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Direito Civil IV - Prof. Rafael Esteves 
Caderno Brenda Ferreira | 2017.2 
 
P1 - 03/10 
P2 - 07/11 
2ª Chamada - 16/11 
PF - 30/11 
 
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Aula 03/08 
 
São os arranjos negociais que nos permitem adquirir um bem. 
 
Quando se consegue efetivamente a transferência de um bem? 
Quero dizemos que o contrato de compra e venda tem a força de obrigar a transferir e quer dizer que a 
transferência deve ser feita, mas pode ser feita a outra pessoa. 
A compra e venda é um título jurídico, causa jurídica, para transferência de um bem que precisa ser 
somado a algo. Se esse bem for um bem móvel, haverá a tradição. Se for um bem imóvel, haverá o 
registro. 
 
Registro é dar publicidade para estender a eficácia para terceiros. 
Registro pode ser um ato de poder público delegado, ou um ato que dá publicidade a um negócio 
jurídico, ou a serventia pública. 
 
Art. 108 - ​se o valor do imóvel for inferior, me dispensa do registro? Não! pois a dispensa não é do 
registro, mas da escritura pública!! Escritura pública é a forma que a lei impõe a um determinado ato 
negocial. 
Quando a lei impõe a forma e diz o que é preciso para ser válido, estamos diante de uma escritura 
pública. 
Esse documento que cumpre forma pública não precisa ser levado necessariamente ao registro. 
 
Venda de imóvel abaixo de 30 salários mínimos apenas é necessário ir ao registro, sem escritura 
pública - forma livre com registro 
 
Forma pública escritural com registro - a de imóvel acima de 30 salários mínimos. 
 
Pelo contrato de compra e venda nasce a causa da relação de transferência. 
 
Doação - art. 538 - ​o contrato por si só transfere? 
 
Se eu quiser fazer um contrato de locação, o que muda? 
Não há transferência da titularidade do domínio para o locatário. Terminado o contrato, as faculdades 
retornam ao local de origem. Paga-se o aluguel, mas esse valor pago não faz do bem seu, pois você é 
apenas o locatário. O contrato de locação não tem a finalidade aquisitiva. Aqui só há a transferência 
de parte de conteúdo desse direito, transfiro a faculdade do uso, ou do gozo, ou de fruir. 
1 
O uso comercial, o uso residencial, o uso por temporada... 
Por isso que ao fim do contrato não se fica com a coisa, já que a obrigação não é de transferir, sendo 
assim, ao final do contrato o locatário se torna devedor da obrigação de restituir. 
Caso haja um incêndio do bem, a perda se dá ao locador, ao dono do imóvel. 
 
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Aula 08/08 
 
Contrato de seguro 
 
Qual o interesse jurídico que leva a celebração de um contrato de seguro? 
Proteção de bem jurídico ou patrimonial (muito amplo). Segurança e risco são aspectos diferentes se 
uma mesma coisa. Discutir padrões de segurança é discutir riscos toleráveis. 
Seria o risco e a segurança o nosso interesse principal do contrato de seguro? No caso dos seguros, 
está passando à alguém o risco. Isso é contratar sobre o risco. Quem contrata o seguro não quer evitar 
o risco, mas sim transferir o ônus que aquele bem jurídico pode submeter. SINISTRO é um fato 
jurídico que transforma o risco em dano. O dano é concreto, ele ocorreu, é uma perda que se verificou, 
é o interesse que se frustrou. O risco é a possibilidade de dano. 
O dano é reposto através desse contrato de seguro. Ao contratar sobre o risco, eu me exonero de sofrer 
o dano. 
No fim das contas eu quero afastar o risco ou o dano? 
O dano! 
Sendo eu o assegurado, o que eu preciso fazer? 
Pagar um prêmio. 
Se eu pago esse prêmio, que tipo de contrato é esse? 
Oneroso. 
O que o torna oneroso? 
Uma relação interdependente entre as partes, é a existência de uma contraprestação, você entrega sem 
receber. 
 
A doação pura é gratuita. Nessa doação pode haver despesa? 
Sim. 
Nem toda despesa é uma contraprestação e nem toda despesa torna o contrato oneroso. 
 
Para que a prestadora preste o que deve, ela precisa receber antes. O prêmio é devido à seguradora, 
não pela seguradora. 
O dinheiro que se recebe da seguradora após um dano chama-se indenização. 
Ocorrendo o sinistro, que transforma um risco determinado no contrato em um dano específico, o que 
a seguradora passa a dever é um valor indenizatório que vai repor o que se perdeu. 
 
No contrato de depósito não é necessário exigir uma contraprestação - exemplo de contrato bilateral 
não oneroso! 
 
 
 
 
2 
Temos duas categorias de contratos onerosos: 
● Sinalagmático ou comutativa - as partes do contrato tem uma expectativa legítima sobre o que 
vai contratar e o que vai receber. 
○ Ex: Na compra e venda, em geral, o contrato é comutativo. 
● Aleatório - No jogo há o dever de prestar, mas sem haver a troca, contrato oneroso e aleatório! 
 
O seguro é um contrato aleatório ou comutativo? 
Aluno diz: Aleatório, pois pode ou não ocorrer o dano. A prestação é o prêmio e a contraprestação é 
suportar o possível dano. 
Calcula-se o prêmio com base no risco. 
 
Cobertura de risco determinados - art. 757. 
 
Se eu aumento uma prestação, aumenta a outra e se eu diminuo uma prestação, diminui a outra 
consequentemente, parece, então, que o contrato de seguro é comutativo! 
 
Quando eu procuro a contratação não tenho o dano, mas a possibilidade dele. Então estou contratando 
sobre o risco e não sobre o dano. 
 
Outros dois fatores são determinantes: 
1- Normalmente, é um contrato por adesão - assim, já tem-se uma assimetria entre as partes, já que há 
o aderente e o disponente. Rigidez no conteúdo, predisposição das cláusulas gerais e unilateralidade. 
2- Normalmente, a relação jurídica que se põe é uma relação jurídica de consumo. Ou seja, é um tipo 
de relação que se configura pela sua assimetria. 
 
Pode haver onerosidade excessiva em consumo? 
A espécie do contrato de seguro que seria enquadrado como aleatória é aquele que deveria existir uma 
contraprestação. Modalidade aleatório na qual não existe nada em troca. Se o dano não ocorre, a 
seguradora não te deve nada em troca - esse seria o problema se o contrato de seguro for tido como 
aleatório!!!! 
 
As pessoas jurídicas que podem prestar seguro, são pessoas que se organizam como sociedades 
anônimas e são autorizadas pela SUSEP. 
 
IRB 
 
Normalmente a lei quando não discute nem estabelece formas específicas a um contrato.... No 
contrato de seguro a forma escrita (não necessariamente papel) aparece como forma de segurança para 
o assegurado, aparece como um elemento de validade. 
 
A cobertura do contrato de seguro é de risco? sim! 
O fato de não utilizar as coberturas, não quer dizer que não foram prestadas. 
 
 
 
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3 
Aula 10/08 
 
Algumas peculiaridade em razão dos interesses do segurado serão alteradas conforme o bem, 
conforme o interesse. 
 
Na medida em que haja o sinistro, ocorrendo o dano, haverá ou não indenização 
 
A ideia do seguro é afastar as consequências econômicas de um determinado dano ou sinistro. 
Um contrato que tenha como objeto interesses associados ao patrimônio terá como limites da garantia 
o valor econômico do próprio bem ou da coisa segurada. 
 
Qual o limite máximo do seguro de um imóvel? O valor do imóvel! 
O seguro pode cobrir um valor até o valor total do bem, ou seja, pode cobrir menos do valor total ou o 
valor total, nunca mais que o valor total, pois não é finalidade do contrato de seguro o enriquecimento 
do assegurado. O limite é o valor total do próprio bem segurado. 
 
Há a possibilidade de ter duas seguradoras paradas partes é uma forma de você restringir o proveito daquele que se 
beneficia do contrato gratuito que pode ou não estar presente, por isso como elemento incidental. 
 
De fato se fala de encargo registral, tributário, mas não é encargo de elemento acidental do negócio 
jurídico. A lei fala que nas situações de encargo não se aplica o regime, nem de condição nem de 
termo, pois ele apenas limita a contratação. Então é uma questão de desfazer o descumprimento de 
cargo, se for possível, pois o que tem previsão expressa é a doação. Não há previsão legal de 
comodato com encargo. 
 
 
Cabe encargo no comodato sem descaracterizá-lo? 
A lei prevê o regime de doação com encargo. Se no contrato de doação, que é gratuito, é possível 
encargo sem descaracterizar a doação, posso interpretar, analogamente, as disposições do CC sobre 
doações aplicando no comodato. O problema é que depende da fundamentação. Não há resposta aqui, 
é preciso dizer opinião e fundamentar. Cabe aqui a autonomia privada, não há problema de caber 
encargo no comodato, na opinião do professor. 
 
Comodato pode ser realizado com bens inalienáveis? 
Bens públicos de uso comum, a ideia dessa categoria de bens, pela sua titularidade difusa, é não ter as 
faculdades limitadas a qualquer pessoa. A inalienabilidade do bem público não permite que sejam 
objetos de contrato que vá transferir a titularidade. É ilegal a restrição ao acesso ou ao uso desses 
bens. Com a titularidade difusa, parece que esses bens não podem ser objeto de um contrato que limite 
o uso, então não podem ser objetos de comodato bens de uso comum. Os de uso especial, sobretudo 
os dominiais, dependendo do arranjo administrativos, podem ser explorados através do comodato. 
 
26 
Qual o prazo do comodato? 
É um tipo de contrato que se prolonga no tempo. Não há previsão de prazo. 
 
Art. 581 CC -- A denúncia fora do prazo convencionado ou antes da finalidade em razão da qual se 
deu a contratação deve ser motivada, inclusive judicialmente. Denúncia é ato unilateral de uma das 
partes. Aqui fala do comodante. 
 
Será que o comodatário também precisa justificar? 
Parece que o comodatário pode denunciar, em qualquer tempo, o contrato sem justificativa. Já que 
isso não geraria ônus ao comodante. Como o comodante não pode exigir a execução do encargo, 
apenas o desfazimento do contrato, não haveria muito o que fazer. 
 
Mesmo com prazo indeterminado, há uma finalidade para as partes contratarem e essa finalidade será 
observada na interpretação unilateral da denúncia. Se os efeitos do contrato buscados pelo 
comodatário não se satisfizeram, essa denúncia do comodante pode ser abusiva. O que parece é que 
aquilo que motivaria uma denúncia cheia, pode motivar também uma denúncia do comodato. 
 
A denúncia do comodatário é uma denúncia sem responsabilização, sem indenizações. 
 
***Entende-se por ​denúncia cheia ​aquela em que o locador deseja dar fim ao contrato de aluguel com apresentação de 
justificativa. Já a ​denúncia vazia ​é a quebra do contrato de locação sem justificativa alguma. ​Fonte: JusBrasil 
 
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Aula 21/09 
 
Espécies de Empréstimo: Continuação Contrato de Comodato 
 
Essa coisa não deverá continuar na posse do comodatário, mas pelo tempo em que o comodatário 
ficou em mora, ele pagará o valor respectivo do aluguel. Há aqui o caráter penitencial desse aluguel. 
Não há uma conversão de contrato pelo juiz de comodato em locação. Enquanto estava em mora, 
deverá pagar, como pena, o valor do aluguel. 
 
O aluguel aqui é como se fosse uma referência econômica para estabelecer a pena. O uso desse bem 
infungível durante o período de mora gera uma impossibilidade de fruição por parte do comodante. 
Como vou repor isso? Bom, o nosso referencial seria o aluguel, usa-se como referencial o valor do uso 
da coisa. 
 
De quem é o bem infungível que é objeto do nosso comodato? 
Quem é o titular do direito de propriedade sobre o bem infungível? 
O titular do bem é o comodante. Mas como vimos o contrato do comodato ele não tem efeito jurídico 
de transferir a titularidade, apenas permite o exercício de uma das faculdades do direito que é o uso, a 
fruição. 
 
Quem tem o dever de conservar o bem,objeto de seu direito? 
A coisa perece para o dono, então cabe ao dono conservá-la. Em regra geral, seria o comodante. 
27 
Mas temos o art. 584 CC que diz: ​“O comodatário não poderá jamais recobrar do comodante as 
despesas feitas com o uso e gozo da coisa emprestada.”​. 
 
 
Qual o contrato mais próximo do comodato no que se refere aos deveres jurídicos? 
O de locação, aluguel é a prestação que o locatário deve. Na locação temos uma repartição de deveres. 
Art. 21 fala dos deveres do locador e art. 22 dos deveres do locatário, ambos da lei 8245/91 (Lei do 
Inquilinato). Tudo aquilo que tem a ver com a integridade em si do bem, refere-se a sua conservação. 
Tudo aquilo que tem a ver com a exploração do bem e o desgaste em razão dessa exploração, tem a 
ver com a sua manutenção. Imaginando um imóvel, troca de madeiramento de telhado, é despesa de 
conservação; troca de lâmpada é manutenção; troca da fiação elétrica é conservação. Então tudo 
aquilo que tem a ver com a preservação do próprio bem, objeto do direito, fica a cargo do titular do 
direito. Tudo o que a ver com o uso, destinação econômico-jurídica do bem, está associado à sua 
manutenção. 
 
