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UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE FACULDADE DE EDUCAÇÃO DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA CURSO DE LICENCIATURA EM PSICOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES Disciplina: Ergonomia e Qualidade de Vida no Trabalho; 1° Semestre; 4° Ano; Laboral. ACIDENTES DE TRABALHOS: ESTUDO DE CASO Discentes: Carmen Juga Cleide Mussane Dinamárcia Henriques Shelton Cossa Docente: Msc. Reginaldo Sitoe Maputo, Junho de 2024 Índice 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1 1.1. Objectivo Geral ........................................................................................................... 1 1.2. Objectivos Específicos ................................................................................................ 1 2. REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................................... 2 2.1. Acidente ...................................................................................................................... 2 2.2. Acidente de Trabalho .................................................................................................. 2 2.3. Abordagens de análises de acidentes .......................................................................... 3 2.3.1. Abordagem Tradicional ....................................................................................... 3 2.3.2. Abordagem Contemporânea ................................................................................ 3 2.4. Principais Tipos de Acidentes ..................................................................................... 4 2.5. Causas.......................................................................................................................... 5 2.5.1. Factores causais de acidentes de trabalho ............................................................ 5 2.6. Consequências ............................................................................................................. 6 2.7. Medidas para a prevenção de acidente no trabalho ..................................................... 8 2.8. Análise ergonómica do trabalho .................................................................................. 9 3. METODOLOGIA ............................................................................................................. 10 3.1. Tipos de Pesquisa ...................................................................................................... 10 3.1.1. Pesquisa Exploratória......................................................................................... 10 3.1.2. Estudo de Caso ................................................................................................... 10 4. Descrição do Caso ............................................................................................................ 11 5. Enquadramento Legal ....................................................................................................... 12 6. Plano de intervenção ......................................................................................................... 14 7. Conclusão ......................................................................................................................... 15 8. Referências bibliográficas ................................................................................................ 16 1 1. INTRODUÇÃO Todos os acidentes de trabalho, sem excepção, constituem um problema a nível nacional e mundial, com consequências económicas e sociais graves. Os acidentes laborais, até os mais simples, acarretam custos para os países, para as organizações, para as famílias e têm consequências graves para a saúde e bem-estar da população em geral. O presente trabalho surge no âmbito da disciplina de Ergonomia e Qualidade e Vida no Trabalho, que constitui uma unidade curricular do Curso de Licenciatura em Psicologia das Organizações, leccionada pela Faculdade de Educação, da Universidade Eduardo Mondlane, e tem por escopo abordar os acidentes de trabalho, tendo como base um estudo efetuado na Joyo Alumínio e Vidro de Maputo. Para realização deste trabalho definiu-se como objectivos: 1.1.Objectivo Geral: Analisar os impactos dos acidentes de trabalho no ambiente de trabalho. 1.2.Objectivos Específicos: Explicar os acidentes de trabalho com base na revisão de literatura; Fazer o enquadramento legal; Descrever o caso e propor um plano de intervenção. A estrutura deste trabalho encontra-se dividida em cinco partes. Na primeira parte é feita uma revisão da literatura apresentando alguns temas relevantes para o desenvolvimento do tema. Na segunda parte caracteriza-se a estratégia metodológica escolhida. Na terceira parte faz-se a caracterização da organização onde o estudo foi efetuado. Na quarta parte faz-se o enquadramento legal com a Lei de Trabalho, e na quinta parte faz-se a apresentação do plano de intervenção, ou seja, das medidas de melhoria/preventivas. 