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Recursos e custos de projeto Apresentação Esta Unidade de Aprendizagem trata do planejamento de custos e do planejamento de recursos, pois eles se tornam o plano-mestre para a elaboração de um projeto. O planejamento de recursos é utilizado para alocar os custos distribuídos ao longo do tempo, uma vez que a linha de base do orçamento do projeto fornece as informações necessárias para a sua elaboração. Dada esta linha, é possível comparar os custos e programas e, em seguida, apresentar o processo de desenvolvimento do planejamento de recursos. Tal planejamento será utilizado para alocar os valores orçados e distribuídos ao longo do tempo, a fim de criar uma linha de base orçamentária do projeto. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Analisar o planejamento de recursos e custos como componentes essenciais do plano-mestre do projeto. • Discutir aspectos-chave do planejamento de recursos do projeto.• Reconhecer a importância do planejamento adequado de recursos para aumentar as chances de sucesso do projeto. • Desafio Você é gerente de contas em uma grande empresa de consultoria que presta serviços para empresas de várias cidades do Brasil e também do exterior. Você é responsável pelas contas de clientes corporativos de grande porte e tem metas de fechamento de contratos a cada semestre. O ciclo atual está se encerrando (faltam apenas duas semanas), e você ainda não fechou sua meta. Buscando encontrar alternativas, você revisa seus registros de prospecções recentes e localiza algumas oportunidades, entre elas um cliente fora do país: é uma empresa que você já prospectou há algum tempo, quando ela estava acertando a rescisão de contrato com a empresa que prestava esse serviço anteriormente – como o prazo de prestação de serviços pela antiga empresa está se esgotando, você sabe que o cliente precisa fechar um novo contrato na próxima semana. As outras alternativas são empresas nacionais, mas de menor volume, sendo necessário fechar vários contratos para que fossem equivalentes a esse único do exterior. Então, você decide “apostar suas fichas” nesse negócio e inicia o planejamento de sua viagem para visitar o desejado cliente. Veja mais algumas informações relevantes a serem consideradas: Para que você realize o adequado planejamento dos recursos e dos custos envolvidos em seu projeto, reflita e responda às seguintes questões: a) Considerando que a sua verba para viagens neste semestre está no fim, que informações você precisa levantar e que alternativas você visualiza para lidar com essa limitação? b) Existem riscos envolvidos neste projeto? Caso positivo, quais seriam eles e como você pode tratá-los? Infográfico No infográfico a seguir, apresenta-se o planejamento de recursos como componente do plano de projeto. Confira. Conteúdo do livro O planejamento de custos e recursos é uma das áreas mais críticas no gerenciamento de projetos, pois garante que os esforços da equipe, os materiais e o orçamento sejam utilizados de maneira eficiente e eficaz. Para os gestores, o sucesso de um projeto depende diretamente de como esses elementos são organizados e distribuídos ao longo do tempo. Uma alocação adequada de recursos otimiza a eficiência operacional e minimiza a probabilidade de erros e retrabalhos, fatores que podem prejudicar o cronograma e o orçamento do projeto. Além disso, a identificação e o fornecimento corretos dos recursos, a garantia de sua disponibilidade e o controle rigoroso dos custos são essenciais para que a equipe trabalhe de maneira integrada e focada em resultados. Neste capítulo, você aprenderá sobre o planejamento de recursos e custos, identificando os principais componentes desse planejamento, incluindo pessoal, materiais, capital financeiro e tempo. Também abordaremos questões essenciais como a identificação e o fornecimento de recursos, a garantia de sua disponibilidade, o controle de custos, a logística necessária e a manutenção da qualidade. Além disso, você compreenderá a importância de um planejamento rigoroso, que assegure que os recursos sejam utilizados de forma eficiente e que o orçamento seja respeitado. GESTÃO DE PROJETOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Identificar recursos e custos essenciais ao plano-mestre do projeto. > Reconhecer aspectos-chave do planejamento de recursos do projeto. > Explicar a importância do planejamento adequado de recursos para a viabilidade do