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Aula 02 Gabriela Bexiga Psicofarmacologia Clínica Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Diretora Editorial ANDRÉA CÉSAR PEDROSA Projeto Gráfico MANUELA CÉSAR ARRUDA Autor EDUARDO NASCIMENTO DE ARRUDA Desenvolvedor CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS GABRIELA BEXIGA Olá. Meu nome é Gabriela Bexiga. Sou Farmacêutica Bioquímica fiz Mestrado na área da Educação Física, onde pesquisei Feitos do treinamento físico aeróbio no pâncreas de camundongos fêmea LDL Knockout ovariectomizadas. Avaliei a influência do exercício físico aeróbio sobre as diferentes células das ilhotas pancreáticas, através de análises Bioquímico, Morfoquantitativa e Imuno-histoquímica. Papiloscopista e Diretora da Associação dos Funcionários da Polícia Civil do Estado de São Paulo (AFPCESP), faço parte da Comissão Multidisciplinar no Departamento de Perícia Médica do estado de SP aos PCDs inscritos e aprovados do Concurso Público. Leciono aulas na área da Papiloscopia, Anatomia & Fisiologia e áreas da Farmácia. Sou apaixonada pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! Autora INTRODUÇÃO: para o início do desenvolvimen- to de uma nova competência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser prioriza- das para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e inda- gações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofun- damento do seu conhecimento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou discutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últimas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma ativi- dade de autoapren- dizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; Iconográficos Olá. Meu nome é Manuela César de Arruda. Sou a responsável pelo pro- jeto gráfico de seu material. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: SUMÁRIO A dependência química e sua abordagem farmacoterapêutica. A síndrome psicótica e seus tratamentos 12 A dependência química, seus sinais e sintomas 12 Sintomas 14 Principais drogas de abuso, mecanismo de ação e sintomas 15 Álcool 15 Medicamentos prescritos 16 Nicotina 17 Canabinóides 18 Psicoestimulantes 18 Feniletilaminas 19 Agentes Psicodélicos 20 Fenciclidina (PCP) 21 Abstinência da dependência química 21 Abstinência 22 Síndrome da abstinência-Delirium Tremens 23 Síndrome da descontinuação de antidepressivo 24 Abordagem farmacoterapêutica da dependência química 25 Álcool 26 Medicamentos prescritos 26 Opióides 26 Benzodiazepínico (BZD) e barbitúricos 28 Nicotina 28 Canabinóides 29 Psicoestimulantes 30 Feniletilaminas MDMA- Êxtase (Ecstase) 30 Agentes Psicodélicos LSD 31 Fenciclidina (PCP) 31 A síndrome psicótica e sua abordagem farmacoterapêutica 32 Sintomas 32 Causas da Psicose 34 Causas secundárias 34 Tipos de psicose 35 Tratamentos 35 Antipsicóticos 36 Neurolépticos Tricíclicos 36 Dibenzepina 36 Butirofenona e Difenilbutilpiperidina 37 Benzamida 37 Derivados do Benzisoxasol e outras drogas 37 Fenotiazinas 37 Benzodiazepínicos (BZD) 38 Estabilizadores de humor 38 Antimaníacos 38 Anticonvulsivantes/Antipiléticos 38 Psicofarmacologia Clínica 9 UNIDADE 02 Psicofarmacologia Clínica10 Você sabia que a dependência química é uma condição psicológica e física, causada pelo consumo de substâncias psicoativas. E que existe diversos tipos de substâncias que causam dependência, com o uso compulsivo se tornando um ciclo vicioso. E que na maioria das vezes necessita de tratamento com equipe multidisciplinar, terapia familiar e tratamento farmacológico, para parar o uso destas substâncias, devido a crise da abstinência. Você sabia que a Síndrome psicótica são manifestações de delírios ou alucinações, podendo ser desencadeada por diversos tipos de fatores. E aí. Vamos conhecer este mundo da Psicofarmacologia. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo! INTRODUÇÃO Psicofarmacologia Clínica 11 Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 2. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: 1. Descrever a dependência química, seus sintomas e causas. 2. Compreender a abstinência da dependência química. 3. Saber sobre as abordagens terapêuticas da dependência química. 4. Entender a Síndrome Psicótica e sua abordagem farmacotera- pêutica. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conheci- mento? Ao trabalho! OBJETIVOS Psicofarmacologia Clínica12 A dependência química e sua abordagem farmacoterapêutica. A síndrome psicótica e seus tratamentos. INTRODUÇÃO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender sobre a dependência química, seus sintomas, causas e abordagem terapêutica. Compreenderá sobre a Síndrome psicótica, suas abordagens terapêuticas. Isto será fundamental para o exercício de sua profissão. Com o conhecimento, resultará em um atendimento seguro e eficaz. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante! A dependência química, seus sinais e sintomas a Dependência Química, conforme a Classificação Internacional de Doenças (CID-10), é definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um conjunto de fenômenos comportamentais, fisiológicos e cognitivos, que adquiri após a utilização de determinada substância repetitivamente. Figura 01 - A dependência química é o uso indevido, abusivo de substâncias que resulta em alterações biológicas, fisiológicas, psíquicas. Fonte: freepik https://br.freepik.com/fotos-premium/seringa-e-pilulas-em-fundo-de-madeira_2397486.htm#page=1&query=dependencia%20quimica& Psicofarmacologia Clínica 13 Esta dependência pode ocorrer por qualquer substância que causa necessidade da compulsão de uso e a tolerância de sempre querer em maior quantidade e em maior dose, por exemplo: nicotina, álcool, cocaína, opiáceos, morfina , anfetaminas. A dependência química é uma doença crônica, do qual ocorre alterações nos comportamentos se tornando compulsivos e recorrentes a fim de utilizar uma determinada substância, para ter a sensação de prazer, bem-estar, aliviando sensações de tensões, medos, desconfortá- veis como por exemplo a ansiedade. Antes da dependência química, primeiramente ocorre a tolerância, ou seja, a necessidade de aumentar a quantidade da substância para ter