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Pontos principais de psicologia médica

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PONTOS PRINCIPAIS DE PSICOLOGIA MÉDICA 
DISCENTE: ANNA BEATRIZ FONSECA – MEDFTC2020.1 – 2º SEMESTRE – TURMA A – TUT3 
 
PSICOLOGIA MEDICA E RELAÇÃO MÉDICO – PACIENTE 
RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE /PORTO 
O encontro entre o paciente e o médico desperta uma 
grande variedade de sentimentos e emoções. Contudo, 
esta não é uma relação habitual, pois nela está inserida 
uma grande carga de sentimentos que determina uma 
relação dialética entre o ser doente e aquele que lhe 
oferece ajuda. O estudo desse relacionamento deve 
partir das seguintes premissas: 
o A relação médico-paciente constitui a parte 
fundamental da prática médica; O exame clínico, 
especialmente a anamnese, continua sendo o 
elemento principal da medicina moderna; É 
necessário adquirir uma boa compreensão dos 
mecanismos psicodinâmicos envolvidos no processo; 
A aprendizagem da relação médico-paciente está 
interligada à aprendizagem do método clínico; É 
indispensável a aquisição de conhecimentos básicos 
das Humanidades, pois a relação médico-paciente 
ultrapassa o âmbito dos fenômenos biológicos. 
 Relação médico-paciente e princípios bioéticos: 
1. Beneficência: Buscar fazer sempre o bem para 
o paciente; 
2. Não maleficência: Não fazer nada de mal ao 
paciente; 
3. Justiça: Fazer sempre o que é justo ao paciente; 
4. A bioética acrescentou o respeito à autonomia, 
que possibilita que o paciente decida sobre o 
tratamento, aceitando-o ou não, depois do 
devido esclarecimento. 
A beneficência e a não maleficência são perfeitamente 
compreensíveis na prática clínica. No entanto, a ideia de 
justiça não é, igualmente, de fácil compreensão ou 
aplicação, uma vez que implica considerar princípios de 
justiça social no acesso à saúde e ao atendimento. 
o A justiça deve ser apreendida como uma atitude 
fundamental ao atendimento médico. Ao examinar o 
paciente, o profissional precisa levar em conta o 
gênero, a cor, as questões morais, sociais e religião, 
para não descriminá-lo. 
A justiça é o pilar da equidade, e esta torna-se base do 
atendimento médico. A equidade é vista como "tratar de 
forma desigual os desiguais" na tentativa de oferecer 
oportunidades semelhantes a toda a sociedade. 
Outros valores se tornam necessários no cotidiano: 
o O respeito à alteridade: Respeitar a diferença no 
outro, respeitar a diversidade; 
o Sigilo: Respeitar o segredo sobre as informações do 
paciente. 
A boa relação médico-paciente é por si só uma atitude 
preventiva, que evita mal-entendidos que possam evoluir 
para situações muito desagradáveis e desgastantes para o 
médico. 
O ser humano não nasce ético, nem antiético; nasce 
aético. A ética é apreendida no processo de humanização 
pelo qual o indivíduo passará ao longo de sua vida. É 
adquirida com o desenvolvimento biológico, psíquico e 
social. 
Na bioética da relação médico-paciente está o conflito 
entre o emocional e o racional. Na prática, o que 
mantém os vínculos efetivos são a confiança, a empatia e 
a compaixão. O médico não deve se esquecer de que 
quem o procura é um paciente e não uma doença. 
 Aspectos psicodinâmicos da relação médico – 
paciente: 
1. Ensino médico: 
A medicina voltou-se mais para a enfermidade do que 
para o atendido, abstendo-se de contemplar a tentativa 
de compreender o homem como um ser que pensa e 
sente, e que vive inserido em uma sociedade. 
A relação médico-paciente é assimétrica por natureza. 
Pressupõe-se que o profissional tenha conhecimento 
científico sobre os aspectos da doença e que o paciente 
domine apenas os conceitos do senso comum. 
Entretanto, a assimetria desta relação tem sido reduzida 
pela facilidade de acesso do paciente à informação 
científica por intermédio das várias mídias, em que pode 
causar algum impacto no médico ou mesmo criar atritos 
na relação entre o profissional e seu paciente. 
Ao analisarmos as características do encontro médico- 
paciente e levar em conta fatores como a estrutura 
psicológica de cada um, as modificações que a 
enfermidade ocasiona, os sentimentos despertados pela 
duração da doença e as condições do tratamento, é 
possível, didaticamente, distinguir três níveis ou tipos de 
relacionamento: 
o Médico ativo/paciente passivo: Nesta condição, 
o paciente abandona-se por completo e aceita 
passivamente os cuidados médicos, sem mostrar 
necessidade ou vontade de compreendê-los. 
Essa é a situação característica da medicina de urgência e 
emergência. Quanto mais ativo e seguro se mostrar o 
médico, mais tranquilo e seguro ficará o paciente. 
o Médico direciona/paciente colabora: O 
profissional assume seu papel de maneira, até 
certo ponto, autoritária. O paciente compreende 
e aceita tal atitude, procurando colaborar. 
Um exemplo clássico dessa situação é a relação entre o 
médico e o paciente internado em regime hospitalar. 
o Médico age/paciente participa ativamente: O 
clínico define os caminhos e os procedimentos, 
e o paciente compreende e atua conjuntamente. 
As decisões são tomadas após troca de ideias e análise de 
alternativas. Exemplo dessa situação é a relação médico-
paciente na Estratégia da Saúde da Família. 
2. Transferência, contratransferência e resistência: 
o Transferência diz respeito aos fenômenos 
afetivos que o paciente passa (transfere) para a 
relação que estabelece com o médico. 
Ao entrar em contato com o médico, o paciente revive, 
em nível inconsciente, sentimentos vivenciados nas 
relações primárias como se fossem situações novas. 
Em contrapartida, cabe ao profissional compreender que 
este o fenômeno que faz nascer o respeito do paciente 
pelo médico. Pode-se dizer que o médico trabalha na 
Transferência. Como? A maneira como o médico 
recebe o paciente, o modo de tratá-lo no decorrer do 
exame clínico e o tempo que o médico dispõe são fatores 
de suma importância no desenvolvimento dos 
mecanismos de transferência. 
 A transferência positiva se define pelo momento 
em que o paciente vive o relacionamento de 
maneira agradável. 
 A transferência negativa ou resistência. Chama-
se resistência qualquer fator ou mecanismo 
psicológico inconsciente que comprometa ou 
atrapalhe a relação médico-paciente. 
Problemas no comportamento do médico durante o 
exame clínico, como má apresentação, pressa, 
indiferença, uso de palavras difíceis, podem ser a causa 
da transferência negativa. 
Cabe ao médico a tarefa de detectar essas manifestações 
procurando desenvolver mecanismos que as 
neutralizem. 
 A contratransferência seria a passagem de 
aspectos afetivos do médico para o paciente, 
originados de sentimentos já vividos pelo 
médico em relações anteriores. 
