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CONTROLE DE QUALIDADE Hudson A Bode, Dr hudson.bode@fatec.sp.gov.br 1° Semestre de 2015 Análise de Capacidade A capacidade do processo pode ser estabelecida somente quando nenhum fator estranho contamina o processo, isto é, somente causas naturais de variação estão presentes. Quando estamos na presença de causas especiais de variação ou quando não estudamos a estabilidade do processo, determinamos a performance do processo. Neste sentido, é importante notar que a Performance do processo não é a mesma coisa que capacidade do processo. Toda Análise de Capacidade do Processo deve ser planejada para responder as seguintes questões: O processo esteve sob controle durante o estudo? O processo satisfaz as tolerância estabelecidas? Caso contrário, pode satisfazer essas tolerâncias "centrando" a média do processo no valor nominal? É o processo inerentemente capaz de satisfazer as tolerâncias especificadas? Se o processo não for capaz, é economicamente factível reduzir a variabilidade do processo? Dessa forma, a Análise de Capacidade do Processo tem por objetivo quantificar as causas comuns de variação e estabelecer o que pode ser esperado do processo no futuro. Dois tipos de variabilidade contaminam os processos: A variabilidade "natural", também chamada de inerente. A variabilidade ao longo do tempo, onde as causas especiais de variabilidade se manifestam. A Análise de Performance (desempenho) propõe-se a quantificar estas formas de variabilidade total do processo (devido a causas comuns e especiais) em relação às tolerâncias (ou especificações). 2 Análise de Capacidade Índices de capacidade e performance do processo: (a) Cp : corresponde à Amplitude das Especificações (tolerâncias) dividido pela Capacidade do Processo; (b) Cpk : este índice avalia se o processo está centrado. Este corresponde ao menor valor entre o Limite Superior de Especificação (LSE) menos a Média e a Média menos o Limite Inferior de Especificação (LIE), divido por metade da Capacidade do Processo (3σ); (c) Pp : corresponde à Amplitude das Especificações (tolerâncias) dividido pela Performance do Processo; (d) Ppk : este índice avalia se o processo está centrado. Este corresponde ao menor valor entre o Limite Superior de Especificação (LSE) menos a Mediana dividido pela performance do processo em relação ao limite superior e a Mediana menos o Limite Inferior de Especificação (LIE), dividido pela performance do processo em relação ao limite inferior. Caso, a distribuição normal se adeque aos dados, substituímos a mediana pela média. 3 4 A avaliação da capacidade de um processo é realizada através de uma estrutura chamada de análise de capacidade do processo. Podendo ser definida como um método de melhoria em que uma característica do produto é medida e analisada objetivando determinar a capacidade do processo que satisfaça as especificações para a característica em estudo. Embora a capacidade possa ser avaliada através de várias medidas e métodos, tais como tolerância percentual consumida por capacidade ou a partir de um gráfico de controle ou análise de histograma, a maneira mais comum de fazer isso é através dos índices de capacidades (IC). Esses índices são medidas específicas que comparam a saída do processo real com os limites de especificação para uma determinada característica. Em outras palavras, eles mostram a capacidade de um processo para satisfazer as suas necessidades por meio de um estudo numérico padrão. Entre os índices de capacidade existentes, os mais populares são o Cp (capacidade de processo) e Cpk (índice de capacidade de processo). Avaliação da Capacidade do Processo Estudo da Capabilidade do Processo, falando sobre os Índices de Capacidade Cp e Cpk. O estudo de capabilidade dos processos responde à pergunta: "meu processo é bom o bastante?". Isto é completamente diferente da pergunta respondida por uma carta de controle, que é : "meu processo tem mudado?". Obs.: Para realizar um estudo de capabilidade, é necessário que o processo esteja sobre controle estatístico. Certamente, o uso de uma carta de controle para estabelecer que um processo é estável precede o estudo