projeto. Introdução Na gestão de processos, o planejamento de recursos e custos é responsável por estabelecer as bases para a execução das atividades necessárias. Esse planejamento envolve a identificação e alocação dos insumos necessários, que incluem recursos humanos, materiais, capital financeiro e tempo. Além disso, a atenção aos aspectos-chave do planejamento, como a identificação, fornecimento, disponibilidade, custeio, logística e qualidade dos recursos, contribui para o sucesso do projeto. Esses elementos interagem de forma integrada e, quando geridos de maneira eficaz, diminuem a ocorrência de erros, aumentando as chances de sucesso. Neste capítulo, você vai aprender sobre o planejamento dos recursos e custos, incluindo a identificação de cada um dos insumos na elaboração do plano-mestre de um projeto. Também verá os aspectos essenciais do planeja- mento de recursos e como eles podem ajudar a melhorar os resultados finais. Recursos e custos de projeto Flávia Monaco Vieira Desenvolvimento do plano-mestre do projeto Quando um gestor elabora um projeto, é fundamental que identifique quais são seus respectivos recursos e custos para desenvolver um plano-mestre eficiente. Recursos referem-se a todos os insumos necessários para executar atividades e alcançar os objetivos de um projeto. Segundo Prado e Ladeira (2014), o plano-mestre precisa detalhar com precisão os tipos de recursos a serem utilizados, como recursos humanos, materiais, financeiros e temporais. Cada recurso deve ser alocado com base nas necessidades específicas do projeto, garantindo a otimização do seu uso e o controle rigoroso dos custos. Os recursos humanos, como destaca Madureira (2010), envolvem o pessoal que será responsável pela execução das atividades do projeto. Na prática, isso significa analisar as competências técnicas e a experiência necessária para cada função, além de considerar a disponibilidade de cada membro da equipe. Os custos associados aos recursos humanos incluem os salários, benefícios e possíveis despesas adicionais, como treinamentos ou viagens, caso o projeto envolva deslocamento. Num projeto de tecnologia, por exemplo, pode ser necessário contratar programadores especializados, cujos salários e treinamento técnico representam uma parte significativa dos custos. Os recursos materiais incluem todos os bens físicos necessários para executar o projeto, desde suprimentos básicos, como papel e equipamen- tos de escritório, até itens de maior valor, como máquinas industriais ou software especializado. Nesse sentido, Prado e Ladeira (2014) ressaltam a importância de identificar os itens a serem adquiridos, suas quantidades e qualidades, garantindo que os materiais escolhidos atendam aos requisitos técnicos e prazos do projeto. Num projeto de construção civil, por exemplo, será necessário adquirir cimento, aço, equipamentos de proteção individual (EPIs), entre outros. Um aspecto crítico no planejamento de recursos materiais é a negociação com fornecedores e a previsão de variações de mercado, uma vez que oscila- ções nos preços podem afetar significativamente os custos totais do projeto. Além disso, é importante planejar a logística relacionada à aquisição e entrega dos materiais, pois eventuais atrasos no fornecimento podem comprometer o cronograma e gerar custos adicionais inesperados. O capital financeiro representa outro componente crítico no plano-mestre, pois envolve os investimentos necessários para viabilizar o projeto. De acordocom Silva e Oliveira (2017), os custos podem ser divididos em diretos e indiretos. Custos diretos são aqueles que podem ser diretamente atribuídos ao projeto, Recursos e custos de projeto2 como a compra de materiais ou o pagamento da equipe. Custos indiretos, por outro lado, envolvem despesas que, embora essenciais, não estão diretamente ligadas a uma atividade específica do projeto, como despesas administrativas, aluguel de escritórios ou serviços de segurança. A importância do capital financeiro na execução de um projeto não pode ser subestimada, pois ele garante que todas as atividades necessárias sejam viabilizadas. Para mitigar riscos e imprevistos, uma prática comum é a criação de um fundo de contingência, que cobre variações inesperadas, como aumento nos preços dos insumos ou a necessidade de contratar mão de obra adicional. A estimativa paramétrica é uma técnica avançada utilizada para prever custos com base em variáveis específicas do projeto, como a quantidade de