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PRÁTICAS TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIA PROF. LEONARDO ATILIO BRUMATO REGINA REITORIA: Dr. Roberto Cezar de Oliveira PRÓ-REITORIA: Profa. Ma. Gisele Colombari Gomes DIREÇÃO DE GESTÃO EAD: Prof. Me. Ricardo Dantas Lopes EQUIPE DE PRODUÇÃO DE MATERIAIS: Diagramação Revisão textual Produção audiovisual Gestão WWW.UNINGA.BR 33WWW.UNINGA.BR UNIDADE 01 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................. 5 1. DOS PRINCÍPIOS TRABALHISTAS ....................................................................................................................... 6 1.1 PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO AO TRABALHADOR ................................................................................................. 6 1.2 PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE ........................................................................................................ 7 1.3 PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DA RELAÇÃO DE EMPREGO ......................................................................... 7 1.4 PRINCÍPIO DA INALTERABILIDADE CONTRATUAL LESIVA ............................................................................ 7 1.5 PRINCÍPIO DA INTANGIBILIDADE SALARIAL ................................................................................................... 8 1.6 PRINCÍPIO DA IRRENUNCIABILIDADE DOS DIREITOS ................................................................................... 8 2. RELAÇÃO DE TRABALHO X RELAÇÃO DE EMPREGO ........................................................................................ 9 2.1 DAS RELAÇÕES DE TRABALHO .......................................................................................................................... 9 2.1.1 ESTÁGIO PROFISSIONAL .................................................................................................................................. 9 CONCEITOS JURÍDICOS PROF. LEONARDO ATILIO BRUMATO REGINA ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: PRÁTICAS TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIA 4WWW.UNINGA.BR EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2.1.2 TRABALHO EVENTUAL .................................................................................................................................... 10 2.1.3 TRABALHO AUTÔNOMO .................................................................................................................................. 10 2.1.4 TRABALHO TEMPORÁRIO ............................................................................................................................... 10 2.1.5 TRABALHO AVULSO ..........................................................................................................................................11 2.2 DAS RELAÇÕES DE EMPREGO ..........................................................................................................................11 2.2.1 EMPREGO DOMÉSTICO ...................................................................................................................................11 2.2.2 DA RELAÇÃO DE EMPREGO ORDINÁRIA...................................................................................................... 12 3. DOS REQUISITOS DA RELAÇÃO DE EMPREGO ................................................................................................ 12 3.1 SUBORDINAÇÃO.................................................................................................................................................. 12 3.2 HABITUALIDADE ................................................................................................................................................ 13 3.3 ONEROSIDADE ................................................................................................................................................... 13 3.4 PESSOALIDADE .................................................................................................................................................. 13 3.5 DA PESSOA FÍSICA ............................................................................................................................................ 14 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................ 14 5WWW.UNINGA.BR PR ÁT IC AS T RA BA LH IS TA E P RE VI DE NC IÁ RI A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO O Objetivo desta unidade consiste em apresentar os princípios e os conceitos do direito trabalhista e previdenciário. No emprego prático da contabilidade, é de suma importância ter o conhecimento das leis que determinam o balizamento da atividade prática, regulando de que forma devem ser realizados os cálculos. Todos aqueles que trabalham com questões jurídicas, incluindo empresários, contadores e aqueles que realizam cálculos contábeis, precisam interpretar as leis que se aplicam a seu trabalho. Quando se fala em interpretação de leis, não basta conhecer apenas a letra da lei: é preciso conhecer seus princípios e conceitos, pois apenas com eles em mente é possível interpretar as leis no sentido pretendido pelo legislador que as criou, evitando problemas futuros. Com isso em mente, iremos logo adiante conhecer como funcionam as relações de trabalho e previdenciárias, aprendendo como aplicar na prática os fundamentos e as orientações para a interpretação das normas trabalhistas e previdenciárias. 6WWW.UNINGA.BR PR ÁT IC AS T RA BA LH IS TA E P RE VI DE NC IÁ RI A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1. DOS PRINCÍPIOS TRABALHISTAS O direito trabalhista é uma área fundamental do ordenamento jurídico que regulamenta as relações entre empregadores e empregados. Seu objetivo é garantir a proteção dos direitos dos trabalhadores e promover a justiça nas relações de trabalho. Nesse sentido, o estudo dos princípios do direito trabalhista desempenha um papel crucial, pois esses princípios servem como fundamentos e orientações para a interpretação e aplicação das normas trabalhistas. Por razões históricas, os trabalhadores sempre sofreram abusos por parte de seus empregadores, não possuindo nenhuma garantia do dia de amanhã e � cando à mercê de sua própria sorte caso encontrasse algum infortúnio como uma doença ou um acidente de trabalho, como acontecia na Europa durante a revolução industrial, o que levou os trabalhadores a se organizarem em sindicatos visando a melhoria de condições de trabalho e de vida, tendo tal movimento se espalhado pelo mundo todo posteriormente. 1.1 Princípio da Proteção ao Trabalhador O primeiro e mais importante princípio é o princípio da proteção ao trabalhador. O direito do trabalho, diferentemente dos outros braços da justiça, como penal, cível e previdenciária, foi criado para proteger uma das partes envolvidas: os trabalhadores. Pelas razões históricas já citadas, sabe-se que a relação entre empregador e empregado não é igualitária, sendo estes hipossu� cientes (fracos) em relação a aqueles. Este princípio apresenta três subdivisões, que, em conjunto, atuam para uma proteção global ao trabalhador. A primeira é a in dubio pro operário: na falta de provas cabais de como era a realidade da relação trabalhista, prevalecerá a versão apresentada pelo empregado: cabe sempre ao empregador comprovar as condições de trabalho, assim como a segurança e o efetivo pagamento de todos os direitos do trabalhador. A segunda é norma mais favorável: não é incomum no mundo jurídico, que existam duas ou mais normas que se aplicam ao caso concreto, condição esta conhecida como con� ito de normas. Pode-se usar como exemplo casos nos quais a convenção coletiva, negociada pelos sindicatos, prevê um benefício de mesma espécie, porém menor do que a própria lei prevê, a que prevalecerá é o convencionado em lei. No caso contrário, da lei prever um benefício de mesma espécie, porém menor, do que a convençãoa constante atualização pessoal de cada pro� ssional. 3030WWW.UNINGA.BR UNIDADE 03 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................ 31 1. DOS DESCONTOS E DEMAIS RECOLHIMENTOS .............................................................................................. 32 1.1 DAS FALTAS .......................................................................................................................................................... 32 1.2 DO VALE TRANSPORTE ...................................................................................................................................... 33 1.3 INSS – CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA ...................................................................................................... 34 1.3.1 VALOR DEVIDO PELO CONTRIBUINTE ........................................................................................................... 34 1.3.2 INSS PATRONAL .............................................................................................................................................. 35 1.4 IRRF (IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE) ............................................................................................ 36 1.5 CONTRIBUIÇÃO SINDICAL ................................................................................................................................ 37 1.6 FGTS ..................................................................................................................................................................... 39 1.7 PRÓ-LABORE E AUTÔNOMOS ........................................................................................................................... 39 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................40 DESCONTOS TRABALHISTAS E PREVIDENCIÁRIOS PROF. LEONARDO ATILIO BRUMATO REGINA ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: PRÁTICAS TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIA 31WWW.UNINGA.BR PR ÁT IC AS T RA BA LH IS TA E P RE VI DE NC IÁ RI A | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Se na unidade anterior abordamos os proventos trabalhistas que são devidos aos empregados, nesta unidade, iremos abordar os descontos que devem ser realizados em folha de pagamento. Mais uma vez, o foco e atenção são extremamente necessários ao operador das áreas contábeis, jurídicas e a� ns, não apenas nos proventos nos quais pode-se lesar o trabalhador, mas também nos descontos: qualquer valor não descontado é prejuízo para a empresa pagadora; da mesma forma que descontos indevidos podem acarretar em diversos problemas e até mesmo custosas demandas judiciais. Com isso em mente, iremos logo adiante conhecer os conceitos e as classi� cação dos descontos, assim como aplicar na prática os fundamentos e orientações para a interpretação e aplicação real da matéria aqui apresentada. 32WWW.UNINGA.BR PR ÁT IC AS T RA BA LH IS TA E P RE VI DE NC IÁ RI A | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1. DOS DESCONTOS E DEMAIS RECOLHIMENTOS Em diversas ocasiões, é necessário realizar descontos na folha de pagamento dos empregados. Nossa legislação determina que, em certas situações, a empresa atue como mediadora de recolhimentos devidos pelos empregados, sendo papel crucial a ser desenvolvido com clareza e objetividade, evitando prejuízos a qualquer uma das partes envolvidas. Sejam por penalizações como faltas, por co-participação em custeio de benefícios como vale transporte ou vale alimentação, ou ainda descontos destinados ao recolhimento de impostos devidos pelo empregado, os descontos devem ser realizados sempre de forma a não deixar qualquer sombra de dúvidas sobre sua procedência. A seguir, seremos apresentados aos descontos legais que podem vir a ocorrer. 1.1 Das Faltas O empregado que faltar injusti� cadamente não só perde o direito ao DSR daquela semana, como também pode ter descontado em seu pagamento o dia de trabalho não cumprido; sem contar a possibilidade da diminuição do período de férias em caso de múltiplas faltas. As faltas justi� cadas estão descritas no art. 473 da CLT (BRASIL, 1943): Art. 473 - O empregado poderá deixar de comparecer ao serviço sem prejuízo do salário: I - até 2 (dois) dias consecutivos, em caso de falecimento do cônjuge, ascendente, descendente, irmão ou pessoa que, declarada em sua carteira de trabalho e previdência social, viva sob sua dependência econômica; II - até 3 (três) dias consecutivos, em virtude de casamento; III - por 5 (cinco) dias consecutivos, em caso de nascimento de � lho, de adoção ou de guarda compartilhada; IV - por um dia, em cada 12 (doze) meses de trabalho, em caso de doação voluntária de sangue devidamente comprovada; V - até 2 (dois) dias consecutivos ou não, para o � m de se alistar eleitor, nos termos da lei respectiva. VI - no período de tempo em que tiver de cumprir as exigências do Serviço Militar referidas na letra “c” do art. 65 da Lei nº 4.375, de 17 de agosto de 1964 VII - nos dias em que estiver comprovadamente realizando provas de exame vestibular para ingresso em estabelecimento de ensino superior. VIII - pelo tempo que se � zer necessário, quando tiver que comparecer a juízo. IX - pelo tempo que se � zer necessário, quando, na qualidade de representante de entidade sindical, estiver participando de reunião o� cial de organismo internacional do qual o Brasil seja membro. X - pelo tempo necessário para acompanhar sua esposa ou companheira em até 6 (seis) consultas médicas, ou em exames complementares, durante o período de gravidez; XI - por 1 (um) dia por ano para acompanhar � lho de até 6 (seis) anos em consulta médica. XII - até 3 (três) dias, em cada 12 (doze) meses de trabalho, em caso de realização de exames preventivos de câncer devidamente comprovada. Parágrafo único. O prazo a que se refere o inciso III do caput deste artigo será contado a partir da data de nascimento do � lho (BRASIL, 1943). Para calcular o valor do desconto, basta dividir o salário mensal por 30 e multiplicar o resultado pelo número de faltas. O mesmo cálculo vale para eventuais adicionais que o trabalhador tenha direito, como noturno, periculosidade e insalubridade. 