É praticamente impossível que um médico entreviste um 
paciente evitando relacionar os fatos por ele relatados 
com episódios de sua própria vida ou de sua família. É 
natural, e até necessário, que o médico sinta afeto pelo 
paciente, mas também é preciso saber dosar 
adequadamente esse sentimento. 
Contratransferência não é contra a transferência ou algo 
em sentido contrário. É a própria transferência do 
médico para o paciente, que reage nessa relação como 
pessoa, tal como o paciente. 
Do ponto de vista psicanalítico, admite-se que, em toda 
relação humana, há impulsos que trabalham a favor e 
impulsos contra esta relação. Esses aspectos devem ser 
conhecidos, compreendidos e detectados pelo médico 
quando se transformarem em dificuldades para o 
paciente. Inclusive, é aconselhável que estes aspectos 
sejam analisados em conjunto. 
GRUPOS BALINT E O PROCESSO DE 
APRENDIZAGEM EM MEDICINA: 
Os grupos Balint surgiram com o objetivo de ajudar 
médicos (e profissionais de saúde) generalistas a alcançar 
uma melhor compreensão do que foi chamado de 
"aspecto psicológico" da prática médica geral, sendo 
observada considerável mudança em suas ideias e 
atitudes nas relações interpessoais com a utilização destes 
grupos. Balint criou uma forma de resgataro ensino da 
medicina centrada na pessoa. Estudantes e médicos 
(incluindo residentes) geralmente desenvolvem maiores 
habilidades no tocante à empatia e aos relacionamentos 
interpessoais. 
Os Balint referiam-se ao potencial do próprio médico 
como remédio e à boa relação médico-paciente como 
terapêutica. 
 Origem e contemporaneidade: 
Na década de 1950, Michael Balint e sua esposa Enid 
Balint começaram a realizar seminários de treinamento 
psicológico para médicos generalistas. Uma das 
mudanças mais significativas foi no modo como os 
médicos se sentiam em relação aos doentes. 
Desde os primeiros dias, os grupos de Balint 
espalharam-se pelo mundo. Até 2009, eram 
contabilizados 22 países. Algumas mudanças 
aconteceram ao longo do tempo: por exemplo, nos dias 
atuais os grupos Balint não se restringem apenas aos 
médicos de família, havendo relatos de grupos de 
médicos de outras especialidades, enfermeiros, 
psicólogos e agentes comunitários de saúde. Em geral, os 
grupos Balint atuais envolvem de 6 a 12 participantes e 
dois facilitadores. No início dessas discussões centradas 
em casos, um participante se oferece para contar sobre 
um encontro de paciente que lhe tenha gerado 
sentimentos mais intensos e/ou difíceis lidar. 
Os casos são motivados por uma dificuldade que o 
clínico está vivenciando no relacionamento com um 
paciente em particular. Os participantes são convidados 
a considerar e imaginar suas próprias reações, emoções 
e comportamentos, a partir das perspectivas não apenas 
do médico, mas também do paciente. 
 Balint, empatia e profissão médica: 
Um aspecto central nos grupos Balint é a concepção de 
que os pacientes são seres humanos, portanto os 
problemas que apresentam ao médico estão inseridos 
em um meio cultural e social, exigindo atenção ao 
contexto do paciente. Segundo Mercer e Reynolds, a 
empatia do médico é a sua capacidade de “compreender 
a situação, a perspectiva e os sentimentos do paciente, 
comunicar essa compreensão, verificar sua precisão e 
atuar nesse entendimento com o paciente de forma útil. 
 Grupo Balint e a faculdade de medicina: 
Médicos recém-formados costumam apresentar 
dificuldades na relação médico-paciente, como conciliar 
seu treinamento hospitalar científico com as incertezas 
humanas da prática geral. Além disso, as evidências 
mostram que ao longo da formação médica, a empatia 
por parte dos alunos tende a diminuir. 
Em estudo publicado em 2014, os autores observaram 
que estudantes que participavam de grupos Balint 
mostraram ter uma abordagem mais empática. Nesse 
estudo, participantes demonstraram uma melhor 
habilidade em considerar a dimensão afetiva entre o 
médico e o paciente. 
 Grupo Balint e sua importância na residência 
médica: 
A participação de residentes em grupos Balint tem-se 
mostrado uma ferramenta primorosa nessa fase, com 
diferentes benefícios aos envolvidos: desenvolvimento da 
autoconsciência, melhora da qualidade das consultas e 
da relação profissional. Com os grupos Balint os 
residentes são encorajados a explorar circunstâncias da 
vida do seu paciente, entender sua interação familiar e 
social, além de incluir uma perspectiva psicossocial nos 
seus diagnósticos. 
Um dos benefícios observados para os participantes dos 
grupos é a diminuição no esgotamento profissional, 
conhecido como “burnout”. Médicos em “burnout” 
mostram-se mais propensos a cometerem erros e 
fornecerem cuidados inadequados aos pacientes. Os 
residentes, que participam dos grupos Balint, relataram 
uma melhoria na capacidade de utilizarem a consulta, de 
fazerem decisões de tratamento mais adequadas, com 
base em necessidades psicológicas dos pacientes. 
 Médicos de família e grupo Balint: 
O treinamento em grupos Balint tornou-se uma parte 
estabelecida do currículo de medicina comportamental 
em muitas residências de medicina de família e 
comunidade. Os grupos Balint têm auxiliado os médicos 
de família e comunidade a progredirem em habilidades 
de comunicação com seus pacientes, na melhora da 
percepção psicológica da consulta e nas relações 
interpessoais. É destacado que muitos médicos 
encontram no grupo um espaço no qual podem 
descarregar suas angústias, afinal “os doentes 
problemáticos e exigentes ainda não desapareceram” e 
nas suas formações não lhes foi ensinado como cuidar 
deles. 
REFLEXÕES ACERCA DA IATROGENIA E 
EDUCAÇÃO MÉDICA 
A iatrogenia poderia ser entendida como qualquer 
atitude do médico. Entretanto, o significado mais aceito 
é o de que iatrogenia consiste num resultado negativo da 
prática médica, seja um dano material ou psíquico 
causando ao paciente pelo médico. 
Michael Balint1 reformulou este conceito ao afirmar que 
todo médico é, em graus variáveis, iatrogênico, de modo 
que ele deve sempre considerar esse aspecto quando 
trata seu paciente 
Nesse âmbito, a denominação mais adequada poderia 
ser "iatropatogenia", termo que enfatiza a noção maléfica 
do ato médico, isto é, um ato que provocará prejuízos ao 
paciente. Iatrogenia abrange, portanto, os danos 
materiais (uso de medicamentos, cirurgias 
desnecessárias, mutilações, etc.) e psicológicos - 
psicoiatrogenia - causados ao paciente não só pelo 
médico como também por sua equipe. 
