidade dos serviços públicos prestados aos cidadãos. A gestão desses processos para alavancar o conhecimento, objetivando aumentar a competitividade por meio da melhor utilização e criação de recursos de conhecimento individuais e coletivos, traduz, em essência, a Gestão do Conhecimento (CEN, 2004). Segundo Rosa (2009), os processos essenciais da gestão do conhecimento são definidos a partir da identificação de diversas atividades muito proximamente TÓPICO 1 | IMPLANTANDO A GESTÃO DO CONHECIMENTO 65 relacionadas. Assim, para realizar uma efetiva gestão do fluxo de informações e conhecimentos que circulam pela organização, é necessário que a empresa dispense especial atenção a esses processos, que são: identificação, aquisição, retenção, utilização, desenvolvimento e distribuição do conhecimento. Essa abordagem é exibida na figura a seguir: FIGURA 22 - PROCESSOS ESSENCIAIS NA GESTÃO DO CONHECIMENTO FONTE: Juliani (2002, p. 40) Para atingir uma eficácia completa na gestão do conhecimento é essencial que a organização esteja aberta a uma mudança cultural, de comportamento, e em sua estrutura organizacional, através da revisão dos processos listados na figura anterior. As instalações de sistemas modernos para realizar o gerenciamento do conhecimento, por si sós, sem que ocorra a adaptação da empresa nesses processos, não trarão a mudança (ROSA, 2009). A seguir apresentam-se os modelos de criação do conhecimento organizacional, propostos por Nonaka e Takeuchi, os quais são importantes fontes de informações para um estudo da gestão do conhecimento. Em seu modelo, Nonaka e Takeuchi (1997, p. 96) apresentam uma série de etapas distintas, que estão apresentadas a seguir: a) Compartilhamento do conhecimento tácito. b) Criação de conceitos. c) Justificação dos conceitos. d) Construção de um arquétipo. e) Difusão interativa do conhecimento. Davenport e Prusak (1998, p. 81) destacam que “o denominador comum de todos esses esforços é a necessidade de se alocarem tempo e espaço apropriados para a criação ou aquisição do conhecimento”, podendo esse espaço ser eletrônico, bibliotecas, laboratórios, salas de bate-papo, reuniões etc. UNIDADE 2 | IMPLANTANDO A GESTÃO DO CONHECIMENTO NAS ORGANIZAÇÕES; TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO, INFRA- ESTRUTURA E FERRAMENTAS PARA A GESTÃO DO CONHECIMENTO; INDICADORES E REPRESENTAÇÃO DO CONHECIMENTO 66 Enfim, para finalizar, Taraponoff (2006, p. 28) afirma que: É óbvio que a informação destinada à tomada de decisão, sendo um dos componentes do processo de aquisição do conhecimento, agregando um processo de gestão do conhecimento ao processo de inteligência competitiva, é significativa e pode representar um elemento-chave no processo de aumento da competitividade. Em compensação, a gestão da informação e a tecnologia da informação são meios indispensáveis para chegar a desenvolver um sistema de inteligência competitiva, embora se deva prestar atenção para não confundir o fim com os meios. 3 GESTÃO DO CONHECIMENTO E TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO Não conseguimos ainda guardar em nossas memórias tudo aquilo que gostaríamos de lembrar e, também, nem tudo o que precisamos lembrar, necessariamente, precisa estar contido em nossas mentes. Uma das atividades básicas de um modelo de GC é a documentação de experiências, de processos, de sistemas, enfim, de tudo o que puder ser considerado histórico (administrativo ou técnico) em uma organização. As organizações têm as mais diversas necessidades. Porém, em uma Era da Informação, uma de suas maiores premências, certamente, é a de estabelecer um sistema de informação que ofereça captação, processamento e produção de novas informações, de forma segura e ágil. Se vivemos na Era do Conhecimento, onde o que importa é o capital intelectual, os ativos intangíveis, a empresa poderá ter um diferencial por conhecer mais e melhor seus potenciais. Obviamente que, se falamos em organização que se utilizam de tecnologias de informação, por que não colocar estas mesmas tecnologias a serviço da GC? (CARVALHO, 2001). FIGURA 23 - GESTÃO DO CONHECIMENTO E TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO FONTE: Disponível em: . Acesso em: 12 jan. 2016. TÓPICO 1 | IMPLANTANDO A GESTÃO DO CONHECIMENTO 67 Declara ainda Carvalho (2001) que, inegavelmente, é quase que impossível pensarmos em uma organização com esta necessidade e que se esquive de utilizar a tecnologia da informação. A humanidade já assimilou isso: precisamos de computadores, internet, telefones, de satélites, novas interfaces gráficas, técnicas como data mining, para que possamos nos comunicar melhor – que aqui não se expressa em qualidade do diálogo, mas em qualidade de transmissão de informação e em agilidade. Percebe-se cada vez mais a grande procura por estudos via cursos, seminários, congressos sobre GC e soluções de informática. Algo muito interessante, pois a automatização e o uso correto dos softwares são grandes aliados à prática da GC. É difícil mapear o que existe, hoje, em oferta, porém, basicamente, os softwares de GC têm um objetivo comum: armazenar aquilo que pode ser o conhecimento produzido por uma organização. E, para alcançar este objetivo, os caminhos são os mais diversos possíveis: alguns, simplesmente, armazenam informações, outros indicam pessoas com habilidades específicas; outros, ainda, disponibilizam informações sobre soluções adotadas para determinados problemas. IMPORTANTE Segundo Carvalho (2001), implementar GC não é somente implantar um software. É muito mais que isso. É mudar comportamento, é transformar a visão que se tem do mercado e do seu negócio, é valorizar talentos. Um software pode fazer isso? Se você tiver um que é capaz disso, parabéns, você é o mais novo imperador universal. Softwares não modificam pessoas, mas apoiam suas atividades. Ponto. Não há como fugir disso. O conhecimento organizado, documentado, permite a sua explicitação, a sua disseminação entre todos os colaboradores e, assim, a produção de novo conhecimento sobre o mesmo. E isso é fundamental para o desenvolvimento da empresa (BANDEIRA, 2002). Esclarece-nos Bandeira (2002) que alguns softwares armazenam e disseminam informações sobre soluções adotadas para um determinado problema e que muito do que se aprende é na base do ensaio e erro. Em um modelo de GC, muitos caminhos serão certos, desde que se saiba aprender em cada um deles. Não temos o potencial transmissor que uma aplicação tecnológica tem. A abertura de horizontes que essas ferramentas nos oferecem é inimaginável. Pode- se pesquisar, conversar, trocar ideias, aprender e produzir conhecimento com apoio nelas. Se não temos a capacidade transmissora que elas têm, temos o talento que nunca um software terá. A informática e suas aplicações nos maravilham, mas atrás dessas maravilhas está o talento humano. UNIDADE 2 | IMPLANTANDO A GESTÃO DO CONHECIMENTO NAS ORGANIZAÇÕES; TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO, INFRA- ESTRUTURA E FERRAMENTAS PARA A GESTÃO DO CONHECIMENTO; INDICADORES E REPRESENTAÇÃO DO CONHECIMENTO 68 Alguns autores chegam mesmo a considerar a informática ou, mais especialmente, o software como o elemento central do processo inovador, capaz de diminuir, unir ou eliminar várias de suas etapas. Em particular, argumentam, com vários exemplos de implementação de sucesso, que o uso intensivo de softwarepermite trazer a interação com clientes para um patamar bem mais elevado de qualidade, serviço e personalização, além de permitir a detecção de macrotendências com extrema velocidade (TERRA, 2001). De acordo com Terra (2001), os sistemas de informação só podem ser úteis na medida em que os dados, informações e bases de conhecimento que os alimentam são confiáveis, relevantes e atualizados. Caso não exista uma relação de grande confiança entre a empresa e os funcionários, dificilmente as pessoas se sentirão à vontade para compartilhar seu conhecimento e tornar os sistemas de informação ferramentas que aumentam a disponibilidade e o fluxo de conhecimento da empresa. A associação da tecnologia de informação e GC está relacionada ao uso de sistemas de informação para o compartilhamento de informações ou conhecimento. Em particular, destacam-se várias tecnologias que podem ser empregadas para esse fim: intranets, grupware, document management systems, data warehouses, desktop-videoconferencing, electronic bulletin boards etc. (TERRA, 2001, p. 149). A relação de tecnologias empregadas na GC será abordada no Tópico 2 desta unidade. ESTUDOS FU TUROS Apesar dos importantes avanços nas ferramentas de informática, alguns resultados em GC baseados essencialmente em TI parecem, entretanto, estar sendo extremamente decepcionantes. Além disso, investimento em TI não parece ter uma relação direta com desempenho empresarial. As empresas que os utilizaram de forma intensa teriam percebido que o input de informação não se traduz necessariamente com output de conhecimento, e que mais importante que a informação just-in-case é a informação just-in-time (GONÇALVES, 2007). Conhecimento é informação interpretada, o que faz com que a simples transferência de informação não aumente o conhecimento ou a competência. TÓPICO 1 | IMPLANTANDO A GESTÃO DO CONHECIMENTO 69 São vários os fatores que determinarão o sucesso da implementação de projetos de sistemas de informação no contexto da GC. Trataremos de algumas dessas questões em detalhes, a seguir. De maneira geral, entretanto, podemos citar os seguintes fatores a serem considerados: • Aprendizado é uma atividade social. • As pessoas necessitam de informação just-in-time, não just-in-case. • Excesso de informação pode causar perda de produtividade. • A informação precisa ter o nível de detalhe requerido para se tornar útil. • Na hora de desenhar esses sistemas é importante se pensar quem será o usuário e qual seu nível prévio de conhecimento. • As políticas de acesso à informação devem ser pouco restritivas. • A participação dos usuários no desenho e navegabilidade do sistema é fundamental. • Os usuários, principalmente novos funcionários, precisam ser treinados nas ferramentas. • Normalmente, esses novos sistemas requerem que as empresas criem ou distribuam novas funções e responsabilidades (por exemplo, arquiteto de informações, monitores, gerentes do conhecimento etc.). • Uma vez que para serem efetivos esses sistemas requerem alta participação dos funcionários, é fundamental que o lançamento seja modular e bem monitorado. • Devem-se implementar ferramentas para mensuração dos resultados desde o início (estatística de uso, grau de satisfação, impacto no negócio: dados ou casos). FONTE: TERRA, José Cláudio Cyrineu. Gestão do conhecimento: o grande desafio empresarial. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. A tecnologia é um fator-chave para a gestão do conhecimento, pois com o grande número de informações a ser administrado nos ambientes organizacionais, é necessário que se tenha ferramentas que permitam o controle eficaz. Para Silva (2002), a TI não resolve todos os problemas do trabalho com o conhecimento explícito, porém, seu uso e suas potencialidades contribuem no encaminhamento de significativa parte da solução desses problemas. Segundo Servin (2005), essas tecnologias podem apoiar a gestão do conhecimento em dois pontos principais: primeiro, fornecer meios para que as pessoas possam organizar, armazenar e acessar informações e conhecimento explícito, como, por exemplo, em bibliotecas; segundo, conectar as pessoas para que elas possam compartilhar conhecimento. Segundo Schuelter (2010), entre as estratégias de gestão do conhecimento destacam-se as tecnologias para conectar pessoas com pessoas; neste foco, as ferramentas, cujas descrições são apresentadas na tabela a seguir, facilitam a interação entre os colaboradores que participam da organização ou do grupo de trabalho. UNIDADE 2 | IMPLANTANDO A GESTÃO DO CONHECIMENTO NAS ORGANIZAÇÕES; TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO, INFRA- ESTRUTURA E FERRAMENTAS PARA A GESTÃO DO CONHECIMENTO; INDICADORES E REPRESENTAÇÃO DO CONHECIMENTO 70 TABELA 3 - FERRAMENTAS PARA CONECTAR PESSOAS COM PESSOAS FONTE: Servin (2005) Segundo Schuelter (2010) as tecnologias são meios para conectar pessoas com informações, mas para organizar a informação, ter acesso facilitado, organizado e de qualidade são necessárias estratégias, como as citadas na tabela a seguir. TABELA 4 - FERRAMENTAS LIGANDO PESSOAS A INFORMAÇÕES FONTE: Servin (2005) TÓPICO 1 | IMPLANTANDO A GESTÃO DO CONHECIMENTO 71 3.1 FATORES TECNOLÓGICOS PARA ALAVANCAR O CONHECIMENTO ORGANIZACIONAL Para entender esse enorme grau de fracasso na implementação de soluções de informática que buscam alavancar o conhecimento organizacional ou rever os processos produtivos, é necessário analisar várias questões e temas importantes levantados por Terra (2005), tais como: 1. Excesso de informação: são várias as pesquisas que mostram que o excesso de informação é um problema sério, o que pode causar o declínio de produtividade. Hoje a informação é duplicada em curtos períodos, necessitando de grande base de dados, fazendo com que as empresas busquem serviços de armazenamento de dados que crescem cerca de 50% por ano. Para a GC as informações e os sistemas de informação têm de ser precisos, personalizados, imediatamente disponíveis no tempo e no espaço, e têm de estar disponíveis em um formato que facilite o uso, ou seja, é preciso saber utilizar a informação que agrega valor ao processo de decisão e como fazer ela chegar às pessoas que precisam desta informação. 2. Compartilhamento e acesso à informação: a imprecisão, dificuldades de acesso ou falta de informação podem custar muito às organizações em termos de retrabalho, oportunidades perdidas e clientes insatisfeitos. De maneira geral, as pessoas tendem a buscar outras pessoas quando em dúvidas ou quando buscam algum tipo de informação pela primeira vez. É importantíssimo que as organizações forneçam mecanismos que facilitem este processo, com clara definição do que pode e deve ser compartilhado e o que não deve ser compartilhado extensivamente. 3. Taxonomia: são elementos estruturantes, estratégicos e centrais de negócios baseados em informação e conhecimento. Tem se tornado ainda mais importante nos tempos atuais, na medida em que o volume de informação cresce de forma exponencial e os usuários adquirem um papel essencial, tanto na produção como na categorização e uso de informação. Define-se taxonomia como regras de alto nível para organizar e classificar informação e conhecimento. E esta organização é fundamental ser compreendida e trabalhada nas atividades agregadoras de valor. Em ambiente web a taxonomia serve para simplificar as buscas e a navegação e designar responsabilidades em termos de avaliação, organização, eliminação, arquivamento de informação. Portanto, deve possibilitar que os usuários sejam capazes de encontrar informações relevantes e significativas de maneira eficiente e em tempo hábil. 4. Portais corporativos: representa um papel essencial no esforço de disponibilizar informação e conhecimento onde eles são necessários na organização. Representam uma mudança necessária no sentido de se estabelecer uma plataforma única para o e-business (B2E, B2C, B2B etc.) e prover profunda integração, em tempo real, de muitas distintasTÓPICO 2 – A SOCIEDADE DO CONHECIMENTO E O COMPARTILHAMENTO DO CONHECIMENTO ...................................................................................................19 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................19 2 COMPARTILHAMENTO DO CONHECIMENTO .......................................................................22 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................28 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................30 TÓPICO 3 – GESTÃO DO CONHECIMENTO .................................................................................31 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................31 2 PRÁTICAS RELACIONADAS A PROCESSOS FACILITADORES DA GESTÃO DO CONHECIMENTO .......................................................................................................................40 LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................................42 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................49 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................52 UNIDADE 2 – IMPLANTANDO A GESTÃO DO CONHECIMENTO NAS ORGANIZAÇÕES; TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO, INFRAESTRUTURA E FERRAMENTAS PARA A GESTÃO DO CONHECIMENTO; INDICADORES E REPRESENTAÇÃO DO CONHECIMENTO ......................................................................................................53 TÓPICO 1 – IMPLANTANDO A GESTÃO DO CONHECIMENTO............................................55 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................55 2 CRIAÇÃO DO PROCESSO DE GESTÃO DO CONHECIMENTO ...........................................61 3 GESTÃO DO CONHECIMENTO E TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO ...............................66 3.1 FATORES TECNOLÓGICOS PARA ALAVANCAR O CONHECIMENTO ORGANIZACIONAL ......................................................................................................................71 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................74 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................76 sumário X TÓPICO 2 – INFRAESTRUTURA E FERRAMENTAS PARA A GESTÃO DO CONHECIMENTO ...........................................................................................................77 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................77 2 PORTAIS CORPORATIVOS ..............................................................................................................78 3 SISTEMAS GESTORES DE CONTEÚDO (SGC) ..........................................................................85 4 COMUNIDADES DE PRÁTICA .......................................................................................................87 5 ENSINO A DISTÂNCIA - EaD ..........................................................................................................91 6 SISTEMA TUTORES INTELIGENTES (STI) .................................................................................92 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................95 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................98 TÓPICO 3 – FERRAMENTAS PARA A PRÁTICA DE GESTÃO DO CONHECIMENTO, OS INDICADORES/AGENTES TECNOLÓGICOS E O COMPARTILHAMENTO DO CONHECIMENTO ...................................................99 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................99 2 OS AGENTES TECNOLÓGICOS E O COMPARTILHAMENTO DO CONHECIMENTO .............................................................................................................................101 3 FORMAS DE REPRESENTAÇÃO DO CONHECIMENTO .......................................................102 4 OS INDICADORES PARA AVALIAÇÃO DA GESTÃO DO CONHECIMENTO ................105 4.1 O QUE SÃO E PARA QUE SERVEM OS INDICADORES DO CAPITAL INTELECTUAL? ............................................................................................................................105 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................107 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................110 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................112 UNIDADE 3 – INTELIGÊNCIA COMPETITIVA E GESTÃO POR COMPETÊNCIA. UNIVERSIDADE CORPORATIVA. ONTOLOGIAS, WEB SEMÂNTICAS E SISTEMAS DE HIPERMÍDIA ADAPTATIVA .......................113 TÓPICO 1 – INTELIGÊNCIA COMPETITIVA, GESTÃO POR COMPETÊNCIA E UNIVERSIDADE CORPORATIVA .........................................................................115 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................115 2 GESTÃO DO CONHECIMENTO EDUCACIONAL ORGANIZACIONAL ..........................119 3 GESTÃO DO CONHECIMENTO E UNIVERSIDADES CORPORATIVAS ..........................121 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................126 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................127 TÓPICO 2 – ONTOLOGIAS E WEB SEMÂNTICA .......................................................................129 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................129 2 METODOLOGIAS DA ENGENHARIA DE ONTOLOGIA ......................................................133 2.1 METODOLOGIA 101 ....................................................................................................................133 2.2 METHONTOLOGY .......................................................................................................................134 2.3 METODOLOGIA KACTUS ..........................................................................................................135 2.4 METODOLOGIA TOVE ...............................................................................................................135 2.5 METODOLOGIA ON-TO-KNOWLEDGE .................................................................................136 2.6 ONTOKEM ......................................................................................................................................136 3 WEB SEMÂNTICA APLICADA À GESTÃO DO CONHECIMENTO....................................140 3.1 WEB SEMÂNTICA PARA REPRESENTAÇÃO DA INFORMAÇÃO ..................................145 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................150aplicações de TI. As mais avançadas plataformas de portais corporativos vão além de acesso à informação estruturada e não estruturada. Elas provêm soluções que são mais próximas às necessidades diárias de informação e de colaboração de cada funcionário e/ou UNIDADE 2 | IMPLANTANDO A GESTÃO DO CONHECIMENTO NAS ORGANIZAÇÕES; TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO, INFRA- ESTRUTURA E FERRAMENTAS PARA A GESTÃO DO CONHECIMENTO; INDICADORES E REPRESENTAÇÃO DO CONHECIMENTO 72 parceiros de negócio. Elas personalizam o acesso à informação, automatizam e melhoram os ciclos de decisão complexos de trabalhadores de conhecimento e podem nutrir níveis mais profundos de colaboração entre empregados. Com a complexidade de prover um único ponto de contato para todas as fontes de informação, o portal corporativo assume o papel, sem precedente, de integrador universal. 5. Usabilidade: as pessoas estão sobrecarregadas com crescentes volumes de informação que precisam processar todos os dias. Uma das preocupações constantes das empresas líderes é tornar seus sistemas de informação altamente amigáveis, onde arquitetos de informação especializadas em usabilidade (internos e externos) são frequentemente engajados para desenhar e avaliar a usabilidade dos sistemas organizacionais, melhores práticas de usabilidade, características dos vários tipos de públicos internos e externos, situação de uso e limites de tecnologia empregada. Usabilidade pode ser vista como a medida da qualidade das experiências dos usuários no momento em que interagem com algum produto ou sistema, influenciando a satisfação de usuários e consumidores (de informação, produtos e serviços). Daí sua enorme importância. 6. Compartilhamento de conhecimento: sistemas de informação ou contatos pessoais? O compartilhamento de informação pela interação humana é mais eficiente do que pelos sistemas de informação. Deverá se privilegiar sistemas que fornecem o contato pessoal e redesenhando suas práticas gerenciais e sistemas de avaliação para incentivar pessoal de informação, ou seja, reconhecer que conhecimento é poder e que, em geral, as pessoas não estão dispostas a abrir mão deste, desde que recebam algo em troca. 7. Elemento humano: interligação com os demais processos de GC tácitos. O conhecimento das empresas está em seus sistemas de informação e que seu compartilhamento aumenta o valor dos ativos intelectuais, pois, ao contrário dos ativos físicos, estes aumentam seu valor à medida que se aumenta o seu uso. A GC é um processo dinâmico e social que envolve constante mudança de habilidades e aquisição de know-how. A criação de conhecimento organizacional depende, em grande medida, do contato humano, da intuição, do conhecimento tácito, da cooperação, da explicitação de modelos mentais, da diversidade de opiniões e do pensamento sistêmico. A tecnologia de informação deve ser vista como apenas mais um elemento facilitador do compartilhamento do conhecimento. Outros fatores seriam tão ou mais importantes: sistemas de avaliação, reconhecimento e recompensa vigentes nas empresas e integração da GC aos principais processos da empresa (BARCELLOS, 2007). A tecnologia da informação e comunicação (TIC) permite comunicação eficiente entre pessoas, pessoas com máquinas, máquinas com máquinas, aumentando a capacidade de comunicação, dando saltos importantes na velocidade de desenvolvimento humano, acompanhando avanços na capacidade humana de se comunicar, como a invenção da escrita, da impressão, da capacidade de navegar ao redor do planeta. TÓPICO 1 | IMPLANTANDO A GESTÃO DO CONHECIMENTO 73 Nos últimos anos, as empresas estão fazendo grandes investimentos em tecnologias ou sistemas de informação. O que distingue as empresas é o fato de elas, além dos investimentos em informática, também se preocuparem com as transformações de todas as outras dimensões do modelo de GC, como papel de liderança, cultura e estrutura organizacional, políticas de recursos humanos, relação com ambientes etc. Os investimentos em equipamentos e sistemas são absolutamente necessários, mas não suficientemente para empresas engajadas em gerir o conhecimento e não apenas dados e informação. O processo de transformação da informação em conhecimento é totalmente dependente da mente humana e da nossa capacidade de interpretação, porém, devido ao grande volume de informação, a tecnologia se faz um instrumento fundamental para minimizar nossas desorientações e sobrecargas cognitivas quando exploradas inteligentemente e adaptadas conforme o perfil, experiência e necessidades de seus usuários. 74 RESUMO DO TÓPICO 1 Neste tópico, você aprendeu que: • Por ser a Gestão do Conhecimento um tema muito ligado à essência acadêmica, de modo geral acaba-se por utilizar muitas referências da GC com pouco apelo empresarial, mas voltadas ao ambiente acadêmico. • Implantar GC pode significar a utilização de uma grande variedade de ferramentas, e o primeiro grande desafio é a identificação clara e específica das bases de conhecimento que uma organização precisa realmente gerir, de forma sistemática, metódica e estratégica, canalizando para isso recursos humanos, financeiros e tecnológicos. • As pessoas responsáveis pela implementação de iniciativas de GC precisam ser capazes de responder como as iniciativas de GC vão transformar a maneira como diferentes grupos de profissionais na empresa realizam o seu trabalho no dia a dia e como as bases de conhecimento estratégico da empresa poderão ser fortalecidas, aplicadas e protegidas. • Implementar projetos de GC necessita de esforço sistemático em várias áreas: atuação da liderança, estratégias de comunicação, visão de processos, implantação de novas tecnologias, novas políticas de RH, novas medidas de resultados etc. • Sem a prática da GC podemos observar a ausência de relação entre estratégia e conhecimento, cultura que não estimula a colaboração, conhecimento disperso e não ordenado, infraestrutura, difícil acesso à informação, ausência de políticas explícitas para acesso à informação e para publicação, ausência de mecanismos eficientes e distribuídos de publicação e colaboração, ausência de métricas para medir fluxos de conhecimento e satisfação dos usuários. • Steil (2007) nos informa que a compilação dos processos de Gestão do Conhecimento é a criação, o compartilhamento, transferência, o armazenamento, captura, acesso, coleta, retenção, transformação, formalização, a comunicação, distribuição, a aquisição, a utilização, aplicação, uso e reutilização. • O modelo do processo da GC proposto por Nonaka e Takeuchi (1997, p. 96) é composto por: a) Compartilhamento do conhecimento tácito; b) Criação de conceitos; c) Justificação dos conceitos; d) Construção de um arquétipo; e) Difusão interativa do conhecimento. 75 • Já o processo de GC descrito por Cen (2004) contém outros passos: o Identificação do Conhecimento: inclui uma análise do conhecimento que já está disponível e do que está faltando. o Criação do Conhecimento: por meio da conversão de conhecimentos existentes e da geração de novos conhecimentos. o Armazenamento de Conhecimento: trata da coleta e da preservação do conhecimento existente, tendo em vista facilitar a recuperação. o Compartilhamento de Conhecimento: objetiva a transferência de conhecimento para o lugar certo, na hora certa, com a qualidade certa, fomentando uma aprendizagem contínua para alcançar os objetivos organizacionais. o Utilização do conhecimento: busca colocar o conhecimento em ação, gerando valor para a organização. • As orientações fundamentais para um programa de gestão do conhecimento são: Comprometimento da alta administração; Projeto-piloto numa área com um alto nível de liderança; Objetivos e desígnios bem delimitados e divulgados; Ferramentas e processos de seleção; Equipe e; Iniciar com áreas de interesse e de grande importância no negócio. • Observa-se muito que as organizações se utilizam de tecnologiasde informação. Então, por que não colocar estas mesmas tecnologias a serviço da GC? A humanidade já assimilou isso: precisamos de computadores, internet, telefones, de satélites, novas interfaces gráficas, técnicas como data mining, para que possamos nos comunicar melhor. • Os sistemas de informação só podem ser úteis na medida em que os dados, informações e bases de conhecimento que os alimentam são confiáveis, relevantes e atualizados. • A associação da Tecnologia de Informação com a GC está relacionada ao uso de sistemas de informação para o compartilhamento de informações ou conhecimento. Em particular, destacam-se várias tecnologias que podem ser empregadas para esse fim: intranets, grupware, document management systems, data warehouses, desktop-videoconferencing, electronic bulletin boards etc. • Para Schuelter (2010), entre as estratégias tecnológicas de gestão do conhecimento para conectar pessoas com pessoas estão: Groupware, intranets, e-mail, fóruns, videoconferência, wiki, ferramentas de fluxo, ferramentas E-learning e ferramenta de trabalho virtual. 76 AUTOATIVIDADE 1 A essência da GC vem do meio acadêmico. A partir de que momento as organizações começam a entender com mais facilidade e aderir aos objetivos da GC? 2 Por que implantar GC pode significar a utilização de uma grande variedade de ferramentas? 3 Quais esforços sistemáticos em diversas áreas de mudanças organizacionais são necessários para implementar projetos de GC? 4 Quais etapas fazem parte do processo de GC? 5 Por que alguns autores chegam a considerar a informática ou, mais especialmente, o software como o elemento central do processo inovador? 