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Relações Internacionais Cooperação Internacional Profa. Fernanda Nanci 2013.1 Parte I Principais conceitos, modalidades, enfoques (teorias) e atores da cooperação internacional Motivos e justificativas para a Cooperação Internacional: enfoques teóricos 1) AYLLON, Bruno. “La Cooperación Internacional para el Desarrollo: fundamentos y justificaciones en la perspectiva de la Teoría de las Relaciones Internacionales”. Carta Internacional. Outubro de 2007 - Vol. 2, No 2, continuação. Introdução • Quais são as razões que motivam os indivíduos a cooperar? • Quais são as razões que motivam os Estados? • Cooperar significa atuar conjuntamente com outros para conseguir um mesmo objetivo. • Idealmente supõe uma relação de reciprocidade, desejo de dar e receber, esforço coletivo, criação de oportunidades e distribuição equitativa de custos e benefícios. − Na prática, isto é possível? • Cooperação significa harmonia de interesses? Motivações e teorias das RI “As pessoas podem não concordar com relação a que formas de cooperação internacional são desejáveis, ou a que propósitos devem servir, mas todos podem concordar que um mundo sem cooperação seria sombrio” (KEOHANE apud AYLLÓN, 2007, p.41). • Estudos de cooperação: polarização Cooperação é estabelecida segundo os interesses dos países doadores Cooperação é uma resposta ética e um imperativo moral Motivações e teorias das RI Os realistas • Qual a posição desta corrente teórica? • A cooperação internacional é uma forma de ampliar o poder nacional e a segurança do Estado • Morgenthau :“A Political Theory of Foreign Aid” − A cooperação é um instrumento da política externa, que opera dentro de um contexto político − É uma arma política da nação que está vinculada ao interesse nacional do país doador • Cooperação é um instrumento para satisfazer interesses políticos, econômicos e geoestratégicos Motivações e teorias das RI • E a dimensão ética na corrente realista? • “O principal objetivo da ajuda norte-americana não é ajudar as outras nações e sim ajudar a nos mesmos” Nixon • Exemplo: Plano Marshall Motivações e teorias das RI Os estruturalistas • Outra visão sobre a cooperação é proveniente do marxismo • Cooperação internacional como um instrumento dos países dominantes no sistema internacional − Impõe condicionalidade, obrigando países receptores a exportarem bens e serviços dos países doadores, orientando sua estrutura produtiva e econômica em função dos doadores − Reforça padrões de desigualdade e injustiça, mantendo o poder nas mãos dos países desenvolvidos • A concepção da ajuda externa no pós-Segunda Guerra Mundial marca a transição de um modelo colonial explícito, para sua reedição mais sutil, acompanhada pelo triunfo de uma “ideologia do desenvolvimento” Motivações e teorias das RI Os neoliberais • O papel da ajuda é marginal no processo de desenvolvimento • A ajuda externa, na realidade, distorce o jogo do livre mercado (que é o verdadeiro motor do desenvolvimento) • A ajuda prejudica o crescimento, pois supõe uma ação intervencionista nos setores competitivos da economia nacional − O desenvolvimento é na visão destes autores um resultado natural da integração das economias nacionais ao mercado mundial, que é regida por regras de oferta e demanda • Esta visão é tradicionalmente ocidental e focada em termos econômicos, excluindo outros aspectos que medem o desenvolvimento. Motivações e teorias das RI A teoria da interdependência e dos regimes internacionais • O que são regimes? − Instituições sociais que governam ações dos Estados envolvidos em suas atividades − Um conjunto de normas, princípios e regras comuns que orientam o comportamento dos Estados em uma determinada área em que procuram agir de forma recíproca • Cooperação é um regime internacional − Surge para solucionar problemas de ação coletiva − Resultado da interdependência crescente nas RI − É canalizada através de OIs que desempenham um importante papel na determinação da agenda e atuam na formação de coalizões − Supõe a aquiescência a fim de produzir resultados desejados em determinadas áreas temáticas Motivações e teorias das RI Os construtivistas • Qual a posição desta corrente? • Inspirado, de certo modo, na tradição liberal das RI, vinculando a cooperação ao desenvolvimento com imperativos