A interpretação do art. 584 refere-se indistintamente à manutenção e à conservação ou apenas à 
manutenção? 
O comodatário não pode pedir de volta o que gastou com o uso e preservação do bem. Despesa com o 
uso refere-se a contas, o que ele gasta em contas ele não pode pedir de volta. Pagamento de tributos, 
como IPTU, dependendo do acordo, também não é problema. O contribuinte desse imposto seria o 
comodante, mas, pelo contrato, há uma diferença entre contribuinte e responsável. O comodatário 
arcar com despesas tributárias não torna o contrato oneroso, pois precisaria de contraprestação. 
Despesa condominial tem a ver com o uso. 
 
Então, o que seria coerente ser apenas manutenção ou ambos? 
Poderíamos adotar de maneira complementar a sistemática da lei de locações para compreender que o 
584 refere-se às despesas de manutenção. 
 
O fim do contrato deve restituir o bem, objeto de contrato, nas condições em que o encontrar. O uso 
do bem implica o seu natural desgaste, a depreciação natural é aceita no contrato. O desvio da 
finalidade que leva à contratação pode ensejar o tanto o desfazimento do contrato quanto a 
indenização pela depreciação excessiva do bem. No mais, a depreciação natural do uso a que se 
destina o bem não é indenizável pelo comodatário. 
 
Espécies de Empréstimo: Contrato Mútuo 
 
Chegamos à outra modalidade de contrato de empréstimo que é o mútuo. 
Mútuo e comodato apresentam suas diferenças essenciais, mas a diferença mais significativa entre 
eles tem a ver com o objeto do contrato. No contrato de comodato o objeto se trata de coisa 
infungível. Já no contrato mútuo o objeto do contrato trata-se de coisa fungível. 
 
Contrato de comodato Contrato de mútuo 
Art. 579. O comodato é o empréstimo gratuito de coisas não 
fungíveis. Perfaz-se com a tradição do objeto. 
Art. 586. O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O mutuário é 
obrigado a restituir ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo 
gênero, qualidade e quantidade. 
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Empréstimo de uso. É empréstimo de consumo, por isso jamais pode ter por objeto um 
imóvel. 
O bem deve ser restituído em sua individualidade. O bem deve ser restituído pelo equivalente. 
Bem infungível. .Bem fungível. 
Gratuito. Gratuitoou oneroso. 
 
O que é coisa fungível? 
Que se substituem por coisa da mesma qualidade, gênero e espécie. Aquelas que não podem ser 
individualizadas, não podem ser identificadas de maneira singular, são identificadas no seu gênero 
pela sua qualidade e quantidade. 
 
Aqui temos uma dívida genérica, de valor, mas não obrigatoriamente uma dívida pecuniária. Na 
dívida de valor, pode-se substituir singularmente os bens, pois eles se substituem. 
Ex: Se eu pego emprestado com um produtor certa quantidade de uvas para completar a 
minha entrega, pois não tive tempo de produzir, é evidente que essas uvas serão entregues e, 
depois, deverei outras uvas da mesma qualidade e quantidade ao produtor. 
 
Pela característica do bem, no mútuo opera-se um efeito jurídico que não é próprio dos empréstimos. 
Para eu poder vender as uvas contratadas, preciso ter titularidade e pela natureza jurídica do objeto do 
mútuo, coisa fungível, ele transfere o domínio da coisa. 
Conclusão: ​Excepcionalmente, por se tratar de bem fungível, o mútuo tem o efeito de transferir o 
domínio ao mutuário. Ao final ele deve restituir o que recebeu na quantidade e qualidade daquilo que 
recebeu, mas não com os mesmos bens recebidos. 
 
O efeito do mútuo, embora empréstimo, será a transferência do domínio. Empréstimo é o gênero. 
Todo comodato é empréstimo, mas nem todo empréstimo é necessariamente comodato ou mútuo. 
 
Se, excepcionalmente, temos uma categoria de empréstimo que transfere domínio, mas o faz por uma 
razão de coerência em razão da natureza do objeto que é fungível, na transferência de domínio, você 
não gera a obrigação de transferir a mesma coisa emprestada, mas a restituir na mesma qualidade e 
quantidade coisa do mesmo gênero e da mesma espécie. 
 
O que o art. 579 CC quer dizer com “perfaz-se” a tradição? A tradição é um ato de execução ou 
celebração do contrato? O comodato poderia ser classificado como contrato real ou essa tradição é um 
ato já de execução do próprio contrato? 
Na categoria do contrato real, requer um ato concreto de celebração. Partindo da afirmação de que o 
comodato seja um contrato real, o mútuo é também? Imaginem uma espécie de mútuo que é o 
empréstimo bancário, ele não é a regra, mas a exceção, por isso é uma cilada. O contrato real fazia 
sentido no direito romano de não abstrair os vínculo jurídicos, é um direito de profunda relação com 
hipóteses concretas. Na realidade de hoje da contratação, a classificação de um contrato real, exigir 
um ato concreto de uma das partes como declaração da vontade de contratar é complicada. O art. 579 
fala que perfaz-se com a tradição e o art. 586 cala. Poderia ser mais uma diferença, o mútuo como 
29 
contrato convencional e o comodato como contrato real, mas isso não é convencionado! Apenas uma 
reflexão -- SÓ PRA ME DEIXAR CONFUSA! 
 
Agora falaremos de juros em empréstimo. Juros é fruto civil que se soma ao montante emprestado. 
Mas a obrigação não é de valor? De restituir na mesma quantidade a qualidade de bens que lhe foram 
tomados? O juros é o “a mais”, é a diferença positiva entre o que se investe e o que se resgata, então o 
mutuário está pagando pelo empréstimo. 
Juros têm uma dupla função​: remunerar a privação do bem; e os juros de mora, remunerar a mora. 
Juros se justifica para remunerar a indisponibilidade do bem. 
 
Temos, então, empréstimo oneroso. Mas, como vimos na aula passada, empréstimo não é oneroso. 
Quando o é trata-se de locação, então é locação de dinheiro. Então, trata-se de empréstimo ou 
locação? É uma situação excepcional, chamado de mútuo feneratício. Art. 591 CC. 
***Mútuo Feneratício: “É um modelo de contrato de empréstimo oneroso de coisa fungível, ou seja,um contrato de mútuo 
com incidência de juros.” ​Fonte: Dicionário Informal 
 
A que taxa se refere ao art. 406 CC? 
Nem o professor sabe, pois temos duas referências: o código tributário, que estabelece um percentual 
fixo; e a taxa selic, estabelece um valor que diariamente muda. 
 
A correção desse empréstimo bancário, mútuo feneratício, leva em consideração o juros simples, não 
o composto. O composto é considerado um tipo de prática vedada no empréstimo privado, regido pelo 
CC, são os juros sobre os juros. Então aqui a capitalização dos juros é simples e a taxa é a selic. 
 
Diferença 1: 
Comodato possui objeto jurídico infungível. 
Mútuo possui objeto jurídico fungível. 
 
Diferença 2: 
Comodato permite o exercício do uso e, eventualmente, da fruição. 
Mútuo transfere a titularidade do domínio. 
 
Diferença 3: 
Comodato é essencialmente e necessariamente gratuito. Quando oneroso trata-se de locação. 
Mútuo, em caráter excepcional, permite a remuneração através de juros quando se tratar de mútuo de 
dinheiro. 
 
Diferença 4: 
Comodato obriga o comodante a restituir a coisa dada em comodato. 
Mútuo determina que o que seja restituído seja na mesma quantidade e qualidade do que foi dado em 
empréstimo. 
 
Diferença 5: 
No comodato o risco de perda da coisa corre para o comodante. Coisa se perde para o comodante. 
30 
Ex: Comodatário salvou suas coisas e deixou a coisa do comodante perecer, ele terá culpa, 
obviamente e terá de indenizar. Mas se perecer sem culpa do comodatário, não haverá 
obrigação de indenizar. 
No mútuo a coisa se perde para o mutuário. 
 
A possibilidade de mútuo oneroso é restrita às operações pecuniárias? Posso emprestar uma certa 
quantidade de grãos e cobrar com juros essa quantidade? 
Estamos apenas debatendo em sala. O professor acredita que isso não pode ocorrer. Mas, e se as 
partes convencionarem assim? Se estamos em uma situação em que, em regra, a lei é aplicada de 
maneira complementar à vontade das partes, o que a lei não proíbe pode ser praticado. É válido, mas 
pode haver uma natureza contratual que impeça. 
 
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Aula 26/09 
 
Contrato de Fiança 
 
À semelhança de alguns outros é possível que já conheçamos. Não será um contrato totalmente 
estranhos. 
Qual seria a função deste contrato? 
 
Relação obrigacional ter um duplo vínculo entre credor e devedor: dever e responsabilidade | crédito e 
garantia | obrigação e responsabilidade. 
 
Na relação obrigacional o devedor deve o objeto da obrigação, chamado de prestação, tecnicamente, 
que pode ter como conteúdo uma coisa ou uma atividade. Mas, além da prestação, o devedor também 
deve uma garantia geral. 
Ex: Numa compra e venda de um celular o dever, a obrigação o débito é o celular. Se por 
algum motivo, por culpa do devedor, esse bem se perca, essa obrigação converte-se em uma 
obrigação pecuniária de perdas e danos e se torna devida a indenização de perdas e danos e 
pela qual todo o patrimônio do devedor pode ser responsabilizado. 
 
O credor tem como interesse principal exigir a prestação, o objeto de sua obrigação. 
Se há frustração com culpa do devedor, nasce pro credor a pretensão indenizatória que incide sobre 
todo o patrimônio do devedor. Toda obrigação já tem uma garantia natural, que seria o patrimônio do 
próprio devedor. Todo contrato já conta como garantia o patrimônio do devedor. 
 
O fiador é devedor da prestação? 
Não. Ele tem responsabilidade sem ter o dever. Ele garante com seu patrimônio sem dever, sem ter 
obrigação, sem ter débito. Essa situação é excepcionada, pois quem deve a prestação é o devedor. 
 
Nesse sentido, como funciona a garantia prestada em função do credor? 
Como seria a execução ordinária de uma fiança? 
31 
A primeira faculdade que tem o credor é exigir ocrédito. Frustrado por culpa do devedor, se converte 
em obrigação pecuniária e todo o patrimônio do devedor é responsabilizado. Se não foi suficiente, vou 
buscar indenização pelo patrimônio do fiador. 
No silêncio das partes, em regra geral, a fiança funciona como uma garantia subsidiária prestada pelo 
fiador, que não é devedor da coisa, portanto, a prestação continua só podendo ser exigida de quem a 
deve. Não posso exigir um carro do fiador, pois quem deve é o devedor, preciso esperar o devedor 
inadimplir culposamente, executar o patrimônio do devedor, havendo frustração da garantia geral do 
patrimônio do devedor, ou seja, insuficiente seu patrimônio, aí sim vou executar o patrimônio do 
fiador. A responsabilidade recai sobre o patrimônio e não mais sobre a pessoa. 
 
CC estabelece algo chamado como privilégio de ordem, em favor do fiador. Esse privilégio de ordem 
faz com que, de forma geral, a fiança seja prestada em caráter subsidiário. Uma vez demandado, 
executa primeiro o devedor, na insuficiência ou na impossibilidade dele satisfazer a dívida, pode 
executar o patrimônio do fiador. 
 
Pratica-se muito mais contratos de forma diferente da estabelecida pelo código. 
 
Execução dos devedores solidários -- posso escolher qualquer um para cumprir a integralidade da 
dívida. Houve inadimplemento, converteu-se em perdas e danos elas podem ser imputadas ao 
patrimônio tanto do devedor solidário quanto do fiador que assume em solidariedade a sua fiança. 
 
Como o fiador pode buscar a restituição do valor que paga? Ele tem direito? Como ele assume a 
responsabilidade pelo inadimplemento de outro, o que poderia socorrer esse fiador? O fiador pode 
subrogar um crédito? 
Sub Rogação é tornar-se titular do crédito, paga-se aquilo que é devido pelo devedor e, no lugar do 
credor, assume a titularidade daquele crédito. Sub rogo aquele crédito. 
 
O fiador tem essa possibilidade de exigir como crédito próprio? O que assiste na solidariedade as 
faculdades do devedor que paga por todos? Ao que ele tem direito? 
Ao regresso. Regredir contra os demais devedores exigindo à própria parte. Não é sub rogação. Ele 
não se torna titular necessariamente. 
 
 
Embora eu não seja devedor da prestação, mas garantidor do seu cumprimento, o fiador deve a própria 
parte ou não deve nada? 
No silêncio, entre devedores solidários, presume-se cotas iguais. 
 
Se eu coloco devedor e fiador como solidários e o fiador paga, ele vai poder exigir tudo ou metade? 
Esse é o ponto. Normalmente, se pratica fiança solidária, exceção a regra estabelecida em lei, mas é 
uma regra na prática dos contratos em que se exige ou que se pede fiança. A solidariedade não se 
presume, decorre da lei ou da vontade das partes. Então a lei não prevê solidariedade, mas prevê a 
subsidiariedade da garantia da fiança. 
 
De onde surge a solidariedade da fiança? 
Da vontade das partes. 
Mas quais partes? Quem é parte do contrato de fiança? 
32 
Devedor e fiador. 
 