77 TÓPICO 2 INFRAESTRUTURA E FERRAMENTAS PARA A GESTÃO DO CONHECIMENTO UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO Como as empresas dependem da informação e do conhecimento para se manterem competitivas, deverão obter várias formas e tipos de interação e relacionamento, e para isso é necessário ter uma infraestrutura adequada que possa fornecer canais de comunicação eficientes e eliminar as distâncias, proporcionando segurança, disponibilidade, acessibilidade e rapidez ao conhecimento. Estamos falando da infraestrutura tecnológica, que constitui um dos pilares essenciais na implementação das iniciativas de GC no âmbito organizacional. De acordo com Assis (2013) a infraestrutura tecnológica cada vez mais vem fornecendo, juntamente com a estratégia organizacional, o processo de negócios, o ambiente organizacional e a competência dos colaboradores, uma estrutura adequada para viabilizar as ações em GC, conforme o modelo a seguir. FIGURA 24 - MODELO DE GC FONTE: Disponível em: . Acesso em: 13 jan. 2016. UNIDADE 2 | IMPLANTANDO A GESTÃO DO CONHECIMENTO NAS ORGANIZAÇÕES; TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO, INFRA- ESTRUTURA E FERRAMENTAS PARA A GESTÃO DO CONHECIMENTO; INDICADORES E REPRESENTAÇÃO DO CONHECIMENTO 78 Logo mais adiante mostraremos o conjunto de ferramentas tecnológicas e estruturais mais utilizadas atualmente na implementação de GC organizacional. Não se pretende, aqui, detalhar muito cada uma delas, o objetivo é fornecer uma ampla visão que possa estimulá-lo a pesquisar mais sobre o tema. 2 PORTAIS CORPORATIVOS Não é a tecnologia que garante o sucesso de um projeto de GC, mas a profunda transformação dos processos, das pessoas e dos meios de produção. No entanto, as ferramentas são imprescindíveis para o processo de compartilhamento (MARTINS, 2001). Segundo Kotler (1999, p. 62): Uma empresa que deseje ideias para novos produtos e serviços precisa instalar um sistema que direcione o fluxo de novas ideias para um ponto central onde elas possam ser coletadas, analisadas e avaliadas. Caso contrário, boas ideias perdem-se entre os vários departamentos e morrem. As ferramentas adotadas como ponto central de coleta de ideias, nesse caso, são os PORTAIS CORPORATIVOS. FIGURA 25 - PORTAL CORPORATIVO FONTE: Disponível em: . Acesso em: 13 jan. 2016. TÓPICO 2 | INFRAESTRUTURA E FERRAMENTAS PARA A GESTÃO DO CONHECIMENTO 79 Os portais corporativos são ferramentas de integração e comunicação que auxiliam o trabalho dos profissionais de GC. São instrumentos valiosos também para os departamentos de recursos humanos. No entanto, a principal função dos portais é facilitar a vida dos próprios empregados. Através dos portais corporativos, os empregados podem se manifestar de diversas formas, seja em comunidades específicas ou através do compartilhamento de experiências e, até mesmo, através dos fóruns, chats e outras ferramentas (MENDES, 2016). Os portais corporativos fornecem um canal único com informações em tempo real e viabilizam a disponibilização sempre atualizada, uma vez que é mais fácil mantê-las quando estão disponíveis num único local. Os portais corporativos utilizam metadados e a linguagem XLM (Extensible Markup Linguagem) com a finalidade de integrar dados não estruturados aos dados estruturados dos bancos de dados institucionais. O objetivo é fornecer acesso às informações a partir de uma interface individualizada disponível na intranet da empresa. Por utilizar um conjunto de softwares que não exige muito esforço por parte dos usuários, os portais corporativos podem ser considerados como detentores de alto grau de usabilidade. Conforme Mendes (2016), para os executivos, os portais corporativos são ferramentas importantes para o processo de tomada de decisão. Viabilizam o acesso rápido a um conjunto de informações, tais como relatórios, atas, currículos e memorandos, tornando mais simples a tarefa de decidir. Já para Dias (2001), existem diferentes tipos de portais que podem ser classificados, segundo seu contexto de utilização, em públicos ou corporativos. Os portais de informações empresariais são aqueles que comportam funções profissionais, que viabilizam atividades específicas nas instituições e são integrados com os demais aplicativos corporativos. Esse tipo de portal agrega as funções do portal corporativo e do portal de suporte à decisão e, por isso, é capaz de proporcionar integração entre especialistas, executivos e demais usuários de uma intranet. UNIDADE 2 | IMPLANTANDO A GESTÃO DO CONHECIMENTO NAS ORGANIZAÇÕES; TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO, INFRA- ESTRUTURA E FERRAMENTAS PARA A GESTÃO DO CONHECIMENTO; INDICADORES E REPRESENTAÇÃO DO CONHECIMENTO 80 FIGURA 26 - PROPOSIÇÕES ÚNICAS DE VALOR DE UM PORTAL CORPORATIVO FONTE: Disponível em: . Acesso em: 13 jan. 2016. Segundo Mendes (2016, p. 5), os requisitos mínimos de um portal corporativo são: • Facilitar localização das informações por parte dos usuários eventuais. • Permitir classificação e pesquisa intuitiva. • Possibilitar o compartilhamento corporativo. • Prover conectividade universal aos recursos informacionais. • Viabilizar o acesso dinâmico aos recursos informacionais. • Permitir roteamento inteligente. • Viabilizar ferramentas de negócios inteligentes e integrados. • Ter sua arquitetura baseada em servidor. • Possuir serviços distribuídos. • Conter definições flexíveis das permissões de acesso. • Contar com interfaces externas. • Oferecer interfaces programáveis. • Proporcionar segurança. • Ser dotado de fácil administração. • Possuir customização e personalização. TÓPICO 2 | INFRAESTRUTURA E FERRAMENTAS PARA A GESTÃO DO CONHECIMENTO 81 Os portais estão evoluindo rapidamente e modificando a forma como a informação está sendo estruturada nas organizações. Os portais corporativos já deixaram de ser assunto somente dos profissionais de TI e passaram a ser tema dos principais executivos em diversas organizações. As ferramentas são importantes no processo de compartilhamento, no entanto, não se deve esquecer dos seguintes conselhos propostos por Kotler (1999): • Nomear uma pessoa experiente e respeitada para ser o gerente deideias na empresa. • Encorajar todos os interessados: funcionários, fornecedores, distribuidores, revendedores a enviar suas ideias aos gerentes de ideias. • Estabelecer um programa formal de reconhecimento a fim de recompensar aqueles que, durante o ano, contribuírem com as melhores ideias. Já o uso de portais corporativos pelas empresas brasileiras é uma tendência forte e que vem atendendo às previsões para essa área da tecnologia. Características de um Portal Corporativo ou Intranet de sucesso Existe uma distinção clara entre os conceitos de intranet e portal corporativo. O conceito de intranet engloba um site para colaboradores, contendo algumas aplicações da empresa, notícias e conteúdo institucional. Já um verdadeiro portal corporativo é mais amplo. Traz aspectos avançados, como a personalização de conteúdo pelo perfil do colaborador, provê ferramentas de colaboração e de socialização, além de comunidades de prática e diferentes formas de reter e disseminar o conhecimento corporativo. Experiência do usuário Manter o conhecimento corporativo acessível depende, em grande parte, de uma boa experiência do usuário, que consiste em uma interface amigável. • Usabilidade: É necessário produzir estudos do nível de familiaridade dos colaboradores com as ferramentas digitais e projetar interfaces web intuitivas, que possam atender às suas necessidades. • Taxonomia (classificação do conteúdo): É muito importante criar uma lógica de classificação do conteúdo que seja ligada à natureza do conhecimento a ser disseminado na corporação. Essa classificação irá colaborar na retenção e na fácil encontrabilidade desse conteúdo, através de filtros de busca personalizados. • Design: O design deve considerar um uso contínuo e diário da interface, e por esse motivo deve ser limpo e agradável. A paleta de cores e identidade visual da empresa deve ser expressa no layout da intranet. UNIDADE 2 | IMPLANTANDO A GESTÃO DO CONHECIMENTO NAS ORGANIZAÇÕES; TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO, INFRA- ESTRUTURA E FERRAMENTAS PARA A GESTÃO DO CONHECIMENTO; INDICADORES E REPRESENTAÇÃO DO CONHECIMENTO 82 Vantagens competitivas Uma empresa que fomenta a socialização dos colaboradores e a retenção do conhecimento tende a ter vantagens competitivas perante a concorrência, pois está valorizando seu ativo mais importante, que são as pessoas e seu conhecimento do negócio. • Gestão do conteúdo: O conteúdo da intranet pode e deve ser gerado pelos colaboradores da empresa. Essas pessoas geralmente não têm, e não necessitam ter, conhecimentos técnicos avançados de webdesign, HTML ou da estrutura tecnológica do portal. Por esse motivo, é necessário prover- lhes ferramentas intuitivas de gestão de conteúdo e publicação. Só assim é possível publicar artigos e conteúdos no portal de forma rápida e fácil. • Retenção do conhecimento corporativo: Fomentando a colaboração e a gestão do conteúdo, a empresa estará retendo o conhecimento que ficará disponível para que os próximos colaboradores reutilizem, independente de tempo ou presença física daqueles que o publicaram. • Disponibilização dos aplicativos: Com os padrões de webservices SOA e as facilidades dos frameworks de portais corporativos, como o Webcenter, tornou- se possível a replicação, ou sincronização das aplicações, disponibilizando-as dentro do portal por meio de portlets. Com as ferramentas sociais dos portais atuais pode-se ainda somar mais atributos e recursos a essas aplicações. Um bom exemplo é adicionar um fórum de discussão ao sistema de CRM ou um Wiki ao sistema de suporte e autoatendimento. • Personalização: Colaboradores de diferentes áreas da empresa têm necessidades e visão do negócio distintas, e essas podem ser expressas pela criação de visualizações específicas do portal. Um funcionário da área de marketing, por exemplo, se interessará mais pelos dados de BI, pesquisas de mercado, informações sobre novos produtos. Enquanto isso, os funcionários de TI se beneficiarão mais em saber sobre a disponibilidade dos serviços, novos sistemas e status dos projetos de tecnologia. Com as técnicas de personalização, o portal poderá entregar um conteúdo, visual, sistemas corporativos focados nas tarefas mais importantes e no contexto onde se encontra o colaborador, facilitando seu dia a dia e gerando vantagens operacionais para a empresa. Entrerprise 2.0 ou intranet social A principal vantagem da intranet social é que ela evidencia a possibilidade de a empresa inovar em todos os seus processos. Ela dá voz ativa a quem está realmente na ponta do negócio e sabe o que fazer para buscar melhorias. Mesmo que a pessoa não saiba como concretizar a sua ideia, ela pode lapidá-la colaborativamente com a sua rede de contatos e fazê-la funcionar. TÓPICO 2 | INFRAESTRUTURA E FERRAMENTAS PARA A GESTÃO DO CONHECIMENTO 83 • Comunidades de prática: Muitas vezes, soluções e resoluções não são implementadas por falta de interação e conversa entre os colaboradores. Para isso, a introdução de fóruns de discussão, na forma de comunidades de prática de diversos assuntos, democratiza a conversa sobre os problemas e soluções gerados pelos colaboradores, tornando o processo de troca de conhecimento menos hierárquico e mais livre. Além dessa troca de experiência, as conversações ficam arquivadas para que os futuros colaboradores possam se beneficiar das experiências, erros e acertos dos demais participante dos fóruns. • Wikis: Formato de documentação e portal de textos colaborativos, onde determinadas pessoas, grupo de pessoas ou todos os funcionários da empresa podem editar partes ou mesmo o texto completo. É uma forma interessante de reter o conhecimento corporativo através da contribuição de quem operacionaliza e conhece a empresa e o negócio na prática. • Blogs: Determinados colaboradores se tornam nós de conhecimento nas corporações. Suas habilidades e práticas devem ser disseminadas e documentadas para que os demais colaboradores possam adquiri-las e colaborar com discussões sobre o negócio. Para isso é interessante que os colaboradores ou áreas importantes da empresa tenham seus respectivos blogs corporativos, fomentando sempre a discussão produtiva. • Socialização: Com o advento das redes sociais, as empresas tendem também a socializar suas intranets, fomentando a interação e estreitando os laços sociais e profissionais de seus colaboradores. Ferramentas como o perfil social, adicionar comentários, “curtir” publicações, postar vídeos, fotos e outras formas de socialização são viáveis nos ambientes de intranet e trazem altos ganhos com a interação documentada entre os colaboradores. • Páginas pessoais dos colaboradores: As pessoas estão acostumadas a manter seus perfis nas redes sociais na internet e essa realidade pode ser replicada na intranet, com perfis mais ligados às suas atividades profissionais. Além disso, no perfil pessoal podem estar contidos os “amigos”, formando um networking para o qual o colaborador pode escolher grupos de interesse onde o conteúdo postado pode ser direcionado. Para a empresa, serve como uma forma de conhecer melhor seu colaborador, para questões de RH, por exemplo, e também para manter o trabalho das equipes mais harmônico e entrosado. FONTE: Disponível em: . Acesso em: 13 jan. 2016. Após pesquisar uma série de classificações de portais corporativos propostas por diversos autores e analisar detalhadamente 22 softwares de portais existentes no mercado, Firestone (2003, p. 229) formula uma nova classificação composta pelas categorias descritas a seguir: UNIDADE 2 | IMPLANTANDO A GESTÃO DO CONHECIMENTO NAS ORGANIZAÇÕES; TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO, INFRA- ESTRUTURA E FERRAMENTAS PARA A GESTÃO DO CONHECIMENTO; INDICADORES E REPRESENTAÇÃO DO CONHECIMENTO 84 • Portais de processamento de decisão: têm o foco no processamento e análise de dados estruturados.Estão associados a sistemas de BI (Business Intelligence) e geradores de relatórios. • Portais de gestão do conteúdo: têm o foco na organização de dados não estruturados, internos e externos à empresa, armazenados em papel ou meio digital. Oferecem suporte para a digitalização, indexação e distribuição de conteúdo. • Portais colaborativos: têm o foco em disponibilizar espaços virtuais de trabalho para trabalho em equipe. • Portais integrados: oferecem uma combinação das funcionalidades descritas nas categorias anteriores. Collins (2003, p. 33) propõe um modelo de classificação mais amplo para os portais, levando em consideração os aspectos da mobilidade e do comércio eletrônico. O portal do conhecimento corporativo seria o resultado da composição dos vários tipos de portais. A classificação proposta é a seguinte: • Portais da Informação Corporativa (EIP): projetados para melhorar o acesso e o compartilhamento de conteúdo em uma organização. Podem ser portais horizontais ou verticais. Os portais horizontais são por natureza mais genéricos e englobam funcionalidades, como business intelligence, colaboração, gestão de conteúdo e e-learning. Já os portais verticais são mais específicos e mais vinculados aos processos de negócio, estando usualmente associados com aplicações CRM (Customer Relationship Management) ou SCM (Supply Chain Management). • Portais de comércio eletrônico: projetados para estender as fronteiras da organização através da inclusão de clientes, fornecedores e parceiros no ambiente do portal. É também chamado de extranet e engloba funcionalidades como pedidos de compra, cobrança e atendimento ao cliente. • Portais de comércio móvel: projetados para aplicações específicas de e-commerce que são acessíveis através de celulares, pagers e dispositivos semelhantes. Englobam funcionalidades semelhantes aos portais de comércio eletrônico, porém, em um nível mais elementar, em função das limitações da interface do dispositivo. • Portais da internet: projetados para amplas audiências on-line, podendo também ser classificados como portais horizontais e verticais. Os portais horizontais são destinados a toda a comunidade internet, como Google, Yahoo, AOL e outros. Já os portais verticais têm um conteúdo mais específico para uma comunidade de interesse (ex.: portais para médicos, portais de veículos etc.). FONTE: Carvalho, R. B. Intranets, Portais Corporativos e Gestão do Conhecimento: Análise das experiências de organizações brasileiras e portuguesas. Tese do Programa de Pós-Graduação em Ciência da informação. Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte. 2006. Disponível em: . Acesso em: 13 jan. 2016. TÓPICO 2 | INFRAESTRUTURA E FERRAMENTAS PARA A GESTÃO DO CONHECIMENTO 85 3 SISTEMAS GESTORES DE CONTEÚDO (SGC) Os sistemas gestores de conteúdo possuem a finalidade de facilitar a colaboração e a publicação de conteúdos de forma direta e imediata (SANTOS, 2016). Esses sistemas delegam poder para que qualquer funcinário possa incluir informação e conhecimento nos portais corporativos. São esses sistemas que dão suporte aos “ambientes de colaboração”, que nada mais são do que os locais, nos portais corporativos, onde os funcionários, por meio de um formulário de contribuição, fazem inserção de novos documentos no portal. Por excelência, os SGCs são ferramentas de compartilhamento de conhecimento. Os SGCs mais avançados permitem, além de inserção de novos conteúdos, sua revisão, inclusão de metadata e controle de qualidade, publicação, revisões periódicas e arquivamento e eliminação de documentos (TERRA, 2002). As principais funcionalidades dos SGCs são assim descritas por Terra (2002, p. 25): • Possibilitam que existam poucas limitações de leiaute e projetos. • Possuem o conteúdo separado do formato. • Admitem inclusão de ferramentas gráficas e intuitivas para se construir um workflow. • Permitem que os usuários não apenas publiquem informação/ conteúdos, mas também customizem a inteface de suas publicações. • Oferecem facilidades para os usuários não técnicos continuarem a trabalhar com seus aplicativos de escritório. • Contêm os templates, são modificados facilmente. • Dispõem de metadata inclusa automaticamente. • Permitem a criação de documentos baseados em XML por usuários que desconheçam XML. • Facilitam para o usuário organizar, classificar e fazer referências cruzadas do conteúdo que está sendo publicado. • Admitem ao usuário associar facilmente termos de busca (palavras- chave) com o conteúdo criado. • Suportam a publicação de conteúdo em muitos tipos de arquivos. • Concedem aos criadores de conteúdo incluírem níveis de prioridade no documento que será publicado ou distribuído para grupos selecionados. FIGURA 27 - SISTEMAS GESTORES DE CONTEÚDO FONTE: Disponível em: . Acesso em: 13 jan. 2016. UNIDADE 2 | IMPLANTANDO A GESTÃO DO CONHECIMENTO NAS ORGANIZAÇÕES; TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO, INFRA- ESTRUTURA E FERRAMENTAS PARA A GESTÃO DO CONHECIMENTO; INDICADORES E REPRESENTAÇÃO DO CONHECIMENTO 86 Os SGCs também viabilizam a definição de regras e a administração e o controle de versões de documentos. Um bom exemplo disso é que os empregados podem gerenciar direitos de acesso, permitir publicação aberta ou restrita a determinados grupos, visualizar os históricos de mudanças de versões, editar comentários, além de outras facilidades. As ferramentas mais modernas de colaboração, que nas intranets não eram integradas com o portal, passaram a ser profundamente integradas a partir dos modelos mais avançados de portais corporativos de conhecimento. Neste sentido, não necessitam de carga a partir de outro aplicativo, o que permite ganho de tempo para o contribuinte. CMS - GERENCIADOR DE CONTEÚDO CMS (Content Management System), em português, Sistema de Gestão de Conteúdo, é um sistema gestor de sites, portais e intranets que integra ferramentas necessárias para gerir conteúdos em tempo real, sem a necessidade de programação de código, tendo como objetivo estruturar e facilitar a criação, administração, distribuição, publicação e disponibilidade da informação. Possui diversas funcionalidades que tornam prático o uso feito pela equipe. O CMS da Agência VM2 é um framework, “um esqueleto” de website pré-programado, com recursos básicos e de manutenção e administração já prontamente disponíveis e que conta com grande escalabilidade de módulos e soluções para gerenciar e administrar, de qualquer computador com acesso web, seu site, portal, intranet, extranet, hotsite e outras soluções web. É um sistema que permite a criação, armazenamento e administração de conteúdos de forma dinâmica, através de uma interface de usuário com acesso on-line. É multisites e multilíngue, ou seja, pode ser usado de acordo com os perfis de acesso para controlar sites, hotsites, intranets, extranets e outras aplicações web. É possível alterar todo o conteúdo de uma página, criar novas páginas e até mesmo criar novos sites a partir dos templates e módulos e/ou novos que podem ser solicitados a nós ou desenvolvidos por sua empresa ou terceiros. FIGURA 28 - CMS DA AGÊNCIA VM2 FONTE: Agência VM2 (2016) TÓPICO 2 | INFRAESTRUTURA E FERRAMENTAS PARA A GESTÃO DO CONHECIMENTO 87 O CMS permite que clientes tenham total autonomia sobre o conteúdo e evolução da sua presença na internet e dispensem a assistência de terceiros ou empresas especializadas para manutenções de rotina. Nem mesmo é preciso um funcionário dedicado (webmaster), pois cada membro da equipe poderá gerir o seu próprio conteúdo, diminuindo os custos com recursos humanos. A habilidade necessária para trabalhar com um sistema de gestão de conteúdo não vai muito além dos conhecimentos necessários para um editor de texto. A aparência de um site criadopelo CMS é customizável através da utilização de templates que podem ser facilmente substituídos. Em suma, a função principal de um CMS é gerenciar o conteúdo de um site de forma rápida e segura, por meio de qualquer computador conectado à internet. O sistema de gestão de conteúdo reduz custos e ajuda a suplantar barreiras potenciais à comunicação on-line, reduzindo o custo da criação, contribuição e manutenção de conteúdo, liberando mais tempo e verba para novas aplicações e ações de marketing digital. FIGURA 29 - EMPRESAS QUE UTILIZAM O CMS VM2 FONTE: Agência VM2. Gerenciador de Conteúdo. Disponível em: . Acesso em: 13 jan. 2016. 4 COMUNIDADES DE PRÁTICA Segundo Takimoto (2012), o conceito de Comunidade de Prática foi cunhado por Etienne Wenger e, em síntese, pode ser esclarecido como um grupo de indivíduos que se reúnem periodicamente, por possuírem um interesse comum no aprendizado e na aplicação do que foi aprendido. Este interesse nasce de uma UNIDADE 2 | IMPLANTANDO A GESTÃO DO CONHECIMENTO NAS ORGANIZAÇÕES; TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO, INFRA- ESTRUTURA E FERRAMENTAS PARA A GESTÃO DO CONHECIMENTO; INDICADORES E REPRESENTAÇÃO DO CONHECIMENTO 88 paixão, de algo que as pessoas realmente querem aprender, não por obrigação, mas por prazer. Nesses encontros, as pessoas compartilham conhecimento, trocam experiências, levam seus problemas e encontram soluções. A amizade e a confiança surgem de uma forma natural. Para Wenger (2002), as Comunidades de Prática são ferramentas propícias para compartilhar conhecimento e também funcionam como instrumento de mudanças e aprendizagem organizacional. Assim, as comunidades podem ser conceituadas como estruturas informais formadas por grupo de pessoas que se juntam por especialidade, sem uma agenda explícita, com o objetivo de compartilhar experiências e conhecimento. Para Takimoto (2012 apud WENGER; MCDERMOTT; SNYDER, 2002), três componentes estruturais caracterizam as Comunidades de Prática: domínio, comunidade e prática. O domínio é o elemento fundamental de uma comunidade de prática. Corresponde a uma área de conhecimento, interesse ou atividade humana. A comunidade é o elemento central de uma CoP, composta pelos indivíduos, suas interações e pela construção de relacionamentos. E a prática pode ser entendida como o conhecimento compartilhado pelos membros (inclui um conjunto de estruturas, ferramentas, informações, estilos, linguagem, histórias, documentos e compreensão compartilhados pelos membros). FIGURA 30 - COMUNIDADE DE PRÁTICA FONTE: Disponível em: . Acesso em: 13 jan. 2016. Pode-se afirmar que as comunidades de prática são formadas por indivíduos que se envolvem em um processo de aprendizado coletivo, portanto, no domínio de uma atividade humana compartilhada pela comunidade: um grupo de artistas que procuram novas formas de expressão, um grupo de engenheiros que trabalham com problemas similares, um grupo de alunos que definem a sua identidade na escola, uma rede de cirurgiões explorando novas técnicas, um encontro de gestores pela primeira vez ajudando uns aos outros a liderar (TAKIMOTO, 2012). TÓPICO 2 | INFRAESTRUTURA E FERRAMENTAS PARA A GESTÃO DO CONHECIMENTO 89 As Comunidades de Prática podem direcionar o planejamento estratégico, criar novas linhas de negócio, atuar na resolução de problemas, promover a propagação das melhores práticas, desenvolver habilidades profissionais das pessoas e ajudar as companhias a recrutar e reter talentos. IMPORTANTE Para Mendes (2005), o paradoxo das comunidades de prática é que os gerentes podem incentivá-las, mas não podem criá-las, pois elas são informais por natureza. As comunidades podem ser comparadas a jardins onde o gerente pode preparar o solo, retirar as ervas daninhas, regar, mas não pode fazer as flores crescerem mais rápido. Nesse sentido, o papel dos gerentes é de: • Identificar as comunidades potenciais. • Fornecer a infraestrutura adequada. • Usar métodos não tradicionais para avaliar o valor das comunidades. FIGURA 31 - GERENTES DA COMUNIDADE DE PRÁTICA FONTE: Disponível em: . Acesso em: 13 jan. 2016. As comunidades surgem, geralmente, a partir de mudanças internas e como respostas às mudanças externas. Diferem das equipes de trabalho, uma vez que estas são criações dos gerentes para projetos específicos com base na habilidade da força de trabalho e, assim que o objetivo do trabalho é alcançado, as equipes se dissolvem. As comunidades, ao contrário, são informais, estabelecem suas próprias lideranças e ajudam suas próprias agendas. As comunidades de prática colocam novos desafios para os gerentes que necessitam compreender como as comunidades trabalham, como utilizam as fontes alternativas de conhecimento, como apreciam os paradoxos e, principalmente, necessitam entender essas estruturas informais, pois elas requerem esforços específicos para se desenvolverem e se integrarem na organização (MENDES, 2005). UNIDADE 2 | IMPLANTANDO A GESTÃO DO CONHECIMENTO NAS ORGANIZAÇÕES; TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO, INFRA- ESTRUTURA E FERRAMENTAS PARA A GESTÃO DO CONHECIMENTO; INDICADORES E REPRESENTAÇÃO DO CONHECIMENTO 90 Os autores Wenger, Mcdermott e Snyder (2002) em livro Cultivating communities of practice: a guide to managing knowledge, afirmam que as Comunidades de Prática não apenas gerenciam ativos de conhecimento, como também criam valor de formas múltiplas e complexas, tanto para os membros como para a organização. Estão na melhor posição para codificar conhecimento, pois podem combinar os aspectos tácitos e explícitos do conhecimento. Produzem documentação, ferramentas e procedimentos úteis porque interagem e compreendem as necessidades dos praticantes. Esses produtos fazem parte da vida da comunidade e não são somente objetos à disposição da comunidade. São muitos os benefícios proporcionados pelas comunidades de prática. Wenger, McDermott e Snyder (2002) destacam os seguintes: QUADRO 5 - BENEFÍCIOS DA COMUNIDADE DE PRÁTICA TÓPICO 2 | INFRAESTRUTURA E FERRAMENTAS PARA A GESTÃO DO CONHECIMENTO 91 FONTE: Wenger, McDermott e Snyder (2002) 5 ENSINO A DISTÂNCIA - EaD O ponto de convergência essencial entre a GC e o Ensino a Distância é que, para disponibilizar os conteúdos do segundo, é necessário, primeiramente, codificar o conhecimento, ou seja, a conversão é o pressuposto do EaD, o que nos leva a crer na sua importância para a GC. Segundo Dalmau (2010), o EaD apresenta-se como um importante instrumento de intercâmbio e articulação de conhecimento e informações entre diferentes comunidades virtuais de aprendizagem, o que demonstra ser um grande potencial pedagógico. Dentre a estrutura proposta ao EaD, pode-se citar o papel do professor e o papel do tutor. O professor tem como função principal elaborar as metodologias utilizadas na sua disciplina, de forma que esta contempla a criação, o armazenamento, a disseminação e o controle do conhecimento. O tutor é o responsável pelo acompanhamento dos estudantes, sendo o elo entre o aluno e o professor. Neste sentido, segundo Ramos et al. (2005), o professor e o tutor passam a ser um elo entre o virtual e o real, tornando-se, assim, gestores do conhecimento, que têm por objetivo estimular e articular o conhecimento, visando atingir a excelência e proporcionar o compartilhamento das informações, envolvendo dessa maneira a promoção das relações humanas e do uso da tecnologia voltada para a educação. Para tanto, várias são as ferramentas utilizadas para comunicação e troca de informações no EaD, sendo capazes de gerar o conhecimento almejado pela proposta pedagógica. UNIDADE 2 | IMPLANTANDO A GESTÃO DO CONHECIMENTO NAS ORGANIZAÇÕES; TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO, INFRA- ESTRUTURA E FERRAMENTAS PARA A GESTÃO DOCONHECIMENTO; INDICADORES E REPRESENTAÇÃO DO CONHECIMENTO 92 Para que se concretize um curso a distância é necessária a implementação de uma infraestrutura adequada, profissionais capacitados para a realização das atividades de planejamento, elaboração de materiais, avaliação e serviços de apoio aos alunos e professores (MORAES, 2004). Essa modalidade de ensino pressupõe o uso intensivo de tecnologia, que viabiliza levar à sala de aula, alunos, tutores e suas respectivas atividades, para lugares e tempo não fixos. A característica essencial do ensino a distância é o autoaprendizado, que pressupõe disciplina, dedicação e responsabilidade muito maiores do que no ensino presencial, por isso o predomínio do público adulto nessa modalidade de ensino. Na Unidade 3 deste caderno de estudos será apresentado como deverá ser constituído um Ambiente Virtual de Aprendizagem voltado ao estudo da Gestão do Conhecimento. ESTUDOS FU TUROS 6 SISTEMA TUTORES INTELIGENTES (STI) Adaptar os sistemas educacionais às reais necessidades e estilo individual dos alunos, principalmente ao seu processo cognitivo, é a principal função dos Sistemas Tutores Inteligentes, pois são programas de software que dão suporte às atividades da aprendizagem. Esse processo de integração educacional ocorre de forma dinâmica e utiliza a Inteligência Artificial (IA) para identificar as particularidades de cada aluno. O Sistema de Tutoria Inteligente precisa ser flexível e, principalmente, ter a capacidade de aprender com o ambiente. Essas características objetivam melhorar a interatividade entre o sistema e os alunos, podendo modificar radicalmente o grau de motivação destes. Os Sistemas Tutores Inteligentes, conforme descritos por Costa e Silva (2003), são constituídos por quatro componentes básicos: Modelo de Domínio, Modelo de Aluno, Modelo Pedagógico e Modelo de Interface. Estes modelos se inter-relacionam de forma sistêmica numa sessão educacional. O sistema realiza a supervisão do desempenho do aluno e faz o diagnóstico do conhecimento que este detém. O diagnóstico pode ser realizado também por meio do processo comparativo, onde o estado do conhecimento atual do aluno é comparado com o conhecimento contido no modelo de domínio. Os resultados dessa comparação são encaminhados ao modelo pedagógico, onde serão tomadas as decisões sobre quando, como e qual informação deve ser transmitida através da interface do sistema com o educando. TÓPICO 2 | INFRAESTRUTURA E FERRAMENTAS PARA A GESTÃO DO CONHECIMENTO 93 FIGURA 32 - MODELO DO SISTEMA DE TUTORIA INTELIGENTE FONTE: Disponível em: . Acesso em: 13 jan. 2016. Os STI se caracterizam por representar separadamente a matéria que se ensina (modelo do domínio) e as estratégias para ensiná-la (modelo pedagógico). Por outro lado, caracterizam o aluno (através do modelo do aluno) com o objetivo de obter um ensino individualizado. Outra característica marcante é a necessidade da interface de comunicação ser um módulo bem planejado, de fácil manipulação, e que favoreça o processo de comunicação tutor-aluno (GAVIDIA, 2003). Para ser considerado “inteligente”, um STI deve passar em três testes “inteligentes” (NETO, 2016): 1. O conteúdo do tema ou especialidade deve ser codificado de modo que o sistema possa acessar as informações, fazer inferências ou resolver problemas. 