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APOSTILA_TEORIA_GERAL_DIREITO_CIVIL_2008.2 prof carrilho

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19
TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL
CRISTIANO CARRILHO
Recife-PE
2013.2
		
SUMÁRIO
1.	As Pessoas. Pessoas naturais. Personalidade jurídica. Capacidade. Emancipação.	4
2.	DIREITOS DA PERSONALIDADE. MORTE E AUSÊNCIA.	11
3.	PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO E PRIVADO.	19
4.	DOMICÍLIO	23
5.	DAS DIFERENTES CLASSES DE BENS	26
6.	FATOS E NEGÓCIOS JURÍDICOS	36
7.	CONDIÇÃO, TERMO E ENCARGO	38
8.	DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO	40
9.	INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO	46
10.	QUADRO COMPARATIVO ENTRE ATOS NULOS E ANULÁVEIS	47
11.	ATOS JURÍDICOS LÍCITOS	48
12.	PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA	50
33
As Pessoas. Pessoas naturais. Personalidade jurídica. Capacidade. Emancipação. 
Para ser parte numa relação jurídica é preciso ter personalidade. Pessoa, ou sujeito de direito, é aquele titular de uma relação jurídica.
	
Art. 1o Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.
	O Homem Titular de Direitos:
O homem, tendo capacidade, pode sempre ser titular de uma relação jurídica. Isso nem sempre ocorreu, pois nos regimes onde floresce a escravidão, o escravo, em vez de sujeito, é objeto de direito. E em algumas legislações conheceu-se o instituto da morte civil. Mas, no mundo moderno, e na quase totalidade dos países, a mera circunstância de existir confere ao homem a possibilidade de ser titular de direitos. Essa possibilidade é chamada de personalidade.
 Início e Fim da Pessoa Natural
Personalidade:
A personalidade é a aptidão reconhecida pela ordem jurídica para exercer seus direitos, ou seja, ser capaz de ter direitos e obrigações da ordem civil. Ela se inicia com o nascimento com vida e a existência da pessoa natural termina com a morte.
Início da Personalidade Civil:
A personalidade civil se inicia com o nascimento com vida, mesmo que o recém nascido venha falecer instantes depois. Desde a concepção, porém, são resguardados os direitos do nascituro.
Art. 2o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.
	Nascituro é o ser já concebido, mas que ainda se encontra no ventre materno. A lei não lhe concede personalidade, a qual só lhe será conferida se nascer com vida, mas protege as suas expectativas de direito. Assim, o nascituro pode ser herdeiro, receber doações e legados, ser adotado, reconhecido e legitimado. Pode agir através de seu curador. Pode figurar como sujeito ativo e passivo de obrigações. A eficácia de tudo, porém fica na dependência do nascimento com vida.
Término da Personalidade Civil:
A personalidade civil termina com a morte. A morte pode ser real (art. 6.º, 1.º parte) ou presumida, no caso de ausentes (art. 6.º, 2.º parte). A morte dos ausentes, assim declarada por decisão judicial, é presumida com objetivos patrimoniais.
Art. 6o A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva.
	Presunções: são suposições baseadas na experiência comum, feitas a partir da observação de certas circunstâncias. Podem ser presunções “hominis” (do homem, são da experiência da casa um, de acordo com o que costuma acontecer) e presunções legais (as estipuladas em lei). As presunções legais podem ser:
“juris et de jure” (absolutas): não admitem prova em contrário;
“juris tantum” (relativas): admitem prova em contrário.
Morte presumida:
Art. 7o Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:
I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra.
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento.
Comoriência:
A comoriência é uma presunção de morte simultânea. Tem como conseqüência a não existência de uma relação sucessória entre os comorientes.
Art. 8o Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos.
Registro Público:
Os acontecimentos da pessoa natural devem ser registrados: o estado individual (é o modo de ser da pessoa quanto à idade, sexo, cor, saúde, etc. ) e familiar (indica a situação matrimonial e parentesco – casado, filho...) da pessoa natural requer a sua inscrição em registro público. Serão registrados nascimentos, casamentos, óbitos (CC, art. 9º) e averbados a nulidade ou anulação do casamento, o divórcio, a separação judicial e o restabelecimento da sociedade conjugal; atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou reconhecerem a filiação; atos judiciais ou extrajudiciais de adoção (CC, art. 10º). O registro civil das pessoas naturais é disciplinado pelo Título II da Lei nº 6.015, de 31.12.1973 que dispõe sobre os Registros Públicos e dá outras providências.
Capacidade de Direito e de Exercício
Capacidade jurídica é a maior ou menor extensão dos direitos de uma pessoa (art. 2º, CC).
Todo ser humano, desde o seu nascimento até sua morte, tem capacidade para ser titular de direitos e obrigações na ordem civil, embora isso não signifique que todos possam exercer, pessoalmente tais direitos. É preciso distinguir a capacidade de direito, ou seja, a de ser titular de direitos, da capacidade de exercício, isto é, a de pessoalmente atuar na órbita do direito, a pessoa pode ter o gozo de um direito sem poder, contudo, exercitá-lo. A capacidade civil, é portanto, a aptidão da pessoa para exercer direitos e assumir obrigações. A capacidade plena é alcançada aos 18 anos de idade. 
Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.
Incapacidade:
A capacidade pode sofrer restrições quanto ao seu exercício em decorrência da idade ou de insuficiência somática (deficiência mental). Há certas pessoas que a lei civil qualifica como incapazes. São elas dotadas de prerrogativas de serem titulares direito, mas não podem por elas mesmos exercerem estes direitos, necessitando serem representadas ou assistidas por um responsável. 
O objetivo é proteger os interesses dos incapazes, que como não possuem um grau de maturidade para os negócios da vida civil, poderiam estar desamparados e serem influenciados por pessoas mal intencionadas. A lei distingue os incapazes em absolutos e relativos, mas tal classificação é decorrente apenas de uma presunção de grau de discernimento do indivíduo.
 A Incapacidade Absoluta
Noções Iniciais:
Os absolutamente incapazes são aqueles que não podem praticar os atos da vida civil senão através de um representante legal..
	A incapacidade é absoluta quando houver proibição total do exercício de direito. O ato praticado pelo absolutamente incapaz é nulo, não gerando efeito algum.
Casos de Incapacidade Absoluta:
Os casos de incapacidade devem ser sempre interpretados restritivamente. A capacidade é a regra e a incapacidade é a exceção.
Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil:
I - os menores de dezesseis anos;
II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos;
III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.
1) Os Menores de 16 Anos:
O legislador entendeu que o ser humano, até atingir essa idade, não alcançou ainda discernimento para distinguir o que lhe convém ou não.
2) Os Que Não Possuem Discernimento Necessário Devido a Enfermidade ou Deficiência Mental:
Aqueles que por alguma disfunção mental (patológica ou acidental, congênita ou adquirida) não possuem total lucidez para praticar atos e dispor de seus bens. Devem ser representados por um curador.
3) Aqueles que Não Puderem Exprimir a sua Vontade:
As pessoas que não podem transmitir suas vontades são inaptas para praticarem atos jurídicos (surdos-mudos, perda da memória, etc.) Seo surdo-mudo tiver elementos para externar seu pensamento, em virtude de uma educação especializada, não se inclui entre os incapazes.
 A Incapacidade Relativa
Noções Iniciais:
O relativamente incapaz encontra-se num patamar entre o absolutamente incapaz e o plenamente capaz. Nota-se que ele já possui um certo discernimento, mas que ainda não está totalmente preparado para os atos da vida civil. O relativamente incapaz pode praticar os atos da vida civil desde que assistidos por quem de direito.
Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer: 
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido;
III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;
IV - os pródigos.
Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial.
	O ato praticado pelo relativamente incapaz é anulável, não é nulo.
