Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

Tarefa TICS SOI II– Punção Lombar: Durante o procedimento de punção lombar, quais as camadas atravessadas pela agulha? Correlacione com as complicações que podem ocorrer neste procedimento.
A punção lombar é um procedimento realizado para coletar uma amostra do líquido cefalorraquidiano (LCR) com diversos objetivos, como diagnósticos, administração de antibióticos, meios de contraste em exames radiográficos da medula espinal, anestésicos, aferição da pressão liquórica e avaliação dos efeitos de tratamentos de doenças, como a meningite.
Para a realização desse procedimento, é essencial a aplicação de um anestésico local, especialmente anestesias raquidianas. Essas anestesias bloqueiam as raízes nervosas que atravessam os espaços meníngeos, evitando qualquer sensação ou resposta motora na região onde será feita a punção.
Durante a coleta de amostra de líquor, o paciente é posicionado em decúbito lateral com a coluna vertebral flexionada, facilitando o acesso ao espaço meníngeo desejado, pois a flexão do canal vertebral aumenta a distância entre as vértebras. Uma agulha longa e oca é inserida no espaço subaracnóideo entre a terceira e a quarta vértebras lombares (L III e L IV) ou entre L IV e L V. Essa região proporciona acesso seguro ao espaço subaracnóideo sem risco de lesão na medula espinal, pois a medula espinal termina aproximadamente no nível da segunda vértebra lombar (L II), enquanto as meninges espinais e o líquido cerebrospinal circulante se estendem até a segunda vértebra sacral (S II). Assim, entre as vértebras L II e S II, há meninges espinais, mas não há medula espinal.
Embora a punção lombar seja considerada um procedimento relativamente seguro, complicações podem ocorrer, visto que, para alcançar o espaço subaracnóideo, deve-se atravessar as meninges dura-máter e aracnoide. Essas complicações incluem dorsalgia, cefaleia, sangramentos, infecções e herniações cerebrais.
Dentre as complicações, destaca-se a cefaleia pós-punção lombar, caracterizada por dores de cabeça que ocorrem após a retirada do LCR. Esse desconforto pode ser atribuído a três principais motivos: a hipotensão do LCR provoca uma venodilatação compensatória meníngea e expansão temporária do volume sanguíneo, causando dor de cabeça aguda por distensão venosa; a hipotensão intracraniana relacionada com o vazamento do líquor pode causar flacidez das estruturas intracranianas e distensão dos nervos cranianos, resultando em dor e paralisia; a elasticidade cranioespinhal alterada após a punção lombar resulta em maior complacência caudal em relação à intracraniana e venodilatação intracraniana aguda na posição ereta.
A herniação cerebral é a complicação mais grave de uma punção lombar. Caracteriza-se pelo deslocamento anormal do tecido cerebral através das estruturas intracranianas devido a um aumento significativo da pressão intracraniana. Quando causadas por punções lombares, essas herniações resultam de uma mudança abrupta na pressão do LCR. Em pessoas com pressão intracraniana elevada (devido a um tumor cerebral, edema ou hemorragia), essa diferença de pressão pode deslocar o tecido cerebral para áreas de menor pressão.
Conclui-se, portanto, que a punção lombar é um procedimento essencial na prática médica, fundamental para o diagnóstico e tratamento de diversas condições neurológicas. Contudo, a execução correta da punção lombar é vital para evitar complicações graves, como herniações cerebrais, cefaleia pós-punção e infecções. Dessa forma, deve-se garantir a competência técnica do profissional e a adoção de protocolos rigorosos, assegurando um procedimento seguro e eficaz.
Referências bibliográficas:
TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. A Medula Espinal e os Nervos Cranianos. In: TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Princípios de Anatomia e Fisiologia. 17 ed. Rio de Janeiro: Grupo Editorial Nacional, 2023, p. 461-491.
OLIVEIRA, J. P. S.; MENDES, N. T.; MARTINS, A. R.; SANVITO, W. L. Cerebrospinal fluid: history, collection techniques, indications, contraindications and complications. Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial, v. 56, n.1, p. 1-11. (Fonte Secundária: artigo de revisão).
MACHADO, A. Anatomia Macroscópica da Medula Espinhal e seus Envoltórios. In: MACHADO, A. Neuroanatomia Funcional. 4 ed. São Paulo: Atheneu, 2022, p. 35-42.
image1.jpeg

Mais conteúdos dessa disciplina