2. O sistema deve ser capaz de avaliar a aquisição deste conhecimento pelo estudante. 3. As estratégias tutoriais devem ser projetadas para reduzir a discrepância entre o conhecimento do especialista e o conhecimento do estudante. O propósito fundamental de todo Sistema Tutor Inteligente é comunicar o conhecimento e/ou habilidades para o estudante resolver problemas dentro de um determinado domínio. As funções operacionais básicas são determinadas por quatro componentes principais ou modelos, quais sejam (NETO, 2016, p. 5): UNIDADE 2 | IMPLANTANDO A GESTÃO DO CONHECIMENTO NAS ORGANIZAÇÕES; TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO, INFRA- ESTRUTURA E FERRAMENTAS PARA A GESTÃO DO CONHECIMENTO; INDICADORES E REPRESENTAÇÃO DO CONHECIMENTO 94 • Modelo Especialista ou conhecimento do domínio: é o objeto da comunicação. • Modelo do Estudante: é o receptor neste processo da comunicação de conhecimento. • Modelo Pedagógico: representa os métodos e técnicas didáticas utilizados no processo da comunicação de conhecimento. • Modelo Interface: é a forma como a comunicação será realizada com o meio externo ao sistema. O Sistema de Tutoria Inteligente também oferece feedback ao aluno, que poderá recorrer, em caso de dúvida, ao tutor humano. Assim, no contexto de educação a distância, os sistemas de tutoria inteligentes têm se destacado como uma alternativa adequada para prover assistência para os tutores humanos, especialmente nos momentos em que estes últimos não estão disponíveis. As principais contribuições ao processo de aprendizagem, segundo Costa e Silva (2003, p. 54), são: • Considerar o aprender como um processo individualizado, pois levam em consideração que o conhecimento prévio do aluno e o seu estilo de aprendizagem influenciam na construção de novos conhecimentos. • Buscam implementar estratégias instrucionais necessárias para prover suporte a alunos em diferentes fases da aprendizagem. • Consideram que a instrução deve estar disponível de acordo com a demanda, possibilitando ao aluno aprender quando necessitar, ou estiver interessado. 95 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico você aprendeu que: • A infraestrutura tecnológica constitui um dos pilares essenciais na implementação das iniciativas de GC no âmbito organizacional. Portanto, os portais corporativos são ferramentas de integração e comunicação que auxiliam o trabalho dos profissionais de GC. Fornecem um canal único com informações em tempo real e viabilizam a disponibilização sempre atualizada. • O objetivo do portal corporativo é fornecer acesso às informações a partir de uma interface individualizada disponível na intranet da empresa. Por utilizar um conjunto de softwares que não exigem muito esforço por parte dos usuários, os portais corporativos podem ser considerados como detentores de alto grau de usabilidade. • O Portal Corporativo traz aspectos avançados, como a personalização de conteúdo pelo perfil do colaborador, provê ferramentas de colaboração e de socialização, além de comunidades de prática e diferentes formas de reter e disseminar o conhecimento corporativo. • Os principais requisitos mínimos de um portal corporativo são: Facilitar localização das informações por parte dos usuários eventuais; Permitir classificação e pesquisa intuitiva; Possibilitar o compartilhamento corporativo; Prover conectividade universal aos recursos informacionais; Viabilizar o acesso dinâmico aos recursos informacionais; Permitir roteamento inteligente; Viabilizar ferramentas de negócios inteligentes e integradas; Ter sua arquitetura baseada em servidor; Possuir serviços distribuídos; Conter definições flexíveis das permissões de acesso; Contar com interfaces externas; Oferecer interfaces programáveis; Proporcionar segurança; Ser dotado de fácil administração; Possuir customização e personalização. • Para Firestone (2003), os portais corporativos podem ser classificados como Portais de processamento de decisão; Portais de gestão do conteúdo; Portais colaborativos e Portais integrados. Já para Collins (2003) são Portais da informação corporativa (EIP), Portais de comércio eletrônico, Portais de comércio móvel, Portais da internet. • Os Sistemas Gestores de Conteúdo (SGC) possuem a finalidade de facilitar a colaboração e a publicação de conteúdos de forma direta e imediata. Servem para gerenciar o conteúdo de um site de forma rápida e segura, por meio de qualquer computador conectado à internet. 96 • Por excelência, os SGCs são ferramentas de compartilhamentode conhecimento. Os SGCs mais avançados permitem, além de inserção de novos conteúdos, sua revisão, inclusão de metadados e controle de qualidade, publicação, revisões periódicas e arquivamento e eliminação de documentos (TERRA, 2002). • São gestores de conteúdo de sites, portais e intranets que integram ferramentas necessárias para gerir conteúdos em tempo real, sem a necessidade de programação de código, tendo como objetivo estruturar e facilitar a criação, administração, distribuição, publicação e disponibilidade da informação. Possui diversas funcionalidades que tornam prático o uso feito pela equipe. • Comunidade de Prática é um grupo de indivíduos que se reúne periodicamente, por possuírem um interesse comum no aprendizado e na aplicação do que foi aprendido. São ferramentas propícias para compartilhar conhecimento e também funcionam como instrumento de mudanças e aprendizagem organizacional. • Para Takimoto (2012 apud WENGER; MCDERMOTT; SNYDER, 2002), três componentes estruturais caracterizam as Comunidades de Prática: domínio, comunidade e prática. o São muitos os benefícios proporcionados pelas Comunidades de Prática. Wenger, McDermott e Snyder (2002) destacam os seguintes: Melhora a experiência profissional; Fomenta o desenvolvimento profissional; Redução de tempo e custos; Aumento na retenção e recrutamento de funcionários talentosos; Melhoria na qualidade das decisões; Capacidade de prever os desenvolvimentos tecnológicos; Confiança na abordagem de problemas; Participação mais significativa; e Forte sentimento de identidade profissional. • O Ensino a Distância apresenta-se como um importante instrumento de intercâmbio e articulação de conhecimento e informações entre diferentes comunidades virtuais de aprendizagem, o que demonstra ser um grande potencial pedagógico. Dentre a estrutura proposta ao EaD pode-se citar o papel do professor e o papel do tutor. O professor tem como função principal elaborar as metodologias utilizadas na sua disciplina, de forma que esta contempla a criação, o armazenamento, a disseminação e o controle do conhecimento. O tutor é o responsável pelo acompanhamento dos estudantes, sendo o elo entre o aluno e o professor. • Sistemas Tutores Inteligentes servem, por exemplo, para adaptar os sistemas educacionais às reais necessidades e estilo individual dos alunos, principalmente ao seu processo cognitivo. • Os Sistemas Tutores Inteligentes, conforme descritos por Costa e Silva (2003), são constituídos por quatro componentes básicos: Modelo de Domínio, Modelo de Aluno, Modelo Pedagógico e Modelo de Interface. Estes modelos se inter- relacionam de forma sistêmica numa sessão educacional. 97 o Para ser considerado “inteligente”, um STI deve testar se o conteúdo do tema ou especialidade deve ser codificado de modo que o sistema possa acessar as informações, fazer inferências ou resolver problemas. Testar se o sistema deve ser capaz de avaliar a aquisição deste conhecimento pelo estudante. Testar se as estratégias tutoriais são projetadas para reduzir a discrepância entre o conhecimento do especialista e o conhecimento do estudante. • O Sistema Tutor Inteligente deve comunicar o conhecimento e/ou habilidades para o estudante resolver problemas dentro de um determinado domínio. As funções operacionais básicas são determinadas por quatro componentes principais ou modelos, quais sejam: Modelo Especialista ou conhecimento do domínio, Modelo do Estudante, Modelo Pedagógico e Modelo Interface. 98 AUTOATIVIDADE 1 Referente à infraestrutura tecnológica para implementação das iniciativas de GC no âmbito organizacional, quais são as ferramentas tecnológicas e estruturais mais utilizadas, atualmente, na implementação de GC organizacional? 2 Quais são as principais características dos portais coorporativos? 3 Por que os sistemas gestores de conteúdo são considerados ferramentas de compartilhamento de conhecimento? 4 Explique quais são os três componentes estruturais apresentados por Takimoto, em 2012, que caracterizam as Comunidades de Prática. 99 TÓPICO 3 FERRAMENTAS PARA A PRÁTICA DE GESTÃO DO CONHECIMENTO, OS INDICADORES/AGENTES TECNOLÓGICOS E O COMPARTILHAMENTO DO CONHECIMENTO UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO A complexidade do mercado de ferramentas de GC requer uma classificação que oriente as organizações na busca de soluções de TI. Um desafio para qualquer classificação de software é sobreviver ao tempo, pois na área de TI qualquer verdade absoluta pode ser questionada pelos avanços tecnológicos. Davenport e Prusak (1998, p. 152) apresentam sua proposta de classificação das tecnologias da prática da GC agrupando o software nas seguintes categorias: sistemas periciais e inteligência artificial, repositórios de conhecimento amplo, sistemas de conhecimento em tempo real, ambientes de conhecimento voltado para a web, e sistemas de análise de prazo mais longo. As ferramentas apresentadas a seguir não são aplicações de software totalmente novas, mas sim aplicações já existentes que incorporam algumas funcionalidades de forma a possibilitar a prática da GC. FIGURA 33 - FUNCIONALIDADES PARA APLICAR GC FONTE: Disponível em: . Acesso em: 15 jan. 2016. 100 UNIDADE 2 | IMPLANTANDO A GESTÃO DO CONHECIMENTO NAS ORGANIZAÇÕES; TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO, INFRA- ESTRUTURA E FERRAMENTAS PARA A GESTÃO DO CONHECIMENTO; INDICADORES E REPRESENTAÇÃO DO CONHECIMENTO Além das ferramentas Portais Corporativos, Sistemas Gestores de Conteúdo (SGC), Comunidades de Prática, Ensino a Distância (EaD) e Sistemas Tutores Inteligentes (STI), já apresentadas no Tópico 2 desta unidade, a seguir estão algumas das ferramentas descritas por Terra (2004) que possibilitam a prática de GC: Ferramentas Baseadas na Intranet, Gestão Eletrônica de Documentos (GED), Groupware, Workflow, Sistemas para Construção de Bases Inteligentes de Conhecimento, Business Intelligence (BI), Mapa de Conhecimento e Ferramentas de Apio à Inovação: • Ferramentas Baseadas na Intranet: é o ambiente ideal para a partilha de informação dinâmica e interligada que previlegia a informação interna da organização, sendo uma ferramenta adequada para sistematizar o conhecimento explícito que se encontra disperso entre os departamentos da empresa, como mecanismo para transformar parte do capital humano coletivo em capital estrutural. • Groupware: ao invés de organizações formais com hierarquias fixas, muitas empresas descobriram a produtividade oferecida por grupos de trabalho geograficamente dispersos que cooperam na resolução de problemas. É uma ferramenta que auxilia grupos de pessoas que trabalham em conjunto, mesmo distantes, aumentando a cooperação e a comunicação interpessoal. Exemplos: chats, grupos de discussão, videoconferências, centrais de suporte e o atendimento a clientes. • Workflow: é um sistema que oferece suporte para processos padronizados (estruturado e ordenado) de negócio que permitem aos usuários codificar os processos de transferência do conhecimento quando se requer um método mais rígido. • Sistemas para a Construção de bases interligentes de conhecimento: sistemas periciais, raciocínio baseado em ferramentas que utilizam técnicas de inteligência artificial. Sistemas de base de conhecimento são usados para capturar uma parcela de conhecimento do trabalhador com destaque de produtividade. Esse conhecimento seria formatado de modo a poder ser partilhado com os outros funcionários da empresa. • Business Intelligence (BI): é um conjunto de ferramentas utilizado para manipular uma massa de dados operacional em busca de informação essencial para o negócio. Apresenta rescursos para ordenar, categorizar e estruturar informação. Envolve duas partes: (1) Sistemas de Front-end: sistemas de apoio à decisão, Sistemas de Informação Executivos e ferramentasde Consulta Analítica (OLAP). (2) Sistemas de Back-end: Data Warehouse, Data Mart e ferramentas de mineração de dados, o Data Mining. • Ferramentas de apoio à inovação: é uma aplicação de novas ideias a produtos e serviços. Seu objetivo é colocar as pessoas em contato com o conhecimento explícito armazenado através das melhores práticas e modelos conceituais, estimulando a geração de ideias e insights. • Software de Inteligência Competitiva: propõe fornecer, sistematicamente, informação sobre o ambiente ao processo de decisão da organização, permitindo um entendimento do mesmo e ajudando à tomada de decisão. Como exemplo podemos utilizar técnicas da computação Ubíqua, Ontologias e WebSemânticas. TÓPICO 3 | FERRAMENTAS PARA A PRÁTICA DE GESTÃO DO CONHECIMENTO, OS INDICADORES/AGENTES TECNOLÓGICOS E O COMPARTILHAMENTO DO CONHECIMENTO 101 2 OS AGENTES TECNOLÓGICOS E O COMPARTILHAMENTO DO CONHECIMENTO A GC pode ser sintetizada como um processo articulado e intencional, destinado a sustentar ou a promover o desempenho global de uma organização cujas bases são a criação e a circulação de conhecimento (SALIM, 2001). Segundo Mesquita (2011), é um processo corporativo, focado na estratégia empresarial que envolve a gestão das competências, a gestão do capital intelectual, a aprendizagem organizacional, a inteligência empresarial e a educação corporativa. As práticas de GC são divididas em três áreas distintas: Gestão de Pessoas, Processos facilitadores da GC e a Base Tecnológica e Funcional de Suporte à GC. • As práticas relacionadas à Gestão de RH compreendem elementos que facilitam a obtenção de informação e GC, assim como o controle de seus processos: o Fóruns presenciais e virtuais. o Lista de discussão. o Comunidades de prática ou comunidades de conhecimento. o Educação corporativa. o Narrativas. o Mentoring. o Coaching. o Universidade corporativa. • Práticas relacionadas a processos facilitadores da GC consistem em: o Melhores Práticas (Best Practices). o Benchmarking interno e externo. o Memória organizacional/Lições aprendidas/Banco de conhecimentos. o Sistemas de inteligência organizacional. o Mapeamento ou auditoria do conhecimento. o Sistema de gestão por competências. o Banco de competências organizacionais. o Banco de competências individuais. o Gestão do capital intelectual ou gestão dos ativos intangíveis. • Práticas relacionadas à base tecnológica e funcional de suporte à GC: o Intranets e Extranets. o Sistemas de workflow. o Gestão Eletrônica de Documentos (GED). o Data Warehouse. o Data Mining. o Costumer Relationship Management (CRM): call-center, GED, workflow, workgroup, data warehouse, base de dados, inteligência competitiva. o Decision Support System (DSS). o Enterprise Resource Planning (ERP). o Key-Performance Indicators (KPI). (MESQUITA, 2011, p. 33). 102 UNIDADE 2 | IMPLANTANDO A GESTÃO DO CONHECIMENTO NAS ORGANIZAÇÕES; TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO, INFRA- ESTRUTURA E FERRAMENTAS PARA A GESTÃO DO CONHECIMENTO; INDICADORES E REPRESENTAÇÃO DO CONHECIMENTO FIGURA 34 - PROCESSOS DE GC CORPORATIVO FONTE: Disponível em: . Acesso em: 16 jan. 2016. 3 FORMAS DE REPRESENTAÇÃO DO CONHECIMENTO Segundo Heinzle (2011), a representação de conhecimento é denominação dada aos métodos usados para modelar o conhecimento relacionado a um certo domínio de problema, através dos quais busca-se o desenvolvimento de sistemas computacionais com certa faculdade de raciocínio sobre esta representação. Trata-se de um conjunto de convenções sintáticas e semânticas, que torna possível descrever um mapeamento entre os objetos e as relações envolvidas neste domínio. A representação sintática especifica os símbolos que podem ser usados e as maneiras de arranjá-los, enquanto que a representação semântica especifica o significado incorporado nestes símbolos. Para Araújo (2003), representar conhecimento é o ato de documentar ou expressar, pela linguagem simbólica, textual ou algorítmica, os fatos e as ações, de modo que possam ser corretamente interpretadas e reconstruídas por uma outra entidade. FIGURA 35 - REPRESENTAÇÃO DO CONHECIMENTO FONTE: Disponível em: . Acesso em: 16 jan. 2016. TÓPICO 3 | FERRAMENTAS PARA A PRÁTICA DE GESTÃO DO CONHECIMENTO, OS INDICADORES/AGENTES TECNOLÓGICOS E O COMPARTILHAMENTO DO CONHECIMENTO 103 Em sua tese de doutorado, Roberto Heinzle (2011) apresenta os esquemas de representação do conhecimento que integram a área conhecida como Inteligência Artificial Simbólica (IAS). A IAS é caracterizada por tentar, simplesmente, simular o comportamento inteligente sem preocupar-se com os mecanismos responsáveis por esta inteligência e por fundamentar-se na hipótese de que a inteligência é consequência da manipulação formal de símbolos. Nela, acredita-se que um programa de computador precisa dispor de uma representação geral do mundo através da qual são interpretadas suas entradas, para ser capaz de agir inteligentemente (BITTENCOURT, 2007). Os principais esquemas da IAS são as Regras de Produção, os Quadros e Roteiros (ou frames e scripts), a Lógica das Proposições e dos Predicados, as Redes Semânticas e Classificação por Abordagem, descritos por Heinzle (2011). • Regras de Produção: é baseada nas propostas concebidas pelo matemático Emil Post, que via nos sistemas de produção um modelo computacional geral de solução de problemas. Está voltado para a simulação do comportamento cognitivo de especialistas humanos, devido ao caráter estímulo resposta de uma regra de produção. As regras são armazenadas como uma coleção de declarações “situação-ação”, na forma: SE > ENTÃO >. Cada regra é um fragmento do conhecimento e pode ser manipulada como peça independente. O conhecimento existente pode ser refinado com a adição de novas regras, permitindo um crescimento incremental da base de conhecimento e aumentando o desempenho do sistema. • Quadros e Roteiros: baseia-se no processo humano de resolver problemas por meio do agrupamento de informações. Um quadro é uma estrutura de preenchimento que descreve uma entidade real ou imaginária através de suas características e potencialidades. Ele é constituído por um nome, uma coleção de atributos com valores associados que servem para descrever as características, enquanto as potencialidades são representadas por métodos. Esta forma de representação do conhecimento é inspirada no entendimento de que a codificação de conceitos, realizada pelo cérebro humano, está mais relacionada com propriedades marcantes, associadas a objetos que são típicos de sua classe, do que com definições exatas das propriedades que uma determinada entidade deve possuir para ser considerada como pertencente a uma certa categoria. A proposta pretende emular a forma como o homem classifica as informações que recebe, de forma a armazenar, em conjuntos, as que estiverem relacionadas. • Lógica das Proposições e dos Predicados: A lógica proposicional se preocupa com a veracidade ou falsidade de proposições. Nela, será atribuído o valor lógico verdadeiro se as informações disponíveis permitirem tirar esta conclusão 104 UNIDADE 2 | IMPLANTANDO A GESTÃO DO CONHECIMENTO NAS ORGANIZAÇÕES; TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO, INFRA- ESTRUTURA E FERRAMENTAS PARA A GESTÃO DO CONHECIMENTO; INDICADORES E REPRESENTAÇÃO DO CONHECIMENTO a respeito de uma proposição; caso contrário, é atribuído o valor falso. Para se trabalhar com várias proposições são utilizados operadores de conexão para assim obter as chamadas proposições compostas e aumentar a capacidade de expressão. Estes operadores são AND, OR, NOT, IMPLIES, EQUIVALENT. Pode- se facilmente representar fatos do mundo real usando alógica proposicional, entretanto, isto nem sempre é suficiente para fazer dela uma forma eficiente de representação do conhecimento, pois são poucos os problemas que se resumem ao falso e verdadeiro suportados por ela. Desta limitação surge a opção da lógica dos predicados. A lógica dos predicados, ou cálculo dos predicados, é uma extensão da lógica proposicional. Ela inclui quantificadores e variáveis, trazendo maior capacidade de expressão e permitindo representações de sentenças que não são possíveis de serem feitas na lógica proposicional. Para representar fatos do mundo real são escritas declarações em forma de FBFs - Fórmulas Bem Formadas. • Redes Semânticas: é a denominação dada a um conjunto heterogêneo de formalismos que têm em comum o uso de uma estrutura de rede formada por nós interconectados através de arcos rotulados, formando, assim, um grafo rotulado direcionado. Os nós ou nodos representam objetos, conceitos, situações ou ações, enquanto os arcos ou elos representam relações. Elas têm grande poder de expressão, que advém justamente da definição destes elos e das regras de inferência associadas. Ladeira (1997, p. 47) registra que a ideia implícita nas Redes Semânticas é a de que “o significado de um conceito vem do modo como ele é associado a outros conceitos”. As diversas variantes desta forma de representação do conhecimento diferem, sobretudo, nos nomes que podem ser usados para os nós e arcos, e nas inferências que podem ser realizadas sobre estas estruturas, mas a totalidade delas tem as capacidades de representar objetos individuais, categorias de objetos e relações entre objetos (LUGER, 2004, p. 202). Nas Redes Semânticas, os nós podem ser de dois tipos: individuais ou genéricos. Os individuais denotam uma instância específica (um objeto) e os genéricos representam classes de objetos. Associado a cada nó existe um conjunto de atributos que descrevem as características do objeto ou classe. Estes atributos podem ser informações estáticas ou procedimentos através dos quais é possível obtê-las (HEINZLE, 2011). • Classificação por Abordagem: A abordagem declarativa é caracterizada por descrever o conhecimento através de fatos postulados como verdadeiros sobre o domínio a ser representado, fazendo com que a base de conhecimentos seja vista como uma teoria ou um conjunto de teoremas numa teoria. Nela, a semântica é bem definida e o sistema possui disponibilidade de uma teoria de demonstração. Na abordagem procedimental, o conhecimento aparece na forma de procedimentos para sua utilização, sendo adequado para representação de conhecimento comportamental da aplicação. TÓPICO 3 | FERRAMENTAS PARA A PRÁTICA DE GESTÃO DO CONHECIMENTO, OS INDICADORES/AGENTES TECNOLÓGICOS E O COMPARTILHAMENTO DO CONHECIMENTO 105 Procedimentalistas argumentam que os sistemas inteligentes necessitavam saber como usar seu conhecimento, ou seja, como encontrar fatos relevantes, fazer inferências etc., sendo que esses aspectos são melhor capturados em procedimentos. Eles enfatizavam a objetividade das inferências feitas (pois usavam heurísticas específicas para o domínio da aplicação de forma a evitar linhas de raciocínio irrelevantes ou não naturais) e a facilidade de codificação e entendimento do processo de raciocínio da aplicação. 4 OS INDICADORES PARA AVALIAÇÃO DA GESTÃO DO CONHECIMENTO A procura por formas de medida em GC, Competitive Intlligence (CI) e Capital Intelectual (CInt) tem recebido cada vez mais a atenção do mercado empresarial. As empresas procuram indicadores úteis nesta área, de forma a avaliarem e a controlarem melhor as suas iniciativas em GC, em CI ou na gestão do seu CInt, mas esta é uma procura árdua, que não tem motivação numa pesquisa em nível acadêmico, mas numa solução universal à vista. 4.1 O QUE SÃO E PARA QUE SERVEM OS INDICADORES DO CAPITAL INTELECTUAL? Há uma procura crescente por controle das atividades e dos resultados nas empresas, executando controles sobre os projetos e os processos. Os indicadores que as empresas começam a usar nas suas iniciativas de GC e CI, em geral, recaem numa destas categorias: os indicadores de esforço evidenciam iniciativas da organização em GC ou CI, mas sem necessariamente refletirem os resultados estratégicos ou operacionais. São exemplos: a quantidade de pessoas formadas e treinadas em GC, quantidade de grupos de discussão existentes, quantidade de documentos disponíveis na memória organizacional etc. Na prática, o que acontece nas organizações é o seguinte: os indicadores vulgarmente usados não são específicos, ou se referem a esforço ou a resultados da empresa, mas não são específicos sobre os processos de GC ou da CI em si. Os indicadores de esforço não significam obviamente resultados (isto é, efetivamente da GC). E os indicadores de resultados não dependem só da GC. Por isso, na prática, podemos usar um mix de ambos os grupos, mas com uma análise cuidada dos resultados, para não resultarem ilusões. 106 UNIDADE 2 | IMPLANTANDO A GESTÃO DO CONHECIMENTO NAS ORGANIZAÇÕES; TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO, INFRA- ESTRUTURA E FERRAMENTAS PARA A GESTÃO DO CONHECIMENTO; INDICADORES E REPRESENTAÇÃO DO CONHECIMENTO FIGURA 36 - INDICADORES DA GC FONTE: Disponível em: . Acesso em: 16 jan. 2016. Outra questão inicial que deve ser tratada é a diferença entre indicadores quantitativos e qualitativos. Muitas pessoas tendem a pensar apenas em indicadores quantitativos, mas há muitas situações em que o melhor é usar indicadores qualitativos (FILHO, 2002). Com relação a este assunto, segue uma leitura complementar publicada, em 2006, por Vanessa Goldoni e Mírian Oliveira. TÓPICO 3 | FERRAMENTAS PARA A PRÁTICA DE GESTÃO DO CONHECIMENTO, OS INDICADORES/AGENTES TECNOLÓGICOS E O COMPARTILHAMENTO DO CONHECIMENTO 107 LEITURA COMPLEMENTAR INDICADORES PARA AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE GESTÃO DO CONHECIMENTO: UMA VISÃO ESPECIALISTA Indicadores são utilizados para auxiliar os gestores a identificarem se suas organizações estão “saindo-se melhor do que ontem, inclusive se estão indo tão bem quanto, ou melhor, ou pior que seus concorrentes”. Os indicadores servem para registrar o progresso, para informar aos funcionários o que realmente importa e para suportar um sistema de recompensas. Entre os benefícios de um sistema de mensuração podemos citar: a capacidade da organização em identificar o que pode ser melhorado; a visibilidade que os indicadores proporcionam; e a possibilidade de comparar-se com as demais organizações ou comparar o desempenho organizacional através do tempo. Alguns cuidados básicos que devem ser tomados na seleção de indicadores são: a) evitar o excesso de indicadores; b) usar indicadores cuja captação seja natural nos processos, ou seja, os indicadores devem ser fáceis de serem coletados; c) comunicar a todos o objetivo da coleta dos indicadores e o que será feito com os resultados obtidos; d) analisar o comportamento dos indicadores no tempo; e) divulgar os resultados da análise dos indicadores. Os indicadores específicos de GC podem ser divididos em indicadores de processo e indicadores de resultado. Os indicadores de processo, também chamados de indicadores de tendência ou indicadores de esforço, propõem-se a evidenciar iniciativas da organização quanto ao processo de GC. Já os indicadores de resultado refletem o alcance dos objetivos operacionais ou estratégicos. No entanto, os indicadores de esforço não significam obviamente resultado (isto é, efetividade da GC). E os indicadores de resultado não dependem só da GC (entram também a situação macroeconômica, a capacidade de investimento etc.). A qualidade só pode ser obtida através do equilíbrio de dois tipos de indicadores: as medidas de desempenho do processo e as medidas de desempenho do output. As medidas de desempenho do processo monitoram as atividades do processo e motivamas pessoas participantes. Estes indicadores são muito utilizados para previsão e resolução de problemas. Já os indicadores de desempenho do output refletem o resultado de um processo. Estas medidas são reportadas para a alta gerência, que as utiliza para controlar os recursos. 108 UNIDADE 2 | IMPLANTANDO A GESTÃO DO CONHECIMENTO NAS ORGANIZAÇÕES; TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO, INFRA- ESTRUTURA E FERRAMENTAS PARA A GESTÃO DO CONHECIMENTO; INDICADORES E REPRESENTAÇÃO DO CONHECIMENTO Além dessa classificação, os indicadores também podem ser qualitativos ou quantitativos, e, na maioria das vezes, torna-se necessário utilizar indicadores qualitativos, pois estão associados à necessidade de mensurar aspectos comportamentais. Os indicadores ainda podem ser financeiros ou não financeiros. Os indicadores financeiros focam no retorno sobre o investimento, no valor presente líquido, no retorno do conhecimento, entre outros. Nota-se que os indicadores financeiros são mais adequados quando utilizados como indicadores de resultado, pois eles não avaliam as fases do processo, mas o resultado final, ou seja, o resultado financeiro. Já os indicadores não financeiros utilizam frequência, tempo e quantidade. Estes parecem mais adequados quando utilizados como indicadores de tendência, já que eles podem avaliar as etapas do processo de GC. Os indicadores podem ser classificados como internos ou externos. Os internos têm como objetivo mensurar os resultados e o processo dentro da organização. Os indicadores externos, por sua vez, se destinam às comparações externas, o benchmarking. Os indicadores de tendência identificados na literatura estão relacionados com as seguintes etapas do processo de Gestão do Conhecimento: f) criação: quantidade de grupos de discussão sobre inovação de processos ou produtos, quantidade de contribuições válidas para a memória organizacional/ intranet; g) armazenamento: quantidade de mensagens ou documentos armazenados no sistema, número de usuários cadastrados que utilizam o sistema, qualidade do conhecimento armazenado, avaliação de experts para verificar a qualidade, quantidade de edições ou atualizações feitas, grau de atualização do conhecimento, feedback dos usuários; h) disseminação: quantidade de comunidades de prática ativas, estatísticas de uso da memória organizacional/intranet, percepção dos colaboradores em relação aos meios de comunicação interna disponíveis; custo de distribuição; i) utilização: quantidade de sugestões úteis incorporadas aos processos produtivos e/ou produtos; estatísticas de utilização do sistema, estatísticas de utilização dos mecanismos de busca; número de ideias ou patentes; j) mensuração: comparação entre quantidade de horas planejadas para as atividades de mensuração e a quantidade de horas utilizadas, número de avaliações realizadas em comparação com o plano; k) todas as etapas: índice de desempenho da gestão do conhecimento. Com relação aos indicadores da etapa de criação, nota-se que os indicadores são todos quantitativos, ou seja, têm como objetivo mensurar apenas a quantidade de novos conhecimentos criados pela organização. TÓPICO 3 | FERRAMENTAS PARA A PRÁTICA DE GESTÃO DO CONHECIMENTO, OS INDICADORES/AGENTES TECNOLÓGICOS E O COMPARTILHAMENTO DO CONHECIMENTO 109 Para mensurar a fase de armazenamento é necessário recorrer às estatísticas do sistema que armazena os conhecimentos da organização. Estes indicadores devem ser utilizados com cuidado, pois deve ser analisada também a disponibilidade dos sistemas. Além disso, sugerem-se indicadores que identifiquem se os conhecimentos armazenados são válidos, atuais e de qualidade. Estes são indicadores difíceis de colocar em prática, pois alguns deles envolvem toda a organização, como é o caso do feedback dos usuários. Neste caso, para cada conhecimento, o sistema deve solicitar aos leitores que atribuam uma nota de forma a classificar os conhecimentos. Alguns aspectos podem ser considerados do ponto de vista quantitativo (por exemplo, quantidade de atualizações) e qualitativo (grau de atualização do conhecimento). Já com relação à etapa de disseminação, constata-se que os indicadores são, em sua maioria, quantitativos. Ela sugere apenas um indicador qualitativo que tem como objetivo mensurar a percepção dos funcionários quanto aos meios de comunicação disponíveis na organização. Já os indicadores da etapa de disseminação devem estar focados em confiabilidade, integridade e acessibilidade. Além disto, a organização deve mensurar o custo de distribuição do conhecimento. A etapa de utilização se foca na aplicação do conhecimento armazenado e disseminado, com indicadores quantitativos. Para a etapa de mensuração é possível utilizar indicadores que verificam se o processo está sendo mensurado efetivamente. A área de desenvolvimento de software utiliza indicadores semelhantes que podem ser adaptados para a fase de mensuração da GC. A elaboração de um plano com detalhes de como as avaliações serão conduzidas. Desta forma, os indicadores são baseados na comparação entre o que foi realizado com o que foi planejado. A quantidade de avaliações realizadas em comparação com o que foi planejado é um exemplo. Outro indicador de tendência sugerido é o índice de desempenho da gestão do conhecimento. O cálculo deste indicador é baseado na avaliação de cada etapa do processo de GC. Desta forma, se a eficiência do processo de GC for melhorada, isso é refletido diretamente no indicador. Nota-se que este indicador não pode ser associado a uma etapa específica, pois ele tem como objetivo avaliar todas as etapas do processo de GC. Os indicadores identificados na literatura formam em número reduzido, sendo que cada autor apresenta os seus indicadores, que podem ser associados às diferentes fases do processo de gestão do conhecimento ou ao resultado do mesmo. Desta forma, percebe-se que este ainda é um tópico a ser investigado, pois as organizações necessitam ter instrumentos que permitam identificar a efetividade do processo de gestão do conhecimento. FONTE: Disponível em: . Acesso em: 16 jan. 2016. 