2 2. REVISÃO DE LITERATURA Este ponto é dedicado à reflexão sobre alguns conceitos e perspectivas relacionados sobre as dimensões em estudo, inerentes a esta investigação. 2.1.Acidente O termo “acidente” deriva do latim accidens, particípio de accidere, “ocorrer, acontecer, cair sobre”, de ad-, “a”, mais cadere, “cair”. O sentido mudou do inicial “evento, algo que acontece” para “algo que acontece por acaso” e depois para “acontecimento infortunado”. Acidente significa qualquer evento não planeado e inesperado que pode (ou não) causar morte, lesão, dano ou perda (Filhos e Soares, 2015). 2.2.Acidente de Trabalho O acidente pode ser definido por “todas as ocorrências não programadas, estranhas ao andamento normal do trabalho, das quais poderão resultar danos físicos e/ou funcionais ou morte ao trabalhador e danos materiais e económicos à empresa”. O acidente de trabalho é um evento que ocorre de forma repentina e que pode ter na sua origem “factores sincrónicos e diacrónicos” (Areosa and Dwyer, 2010, p. 1, citados por Bacalhau, 2020), mas para ser considerado em consequência da actividade laboral, deve ter relação com o trabalho, deve ocorrer “no local e tempo de trabalho” e provocar um impacto físico-funcional (Freitas, 2011, p. 119, citado por Bacalhau, 2020). Para Heinrich (1932) citado por Filho e Soares (2015), o acidente é o resultado de uma sequência linear de eventos que podem ser comparados com cinco pedras enfileiradas de um jogo de dominós em pé. Essas pedras podem ser assim denominadas: a) Ambiente social (questões relacionadas à personalidade do trabalhador); b) Causa pessoal (falha humana durante a realização do trabalho); c) Acto inseguro – condição insegura (causa mecânica); d) Acidente e; e) Lesão. 3 2.3.Abordagens de análises de acidentes 2.3.1. Abordagem Tradicional Na chamada abordagem ou paradigma tradicional (Cattino, 2002; Llory, 1999; Dwyer, 2000) o acidente é considerado culpa do trabalhador, evento simples, uni causal, produto do azar ou do acaso, fatalidade, evento negativo, produto do erro humano decorrente do desrespeito às normas ou de decisões conscientes dos operadores. Sob as considerações desse paradigma, há a dicotomia ato inseguro - ato seguro. A preocupação é identificar e punir os culpados pelo ocorrido para que não cometam novamente o referido ato. Uma das principais limitações da abordagem tradicional sobre os acidentes de trabalho é a sua consideração sobre a exposição do ser humano apenas a perigos concretos e visíveis que causam danos ao corpo (Garrigou, 2007) como os acidentes com cortes, quedas, torções nos pés, pancadas na cabeça, etc. São ignorados os riscos não visíveis como a sobrecarga gerada pelo tratamento de informações, excesso de responsabilidades, ritmo intensode trabalho, formas de supervisão, remuneração inadequada, horas extras abusivas dentre outras. 2.3.2. Abordagem Contemporânea Já a visão contemporânea dos acidentes tira o foco do trabalhador enquanto culpado pelo acidente e engloba o sistema no qual ele está inserido. A partir dessa visão sistémica, é considerado que, em um processo produtivo, há variação humana e também na produção requerendo regulações constantes por parte do trabalhador. O trabalho é visto como um conjunto de aspectos materiais, organizacionais e subjectivos. Nesse contexto, o trabalhador está sempre fazendo prevenção a partir de modificações em seus comportamentos quotidianos para enfrentar os desafios das situações laborais (Gonçalves, 2006). Nessa perspectiva, a compreensão dos acidentes tem a ver com o entendimento dos motivos pelos quais os eventos causadores do acidente não foram detectados e evitados não apenas pelo trabalhador, mas pelos demais profissionais envolvidos no projecto da situação de trabalho na qual ele está envolvido. O acidente deixa de ser considerado apenas como erro humano, isto é, centrado nas demandas cognitivas, perceptuais e fisiológicas dos trabalhadores para ser considerado um evento inserido em um sistema (processo produtivo). Nessa visão, o erro humano não é considerado falta de atenção, de interesse, desmotivação e negligência do trabalhador. Busca-se entender o comportamento dele e o sentido de suas 4 acções no momento do acidente. Possivelmente, a partir dessa nova visão, seja possível pensar e actuar na prevenção de acidentes, enquanto, na visão tradicional, busca-se apenas identificar o culpado para puni-lo. 