unidades produzidas ou a área total a ser construída. Essa técnica é especialmente útil em projetos que envolvem um histórico de dados de custos de projetos anteriores semelhantes. Utilizando modelos matemáticos que correlacionam esses parâmetros-chave com os custos, a estimativa para- métrica permite fazer previsões mais precisas e detalhadas. Isso possibilita um controle financeiro mais eficiente, principalmente em fases iniciais do projeto, quando as informações detalhadas sobre o orçamento ainda são limitadas (Larson; Gray, 2016). Fazer a estimativa de um projeto é, de fato, estabelecer um parâmetro para seu controle de custos. A qualidade das estimativas pode ser impactada por diferentes variáveis, como a complexidade do projeto, a incerteza associada às tarefas, a experiência dos envolvidos e os recursos disponíveis. Larson e Gray (2016) destacam alguns fatores que influenciam a qualidade das estimativas, como horizonte de planejamento, duração do projeto, capacitação da equipe e estrutura organizacional. Além dos recursos humanos, materiais e financeiros, o tempo é conside- rado um dos ativos mais valiosos em qualquer projeto. Cada atividade do cronograma deve ser cuidadosamente planejada, considerando as interde- pendências e o impacto de eventuais atrasos. Um cronograma bem planejado define prazos claros para a execução de cada fase do projeto e permite que os gestores visualizem o andamento das atividades de forma a evitar atrasos. O gerenciamento de tempo está intrinsecamente ligado ao controle de custos, pois atrasos podem gerar despesas adicionais significativas, como o pagamento de horas extras, multas contratuais ou a necessidade de re- Recursos e custos de projeto 3 organização das atividades. Nesse contexto, Madureira (2010) aponta que em muitos casos a falta de planejamento adequado do tempo resulta em impactos negativos tanto no cronograma quanto no orçamento do projeto. A identificação de recursos e custos com precisão pode ser significativa- mente facilitada pelo uso de ferramentas de software de gerenciamento de projetos. Programas como Microsoft Project, Primavera ou Jira permitem que os gerentes de projeto visualizem todos os recursos alocados, seus custos e disponibilidade em tempo real. Essas ferramentas ajudam a mapear o crono- grama com mais precisão, prevendo o uso de recursos e gerando relatórios detalhados sobre os custos previstos e realizados, permitindo ajustes mais rápidos e eficazes (Larson; Gray, 2016). Outra vantagem dessas ferramentas é sua capacidade de simular cenários diferentes, o que possibilita ajustar o plano-mestre do projeto conforme as condições vão mudando. Essa flexibilidade é essencial em projetos complexos, em que pequenas variações no cronograma podem gerar grandes impactos no orçamento. Ferramentas de software oferecem uma visão holística, permi- tindo que o gestor ajuste rapidamente o plano e minimize riscos financeiros (Madureira, 2010). Ao analisar cada tipo de recurso – pessoal, material, capital financeiro e tempo – e seus respectivos custos, os gestores podem planejar as atividades de forma precisa, evitar imprevistos financeiros e garantir que o projeto seja concluído dentro do prazo e do orçamento estabelecidos. Na próxima sessão, vamos abordar o planejamento dos recursos do projeto, focando nos aspectos principais, como identificação, fornecimento, disponibilidade, logística e qualidade. Planejamento de recursos do projeto O planejamento de recursos garante que todos os elementos necessários para a execução do projeto estejam disponíveis no prazo correto e dentro do orçamento previsto. Os principais aspectos a serem analisados nesse planejamento incluem a identificação, fornecimento, disponibilidade, custeio, logística e qualidade desses recursos. O primeiro passo é identificar os recursos necessários (pessoal, mate- riais, capital financeiro e tempo), o qual deve ser realizado com base numa análise detalhada do escopo e das atividades do projeto. O fornecimento desses recursos depende de contratos sólidos com fornecedores confiáveis e da garantia de que os materiais e equipamentos sejam entregues no prazo correto e com qualidade adequada (Prado; Ladeira, 2014). Recursos e custos de projeto4 Uma vez identificados os recursos, o próximo passo é planejar seu for- necimento e aquisição, o que envolve a negociação com fornecedores, a escolha de parceiros confiáveis e a garantia de que os materiais ou serviços serão entregues