	Curador: é a pessoa a quem é dada a comissão ou o encargo com poderes de vigiar os interesses de outra pessoa que tal não pode fazer por si mesma (incapazes); ex.: curador de ausentes e curador das massas. O curador difere do tutor, visto que pode ser dado aos próprios maiores desde que sejam interditos, aos nascituros e referir-se apenas à administração dos bens, enquanto que o tutor nomeado administra os bens, protege e dirige a pessoa durante a menoridade.
Casos de Incapacidade Relativa:
1) Os Maiores de 16 e Menores de 18 Anos:
Neste caso, que o indivíduo já tenha atingido um certo desenvolvimento intelectual, porém insuficiente para dar-lhe o inteiro discernimento de tudo que lhe convém nos negócios.
2) Os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tiveram o discernimento reduzido:
Aqueles que por uma redução na sua capacidade de entendimento não poderão praticar atos na vida civil sem assistência de curador. São declarados como tal após o processo de interdição.
3) Os Excepcionais, sem desenvolvimento mental completo.
4) Os Pródigos:
É o perdulário, aquele que gasta desmedidamente o seu patrimônio. É considerado relativamente incapaz a fim de proteger os outros componentes de sua família. Sua interdição limita-se à esfera patrimonial e só pode ser requerida pelos seus herdeiros ou pelo Ministério Público.
5) Os Índios:
Os índios estão sob a tutela da União, por intermédio da FUNAI, que é o órgão competente de assistência e representação (Lei 5.371, de 05.12.1967). Podem os índios liberar-se da tutela por sentença do juiz, ouvida a FUNAI, ou por declaração desta, homologada pelo juiz. Requisitos de emancipação do índio: idade mínima de 21 anos, conhecimento da língua portuguesa, habilitação para o exercício de atividade útil e razoável compreensão dos usos e costumes nacionais (Estatuto do Índio, Lei 6.001. de 19.12.1973, art. 9º). A emancipação também pode ser coletiva, de toda uma comunidade indígena, através de decreto do Presidente da República (art. 11).
 Emancipação
Noções Iniciais:
A capacidade civil pode ser adquirida antes da idade legal (18 anos) em certos casos autorizados pela lei. A emancipação é irrevogável e definitiva. Não retorna à incapacidade aquele que se emancipou pelo exercício do comercio e depois faliu, nem o que se casou e depois veio a ser viúvo ou divorciado, exceto porém no caso de anulação do casamento em que a jurisprudência e a doutrina não são pacíficas. 
Cessará, para os menores, a incapacidade: pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; pelo casamento; pelo exercício de emprego público efetivo; pela colação de grau em curso de ensino superior; pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria (art. 5º , parágrafo único, incisos I e II).
DIREITOS DA PERSONALIDADE. MORTE E AUSÊNCIA.
Noções Iniciais:
Há direitos que são inerentes à pessoa humana e, portanto, a ela ligados de maneira perpétua e permanente, não se podendo mesmo conceber um indivíduo que não tenha direito à vida, à liberdade física ou intelectual, ao seu nome, ao seu corpo, à sua imagem e àquilo que ele crê ser sua honra. Estes são os chamados direitos da personalidade. Os direitos da personalidade, inerentes a pessoa humana, são absolutos, intransmissíveis, 1indisponíveis, irrenunciáveis, ilimitados, imprescritíveis, impenhoráveis e inexpropriáveis. 
	Direito absoluto: aquele direito oponível a todos, erga omnes, e não somente a certas pessoas, como acontece com o direito relativo.
Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.
Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.
Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau.
Direito à Integridade Física (arts. 13 a 15):
 
Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes.
Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na forma estabelecida em lei especial.
Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte.
Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo.
Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica.
Direito à Própria Imagem:
 
Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais.
Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes.
Direito à Privacidade:
 
Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma.
 O Direito ao Nome
Noções Iniciais:
O nome é o sinal exterior pelo qual se designa e individualiza a pessoa. É a expressão mais característica da personalidade, o elemento inalienável e imprescritível da individualidade da pessoa. Não se concebe, na vida social, ser humano que não traga um nome. Serve para individualizá-lo não só durante a sua vida, como, também, após a sua morte.
Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome.
Elementos Atuais do Nome:
A terminologia referente aos elementos do nome é imprecisa. O termo “nome” designa geralmente o nome por inteiro que se compõe do nome individual, também chamado de prenome ou nome próprio, e do nome de família que costuma ser indicado por várias designações, como sobrenome, patronímico, cognome, apelido de família, etc.
1) Prenome:
É individual e pode ser escolhido livremente pelos interessados, desde que não exponha o portador ao ridículo. Pode ser simples ou composto.
2) Patronímico, Sobrenome ou Apelido de Família:
É o sinal revelador da procedência da pessoa e serve para indicar sua filiação, sua estirpe. Como o prenome, o apelido de família é inalterável. Pode ser simples ou composto. Pode provirde sobrenome paterno, ou materno, e também da fusão de ambos.
3) Agnome:
Designam-se por agnomes certos elementos distintivos secundários, que se acrescentam ao nome completo (filho, júnior, neto, irmão, sobrinho). Servem para diferenciar os parentes de mesmo nome.
	As partículas “de”, “do”, “da”, “dos” e “das”, e seus correspondentes em idiomas estrangeiros, também fazem parte integrante do nome.
Alcunha ou Pseudônimo:
É a designação dada a alguém devido a uma particularidade pessoal.
Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome.
Proteção ao Nome:
Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória.
Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial.
Casos de Alteração do Nome:
A rigor, o nome da pessoa não pode ser mudado, mas há certos casos em que se é possível fazer a alteração:
erro gráfico evidente;
no primeiro ano após a maioridade e independentemente de justificação, pode-se alterar o nome, desde que não prejudique os apelidos de família; esta alteração independe até de via judicial, podendo ser obtida por via administrativa, junto ao Oficial do Registro Civil;
nomes exóticos ou ridículos não serão registrados, mas se o forem, poderão ser alterados;
uso: a jurisprudência admite em certos casos que o uso prolongado e constante de um nome diverso do que figura no registro, pode permitir a alteração deste;
inclusão de alcunha ou apelido;
homonímia: em regra procura-se solucionar a homonímia com a adição de mais um prenome, ou com a adição de patronímico usado por ascendente;
inclusão de sobrenome de ascendente, mesmo que este sobrenome não tenha sido usado por uma ou mais gerações, admitindo-se também a inclusão de sobrenome de madrasta e de tutor;
tradução do nome para o português;
concubinato;
casamento, adoção, reconhecimento, legitimação, divórcio, separação judicial e outros.
Procedimento:
A retificação no registro civil obedece ao rito sumaríssimo (lei n.º 3.764 de 25.04.1960) e pode ser requerida tanto no domicílio do requerente como no local de assento. A alteração de nome de estrangeiro é regulamentada pelo Estatuto do Estrangeiro, Lei n.º 6.815 de 19.08.80.
	Com o adventos da Lei de Proteção à Testemunhas e Vítimas de Crimes, permitiu-se também a mudança de nome em determinadas situações.
 Ausência
Noções Iniciais:
A ausência é o instrumento jurídico pelo qual se protegem os interesses daquele que se afastou de seu domicílio, sem deixar procurador ou representante e do qual não há notícias do seu paradeiro. O juiz nomeará um curador para proteger os interesses do desaparecido.
Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não houver deixado representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador.
Nomeação de Curador (arts. 23 a 25):
A nomeação de curador dar-se-á, mesmo que ele tenha deixado procurador que se recuse a administrar seu patrimônio ou que não queira continuar o mandato.
Art. 23. Também se declarará a ausência, e se nomeará curador, quando o ausente deixar mandatário que não queira ou não possa exercer ou continuar o mandato, ou se os seus poderes forem insuficientes.
Art. 24. O juiz, que nomear o curador, fixar-lhe-á os poderes e obrigações, conforme as circunstâncias, observando, no que for aplicável, o disposto a respeito dos tutores e curadores.
