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Infortunística: Estudo de Acidentes e Doenças do Trabalho

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO 
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE 
DEPARTAMENTO DE MEDICINA SOCIAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INFORTUNÍSTICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Recife, PE 
2011.2 
 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO 
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE 
DEPARTAMENTO DE MEDICINA SOCIAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INFORTUNÍSTICA 
 
 
 
 
Trabalho elaborado pelos 
alunos do curso de Biomedicina 
Abigail Marcelino, Anna Lívia 
Linard, Artur Alencar, Laila 
Lacerda, Michelle Cardinalli, 
Natália Lubambo, Priscila 
Marcelino e Taciane Botelho, para a 
disciplina Ética Profissional 3, 
ministrada pela professora Paloma 
Genú. 
 
 
 
 
 
 
 
 Recife, PE 
2011.2 
 
 
 
 
 
Sumário 
 
 
 
1. Introdução....................................................................................................... 5 
2. Teoria do risco................................................................................................ 7 
 2.1 Tipos de riscos do profissional Biomédico........................................ 8 
3. Acidentes do trabalho..................................................................................... 12 
4. Doenças profissionais.................................................................................... 14 
5. Elementos do acidente de trabalho................................................................. 15 
6. Ações.............................................................................................................. 17 
6.1 Ação direta do trabalho....................................................................... 17 
6.2 Ação indireta do trabalho.................................................................... 17 
7. O dolo............................................................................................................. 18 
8. A culpa............................................................................................................ 18 
9. Responsabilidade de terceiros......................................................................... 18 
10. Submissão ao tratamento................................................................................ 18 
11. Concausas....................................................................................................... 19 
 
 
12. Indenização acidentária e responsabilidade civil comum............................... 19 
13. Benefícios....................................................................................................... 20 
14. Prevenção de Acidentes e Higiene do Trabalho............................................. 23 
15. Perícia............................................................................................................. 24 
16. Medicina Legal x Medicina do Trabalho........................................................ 25 
17. Simulação....................................................................................................... 26 
18. Previdência Social.......................................................................................... 27 
19. Conclusão....................................................................................................... 27 
Bibliografia................................................................................................................. 29 
Anexos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. Introdução 
 
Infortunística representa parte da Medicina Legal que estuda os acidentes do 
trabalho, as doenças profissionais e as doenças de trabalho. BORRI define-a como “o 
conjunto de conhecimentos que cuida do estudo teórico e prático, médico e jurídico, dos 
acidentes do trabalho e doenças profissionais, suas conseqüências e meios de preveni-
los e repará-los”. A infortunística está ligada às atividades produtivas dos povos, 
notadamente ao crescente desenvolvimento industrial. Esse é um dado inquestionável, 
aceito pela maioria dos historiadores. 
Na Antiguidade, o trabalho era considerado uma atividade vil, destinado às 
camadas mais baixas da sociedade, carentes, assim, de proteção. Os escravos poderiam 
ser mortos ou mutilados por seus amos, de sorte que, nessa época, quase não se pode 
falar de qualquer tipo de proteção devida em razão de infortúnio resultante do trabalho. 
Inúmeros escritos mostram quanto eram comuns as deformações físicas, as 
enfermidades e muitas outras seqüelas, oriundas dos abusos praticados pelos 
empregadores no tocante aos seus trabalhadores. Desde Hipócrates (460-375 a. C), 
maior médico da Antigüidade e iniciador da observação clínica, segundo lições de 
RENÉ MENDES (PATOLOGIA DO TRABALHO, ATHENEU, pg. 05), já se 
descrevia quadro clínico de "intoxicação saturnina" encontrada em trabalhador mineiro, 
omitindo, contudo, qualquer menção ao ambiente de trabalho e à atividade em si 
mesma. 
Remontando-se ao Direito Romano verifica-se que o trabalho era tido como 
atividade destinada às classes mais baixas e que, por isso mesmo, não dependia de 
proteção maior. O tratamento dispensado aos escravos, que podiam sofrer de seus donos 
toda a sorte de mutilação, sem contar, até, o direito de serem mortos, explica que, até 
então, era impossível imaginar um regramento protetivo contra qualquer tipo de lesão 
ou doença resultante do trabalho.Como recorda Alfredo J. Ruprecht (Direito da 
Seguridade Social pg.187), citando Jors-Kaskel, “ é com a Lex Acquilia ( 286.A.C ) que 
tem início a proteção contra os acidentes do trabalho. Menciona-se a morte injusta do 
escravo alheio e os danos causados por incêndio, fratura ou qualquer forma de 
deterioração. Posteriormente se amplia a proteção, pois se concede uma “actio utilis” às 
pessoas livres. 
 
 
Mais tarde, segundo o mesmo autor, obra já citada, escravos e homens livres 
constituem o ”collegia tecniciorum” sem fins econômicos, mas que assistia, em caso de 
doença ou acidentes, a seus integrantes, embora alguns autores neguem tal fato alegando 
que a ajuda se limitava às cerimônias fúnebres. 
A libertação do trabalhador principiou com a revolução industrial, quando surgiu 
o trabalho assalariado e a figura do patrão, o empregador capitalista. Foi o surgimento 
das máquinas e a necessidade cada vez maior de seu uso que estabeleceu sensíveis 
mudanças nas relações patrões-empregados. Principiou-se, então, a dar um sentido 
social, humano e jurídico no que concerne ao trabalho, criando-se regras de inter-
relacionamento, onde o sentido protetivo do trabalhador começou a tomar corpo. 
A dignidade do trabalhador, que antes não era questão importante para os 
industriais, com o início desse novo ciclo social em que caberia ao Estado procurar 
nivelar o interesse da sociedade, e não apenas o individual, passou a ter outro sentido de 
consideração. O Estado deveria, pois, satisfazer o bem-estar da coletividade, criando 
limitações aos interesses exclusivamente pessoais, intervindo, se necessário, para a 
proteção dos fracos e desamparados. 
A Revolução Francesa (1789-1799), preparada para o estabelecimento de 
liberdades políticas, teve um papel preponderante, porque suprimiu uma série de 
injustiças sociais e, no tocante aos trabalhadores, criando, inclusive, regras de 
indenização às vítimas de acidentes do trabalho e evitando a exploração industrial, entre 
inúmeras conquistas que vieram a acontecer. 
Hoje, que as relaçõescomerciais e industriais entre os povos é um fato 
inconteste, em razão da globalização da economia, provocando a flexibilização e nova 
regularização do mundo do trabalho, tornou obrigatória diferente visão dos povos. 
Surgiram conceitos modernos de inter-relacionamento, onde as soluções para a 
segurança do trabalho são importantes. 
Indubitável que a pressão dos fatos, da realidade econômica, gerando o 
aparecimento de novas relações jurídicas, com eliminação de conceitos ultrapassados, 
ou a modificação e extinção de determinadas regras de conduta social, obrigou as 
sociedades mundiais à construção de princípios que viessem reger o relacionamento 
patrão-empregado. A Revolução Industrial foi o momento em que se iniciou a 
preocupação com o acidente do trabalho. 
 