110 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico você aprendeu que: • Davenport e Prusak (1998) apresentam sua proposta de classificação das tecnologias da prática da GC agrupando o software nas seguintes categorias: sistemas periciais e inteligência artificial, repositórios de conhecimento amplo, sistemas de conhecimento em tempo real, ambientes de conhecimento voltado para a web, e sistemas de análise de prazo mais longo. • Ferramentas descritas por Terra (2004) que possibilitam a prática de GC: Ferramentas Baseadas na Intranet, Gestão Eletrônica de Documentos (GED), Groupware, Workflow, Sistemas para Construção de Bases Inteligentes de Conhecimento, Business Intelligence (BI), Mapa de Conhecimento e Ferramentas de Apoio à Inovação. • A GC pode ser sintetizada como um processo articulado e intencional, destinado a sustentar ou a promover o desempenho global de uma organização cujas bases são a criação e a circulação de conhecimento. • As práticas de GC são divididas em três áreas distintas: Gestão de Pessoas, Processos facilitadores da GC e a Base Tecnológica e Funcional de Suporte à GC. o Gestão de Pessoas compreende elementos que facilitam a obtenção de informação e GC, assim como o controle de seus processos: Fóruns presenciais e virtuais; Lista de discussão; Comunidades de prática ou comunidades de conhecimento; Educação corporativa; Narrativas; Mentoring; Coaching; Universidade corporativa. o Processos facilitadores da GC consistem em: Melhores Práticas (Best Practices); Benchmarking interno e externo; Memória organizacional/ Lições aprendidas/Banco de conhecimentos; Sistemas de inteligência organizacional; Mapeamento ou auditoria do conhecimento; Sistema de gestão por competências; Banco de competências organizacionais; Banco de competências individuais;AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................152 XI TÓPICO 3 – SISTEMAS DE HIPERMÍDIA ADAPTATIVA .........................................................153 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................153 2 CICLO DE VIDA ADAPTATIVO ....................................................................................................155 3 NÍVEIS DE ADAPTAÇÃO ................................................................................................................157 4 MÉTODOS ADAPTATIVOS ............................................................................................................157 4.1 MÉTODOS DE CONTEÚDO ADAPTATIVO ............................................................................157 4.2 MÉTODOS DE APRESENTAÇÃO ADAPTATIVA ...................................................................158 4.3 MÉTODOS DE NAVEGAÇÃO ADAPTATIVA .........................................................................159 5 TÉCNICAS ADAPTATIVAS .............................................................................................................159 5.1 TÉCNICAS PARA CONTEÚDO ADAPTATIVO ......................................................................160 5.2 TÉCNICAS DE APRESENTAÇÃO ADAPTATIVA ...................................................................160 5.3 TÉCNICAS DE NAVEGAÇÃO ADAPTATIVA .........................................................................161 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................162 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................164 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................165 XII 1 UNIDADE 1 CONHECIMENTO EXPLÍCITO E TÁCITO, ESPIRAL DO CONHECIMENTO, ERA DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO, SOCIEDADE DO CONHECIMENTO E O COMPARTILHAMENTO DO CONHECIMENTO, GESTÃO DO CONHECIMENTO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • identificar os conhecimentos explícitos e tácitos; • conhecer como é gerada a Espiral do Conhecimento; • compreender a era do conhecimento, bem como compartilhar o conhecimento; • conhecer o que é, e a importância da Gestão do Conhecimento. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – CONHECIMENTO EXPLÍCITO E TÁCITO, ESPIRAL DO CONHECIMENTO TÓPICO 2 – SOCIEDADE DO CONHECIMENTO, COMPARTILHAMENTO DO CONHECIMENTO TÓPICO 3 – GESTÃO DO CONHECIMENTO 2 Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 CONHECIMENTO EXPLÍCITO E CONHECIMENTO TÁCITO, ESPIRAL DO CONHECIMENTO, ERA DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO 1 INTRODUÇÃO O conhecimento é “a capacidade para agir”. Este difere da informação porque é dinâmico, humanístico e contextual. Dinâmico porque vive em constante mutação; humanístico porque ele está nas pessoas e sua transmissão e criação dependem da interação entre elas; e contextual porque a informação que se aplica num momento não necessariamente será aplicada em outro (AZEVEDO, 2005). A diferença entre informação e conhecimento está nas pessoas, porque estas possuem experiências, valores, crenças, know-how e insights que as ajudam a discernir e julgar o uso apropriado da informação. A internet, por exemplo, está repleta de informações, mas o uso da informação capturada na rede depende da capacidade que o usuário tem em combiná-la com suas experiências, crenças, know-how; e também, do entendimento do seu contexto para, então, poder agir. Em suma, quando o usuário dá sentido àquela informação, conseguindo aplicá- la, ele a transforma em conhecimento (AZEVEDO, 2005). FIGURA 1 - DA INFORMAÇÃO AO CONHECIMENTO FONTE: Disponível em: . Acesso em: 4 jan. 2016. UNIDADE 1 | CONHECIMENTO EXPLÍCITO E TÁCITO, ESPIRAL DO CONHECIMENTO, ERA DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO, SOCIEDADE DO CONHECIMENTO E O COMPARTILHAMENTO DO CONHECIMENTO, GESTÃO DO CONHECIMENTO 4 A citação amplamente aceita é a de Davenport e Prusak (1998), que nos diz: “O conhecimento é definido como sendo uma mistura fluida de experiência condensada, valores e informação contextual, que proporciona uma estrutura para a avaliação e incorporação de novas experiências e informações. Ele tem origem e é aplicado na mente dos colaboradores. O conhecimento organizacional é o conhecimento tácito e explícito de cada organização”. A explicação detalhada sobre os tipos de conhecimentos tácitos e explícitos será apresentada ainda neste tópico. NOTA A presença do conhecimento na história do ser humano vai além de passagens históricas, ideias ou crenças, e representa o eixo estruturante do desenvolvimento das comunidades, regiões e organizações. A constatação de que a gestão competente do conhecimento é determinante da capacidade de as pessoas lidarem com o ambiente em acelerada transformação e crescente complexidade caracteriza a mudança de valores na sociedade atual (TERRA, 2000). Conhecimento é uma mistura fluida de experiência condensada, valores, informação contextual e insight experimentado, a qual proporciona uma estrutura para avaliação e incorporação de novas experiências e informações. Ele tem origem e é aplicado na mente dos conhecedores. Nas organizações, ele costuma estar embutido não só em documentos ou repositórios, mas também em rotinas, processos, práticas e normas organizacionais (DAVENPORT; PRUSAK, 1998, p. 6). Para Peter Ferdinand Drucker (1999, p. 100), a gestão relativa a trabalhadores do conhecimento se deve essencialmente à comunicação e à relação entre pessoas de uma organização. Defende que “o saber nasce da interação entre pessoas. Medir o capital intelectual é impossível. É jogar dinheiro fora”. Enfim, para este mesmo autor, os pilares de uma empresa serão modificados: • O significado da produção é o conhecimento, que é propriedade dos trabalhadores do conhecimento e é facilmente transportável. • Há cada vez mais trabalhadores externos, temporários ou com dedicação parcial. TÓPICO 1 | CONHECIMENTO EXPLÍCITO E CONHECIMENTO TÁCITO, ESPIRAL DO CONHECIMENTO, ERA DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO 5 • A concentração do negócio inteiro dentro da empresa não funciona mais, pois o conhecimento necessário para uma atividade é altamente especializado e sai muito caro contratar todos os funcionários que têm um dos conhecimentos necessários. • Agora o cliente possui a informação. • Restam poucas tecnologias únicas; as indústrias precisam dominar muitas tecnologias diferentes, com as quais nem sempre estão familiarizadas (DRUCKER,1999, p. 102). Podemos ser especialistas em uma área, aquela em que possuímos um feeling maior, que conhecemos mais. Porém, existem áreas periféricas ao nosso trabalho onde podemos sobrepor nossos conhecimentos com o de outras pessoas que têm algo em comum em outras áreas de conhecimento. É fundamental criar um elemento de troca de conhecimento com outros profissionais com quem convivemos. É importante ser especialista em um ponto e generalista o máximo possível em todas as áreas que envolvem nossa atuação, só isso cria uma uniformidade na empresa. Para termos novas ideias, sermos criativos e competitivos, a melhor estratégia está na constante troca do conhecimento entre as pessoas e no trabalho em equipe. Nunca devemos guardar, esconder ou adiar nossasGestão do capital intelectual ou gestão dos ativos intangíveis. o Base Tecnológica e funcional de suporte à GC: Intranets e Extranets; Sistemas de workflow; Gestão Eletrônica de Documentos (GED); Data Warehouse; Data Mining; Costumer Relationship Management (CRM): call-center, GED, workflow, workgroup, data warehouse, base de dados, inteligência competitiva; Decision Support System (DSS); Enterprise Resource Planning (ERP); Key-Performance Indicators (KPI). 111 • A representação de conhecimento é denominação dada aos métodos usados para modelar o conhecimento relacionado a um certo domínio de problema, através dos quais busca-se o desenvolvimento de sistemas computacionais com certa faculdade de raciocínio sobre esta representação. • Para Araújo (2003), representar conhecimento é o ato de documentar ou expressar, pela linguagem simbólica, textual ou algorítmica, os fatos e as ações, de modo que possam ser corretamente interpretadas e reconstruídas por uma outra entidade. • A Inteligência Artificial Simbólica (IAS) é caracterizada por tentar, simplesmente, simular o comportamento inteligente sem preocupar-se com os mecanismos responsáveis por esta inteligência e por fundamentar-se na hipótese de que a inteligência é consequência da manipulação formal de símbolos. • Os principais esquemas da IAS são as Regras de Produção, os Quadros e Roteiros (ou frames e scripts), a Lógica das Proposições e dos Predicados, as Redes Semânticas e Classificação por Abordagem (HEINZLE, 2011). • As empresas procuram indicadores úteis da GC de forma a avaliarem e a controlarem melhor as suas iniciativas em GC, em CI ou na gestão do seu Capital Intelectual. • Os indicadores de resultados refletem o alcance dos objetivos operacionais ou metas estratégicas, sem dependerem de forma exclusiva das iniciativas de GC. Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. CHAMADA 112 1 Explique como ocorrem as práticas da GC através das ferramentas Business Intelligence (BI), Mapa de Conhecimento e Ferramentas de Apoio à Inovação. 2 Por que a representação do conhecimento trata-se de um conjunto de convenções sintáticas e semânticas? 3 Como é caracterizada a Inteligência Artificial Simbólica (IAS)? AUTOATIVIDADE 113 UNIDADE 3 INTELIGÊNCIA COMPETITIVA E GESTÃO POR COMPETÊNCIA. UNIVERSIDADE CORPORATIVA. ONTOLOGIAS, WEB SEMÂNTICAS E SISTEMAS DE HIPERMÍDIA ADAPTATIVA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • reforçar a importância dos papéis da inteligência competitiva e gestão de competências nas organizações; • conhecer como a universidade corporativa vem em auxílio à gestão de conhecimento; • compreender os conceitos e aplicações da ontologia e web semântica na área de gestão de conhecimento; • identificar a importância de sistema hipermídia adaptativa, seus métodos e técnicas a favor de uma gestão do conhecimento. Esta unidade está organizada em três tópicos. Em cada um deles você encontrará diversas atividades que o(a) ajudarão na compreensão das informações apresentadas. TÓPICO 1 – INTELIGÊNCIA COMPETITIVA, GESTÃO POR COMPETÊNCIA E UNIVERSIDADE CORPORATIVA TÓPICO 2 – ONTOLOGIAS E WEB SEMÂNTICAS TÓPICO 3 – SISTEMAS DE HIPERMÍDIA ADAPTATIVA 114 Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 115 TÓPICO 1 INTELIGÊNCIA COMPETITIVA, GESTÃO POR COMPETÊNCIA E UNIVERSIDADE CORPORATIVA UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO A Inteligência Competitiva (IC) é um instrumento utilizado para analisar e avaliar as informações que obtemos e identificar quais são as potenciais oportunidades e ameaças a fim de buscar soluções de forma inteligente e com vantagens competitivas ao mercado de atuação. Para Serpro (2016), a IC é um processo sistemático e ético de coleta, tratamento, análise e disseminação da informação sobre atividades dos concorrentes, tecnologias e mercado, visando subsidiar a tomada de decisão e atingir as metas estratégicas da empresa. Para uma organização de sucesso a IC deve acontecer. O processo de inteligência competitiva teve sua origem nos métodos utilizados pelos órgãos de inteligência governamentais, que visavam basicamente identificar e avaliar informações ligadas à defesa nacional durante a Guerra Fria. A IC começou a ser adotada pelas empresas no início dos anos 80, como uma resposta às novas exigências de um mercado globalizado e de acirrada concorrência. A produção orientada para as necessidades do consumidor passou a não ser mais suficiente para garantir o sucesso organizacional. Foi preciso começar a monitorar a concorrência e novas tecnologias para poder identificar ameaças e antecipar oportunidades que permitam conquistar uma posição competitiva favorável (SERPRO, 2016). UNIDADE 3 | INTELIGÊNCIA COMPETITIVA E GESTÃO POR COMPETÊNCIA. UNIVERSIDADE CORPORATIVA. ONTOLOGIAS, WEB SEMÂNTICAS E SISTEMAS DE HIPERMÍDIA ADAPTATIVA 116 FIGURA 37 - POSIÇÃO COMPETITIVA FAVORÁVEL FONTE: Disponível em: . Disponível em: 1º mar. 2016. Em seu portal, Hilsdorf (2010) nos diz que algumas das vantagens de nos dedicarmos à Inteligência Competitiva, independentemente do tamanho na nossa empresa, são: • Minimizar surpresas advindas dos concorrentes. • Identificar oportunidades e ameaças. • Obter conhecimento relevante para formular nosso planejamento. • Aprender com os erros, acertos e apostas da concorrência. • Compreender que tipo de impacto nossas ações estratégicas terão sobre nossos concorrentes. • Compreender a repercussão de nossas ações no mercado. • Rever e realinhar nossa estratégia. • Garantir meios para uma maior sustentabilidade do negócio. Segundo o palestrante Carlos Hilsdorf (2010), o objetivo da Inteligência Competitiva é ampliar as condições de competitividade de uma empresa, reorientando seu modelo de negócios, suas metas, planejamentos etc. IMPORTANTE TÓPICO 1 | INTELIGÊNCIA COMPETITIVA, GESTÃO POR COMPETÊNCIA E UNIVERSIDADE CORPORATIVA 117 Miller (2002, p. 158) destaca as principais funções da IC: • Alertar, com a devida antecipação, para o surgimento de oportunidades e ameaças; • subsidiar o processo de tomada de decisão; • avaliar e monitorar concorrentes, setores de negócios e tendências sociológicas e políticas; e • subsidiar o planejamento estratégico e a estratégia do processo. Vale destacar que uma informação poderá ser valiosa para uma empresa e desprezável para outras, e suas principais funções variam de empresa para empresa. IMPORTANTE Por fim, segundo Canongia (2004, p. 236), “a Gestão do Conhecimento promove a codificação e a circulação do conhecimento internamente, enquanto a Inteligência Competitiva fornece meios para adquirir conhecimento sobre o ambiente externo, conhecimento esse que pode ser, em grande parte, introduzido na rede interna de circulação”. Organizações que trabalham com Inteligência Competitiva conseguem definir suas TICs de forma mais madura e assertiva e passam a atuar com uma gestão de competência onde, segundo Smaneoto (2002, p. 16): Implica em conduzir a empresa separando as funções segundo as competências necessárias para o seu exercício, portanto, competência refere-se sempre às características de uma pessoa individual. Acondicionam-se sempre em torno de conhecimentos, habilidades, capacidades e personalidade, que afetam diretamente o respectivo desempenho no trabalho. Tem-se então que: A gestão por competência apareceu para responder a questões particulares do cenário empresarial, onde se torna emergencial a sua metodologia de gestão, representando assim uma tentativa de responder às necessidades e dominar a concorrência num mercadoglobalizado, às exigências por agilidade, diferenciação e inovação contínua, às demandas de aprendizagem e de criação do conhecimento para lidar com questões inéditas e surpreendentes que surgem a cada dia no contexto organizacional (SMANEOTO, 2002, p. 17). UNIDADE 3 | INTELIGÊNCIA COMPETITIVA E GESTÃO POR COMPETÊNCIA. UNIVERSIDADE CORPORATIVA. ONTOLOGIAS, WEB SEMÂNTICAS E SISTEMAS DE HIPERMÍDIA ADAPTATIVA 118 Queiroz (2011, p. 5) enfatiza que “a gestão por competências é um modelo gerencial baseado no pressuposto de que o bom desempenho de pessoas e organizações está relacionado ao domínio de certos recursos”. Segundo Fleury e Fleury (2001), esse modelo visa reduzir a diferença entre as competências necessárias à realização da estratégia organizacional e aquelas já disponíveis na organização. FIGURA 38 - GESTÃO POR COMPETÊNCIA FONTE: Disponível em: . Acesso em: 2 mar. 2016. Para Chiavenato (2004), esse constructo se refere a um modelo sistematizado que objetiva a definição de perfis profissionais a fim de maior produtividade e adequação ao negócio da organização, identificando os pontos fortes e os pontos fracos, suprindo lacunas e agregando conhecimento, tendo por base critérios objetivos e passíveis de mensuração. Partindo destas premissas, a gestão por competências é uma alternativa aos modelos gerenciais empregados tradicionalmente com a proposta de entender quais são as competências organizacionais fundamentais para a organização, desdobrando- as em competências profissionais e desenvolvendo-as em seus trabalhadores. É uma metodologia de gestão atual que tem como foco o mercado, o negócio e o desenvolvimento profissional contínuo. Segundo Vieira (2004, p. 8), o tema competência foi abordado nos estudos feitos por David McClelland (FLEURY; FLEURY, 2000) no início da década de 70, quando participava de processo de seleção de pessoal para o Departamento de Estado americano. Em 1973, no artigo Testing for competence rather than intelligence, ele afirmava que os testes tradicionais de conhecimento e inteligência utilizados em seleção, além de não serem capazes de predizer o sucesso do candidato no trabalho e na vida, favoreciam preconceitos contra minorias, mulheres e pessoas de nível socioeconômico inferior. A partir dessa constatação, McClelland dedicou-se a encontrar métodos de avaliação que permitissem identificar variáveis de competência capazes de predizer êxito no trabalho e na vida. TÓPICO 1 | INTELIGÊNCIA COMPETITIVA, GESTÃO POR COMPETÊNCIA E UNIVERSIDADE CORPORATIVA 119 Desde os anos 90, modelos de gestão de competências têm sido introduzidos no Brasil, mas nem sempre trazendo resultados positivos. Normalmente, as organizações demoram a conseguir estabelecer uma administração mais profissional e capaz de investir na utilização do potencial humano, ao invés de focar exageradamente a redução de custos. Como consequência, as pessoas continuam subaproveitadas e submetidas a injustiças salariais. FONTE: VIEIRA, Adriane. GARCIA, Fernando Coutinho. Gestão do Conhecimento e das Competências Gerenciais: Um estudo de caso na Indústria Automobilística. RAE-eletrônica 2004. Disponível em: . Acesso em: 6 mar. 2016. 2 GESTÃO DO CONHECIMENTO EDUCACIONAL ORGANIZACIONAL Ward e Aurum (2004) apresentam a definição do conhecimento como entendimento, consciência e aprendizado através de estudos e pesquisas, investigações, observações ou experiências ao longo do tempo. A aprendizagem e a gestão do conhecimento são fenômenos estudados em diversas áreas do conhecimento. Nas instituições de ensino devem existir incentivos à produção de conhecimento mesmo que ainda não identificado. A pesquisa, uma atividade que representa um dos pilares da administração escolar moderna, exige, muitas vezes, abstrações e experimentos, e este conhecimento, embora indefinido e não classificado, pode ainda não apresentar maturação suficiente para sua formalização, mas poderá gerar uma inovação quando concluído e formalizado (NETO; AZEVEDO, 2016). Tomando como base o conceito de Fleury e Fleury (2005) no qual a aprendizagem é caracterizada como um processo de modificações provenientes de experiências anteriores, sejam elas manifestadas ou não em uma mudança de comportamento visível, surgem indagações acerca da propriedade dos conhecimentos gerados pelos processos de aprendizagem nas organizações. Afinal, a aprendizagem ocorrida nas organizações é um fenômeno individual ou organizacional? Ao comparar a aprendizagem individual com a organizacional, Garvin et al. (1998) explicitam uma característica comum entre elas: ambas se dão em quatro estágios: conscientização, compreensão, ação e análise, expressos graficamente na figura a seguir. UNIDADE 3 | INTELIGÊNCIA COMPETITIVA E GESTÃO POR COMPETÊNCIA. UNIVERSIDADE CORPORATIVA. ONTOLOGIAS, WEB SEMÂNTICAS E SISTEMAS DE HIPERMÍDIA ADAPTATIVA 120 FIGURA 39 - QUATRO ESTÁGIOS DO APRENDIZADO INDIVIDUAL E ORGANIZACIONAL FONTE: Adaptado de Garvin et al. (1998) Thompson (2011, p. 7) nos explica que a principal diferença entre tais estágios é que na aprendizagem organizacional eles representam tarefas realizadas coletivamente, sendo assim, ocorre uma conscientização compartilhada da necessidade da aprendizagem e uma compreensão coletiva das atividades que devem ser realizadas e que são o ponto de partida para as ações em equipe relacionadas à estratégia e às metas da organização. Posteriormente essas ações serão submetidas à análise conjuntamente pela equipe, levando-a a inferir conclusões sobre o conhecimento construído. Percorridos os quatro estágios descritos, dá-se início a um processo mais abrangente: o de reflexão. Nesse momento, os indivíduos envolvidos no processo de aprendizagem questionam e avaliam cada um dos estágios anteriores, tendendo a tornarem-se, ao longo do tempo, aprendizes mais eficazes e mais conscientes de seus processos de aprendizagem organizacional. FONTE: Disponível em: . Acesso em: 6 mar. 2016. No que tange ao processo educacional contemporâneo, a gestão do conhecimento (GC) é considerada imprescindível para otimizar o tempo, o espaço e os recursos; estabelecimento da cultura de aquisição e compartilhamento por meio de processos de mediação; aproveitamento dos capitais intelectuais e interatividade dos recursos humanos; melhor qualidade, eficiência e dedicação educacionais; mais entendimento dos processos informacionais para a tomada de decisões, com vista a melhores resultados educativos (LLARENA, 2015). Segue nos explicando Llarena (2015, p. 10): O processo de GC para os desafios educacionais se efetiva por meio da mediação, da ação de aproximar o sujeito do objeto de que ele necessita para realizar sua ação. Esse objeto conjunto de materiais culturais e informacionais desenvolve-se pela contribuição da GC, uma vez que favorece a produção de novos conhecimentos. Portanto, se podemos realizar GC nas ações das mais simples até as mais complexas, também é importante a formação educacional em e/ou para GC. Desse feito, pensamos ser possível aprender, desde as séries iniciais, a lidar com esse tipo de gestão e aplicá-la em contextos diferenciados de maneira natural por processos mediativos. TÓPICO 1 | INTELIGÊNCIA COMPETITIVA, GESTÃO POR COMPETÊNCIA E UNIVERSIDADE CORPORATIVA 121 Para Pozo (2008), uma das metas essenciais da educação, para poder atender às exigências dessa nova sociedade da aprendizagem, seria, portanto, fomentar nos usuários capacidades de gestão do conhecimento ou, se preferirmos, de gestão metacognitiva, para além da aquisição de conhecimentos pontuais concretos. Esse é o único meio de ajudá-los a enfrentar as tarefas e os desafios que os aguardam na sociedade do conhecimento. Além de muitas outras competências interpessoais, afetivas e sociais, anova cultura da aprendizagem requer, no mínimo, ensinar aos alunos, a partir das diferentes áreas do currículo, cinco tipos de capacidades para a gestão metacognitiva do conhecimento: • Competências para a aquisição de informação. • Competências para a interpretação da informação. • Competências para a análise da informação. • Competências para a compreensão da informação. • Competências para a comunicação da informação. (POZO, 2007, p. 3). 3 GESTÃO DO CONHECIMENTO E UNIVERSIDADES CORPORATIVAS A Universidade Corporativa (UC) tem como um dos principais objetivos o desenvolvimento de seus colaboradores, formando e desenvolvendo talentos (MENDES, 2009). Ainda nos explica Mendes que a integração (ligação) da GC à UC se realiza através de uma grade educacional adequada à realidade, que, suportada por uma boa infraestrutura, pode valorizar o colaborador, criando uma cultura apropriada de conhecimentos, onde se valorizem as bases mais conhecidas da Gestão de Conhecimento (coleta, armazenamento, compartilhamento de informações), gerando novos conhecimentos em um ciclo contínuo. Desta forma, com o aprendizado fazendo parte do cotidiano, poderemos aumentar as competências e qualificações, gerar novos processos, novas tecnologias, novos serviços, ganhando novos clientes e mercados. As principais características da Universidade Corporativa são: divulgar as metas e estratégias da organização voltadas ao ambiente de negócios da organização; disseminar o conhecimento, com amplo público-alvo; inovação é a palavra-chave; capital intelectual, capacitar seus funcionários, clientes e fornecedores; absorção de conhecimento de diversas áreas da organização; e uso do conhecimento como vantagem competitiva (MENDES, 2009). Por fim, podemos enfatizar que ao aplicar universidades corporativas nas organizações é possível controlar o processo de desenvolvimento e, consequentemente, administrar suas metas e estratégias com o objetivo de atingir os conhecimentos inovadores. UNIDADE 3 | INTELIGÊNCIA COMPETITIVA E GESTÃO POR COMPETÊNCIA. UNIVERSIDADE CORPORATIVA. ONTOLOGIAS, WEB SEMÂNTICAS E SISTEMAS DE HIPERMÍDIA ADAPTATIVA 122 FIGURA 40 - GESTÃO E UNIVERSIDADES CORPORATIVAS FONTE: Disponível em: . Disponível em: 2 mar. 2016. Existem inúmeros casos de empresas que trabalham com áreas altamente técnicas, como, por exemplo, aviação, química e petróleo, e que constatam carência de profissionais “superespecialistas” no mercado. Para suprir este espaço, algumas empresas passaram a contratar recém-formados e já os encaminham à sua universidade para dar continuidade ao seu aprendizado, apoiado por um currículo adaptado à sua realidade. Podemos citar como exemplos destes casos: Petrobras, IBM, Embraer e Vale do Rio Doce (MENDES, 2009). É notável a disseminação das estruturas de aprendizagem nos moldes de uma Universidade Corporativa, onde pessoas melhor educadas tendem a formar coletivos inteligentes, que, por sua vez, tendem a se organizar em torno de uma nova cultura (de trabalho e de vida), levando a um novo padrão das relações sociais, embora ainda que tais relações sejam travadas nas fronteiras do sistema capitalista. Martins (2016, p. 3) conclui seu pensamento nos dizendo que “os investimentos em educação corporativa devem ter como escopo a busca incessante por produção e difusão de tecnologia e por uma cultura de inovação, com as quais será construída uma vantagem competitiva sustentável”. O desenvolvimento de pessoas tem sido um dos temas mais evidenciados nessa contribuição de Recursos Humanos ao desenvolvimento das organizações. Entendido como um diferencial competitivo, tal desenvolvimento vem se revestindo de dimensões pouco exploradas até então. IMPORTANTE TÓPICO 1 | INTELIGÊNCIA COMPETITIVA, GESTÃO POR COMPETÊNCIA E UNIVERSIDADE CORPORATIVA 123 Qualquer empresa que tenha aspirações ao sucesso no ambiente de negócios de peso deve primeiro resolver um problema básico: o sucesso no mercado depende cada vez mais do aprendizado (VERGARA, 2002). Para Cardoso e Carvalho (2006, p. 3), o que se verifica no campo de perspectivas organizacionais é que: A universidade corporativa passa a ser um subsídio para o aprendizado contínuo e de desenvolvimento através de um novo modelo de organização do trabalho, onde a base é o conhecimento na formação de valor. A explicação para o fato de tantas empresas aderirem às UCs revela a necessidade de desenvolver um programa de treinamento e capacitação, tendo por base a realidade local e, através dessa ferramenta, permitir adequar a capacitação necessária. De acordo com Terra e Bomfim (2005, p. 1-2), as universidades corporativas atuais são distintas das pioneiras: antigamente elas atendiam basicamente o pessoal mais graduado e de maneira presencial, hoje agem sobre todos os funcionários da corporação e têm de se manter com recursos próprios, implicando na abertura de salas de aula para públicos externos, como os clientes e fornecedores, e investem pesado em tecnologia para viabilizar ferramentas de ensino a distância. Por fim, Santos e Silva (2011) concluem que o conhecimento é ferramenta vital para as organizações, e as universidades corporativas ganham visibilidade no mercado, por criarem a expectativa em gerir conhecimento na nova era e, através do compromisso em fazê-lo, destacam-se como fonte de vantagem competitiva sustentável, uma vez que está continuamente sendo renovada. UNIDADE 3 | INTELIGÊNCIA COMPETITIVA E GESTÃO POR COMPETÊNCIA. UNIVERSIDADE CORPORATIVA. ONTOLOGIAS, WEB SEMÂNTICAS E SISTEMAS DE HIPERMÍDIA ADAPTATIVA 124 LEITURA COMPLEMENTAR APRENDIZAGEM, CRIATIVIDADE, FORMATOS DO CONHECIMENTO E O PAPEL DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Aprender com a experiência, aplicar o conhecimento adquirido da experiência, tratar situações complexas, resolver problemas quando faltam informações importantes, determinar o que é importante, ter capacidade para raciocinar e pensar, reagir rápida e corretamente a novas situações, compreender imagens visuais, processar e manipular símbolos, ser criativo e imaginativo, utilizar heurística são algumas das características de um comportamento inteligente a ser otimizado na execução de qualquer atividade funcional em uma empresa, e são também características em que se observa uma nítida correlação entre conhecimento, aprendizagem e criatividade. Pode-se dizer que a aprendizagem organizacional ocorre quando seus membros experimentam uma situação-problemática e questionam/investigam/ refletem em favor da organização. Experimentam um desafio entre o esperado e os resultados atuais das ações. Respondem a este desafio por meio de um processo de pensamento e ação subsequente que conduz à modificação de suas imagens da organização, de suas compreensões sobre os fenômenos organizacionais, bem como à reestruturação de suas atividades de modo a tornar evidentes os resultados e as expectativas. O produto de tais aprendizagens pode assumir várias formas e inclui: a) interpretações das experiências passadas de sucesso ou fracasso; b) inferências sobre as conexões causais entre as ações e resultados e suas implicações para ações futuras; c) descrições do ambiente organizacional em mudança e as demandas quanto ao desempenho futuro; d) análise dos limites e potencialidades de estratégias, de estruturas, técnicas e de sistemas informacionais e de incentivo alternativos; e) descrição de visões e interesses conflitantes que surgem na organização sob condições complexas e incertas; f) imagens de realizações futuras e invenção de meios para atingi-los; g) reflexão crítica sobre as teorias de ação em uso e propostas para a sua reestruturação; h) descrição e análise das experiências da organização. Normalmente, na visão ocidental, influenciada sobretudo pelos EUA, muitas das práticas entendidas como conhecimento focam-se na coleta, distribuição, reutilização e mensuraçãodo conhecimento e da informação codificada existente. As pessoas envolvidas com estas práticas geralmente TÓPICO 1 | INTELIGÊNCIA COMPETITIVA, GESTÃO POR COMPETÊNCIA E UNIVERSIDADE CORPORATIVA 125 enxergam a tecnologia da informação como uma melhor forma de capturar e distribuir este conhecimento explícito, sendo esta visão medida pelo retorno destes investimentos em resultados econômicos de curto prazo. Na visão oriental, notadamente influenciada pelo Japão, a criação do conhecimento recebe mais atenção, com uma ênfase no desenvolvimento de condições que favoreçam o intercâmbio do conhecimento tácito dos indivíduos em um processo social através do qual novos conhecimentos são desenvolvidos. O sucesso é medido pela capacidade de gerar inovações a longo prazo. Há, então, uma radical diferença entre a ênfase norte-americana, dada a distribuição e reutilização do conhecimento explícito, enquanto o foco principal no Japão é estabelecer condições que encorajam a criação do conhecimento por meio do compartilhamento social direto do conhecimento tácito. Uma interessante discussão motivada pela importância de se lidar com a questão conhecimento nas empresas é a diferença de importância que atribuem ao fator humano e ao fator tecnologia da informação. O que se observa, independentemente desta disputa, é que a importância do conhecimento nas organizações tem forçado os setores na empresa tradicionalmente relacionados a estes fatores a ampliar seus limites de atuação. O conhecimento com um conteúdo estruturado e quantitativo pode ser mais bem armazenado em uma base de dados relacional, com acesso feito por computadores pessoais conectados em rede e usando um apropriado programa de busca. O conhecimento com um conteúdo não estruturado e qualitativo pode ser mais bem representado pelo uso de páginas web. Sistemas especialistas, redes neurais e sistemas de inteligência artificial têm por enquanto um papel limitado no trabalho com o conhecimento. São pouco flexíveis e ainda muito difíceis de se utilizar para a codificação do conhecimento tácito, podendo ser aplicados em ferramentas de busca automatizada ou cruzamento de dados em grandes bases de dados (data warehousing e data mining), ou na internet, ou em sistemas para simulação de situações de mercado, análise de risco e groupware, mas isso para segmentos de negócios e situações bem específicas, e, de forma complementar, as tecnologias de informação convencionais. FONTE: Disponível em: . Acesso em: 8 mar. 2016. 