 Situações que favorecem a ocorrência de 
iatrogenias: 
1. Quanto ao Modelo Biomédico: 
A filosofia cartesiana, que inspirou a conduta médica 
ocidental está baseada apenas nas doenças, com a 
crescente desvalorização da escuta, contribuindo para o 
estabelecimento de uma visão fragmentada do paciente, 
ou seja o médico perde a sensibilidade de enxergar o 
paciente como um todo biopsicossocial (sujeito na sua 
integralidade), tratando apenas dos sintomas aparentes. 
O profissional pouco se dedica às outras questões 
relevantes no estabelecimento da enfermidade em 
questão: os fatores sociais, ambientais, hereditários, 
psicológicos, culturais, religiosos e políticos. 
Esse é um dos motivos pelos quais a sociedade vem 
exigindo o retorno do "médico de família". A 
superespecialização, acompanhando o progresso da 
tecnologia e o crescente fenômeno da medicalização da 
sociedade, faz com que o paciente se sinta pressionado a 
visitar diversos profissionais para o acompanhamento de 
determinado transtorno. 
2. No Âmbito da Relação Médico-Paciente: 
O futuro médico deve compreender que o paciente, pela 
condição em que se encontra, idealiza uma série de 
expectativas quanto à figura deste e ao desenvolvimento 
da consulta. 
Deve-se dar a importância devida aos fenômenos 
contidos em toda relação médico-paciente, os quais são 
estudados por alunos de Medicina mormente na 
disciplina de Psicologia Médica. 
o O paciente crônico, que percorre vários profissionais 
a fim de obter um diagnóstico "seguro" para a sua 
enfermidade ou uma "segunda opinião", costuma não 
estabelecer vínculos afetivos com o médico, o que 
pode contribuir para o estabelecimento de situações 
iatrogênicas; 
o O mesmo ocorre quando médico e paciente 
procuram não se envolver emocionalmente. 
Predomina a linguagem técnica, a frieza; 
o Anamnese dirigida, que camufla a hostilidade do 
médico; 
o Quando o envolvimento do médico com seu paciente 
se torna muito intenso, favorecem a geração de 
respostas emocionais no médico, como submissão, 
indiferença ou excesso de dedicação ao paciente. 
Pode-se dizer que existe aqui um desequilíbrio nos 
fenômenos de transferência/contratransferência, que se 
tornam patológicos. A relação passa então a ser 
assimétrica, com repercussões negativas, este fenômeno 
é conhecido como indução iatrogênica. 
Conflitos neuróticos do médico podem se manifestar 
como iatrogenias, sendo eles a insegurança (manifestada 
pelo excesso de pedidos de exames complementares), o 
narcisismo (o paciente é tratado com desdém), o sadismo 
inconsciente (conforme ocorre com os pacientes 
submetidos a sucessivos examesinvasivos) e, por fim, os 
conflitos inerentes às diferentes especialidades. 
o A linguagem não-verbal influencia sobremaneira a 
conduta terapêutica e é percebida pelo paciente: 
gestos, linguajar, trajes, disposição dos móveis, cor das 
paredes do consultório. 
 
3. Outras Situações Causadoras de Iatrogenia: 
o As más condições de trabalho, queixa frequente 
entre médicos: o profissional trabalha mais 
tempo por dia, em diferentes locais, atendendo 
uma quantidade crescente de pacientes, em 
consultas rápidas; 
o As condições físicas do estabelecimento, como 
o prontuário médico acaba sendo preenchido de 
maneira inadequada, incompleta, não sendo 
registradas ali informações relevantes acerca das 
características do paciente e do seu processo de 
adoecer. 
O fato de o paciente idealizar o médico não permite que 
ele tolere falhas justamente daquele que "deve ser capaz 
de curar e salvar vidas". 
4. No Âmbito da Formação Médica: 
Ao longo da formação acadêmica, a identidade do 
médico vai sendo constituída. A vocação médica pode, 
nesse momento, ser sobrepujada por outros interesses 
como busca de reconhecimento, desejo dos pais, ganhos 
financeiros. 
o Nem todos os indivíduos aptos no processo seletivo 
(vestibular) possuem inclinação para o curso 
médico. A avaliação do vestibular é falha, porque se 
baseia estritamente em critérios mnemônicos; 
o Os professores possuem destacado papel na 
constituição de uma identidade iatrogênica ou 
saudável. Os alunos estão atentos a suas atitudes, 
gestos, a maneira de lidar com os alunos e com os 
pacientes são aspectos que poderão ser 
reproduzidos em suas relações com os sujeitos 
enfermos; 
 
o O ensino na maioria das instituições médicas tende 
a valorizar a especialização precoce, 
despreocupando-se com as demais disciplinas. 
Quando se gradua, o médico tem de fazer um 
esforço excessivo para reunir todos os 
conhecimentos adquiridos e lidar com o paciente. 
Os alunos por vezes decidem que área irão seguir 
ainda durante o curso, pois assim se sentem mais 
seguros para lidar com o sofrimento alheio. 
 
 Algumas repercussões da iatrogenia: 
1. O Médico Omite Sua Falha: 
Especialmente nas relações pouco consistentes, cuja 
personalidade do médico é deveras narcísica, médico e 
paciente passam a ver no "erro" uma forma de fracasso. 
A relação torna-se fragilizada ou mesmo cessa após o 
episódio. Geralmente, culmina com processo jurídico. 
2. O Médico Admite a Culpa: 
Esse comportamento, ao contrário do anterior, 
predomina nas relações mais bem estruturadas. O 
profissional lança mão de sua capacidade para ver, na sua 
humildade, a falha como uma busca do conhecimento. 
O paciente concede nova oportunidade ao médico. Não 
podemos olvidar que o médico possui significativa 
importância no processo. A despeito das grandes 
conquistas tecnológicas na área médica, reitero que a 
carência afetiva, a necessidade do toque, atendimento 
nos horários corretos, escuta ativa dos sofrimentos dos 
pacientes, disponibilidade para atender o paciente em 
situações de emergência, paciência e tolerância e tantos 
outros aspectos relacionados ao contato humano são 
deveras valorizados pelo sujeito enfermo. 
 Sobre a prevenção de iatrogenias: Importância 
da educação médica: 
Não só os médicos e os professores como também todas 
as equipes de saúde são responsáveis pela prevenção da 
iatrogenose. 
o O futuro médico precisa ser mais bem informado, e 
a educação médica lhe fornecerá instrumentos para 
refinar sua sensibilidade social e desenvolver 
responsabilidade pessoal e profissional; 
o Deve-se priorizar o ensino médico pautado na busca 
da integralidade, em que o aluno possa lidar com 
diferentes profissionais de saúde, introjetando 
ademais o fato de que o trabalho em equipe é 
importante para o estabelecimento da integralidade; 
o O futuro médico deve compreender e respeitar o 
paciente como pessoa, identificando os reais fatores 
que o levaram a buscar os serviços médicos. 
Perestrello fala sobre a necessidade de adotar uma "visão 
transpessoal" do paciente e salienta que o profissional 
deve ser autêntico. É preciso que os profissionais 
aprendam a "ouvir" o paciente e, nesse sentido, condena 
a anamnese dirigida. 
o Finalmente, devem ser resgatados os demais atributos 
do médico, como intuição, empatia, humildade, 
capacidade de comunicação e resiliência. O professor 
possui destacada importância nesse processo. 