 
Ao longo de mais de um século a legislação pertinente à segurança no trabalho 
vem sofrendo processo evolutivo, constante aprimoramento que visa melhor atender aos 
anseios da classe trabalhadora, especialmente nas categorias mais sujeitas às lesões 
traumáticas ou às doenças resultantes das condições de trabalho. 
Também, a evolução relativa ao regime jurídico do ressarcimento infortunístico 
tem tido progressos ao longo dos anos em inúmeros países, sendo certo, todavia, que em 
razão de marchas e contramarchas no Brasil, tal processo está longe de ter se 
aperfeiçoado em termos de eficiente reparação de direitos dos lesionados no trabalho. 
 Profissionais da área de saúde, inclusive a laboratorial que envolve plenamente 
o biomédico há elevados riscos ocupacionais. Pouco se tem falado a respeito da 
infortunística relacionado aos biomédicos. Logo vale trazer o enfoque deste trabalho 
direcionando a área Biomédica. 
 
2. Teoria do risco 
 
Inicialmente a obrigação de indenizar por acidente do trabalho derivava 
exclusivamente da culpa do empregador ou do empregado, adotando os conceitos de 
culpa subjetiva (aquiliana e contratual) e de culpa objetiva pelo risco originado. 
Na doutrina da culpa aquiliana há a existência de uma culpa delituosa cujo 
responsável era o empregado ( por exemplo: tubo de ensaio com sangue possivelmente 
contaminado cai nos pés de um biomédico que não está utilizando calçado fechado; 
acidentes por alteração emocional ou exibicionismo), já a doutrina de culpa contratual 
responsabilizava o patrão ( exemplos: um tubo de ensaio quebra nas mãos de um 
biomédico que trabalha em um rede de laboratório que não oferece luvas e além disso 
tubos muito frágeis, de péssima qualidade; um técnico levar u choque elétrico em um 
voltímetro por falta de instrução do biomédico responsável), o qual deveria cuidar da 
proteção do operário, oferecendo ao mesmo toda a proteção indispensável ao infortúnio. 
A doutrina da culpa objetiva do risco criado fundamenta-se no critério de que 
o risco depende da coisa ( exemplo: queimar-se no Bico de Bunsen, vazamento rdiação 
de fonte radioativa por defeito ocasional de um equipamento), por isso, a 
responsabilidade era toda do patrão. Na prática, o trabalhador era na maioria das vezes o 
prejudicado, pois cabia a ele apresentar provas contra o patrão. 
 
 
Posteriormente surgiu a chamada "Teoria do Risco Profissional", mediante a 
qual "a causa dos acidentes é o risco inerente ao exercício de uma profissão". Por 
exemplo, o trabalho industrial, mecanizado, em ambientes insalubres traz consigo 
"riscos naturais" que não podem ser arcados pelo trabalhador ou pelo empregador. 
Dessa forma, a indenização por acidentes é ligada diretamente a esses riscos, sem 
necessidade de perquirição de eventual culpa do empregador ou do empregado. 
O risco profissional pode ser genérico, específico e genérico agravado: 
 O risco genérico: é aquele que incide sobre todas as pessoas quaisquer 
que sejam suas atividades ou ocupações. Por exemplo:Um 
desabamento do teto, picada de um inseto venenoso, queda ao 
tropeçar em um batente, choque elétrico. 
 O risco específico: é aquele a que está sujeito determinado operário em 
função da própria natureza do trabalho que lhe cabe fazer. Os tipos de 
riscos ligados a área laboratorial estão no tópico 2.1. O trabalho na 
instituição de saúde inclusive o setor laboratorial envolve riscos gerais 
e outros específicos em cada área da atividade 
 O risco genérico agravado: é aquele a que está sujeito empregado, em 
virtude de circunstâncias especiais do trabalho que lhe cabe fazer. 
Atualmente é aceita a "Teoria do Risco Social", de modo que "a indenização de 
acidente é paga porque o infortúnio é um risco que deve ser suportado pela sociedade e 
não apenas pelo empregador". Agora o acidente do trabalho é integrado no sistema de 
previdência social. 
 
2.1 Tipos de riscos do Profissional Biomédico 
 
 O trabalho nas instituições de saúde envolve riscos gerais e outros 
específicos a cada 
área de atividade, podendo ser classificados, segundo a Portaria do Ministério do 
Trabalho, MTb nº3.214, de 8/6/1978, em: 
 
 
 
 1) Riscos de Acidentes 
 
 
Considera-se risco de acidente qualquer fator que coloque o trabalhador em situação 
de perigo e possa afetar sua integridade, bem estar físico e moral. São exemplos de riscos de 
acidente: as máquinas e equipamentos sem proteção, probabilidade de incêndio e explosão, 
arranjo físico inadequado, armazenamento inadequado, iluminação inadequada,eletricidade, 
manipulação de animais, coleta de plantas ou outras situações que podem contribuir para o 
surgimento de riscos. 
 
 2) Riscos Ergonômicos 
Considera-se risco ergonômico qualquer fator que possa interferir nas características 
psicofisiológicas do trabalhador, causando desconforto ou afetando sua saúde. Exemplos: 
levantamento e transporte manual de peso, ritmo acelerado de trabalho, trabalho excessivo 
em computadores, monotonia, repetitividade, exigência de maior responsabilidade, postura 
inadequada de trabalho. 
 
 3) Risco Físico 
Consideram-se agentes de risco físico as diversas formas de energia a que possam 
estar expostos os trabalhadores, tais como: ruído, vibrações, pressões anormais, 
temperaturas extremas, radiações ionizantes e não ionizantes etc. 
 