Pessoas legitimadas a fazer o pedido de sucessão provisória:
Art. 25. O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado judicialmente, ou de fato por mais de dois anos antes da declaração da ausência, será o seu legítimo curador.
§ 1o Em falta do cônjuge, a curadoria dos bens do ausente incumbe aos pais ou aos descendentes, nesta ordem, não havendo impedimento que os iniba de exercer o cargo.
§ 2o Entre os descendentes, os mais próximos precedem os mais remotos.
§ 3o Na falta das pessoas mencionadas, compete ao juiz a escolha do curador.
 A Sucessão Provisória
Noções Iniciais:
A sucessão provisória pode ser requerida por qualquer interessado: cônjuge não separado judicialmente, herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários, pessoas que tiverem sobre os bens do ausente direito dependente de sua morte, credores de obrigações vencidas e não pagas. Se não houver interessados na sucessão provisória, findo o prazo legal, compete ao Ministério Público requerê-la.
Art. 26. Decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou representante ou procurador, em se passando três anos, poderão os interessados requerer que se declare a ausência e se abra provisoriamente a sucessão.
Art. 27. Para o efeito previsto no artigo anterior, somente se consideram interessados:
I - o cônjuge não separado judicialmente;
II - os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários;
III - os que tiverem sobre os bens do ausente direito dependente de sua morte;
IV - os credores de obrigações vencidas e não pagas.
Sentença:
Art. 28. A sentença que determinar a abertura da sucessão provisória só produzirá efeito cento e oitenta dias depois de publicada pela imprensa; mas, logo que passe em julgado, proceder-se-á à abertura do testamento, se houver, e ao inventário e partilha dos bens, como se o ausente fosse falecido.
§ 1o Findo o prazo a que se refere o art. 26, e não havendo interessados na sucessão provisória, cumpre ao Ministério Público requerê-la ao juízo competente.
§ 2o Não comparecendo herdeiro ou interessado para requerer o inventário até trinta dias depois de passar em julgado a sentença que mandar abrir a sucessão provisória, proceder-se-á à arrecadação dos bens do ausente pela forma estabelecida nos arts. 1.819 a 1.823.
Art. 29. Antes da partilha, o juiz, quando julgar conveniente, ordenará a conversão dos bens móveis, sujeitos a deterioração ou a extravio, em imóveis ou em títulos garantidos pela União.
Art. 30. Os herdeiros, para se imitirem na posse dos bens do ausente, darão garantias da restituição deles, mediante penhores ou hipotecas equivalentes aos quinhões respectivos.
§ 1o Aquele que tiver direito à posse provisória, mas não puder prestar a garantia exigida neste artigo, será excluído, mantendo-se os bens que lhe deviam caber sob a administração do curador, ou de outro herdeiro designado pelo juiz, e que preste essa garantia.
§ 2o Os ascendentes, os descendentes e o cônjuge, uma vez provada a sua qualidade de herdeiros, poderão, independentemente de garantia, entrar na posse dos bens do ausente.
Art. 31. Os imóveis do ausente só se poderão alienar, não sendo por desapropriação, ou hipotecar, quando o ordene o juiz, para lhes evitar a ruína.
Art. 32. Empossados nos bens, os sucessores provisórios ficarão representando ativa e passivamente o ausente, de modo que contra eles correrão as ações pendentes e as que de futuro àquele forem movidas.
Art. 33. O descendente, ascendente ou cônjuge que for sucessor provisório do ausente, fará seus todos os frutos e rendimentos dos bens que a este couberem; os outros sucessores, porém, deverão capitalizar metade desses frutos e rendimentos, segundo o disposto no art. 29, de acordo com o representante do Ministério Público, e prestar anualmente contas ao juiz competente.
Parágrafo único. Se o ausente aparecer, e ficar provado que a ausência foi voluntária e injustificada, perderá ele, em favor do sucessor, sua parte nos frutos e rendimentos.
Art. 34. O excluído, segundo o art. 30, da posse provisória poderá, justificando falta de meios, requerer lhe seja entregue metade dos rendimentos do quinhão que lhe tocaria.
Art. 35. Se durante a posse provisória se provar a época exata do falecimento do ausente, considerar-se-á, nessa data, aberta a sucessão em favor dos herdeiros, que o eram àquele tempo.
Art. 36. Se o ausente aparecer, ou se lhe provar a existência, depois de estabelecidaa posse provisória, cessarão para logo as vantagens dos sucessores nela imitidos, ficando, todavia, obrigados a tomar as medidas assecuratórias precisas, até a entrega dos bens a seu dono.
 A Sucessão Definitiva
Transcorridos 10 anos da sucessão provisória, ou, se o ausente conta com 80 (oitenta) anos e de 5 (cinco) datam as suas últimas notícias: é possível transformar a sucessão provisória em definitiva, o que se dá pelo levantamento das cauções.
Art. 37. Dez anos depois de passada em julgado a sentença que concede a abertura da sucessão provisória, poderão os interessados requerer a sucessão definitiva e o levantamento das cauções prestadas.
Art. 38. Pode-se requerer a sucessão definitiva, também, provando-se que o ausente conta oitenta anos de idade, e que de cinco datam as últimas notícias dele.
Art. 39. Regressando o ausente nos dez anos seguintes à abertura da sucessão definitiva, ou algum de seus descendentes ou ascendentes, aquele ou estes haverão só os bens existentes no estado em que se acharem, os sub-rogados em seu lugar, ou o preço que os herdeiros e demais interessados houverem recebido pelos bens alienados depois daquele tempo.
Parágrafo único. Se, nos dez anos a que se refere este artigo, o ausente não regressar, e nenhum interessado promover a sucessão definitiva, os bens arrecadados passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da União, quando situados em território federal.
PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO E PRIVADO.
1) Pessoas Jurídicas de Direito Público:
interno: a União, os Estados, os Municípios, as autarquias e as fundações públicas.
Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:
I - a União;
II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;
III - os Municípios;
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas;
V - as demais entidades de caráter público criadas por lei.
Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito público, a que se tenha dado estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas deste Código.
externo: os países estrangeiros e organismos internacionais (ex.: ONU);
Art. 42. São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público.
Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo.
2) Pessoas Jurídicas de Direito Privado:
Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:
I - as associações;
II - as sociedades;
III - as fundações;
IV – as associações religiosas;
V – os partidos políticos.
§ 1º - São livres a criação, organização, a estruturação interna e o funcionamento das organizações religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento.
§ 2º - As disposições concernentes às associações aplicam-se subsidiariamente às sociedades que são objeto do Livro II da Parte Especial deste Código. 
§ 3º - Os partidos políticos serão organizados e funcionarão conforme o disposto em lei específica.
Início da Existência Legal da Pessoa Jurídica:
As pessoas jurídicas de direito público têm início com fatos históricos, criação constitucional, lei especial e tratados internacionais. A pessoa jurídica de direito privado têm início com o seu ato constitutivo e o seu devido registro.
Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro.
Art. 46. O registro declarará:
I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social, quando houver;
II - o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, e dos diretores;
III - o modo por que se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente;
IV - se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração, e de que modo;
V - se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais;
VI - as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio, nesse caso.
A Administração da Pessoa Jurídica (arts. 47 a 49):
Art. 47. Obrigam a pessoa jurídica os atos dos administradores, exercidos nos limites de seus poderes definidos no ato constitutivo.
Art. 48. Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões se tomarão pela maioria de votos dos presentes, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso.
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular as decisões a que se refere este artigo, quando violarem a lei ou estatuto, ou forem eivadas de erro, dolo, simulação ou fraude.
Art. 49. Se a administração da pessoa jurídica vier a faltar, o juiz, a requerimento de qualquer interessado, nomear-lhe-á administrador provisório.
Despersonalização da Pessoa Jurídica:
Devido aos abusos cometidos, surgiu na Inglaterra a teoria da desconsideração da pessoa jurídica (“disregard of the legal entity”), podendo os sócios serem responsabilizados pessoalmente nos casos de abuso.