DPOC 
CUIDADO E DOENÇA CRÔNICA, VISÃO DO 
CUIDADOR FAMILIAR NO NORDESTE BRASILEIRO 
A avaliação da qualidade do cuidado, seu entendimento 
nas condições crônicas severas, o autocuidado de 
pacientes crônicos, modelos educativos para cuidados 
em saúde e a qualidade de vida do doente determinada 
pelo nível de cuidado, são algumas das inquietações da 
comunidade científica mundialmente. 
O cuidado torna-se, então, desafiador, porém necessário 
no contexto da enfermidade crônica. Nesse sentido, as 
experiências permeiam as dimensões objetiva e subjetiva, 
pessoal e coletiva, universal e cultural. 
 Resultados da pesquisa: 
1. Dividindo sofrimento: 
O cuidador familiar compartilha a dor e o sofrimento da 
pessoa com DPOC de modo mais frequente e, muitas 
vezes, mais profundo que o profissional. É fonte tanto de 
angústia e estresse para o doente quanto de apoio. O 
cuidador presencia a depressão, a impaciência, a 
agitação, as reclamações de que o remédio não tem 
efeito, a tristeza do paciente por causa do seu problema, 
a baixa autoestima, crises de tosse ou de falta de vontade 
de viver. Vivenciar o dia-a-dia do doente permite ao 
mesmo acompanhar a evolução dos sintomas e perceber 
sua influência na restrição de atividades da vida diária. 
As “esposas-cuidadoras” relataram mudanças no ato 
sexual que atingiu à total abstinência pela falta de ar do 
esposo. A esposa-cuidadora também acompanha a 
dificuldade do marido para pegar peso. As mesmas ainda 
sofrem ao observar a culpa que o esposo coloca em si 
por adquirir a doença, ao ouvir histórias de 
arrependimento de seus maus comportamentos na 
juventude e seu desabafo sobre o medo da morte. 
Obs.: Os sofrimentos de algumas começam muito antes 
do surgimento da doença quando presenciava as farras 
do marido e o seu exagero em bebidas e cigarros. 
Cuidadores familiares ao mesmo tempo que tem que 
trabalhar, precisar dar atenção ao doente, presenciando 
o sofrimento do mesmo de não poder sair sozinho, de 
ser visto por outras pessoas como “extraterreste” e de 
deixar de frequentar lugares que gosta, por exemplo. 
Além de vivenciar essas situações, precisa conviver com 
a falta de compreensão de muitos sobre as limitações. 
Outro desgaste para o cuidador é a hospitalização. Saber 
que o estado de saúde de seu familiar é ruim e vê-lo 
morrendo (em crise) é muito pesado. Também é ruim, 
ao receber o diagnóstico da doença, ouvir do profissional 
que aquela foi a primeira crise mas não a última. Além 
da sobrecarga de cuidados do paciente durante o dia, o 
cuidador também sofre durante a noite com o barulho 
gerado pelo aparelho de oxigênio, não descansando o 
suficiente para enfrentar o dia seguinte. As crises de tosse 
durante a noite também incomodam 
Apesar de sentimentos ruins permearem o dia a dia do 
cuidador, também há momentos em que este se sente 
feliz e realizado como, ao conseguir o aparelho de 
oxigênio para seu familiar ou uma vaga para iniciar o 
Programa de Reabilitação Pulmonar. São vitórias no que 
diz respeito ao tratamento e uma esperança para 
melhorar a falta de ar. 
2. Atitudes e comportamentos percebidos e 
vivenciados pelos cuidadores: 
Ao evoluir, a DPOC invade a vida do doente, 
conduzindo-o a mudanças de comportamento e a 
atitudes facilmente percebidas por aquele que está 
diariamente do lado. Consequentemente, o cuidador 
modifica sua rotina, acompanhando o doente ao 
Programa de Reabilitação Pulmonarpara aprender e 
estimulá-lo a realizar os exercícios em casa, também 
dorme no mesmo ambiente para não deixá-lo sozinho 
durante a noite e ajuda durante o banho. 
Diante das dificuldades apresentadas pela enfermidade, 
tanto o cuidador como o paciente se envolvem com a 
oração, a religião e a crença. 
O cuidador percebe que atividades manuais como 
crochê, pontos de cruz e exercícios de Yoga desviam a 
mente dos doentes sobre seus problemas familiares, 
acalmando a respiração e evitando uma crise de falta de 
ar. 
A tarefa de cuidar, para nossos informantes, é árdua por 
relacionar-se a uma doença crônica. Apesar de orientar, 
apoiar e ajudar há momentos em que a impotência surge 
diante de estados depressivos do paciente ou de uma 
crise inesperada. Sentem-se incapacitados de controlar a 
situação e de aliviar o sofrimento do ente querido. 
A doença crônica conduz à inversão de papéis, como, 
por exemplo, filhos passarem (por conta própria ou não) 
a cuidar dos pais. Em que muitos desses renunciam de 
liberdade, trabalho lazer e fazem de prioridade o 
cuidado com os pais. Esses cuidados são refletidos, em 
muitos casos, em ganho de peso, nos banhos sem ajuda, 
na vontade em realizar os exercícios, ou seja, uma 
melhora física e emocional significativa. 
Está explícito, assim, o amor e a dedicação dos sujeitos 
desta pesquisa, por seus familiares, que cuidam de 
maneira incondicional e aprendem a conviver com a 
doença. O fato de o marido ter DPOC não significa para 
Fátima, 35 anos, mulher que aprendeu a trabalhar fora 
de casa para melhorar a renda familiar, a separação ou o 
abandono do esposo no meio das dificuldades. 
A convivência com a cronicidade gera no cuidador a 
conformação, aceitação do fato de que não podem mais 
fazer nada, somente tocar a vida pra frente. Torna-se 
mais fácil ou menos pesado, quando tanto o cuidador 
como o paciente entendem que a doença não tem cura, 
mas que podem viver bem na medida em que aprende 
sobre a enfermidade, entende os seus limites e estratégias 
de controle dos sintomas. 
“O médico foi explicando, a gente foi se adaptando, foi se 
acostumando. A gente já está levando mais ou menos. ” 
3. Conclusão: 
A carga de estresse dos cuidadores nos domicílios é 
bastante significativa, uma vez que envolve um contexto 
social e econômico bastante afetado negativamente. A 
situação mais forte associada ao estresse das famílias 
relacionou-se por nossos cuidadores nordestinos que 
passaram a ajudar nas atividades básicas dos doentes. 
Adicionalmente, a carga desse estresse é amplificada 
pelas condições de pobreza urbana e de violência 
estrutural. 
o Nesse estudo é explícita a representação de 
filhos ou cônjuges como cuidador familiar que 
mudaram suas rotinas e aumentaram a carga de 
trabalho para assumir o seu papel. 