33WWW.UNINGA.BR PR ÁT IC AS T RA BA LH IS TA E P RE VI DE NC IÁ RI A | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Exemplo: Um determinado empregado recebe R$3.000,00 mensais mais adicional de periculosidade. Caso venha a faltar 3x no mês, qual será o valor do desconto a título de faltas em seu holerite? R$3.000,00/30 = R$100,00 R$100*3 = R$300,00 -> valor referente ao salário. R$3.000,00*0,3=R$900,00 R$900/30 = R$30,00 R$30,00*3 = R$90,00 -> referente ao adicional. Concluímos, portanto, que o desconto a título de faltas será de R$390,00; além de eventual desconto a título de DSR. Contabilização da falta: D - Salários a pagar (PC) 390,00 C - Salários (DR) 390,00 1.2 Do Vale Transporte O vale transporte é um benefício que o trabalhador tem direito caso não tenha meios próprios de se locomover até o trabalho. Todavia, não é um benefício a título gratuito: o benefício deve ser solicitado expressamente à empresa, além de possuir uma contraprestação do empregado, equivalente a até 6% de seu salário base; sendo apenas o valor excedente de responsabilidade da empresa. Caso prático: Um empregado recebe um salário mensal de R$2.200,00 e fez o requerimento do vale transporte que, cujo custo total será de R$175,00. Qual será o valor do desconto dele e quanto a empresa precisará pagar? Neste caso calculamos o valor máximo de desconto a título de VT, que no caso é de R$2.200,00*6%= R$132,00. Considerando que o custo total é de R$175,00, então serão descontados R$132,00 do empregado e os R$43,00 restantes serão arcados pela empresa. Contabilizaçãoda compra do VT: D - VT a comprar (AC) 175,00 C - Banco (AC) 175,00 Contabilização na folha: D - VT (DR) 43,00 D - Salários a Pagar (PC) 132,00 C - VT a Apropriar (AC) 175,00 34WWW.UNINGA.BR PR ÁT IC AS T RA BA LH IS TA E P RE VI DE NC IÁ RI A | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.3 INSS – Contribuição Previdenciária Trata-se de encargo trabalhista que deve ser descontado mensalmente da remuneração do empregado, pelo empregador, e recolhido aos cofres da Previdência Social. O recolhimento deve sempre ser realizado até o dia 20 de cada mês. O desconto deve ser realizado conforme as alíquotas de� nidas pelo poder executivo. O INSS divide-se entre o valor devido pelo segurado contribuinte e o valor devido pela empresa, conhecido como INSS patronal. 1.3.1 Valor devido pelo contribuinte Atualmente, o recolhimento é escalonado conforme a renda do contribuinte, no que é chamado de tabela progressiva, assim como o Imposto de Renda. Os valores presentes na � gura a seguir foram extraídos da PORTARIA INTERMINISTERIAL MPS/MF Nº 27, de 04/05/2023 e têm aplicação sobre as contribuições a partir da competência maio/2023. Figura 1 – Alíquota progressiva para � ns de recolhimento ao INSS. Fonte: Portaria Interministerial MPS/MF (2023). O teto de desconto do INSS para colaboradores CLT para 2023 é de R$ 876,95. Importante frisar que não é devido recolhimento de INSS sobre a parcela que ultrapassa o teto, hoje equivalente a R$7.507,49. Exemplo: Um empregado ganha R$5250,00, utilizando-se a tabela progressiva, qual será o recolhimento de INSS devido? A tabela progressiva prevê que, para cada faixa, o contribuinte irá recolher o proporcional integralmente, até que chegue no limite de sua remuneração, ou ao teto do INSS. Na primeira � xa, recolhemos 7,5% sobre 1.320,00, o que equivale a R$99,00; na segunda � xa, recolhemos 9% sobre R$1251,29 (resultado da subtração do teto da alíquota por sua base: R$2571,29 - R$1320,01); o que equivale a R$112,62; na terceira faixa, recolhemos 12% sobre R$1285,65; subtraindo novamente o mínimo da alíquota de seu máximo dentro da mesma faixa, o que equivale a R$154,28. Por � m, na última faixa, devemos utilizar, ao invés do teto da alíquota, o valor da remuneração, subtraindo dela, o valor base da alíquota, no caso, R$5250,00 - 3856,95. O resultado é R$1.393,05, e, sobre ele, recolhemos então 14%, o que equivale a R$195,02. Para chegarmos ao resultado � nal do recolhimento a ser descontado do empregado, basta somar o valor obtido em cada faixa: R$99,00 + R$112,62 + R$154,28 + R$195,02, totalizando R$560,02 a ser descontado do empregado em sua folha de pagamento. 35WWW.UNINGA.BR PR ÁT IC AS T RA BA LH IS TA E P RE VI DE NC IÁ RI A | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Caso queira-se calcular a alíquota efetiva do recolhimento, dividir o valor recolhido pela remuneração total, no caso, R$560,02/R$5.250,00, o que totaliza cerca de 10,66%. Contabilização do INSS do funcionário: D - Salários a pagar (PC) 560,02; C - INSS a Recolher (PC) 560,02. 1.3.2 INSS patronal As empresas enquadradas no regime normal de tributação, lucro real ou lucro presumido, devem recolher à previdência social o equivalente a 20% da remuneração do funcionário. As empresas pertencentes ao simples nacional realizam o recolhimento do INSS patronal por meio do Documento de Arrecadação do Simples Nacional (DAS), quando enquadradas nos anexos I, II, III e V. Além dos 20%, são recolhidos também o RAT (Riscos Ambientais do Trabalho), que podem ser equivalentes a 1, 2 ou 3%, de acordo com a exposição a que está exposto o funcionário. A tabela é vinculada ao CNAE cadastrado no cartão CNPJ da empresa, devendo sempre ser consultada nos órgãos governamentais pelo pro� ssional antes do cálculo. Existem ainda recolhimentos diversos realizados em prol de entidades como SENAI, SESI, SESC, de até 5,8%. Com isto em mente, concluímos que a alíquota média a ser paga usualmente é equivalente a 27,8%, valor que será tomado como base de cálculo. Utilizando o mesmo exemplo anterior, no qual um funcionário possui uma remuneração de R$5.250,00, qual seria o valor hipotético máximo de recolhimento patronal? R$5.250,00 x 27,8% = R$1.459,50 Contabilização INSS Patronal: D- INSS (DR) 1459,50; C- INSS (PC) 1459,50. Para o cálculo sobre as férias, deve-se acrescentar o terço constitucional à base de cálculo. No exemplo em questão, o valor mensal a ser provisionado seria: R$5.250,00/12 = R$437,50-> valor base mensal. R$437,50+ um terço = R$583,33-> valor base acrescido do terço constitucional. R$583,33 x 27,8% = R$162,16 -> valor do INSS patronal que deve ser provisionado a cada mês a título de férias. Contabilização INSS Patronal sobre férias: D- INSS (DR) 162,16; C- INSS s/ férias a recolher (PC) 162,16. Para contabilização do INSS patronal sobre o 13º salário, utilizamos o mesmo cálculo anterior sem o acréscimo do terço constitucional: R$5.250,00/12 = R$437,50; R$437,50 x 27,8% = R$121,62. 36WWW.UNINGA.BR PR ÁT IC AS T RA BA LH IS TA E P RE VI DE NC IÁ RI A | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Contabilização INSS Patronal sobre 13º: D- INSS (DR) 121,62; C- INSS s/ 13º a recolher (PC) 121,62. 1.4 IRRF (Imposto de Renda Retido na Fonte) O imposto de renda é um valor devido exclusivamente pelo empregado, cuja lei determina o desconto direto na fonte pagadora, facilitando assim a cobrança estatal do Imposto. Neste sentido, o citado imposto segue uma tabela progressiva, assim como o INSS: Figura 2 – Tributação de 2023. Fonte: Gov.br (2023). Todavia, diferentemente do INSS, não existe um teto de recolhimento, ou seja, todo e qualquer valor que ultrapassa o teto de R$4.664,68 irá gerar obrigação do recolhimento de 27,5% de seu equivalente, não interesse o quão grande seja o valor. A base de cálculo parte da remuneração total do empregado, todavia, é reduzida nos seguintes casos: 1 - R$189,59 por � lho ou dependente menor de 21 anos, estendidos até 24 anos caso seja estudante; 2 - Os valores pagos a título de pensões alimentícias em cumprimento de sentença judicial, inclusive alimentos provisionais; 3 - O valor pago a título de contribuição para a Previdência Social da União, Estados, Distrito Federal ou Municípios. Exemplo 1: Um funcionário recebe R$2.100,00, possuindo um � lho de 15 anos e outro de 12 anos. Quanto ele irá contribuir a título de IRRF? Partimos da base de cálculo de R$2.200,00, dela diminuímos: - INSS -> R$169,20; - Dependentes x2 -> R$379,18; Assim, a base de cálculo passa a ser R$1.651,62. Como a faixa isenção é de 2.112,00, não existe imposto a ser retido pelos empregados. 37WWW.UNINGA.BR PR ÁT IC AS T RA BA LH IS TA E P RE VI DE NC IÁ RI A | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Exemplo 2: um funcionário recebe o equivalente a R$4.000,00 mensais, possuindo um � lho de 5 anos. qual será o valor da retenção na fonte do IRRF? Primeiramente calculamos a base de cálculo, partindo de R$4.000,00, devemos subtrair: - INSS -> R$385,92; - Dependente -> R$189,59. Assim, nossa base de cálculo será R$3.424,49; logo, sabemos que: Na primeira faixa, será o equivalente a R$53,60. Na segunda faixa, deverão ser descontados 15% sobre a diferença entre a base da faixa 2 e o salário de nossa base de cálculo, no caso, R$597,83 reais. Assim, R$597,83 x 15% = R$89,67. O mesmo valor pode ser obtido calculando-se o máximo da base de cálculo da maior faixa sobre a qual o imposto incide; aplicando-se o desconto posteriormente, no caso: R$3.424,49*15% = R$513,67; R$513,67 - 370,40 = R$143,27. Somando os descontos em ambas as faixas, chegamos a um total de R$143,27 que devem ser descontados do empregado a título de IRRF. Contabilização do IRRF: Referente ao IRRF a pagar sobre a folha de pagamento: D- salários a pagar (PC) 143,27; C- IRRF a recolher (PC) 143,27. Referente ao pagamento do IRRF incidente sobre a folha de pagamento: D - IRRF a recolher (PC) 143,27; C- banco c/ movimento (AC) 143,27. 1.5 Contribuição Sindical A contribuição sindical foi regulamentada pela CLT, antigamente obrigatória, passou a ser facultativa após a reforma trabalhista: O vídeo a seguir apresenta exemplos narrados de cálculos sobre INSS e IRRF: https://www.youtube.com/watch?v=Ium_q0pqtKg. 38WWW.UNINGA.BR PR ÁT IC AS T RA BA LH IS TA E P RE VI DE NC IÁ RI A | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Art. 578. As contribuições devidas aos sindicatos pelos participantes das categorias econômicas ou pro� ssionais ou das pro� ssões liberais representadas pelas referidas entidades serão, sob a denominação de contribuição sindical, pagas, recolhidas e aplicadas na forma estabelecida neste Capítulo, desde que prévia e expressamente autorizadas. Art. 579. O desconto da contribuição sindical está condicionado à autorização prévia e expressa dos que participarem de uma determinada categoria econômica ou pro� ssional, ou de uma pro� ssão liberal, em favor do sindicato representativo da mesma categoria ou pro� ssão ou, inexistindo este, na conformidade do disposto no art. 591 desta Consolidação. Art. 580. A contribuição sindical será recolhida, de uma só vez, anualmente e consistirá: I - Na importância correspondente à remuneração de um dia de trabalho, para os empregados, qualquer que seja a forma da referida remuneração; (...) Art. 582. Os empregadores são obrigados a descontar da folha de pagamento de seus empregados relativa ao mês de março de cada ano a contribuição sindical dos empregados que autorizaram prévia e expressamente o seu recolhimento aos respectivos sindicatos (BRASIL, 1943). Trata-se de aplicação simples de texto disposto em lei. A base de cálculo será sempre a remuneração do empregado; exemplo: Um empregado recebe um salário mensal de R$2.500,00, mais R$500,00 de comissão média, qual o valor do desconto? Neste caso, a base de cálculo é de R$3.000,00 (R$2.500,00 + R$500,00); bastando dividir R$3.000,00 pela quantidade de dias do mês, para chegar ao valor do dia de trabalho. R$3.000,00/30 = R$100,00. Contabilização da contribuição sindical: D - salários a pagar (PC) 100,00; C- contribuição sindical a recolher (PC) 100,00. A contribuição sindical era obrigatória até 2017, quando, na reforma trabalhista, foi transformada em uma contribuição opcional. Como consequência, houve enfraquecimento dos movimentos sindicais, eis que a maior parte de suas receitas advinha da contribuição. Por outro lado, se tornando opcional, muitos sindicatos se viram obrigados a fornecer uma maior quantidade de serviços e facilidades aos seus fi liados, melhorando a qualidade do serviço prestado e da gestão dos valores recebidos, enquanto outros não tiveram condições de continuar prestando os serviços na mesma escala e qualidade. Existe uma discussão política atual sobre a necessidade ou não da volta da obrigatoriedade da contribuição sindical. O que você pensa sobre o assunto? 39WWW.UNINGA.BR PR ÁT IC AS T RA BA LH IS TA E P RE VI DE NC IÁ RI A | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.6 FGTS O FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) foi criado para salvaguardar o trabalhador que é demitido sem justa causa. Trata-se de benefício devido ao trabalhador no valor de 8% de sua remuneração mensal, em que a empresa deve depositar esse valor na conta própria em nome do trabalhador vinculada à Caixa Econômica Federal, sob gestão do Governo Federal. Não se trata de um desconto propriamente dito; mas um valor que é repassado para o fundo de gestão pública, que aguardará eventual levantamento pelo empregado. Exemplo: Um empregado recebe R$2.100,00 de salário mais R$500,00 de comissão. Pegamos a remuneração total e multiplicamos por pela alíquota do FGTS: R$2.600,00 x 8% = R$208,00. Contabilização do FGTS: D - FGTS (DR) 208,00; C- FGTS a recolher (PC) 208,00. 1.7 Pró-Labore e Autônomos Pró-Labore se refere ao valor recebido pelos sócios da empresa todos os meses a título de pagamentos pelos seus serviços; autônomos são terceiros, são pessoas físicas contratadas em formatos distintos do habitual disposto na CLT, em que não existe reconhecimento de vínculo de trabalho por faltar alguma das características necessárias. Ao realizar o pagamento de quaisquer destes, a empresa deve proceder ao desconto de 11% referente ao INSS, além do IRRF, se incidente, nos mesmos moldes explanados anteriormente. Ainda, a empresa deve recolher 20% sobre o valor bruto do pró-labore a título de INSS patronal. Não há previsão de recolhimento do FGTS. Exemplo: Um empresário retira um pró-labore de R$3.500,00. Sabemos que ele possui um dependente de 10 anos. Qual será o valor líquido de seu pró-labore? PRÓ-LABORE BRUTO R$3.500,00 - (INSS) R$385,00 Base de cálculo do IRRF R$3.115,00 - R$189,59 = R$2.925,41 R$ 2925,41* 15%= 438,81 438,81 - 370,40 = R$68,41 de IRRF Você sabe o que acontece com o FGTS após o depósito em conta vinculada na Caixa Econômica Federal? O dinheiro fi ca parado? Existe gestão desse dinheiro? Você pode conferir essas e outras questões pertinentes no link: https://www.infomoney.com.br/ guias/fgts/. 40WWW.UNINGA.BR PR ÁT IC AS T RA BA LH IS TA E P RE VI DE NC IÁ RI A | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Total líquido: R$3.115,00 - R$68,41 = R$3.046,59 INSS PATRONAL = R$3.500,00 X 20% = R$700,00. Contabilização pró-labore: D - Pró labore R$3.500,00; C - Pró labore a pagar R$3.500,00. D - Pró labore a pagar R$385,00; C - INSS a recolher R$385,00. D- Pró labore a pagar R$68,41; C- IRRF a recolher R$68,41. Contabilização INSS patronal sobre pró labore: D - INSS R$700,00; C - INSS a recolher R$700,00. CONSIDERAÇÕES FINAIS Chegamos ao � nal da unidade na qual aprendemos os conceitos e aplicações dos descontos trabalhistas aplicáveis em decorrência da relação jurídica de empregado - empregador. Neste ponto, aprendemos a diferenciar e classi� car cada um dos tipos reconhecidos de descontos, juntamente com os cálculos necessários para se chegar aos valores corretos e a forma correta de realizar os lançamentos contábeis. Assim como no unidade anterior, devemos sempre nos atentar que a matéria trabalhista e previdenciária é alvo de constante regulamentação e mudança pelo poder público, especialmente alterações em leis, decretos ou instruções normativas que podem vir a in� uenciar a maneira como são realizados os cálculos dos benefícios; sendo de suma importância a constante atualização pessoal de cada pro� ssional. Muitos sócios de empresas optam por possuir pró-labores em valores mais baixos e realizar distribuição de lucros ao fi nal do ano. Tal prática ocorre por conta da diferença tributária entre as duas espécies, pois, na presente data, não existe previsão legal de taxação sobre a distribuição de lucros, apesar de estarem sendo discutidos projetos de lei neste sentido. 4141WWW.UNINGA.BR UNIDADE 04 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................ 