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Pneumonia adquirida na comunidade 1 📄 Pneumonia adquirida na comunidade Morgana R. Duarte- TXI Definição Doença inflamatória aguda Pode ser causada por vírus, bactérias e outros organismos Acomete as vias aéreas terminais e o parênquima pulmonar Síndrome clínica caracterizada por infecção do parênquima pulmonar que causa sinais/sintomas das VAs e alterações características nos exames de imagem do tórax. Pneumonia adquirida na comunidade 2 💡 “Adquirida na comunidade :ˮ ocorre fora do ambiente hospitalar ou se manifesta em até 48h após a admissão hospitalar Epidemiologia Doença comum e potencialmente fatal O risco de morte aumenta com o aumento da idade Mais comum em pacientes menores de 4 anos ou maiores de 50 anos (principalmente após os 65 anos) Patogênese Através da microaspiração (mecanismo mais comum) os microorganismos das VAS (vias aéreas superiores) entram no trato respiratório inferior. 💡 A pneumonia indica tanto um defeito nas defesas do hospedeiro quanto uma exposição a microorganismos virulentos ou um inóculo massivo Outros mecanismos: disseminação hematogênica de um sítio infeccioso a distância, contaminação por foco contíguo ou macroaspiração. Consolidação pulmonar: substituição do ar dos alvéolos por líquido, células ou a a combinação destes Pneumonia adquirida na comunidade 3 Termo Significado Macroaspiração Geralmente pessoas com convulsão que engasgam ao vomitar ou pessoas com reflexo de vômito suprimido por ação do álcool, drogas ou remédios Microaspiração Pequenos volumes de secreções nasofaríngeas/bucais, principalmente durante o sono Fatores de defesa do hospedeiro � Retenção de partículas infecciosas através do fluxo laminar de ar sobre os pêlos � IgA: neutraliza vírus e inibe bactérias 10% da das secreções nasais é de IgA � Tosse efetiva → ação ciliar move os microorganismos para a laringe e o reflexo da tosse os impulsionam no mesmo sentido. Diagnóstico Clínico Anamnese Sintomas respiratórios: tosse 80% dos pacientes), produção de escarro, dispneia e febre O idoso geralmente tem menos sintomas que o jovem e a ausência de sintomas definidos e de picos febris estão relacionados com o aumento do risco de morte Outros sintomas: confusão, delírios, quedas, alteração da capacidade funcional e piora de doenças preexistentes DPOC, ICC e DM Exame físico Frequência respiratória elevada: pode ser sinal de pneumonia se preceder outros achados clínicos em 1 ou 2 dias Pneumonia adquirida na comunidade 4 Indicador mais importante Inespecífica, mas indicador sensível de infecção respiratória Fr 30 ipm está relacionado com aumento da mortalidade Taquipneia 60% dos idosos com pneumonia), estertores, roncos e sinais de consolidação e de derrame pleural Derrame pleural: pectorilóquia fônica, egofônica, maciez à percussão, diminuição ou ausência do frêmito tátil Achados extrapulmonares: devem ser avaliados para descartar infecção metastática (artrite, endocardite, meningite, hepatite, pericardite) Termo Significado Broncofonia Ausculta da voz sem nitidez Egofonia Ausculta da voz semelhante ao balido trêmulo de uma cabra Pectorilóquia fônica Ausculta da voz com nitidez Estertores Ruídos anormais (diminuição do espaço alveolar ou fluídos) Radiológico Padrão-ouro: opacidade na radiografia de tórax Complementar ao exame físico do tórax Diferencia PAC de outras causas de tosse e febre (como traqueobronquite aguda) Pode sugerir o agente etiológico Achados radiográficos: consolidação lobar, infiltrados intersticiais e cavitações 💡 Está estabelecido que não é possível diferenciar pela radiografia se é pneumonia bacteriana ou não bacteriana Pneumonia adquirida na comunidade 5 Recomendação para pacientes internados com QC sugestivo de pneumonia Rx de tórax normal: iniciar tratamento empírico com ATB e repetir o Rx de tórax