Ao aplicar o questionário Family Dynamics Measure 
encontraram que as esposas de pacientes com doença 
crônica apresentavam mais responsabilidade por 
assumirem a parte financeira da casa antes de 
responsabilidade do marido. Porém, devido ao exaustivo 
trabalho manual e aos baixos salários das mulheres 
nordestinas que ganham, em média, 300 reais por mês, 
o ônus de complementar a renda familiar parece ser uma 
carga ainda mais pesada. 
o A baixa escolaridade dos pacientes nordestinos 
(maioria somente com o ensino fundamental) 
exige uma adaptação de materiais educativos 
para facilitar a compreensão. 
o A esposas nordestinas se mostraram disponíveis 
a cuidar dos seus familiares até o último 
momento. 
o Pesquisa qualitativa realizada no Brasil, 
utilizando discurso do sujeito coletivo com 16 
cuidadores de idosos portadores de doenças 
crônicas atendidas em um Centro de Saúde 
Escola em São Paulo, aponta prejuízo da vida 
social do cuidador e insatisfação da maioria dos 
sujeitos com seus familiares que, segundo eles, 
poderiam ajudar, mas não o fizeram. 
o A afetação da DPOC na vida dos pacientes não 
depende da evolução econômica ou social de 
um país, porém a forma de como sua evolução 
será enfrentada, se com mais ou menos 
recursos. 
A DPOC afeta significativamente tanto a vida dos 
doentes como de seus familiares próximos, em especial 
o que se encarrega do cuidado. Porém, apesar da 
pobreza, da violência estrutural, do desemprego, do 
preconceito social e dos baixos salários endêmicos no 
nordeste brasileiro, os cuidadores descobrem como lidar 
com a cronicidade e criam estratégias para amenizar o 
sofrimento causado pela doença. 
GRUPO DE CONVIVÊNCIA COM PESSOAS COM 
DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA, 
SENTIMENTOS E EXPECTATIVAS 
Práticas educativas desenvolvidas em grupos vêm se 
constituindo em uma prática cada vez mais frequente e 
valorizada, pois permite ampliar conhecimentos, 
possibilitando as pessoas superarem suas dificuldades, 
adquirindo maior autonomia e o viver melhor com sua 
condição de saúde. O grupo de convivência visa o 
crescimento pessoal que abrange várias dimensões do 
processo de viver, a partir de necessidades comuns 
reveladas pelas pessoas, podendo manifestar um 
sentimento de união e vínculo. 
 Categorias analisadas pelo grupo de apoio: 
1. 1ª categoria: A tristeza e o sofrimento 
ocasionado pela doença: 
É uma reação do organismo quando o mesmo se depara 
profundamente com a sua fragilidade. A partir da fala das 
pessoas com DPOC percebe-se em muitos momentos, 
que esses sentimentos aparecem como “castigo” ou ao 
contrário, o oferecimento de oportunidade de 
“salvação”, dando a conotação de aspectos de fé e 
religiosidade inerente à cultura e crenças individuais. 
Alguns percebem, também, que a tristeza e o sofrimento 
estão diretamente relacionados com as limitações 
impostas pela doença crônica pulmonar, porém, em 
muitas ocasiões, visualizam casos muito mais graves e 
complexos de outros. 
o A tristeza e o sofrimento podem contribuir para 
o estabelecimento de quadros depressivos. Tais 
pacientes são geralmente mais sintomáticos, têm 
maior comprometimento funcional na vida 
diária, maiores dificuldades na adesão ao 
tratamento farmacológico e mudanças de 
hábitos de vida. 
É importante perceber que algumas manifestações como 
alterações do apetite ou peso, sono, diminuição da 
energia, sentimentos de menos valia ou culpa, são 
comuns à pessoa com DPOC e que podem estar sendo 
reforçadas por transtornos depressivos. 
2. 2ª categoria: As limitações e incapacidades 
físicas do cotidiano: 
A incapacidade para realização de tarefas consideradas 
simples e corriqueiras passa a ser extremamente 
desgastante para estas pessoas, virando fonte de 
sofrimento e angustia. O surgimento de sentimentos de 
menos valia, de invalidez, de dependência e a da 
vergonha de tossir, são retratados conforme os 
depoimentos das pessoas com DPOC. 
o A retroalimentação negativa fica clara quando 
nota-se que grande parte da tristeza declarada é 
devido ao “eu sinto vontade de fazer e não 
posso” 
A fisioterapia especificamente na abordagem da pessoa 
com DPOC, tem como objetivos o condicionamento 
físico, ganho de força muscular global e treinamento da 
respiração no intuito de diminuição da dispneia e melhor 
conforto respiratório. 
3. 3ª categoria: A esperança da melhora e 
persistência: 
Observa-se que houve também uma maior adesão ao 
tratamento fisioterápico, com a diminuição de faltas e 
dedicação durante a sessão, provocando maior cuidado 
na alimentação, o uso correto de medicamentos e 
manter-se ativo o máximo possível nas atividades de vida 
diária são itens reforçados pelo grupo como aspectos 
positivos. 
Percebe-se que a melhora e a estabilização do quadro 
clínico tem sido motivadora. O resgate desta motivação 
se reflete em vários sentidos, mas principalmente se 
reflete na maior alegria e felicidade na vida destas pessoas 
e suas famílias. Este aspecto deve ser o principal, e mais 
importante a ser considerado, quando levamos à frente,propostas de educação em saúde. Em oposição ao 
tecnicismo que predomina atualmente nas práticas de 
saúde, percebemos que muitas das técnicas e tecnologias 
utilizadas em prol do paciente não surtem efeitos, talvez 
porque estejam, na maioria das vezes, focadas na doença 
e não no doente. 
 As três categorias podem atuar juntas, ou não. 
Obs.: O artigo trás e a percepção que a educação em 
saúde, através de grupos de convivência pode contribuir 
para melhorar a qualidade de vida de pessoas com 
doença pulmonar obstrutiva crônica. O trabalho em 
grupo é uma alternativa que traz resultados satisfatórios 
pela ação conjunta das pessoas que dele participam no 
compartilhar de saberes e experiências buscando um 
novo olhar para um viver mais saudável. 
TUBERCULOSE 
SIGNIFICADOS DAS EXPERIÊNCIAS CORPORAIS DE 
PESSOAS COM TUBERCULOSE PULMONAR: A 
CONSTRUÇÃO DE UMA NOVA IDENTIDADE 
A problemática da tuberculose se caracteriza por ser uma 
enfermidade que deveria estar sob controle – problema 
emergencial de saúde pública nos países em 
desenvolvimento -, no entanto está vinculada às precárias 
condições sociais. A permanência da doença, faz dela 
uma doença temida pelo seu risco de contágio e pelo 
forte estigma que gera sofrimento na família, além do seu 
risco de adoecer na coletividade e do seu ônus para o 
sistema de saúde. 