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.
Dissolução e Liquidação:
Art. 51. Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a autorização para seu funcionamento, ela subsistirá para os fins de liquidação, até que esta se conclua.
§ 1o Far-se-á, no registro onde a pessoa jurídica estiver inscrita, a averbação de sua dissolução.
§ 2o As disposições para a liquidação das sociedades aplicam-se, no que couber, às demais pessoas jurídicas de direito     privado.
§ 3o Encerrada a liquidação, promover-se-á o cancelamento da inscrição da pessoa jurídica.
Destinação dos bens:
Se for pessoa jurídica com fim lucrativo, os bens são repartidos entre os sócios. Para verificar para onde vai o patrimônio quando a pessoa jurídica se dissolve, primeiro observa-se o estatuto, depois as deliberações, ou se a deliberação for ineficaz, aplica-se o CC, art. 61 (os bens irão para estabelecimento público congênere ou de fins semelhantes). Se inexistir estabelecimentos nas condições, passará à Fazenda Pública (CC, art. 61, § 2º). 
Direitos da Personalidade e Pessoa Jurídica:
Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade.
DOMICÍLIO 
Conceito:
Domicílio é a sede jurídica da pessoa. É um lugar certo, no espaço, de onde os sujeitos de direito irradiam sua atividade jurídica, pois vivendo o homem em sociedade, mantendo relações jurídicas com outros homens, é necessário que haja um lugar onde possa ele oficialmente ser encontrado, para responder pelas obrigações que assumiu.
Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo.
Domicílio e Residência:
O conceito de domicílio se distingue do de residência. Este representa uma relação de fato entre uma pessoa e um lugar, envolvendo a idéia de habitação, enquanto o de domicílio compreende o de residência, acrescido do ânimo de aí fazer o centro de sua atividade jurídica.
Pluralidade de Domicílios:
No Brasil admite-se a idéia de pluralidadede domicílios, adotando assim o critério da legislação alemã e fugindo à orientação do direito francês, onde o domicílio é um só.
Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas.
Domicílio Profissional:
Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida.
Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem.
Domicílio Ocasional:
Domicílio ocasional ou aparente é a atribuição de domicílio à pessoa natural que não tenha residência habitual, ou empregue a vida em viagem sem ponto central de negócios. A lei determina ser seu domicílio o lugar em que for encontrada.
Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o lugar onde for encontrada.
Mudança de Domicílio:
A mudança de domicílio ocorre quando a pessoa natural altera sua residência, com a intenção de transferir o seu centro habitual de atividades.
Art. 74. Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a intenção manifesta de o mudar.
Parágrafo único. A prova da intenção resultará do que declarar a pessoa às municipalidades dos lugares, que deixa, e para onde vai, ou, se tais declarações não fizer, da própria mudança, com as circunstâncias que a acompanharem.
Domicílio Necessário:
O domicílio é necessário quando a lei, tendo em vista a condição de determinadas pessoas, fixa-lhes, independentemente da vontade individual, um determinado lugar como domicílio.
Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso.
Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; o do servidor público, o lugar em que exercer permanentemente suas funções; o do militar, onde servir, e, sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado; o do marítimo, onde o navio estiver matriculado; e o do preso, o lugar em que cumprir a sentença.
 Domicílio da Pessoa Jurídica
A sede jurídica da pessoa jurídica, onde os credores podem demandar o cumprimento das obrigações. É o local de suas atividades habituais, de seu governo, administração, ou direção, ou, ainda, o determinado no ato constitutivo.
Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é:
I - da União, o Distrito Federal;
II - dos Estados e Territórios, as respectivas capitais;
III - do Município, o lugar onde funcione a administração municipal;
IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos.
§ 1o Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será considerado domicílio para os atos nele praticados.
§ 2o Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder.
 Domicílio do Agente Diplomático
Art. 77. O agente diplomático do Brasil, que, citado no estrangeiro, alegar extraterritorialidade sem designar onde tem, no país, o seu domicílio, poderá ser demandado no Distrito Federal ou no último ponto do território brasileiro onde o teve.
 Domicílio de Eleição
Domicílio de eleição é aquele que é escolhido pelos contratantes, nos contratos escritos, para fins de exercício dos direitos e cumprimento das obrigações que dos mesmos contratos decorrem.
Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes.
DAS DIFERENTES CLASSES DE BENS
Noções Iniciais:
Para a economia política, bens são aquelas coisas que, sendo úteis aos homens, provocam a sua cupidez e, por conseguinte, são objeto de apropriação privada. Entretanto, ainda dentro do conceito econômico, nem todas as coisas úteis são consideradas bens, pois se existirem em grande abundância na natureza, ninguém se dará ao trabalho de armazená-las. Da mesma maneira, o direito só vai disciplinar as relações entre os homens no que concerne às referidas coisas. 
Coisa e Bem:
Coisa é tudo que existe objetivamente, com exclusão do homem. Assim, o sol, a lua, os animais etc. Bens são coisas que, por serem úteis e raras, são suscetíveis de apropriação e contêm valor econômico.
	Os vocábulos bem e coisa são de extensão diferente. Segundo Silvio Rodrigues, coisa é o gênero do qual bem é espécie. Existem autores que entendem o contrário, coisa é espécie e bem é o gênero.
Patrimônio:
O patrimônio é o complexo das relações jurídicas de uma pessoa que têm valor econômico. O patrimônio e a herança constituem coisas universais, ou universalidades, e como tais subsistem, embora não constem de objetos materiais. Só serão incorporadas ao patrimônio da pessoa física ou jurídica as coisas úteis e raras que despertam disputas entre as pessoas. Entende-se que o patrimônio é composto por todo o ativo e por todo o passivo de um indivíduo. De modo que se pode encontrar pessoa que tenha um patrimônio negativo, como é o caso do insolvente. A noção de patrimônio é de considerável importância, porque nela se vai basear um princípio que informa todo o direito das obrigações. De acordo com tal princípio, o patrimônio do devedor responde por suas dívidas.
Bens Corpóreos e Incorpóreos 
Bens Corpóreos e Incorpóreos:
Os romanos já faziam a distinção entre os bens corpóreos e incorpóreos. A legislação brasileira não faz esta distinção, apenas a doutrina. Bens corpóreos são os bens físicos, com existência material, ou seja podem ser tangidos pelo homem (ex.: um veículo). Bens incorpóreos são os bens com existência abstrata, porém com valor econômico (ex.: um direito autoral, um crédito).
	Os bens corpóreos podem ser objeto de compra e venda e os incorpóreos somente de cessão.
 Bens Móveis e Imóveis
Noções Iniciais:
Tem origem no direito romano a divisão entre bens imóveis e bens móveis (res mancipi e res nec mancipi).
Bens imóveis:
São aqueles que não podem ser transportados de um lugar sem deterioração ou perda (alteração de sua substância).
Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente.
Espécies de Bens Imóveis:
Os bens imóveis se subdividem ainda em:
imóveis por sua natureza: o solo e tudo quanto se lhe incorporar naturalmente, compreendendo as árvores e os frutos pendentes (art. 79, 1º parte);
imóveis por acessão: quando ocorre a aderência de uma coisa à outra, de modo que a primeira absorva a segunda (a acessão pode ser física ou artificial) (art. 79, 2º parte);
imóveis por acessão intelectual ou destinação do proprietário: são coisas móveis que o proprietário do imóvel mantém de forma intencional e duradoura empregada em sua atividade econômica (ex.: um trator em uma fazenda);
imóveis por disposição legal (art. 80, incisos I e II).
Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais:
I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram;
II - o direito à sucessão aberta.
Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis:
I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local;
II - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem.