126 RESUMO DO TÓPICO 1 Neste tópico você aprendeu que: • A Inteligência Competitiva (IC) começou a ser adotada pelas empresas no início dos anos 80, como uma resposta às novas exigências de um mercado globalizado e de acirrada concorrência. • O objetivo da Inteligência Competitiva é ampliar as condições de competitividade de uma empresa, reorientando seu modelo de negócios, suas metas, planejamentos, identificar oportunidades e ameaças, aprender com os erros, acertos e apostas da concorrência, compreender que tipo de impacto nossas ações estratégicas terão sobre nossos concorrentes etc. • A Gestão do Conhecimento promove a codificação e a circulação do conhecimento internamente, enquanto a Inteligência Competitiva fornece meios para adquirir conhecimento sobre o ambiente externo, conhecimento esse que pode ser, em grande parte, introduzido na rede interna de circulação. • A gestão por competências é uma alternativa aos modelos gerenciais empregados tradicionalmente, com a proposta de entender quais são as competências organizacionais fundamentais para a organização, desdobrando- as em competências profissionais e desenvolvendo-as em seus trabalhadores. É uma metodologia de gestão atual que tem como foco o mercado, o negócio e o desenvolvimento profissional contínuo. • O processo de GC para os desafios educacionais se efetiva por meio da mediação, da ação de aproximar o sujeito do objeto de que ele necessita para realizar sua ação. Esse objeto conjunto de materiais culturais e informacionais desenvolve-se pela contribuição da GC, uma vez que favorece a produção de novos conhecimentos. • O principal objetivo da Universidade Corporativa é o desenvolvimento de seus colaboradores, formando e desenvolvendo talentos. Com o aprendizado fazendo parte do cotidiano, poderemos aumentar as competências e qualificações, gerar novos processos, novas tecnologias, novos serviços, ganhando novos clientes e mercados. • Os investimentos em educação corporativa devem ter como escopo a busca incessante por produção e difusão de tecnologia e por uma cultura de inovação, com as quais será construída uma vantagem competitiva sustentável. 127 1 Descreva quais são as principais vantagens de nos dedicarmos à Inteligência Competitiva? 2 Quais são as principais funções da Inteligência Competitiva? 3 Explique o que é gestão por competências. 4 Explique quais as principais características da Universidade Corporativa. AUTOATIVIDADE 128 129 TÓPICO 2 ONTOLOGIAS E WEB SEMÂNTICA UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO A ontologia descreve um determinado domínio de conhecimento através do emprego de um conjunto de conceitos e termos, enquanto a base de conhecimento usa estes termos para descrever uma determinada realidade momentânea. Caso esta realidade se modifique, a base de conhecimento também será modificada; porém, a ontologia permanecerá inalterada, enquanto o domínio for o mesmo (LOPES, 2011). Apesar de originário da filosofia, o termo ontologia, ainda na década de 60, começou a ser empregado para referenciar um artefato de software ou linguagem formal no contexto da representação do conhecimento (SILVA, 2015 apud OLIVEIRA, 2011). Neste contexto, Buss (2015) explica que a ontologia é uma teoria lógica sobre o significado pretendido de um vocabulário formal com um compromisso ontológico para uma conceitualização específica do mundo real. Os modelos projetados de uma linguagem lógica que usa este vocabulário são restritos por este compromisso ontológico. A ontologia reflete indiretamente este compromisso pela aproximação dos modelos. FIGURA 41 - CONHECIMENTO ONTOLÓGICO FONTE: Disponível em: . Acesso em: 2 mar. 2016. 130 UNIDADE 3 | INTELIGÊNCIA COMPETITIVA E GESTÃO POR COMPETÊNCIA. UNIVERSIDADE CORPORATIVA. ONTOLOGIAS, WEB SEMÂNTICAS E SISTEMAS DE HIPERMÍDIA ADAPTATIVA Santos (2012) apresenta um conceito amplamente aceito na literatura que define ontologia como “uma especificação explícita de uma conceitualização”. A evolução desse conceito foi proposta por Studer, Benjamins e Fensel (1998), em que eles declaram que uma ontologia é uma especificação formal e explícita de uma conceitualização compartilhada. Os requisitos deste conceito podem ser esclarecidos da seguinte maneira (BREITMAN, 2006, p. 61): • Conceitualização: representa um modelo abstrato de determinada área de conhecimento, onde os conceitos relevantes são identificados. • Explícita: os elementos e suas restrições estão claramente definidos (conceitos, instâncias, relações, restrições e axiomas). • Formal: estrutura bem definida, tornando possível processamento automático da ontologia (compreensível para agentes humanos ou computacionais). • Compartilhada: a ontologia utiliza conhecimento consensual em sua modelagem, ou seja, aceito por um grupo de pessoas. As ontologias dispõem de cinco tipos de componentes para formalizar o conhecimento, sendo: classes, relações, funções, axiomas e instâncias (GRUBER, 1993). Gómez-Pérez (1999, p. 35) descreve os componentes apresentados por Gruber: • Classes são usadas em um sentido amplo. Elas podem ser abstratas ou concretas, elementares ou compostas, reais ou fictícias. Comumente, as classes são organizadas em forma dehierarquia, formando assim uma taxonomia. Por exemplo, a classe “Humano” é uma subclasse de “Mamífero”. • Relações têm a finalidade de representar algum tipo de interação entre duas classes de um domínio. Por exemplo, uma relação “eh_ discente” pode ocorrer entre as classes “Pessoa” e “Universidade”. • Função é um caso especial de relacionamento em que um conjunto de elementos tem uma única relação com outro elemento. Um exemplo de função é “ser_pai”, onde a classe “Homem” e a classe “Mulher” se relacionam com uma classe “Pessoa”. • Axiomas são verdades absolutas, imutáveis. Por exemplo, é possível afirmar que todo “Humano” é “Mamífero”. • Instâncias representam elementos específicos pertencentes a uma classe. A pessoa identificada por “Paulo” é uma instância da classe “Humano”. Segundo Botelho (2015), o termo ontologia é visto por duas perspectivas: (1) a da filosofia, que foi mencionada anteriormente, e (2) pela perspectiva da Ciência da Computação, inicialmente utilizada pela Inteligência Artificial e hoje utilizada também pela Engenharia do Conhecimento. As ontologias podem ser aplicadas em vários segmentos, conforme apresentado pelos autores Guarino (1998), Chandrasekaran e Josephson (1999) e Beppler (2008): • Engenharia e representação do conhecimento. • Modelagem de bases de dados. • Recuperação de informação. • Integração de dados e aplicações. • Gestão do conhecimento. • Bibliotecas digitais. • Classificação de documentos e textos; entre outros. TÓPICO 2 | ONTOLOGIAS E WEB SEMÂNTICA 131 As ontologias são classificadas em vários tipos, de acordo com o seu grau de generalidade ou especialidade. Ceci (2010) e Guarino (1998) apresentam algumas dessas classificações: • Ontologias genéricas (top-level ontology): possuem definições abstratas para a compreensão de aspectos do mundo, como, por exemplo, processos, espaços, tempo, coisas, seres etc. • Ontologias de tarefa (task ontology): tratam de tarefas genéricas ou de atividades, como diagnosticar ou vender. • Ontologias de domínio (domain ontology): dedicam-se a um domínio específico de uma área genérica, como, por exemplo, uma ontologia sobre família. • Ontologias de aplicação (application ontology): têm como objetivo solucionar um problema específico de um domínio, normalmente referenciando termos de uma ontologia de domínio. A classificação de Guarino (1998) é amplamente aceita e referenciada. A figura a seguir ilustra a percepção do autor quanto ao assunto. FIGURA 42 - TIPOS DE ONTOLOGIAS FONTE: Adaptado de Guarino (1998) Complementando a classificação apresentada por Ceci (2010) e Guarino (1998), Freitas (2003) apresenta mais dois tipos: • Ontologias de representação: definem as primitivas de representação, tais como frames, atributos, axiomas etc. na forma declarativa. • Ontologias centrais (genéricas de domínio): definem os ramos de estudo de uma área ou conceitos mais abstratos dessa área. Além das classificações já expostas, Almeida e Bax (2003) apresentam uma coleção de outras classificações, bem como os aspectos que nortearam a classificação e seus autores. Esta sistematização pode ser observada no quadro a seguir. 132 UNIDADE 3 | INTELIGÊNCIA COMPETITIVA E GESTÃO POR COMPETÊNCIA. UNIVERSIDADE CORPORATIVA. ONTOLOGIAS, WEB SEMÂNTICAS E SISTEMAS DE HIPERMÍDIA ADAPTATIVA QUADRO 6 - PROPOSTA DE CLASSIFICAÇÃO DE ONTOLOGIAS FONTE: Almeida e Bax (2003) TÓPICO 2 | ONTOLOGIAS E WEB SEMÂNTICA 133 Cenci (2015) nos diz que a partir deste contexto fica evidente a evolução e a popularização das ontologias. Além das áreas de conhecimento já citadas, elas atuam frequentemente no comércio eletrônico, no processamento de linguagem natural, na recuperação de informação e aplicações educacionais, entre outros. Reforçam Almeida e Bax, no artigo “Uma visão geral sobre ontologias: pesquisa sobre definições, tipos, aplicações, métodos de avaliação e construção”, publicado em 2003, que a capacidade de representar, reutilizar e interoperar conhecimento, e a possibilidade de realizar inferências sobre este conhecimento são características que promovem às ontologias um papel importante em diversas áreas. IMPORTANTE 2 METODOLOGIAS DA ENGENHARIA DE ONTOLOGIA Thales do Nascimento da Silva (2015) nos informa que este tópico abordará metodologias para o desenvolvimento de ontologias. As metodologias abordadas são: Metodologia 101, Methontology, Kactus, Tove, Metodologia On-to-Knowledge e OntoKEM, sendo que serão apresentados os principais aspectos, bem como as etapas que as compõem. 2.1 METODOLOGIA 101 Esta metodologia consiste em um processo interativo, detalhado por passos que guiam os envolvidos, mesmo que possuam uma grande experiência em Engenharia da Ontologia. Segundo Silva (2015), a Metodologia 101 (Ontology Development 101) possui uma estrutura simples, passos diretos e bem detalhados, características que facilitam o processo de modelagem de ontologias e destacam-na como uma metodologia amplamente utilizada. A figura a seguir apresenta o conjunto de passos da Metodologia 101. 134 UNIDADE 3 | INTELIGÊNCIA COMPETITIVA E GESTÃO POR COMPETÊNCIA. UNIVERSIDADE CORPORATIVA. ONTOLOGIAS, WEB SEMÂNTICAS E SISTEMAS DE HIPERMÍDIA ADAPTATIVA FIGURA 43 - ESQUEMA RESUMINDO OS PASSOS DA METODOLOGIA 101 FONTE: Silva (2014 apud NOY; MCGUINNESS, 2001) A Ontology Development 101 é composta por seis passos iterativos (RAUTENBERG et al., 2008 apud SILVA, 2015, p. 67), sendo eles: • Determinar o escopo da ontologia: este passo determina questões fundamentais que limitarão o escopo da ontologia, tais como o domínio, quem irá utilizá-la, as questões que a ontologia deverá responder e que manterá a ontologia no seu desenvolvimento. • Considerar o reúso: avalia a possibilidade de utilizar ontologias já existentes, podendo ser utilizadas de forma parcial ou integral. Existem diversas bibliotecas de ontologias reusáveis que podem ser exploradas para este fim. • Listar termos importantes: neste passo os termos usados na ontologia são listados. • Definir classes: definem-se as classes da ontologia e sua hierarquia. É possível seguir a abordagem top-down, buttom-up ou uma combinação das duas anteriores. • Definir restrições das propriedades (relações): neste passo são adicionadas as propriedades de modo que a ontologia consiga responder às perguntas de competência. • Criar instâncias: por fim, são criadas instâncias das classes. 2.2 METHONTOLOGY Silva (2015) nos informa que foi desenvolvida pelo Laboratório de Inteligência Artificial da Universidade Politécnica de Madrid, na Espanha, em 1997, a methontology. Trata-se de uma metodologia para construção de novas TÓPICO 2 | ONTOLOGIAS E WEB SEMÂNTICA 135 2.3 METODOLOGIA KACTUS O método Kactus (modelling Knowledge About Complex Technical systems for multiple Use) foi concebido através do projeto europeu Esprit Kactus, que objetivava a construção de ontologias no domínio de redes elétricas. O foco do projeto era investigar a viabilidade da reutilização de conhecimento em sistemas técnicos complexos e o papel da ontologia para apoiá-los (SILVA; SOUZA; BARCELLOS, 2008). Seguindo os padrões do KACTUS, a criação de uma ontologia está diretamente relacionada ao desenvolvimento de uma aplicação. Assim, quando uma nova aplicação é construída, a estrutura responsável por representar o conhecimento, ou seja, uma ontologia, também é construída (FERNÁNDEZ; GÓMEZ-PÉREZ, 2002). Os passos executados na construção de uma ontologia são os seguintes: • Especificação da aplicação: determina um contexto da aplicação e proporciona uma visão dos componentes que a aplicação tenta modelar. • Projeto Preliminar: determinam-se conceitos relevantes de alto nível da ontologia através da análise da etapa anterior. Também é viável a análise de ontologias já desenvolvidas, que após um refinamento e adequação são passíveis de utilização. • Refinamento e estruturação da ontologia: com intuito de chegarao projeto definitivo, a ontologia é refinada de modo a obter um artefato mais coerente possível (SILVA, 2015, p. 69). ontologias iniciadas a partir do zero, ou por utilização da reengenharia sobre ontologias já existentes (FERNÁNDEZ-LOPEZ; GÓMEZ-PÉREZ; JURISTO, 1997). A methontology é uma metodologia cíclica e evolutiva, sendo que a construção de ontologias envolve alguns estágios: especificação, aquisição do conhecimento, conceitualização, formalização, integração, implementação, avaliação, documentação e manutenção (SILVA, 2015). 2.4 METODOLOGIA TOVE Esta metodologia foi denominada TOVE em alusão ao projeto que deu origem à mesma: Toronto Virtual Enterprise. Esta metodologia se caracteriza por transformar cenários informais, descritos em linguagem natural, em modelos de linguagem formal, tornando-os assim computáveis (FERNÁNDEZ, 1999). As etapas propostas pela metodologia são as seguintes: • Captura dos cenários de motivação: tem como objetivo identificar problemas no cenário atual ou deficiências das ontologias existentes. 136 UNIDADE 3 | INTELIGÊNCIA COMPETITIVA E GESTÃO POR COMPETÊNCIA. UNIVERSIDADE CORPORATIVA. ONTOLOGIAS, WEB SEMÂNTICAS E SISTEMAS DE HIPERMÍDIA ADAPTATIVA 2.5 METODOLOGIA ON-TO-KNOWLEDGE Esta metodologia é dividida em cinco fases: estudo de viabilidade, início da ontologia, refinamento, avaliação, manutenção e evolução. O OntoKEM faz uso deste instrumento tanto na compreensão da aplicabilidade da ontologia, quanto na utilização dos preceitos de documentação que a ferramenta disponibiliza (BOTELHO, 2015). 2.6 ONTOKEM OntoKEM (Ontologies for Knowledge Engineering and Management) é uma ferramenta para construção e documentação de ontologias desenvolvida pelo grupo de pesquisa do Laboratório de Engenharia do Conhecimento (LEC). Esse grupo é vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento (EGC) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Tem como um dos objetivos fomentar a pesquisa, através do apoio à criação de ferramentas para resolução de problemas no domínio da Gestão do Conhecimento (BOTELHO, 2015 apud TODESCO et al., 2009). Em vista disso, apresenta alternativas para documentação e desenvolvimento de ontologias, tendo como um de seus feitos a concepção da ferramenta OntoKEM. Esta ferramenta proporciona, conforme descrito no procedimento metodológico, a concepção de uma ontologia através da especificação das perguntas de pesquisa, evoluindo para criação de vocabulários e, finalmente, proporcionando a exportação da ontologia documentada para ferramentas complementares, como Protégé (BOTELHO, 2015). • Especificação de questões de competência informal: descreve em linguagem natural questões que a ontologia deve contemplar. As questões são obtidas através da etapa anterior. • Especificação da terminologia da ontologia em uma linguagem formal: nesta etapa são definidos termos que devem ser capazes de responder às questões de competência descritas na etapa anterior. Os termos especificados e organizados em uma taxonomia e suas propriedades são bases para especificar a ontologia em uma linguagem formal. • Formulação das questões de competência formais: as questões de competência são transcritas utilizando lógica de primeira ordem. Neste momento as questões já podem ser definidas em uma linguagem formal. • Especificações dos axiomas: a ontologia é codificada em linguagem lógica e formal, fazendo com que os axiomas restrinjam a interpretação dos termos envolvidos nas questões de competência. • Verificação da completude da ontologia: definir as condições sob quais as soluções para as questões de competência são completas (FERNÁNDEZ; GÓMEZ-PÉREZ, 2002, p. 43). TÓPICO 2 | ONTOLOGIAS E WEB SEMÂNTICA 137 FIGURA 44 - PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO ONTOKEM FONTE: Botelho (2015) e Rautenberg et al. (2009) UTILIZAÇÃO DE ONTOLOGIAS Ontologias podem ser utilizadas para representar o conhecimento em várias aplicações computacionais. Integração de informação, recuperação de informação na Web e Gestão do Conhecimento são alguns exemplos de aplicação de ontologias. Gruninger e Lee (2002), por sua vez, destacam a utilização de ontologias para: • Comunicação entre: o sistemas computacionais; o seres humanos; e o seres humanos e sistemas computacionais. • Inferência computacional para: o internamente, representar e manipular planos e planejamento de informação; e o analisar estruturas internas, algoritmos, entradas e saídas de sistemas implementados em termos teóricos e conceituais. • Reúso e utilização de conhecimento para: o estruturar e organizar bibliotecas ou repositórios de informação. Como pesquisadores da área de Engenharia do Conhecimento, Mika e Akkermans (2005) destacam que as ontologias são utilizadas para: • Comunicação de conhecimento: processo onde se realizam as tarefas relacionadas à compreensão de conceitos. • Integração de conhecimento: processo onde se realizam tarefas voltadas ao relacionamento entre conceitos. • Raciocínio com conhecimento: processo onde se realizam tarefas que abrangem a produção de novos conhecimentos. 138 UNIDADE 3 | INTELIGÊNCIA COMPETITIVA E GESTÃO POR COMPETÊNCIA. UNIVERSIDADE CORPORATIVA. ONTOLOGIAS, WEB SEMÂNTICAS E SISTEMAS DE HIPERMÍDIA ADAPTATIVA No contexto da Gestão do Conhecimento, Gasevic et al. (2006) argumentam com mais propriedade algumas aplicações de ontologias, sendo elas: • Colaboração: pessoas diferentes podem ter visões diferentes de um mesmo problema quando trabalham em equipes de projeto. Isto é evidente em equipes interdisciplinares, que possuem especialistas de ramos diferentes da ciência no desenvolvimento de projetos com diferentes focos de interesse e especialidades. Para esses especialistas, ontologias proveem um esqueleto unificado do conhecimento para que possam se comunicar com mais facilidade quando um conhecimento estável e de consenso é disponibilizado. • Interoperabilidade: as ontologias permitem a integração de informação de fontes diferentes. Usuários finais, normalmente, não demonstram interesse em saber como se busca informação, estão mais interessados na informação disponibilizada. Aplicações distribuídas podem necessitar acesso a várias e diferentes fontes de conhecimento para obter informação disponível, e estas fontes diferentes podem disponibilizar informação em formatos diferentes e níveis de detalhamento. Entretanto, se todas as fontes reconhecem uma mesma ontologia, a conversão de dados e a integração de informações são facilitadas. • Educação: as ontologias também são um meio excelente de publicação e uma fonte de referência. Desde que elas sejam, presumidamente, sempre o resultado de um grande consenso sobre a estrutura de um domínio, podem prover informações corretas e objetivas àqueles que desejam aprender mais sobre o domínio. Simultaneamente, especialistas de domínio podem usar ontologias para compartilhar seu entendimento de conceitualização e estrutura de domínio. • Modelagem: em Sistemas Baseados em Conhecimento, ontologias representam uma espécie de bloco de construção reutilizável, podendo ser incluídas como módulos de conhecimento pré-desenvolvidos em aplicações distintas. Por exemplo, uma ontologia de músicos define um conhecimento que pode ser utilizado em sistemas de recomendação (sugerindo ao usuário qual novo CD de música pode ser comprado) ou em sistemas web inteligente de aprendizagem (disponibilizando informações refinadas de instrumentalistas contemporâneos). RECOMENDAÇÕES PARA DESENVOLVIMENTO DE ONTOLOGIAS O desenvolvimento de ontologias é estudado na disciplina de Engenharia de Ontologias. A experiência adquirida por alguns pesquisadores, entre os quais se destacam Gruber (1993b) e Rezgui (2007), permite listar algumas recomendações. Quando do desenvolvimento de uma ontologia, Gruber (1993b) aponta que devem ser observadas as seguintes recomendações: TÓPICO 2 | ONTOLOGIAS E WEB SEMÂNTICA 139 •Clareza: uma ontologia deveria claramente retratar e comunicar o significado dos elementos de um discurso, por meio de definições objetivas e bem documentadas. • Coerência: em uma ontologia, quando existe uma lógica incutida, os axiomas devem ser consistentes, contribuindo para que as inferências geradas na utilização da ontologia estejam de acordo com o que se entende do domínio representado. • Extensibilidade: as unidades de conhecimento de uma ontologia devem ser projetadas para que estas possam ser atualizadas e/ou reutilizadas. Em outras palavras, a extensibilidade diz respeito à incorporação de novos elementos, sem que os antigos necessitem ser revistos. • Limiar de codificação mínimo: a conceitualização da ontologia deve ser especificada no nível de conhecimento, sem depender de uma linguagem específica. A linguagem específica de um domínio deve ficar no nível de instâncias da ontologia. • Compromisso ontológico mínimo: uma ontologia deve definir apenas os termos extremamente suficientes para que as informações possam ser compartilhadas. Caso exista a necessidade de definições específicas para uma ontologia, reportando-se ao quesito reutilização de ontologias, uma ontologia pode ser instanciada e especializada para melhor descrever um domínio. Rezgui (2007), por sua vez, apresenta recomendações principalmente no nível dos métodos de construção de ontologias, a saber: • Uma ontologia não deve ser desenvolvida do nada, deve se valer da reutilização, o quanto possível, de recursos semânticos reconhecidos e estabelecidos do domínio de interesse. • Uma ontologia deve ser construída colaborativamente em um ambiente multiusuário. • Uma ontologia necessita de suporte tecnológico no seu ciclo de vida, primando por princípios como reutilização de outras ontologias. • Uma ontologia deve ser desenvolvida de forma incremental, sempre envolvendo os usuários finais. • Uma ontologia deve ser suficientemente flexível para acomodar diferentes cenários de utilização. • Uma ontologia deve ser amigável, isto é, fácil de usar e prover a conceitualização do domínio, incutindo os jargões técnicos do domínio que representa. • Uma ontologia deve ser tratada como um sistema vivo e deve permitir expansão futura. Em virtude da existência de várias metodologias, cada qual preocupada com determinadas atividades da Engenharia de Ontologias (CORCHO; FERNÁNDEZ-LÓPEZ; GÓMEZ-PÉREZ, 2003), nenhuma metodologia de 140 UNIDADE 3 | INTELIGÊNCIA COMPETITIVA E GESTÃO POR COMPETÊNCIA. UNIVERSIDADE CORPORATIVA. ONTOLOGIAS, WEB SEMÂNTICAS E SISTEMAS DE HIPERMÍDIA ADAPTATIVA ontologias se estabeleceu como um padrão geral (PINTO; MARTINS, 2004). Diante disso, é importante ressaltar a recomendação abstraída de Fernández- López e Gómez-Pérez (2002). Na perspectiva dos autores é recomendada uma combinação de metodologias no processo de desenvolvimento de ontologias, tal qual evidenciado em Brusa et al. (2008), Rautenberg et al. (2008), Rautenberg, Todesco e Gauthier (2009a) e Rautenberg et al. (2009b). FONTE: Disponível em: . Acesso em: 7 fev. 2016. 