em 2448h ou realizar TC A TC não é recomendada como exame de rotina → alto custo e sem evidência de melhora em PAC TC reservada para outras definições anatômicas posteriores, como detecção de cavitações, adenopatias ou massas pulmonares Microbiológicos Agentes microbianos relacionados com PAC bactérias, vírus, fungos e parasitas PAC bacteriana: Streptococcus pneumoniae → causa + comum de pneumonia no mundo Outras bactérias: M. pneumoniae, Legionella spp, C. pneumoniae, C. psittaci Legionella pneumophila possui exame específico para sua detecção PAC viral: Influenza → causa viral de PAC predominante em adultos Outros vírus: vírus sincicial respiratório, vírus parainfluenza, adenovírus, metapneumovírus, varicela e coronavírus PAC de grupos seletos: pós influenza, tratamento prévio com ATB e doenças pulmonares → Staphylococcus aureus, Enterobacteriaceae e Pseudomonas aeruginosa Áreas de consolidação nas regiões médias e inferiores do pulmão esquerdo (setas azuis). Fonte: CBR Tórax, 1ª edição, página 280. Pneumonia adquirida na comunidade 6 PAC com infecções mistas: difícil estabelecimento 1334% dos casos) Testes microbiológicos no diagnóstico de PAC � Hemoculturas Se coletadas previamente ao tratamento, são positivas para um patógeno em 5 a 14% dos pacientes Rendimento relativamente baixo Falso-positivos são associados com a duração de internação prolongada Culturas positivas raramente levam a modificação ou ajuste de antibioticoterapia Indicação: pacientes com PAC grave, pois podem ser infectados com patógenos diferentes de S. pneumoniae, incluindo S. aureus, P. aeruginosa e outros bacilos Gram-negativos. � Escarro Submetido à bacterioscopia pelo método de Gram e à cultura. A utilidade desse teste é motivo de controvérsias. Pneumonia adquirida na comunidade 7 A sensibilidade e a especificidade da bacterioscopia pelo método de Gram variam substancialmente. � Testes de antígeno urinário Métodos alternativos ou complementares para detectar S. pneumonia e Legionella. Disponibilidade imediata dos resultados, validade mesmo após o início do antibiótico e a alta sensibilidade. Sensibilidade e especificidade baixas em pacientes sem bacteremia � PCR (polimerase chain reaction): Melhora a acurácia do diagnóstico microbiológico. É mais sensível para detectar patógenos atípicos e vírus. � Sorologias Realizadas para diagnosticar agentes atípicos como C. pneumoniae, M. pneumoniae, Legionella spp. Mais utilizado em estudos epidemiológicos ou em casos de falência de tratamento Biomarcadores PCR PCR (proteína C reativa) é uma proteína de fase aguda sintetizada no fígado em resposta a infecções ou inflamações teciduais. Diversas citocinas estimulam sua produção Utilizada como marcadora de gravidade Concentração normal: 3mg/L Infecções graves ou inflamação: 500mg/L PTC Pneumonia adquirida na comunidade 8 PTC (procalcitonina) é um aminoácido proteico semelhante ao pró-hormônio calcitonina. Atua como biomarcador de infecção bacteriana. PCT 1,5 possui risco de morte ouadmissão em UTI aumentada Critérios de gravidade Para admissão hospitalar Mais complexo: Pneumonia Severity Index PSI baixo risco de mortalidade Mais simples: CURB65 (confusion, urea, respiratory rate, body pressure, age 65 → pacientes mais graves Pneumonia adquirida na comunidade 9 O risco de morte aumenta com escore. Para admissão em UTI Pacientes com PAC grave PAC grave: potencial de evoluir com deterioração do quadro clínico, alto risco de mortalidade e necessidade de tratamento em UTI. SBPT 2009 para PAC grave: IDSA/ATS 2007 para PAC grave: Presença de 2/3 critérios menores e 1/2 critérios maiores Pneumonia adquirida na comunidade 10 Tratamento Antimicrobianos A seleção do ATB para tratamento empírico leva em conta diversos fatores, como: � Fatores de risco individuais � Patógeno mais provável no local de aquisição da doença � Presença de doenças associadas � Fatores epidemiológicos, como viagens e alergias Objetivo: reduzir ou erradicar a carga bacteriana para minimizar o desenvolvimento de resistência, evitar disseminação do organismo e impedir que a infecção se complique Tratamento ambulatorial Patógenos mais comuns: S. pneumoniae, M. pneumoniae, C. pneumoniae e H. influenzae e vírus As infecções por esses agentes podem ser autolimitadas Presença de 3/9 critérios menores além da necessidade de ventilação mecânica por insuficiência respiratória aguda OU choque séptico que necessita de drogas vasopressoras Pneumonia adquirida na comunidade 11 O tratamento reduz a morbidade e diminui a duração dos sintomas Macrolídeos são indicados para pacientes sem doenças associadas e que não usaram ATB nos últimos 3 meses Outra opção o tratamento: betalactâmico como droga única (diretriz da SBPT 2009 Atenção para falha terapêutica → não cobre agentes atípicos Pacientes com outras doenças associadas: fluoroquinolona respiratória (moxifloxacino, gemifloxacino, ou levofloxacino) ou um betalactâmico em associação com macrolídeo. Não utilizar fluoroquinolona em pacientes com risco para TB Indicação Medicamento Pacientes sem doenças associadas e que não usaram ATB nos últimos 3 meses Macrolídeos (pp) ou betalactâmico (atenção para falha terapêutica) Pacientes com outras doenças associadas Fluoroquinolona respiratória Tratamento em UTI Betalactâmico potente associado com macrolídeo ou a uma fluoroquinolona Falência terapêutica Condição clínica na qual a resposta é inadequada para dada terapia antimicrobiana Persistência ou progressão da infecção, piora dos sintomas, disseminação da infecção, aparecimento de complicações e até morte Local de tratamento Falência terapêutica Ambulatoriais Necessidade de hospitalização e/ou troca no esquema antibiótico Hospitalizados Após 72h Enfermaria Falência precoce: pneumonia progressiva com necessidade de ventilação mecânica Pneumonia adquirida na comunidade 12 Local de tratamento Falência terapêutica e/ou choque séptico Primeiras 72 horas de admissão no hospital Enfermaria Falência tardia: pneumonia que não responde Febre e sintomas clínicos persistentes, sem alcançar a estabilidade clínica após 72 horas Causas � Infecciosas 40% → mais frequentes entre pacientes idosos, institucionalizados � Causas não infecciosas → algumas doenças imitam PAC a� Hemorragia alveolar, bronquiolite obliterante com pneumonia em organização, doenças tromboembólicas, pneumonia eosinofílica, pneumonia de hipersensibilidade e neoplasias. Reação a drogas, edema pulmonar cardiogênico e aspiração de conteúdo gástrico � Relacionadas à gravidade inicial da infecção → comprometimento bilateral ou multilobar à radiografia de tórax, hipoxemia grave, choque séptico costumam ter pior resposta ao tratamento � Relacionadas ao hospedeiro → doenças associadas e fatores genéticos Sinais de instabilidade clínica Os pacientem devem ser tratados por, no mínimo, 5 dias. A maioria dos pacientes torna-se clinicamente estável em 3 a 7 dias Devem estar afebris por 4872h e não devem ter 1 sinal de instabilidade clínica antes de se descontinuar a terapia 💡 Temperatura 37,8°C; frequência cardíaca 100 batimentos por minuto; frequência respiratória 24 rpm; pressão arterial sistólica 90 mmHg; saturação de oxigênio 90%; incapacidade para manter a via oral; estado mental anormal Pneumonia adquirida na comunidade 13 Pacientes com instabilidade clínica devem ser reavaliados para readmissão hospitalar e ter terapia prolongada A duração do tratamento para pacientes internados em hospital é de 1 a 2 semanas, dependendo do esquema antibiótico utilizado e das condições clínicas do paciente. A resolução clínica de PAC costuma ser rápida, mas a melhora radiológica é mais lenta 2 a 3 semanas em hígidos e de 3 a 12 semanas em idosos).