a sensação como foi de início do uso desta substância. Tolerância é a diminuição do efeito esperado, por uso excessivo desta substância. Com isso levando a aumento das doses cada vez maiores a fim de ocorrer resultados próximos de quando foi utilizado no início. São diversos fatores que leva a predisposição ao risco de desenvolver a dependência. O fator genético do alcoolismo tem 50% de chance de desencadear o uso pesado do alcoolismo, mesmo não tendo contato com a pessoa alcoólatra. Diversas situações podem levar ou não aos fatores de risco, na fase de desenvolvimento da pessoa, podendo destacar alguns: � Genética; � Transtornos psiquiátricos; � Falta da supervisão dos pais; � Fácil acesso ao álcool; A fase do desenvolvimento da pessoa (crianças, adolescentes) é muito importante evitar fatores de risco da dependênciaquímica, como por exemplo a supervisão dos pais, uma política sobre as drogas, um bom desempenho acadêmico, dificuldade de acesso ao álcool. O caminho da dependência é primeiro a experimentação, e em uso contínuo vai aumentando a dose devido a tolerância, sente a compulsão incontrolável de usar a substância e as mudanças do comportamento, onde a pessoa passa a trocar todas as situações da vida (família, trabalho) pela substância dependente. Psicofarmacologia Clínica14 Figura 2 Fonte: Autor. Uma das explicações da dependência é que, com a experi- mentação, o indivíduo tem a sensação de prazer, aceitação, bem-estar. Com isso o cérebro aprende que é um caminho fácil para ter a sensação de bem-estar, do qual conseguiu sem esforço nenhum. Se repetir e virar um ciclo, o corpo entende que é um caminho rápido, diminuindo a sua energia para outras situações de esforço. Devido este prazer ser de imediato e fácil, o corpo troca os outros prazeres da vida pelo prazer artificial, ou seja, da substância que faz uso, se desligando da vida social, familiares. EXPLICANDO MELHOR: A Fissura é a compulsão incontrolável para utilizar a substância. A dependência é caracterizada quando o indivíduo possui 3 ou mais sintomas em um período de 12 meses. (Fontes, 2013) Sintomas Segundo a Associação Psiquiátrica americana (American Psychiatric Association), a dependência química, ou seja, utilização incorreta da substância é considerada se estiver dentro de 3 sintomas, das apontadas abaixo: Psicofarmacologia Clínica 15 � Tolerância; � Necessidade compulsiva da substância em maiores quanti- dades, a fim de atingir o efeito desejado; � Ocorre a diminuição do efeito devido o uso contínuo da mesma dosagem da substância; � Abstinência; � Sinais fisiológicos e cognitivos, sintomas desconfortáveis após a parada do uso da substância; � Utiliza outra substância similar ou a mesma a fim de aliviar os sintomas da abstinência; � Utiliza uma quantidade muito maior, por um período maior, do que o esperado; � O dependente tenta diminuir ou parar com o uso desta substância, mas não consegue; � A maior parte do seu dia passa pensando na substância, na obtenção, na utilização ou na recuperação de seus efeitos causados; � Em virtude do uso da substância, se torna uma pessoa com comportamentos, atividades sociais, lazer muito limitado; � Mudança de comportamento com familiares, perde de interesse, irritabilidade; � Seu consumo não é corrompido, mesmo consciente dos problemas que ocorrem, físicos e psíquicos. Principais drogas de abuso, mecanismo de ação e sintomas Álcool � Exemplos: Etanol. � Mecanismo de ação: Atua nos receptores do GABA, como modulador, antagonista NMDA. � Sinais e Sintomas: Sedação, perda da memória, intoxicação. � O Álcool possui dois fatores: � Fase estimulante: desinibição social, facilidade para falar em público, euforia; Psicofarmacologia Clínica16 � Fase depressor: sonolência, descontrole, falta de controle da coordenação motora. Por ser uma substância lícita, de fácil acesso, facilita a sua utilização, com isso o alcoolismo se torna uma doença comum, mas o seu uso em excesso pode prevalecer a “Fase depressora”, que levar ao coma. Medicamentos prescritos Muitos medicamentos são prescritos para diversos tipos de sintomas, como por exemplo a depressão, distúrbios da ansiedade, psicose entre outros, entretanto são tratamentos que podem levar a dependência. Os medicamentos que causam dependência e tolerância são os fármacos das classes: opioides, benzodiazepínicos e barbitúricos. 1. Opioides � Exemplos: Morfina, Heroína, Oxicodona, Codeína. � Mecanismo de ação: Atuam nos receptores µ-opióide (agonista). � Sinais e Sintomas: Euforia, seguida por depressão respiratória e sedação. São utilizados para tratamentos como analgésicos, exceto a Heroína. O uso pesado de opioide e estimulantes, podem ocorrer níveis graves de tolerância, pois depois de algum tempo usando, sente a necessidade de aumentar a dose por volta de 10 vezes a mais. 2. Benzodiazepínicos � Exemplos: Lorazepam, Triazolam, Diazepam. � Mecanismo de ação: são fármacos que atuam potenciando a ação do neurotransmissor ácido gama-aminobutírico (GABA), no receptor GABA. São utilizados terapeuticamente como ansiolíticos, sedativos. Possuem ação como relaxante muscular atuando também como anticonvulsivante. Não se deve ultrapassar 8 semanas de tratamento, pois a utilização por 12 semanas já é considerada uso crônico, podendo se tornar uma dependência. 