 4) Riscos Biológicos 
Consideram-se agentes de risco biológico as bactérias, fungos, parasitas, vírus, entre 
outros. Os agentes biológicos apresentam um risco real ou potencial para o homem e para o 
meio ambiente. 
Segundo a resolução nº1 de 1988 do Conselho Nacional de Saúde, Cap. X art. 64,os 
microrganismos podem então ser classificados em grupos de risco de 1 a 4 por ordem 
crescente: 
 Grupo 1: Possui baixo risco individual e coletivo. Exemplo: Bacillus 
cereus; 
 Grupo 2: Mostra risco individual moderado e risco coletivo limitado. 
Exemplo:Schistosoma mansoni; 
 Grupo 3: Tem risco individual elevado e risco coletivo baixo, 
podendo causar enfermidades graves aos profissionais do 
laboratório. Exemplo: Mycobacterium tuberculosis e HIV; 
 
 
 Grupo 4: Agrupa os agentes que causam doenças graves para o 
homem e representam um sério risco para os profissionais do 
laboratório e para a coletividade. Exemplo: Vírus Ebola, Lassa, 
Machup, Marburg. 
 
5) Riscos Químicos 
Consideram-se agentes de risco químico as substâncias, compostos ou produtos que 
possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, 
neblinas, gases, ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter 
contato ou ser absorvido pelo organismo através da pele ou ingestão. A seguir são descritas 
as principais classes de riscos químicos: 
 
 Explosivos 
O explosivo é uma substância que é submetida a uma transformação química 
extremamente rápida, produzindosimultaneamente grandes quantidades de gases e calor. 
Devido ao calor, os gases liberados, por exemplo nitrogênio, oxigênio, monóxido de 
carbono, dióxido de carbono e vapor d'água, expandem-se a altíssimas velocidades 
provocando o deslocamento do ar circunvizinho, gerando um aumento de pressão acima da 
pressão atmosférica normal (sobrepressão). Muitas das substâncias pertencentes a esta 
classe são sensíveis ao calor, choque e fricção, como por exemplo azida de chumbo e o 
fulminato de mercúrio. Já outros produtos desta mesma classe, necessitam de um 
intensificador para explodirem. 
 
 Gases 
Gás é um dos estados da matéria. No estado gasoso a matéria tem forma e volume 
variáveis. A força de repulsão entre as moléculas é maior que a de coesão. Os gases são 
caracterizados por apresentarem baixa densidade e capacidade de se moverem livremente. 
Diferentemente dos líquidos e sólidos, os gases expandem-se e contraem-se 
facilmente quando alteradas a pressão e/ou temperatura. 
 
 Gases Criogênicos 
Esse tipo de gás para ser liquefeito deve ser refrigerado a temperatura inferior a -
150°C. 
 
 
Exemplos de gases criogênicos e suas respectivas temperaturas de ebulição: 
Hidrogênio (-253 °C), Oxigênio (-183°C), Metano (-161,5°C). Os gases criogênicos, devido 
a baixa temperatura, poderão provocar severas queimaduras ao tecido, conhecidas por 
enregelamento, quando do contato com líquido ou mesmo com o vapor. 
 
 Produtos Inflamáveis 
Esta classe abrange todas as substâncias que podem se inflamar na presença de uma 
fonte de ignição, em contato com o ar ou com a água, e que não estão classificadas como 
explosivos. 
 
 Oxidantes e Peróxidos Orgânicos 
Um oxidante é um material que libera oxigênio rapidamente para sustentar a 
combustão 
dos materiais orgânicos. Outra definição semelhante afirma que o oxidante é um 
material que gera oxigênio à temperatura ambiente, ou quando levemente aquecido. Assim, 
pode-se verificar que ambas as definições afirmam que o oxigênio é sempre liberado por 
um agente oxidante. Apesar da grande maioria das substâncias oxidantes não serem 
inflamáveis, o simples contato delas com produtos combustíveis pode gerar um incêndio, 
mesmo sem a presença de fontes de ignição. 
Já os peróxidos orgânicos são agentes de alto poder oxidante, sendo que destes, a 
maioria 
é irritante para os olhos, pele, mucosas e garganta. Os produtos dessa subclasse, 
apresentam a estrutura - O - O - e podem ser considerados derivados do peróxido de 
hidrogênio (H2O2), onde um ou ambos os átomos de hidrogênio foram substituídos por 
radicais orgânicos. Assim como os oxidantes, os peróxidos orgânicos são termicamente 
instáveis e podem sofrer decomposição exotérmica e auto-acelerável, criando o risco de 
explosão. Esses produtos são também sensíveis a choque e atrito. 
 
 
 
 Substâncias Tóxicas 
São substâncias capazes de provocar a morte ou danos à saúde humana se ingeridas, 
inaladas ou por contato com a pele, mesmo em pequenas quantidades. As vias pelas quais 
 
 
os produtos químicos podem entrar em contato com o nosso organismo são três: inalação; 
absorção cutânea; ingestão. Ex. xilol, formol, Brometo de etila (mutagênico). 
 
 Corrosivos 
São substâncias que apresentam uma severa taxa de corrosão ao aço. 
Evidentemente, tais materiais são capazes de provocar danos também aos tecidos humanos. 
Basicamente, existem dois principais grupos de materiais que apresentam essas 
propriedades, e são conhecidos por ácidos e bases. 
Ácidos são substâncias que em contato com a água liberam íons H+, provocando 
alterações de pH para a faixa de 0 (zero) a 7 (sete). As bases são substâncias que em contato 
com a água, liberam íons OH-, provocando alterações de pH para a faixa de 7 (sete) a 14 
(quatorze). Como exemplo de produtos desta classe pode-se citar o ácido sulfúrico, ácido 
clorídrico, ácido nítrico, hidróxido de sódio e hidróxido de potássio, entre outros. 
 
3. Acidentes de trabalho 
 
O acidente de trabalho é definido pela Lei 6.367/76, que diz: 
 Art. 2º. Acidente de trabalho é aquele que ocorrer pelo exercício do trabalho a 
serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que causa a 
morte, ou perda, ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho . 
§ 1º. Equiparam-se ao acidente de trabalho, para os fins desta Lei: 
I. a doença profissional ou do trabalho, assim entendida a inerente ou 
peculiar a determinado ramo de atividade e constante de relação organizada pelo 
Ministério de Previdência Social -MPAS: 
II. o acidente que, ligado ao trabalho, embora não tenha sido a causa única, 
haja contribuído diretamente para a morte, ou a perda, ou a redução da capacidade para 
o trabalho; 
III. o acidente sofrido pelo empregado no local e no horário de trabalho, em 
consequência de : a) ato de sabotagem ou de terrorismo praticado por terceiro, inclusive 
companheiro de trabalho; b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo 
de disputa relacionada com o trabalho; c) ato de imprudência, de negligência ou de 
imperícia de terceiro, inclusive companheiro de trabalho; d) ato de pessoa privada do 
 