42 1. SUSPENSÃO DE CONTRATO DE TRABALHO ...................................................................................................... 43 2. DA INTERRUPÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO ........................................................................................... 43 3. DA RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO ...................................................................................................443.1 CONCEITOS .........................................................................................................................................................44 3.2 DO VENCIMENTO DE CONTRATO POR TEMPO DETERMINADO .................................................................. 45 3.3 DA RESCISÃO POR JUSTA CAUSA .................................................................................................................... 45 3.4 PEDIDO DE DEMISSÃO ...................................................................................................................................... 46 3.5 DA RESCISÃO INDIRETA ................................................................................................................................... 46 3.6 DA RESCISÃO CONSENSUAL ............................................................................................................................ 46 3.7 AVISO PRÉVIO .................................................................................................................................................... 47 3.8 DA ELABORAÇÃO DA RESCISÃO ...................................................................................................................... 48 3.9 REVERSÕES ........................................................................................................................................................ 51 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................ 51 SUSPENSÃO, INTERRUPÇÃO E RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO PROF. LEONARDO ATILIO BRUMATO REGINA ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: PRÁTICAS TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIA 42WWW.UNINGA.BR PR ÁT IC AS T RA BA LH IS TA E P RE VI DE NC IÁ RI A | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Como toda outra espécie de contrato, o contrato de trabalho pode ser suspenso, interrompido ou rescindido, de forma voluntária ou involuntária, ou ainda de forma unilateral ou consensual. Nesta unidade, estaremos aprendendo sobre cada uma das ocorrências que podem vir a acontecer em um contrato de trabalho e quais são suas consequências, assim como iremos aprender a realizar os cálculos pertinentes para resolução destas situações. Mãos à obra! 43WWW.UNINGA.BR PR ÁT IC AS T RA BA LH IS TA E P RE VI DE NC IÁ RI A | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1. SUSPENSÃO DE CONTRATO DE TRABALHO A legislação prevê que adversidades podem surgir durante o contrato de trabalho, razão pela qual existem regras que regem quais são os limites impostos ao empregado e ao empregador durante a ocorrência de tais situações. Sabemos que, pelo princípio da continuidade da relação de trabalho, deve-se sempre prezar pela manutenção do vínculo empregatício, razão pela qual a lei prevê que, mesmo na ocorrência de determinados fatos, o contrato de trabalho será meramente suspenso e não extinto como um todo. A suspensão do contrato de trabalho é meramente uma paralisação temporária: o empregado deixa de trabalhar e o empregador deixa de pagar o salário. acontece em situações nas quais o empregado é impedido de trabalhar por questões legais, com convocação para servir ao exército, no surgimento de doenças incompatíveis com o trabalho, em que o empregado é afastado e passa a ser remunerado pelo INSS após 15 dias do afastamento, licença maternidade, greve, ou ainda, da aposentadoria por invalidez, na qual existe mera suspensão do contrato de trabalho, com manutenção do plano de saúde do empregado, conforme a súmula 440 do TST. Na suspensão, o empregador deixa de recolher FGTS e o tempo suspenso não conta para aquisição de benefícios ou tempo de serviço. A essa regra existem duas exceções: nos casos de serviço militar e acidente do trabalho; no primeiro caso, o art. 473, VI da CLT (BRASIL, 1943) prevê que o empregado não pode sofrer qualquer ônus por conta do serviço obrigatório prestado e tem direito a retornar ao trabalho nos 30 dias subsequentes ao término do serviço, devendo informar a intenção ao empregador por meio de carta registrada, tendo o tempo de serviço militar contado como tempo de trabalho para efeito de indenização e estabilidade. No segundo caso, sendo comprovado que o afastamento é consequência de acidente de trabalho ou doença equiparada a ele, a lei entende que a empresa possui ônus adicional de continuar a contribuir com o FGTS do empregado, eis que a doença que o acomete tem relação direta com o trabalho previamente desenvolvido, portanto, seria prejudicial ao empregado deixar de receber tal benefício por situação na qual a empresa possui responsabilidade. Existe ainda o caso da licença maternidade, na qual todos os benefícios persistem mesmo com a suspensão do contrato de trabalho, como aquisição de férias, 13º, FGTS etc. 2. DA INTERRUPÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO Na interrupção do contrato de trabalho, existe uma ausência provisória de prestação de serviço, sendo devido o salário, é computado o tempo de afastamento. A interrupção é uma benesse legal ao empregado, majoritariamente por questões humanitárias, permite que o empregado deixe de comparecer ao trabalho, mas receba normalmente sua remuneração como se tivesse trabalhado efetivamente. As hipóteses estão descritas no art. 473 da CLT: Art. 473 - O empregado poderá deixar de comparecer ao serviço sem prejuízo do salário: I - até 2 (dois) dias consecutivos, em caso de falecimento do cônjuge, ascendente, descendente, irmão ou pessoa que, declarada em sua carteira de trabalho e previdência social, viva sob sua dependência econômica; II - até 3 (três) dias consecutivos, em virtude de casamento; III - por 5 (cinco) dias consecutivos, em caso de nascimento de � lho, de adoção ou de guarda compartilhada; 44WWW.UNINGA.BR PR ÁT IC AS T RA BA LH IS TA E P RE VI DE NC IÁ RI A | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA IV - por um dia, em cada 12 (doze) meses de trabalho, em caso de doação voluntária de sangue devidamente comprovada; V - até 2 (dois) dias consecutivos ou não, para o � m de se alistar eleitor, nos têrmos da lei respectiva. VI - no período de tempo em que tiver de cumprir as exigências do Serviço Militar referidas na letra “c” do art. 65 da Lei nº 4.375, de 17 de agosto de 1964; VII - nos dias em que estiver comprovadamente realizando provas de exame vestibular para ingresso em estabelecimento de ensino superior; VIII - pelo tempo que se � zer necessário, quando tiver que comparecer a juízo; IX - pelo tempo que se � zer necessário, quando, na qualidade de representante de entidade sindical, estiver participando de reunião o� cial de organismo internacional do qual o Brasil seja membro; X - pelo tempo necessário para acompanhar sua esposa ou companheira em até 6 (seis) consultas médicas, ou em exames complementares, durante o período de gravidez; XI - por 1 (um) dia por ano para acompanhar � lho de até 6 (seis) anos em consulta médica. XII - até 3 (três) dias, em cada 12 (doze) meses de trabalho, em caso de realização de exames preventivos de câncer devidamente comprovada (BRASIL, 1943). Existem, ainda, a licença paternidade, que são 5 dias e é regulada pelo Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, e o afastamento por doença ou acidente, até o 15º dia, em que a empresa é responsável pelo custeio do afastamento, sendo o INSS responsável pelo custeio a partir do 16º dia; as férias e o DSR, que, por serem períodos nos quais existe remuneração, mas não existe obrigação de trabalho, podem ser considerados como interrupção do contrato de trabalho. 3. DA RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO A rescisão do contrato de trabalho se caracteriza pelo � m da relação de trabalho entre empregado e empregador. O contrato rescindido é todo aquele que possui um término abrupto, antes do seu total cumprimento. O contrato de trabalho ordinário, via de regra, não possui data para seu � m, portanto, quando encerradopor uma das duas partes, ou pelas duas em acordo, diz-se que foi rescindido. 3.1 Conceitos Para melhor entendimento, é necessário que estejamos habituados aos conceitos que serão utilizados adiante: VERBAS RESCISÓRIAS: Existem várias verbas que compõem o cálculo da rescisão. Quando calculadas para � ns de rescisão contratual, são chamadas de verbas rescisórias. BASE DO CÁLCULO DE RESCISÃO: base de cálculo sobre a qual será realizada a rescisão trabalhista, é composta pela maior remuneração do empregado no mês da rescisão. Inclui todos os adicionais, horas extras, comissões e remunerações variáveis, desde que habituais. PRAZO DE PAGAMENTO DA RESCISÃO: no contrato por prazo determinado, o pagamento deve ser realizado no dia útil seguinte ao término do contrato. Nos contratos de prazo indeterminado, que são a regra geral, devem ser pagos em até 10 dias após o término da relação contratual. O prazo para recolhimento do FGTS devido é o mesmo do item anterior. O art. 477 45WWW.UNINGA.BR PR ÁT IC AS T RA BA LH IS TA E P RE VI DE NC IÁ RI A | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA da CLT (BRASIL, 1943) diz sobre a forma de pagamento, que deve ser em dinheiro, depósito bancário ou cheque visado, conforme acordem as partes; devendo ser em dinheiro ou depósito bancário no caso de empregado analfabeto. TIPOS DE RESCISÃO: A rescisão trabalhista pode ocorrer por: Dispensa sem justa causa; Vencimento de contrato; Dispensa com justa causa; Pedido de demissão; rescisão indireta (pedido de demissão com justa causa); demissão consensual e rescisão por força maior. Se o empregado atender aos requisitos, a rescisão trabalhista pode permitir ao empregado se habilitar para o seguro desemprego, caso em que será obrigação da empresa emitir as guias para solicitação do benefício. O empregado possui direito ao benefício quando tiver trabalhado ao mínimo 12 meses seguidos, se for sua primeira solicitação, 9 meses para a segunda e 6 meses para a terceira e as demais; sendo válido apenas em rescisões sem justa causa. 3.2 Do Vencimento de Contrato por Tempo Determinado Apesar de não ser necessariamente uma rescisão, eis que o contrato foi resolvido e não rescindido, comumente chama-se também de rescisão o acerto realizado ao � nal do contrato por tempo determinado. As hipóteses mais comuns deste contrato são: contrato de experiência, que possui validade de 45 dias prorrogáveis por mais 45, e o contrato de trabalho por tempo determinado, que possui validade de até 2 anos; caso ultrapassados estes prazos, eles passarão a ser considerados como contrato de trabalho por tempo indeterminado; conforme art 445 da CLT. Importante ainda frisar a regra do art. 451, que permite a prorrogação do contrato por tempo determinado até uma vez, porém sempre respeitando o limite total de 2 anos. Neste caso, o empregado possui, ao � nal do contrato, direitos referentes a saldo de salário; 13º proporcional, férias proporcionais + terço constitucional e FGTS relativo ao mês da rescisão. 3.3 Da Rescisão por Justa Causa A lei determina quais são as causas das quais é possível a demissão de um empregado por justa causa, dispostas no art. 482 da CLT, que incluem abandono de emprego, desídia em suas funções, embriaguez habitual em serviço, ato de indisciplina ou insubordinação, ato de improbidade etc. Quando dispensado com justa causa, o empregado possui direito a apenas: Saldo de salário, férias vencidas + terço constitucional e FGTS relativo ao mês de trabalho, neste tipo de rescisão, não existe previsão legal do pagamento de 13º e férias proporcionais. O link a seguir apresenta uma explicação detalhada sobre as hipóteses de justa causa descritas no art. 482 da CLT, vale a pena conferir: https://www.youtube.com/watch?v=xDJLlvNA-fU. 46WWW.UNINGA.BR PR ÁT IC AS T RA BA LH IS TA E P RE VI DE NC IÁ RI A | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3.4 Pedido de Demissão Caso a rescisão seja de iniciativa do empregado, sem motivação que justi� que uma rescisão indireta, ele será obrigado a cumprir 30 dias de aviso prévio junto à empresa, sem qualquer redução de jornada, sob pena de pagar o aviso prévio para a empresa. O empregado que pede demissão tem direito a receber: saldo de salário; 13º salário proporcional assim como Férias vencidas e proporcionais, acrescidas de 1/3. Nesta modalidade, o empregado perde direito ao seguro desemprego, a multa do FGTS e não pode sacar o FGTS que possui. 3.5 Da Rescisão Indireta A rescisão indireta, no exato oposto da justa causa, caracteriza-se por pelo exercício de atos ilícitos por conta do empregador em desfavor do empregado. É cena comum nos ambientes de trabalho situações nas quais as empresas desejam mais que determinado empregado continue prestando serviços, porém não desejam pagar os direitos advindos de uma demissão sem justa causa, passando então a forçar situações que o empregado � ca em situações excessivamente desfavoráveis ou desconfortáveis. Diante desta realidade, a CLT, em seu art. 483, enumera diversas situações que o empregado, por rescindir o contrato, como tratamento com rigor excessivo, prática de atos lesivos da honra e boa fama pelo empregador contra o empregado ou sua família, redução do salário através de redução de tarefas, ou ainda a morte do empregador enquanto empresa individual, mantem todos os direitos que teria em uma rescisão sem justa causa, os quais são: saldo de salário, aviso prévio indenizado, férias vencidas e proporcionais + terço constitucional, 13º proporcional, FGTS do mês da rescisão + 40% sobre saldo do FGTS de todo o período do emprego, mantém-se também o direito ao seguro desemprego. Ainda, por força do art. 484 da CLT, havendo culpa recíproca na rescisão do trabalho, serão devidas as verbas referentes à rescisão indireta, diminuídas da metade. Ainda, havendo rescisão por força maior, são devidas as verbas rescisórias normais, exceto pela multa sobre o FGTS que será de 20%. 3.6 Da Rescisão Consensual Trata-se de acordo entre empregado e empregador, instituído pela reforma trabalhista de 2017, em que ambos concordam com a rescisão do contrato de trabalho. Neste caso, são devidos pela metade: aviso prévio, se indenizado e indenização sobre o saldo do fundo de garantia, que será de 20% ao invés dos 40% convencionais. As demais verbas trabalhistas, serão devidas na integralidade, ou seja, saldo de salário, férias vencidas e proporcionais + terço constitucional, 13º proporcional, FGTS do mês da rescisão. Essa modalidade permite ao empregado o saque parcial do FGTS e não concede direito ao seguro desemprego. 