3 WEB SEMÂNTICA APLICADA À GESTÃO DO CONHECIMENTO A web semântica é uma extensão da Web atual onde a informação passa a ser estruturada de forma que permite uma melhor cooperação entre computadores e pessoas. A Web Semântica propõe-se a estruturar a rede de forma que seus dados possam ser compreendidos por qualquer computador nela conectado, refinando essa busca e filtrando do conhecimento que nos interessa, aliviando a sobrecarga de informação com o aumento da precisão. Na web semântica a informação está estruturada de tal forma que máquinas possam a "entender" e usá-la de algum jeito (SOUZA; MASSRUHÁ; KUSER-FULCÃO, 2008). Embora “semântica” signifique “estudo do sentido das palavras”, Guiraud (1975, p. 8) reconhece três ordens principais de problemas semânticos: 1) a ordem dos problemas psicológicos, que relaciona os estados fisiológicos e psíquicos dos interlocutores nos processos de comunicação de signos; 2) a ordem dos problemas lógicos, que estabelece as relações dos signos com a realidade no processo de significação; 3) a ordem dos problemas linguísticos, que estabelece a natureza e as funções dos vários sistemas de signos. Segundo Oliveira (2016), a web semântica será uma extensão da web atual, porém, apresentará estrutura que possibilita a compreensão e o gerenciamento dos conteúdos armazenados na web independente da forma em que estes se apresentem, seja texto, som, imagem e gráficos a partir da valoração semântica desses conteúdos, e através de agentes que serão programas coletores de conteúdo advindos de fontes diversas capazes de processar as informações e permutar resultados com outros programas. A web semântica, a exemplo da web atual, será tão descentralizada quanto possível e deverá manter a responsabilidade exigida por esta descentralização, procurando alcançar o ideal de consistência de interconexões, porém permitindo seu crescimento exponencial. TÓPICO 2 | ONTOLOGIAS E WEB SEMÂNTICA 141 FIGURA 45 - WEB SEMÂNTICA FONTE: Disponível em: . Acesso em: 2 mar. 2016. A arquitetura da Web Semântica é processo em construção por grupos de trabalho da W3C com o objetivo de mapear as complexas relações semânticas, lógicas, de sintaxe e de apresentação dos documentos no novo espaço (OLIVEIRA, 2016). A Web Semântica baseia-se em anotações feitas em documentos de tal forma que o seu conteúdo semântico seja acessível e compreensível por ferramentas e agentes de software automatizados sem intervenção humana. CAMADAS DA WEB SEMÂNTICA O objetivo da Web Semântica é melhorar as potencialidades da web através da criação de padrões e ferramentas que permitam atribuir significado ao conteúdo das páginas web e, também, possibilitar que usuários e programas possam trabalhar de forma cooperativa. Nesse contexto, um conjunto de padrões está sendo especificado para a identificação de recursos na web, assim como para a representação sintática, estrutural, semântica e lógica de informações referentes a esses recursos. Esse conjunto de padrões forma as diversas camadas em que se divide a arquitetura da Web Semântica (RIBEIRO, 2008). A ilustração a seguir mostra a visão da Web Semântica em camadas, proposta por Berners-Lee (2003). FIGURA 46 - ARQUITETURA EM CAMADA DA WEB SEMÂNTICA FONTE: W3C Semantic Web Activity (2003) 142 UNIDADE 3 | INTELIGÊNCIA COMPETITIVA E GESTÃO POR COMPETÊNCIA. UNIVERSIDADE CORPORATIVA. ONTOLOGIAS, WEB SEMÂNTICAS E SISTEMAS DE HIPERMÍDIA ADAPTATIVA Unicode fornece um número único para cada caractere, não importa a plataforma, não importa o programa, não importa a língua, ou seja, é basicamente um sistema padronizador de caracteres. Fundamentalmente, os computadores lidam com números, gravam letras e outros caracteres na memória designando um número para cada um deles. Antes de o Unicode ser inventado, havia centenas de sistemas diferentes de codificação. Nenhum destes sistemas de codificação, no entanto, poderia conter caracteres suficientes. Por exemplo, a União Europeia por si só requer vários sistemas de codificação diferentes para cobrir todas as línguas. Mesmo para uma única língua, como o inglês, não havia sistema de codificação adequado para todas as letras, pontuação e símbolos técnicos em uso corrente. Estes sistemas de codificação são também conflitantes entre si. Em outras palavras, dois codificadores podem usar o mesmo número para dois caracteres diferentes ou usar números diferentes para o mesmo caractere. Qualquer computador em particular (especialmente os servidores) precisa suportar muitos codificadores diferentes; ainda assim, todas as vezes que se passam dados entre codificadores ou plataformas diferentes, estes dados semprecorrem o risco de serem corrompidos (UNICODE, 2008). O URI (Uniform Resource Identifier) é um padrão para identificar um recurso físico ou abstrato de maneira única e global. Um identificador URL é um caso específico de URI, formado pela concatenação de sequências de caracteres para identificar o protocolo de acesso ao recurso, o endereço da máquina na qual o recurso pode ser encontrado e o próprio recurso em questão (RIBEIRO, 2008). A origem das linguagens de marcação é provinda da linguagem pioneira SGML (Standard Markup Language), criada em 1986 por Anders Berlund. SGML se tornou um padrão internacional como um sistema de marcação de documentos poderoso com muitas opções, e permitir especificar a estrutura desses documentos independentes de aplicações específicas para a sua apresentação (ISO, 1986). O uso da poderosa SGML tornou-se muito complicado, então, TIM Berners-Lee criou uma linguagem muito mais simplificada, chamada HTML, que poderia ser editada a partir de qualquer editor de texto. O HTML ganhou popularidade devido à sua simplicidade e rapidez, sendo um dos fatores mais relevantes para a rápida expansão da web. Porém, o HTML, graças à sua simplicidade, impediria que aplicações mais avançadas pudessem ser desenvolvidas por motivo da fraca expressividade da linguagem com relação à sua representatividade semântica. Diante desta situação, verificou-se que o XML, criado pela W3C em 1996 (BRAY, 2006), seria a linguagem de marcação mais apropriada para o uso na Web Semântica, por diversas razões, como, por exemplo: deve ser fácil escrever programas que processam documentos XML; documentos XML devem ter TÓPICO 2 | ONTOLOGIAS E WEB SEMÂNTICA 143 uma linguagem clara, suficientemente legíveis por pessoas; o formato do XML deve ser formal e conciso; da linguagem XML deve ser fácil de criar; o XML é compatível com SGML e HTML. O recurso de namespaces, que parte da tecnologia XML, permite que o vocabulário utilizado no documento XML possa ser identificado unicamente por um URI. Com a utilização de namespaces é possível identificar as tags que estão sendo utilizadas dentro de um contexto definido em algum lugar da web (LAURENT, 2000). Os espaços de nomes (namespaces) fornecem um método para qualificar os nomes de elementos e atributos, utilizados nos documentos XML, através da associação destes nomes com os espaços de nomes identificados por referências de URI. Os espaços de nomes são úteis para distinguir entre dois elementos definidos com um mesmo nome, mas que pertencem a esquemas diferentes. Além disso, um documento pode associar elementos previamente definidos à sua estrutura, desde que utilize referências aos esquemas que definem esses elementos (RIBEIRO, 2008). O RDF (Resource Description Framework) foi apresentado por Lassila e Swick, em 1997, como um mecanismo para representação de metadados que permitia a troca de informação através de processos automatizados (LASSILA e SWICK, 1997). Em 2004 foi anunciada a primeira recomendação RDF pela W3C, como um padrão para a descrição de metadados de recursos. O objetivo desta recomendação é fornecer uma estrutura genérica para a descrição formal de qualquer recurso na web, possibilitando interoperabilidade entre aplicações que passam a trocar informações em um formato de representação único e simples de ser processado por computadores. RDFSchema introduz premissas básicas que permitem falar de classes, subclasses, domínio e restrições de valores das propriedades no contexto da web. Permitem aos desenvolvedores definir um vocabulário básico para dados RDF e especificar o tipo de objetos aos quais se aplicam esses atributos. O RDFS proporciona um mecanismo de tipagem básica para modelos RDF, utilizando termos definidos como: Class, subPropertyof e subclassof. Os objetos RDF podem ser definidos como instâncias de uma ou mais classes usando a propriedade type (GAUTHIER, 2008). Apesar das similaridades nos nomes, o RDF Schema difere do XML Schema. O primeiro não define ordem ou a maneira de combinações de tags, nem nenhuma informação sobre a definição dos dados em si. O RDF Schema provê informações sobre a interpretação das informações relativas a um modelo RDF. (BERNERS-LEE; HENDLER; LASSILA, 2001). Em IA (Inteligência Artificial), o objetivo deste conceito, em suma, representa a existência de coisas ou fenômenos do mundo real de maneira que máquinas possam compreendê- las, como define muito bem Borst (1997): ontologia é uma especificação formal e explícita de uma conceitualização compartilhada. 144 UNIDADE 3 | INTELIGÊNCIA COMPETITIVA E GESTÃO POR COMPETÊNCIA. UNIVERSIDADE CORPORATIVA. ONTOLOGIAS, WEB SEMÂNTICAS E SISTEMAS DE HIPERMÍDIA ADAPTATIVA As quatro áreas principais para a aplicação de ontologias, segundo Jasper e Uschold (1999), são: autoria neutra, ontologia como especificação, acesso comum à informação e busca baseada em ontologia. Autoria neutra: A informação é representada em um único “idioma”, e a partir deste pode ser convertida na linguagem local, sendo independente da aplicação e proporcionando o reúso do conhecimento entre aplicações diferentes. Ontologia como especificação: A ontologia é utilizada como case para a modelagem de um domínio, produzindo um vocabulário para especificar os requisitos para uma ou mais aplicações. Acesso comum à informação: A ontologia prevê um meio de entendimento compartilhado dos diferentes termos utilizados, desta maneira a interoperabilidade entre sistemas/pessoas e reúso do conhecimento são benefícios direto desta aplicação. Busca baseada em ontologia: Uso das ontologias para melhorar o resultado de buscas em um banco de dados heterogêneo, no sentido de melhorar a precisão, reduzir o tempo e obter maior alcance na busca. A camada denominada Lógica fornece suporte para a descrição de regras para expressar relações sobre os conceitos de uma ontologia, as quais não podem ser expressas com a linguagem de ontologia utilizada. As linguagens Rule Markup Language (RuleML) e Semantic Web Rule Language (SWRL) são exemplos de linguagens propostas para a descrição de regras para a Web Semântica. Nesse sentido, o W3C iniciou o trabalho sobre o Rule Interchange Format (RIF) para fornecer suporte ao intercâmbio das diversas tecnologias baseadas em regras (RIBEIRO, 2008). Atualmente, esforços têm se concentrado na especificação desta camada, principalmente tendo como ponto de partida cenários e requisitos na área de e-commerce, pois se trata de um segmento com uma aplicabilidade direta com relação a regras de negócios (HALLE, 2002). As camadas denominadas de Prova e Confiança fornecem o suporte para a execução das regras, além de avaliar a correção e a confiabilidade dessa execução. Considerando que a internet não possui nenhum controle obrigatório de autenticidade bem formulado, pode-se assumir que qualquer um pode falar qualquer coisa, independentemente de qualquer que seja o assunto na web. A liberdade de expressão nem sempre tem um tom positivo quando se trata de confiabilidade nas fontes de geração de informação, pois todo e qualquer tipo de informação pode ser disponibilizado na web (SMITH e ALESSO, 2005). Uma solução possível para tal problema, segundo Leuf (2006), é a utilização de assinaturas digitais, entre outros recursos, para prover a prova de que realmente certa pessoa escreveu um determinado documento, por exemplo. Nesse caso, usuários poderão decidir em quem confiar e o nível de confiança de cada entidade na, também chamada, web of trust. FONTE: Disponível em: . Acesso em: 8 fev. 2016. TÓPICO 2 | ONTOLOGIAS E WEB SEMÂNTICA 145 Oliveira (2016) nos informa que a Web Semântica se compõe de três elementos: (a) Representação do conhecimento (Knowledge representation); (b) Ontologias (Ontologies) e (c) Agentes (Agents). a) Representação do conhecimento: A Web Semântica trará estrutura ao conteúdo significativo(valoração semântica) de páginas web criando um ambiente onde programas-agentes ou agentes inteligentes, buscando de uma página a outra poderão, imediatamente, executar tarefas sofisticadas para os usuários. b) Ontologias: Designa a faceta semântica da representação dos seres, dos entes, aquilo que se convenciona chamar de assuntos, conteúdos temáticos dos registros sobre a realidade. A Ontologia, na Web Semântica, estabelece uma ligação terminológica entre membros de uma comunidade, podendo ser, estes membros, agentes humanos ou máquinas. c) Agentes: A função dos programas agentes ou agentes inteligentes é coletar conteúdos na web a partir de fontes diversas, processar a informação e permutar os resultados com outros programas, permitindo, através da linguagem que expressa, inferências lógicas resultantes do uso de regras e informação, como aquelas especificadas pelas ontologias. O princípio está não no entendimento, pela máquina, daquilo que está escrito, e sim no reconhecimento de provas escritas na linguagem estabelecida pela ontologia, onde os programas-agente, pela inferência lógica, retornam respostas ao que foi requerido, ou agente e consumidor podem alcançar entendimento compartilhado permutando as ontologias, que oferecem o vocabulário necessário para a discussão. Para que a Web Semântica se torne uma concreta realidade, é necessário que haja uma padronização de tecnologias. Neste contexto, o W3C e a comunidade acadêmica têm unido esforços no sentido de criar, disponibilizar e padronizar linguagens e tecnologias para garantir a correta e melhor interoperabilidade possível. Sendo assim, as tecnologias semânticas propõem avanços na questão da recuperação e processamento semântico de conteúdo. O projeto Web Semântica constitui-se como uma tentativa inversa de solução para a recuperação da informação, tendo como objetivo desenvolver meios para que as máquinas possam servir aos humanos de maneira mais eficiente, com base em instrumentos que fornecem sentido lógico e semântico aos computadores, como as ontologias (MARSULO, 2015). 3.1 WEB SEMÂNTICA PARA REPRESENTAÇÃO DA INFORMAÇÃO A Web Semântica não está relacionada apenas ao formato do conteúdo de um recurso, mas também à forma como este conteúdo será disponibilizado e interagirá com outros recursos na web, estabelecendo assim um domínio de conhecimento com vocabulário comum e informação semântica a respeito de seu conteúdo e suas relações. 146 UNIDADE 3 | INTELIGÊNCIA COMPETITIVA E GESTÃO POR COMPETÊNCIA. UNIVERSIDADE CORPORATIVA. ONTOLOGIAS, WEB SEMÂNTICAS E SISTEMAS DE HIPERMÍDIA ADAPTATIVA FIGURA 47 - REPRESENTAÇÃO DA INFORMAÇÃO FONTE: Disponível em: . Disponível em: 2 mar. 2016. A partir da Web Semântica temos os metadados e as ontologias que permitem a criação de coleções estruturadas de informações e conjuntos de regras de inferência. Dias e Santos (2001) nos explicam que há inúmeros domínios de conhecimentos distintos a serem representados a partir de diferentes padrões de metadados e ontologias através de arquiteturas de alto nível, capazes de prover suporte à codificação e intercâmbio dessa variedade de metadados desenvolvidos de forma independente na web. E sempre com o objetivo de estar contemplando a interoperabilidade tanto semântica quanto sintática e estrutural. Para Dias e Santos (2001, p. 8, grifos do original), as principais tecnologias que despontam atualmente para o desenvolvimento da Web Semântica e suporte à interoperabilidade de informação são: • Extensible Markup Language – XML: o Originalmente criada para dar suporte à larga escala de softwares de editoração eletrônica, atualmente é uma ferramenta de muita importância para o intercâmbio entre recursos da grande variedade de informações disponíveis na web que visam: - Possibilitar a internacionalização da mídia independente da editoração eletrônica. - Permitir que as indústrias definam protocolos de plataformas independentes para o intercâmbio de informações, recursos, especialmente as pertinentes ao comércio eletrônico. - Disponibilizar informações aos softwares agentes de forma a permitir o processamento automático pelas máquinas. - Facilitar o desenvolvimento de softwares especializados na manipulação de informações distribuídas em várias fontes na web. - Facilitar o processamento das informações pelos usuários através de softwares de custo mais acessível. - Permitir que os usuários disponibilizem as informações da forma desejada, sem estarem presos a controles de estilos de formatação. - Facilitar o fornecimento de metadados e possibilitando uma pesquisa e recuperação da informação mais eficaz e satisfatória ao usuário. TÓPICO 2 | ONTOLOGIAS E WEB SEMÂNTICA 147 • Document Type Definition (DTD) e XML Schema: o DTD e XML Schema são mecanismos utilizados para especificar a estrutura de documentos escritos em linguagem XML, conhecidos também como informação de cabeçalho de documentos XML e são responsáveis por: - Descrever regras estruturais que os tags devem seguir no documento, tais como, se é permitido utilizar elementos aninhados, atributos necessários e seus valores possíveis, e estruturada de nome de elementos e atributos. - Lugares no documento onde é permitida a utilização de texto normal. - Listar os recursos externos ou entidades externas utilizadas no documento. - Declarar os recursos internos ou entidades internas que podem ser requeridas no documento. - Relacionar os tipos de recursos que não fazem parte da linguagem XML, tais como anotações e dados binários, mas que estão presentes no documento e aos quais outras aplicações podem fazer referência. XML provém somente a sintaxe para codificação da informação do documento, sendo necessária outra ferramenta para imprimir significado a essa informação, e será abordada a seguir. • Arquiteturas de Metadados: o Visam integrar e dar suporte a uma grande variedade de esquemas de metadados espalhados em um sistema distribuído, provendo interoperabilidade sintática, semântica e estrutural da informação. Foram desenvolvidas inúmeras arquiteturas de metadados nos últimos anos e todas têm o mesmo objetivo em comum, isto é, possibilitar a troca de informações entre recursos, tais como provedores, catálogos e indexadores, e consequentemente prover um mecanismo de identificação e recuperação da informação mais eficiente na web. • Arquitetura RDF: o Tem por objetivo definir um mecanismo de descrição de documentos que não esteja vinculado a nenhum domínio de conhecimento específico. Os mecanismos devem ter aplicação universal e ser capazes de descrever informações a respeito de qualquer tipo de domínio. Assim, podem prover interoperabilidade entre aplicações através do intercâmbio de informações estruturadas de forma a possibilitar a automação de processos na web. A arquitetura RDF pode ser utilizada por aplicações de diversas áreas, como, por exemplo: - Recuperação de informação: fornecendo informação estruturada de forma a possibilitar a implementação de mecanismos de pesquisa mais eficientes. - Catalogação: descrevendo a informação e seus relacionamentos disponíveis em página web, biblioteca digital etc. - Agentes inteligentes: facilitando o compartilhamento de conhecimento e intercâmbio de informações (DIAS; SANTOS, 2001, p. 10). A arquitetura RDF é resultado do trabalho em conjunto de várias comunidades em torno da utilização de princípios básicos de representação e transporte de metadados na web. 148 UNIDADE 3 | INTELIGÊNCIA COMPETITIVA E GESTÃO POR COMPETÊNCIA. UNIVERSIDADE CORPORATIVA. ONTOLOGIAS, WEB SEMÂNTICAS E SISTEMAS DE HIPERMÍDIA ADAPTATIVA • Modelo RDF: o Responsável por prover um mecanismo para representação do metadado que seja neutro em termos de sintaxe e domínio de conhecimento. Ele provê a interoperabilidade estrutural, porém não fornece mecanismos para declaraçãoe definição de propriedades e seus relacionamentos. Para a definição de propriedades de domínios específicos e sua semântica é necessária a aplicação do esquema RDF. Esse modelo de dados é representado através de um DLG (Directed Labeled Graphs) e consiste de três tipos de objetos: - Resource (Recurso): tudo que é descrito através de expressões RDF, podendo ser tanto um documento HTML, quanto um elemento XML de um documento; uma coleção de páginas ou um site inteiro. Um recurso pode também ser objeto que não seja acessado diretamente pela web, tal como um livro impresso. Recursos são sempre nomeados por uma URI, o que permite a criação de identificadores para qualquer entidade imaginável. - Property (Propriedade): é uma característica, atributo ou relação utilizada para descrever um recurso. Cada propriedade possui um significado específico, define seus próprios valores permitidos, tipos de recursos a que podem ser aplicados e seus relacionamentos com outras propriedades; e, - Statement (Declaração): é composto da associação de um recurso específico, uma propriedade e o valor da propriedade para esse recurso. Essas três partes individuais da declaração são denominadas, respectivamente, de sujeito, predicado e objeto, onde o objeto pode ser um outro recurso ou um literal, ou seja, um recurso especificado por uma URI ou uma cadeia de caracteres ou outro tipo de dados definido por XML. • Sintaxe RDF: o Utiliza para codificação a linguagem XML e existem dois tipos de sintaxe XML para codificar as instâncias de um modelo de dados RDF: a sintaxe de serialização, capaz de representar toda a capacidade do modelo de dados de modo simples, e a sintaxe abreviada que possui construções adicionais capazes de prover uma forma mais compacta de representação de partes do modelo de dados. Frequentemente faz-se necessária a referência a coleções de objetos para mencionar, por exemplo, que trabalho ou material é de autoria de mais de uma pessoa ou listar os estudantes de um determinado curso. Para isso são utilizados recipientes, denominados containers, que suportam uma lista de recursos ou literais. Existem três tipos de objetos RDF Container: - Bag: lista não ordenada de recursos, ou literais, utilizada para declarar que uma propriedade é composta de múltiplos valores independentes da ordem de atribuição, permitindo valores duplicados. A propriedade rdf:type especifica o tipo de coleção que está sendo utilizado, neste caso o tipo rdf:Bag. - Sequence: lista ordenada de recursos, ou literais, utilizada para declarar que uma propriedade pode ser composta de múltiplos valores que obedecem a uma determinada ordenação, como, por exemplo, alfabética ou numérica. Este tipo de coleção também permite valores duplicados. - Alternative: lista de recursos ou literais que representam valores possíveis e mutuamente exclusivos para uma propriedade, proporcionando livre escolha de qualquer item da coleção. TÓPICO 2 | ONTOLOGIAS E WEB SEMÂNTICA 149 • Esquema RDF: o Na arquitetura RDF, o Modelo RDF fornece um mecanismo neutro de representação de metadados, suas propriedades e seus relacionamentos. A codificação dessa representação é fornecida pela Sintaxe RDF, mas ainda se faz necessário um mecanismo para definição dos recursos, suas propriedades e seus relacionamentos. Esta é a função exercida pelo Esquema RDF ou RDFS, isto é, permitir a criação de classes de tipos de recursos e propriedades, descrições dessas classes, combinações possíveis de classes, propriedades e valores e restrições entre relacionamentos, definindo assim esquemas que podem ser utilizados em conjunto com vocabulários descritivos, tal como o Dublin Core (DIAS; SANTOS, 2001, p. 10). 150 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico você aprendeu que: • Ontologias podem ser utilizadas para representar o conhecimento em várias aplicações computacionais. Integração de informação, recuperação de informação na web e gestão do conhecimento são alguns exemplos de aplicação de ontologias. • O termo ontologia começou a ser empregado na década de 60 para referenciar um artefato de software ou linguagem formal no contexto da representação do conhecimento. É uma teoria lógica sobre o significado pretendido de um vocabulário formal com um compromisso ontológico para uma conceitualização específica do mundo real. • O termo ontologia hoje é visto por duas perspectivas: (1) a da filosofia, que foi mencionada anteriormente, e (2) pela perspectiva da Ciência da Computação, inicialmente utilizada pela Inteligência Artificial e hoje utilizada também pela Engenharia do Conhecimento. • As ontologias são classificadas em vários tipos, de acordo com o seu grau de generalidade ou especialidade, que são: Ontologias genéricas, Ontologias de tarefa, Ontologias de domínio, Ontologias de aplicação, Ontologias de representação e Ontologias centrais. • A capacidade de representar, reutilizar e interoperar conhecimento, e a possibilidade de realizar inferências sobre este conhecimento são características que concedem às ontologias um papel importante em diversas áreas. • As metodologias mais utilizadas na área de Engenharia de Ontologia são: o Metodologia 101: detalhado por passos que guiam os envolvidos, possui uma estrutura simples e passos diretos e bem detalhados, características que facilitam o processo de modelagem de ontologias e destacam-na como uma metodologia amplamente utilizada. o Methontology: é uma metodologia para construção de novas ontologias iniciadas a partir do zero, ou por utilização da reengenharia sobre ontologias já existentes. o KACTUS: objetivava a construção de ontologias no domínio de redes elétricas. O foco do projeto era investigar a viabilidade da reutilização de conhecimento em sistemas técnicos complexos e o papel da ontologia para apoiá-los. o TOVE: esta metodologia se caracteriza por transformar cenários informais, descritos em linguagem natural em modelos de linguagem formal, tornando- os assim computáveis. o Metodologia On-to-Knowledge: faz uso deste instrumento tanto na compreensão da aplicabilidade da ontologia, quanto na utilização dos preceitos de documentação que a ferramenta disponibiliza. 151 o OntoKEM: tem como um dos objetivos fomentar a pesquisa, através do apoio à criação de ferramentas para resolução de problemas no domínio da Gestão do Conhecimento. • O objetivo da Web Semântica é melhorar as potencialidades da web através da criação de padrões e ferramentas que permitam atribuir significado ao conteúdo das páginas web e, também, possibilitar que usuários e programas possam trabalhar de forma cooperativa. • As aplicações da ontologia para a Gestão do Conhecimento são voltadas para as áreas de colaboração, interoperabilidade, educação e na modelagem. • Recomendações para o nível dos métodos de construção de ontologias: o Uma ontologia não deve ser desenvolvida do nada, deve-se valer da reutilização. o Uma ontologia deve ser construída colaborativamente em um ambiente multiusuário. o Uma ontologia necessita de suporte tecnológico no seu ciclo de vida, primando por princípios como reutilização de outras ontologias. o Uma ontologia deve ser desenvolvida de forma incremental, sempre envolvendo os usuários finais. o Uma ontologia deve ser suficientemente flexível para acomodar diferentes cenários de utilização. o Uma ontologia deve ser amigável e fácil de usar. o Uma ontologia deve ser tratada como um sistema vivo e deve permitir expansão futura. • A Web Semântica é uma extensão da web atual onde a informação passa a ser estruturada de forma que permita uma melhor cooperação entre computadores e pessoas. Na Web Semântica a informação está estruturada de tal forma que máquinas possam a “entender” e usá-la de alguma forma. • A Web Semântica baseia-se em anotações feitas em documentos de tal forma que o seu conteúdo semântico seja acessível e compreensível por ferramentas e agentes de software automatizadoscompetências e habilidades, capacidades inovadoras. Devemos sempre gerar os ativos intangíveis para disseminar a inteligência empresarial antes que outra pessoa ou empresa venha o faça primeiro. Com o incessante avanço da tecnologia, a informação passou a ter um tratamento muito mais cuidadoso do que em tempos atrás, sua difusão e utilização não podem mais depender única e exclusivamente dos seres humanos. Diante disso, muitas novas ciências originaram-se ou transformaram-se a partir de outras já existentes. Em sua tese, Oscar Dalfovo (2007) nos diz que a Gestão do Conhecimento (GC) é uma delas. Ela é utilizada atualmente nas organizações para manusear, transformar, concatenar, aprimorar e difundir informações entre as pessoas que dela fazem uso. Uma vez aprimorada, a informação transpôs várias barreiras no mundo, adquiriu status de negócio, permitindo assim às empresas fazerem uso da mesma sem a necessidade de deslocamentos desnecessários. Diante dessa magnitude alcançada pela informação, tornou-se necessário que as pessoas que a manuseassem tivessem que ser melhor preparadas e treinadas para enfrentar esse novo desafio. Na literatura, dificilmente encontra-se uma única definição formal de Gestão do Conhecimento. Portanto, apresentam-se aqui algumas destas definições e ideias pelos dois mais consagrados autores da área de Gestão do Conhecimento: • Processo através do qual as organizações procuram obter valor a partir de seus recursos intelectuais e de conhecimento. Frequentemente, obter valor destes recursos significa compartilhá- los com funcionários, departamentos e até com outras organizações em um esforço contínuo para obter as melhores práticas (NONAKA; TAKEUCHI, 1997, p. 80). UNIDADE 1 | CONHECIMENTO EXPLÍCITO E TÁCITO, ESPIRAL DO CONHECIMENTO, ERA DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO, SOCIEDADE DO CONHECIMENTO E O COMPARTILHAMENTO DO CONHECIMENTO, GESTÃO DO CONHECIMENTO 6 Os autores ainda afirmam que “Gestão do Conhecimento é o processo sistemático de identificação, criação, renovação e aplicação dos conhecimentos que são estratégicos na vida de uma organização” (NONAKA; TAKEUCHI, 1997, p. 80). • É a administração dos ativos de conhecimento das organizações. Permite à organização saber o que ela sabe. De acordo com isso, este ‘conhecimento’ sobre o que a organização sabe e como faz a sua gestão é utilizado para que a mesma alcance seus objetivos propostos (Davenport, 1998, p. 65). Muitos são os fatores que influenciam nesse processo de busca do conhecimento, entre eles pode-se citar a rápida evolução da tecnologia, o acesso aos mercados globais, turbulências dos mercados, como lidar e extrair dados e informações da inteligência competitiva nas organizações etc. No entanto, o objetivo principal por trás de todos esses fatores é a obtenção de alguma vantagem competitiva sobre seus concorrentes através da inovação de produtos, serviços e processos. Para os processos de criação/inovação do conhecimento sempre é necessário um ambiente de trabalho que possibilite a colaboração, integração, interação entre todos os participantes, além de um gerenciamento das informações necessárias e daquelas produzidas durante o processo de geração do conhecimento. 2 CONHECIMENTO EXPLÍCITO E CONHECIMENTO TÁCITO A gestão do conhecimento está diretamente relacionada com o que o indivíduo sabe e como ele compartilha esse conhecimento, seja ele tácito ou explícito. O que são esses tipos de conhecimentos? (BASTIANI, 2016). Segundo as definições de Nonaka e Takeuchi (1997, p. 63), os dois TIPOS DE CONHECIMENTOS que uma organização deve levar em consideração são: • Conhecimento Explícito: Aquele que se articula por meio da linguagem formal, com afirmações gramaticais, expressões matemáticas, especificações, manuais etc.; sendo facilmente transmitido, sistematizado e comunicado. Ele pode ser transmitido formal e facilmente entre os indivíduos. Esse foi o modo dominante de conhecimento na tradição filosófica ocidental. • Conhecimento Tácito: Resultado do processamento de informações utilizando-se da intuição e da subjetividade, podendo ser resumido pela palavra “implícito”. Pode não estar expresso claramente, pois o indivíduo usufrui muitas vezes do inconsciente tornando-o consciente, porém podendo ser o pensamento verdadeiro ou não. Este tipo de conhecimento, na maioria das vezes, não é possível de ser documentado ou até mesmo verbalizado, pois é a junção da linguagem expressa, incorporado à experiência individual e envolve fatores intangíveis, como, por exemplo, crenças pessoais, TÓPICO 1 | CONHECIMENTO EXPLÍCITO E CONHECIMENTO TÁCITO, ESPIRAL DO CONHECIMENTO, ERA DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO 7 perspectivas, sistema de valor, intuições, emoções e habilidades individuais. Não podendo se esquecer dos ruídos que na maioria das vezes existem em qualquer processo de comunicação, o qual pode ter, inclusive, sua interatividade prejudicada por causa disso. Segundo Vanessa Alonso (2016), a classificação e definição do tipo de conhecimento facilita a organização do gerenciamento de competências dentro da organização. Conhecimento explícito: Já o conhecimento explícito diz respeito aos conhecimentos técnicos que são registrados em algum tipo de material físico, como em um vídeo, em um livro, manual, treinamento (slides), enfim é todo conhecimento que é possível compartilhar através de uma simples ferramenta. Ou seja, conhecimento explícito também poderia ser chamado de informação. Conhecimento tácito: Esse tipo de conhecimento diz respeito à bagagem que a pessoa traz consigo, todo conhecimento adquirido em outras experiências, em universidades, na participação de um curso. É aquele conhecimento que a pessoa só consegue transmitir a outra através da transferência de experiência em um trabalho em grupo, pois é o conhecimento vivenciado, é de fato o que ele sabe e domina na prática. FIGURA 2 - CONHECIMENTO EXPLÍCITO E TÁCITO FONTE: Vanessa Alonso. Disponível em: . Acesso em: 4 jan. 2016. O novo conhecimento começa sempre com o indivíduo. Um pesquisador brilhante tem um insight que leva a uma inovação. O sentido de intuição de tendência do mercado de um administrador intermediário torna-se o catalisador para um importante novo conceito de produto. Um operário extrai de anos de experiência uma inovação em um processo novo. Em cada caso, o conhecimento pessoal de um indivíduo é transformado em conhecimento organizacional para a empresa como um todo (BERTON, 2009). UNIDADE 1 | CONHECIMENTO EXPLÍCITO E TÁCITO, ESPIRAL DO CONHECIMENTO, ERA DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO, SOCIEDADE DO CONHECIMENTO E O COMPARTILHAMENTO DO CONHECIMENTO, GESTÃO DO CONHECIMENTO 8 Tornar o conhecimento pessoal disponível para os outros é a atividade central da empresa criadora do conhecimento. Isso se dá continuamente e em todos os níveis da organização. E, como o exemplo seguinte apresentado por Nonaka e Takeuchi (2008, p. 43), sugere algumas vezes poder assumir formas inesperadas. Em 1985, o departamento de desenvolvimento de produtos na Matsushita Electric Company, com base em Osaka, trabalhava arduamente em uma nova máquina doméstica para fazer pão, mas tinham problemas em fazer com que a máquina sovasse a massa corretamente: a crosta do pão ficava excessivamente cozida enquanto o miolo não. Os empregados analisaram exaustivamente o problema. Chegaram até a comparar radiografias de massa sovada pela máquina com radiografia da massa sovada por padeiros profissionais. Não foram, porém, capazes de obter dados significativos. Até que a responsável pelo software, Ikuko Tanaka, propôs uma solução criativa. O Osaka International Hotel tinha a reputação de fazer o melhor pão em Osaka. Por que não o usar como modelo? Tanaka treinou com o chefe dos padeiros do hotel para estudar sua técnica de sovar. Ela observou que o padeiro tinha uma maneira diferente de esticarsem intervenção humana. • A Web Semântica se compõe dos elementos de Representação do conhecimento (Knowledge representation); Ontologias (Ontologies) e Agentes (Agents). • O projeto Web Semântica constitui-se como uma tentativa inversa de solução para a recuperação da informação, tendo como objetivo desenvolver meios para que as máquinas possam servir aos humanos de maneira mais eficiente, com base em instrumentos que fornecem sentido lógico e semântico aos computadores, como as ontologias. • As principais tecnologias que despontam atualmente para o desenvolvimento da Web Semântica e suporte à interoperabilidade de informação são: Extensible Markup Language – XML; Document Type Definition (DTD) e XML Schema; Arquiteturas de Metadados; Arquitetura RDF. 152 AUTOATIVIDADE 1 Defina o que é Ontologia. 