Fiança seria um contrato acessório. 
O que é um contrato acessório? 
Aquele que integra um contrato principal. 
Ninguém contrata uma fiança simplesmente pela fiança. O fiador vai garantir algo, algo inerente a um 
outro contrato principal. Temos um contrato principal e temos o fiador como um terceiro no contrato 
principal. Ele é parte apenas no contrato acessório, não é parte no principal. 
 
Quem é parte neste contrato acessório junto ao fiador? 
Olhando o art. 818 CC: Fiança é entre fiador e credor. A confusão surge, pois, normalmente, fica a 
cargo do devedor apresentar o fiador. Mas se o credor não aceitar o fiador, não há fiança. É do 
interesse do credor que ele avalie o patrimônio do fiador. Quem tem que anuir ou não a fiança é o 
credor. Se a fiança não favorece, ela obviamente não prejudica o devedor. 
Conclusão: ​O fiador é ​parte no contrato acessório de fiança e terceiro no contrato principal. O 
devedor é ​parte​ no contrato principal e ​terceiro​ em relação ao contrato acessório de fiança. 
Na fiança haverá sub rogação, prevista no art. 346 CC. O fiador paga o que deve o devedor para evitar 
que seja ele pessoalmente responsabilizado. Fiador é terceiro interessado, ao pagar ele sub roga contra 
o devedor originário. Ele não deve, só é responsabilizado e é um terceiro que paga em favor do 
devedor. 
 
Quem contrata fiança com esse funcionamento tem interesse de reforçar a garantia de satisfação caso 
haja o inadimplemento de uma obrigação. O credor contrata por querer aumentar as suas garantias. 
Há várias formas de garantia: 
- Pode-se dar uma valor como forma de caução; 
- Pode-se contratar um seguro; 
- Pode apontar bens específicos para garantir o inadimplemento; 
- Pode-se contratar a fiança. 
A fiança, pela sua natureza contratual acessória, normalmente se vincula ao contrato principal. Aquilo 
que é causa de extinção do crédito é também causa da extinção da fiança, em regra geral. 
Ex: Se o devedor paga, entrega a prestação e recebe a quitação, a responsabilidade do fiador 
acaba. A aceitação do pagamento pelo credor, extingue o contrato acessório junto ao 
principal. Isso em regra geral! 
 
A obrigação nula torna nula a fiança? 
Nula é aquela que tem um vício que compromete sua qualidade. 
Olhando o art. 824 CC, não se admite a fiança. A principal é nula, então a fiança também será. 
As obrigações nulas não são suscetíveis de fiança. 
Se o agente for incapaz, é exceção -- Quando a nulidade da principal for em razão da capacidade do 
devedor, a fiança será válida. A incapacidade é um título de proteção. 
 
Uma situação que o código não fala é na incapacidade do credor. O credor é parte na fiança também. 
Então a fiança é contratada pelo agente incapaz. 
 
Se o credor for incapaz, é nula a fiança? 
33 
Devemos ir pela regra geral, então é nulo! Hipótese de fiança válida é apenas aquela na incapacidade 
do devedor. 
 
A fiança é um contrato gratuito ou oneroso? 
Pelo contrato de fiança, uma pessoa - fiador - garante satisfazer ao credor uma obrigação assumida 
pelo devedor, caso este não assuma a culpa. 
edsO credor é obrigado a fazer o que? 
Parece que a lei não prevê nenhuma prestação devida pelo credor. 
Se tivermos uma fiança onerosa, quem pagará? O credor? 
Quem paga é o devedor. E ele é o que? Terceiro! 
Isso é o que, contrato atípico? É válida a fiança onerosa? 
A finalidade da fiança é prestar garantia à uma dívida. Quem a contrata quer aumentar as garantias de 
satisfação para o caso de inadimplemento. 
A lei impede o tipo de situação onerosa? 
Não há vedação expressa. Aquilo que a lei não proíbe pode ser praticado. Não se trata de uma 
ilegalidade, mas de uma clandestinidade. Não é nula a fiança onerosa, não é ilegal essa prática, mas, 
socialmente, não é aceita na contratação. 
 
Em locações há algo chamado ​seguro fiança​. Se parece um pouco com um seguro, por ter um prêmio, 
pago pelo locatário. Mas a garantia é de inadimplemento do contrato, aspecto da fiança, não mais de 
sinistralidade. Daí a ideia de seguro fiança. Contrata um seguro fiança como garantia de um contrato 
de locação. Neste seguro fiança há previsão de uma cobertura que é devido pelo locatário que paga o 
prêmio e o locador/credor se beneficia do seguro fiança, pois sabe que a seguradora pode indenizá-lo 
para o caso de haver descumprimento do contrato. 
 
- O aspecto de segurar o inadimplemento do contrato é um aspecto da fiança. 
- O aspecto de funcionar como uma cobertura de riscos é um aspecto do seguro. 
O seguro fiança é contratado entre locatário e seguradora, diferente da fiança. 
 
A questão é que o código legislou para o contrato gratuito, mas não impede a prática onerosa. As 
soluções específicasda fiança são pensando na gratuidade. O ponto é que essa fiança onerosa é 
socialmente reprovada. 
 
A ideia de parte de terceiro acaba sendo flexibilizada, pois a causa principal conecta o devedor com 
fiador. Mesmo que entre eles não haja um contrato singular, dentro da conexão contratual há uma 
conexão entre devedor e fiador. Posso extrair daqui a remuneração do fiador para que eu consiga os 
efeitos da contratação. A causa central é eu conseguir moradia, se eu não tiver fiador, o locador não 
vai querer disponibilizar o imóvel para eu conseguir moradia. 
 
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Aula 28/09 - Dúvidas e Comentários para a Prova 
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FIM DA MATÉRIA DA P1 
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34 
Aula 05/10 
 
Continuação de Fiança 
 
Continuaremos essa discussão, mas sobre uma fiança específica: a fiança locatícia. 
 
Na medida em que os contratos de locação normalmente são celebrados com garantias especiais, uma 
das mais praticadas é a garantia de fiança. 
 
Em geral, em um contrato de locação não pode haver cumulação de garantias. 
Há uma modalidade chamada de seguro fiança. Esse tipo de garantia se assemelha em parte com o 
seguro, em parte com a fiança. Normalmente é prestada por uma financeira que estabelece um prêmio 
que é devido pelo segurado que, em geral, é o locatário, e esse seguro estabelece como beneficiário 
daquela cobertura o credor da locação, o locador. O sinistro é o descumprimento do contrato de 
locação. Não havendo pagamento do aluguel ou das despesas devidas pelo locatário, a seguradora se 
obriga a cobrir as despesas no lugar do locatário, como característica da fiança. Professor vê como um 
contrato misto, esse contrato ora se comporta como seguro, ora se comporta como fiança. O prestador 
do seguro fiança não tem direito à sub rogação, pois a seguradora que indeniza o dano proveniente do 
risco do segurado não tem direito de regresso contra o segurado. É um arranjo contratual misto. 
 
Temos a fiança pura, que já discutimos em aula. 
 
O que pode ensejar um tratamento diferenciado neste contrato de locação? 
A lei 8009/90 estabelece um conjunto de bens com uma finalidade especial que é a lei do bem de 
família. O CC prevê a possibilidade do bem de família convencional. Estamos tratando do bem de 
família legal. 
 
O que são bens de família? Participam de um regime de bens conjugais? 
A ideia do bem de família pode ensejar um conflito. São bens essenciais, sim. A ideia de constituição 
legal de bens de família é preservar um patrimônio mínimo atrelado às condições daquela pessoa. A 
proteção do bem de família deve ser reconhecido apenas para quem mora sozinho. Pessoa dotada de 
dignidade e que esse conjunto de bens tem a função de garantir um mínimo de dignidade. Bem de 
família hoje está mais associado de mínimo existencial. A família como comunhão de afetos, para 
cada membro precisa de condições mínimas. Sistematizar um conjunto de proteções que demonstrem 
que o ordenamento jurídico preserva esses bens objetivando dar dignidade aos membro da família. 
No contexto da vida urbana, o fogão promove dignidade? 
Sim. Então trata-se de bem de família. 
 
A questão não é somente que bem está dentro ou fora. Fotos de família, obras de arte. 
 
Um televisor, dependendo da interpretação, é essencial, mas cinco televisores são? 
Essa é a questão. 
 
Se são bens que garantem a dignidade, são bens que devem ser garantidos a todos e que não podem 
ser restringidos. A lei que estabelece a proteção aos bens de família também estabelece as 
35 
características que estabelecem a sua impenhorabilidade, ou seja, bem que não pode ser executado por 
dívidas. Não tem a ver com inalienabilidade. 
O próprio legislador fez a ponderação e na própria lei que abre a garantia de impenhorabilidade, 
também abre a exceção a essa impenhorabilidade. É impenhorável em qualquer ato de execução salvo 
para as dívidas descritas no artigo 3º da lei 8009/90. 
 
Em geral, a fiança vincula todos os bens do fiador, menos os seus bens de família. Excepcionalmente, 
a fiança dentro do contrato de locação admite os bens de família para serem executados. 
 
O patrimônio do devedor tem proteção contra exceção do bem de família? 
É possível que um locatário tenha bens de família?​ Sim! 
O locatário de um imóvel pode ter um imóvel?​ Sim. 
Se uma pessoa tem um imóvel, esse imóvel é seu bem de família?​ Sim. Legalmente é um bem de 
família. 
Preciso morar para ser meu bem de família?​ Não. 
É possível ter um imóvel e morar em um imóvel locado que não lhe pertença? ​Sim. 
Se esse devedor for executado este imóvel dele pode ser penhorado? 
Não, pois é bem de família. 
Se ele não tiver bens para serem executados, quem será executado?​ O fiador. 
Mas e os bens de família do fiador, podem ser executados?​ Sim. 
 
A situação da impenhorabilidade é algo sério. Bem de família pode ser alienado, mas não 
impenhorado. Aquele bem alimentado fiduciariamente garantia uma dívida, mas o que se praticava ali 
era uma fiança de bem que não poderia ser executado. Violava o comando legal por falta de previsão 
dessa questão. 
 
A situação da impenhorabilidade é impositiva e a exceção descrita em lei é restritiva. 
 
É uma solução que respeita a finalidade do bem de família ou viola a garantia fundamental? 
Ao longo da década de 80 houve uma crise habitacional no Brasil com uma grande dificuldade de 
acesso à moradia. A ideia do legislador foi suprir o déficit de moradia colocando seus imóveis para 
locação. Essa lei foi pensado para estimular o locador a disponibilizar sua propriedade para locação. 
Garantir a satisfação do credor. 
 
O que está implicado aqui na discussão? Que tipo de garantia fundamental se discute nesses casos? 
O que é violado no acervo de direitos do fiador? 
O que pode ser violado na penhora do seu bem de família? 
Sua propriedade. 
 
Então a discussão é sobre propriedade desse bem pertencente ao mínimo existencial. A decisão por 
maioria do STF entendeu que é constitucional esse dispositivo, legitimou a penhora do bem de família 
do fiador para garantir a colocação de bens no mercado de locação que facilitaria o acesso à moradia. 
Esse foi o conteúdo da discussão. 
 
Inciso VII Art. 3o da lei 8009/90 -- Possibilidade de executar bens de família do fiador. 
 
36 
Como isso acontece? 
Normalmente se exige fiador com mais de um bem imóvel. Bem de família é um imóvel e o outro não 
tem característica de ser bem de família legal. Essa é uma exigência prática que facilita essa 
discussão. Normalmente outros bens são executados. As fianças em geral são contratados em 
solidariedade, então o credor pode demandar tudo de qualquer um dos devedores solidários. É o 
devedor solidário que foi chamada para responder totalmente individualmente pode chamar ao 
processo o outro devedor para responder junto à ele. Chegando no patrimônio do fiador, normalmente 
o imóvel supera o valor da dívida. Então subroga-se o imóvel. 
 
O importante é ter noção da responsabilidade jurídica que é ser um fiador. 
É uma exceção muito problemática sobre a impenhorabilidade do bem de família, mas gera uma 
perplexidade por outro lado. 
 
A fiança como ela normalmente se comporta como contrato acessório, segue a regra da acessoriedade, 
é nula a contratação de fiança mais onerosa que o contrato principal. O acessório segue a sorte do 
principal. O contrato acessório não pode obrigar mais que o contrato principal. O limite do acessório é 
o principal. Base legal:Art. 1823 CC 
Aquilo que supera a operação afiançada é nulo! Posso contratar uma fiança parcial, menos onerosa, 
posso fazer também uma fiança integral, mas não posso onerar o fiador para além do que vou onerar o 
meu devedor, pois aí seria uma fiança mais onerosa. 
 
A impenhorabilidade do bem de família do fiador não gera uma fiança mais onerosa para ele na fiança 
locatícia? 
É uma contratação que gera mais ônus ao fiador do que ao devedor. 
 
É válido ou não execução de penhora dos bens de família do fiador? 
É válida, pois o dispositivo é constitucional e está em vigor. 
 
Só posso obrigar o fiador até o limite que posso onerar o devedor, diz a lei. 
Porém na prática eu posso executar mais em razão do fiador. A fiança gera então mais ônus ao fiador 
do que ao próprio devedor. 
Ex: Locatário que tem um imóvel. O imóvel dele não será executado pela dívida que ele 
contraiu no contrato de locação, mas o imóvel do fiador que está prestando garantia pode ser 
executado. 
O mais próximo de uma fiança em causa própria é o cônjuge prestar fiança ao outro cônjuge. 
 