3. Barbitúricos. � Exemplos: Fenobarbital, Pentobarbital. � Mecanismo de ação: Atuam no receptor GABA como modulador. Psicofarmacologia Clínica 17 � Sinais e Sintomas: Derivados do ácido barbitúrico, são depressores do sistema nervoso central (SNC), utilizados como anticonvulsivos, sedativos e hipnóticos. São fármacos que a dose terapêutica é muito próxima da dose de intoxicação, associado com a tolerância (perda do efeito terapêutico necessitando o aumento da dosagem), com o aumento da dose, a fim de ter o efeito desejado igual do início do tratamento, mas por outro lado tem a intoxicação, podendo levar ao homicídio. Os mais usados são os fármacos Fenobarbital, em tratamento em quadros de epilepsia, tendo como fármaco de referência Gardenal® e o fármaco Tiopental, utilizado como anestesia intravenosa. Sabendo que são fármacos que com uso prolongado também causa tolerância e dependência física, podendo resultar a depressão profunda, a ponto de ocorrer suicídios, com isso estão sendo reduzidos a prescrição deste fármaco e substituídos por benzodiazepínicos, ou outro tipo de classe. Nicotina � Exemplos: Tabaco. � Mecanismo de ação: Atua nos receptores Nicotínicos da acetilcolina. � Sinais e Sintomas: Relaxamento muscular, alerta. � Efeitos agudos: Hipertensão, taquicardia, aumento da atividade motora e da respiração; É uma planta denominada Nicotiana Tabacum, sendo extraída da nicotina, e mais outras substâncias altamente tóxicas como por exemplo formol, amônia, naftalina, terenbetina, entre outros. Pessoas normalmente iniciam com meio e/ou 1 cigarro por dia, quando compara com um fumante assíduo, dependente, normalmente a média é de 20 cigarros por dia, causando dependência psicológica e comportamental. SAIBA MAIS: A dependência psicológica é a vontade de acender um cigarro para aliviar as tensões como a ansiedade, angústia, tristeza, e a dependência comportamental o dependente acende o cigarro em situações da rotina diária por exemplo logo após de tomar um café, com a bebida alcoólica, ao assistir TV. Psicofarmacologia Clínica18 Uma pessoa se iniciar com 20 cigarros por dia, causaria intoxica- ção, sendo letal para esta pessoa. Isto é o que ocorre aos poucos vai aumentando gradativamente, devido a tolerância e dependência, do qual as pessoas sentem dificuldades em parar. Efeitos devido uso contínuo: o tabaco causa aproximadamente 50 doenças entre elas vários tipos de câncer, doenças cardíacas, enfisema pulmonar, bronquite crônica, úlcera digestiva, derrame cerebral, diminui- ção da longevidade. Canabinóides � Exemplos: Maconha. � Mecanismo de ação: Atua nos “receptores canabinoides” (CB1, CB2) como agonistas. � Sinais e Sintomas: Alterações do humor, instabilidade, euforia, fome. A maconha é uma planta, cuja nome popular é Cannabis Sativa, nela se produz mais de 400 substâncias químicas, sendo uma delas o THC (tetrahidrocanabidol). Sua ação é semelhante aos opioides e benzodiazepínicos, atuando em receptores específicos do sistema nervoso central. Estes receptores chamandos “canabinoides”, ocorrendo desorganização do pensamento (córtex cerebral), descoordenação motora (cerebelo), dificuldades de memória (hipocampo). Vale lembrar que esta droga atua em áreas específicas por exemplo: pensamento desorganizado (córtex cerebral); descoordenação motora (cerebelo);dificuldade de memória (hipocampo). A maconha é a primeira porta de uso de um tipo de droga ilícito, e devido a seus efeitos que causa tolerância e dependência, abre porta para as outras substâncias mais fortes. Psicoestimulantes � Exemplos: Cocaína, Anfetamina. � Mecanismo de ação: atua como inibidor da recaptação nos receptores da dopamina, serotonina, adrenérgico. Psicofarmacologia Clínica 19 � Sinais e Sintomas: causa a aceleração do pensamento, euforia, aumento do estado de alerta, inquietação psicomotora, perda de medo, diminuição do apetite, sensação de poder, paranoia. No entanto os Psicoestimulantes, são reações rápidas da euforia que leva em estado de depressão em um curto tempo. Seu uso pode levar a complicações cardiovasculares, gastrintes- tinais, respiratórios e perda da capacidade sexual, entre outros. A sua dependência leva a se isolar, se limitando a apenas a utilização e a busca da substância. As anfetaminas, são utilizadas terapeuticamente para a perda de peso, podendo causar a dependência. As mulheres, são a maioria que utilizam a anfetaminas, a fim de perder peso. Feniletilaminas � Exemplos: MDMA (Ecstasy); MDA � Mecanismo de ação: Atua nos receptores da dopamina, serotonina, adrenérgicos como inibidores da recaptação, possuem múltiplas ações. � Sinais e Sintomas: Euforia, alerta, alucinações, hipertensão, sensação de prazer, maior interesse sexual, aumento da sociabilização social e extroversão. Figura 3 - Comprimidos Ecstasy, também conhecidos popularmente como droga do amor. Fonte: pixabay https://pixabay.com/pt/images/search/extase/ Psicofarmacologia Clínica20 Metilenodioximetanfetamina (MDMA), conhecido popularmente como Ecstasy e também como “Droga do amor”, foi criado pela indústria farmacêutica, com o intuito de utilizar na terapia de indutor do apetite, mas nunca foi utilizado para esta finalidade. Ela é caracterizada como uma substância psicotrópica, derivado da anfetamina, sendo utilizada em casas noturnas, festas raves, em formato de comprimido, possui também na forma injetável via intravenosa. A Hipertermia que pode ocorrer, faz com que a temperatura corporal fica acima de 400 graus centígrado, podendo levar a desidratação, taquicardia e elevação da pressão arterial, alucinações, insônia. Após o efeito pode ocorrer depressão, ansiedade, com dificuldade de concentração e fatiga. Com o uso excessivo ocorre a perda da atividade serotoninérgica, que causa perturbações mentais e comportamentais, dificuldade de memória visual e de memória, paranoia, síndrome do pânico, alucinações, perda do autocontrole e morte súbita. Com o uso pode a longo prazo, causar lesão no fígado, podendo ocasionar hepatite fulminante, caso não haja transplante de fígado, situação que leva à morte; cardiopatias; transtornos psiquiátricos e lesão cerebral. Agentes Psicodélicos � Exemplos: LSD (do alemão Lysergsäurediethylamid, do Português Dietilamida do Ácido Lisérgico); temos também o DMT e a Psilocibina. � Mecanismo de ação: Atuam como agonistas parcialmente nos receptores 5-HT ou 5- hidroxitriptamina (são mediadores de sinais periféricos, serotonina). � Principais Sinais e/ou Sintomas: Alucinações. Figura 4 – LSD tem uso oral e sublingual. Na foto a substância está dentro deste pequeno pedaço de papel, que colocam sob a língua. Fonte: pixabay https://pixabay.com/pt/images/search/extase/ Psicofarmacologia Clínica 21 Conhecido popularmente como “doce” ou “ácido”, sendo produzida em laboratório (substância sintética), do qual provoca diversas alterações mentais, alucinógenos, euforia, alucinações, as pupilas ficam dilatadas, aumento da pressão arterial e corporal, entre outros. Ocorre também “Flashbacks”, ocorre todos os sintomas, como por exemplo, alucinações, euforia, como se estivesse fazendo uso do êxtase naquele momento, e