 
uso da razão; e) desabamento, inundação ou incêndio; f) outros casos fortuitos ou 
decorrentes de força maior. 
IV. a doença proveniente de contaminação acidental de pessoal de área 
médica, no exercício de sua atividade; 
V. o acidente sofrido pelo empregado, ainda que fora do local e horário de 
trabalho; a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a responsabilidade da 
empresa; b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa à empresa para lhe 
evitar prejuízo ou proporcionar proveito; c) em viagem a serviço da empresa, seja qual 
for o meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do empregado; d) 
no percurso da residência para o trabalho ou deste para aquele. (...)" 
A legislação prevê benefícios de caráter previdenciário, independentemente de 
períodos de carência, como auxílio- doença, aposentadoria por invalidez ou pensão, em 
valores próprios, seja ao segurado acidentado, seja a seus dependentes quando o evento 
resultar em morte. 
Os benefícios, logicamente, restam inseridos dentre obrigações objetivas da 
autarquia previdenciária, no caso o atual Instituto Nacional do seguro Social (INSS), 
vinculado ao Ministério da Previdência Social. Ocorre que o evento ocasionador do 
acidente pode ter motivações que justifiquem, além da intervenção do INSS, na 
concessão do benefício previdenciário em caráter especial, a intervenção do 
empregador, de modo a indenizar o empregado em caso de dolo ou culpa grave de sua 
parte, conforme enunciado pela Súmula 229 do Colendo Supremo Tribunal Federal: 
"Súmula 229/STF; A indenização acidentária não exclui a do direito comum, em 
caso de dolo ou culpa grave do empregador." 
O acidente do trabalho será caracterizado tecnicamente pela perícia médica do 
INSS, mediante a identificação do nexo entre o trabalho e o agravo. 
Considera-se estabelecido o nexo entre o trabalho e o agravo quando se verificar nexo 
técnico epidemiológico entre a atividade da empresa e a entidade mórbida motivadora 
da incapacidade, elencada na Classificação Internacional de Doenças (CID). Considera-
se agravo para fins de caracterização técnica pela perícia médica do INSS a lesão, 
doença, transtorno de saúde, distúrbio, disfunção ou síndrome de evolução aguda, 
subaguda ou crônica, de natureza clínica ou subclínica, inclusive morte, 
independentemente do tempo de latência. 
 
 
Reconhecidos pela perícia médica do INSS a incapacidade para o trabalho e o 
nexo entre o trabalho e o agravo, serão devidasas prestações acidentárias a que o 
beneficiário tenha direito, caso contrário, não serão devidas as prestações. 
Os acidentes de trabalho têm sido objeto de políticas de saúde e, em 28/04/04, o 
acidente de trabalho com exposição a material biológico tornou-se de notificação 
compulsória em rede de serviços sentinela, conforme definido na Portaria 777, do 
Ministério da Saúde. 
Notificação de acidentes caso envolver material biológico: a notificação de 
acidente biológico em nosso país deve ser feita através do SINABIO (Sistema de 
Notificação de Acidentes Biológicos), que sobrepõem a sua notificação ao SIVAT ( 
Sistema de Vigilância de Acidentes de Trabalho) e obviamente aos Institutos de 
Previdência de acordo com o vínculo empregatício do trabalhador: INSS- Instituto 
Nacional do Seguro Social. 
 
4. Doenças profissionais 
 
A lei preocupa-se não só com os eventos repentinos, como os casos em que um 
biomédico se furar com uma agulha contaminada, algum pedreiro cai de uma obra, ou 
em que metalúrgicos são queimados mas também devido à exploração de uma relação 
trabalhista. A essas moléstias dá-se o nome de doenças profissionais, ou ergopatias , 
hoje em dia mais divulgadas e conhecidas, já que o preconceito que sobre elas recai 
diminuiu. 
A propósito, prescreve o artigo 167, II, do decreto nº 77.077 de 24/01/76 que 
"equipara-se ao acidentado o trabalhador acometido de doença do trabalho." 
As moléstias geradas pelo trabalho são divididas em dois grupos: doenças 
profissionais típicas ou tecnopatias, que são consequência natural de certas profissões 
desenvolvidas em condições insalubres, e que normalmente relacionadas pelo próprio 
legislador (ex.: a silicose dos obreiros que trabalham com sílica) e as doenças 
profissionais atípicas, ditas mesopatias, que não são peculiares determinados tipos de 
trabalho, mas que o operário vem a contrair por fato eventualmente ocorrido no 
desempenho da atividade labora. Mesopatias pode decorrer do excessivo esforço, de 
posturas viciosas, de temperaturas extremas, etc. 
 
 
A distinção é importante, porque nas doenças profissionais típicas o nexo 
etiológico com a atividade do trabalhador é presumido pela lei, enquanto nas doenças 
atípicas inexiste qualquer presunção, cabendo, por isso, à vítima, o ônus de provar que a 
enfermidade teve causa em evento provocado pelo desempenho do contrato de trabalho. 
As doenças degenerativas que não provocam incapacidade instantânea, mas 
podem com o tempo e gradativamente tornar o indivíduo portador de incapacidade 
laborativa, como reumatismo, artrites, as dores de coluna, etc., e que atinge um grupo 
etário, são consideradas mesopáticas, porque não constam do quadro de classificação do 
Ministério do Trabalho. O art. 132 do Decreto nº 2.172/97 foi revogado pelo Decreto nº 
3.048/99. 
 
5. Elementos do acidente de trabalho 
 
Podem ser apontados os seguintes elementos caracterizados dos "infortúnios do 
trabalho". 
1. Existência de uma lesão pessoal; 
2. Incapacidade para o trabalho; 
3. Nexo de causalidade. 
 
 Existência de uma lesão pessoal: 
A lesão pessoal de incapacidade temporária ou permanente ou a morte devem ter 
sua origem no trabalho e como causa produtora todas as modalidades de energias as 
quais, incidindo sobre o corpo, redundam em: acidente-tipo (de forma abrupta, externa, 
violenta e involuntária, no exercício do trabalho); doenças profissionais (próprias e 
determinantes de certas atividades); doenças das condições do trabalho (circunstâncias 
especiais ou excepcionais em que o trabalho é realizado). 
A lei refere-se a três elementos que comportam o termo lesão corporal: a lesão 
corporal; a perturbação funcional e por fim a doença. 
 
a) Lesão Corporal: é o dano anatômico, tal como exemplo uma ferida, uma 
fratura, o esmagamento, a perda de um pé, etc... 
b) Perturbação Funcional, é o dano, permanente ou transitório, da atividade 
fisiológica ou psíquica, tal como a dor, perda da visão, a diminuição da audição, 
 
 
convulsões, espasmos, tremores, paralisia, anquilose (perda dos movimentos 
articulares), perturbações da memória, da inteligência ou da linguagem, etc. Nesses 
casos, o trauma é concentrado, a eclosão é súbita , a sintomatologia é bem manifesta e a 
evolução é, até certo ponto, previsível. A separação da lesão corporal da perturbação 
funcional é, em geral, teórico; a perturbação funcional decorre, quase sempre, de uma 
alteração anatômica, mesmo que não seja percebível à vista desarmada. 
c) Doença é uma perturbação funcional de certa intensidade que evolui por 
dado tempo. 
 