Ponderando entre a propriedade do fiador e o acesso à moradia, o acesso deve prevalecer para 
promover o acesso à moradia. Argumentação do STF sobre a constitucionalidade. 
Para o professor parece algo equivocado e inconstitucional. 
 
Fiança em causa própria -- um cônjuge contrata e o outro é fiador. Tenho um bem individual que não 
entrou na comunhão de bens, comprovo a existência desse imóvel e sou fiador da minha esposa, por 
exemplo. Ambos morarão no mesmo imóvel. 
 
LIÇÃO DE HOJE: NÃO PRESTAR FIANÇA! 
 
37 
------------------------- 
Aula 10/10 -- CANCELADA 
Aula 12/10 -- FERIADO 
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Aula 17/10 
 
Contrato de Empreitada 
 
É um contrato que está no nosso dia a dia. 
Ex: Situação da orla da praia da Macumba e a situação da ciclovia Niemayer. 
 
Pensando nessas duas situações, o que identificaríamos como interesse que leva, as partes a contratar a 
empreitada? O centro do interesse refere-se a uma obrigação de fazer ou refere-se a entrega de algo, a 
obrigação de dar? Quem contrata uma empreitada quer receber um serviço ou quer elaborar algo? 
 
Aqui é preciso analisar quando o contrato da problema. 
 
Não executei da forma como deveria ter executado, aqui há uma insatisfação objetiva 
necessariamente?​ Não. 
Mas é se a obra não for entregue?​ Sim. 
 
O fazer, a atividade, o trabalho é essencial, ela è o objeto do contrato. A obra é o que faz as partes 
celebrarem o contrato. Pode haver inadimplemento pela má execução da obra, mas certamente haverá 
inadimplemento se a obra não for entregue. 
 
O contrato de empreitada não comporta pelo seu interesse prático uma execução instantânea. Assim, a 
ideia de se prolongar no tempo faz com que ganhe a ideia do trabalho, de uma execução de uma 
atividade. Mas toda essa atuação técnica é voltado para a obra. A obra é o interesse prático que deve 
ser obtido para satisfazer ambas as partes. 
 
As partes aqui são denominadas de empreiteiro e dono da obra. 
É a obra, o produto final que me interessa, sendo ela o objeto do nosso contrato em torno do qual os 
interesses e obrigações estão em torno. Esse contrato existe para tutelar os interesses daquele que 
executava obra é daquele que quer receber a obra. 
 
Uma obra de má qualidade não atinge o adimplemento. É importante a forma como a obra é 
executada, mas essa atenção que se presta é muito mais instrumental do que propriamente a essência 
do contrato. 
 
Na verdade, não é que não seja possível identificar o inadimplemento no processo do trabalho, mas 
não é ele que interessa de forma direta entre as partes que celebraram o contrato. Se exonera o 
empreiteiro que recebe a quitação pela obra. 
 
Verifica-se a qualidade da obra que foi entregue. Isso é possível, quando o dono da obra não 
acompanha o desenvolver da obra. 
 
38 
Quando o dono acompanha o processo de execução do trabalho, ele não se satisfaz com o trabalho, 
mas com a obra entregue. A atividade é apenas um meio para se chegar à obra. 
 
Parece que há obrigação de fazer com o resultado obra, mas não é assim, meio é resultado tem a ver 
com obrigação de fazer, não na obrigação de fazer e de dar. 
Ex: Um exemplo de obrigação de resultado é a sustentação oral de um advogado. 
É importante não confundir a ideia da obra como sendo uma obrigação de resultado, pois a obra é algo 
que é dado, obrigação de dar, e obrigação de resultado é uma categoria da obrigação de fazer, mesmo 
assim é altamente questionável. 
 
Obrigação de meio é aquela em que se dedica o maior e melhor de seus esforços para conseguir o 
melhor resultado possível. Já a obrigação de resultado é aquela que o que importa é o resultado, 
independente do meio de se chegar até ele. 
 
A obrigação do médico é uma obrigação de meio, dedicar e aplicar o maior e melhor de seu esforço ao 
paciente para se chegar ao melhor resultado possível. 
 
Mas se um médico não pode chegar à consulta agendada, mesmo tentando tudo ao seu alcance, o 
paciente deve pagar pela consulta? 
Não, pois aqui importa o resultado daquela consulta que não foi efetivada. 
 
Dentro de uma obrigação de meio há uma expectativa de resultado é dentro da obrigação de resultado 
você precisa levar em conta os meios pelo qual se chegou à obtenção de tal resultado. 
 
A obrigação de fazer na categoria do resultado não se confunde com uma obrigação de dar. É isso que 
nos interessa aqui. 
 
Para executar esse contrato, preciso de que? 
Material e mão de obra. 
 
Podemos ter, então, duas modalidades de empreitada: a de serviço, de atividade, de trabalho (se a 
empreitada é de serviço, quem fornece o material é o dono da obra); ou a de serviço e materiais (na 
qual é o empreiteiro o responsável não só pelo serviço, mas também pelos materiais). 
 
Quem responde pela má qualidade do material é aquele que o fornece, preciso analisar o objeto do 
contrato então para saber essa informação. 
 
Há uma obrigação implícita pela boa fé objetiva de informação a respeito da qualidade dos materiais 
por parte do empreiteiro, mesmo quando ele não tiver o dever de fornecê-los. A boa fé lhe impõe o 
dever de diligência técnica de questionar a qualidade dos materiais. 
 
No silêncio das partes, quem deve fornecer o material? 
Art. 610 CC -- a lei não respondeu nada, mas a fonte de normal principal é a lei, mas os costumes é 
onde os deveres de conduta são construídos, então se habitualmente uma empreitada de menor porte o 
material encomendado é dado pelo dono da obra, se presume assim. Se normalmente se estabelece 
assim, é um standard. Uma empreitada de grande porte, construção de um prédio, edifício de 
39 
apartamentos, normalmente, é de serviços e de materiais. Assim se presume, então. Em geral, se vê 
uma quitação à parte de materiais. 
 
Em uma empreitada de serviço e material, a má execução pode gerar inadimplemento, mas no que se 
refere aos materiais, o emprego inadequado ou o uso inadequado do material pode gerar 
inadimplemento?​ Sim. 
Mas e o desperdício de material? 
 
O empreiteiro tem o dever inicial de informação ao dono da obra. Caso o dono da obra não decida, 
não há mora para com o atraso da entrega. 
 
Lei 9610 de direito autoral. 
O autor tem o direito autoral de ter o seu nome vinculado à sua obra. 
Há também o direito de integridadeda obra, de não ser alterada em suas características. Aqui está o 
nosso problema. Alterar o projeto do arquiteto violaria o direito da integridade da obra. 
 
Ocorrido um fortuito que impeça a execução do projeto do arquiteto, o que se faz? 
O código não resolve, mas dá uma solução temporária, Art. 621 CC -- não pode haver alteração sem 
anuência do autor. A não ser que, excepcionalmente, se verifique uma onerosidade excessiva ou 
dificuldade técnica para execução do projeto. 
 
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Aula 19/10 
 
 
 
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Aula 24/10 
 
40um mesmo bem? 
Sim! Se há duas seguradoras contratadas para assegurar o mesmo bem, ambas podem dividir o valor a 
ser indenizado, sendo que cada uma pagará uma parte do valor total a ser indenizado. Se uma pagar 
40%, a outra arcará com os 60% restante. 
Caso tenha sido contratado um cosseguro solidário, a seguradora principal arcará com tudo, ou, 
dependendo do contrato, arcará com a parte estipulada em contrato - solidariedade não se presume, 
decorre da lei ou da vontade das partes! 
 
Posso contratar mais de um seguro, mas não numa forma de concomitância, mas de uma forma 
sucessiva, ou seja, o seguro do seguro! RESSEGURO 
 
Qual seria a utilidade de contratar um resseguro? 
Operação contratual praticada quando envolvido danos de alta monta econômica, evita a quebra da 
seguradora. A assunção de responsabilidade se dá em caráter subsidiário. Seguradora principal vai 
suportar os danos até onde ela puder e responde integralmente, não havendo mais possibilidade de 
arcar, a resseguradora responde como devedora subsidiária. 
 
Tal como o cosseguro, o resseguro não pode ultrapassar o valor do bem resguardado. 
 
Quando falamos de seguro de pessoas, o que pode ser objeto deste contrato? Saúde, cabelo, pé... 
 
Pode ser objeto de seguro de pessoas partes do corpo? 
Não, não podem! Não há seguro para partes do corpo! O que é assegurado é a capacidade laboral, por 
exemplo, assegura algum problema que impeça a pessoa a desempenhar suas funções intelectuais, 
artísticas. 
 
Tal como no seguro de danos, tenho limite no seguro de pessoas? 
Não! O interesse segurado não possui representação econômica! Não há esse limite de valor, como há 
no seguro de danos. 
 
4 
● Qualquer um pode ser beneficiário contratual no seguro de pessoas? Sim! Não há limites para 
indicação do beneficiário! O segurado pode indicar qualquer beneficiário para seu seguro de 
vida. 
● Posso contratar um seguro de vida de terceiro em meu favor? Sim, porém, se não há relação 
de parentesco ou afinidade entre o segurado e o beneficiário, o interesse precisa ser 
justificado, motivado! 
 
Haveria interesse jurídico legítimo ao ressalvar-se como beneficiário, como a Nike contratar um 
seguro para o Neymar e se colocar como beneficiária? 
A justificativa que há é o valor de reposição. O argumento é que é feito para assegurar a reposição 
daquela "peça", pessoa, valiosa àquela empresa. 
 
Quando o segurado causar a própria sinistralidade impede que o mesmo receba a indenização. 
 
Art. 762 - o suicídio é um ato doloso do segurado? 
Reserva técnica é um capital inicial que torne menos arriscado para a seguradora aquele seguro. 
 
Plano de saúde e seguro são muito parecidos, mas essencialmente diferentes. Existe seguro para 
saúde, uma espécie dentro da modalidade seguro de pessoas. A saúde funcional de um empregado ou 
esportista. Ter cobertura de riscos determinados relacionados à saúde é ter despesa sem ser 
indenizado. Quem paga o seguro de saúde busca a cobertura. Pode ser feito por prazo determinado 
(viagem). Sua natureza jurídica é a prestação de serviço. 
 
Plano de saúde é um conjunto de serviços médicos que ficam à disposição dos beneficiários. Usuário 
para pelos serviços de uma rede para eventualmente utilizar o serviço. Quem paga o plano de saúde 
busca o serviço. Normalmente não há a pré fixação de tempo. 
 
O que implica no inadimplemento do contrato de seguro? 
O não pagamento do prêmio, causação dolosa do sinistro pelo assegurado, a seguradora não indenizar 
quando deveria. 
 
O que acontece se houver o nos pagamento de prêmio? 
A lei prevê que a cobertura é suspensa durante a mora do assegurado. O efeito da mora é a suspensão 
da cobertura. (Mora pode ser em tempo, forma ou local diferentes do ajustado). 
Da própria mora ocorre automaticamente a suspensão da cobertura! 
 
Se entrarem contato com o assegurado, não há suspensão de cobertura. 
 
Se houver ato doloso praticado pelo próprio assegurado, não há o inadimplemento absoluto. Há 
aspectos do inadimplemento que pode resguardar parte do seguro (caso segurado imita uma 
informação para que o prêmio não aumente de valor, não há o cancelamento do contrato ou suspensão 
da cobertura, apenas há o reajuste do prêmio). 
 
Se houver a negativa de cobertura: o prazo para se buscar a execução forçada da indenização de um 
seguro começa do sinistro ou da negativa de cobertura? Da negativa de cobertura injustificada. 
 
5 
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Aula 15/08 
 
Discussão sobre Relações de Consumo 
 
A regulamentação CC parte do pressuposto que haja paridade ou equilíbrio entre as parte que se 
relacionam nos diversos regimes contratuais. 
 
A relação de consumo é completamente diferente da do CC. Parte do pressuposto que as partes têm 
total interesse, autonomia e poder de determinação de defesa do seu interesse. 
 
A relação de consumo parte do pressuposto do desequilíbrio. O código tenta preencher as lacunas e 
superar esses déficits de poder. 
O objeto pode ser objeto de desvio, de oportunismo. 
 
Consumidor é um agente capaz, cumpre o requisito de validade. Não pode a legislação que protege 
retirar dele a capacidade de consumidor. 
 
É difícil compatibilizar a incidência do CDC com a incidência do CC, já que uma pressupõe o 
equilíbrio enquanto a outra o desequilíbrio. 
 
Como podemos defender a prevalência do regime jurídico do CDC, 
sendo ele anterior ao critério cronológico? 
Para isso prevalecer, não conseguimos através dos tradicionais mecanismos da resolução de conflitos. 
O que faz ele prevalecer é o interesse geral da tutela do consumidor. 
Critério de diálogo de fontes onde a fonte mais favorável ao consumidor deva prevalecer. A 
prevalência do CDC se justifica pela fundamentalidade da matéria e também por conta da prevalência 
do melhor interesse do consumidor. 
 
Relação de consumo - Claudia Lima Marques - relação jurídica qualificada subjetivamente. 
 
O CC leva em consideração a qualidade do objeto para qualificar a relação e o contrato. Na relação de 
consumo, o que define se é ou não, se dá em relação à qualidade jurídica das partes. Dou a relação de 
consumo em relação às pessoas, em relação às partes, não em relação ao objeto. 
 