2 Quais são as metodologias mais utilizadas na área de Engenharia da Ontologia? 3 Quais são os seis passos iterativos da Ontology Development 101? 4 Quais são as etapas propostas pela metodologia TOVE? 5 Defina o que é Web Semântica e quais as três ordens principais de problemas semânticos. 6 Quais são as camadas da Web Semântica e suas funções? 7 Explique sobre os três elementos que compõem a Web Semântica. 153 TÓPICO 3 SISTEMAS DE HIPERMÍDIA ADAPTATIVA UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO Segundo Wu e De Bra (2001, p. 32), os Sistemas Hipermídia Adaptativos (SHAs) “proveem acesso personalizado de maneira automática às informações”. Um recurso tecnológico a favor da gestão do conhecimento que serve para facilitar a interação dos usuários nos sistemas. A maioria dos SHAs possui adaptatividade no que se refere à navegação, à apresentação e ao conteúdo. A estruturação dos links, o conteúdo das páginas e sua apresentação podem ser diferentes para cada grupo de usuário. As particularidades dos usuários são representadas por meio de modelos e o sistema adapta o conteúdo, a navegação e a apresentação de acordo com o perfil do usuário. Em outro momento, Koch (2000, p. 3) afirma que: [...] mais precisamente, as adaptações de conteúdo e apresentação evitam a sobrecarga cognitiva, apresentando ao usuário a informação adequada com o layout apropriado. Por sua vez, a adaptação da navegação soluciona o problema da desorientação na hipermídia, limitando os espaços de navegação, fornecendo informações adicionais dos links, ocultando conteúdo e links irrelevantes ao usuário, ou sugerindo os melhores vínculos a serem seguidos. Conforme Brusilovsky (1996, p. 95) a capacidade de adaptação em sistemas hipermídia faz-se necessária por dois motivos principais: [...] primeiro, para atender a usuários com objetivos, interesses, preferências, experiências e conhecimentos distintos sobre o assunto coberto pelo sistema. Segundo, para proteger usuários do problema de perder-se no hiperespaço, restringindo-o por meio da sugestão das ligações mais significativas. Por fim, as funcionalidades adaptativas auxiliam na orientação durante a navegação, tornando o acesso menos cansativo e evitando a sobrecarga cognitiva devido ao grande volume de informações. Brusilovsky (2003) conceitua um SHA como todo sistema que contém: UNIDADE 3 | INTELIGÊNCIA COMPETITIVA E GESTÃO POR COMPETÊNCIA. UNIVERSIDADE CORPORATIVA. ONTOLOGIAS, WEB SEMÂNTICAS E SISTEMAS DE HIPERMÍDIA ADAPTATIVA 154 • sistema de hipertexto ou hipermídia; • modelo de usuário, do domínio e de adaptação; • capacidade de adaptação do hiperespaço com este modelo. Os Sistemas de Hipermídia Adaptativa (SHA) podem ser divididos entre sistemas adaptáveis e adaptativos, de acordo com a participação efetiva do usuário na atualização do modelo de usuário (MU). [...] os adaptáveis são aqueles em que os usuários definem explicitamente suas preferências ou definem seu perfil, mediante o preenchimento de um formulário. Essas informações ficam armazenadas no modelo do usuário e este só será modificado quando houver um pedido explícito do próprio usuário. Por sua vez, nos sistemas adaptativos, o modelo do usuário é atualizado por meio do processo de observação do percurso de navegação do usuário no hiperespaço, ou seja, o comportamento do usuário é monitorado e armazenado com o objetivo de deduzir suas preferências e conhecimentos para personalizar o conteúdo e/ou ligações (ZANCHETT, 2006, p. 42). Sistemas Hipermídia têm sido usados em diversos tipos de aplicações, entre eles, aplicações educacionais, sistemas de informações on-line, sistemas de ajuda on-line e recuperação de informações hipermídia (BRUSILOVSKY, 2001). No caso dos sistemas educacionais, o modelo do usuário é atualizado constantemente em função dos resultados obtidos, registrando o histórico do usuário durante a navegação. No exemplo dos testes virtuais aplicados em sistemas hipermídia educacionais, o usuário só avança nos módulos de conteúdo depois de ter concluído determinada fase. Desse modo, pode-se observar que os objetivos da HA caracterizam-se em prover aos usuários conteúdo atualizado, ilustração multimídia pertinente, com tamanho e profundidade adequados ao contexto e em correspondência direta com o modelo do usuário, como afirma Palazzo (2001). Para o autor, um SHA deve prover também a personalização e a individualidade da interface, desde que distintas e dinamicamente organizadas. A arquitetura de um SHA, de acordo com Palazzo (2001), requer elementos fundamentais, pois este sistema apresenta componentes que atuam em estreita dependência, como, por exemplo, a interface representada na figura a seguir. FIGURA 48 - COMPONENTES PRINCIPAIS DE UM SHA FONTE: Palazzo (2001) TÓPICO 3 | SISTEMAS DE HIPERMÍDIA ADAPTATIVA 155 Aragão (2003, p. 5) observa que “o usuário da WWW possui a necessidade de encontrar informações importantes e significativas em pouco tempo, a fim de que seja capaz de tomar decisões e de aumentar a sua eficiência, em especial, no ambiente de trabalho”. É possível antever para estes sistemas um amplo espaço de pesquisa e desenvolvimento nos próximos tempos, tendo em vista seu potencial em diversas novas aplicações que estão surgindo. O desenvolvimento e a disseminação de tais sistemas poderão caracterizar um novo momento na relação usuário-computador. 2 CICLO DE VIDA ADAPTATIVO Na utilização dos SHA são desencadeados diferentes estágios de interação com o usuário. Estes estágios compreendem o ‘ciclo de vida adaptativo’, dividido em quatro passos: apresentação, interação, análise e síntese (KOCH, 2000). Os estados do modelo de ‘ciclo de vida adaptativo’ e as possíveis transições entre esses estágios são representadas graficamente pela linguagem UML (1999). FIGURA 49 - DIAGRAMA UML DE ESTADOS DO CICLO DE VIDA ADAPTATIVO FONTE: Koch (2000, p. 16) UNIDADE 3 | INTELIGÊNCIA COMPETITIVA E GESTÃO POR COMPETÊNCIA. UNIVERSIDADE CORPORATIVA. ONTOLOGIAS, WEB SEMÂNTICAS E SISTEMAS DE HIPERMÍDIA ADAPTATIVA 156 Koch (2000) esclarece que este modelo compreende a apresentação, interação, observação do usuário e o ajuste. Esse último se redefine em dois estágios simultâneos, o ajuste do modelo do usuário e do sistema adaptativo. A autora destaca que entre a apresentação e a interação poderá ocorrer a transição não adaptativa, isto é, a ausência do ajuste adaptativo. Diante do exposto, exemplifica-se o nível mais alto da arquitetura de um SHA conectado à internet, em que a interface é uma página no navegador do usuário e a fonte de hipermídia é a própria internet, possuindo, deste modo, um canal adaptado como fonte alternativa de hipermídia, especializado em um determinado assunto ou domínio, correspondendo ao foco ou tema do SHA. Conforme Palazzo (2001), este sistema deve possuir amplas possibilidades de configuração, tanto pelo administrador (configurações do sistema) quanto pelo usuário. FIGURA 50 - SHA COM ACESSO À INTERNET FONTE: Palazzo (2001) Cabe ressaltar que a adaptação nesse exemplo é não intrusiva, isto é, tenta simplesmente oferecer um serviço adicional ao usuário, baseando-seno seu próprio modelo. Destaca-se ainda, nesta proposta, a existência de uma ferramenta de busca/descrição/classificação, que procura manter automaticamente atualizada a fonte hipermídia com a descrição de conteúdos e recursos localizados na internet. TÓPICO 3 | SISTEMAS DE HIPERMÍDIA ADAPTATIVA 157 3 NÍVEIS DE ADAPTAÇÃO Os métodos de hipermídia adaptativa dividem-se em níveis de adaptação de conteúdo, de navegação e de apresentação (KOCH, 2000, p. 23). Em relação a cada um deles, o autor tece as seguintes considerações: • Conteúdo adaptativo: são as informações incluídas em aplicação hipermídia. O conteúdo pode possuir elementos passivos ditos independentes de tempo, como texto e imagens, ou possuir elementos ativos (clipes de vídeos com som e animações). • Navegação adaptativa: utilizada para designar todas as técnicas que manipulam os links disponíveis para o usuário em determinado momento, auxiliando o usuário a encontrar seu caminho no hiperespaço. O sistema poderá adaptativamente ordenar, anotar ou esconder parcialmente os links em uma página para facilitar a escolha dos links sucessores. • Apresentação adaptativa: diz respeito a adaptações de layout que não afetam o conteúdo propriamente dito, mas elementos da interface, tais como cor, tamanho e tipo do texto, cor de fundo, tipos de mídia, bem como tamanho e posição de imagens. Os sistemas adaptativos moldam a informação apresentada de acordo com as preferências, conhecimento ou interesses do usuário. Este processo inclui mudanças, como, por exemplo, a seleção de partes da informação apropriada ao nível de conhecimento do usuário. Ao referir-se a HA, Brusilovsky (1996) aponta apenas duas categorias diferentes de adaptação: a apresentação adaptativa (no nível de conteúdo) e o suporte adaptativo à navegação (no nível de link). Portanto, o autor não faz a distinção de métodos de adaptação de conteúdo e apresentação. 4 MÉTODOS ADAPTATIVOS Os métodos de adaptação definidos por Brusilovsky (1996) são abstrações de diferentes técnicas de adaptação. Uma técnica é definida por uma representação de modelo do usuário e um algoritmo de adaptação. 4.1 MÉTODOS DE CONTEÚDO ADAPTATIVO O objetivo dos métodos de conteúdo adaptativo é adequar a aplicação para um grande grupo de usuários que têm diferentes níveis de conhecimento. Conforme Koch (2000, p. 50), são relacionados dois métodos: UNIDADE 3 | INTELIGÊNCIA COMPETITIVA E GESTÃO POR COMPETÊNCIA. UNIVERSIDADE CORPORATIVA. ONTOLOGIAS, WEB SEMÂNTICAS E SISTEMAS DE HIPERMÍDIA ADAPTATIVA 158 • conteúdo adicional: consiste em mostrar somente partes relevantes da informação (ocultando partes irrelevantes) de acordo com o nível de conhecimento, meta, interesses ou preferências do usuário. Este método é utilizado para apresentar explicações adicionais, pré- requisitadas ou comparativas; • conteúdo variante: método que consiste em mostrar uma parte da informação enquanto ao mesmo tempo se esconde outra parte. Este método também é conhecido como Variantes de Explicação. 4.2 MÉTODOS DE APRESENTAÇÃO ADAPTATIVA Objetiva-se nesse método o nível de apresentação adaptativa, isto é, adaptar o layout para atender uma preferência visual ou necessidade do usuário; e adaptar o conteúdo de um nó de informação do domínio da aplicação ao nível corrente de conhecimento e outras características do usuário (BRUSILOVSKY, 1996). Segundo Koch (2000), existem dois métodos de apresentação adaptativa: • Multi-idiomas: adaptação feita segundo o idioma preferido pelo usuário. • Layouts Variantes: possíveis alternativas requeridas em uma apresentação: cor, tamanho ou tipo de fonte, tamanho máximo das imagens, orientação de texto, ordenação dos conteúdos de fragmentos, dentre outros. O trabalho de Palazzo (2001, p. 51) relaciona cinco métodos de apresentação adaptativa: • Explicação Adicional (EA): método que procura ocultar as partes dos conteúdos que não são relevantes para o modelo do usuário. Por exemplo, detalhes de baixo nível que podem ser escondidos dos usuários com conhecimento insuficiente para entendê-los. Alguns usuários podem solicitar informações adicionais especialmente preparadas para eles, não sendo mostradas para outros. • Explicação Requerida (ER): induz ordenação dos conteúdos introduzindo-se pré-requisitos a determinadas informações com uma sequência lógica para os acessos. • Explicação comparativa (EC): está relacionada à similaridade existente entre dois conceitos. O usuário recebe uma explicação comparativa a um conceito similar apresentado e já conhecido. • Explicação variante (EV): nesse método, o sistema armazena diversas variantes para alguns dos conteúdos de uma página e o usuário obtém a apresentação da Explicação Variante que corresponde ao seu modelo. • Classificação de fragmentos (CF): leva em consideração o nível de conhecimento e a experiência do usuário. É um método que ordena os fragmentos de informação sobre o conceito, de maneira que a informação mais relevante para o usuário seja apresentada em primeiro lugar. O autor segue a divisão proposta por Brusilovsky (1996), que não distingue métodos de adaptação de conteúdo dos de apresentação. Por esse motivo, as cinco técnicas apresentadas acima são válidas tanto para adaptação de conteúdo quanto de apresentação. TÓPICO 3 | SISTEMAS DE HIPERMÍDIA ADAPTATIVA 159 4.3 MÉTODOS DE NAVEGAÇÃO ADAPTATIVA O objetivo de adaptação em nível de links é apoiar a navegação prevenindo os usuários a seguir os caminhos que são irrelevantes para o cumprimento das tarefas ou das metas (BRUSILOVSKY, 1996). Os métodos de Navegação Adaptativa, de acordo com Palazzo (2001) e Koch (2000), são abordados como sendo: • Condução Global (CG): tem por objetivo auxiliar o usuário a seguir o melhor caminho para a informação desejada. Deve oferecer em cada passo o melhor link ou links classificados em ordem de importância. • Condução Local (CL): busca um alcance localizado, ou seja, preocupa-se com um único passo em vez do caminho global. A navegação é reformulada a cada passo para que o usuário tenha os links mais importantes para o seu modelo do usuário. • Suporte à Orientação Local (OL): direciona o usuário no posicionamento do hiperespaço local. Geralmente utiliza técnica de ocultação de informações menos importantes em um certo momento. • Suporte à Orientação Global (OG): auxilia o usuário a entender a estrutura global do hiperespaço que constitui o domínio de navegação do sistema, consequentemente reduzindo o problema da desorientação, ao mesmo tempo em que mantém a liberdade de navegação. • Gerenciamento de Visões Personalizadas: auxilia o usuário a organizar um espaço de trabalho eletrônico que necessita acessar uma pequena parte do hiperespaço no seu trabalho do dia a dia. Deixa personalizado e orientado ao seu objetivo (adaptabilidade). Os agentes são responsáveis por achar links apropriados ao usuário, mantendo assim a visão personalizada. Cada método de adaptação pode ser implementado usando técnicas diferentes, e uma técnica pode ser utilizada para implementar mais de um método. 5 TÉCNICAS ADAPTATIVAS O principal objetivo das técnicas adaptativas é adaptar o sistema para as necessidades específicas de um usuário. Para tal, é necessário inicializar e manter atualizadas as características do usuário relevantes para o sistema. Diferentes técnicas para efetuar a adaptação são empregadas. UNIDADE 3 | INTELIGÊNCIA COMPETITIVA E GESTÃO POR COMPETÊNCIA. UNIVERSIDADE CORPORATIVA. ONTOLOGIAS, WEB SEMÂNTICAS E SISTEMAS DE HIPERMÍDIA ADAPTATIVA 160 5.1 TÉCNICAS PARA CONTEÚDO ADAPTATIVO De acordo com Koch (2000, grifos do original), as técnicas de conteúdo adaptativo podem ser: • Stretchtext: o conteúdo é organizado como um conjunto de fragmentos visíveis. O SHA determina quais fragmentos são “expandidos” e quais são “contraídos” para a apresentação inicial. O usuário pode então decidir qual fragmento deseja expandir. • Texto Condicional:o modelo do usuário e as relações de conceito do modelo de domínio proveem a informação que permite ao sistema determinar qual parte da informação deve ser apresentada ao usuário. • Páginas Variantes: técnica simples que consiste em manter duas ou mais páginas alternativas com conteúdo adaptado, por exemplo, uma para cada nível de conhecimento: o novato, o intermédio e o perito. • Abordagem Baseada em Frames: esta técnica permite a inclusão de toda a informação relacionada em um frame do HTML. O quadro a seguir mostra que técnica pode ser combinada e qual pode ser usada para implementar cada método de conteúdo adaptativo. QUADRO 7 – MÉTODOS E TÉCNICAS PARA CONTEÚDO ADAPTATIVO FONTE: Koch (2000) 5.2 TÉCNICAS DE APRESENTAÇÃO ADAPTATIVA Conforme Koch (2000), as mesmas técnicas para conteúdo adaptativo, com exceção de stretchtext, podem ser usadas para apresentação adaptativa. Para tanto, as técnicas se configuram em Páginas Variantes, Fragmentos Condicionais e Abordagem Baseada em Frames. Por fim, outra técnica usada no contexto de apresentação adaptativa e útil para implementar os métodos mencionados anteriormente é chamada de Styleguiding (guia de estilo), que consiste na definição de diferentes guias de estilo utilizados alternadamente para Layouts Variantes. QUADRO 8 - MÉTODOS E TÉCNICAS PARA APRESENTAÇÃO ADAPTATIVA Métodos/ Técnicas Stretchtext Texto condicional Páginas variantes Abordagem baseada em frames Conteúdo adicional X X X Conteúdo variante X X X Métodos/Técnicas Pes Fragmentos Condicionais Abordagem variada em frames Styleguiding (Guia de estilo) Multi-idiomas X X X Layouts Variantes X X X X FONTE: Koch (2000) TÓPICO 3 | SISTEMAS DE HIPERMÍDIA ADAPTATIVA 161 5.3 TÉCNICAS DE NAVEGAÇÃO ADAPTATIVA A finalidade da navegação adaptava é ajudar o usuário a encontrar suas rotas de navegação no hiperespaço de informações do domínio. As técnicas para adaptação de navegação manipulam âncoras, nodos (nós ou unidades de informação) e links com o propósito de adaptar dinamicamente a navegação para as características do usuário. Estas técnicas são apresentadas por Brusilovsky (1996), De Bra; Houben e Wu (1999a) em seis formatos que compreendem: Orientação Direta: o sistema indica para o usuário o nó ideal para ser visitado em seguida, durante a navegação. Anotação de links: o aspecto visual, como uma cor diferente para o link, mostra a opção da relevância do destino. Remoção de links: quando o sistema considera imprópria uma ligação, esta será removida. Ordenação de links: consiste em ordenar um conjunto de âncoras, de forma que os links sejam apresentados em ordem decrescente pela relevância do tema, de acordo com o modelo de usuário. A desvantagem da ordenação adaptativa é que cada vez que o usuário entrar na mesma página, âncoras ordenadas podem estar em posições diferentes. Navegação Passiva: consiste na adição de links não explícitos (sem âncoras), isso é, usados para que o sistema ajude o usuário quando o mesmo identificar um padrão de comportamento, por exemplo, permanecer inativo durante um determinado período de tempo ou navegar repetidamente para trás e para frente. Mapa Adaptativo: consiste em uma combinação de outras técnicas. A única diferença diz respeito à visualização gráfica da estrutura de navegação (links). O quadro a seguir mostra quais técnicas podem ser utilizadas na implementação de cada método por navegação adaptativa. QUADRO 9 - MÉTODOS E TÉCNICAS PARA NAVEGAÇÃO ADAPTATIVA Métodos/Técnicas Orientação direta Anotação de links Remoção de links Ordenação de links Navegação passiva Condução global X X X Condução local X X X X X Suporte à Orientação Local X X Suporte à Orientação Global X X X Gerenciamento de Visões Personalizadas X X X X X FONTE: Koch (2000) 162 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico você aprendeu que: • Os Sistemas Hipermídia Adaptativos (SHAs) proveem acesso personalizado de maneira automática às informações, recurso tecnológico a favor da gestão do conhecimento para facilitar a interação dos usuários nos sistemas. • A maioria dos SHAs possui adaptatividade no que tange à navegação, à apresentação e ao conteúdo. A estruturação dos links, o conteúdo das páginas e sua apresentação podem ser diferentes para cada grupo de usuário. • As adaptações de conteúdo e apresentação evitam a sobrecarga cognitiva, apresentando ao usuário a informação adequada com o layout apropriado. • As adaptações da navegação solucionam o problema da desorientação na hipermídia, limitando os espaços de navegação, fornecendo informações adicionais dos links, ocultando conteúdo e links irrelevantes ao usuário, ou sugerindo os melhores vínculos a serem seguidos. • Os Sistemas de Hipermídia Adaptativa (SHA) podem ser divididos entre sistemas adaptáveis e adaptativos. Os adaptáveis são aqueles em que os usuários definem explicitamente suas preferências ou definem seu perfil, mediante o preenchimento de um formulário. Nos sistemas adaptativos, o modelo do usuário é atualizado por meio do processo de observação do percurso de navegação do usuário no hiperespaço, ou seja, o comportamento do usuário é monitorado e armazenado com o objetivo de deduzir suas preferências e conhecimentos para personalizar o conteúdo e/ou ligações. • Os objetivos da HA caracterizam-se em prover aos usuários conteúdo atualizado, ilustração multimídia pertinente, com tamanho e profundidade adequados ao contexto e em correspondência direta com o modelo do usuário. • Na utilização dos SHA são desencadeados diferentes estágios de interação com o usuário e o ciclo de vida adaptativo é dividido pelos passos de apresentação, interação, análise e síntese. • Os métodos de hipermídia adaptativa dividem-se em níveis de adaptação de conteúdo, de navegação e de apresentação. Conteúdo adaptativo: são as informações como texto e imagens, clipes de vídeos com som e animações. Navegação adaptativa: utilizada para designar todas as técnicas que manipulam os links auxiliando o usuário a encontrar seu caminho no hiperespaço. Apresentação adaptativa: refere-se a adaptações de layout tais como cor, tamanho e tipo do texto, cor de fundo, tipos de mídia, bem como tamanho e posição de imagens. 163 • Os métodos de adaptação são abstrações de diferentes técnicas de adaptação: o Os métodos de Conteúdo Adaptativo são: conteúdo adicional e conteúdo variante. o Os métodos de Apresentação Adaptativa são: Multi-idiomas, Layouts Variantes, Explicação adicional, Explicação requerida, Explicação comparativa, Explicação variante, Classificação de fragmentos (CF). o Os métodos de Navegação Adaptativa são: Condução Global, Condução Local, Suporte a Orientação Local, Suporte a Orientação Global, Gerenciamento de Visões Personalizadas. o Técnicas para Conteúdo Adaptativo: Stretchtext, Texto Condicional, Páginas Variantes, Abordagem Baseada em Frames. o Técnicas de Apresentação Adaptativa: Fragmentos Condicionais, Abordagem Baseada em Frames e Styleguiding (Guia de estilo). o Técnicas de Navegação Adaptativa: Orientação Direta, Anotação de links, Remoção de links, Ordenação de links, Navegação Passiva e Mapa Adaptativo. Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. CHAMADA 164 AUTOATIVIDADE 1 Defina o que é Sistema de Hipermídia Adaptativa. 2 Quais são os dois motivos principais pela necessidade da capacidade de adaptação em sistemas hipermídia? 3 Quais são os três elementos da arquitetura de um SHA fundamentais que compõem o Mecanismo de Adaptação? 4 Explique cada um dos três métodos de hipermídia adaptativa: conteúdo, navegação e apresentação. 5 Descreva quais são os métodos de adaptação de Conteúdo, Apresentação e Navegação. 6 Descreva quais são as técnicas de adaptação de Conteúdo, Apresentação e Navegação. 165 REFERÊNCIAS AJMAL, M. M.; KOSKINEN,K. U. Knowledge Transfer in Project-Based Organizations: An Organizational Culture Perspective. Project Management Journal. v. 39, n. 1, 2007. ALMEIDA, Mauricio B.; BAX, Marcello P. 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Depois de um ano de tentativas e erros, trabalhando juntamente com os engenheiros do projeto, Tanaka apresentou as especificações do produto – incluindo a adição de partes especiais no interior da máquina – que reproduziram com sucesso a técnica de esticar do padeiro e a qualidade do pão que ela aprendera a fazer no hotel. Resultado: o método exclusivo de Matsushita de “torcer a massa” e um produto que em seu primeiro ano estabeleceu um recorde de vendas para um novo equipamento de cozinha. Para melhor demonstrar como o conhecimento se materializa, ou seja, se concretiza, Nonaka e Takeuchi (2008, p. 43, grifos do original) sugerem quatro padrões básicos para a CRIAÇÃO DO CONHECIMENTO em qualquer organização: 1. De tácito para tácito: algumas vezes, um indivíduo compartilha o conhecimento tácito diretamente com outro. Por exemplo, quando Ikuko Tanaka tornou-se aprendiz do padeiro-chefe no Osaka International Hotel, aprendeu suas habilidades tácitas através da observação, imitação e prática. Elas tornaram-se parte de sua própria base de conhecimento tácito. Colocando de outra forma, ela foi “socializada” no artesanato. Isoladamente, a socialização é uma forma bastante limitada de criação do conhecimento. É verdade que o aprendiz aprende as habilidades do mestre. Mas nem um nem o outro ganham insight sistemático no conhecimento de seu artesanato. Como seu conhecimento nunca se torna explícito, não pode ser facilmente alavancado pela organização com um todo. 2. De explícito para explícito: o indivíduo também pode combinar partes distintas do conhecimento explícito em um novo todo. Por exemplo, quando um auditor de uma empresa coleta informação de TÓPICO 1 | CONHECIMENTO EXPLÍCITO E CONHECIMENTO TÁCITO, ESPIRAL DO CONHECIMENTO, ERA DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO 9 toda a organização e junta em um relatório financeiro, esse relatório é um novo conhecimento, no sentido de que sistematiza informações de muitas fontes diferentes. Mas essa combinação não amplia a base de conhecimento já existente da empresa. Quando, no entanto, o conhecimento tácito e o explícito interagem, como no exemplo da Matsushita, algo poderoso acontece. É precisamente esta troca entre o conhecimento tácito e explícito que as empresas japonesas desenvolvem bem. 3. De tácito para explícito: quando Ikuka Tanaka é capaz de articular os fundamentos de seu conhecimento tácito sobre fazer pão, ela o converte em conhecimento explícito, permitindo assim que ele seja compartilhado com sua equipe de desenvolvimento de projeto. Outro exemplo é o do auditor que, em vez de meramente compilar um plano financeiro convencional para sua empresa, desenvolve uma abordagem nova e inovadora para o controle orçamentário, baseada em seu próprio conhecimento tácito desenvolvido durante anos em sua função. 4. De explícito para tácito: além do mais, à medida que o novo conhecimento explícito é compartilhado pela organização, outros empregados começam a internalizá-lo – isto é, usam-no para ampliar, estender e reformular seu próprio conhecimento tácito. A proposta do auditor provocou uma revisão no sistema de controle financeiro da empresa. Outros empregados usam a inovação e, por fim, passam a encará-la como parte natural dos instrumentos e recursos antecedentes necessários para realizar seu trabalho. A partir da explicação destes quatro padrões básicos da criação do conhecimento se inicia um novo conceito dentro da Gestão do Conhecimento, chamado de “ESPIRAL DO CONHECIMENTO”. Assunto a ser apresentado no próximo tópico. ESTUDOS FU TUROS 3 A ESPIRAL DO CONHECIMENTO A disseminação do conhecimento está com o que o indivíduo sabe e como ele compartilha esse conhecimento. Alonso (2016) destaca que o conhecimento deve fluir entre todos, para que juntos exista troca de informações e evolução de competências. Algumas ações vão facilitar esse intercâmbio de informações. O conhecimento precisa ser vivenciado através da socialização, externalização, internalização e combinação: • Socialização: Nessa etapa o conhecimento irá fluir do tácito para o tácito entre as pessoas da equipe. Incentive reuniões e brainstorming onde os profissionais possam trocar ideias, observar, praticar, imitar, enfim, interagir e aprender um com o outro através da prática. UNIDADE 1 | CONHECIMENTO EXPLÍCITO E TÁCITO, ESPIRAL DO CONHECIMENTO, ERA DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO, SOCIEDADE DO CONHECIMENTO E O COMPARTILHAMENTO DO CONHECIMENTO, GESTÃO DO CONHECIMENTO 10 • Externalização: O conhecimento tácito caminhando por entre o explícito é outra opção que deve ser mantida dentro da equipe, por isso solicite relatórios, descrição do processo ou desenhos. Use ferramentas que permitam conceituar os conhecimentos e facilitar o aprendizado, dando a oportunidade para os membros transmitirem explicações entre o grupo. • Combinação: O conhecimento que gira em torno do explícito para o explícito. O gestor deve estimular a troca de relatórios e materiais desenvolvidos entre todos os membros da equipe. Dessa forma ele irá facilitar o compartilhamento de ideias, estimulando a troca de aprendizados e competências. • Internalização: É quando o conhecimento se desenvolve através do caminho explícito para tácito. Pode ser motivado através de atividades simples, como as sugestões de vídeos, textos ou até treinamentos elaborados pelos próprios membros da equipe sobre um determinado conhecimento necessário. Em seguida, o gestor deve criar a possibilidade para que os profissionais consigam incorporar esse conhecimento, com a prática no cotidiano do que foi vivenciado, isso pode ser feito através de ações como orientações verbais ou diagramação. FONTE: Disponível em: . Acesso em: 4 Jan. 2016. FIGURA 3 - ESPIRAL DO CONHECIMENTO FONTE: Disponível em: . Acesso em: 4 jan. 2016. Nonaka e Takeuchi (2008) nos explicam que, em primeiro lugar, o modo de socialização geralmente inicia com a construção de um “campo” de interação. Esse campo facilita o compartilhar das experiências e dos modelos mentais dos membros. Em segundo lugar, o modo de externalização é desencadeado pelo “diálogo ou reflexão coletiva”, nos quais o uso da metáfora apropriada ou Carlos F. Nascimento Nota Parei aqui 02/10 TÓPICO 1 | CONHECIMENTO EXPLÍCITO E CONHECIMENTO TÁCITO, ESPIRAL DO CONHECIMENTO, ERA DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO 11 da analogia ajuda os membros da equipe a articularem o conhecimento tácito oculto que, de outra forma, é difícil de comunicar. Em terceiro lugar, o modo de combinação é desencadeado pela “rede” do conhecimento recentemente criado e do conhecimento existente de outras seções da organização, cristalizando-os dessa maneira em um novo produto, serviço ou sistema administrativo. Por fim, o “aprender fazendo” desencadeia a internalização. Conforme ilustra a figura a seguir, o conhecimento tácito mobilizado é “organizacionalmente” amplificado através dos quatro modos de conversão do conhecimento e cristalizado em níveis ontológicos mais elevados. Portanto, de acordo com Nonaka e Takeuchi (2008, p. 70), chamamos isso de “espiral do conhecimento”, na qual a interação entre o conhecimento tácito e o conhecimento explícito tornar-se-á maior na escala à medida que sobe nos níveis ontológicos. Assim, a criação do conhecimento organizacional é um processo em espiral, iniciando no nível individual e subindo através das comunidades expandidas de interação, que atravessa os limites seccionais, departamentais, divisionais e organizacionais. FIGURA 4 - ESPIRAL DA CRIAÇÃO DO CONHECIMENTO ORGANIZACIONAL FONTE: Disponível em: . Acesso em: 4 jan. 2016. O texto sobre Gestão do Conhecimento de Soares (2013) nos informa que Nonaka e Takeuchi (1997) sugerem um modelo integrado de cinco fases do processo de criação(ou “ESPIRAL”) de conhecimento organizacional: 1) compartilhamento do conhecimento tácito; 2) criação de conceitos; 3) justificação de conceitos; 4) construção de um arquétipo e 5) difusão interativa do conhecimento. UNIDADE 1 | CONHECIMENTO EXPLÍCITO E TÁCITO, ESPIRAL DO CONHECIMENTO, ERA DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO, SOCIEDADE DO CONHECIMENTO E O COMPARTILHAMENTO DO CONHECIMENTO, GESTÃO DO CONHECIMENTO 12 FIGURA 5 - MODELO DE CINCO FASES DO PROCESSO DE CRIAÇÃO DE CONHECIMENTO FONTE: Nonaka e Takeuchi (1997, p. 96) Conforme Soares (2013, p. 3 grifos do original), além das informações da espiral do conhecimento descritas na Figura 3, a criação de conhecimento organizacional demanda condições (ou contexto) de capacitação (viabilização/ facilitação), que são: a) Intenção: constitui a aspiração de uma organização em relação às suas metas; fornece o critério para avaliar um conhecimento. b) Autonomia: amplia as possibilidades e estímulo para introduzir novos insights e conhecimentos na estrutura holográfica. c) Flutuação e caos criativo: estimulam a interação interna com o ambiente externo, pela adoção de uma atitude aberta em relação aos sinais ambientais, podendo explorar a ambiguidade, a redundância ou os ruídos desses sinais para aprimorar seu próprio sistema de conhecimento. d) Redundância: refere-se à superposição intencional de informações, visando a compartilhá-las nos diferentes níveis ou dimensões organizacionais, permitindo assim que uns percebam e conheçam o que outros sabem. e) Variedade de requisitos: de forma que a diversidade organizacional interna corresponda à variedade e complexidade do ambiente externo, viabilizando melhor ajuste e resposta aos desafios impostos. Já Nonaka e Takeuchi (1997 apud SOARES, 2013, p. 4) destacam que: Na primeira fase do modelo, o compartilhamento do conhecimento tácito é considerado um estilo de socialização e, como é importante e individual, precisa ser partilhado na empresa. O compartilhamento do conhecimento tácito é conexo ao processo de socialização, conforme TÓPICO 1 | CONHECIMENTO EXPLÍCITO E CONHECIMENTO TÁCITO, ESPIRAL DO CONHECIMENTO, ERA DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO 13 supracitado; assim, é importante que as empresas disponibilizem um espaço de intercâmbio/de troca de conhecimentos. Todavia, conforme os autores, deve haver cuidado nesse processo, pois nessa etapa os envolvidos podem apresentar perspectivas, histórias e objetivos diferentes. 