2.4.Principais Tipos de Acidentes Segundo o Ministério do Trabalho (2013) os acidentes de trabalhos são divididos duas categorias: os Acidentes de Trabalho Típicos (ATTs) e os Acidentes de Trabalho Atípicos (ATAs) ou por Equiparação (ATE). Para melhor entendimento e simplificação desse estudo, os acidentes de trabalho serão divididos em: típico, atípico, acidente de trajecto e doenças ocupacionais. Acidente Típico: é aquele que ocorre no local de trabalho e durante o expediente, considerado como um acontecimento súbito, violento e ocasional, e provocando no trabalhador uma incapacidade para a prestação de serviço (Ferreira; Peixoto, 2012, p. 33, citado por Gonçalves, 2006). Acidentes Atípicos: são aqueles que, na realidade não decorre de um acidente propriamente dito, porém tem origem no exercício laboral e, por ter como consequência a incapacidade laborativa, a lei considera-os nessa categoria. Doenças Ocupacionais: abrangem qualquer condição de saúde que é causada ou agravada pelo ambiente de trabalho. Isso inclui uma ampla gama de doenças que podem afectar trabalhadores em diversos sectores. São doenças causadas pelas condições do ambiente de trabalho. Doenças Profissionais: por outro lado, são doenças directamente relacionadas a uma actividade ou profissão específica. Elas são frequentemente listadas em tabelas oficiais e reconhecidas legalmente como resultantes de determinadas actividades laborais. Acidente de trajecto: é o acidente sofrido pelo empregado no percurso da residência para o local de trabalho ou vice-versa, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do empregado. Deixa de caracterizar-se como “acidente de trajecto” quando o empregado tenha, por interesse próprio, interrompido ou alterado o percurso normal (Ferreira; Peixoto, 2012, p. 34, citado por Gonçalves, 2006). 5 2.5.Causas Segundo Gonçalves (2006), os acidentes de trabalho e as doenças ocupacionais podem ser provenientes de vários factores, tais como: movimentos repetitivos, carga excessiva, pressão por parte da empresa para o atendimento de metas e situações de estresse elevado e contínuo. Os acidentes de trabalho são multicausais, ou seja, há vários factores que podem contribuir ao mesmo tempo para que ocorram. Considerando que os acidentes geralmente são causados por vários motivos, Ayres e Corrêa (2001) afirmam que as principais causas de acidentes de trabalho são: falta de conscientização dos empresários e trabalhadores para a importância da prevenção dos perigos no trabalho que possam levar a um acidente; jornadas de trabalho longas; profissionais com formação imprópria; longos períodos de transporte incómodo e exaustivo – no caso de grandes cidades; prestação de serviço insalubre em jornadas de trabalho destinadas às actividades normais; trabalhadores sem o devido registo; trabalhadores com alimentação inadequada e não suficiente; alta rotatividade da mão-de-obra e excesso na terceirização de serviços. 2.5.1. Factores causais de acidentes de trabalho De acordo com Pereira (2022), os factores causais podem ser classificados em três grupos: humanos, materiais e fortuitos. Factores humanos Os factores causais humanos são constituídos por aquelas acções ou omissões das pessoas que, originando situações de risco, dão lugar à ocorrência de acidentes e respectivas consequências. Estes factores, também conhecidos por “falhas humanas”, podem ser imputados ao (s) sinistrado (s) ou a terceiros. Estes factores são devidos a deficiências (CICCOPN, 2005, citado por Pereira, 2022): Fisiológicas: fadiga, etc.; Psicológicas: imprudência, distração, negligência, fadiga psicológica, etc.; Profissionais: ignorância, inaptidão, inexperiência, etc.; Outras: doenças, alcoolismo, droga, etc. 6 Factores materiais As condições materiais que originam, causam e explicam situações potenciais de risco e de perigo, de que resultem acidentes e as respectivas consequências, constituem os factores causais materiais e são motivados por anomalias de: máquinas ou ferramentas inadequadas, não protegidas, defeituosas; sinalização: inexistente ou desapropriada; arrumação ou armazenagem: má arrumação do local de trabalho e/ou acondicionamento defeituoso; higiene e salubridade: arejamento insuficiente, má iluminação, ruído excessivo, temperatura, humidade, sujidade, poeiras, etc. (CICCOPN, 2005, citado por Pereira, 2022). Factores fortuitos Os factores fortuitos devem-se a situações imprevisíveis resultantes de: acções adversas de fenómenos atmosféricos incontroláveis, entre outros (CICCOPN, 2005, citado por Pereira, 2022). Muitas têm sido as bases teóricas para caracterizar as causas de ocorrências dos acidentes de trabalho, nomeadamente modelos baseados no comportamento, modelos epidemiológicas, modelos sistémicos, modelos centrados em “quase acidentes”, entre outros. De um ponto de vista da complexidade, estas análises passaram de uma visão mono casual do acidente (de causa única ou de causas em sequência simples) para conceitos de multicasualidade e daí para o desenvolvimento em árvore e para a noção de níveis de significância. O fato de se considerar que cada efeito tem uma ou mais causas directas que, por sua vez, resultam de outras causas de nível de significância superior, permite desenhar as técnicas de controlo de riscos como processos de redução/minimização de causas e de estabelecimento de barreiras eficazes (Oliveira, 2014, citado por Pereira, 2022). 