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ABORDAGEM EM GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA CENTRADA NA PESSOA Andrea Tavares Barbosa Médica de Família e Comunidade MÉTODO CLÍNICO CENTRADO NA PESSOA Dr Ian McWhinney – Departamento de Medicina de Família da Universidade de Western Ontário, Canadá, em 1968. Começou a trabalhar com o relacionamento entre a pessoa que busca atendimento e o médico. A ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA - HISTÓRIA É um método clínico que tem como objetivo dar uma atenção mais adequada e eficaz à Pessoa- que-busca-ajuda. 1994 - Moira Stewart & outros – Ontário (1982 – 1994) estudaram e desenvolveram o Método Clínico Centrado no Paciente. Grupo de Comunicação entre Pessoa e Médico da Universidade de Western Ontário – nas últimas 02 décadas - origem ao programa de desenvolvimento conceitual, de educação e de pesquisa. O modelo biomédico dominante é um modelo curativo, e seus pressupostos, atitudes e valores tendem a definir a cultura dos centros acadêmicos. Embora a cura seja um objetivo apropriado para a medicina, ele é incompleto, pois não considera a promoção da saúde, prevenção de enfermidades e lesões, restauração de capacidade funcional, prevenção de morte prematura, alívio de sofrimento e o cuidado com aqueles que não podem ser curados. MODELO BIOMÉDICO Busca Ativa de Tuberculose no Território Dia da Tosse Como o modelo biomédico tem como referencial a doença, os estudantes apresentam dificuldades em lidar com pessoas que não têm doenças orgânicas. Isto porque estes pacientes não são bons modelos de patologia e diagnóstico e, por sua complexidade, colocam à prova a competência do estudante em sua necessidade de objetivar, buscando certezas. – Em cerca de 70% das vezes o médico interrompe o paciente em uma média de 18 segundos (Beckman e Frankel, 1984). – Dois terços dos diagnósticos são feitos apenas pela história clínica (Cohen-Cole SA, 1991). - Uma consulta centrada no médico é capaz de revelar apenas 6% dos diagnósticos de esferas psíquicas e sociais (Burack e Carpenter, 1983). – Uma consulta centrada no médico é capaz de revelar apenas 6% Deficiências da medicina centrada na doença (Modelo Biomédico) MÉDICOS E PESSOAS: DA SUBMISSÃO A INTERAÇÃO A medicina com uma abordagem centrada na enfermidade tem Inconvenientes A angústia, a inquietude da pessoa não se expressa ou se expressa tardiamente: sinal da maçaneta. Não oferece espaço para a interpretação da pessoa sobre a situação. Médico não obtém opinião da pessoa sobre a conduta adotada: aderência ou não. A Relação médico-pessoa não dá espaço para que a Pessoa se manifeste livremente. MEDICINA CENTRADA NA PESSOA Podemos afirmar que 60% dos problemas trazidos pela população geral aos serviços de saúde não podem ser caracterizados como “doenças”. São problemas dos pacientes, preocupações, sintomas e condições variadas, desde sociais e psicológicas, que chegam diariamente ao médico e que não conseguimos encontrar um diagnóstico claro e definido. Resgate da Auto- Estima com Mães do Grupo de Puericultura COMPONENTES INTERATIVOS DO MÉTODO CLÍNICO CENTRADO NA PESSOA EXPLORANDO A DOENÇA E A EXPERIÊNCIA DA DOENÇA Doença (disease ) x Experiência da Doença (illness) Experiência da Doença (illness) O que é a Gripe? A gripe (influenza) é uma doença infecciosa aguda causada pelo... 誰應當接種疫苗? 一般而言,希望減少.患.感機會的任 何人都應接種。 ¿Qué es la gripe? La gripe es una enfermedad respiratoria contagiosa, causada por Beänh Cuùm laø gì? Caûm cuùm laø moät beänh hoâ haáp truyeàn nhieãm do sieâu vi... What is Influenza? The flu is a contagious respiratory illness caused by influenza... Doença (disease ) DIMENSÕES DA EXPERIÊNCIA DE DOENÇA Ela teme que seus sintomas possam ser precursores de um problema mais sério, como câncer? Algumas pessoas podem se sentir aliviadas e ver a doença como uma oportunidade de alívio de suas obrigações e responsabilidades. As pessoas freqüentemente se sentem irritadas ou culpadas por estarem enfermas. Em um nível, as idéias podem ser diretas, por exemplo: “Me pergunto se essas dores de cabeça são enxaquecas”. Em um nível mais profundo, as pessoas podem estar lutando para encontrar o significado de suas experiências de doença. Muitas encaram seus problemas de saúde como uma perda irreparável; outras podem vê-los como uma oportunidade de obter um entendimento valioso de sua experiência de vida. Os Sentimentos das Pessoas Suas idéias sobre o que está errado DIMENSÕES DA EXPERIÊNCIA DE DOENÇA Limita suas atividades diárias? Atrapalha seus relacionamentos familiares? Exige uma mudança em seu estilo de vida? Prejudica a qualidade de vida? A pessoa vê alguma conexão entre sua dor de cabeça e sentimentos de culpa com os quais está lutando? Será que a pessoa com dor de garganta espera ser tratada com antibióticos? Quer que seu médico faça algo ou apenas a escute? Consequências das interrupções precoces nas consultas. Quando a pessoa não tem voz na consulta seus sentimentos e idéias não serão expressos. Resultado: não seguir as prescrições e não aderir corretamente o tratamento. O efeito da doença em seu funcionamento Expectativas em relação ao médico ENTENDENDO A PESSOA COMO UM TODO (O INDIVÍDUO