da capabilidade para ver se os itens produzidos pelo processo são bons o bastante. Quatro índices são gerados por um estudo de capabilidade: Cp, Cpk, Pp e Ppk. Os dois primeiros são índices de Capacidade do processo, enquanto os outros dois são de Performance do processo. Cálculo do Cp e Cpk 5 O Cp foi o primeiro índice proposto na literatura e é utilizado para avaliar a largura da amplitude do processo em comparação com a largura da especificação. Ele pode ser calculado utilizando a seguinte fórmula: 𝐶𝑝 = 𝑉𝑎𝑟𝑖𝑎𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑃𝑒𝑟𝑚𝑖𝑡𝑖𝑑𝑎 𝑑𝑜 𝑃𝑟𝑜𝑐𝑒𝑠𝑠𝑜 𝑉𝑎𝑟𝑖𝑎𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝐼𝑛𝑒𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 Ou seja Em que LSE é o Limite superior de Engenharia e LIE o Limite Inferior de Engenharia. Cálculo do Cp e Cpk 6p LSE LIE C 6 Cálculo do Cp e Cpk 7 Mas qual a utilidade dos índices de Capacidade do Processo? O cálculo dos índices de Capacidade leva em conta o desvio-padrão, que pode ser calculado ou estimado. Cp •Índice mais simples, considerado como a taxa de tolerância à variação do processo; •Desconsidera a centralização do processo; •Não é sensível aos deslocamentos (causas especiais) dos dados; •Quanto maior o índice, menos provável que o processo esteja fora das especificações; •Um processo com uma curva estreita (um Cp elevado) pode não estar de acordo com as necessidades do cliente se não for centrado dentro das especificações. 8 Cálculo do Cp e Cpk Cálculo do Cp e Cpk Simplificando, quanto maior for o índice Cp, menor a probabilidade da característica de qualidade medida estar fora das especificações, o que indica que haveriam menos produtos defeituosos durante o processo produtivo. 2.5 0.05 2.45 0.7582 6 6*0.5385 3.231p LSE LIE C 9 Cálculo do índice Cp (Exemplo) Os índices de Capacidade do processo utilizam o desvio-padrão estimado LSE (Limite Superior de Especificação) = 2.5 LIE (Limite Inferior de Especificação) = 0.05 σ (Desvio-padrão estimado) = 0.5385 6 SIGMA = LSC - LIC 10 Cálculo do Cp e Cpk Relação entre o índice CP e a porcentagem de produtos defeituosos Valor de CP Produto Fora da Especificação Ação típica adotada <1.0 >=5 % Aumento de controle de processo, triagem, retrabalho, etc. 1.0 0.3 % Aumento de controle de processo, inspeção. 1.33 64 ppm Inspeção reduzida e utilização de cartas de controle. 1.63 1 ppm Verificação pontual e utilização de cartas de controle. Como explicado, o Cp é muito importante para que seja avaliada a largura da amostragem com relação à faixa dos limites de especificação, mas uma limitação deste índice é que ele só incide sobre a dispersão do processo estudado, não considerando a centragem do referido processo. O índice Cp apenas considera a variabilidade do processo (σ). Com o intuito de analisar o processo considerando-se a centragem das amostragens, criou-se o índice Cpk. 11 12 O Cpk foi criado em 1986 com o objetivo de medir a distância entre o limite de especificação mais próxima do valor esperado a partir da característica de qualidade estudada, de modo a relacionar a metade desta distância da amplitude do processo natural, 3σ. De um ponto de vista prático, o índice Cpk é mais avançado do que o Cp, porque pode ser utilizado para medir as características de qualidade, onde apenas um limite de especificação é importante. Este índice é obtido a partir da fórmula seguinte: min ; ˆ ˆ3 3 LSE X X LIE Cpk Cálculo do Cp e Cpk Cpk Considera a centralização do processo;É o ajuste do índice Cp para uma distribuição não-centrada entre os limites de especificação; É sensível aos deslocamentos (causas especiais) dos dados; •Cálculo do índice (Exemplo) Os índices de Capacidade do processo utilizam o desvio-padrão estimado LSE (Limite Superior de Especificação) = 2.5 LIE (Limite Inferior de Especificação) = 0.05 (Média do processo) = 1.025 (Desvio-padrão estimado) = 0.5385 A fórmula do índice Cpk é dada por: O cálculo deste índice em nosso exemplo é dado por: Avaliação do cálculo do índice oProcesso incapaz: Cpk < 1 oProcesso aceitável: 1 ≤ Cpk ≤ 1,33 oProcesso capaz: Cpk ≥ 1,33 Cálculo do Cp e Cpk 13 Cálculo do Cp e Cpk Explicando melhor temos a pior situação (aquela em que o processo gera a maior porcentagem de defeitos) é avaliada pelo Cpk, ou seja, Assim, 2.50 1.025 0.9130 ˆ3 3*0.5385 1.025 0.05 0.6035 ˆ3 3*0.5385 LSE X CPS X LIE CPI min , min 0.9130,0.6035 0.6035Cpk CPI CPS 14 Cálculo do Cp e Cpk Observemos os índices de capacidade da figura. 