2.6.Consequências Os acidentes de trabalho podem trazer consequências desagradáveis para todas as esferas da sociedade, não somente para o indivíduo e para a empresa. Essas consequências vão desde problemas financeiros, até problemas psicológicos e sociais. Segundo a Previdência Social, em um olhar apenas em nível de indivíduos, os acidentes de trabalho podem trazer como consequências a incapacidade temporária, a incapacidade permanente ou o óbito para o envolvido (Gonçalves, 2006). Cada um desses pode ser caracterizado da seguinte forma: 7 a) Incapacidade Temporária: compreende os empregados que ficaram temporariamente incapacitados para o exercício de sua actividade. Durante os primeiros 15dias consecutivos ao afastamento da actividade, caberá à empresa pagar ao empregado o seu salário. Após este período, o funcionário deverá ser encaminhado à perícia médica da Previdência Social para requerimento do auxílio-doença acidentário; b) Incapacidade Permanente: refere-se aos empregados que ficaram permanentemente incapacitados para o exercício de suas actividades. A incapacidade permanente pode ser de dois tipos: parcial ou total. Entende-se por incapacidade permanente parcial o fato do acidentado em exercício laboral, apresentar sequela definitiva que implique em uma redução de sua capacidade. A incapacidade permanente total ocorre quando o acidentado apresentar incapacidade permanente e total para o exercício de qualquer actividade laborativa; e c) Óbitos: corresponde aos trabalhadores que faleceram em função do acidente do trabalho. De acordo com um estudo realizado pela OIT (2012) foi levantado que as principais consequências dos acidentes de trabalho são os desgastes físicos e mentais e os altos custos, prejudicando pessoas e empresas. Os acidentes resultam nos seguintes gastos e despesas para as empresas: assistência médica, indemnizações, tempo perdido pela vítima, diminuição da produtividade, atrasos, danos materiais, gastos judiciais com a investigação do acidente, entre outras. Vieira (2009), com uma visão mais macro, afirma que quando um trabalhador acidentado está sem produzir a colectividade fica com mais dependentes, trazendo prejuízos maiores para a União e consequentemente para toda a população, pois isto pode trazer como consequências o aumento do custo de vida por meio do aumento de taxas, seguros e impostos, além de acentuar vários problemas sociais. Mesmo que se destaque a parte dos danos e prejuízos materiais que os acidentes de trabalho possam causar, o homem deve ser o objectivo principal da prevenção de acidentes de trabalho porque ele é o elemento da organização mais valioso, cuja perda não pode ser compensada pelo dinheiro e porque depende do ser humano e de seu comportamento o sucesso ou o fracasso de qualquer programa de segurança do trabalho (Zocchio, 1996). 8 2.7.Medidas para a prevenção de acidente no trabalho O tema prevenção e protecção contra os riscos derivados dos ambientes do trabalho e aspectos relacionados à saúde do trabalhador felizmente ganha a cada dia maior visibilidade no cenário mundial. Para a prevenção, o factor humano é fundamental, pois os trabalhadores em todas as dimensões da empresa precisam se sentir como pertencentes a ela, e necessitam desenvolver um sentido de segurança, além de sentirem que trabalham em um ambiente seguro e saudável. Caso a empresa desenvolva estes tipos de sentimentos nos indivíduos, poderá obter a colaboração do trabalhador com maior facilidade e consequentemente diminuir o número de acidentes de trabalho (OIT, 2012). De acordo com Marras (2000) a prevenção de acidentes no trabalho é um programa de longo prazo que tem como finalidade, antes de qualquer coisa, conscientizar o trabalhador a proteger sua própria vida e a dos companheiros por meio de acções seguras e de uma reflexão sobre as condições inseguras de trabalho que poderiam levá-lo a eventuais acidentes. Portanto, a prevenção pode ser considerada mais como um programa educativo de constância e de fixação de valores do que um