não está. Por exemplo: “Fulano” vai a raves, e usa o “LSD”, um dia a pessoa indo trabalhar andando pela calçada, de repente ocorre o “Flashblack”, dilata as pupilas, aumento da pressão arterial, começa a ter alucinações e a conversar com um poste do lado, como se fosse um grande amigo. O LSD possui efeitos semelhantes da maconha, porém muito mais forte, apresentando efeitos da esquizofrenia. A esquizofrenia ocorre com pessoas que não é usuária, mas pessoas usuárias podem desencadear a esquizofrenia. Fenciclidina (PCP) � Exemplos: Conhecido como Pó de anjo, EA-2148, poeira da lua. � Mecanismo de ação: Antagonista NMDA (N-metil-Daspartato). � Sinais e/ou Sintomas: Comportamento hostil, alucinações, diarreia, caminhar exagerado, olhar fixo, paranoia. É uma droga utilizada antigamente como anestésico, mas causa alucinações por possuir efeitos colaterais neurotóxicos. Sua forma pura é um pó branco cristalino, que dissolve facilmente na água. Devido a isso, pode ser aspirado, ingerido via oral, injetado e fumado. Doses elevadas podem causar convulsões, coma e morte Abstinência da dependência química Com a dependência química, a pessoa na tentativa de diminuir ou até mesmo em parar, com o uso da substância, ocorre diversos tipos de sinais e sintomas desagradáveis, conhecido como crise da abstinência. Quanto maior grau da dependência química maior será a crise da abstinência, se intensificando nos primeiros dias e diminuindo até o desaparecimento com o tempo. Psicofarmacologia Clínica22 Abstinência A palavra “Abstinência” vem do latim abstinêntia – ação de abster, domínio dos apetites, ou seja, o ato de privar, abster de algo. O termo pertence originalmente ao vocabulário estoico (escola de filosofia helenística e cristão), levando o sentido em renúncia voluntária à satisfação de um desejo ou necessidade. A abstinência são conjunto de modificações orgânicas, devido a diminuição ou parada brusca do consumo da substância que causa dependência como por exemplo álcool, ópio, heroína, morfina, dos quais geram diversos tipos de sintomas: � Fadiga, Vômitos, Sudorese, Depressão, Convulsões, Alucinações e Tremores Os tipos de sintomas físicos e mentais que o dependente irá passar, vai depender do tipo da droga e do grau do vício desta substância que está sendo descontinuada. IMPORTANTE: A parada abrupta de heroína pode levar à morte por insuficiência respiratória, parada cardíaca ou desidratação. Motivo este, a necessidade de um tratamento com medicação e acompanhamento com outros serviços médicos, terapia familiar, serviços legais e sociais. A heroína é um tipo de droga que funciona como um neurotrans- missor externo, com isso ele substitui os neurotransmissores orgânicos na comunicação entre o sistema nervoso com o organismo, com isso afetando diretamente com outros sistemas como o muscular, cardiovas- cular e o sistema digestivo. Bem como, o álcool, a nicotina, a heroína, a cocaína e a maconha também possuem a ação de agir como um neurotransmissor externo, mas eles atuem em uma menor intensidade. O que caracteriza a dependência são três fatores: a tolerância, a compulsão e a síndrome de abstinência. Psicofarmacologia Clínica 23 Síndrome da abstinência-Delirium Tremens A Síndrome de Abstinência “Delirium Tremens” são observados em pessoas que ingerem quantidade em excesso de álcool por mais de um mês; SAIBA MAIS: Segundo a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo avisa que o consumo excessivo de álcool, pois 1 em cada 10 casos crises de abstinência de álcool, pode levar à morte, se não tratada a tempo. http://bit.ly/31U1Qb8 Pessoas que fazem o uso excessivo de álcool, a probabilidade de passar por crise de abstinência depois de 24 horas após a última dose é de 90%, e caso não tratada pode piorar. A síndrome de abstinência pode evoluir para o quadro grave conhecido como “Delirium Tremens (DT)” que ocorre confusão mental, delírio, ou síndrome orgânico cerebral aguda com perturbações somáticas, após 3 dias do início dos sintomas de abstinência. Figura 5 - Alcoólotra com“Delirium Tremens” após 3 dias de abstinência, quadro grave. Fonte: wikimedia commons https://commons.wikimedia.org/wiki/Category:Delirium_tremens#/media/File:An_alcoholic_man_with_delirium_Wellcome_L0060780_(level_correction).jpg Psicofarmacologia Clínica24 Síndrome da descontinuação de antidepressivo Assim também, temos casos de abstinência devido a descon- tinuação de antidepressivos, podendo ocorrer sintomas semelhantes a “Delirium Tremens”, conhecido com o nome de Síndrome de privação de antidepressivo ou Síndrome de descontinuação de antidepressivos. A Síndrome de Privação de Antidepressivo, pode ocorrer devido a redução, descontinuação ou até mesmo a parada do uso de fármacos antidepressivos, podendo aparecer dentro de primeiro ao décimo dia depois da interrupção. O Antidepressivo Inibidor seletivo da recaptação de serotonina, a Fluoxetina pode demorar semanas para ocorrer a síndrome de abstinência, por até três semanas. � Alterações do sono (pesadelos, sonolência, insônia); � Alterações do sentido; � Movimentos involuntários; � Mudanças de humor e do pensamento; � Tonturas, vertigens; � Descoordenação motora; � Irritabilidade, ansiedade, agitação; � Distúrbios sensoriais (parestesias), perda da sensibilidade cutânea. Nesse sentido, o grau da dependência pode ser leve que consiga resolver sem tratamento, ou pode ser severo, do qual necessita de tratamentos longos, persistindo por meses ou até anos para a desintoxicação. (Chouinard G.a, 2015) São amplamente utilizados na prescrição clínica para tratamentos de transtornos mentais, depressão, transtornos da ansiedade, utilizados em diversos tratamentos, agindo sobre o sistema nervoso central, sendo classificados dependendo do local de ação: IMPORTANTE: Estas síndromes também podem ocorrer por pessoas com problemas como pancreatite, hepatite alcoólica e distúrbios eletrolíticos, devido a isso, fazer exames para o diagnóstico e tratamento correto. Psicofarmacologia Clínica 25 Os sintomas da dependência são caracterizados por um pico de 36-96 horas logo após a interrupção, ou a redução da dose, podendo persistir até 6 meses. (Burton J Goldstein, 1998) Ocorre também, pessoas com sintomas da abstinência, sendo confundido com recaídas da doença de qual deu origem ao tratamento. (Chouinard G.a, 2015) Abordagem farmacoterapêutica da dependência química A dependência química é uma doença que afeta o indivíduo no campo biológico, psicológico e social, devido a isso, necessita de um tratamento em todas as áreas atingidas, com uma equipe multidisciplinar, estudando cada caso. O tratamento pode ser feito em duas partes: 1. Uma a farmacológica na desintoxicação aguda, com a função de aliviar os sintomas de abstinência, devido a interrupção da substância. 