E A FAMÍLIA) Conhecimento das crises dos ciclos da vida Melhora a interação do médico com quem ele está cuidando - útil quando sinais e sintomas não apontam para uma doença claramente definida, ou quando a resposta a uma experiência de doença parece ser exagerada ou fora de propósito. Os médicos hesitam em discutir religião ou questões espirituais com os doentes - fora de sua área de especialização, ou por medo de ofender. Entender a pessoa como um todo aprofunda o conhecimento que o médico tem da condição humana, especialmente da natureza do sofrimento e das respostas das pessoas à doença. ENTENDENDO A PESSOA COMO UM TODO (CONTEXTO) Lembrar que o corpo é feito de vários sistemas interligados e que o indivíduo também existe dentro de outros sistemas, como a família, a comunidade e a ecologia. Interpretações mais recentes do efeito que o contexto socioambiental tem sobre o desenvolvimento da pessoa em momentos-chave da infância enfatizam que este provoca efeitos duradouros. - O que se vê = 10% Acima d’água Na linha d’água Abaixo da linha d’água Metáfora do Iceberg... Na Abordagem Tradicional: a ponta do iceberg e a linha d’água na abordagem tradicional a Abordagem Centrada na Pessoa: todo iceberg ELABORANDO UM PLANO CONJUNTO DE MANEJO DOS PROBLEMAS A pessoa atendida e o médico alcançam um entendimento mútuo e uma concordância em três áreas-chave: definir o problema; estabelecer as metas e prioridades do tratamento ou manejo da doença; identificar os papéis a serem assumidos por ambos. Timming nos primeiros minutos de consulta - fugindo de sua responsabilidade de estabelecer um diagnóstico se o médico esperar até o fim do encontro, pode-se perder tempo na discussão de questões que não são importantes para a pessoa Consultagem“...uma prática social entre médico e Pessoa, com troca de conhecimentos, com um contrato, baseada na parceria, na busca de construir o Cuidado, através de ações dentro e fora do consultório, de ambas as partes.” Lopes, 2005. 00:02 = dois minutos ouvindo 00:18 = dezoito minutos A prevenção de doenças e a promoção de saúde exigem um esforço colaborativo por parte das pessoas atendidas e dos médicos. Plano conjunto de manejo dos problemas para que essas atividades sejam realizadas. Incorporando Prevenção e Promoção de Saúde INTENSIFICANDO O RELACIONAMENTO ENTRE PESSOA E MÉDICO O cuidado implica total presença e envolvimento do médico com a pessoa. Por gerações, os estudantes de medicina foram ensinados a “não se envolver”. Método clínico convencional - médico é um observador distante que prescreve o tratamento. Permanecer distanciado o protege de algumas perturbações, especialmente quando encontra a profundidade do sofrimento de alguém. Essa falta de abertura cria dificuldades de relacionamentos. INTENSIFICANDO O RELACIONAMENTO ENTRE PESSOA E MÉDICO Não há como não ser afetado de alguma forma pelo encontro com o sofrimento, mesmo quando o resultado é evitação e negação. MCWHINNEY (1989: 82) tinha uma mensagem: “Não dá para querer conhecer outros até que conheçamos a nós mesmos. Não dá para crescer e mudar como médicos antes de termos removido nossas defesas e encarado nossas fraquezas”. SENDO REALISTA Sobre o tempo disponível. As consultas centradas nas pessoas são mais longas? Pesquisa - quando o horário marcado se estendeu de 5 para 10 minutos, as pessoas relataram maior satisfação com a consulta, um melhor entendimento de suas doenças e uma melhora nas estratégias de enfrentamento do problema. Atenção Primária – longitudinalidade Tempo - os médicos devem ser capazes de reconhecer quando a pessoa precisa de mais tempo, mesmo que isso resulte em problemas em sua agenda. Timming para tratar cada problema. Cuidado com o “ Sinal da Maçaneta”. SENDO REALISTA Participe no desenvolvimento da equipe e do trabalho em equipe. Poucos indivíduos, ou talvez nenhum, teriam todas as competências necessárias para responder efetivamente a todas as necessidades das pessoas; o trabalho em equipe é essencial. Reconheça a importância de uma administração sensata do acesso aos recursos de saúde. EM RESUMO “Não compreender e não praticar a medicina centrada na pessoa pode significar a prática de uma medicina muito superficial, que envolve o binômio queixa- conduta e, apesar de satisfazer a pessoa em um primeiro momento, não é de fato resolutiva e, pior, traz riscos a ela e a todo o sistema de saúde”. Gustavo Gusso (Presidente da SBMFC) OBRIGADO BIBLIOGRAFIA Medicina Centrada na Pessoa – Transformando o Método Clínico. Moira Stewart (et al.). Porto Alegre: Artmed, 2010. Manual de Medicina de Família e Comunidade. Ian R. McWhinney, Thomas Freeman. Porto Alegre: Artmed, 2010. Relato de Experiência - O impacto da Medicina de Família na graduação médica: aprendizado centrado na continuidade e atenção primária. A experiência do Ambulatório de Medicina de Família no PROMOVE (Clínica Escola da Instituição São Camilo / Faculdade de Medicina São Camilo, São Paulo). Medicina centrada no paciente e ensino médico: a importância do cuidado com a pessoa e o poder médico. Maria Mônica Freitas Ribeiro; Carlos Faria Santos Amaral. Universidade Federal de Minas Gerais. Ago, 2004.
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