A relação de consumo, como relação jurídica,molde rescindir do contrato. É a relação das partes que 
nasce em desequilíbrio. 
 
Na doutrina, temos duas espécies de consumidor: 
● Padrão, que geralmente contrata. Art. 2o, caput CDC 
● Por equiparação, que não contrata, mas a lei fala que ele é consumidor, então recebe o mesmo 
tratamento de consumidor que o primeiro. Art. 2o, parag. Único / art. 17 CDC / art. 29 CDC 
Não há diferenças entre ambos esses consumidores. A diferença que se dá é meramente doutrinária. 
 
 
 
6 
Qual o elemento distintivo desta redação do art. 2o caput? 
Produto e serviço são objetos, independente do objeto, ele pode ser considerado consumidor. Ser 
destinatário final é o elemento distintivo. 
A questão do destinatário final, na doutrina, basicamente foi examinada sob dois aspectos mais 
especiais: 
1. Teoria Maximalista - a ideia foi adotar um critério de destinatário final que pudesse atribuir o 
maior número de possibilidades possíveis, que fosse suficientemente generoso. Do ponto de 
vista econômico, numa relação, pode ser considerado consumidor aquele que não produz. 
Nessa cadeia de produção há uma série de relações. Basta verificar a interrupção da cadeia 
produtiva para então determinar essa pessoa como destinatário final. 
 
Crítica - O consumidornão tem o mesmo poderio econômico que o vendedor. Esse critério não 
consegue ver e analisar o desequilíbrio na relação entre o consumidor e o vendedor! Por conta disso, 
aparece outra teoria: 
 
2. Teoria Finalista - a ideia é finalista no sentido de finalidade. É considerado destinatário final a 
depender da finalidade dada ao produto ou ao serviço. Não deve ser dada uma finalidade 
econômica ou produtiva em cima daquele produto ou serviço. Consumidor é aquela pessoa 
que utiliza o produto ou serviço para fim pessoal ou fim familiar. Mais restritivo, reduz 
bastante a incidência do CDC. 
 
Crítica: Mas continua o problema! E o desequilíbrio? 
Temos duas situações jurídicas essencialmente semelhantes, mas aplicando códigos diversos. 
Eu compro um carro para uso familiar, meu amigo compra um carro para uber. Eu serei regido pelo 
CDC, meu amigo pelo CC. 
 
*** Finalismo Mitigado ou Aprofundado: desequilíbrio entre as partes. Dentro do Finalismo mitigado 
temos duas formas de conhecer o destinatário final. Quando se dá ao produto ou serviço uma 
destinação familiar, consumidor é hipossuficiente, será regido pelo CDC. Para a pessoa que dá uma 
destinação econômico produtiva ao produto ou serviço, pode ser aplicado o CDC, desde que ela 
comprove sua própria hipossuficiência nessa relação. A partir dele é possível equilibrar aquilo que se 
encontra em desequilíbrio. 
 
É por força de respeito às metas de políticas de consumo que hoje temos uma regulamentação nas 
bulas de medicamentos. 
 
Consumidor por equiparação - a relação de consumo não surge apenas pelo contrato, mas também por 
uma força de lei. 
 
Art. 17 CDC - acidente de consumo - ocorre quando há a violação da expectativa de segurança que se 
tem sobre o uso de um produto ou sobre a retomada de um serviço. 
Grupo de alunos tomando cerveja no bar - há um vazamento de gás na cozinha - explosão - grupo de 
alunos passando do outro lado da calçada - escombros causam danos à esse grupo também, no 
contrataram, mas são vítimas do evento. Por força deste artigo, essas pessoas também são 
consumidoras, mesmo que não contratem. 
 
7 
Terceira hipótese de consumidor por equiparação: pessoas expostas à práticas comerciais ou 
contratuais - o contrato não interessa apenas às partes, pois se pode ser consumidora, mesmo sendo 
terceiro. 
Ex: oferta de produtos - práticas comerciais com finalidade de dar publicidade à novos 
produtos. 
Produtos e serviços não solicitados pelo consumidor, são práticas que não podem onerar o 
consumidor, sob pena de tratar-se de uma prática lesiva. 
 
É preciso saber também quem pode ser o fornecedor para completarmos essa relação. 
 
Os atributos para o fornecedor estão no art. 3º CDC (Remissão ao art. 22 CDC): 
O empresário irregular é fornecedor, uma pessoa jurídica sem o devido registro é fornecedora, 
independente da regularidade. 
Toda ordem de serviço público gera uma relação de consumo. Todos os que sofrem danos em relação 
a serviços públicos podem ser considerados partes dessa relação. 
Não é a natureza jurídica que vai determinar o que é ser fornecedor. 
O que importa é a atividade. Fornecer não é uma atividade, mas um ato. 
 
Qual a diferença? 
A atividade é a coordenação de atos com algum propósito, com finalidade. Atos com a coordenação 
para alguma finalidade. 
 
Saber quais são os atos é essencial para poder mensurar a responsabilidade do fornecedor. 
 
É preciso reconhecer quais as características necessárias para uma atividade ser considerada uma 
atividade de fornecimento: 
1. Organização Profissional - não é sinônimo de cumprir requisitos formais! Não requer a 
regularidade de uma situação registral. 
2. Habitualidade - não basta exercer a atividade, mas exercê-la com habitualidade. Não é 
sinônimo de periodicidade. 
3. Remuneração - para a pequena atividade desempenhado pelo fornecedor precisa ser 
remunerada. Mas e o brinde, e o mostruário? Aumento a clientela, aumento o lucro, o 
consumidor não paga diretamente, mas o serviço é indiretamente remunerado. 
 
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Aula 17/08 
 
Contrato de transporte 
 
Esse contrato comum no nosso cotidiano, não havia previsão no CC/1916. Mostra um pouco como a 
tipificação dos contratos depende de um interesse da sociedade. 
 
O tratamento em lei de uma espécie contratual é fruto dessa observância na sociedade. Como não 
havia um tratamento legislativo geral, as diversas súmulas, entendimentos, julgados de jurisprudências 
dos tribunais acabaram virando as regulamentações do transporte. 
 
8 
Quando a lei entra em caráter supletivo, ela não é uma fonte tão significativa, o que coloca em xeque a 
relevância da tipificação dos contratos. 
 
Há ou não uma hierarquia entre contratos tipificados e contratos atípicos? 
Os tipificados são mais seguros? 
O contrato de transportes, hoje, é significativamente praticado, pois é quantificativamente maior no 
uso no nosso dia a dia. 
 
Pra que serve um contrato de transporte? 
Qual o interesse jurídico que a pessoa que celebra esse contrato quer proteger? 
A declaração de vontade para celebração do contrato de transporte tem como objeto do contrato o que 
a doutrina chama de ​cláusula implícita de incolumidade​. Transportar com segurança é objeto do 
próprio contrato. O interesse prático jurídico que leva a contratar é levar algo de um lugar ao outro, ou 
ser levado de um lugar ao outro com segurança e integridade. 
 
Bilhete é o nome que se dá ao contrato de seguro de transporte. 
Esse seguro mostra que a segurança, a cautela sobre os riscos e eventuais avarias é objeto do contrato. 
O transportador é responsável pela integridade da coisa como objeto do próprio contrato. 
 
Como todo contrato revela um acordo de vontade, qual seria o interesse jurídico do transportador? 
O preço da compra e venda é elemento essencial ou da natureza da relação compra e venda? 
Aquilo que é da natureza é algo que é importante e que, se não estiver lá, a coisa deixa de ser o que 
era antes. Já o elemento essencial é aquilo que, se não tiver, a coisa continuará existindo da mesma 
forma. 
Resposta: ​O preço é elemento natural​ da compra e venda, sem ele não há a relação. 
 
A evicção é elemento essencial​, pois precisa estar lá, mas, se não tiver, a relação contratual continua 
existindo da mesma forma. 
 
Se não gera ônus ao passageiro, não quer dizer que o transportador não receba remuneração. 
A existência de contraprestação é o que torna o contrato oneroso. 
Mas o fato de um contrato gerar despesa para ambas as partes não é sinônimo de ser um contrato 
oneroso. A contraprestação só existe na relação: ​eu presto, se você prestar​. 
 
A declaração de vontade não revela a relação de contratar. 
 
------------- 
***PREÇO SÉRIO E PREÇO VIL --- Preço sério é aquele que é justo. Não está nem acima do preço, nem abaixo do preço, 
o que poderia anular o contrato, mas possui um preço aproximado do valor da coisa. // Preço vil é aquele abaixo do preço da 
coisa. 
------------ 
 
Carona não é contrato!! Art. 736 CC 
 
9 
O transporte, levar de um local ao outro, significa levar do local de embarque ao local de 
desembarque? Como contrato, gera inadimplemento não levar o objeto ou passageiro até o destino 
final? 
Sim, gera, pois há a obrigatoriedade de um contrato. Já na carona não tem isso, não assume essaobrigatoriedade contratual pelo fato de não ser contrato. 
O contrato de transporte é oneroso, então, se há prática do contrato de transporte, resulta-se numa 
retribuição. 
 
Apenas o caso fortuito autoriza o desvio do itinerário sem que isso desvie a origem do contrato. 
Ao contratar um transportador que se responsabiliza por todo o percurso, ele é o devedor principal. 
Art. 733 CC 
 
A responsabilidade dos transportadores é indivisível ou solidária? 
Se a responsabilidade estender-se ao substituto, o original responderia solidariamente. Essa 
responsabilidade solidária vem do prejuízo formal do trajeto. É um inadimplemento que se alarga para 
todos os estágios. 
 
Conexão contratual - quando tem uma pessoa e com ela celebra-se vários contratos diferentes e todos 
eles só fazem sentido dentro do pacote. O inadimplemento de um deles pode prejudicar o 
cumprimento dos outros. Nesse caso, você pode demandar a pessoa com quem você contratou ou 
demandar cada um individualmente. Não importa quem executa cada parte do contrato. Você pode 
demandar quem contratou todos eles. 
Ex: Você foi na TAM e fechou um pacote completo de viagem com passagens aéreas, transfers, 
estada, passeios, sendo que viagem aérea só faz sentido com a locação da estada, a estada só faz 
sentido se houver o transfer, etc. Porém, ao chegar no destino, o transfer não apareceu. Você demanda 
a empresa que fez o transfer ou a TAM? Qualquer um dos dois, pois, mesmo não tendo sido erro da 
TAM, foi com ela que fora contratado o pacote de serviços, assim, ela deve se responsabilizar pelos 
erros cometidos. Mas você pode também demandar a empresa do transfer, vai da sua escolha. 
 
Há certos fortuitos que estão incorporados na atividade que você quer empreender. Há a assunção dos 
riscos acontecerem. 
 
Fortuito externo é o que é alheio ao transporte. 
 
A ação causada por terceiros seria um fortuito interno ou externo? 
Trata-se de fortuito externo. A companhia de ônibus não responde por danos causados por terceiros, 
como assaltos em ônibus, em regra. Algumas situações pontuais possuem tratamento diferenciado, 
como danos causados por terceiros em um desvio de itinerário, no qual o motorista responde. Ou no 
caso de uma linha ser sempre assaltada no mesmo local e a empresa deve modificar o itinerário, caso 
não o faça, seria responsabilidade civil do Estado pela omissão de não fazer tal empresa resolver a 
situação. 
 
Art. 735 - Culpa de terceiro --- ato de imprudência, negligência ou imperícia de terceiro que causa 
dano ao passageiro. Terceiro que, deliberadamente, quer causar dano ou assume o risco de causar o 
dano age dolosamente​. 
 
10 
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Aula 22/08 
 
Continuação - Contrato de Transporte 
 
Ou há remuneração e é contrato, ou é carona e não é contrato. 
 
Discutimos o objeto, a execução, a importância do itinerário, horário de chegada e partida, mas um 
aspecto que é significativo e que não discutimos é o momento da celebração! 
 
A partir de que momento há contrato? 
O transporte público é celebrado, contratado por adesão e está em oferta permanente! Na medida em 
que os transportes coletivos circulam, eles estão em oferta permanente. Ao sinalizar, acenar, você 
adere àquele transporte, tendo o acordo de vontade. Ao sinalizar e errar o ônibus, há o erro e o 
desfazimento do contrato. O pagamento da tarifa, rodar roleta já são atos de execução do contrato. 
A sinalização é o contrato de adesão ao transporte. Se o ônibus passa direto, não para no ponto pedido, 
etc, trata-se de descumprimento do contrato. 
 
No serviço de transporte coletivo praticado em massa, a forma de contratação não encerra um ato 
formal ou solene. Um ato que se pauta no costume de contratar tem laço jurídico suficiente para 
analisar a legitimidade do contrato. A celebração se dá com a sinalização, como adesão ao transporte. 
Essa regra se refere ao transporte rodoviário, ônibus. 
 
Os outros tipos de transporte tem outras leis. Tem caráter supletivo ao conteúdo dos contratos e a cada 
modalidade específica do conteúdo dos contratos. 
 
No que se refere ao serviço e transporte, em cada contrato de serviço consta cada especificidade dos 
serviços, como devem ser feitos, etc. 
O regime geral que o código prevê para o contrato de transporte tem caráter complementar. Não 
havendo previsão expressa, um tratamento legal específico, o código civil complementa como fonte 
normativa e interpretativa. 
 