47WWW.UNINGA.BR PR ÁT IC AS T RA BA LH IS TA E P RE VI DE NC IÁ RI A | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3.7 Aviso Prévio Na esfera trabalhista, a rescisão é precedida do aviso prévio, que se constitui num comunicado à outra parte a intenção da não continuidade do trabalho que vem sendo prestado. Tal determinação visa impedir que alguma das partes seja pega de surpresa e tenha tempo de se organizar para não sofrer danos em suas particularidades. O aviso prévio é um período de trinta dias, sendo que, para cada ano completo de trabalho na empresa, o aviso prévio tem um acréscimo de 3 dias, podendo chegar a um máximo de noventa dias. A rescisão consensual é uma nova forma de rescisão de contrato de trabalho, que parte do princípio de que ambas as partes estão insatisfeitas; todavia, havendo culpa recíproca em uma justa causa ou rescisão indireta, as verbas trabalhistas podem ser menores do que no modelo consensual. Neste ponto, existe real vantagem para as partes utilizar o modelo consensual? Se tratando de um instituto novo na legislação, a rescisão contratual tem sido aplicada pelos trabalhadores da área jurídica e contábil. Considerando o controle externo realizado pelo judiciário acerca de todas as questões trabalhistas, é importante a leitura da questão por uma ótica voltada à questão jurídica, conforme no link a seguir: https://www.guimaraesadvocacia.com.br/artigos/rescisao- consensual-do-contrato-de-trabalho/#:~:text=Na%20 r e s c i s % C 3 % A 3 o % 2 0 c o n s e n s u a l % 2 0 d o % 2 0 contrato,trabalho%20benefi cie%20ambas%20as%20partes. Julgados recentes do TST decidiram que o aviso prévio pode ser trabalhado por um período máximo de trinta dias e qualquer valor superior deve ser indenizado ao empregado: RECURSO DE REVISTA AVISO PRÉVIO PROPORCIONAL. LEI Nº 12.506/2011. LIMITAÇÃO DO PERÍODO TRABALHADO A 30 DIAS. Segundo o entendimento adotado pela SBDI-1, órgão uniformizador de jurisprudência interna corporis, a proporcionalidade do aviso prévio, prevista na Lei nº 12.506/2011, é um direito exclusivo do trabalhador, de modo que sua exigência pelo empregador impõe o pagamento de indenização pelo período excedente a 30 (trinta) 48WWW.UNINGA.BR PR ÁT IC AS T RA BA LH IS TA E P RE VI DE NC IÁ RI A | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA O aviso prévio, quando realizar pelo empregador, deve ser trabalhado com jornada reduzida em 2 horas por dia, tempo este que o empregado pode utilizar para procurar outro trabalho. É possível a cumulação de horas, das quais o empregado trabalha normalmente 8 horas diárias, porém, tem, ao � nal, uma redução de 7 dias completos. O aviso prévio pode ainda ser indenizado quando o empregador ou o empregado desejam que o desligamento seja imediato. Neste caso, a parte deverá indenizar a outra na proporção na remuneração que teria pago pelo aviso prévio completo, ou, no caso, o empregado deixar de comparecer, valor equivalente ao que ele receberia pelo aviso prévio poderá ser descontado dele, até a totalidade das verbas rescisórias. O aviso prévio conta como período de trabalho para todos os � ns legais, inclusive recolhimento de FGTS e INSS, salvo se indenizado. 3.8 Da Elaboração da Rescisão Ao término do contrato de trabalho, o empregado tem direito a receber todos os direitos decorrentes do contrato de trabalho, não apenas as verbas recorrentes, mas também os direitos que se acumulam durante o ano, como décimo terceiro e férias. Neste sentido, os direitos referidos anteriormente integram a rescisão de forma proporcional: para cada mês trabalhado no ano (13º) ou no período aquisitivo (férias), o empregado tem direito a 1/12 avos do valor da base de cálculo. O 13º será sempre calculado pelo número de meses trabalhados de janeiro até a data da rescisão, porquanto as férias podem variar de acordo com o início do período aquisitivo, normalmente calculado a partir do mês em que o funcionário começou a trabalhar na empresa; por exemplo, se ele entrou em 01/02/2015 e foi despedido em 18/08/2018, terá direito ao um proporcional de 7 meses; lembrando que para ser considerado mês trabalhado, são necessários no mínimo 15 dias de labor. Nesse, caso o funcionário tenha sido despedido em 10/08/2018, o mês de agosto não contaria como mês trabalhado, diminuindo o valor a ser pago por 13º e férias proporcionais. Vamos aba seguir um exemplo de uma rescisão sem justa causa: Dispensa sem justa causa - iniciativa empregador. a) Data de admissão: 01/03/20x1 b) Data de demissão: 30/07/20x5 c) Data do aviso prévio: 30/06/20x5 d) Não possui férias integrais vencida e) Salário � xo de R$ 2.200,00 R$ 2.200,00 f) FGTS depositado até o momento da rescisão: R$ 10.100,00 R$ 10.100,00 g) INSS 27,8% FGTS 8% dias. Dessarte, merece reforma a decisão regional nesse ponto. Precedentes. Recurso de revista conhecido e provido (TST - RR: 1003620175170009, Relator: Dora Maria da Costa, Data de Julgamento: 27/03/2019, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT 29/03/2019). 49WWW.UNINGA.BR PR ÁT IC AS T RA BA LH IS TA E P RE VI DE NC IÁ RI A | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Cálculo da Rescisão: Salário Base = 2.200,00 Rescisão do Contrato de Trabalho: Proventos Saldo de Salário ref. mês 7 ................................2.200,00 (2.200 / 30 * 30) Férias integrais – 1/3 Sobre Férias Integrais – Férias Proporcionais (7/12) .................................1.283,33 (2.200,00 / 12 *7) 1/3 sobre Férias Proporcional ............................. 427,78 ( 1.283,33 / 3) 13º Salário Proporcional (7/12) jan a jul............. 1.283,33 (2.200,00 / 12 * 7) **Aviso Prévio indenizado (12 dias)........................ 880,00 (2.200 / 30 * 12) **Férias aviso prévio................ - 12 dias não dá direito a férias proporcionais **1/3 sobre Férias - aviso prévio – **13º Salário aviso prévio...... - 12 dias não dá direito a 13º proporcional Sub . Total............................................ 6.074,44 ( - ) INSS s/ saldo salário......................................... -178,20 (2.200,00*8,10%) ( - ) INSS s/ 13º Salário............................................ -96,25 (1.283,33 * 7,50%) ( - ) INSS s/ Aviso Prévio.......................................... ( - ) IRRF s/ saldo salário .......................................... - Deduções ............................................................... -340,45 Líquido a Pagar...................................................... 5.799,99 Cálculo de IRRF (Calcular o IRRF dos proventos, separadamente, de acordo com a natureza) Salários 0,00% 2.021,80 13º salário isento 1.187,08 Férias e 1/3 na rescisão Não incidência Cálculos dos recolhimentos: Base de cálculo do INSS e FGTS: saldo salarial + aviso prévio indenizado + 13. proporcional e do aviso prévio. Cálculo dos Encargos da Empresa salário + Aviso Prévio + 13ºproporcional + 13ºproporcional Aviso prévio INSS (4.636,33) * 27,8% 1.213,01 FGTS (4.636,33) * 8,0% 349,07 FGTS: saldo depositado 10.100,00 valor a ser depositado (rescisão) 349,07 (=) Saldo fi nal 10.449,07 Multa 40% a ser depositado ao empregado 4.179,63 Valor disponível para saque: 14.628,69 Calculo do IRRF 50WWW.UNINGA.BR PR ÁT IC AS T RA BA LH IS TA E P RE VI DE NC IÁ RI A | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Como podemos ver, a rescisão sem justa causa engloba a maior quantidade de cálculos. As demais espécies de rescisão seguem o mesmo padrão, com a exceção de que a depender do tipo de rescisão, alguns valores não são devidos, no caso da justa causa, ou podem ser reduzidos à metade, no caso da consensual. Contabilização da rescisão trabalhista: D Salário 2.200,00 D Férias + 1/3 1.711,11 D 13º salário 1.283,33 D Aviso prévio 880,00 C Rescisão a pagar 6.074,44 D Rescisão a pagar 340,45 C INSS a recolher 340,45 D Rescisão a pagar - C IRRF a recolher - D INSS 1.213,01 C INSS a recolher 1.213,01 D FGTS 349,07 C FGTS a recolher 349,07 D FGTS multa 4.179,63 C FGTS a recolher 4.179,63 Pagamento da rescisão: D FGTS a recolher 4.528,69 C Caixa ou banco 4.528,69 D INSS a recolher 1.553,46 C Caixa ou banco 1.553,46 D IRRF a recolher - C Caixa ou banco - Salário Bruto 2.200,00 (-) INSS -178,20 (-)Dependente 0 Base de cálculo IRRF 2.021,80 IRRF - ISENTO (-) Parcela a deduzir 0,00 IRRF descontado func. 0,00 51WWW.UNINGA.BR PR ÁT IC AS T RA BA LH IS TA E P RE VI DE NC IÁ RI A | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA D Rescisão a pagar 5.733,99 C Caixa ou banco 5.733,99 3.9 Reversões A legislação vigente estabelece que não incide INSS e FGTS sobreférias e 1/3 indenizadas, sejam elas integrais ou proporcionais. Logo, é necessário reverter a contabilização dos encargos INSS e FGTS sobre férias anteriormente provisionados e contabilizados. Se no tipo de rescisão, o empregado perde o direito ao 13º salário, estes valores provisionados anteriormente devem ser revertidos, incluindo os encargos INSS e FGTS. Se no tipo de rescisão, o empregado perde o direito a férias e 1/3 e 13º salário, estes devem ser revertidos, incluindo os encargos INSS e FGTS. Ex: Dispensa com justa causa (direito a: saldo salário, férias vencidas + 1/3 e FGTS do mês) . Contabilização da reversão: D – Férias a pagar (PC) C – Férias (DR) D – INSS s/ férias a recolher (PC) C – INSS (DR) D – FGTS s/ férias a recolher (PC) C – FGTS (DR) CONSIDERAÇÕES FINAIS Chegamos ao � nal da última unidade, na qual aprendemos os conceitos e aplicação prática da rescisão trabalhista. Desta forma, encerramos nossos estudos teóricos, em que aprendemos todos os elementos jurídico-contábeis que permeiam uma relação de trabalho. A partir de agora, com o apoio das videoaulas, cabe a você, aluno, realizar os exercícios propostos pelo material e praticar o máximo possível dos cálculos contábeis; sempre se atentando, de agora em diante, a qualquer alteração na legislação que in� uencie a aplicação da matéria estudada. 52WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA REFERÊNCIAS BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, [1988]. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ constituicao.htm. Acesso em: 15 dez. 2023. BRASIL. Decreto Nº 10.854, de 10 de novembro de 2021. Regulamenta disposições relativas à legislação trabalhista e institui o Programa Permanente de Consolidação, Simpli� cação e Desburocratização de Normas Trabalhistas Infralegais e o Prêmio Nacional Trabalhista, e altera o Decreto nº 9.580, de 22 de novembro de 2018. Brasília, DF: Presidência da República, [2021]. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/decreto/d10854. htm. Acesso em: 15 dez. 2023. BRASIL. Decreto-lei Nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Brasília, DF: Presidência da República, [1943]. Disponível em: https://www.planalto. gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm. Acesso em: 15 dez. 2023. BRASIL. Lei complementar Nº 150, de 1º de junho de 2015. Dispõe sobre o contrato de trabalho doméstico; altera as Leis no 8.212, de 24 de julho de 1991, no 8.213, de 24 de julho de 1991, e no 11.196, de 21 de novembro de 2005; revoga o inciso I do art. 3o da Lei no 8.009, de 29 de março de 1990, o art. 36 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, a Lei no 5.859, de 11 de dezembro de 1972, e o inciso VII do art. 12 da Lei no 9.250, de 26 de dezembro 1995; e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, [2015], Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/leis/lcp/lcp150.htm. Acesso em: 15 dez. 2023. BRASIL. Lei Nº 10.101, de 19 de dezembro de 2000. Dispõe sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, [2000]. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l10101.htm. Acesso em: 15 dez. 2023. BRASIL. Lei Nº 11.788, de 25 de setembro de 2008. Dispõe sobre o estágio de estudantes; altera a redação do art. 428 da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, e a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996; revoga as Leis nos 6.494, de 7 de dezembro de 1977, e 8.859, de 23 de março de 1994, o parágrafo único do art. 82 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e o art. 6o da Medida Provisória no 2.164-41, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11788.htm. Acesso em: 15 dez. 2023. BRASIL. Lei Nº 13.467, de 13 de julho de 2017. Altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, e as Leis n º 6.019, de 3 de janeiro de 1974, 8.036, de 11 de maio de 1990, e 8.212, de 24 de julho de 1991, a � m de adequar a legislação às novas relações de trabalho. Brasília, DF: Presidência da República, [2017]. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13467.htm. Acesso em: 15 dez. 2023. GOV.BR. Tributação de 2023. 2023. Disponível em: (https://www.gov.br/receitafederal/pt-br/ assuntos/meu-imposto-de-renda/tabelas/2023. Acesso em: 14 dez. 2023. 53WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA REFERÊNCIAS MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. Portaria Interministerial MPS/MF Nº 27, de 4 de maio de 2023. Brasília, DF: Diário O� cial da União, 2023. Disponível em: https://www.in.gov. br/en/web/dou/-/portaria-interministerial-mps/mf-n-27-de-4-de-maio-de-2023-481520415. Acesso em: 15 dez. 2023. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Norma Regulamentadora No. 15 (NR-15). Brasília, DF: Ministério do Trabalho e Emprego, 2020. Disponível em:https://www.gov.br/ trabalho-e-emprego/pt-br/acesso-a-informacao/participacao-social/conselhos-e-orgaos- colegiados/comissao-tripartite-partitaria-permanente/normas-regulamentadora/normas- regulamentadoras-vigentes/norma-regulamentadora-no-15-nr-15. Acesso em: 15 dez. 2023. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Norma Regulamentadora No. 16 (NR-16). Brasília, DF: Ministério do Trabalho e Emprego, 2020. Disponível em: https://www.gov.br/ trabalho-e-emprego/pt-br/acesso-a-informacao/participacao-social/conselhos-e-orgaos- colegiados/comissao-tripartite-partitaria-permanente/normas-regulamentadora/normas- regulamentadoras-vigentes/norma-regulamentadora-no-16-nr-16. Acesso em: 15 dez. 2023. TST – SUPERIOR TRIBUNAL DO TRABALHO. Súmula 440: Assegura-se o direito à manutenção de plano de saúde ou de assistência médica oferecido pela empresa ao empregado, não obstante suspenso o contrato de trabalho em virtude de auxílio-doença acidentário ou de aposentadoria por invalidez. Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012. Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/tst/sumulas/sumula-n-440-do- tst/1431370529. Acesso em: 15 dez 2023.coletiva, esta última prevalecerá. A terceira é denominada condição mais bené� ca: Se trata da garantia da preservação de cláusulas contratuais bené� cas ao trabalhador: caso a empresa venha a revogar um benefício aos trabalhadores, os que já laboravam na empresa antes da revogação não perdem direito ao benefício, de forma que a condição reduzida será aplicada apenas aos novos empregados. Da mesma maneira, caso existam duas normas internas da empresa, será aplicada sempre a que for mais bené� ca ao trabalhador. Importante saber que a reforma trabalhista de 2017 � exibilizou este princípio, quando permitiu expressamente que os itens elencados no art. 611-A da CLT (BRASIL, 1943), se presentes em convenção coletiva, tivessem preferência sob texto da lei. Ao pro� ssional que trabalha no setor contábil, assim como ao pro� ssional do setor jurídico, é imprescindível conhecer todas as normas e regras aplicáveis à relação de trabalho, sejam elas leis, convenções gerais ou particulares, ou mesmo súmulas vinculantes de tribunais (teses criadas pelos tribunais que devem necessariamente ser aplicadas a todos os casos daquela espécie), evitando assim ao empregado demandar judicialmente contra a empresa durante ou após o � nal do vínculo trabalhista, devido aos altos custos envolvidos nos processos judiciais, especialmente para a parte que é vencida. 