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De acordo com os estudos do antropólogo norte-americano Clifford Geertz, autor da obra que se tornou um marco no campo – A interpretação das culturas (2008) –, o objeto de estudo da antropologia é o conjunto de múltiplas facetas que formam a humanidade em sua totalidade: aspectos biológicos, sociais, psicológicos, históricos e culturais que influenciam a experiência humana e suas manifestações nos mais diferentes contextos. Portanto, pode-se interpretar que a manifestação da experiência humana e seus múltiplos fatores são o objeto de estudo da antropologia. Para um comparativo com uma ciência irmã: a sociologia estuda interações sociais, cultura, processos de significação, sistemas de poder estabelecidos quando há orientação da racionalidade humana para a construção do vínculo coletivo a) Explicação à problemática: A apresentação do produto e sua campanha publicitária são problemáticas do ponto de vista antropológico por diferentes razões. Primeiro, porque a utilização de um prato típico de um povo indígena como produto comercializado pode ser considerada apropriação cultural já que transforma um elemento cultural significativo em objeto de consumo, sem respeitar seu contexto original, seus símbolos e significados. Além disso, aparentemente, essa venda não beneficia de qualquer forma a comunidade de origem. A escolha publicitária por um modelo branco e sem ligações com a cultura do povo indígena reforça a ideia de mercantilização insensível de um traço da cultura desse povo, podendo evidenciar estereótipos e promover a visão simplista da cultura, baseada na ideia de “exótico” e “diferente” da norma branca, fatores que contribuem para a marginalização e desvalorização dos povos indígenas. b) Solução baseada em conhecimentos antropológicos: A solução desse problema deve se basear em uma abordagem culturalmente sensível e ética – isso inclui a consulta a representantes das comunidades indígenas envolvidas e a colaboração direta deles, para garantir o respeito à sua cultura, aos valores, aos símbolos e às tradições. Uma opção é que o setor de marketing desenvolvesse, com antropólogos e especialistas em diversidade cultural, estratégias para promover a identidade e valorização das culturas indígenas, destacando os aspectos positivos e relevantes sem recorrer a estereótipos ou apropriação cultural. Uma possível solução seria a inclusão de imagens e narrativas que representem a riqueza e diversidade cultural dos povos indígenas com precisão e respeito, bem como a realização de ações concretas de apoio e parceria com as comunidades envolvidas para garantir impacto positivo (inclusive econômico, se for o caso) e sustentável. O importante é que tudo deve estar em consonância com os valores desses povos, definidos com sua anuência e sem imposições. .