2. E por outro lado o tratamento psicossocial, com técnicas de aconselhamentos como por exemplo a terapia cognitivo-comporta- mental, associada ou isolada à farmacoterapia. ACESSE: E também o programa de “12 passos”, do qual é incorporado ao tratamento, criado inicialmente para programa Alcoólicos Anônimos, expandido Narcóticos Anônimos, e com diversos “12 passos” semelhantes: http://bit.ly/2HnIkdR O tratamento é muito complexo, e o resultado deste tratamento depende da motivação do paciente. Os sintomas são semelhantes entre as pessoas dependentes, mas o que muda são as motivações de cada um, sendo um tratamento com uma equipe multidisciplinar e sua família. Casos de intoxicação, umas das estratégias é a internação (não é em todos os casos), com o intuito da desintoxicação, em casos de que o usuário da substância apresenta sintomas de abstinência muito intenso, ou em quadros de psicoses, psiquiátrica, devido o uso excessivo de drogas fortes. Psicofarmacologia Clínica26 Álcool O Álcool afeta diversos receptores diferentes, principalmente nos receptores de GABA, receptores de canabinóides, receptores de glutamato NMDA (N-metil-Daspartato), porém, não se conhece totalmente o seu mecanismo de ação. Seus mecanismos de dependência são semelhantes as drogas que afetam o sistema de neurotransmissão do GABA. � Dissulfiram Um dos tratamentos utilizados é o dissulfiram, sendo um fármaco que inibe o aldeído desidrogenase, sendo uma enzima na função do metabolismo do álcool, com isso impede o metabolismo do acetaldeído. Quem faz tratamento com dissulfiram ao ter contato com álcool vai ocorrer diversos sintomas desagradáveis como: cefaleia, náusea, rubor facial, vômito, fraqueza, dificuldade respiratória e hipotensão ortostática, podendo durar de 30 minutos há algumas horas, e depois a pessoa sente fadiga e exaustão. � Naltrexona Tem injetável 1 x mês. É eficaz para tratamentos com pessoas motivadas para abandonar. Segundo a Food and Drug Administration (FDA), foi aprovado o uso prolongado da naltrexona na forma injetável para tratamento da dependência do álcool. � Acamprosato É um fármaco, utilizado para tratamento do alcoolismo, em vários países para a síndrome de dependência de álcool. Atual inibindo transmissores que estimulam os sintomas da abstinência do álcool. Medicamentos prescritos Opióides A dependência de opioides é uma doença crônica, que geralmente ocorre muitas recaídas, devido a isso, necessita de um tratamento com equipes multidisciplinares e farmacológico. A dependência de opioide é umas das principais causas de morte por dependência química. Para reverter este processo, tem fármaco de tratamento de emergência Naloxona. Psicofarmacologia Clínica 27 � Naloxona É utilizado em caso de overdose de opioide, sendo um antagonista do opioide, indicado para tratamentos de emergência de superdose e/ ou intoxicação aguda por opioide, do qual caracteriza com depressão respiratória, ocorrendo a perda da respiração. A naloxona reverte este quadro, voltando a respiração, sendo um tratamento segura por não causar dependência. � Metadona É um analgésico narcótico sintético, mas também utilizado para tratamento de desintoxicação na síndrome de abstinência de narcóticos (heroína e drogas similares à morfina), em conjunto com serviços médicos e sociais. A metadona é um inicia com 10mg via oral, pode repetir a cada 4 horas. A metadona possui também a síndrome de abstinência, só que ocorre mais lento e menos grave, quando comparados com as drogas como a heroína e a morfina, mas a terapia tem que ser temporária, pois ela também pode causar a dependência. � Buprenorfina É um fármaco morfínico, agonista parcial aos opioides, do qual se fixa nos receptores µ e ĸ, com isso sendo utilizado nos tratamento da dependência de opiáceos, como a metadona, fazendo com que o paciente não sinta a síndrome da abstinência. O tratamento inicia com a dosagem dependente do grau do vício, e gradualmente vai diminuindo a dosagem até zerar a miligramagem, a ponto do paciente não sentir, mas a necessidade do uso da heroína ou seus semelhantes. Com o intuito de reduzir o acesso à buprenorfina é limitado pela legislação, só pode ser prescrita por médicos treinados e com certificados, não podendo ultrapassar a 30 pacientes por vez. Possui na forma parenteral e na forma sublingual (Suboxone®). � Naltrexona oral ou intravenosa (IV) A naltrexona é um antagonista opioide que atua competitivamente bloqueando a ligação dos opioides. Ao utilizar a Naltrexona, se o paciente injetar a heroína não sentirá os efeitos da droga, por estar inibindo os receptores µ-opioide. Psicofarmacologia Clínica28 � Clonidina � Levo – α – acetilmetadol (LAAM); O tratamento é com troca por opioides menos potentes, do qual vai retirando gradualmente. Muita cautela com a prescrição de opioide, pois pode desencadear transtornos psiquiátricos. (Laboratorial, 2012) Benzodiazepínico (BZD) e barbitúricos Os Benzodiasepínicos e os Barbitúricos, atuam nos receptores do GABA, podendo causar dependência, sendo que os Barbitúricos são mais difíceisde causar dependência. Os BZD são utilizados para tratamentos como sedativos ou convulsões, e os Barbitúricos anticonvulsivos. Os BZD devido a sua alta probabilidade de causar dependência, estão trocando por outras classes de fármaco. Para o tratamento da dependência do Benzodiazepínico, primeiramente a redução gradual por um período de 6 meses. Se for caso da dependência de um fármaco com meia vida curta, pode iniciar trocando por uma meia vida longa. Com isso vai diminuindo gradualmente. Exemplo: O paciente faz uso do fármaco Bromazepam de ação curta a