É essencial considerar a dimensão individual para a 
compreensão do adoecimento e suas implicações na vida 
das pessoas, nas famílias, nos serviços de saúde e na 
sociedade. Estudos referente às experiências de 
adoecimento busca compreender as dimensões 
subjetivas, sociais e culturais da doença como fatores 
importantes para o reconhecimento do complexo 
fenômeno da doença. 
 Resultados: Os achados, apontam que os 
participantes manifestaram uma gama de 
significados atribuídos as experiências de 
adoecimento. 
As categorias trazem à tona a repercussão de um corpo 
que sofre pela presença da doença e também pelas 
mudanças impostas pela tuberculose advindas de um 
longo tratamento, que produz novos significados ao 
corpo. 
1. 1º significado: O corpo sinalizador da doença: 
Para os participantes o corpo sinalizador da doença 
refere-se à presença de sintomas, com isso as pessoas 
perceberam estes sintomas como sinais de alerta ou 
identificara-os como algo errado, que até então elas não 
haviam sentido em seus corpos. Para eles, o corpo 
sinalizador significou que algo estava errado no próprio 
corpo, alterando a rotina da vida diária de trabalho, das 
relações, dos afetos, do lazer, dos hábitos alimentares, 
sono e locomoção. 
A partir disso desvelaram-se transformações pessoais, 
sociais e econômicas; sentir o impacto das alterações 
físicas provocadas pelos sintomas da tuberculose 
modificou as atividades cotidianas, aquelas essenciais 
para uma vida digna e à manutenção do bem-estar, como 
andar, conseguir se alimentar, ter um padrão de sono de 
qualidade, poder se relacionar com a família e o entorno 
social, assim como dar e receber amor por meio dessas 
relações e fez romper o vínculo com o trabalho. 
2. 2º significado: O corpo doente: 
Para os participantes do estudo, o corpo doente 
significava que ter a tuberculose, é ser reconhecido como 
alguém que representa um risco para a saúde dos outros, 
afastamento dos familiares e amigos e mudanças sutis na 
relação com a família, no que diz respeito às atividades 
cotidianas traduzidas, principalmente pela separação de 
utensílios domésticos, simbólica e cotidianamente 
compartilhados por todos. 
o Os participantes atribuem significados de forma 
ambivalente ao ato de separar objetos, pois, ao 
mesmo tempo em que essa atitude indica 
cuidado com o outro, também promove o 
estigma. 
o O corpo doente também significa o sofrimento 
pela ruptura das relações com a equipe de 
saúde, falta de interação, diálogo e afastamento 
dos profissionais da unidade. Os profissionais 
são mal informados sobre a doença. 
o O corpo doente, significou para alguns, algo 
indesejável aos olhos dos próprios familiares, 
que levou as pessoas à exclusão de suas relações 
sociais. 
Para algumas pessoas de o afastamento familiar atua de 
maneira negativa, como despertar a mágoa e depressão; 
o corpo doente impõe para a vida do doente segregação 
física e quebra de afetuosidade. Para outras pessoas de 
forma positiva passando a compreendê-las, uma vez que 
tais atitudes estavam relacionadas na proteção dos 
familiares e no medo do contágio. 
o O corpo doente, para algumas pessoas, 
significou o autoisolamento, ou seja, esse ato foi 
voluntário. Esta atitude justificou-se pela 
preocupação de transmitir a tuberculose para os 
familiares, pois ela evitou ficar próxima aos seus 
filhos. 
 
3. Discussão do texto: 
O corpo com tuberculose produziu diversos significados, 
os quais se modificam no decorrer do tempo e ao longo 
tratamento e criam estratégias efetivas para superar os 
momentos difíceis e vislumbram um recomeço de vida. 
o As pessoas sentem vergonha por ter tuberculose 
e associam a doença como algo ruim e 
perturbador. 
Há uma distinção popular entre o mundo da realidade 
objetiva e o da experiência subjetiva o que acaba 
refletindo no corpo social e político. 
Compreender o compromisso do enfermeiro no 
cuidado à pessoa com tuberculose demonstrou que este 
profissional é capaz de ajudar a pessoa a libertar-se do 
medo da doença, rompendo preconceitos e estigmas. 
Assim, é essencial que todos os profissionais assumam o 
compromisso de ajudar a pessoa a se recuperar de uma 
forma menos sofrida e, sobretudo, influenciar a família 
para encorajá-la no enfrentamento do adoecimento. 
o Enfatiza-se a preocupação de enfermeiras para 
superar a presença do estigma, preconceito e 
rejeição, tanto dentro das famílias, entre os 
amigos, como no trabalho. 
o Destacam-se os esforços das enfermeiras para 
não isolar a pessoa com a doença ou fazê-la se 
sentir inferior por estar com uma doença 
transmissível. 
Outro estudo revelou o impacto físico da tuberculose nas 
experiências corporais, que dificultou a adesão ao 
tratamento farmacológico pela presença dos sintomas 
debilitantes, e dificuldade em realizar movimentos e/ou 
atividades cotidianas. 
 
REDES SOCIAIS DE USUÁRIOS PORTADORES DE 
TUBERCULOSE: A INFLUÊNCIA DAS RELAÇÕES 
NO ENFRENTAMENTO DA DOENÇA 
O Programa Nacional de Controle da Tuberculose 
(PNCT) prioriza a descentralização das medidas de 
controle para a atenção básica, visando à ampliação do 
acesso da população em geral e dos grupos mais 
vulneráveis. Essa descentralização diz respeito ao 
reconhecimento da Atenção Básica (AB) como 
protagonista na coordenação do sistema de atenção à 
saúde por meio do gerenciamento de mecanismos 
organizacionais e materiais que possam garantir a 
longitudinalidade do cuidado. 
As relações como as de familiaridade, parentesco, 
vizinhança e amizade podem ser entendidas como redes 
primárias. Já as redes que apresentam um interesse 
comum, formadas pelo desempenho coletivo de um 
grupo, instituição e movimento, são compreendidas 
como redes secundárias. As redes sociais estabelecem-se 
a partir da confiança entre seus agentes a obtenção de 
informações e recurso de ações instrumentais. 
 Percepção dos sintomas e a busca pelo 
atendimento: 
A percepção pelo indivíduo do agravamento do seu 
quadro clínico, após uso ou não da automedicação ou 
medicamentos caseiros, relacionou-se com a motivação 
para busca ao serviço de saúde. 
o A persistência da tosse revelou uma condição de 
adoecimento para os doentes e para as pessoas 
que os cercavam, seja pelo incomodo provocado 
pelo barulho ou até mesmo pelo fato de pensar 
na possibilidade de ser TB. 
A ESF deve assumir o papel de porta de entrada 
preferencial do usuário ao serviço de saúde, mas é 
notório a escolha pela UPAs como primeira opção na 
busca pela resolução imediata do seuproblema de 
saúde. Isso se deve ao fato de essas unidades 
funcionarem 24 horas por dia, dispor de recursos de 
diagnóstico que podem definir a gravidade do quadro 
clínico do paciente e também pelo desconhecimento dos 
serviços oferecidos pelas unidades de atenção básica. 