	A propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e a do subsolo, contudo sofre limitações:
a propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e subsolo correspondentes, em altura e profundidade úteis ao seu exercício, não podendo o proprietário opor-se a atividades que sejam realizadas, por terceiros, a uma altura ou profundidade tais, que não tenha ele interesse legítimo em impedi-las (art. 1.229 do Código Civil);
as águas, quedas e outras fontes de energia hidráulica são bens imóveis considerados como coisas distintas do solo em que se encontram (Códigode Águas);
as jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais de energia hidráulica constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao concessionário a propriedade do produto da lavra e sendo assegurada a participação ao proprietário do solo nos resultados da lavra na forma e no valor que dispuser a lei (art. 176 da Constituição Federal)
Peculiaridades:
Há certas peculiaridades quanto aos bens imóveis:
a transferência do bem imóvel exige registro e escrituração pública;
o prazo para o usucapião de bens imóveis é mais longo;
a transmissão do bem imóvel pela pessoa casada exige a autorização do outro cônjuge.
	O navio e a aeronave: 
O navio e a aeronave são bens móveis sui generis, de natureza especial, sendo tratados, em vários aspectos, como se fossem imóveis, necessitando de registro e admitindo a hipoteca. O navio tem nome e o avião marca, obrigatoriamente. Ambos têm nacionalidade. São projeções do território nacional no mar e no ar. São quase pessoas jurídicas, no sentido de se constituírem num centro de relações e interesses, como se fossem sujeitos de direito, embora não possuam personalidade jurídica.
Bens móveis:
São aqueles que podem ser transportados de um lugar para outro. Pertencem à categoria de bens móveis:
os móveis por sua natureza: as coisas corpóreas semoventes ou suscetíveis de remoção por força alheia sem alteração da substância ou da sua destinação econômico-social;
os móveis por antecipação: aqueles bens imóveis que pela vontade humana passam a ser móveis (ex.: a árvore convertida em lenha);
os móveis por determinação de lei (art. 83, I a III).
	Semoventes são aqueles que se movem por força própria (animais em geral).
Art. 82. São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social.
Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais:
I - as energias que tenham valor econômico;
II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes;
III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações.
Art. 84. Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio.
 Bens Fungíveis e Consumíveis
Bens Fungíveis e Infungíveis:
São fungíveis os bens que podem ser substituídos por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade (ex.: dinheiro, grãos). Infungíveis são os bens que não podem ser substituídos, valendo sua individualidade (ex.: quadro de Monet, violino Stradivarius).
Art. 85. São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade.
Bens Consumíveis e Inconsumíveis:
Bens consumíveis são aqueles que se destroem assim que vão sendo usados (ex.: alimentos em geral). Inconsumíveis são os bens de natureza durável (ex.: um quadro).
Art. 86. São consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria substância, sendo também considerados tais os destinados à alienação.
 Os Bens Divisíveis e Indivisíveis
Bens Divisíveis e Indivisíveis: 
Bens divisíveis são os que podem ser divididos sem perderem seu valor (ex.: um terreno), indivisíveis são os que não admitem divisão (ex.: um barco). Os bens podem ser indivisíveis:
por natureza: não podem se dividir sem alteração de sua substância;
por determinação legal;
por vontade das partes.
	A propriedade rural não pode ser mais fracionada que o módulo rural (espaço mínimo para a agricultura). A Lei de Parcelamento do Solo Urbano proíbe o desmembramento em lotes cuja área seja inferior a 125 metros quadrados.
Art. 87. Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam.
Art. 88. Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação da lei ou por vontade das partes.
 Os Bens Singulares e Coletivos
Bens Singulares ou Coletivos:
Singulares são os bens individualizados (ex.: um livro). Coletivos são os bens agregados num todo (ex.: uma biblioteca). As coisas coletivas ou universais são as constituídas por várias coisas singulares, consideradas em conjunto, formando um todo único, que passa a ter individualidade própria. Podem se apresentar como universalidade de fato ou universalidade de direito.
Art. 89. São singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de per si, independentemente dos demais.
Art. 90. Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária.
Parágrafo único. Os bens que formam essa universalidade podem ser objeto de relações jurídicas próprias.
Art. 91. Constitui universalidade de direito o complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor econômico. 
 Os Bens Reciprocamente Considerados
Bens Principais:
Bens principais são os que assim se consideram em relação a outros. Não dependem de mais nenhum outro bem para existirem (ex.: a árvore em relação ao fruto).
Bens Acessórios:
Os que se consideram decorrentes de outros (o fruto em relação à árvore). Entre os bens acessórios contam-se as benfeitorias e os frutos: benfeitorias são todo melhoramento ou acréscimo feito a um bem já existente, frutos são as utilidades da coisa que se renovam periodicamente.
1) Benfeitorias:
São espécies de benfeitorias:
necessárias: destinadas à conservação da coisa.Ex.: alicerce da casa.
úteis: aquelas que dão maior utilidade à coisa. Ex.: uma garagem,
voluptuárias: são as de mero deleite, recreio, servindo apenas para trazer maior conforto ou embelezamento. Ex.: uma piscina.
2. Frutos:
Quanto à origem, os frutos podem ser:
naturais (frutos da árvore);
industriais (resultantes de atividade ou cultura);
civis (rendimento, juros, dividendos).
	Fruto e Produto:
Os frutos não se confundem com produtos, pois estes últimos não se renovam, ou seja, se exaurem com a sua utilização (ex.: petróleo extraído do solo).
	Os frutos quanto ao estado podem ser:
pendentes: estão pendurados, ainda não sendo colhidos;
colhidos ou percebidos: quando separados do principal;
estantes: são aqueles que estão armazenados pronto para a venda;
percipiendos: deveriam ser mas não foram colhidos;
consumidos: foram colhidos e utilizados.
Art. 92. Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente; acessório, aquele cuja existência supõe a do      principal.
Art. 93. São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro.
Art. 94. Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso.
Art. 95. Apesar de ainda não separados do bem principal, os frutos e produtos podem ser objeto de negócio jurídico.
Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias.
§ 1o São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor.
§ 2o São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem.
§ 3o São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore.
Art. 97. Não se consideram benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos sobrevindos ao bem sem a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor.
 Os Bens Quanto ao Sujeito
Noções Iniciais:
Os bens quanto ao sujeito podem ser públicos ou particulares.
	Para Washington de Barros Monteiro, existem coisas que não são públicas, nem particulares, por não pertencerem a ninguém (ex.: um animal selvagem em liberdade, a res nullius, a res derelicta, etc.)
	Res nullius coisas que não pertencem a ninguém.
Res derelicta coisas abandonadas.
1) Bens Públicos:
São os bens do domínio nacional, pertencentes à União, aos Estados ou Municípios. Se dividemem:
bens de uso comum (inalienáveis): aqueles pertencentes ao Poder Público que podem ser utilizados por todos do povo (ex.: ruas, praias, parques);
uso especial (inalienáveis): constituem os imóveis utilizados pelo Poder Público para a administração e prestação de serviços (ex.: os prédios de prefeituras, escolas, fóruns, etc.);
dominicais ou dominiais (alienáveis): são os que compõem o patrimônio da União, Estados e Municípios como objeto de direito pessoal ou real dessas pessoas de direito público interno (abrangem bens móveis e imóveis).
Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem.
Art. 99. São bens públicos:
I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias;
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.
Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado.
Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar.
	Inalienabilidade:
Os bens públicos apresentam como característica a inalienabilidade, desde que, ensina Hely Lopes Meirelles, destinados ao uso comum do povo ou a fins administrativos, ou seja, enquanto guardarem a afetação pública.
	Afetação e Desafetação Afetação é o fenômeno de tornar um bem público dominical em alienável. A desafetação consiste em retirar o atributo de inalienabilidade dos bens, ou sejam tornar um bem público em alienável.
Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei.
Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião.
	Imprescritibilidade:
Outra característica dos bens públicos é a sua imprescritibilidade, não podendo ser adquiridos por usucapião.
Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem.