humanitários e compromissos éticos • Cooperação não pode ser explicada apenas em função de interesses políticos e econômicos dos países doadores • Considera a influência de convicções humanitárias e igualitárias sobre os doadores − Há uma preocupação ética e moral, uma crença disseminada no sistema internacional de que se deve ajudar aos países mais pobres Motivações e teorias das RI • Tendo em vista estas abordagens teóricas, qual explicaria melhor as motivações dos países para se engajarem na cooperação internacional? • Com relação ao Brasil na cooperação internacional, quais são as razões de sua política de cooperação? Motivos e justificativas para a Cooperação Internacional: enfoques teóricos MORGENTHAU, H. A Political Theory of Foreign Aid. The American Political Science Review, vol. LVI, n.º 2, 1962, p. 301-309. Realismo • A premissa de que a ajuda externa é um instrumento de política externa é um tanto controversa − Ajuda como um fim em si mesma − Ajuda como instrumento de PE: é mesmo necessária? • Em sua perspectiva fica claro que o objetivo da ajuda externa é servir aos interesses da nação • Reconhece a diversidade de políticas que existem sob nome de ajuda externa • Neste sentido, apresenta uma classificação de seis tipos específicos de ajuda externa − Tem apenas algo em comum: a transferência de dinheiro, bens e serviços de uma nação para outra Realismo • Os seis tipos de ajuda externa: (i) humanitária; (ii) subsistência; (iii) militar; (iv) suborno; (v) prestígio; (vi) desenvolvimento econômico • Ajuda humanitária: único tipo de ajuda não política em sua natureza − Apesar de a encarar como um tipo não político, reconhece que em distintos contextos a sua função política pode ser observada Realismo • Ajuda por subsistência: significa a ajuda de um governo a outro, quando este último se encontra na desfavorável condição de comandar os recursos mínimos para provimento de bens públicos necessários − Performa uma função política de manter o status quo • Ajuda por suborno: fez parte durante anos da prática diplomática − “muito do que se chama ajuda externa hoje é de natureza de suborno”,porém atualmente os subornos são justificados em termos de ajuda externa para o desenvolvimento econômico − “Dinheiro e serviços são transferidos através de um elaborado maquinário feito para autêntica ajuda econômica” − Crítico com relação a ideologia do desenvolvimento econômico Realismo • Ajuda militar: antiga na história das RI − O objetivo é não somente prestar ajuda militar, treinamento na área, reequipamento, mas extrair vantagens políticas • Ajuda de prestígio: está relacionada à propósitos econômicos e militares − Propicia a ilusão do país se tornar uma força militar moderna, o que aumentaria seu prestígio dentro e fora − Idem para a posse de tecnologias modernas e indústrias − Esta ajuda não tem com objetivo final o desenvolvimento econômico do país • Ajuda para desenvolvimento econômico: o olhar do formulador de política deve estar direcionado para os fatores e circunstâncias do país receptor − O recipiendário nem sempre pretende um real desenvolvimento industrial, mas um prestígio simbólico $$$$ Realismo • Morgenthau argumenta que estes tipos de cooperação não impuseram grandes questões para debate, com exceção da ajuda para desenvolvimentoeconômico que sofreu especulações teóricas de natureza econômica • Essa tendência foi ampliada devido ao sucesso do Plano Marshall − Justificativas puramente econômicas − Sucesso devido à circunstâncias específicas − A ajuda para o desenvolvimento econômico tem um potencial muito menor do que em geral é creditado a ela Realismo - Conclusões • Morgenthau enfatiza a necessidade de conhecer profundamente um país, também em seus aspectos políticos e econômicos para se estabelecer uma relação de ajuda • Argumenta que o problema da ajuda externa é insolúvel se considerada como uma parte integral meramente técnica da política de um país − É preciso levar em conta a política adotada pelo país doador e as condições políticas que envolvem esta relação • Desta forma, a política de ajuda externa não seria em nada diferente da política diplomática, militar ou de propaganda, sendo todas armas políticas da nação Dúvidas? Fernanda Nanci Email: fernandananci@yahoo.com.br
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