7WWW.UNINGA.BR PR ÁT IC AS T RA BA LH IS TA E P RE VI DE NC IÁ RI A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.2 Princípio da Primazia da Realidade Conforme já a� rmado, cabe sempre à empresa comprovar as condições de trabalho, assim como cumprimento das normas pertinentes. Normalmente, isso é feito de maneira documental, seja através de contratos, laudos, comprovantes ou declarações por escrito. Todavia, caso existam indícios de que esses documentos não condizem com a realidade, é possível comprovar que a verdade dos fatos é outra, seja através de testemunhas, perícias, visitas judiciais à empresa etc. Como exemplo, podemos citar casos de empresas que marcam o cartão ponto de seus funcionários e determinam que eles assinem a folha ponto ao � nal de cada mês; nestes casos, é comum que as marcações sejam muito uniformes: todos os dias o funcionário registra o ponto exatamente às 08h, almoça exatamente das 12h às 14h e vai embora às 18h. Sabe-se que é humanamente impossível marcar o ponto no exato minuto, todos os dias úteis do mês; especialmente empresas que possuem muitos funcionários, onde a própria � la para usar a máquina de registro impede que o registro seja sempre no mesmo exato horário todos os dias. Neste caso, na existência de outros indícios que os horários não eram respeitados pela empresa e que possa existir prejuízo ao trabalhador, o poder judiciário poderá desconsiderar as informações constantes no cartão ponto apresentado pela empresa. 1.3 Princípio da Continuidade da Relação de Emprego O trabalho é condição básica de vida para a espécie humana: através dele é possível a subsistência, assim como aquisição de qualidade de vida. Com a exceção de contratos de trabalho por prazo determinado ou por empreitada, em que estão limitados o início e o � m do labor, a relação de emprego possui data de início, mas não possui data � nal. Com base neste princípio, cabe sempre ao empregador comprovar que o empregado não mais ali labora, seja através do pagamento de seus direitos, aviso prévio etc., assim como outros documentos que devem ser assinados pelo empregado no momento do término da relação de emprego. Caso o empregador não consiga comprovar o término da relação, deverá arcar com todos os direitos do empregado pelo tempo em que ele a� rma ter trabalhado na empresa. Um exemplo da aplicação deste princípio é na hipótese da empresa não permitir que o empregado trabalhe a partir de uma determinada data, porém não realizar a despedida do empregado nos termos da CLT (BRASIL,1943): por força deste princípio, o contrato durará até que seja realizada a efetiva despedida do empregado, tendo o empregado todos os direitos garantidos aquela a data da despedida. 1.4 Princípio da Inalterabilidade Contratual Lesiva É permitido que empregado e empregador alterem o contrato de trabalho original, como no caso de uma promoção, troca de função, horário de trabalho etc. Tal alteração deve sempre ser consentida, e nunca poderá lesar os direitos já adquiridos pelo empregado ainda que exista o consentimento dele, tal alteração será considerada nula por força do artigo 468 da CLT (BRASIL, 1943). É importante pontuar que este princípio não se aplica no caso de reversão de cargo de con� ança: estes são de livre disposição da empresa, e, por questões óbvias, não é necessário o consentimento do removido. Porém, ao retornar ao cargo antigo, o trabalhador terá todos os 8WWW.UNINGA.BR PR ÁT IC AS T RA BA LH IS TA E P RE VI DE NC IÁ RI A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA direitos que tinha antes de assumir o cargo de con� ança, ainda que existam alterações na política interna da empresa. 1.5 Princípio da Intangibilidade Salarial Este princípio impede que seja realizada qualquer alteração a menor no salário do trabalhador, assim como seja realizado qualquer desconto que não seja previamente autorizado por lei. Tal princípio impede que o trabalhador seja surpreendido por qualquer diminuição em sua renda, devendo sempre a empresa avisar ao empregado imediatamente ao provisionar qualquer desconto em seu holerite. 1.6 Princípio da Irrenunciabilidade dos Direitos Este princípio visa proteger o trabalhador, impedindo que ele renuncie seus direitos trabalhistas. Ele se faz necessário pois seria possível que o empregador mal intencionado coagisse seus funcionários a renunciar parte de seus direitos sob pena de sofrerem uma demissão sem justa causa (que é uma liberdade do empregador). Assim, qualquer documento assinado pelo empregado é nulo de pleno direito nas partes em que existe renúncia de direitos pelo empregado. Importante ainda notar que a reforma trabalhista de 2017 (BRASIL, 2017) também � exibilizou este ponto, no parágrafo único de seu art. 444, permitindo que o trabalhador individual possa negociar livremente os mesmos pontos presentes no art. 611-A, citado anteriormente (que tratam de convenções coletivas negociadas pelos sindicatos), desde que seja portador de diploma de nível superior e receba salário mensal igual ou superior ao dobro de teto dos benefícios do regime geral de previdência. As normas trabalhistas, assim como todas as leis, mudam conforme a sociedade evolui e discute, através do poder legislativo, quais mudanças são necessárias para encontrar um equilíbrio entre as partes na relação de emprego. O excesso de proteção ao trabalhador é um problema para o crescimento da economia, fazendo com que as empresas pensem duas vezes antes de abrir um novo posto de trabalho ou obriguem seus empregados a abrirem CNPJ para celebrar contratos de prestação de serviço (chamada “pejotização”). Neste contexto, até que ponto é vantajoso ao trabalhador receber tamanha proteção do estado, ou estaria o estado agindo corretamente em conferir todas as proteções hoje existentes? Um resumo dos princípios aqui apresentados, assim como o acrônimo PIPICI, formado pelas primeiras letras dos princípios, pode ser conferido em: https://www.youtube.com/watch?v=MsxgWnFiIoU. 9WWW.UNINGA.BR PR ÁT IC AS T RA BA LH IS TA E P RE VI DE NC IÁ RI A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2. RELAÇÃO DE TRABALHO X RELAÇÃO DE EMPREGO Quando se fala em relações trabalhistas, é importante notar que relação de trabalho e relação de emprego, apesar de possuírem semelhanças, não tem o mesmo signi� cado: em verdade, as relações de trabalho englobam as relações de emprego: analogamente à biologia, as relações de trabalho seriam um gênero, em que pode existir mais de uma espécie, e as relações de emprego uma espécie propriamente dita. Posto anteriormente, as relações de trabalhoenglobam todo o tipo de relação na qual exista a efetiva prestação de um serviço, alguém realiza um trabalho a mando de outrem e podendo ou não ser remunerado por isso. O trabalho voluntário, apesar de ser considerado uma relação de trabalho, não gera qualquer efeito trabalhista ou previdenciário, ou ainda direito adquirido. 2.1 Das Relações de Trabalho As relações de trabalho, de modo geral, são imprescindíveis a existência de um contratante e um contratado, assim como a prestação de um serviço e uma contraprestação pecuniária por sua realização. Podemos listar as seguintes modalidades de relações de trabalho: Estágio Pro� ssional; Trabalho Eventual; Trabalho Autônomo; Trabalho Temporário; Trabalho Avulso e, por último, o trabalho voluntário. Importante frisar que nenhuma dessas espécies deve ser confundida com relações de emprego, pois, por um motivo ou outro, não se encaixa na de� nição de empregado-empregador que veremos mais adiante. 2.1.1 Estágio profissional Regulado pela lei 11788/08 (BRASIL, 2008), é caracterizado como: [...] ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam frequentando o ensino regular em instituições de educação superior, de educação pro� ssional, de ensino médio, da educação especial e dos anos � nais do ensino fundamental, na modalidade pro� ssional da educação de jovens e adultos (BRASIL, 2008). Desde que respeitados os requisitos legais dispostos na lei citada, o estágio não possui capacidade de criar vínculo empregatício entre as partes, razão pela qual também não se aplicam O voluntariado é regido pela lei 9.608/98, não sendo considerado relação de emprego, devido à ausência da contraprestação pecuniária, não gerando qualquer direito trabalhista ou previdenciário, podendo, entretanto, ser ressarcido das despesas que efetivamente provar ter tido na realização do trabalho voluntário. É necessária, ainda, a existência de um termo de adesão que contenha o objeto e as condições de trabalho. A ausência de um termo pode implicar no reconhecimento judicial de vínculo trabalhista entre as partes. 10WWW.UNINGA.BR PR ÁT IC AS T RA BA LH IS TA E P RE VI DE NC IÁ RI A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA as regras dos cálculos trabalhistas e previdenciários, pois há diversas limitações como: I – matrícula e frequência regular do educando em curso de educação superior, de educação pro� ssional, de ensino médio, da educação especial e nos anos � nais do ensino fundamental, na modalidade pro� ssional da educação de jovens e adultos e atestados pela instituição de ensino; II – celebração de termo de compromisso entre o educando, a parte concedente do estágio e a instituição de ensino; III – compatibilidade entre as atividades desenvolvidas no estágio e aquelas previstas no termo de compromisso; IV - não ultrapasse 4 horas diárias e 20 horas semanais para cursos de nível médio e pro� ssional, ou 6 horas diárias e 30 horas para cursos superiores; V- Não pode ultrapassar 2 anos, exceto para alunos portadores de de� ciência. 2.1.2 Trabalho eventual O trabalho eventual é aquele cujo trabalhador é chamado ao trabalho apenas para uma única ocasião especí� ca. São exemplos de trabalhadores eventuais, os técnicos de ar condicionado, computadores, jardineiros etc., desde que realizados por pessoa física sem vínculo com outra empresa e sem habitualidade. Caso haja intermediação de alguma empresa, tratar-se-á de trabalho avulso ou relação de emprego entre o prestador de serviço e o intermediador. Da mesma maneira, se o trabalho é contratado na forma de prestação de serviço por um CNPJ, como no caso de pessoas que possuem Micro Empresa individual, também não se caracteriza a relação de trabalho eventual, mas sim de uma prestação de serviço cível. 2.1.3 Trabalho autônomo O trabalhador autônomo possui uma condição muito parecida com a anterior, porém tem-se por pro� ssional autônomo aquele que exerce sua pro� ssão com habitualidade, porém a diversos contratantes diferentes. Nesta hipótese, estão incluídos, por exemplo, advogados que trabalham em escritório próprio (sem a necessidade de abrir um CNPJ para isso), ou ainda representantes comerciais, que prestam serviços altamente especializados, porém sem vínculo empregatício, através de contratos cíveis. 2.1.4 Trabalho temporário Trabalho temporário é aquele cujo contrato especí� co é realizado entre uma empresa e uma pessoa física, com objetivo especí� co de atender uma necessidade transitória de pessoal permanente ou à demanda complementar de serviços, já sendo possível prever quando será o término do contrato. São exemplos contratos realizados por pessoas para substituir um funcionário que está em férias, afastamento previdenciário (gravidez, doença, entre outros), ou ainda, para suprir mão de obra de � nal de ano, como empresas de comércio que � cam abertas em horários estendidos em épocas de festividade ou fábricas que precisam aumentar sua produção em determinada época do ano para cobrir alguma festividade. Não pode ser confundido com trabalho por prazo 11WWW.UNINGA.BR PR ÁT IC AS T RA BA LH IS TA E P RE VI DE NC IÁ RI A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA determinado, pois depende da prévia existência de uma condição de necessidade. Possui direito a FGTS, férias e horas extras, DSR e adicional noturno, assim como o salário igual aos empregados permanentes; porém não possui direito ao aviso prévio, indenização sobre o FGTS, seguro desemprego nem estabilidade provisória. Possui duração máxima de 180 dias, prorrogável por mais 90 dias, desde que comprovado que a necessidade do trabalho temporário ainda persiste. 2.1.5 Trabalho avulso O trabalho avulso, muitas vezes confundido com o eventual devido às semelhanças, destaca-se deste pela existência de uma imposição legal: é ofertado em setores especí� cos, principalmente o portuário, por meio de atuação obrigatória de uma entidade intermediadora. Não possui vínculo de emprego, porém possui direitos de um trabalhador com vínculo CLT, como 13º salário, férias, FGTS, DSR e adicional noturno. O pagamento das empresas tomadoras é feito ao intermediador, que, por sua vez, repassa aos trabalhadores os valores devidos. Já as contribuições previdenciárias devem ser pagas pelas empresas tomadoras do serviço. Podemos perceber que, aqui, a forma como é realizado o pagamento das verbas e recolhimentos é diferente do trabalhador eventual, portanto deve-se tomar muito cuidado: no mundo jurídico, o jargão “quem paga mal, paga duas vezes” é aplicado à realidade, sendo de suma importância que todos os responsáveis pelas áreas jurídica e contábil de tais empresas dominem o assunto. 2.2 Das Relações de Emprego 2.2.1 Emprego doméstico O trabalhador que realiza trabalho doméstico mais de duas vezes na semana é considerado empregado doméstico, cuja relação de trabalho é regulada pela lei complementar 150/2018 (BRASIL, 2018), estando presente desde que o trabalho seja realizado mais de duas vezes na semana, em ambiente residencial familiar. Possui sistema diferenciado de recolhimento, chamado “simples doméstico”. Foi publicado um julgado interessante pelo TRT3, em que o juiz diferencia trabalho temporário de trabalho por tempo determinado e não reconhece o direito a estabilidade provisória de mulher que engravidou durante o trabalho, disponível em: https://portal.trt3.jus.br/internet/conheca- o-trt/comunicacao/noticias-juridicas/justica-do-trabalho- descarta-estabilidade-a-gestante-admitida-por-contrato-de- trabalho-temporario. 12WWW.UNINGA.BR PR ÁT IC AS T RA BA LH IS TA E P RE VI DE NC IÁ RI A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2.2.2 Da relação de emprego ordinária A relação de emprego ordinária, ou simplesmente relação de emprego, chamada aqui de ordinária, é a modalidade mais comum de contratação, sendo que existe um empregador e um empregado, nostermos da CLT (BRASIL, 1943): Art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço. § 1º - Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de emprego, os pro� ssionais liberais, as instituições de bene� cência, as associações recreativas ou outras instituições sem � ns lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados. § 2o Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, ou ainda quando, mesmo guardando cada uma sua autonomia, integrem grupo econômico, serão responsáveis solidariamente pelas obrigações decorrentes da relação de emprego. 