2) Bens Particulares:
São todos aqueles bens que não são públicos, os que pertencem a pessoas naturais ou jurídicas de direito privado.
 Bens Fora do Comércio
Noções Iniciais:
Bens disponíveis ou no comércio (alienáveis) são aqueles que se encontram livres de quaisquer restrições que impossibilitem sua transferência ou apropriação, podendo serem comprados e vendidos livremente. Os bens fora do comércio são aqueles que não podem ser livremente transferidos ou suscetíveis de apropriação.
Espécies de Bens Fora do Comércio (constituem espécies de bens inalienáveis): 
1) Os inapropriáveis por sua natureza (ex.: o ar atmosférico, a luz solar, os direitos da personalidade);
2) Os legalmente inalienáveis: apesar de suscetíveis de apropriação, a lei proíbe a sua comercialização por motivos econômicos-sociais e de proteção de determinadas pessoas:
bens públicos inalienáveis;
bens das fundações;
bens dos menores;
lotes rurais menores do que a área do módulo rural;
o capital destinado a garantir o pagamento de alimento;
o terreno onde está edificado um edifício de condomínio por andares;
o bem de família.
3) Os bens inalienáveis pela vontade humana: são os bens que possuem cláusula de inalienabilidade, temporária ou vitalícia, nos casos e formas previstas em lei, por atos intervivos ou causa mortis.).
FATOS E NEGÓCIOS JURÍDICOS
Fato Jurídico:
 É todo acontecimento derivado do homem ou da natureza que produz conseqüências jurídicas. Fatos jurídicos em sentido estrito são os eventos da natureza capazes de gerar relações jurídicas e fatos jurídicos em sentido amplo, são os eventos do homem ou da natureza, capazes de ter influência na órbita do direito.
Negócio Jurídico:
O novo código civil substituiu o termo ato jurídico por negócio jurídico, que seria, portanto, todo ato lícito, que tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar ou extinguir direitos.
Requisitos de validade do negócio:
Agente capaz, objeto lícito, livre vontade e forma prescrita (quando exigida) ou não proibida (defesa) em lei.
Requisitos de Existência do Negócio Jurídico:
São requisitos de existência do negócio jurídico:
Manifestação da vontade: a manifestação da vontade é pressuposto básico do negócio jurídico; tem como fundamento o princípio da autonomia da vontade e pode ser expressa ou tácita (silêncio);
Finalidade do objeto: intenção de criar, modificar ou extinguir direitos;
Idoneidade do objeto: 
Classificação dos negócios jurídicos
Quanto ao tempo de produção dos efeitos: “intervivos” e “causa mortis”: praticado entre pessoas vivas ou não;
Quanto às vantagens: onerosos e gratuitos;
Quanto à formalidade: solenes e não solenes;
Quanto ao conteúdo: patrimoniais e pessoais;
Quanto aos efeitos: constitutivos e declaratórios;
Quanto à manifestação de vontade: unilaterais e bilaterais;
Quanto à existência: principais e acessórios.
Quanto ao exercício de direitos: de disposição e de simples administração.
Interpretação dos negócios jurídicos
Os negócios jurídicos gratuitos interpretam-se restritamente.
Nas declarações da vontade se atenderá mais à sua intenção do que ao sentido literal (CC, art. 112).
CONDIÇÃO, TERMO E ENCARGO
Condição:
É o evento futuro e incerto ao qual fica subordinado o efeito do ato jurídico.
Tipos de condição 
Causal, simplesmente potestativa, puramente potestativa, mista, suspensiva e resolutiva.
Condição causal:
É a que depende da ocorrência de fatos derivados do acaso. Ex.: dar-te-ei certa quantia se chover amanhã.
Condição simplesmente potestativa:
É a que fica ao arbítrio relativo de somente uma das partes. Ex.: dar-te-ei minha casa se fores ao Japão. No exemplo, o arbítrio é relativo pois, ir ao Japão não depende apenas da vontade da parte, como também de tempo e dinheiro.
Condição puramente potestativa:
 É a que fica ao completo arbítrio de uma das partes. O ato jurídico poderá ser invalidado se celebrado com esta condição, porque apenas uma das partes manifesta sua vontade, inexistindo acordo de vontades. As condições puramente potestativas são ilícitas (CC, art. 122). Derivam de mero arbítrio de um dos sujeitos. É a cláusula si voluero (se me aprouver), por exemplo: se eu levantar o braço; se eu quiser, etc.
Condição mista:
É a que depende da vontade de uma das partes e também da vontade de terceiro. Por exemplo: dar-te-ei certa importância se constituíres sociedade com dada pessoa. A terceira pessoa pode não querer ultimar a sociedade.
Condição suspensiva:
É aquela que subordina a aquisição de um direito a evento futuro e incerto. Ex.: dar-te-ei tal bem, se lograres tal feito.
Condição resolutiva:
É aquela que subordina a extinção de um direito adquirido à ocorrência de determinado evento. Ex.: dar-te-ei uma renda até conseguires um emprego.
Termo:
É o momento em que começam a valer ou perdem a validade os efeitos do ato jurídico. É evento futuro e certo. O termo inicial se denomina dies a quo e o termo final se denomina dies ad quem.
Encargo:
O modo ou encargo impõe um ônus ou uma obrigação ao beneficiário de determinado ato (geralmente uma liberalidade) para que possa produzir efeitos jurídicos. O encargo é comum nos direitos sobre parte de heranças atribuído a alguém por disposição testamentária (denominados legados ) e nas doações (CC, art. 553). 
DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO
Defeitos dos negócios jurídicos
Erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão, simulação e fraude contra credores. O novo código civil inseriu a simulação entre os atos nulos (CC, art. 167) e acrescentou o estado de perigo e lesão entre os anuláveis.
Erro
É a falsa noçãosobre alguma coisa. "Errar é saber mal; ignorar é não saber".
Ex.: comprar uma escultura de um artista, pensando que é de outro.
Qual a conseqüência do erro sobre a validade do negócio jurídico?
Se o erro for substancial ou essencial, o negócio jurídico é anulável. Se o erro for acidental ou secundário (comprar uma casa que tenha 26 portas pensando que tinha 27), não ensejará nulidade. O erro para anular o negócio jurídico tem que ser escusável (perdoável). 
Erro substancial
No erro substancial, se fosse conhecida a verdade, o consentimento não se externaria. O erro é substancial quando: interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais; concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante; sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico.
Exemplo de erro substancial quanto à natureza do negócio.
O alienante transfere a coisa a título de venda e o adquirente a recebe como doação. Erro sobre a natureza do contrato impedindo ganhar eficácia ou mesmo se formar, não se pode se admitir a existência de uma venda nem doação.
Exemplo quanto ao erro sobre o objeto principal da declaração. 
Comprar um terreno em determinada rua pensando valer R$ 200,00 o m2 mas, feito o negócio, verifica que o terreno se situa em rua daquele nome mas com valor de R$ 20,00 o m2, no interior; comprar um quadro pensando ser um Portinari.
Exemplo quando o erro recai sobre qualidades essenciais do objeto principal da declaração. 
Alguém adquire candelabros prateados pensando ser de prata ou adquire um quadro pensando ser o original, mas era uma cópia.
 
Exemplo quando o erro recai sobre as qualidades essenciais da pessoa a quem a declaração se refere.
Doação a terceiro pensando ser quem lhe salvou a vida; testamento para filho natural que posteriormente se descobriu não ser filho do testador (CC, art. 1.903); casamento entre uma moça e um rapaz e vir a saber depois que o homem é homossexual (CC, arts.1.556 e 1.557).
Dolo
É o artifício empregado conscientemente para enganar alguém. Enquanto no erro o engano é espontâneo, no dolo é induzido.
 Qual a conseqüência do dolo sobre a validade do ato jurídico?
O dolo com gravidade (dolus malus) enseja anulação do ato jurídico. Mero elogio ou exagero de vendedor, enaltecendo a coisa (dolus bonus), não é considerado dolo e,pois, não enseja a anulação do ato jurídico.