programa técnico. O autor ainda cita que um programa de prevenção de acidentes deve estar amparado sob dois aspectos fundamentais: o aspecto humano com a preocupação centrada no bem-estar e na preservação da vida do trabalhador; e o aspecto económico, pois os custos decorrentes de faltas ao trabalho, causadas por acidentes, e os custos respectivos que os acidentes podem gerar para a empresa são muito altos. A prevenção de acidentes é um benefício tanto económico quanto social, a segurança do trabalho pode ser considerada como um bom investimento, pois os resultados de se obter um bom ambiente de trabalho por meio da prevenção dos acidentes são: mais produção por meio da estabilidade dos trabalhadores; mais equilíbrio e ânimo no grupo causado pela falta de mal-estar que os acidentes provocam; menor perda de tempo, de materiais e menos reparo em máquinas; e, melhor ambiente social na comunidade (Zocchio, 1996). 9 2.8.Análise ergonómica do trabalho Segundo Lida (2005), a análise ergonómica do trabalho (AET) visa aplicar os conhecimentos da ergonomia para analisar, diagnosticar e corrigir uma situação real de trabalho. Ela foi desenvolvida por pesquisadores franceses e se constitui em um exemplo de ergonomia de correcção. A análise da actividade constitui, segundo Guérin et al. (2001) citado por Lida (2005), uma das etapas do método da Análise ergonómica do trabalho. Análise da actividade A actividade refere-se ao comportamento do trabalhador, na realização de uma tarefa. Ou seja, a maneira como o trabalhador procede para alcançar os objectivos que lhe foram atribuídos. Ela resulta de um processo de adaptação e regulação entre vários factores envolvidos no trabalho. A actividade é influenciada por factores internos e externos. Os factores internos localizam-se no próprio trabalhador e são caracterizados pela sua formação experiência, idade, sexo e outros, além de sua disposição momentânea, como motivação, vigilância, sono e fadiga. Os factores externos referem-se às condições em que a actividade é executada. Classificam-se em três tipos principais: conteúdo do trabalho (objectivos, regras e normas); organização do trabalho (constituição de equipas, horários, turnos); e meios técnicos (máquinas, equipamentos, arranjo e dimensionamento do posto de trabalho, iluminação, ambiente térmico). 10 3. METODOLOGIA 3.1.Tipos de Pesquisa No trabalho de pesquisa da empresa Joyo Alumínio e Vidro Maputo, utilizaremos os seguintes tipos de pesquisa: 3.1.1. Pesquisa Exploratória Pesquisa que tem como objectivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito. Pode envolver levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas experientes no problema pesquisado. Geralmente, assume a forma de pesquisa bibliográfica e estudo de caso. A pesquisa exploratória se define também como uma maneira de buscar a constatação de algo em um organismo ou em um fenómeno (Gil, 2002). 3.1.2. Estudo de Caso Estudo de caso é um método de abordagem de investigação em ciências sociais. Para Yin (1993), estudo de caso caracteriza-se por descrever um evento ou caso de uma forma longitudinal. O caso consiste geralmente no estudo aprofundado de uma unidade individual, tal como: uma pessoa, um grupo de pessoas, uma instituição, um evento cultural, etc. Quanto ao tipo de casos estudo, estes podem ser exploratórios, descritivos, ou explanatórios.” (Yin, 1993, p 56). Gil (2002, p 20), descreve um estudo de caso como sendo um estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objectos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento. Gil afirma ainda, “que essa modalidade de pesquisa é amplamente utilizada nas ciências sociais e biomédicas e que seus resultados, principalmente na área de biomédicas, são apresentados em aberto, ou seja, na condição de hipóteses, não de conclusões.” 11 4. Descrição do Caso A empresa do nosso objecto de estudo é a Joyo Alumínio e Vidro de Maputo, localizada na Avenida Angola, n° 2652. É uma empresa de venda e produção de alumínio e inox, produtos de casa de banho, tijoleiras e chapas de zinco. Joel, trabalhador da empresa Joyo Alumínio e Vidro da província de Maputo, relatou, numa conversa, que, houve uma vez, em 2022, um dos colegas, jovem de 29 anos de idade, morreu, num acidente de trabalho na mesma empresa, Joyo Alumínio e Vidro. Tudo acontecera por volta das 17H00, quando Derson Xavier, jovem de 29 de idade, encontrava-se a montar tecto numdos armazéns da empresa Joyo Alumínio e Vidro, a uma altura de quase 10 metros, tendo escorregado e perdido a vida no local. Logo depois da ocorrência, os colegas de Derson, tentaram ajudá-lo lavando-o ao Hospital José Macamo, mas não foram a tempo de evitar o pior. De acordo com o Joel, todos chocados com o acidente que tirou a vida ao seu colega, os trabalhadores daquela empresa pediram ao patronato uma dispensa para visitarem a família do malogrado e prestar seu apoio, mas esta recusou-se, o que originou revolta no seio destes. No âmbito da reclamação, os trabalhadores denunciaram essa irregularidade, e chamada a reagir, a direcção da empresa disse-lhes que o acidente aconteceu por negligência do trabalhador, pois existia equipamento de segurança para todos os colaboradores, mas estes não usavam. Ainda assim, a empresa JOYO Alumínio e Vidro revelou que haveria de prestar todo tipo de apoio necessário à família do malogrado e iria se encarregar de todas despesas fúnebres. 