cada 6 horas (4 x ao dia), troca pelo Diazepam de ação longa 1 x ao dia. Uma retirada súbita do BZD ou Barbitúricos, pode desencadear convulsões, delirium ou até mesmo morte. (Lewis) Nicotina O tabagismo é considerado segundo a OMS, a maior causa de doenças e mortes precoces, sendo incluso no grupo dos transtornos mentais e comportamentos, por seu uma substância psicoativas CID-10. (PROTOCOLO CLÍNICO E DIRETRIZES TERAPÊUTICAS DEPENDÊNCIA À NICOTINA, 2014) O Tratamento da dependência da nicotina, depois de diagnosticada tendo pelo menos 3 ou mais sintomas das características nos últimos 12 meses, da síndrome de abstinência, já mencionado. Psicofarmacologia Clínica 29 Medir a dependência é muito importante, pois é a dependência que dificulta a tentativa de parar de fumar, com isso, as pessoas que tentam parar de fumar, 90% voltam em menos de 1 ano. O tratamento medicamentoso tem: � Reposição de nicotina São adesivos transdérmicos, gomas de mascar e pastilhas de nicotina. A goma de mascar tem um efeito rápido, levando de 2 a 3 minutos até atingir a nicotina no cérebro. � Cloridrato Bupropiona Ele é um antidepressivo atipico, que não causa dependência, ele pode ser usado em pessoas que não teve a depressão. Tem a função de recaptar neujrotransmissor dopamina e norepinefrina (maior quantidade) e a serotonina (em menor quantidade) Bupropiona são 150mg, Dose: 1 comprimido pela manhã nos 3 primeiros dias, depois 150mg manhã e outro após 8 horas, Até 12 semanas de tratamento sendo dose máxima 300mg/dia Canabinóides Atuam nos receptores canabinóides CB1 e CB2, causando uma onda de euforia, riso, instabilidade, com comportamentos apetitivos com alimentos, álcool e cigarros. � Rimonabanto Não há um fármaco específico, mas o fármaco Rimonabanto, utilizado como antiobesidade, por ser um antagonista do receptor de canabinóide C1, está sendo eficaz bloqueando os efeitos dos canabinóides exógenos e impedindo a intoxicação dos usuários de maconha. ACESSE: Existe o “TESTE DE FAGERSTRÖM”, do qual mede o grau de dependência à nicotina. São perguntas e respostas, que facilita a avaliação, segue o link: http://bit.ly/2tVXfZy Psicofarmacologia Clínica30 Psicoestimulantes 1. Cocaína Não existe um tratamento específico para a dependência da cocaína. Sendo geralmente os mais utilizados: � Topiramato É um anticonvulsivante, que vai tratar transtorno do humor � Pergolide Estudo mostra muito perigoso a associação do álcool com a cocaína, sendo a associação mais comum que leva à morte. Pois a interação das duas drogas se transforma em cocaetileno tendo um efeito mais duradouro só que mais tóxico. (Lewis) 2. Crack � Risperidona A Risperidona é um antipsicótico utilizada em manifestações da psicose, delírios, alucinações, distúrbios de pensamentos, isolamento social e emocional. Ele atua nos receptores serotoninérgicos 5HT2 e dopaminérgicos D2. � Modafinila É um psicoestimulante para tratar distúrbios do sono, sonolência excessiva diurna, promovendo o estado de vigília. Feniletilaminas MDMA- Êxtase (Ecstase) Atua em diversos receptores, apesar de ter o efeito dopaminérgico semelhante, o seu principal efeito é a serotonérgica, causando liberação da serotonina na fenda sináptiva e bloqueio da recaptação de serotonina. Causando efeito como a anfetamina e a cocaína só que também com efeitos alucinógenos. Só que a MDMA em uso contínuo pode causar neurotoxicidade. O tratamento para dependentes de ecstasy, é feito com a internação, terapia, tratamento medicamentoso, acompanhamento psiquiátrico e médico. Em casos de intoxicação aguda: o tratamento deve ser rápido, pois suas complicações vão aumentando gradativamente. Fazer tratamento semelhante aos tratamentos feitos em casos de intoxicação por anfetamina. Psicofarmacologia Clínica 31 Os efeitos mais comuns são a depressão, dificuldade de concentração, ataques de pânico, insônia, psicose, hipertermia, falência renal, hepática, arritmias cardíacas e hipertensão arterial. Como não existe até a presente data, um antídoto ou um inibidor farmacológico do ecstase, o tratamento baseia-se diante dos sinais e sintomas da intoxicação com o intuito de amenizar. Se a ingestão for menos de uma hora, utilizar o carvão ativado 1g/kg (máx 50g), desde que o paciente esteja em condições respiratória boa. Casos agudos fazer a ventilação, necessidade de manter as vias aéreas e monitorar a temperatura corporal, resfriando o corpo conforme a necessidade. � Benzodiazepínicos: Controle da hipertensão, convulsões. � Nitroprussiato de sódio: Antihipertensivo como vasodilatador. � Betabloqueadores: Casos de taquiarritmias. � Reposição salina: Hiponatremia (redução da concentração plasmática de sódio para 40-41ºC): Imersão em banho com gelo ou bolsas de gelo nas axilas, virilha, pescoço; Cuidado com uso de neurolépticos, pois pode ocorrer hipertermia devido a diminuição da função dopaminérgica. (Maristela Ferigolo, 1998) Agentes Psicodélicos LSD É uma substância que não causa abstinência, e que o tratamento está mais em saber o motivo desta droga para tratar, geralmente utilizam para fugirem de algum problema do dia a dia. Consegue interromper o uso do LSD, sem tratamento farmacoterapêutico, podendo procurar um psicólogo ou psiquiátrico caso ocorra prejuízo nos relacionamentos. Fenciclidina (PCP) A Fenciclidina, também conhecida como EA-2148, pó de anjo ou poeira da lua, é uma droga utilizada antigamente como anestésico, mas seu uso bloqueia receptores de glutamato, os NMDA (N-metil- Psicofarmacologia Clínica32 Daspartato), com este bloqueio provoca delirium, anestesia, amnésia e alucinações, e também possui efeitos neurotóxicos, sendo um tipo de droga pouco explorado. � Benzodiazepínicos Durante o efeito da droga pode administrar benzodiazepínicos (sedativo), a fim de controlar os sintomas da convulsão e agitação. É importante salientar, que mesmo com o tratamento para o alívio da abstinência, com a interrupção do uso da substância, tem o risco de ocorrer recaídas. A síndrome psicótica e sua abordagem farmacoterapêutica A psicose, é um patologia caracterizado pela perda de contato do indivíduo com a realidade, podendo envolver alucinações ou até mesmo delírios, se tornando uma pessoa antissocial. Esta