 Incapacidade para o trabalho 
A incapacidade para o trabalho pode ser classificada em temporária e 
permanente. Esta pode ser total ou parcial. 
A incapacidade temporária é aquela que afasta o indivíduo do trabalho por um 
período inferior a um ano. 
A incapacidade parcial e permanente reduz atividades laborativa por toda a vida, 
mesmo com a consolidação das lesões; a incapacidade total e permanente para o 
trabalho é a invalidez, que, teoricamente, reduz a capacidade do indivíduo para qualquer 
atividade ou ocupação. 
A morte se constitui na incapacidade total e definitiva. 
A incapacidade temporária parcial não é amparada pela legislação vigente. 
Entretanto, a incapacidade se torna total em virtude do indivíduo não ter condições de 
rendimento no trabalho e de prolongar a cura pela permanência em suas atividades. 
 
 Nexo de causalidade 
É necessário que haja uma ligação direta entre o resultado (acidente com lesão) e 
o trabalho realizado pelo acidentado a serviço da empresa, chamado nexo causal. No 
acidente-tipo, esse nexo não é difícil de ser estabelecido. Nas doenças profissionais há 
certa dificuldade devido à relação de causa e efeito. 
 
6. Ações 
6.1 Ação direta do trabalho 
 
 
 
É o risco específico capaz de produzir no empregado uma lesão pessoal, pelo 
próprio trabalho ou através de seus instrumentos ou meio em que ele se pratica. É capaz 
de levar ao acidente-tipo, ás doenças profissionais e ás doenças produzidas em 
condições especiais em que o trabalho seja realizado. 
 
6.2 Ação indireta do trabalho 
 
São também considerados acidentes aqueles produzidos de forma indireta, no 
local e no horário de trabalho, tais como: 
 
1-Ato de agressão, sabotagem ou de terrorismo praticado por terceiro; 
2-Ato de imprudência ou de negligência de terceiro; 
3-Doença proveniente de contaminação acidental no exercício da atividade 
profissional; 
4-Desabamento, inundação ou incêndio; 
5-Acidentes sofridos fora do local e horário do trabalho quando em viagem a 
serviço da empresa, no percurso da residência para o trabalho ou vice-versa; no período 
destinado as refeições, ao descanso ou a realização de outras necessidades fisiológicas; 
6-Atos de terceiros por dolo ou culpa em local e horário de trabalho; 
7-Acidentes provocados por força maior (ex. chuva, ciclone) ou caso fortuito 
(ex. explosão de caldeira, colisão de veículos). 
 
Considera-se como dia do acidente, no caso de doença profissional ou do 
trabalho, a data do início da incapacidade laborativa para o exercício da atividade 
habitual, ou o dia da segregação compulsória, ou o dia em que for realizado o 
diagóstico, valendo para esse efeito o que ocorrer primeiro. 
 
 
7. O dolo 
 
Dolo é vontade, mas vontade livre e consciente. A culpabilidade e a 
imputabilidade constituíram objeto do dolo. A consciência há de abranger a ação ou a 
omissão do agente, devendo igualmente compreender o resultado, e o nexo causal entre 
 
 
este e a atividade desenvolvida pelo sujeito ativo. Age, pois, dolosamente quem pratica 
a ação (emsentido amplo) consciente e voluntariamente. 
O decreto-lei n°7.036, de 10 de novembro de 1944, no artigo 7°, letra a, estatuía: 
“Não é acidente de trabalho: o que resultar de dolo do próprio acidentado, 
compreendida neste a desobediência a ordens expressas do empregador.” 
 
8. A culpa 
 
Pode ser definida como a voluntária omissão de diligência em calcular as 
consequências possíveis e previsíveis do próprio fato. A essência da culpa está toda nela 
prevista. 
A culpa de acidentados ou de terceiros não descaracteriza o acidente de trabalho, 
seja por imperícia, imprudência ou negligência. Aceitar a culpa do empregado seria 
negar o conceito indiscutível do risco profissional. 
 
9. Responsabilidade de terceiros 
 
Configurada a culpa de terceiro, a ação contra o agente foge totalmente do 
campo da infortunística, para abrigar-se nas regras apenas do Direito comum, o 
empregado receberá o seguro infortunístico se estiver em meio à atividade laboral, 
todavia o causador, não sendo companheiro da própria vitima, prepostos ou patrão, 
poderá ser acionado para reparar integralmente os prejuízos causados. 
 
10. Submissão ao tratamento 
 
Além de o empregado merecer o amparo pecuniário, recebe ainda a assistência 
médica, cirúrgica, hospitalar, farmacêutica e odontológica que o caso venha a exigir, 
porém o acidentado pode recusar ou aceitar o tratamento, assumindo o risco pelo que 
venha a acontecer. 
 
11. Concausas 
 
 
 
É considerado como acidente de trabalho, aquele que mesmo que não tenha sido 
a causa única, haja contribuído diretamente para a morte, perda ou redução da 
capacidade para o trabalho. Mesmo existindo outras causas que agravem o quadro do 
acidentado, o resguardo da lei não é modificado. 
 
12. Indenização acidentária e responsabilidade civil comum 
 
A tendência do infortúnio do trabalho a excluir a responsabilidade civil comum 
foi instituída uma transação no que toca ao ressarcimento pelo acidente de trabalho, o 
empregador não paga tudo o que deveria se estivesse sob a égide da lei civil, paga bem 
menos, mas em contraposição estabeleceu-se segurança quanto ao recebimento da 
indenização transicional por parte do empregado, na medida em que é desnecessária a 
prova de culpa, é necessária apenas uma relação de causa e efeito entre o evento e o 
dano. 
Nossa atual lei de acidentes do trabalho omitiu-se nessa discussão, ao contrário 
da posição da lei anterior. Todavia temos a C. F/88 que em seu artigo 7º, que buscou 
conformidade com as normas da OIT e que propôs: 
“7º, inciso XXVIII, que é direito dos trabalhadores o seguro contra acidentes do 
trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, 
quando incorrer em dolo ou culpa”. 
E não é seguro para ninguém que o Direito do trabalho, no intuito de proteger o 
mais fraco, socorrer-se de outras leis, e põe numa posição elevada aquela que traga mais 
benefícios ao trabalhador. 
 