15 16 Na prática, quanto maior for o índice Cpk, menor será a probabilidade da característica de qualidade medida estar fora de especificação, o que também significa que a curva gaussiana (traço mais fino em vermelho que delimita o histograma da Figura a seguir) mantém uma posição aceitável de centragem no que diz respeito aos limites. Por outro lado, o aumento do valor do Cpk pode exigir uma alteração na média do processo, no desvio padrão, ou em ambos. É importante ressaltar que em alguns processos pode ser mais fácil aumentar o valor de Cpk, alterando o valor médio, talvez através de um simples ajuste do objetivo do processo, do que reduzir o desvio padrão investigando as muitas causas da variabilidade. Cálculo do Cp e Cpk 17 Vamos ilustrar em quais ocasiões temos valores altos e baixos para esses dois índices. Análise de Capacidade Cp baixo Causa: variação maior que a faixa dos limites de especificação Cpk baixo Causa: a distribuição está centrada, mas há uma variação maior que a faixa dos limites de especificação Processo: incapaz Cp bom Causa: variação menor que a faixa dos limites de especificação Cpk bom Causa a distribuição está centrada e há uma variação menor que a faixa dos limites de especificação Processo: satisfatório Análise de Capacidade 18 Cp alto Causa: baixa variação em relação à faixa dos limites de especificação Cpk alto Causa: a distribuição está centrada e há uma baixa variação em relação à faixa dos limites de especificação Processo: capaz Análise de Capacidade 19 Nos três exemplos anteriores, os índices Cp e Cpk receberam os mesmos conceitos, mas nem sempre isso ocorre. Veja no próximo exemplo em que há um processo com uma variação bem pequena, que gera um Cp ótimo e também geraria um Cpk com valor alto, mas a distribuição não está centrada entre os limites de especificação. Cp alto Causa: baixa variação em relação à faixa dos limites de especificação Cpk baixo Causa: há uma baixa variação em relação à faixa dos limites de especificação, mas a distribuição não está centrada Processo: incapaz Análise de Capacidade 20 Índice Uso Definição Cp O processo está centrado entre os limites de especificação Taxa de tolerância (a largura dos limites de especificação) à variação atual (tolerância do processo) Cpk O processo não está centrado entre os limites de especificação, mas cai sobre ou entre eles Taxa de tolerância (a largura dos limites de especificação) à variação atual, considerando a média do processo relativa ao ponto médio das especificações. Pelo exemplo anterior, é possível afirmar que, para ser capaz, um processo necessita de centralização entre os limites de especificação e baixa variação. Mas qual índice devemos utilizar? Análise de Capacidade 21 Qual a diferença entre os índices de Capacidade e os índices de Performance do processo? Os índices de Capacidade informam como o processo poderá agir no futuro; já os índices de performance (PP e PPK) informam como o processo agiu no passado ou está agindo no momento. O cálculo dos índices de performance é muito semelhante ao dos índices de capacidade, salvo o que diz respeito ao desvio-padrão utilizado. Isso ficará para os interessados pesquisarem. Análise de Capacidade 22 Desvio-padrão estimado (associado à capacidade) Esta forma de desvio-padrão é dada pela seguinte fórmula e é somente usada quando o tamanho dos subgrupos é maior do que 1. Onde: R é a amplitude média do processo e d2 é o fator relacionado ao tamanho dos subgrupos. Análise de Capacidade 2 ˆ R d 23 Desvio-padrão calculado (associado à performance) Também chamado de desvio-padrão dos valores individuais, o desvio-padrão calculado é dado pela seguinte fórmula: Considerando o mesmo conjunto de dados anterior, vamos agora calcular o desvio-padrão. Análise de Capacidade 2 1 1 n i i x x n x = Média das médias dos subgrupos n = Total de amostras 24 ANOMALIAS (AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE) Há uma regra básica para verificar se o processo se encontra estável: basta dividir o intervalo entre os limites superior e inferior de controle em seis faixas, ou seja, cerca de 34% dos pontos devem estar em cada faixa C, 13,5% dos pontos em cada faixa B e 2,5% dos pontos em cada faixa A, conforme mostra a Figura, com algumas adaptações. Análise de Capacidade 25 Análise de Capacidade 26 27 28 29 Como é possível verificar, a razão para que um cliente possa necessitar saber qual o Cp ou Cpk do processo de um fornecedor é simples: na prática ele deseja conhecer a probabilidade de ele adquirir produtos fora da especificação. Como vimos, se o índice Cpk de um processo for menor que 1, é provável que o cliente deseje outro fornecedor pois as especificações não estão sendo cumpridas com certa frequência. O ideal é que o Cpk seja maior que 1 sendo que tipicamente é desejado o valor de 1,33 que significa 64 ppm de produtos fora de especificação. Além do benefício de fidelizar um cliente com a utilização e o aprimoramento destes índices de desempenho, constata-se que eles refletem diretamente em outro indicador bastante utilizado na indústria, o OEE (Overall equipment effectiveness). Isto porque um bom valor de Cp e Cpk impactam diretamente no fator de qualidade do produto que é utilizado no cálculo do OEE. Benefícios do Cp e Cpk, OEE e como os softwares contribuem para o aperfeiçoamento, monitoramento e melhoreias? 30 OEE é o principal indicador utilizado para medir a eficiência global. São várias as métricas que podem ser utilizadas na indústria para avaliar se algum processo é eficiente ou não. Tradicionalmente em programas de TPM (Total Productive Maintenance) utiliza-se muito o indicador OEE (Overall Equipment Effectiveness). O OEE tem como objetivo responder a três perguntas importantes: Com que frequência os meus equipamentos ficam disponíveis para operar? O quão rápido estou produzindo? Quantos produtos foram produzidos que não geraram refugos? Como podemos perceber, a resposta a estas três perguntas nos fornecem um panorama geral da operação em qualquer tipo de negócio e, por este motivo, o OEE é considerado tão importante na indústria. Neste artigo apresento a maneira de calcular a eficiência global dos equipamentos através do índice OEE, e como a integração dos sistemas pode contribuir para o aumento da eficiência da indústria. 31 World Class OEEé o índice utilizado como benckmark mundial pelas indústrias. Em um estudo realizado, foi estimado que as plantas com melhor eficiência no mundo apresentam o índice de 85% de OEE e que em média, o restante das indústrias apresentam um índice de apenas 60%. Isso nos leva a crer que para uma planta operando com OEE em torno de 60%, é possível aumentar a eficiência global em até 40% utilizando os mesmos equipamentos e os mesmos recursos. Neste ponto, surge uma importante questão: Como está a eficiência da minha planta? Veremos como calcular isto em seguida, mas veja no gráfico 1 como se posicionam as empresas em relação ao OEE. O que é World Class OEE? 32 A maneira mais simples de mensurar a eficiência da empresa é fazer o cálculo do índice do OEE. Este índice é uma métrica percentual que representa como estão as “as melhores práticas” da empresa e leva em consideração 3 importantes variáveis de produtividade: a disponibilidade dos equipamentos para produção, a qualidade do que é produzido e a performance. Em um mundo ideal, as empresas deveriam ter 100% dos recursos disponíveis, com 100% de qualidade e 100% de aproveitamento do tempo, mas na prática isso é muito difícil de acontecer. Por este motivo é preciso monitorar constantemente o índice de eficiência da empresa e estabelecer onde e como estes indicadores podem ser melhorados. Como calcular a eficiência global dos equipamentos da minha empresa? 33 1 - MONTGOMERY, D.C. (2004), Introdução ao Controle Estatístico da Qualidade. LTC, Rio de Janeiro, 4ª Ed. 2 - http://www.portalaction.com.br/analise-de-capacidade/introducao 3 - http://www.citisystems.com.br/cpk-indice-capacidade-performance-processo/ Análise de Capacidade
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