12 5. Enquadramento Legal A lei do trabalho diz no artigo 216 diz que é dever do empregador zelar pela segurança dos seus empregadores. Em caso de ocorrer um acidente de trabalho o artigo 228 da mesma lei diz que o empregador deve assegurar assistência ao trabalhador que tiver sofrido o acidente e caso resulte em morte, deve arcar com todas as despesas fúnebres. Artigos que podem dar suporte à prevenção de acidentes e às medidas legais a serem executadas no caso de não se cumprir ARTIGO 55 - Direitos do trabalhador 5. Ao trabalhador é, nomeadamente, reconhecido o direito a: g) Beneficiar de medidas apropriadas de protecção, segurança e higiene no trabalho aptas a assegurar a sua integridade física, moral e mental; h) Beneficiar de assistência médica e medicamentosa e de indemnização em caso de acidente de trabalho ou doença profissional; Artigo 60 - Deveres do empregador b) Observar as normas de higiene e segurança no trabalho, bem como prevenir acidentes de trabalho e doenças profissionais e investigar as causas quando ocorram; Artigo 220 - Princípios gerais 1. Todos os trabalhadores têm direito à prestação de trabalho em condições de higiene, saúde e segurança, incumbindo ao empregador a criação e desenvolvimento de meios adequados à protecção da sua integridade física e mental e à constante melhoria das condições de trabalho. 2. Os trabalhadores devem velar pela sua própria segurança e saúde e a de outras pessoas que se podem ver afectadas pelos seus actos e omissões no trabalho, assim como devem colaborar 13 com o seu empregador em matéria de higiene e segurança no trabalho, quer individualmente, quer através da comissão de segurança no trabalho ou de outras estruturas adequadas. 4. O trabalhador que viole de forma culposa as regras de higiene e segurança no trabalho incorre em responsabilidade disciplinar nos termos da presente Lei. 14 6. Plano de intervenção Em Anexo 15 7. Conclusão O acidente pode ser definido por “todas as ocorrências não programadas, estranhas ao andamento normal do trabalho, das quais poderão resultar danos físicos e/ou funcionais ou morte ao trabalhador e danos materiais e económicos à empresa”. Segundo o ministério do trabalho (2013) os acidentes de trabalhos são divididos em 2 (duas) categorias: os Acidentes deTrabalho Típicos (ATTs) e os Acidentes de Trabalho Atípicos (ATAs) ou por Equiparação (ATE), incluindo-se as Doenças Profissional/Ocupacional e a do Trabalho, e os Acidentes de Trajecto, As consequências dos acidentes incidem sobre o trabalhador recaindo sobre o seu meio familiar mas também se revestem de dimensões avultadas para a economia geral repercutindo-se na sociedade. Para um trabalhador, os efeitos, temporários ou permanentes, pessoais ou laborais, variam de acordo com as circunstâncias dos acidentes, no entanto, estes efeitos poderão repercutir-se nas seguintes situações. As empresas perdem social e financeiramente com os acidentes. 16 8. Referências bibliográficas Amaro, A. (2015). Observação de Segurança Comportamental Numa Oficina Automóvel. Dissertação para a obtenção do grau de Mestre em Segurança e Higiene no Trabalho, IPS, Setúbal. Ayres, D.O; Corrêa, J.A.P. Manual de prevenção de acidentes do trabalho: aspectos técnicos e legais. São Paulo: Atlas, 2001. Bacalhau, M. C. A, (2007). Resumo de Direito do Trabalho. 19 ed. – São Paulo: Malheiros editores. Freitas, L. (2008). Manual de Segurança e Saúde do Trabalho. 1ª edição, Edições Sílabo. Freitas, L. (2011). Manual de Segurança e Saúde do Trabalho. (2ª ed.) Lisboa: Edições Sílabo, Lda. Gonçalves, S. M. P. (2006). Perturbações psicológicas associadas aos acidentes de trabalho: o papel moderador do coping social e da coesão grupal. ISCTE. M.T.E. (2013). Trabalho, Ministério do Trabalho e emprego. Disponível em: http://portal.mte.gov.br. Lida, I. (2005). Ergonomia: projecto e produção. (2ª ed.). Editora Edgard Blucher. Oliveira, R. A., Mreira, H. L. (2012). Consequências dos acidentes do trabalho. Qualidade e produtividade na engenharia de produção. Itajubá.