 
 
 
13. Benefícios 
 
 As indenizações, que a lei prefere denominar benefícios, variam 
conforme a espécie de incapacidade, e então reguladas pelo art. 5° e seus parágrafos da 
Lei 6,367, de 19 de outubro de 1976. Os empregadores são obrigados a segurar seus 
 
 
empregados contra acidentes do trabalho, a fim de que os protejam contra possíveis 
insolvências. 
 A vítima de acidente do trabalho ou seus dependentes gozam, 
independentemente de período de carência, dos seguintes benefícios: 
 
Auxílio- doença: Benefício concedido ao segurado impedido de trabalhar por 
doença ou acidente por mais de 15 dias consecutivos. No caso dos trabalhadores com 
carteira assinada, os primeiros 15 dias são pagos pelo empregador, e a Previdência 
Social paga a partir do 16º dia de afastamento do trabalho. Seu valor mensal é de 91% 
do salário de contribuição do segurado, em vigor no dia do acidente. No caso do 
contribuinte individual (empresário, profissionais liberais, trabalhadores por conta 
própria, entre outros), a Previdência paga todo o período da doença ou do acidente 
(desde que o trabalhador tenha requerido o benefício). 
 Para ter direito ao benefício, o trabalhador tem de contribuir para a Previdência 
Social por, no mínimo, 12 meses. Esse prazo não será exigido em caso de acidente de 
qualquer natureza (por acidente de trabalho ou fora do trabalho). Para concessão de 
auxílio-doença é necessária a comprovação da incapacidade em exame realizado pela 
perícia médica da Previdência Social. 
Terá direito ao benefício sem a necessidade de cumprir o prazo mínimo de 
contribuição, desde que tenha qualidade de segurado, o trabalhador acometido de 
tuberculose ativa, hanseníase, alienação mental, neoplasia maligna, cegueira, paralisia 
irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose 
anquilosante, nefropatia grave, doença de Paget (osteíte deformante) em estágio 
avançado, síndrome da deficiência imunológica adquirida (Aids) ou contaminado por 
radiação (comprovada em laudo médico). O trabalhador que recebe auxílio-doença é 
obrigado a realizar exame médico periódico e participar do programa de reabilitação 
profissional prescrito e custeado pela Previdência Social, sob pena de ter o benefício 
suspenso. 
Não tem direito ao auxílio-doença quem, ao se filiar à Previdência Social, já 
tiver doença ou lesão que geraria o benefício, a não ser quando a incapacidade resulta 
do agravamento da enfermidade. 
 
 
 
Aposentadoria por invalidez: Benefício concedido aos trabalhadores que, por 
doença ou acidente, forem considerados pela perícia médica da Previdência Social 
incapacitados para o trabalho e insuscetível de reabilitação para o exercício de atividade 
que lhe garanta o sustento. O pagamento inicia a partir do 16º dia de afastamento da 
atividade ou a partir da data de entrada do requerimento. A aposentadoria por invalidez 
corresponde a 100% do salário de benefício, caso o trabalhador não esteja em auxílio-
doença. 
Se o trabalhador necessitar de assistência permanente de outra pessoa, atestada 
pela perícia médica, o valor da aposentadoria será aumentado em 25% a partir da data 
do seu pedido. Não tem direito à aposentadoria por invalidez quem, ao se filiar à 
Previdência Social, já tiver doença ou lesão que geraria o benefício, a não ser quando a 
incapacidade resultar no agravamento da enfermidade. Quem recebe aposentadoria por 
invalidez tem que passar por perícia médica de dois em dois anos, se não, o benefício é 
suspenso. A aposentadoria deixa de ser paga quando o segurado recupera a capacidade e 
volta ao trabalho. 
Pensão por morte: Benefício pago à família do trabalhador quando ele morre. 
Para concessão de pensão por morte, não há tempo mínimo de contribuição, mas é 
necessário que o óbito tenha ocorrido enquanto o trabalhador tinha qualidade de 
segurado. A pensão poderá ser concedida por morte presumida nos casos de 
desaparecimento do segurado em catástrofe, acidente ou desastre. Será paga a partir do 
dia da morte se solicitada até 30 dias do falecimento. 
O benefício deixa de ser pago quando o pensionista morre, quando se emancipa 
ou completa 21 anos (no caso de filhos ou irmãos do segurado) ou quando acaba a 
invalidez (no caso de pensionista inválido). Corresponde a 100% do valor da 
aposentadoria que o segurado recebia no dia da morte ou que teria direito se estivesse 
aposentado por invalidez. Se o trabalhador tiver mais de um dependente, a pensão por 
morte será dividida igualmente entre todos. Quando um dos dependentes perder o 
direito ao benefício, a sua parte será dividida entre os demais. 
Auxílio-acidente: Benefício concedido ao trabalhador quando, após aconsolidação das lesões decorrentes do acidente do trabalho, resultar seqüela que 
implique a redução da capacidade laborativa que exija maior esforço, independente da 
reabilitação profissional. Têm direito ao auxílio-acidente o trabalhador empregado, o 
 