A necessidade de qualificação dos profissionais dos 
serviços de saúde que funcionam como porta de entrada 
do usuário se torna fundamental para a detecção da 
doença e para o início do tratamento em tempo 
oportuno. 
 
 O papel da rede primária no cuidado em saúde: 
É importante destacar a influência exercida pelas redes 
primárias no contexto da saúde, principalmente no que 
tange ao cuidado comunitário, podendo ser formadas 
por relações de familiaridade, parentesco, vizinhança e 
amizade. 
O papel da família e das redes sociais na atenção e 
promoção da saúde, atua no fortalecimento de relações 
que produzem saúde ou incrementam a capacidade de 
enfrentar situações críticas e mobilizar recursos 
adequados; no desenvolvimento da capacidade de 
manutenção e promoção de relações de suporte social; e 
na melhoria do acesso aos serviços de saúde, haja vista 
sua função de mediação e de conhecimento das 
oportunidades e dos critérios de acesso. 
 Rede secundária e o seu papel no controle da 
tuberculose: 
Sendo consideradas redes secundárias, as unidades de 
saúde têm papel fundamental na relação com as redes 
primárias para juntas conseguirem agir sobre os 
determinantes coletivos dos problemas de saúde, 
assegurando assim uma assistência integral e resolutiva. 
A importância do vínculo como importante princípio do 
cuidado, visto que possibilitou a construção de uma 
relação de confiança, diálogo e respeito entre o 
profissional de saúde e o paciente, contribuindo assim 
para a aceitação do diagnóstico, compreensão da 
terapêutica adotada e adesão ao tratamento. 
o O Tratamento Diretamente Observado (TDO), 
tratamento padronizado com a supervisão da 
tomada da medicação e apoio ao paciente, 
mostrou-se como uma importante estratégia 
para o desenvolvimento das relações de 
acolhimento, vínculo e de corresponsabilização 
do doente perante o tratamento. 
o Os Agente Comunitário de Saúde (ACS) têm 
colaborado para a construção do elo entre o 
doente e o serviço de saúde. 
Obs.: Cabe à ESF atentar para as peculiaridades de cada 
situação e avaliar as limitações do usuário, visando à 
melhoria da condição de vida deste e buscando sempre 
facilitar o acesso e garantir a adesão ao tratamento. 
Outro ponto observado foi o desconhecimento dos 
serviços oferecidos pela clínica da família influenciando 
no atraso do início do tratamento adequado de alguns 
usuários entrevistados, no entanto o vínculo com a ESF 
tornou-se fundamental para o tratamento. 
 Os diversos capitais da rede: 
Os dados coletados permitiram inferir que o capital 
social e o cultural contribuem e interagem diretamente 
com o capital econômico para fortalecer a determinação 
e reprodução da TB, visto que a perpetuação dessa 
doença está vinculada a populações que vivem em 
condições de pobreza, aglomeração humana e falta de 
saneamento básico. 
1. O capital cultural: Aquele que acumula 
capacidades intelectuais e culturais, sob a forma 
de estado incorporado. Não podendo ser 
transmitido rapidamente, mas sim de forma 
instintiva, mantendo-se marcado pela condição 
primitiva de aquisição. A mensuração do capital 
cultural de maneira menos inexata se dá ao levar 
em consideração o tempo de aquisição que 
engloba a educação familiar, o investimento 
familiar. 
Sendo assim, pensar em estigma social e preconceito e 
como cada indivíduo teve que lidar com o diagnóstico da 
TB remete aos capitais em jogo nas redes dos usuários, 
visto que os capitais, sejam eles econômico, social ou 
cultural, determinam a posição social dos atores, 
influenciam nas atitudes e na forma de lidar com a 
doença, podendo exercer uma função protetora ou 
potencializadora do sofrimento no processo de 
adoecimento de cada indivíduo. 
DOENÇA DE CHAGAS 
A RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE E AS CONDIÇÕES 
DE CRONICIDADE 
A doença representa um ataque ao corpo, não só em sua 
dimensão anátomo-fisiológica, mas também às 
referências simbólicas que cada um possui a respeito 
deste corpo. 
O adoecer, enquanto ataque ao corpo, produz em cada 
sujeito reações particulares que terão relação com as 
condições individuais desenvolvidas inconscientemente 
para lidar com esse ataque. Ao cessar a doença, o 
sentimento depressivo irá regredir com a cura. Ocorre, 
porém, que nem sempre o restabelecimento se dá de 
maneira a trazer o retorno exato às capacidades com que 
contava o indivíduo no tempo anterior à doença. 
A cronicidade, a perda de funções pela doença, as 
restrições definitivas são possibilidades que exigem do 
médico um posicionamento diferente. 
 
 O trabalho de luto: 
O que se pretende nestas circunstâncias é que o paciente 
se adapte à sua restrição, não em mera resignação 
passiva, mas em atitude ativa pela qual ele efetue um 
rearranjo da valoração subjetiva atribuída às áreas e 
funções de seu corpo. Isso implica em trabalho psíquico 
de desinvestimento progressivo das funções perdidas, 
com a consequente substituição daquelas por outras em 
que o paciente possa reencontrar possibilidades de 
alcance de satisfações. 
Cabe ao médico a tarefa de informar seu paciente, de 
maneira tão clara e franca quanto aquele indivíduo 
naquelas circunstâncias tem condições de aceitar, sobre 
seu estado e sobre as decorrências que dele se esperam. 
A partir daí, o médico, ou quem quer que o acompanhe 
em sua recuperação, deve contar com a instalação de um 
período de tristeza mesclada com inconformismo e 
superdimensionamento da perda. 
 A ultrapassagem satisfatória do luto no sentido 
de um rearranjo tanto externo quanto interno 
passa por isso e tomará um tempo que não se 
pode prever. 
A superação do luto não coloca fim às peculiaridades do 
atendimento ao paciente cronicamente afetado. Tem-se 
que considerar que o vínculo que se estabelece entre um 
paciente cronicamente privado de algo de que usufruía e 
um médico que o trata sem poder curá-lo, deva ser 
campo para a interferência de intensos conflitos 
psíquicos. 
 Transferência e cronicidade: 
A dependência, aqui se coloca não mais como algo 
passageiro, mas reflexo de alguma limitação funcional 
duradoura. Cada um traz em si posições particulares 
com relação a depender de outro, sendo para alguns uma 
situação bem compreendida e delimitada. Para outros, 
porém, é algo amplo e inconscientemente desejado. 
Ainda há outros que, lutam contra qualquer condição em 
que possam se ver em sujeição a algo ou a alguém. 
 Se o primeiro caso não promete maiores 
dificuldades, já os dois últimos podem vir a ser 
importantes complicadores para a relação 
médico-paciente, como pode criar uma ferrenha 
resistência a submeter-se às exigências do 
tratamento. 
Outro ponto que se deve considerar e que faz parte da 
transferência é a expectativa de que o médico livre o 
paciente daquele mal-estar em uma ação onipotente e 
conduz a um estado de frustração. As reações que 
sobrevêm a isto tanto podem incluir uma cobrança 
secreta sobre o médico ou outros membros da equipe de 
atendimento como, por outro lado, sentimento de culpa 
pela persistência do quadro. 