 
Para ser fornecedor o prestador de serviço, quais são as características? 
- Atividade profissional 
- Praticada com habitualidade 
- Remunerada 
 
No caso do transporte ferroviário, quando há a celebração do contrato? 
A legislação que trata desse transporte se dá no ingresso na área de embarque o o término se dá na 
área de desembarque. Quase que um aspecto geográfico para determinação do início e do término dos 
efeitos do contrato. 
 
 
 
 
11 
Se há um assalto na escada da entrada da estação de metrô, o metrô rio terá responsabilidade? 
Para ser consumidor não precisa haver contratação, necessariamente. Essa pessoa pode ser 
considerada vítima de um acidente de consumo. Ela não precisa estar dentro da área de embarque para 
ser tidas como consumidora do metrô rio. Pessoa demandou contra o metrô rio e recebeu a 
indenização necessária. 
 
A atividade de fornecimento está exposta a riscos. A entrada externa é explorada pelos 
permissionários do serviço do metrô, por exemplo. É um local explorado especificamente pela 
empresa metrô rio. Não é um espaço restrito, mas é um espaço que ele mesmo explora. 
 
No transporte aéreo a legislação prevê que a área de embarque e desembarque de passageiros também 
serve como referência para o início da celebração do contrato e o fim da produção de efeitos, 
respectivamente. 
 
Check in faz parte do contrato de transportes? 
Sim. 
Quem disponibiliza a tecnologia para que isso seja feito? 
A empresa, o site. 
 
Se há um erro no sistema, o check in não é tido como feito e é preciso fazer novamente, acabando por 
perder o voo. 
O padrão de contratação se altera, assim como a responsabilidade. O código de defesa ao consumidor 
estabelece, independentemente da via de contratação, as normas e direitos ao consumidor. Se eu 
adiciono uma nova via de comunicação para o meu serviço, eu mesmo estou gerando risco para aquela 
relação, assim me responsabilizo por fortuitos desse novo risco. 
 
Ônibus que disponibilizam acesso Wi-Fi e USB, devem se responsabilizar por qualquer dano, 
hackeio, vírus, etc que adentrem o aparelho de alguém. 
 
 
Falamos da responsabilidade do transportador, mas quais os deveres do passageiro? 
Pagar. Possibilidade de se exigir a declaração da bagagem, forma de evitar a columidade. Consumidor 
não precisa declarar para resgu 
ardar o seu direito de reparação. É uma questão de facilitação. 
 
Passageiro pode ter acesso restringido, mesmo pagando a passagem? 
Cabe ao transportador assegurar a integridade dos passageiros. Então, se a pessoa estiver 
incomodando ou atentando contra a integridade dos passageiros, ela pode ser retirada, sim.gArt. 738 
CC - a discussão sobre constrangimento se trata de um constrangimento de direitos. 
 
Transporte aéreo internacional --- nesse tipo de transporte as regras que prevalecem são as da 
convenção de Montreal, estabelece limite máximo para a reparação por danos morais ao consumidor. 
STF esse ano mudou a prevalência do CDC para a prevalência da convençãode Montreal, pois é 
norma específica que se refere à norma de direito internacional. 
 
12 
Art. 5o, XXXII prevê os direitos ao consumidor. 
 
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Aula 24/08 
 
Contrato de Depósito 
 
Nos referimos a depósito para designar situações de incrédulo jurídico diferente. Local onde alguém 
bens, valores fiquem à disposição de um juízo, um particular, o que não deriva de uma relação 
contratual de depósito. 
 
Outra diferença é a questão do pagamento em consignação. Uma das formas de extinguir a obrigação 
sem o pagamento ou sem a entrega da coisa, seria pela ação de consignação. Quando o objeto é 
questionável, para fugir da mora, o devedor pode depositar o valor através de uma ação de 
consignação. Quando se fala em consignação em pagamento ou ação de consignação, não há qualquer 
natureza contratual. São situações relacionada a atos processuais ou relacionadas ao cumprimento da 
obrigação, que não o pagamento voluntário. 
Trata-se de um contrato, um acordo de vontade com vista de produzir um interesse jurídico das partes. 
 
O que um contrato de depósito produz no universo jurídico que interessa às partes a sua celebração? 
Ex: Valet, um exemplo de contrato de depósito. 
 
Transferir a guarda de bens, efeito principal do contrato de depósito. Isso implica em você colocar à 
disponibilidade da outra pessoa esse bem. A essência é gratuita, pois a lei prevê que no silêncio das 
partes não haja remuneração. Quando o depósito é exercido em caráter profissional, ou quando é 
remunerado, ele é oneroso. Então a gratuidade é da essência, mas não da natureza. 
 
Nosso código não diferencia obrigações de transferir das obrigações de prestar. Apenas diferencia as 
obrigações de transferir ou prestar e a de restituir. Mas em algumas obrigações de dar coisa certa, a 
obrigação de restituir não nasce. O tipo de obrigação de dar coisa certa é do tipo da obrigação de 
transferir, onde a titularidade da coisa é transferida para outra pessoa. 
 
No contrato de depósito: Embora envolva dar coisa certa, esse dar está na modalidade de prestar, onde 
a titularidade do direito não é transferida. A faculdade das coisas é transferida à alguém até o fim do 
contrato, ao finalizar esse contrato, a coisa é restituída ao titular. O direito não se transfere, o que é 
transferida é a faculdade. 
Obrigação de restituir nasce do cumprimento da obrigação de prestar. 
 
A transferência da guarda não implica na transferência do direito da titularidade sobre a coisa. Há a 
necessidade de, em determinado momento, a coisa ser restituída. 
 
Em regra, o contrato de depósito é gratuito, mas que também pode ser praticado na modalidade de 
oneroso quando for exercido em caráter profissional. A gratuidade é da sua essência, não dá sua 
natureza. 
 
A onerosidade existe, pois existe a contraprestação. 
13 
 
 
Para obtenção do adimplemento é preciso o concurso de condutas de uma ou de ambas as partes? 
Se entendermos que há o concurso de ambos para a contratação, ambos devem concorrer para a 
celebração desse contrato, o que facilita a nossa classificação como bilateral. 
 
Quando a pessoa efetua gastos para a proteção de um bem depositado, ele tem o direito à indenização. 
Quando depositário cobra a indenização dessas despesas, ele está recebendo um contraprestação? 
Não. Esse tipo de contrato pode gerar despesas sem que ele seja oneroso. Para fiel execução do 
contrato, é dever do depositante indenizar as despesas do depósito. 
 
Qual o dever do depositário? O que lhe cabe fazer com a coisa? 
Manter a integridade, a funcionalidade, evitar a perda da coisa. 
 
Se há um incêndio, e você cuida das suas coisa antes de cuidar das depositadas, você estará obrigado a 
pagar por essas coisas. O dever de cuidar, a transferência da guarda jurídica implica na 
responsabilidade de proteção da coisa. Guardar a coisa de danos é apenas exercer a fiscalização como 
se fosse seu próprio bem. A presença do depositário não é essencial, tendo câmeras, controle para 
abertura de portão de entrada e saída, etc, tudo bem. 
 
O depositário pode usar a coisa, em regra? 
Não! Aqui o contrato seria mútuo, não de depósito. Não se transfere pelo contrato de depósito o uso, a 
guarda não implica no uso da coisa. Há violação do contrato quando o depositário se utiliza da coisa 
sem permissão. O resguardo da própria imagem da coisa também é âmbito do contrato de depósito. 
 
Se houver violação dessa guarda, responde-se por perdas e danos. Mas a violação também pode 
ocorrer quando o depositário não cumpre a obrigação de restituir, se negando a restituir a coisa sem 
nenhum fundamento jurídico --- depositário infiel. 
 
Art. 633 CC - o juízo pode determinar você como depositário da coisa, pode depositar em juízo a 
coisa, colocando-a em disposição, etc. A coisa pode ser resgatada pela justiça e levada a um depósito 
público. Esse ps tipo não são contratos. 
Paro numa vaga da prefeitura, há um contrato de depósito aqui. 
Se paro numa vaga errada e meu carro é rebocado ao depósito público da prefeitura, o DETRAN se 
torna depositário por força de lei. Por conta da sanção administrativa por força de lei. Depósito 
público, então, não tem necessariamente a ver com contrato. 
Art. 644 CC - reter a coisa até reaver o que é pedido. 
 
O depósito pode ser feito a conta de terceiro, a coisa pode ser deixada em depósito pelo proprietário, 
mas para ser entregue a um terceiro. Essa é outra hipótese em que o depositário pode legitimamente se 
recusar a entregar a coisa ao depositante. Sem anuência do terceiro beneficiado o depositário pode se 
recusar a restituir a coisa ao depositante. O contrato só se cumpre com o beneficiamento do terceiro. 
 
No que se refere a depósito de documentos, os entregues fechados, carimbados, selados, o dever de 
guarda do depositário está também em manter as características daquela coisa. 
 
14 
Só pode ser objeto de depósito bens MÓVEIS. 
 
Passando ao depósito oneroso: 
Além de reter a coisa o que pode ser feito pelo depositário que não obtém sua remuneração, ou, sendo 
gratuito, não obtém sua indenização? 
A retenção da coisa, mas não pode usufruir do bem. Seria preciso alienar o bem em um leilão, só pode 
ser objeto de depósito coisas móveis. Reter é continuar com a guarda da coisa nos mesmos limites do 
contrato. A retenção não é ficar com a coisa para si, mas é servir o contra direito do depositante. Não 
implica em perda da titularidade, nem na liberação para o uso. 
 
Dois artigo de consumidor na pasta da Xerox e um outro no grupo do facebook. 
 
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Aula 31/08 
 
Continuação Contrato de Depósito 
 
Há vários arranjos contratuais atípicos que envolvem essa transferência da guarda, que atraem esse 
regime legal no contrato de depósito. Esse regime não implica a transferência de direito, pois gera 
uma obrigação de restituir, já que a obrigação originária é a de prestar. Ao fim desse contrato nasce ao 
depositário o dever de restituir a coisa. 
 
Discussão sobre o depositário infiel --- figura tratada como uma das hipóteses de prisão civil, mas, 
após 2008, o STF reviu essa decisão, restringiu essa prisão do depositário infiel e a cessou. Mas nem 
toda resistência em restituir a coisa do depósito gera a figura do depositário infiel. Há situações que 
justificam a resistência, como vimos na aula passada.A própria lei prevê as hipóteses de exceção. O depositante tem o direito de haver a coisa de volta e o 
depositário tem um contra direito. 
 
Temos algumas figuras em que o termo depósito pode nos levar a cometer um equívoco. 
 
O depósito bancário seria a contratação de um depósito, que atrai o regime do código civil para 
depósito? 
 
Aqui temos uma classificação entre depósito regular e depósito irregular. O segundo se trata de coisa 
móvel fungível, como o dinheiro. Até aqui discutimos o depósito regular, prestação da coisa pelo 
depositante e, ao fim do contrato, cabe ao depositário restituir essa mesma coisa ao depositante. No 
caso de não ser possível especificar a unidade ou especificidade do bem depositado, trata-se de um 
bem fungível, por não serem distintivas. O objeto do depósito, no caso do depósito irregular, é 
fungível. Não é incompatível o uso da coisa pelo depositário, já que muitas vezes, para manutenção do 
bem é necessário fazer uso dele. São modalidades contemporâneas que atraem o regime de depósito, 
como o hotel para cachorros, por exemplo. 
É da natureza do contrato de depósito bancário que, uma vez aquela quantia transferida à guarda do 
banco, ele a utilize. 
 
15 
 
Devemos aplicar a regra geral de depósito ou o depósito bancário se trata de uma modalidade 
específica de depósito? 
Em geral, a ideia de depósito é a guarda. Quando a coisa móvel, objeto do depósito for fungível, fica 
mais complicado caracterizar o depósito. Dentro do nosso ordenamento jurídico esse tipo de depósito 
é válido, mas esse contrato terá peculiaridades que saem da regra e que requerem uma visão mais 
específica. Já que estamos discutindo depósito, a confusão pode acabar gerando uma interpretação 
equivocada. 
 
O nome desse depósito de coisa fungível é DEPÓSITO IRREGULAR. O depósito bancário é um 
exemplo de depósito irregular, pois trata de valores e valores são fungíveis. 
 
Há hierarquia entre contrato típico e atípico? 
As soluções privilegiam os contratos típicos quase que gerando uma hierarquia. 
 
O empréstimo não transfere o domínio. Transfere o uso, a guarda, mas a titularidade do direito 
continua com o depositante. 
 
Outra categoria é a do ​depósito necessário --- não se trata de contrato. É um efeito legal. E é 
necessário, pois, em certos contratos há o efeito legal de depósito, como o depósito hoteleiro, por 
exemplo. Os bens que tipicamente acompanham o hóspede à eles é conferido o efeito legal de guarda 
do hotel para com aqueles bens. Por não ser contrato, não depende da declaração de vontade, é o 
efeito legal, não é necessário o acordo de vontade. 
 
Mas no caso das bagagens que chegam antes dos hóspedes num hotel, por exemplo, essas malas vão 
depender de um depósito voluntário do hotel, não mais de uma depósito necessário. 
 
O necessário é previsto por lei e o legal também. Pode ser dado como depósito legal a pessoa que se 
encontra com um bem litigioso. Os efeitos de depósito são por força de lei. 
 