3o Não caracteriza grupo econômico a mera identidade de sócios, sendo necessárias, para a con� guração do grupo, a demonstração do interesse integrado, a efetiva comunhão de interesses e a atuação conjunta das empresas dele integrantes (BRASIL, 1943). Por outro lado, o próximo artigo traz a de� nição legal de empregador: Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. Parágrafo único - Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à condição de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual (BRASIL, 1943). Veja que se trata de conceitos bastante amplos, que buscam englobar a maior gama de atividades possível. Neste sentido, podemos concluir que, se uma situação fática não se enquadra nas relações de trabalho anteriormente vistas, nem na relação de emprego doméstico, será enquadrada como relação de emprego ordinária e regida pela CLT, desde que contenha todos os requisitos que serão estudados no próximo tópico 3. DOS REQUISITOS DA RELAÇÃO DE EMPREGO Para a caracterização de uma relação de emprego, é necessário que sejam caracterizados 5 elementos fático-jurídicos (fáticos, pois são elementos concretos que existem na vida real; jurídicos pois são elementos que possuem relevância no mundo do direito), que são: 3.1 Subordinação A subordinação consiste na característica do emprego de trabalhar conforme as regras impostas pelo empregador, dentro do que foi combinado no contrato de trabalho. Via de regra, desde que sejam cumpridas as normas legais de convívio, boa-fé, segurança e higiene, cabe ao empregador determinar como serão executadas as tarefas destinadas ao empregado de cada função, sendo dever do empregado cumprir as ordens de maneira como lhe 13WWW.UNINGA.BR PR ÁT IC AS T RA BA LH IS TA E P RE VI DE NC IÁ RI A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA são impostas. A subordinação envolve, a título exempli� cativo, o horário de entrada, almoço e saída, necessidade ou não de horas extras, decisão sobre métodos e ferramentas de trabalho a serem utilizadas. A subordinação ainda permite que o empregador possa � scalizar e disciplinar seus empregados, dentro dos limites legais. 3.2 Habitualidade A habitualidade é marcada pela prestação de serviços contínua e permanente do mesmo empregado para o mesmo empregador. Considera-se habitualidade trabalhos realizados a partir três vezes na semana, sendo possível o reconhecimento de vínculo de trabalho a partir de tais condições, desde que presentes todos os outros requisitos. Importante ainda que a habitualidade somente está presente quando não existe um fato especí� co que justi� ca a relação de trabalho, como no caso do trabalho temporário ou eventual, em que, apesar de, a princípio, estar contido no conceito de habitualidade, sabe-se desde o início do contrato de trabalho que, cessando a situação que fez surgir o posto de trabalho, este deixa também de existir. 3.3 Onerosidade Trata-se da característica que torna a relação de emprego vantajosa para ambos o contratante e contratado: enquanto este põe à disposição seu tempo e suas habilidades, aquele oferece uma contraprestação pecuniária (que pode envolver outros benefícios, mas sempre é necessário contabilizar todos os benefícios) na forma de remuneração. A onerosidade é sempre necessária: a não presença deste requisito faz com que a relação seja vista como trabalho voluntário, ou, em outros casos, relação análoga à escravidão. A remuneração não pode ser composta exclusivamente de benefícios, como um peão ser contratado para tomar conta de uma fazenda, recebendo em troca uma casa para morar e um lote de terra para plantar: é necessário que seja pago a ele pelo menos um salário mínimo, federal ou regional, conforme legislação vigente, sendo todos os eventuais benefícios considerados como acréscimos. 3.4 Pessoalidade A relação de emprego é sempre de vínculo pessoal: o empregado deve ser aquele que presta o serviço, não sendo possível que ele envie outra pessoa em seu lugar para realizar suas atividades. Desta forma, a pessoalidade determina que apenas aquele que faz parte do contrato de trabalho individual, ainda que verbal, possa realizar as atividades lá determinadas, possuindo direitos e deveres como empregado. A inexistência da pessoalidade descaracteriza o contrato de trabalho, fazendo com que a relação se torne mera prestação de serviço abarcada pelo direito cível. 14WWW.UNINGA.BR PR ÁT IC AS T RA BA LH IS TA E P RE VI DE NC IÁ RI A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3.5 Da Pessoa Física Porquanto a CLT não faz distinção quando ao empregador ser pessoa jurídica ou não, o empregado deve necessariamente ser pessoa física, não sendo possível a existência de vínculo de emprego entre duas pessoas jurídicas. Antigamente, o princípio da pessoalidade se confundia com a necessidade do empregado ser pessoa física, pois não era possível constituir empresa como da forma atual. Com a evolução da sociedade brasileira, o direito, que possui um caráter dinâmico, também evolui na mesma proporção, buscando sempre se adequar aos caminhos abertos pela população que o constitui. Neste sentido, com a necessidade da adequação de pro� ssionais liberais, que desempenhavam diversas atividades sem nenhum amparo legal ou segurança jurídica, surgiu a micro empresa individual, possibilitando que qualquer pessoa adquira personalidade jurídica de empresa privada, ainda que haja determinadas limitações. Todavia, a qualidade jurídica importada pela constituição de tal empresa é incompatível com a sistemática tratada pela CLT: as leis trabalhistas buscam a proteção do lado mais fraco, no caso, o trabalhador. Conforme as razões expostas, quando se trata de negociação entre pessoas jurídicas, ainda que pequenos empreendedores, a lei deixa de presumir o desequilíbrio entre, fazendo com que o vínculo de emprego deixe de ser reconhecido. CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta primeira unidade, conhecemos quais são os princípios trabalhistas que regem a CLT e outras leis aplicáveis, assim como aprendemos que existem diversas relações de trabalho e de emprego, e que as normas legais aqui estudadas não são aplicadas a todas as relações, ou ainda possuindo aplicação diferenciada. Por � m, aprendemos quais são os requisitos da relação de emprego, nosso objeto principal deste estudo, sabendo sempre que, caso apenas uma delas não esteja presente, não estamos falando de uma relação de emprego, mas sim de uma relação de trabalho, que deve ser tratada de maneira diferente. Frisa-se também que a interpretação da lei é essencial para o exercício de qualquer função administrativa, de gerenciamento ou tomada de decisões: o desconhecimento da lei pode levar ao cometimento de erros que podem custar muito caro. Estude muito e busque sempre se atualizar, não apenas durante sua vida acadêmica, mas também quando estiver no mercado de trabalho, isso é o que diferencia um bom pro� ssional de um pro� ssional mediano. 1515WWW.UNINGA.BR UNIDADE 02 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................................171. PROVENTOS TRABALHISTAS .............................................................................................................................. 18 1.1 SALÁRIO CONTRATUAL ...................................................................................................................................... 18 1.2 COMISSÕES ........................................................................................................................................................ 19 1.3 GRATIFICAÇÕES ................................................................................................................................................. 19 1.3.1 DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO .......................................................................................................................... 19 1.3.2 ADICIONAL POR INSALUBRIDADE ................................................................................................................ 20 1.3.3 ADICIONAL POR PERICULOSIDADE .............................................................................................................. 21 1.3.4 HORAS EXTRAS ............................................................................................................................................... 22 1.3.5 ADICIONAL NOTURNO .................................................................................................................................... 23 1.4 DESCANSO SEMANAL REMUNERADO (DSR) .................................................................................................. 24 PROVENTOS TRABALHISTAS PROF. LEONARDO ATILIO BRUMATO REGINA ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: PRÁTICAS TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIA 16WWW.UNINGA.BR EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.4.1 EXEMPLO A ....................................................................................................................................................... 25 1.4.2 EXEMPLO B ...................................................................................................................................................... 25 1.5 FÉRIAS ................................................................................................................................................................. 26 1.6 GORJETAS ............................................................................................................................................................ 28 1.7 PRÊMIOS ............................................................................................................................................................. 28 1.8 VERBAS INDENIZATÓRIAS ................................................................................................................................ 28 1.9 ABONOS ............................................................................................................................................................... 28 1.10 SALÁRIO FAMÍLIA ............................................................................................................................................. 29 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................ 29 17WWW.UNINGA.BR PR ÁT IC AS T RA BA LH IS TA E P RE VI DE NC IÁ RI A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO O Objetivo desta unidade consiste em apresentar a contabilização dos proventos trabalhistas. No emprego prático da contabilidade, a contabilização dos proventos é uma das áreas mais importantes, pois é o coração da relação empregado-empregador. Os pro� ssionais das áreas contábeis, jurídicas e a� ns devem sempre destinar à essa matéria seu foco e atenção: quaisquer inconsistências aqui realizadas podem resultar em demandas judiciais que se traduzem em gastos para as empresas tomadoras de serviço. Com isso em mente, iremos logo adiante conhecer como os conceitos e a classi� cação de proventos, assim como aplicar na prática os fundamentos e orientações para a interpretação e aplicação real da matéria aqui apresentada. 18WWW.UNINGA.BR PR ÁT IC AS T RA BA LH IS TA E P RE VI DE NC IÁ RI A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1. PROVENTOS TRABALHISTAS Os proventos trabalhistas são a soma de todos os valores positivos que o empregado tem a receber do empregador como forma de contraprestação pelo trabalho realizado, sendo consideradas por tanto verbas remuneratórias. Desta forma, integram-se aos proventos as verbas recebidas a título de Salário; Comissão; Horas Extras; DSR; Férias; 13º salário; Salário-Família; Adicional de Insalubridade e Periculosidade; Adicional Noturno. Importante ter em mente que nem toda verba recebida pelo emprego possui natureza remuneratória: algumas verbas possuem natureza indenizatória, normalmente explicitadas como verbas de custeio, como vale alimentação, diárias de viagens, ajudas de custo etc. Por indenizatório, pressupõe-se que sua utilidade é de repor um gasto pessoal que o empregado teve em prol do trabalho que realizou, razão pela qual os valores são reintegrados ao seu patrimônio, não resultando em acréscimo patrimonial, mas sim recomposição dele. Por não ser considerado aumento patrimonial, não incidem impostos, contribuições, taxas ou qualquer outro desconto sobre tais verbas, da mesma forma que elas não compõem a base de cálculo para o pagamento dos proventos que vamos estudar logo adiante. 1.1 Salário Contratual Salário é o valor devido pelo empregador ao empregado em contraprestação dos serviços realizados. Essa remuneração costuma ser periódica, normalmente prevista em contrato de trabalho e normalmente é paga ao � nal de cada mês. O montante a ser pago no salário nunca é inferior ao piso salarial da categoria, negociado via acordo trabalhista ou convenção coletiva. Trata-se de valor normalmente � xo, que é alterado apenas por meio de promoções ou reajustes salariais anuais, que buscam manter o poder de compra do empregado, variando conforme a in� ação. Pode ser variável, quando calculado sobre uma base instável, como o valor de vendas, ou ainda mista, quando possui uma parcela � xa e outra variável. De qualquer maneira, todas elas nunca podem ser inferiores ao salário mínimo legal. Ao salário propriamente dito, integram-se também às grati� cações legais e as comissões, conforme o art. 457,§1 da CLT (BRASIL, 1943): Art. 457 - Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber. § 1o Integram o salário a importância � xa estipulada, as grati� cações legais e as comissões pagas pelo empregador. § 2o As importâncias, ainda que habituais, pagas a título de ajuda de custo, auxílio- alimentação, vedado seu pagamento em dinheiro, diárias para viagem, prêmios e abonos não integram a remuneração do empregado, não se incorporam ao contrato de trabalho e não constituem base de incidência de qualquer encargo trabalhista e previdenciário. § 3º Considera-se gorjeta não só a importância espontaneamente dada pelo cliente ao empregado, como também o valor cobrado pela empresa, como serviço ou adicional, a qualquer título, e destinado à distribuição aos empregados. § 4o Consideram-se prêmios as liberalidades concedidas pelo empregador em forma de bens, serviços ou valor em dinheiro a empregado ou a grupo de empregados, em razão de desempenho superior ao ordinariamente esperado no exercício de suas atividades (BRASIL, 1943). 