 Os exemplos mais comuns de dentes crônicos 
seriam os quadros em que a impossibilidade de 
ultrapassar a perda e a de elaborar uma nova 
condição conduz a reações de inconformismo 
insuperável, com exigências descabidas sobre o 
médico, os familiares, o grupo social e a equipe 
técnica, muitas das vezes com a pretensão 
explícita de compensação pelo seu limite. O 
paciente transforma-se em alguém irritável e 
intolerante, com reações, de uma forma ou de 
outra, agressivas contra os que estão ao seu 
redor. 
Obs.: Quando o paciente manifesta odesejo de ser 
abandonado, ou quando suas atitudes sugerem desprezo 
pelos que o cuidam, oculta a expectativa de que a 
persistência dessas relações representa uma afirmativa 
implícita de acolhimento e aceitação em sua nova 
condição. Por outro lado, esta pode ser a oportunidade 
para manifestar uma raiva invejosa pelos que 
permanecem saudáveis. 
 Contratransferência e cronicidade: 
O profissional fica também exposto a uma revisão 
contínua a suas perdas, fazendo com que reaja às do 
paciente com a sua capacidade de ultrapassá-las. Corre 
assim o risco de inspirar falsas esperanças, impedindo 
que o paciente trabalhe sobre suas perdas. Uma 
identificação inconsciente do médico com os efeitos da 
perda no paciente, funciona como uma manifestação 
disfarçada de seu próprio inconformismo. 
Negar ao paciente o direito de se queixar ou de construir 
seus sintomas é, provavelmente, expressão da 
incapacidade virtual do médico em lidar 
satisfatoriamente com a mesma perda. 
AS REPERCUSSÕES DA DOENÇA DE CHAGAS NO 
CONTEXTO DE VIDA E TRABALHO DE USUÁRIOS 
DE INSTITUTO DE PESQUISA 
A Doença de Chagas produz diversas repercussões tanto 
na vida pessoal como na vida laboral. Particularmente, 
essa doença se caracteriza pelo estigma, por ser 
incurável. Outrossim, também irá provocar mudanças 
nas subjetividades dos afetados, em seus modos de andar 
a vida, levando-se em consideração a centralidade do 
trabalho na vida das pessoas. 
A discussão do adoecimento pela Doença de Chagas e 
suas repercussões físicas e psíquicas e sua vinculação ao 
mundo do trabalho evidenciam seu caráter 
negligenciado, a incapacidade e limitações que ela pode 
gerar nos sujeitos acometidos, assim como o estigma e 
discriminação causados por ela. 
As pessoas relatam sua busca por cuidado, muito 
baseada naquilo que sua rede de contatos, tanto familiar 
como social em geral, colocam para ele como 
importante. No caso específico da Doença de Chagas, a 
rede de apoio familiar trouxe grande contribuição para a 
forma como o cuidado foi buscado, já que a doença 
geralmente acomete mais sujeitos de uma mesma família. 
Observa-se também que existe um conhecimento prévio 
sobre a doença, conhecimento que ele recebe dentro do 
meio familiar e que o orienta na busca de cuidado. 
 Particularidades: 
1. Conflito existente entre diferentes modelos de 
tratamento para a Doença de Chagas: o 
biomédico e ao mesmo tempo à prática 
espiritual. E não avisa ao médico sobre o 
modelo popular, sendo assim, pode se observar 
que o sujeito 'paciente' não adota uma atitude 
passiva diante da prática médica. 
2. O tratamento reestruturou a forma de andar a 
vida, criando uma rotina de disciplina que gerou 
uma melhoria, como se fosse um ganho, já que, 
no passado, sua vida encontrava-se 
desestruturada pela 'falta de ordenamento e 
sentido'. Evidenciou um sentido positivo da 
doença e do tratamento como geradores de 
estrutura para vida do sujeito. 
3. Os significados atribuídos pelo sujeito sobre sua 
própria doença podem não corresponder aos 
significados do médico, o que o leva a ações de 
negação ou ambivalência da doença. 
4. Há paciente que encontra na religião e nas 
atividades da igreja uma forma de manter-se 
ativo, desde quando adquire a doença. 
5. Na pesquisa, os entrevistados, em sua maioria, 
foram afastados de seu trabalho formal devido à 
doença. O medo de ser considerado incapaz de 
realizar seu trabalho e interromper seus sonhos 
de progressão na carreira militar está presente. 
Dessa maneira, observa-se, no percorrer das narrativas, 
que a Doença de Chagas opera mudanças radicais no 
contexto de vida e de trabalho desses sujeitos, mas que, 
diante desse novo panorama em que se encontram, 
buscam novas formas de enfrentamento das condições 
impostas pela nova situação causada a partir da doença. 
A atividade de trabalho em si caracteriza-se por um certo 
grau de imprevisibilidade, e é impossível listar 
completamente o que a constitui e, desta maneira, 
manifesta-se a chamada infidelidade do meio. De acordo 
com Schwartz, "o meio é sempre mais ou menos infiel, 
ele jamais se repete exatamente de um dia para outro ou 
de uma situação para outra". 
Os sujeitos entrevistados vivenciavam situações que não 
gostariam de estar, pois a doença é capaz de impor uma 
nova condição de vida e trabalho. O afastamento 
obrigatório do trabalho, por vezes, gera uma insatisfação, 
tendo em vista o caráter central que o trabalho ocupa na 
vida desses sujeitos. 
Foi recorrente também nas entrevistas analisadas que os 
sujeitos são expostos a diferentes e diversas infidelidades, 
pois sua nova situação de trabalho, muitas vezes informal 
e doméstica, como também sua nova condição física e 
demais restrições impõem tal condição. Tais condições 
adversas acabam conduzindo esses sujeitos no caminho 
de utilizar seus recursos e capacidades, e também suas 
escolhas conscientes e inconscientes para o 
enfrentamento de tais infidelidades. 
Por serem impedidos de trabalhar formalmente, os 
sujeitos são levados a encontrar novas formas de 
atividade, ou também formas de continuar no seu 
trabalho formal, a partir de renormatizações, com o 
intuito de continuar a trabalhar e adaptar- se a sua nova 
condição de saúde. 
o Durante o percurso das narrativas, conseguiu-se 
analisar que o sujeito 'paciente' não possui uma 
característica passiva. Na verdade, ele faz usos de 
si no trabalho e na vida e é capaz de buscar 
alternativas próprias ao seu tratamento. 
Também é detentor de um conhecimento sobre 
a sua doença, conhecimento este originado do 
seu contexto familiar e social. Muitas vezes o 
tratamento médico tradicional sozinho mostra-
se incapaz de responder aos anseios e crenças 
desses sujeitos, que buscam novos caminhos, 
que podem ser tratamentos espirituais, práticas 
religiosas etc., que seguem em concomitância e 
complementares à prática médica tradicional.

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