4 ERA DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO Efetivamente, o estudo sistemático dos comportamentos econômicos ocorridos na transição de século e de milênio contribuiu com um novo fator: o conhecimento, a dimensão crítica de sustentação de vantagens competitivas. Nesta economia nova, por estar atrelada à onda das novas tecnologias, as capacidades de inovação, de diferenciação, de criação de valores acrescentados, de adaptação à mudança são determinantes pela forma como velho e novo conhecimento integram cadeias/redes de valores, como processo e produtos recorrem a conhecimento útil e crítico, bem como pela aptidão demonstrada pelas pessoas, organizações e governos para aprender em permanência. O conceito de mudança parece ser uma das palavras-chave da Era do Conhecimento. Tendo em conta que vivemos nos contextos da gestão do conhecimento. Porém, não há uma via única para a mudança. Para que esta tome um rumo favorável ao desenvolvimento dos recursos humanos, a formação profissional terá que ser integrada na própria estratégia da empresa como aliada e impulsionadora da evolução. No entanto, a própria formação terá de ser alvo de mudança: das suas orientações, da formação como é implementada e não avaliada, das posturas dos seus envolvidos. FIGURA 6 - ERA DO CONHECIMENTO FONTE: Disponível: . Disponível em: 4 jan. 2016. Segundo Silva (2004), os fatores críticos de mudança e competitividade são destacados conforme o quadro a seguir: UNIDADE 1 | CONHECIMENTO EXPLÍCITO E TÁCITO, ESPIRAL DO CONHECIMENTO, ERA DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO, SOCIEDADE DO CONHECIMENTO E O COMPARTILHAMENTO DO CONHECIMENTO, GESTÃO DO CONHECIMENTO 14 QUADRO 1 - ERA INDUSTRIAL X ERA DA INFORMAÇÃO Era Industrial Era da Informação • Músculo • Tangíveis • Massa • Hierarquia • Comando • Padronização • Sistemas fechados • Capital • Cérebro • Intangível • Diversidade • Redes • Persuasão • Customização • Sistemas abertos • Conhecimento FONTE: Silva (2004) Silva (2004) ainda nos destaca que, para ocorrer a competitividade, o fator de mudança no que se refere aos desafios postos pela sociedade do conhecimento deverá atingir três planos: pessoas, empresas e governo. • Pessoas: a era do conhecimento destaca a aprendizagem contínua ao longo da vida, ou seja, “Aprender a Conhecer para Aprender a Ser”. As necessidades de aperfeiçoamento humano são inesgotáveis e estendem-se por três vertentes principais: desenvolvimento pessoal e cultural, desenvolvimento social e comunitário, desenvolvimento profissional e de empregabilidade. • Empresas: na esfera da responsabilidade empresarial, o novo tempo demanda uma reconversão profunda de comportamento organizacional. Ao paradigma mecânico da empresa industrial e clássica sucede-se o imperativo da evolução constante por aprendizagem, o qual carece de políticas ativas de remoção e superação dos seguintes fatores: QUADRO 2 - FATORES DE SUPERAÇÃO DE MUDANÇA Obstáculo Configuração Fatores Sucesso/transição familiar Empreendedora Centralização estratégica, ausência de estímulo à aprendizagem generalizada. Rigidez Máquina/ Diversidade Crescimento orgânico, padronização, eficiência sem reflexividade. Hiperestabilidade Máquina/Política Cultura antirrisco, incentivos à rotina, fraca exposição competitiva. Domínio da introspecção Máquina/ Profissional Atitude local, valores de corporativismo, alheamento ao benchmark. Hiperconfiança Máquina Indisponibilidade para desaprender, aversão psicológica à mudança. FONTE: Silva (2004) TÓPICO 1 | CONHECIMENTO EXPLÍCITO E CONHECIMENTO TÁCITO, ESPIRAL DO CONHECIMENTO, ERA DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO 15 • Governo: espera-se do governo que seja, ele próprio, aprendiz de maneira a sinalizar para o conjunto da sociedade civil os estímulos adequados a uma apropriada assunção dos desafios. Busque confiança e conhecimento dos processos que intervêm na formação das políticas públicas e consiga ordenar os saberes humanos e sociais em permanente melhoria para a gestão equilibrada e, consequentemente, para uma prestação ótima de bens e serviços dirigidos a cidadãos cada vez mais informados, educados e conhecedores. Segundo Roberto Heinzle (2011), a transição para o novo milênio foi marcada por mudanças rápidas e de grande impacto na sociedade, resultando no que se convencionou denominar de era da informação e do conhecimento (Sociedade do Conhecimento, Era Virtual, Era da Máquina Inteligente e Era Pós- Capitalista, entre outras, são denominações alternativas também empregadas). Neste novo ambiente, as dificuldades proporcionadas pelas tecnologias da informação e da comunicação (TIC) permitem que uma pessoa possa se comunicar ou acessar informações disponíveis em qualquer outro lugar do planeta, bastando dispor de uma linha telefônica e um computador. Por fim, os computadores passaram a explorar as novas TICs, e com elas foram interligados, criadas redes com as quais se viabilizou a troca de dados. Tais circunstâncias representaram a eliminação de distâncias geográficas e espaços físicos entre países, regiões, pessoas e organizações, tendo os computadores se constituído em canais para disseminação e compartilhamento de informação. Rosini (2003) nos afirma que o conhecimento dobra constantemente e isso pode levar a uma obsolescência do conhecimento adquirido, dentro da própria existência, e a uma necessidade de permanente atualização desses conhecimentos. Por consequência,há um aumento na dificuldade de compreensão e de entendimento das coisas que, associado à insuficiência de elementos disponíveis para o julgamento (informação), implica o aumento da importância da credibilidade das pessoas e de seus relacionamentos (network). A característica fundamental da nova era está na intensidade e dinâmica da criação de conhecimento novo e sua acelerada disseminação, incorporação e uso. O conhecimento passou a definir, mais do que qualquer outro fator, as oportunidades de desenvolvimento, pois se tornou o recurso estratégico principal. O mundo passou a ser marcado pela rápida migração de ideias e pelo uso intensivo de conhecimento. A incorporação deste conhecimento novo, por sua vez, resultou num continuado processo de inovação e num desenvolvimento tecnológico acelerado. O trinômio conhecimento, tecnologia e inovação passou a ter importância determinante nas sociedades contemporâneas (HEINZLE, 2011). A revolução da informação vem se acelerando nos últimos anos, podendo ser muito benéfica para o desenvolvimento de nossa sociedade, desde que possamos obter um equilíbrio entre a informação, o conhecimento e a sabedoria. Existe um contexto socioeconômico independente dos resultados futuros da economia trazidos à tona hoje pela internet. Essa mudança no plano econômico terá muitos reflexos na sociedade, onde as pessoas deverão ser mais criativas, participativas, envolvidas, determinantes e determinadas de seu futuro (UMPIERRE, 2006, p. 5). 16 Neste tópico você aprendeu que: • O conhecimento é dinâmico, humanístico e contextual. Está nas pessoas porque estas possuem experiências, valores, crenças, know-how e insights que as ajudam a discernir e julgar o uso apropriado da informação. • A construção da gestão competente do conhecimento é determinante da capacidade de as pessoas lidarem com o ambiente em acelerada transformação de valores na sociedade atual. • Nas organizações o conhecimento está embutido não só em documentos ou repositórios, mas também em rotinas, processos, práticas e normas organizacionais. • Para termos novas ideias, sermos criativos e competitivos, a melhor estratégia está na constante troca do conhecimento entre as pessoas e no trabalho em equipe. • Devemos gerar os ativos intangíveis para disseminar a inteligência empresarial antes que outra pessoa ou empresa o faça primeiro. • Para Nonaka e Takeuchi (1997), a GC é o processo sistemático de identificação, criação, renovação e aplicação dos conhecimentos que são estratégicos na vida de uma organização. • Para o autor da área, Davenport (1998), a GC é a administração dos ativos de conhecimento, ou seja, é permitir às organizações saber o que elas sabem. • O Conhecimento Explícito se articula por meio da linguagem formal, é técnico, facilmente transmitido, sistematizado e comunicado. • O Conhecimento Tácito é implícito, utilizando-se da intuição e da subjetividade. Não está expresso, envolve fatores intangíveis, como, por exemplo, crenças pessoais, perspectivas, sistema de valor, intuições, emoções e habilidades individuais. • Tornar o conhecimento pessoal disponível para os outros é a atividade central da empresa criadora do conhecimento. RESUMO DO TÓPICO 1 17 • Para melhor demonstrar como o conhecimento se materializa ou se concretiza, os quatro padrões básicos para a criação do conhecimento em qualquer organização são: de tácito para tácito, de explícito para explícito, de tácito para explícito e de explícito para tácito. • Alonso (2016) destaca que o conhecimento deve fluir entre todos e precisa ser vivenciado através da socialização, externalização, internalização e combinação: o Socialização: irá fluir do tácito para o tácito entre as pessoas na troca de ideias, observar, praticar, imitar, enfim, interagir e aprender um com o outro, através da prática. o Externalização: fluir do tácito por entre o explícito através de relatórios, desenhos e etc. o Combinação: flui do explícito para o explícito ao estimular a troca de relatórios e materiais desenvolvidos. o Internalização: flui do explícito para tácito, através de atividades simples como treinamentos. • A era da informação e do conhecimento está atrelada à onda das novas tecnologias, às capacidades de inovação, de diferenciação, de criação de valores acrescentados, de adaptação à mudança, sendo determinante pela forma como velho e novo conhecimento integram cadeias/redes de valores, como processo e produtos recorrem a conhecimento útil e crítico, bem como pela aptidão demonstrada pelas pessoas, organizações e governos para aprender em permanência. • Os fatores críticos de mudança e competividade entre a era industrial e da informação foram a transição do tangível para o intangível e do capital para o conhecimento. • Para Heinzle (2011), a incorporação deste conhecimento novo, por sua vez, resultou num continuado processo de inovação e num desenvolvimento tecnológico acelerado. O trinômio conhecimento, tecnologia e inovação passou a ter importância determinante nas sociedades contemporâneas. 18 1 Diferencie o que é Informação e o que é Conhecimento. 2 Conceitue o conhecimento explícito e o conhecimento tácito. Cite exemplos. 3 Contextualize sobre a espiral do conhecimento, explicando seus processos de socialização, externalização, internalização e combinação. 4 Quais são os principais avanços percebidos na era da Informação e do Conhecimento na atualidade? AUTOATIVIDADE 19 TÓPICO 2 A SOCIEDADE DO CONHECIMENTO E O COMPARTILHAMENTO DO CONHECIMENTO UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Cada vez mais a conversão de dados em conhecimento vem ocorrendo devido à sobrevivência imposta pela Sociedade do Conhecimento. Castells (1999) afirma que, apesar das sociedades continuarem a investir na agricultura (fator de produção agrária) e também nas indústrias (fator de produção industrial), a lógica da informação detém grande poder sobre os demais setores das sociedades. Apesar de que os conhecimentos e informações sempre foram cruciais em todos os modos de desenvolvimento, haja vista que o processo produtivo sempre se baseou em algum nível de conhecimento e em informação processada. “A sociedade da informação e do conhecimento é reconhecida pelo uso intenso da informação e do conhecimento e das tecnologias de informação e da comunicação (TIC), na vida do indivíduo e da sociedade, em suas diversas atividades” (BORGES, 2008, p. 5). Segundo Sewald Jr. (2012, p. 64, grifos do original): A sociedade vive um momento de transição para essa nova sociedade. Está migrando da era da informação para a era do conhecimento. Apesar da matéria-prima base de ambas ser a informação, a preocupação da segunda se traduz pela necessidade de educação, treinamento e desenvolvimento, enquanto a primeira se preocupa em utilizar intensivamente as tecnologias da informação e comunicação (TICs) de forma a levar o “produto informação” a seus potenciais consumidores. Conforme Dziekaniak e Rover (2011), as pessoas na Sociedade do Conhecimento devem ter formação crítica e elas próprias devem compreender qual informação possui fonte fidedigna, serem capazes de encontrar a informação que procuram e, ao mesmo tempo, produzirem informação para ser consumida, interpretada e criticada por terceiros, em um movimento de troca, colaboração e complementação de conhecimentos: “Se nossas sociedades contentarem-se em ser inteligentemente dirigidas, com certeza falharão em seus objetivos. Para ter alguma chance de viver melhor, elas devem se tornar inteligentes na massa” (LÉVY, 1998, p. 18). UNIDADE 1 | CONHECIMENTO EXPLÍCITO E TÁCITO, ESPIRAL DO CONHECIMENTO, ERA DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO, SOCIEDADE DO CONHECIMENTO E O COMPARTILHAMENTO DO CONHECIMENTO, GESTÃO DO CONHECIMENTO 20 Segundo Amaral (2006, p. 9): “Na Sociedade do Conhecimento, a educação ocupa um lugar central, e as novas tecnologias apoiam a sua disseminação”. Acredita-se que desse modo deveriaser o ideal de sociedade, porém essa afirmação não se traduz na realidade vivenciada pelos países considerados de economia periférica. Portanto, entende-se por Sociedade do Conhecimento a sociedade em que o conhecimento se encontra ao alcance de todos que o desejarem. Porém, vivencia-se um momento histórico onde o conhecimento ainda é um bem para poucos. Sociedades em que há fortes diferenças sociais, econômicas e culturais não podem ser denominadas de Sociedade do Conhecimento, haja vista que o conhecimento deva perpassar, inclusive, pela esfera da moral e da ética. Por enquanto tem-se visto o “conhecimento” como força propulsora principalmente de desigualdades sociais. Não fazendo parte do ideal de Sociedade do Conhecimento com o qual muitos pesquisadores se identificam. Já Musacchio (2014) destaca que a Sociedade do Conhecimento se produziu a partir das redes sociais, das interações e colaborações entre os indivíduos membros. São pessoas discutindo questões, refletindo sobre elas, ensinando e aprendendo umas com as outras, em todas as áreas de conhecimento. Por fim, este mesmo autor, em seu blog “Baquete”, nos apresenta dez sugestões para entrar na Sociedade do Conhecimento: 1. Nunca mais pare de estudar, de se capacitar, de se habilitar. O mundo não vê com bons olhos quem se julga pronto, acabado, realizado. 2. Participe das redes sociais. Existem milhares, mas escolha aquelas que irão acrescentar no seu portfólio profisisonal. 3. Desenvolva a prática saudável de produzir informação (blogs, wikis, páginas pessoais, revistas eletrônicas, clippings). 4. Participe de Grupos de Estudos na sua área de atuação profissional, no Facebook. Todos os grandes colaboradores estão lá, dispostos a ajudar. 5. Construa sua imagem baseada na coerência, na honestidade, no coleguismo, no altruísmo, na parceria. Seja amigo de você mesmo. 6. Procure ver e ser visto. Ajude os outros a subirem também. Sua estrada profissional não está pronta. É você que a constrói. 7. Desenvolva a capacidade de ouvir, mais do que falar. Quem sabe ouvir, aprende mais e melhor, mas não se cale diante dos desafios. 8. A colaboração e a interação são o seu principal foco social e profissional. Quem não se comunica perde a oportunidade de aprender. 9. Não omita sua opinião. A organização espera que você seja um formador de opinião. 10. Nunca diga EU ACHO. Na nova sociedade do conhecimento não há mais espaço para o achismo. É preciso estudar e aprender para poder dizer. (Grifos do original). Santos (2009) nos diz que a Sociedade do Conhecimento tem como ponto central o “saber” e, no caso da tecnologia, tornou o mundo globalizado, e hoje os consumidores querem produtos e serviços customizados, que atendam às suas necessidades individuais. O modelo de produção na Sociedade do Conhecimento TÓPICO 2 | A SOCIEDADE DO CONHECIMENTO E O COMPARTILHAMENTO DO CONHECIMENTO 21 tem, portanto, uma palavra-chave: a flexibilidade. Os produtos e serviços têm de estar de acordo com os gostos e preferências dos consumidores e não mais o consumidor ter de escolher entre os produtos oferecidos pela indústria. Da mesma forma, flexibilidade, criatividade e capacidade de iniciativa são atributos essenciais do profissional que está se formando para trabalhar nesta nova economia. [...] da Ásia à Europa, da África à América, os governos estão discutindo e realizando alterações nas convenções estatísticas necessárias para medir os muitos aspectos ligados à Sociedade do Conhecimento. Com relação à condição nacional, verificam-se significativos progressos com o desenvolvimento de portais e sites, a difusão de terminais de acesso público e a propagação de prêmios de excelência, fóruns de discussões e projetos de inclusão digital (BESSA, 2003). FIGURA 7 - INCLUSÃO DIGITAL FONTE: Disponível em: . Acesso em: 4 jan. 2016. Conforme Bessa (2003), são inúmeras as tarefas que se impõem às instituições públicas na construção dos fundamentos da Sociedade do Conhecimento. O processo de difusão e adoção de novas tecnologias exige um conjunto de conhecimentos e serviços eficientes e amplamente disponíveis. Fatores que envolvem a montagem de uma infraestrutura regulatória adequada, o suporte à organização de um sistema de ciência e inovação tecnológica e investimentos direcionados para a educação de qualidade, apenas para destacar alguns. Do mesmo modo, forte impressão do seu impacto ocorre, por exemplo, quando observamos o mercado de trabalho: para suportar processos de negócios eletrônicos e conduzir transações on-line são necessários serviços de suporte, tais como desenvolvimento e hospedagem de sites, consultorias, pagamentos eletrônicos e capital humano, como programadores, analistas, projetistas e especialistas, utilizados nos negócios e comércios eletrônicos. Por conseguinte, busca-se a adequação dos currículos levando em conta formas de proporcionar aos profissionais capacitação suficiente para o desempenho oportuno das funções definidas por novas formas de ocupação. FONTE: Disponível em: . Acesso em: 4 jan. 2016. UNIDADE 1 | CONHECIMENTO EXPLÍCITO E TÁCITO, ESPIRAL DO CONHECIMENTO, ERA DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO, SOCIEDADE DO CONHECIMENTO E O COMPARTILHAMENTO DO CONHECIMENTO, GESTÃO DO CONHECIMENTO 22 2 COMPARTILHAMENTO DO CONHECIMENTO Mendes (2004, p. 21-22) reforça que: A necessidade de inspirar as pessoas a contribuírem, tornando o conhecimento individual disponível para todos, é essencial para a GC, uma vez que a aprendizagem depende diretamente de um processo de compartilhamento eficaz. Entretanto, o compartilhamento é de difícil implementação por depender menos das ferramentas tecnológicas e mais da cultura, ou seja, depende das atitudes das pessoas, das suas motivações e, principalmente, da superação de uma série de obstáculos que se apresentam no processo de compartilhamento do conhecimento. Conforme Mendes (2005), ainda é uma incógnita para os profissionais da GC quanto à fórmula de motivar as pessoas a compartilhar o conhecimento, pois facilitar esse processo de comportilhamento do conhecimento e envolve a superação de diversos obstáculos, além de requerer tempo e dinheiro. Entretanto, os benefícios do compartilhamento de conhecimento são inegáveis, tanto para a organização como para os contribuidores. O compartilhamento do know-how envolverá custo e tempo, principalmente se a codificação do conhecimento for abordada como uma atividade adicional de força de trabalho. Neste sentido, o compartilhamento pode exigir benefícios extras e práticas capazes de reconhecer aqueles indivíduos que contribuem com alguma espécie de recompensa. Não se pode discutir a Gestão do Conhecimento (GC) sem antes falar sobre o compartilhamento do conhecimento entre as pessoas e organizações. O artigo de Vergara (2009) vem responder à questão das possibilidades e limitações do compartilhamento do conhecimento nas organizações. Ressalta que as organizações que defendem a necessidade do compartilhamento do conhecimento e, ao mesmo tempo, incentivam fortemente a competição e a luta pelo poder não promovem o compartilhamento do conheicmento. É necessário manter, continuamente, no ambiente de trabalho o clima colaborativo entre as pessoas e a organização. Referente a este pensamento, Barbosa (2012, p. 1) acrescenta que: [...] as barreiras ao compartilhamento do conhecimento podem estar relacionadas ao próprio conhecimento a ser transferido; à fonte ou ao destinatário do conhecimento; ou ainda ao contexto em que ocorre o compartilhamento. Fatores como a incompreensão dos processos organizacionais, procedimentos inflexíveis, ausência de revisão de rotinas operacionais, manuais de procedimentos imutáveis, modelos mentais, histórias e crenças que permeiam a cultura das organizações, são relatados como aspectos dificultadoresdo processo de compartilhamento do conhecimento organizacional. TÓPICO 2 | A SOCIEDADE DO CONHECIMENTO E O COMPARTILHAMENTO DO CONHECIMENTO 23 Vergara (2009, p. 6) ainda contribui dizendo que: Grupos são formados por indivíduos, e suas características afetam decisivamente o compartilhamento, pois, apesar de existirem fortes necessidades interpessoais, como necessidade de inclusão e de afeição, outros fenômenos psicológicos afetam o comportamento dos indivíduos, condicionando suas ações nos grupos. No interior dos grupos, a vontade e a disponibilidade dos indivíduos os impele a se mover na direção do compartilhamento, tanto quanto na direção oposta. Compartilhamento de conhecimento é concebido como uma interação relacional entre pessoas que partilham conhecimento tácito e explícito como meio de geração de conhecimento novo e de valor para a organização (ICHIJO, 2008). Portanto, o compartilhamento do conhecimento e seus fatores contextuais estabelecem uma relação positiva com o desempenho organizacional. O compartilhamento do conhecimento tem influência no desempenho organizacional em termos de gestão de ativos tangíveis e intangíveis. Usoro (2007) define o compartilhamento do conhecimento como o processo de comunicação que envolve duas ou mais partes. Esse processo abrange a provisão de conhecimento por uma fonte, e a interpretação dessa fonte por um ou mais receptores. Como resultado, há a criação de novos conhecimentos de natureza tácita e explícita. Nonaka e Takeuchi (1995) formularam um modelo de compartilhamento de conhecimento, também chamado de "modelo tácito-explícito". A figura a seguir retrata o compartilhamento do conhecimento como um ciclo contínuo dentro da organização do conhecimento. O "I" representa um indivíduo, "O" e "G" representam um grupo ou organização. Inicia com a socialização, "conhecimento tácito para o tácito", e avança para a externalização, o conhecimento é organizado de forma mais sofisticada ou abstrata - "explícito para explícito”. Na fase de interiorização, "explícito para o tácito", o conhecimento é combinado com seus próprios conhecimentos e experiências para a produção de novos conhecimentos tácitos. UNIDADE 1 | CONHECIMENTO EXPLÍCITO E TÁCITO, ESPIRAL DO CONHECIMENTO, ERA DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO, SOCIEDADE DO CONHECIMENTO E O COMPARTILHAMENTO DO CONHECIMENTO, GESTÃO DO CONHECIMENTO 24 FIGURA 8 - MODELO DE COMPARTILHAMENTO DO CONHECIMENTO FONTE: Shull et al. (2004) Para efetividade do compartilhamento do conhecimento nos ambientes virtuais e nos sistemas sociotecnológicos, é necessário que haja confiança entre os membros ou os componentes do sistema. Nos ambientes virtuais, as relações de confiança podem emergir sem uma interação social direta, devido às transparências dos mecanismos da comunicação e da colaboração através das tecnologias da informação e comunicação (TIC). IMPORTANTE O interesse das pessoas em compartilhar seu conhecimento nas suas interações relacionais configura-se como um fator crítico de sucesso para a consecução da estratégia da organização (GOULART, 2008). Dessa forma, compreender como o compartilhamento do conhecimento pode ser estimulado possibilitará às organizações operacionalizar a gestão do conhecimento de maneira eficaz. TÓPICO 2 | A SOCIEDADE DO CONHECIMENTO E O COMPARTILHAMENTO DO CONHECIMENTO 25 O ser humano tem necessidades interpessoais básicas de inclusão e afeição, e seus relacionamentos dependem, contudo, de equilíbrio e de mecanismos de defesa minimizados, um processo de caráter notadamente individual. Para desconstruir o distanciamento entre as pessoas e dinamizar o compartilhamento, a dinâmica de grupo oferece a possiblidade de socialização e comunicação entre as pessoas. Com base nos estudos, o compartilhamento do conhecimento é possível em grupos que se organizam informalmente, geram equilíbrio interno e proteção externa e se sentem satisfeitos com suas tarefas (VERGARA, 2009, p. 4). O compartilhamento do conhecimento, ao possibilitar a criação de conhecimento novo, pode contribuir para prevenir a obsolescência do conhecimento entre os profissionais de carreira técnica, nos quais a organização se apoia para o desenvolvimento de novos processos, tecnologias e produtos (NONAKA; TAKEUCHI, 1997). O conhecimento pode ser compartilhado por meio de processos formais ou informais. Quando a empresa cria mecanismos ou procedimentos para identificar e codificar o conhecimento, tal proposição denota a formalidade nas suas práticas de gestão (GOULART, 2008). QUADRO 3 - ESTRATÉGIAS PARA O GERENCIAMENTO DO CONHECIMENTO FONTE: Goulart (2008) Obstáculos ao Compartilhamento do Conhecimento O compartilhamento do conhecimento pode ser analisado em três níveis básicos: nível individual, nível grupal e nível organizacional (AJMAL; KOSKINEN, 2007). Pressupõe que, dessa mesma forma, os elementos que configuram os obstáculos para o compartilhamento do conhecimento podem ser classificados nos níveis: individual, grupal e organizacional. UNIDADE 1 | CONHECIMENTO EXPLÍCITO E TÁCITO, ESPIRAL DO CONHECIMENTO, ERA DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO, SOCIEDADE DO CONHECIMENTO E O COMPARTILHAMENTO DO CONHECIMENTO, GESTÃO DO CONHECIMENTO 26 No nível individual, os obstáculos ao compartilhamento do conhecimento estão relacionados àqueles de foro íntimo, como expectativas, valores, atitudes, percepção, personalidade, emoções, sentimentos, disposição e motivação (ROBBINS, 2004). Ainda no nível individual, os obstáculos são aqueles que envolvem a capacidade que cada pessoa tem para lidar com novas situações, eventos, informações e contextos (KROGH; ICHIJO; NONAKA, 2001). Alguns exemplos de obstáculos no nível individual são: falta de habilidade para a comunicação/diálogo; disposição para a guarda do conhecimento para si, por orgulho em possuir um conhecimento especializado; crença de que conhecimento é poder (PROBST; RAUB; ROMHART, 2002); medo de se expor, principalmente pela possibilidade de desaprovação dos superiores (KROGH; ICHIJO; NONAKA, 2001). No nível grupal, os obstáculos ao compartilhamento do conhecimento podem advir da dinâmica de grupos, do estilo de liderança, do grau de confiança, do clima psicológico reinante no grupo, dentre outros (ROBBINS, 2004). Os gestores podem e precisam promover o compartilhamento do conhecimento encorajando o diálogo, despertando a confiança entre os integrantes da equipe, comunicando os benefícios e valores das práticas de compartilhamento do conhecimento (DAVENPORT, 1998, RIEGE, 2005). No nível organizacional os obstáculos estão relacionados à estratégia, modelo de gestão (KROGH; ICHIJO; NONAKA, 2001), estrutura organizacional, aos processos operacionais, à cultura (TERRA, 2001), às políticas e às práticas de recursos humanos (ROBBINS, 2004). Envolve ainda a viabilidade econômica do compartilhamento, falta de infraestrutura e recursos (RIEGE, 2005). Alguns exemplos de obstáculos nesse nível são: falta de integração clara entre a estratégia e o modelo de gestão do conhecimento; pouco espaço para compartilhar; sistema ineficiente de reconhecimento e recompensa para motivar o compartilhamento; ambiente físico inadequado ou não propício ao compartilhamento; tamanho das unidades de negócio dificultando o contato direto dos empregados (RIEGE, 2005). FONTE: Souza (2012, p. 6) Procurando diminuir ambiguidades, Tonet (2006) desenvolveu um modelo para o processo de compartilhamento do conhecimento no trabalho que é composto por quatro fases: iniciação, implementação, apoio e incorporação. Para seu entendimento, segue como sugestão de leitura o endereço do artigo escrito por Barbosa (2012): . FONTE: TONET, H. C.; PAZ, M. G. T. Um modelo para o compartilhamento de conhecimento no trabalho. Revista de Administração Contemporânea – RAC, v. 10, n. 2, p. 75-94, 2006. NOTA TÓPICO 2 | A SOCIEDADE DO CONHECIMENTO E O COMPARTILHAMENTO DO