pessoa não consegue separar o que é real e o que não é, tendo pensamento perturbado, podendo também apresentar: � Depressão � Ansiedade � Isolamento social � Problemas de sono � Falta de motivação A psicose não é considerada uma doença, e sim um sintoma, tendo um pensamento que é uma figura importante, podendo associar a diversos tipos de transtornos. Quanto mais rápido o diagnóstico, melhor a evolução do tratamento. Sintomas 1. Alucinações: São percepções sem nenhum estímulo externo, acreditar de coisas que não existe, sendo considerado um quadro dentro da psicose, conforme abaixo os tipos de alucinações: � Alucinações auditivas: Ouve vozes, audição dos próprios pensamentos, músicas, sons. O mais famoso é o da mitologia que fala sobre a lenda dos pescadores com o canto das sereias. Psicofarmacologia Clínica 33 � Alucinações visuais: Tem visão de algo que não é real, pode ser vultos, sombras, e em processos delirantes da psicose podendo verbruxas, etc. � Alucinações táteis: Calor, frio, pressão, dor; sente sem ter este estímulo, por exemplo a hipocondria que a pessoa acredita da dor, da doença e não tem. � Alucinações olfativas: A sensação do sentido do gosto confundindo por exemplo agradáveis como desagradáveis. � Alucinações sinestésicas: Percepções fora da realidade, por exemplo as anoréxicas que enxergam que estão super obesas. � Alucinações cinestésicas: É a sensação de que um órgão parado ou imobilizado esteja se movendo. � Delírios: Crença errada com grande certeza. Muito ocorrido em pessoas com delírios de grandeza, ciúme patológico, transtorno bipolar. O delírio é classificado em: � Delírio de Perseguição (Delírio Paranóide): É o mais comum, a pessoa acredita que algo de ruim vai acontecer, acredita que está sendo vítima de perseguição; � No Delírio de Influência: Acredita que forças externas estão controlando o seu pensamento e corpo; � No delírio hipocondríaco ou delírio somático: Se queixa de defeitos físicos, sintomas, deformações que não existe; � O delírio melancólico ou de ruína: Se vê ameaçado em ruínas, depressão nervosa psicótica; � No delírio de grandeza: Considera que é a pessoa mais importante, mais inteligente, mais rica de todas. � O delírio de ciúme: Por temer na infidelidade conjugal, cria vários pensamentos que leva ao ciúmes, podendo levar à agressividade a até homicídio. Existem outros tipos de delírios, mas sempre com pensamentos que não são reais, mas acreditam fielmente neste pensamento, se tornando uma patologia em demências, dependendo da gravidade a levar ao internamento psiquiátrico. Exemplo: Ciúme delirante, onde a esposa segue o marido até o banheiro acreditando que a amante vai aparecer lá, acreditando que vai aparecer até nessas pequenas ausências. Psicofarmacologia Clínica34 Precisa de um diagnóstico correto, por não confundir uma certeza situação que está ocorrendo, sendo classificada esta pessoa com delírio. Com isso, o delírio passa a ser diagnosticado, se for patenteamente bizarra, se tornando um pensamento muito longe da realidade ou da lógica, com produções de alucinações e ideias delirantes. Causas da Psicose � Genética: Diversos estudos comprovam que o transtorno bipolar e a esquizofrenia podem ser desencadeados devido a genética; � Alterações cerebrais: alterações em certas substâncias químicas ou alterações na estrutura cerebral. Exames revelam uma diminuição da massa cinzenta no cérebro, em doentes psicóticos; � Hormônios ou sono: Após o parto pode ocorrer a psicose, pode ocorrer dentro de até duas semanas. Acreditam que seja devido as altas alterações hormonais; � Transtornos correlatos 1. Esquizofrenia: Distúrbios psicológicos, com alucinações e delírios; 2. Transtorno bipolar: Distúrbios associados a alterações do humor depressão e mania, podendo apresentar a psicose; 3. Depressão grave: Pessoas com depressão grave, pode desencadear sintomas de psicose; Causas secundárias � Estresse; � Uma experiência traumática; � Uso indevido do álcool; � Uso indevido de drogas; � Uma situação física, por exemplo uma doença grave; � Um tratamento com medicamento com efeitos colaterais que desencadeiam a psicose; � Demência- por exemplo: Mal de Alzheimer; � Cisto ou Tumor cerebral (dependendo da localização pode ocorrer a pscose); � Epilepsia- Alguns tipos; Psicofarmacologia Clínica 35 � Doença neurológica – por exemplo doença de Huntington e a doença de Parkinson; � Acidente vascular encefálico. Tipos de psicose Diversos tipos de transtornos que podem caracterizar como sintomas da psicose: � Esquizofrenia – O individuo tem a dificuldade de distinguir o mundo real com o fictício; � Transtorno esquizoafetivo – Semelhante à esquizofrenia, associado com distúrbios do humor; � Psicose bipolar – O indivíduo tem episódios da psicose associado com as alterações do humor (depressão e mania); � Transtorno psicótico breve – A pessoa tem os sintomas psicóticos, por um mês, devido alguma situação estressante, pode sumir e nunca mais voltar; � Transtorno delirante –O indivíduo tem uma crença, em algo bizarro, irracional, sem um fato, podendo durar por 1 mês ou mais; � Depressão psicótica – são combinações de sintomas, com depressão profunda, vontade de morrer, suicídio, ideias tristes, incompatíveis com a realidade. Exemplo: Depressão psicótica, a pessoa pode ter delírios a ponto de acreditar que está morta, ou acreditar que tem vozes te dando uma ordem. Tem a perda com a realidade. Tratamentos O tratamento para a psicose, deve associar: � Acompanhamento psicológico - Terapia cognitivo comporta- mental (TCC). SAIBA MAIS: Terapia cognitivo comportamental (TCC), é uma de abordagem que interpreta a forma como cada pessoa vê, sente e pensa com relação à uma situação que causa dor, tristeza, ou qualquer situação negativa. Psicofarmacologia Clínica36 � Terapia familiar – envolve família, amigos íntimos; � Apoio psicossocial – apoio a necessidades sociais, como emprego, acomodação entre outras; � Medicação antipsicótica – para tratar os sintomas da psicose. O tratamento da psicose deve ser direcionado para o profissional psiquiatra, do qual designa a tratamentos de acordo com o grau da patologia, podendo ser tratamentos com medicamentos antipsicóticos, estabilizadores