Mandato 
 
O mandato como modalidade contratual envolveyy um centro de interesses que pode ser confundido 
com outros interesses que ganham esse nome, mas que não têm um regime contratual. A ideia que dá 
essência ao mandato pode se encontrar em outras situações jurídicas que não sejam contratuais 
também. Dentro dele temos o mandato público exercido em cargos públicos que normalmente são 
preenchidos por eleição. Aqueles representantes dos poderes públicos que ocupam os cargos por 
eleição são chamados de mandatários e cumprem um mandato. Essa relação entre quem vota e quem é 
votado não possui uma natureza contratual e não há incidência de relatividade, pois o contrato faz lei 
entre as partes, o mandato público não as faz. Os mandatários do cargo público exercem o cargo em 
caráter universal, em favor de todos. 
 
O que quer o mandante ou mandatário dentro de um contrato? 
A representação que é objeto do mandato, mas não é exclusiva do contrato de mandato. Há também 
representação no mandato público, como objeto contratual permite que alguém que não o titular do 
16 
direito haja em nome e em interesse do titular. 
 
Quem pode vender um bem, normalmente? 
O proprietário, pois a pessoa precisa ter a titularidade do domínio. É possível que alguém agindo em 
meu nome e no meu interesse consiga realizar um contrato de compra e venda, esse é o objetivo da 
representação. Essa representação pode ocorrer de duas maneiras: uma não tem natureza contratual, 
seria a representação legal; e a outra é a convencional, dentre elas o contrato de mandato, mas não 
exclusivamente ele. 
 
Quando há representação legal fácil, é quando a lei determina. 
Há, além do contrato, uma série de situações contratuais que podem ser praticadas por representantes. 
Para o mandato o que atrai o interesse das partes é a representação, mas ela não está presente apenas 
nesse arranjo contratual. Mandato é o contrato, representação é o objeto, seu conteúdo e a forma deste 
contrato é a procuração. 
 
Mandato - representação - procuração. 
 
Art. 653 CC - a procuração é o instrumento do mandato, é a forma como o mandato pode ser 
expressado. 
 
Art. 654 CC - O contrato de depósito normalmente funciona como um contrato acessório. Tudo o que 
está no parágrafo primeiro do 654 faz sentido. 
 
Declaração Tácita VS Silêncio 
A primeira é uma conduta contratual que não foi previamente convencionada. 
Ex: viajei e constituí o Lucas como meu mandatário -- Anne é minha inquilina e quer me pagar, mas 
não me acha -- procura o Lucas, sabendo ser meu mandatário. Lucas a manda pagar à ele dizendo que 
deposita pra mim depois. Lucas se conduziu como mandatário e eu como mandante sem que houvesse 
um acordo expresso anterior. Houve um mandato tácito, não houve silêncio. Declaração tácita não é 
sinônimo de silêncio. 
 
Quanto à forma, como classificar o mandato? 
Deve cumprir a forma no art. 654 e seus respectivos parágrafos, mas também se admite de forma 
válida a tácita e a verbal nas situações justificadas. 
 
----------------------------- 
Aula 05/09 
 
Continuação Mandato 
 
Mandato em três aspectos conceituais. 
 
Diferença do contrato para seu conteúdo. Contrato de mandato tem como elemento objetivo a 
representação e como forma a procuração. 
 
17 
A representação é objeto do mandato, dizer isso implica numa preclusão, pois um contrato sem 
conteúdo sequer seria objetivo. Nem todo acordo de vontade é contrato. Se obtém contrato sobre um 
interesse jurídico, sobre um conteúdo. O que podemos afirmar é que não existiria mandato sem 
representação, pois é aquilo que me dá conteúdo. Mas o contrário é falso, não há mandato sem 
representação. A técnica jurídica da representação é algo que pode estar presente em outros contratos. 
 
Se eu tiver um contrato em que alguém age no interesse alheio, mas em nome próprio, seria 
representação? 
Não, e não seria mandato, pois não há mandato sem representação. 
Representação seria agir em nome de e no interesse de alguém. 
 
Representante de uma pessoa jurídica - atua juridicamente através de seus representantes. Cada agente 
torna a pessoa jurídica presente naquele ato, já que ela não tem corporeidade para tal ato. 
 
O agir em nome e no interesse de alguém implica numa margem, além do aspecto formal, de análise 
concreta dos interesses envolvidos.Agir no interesse de alguém implica num juízo de valor. Em atos 
de administração de interesses, é razoavelmente mais fácil. Evitar que haja juros de mora, por 
exemplo. Atos de maior complexidade em que se requer um juízo mais técnico, é comum em certas 
aquisições no plano do direito empresarial fazer uma avaliação dos aspectos arriscados dessa 
operação, levantamento de material, de passivo trabalhista, passivo de mercado, expectativa de 
consumo, etc.. 
 
Se não há transparência do profissional para com o seu cliente, pode gerar um problema de 
representação. A técnica de representação de agir no melhor interesse, agir no nome de alguém é fácil, 
pois os direitos não precisam ser exercidos diretamente pelo seu titular, mas o julgamento do melhor 
interesse é o que abre margem para problemas. ​Houve ou não houve inadimplemento? 
 
Se o mandatário típico age no melhor interesse, essa figura chamada de núncio, reproduz no interesse 
do mandante. Há uma figura de um mandato específico que encerra o conteúdo que é o nupcial. É 
juridicamente possível praticar o negócio jurídico casamento por mandatário. 
Normalmente é contratado para reproduzir aquela vontade, do sim. Não há margem para melhor 
interesse. Núncio age na questão da administração de direitos pessoais. 
 
Mandato duradouro para saúde, possibilidade para por um mandatário para tomar escolhas a respeito 
da saúde quando ela assim não o puder fazer. Ele, em nome do paciente, declararia a vontade do 
paciente ao que ele se dispõe ou não. 
 
Essa pessoa age no melhor interesse ou age exatamente como tenha sido prescrito? 
Como esse mandato poderia produzir efeitos no nosso ordenamento jurídico? 
Estaríamos aqui dentro de um arranjo de representação, como o de um mandato. 
 
Se a principal obrigação do mandatário é agir em nome e interesse do mandante, qual a principal 
obrigação do mandante? 
O mandante é obrigado a efetivar todos os atos contratados em seu nome, assumir as obrigações 
contratadas pelo mandatário. O mandatário não é parte dos contratos que celebram de terceiros, mas 
mesmo não sendo parte ele responde ao terceiro até que o mandante assuma essa responsabilidade. O 
18 
efeito positivo do contrato de mandato para o mandatário é a assunção do que foi determinado pelo 
mandante. Mandante que se recusa a assumir obrigações contratadas pelo mandatário, ele viola o 
contrato. 
Esse tipo de contrato classificaríamos como bilateral ou unilateral? 
Bilateral. Ambas as parte têm obrigações. 
 
Obrigações do mandante e do mandatário para o funcionamento do contrato. O mandato que não é 
feito em contrato profissional, em regra, é gratuito. Mandato exercido pelo advogado, em regra, é 
oneroso por ser exercido em caráter profissional. 
 
Temos duas regras: mandato geral, no silêncio, é gratuito; se as partes de um mandato não exercido 
em caráter profissional decidirem uma remuneração, tudo bem, não viola a natureza do contrato. As 
espécies de contrato exercidas profissionalmente, em regra, são onerosas, mas que podem também em 
ajuste expresso, serem celebradas gratuitamente. 
Ambos os contratos são bilaterais, mas um é oneroso, o outro gratuito. 
 
No que se refere ao requisito formal, o mandato deve estar na mesma forma do contrato em que se 
quer fazer. Assessoria do mandato com o contrato que se pretende celebrar. 
 
Hashis viaja e deixa Lucas como mandatário para vender seu carro. Na volta Lucas diz que vendeu o 
carro, mas para ele mesmo. 
Houve compra e venda? 
Sim. Quem está alienando juridicamente é a Yasmin, representada pelo Lucas. 
Quem está adquirindo é o Lucas em nome próprio. 
 
Parte estava representada pela pessoa que irá adquirir. Há duas vontades e duas partes. A compra e 
venda é válida, o problema do Lucas atuando como mandante e mandatário é a violação do mandato. 
 
Quando o mandatário contrata como parte e como representante, isso não gera necessariamente 
ineficácia em face do mandante, o gera essa ineficácia é não atender os interesses do mandante. 
Compra e venda que iria se frustrar pela falta de legitimação do Lucas e pela inoponibilidade do 
contrato ao mandante. Na verdade, depende de cada caso. 
 
O mandato é celebrado em intuitu personae? Quem deve cumprir o mandato como mandatário? 
O próprio mandatário? 
A extinção do contrato pela morte da parte é uma referência de que esse contrato é praticado em 
intuitu personae. É natural que o mandante o escolha por caráter pessoal, características singulares 
para a contratação. 
***Contrato intuitu personae: São os contratos que são realizados levando-se em consideração a pessoa da parte 
contratada. Baseiam-se, geralmente, na confiança que o contratante tem no contratado. Só ele pode executar sua 
obrigação. 
 
O substabelecimento, em regra, pode ou não pode? 
Em regra, não. Mas juridicamente, com um acordo expresso, pode! Em regra, a locação é intuitu 
personae. A sublocação implica no uso da coisa locada. O mandante constituindo mandatário é o 
mandatário sub estabelece alguém para exercer esses poderes do mandato. 
19 
 
Se o substabelecimento é uma subcontratação, temos um limite. Só posso sub estabelece no limite do 
contrato. Posso substabelecer dentro dos poderes do mandato integralmente ou em atos específicos. 
Sendo outorgado o poder para substabelecer, há o substabelecimento com reserva e o sem reserva de 
responsabilidade. O substabelecimento com reserva, mesmo que o substabelecimento haja, vincula o 
mandatário. Então o mandatário também é responsável pelos atos provocados pelo substabelecido, ele 
não se exime de responsabilidade por esses atos. 
 
O substabelecimento sem reserva se comporta, no ponto de vista jurídico, mais como uma seção de 
posição contratual. O substabelecido chega no contrato de mandato na forma em que ele está. 
 
Se não houver manifestação expressa sobre o substabelecimento, o ato for praticado, questionado pelo 
mandante, esse substabelecimento é convalidado ou não? 
 
Temos no mandato duas figuras muito próprias. O abuso do direito e excesso de poder. O ato abusivo 
previsto no 187 CC, revela uma disfunção no exercício do direito. 
 
O que seria uma propriedade privada disfuncional? 
Aquela que não cumpre sua função social, não merece proteção jurídica. 
 
Numa relação de vizinhança, por exemplo, não há contrato, mas pode haver abusividade, dessa 
abusividade gerar danos que geram a obrigação de reparar. 
 
O mandatário que pratica atos aos quais não tem legitimação para praticar, ele não comete um ilícito, 
mas gera a ineficácia desses atos em relação ao mandante e, se causar danos, o dever de reparar 
terceiro. 
 
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Aula 12/09 
 
Mandato Judicial 
 
Enfoque no mandato que tem como mandatário o advogado. 
Quando discutimos o mandato judicial, podemos proferir uma sorte de situações onde o advogado 
como mandatário é alguém que seja o mandatário devido à sua formação. Vamos discutir então o 
contrato de mandato celebrado por um advogado. 
 
A atividade do advogado pode ser exercida de forma privada ou de forma pública. Os advogados de 
autarquias, de empresas públicas, etc.. Atividade do advogado como representante pode ser Praticada 
na via contratual ou na via institucional. 
 
Diferente do que muita gente prega, o fato de haver uma previsão jurisdicional, não cria uma vasta de 
privilégios, apenas há um ônus de deveres. 
O advogado ao ingressar na OABa ao exercer sua profissão, cumpre uma função social muito 
específica. 
 
20 
O advogado é indispensável à justiça, é essencial para o acesso à justiça, sobretudo para a 
concretização dos direitos. O advogado ao exercer seu mandato, atua desempenhando uma função 
social importante que delimita e da razão também ao mandato judicial. Quando a constituição fala 
dessa indispensabilidade, ela fala desse dever de concretizar direitos. Sua indispensabilidade se 
compromete de várias formas com esse acesso mais amplo, mais concreto e mais efetivo à justiça. 
 
Inviolável pelos atos que praticar em exercício da sua profissão ou em razão dela - sobre advogado -- 
o que significa? Ideia de reconhecer o advogado como uma imunidade profissional, para ele 
desempenhar bem a representação dos interesses de seu cliente, ele precisa dessa esfera de 
inviolabilidade, o que não autoriza o advogado rogar em juízo ofensas. 
 
Até o advogado que não é contratado pelo mandatário tem esse dever de sigilo. Há uma eficácia 
contratual, uma eficácia pré contratual e uma eficácia pós contratual. Essa inviolabilidade cria um 
resguardo. Tudo isso refere-se ao bom cumprimento da atividade de representar o cliente. 
 
Diferença entre capacidade e legitimação: 
 
- Capacidade leva em conta fatores subjetivos pessoais. 
- A legitimação leva em conta fatores objetivos, saber se a pessoa tem impedimentos para a 
prática daquele ato, independentemente da sua condição pessoal subjetiva. 
 
É possível que uma pessoa capaz, titular do direito, não possa transferir a titularidade do direito? 
No contrato de consignação o poder para alienar o bem é do consignatário, a pessoa legitimada a 
transferir o bem é ele, não o titular do direito. Então ele é capaz, é titular do direito, mas não tem 
legitimidade para alienar o bem e transferir o direito. 
 
Art. 495 CC 
 
Legitimação é uma coisa e capacidade é outra. 
 