Dolo por omissão
O dolo por omissão é o dolo negativo. A obrigação de falar a verdade independe de imposição da lei. Nas obrigações decorre do princípio da boa-fé que rege os contratos. Assim, poderia pedir a anulação de compromisso de compra e venda em virtude do vendedor ter ocultado a existência de trincas no imóvel.
Coação
É a violência física e moral que impede a livre manifestação da vontade de pelo menos uma das partes. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família (não sendo da família o juiz apreciará as circunstâncias) ou aos seus bens. A palavra iminente não significa que a ameaça deva realizar-se imediatamente. Basta provocar, desde logo, no espírito da vítima, um temor de intensidade suficiente para conduzi-la a contratar. O ato não precisa ser atual, mas o temor por ele suscitado deve se fazer presente no ânimo do paciente.
Qual a conseqüência da coação sobre a validade do ato jurídico?
A coação grave enseja anulação do ato jurídico. A ameaça do exercício normal de um direito ou o simples temor reverencial não são consideradas formas de coação e, pois, não ensejam a anulação do ato jurídico. Temor reverencial é o receio de desgostar o pai, a mãe ou outras pessoas a quem se deve obediência e respeito. Não se considera coação o simples temor reverencial. Não defere a ação declaratória de ineficácia. Falta gravidade à ameaça que é irrisória. Se o temor se acrescentar alguma violência, o contrato é anulável ainda que a vis não ofereça a gravidade requerida em outros casos. Ex.: matéria de casamento: jovem de 17 anos ameaçada de internação em estabelecimento de ensinos se não contrair casamento.
Simulação
É a declaração enganosa da vontade, geralmente acordada entre as partes, que visam a obter algo diverso do explicitamente indicado, criando-se mera aparência de direito, para iludir ou prejudicar terceiros ou burlar a lei.
Depois de praticarem ato jurídico simulado, as partes passam a discutir entre si e a litigar judicialmente. Alguma delas poderá alegar que o ato jurídico foi simulado?
Quem criou o vício não poderá argüi-lo em juízo. É um tradicional princípio de Direito, o de que ninguém pode alegar, em seu benefício, a própria torpeza.
Dissimulação
Também chamada simulação relativa, na dissimulação emite-se uma declaração de vontade ou uma confissão falsa com o propósito de encobrir ato de natureza diversa, cujos efeitos, queridos pelo agente, são proibidos por lei (simulação relativa objetiva). Também ocorre quando a declaração da vontade é emitida aparentando conferir direitos a uma pessoa, mas transferindo-os, em verdade, para terceiro, não integrante da relação jurídica (simulação relativa subjetiva). Exemplos.: homem casado pretende doar bem a sua concubina (concubinato impuro) ante a proibição legal, simula uma compra e venda encobrindo o ato que quer praticar (que seria uma doação) e usa um terceiro sem restrição legal; pré-datar ou pós-datar um documento situando cronologicamente em período de tempo não-verossímel.
Fraude contra credores
É o ato praticado pelo devedor insolvente ou na iminência de sê-lo, que desfalca seu patrimônio, onerando, alienando ou doando bens, de forma a subtraí-los à garantia comum dos credores.
Condições necessárias para que se reconheça a fraude contra credores
Deve haver acordo entre as partes contratantes (consilium fraudis), e deve ser possível demonstrar que a celebração do ato jurídico se destinava a prejudicar terceiros (eventum damni). Se a alienação ocorreu a título gratuito, presume-se a fraude.
Fraude à execução
É a alienação ou a oneração de bens do devedor (por exemplo, hipotecar, penhorar), quando contra ele já pendia ação fundada em direito real ou corria contra ele demanda capaz de levá-lo à insolvência (quando as dívidas superam o patrimônio do devedor). Ocorre também nos casos expressos em lei.
Diferença entre fraude à execução e fraude contra credores
Fraude à execução é matéria de direito processual. Pouco importa, para sua existência, que o autor tenha expectativa de sentença favorável em processo de cognição, ou se é portador de título executivo extrajudicial que enseja processo de execução. Os atos praticados em fraude à execução são ineficazes, podendo os bens ser alcançados por atos de apreensão judicial, independentemente de qualquer ação de natureza declaratória ou constitutiva. Fraude contra credores é matéria de direito material. Consta de atos praticados pelo devedor, proprietário de bens ou direitos, a título gratuito ou oneroso, visando a prejudicar o credor em tempo futuro. O credor ainda não ingressou em juízo, pois a obrigação pode ainda não ser exigível. A exteriorização da intenção de prejudicar somente se manifestará quando o devedor já se achar na situação de insolvência. O credor deve provar a intenção do devedor de prejudicar (eventum damni) e o acordo entre o devedor alienante e o adquirente (consilium fraudis). Os atos praticados em fraude contra credores são passíveis de anulação por meio de ação apropriada, denominada ação pauliana. Os bens somente retornam ao patrimônio do devedor (e ficarão sujeitos à penhora) depois de julgada procedente a ação pauliana.
Estado de perigo
Provocado pela necessidade de salvar-se e/ou a sua família, de grave dano conhecido pela outra parte (CC, art. 156).
Exemplos: aquele que assaltado por bandidos, em lugar ermo, se dispõe a pagaralta cifra a quem venha livrá-lo da violência; ou o náufrago que oferece ao salvador recompensa excessiva; ou o comandante de embarcação, às portas do naufrágio, que propõe pagar qualquer preço a quem venha socorrê-lo; ou o doente que, no agudo da moléstia, concorda com os altos honorários exigidos pelo cirurgião; a mãe que promete toda sua fortuna para quem salve o filho num incêndio; venda de casa por valor abaixo do mercado para pagamento de cirurgia por paciente que está em perigo de vida.
Lesão
Ocorre uma obrigação manifestamente desproporcional ao valor da contraprestação. É o prejuízo que um contratante experimenta quando, em contrato comutativo, não recebe, da outra parte, valor igual ao da prestação que forneceu. Nos contratos comutativos cada uma das partes recebe, ou entende que recebe, uma contraprestação mais ou menos equivalente, como na compra e venda (ver art. 4º da Lei da Economia Popular - Lei n. 1.521/51 e CDC, art, 51 § 4º.). Nos contratos aleatórios não cabe a lesão pois as partes se arriscam numa prestação inexistente ou desproporcional, como no contrato de seguro de automóvel.
	LESÃO ENORME > Basta a desproporção entre as prestações. Ver CDC, art. 39,V.
LESÃO ESPECIAL > Exige além do lucro excessivo, a situação de necessidade ou inexperiência. CC, art. 157.
LESÃO USURÁRIA > Exige além do lucro excessivo, a situação de necessidade ou inexperiência o dolo de aproveitamento consistente na má fé da parte beneficiada, que celebra o negócio ciente da necessidade ou inexperiência do outro contratante. Lei 1.521/51, art. 4º Tipificada como CRIME CONTRA A ECONOMIA POPULAR, caso o lucro patrimonial exceda a 1/5 do valor da prestação. Nesse caso a nulidade é absoluta pela ilicitude de seu objeto. 
INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO
Negócio jurídico nulo
Quando celebrado por pessoa absolutamente incapaz; for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto; o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito; não revestir a forma prescrita em lei; for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade; tiver por objetivo fraudar lei imperativa; a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção (CC, art. 166, I a VII).
O negócio jurídico simulado é considerado nulo, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma (CC, art. 167).
Negócio jurídico anulável
Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico: por incapacidade relativa do agente e por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores (CC, art. 171, I e II).