de humor, antidepressivos. Antipsicóticos Os antipsicóticos possui ação psicotrópica, com efeitos psicomo- tores e sedativos. São utilizados principalmente em casos de psicoses, principalmente a esquizofrenia. Neurolépticos Tricíclicos Os neurolépticos, é uma subdivisão dentro dos antipsicóticos, sendo os primeiros desenvolvidos para tratamentos da psicose, também são conhecidos como antipsicóticos típicos. São fármacos que utilizam desde os anos 40, possuem uma fenotiazina tricíclica, devido a isso, o nome de tricíclicos. Segue abaixo os mais utilizados: � Clorpromazina, fármaco de média potência. � Promazina, fármaco de baixa potência. Dibenzepina São novos neurolépticos tricíclicos, fármacos atípicos, possuem alto efeito nos receptores serotoninérgicos 5-HT-2A, são fármacos de 2ª geração. São fármacos que tratam a psicose e também como estabiliza- dores de humor, ou seja, melhoram nos sintomas do isolamento social, apatia, pobreza de pensamento; de menores efeitos colaterais, como por exemplo efeitos extrapiramidais antiparkinsonianos. � Clozapina (Leponex®) (Primeiro fármaco desenvolvido da 2ª geração). � Olanzapina (Zyprexa®). Psicofarmacologia Clínica 37 � Quetiapina (utilizado como alternativa do Haloperidol). � Aripiprazol (Abilify). Butirofenona e Difenilbutilpiperidina É um neuroléptico, eficaz no tratamento da psicose com delírios e alucinações. Ele também tem a função sedativa em condições de excitação psicomotora. � Haloperidol (Haldol®), fármaco de alta potência O tratamento com Haldol®, em pacientes deprimidos, foi observado uma melhora na ressocialização. Benzamida São fármacos antipsicótico atípico, tratamentos da psicose associado à esquizofrenia e em baixa dosagem para depressão leve e ansiedade. � Sulpirida (Equilid). � Amisulprida. Antagonistas seletivos dos receptores dopamina D2, D3 e 5-HT. Derivados do Benzisoxasol e outras drogas � Risperidona (Risperdal®) - antipsicótico atípico potente, geral- mente utilizado em casos de psicoses delirantes, associados com a esquizofrenia. � Ziprasidona, geralmente utilizado em casos de agitação aguda. � Pimozida (Orap®), age bloqueando os receptores dopaminér- gicos, a nível neuronal, e bloqueia os receptores muscarínicos, alfa-1 e H1 (Histamina) Fenotiazinas Antipsicótico típico, tem ação sedativa de 2 a 3 vezes mais potente que a Clorpromazina. Alivia delírios, agitações, inquietações e confusões em pacientes também que estão com dor em estados terminais. Antipsicótico bloqueia os dopaminérgicos e os receptores histamínicos.Psicofarmacologia Clínica38 � Ciamemazina � Levomepromazina (Neosine®) � Trifluoperazina (Stelazine) Benzodiazepínicos (BZD) Os BZD atuam aumentando a afinidade do neurotransmissor Gama-amino-butírico (GABA), ao receptor GABA, resultando em uma diminuição nos sintomas da ansiedade, agitação, insônia, por exemplo: � Midazolam (Dormonid®) - de ação ultracurta � Bromazepam (Lexotan®) – de ação curta � Alprazolam (Frontal®) – de ação intermédia � Clonazepam (Rivotril®) – de ação longa Estabilizadores de humor São fármacos utilizados para tratar distúrbios do humor como transtorno bipolar e também em casos de transtorno esquizoafetivo. Antimaníacos Utilizado para transtorno bipolar, diminuindo a frequência dos episódios das bipolaridade e preventivo à fase depressiva e a atividade de hiperatividade psicomotora. Ele também é utilizado em casos de depressão recorrente grave. O Carbonato de lítio altera o transporte do sódio nas células nervosas e musculares com isso levando alteração no metabolismo intraneural das catecolaminas. � Carbonato de Lítio- é um estabilizador do humor Anticonvulsivantes/Antipiléticos São anticonvulsivos, mas também tratam na prevenção de transtorno bipolar, alteração do humor e também na prevenção de episódios depressivos. � Valproato de sódio ou ácido valpróico � Lamotrigina � Carbamazepina Psicofarmacologia Clínica 39 Além do medicamento, muitas vezes é necessário a internação em um hospital psiquiátrico, para tratamentos com aparelhos elétricos (eletroconvulsoterapia) O Ministério da Saúde, só aprova a terapia da eletroconvulsoterapia, em casos específicos por exemplo: risco iminente de suicídio, síndrome neuroléptica maligna ou catatonia. Casos de internação pode durar de até 2 meses, até que a pessoa melhore, a ponto de não colocar a sua vida e nem dos outros em risco, no entanto, o tratamento medicamentoso, poderá continuar por até anos, com acompanhamento psiquiátrico e/ou sessões com psicólogos semanais. Psicofarmacologia Clínica40 BIBLIOGRAFIA Burton J Goldstein, P. J. (1 de 7 de 1998). Selective serotonin reuptake inhibitors in the treatment of affective disorders—III. Tolerability, safety and pharmacoeconomics. Journal of Psychopharmacology. Acesso em 21 de 09 de 2019, disponível em: https://doi.org/10.1177/0269881198012003041 Chouinard G.a, C. V. (March de 2015). New Classification of Selective Serotonin Reuptake Inhibitor Withdrawal. Psychother Psychosom, 84, 63-71. Acesso em 21 de 09 de 2019, disponível em https://doi. org/10.1159/000371865 Fontes, M. A. (2013). O que é a Dependência Química? Tipos de drogas, efeitos e tratamentos. 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A dependência química, seus sinais e sintomas Sintomas Principais drogas de abuso, mecanismo de ação e sintomas Álcool Medicamentos prescritos Nicotina Canabinóides Psicoestimulantes Feniletilaminas Agentes Psicodélicos Fenciclidina (PCP) Abstinência da dependência química Abstinência Síndrome da abstinência-Delirium Tremens Síndrome da descontinuação de antidepressivo Abordagem farmacoterapêutica da dependência química Álcool Medicamentos prescritos Opióides Benzodiazepínico (BZD) e barbitúricos Nicotina Canabinóides Psicoestimulantes Feniletilaminas MDMA- Êxtase (Ecstase) Agentes Psicodélicos LSD Fenciclidina (PCP) A síndrome psicótica e sua abordagem farmacoterapêutica Sintomas Causas da Psicose Causas secundárias Tipos de psicose Tratamentos Antipsicóticos Neurolépticos Tricíclicos Dibenzepina Butirofenona e Difenilbutilpiperidina Benzamida Derivados do Benzisoxasol e outras drogas Fenotiazinas Benzodiazepínicos (BZD) Estabilizadores de humor Antimaníacos Anticonvulsivantes/Antipiléticos