 
trabalhador avulso e o segurador especial. O empregado doméstico, o contribuinte 
individual e o facultativo não recebem o benefício. 
O auxílio-acidente, por ter caráter de indenização, pode ser acumulado com 
outros benefícios pagos pela Previdência Social exceto aposentadoria. O benefício deixa 
de ser pago quando o trabalhador se aposenta. Esse auxílio será mensal e vitalício, 
correspondendo a percentuais do salário-de-contribuição, de acordo com o nível de 
complexidade, em 30, 40 e 60 por cento. 
Pecúlio: Será devido ao segurado ou a seus dependentes em caso de invalidez ou 
morte decorrente de acidente do trabalho. Consistirá em um pagamento único de 75 por 
cento do limite máximo do salário de contribuição, no caso de invalidez, e de 150 por 
cento desse mesmo limite, no caso de morte. 
Abono Especial (13° salário): Todo acidentado que permanecer afastado do 
trabalho por período superior a seis meses receberá 1/12 do total recebido como 
benefício por acidente de trabalho. 
Assistência médica: A partir do momento do acidente de trabalho, o trabalhador 
terá assistência médica completa obrigatória através dos serviços de natureza cirúrgica, 
ambulatória, hospitalar, farmacêutica e odontológica, inclusive transporte para remoção. 
Reabilitação profissional: Serviço da Previdência Social que tem o objetivo de 
oferecer, aos segurados incapacitados para o trabalho (por motivo de doença ou 
acidente), os meios de reeducação ou readaptação profissional para o seu retorno ao 
mercado de trabalho. O atendimento é feito por equipe de médicos, assistentes sociais, 
psicólogos, sociólogos, fisioterapeutas e outros profissionais. Depois de concluído o 
processo de reabilitação profissional, a Previdência Social emitirá certificado indicando 
a atividade para a qual o trabalhador foi capacitado profissionalmente. 
A Previdência Social poderá fornecer aos segurados recursos materiais 
necessários à reabilitação profissional, incluindo próteses, órteses, taxas de inscrição em 
cursos profissionalizantes, instrumentos de trabalho, implementos profissionais e 
auxílios transportes e alimentação. 
 
14. Prevenção de Acidentes e Higiene do Trabalho 
 
Todo empregador é obrigado a proporcionar a seus empregados a máxima 
segurança e higiene no trabalho, zelando pelo cumprimento dos dispositivos legais a 
 
 
respeito, protegendo-os especialmente contra as imprudências que possam resultar do 
exercício habitual da profissão. Considera como parte integrante da Lei de Acidente do 
Trabalho as disposições referentes à Higiene e Segurança do Trabalho da Consolidação 
das Leis do Trabalho, sujeitos os empregadores às penalidades fixadas na Consolidação, 
independente da indenização legal. 
Os empregadores expedirão instruções especiais aos seus empregados, a título de 
“ordens de serviço”, que estes estarão obrigados a cumprir rigorosamente, para a fiel 
observância das disposições legais referentes à prevenção contra acidentes do trabalho. 
A recusa por parte do empregado em se submeter às instruções supra-referidas, constitui 
insubordinação para os efeitos da legislação em vigor. 
O empregador não poderá justificar a inobservância dos preceitos de prevenção 
de acidentes e higiene do trabalho, com a recusa do empregado em aos mesmos se 
sujeitar. A lei estabelece sanção para o caso de resultar algum acidente de transgressão, 
por parte do empregador, dos preceitos relativos à prevenção de acidentes e à higiene do 
trabalho. Considera também transgressão dos preceitos de prevenção de acidentes e 
higiene do trabalho, sujeitos igualmente a sanção: 
a) O emprego de máquinas ou instrumentos em mau estado de conservação; 
b) A execução de obras ou trabalhos com pessoal e material deficientes. 
As indenizações e diárias pagas atingem a somas avultadas. 
Acentue-se ainda, como faz MILTON PEREIRA (“O problema da prevenção 
dos acidentes do trabalho”), que “moral e socialmente, o problema é também digno de 
maior atenção, pois são muitos milhões de operários que ficam inutilizados ou que se 
mantêm enfermos. É, pois, lógico que o estudo de tudo quanto tente diminuir, já que 
eliminar os acidentes é impossível, por tanto prevenir, seja considerado de máximo 
interesse pelos médicos, psicólogos e engenheiros, com o fim de organizar a prevenção 
dos acidentes e ver se alcançam a possibilidade de poder determinar a predisposição ao 
acidente”. 
 
15. Perícia 
 
A perícia funciona como uma adoção de regras técnicas com o intuito de revelar 
a verdade do fato que estiver sendo questionado na causa e que dependa de 
conhecimento especial. O perito é o técnico designado pela justiça e este necessita de 
 
 
um conhecimento técnico científico especializado, afim de que, através de exames, 
vistorias e avaliações, emita um laudo pericial que contenha dados conclusivos quanto 
aos pontos questionados, a fim de solucionar problemas de Infortunística. 
Somente quando procedido com finalidade especial, determinada pela autoridade 
dependente, todo laudo de perícia deverá conter, com fundamento no acidente de 
trabalho: 
a) Esclarecimento da causa e natureza do acidente ou da doença profissional, 
concluindo pelo nexo de causa e efeito; 
b) Distanciamento das possibilidades de simulação, metassimulação e 
dissimulação; 
c) Avaliação do grau de incapacidade. Esta é definida como a impossibilidade 
temporária ou definitiva do desempenho das funções específicas de uma atividade ou 
ocupação, em conseqüência de alterações morfopsiquicofisiológicas provocadas por 
doença ou acidente, para o qual o examinado estava previamente habilitado e em 
exercício. A incapacidade considera-se temporária quando se pode esperar recuperação 
dentro do prazo previsível, e definitiva aquela insusceptível de alteração em prazo 
previsível com os recursos da terapêutica e reabilitação disponíveis. 
Para a concessão de direitos ao auxílio-acidente, é necessário que o perito 
estabeleça, após a consolidação das lesões, se as formas de incapacidade produziram: 
a) Redução na capacidade laborativa que exija maior esforço ou necessidade de 
adaptação para exercer a mesma atividade, independentemente de reabilitação 
profissional; 
b) Redução na capacidade laborativa que impeça, por si só, o desempenho da 
atividade exercida à época do acidente, porém não o de outra do mesmo nível de 
complexidade, após reabilitação profissional; 
c) redução da capacidade laborativa que impeça, por si só, o desempenho da 
atividade exercida à época do acidente, porém não o de outra do mesmo nível de 
complexidade, após reabilitação profissional; 
d) invalidez por incapacidade total e definitiva para o trabalho e insuscetível de 
reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência. 
O acidente de trabalho sempre é avaliado pela Perícia Médica do INSS, que 
estabelecerá o grau da incapacidade, o nexo de causa e efeito entre o acidente e a lesão, 
a doença e o trabalho, e a causa mortis e o acidente. 
 
 
O auxílio-acidente corresponderá a 50% do salário de benefício que deu origem 
ao auxílio-doença do segurado, conforme a relação das situações que dão direito ao 
auxílio acidente, de que trata o artigo 104 do Decreto n.º3.048, de 6 de maio de 1999, 
que regulamenta a Lei n.º 9.732, de 11 de dezembro de 1998. 
A remuneração dos peritos, nos casos de acidentes do trabalho, será feita de 
acordo com o disposto no regimento de custas. 
A provapericial, portanto, é meio do juiz suprir a carência de conhecimentos 
técnicos de que se ressente para apuração de determinados fatos litigiosos. Mesmo 
assim, cabe ao juiz apreciar livremente a prova, atendendo aos fatos e circunstâncias 
constantes dos autos, ainda que não alegados pelas partes (art. 131/CPC). Não está o 
julgador adstrito à conclusão do laudo pericial, embora possa adotá-lo quando coerente 
e bem fundamento, podendo formar sua convicção com base nos elementos e fatos 
comprovados no processo, indicando na sentença os motivos que formaram sua 
convicção. A perícia é, pois, mais um dos meios probatórios destinados a auxiliar o juiz 
na decisão da causa, não se prestando, contudo, para decisão isolada da questão judicial. 
 