Negócio jurídico inexistente
Para a doutrina, existe paralelo aos atos nulos e anuláveis o chamado ato inexistente, o qual seria o negócio que não reúne os elementos de fato que sua natureza o seu objeto supõem, e sem os quais é impossível conceber sua própria existência. Ex.: as nulidades de casamento decorrem do texto legal, mas há casos que embora não constem expressos na lei, é inconcebível o casamento, como no caso de matrimônio entre pessoas do mesmo sexo. O ato inexistente independe de ação judicial para perder efeitos; o ato inexistente não convalesce.
QUADRO COMPARATIVO ENTRE ATOS NULOS E ANULÁVEIS
A) QUANTO AOS EFEITOS
	NULIDADE ABSOLUTA - ATO NULO
	NULIDADE RELATIVA - ATO ANULÁVEL
	Não produz efeitos.
	Produz efeitos até ser julgado nulo por sentença.
	A destruição do ato nulo interessa a sociedade.
	A destruição do ato anulável interessa ao particular.
	A nulidade emana da lei.
	A anulabilidade depende de sentença e emana da vontade do juiz a pedido do interessado.
	A nulidade absoluta não pode convalescer. CC, art. 168, parágrafo único.
	A nulidade relativa pode convalescer, se as partes assim o quiserem.
	Efeito erga omnes da sentença.
	A sentença aproveita a quem alega.
B) QUANTO À PESSOA QUE AS PODE ALEGAR.
	NULIDADE ABSOLUTA - ATO NULO
	NULIDADE RELATIVA - ATO ANULÁVEL
	Pode ser alegado pelos interessados ou pelo Ministério Público, devendo, ademais, ser decretada pelo juiz.
	Só pode ser alegado pelos interessados.
C) QUANTO À RATIFICAÇÃO
	NULIDADE ABSOLUTA - ATO NULO
	NULIDADE RELATIVA - ATO ANULÁVEL
	Não admite ratificação.
	Admite ratificação. 
Não se admite ratificação se daí decorrer prejuízo a terceiro. 
Ratificação tácita: ocorre se o interessado não promover a ação de anulação no prazo legal. CC, art. 175.
D) QUANTO À PRESCRITIBILIDADE
	NULIDADE ABSOLUTA - ATO NULO
	NULIDADE RELATIVA - ATO ANULÁVEL
	O ato nulo é imprescritível. Para outros, é prescritível no prazo do CC, art. 205.
	A ação anulatória está sujeita à prescrição.
ATOS JURÍDICOS LÍCITOS
O Ato Jurídico em Sentido Estrito
O ato jurídico é uma modalidade do fato jurídico. É a ação humana lícita, objetivando a aquisição, a modificação, ou a extinção de direitos.
Art. 185. Aos atos jurídicos lícitos, que não sejam negócios jurídicos, aplicam-se, no que couber, as disposições do Título anterior.
 Os Atos Ilícitos:
O ato ilícito é aquele praticado em desacordo com a ordem jurídica, ou seja, ele é contra o direito, e, portanto, antijurídico. 
São pressupostos do ato ilícito:
fato lesivo causado por uma ação ou omissão voluntária do agente;
dano causado a outrem, patrimonial ou moral;
o infrator deve ter conhecimento da ilicitude de seu ato (dolo) ou ter sido negligente ou imprudente (culpa);
relação de causalidade entre o ato e o dano.
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Conseqüências do Ato Ilícito:
A conseqüência jurídica do ato ilícito é a obrigação de indenizar, ou seja, cria o dever de reparar o prejuízo (arts. 186 e 927). 
Atos Lesivos Não Ilícitos:
Há certos atos que mesmo causando lesão à outrem, não são considerados ilícitos pelo Código Civil. 
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
Art. 188. Não constituem atos ilícitos:
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente.
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo.
PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA
O Novo Código Civil define a prescrição (art. 189): violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206.
Exemplo: Os médicos, advogados e engenheiros têm direito de cobrar seus honorários por ação judicial, se os clientes se recusarem a pagá-los; mas, se, dentro do prazo que a lei lhes comina, não formalizarem a demanda, perdem a prerrogativa de fazê-lo, porque há um interesse social em não permitir que as pendências fiquem sempre em aberto, e a incerteza reine em todos os campos. No exemplo o que pereceu foi à ação de que o titular do direito estava munido e com a qual o podia defender, e não o próprio direito. Mas, na realidade, desprovido de ação o direito perde sua eficácia, sem a força coativa do Estado.
Prazo Geral:
A prescrição ordinária ou comum é aquela geral e tem prazo decenal.
Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor.
Elementos da prescrição:
Inércia do credor ante a violação de um seu direito.
Por um período de tempo fixado em lei.
Conduz a perda da pretensão da ação de que todo o direito vem munido, de modo a privá-lo de qualquer capacidade defensiva.
Decadência:
A decadência é a extinção de um direito pelo não exercício do mesmo, no prazo assinalado por convenção ou por lei. O que se extingue é o próprio direito e não apenas a ação que o protege. Na decadência não há prazos gerais; só prazos especiais, desde que expressamentefixados.
	QUADRO DOS PRAZOS PRESCRICIONAIS – CC, ART. 206
	PRAZO 
	CREDOR
	OBSERVAÇÃO
	1 ANO
	Hospedeiros ou fornecedores
	Víveres destinados a consumo no próprio estabelecimento, para o pagamento da hospedagem ou dos alimentos.
	1 ANO
	Segurado contra o segurador ou a este contra aquele.
	Contagem do prazo:
a) para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da data em que é citado para responder à ação de indenização proposta pelo terceiro prejudicado, ou da data que a este indeniza, com a anuência do segurador;
b) quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador da pretensão.
	1 ANO
	Tabeliães, auxiliares da justiça, serventuários judiciais, árbitros e peritos.
	Percepção de emolumentos, custas e honorários.
	1 ANO
	Pretensão contra peritos.
	Pela avaliação dos bens que entraram para a formação do capital de sociedade anônima, contado da publicação da ata da assembléia que aprovar o laudo.
	1 ANO
	Pretensão dos credores não pagos.
	Contra os sócios ou acionistas e os liquidantes, contado o prazo da publicação da ata de encerramento da liquidação da sociedade.
	2 ANOS
	Pretensão para haver prestações alimentares.
	A partir da data em que se vencerem.
	3 ANOS
	Aluguéis.
	Prédios urbanos ou rústicos.
	3 ANOS
	Pretensão para receber prestações vencidas.
	Rendas temporárias ou vitalícias.
	3 ANOS
	Prestações acessórias 
	A pretensão para haver juros, dividendos ou quaisquer prestações acessórias, pagáveis, em períodos não maiores de um ano, com capitalização ou sem ela.
	3 ANOS
	Ressarcimento de enriquecimento sem causa.
	3 ANOS
	Pretensão de reparação civil.
	3 ANOS
	Pretensão de restituição dos lucros ou dividendos recebidos de má-fé.
	Correndo o prazo da data em que foi deliberada a distribuição.
	3 ANOS
	Pretensão contra as pessoas em seguida indicadas por violação da lei ou do estatuto, contado o prazo...
	a) para os fundadores, da publicação dos atos constitutivos da sociedade anônima;
b) para os administradores, ou fiscais, da apresentação, aos sócios, do balanço referente ao exercício em que a violação tenha sido praticada, ou da reunião ou assembléia geral que dela deva tomar conhecimento;
c) para os liquidantes, da primeira assembléia semestral posterior à violação.
	3 ANOS
	A pretensão para haver o pagamento de título de crédito.
	A contar do vencimento, ressalvadas as disposições de lei especial.
	3 ANOS
	A pretensão do beneficiário contra o segurador e a do terceiro prejudicado.
	No caso de seguro de responsabilidade civil obrigatório.
	4 ANOS
	Pretensão relativa à tutela
	A contar da data da aprovação das contas.
	5 ANOS
	Pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular.
	5 ANOS
	Pretensão dos profissionais liberais em geral, procuradores judiciais, curadores e professores pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão dos serviços, da cessação dos respectivos contratos ou mandato.
	5 ANOS
	Pretensão do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juízo.

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