conforme o cronograma do projeto. Segundo Prado e Ladeira (2014), o fornecimento eficaz depende de contratos sólidos que estabeleçam prazos de entrega e as condições de qualidade dos insumos. Atrasos no fornecimento podem comprometer o cronograma e gerar custos adicionais. Por isso, é essencial ter um plano B para lidar com possíveis imprevistos, como a falha de um fornecedor ou oscilações no mercado. A gestão eficiente de estoque e fluxo de trabalho permite que materiais e equipamentos estejam acessíveis conforme as exigências do cronograma. De acordo com Costa e Pereira (2019), atrasos na entrega de recursos podem gerar paralisações em atividades críticas, aumentando significativamente os custos e, em alguns casos, comprometendo a viabilidade do projeto. A análise do custeio também deve estar presente no planejamento de recursos, pois garante que todos os custos sejam devidamente contabilizados e orçados de forma precisa. Sem a análise detalhada de custeio, há o risco de subestimar os gastos e comprometer o orçamento do projeto, gerando pressões financeiras e possíveis interrupções. Portanto, a elaboração de uma estimativa de custos clara e o uso de ferramentas como a análise de valor agregado podem ajudar a garantir que o projeto permaneça dentro dos limites financeiros estabelecidos (Prado; Ladeira, 2014). A análise de riscos também deve ser integrada ao planejamento de recur- sos. Projetos de grande escala ou com prazos mais apertados frequentemente enfrentam desafios relacionados à disponibilidade de recursos e à logística. Prever possíveis gargalos na cadeia de suprimentos e ter alternativas viáveis para contornar esses desafios pode ser crucial para o sucesso do projeto. Ferramentas como o diagrama de Gantt e a análise de risco podem ser usadas para criar um planejamento mais robusto e resiliente frente a imprevistos (Vargas, 2011). A logística inclui o transporte dos recursos até o local do projeto e seu armazenamento adequado para que estejam em condições de uso quando necessários. Um bom planejamento logístico é especialmente importante em projetos que envolvem grandes quantidades de materiais ou equipamentos pesados. Por fim, a qualidade dos recursos deve ser garantida ao longo de toda a execução do projeto, ou seja, os materiais e os serviços adquiridos devem atender às especificações técnicas estabelecidas no planejamento. Como afirmado por Costa e Pereira (2019), garantir a qualidade dos insumos desde Recursos e custosde projeto 5 a fase de aquisições até a utilização final é essencial para manter a inte- gridade do projeto e atingir os resultados esperados. A conformidade com as especificações técnicas previne falhas no produto final, além de evitar retrabalhos e desperdícios. Inspeções frequentes ao longo do processo são fundamentais para verificar se os materiais e serviços atendem aos padrões exigidos. Nesse sentido, Costa e Pereira (2019) sugerem a adoção de mecanismos de controle de qualidade, como auditorias independentes e verificações de conformidade por meio de testes técnicos. Esses mecanismos permitem identificar problemas de qualidade antes que eles afetem a execução ou a conclusão do projeto, possibilitando a implementação de medidas corretivas em tempo hábil. Redes de atividade e nivelamento de recursos O uso de uma rede de atividades no planejamento de projetos é uma ferra- menta poderosa para visualizar e organizar as tarefas, bem como os recursos necessários para executá-las. Larson e Gray (2016) explicam que a rede de atividades permite que os gestores identifiquem as interdependências entre tarefas, facilitando uma alocação eficiente de recursos. Essa visualização ajuda a gerenciar o cronograma do projeto, garantindo que as tarefas críticas sejam priorizadas e que os recursos sejam usados de maneira eficaz. Uma das grandes vantagens de utilizar redes de atividades é a sua fle- xibilidade. Embora a criação inicial da rede represente um custo em termos de tempo e recursos, uma vez desenvolvida, ela pode ser facilmente ajus- tada quando ocorrem mudanças inesperadas no projeto. Se houver atraso na entrega de materiais para uma atividade, por exemplo, o impacto pode ser rapidamente avaliado e o cronograma do projeto pode ser revisado em minutos por meio de algum software de gerenciamento de projetos. Assim, a rede proporciona uma base sólida para ajustar a alocação de recursos e mão de obra, conforme necessário (Larson; Gray, 2016). Ademais, o nivelamento de