19WWW.UNINGA.BR PR ÁT IC AS T RA BA LH IS TA E P RE VI DE NC IÁ RI A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Contabilização salários - considerando um salário de R$2.000,00 mensais: D - Salário (DR) 2.000,00 C - Salários a pagar (PC) 2.000,00 1.2 Comissões A comissão é uma espécie de remuneração variável usualmente constituída de uma pequena porcentagemdo valor das vendas realizadas que é revertida em prol do vendedor. A comissão pode ser aplicada individualmente, ou em grupos e setores, conforme a estratégia de cada empresa, podendo ela incentivar a competição entre seus funcionários ou incentivar o trabalho em grupo e cooperação. O valor da comissão é conforme o contrato de trabalho e convenção coletiva de cada categoria. Contabilização Comissões - considerando uma comissão de R$2.000,00 mensais: D - comissão (vendas - DR) 2.000,00 C - comissão a pagar (PC) 2.000,00 D - comissão a pagar (PC) 2.000,00 C - banco c/ movimento 2.000,00 1.3 Gratificações As grati� cações são divididas entre as grati� cações legais, pois derivam do disposto em lei, como a grati� cação natalina – conhecida como décimo terceiro salário –, adicional por insalubridade, periculosidade, hora extra ou adicional noturno, podendo também ser concedidas em adição a essas, outras grati� cações não obrigatórias por vontade da empresa como incentivo à produção e desempenho. Diferentemente dos prêmios que serão citados, tratam-se de verbas pagas habitualmente, não tendo caráter extraordinário, portanto integrantes da base de cálculo salarial do empregado. O conjunto de salário base + comissões + grati� cações é conhecido como SALÁRIO propriamente dito. 1.3.1 Décimo terceiro salário O décimo terceiro salário, também conhecido como grati� cação natalina, é uma espécie de grati� cação legal. A Lei garante ao trabalhador receber no � nal do ano o correspondente a 1/12 (um doze avos) da remuneração por mês trabalhado. Isto é, um salário extra no � nal de cada ano inteiro trabalhado. A maioria das disposições aqui estudadas decorre diretamente do texto de lei, sendo de suma importância a leitura da legislação pertinente, assim como atualização constante por parte do profi ssional, visto que as leis mudam com o tempo, tendo sido a última grande mudança trabalhista ocorrida no ano de 2017. Observar com atenção a citação anterior do art. 457. 20WWW.UNINGA.BR PR ÁT IC AS T RA BA LH IS TA E P RE VI DE NC IÁ RI A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA O valor do benefício é calculado sobre a média simples da remuneração do empregado durante os 12 meses anteriores. Além do salário recebido diretamente pelo empregado, também entrará na base de cálculo do 13º salário as gorjetas recebidas, assim como as comissões, as percentagens, as grati� cações ajustadas e os abonos, exceto o pecuniário, pagos pelo empregador de acordo com o Art. 457 da CLT (BRASIL, 1943), assim como adicional de insalubridade, periculosidade e adicional noturno eventualmente pagos. Caso o empregado não tenha trabalhado 12 meses completos naquele ano, fará jus ao equivalente a 1/12 avos do benefício para cada mês trabalhado, considerando como mês trabalhado aquele em que trabalhou mais de 14 dias. Obrigatoriamente, o empregador deverá conceder adiantamento deste benefício entre os meses de fevereiro e novembro de cada ano, de uma só vez, metade do salário recebido pelo respectivo empregado no mês anterior, devendo o restante ser pago até o dia 20 de dezembro de cada ano. Vamos utilizar como exemplo um funcionário que recebe um salário mensal de R$2.000,00 reais, sem quaisquer adicionais. Entre os meses de fevereiro a novembro a empresa deverá pagar e equivalente a R$1.000,00 a título de adiantamento, e no mês de dezembro, até o dia 20, deveria pagar outros R$1.000,00. Contabilização do 13º salário: D - provisão de 13º salário (vendas ou adm DR) 166,66 ( provisão mensal) C - 13º salário a pagar (PC) 166,66 • referente à apropriação mensal do 13º salário. D - 13º salário a pagar (PC) 2.000,00 C - banco c/ movimento (AC) 2.000,00 • referente ao pagamento do 13º salário. 1.3.2 Adicional por insalubridade O adicional por insalubridade é caracterizado por uma verba salarial condicionada à existência de determinada situação prejudicial ao trabalhador. É determinado pelos arts. 190 a 192 da CLT, que instituem sua incidência e forma de pagamento. Todavia, a aplicação é condicionada à norma regulamentadora 15 (NR15) (que encontra- se disponível no link: https://www.gov.br/trabalho-e-emprego/pt-br/acesso-a-informacao/ participacao-social/conselhos-e-orgaos-colegiados/comissao-tripartite-partitaria-permanente/ normas-regulamentadora/normas-regulamentadoras-vigentes/norma-regulamentadora-no-15- nr-15), emitida pelo Ministério do trabalho e emprego, constando em quais situações e qual grau se aplica. De modo geral, a insalubridade pode ser de grau baixo, médio ou alto, repercutindo num adicional de 10, 20 ou 40% respectivamente, sendo tal valor calculado sobre o salário mínimo ou sobre o salário base da categoria, caso existente essa disposição em convenção coletiva de trabalho. Sobre o adicional de insalubridade, por ser verba salarial, incidem impostos como INSS e FGTS, assim como verbas trabalhistas como 13º salário, aviso prévio e horas extras, que devem ser calculados adicionando a insalubridade na base de cálculo. A Lei prevê que, caso o empregador consiga anular as condições prejudiciais que tornam o ambiente de trabalho insalubre, cessará a obrigação do pagamento do adicional, portanto, ainda que seja considerada uma verba habitual, existe a possibilidade de esta ser suprimida. 21WWW.UNINGA.BR PR ÁT IC AS T RA BA LH IS TA E P RE VI DE NC IÁ RI A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Para calcular o adicional de insalubridade, precisamos, primeiramente, checar a NR 15 para averiguar se o acréscimo será de 10, 20 ou 40%. Sabendo o percentual correto, basta multiplicá-lo pelo salário mínimo vigente, R$1.320 reais no momento da confecção deste material, e termos o valor do acréscimo: R$132,00 para insalubridade de grau baixo; R$264,00 para insalubridade de grau médio; R$528,00 para insalubridade de grau alto. Como exemplo, podemos considerar ainda uma situação na qual o empregado possui um piso salarial da categoria de R$2.000,00, e a convenção trabalhista determina que a insalubridade seja calculada sobre o salário base da categoria. Nesta situação, teremos, para grau baixo, R$2.000,00*10% = R$200,00; para grau médio R$2.000,00*20% = R$400,00, e para grau alto R$2.000,00*40% = R$800,00, lembrando sempre que o salário base é antes dos acréscimos porventura existentes. 1.3.3 Adicional por periculosidade O adicional de Periculosidade, assim como o anterior, também é verba salarial, habitual, que destina a remunerar o empregado que trabalha sob uma condição prejudicial. Todavia, diferentemente do que ocorre no ponto anterior, aqui não se fala em tempo ou grau de exposição, a periculosidade se refere a perigo de vida permanente, como o pessoal que trabalha com explosivos, redes de alta tensão, in� amáveis etc. A periculosidade é calculada sobre 30% do salário base recebido pelo empregado. O adicional de insalubridade é regulado pela Norma Regulamentadora 16 (NR16) (que pode ser encontrada no link https://www.gov.br/trabalho-e-emprego/pt-br/acesso-a-informacao/ participacao-social/conselhos-e-orgaos-colegiados/comissao-tripartite-partitaria-permanente/ normas-regulamentadora/normas-regulamentadoras-vigentes/norma-regulamentadora-no-16- nr-16) e dispõe sobre as atividades consideradas perigosas. Sobre o adicional de periculosidade, por ser verba salarial, incidem impostos como INSS e FGTS, assim como verbas trabalhistas, como 13º salário, aviso prévio e horas extras. Assim como a insalubridade, a CLT permite que, caso seja anulado o risco ao qual o empregado está sujeito, o pagamento do adicional seja também suprimido. Assim como a insalubridade, a periculosidade é calculada de maneira simples, basta multiplicar o salário base por 30% e teremos o valor do adicional. Logo, um empregado cujo salário base é R$2.000,00 teráum acréscimo de R$600,00; o empregado cujo salário base é R$3.000,00 terá um acréscimo de R$900,00, um que o salário base é R$5.000,00 terá um acréscimo de R$1.500,00, e assim por diante. A lei determina que, caso o trabalhador tenha direito a ambos os adicionais de periculosidade e de insalubridade, deverá escolher apenas um deles, por força do art. 193, §2 da CLT. Poderia o legislador entender que o risco de vida habitual engloba a nocividade à saúde da insalubridade? 22WWW.UNINGA.BR PR ÁT IC AS T RA BA LH IS TA E P RE VI DE NC IÁ RI A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.3.4 Horas extras A jornada de trabalho, de modo geral, não excede a 8 horas diárias, respeitados intervalos para almoço e descanso, sendo ainda considerada como 44 horas semanais, ou, ainda, 220 horas mensais. Ainda que a lei permita variações na jornada de trabalho, existem limites legais impostos à quantidade de horas que podem ser exigidas do trabalhador. A essas horas, é permitido pelo art. 59 da CLT o acréscimo de 2 horas extras diárias, portanto, em uma jornada normal de 8 horas, o empregador pode exigir o cumprimento de até 2 horas extras, totalizando assim 10 horas diárias, da mesma maneira que em uma jornada de 6 horas, o empregador pode exigir o cumprimento de 2 horas, totalizando assim oito horas extras. A hora extra, por ser considerada um esforço adicional realizado pelo empregado já fatigado, possui uma remuneração diferenciada. A CLT, que possui como base a constituição federal, no §1 do art. 59, dispõe que a hora extra deve ser paga com acréscimo de, no mínimo, 50% sobre o valor da hora normal. Para o caso de horas extras prestadas em domingos e feriados, o valor adicional é de 100% sobre a hora ordinária. No caso dos comissionistas, o adicional é calculado sobre o valor hora das comissões com acréscimos de 50% se de segunda a sábado, ou de 100% se domingos e feriados. O valor- hora das comissões é obtido dividindo-se o valor da comissão recebida pela quantidade de horas efetivamente trabalhadas no mês. No cálculo das horas extras, são considerados, ainda, os valores recebidos a título de insalubridade, periculosidade e adicional noturno, desde que habituais. Importante salientar que muitas convenções e acordos trabalhistas possuem um valor diferenciado para o pagamento de horas extras, portanto é sempre importante conferir a existência de tais documentos antes de realizar o cálculo, sempre considerando que o valor nunca poderá ser inferior a 50%. Ainda neste tema, o art. 58 em seu §1 dispõe que, no cálculo de horas extras ou nos descontos, não são consideradas variações inferiores a cinco minutos no registro do ponto, sendo tais valores limitados a dez minutos diários. Exemplos: Um empregado possui salário de R$3.000,00 reais por mês. Para cumprimento de uma meta, seu gerente determinou que ele deve trabalhar 1 hora extra por dia, de segunda a sexta. Após 18 dias efetivamente trabalhados, o empregado atingiu a meta e voltou a laborar em seu horário normal. Sabendo-se que ele recebe, habitualmente, adicional de periculosidade, qual será o valor das horas extras a serem pagas no � nal do mês? Qual será o valor da remuneração total, considerando que não existem outros adicionais? Para calcular o valor correto, devemos primeiramente descobrir nossa base de cálculo. para horas extras: no caso em apreço, a base é de R$3.000,00 do salário base + R$900,00 da periculosidade, portanto a base de cálculo é de R$3.900,00. Como o enunciado nada disse sobre o regime de trabalho, usaremos o regime padrão de 220 horas mensais, com adicional de 50% pelo trabalho ter sido realizado de segunda a sexta. Assim, dividimos R$3.900,00 por 220 e chegamos ao valor de R$17,73 de salário por hora trabalhada, sobre este valor, somamos 50% e chegamos ao total de R$26,60. Para cada hora extra trabalhada, o empregado tem direito a R$26,60, que multiplicados pelas 18 horas trabalhadas, totalizam R$478,80. Portanto, o empregado, ao � nal do mês, faz jus a: R$3.000,00 de salário, mais R$900,00 de periculosidade + R$478,80 de horas extras, totalizando uma remuneração de R$4.378,80 naquele mês de trabalho. Importante ainda notar que, no caso de comissionistas, a hora extra calculada sobre comissão utiliza o divisor equivalente ao de horas efetivamente trabalhadas e não o padrão de 220 horas, sendo devido apenas o adicional e não a hora + adicional. 23WWW.UNINGA.BR PR ÁT IC AS T RA BA LH IS TA E P RE VI DE NC IÁ RI A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Contabilização da hora extra: D - horas extras (vendas ou adm - DR) 478,80 C - horas extras (PC) 478,80 • referente ao reconhecimento das horas extras D - horas extras / salários a pagar (PC) 478,80 C- banco c/ movimento 478,80 • referente ao pagamento das horas extras 1.3.5 Adicional noturno O adicional noturno é um benefício devido aos trabalhadores urbanos e rurais que exercem seu labor no período noturno, seja o trabalho durante toda a noite ou apenas parcialmente. A questão é regulamentada pela Constituição Federal de 1988: Art.7º.São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visam a melhoria de sua condição social: IX–remuneração do trabalho noturno superior à do diurno; (BRASIL, 1988). Assim como na CLT: Art. 73. Salvo nos casos de revezamento semanal ou quinzenal, o trabalho noturno terá remuneração superior à do diurno e, para esse efeito, sua remuneração terá um acréscimo de 20 % (vinte por cento), pelo menos, sobre a hora diurna § 1º A hora do trabalho noturno será computada como de 52 minutos e 30 segundos. § 2º Considera-se noturno, para os efeitos deste artigo, o trabalho executado entre as 22 horas de um dia e as 5 horas do dia seguinte (BRASIL, 1946). Veja-se, portanto, que sempre que um empregado exercer seu trabalho no período compreendido, será entre 22h e 05 h, ainda que de forma parcial. O adicional devido é calculado em 20% no caso de trabalhadores urbanos e 25% no caso de trabalhadores rurais. Para chegar ao valor � nal do adicional noturno, é necessário levar em conta algumas considerações: 1 - A legislação determina que a hora noturna é de 52 minutos e 30 segundos, não de 60 minutos; 2 - Considerando a informação anterior, temos que a hora noturna tem um valor equivalente a 114,29% da hora normal, valor obtido através de simples cálculo de regra de três ((60*100)/52,5); 3 - A este valor, deve ainda ser acrescido os 20% ou 25% determinados em lei (114,29 x 1,20 ou 114,29 x 1,25), chegando assim a um valor de 137,14, arredondando para baixo, o valor de 137,00 ou 37% para trabalho urbano, ou ainda 142,86,arredondando pra cima, 143,00 ou 43% de acréscimo para trabalho rural. 