Art. 70 CPC - capacidade civil - pessoas com capacidade de fato são altas a serem parte em juízo. 
 
Incapazes podem fazer parte de uma relação processual? 
Sim, mediante representação ou assistência de seus pais, tutores ou curadores. Art. 71 CPC. 
 
A capacidade postulatória é uma legitimação específica para regularizar a representação das partes em 
juízo, não se trata, na verdade, de capacidade, mas de legitimação. 
Quando se fala em capacidade postulatória, não se trata de um elemento subjetivo, é uma questão 
objetiva. 
 
Pesquisar essa diferença entre legitimidade e capacidade -- aula confusa!!! 
 
Advogado é quem tem legitimação, conferida pelo mandato judicial! 
 
Art. 103 CPC -- essa representação se dá através de um negócio jurídico de um contrato judicial. 
Art. 104 CPC -- procuração é um instrumento do mandato. 
21 
Art. 105 CPC -- essa habilitação genérica para os atos em juízo é chamada de cláusula ad judicia. Não 
há necessidade de, expressamente, pontuar a prática desses atos. Atos que envolvem uma dimensão 
processual, é necessário a habilitação específica. Para apresentar ao juízo um valor recebido, para 
celebração de confissão, transação e outros atos no processo, é preciso habilitação específica também. 
Dever imposto por lei, não precisa ser objeto específico do contrato de mandato. 
 
Estatuto da ordem, lei 8906/94! 
 
O que é ato privativo da advocacia e o que envolve o direito de petição como garantia fundamental a 
toda pessoa humana? 
A ideia da atuação privativa não funciona como um privilégio! Deve ser interpretada de forma 
funcional. A regra é o direito de petição reconhecida a todos. 
 
Art. 22 estatuto da OAB -- honorários advocatícios - advogado pode receber três vezes. O mandato 
judicial oneroso é remunerado pelos honorários contratuais. 
 
O advogado não pode se associar judicialmente com o cliente. Ele não pode receber apenas se o 
cliente ganhar, essa prática é vedada, é nula. O que é vedada é que a remuneração do contrato seja 
subordinada ao sucesso do cliente. 
 
É possível exercer gratuitamente o mandato? 
Sim. A onerosidade é a regra geral, mas não é requisito de validade. 
 
Honorários judiciais - pode haver uma representação sem contrato, sem que haja mandato. 
 
Não posso me associar ao meu cliente, mas posso advogar gratuitamente. 
 
Posso contratar honorários abaixo da tabela legal? 
Não! É uma prática nula. Se a advocacia fosse uma atividade econômica, poderíamos falar de uma 
concorrência desleal. 
 
O fato do ato ser nulo não quer dizer que seja ineficaz. O que acontece é que não se tem o direito de 
exigir. 
 
QUE AULA CONFUSAAAAA! 
 
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Aula 14/09 -- NÃO TEVE 
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Aula 19/09 
 
Contrato de Empréstimo 
 
O CC traz duas modalidades de empréstimos tipificadas. 
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Como vimos no depósito, a mesma coisa ocorre no empréstimo, ou seja, o depósito tem um regime no 
CC geral, mas a matéria contratual funciona como depósito, às vezes sim, às vezes não, a mesma coisa 
ocorre no empréstimo. 
O CC separa duas espécies de empréstimos: 
O Comodato e o Mútuo, mas existem outras categorias de empréstimos e, por vezes falando de 
empréstimo, há categorias que não estão tipificadas no CC, mas que, dependendo do seu 
funcionamento, podem atrair um regime jurídico que se encontra no Código. 
 
Mas o que eu quero dizer com funcionamento? 
Todo contrato tem seu regime jurídico, sua proteção legal em razão de funções específicas que ele 
venha a desempenhar, dos efeitos que ele produz. 
 
No empréstimo, o que justifica a proteção jurídica do contrato? Quais são os interesses jurídicos que 
as partes têm no interesse de proteger através de uma dinâmica contratual de empréstimo? 
O que leva as partes a contratarem o empréstimo? 
Normalmente, quando falamos de empréstimo o que vem a cabeça é o empréstimo bancário, porque 
talvez seja uma modalidade contratual mais evidente, só que o empréstimo bancário é a exceção do 
empréstimo, ele não representa as categorias de empréstimo do regime jurídico. 
 
O que diferenciaria empréstimo de compra e venda, de doação de locação, de depósito? 
O empréstimo não implica na transferência de propriedade. Tendo em vista que a locação pode ser 
para o uso, me permite escolher o empréstimo como espécie contratual que vai melhor proteger meus 
interesses. 
 
Porque escolher o empréstimo e não outra espécie contratual? 
A transferência da coisa não implica na transferência do direito! Eu posso estar com a coisa sobre 
vários fundamentos jurídicos: eu posso estar com a coisa porque sou dono, a coisa pode estar comigo 
porque eu destituo alguém da posse exclusivamente, ou porque foi doada, etc. 
Algo que precisamos diferenciar é a ideia de transferir a titularidade do direito a ideia de estar com a 
coisa, objeto do direito. 
 
Em um contrato de empréstimo as obrigações mais significativas são de transferir ou de estar? 
Transferir e estar são espécies de obrigação de dar coisa certa. A obrigação de dar coisa certa pode ser 
de transferir, de prestar e de restituir. 
O empréstimo transfere? Quando alguma coisa é emprestada, o direito é transferido? 
O que então passa à outra pessoa? 
A POSSE! Porém os outros contratos apontados, também permitem a posse à outra pessoa, como a 
compra e venda, a doação, o depósito, etc. 
O domínio se refere à titularidade, propriedade. O que não é o caso. Supondo que o empréstimo seja 
celebrado entre o proprietário e uma outra pessoa, esse proprietário, tendo a titularidade da 
propriedade sobre o bem, tem o direito que é preenchido por faculdades: possuir, gozar e dispor. 
Fala-se defaculdade do proprietário, presente no art 1018 CC. 
 
Faculdade jurídica é um tipo de situação jurídica do direito. São aspectos jurídicos do direito que 
podem ser explorados ou de forma conjunta ou separadamente, então quem titulariza o direito 
subjetivo de propriedade tem também as faculdades inerentes a esse direito. Quem titulariza um 
23 
direito de ação tem as faculdades inerentes a esse direito, por exemplo, que se refere às faculdades 
processuais. 
 
Então os direitos podem ser compostos por faculdades jurídicas autônomas que podem ser objetos de 
contrato, inclusive. Usufruir são duas faculdades diferentes: quem tem o direito de usar não tem 
necessariamente a de fruir e vice-versa. Porque são faculdades e não direitos. Não constituem dever 
jurídico. Há um arranjo estrutural diferente por conta das funções que exercem. 
 
O interesse jurídico do empréstimo se refere às faculdades! Principalmente a faculdade de uso que não 
se confunde com posse. A faculdade pode ser exercida em uma situação fática de posse direta, mas 
não é a mesma coisa. Quem está no uso pode estar na posse indireta, assim posso ter posse e uso. 
 
Dentro do contrato de empréstimo o que se pretende, em regra, é negociar sobre o uso da coisa. 
 
Ex: Vamos supor que você permita que alguém use seu carro, você está dando ao carro sua 
destinação econômica e jurídica. 
 
Qual a diferença de usar e fruir? 
Fruir vem de produzir frutos, sendo os frutos juridicamente bens acessórios que percorrem de um bem 
principal e que se renovam com o passar do tempo. Um fruto civil, então, seria os juros de uma dívida, 
por exemplo , você tem um capital principal que te rende frutos dentro de certo período, os juros são 
um fruto. O aluguel é você explorar o bem dentro do seu direito de propriedade, extraindo dele frutos. 
Usar é dar a destinação econômica jurídica do bem, fruir quer dizer produzir frutos com ele. Então o 
proprietário em geral pode usar para ele mesmo e fruir produzindo frutos com seu bem, de acordo 
com as faculdades recaídas sobre ele do seu bem. 
 
Podemos desmembrar isso em direito obrigacional, superveniente em um contrato, ou por constituição 
de direito real. 
 
Exemplo: Direito real de usufruto -- a pessoa tem usufruto de um bem, o que significa que o 
proprietário que tinha todas as faculdades da sua propriedade resolveu restringí-la e transferir 
como direito real à outra pessoa a faculdade de usar e fruir, mantendo-se proprietário. O 
usufrutuário pode morar no imóvel, locar o imóvel, pois tem a faculdade de fruir, mas não 
pode alienar o imóvel, pois não tem a faculdade de dispor. 
 
Através, por exemplo, de um contrato estimatório, qual tipo de faculdade eu negocio nesse caso? 
Consignação. No contrato estimatório o bem é destinado como consignatório para que o consignatário 
consiga aliená-lo e não pode o consignante alienar o bem na vigência do contrato, pois ele não tem, 
durante o contrato, a faculdade de dispor sendo ela transferida ao consignatário. 
 
No contrato nós podemos ter como objeto autônomo as faculdades de uma propriedade. 
Não é preciso transferir o direito de propriedade para transferir a faculdade. Sendo a faculdade 
exercida e, depois do seu exercício, ela é, no direito obrigacional, restituída ao titular do direito. 
 
Então não sendo o caso de constituição de direito real de uso ou de usufruto, sendo um arranjo 
negocial, eu findo o contrato no prazo determinado ou não e a faculdade retorna ao titular do direito. 
24 
Por isso essa obrigação é de dar coisa certa e de prestar, porque você permite, durante um certo 
período determinado ou indeterminado, o exercício da faculdade e depois essa faculdade juntamente 
com o bem, são restituídos ao titular do direito. 
 
Exemplo: Locação. ​Geralmente, o que se deseja com a locação? Em geral deseja-se usar o 
bem, assim você permite o uso de maneira remunerada por determinado ou indeterminado 
período. Findo o contrato, você restitui o bem com a faculdade. Assim, o locador volta a 
utilizar o bem. 
 
Então as obrigações de dar coisa certa na qualidade de transferir, transferem a titularidade do direito, 
como na compra e venda, doação. 
 
A obrigação de dar coisa certa na modalidade de prestar permitem o exercício de faculdades sem 
transferir o direito ,o que vai gerar uma obrigação de restituir, por isso sua importância. 
O Código fala da obrigação de emprestar e depois só fala de restituir. É essencial para o 
funcionamento do contrato essa distinção, saberklo se de fato o bem foi transferido. 
 
Quem empresta negocia sobre o que? 
Quem empresta geralmente permite o uso e, eventualmente, a fruição. As duas espécies de 
empréstimo que estão no CC são diferenciadas pela coisa. No comodato há a prática de empréstimo 
infungível. A outra espécie, o mútuo, é destinada à empréstimo de coisas fungíveis. 
 
 O que é fungível e infungível? 
Um bem fungível é aquele tipo de bem que pode ser substituído dentro da sua espécie ou gênero por 
quantidade semelhante, como grãos de café. O bem infungível é aquele que é singular, especificado, 
destacado dos demais, como, por exemplo, um objeto com valor sentimental, podendo ser um livro 
com dedicatória. 
A caracterização de um bem quanto à sua fungibilidade não tem a ver com a sua fácil reposição e sim 
com a sua especificação. 
 
O comodato é o empréstimo de coisas infungíveis, e o mútuo é o de coiso12q Zas fungíveis. 
 
Dentro do comodato, pode ter como objeto o interesse de uma pessoa poder usar a coisa. 
Mas o interesse do comandante é qual? ​O​ comandante tem interesse em ver o objeto do seu direito 
cumprindo a sua função jurídica? É possível perder o objeto de um direito por falta de cumprimento 
da sua função jurídica? 
SIM! 
 
O comodato é gratuito ou oneroso? O que torna um contrato oneroso? 
Você cumprir para receber. Alguém paga as contas para morar, no caso de aluguel. Ela paga para 
conservar o bem, para permanecer residindo ali. Porém pagar para residir, apenas, é locação e não 
comodato. Comodato é você residir e pagar. 
 
O CC/02 estabelece que o comodato é o contrato de empréstimo gratuito de coisa infungível. Porém, 
comodato exercido de maneira profissional é oneroso, como o depósito, que, em regra, é gratuito, 
entretanto pode haver casos onerosos. 
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Exemplo: Vai haver um casamento de uma atriz. Eu tenho um carro, proponho para ela o 
empréstimo do mesmo e, em troca, peço o convite da festa. ​Isso é comodato? ​A gratuidade do 
comodato é necessária ou ela é eventual? ​Se for necessária não é mais comodato, pois, se 
precisa ser gratuito, nós estamos tratando de outro contrato, daí a importância de saber 
valendo-se da interpretação da situação. 
 
Assim como não pode haver locação gratuita, que seria comodato, não se pode haver comodato 
oneroso, que seria a locação. 
Você remunerar pelo uso é locação, e usar sem contraprestação é comodato. 
Nesse caso da atriz se trata de um encargo. Sendo o encargo elemento acidental, ele, na doação, não 
torna compra e venda o evento. 
 
Se um locador não paga o aluguel, o que o locatário pode fazer além de despejo? 
Exigir o pagamento. 
 
No encargo pode-se exigir que o encargo seja cumprido? 
NÃO! Nesse caso a doação é revogada. Assim, concluímos que o encargo é oneroso. 
 
A obrigação tributária é uma despesa por posse de lei. 
Atecnicamente, fala-se de encargo, mas não é um encargo negocial que nasce da vontade das partes. O 
encargo que nasce da vontade

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