16. Medicina Legal x Medicina do Trabalho 
 
A Medicina Legal é uma especialidade médica e Jurídica que utiliza 
conhecimentos técnico-científicos da medicina para o esclarecimento de fatos de 
interesse da Justiça. Seu praticante é chamado de médico legista ou 
simplesmente legista. 
Já a medicina do trabalho ou medicina ocupacional é uma 
especialidade médica que se ocupa da promoção e preservação da saúde do trabalhador. 
O médico do trabalho avalia a capacidade do candidato a determinado trabalho e realiza 
reavaliações periódicas de sua saúde dando ênfase aos riscos ocupacionais aos quais 
este trabalhador fica exposto. 
Sendo assim esse dois profissionais devem possuir um conhecimento não só 
médico como também jurídico, contudo com enfoques diferentes, é a medicina do 
trabalho que está mais ligada com a infortunística. 
A medicina do trabalho está construída sobre dois pilares: a Clínica e a Saúde 
Pública. Sua ação está orientada para a prevenção e a assistência do trabalhador vítima 
de acidente, doença ou de incapacidade relacionados ao trabalho e, também, para a 
 
 
promoção da saúde, do bem estar e da produtividade dos trabalhadores, suas famílias e a 
comunidade. 
 
17. Simulação 
 
Com o advento das leis de acidente do trabalho e a concessão de novos 
benefícios, surgem oportunidades para que indivíduos inescrupulosos: aleguem 
perturbações inexistentes, exagerem as que já existem ou tentam omitir aquelas que 
verdadeiramente são portadores, conhecendo-se como simulação, metassimulação e 
dissimulação, respectivamente. 
Na simulação, alega-se situação inexistentes, fenômenos subjetivos, como dores, 
paralisias, surdez e cegueira, e fenômenos objetivos sem nexo de causa e efeito, como 
tumores e ferimentos. 
Na dissimulação, omite certas pertubações para conseguir melhores vantagens 
com a volta ao trabalho. 
Na metassimulação, a conseqüência alegada é superior ao quadro real. Tem 
como sintoma mais referido a dor; desse modo, exige da perícia todo o cuidado para não 
rotular como inverídica uma situação real. 
Para pesquisar a realidade desse fenômeno, utilizam-se os sinais da dor: 
Sinal de Muller: Detectado por meio de alterações da sensibilidade dolorosa na 
região onde a dor é referida. Quando há simulação, o examinado não percebe diferença 
quando um ponto doloroso e um que não seja sensível a dor. 
Sinal de Levi: Observado através de alterações no diâmetro pupilar decorrentes 
de compressão no local referido como doloroso, e a dor realmente existe. 
Sinal de Imbert : analisado por meio das pulsações radiais que acompanham as 
alterações da freqüência cardíaca. É utilizado na simulação dolorosa dos membros. 
Quando a dor alegada é real, há um aumento das pulsações. 
 
18. Previdência Social 
 
Seguro social para a pessoa que contribui. É uma instituição pública que tem 
como objetivo reconhecer e conceder direitos aos seus segurados. A renda transferida 
pela Previdência Social é utilizada para substituir a renda do trabalhador contribuinte, 
 
 
quando ele perde a capacidade de trabalho, seja pela doença, invalidez, idade avançada, 
morte e desemprego involuntário, ou mesmo a maternidade e a reclusão. 
Seu objetivo é garantir proteção ao trabalhador e sua família, por meio de 
sistema público de política previdenciária solidária, inclusiva e sustentável, com a 
finalidade de promover o bem-estar social. 
 
19. Conclusão 
 
Os profissionais de laboratório estão expostos a vários riscos, devido às técnicas 
onde são utilizados reagentes químicos, ao material biológico suspeito de contaminação, aos 
equipamentos, aos materiais perfurocortantes, etc. A complexidade da área de Saúde do 
Trabalhador, traz a necessidade de estudos, compromisso com capacitação, pesquisas, 
estudos na área, e sobretudo ações através de políticas de saúde que busquem a atenção 
à saúde. Atenção que não se sujeita meramente a socorros fracionados destinados ao 
trabalhador doente. 
O profissional da área de saúde, como o profissional biomédico se passar pelo 
infortúnio de se acidentar, tem o direito de recorrer aos seus direitos de ser assegurado pela 
previdência social por intermédio avaliação pericial do INSS, desde que não tenha culpa 
delituosa, acidente provocado dolosamente pelo mesmo, como diz o decreto –lei n° 7.036, 
de 10 de novembro de 1944, no artigo 7°. , letra a: “ Não é acidente de trabalho : o que 
resultar de dolo do próprio acidentado, compreendida neste a desobediência a ordens 
expressas do empregador. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Bibliografia 
 
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Koogan, 2008. 
ARAUJO, Ana kélvia. Avaliação dos Riscos Ambientais da Divisão de 
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Fortaleza, 2003. 
 
2- Sites 
 
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http://www1.previdencia.gov.br/pg_secundarias/beneficios.asp 
http://www.cantodoescritor.com.br/index.php?option=com_content&view=articl
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http://www.acidentedotrabalho.adv.br/resumo/01.htm 
http://www.acidentedotrabalho.adv.br/doutrina/02.htm 
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http://www.webartigos.com/artigos/acidentes-de-trabalho/6400/ 
http://leituradiaria.com.br/?p=891 
http://www.drpaulosilveira.med.br/visualizar.php?idt=1625822 
http://www.higieneocupacional.com.br/download/pericia-medica-ms-ops.doc 
http://intervox.nce.ufrj.br/~diniz/d/direito/ou-Resumo_Medicina_Legal.doc 
http://www.anamt.org.br/?id_item=210&t=Conhecimento 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Medicina_legal 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Acidente_de_trabalho 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Medicina_do_trabalho 
http://www.cpqrr.br/.../64%20-%20pedroriscobiologico.pdf 
http://vsites.unb.br/ib/manual_segur_em_laboratorios_ib.htm 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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