24WWW.UNINGA.BR PR ÁT IC AS T RA BA LH IS TA E P RE VI DE NC IÁ RI A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Com base nas informações anteriores, vamos calcular qual o valor total do adicional noturno de um empregado que trabalha em regime de 220 horas mensais, das 16h às 24h, em trabalho rural, acumulando um total de 48 horas de trabalho realizado em trabalho noturno em determinado mês, com salário base de R$2.500,00 reais por mês. Primeiramente devemos calcular o valor da hora base: R$2.500,00/220 = R$11,36 A este valor, aplicamos o multiplicador de 43% informado anteriormente, chegando ao valor de R$4,88 de adicional por hora noturna trabalhada. Considerando um total de 48 horas noturnas trabalhadas, multiplica-se R$4,88 x 48, totalizando R$234,24 de adicional noturno naquele mês. 1.4 Descanso Semanal Remunerado (DSR) O DSR é um direito conferido a todo trabalhador de descansar ao menos um dia por semana, preferencialmente aos domingos, sem que lhe seja descontado qualquer valor de seu salário. É regulado pela CLT (BRASIL,1943) em seus arts. 66 e seguintes: Art. 66 - Entre 2 (duas) jornadas de trabalho haverá um período mínimo de 11 (onze) horas consecutivas paradescanso Art. 67 - Será assegurado a todo empregado um descanso semanal de 24 (vinte e quatro) horas consecutivas, o qual, salvo motivo de conveniência pública ou necessidade imperiosa do serviço, deverá coincidir com o domingo, no todo ou em parte. Parágrafo único - Nos serviços que exijam trabalho aos domingos, com exceção quanto aos elencos teatrais, será estabelecida escala de revezamento, mensalmente organizada e constando de quadro sujeito à � scalização (BRASIL, 1943). Para os empregados mensalistas, o DSR é considerado e incluído em seu salário mensal, sendo devidos os acréscimos apenas no caso de recebimento de horas extras, comissão ou adicional noturno. No caso de comissionistas puros ou mistos, é necessário apurar o valor da DSR em todo fechamento de folha de pagamento, com base no valor total das comissões. Importante notar que, caso o empregado falte injusti� cadamente, ele perde direito ao recebimento do DSR daquela semana por força do ar. 158 do decreto 10854/2021: Art. 158. O trabalhador que, sem motivo justi� cado ou em razão de punição disciplinar, não tiver trabalhado durante toda a semana e cumprido integralmente o seu horário de trabalho perderá a remuneração do dia de repouso. § 1º Nas empresas em que vigorar regime de trabalho reduzido, a frequência exigida corresponderá ao número de dias em que houver trabalho. § 2º As ausências decorrentes de férias não prejudicarão a frequência exigida. § 3º Não serão acumuladas a remuneração do repouso semanal e a do feriado civil ou religioso que recaírem no mesmo dia. § 4º Considera-se semana, para � ns de pagamento de remuneração, o período de segunda-feira a domingo que antecede o dia determinado como repouso semanal remunerado (BRASIL, 2021). Ainda devemos reparar que o desconto é semanal, ou seja, se o empregado tiver uma falta injusti� cada em uma semana, além do desconto do dia faltoso, perde também o direito ao 25WWW.UNINGA.BR PR ÁT IC AS T RA BA LH IS TA E P RE VI DE NC IÁ RI A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA DSR daquela semana. Se tiver duas faltas na mesma semana, perde o direito ao DSR daquela semana. Se tiver duas faltas, uma em cada semana diferente, perde o direito ao DSR de ambas as semanas, por isso, é muito importante estar atento a este detalhe. Para calcular a DSR, precisamos somar os valores que compõem a base de cálculo, como salário, horas extras e comissões. Primeiramente, é necessário contar os dias trabalhados e os dias de repouso daquele mês. Dividimos o valor da base de cálculo pela quantidade de dias trabalhados, e multiplicamos o resultado pela quantidade de dias de repouso. 1.4.1 Exemplo A Vamos utilizar como exemplo um funcionário que recebe R$3.000,00 por mês e realiza 10 horas extras num mês, qual o valor do adicional de horas extras re� etidas na DSR e qual o valor que deverá ser descontado a título de DSR caso ele venha a faltar injusti� cadamente? Será considerado um mês com 26 dias de trabalho e 4 dias de descanso. Primeiramente, precisamos calcular a DSR dentro do salário mensal: R$3.000,00/26 = R$115,38. Agora o valor das horas extras: R$3.000,00/220 = R$13,63, ao qual deve ser acrescentado 50%, totalizando R$20,45. Pelas 10 horas extras trabalhadas, o empregado fará jus a um total de R$204,50. Agora, tendo a base de cálculo das horas extras, calcularemos a DSR utilizando a mesma fórmula do salário mensal: 204,50/26 = R$7,86. As horas extras geram, portanto, um acréscimo de R$7,86 em sobre cada DSR usufruída pelo empregado, que, no caso, totalizam 4 no mês, ou seja, um total de R$31,44. Com base nessas informações, concluímos que: 1 - Ao � nal do mês, o empregado receberá um acréscimo de R$31,44 a título de re� exo das horas extras em DSR. 2 - Caso o empregado venha a faltar injusti� cadamente, terá uma diminuição de R$115,38 (do salário mensal) + R$7,86 (do re� exo das horas extras), totalizando um desconto de R$123,24, a título de DSR, podendo ainda ser-lhe descontado o próprio dia da falta. 1.4.2 Exemplo B Um vendedor comissionado puro recebeu, em um mês, o equivalente a R$4.320,00 de comissão total. Considerando que, naquele mês, ocorreram 5 domingos e um feriado, qual o valor da DSR a ser acrescida em seu holerite no momento do pagamento? R$4.320,00/24 = R$180,00 - dividimos o valor total da comissão pela quantidade de dias trabalhados para chegar ao valor de cada dia. 26WWW.UNINGA.BR PR ÁT IC AS T RA BA LH IS TA E P RE VI DE NC IÁ RI A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA R$180,00*6 = R$1080,00 - multiplicamos o valor do dia trabalho pela quantidade de dias de descanso usufruídos, incluído o feriado por se tratar de empregado comissionista. Ao � nal do mês, deverá ser acrescido em empregado um total de R$1.080,00 a título de DSR. Contabilização da DSR D - DSR (vendas ou adm - DR) 1.080,00 C - DSR / salários a pagar (PC) 1.080,00 D- DSR /salários a pagar (PC) 1.080,00 C - banco c/ movimento 1.080,00 1.5 Férias Trata-se de direito concedido por lei a todo empregado, o gozo anual de férias remuneradas com valor adicional de pelo menos um terço, conforme o art. 7º, inciso XVII da Constituição Federal de 88. A CLT (BRASIL, 1943) também dispõe sobre a questão em seus arts. 129 a 145. O chamado período aquisitivo é o tempo que o empregado deve trabalhar para ter direito ao benefício das férias remuneradas. Para cada mês trabalhado, sendo considerado como tal período superior a 14 dias trabalhados dentro de um mês, o empregado adquire o equivalente a 1/12 de suas férias; que devem ser obrigatoriamente concedidas pela empresa dentro dos 12 meses seguintes à aquisição do direito integral, de forma que é não se pode “acumular” férias. Caso o empregado possua faltas não justi� cadas no período aquisitivo, sofrerá poderá sofrer uma penalidade, conforme regulado pelo art. 130 da CLT (BRASIL, 1943): Art. 130 - Após cada período de 12 (doze) meses de vigência do contrato de trabalho, o empregado terá direito a férias, na seguinte proporção: I - 30 (trinta) dias corridos, quando não houver faltado ao serviço mais de 5 (cinco) vezes; II - 24 (vinte e quatro) dias corridos, quando houver tido de 6 (seis) a 14 (quatorze) faltas; III - 18 (dezoito) dias corridos, quando houver tido de 15 (quinze) a 23 (vinte e três) faltas; IV - 12 (doze) dias corridos, quando houver tido de 24 (vinte e quatro) a 32 (trinta e duas) faltas (BRASIL, 1943). A CLT possui diversos comandos legais explícitos, sendo não somente uma norma meramente regulamentadora, mas também limitadora aos direitos ali tratados. Neste sentido, torna-se importante a leitura da lei pura, especialmente na parte em que se trata das férias, pois ali está regulada a forma de aquisição, concessão, descontos, férias coletivas e abono pecuniário, uma espécie de venda das férias para o empregador. A lei pode ser encontrada no link: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm. 27WWW.UNINGA.BR PR ÁT IC AS T RA BA LH IS TA E P RE VI DE NC IÁ RI A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Ainda, o art. 131 da CLT também traz algumas situações nas quais as ausências não são consideradas faltas, para efeitos de contagem de férias: Art. 131 - Não será considerada falta ao serviço, para os efeitos do artigo anterior, a ausência do empregado: I - nos casos referidos no art. 473; Il - durante o licenciamento compulsório da empregada por motivo de maternidade ou aborto, observados os requisitos para percepção do salário- maternidade custeado pela Previdência Social; III - por motivo de acidente do trabalho ou enfermidade atestada pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, excetuada a hipótese do inciso IV do art. 133; IV - justi� cada pela empresa, entendendo-se como tal a que não tiver determinado o desconto do correspondente salário; V - durante a suspensão preventiva para responder a inquérito administrativo ou de prisão preventiva, quando for impronunciadoou absolvido; e VI - nos dias em que não tenha havido serviço, salvo na hipótese do inciso III do art. 133 (BRASIL, 1943). O valor das férias é calculado pela média simples da remuneração do empregado durante o período aquisitivo, incluindo o salário base, as gorjetas recebidas, assim como as comissões, as percentagens, as grati� cações ajustadas e o abonos, exceto o pecuniário, pagos pelo empregador, de acordo com o Art. 457 da CLT (BRASIL, 1943), assim como adicional de insalubridade, periculosidade e adicional noturno eventualmente pagos. Após apurar-se a média, deve-se somar a ela o equivalente a um terço dela, conhecido como adicional de férias, ou terço constitucional. As férias deverão ser concedidas em um só período, ou, desde que o empregado concorde, em até 3 períodos, sendo um deles de pelo menos 14 dias e os outros de pelo menos 5 dias. O valor das férias remuneradas, acrescidas do terço constitucional, deverão ser pagos até 2 dias antes de seu início. Vamos utilizar como exemplo um funcionário que recebe R$5.000,00 reais mensais mais grati� cação de cargo de con� ança no valor de R$2.000,00, recebidos apenas nos quatro últimos meses. Considerando que tal grati� cação integra a remuneração do empregado, ela entra na base de cálculo das férias, portanto, devemos apurar a média simples somando 8 salários de R$5.000,00 mais 4 salários de R$7.000,00. A média equivale a R$5.666,67, valor sobre o qual deve ainda ser acrescido o adicional de férias que equivale a um terço, que equivale a R$1.888,89; totalizando assim o total de R$7.555,56 a ser pago em favor do funcionário até 2 dias antes dele sair de férias; lembrando sempre que, para a contabilização, é necessário calcular o valor mensal das férias, no caso R$7.555,56/12 = R$629,63. Contabilização das férias: D - férias (venda ou adm - DR) 629,63 C - férias a pagar (PC) 629,63 • Referente à apropriação mensal das férias. D - férias a pagar (PC) 7.555,56 C - banco c/ movimento (AC) 7.555,56 • Referente ao pagamento das férias (valor integral). 28WWW.UNINGA.BR PR ÁT IC AS T RA BA LH IS TA E P RE VI DE NC IÁ RI A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.6 Gorjetas A lei considera como gorjeta todo e qualquer valor dado espontaneamente pelo consumidor, ou ainda, cobrado pela empresa a qualquer título, desde que destinado à distribuição aos empregados. O salário, composto da soma de salário base + comissões + grati� cações, quando acrescido também das gorjetas, é denominado REMUNERAÇÃO, em que incidem encargos trabalhistas e previdenciários. 1.7 Prêmios Se por um lado as pessoas que trabalham com vendas possuem incentivos pecuniários para que exerçam seu trabalho da melhor forma possível, os trabalhadores dos setores de produção e/ou gerenciamento interno podem também ser agraciados com os mesmos incentivos, que, ao invés de possuírem como base de cálculo a quantidade de vendas realizadas, serem concedidas através de metas a serem batidas, sejam metas de produção, prazos a serem cumpridos etc., todavia, com a vigência da reforma trabalhista de 2017, os prêmios deixaram de integrar a base de cálculo do salário dos empregados. Entretanto, os prêmios se diferenciam das grati� cações, pois são pagamentos extraordinários e não habituais. A habitualidade no pagamento de prêmios poderá ser considerada como grati� cação e implicará na incidência de impostos e recolhimentos legais. Importante citar aqui que, apesar de possuírem conceitos parecidos, a PLR – Participação nos Lucros e Resultados é uma exceção legal: regulado pela lei 10.101/2000, ele não se sujeita a qualquer recolhimento trabalhista, podendo ainda ser abatido na base de cálculo do IPRJ e CSLL, sendo portanto uma boa alternativa legal às empresas que visam premiar seus funcionários pelo bom desempenho no trabalho, tendo como limitação o fato de que o PLR deve ser concedido para todos os funcionários, independentemente da sua efetiva produção. 1.8 Verbas Indenizatórias As verbas indenizatórias são um conjunto de valores pagos aos empregados, como forma de indenizar algum prejuízo que, por algum motivo, incorre durante o desempenho do trabalho contratado. Podem se apresentar como ajuda de custo, auxílio-alimentação (desde que não pago em dinheiro), vale transporte, diárias de viagem etc., sempre devidamente justi� cadas. Assim como os prêmios, as verbas indenizatórias não são incluídas na remuneração do empregado: por se tratar de indenização, não existe qualquer acréscimo no patrimônio de quem recebe tais verbas, apenas a manutenção do patrimônio que deveria existir. 1.9 Abonos O abono pode ser concebido na forma de adiantamento salarial, não incidindo sobre ele nenhum direito adicional ao que já incidiria quanto ao pagamento normal do salário, ou ainda na forma de abono pecuniário, que consiste na venda de parte do período de férias do empregado, até no máximo de 1/3 das férias a que tem direito, hipótese esta em que é considerada verba indenizatória. O abono é calculado sobre o valor das férias, sendo equivalente ao valor do dia trabalhado do empregado multiplicado pela quantidade de dias vendidos, acrescidos de um terço. 29WWW.UNINGA.BR PR ÁT IC AS T RA BA LH IS TA E P RE VI DE NC IÁ RI A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.10 Salário Família Trata-se de benefício previsto no art. 7º, inciso XII da constituição federal. É um benefício previdenciário a que têm direito os segurados empregados, inclusive os domésticos, e aos trabalhadores avulsos que tenham salário de contribuição inferior ou igual a remuneração máxima da tabela do salário família. O salário-família é um benefício pago pela previdência social, em que a empresa apenas intermedia o processo, ou seja, ela remunera o trabalhador e depois deduz na guia de INSS (GPS). O salário família não incorpora base de cálculo para INSS e para FGTS. É pago sob a forma de quota percentual, calculada sobre o valor do salário mínimo local, arredondado para cima, sendo o valor multiplicado pela quantidade de � lhos menores de 14 anos ou inválidos de qualquer idade. Têm direito ao benefício aquele empregado que recebe mensalmente até R$1.754,18, sendo pago um adicional de R$59,82 para cada � lho ou equiparado legalmente, bastando realizar uma simples multiplicação no caso da existência de dois ou mais dependentes. Considera-se remuneração mensal do segurado o valor total do respectivo salário de contribuição, ainda que resultante da soma dos salários de contribuição correspondentes a atividades simultâneas. Todas as importâncias que integram o salário de contribuição serão consideradas como parte integrante da remuneração do mês, exceto o Décimo Terceiro Salário e o adicional de férias previsto no inciso XVII do art. 7º da Constituição Federal, para efeito de de� nição do direito à cota do salário-família. Deve-se sempre � car atento a situações na qual, devido ao recebimento de algum adicional, o empregado, naquele mês, ultrapassar o teto de benefício, o qual não é devido. Isso vale caso o empregado possua dois empregos registrados e seu salário de contribuição ultrapasse o teto do benefício. CONSIDERAÇÕES FINAIS Chegamos ao � nal da unidade na qual aprendemos os conceitos e aplicações dos proventos trabalhistas aplicáveis em decorrência da relação jurídica de empregado – empregador. Neste ponto, aprendemos a diferenciar e classi� car cada espécie remuneratória, assim como os re� exos que elas possuem entre si, juntamente com orientações básicas e práticas de cálculo necessárias para o aprendizado. A matéria trabalhista e previdenciária é alvo de constante regulamentação e mudança pelo poder público, motivo pelo qual o pro� ssional que atua nesta área deve estar sempre antenado nas novidades, especialmente alterações em leis, decretos ou instruções normativas que podem vir a in� uenciar a maneira como são realizados os cálculos dos benefícios; sendo de suma importância