recursos é uma técnica que visa distribuir os recursos de forma equilibrada ao longo do tempo, evitando picos de uso e períodos de ociosidade. Essa prática utiliza folgas em atividades não críticas para ajustar a alocação de recursos, maximizando a eficiência e minimizando desperdícios. Quando o projeto enfrenta restrições de recursos, como limitações no número de equipamentos ou pessoas disponíveis, é preciso priorizar ati- vidades e utilizar técnicas heurísticas. Essas técnicas, baseadas em regras práticas, ajudam a definir quais atividades devem ter prioridade na alocação Recursos e custos de projeto6 de recursos, minimizando os atrasos no cronograma. Exemplos de regras heurísticas incluem priorizar atividades com folga mínima, menor duração ou menor número de identificação, como forma de otimizar a sequência de tarefas e manter o projeto dentro dos prazos previstos. Prado e Ladeira (2014) destacam que o nivelamento de recursos busca equilibrar a demanda por recursos ao longo do tempo, evitando picos de uso ou períodos de ociosidade. Isso é especialmente importante em projetos de longo prazo, em que a sobrecarga de recursos em determinadas fases pode comprometer o andamento do projeto ou aumentar os custos, devido à necessidade de contratação temporária ou horas extras. O nivelamento também contribui para um melhor gerenciamento da equipe, evitando o esgotamento ou a sobrecarga dos colaboradores. Quando a de- manda por trabalho está distribuída de forma equilibrada, a equipe pode desempenhar suas atividades com mais eficiência e qualidade. Além disso, ao evitar períodos de ociosidade, a organização reduz o risco de desperdício de recursos financeiros e humanos, garantindo um uso mais eficiente dos recursos disponíveis. Num projeto de engenharia, por exemplo, o nivelamento de recursos pode evitar ociosidade de máquinas e equipamentos, garantindo que estejam disponíveis nos momentos exatos em que são necessários para atividades críticas. O planejamento de recursos, portanto, vai além da simples identificação e fornecimento. Ele envolve uma estratégia cuidadosa para lidar com as restrições de tempo, recursos disponíveis e possíveis imprevistos, utilizando técnicas de alocação e controle para manter o equilíbrio entre a eficiência operacional e o cumprimento dos objetivos do projeto. Na próxima sessão, você verá como a utilização adequada de recursos pode mitigar riscos, evitar desperdícios e assegurar que o projeto seja concluído dentro do prazo e do orçamento estabelecidos. Minimização de erros com o planejamento de recursos A viabilidade de um projeto está diretamente ligada ao planejamento eficaz dos recursos e à sua utilização correta ao longo das fases de execução. Segundo Larson e Gray (2016), a correta alocação de recursos humanos, materiais e financeiros reduz significativamente os riscos de falhas no projeto e aumenta a probabilidade de sucesso. Recursos e custos de projeto 7 O planejamento de recursos orienta o uso eficiente de materiais, mão de obra e capital, sendo uma ferramenta que contribuiu para mitigar erros. De acordo com Prado e Ladeira (2014), um planejamento inadequado pode levar a atrasos, desperdícios de recursos e aumento significativo nos custos. Quando as atividades de um projeto são planejadas com clareza, a equipe tem uma visão detalhada das etapas a seguir, o que facilita a identificação de riscos e a correção de possíveis falhas antecipadamente. Projetos que envolvem múltiplas atividades simultâneas frequentemente enfrentam desafios na distribuição desses recursos, sendo essencial que o gerente de projetos adote técnicas como a priorização de atividades para lidar com restrições. O gestor do projeto deve ser capaz de nivelar os recursos ao longo do tempo, evitando períodos de ociosidade ou sobrecarga (Prado; Ladeira, 2014). Um projeto bem gerido é aquele que maximiza o uso de todos os recursos disponíveis, garantindo que eles sejam empregados no momento certo, na quantidade necessária e com o menor custo possível. Um dos principais objetivos do planejamento de recursos é a minimização dos custos associados ao projeto. Ao prever todos os insumos necessários e seus custos, o gestor pode criar uma estimativa orçamentária realista e incluir um fundo de contingência para cobrir imprevistos. Segundo Silva e Oliveira (2017), isso permite que o projeto continue mesmo diante de au- mentos inesperados nos preços dos materiais ou da necessidade de contratar serviços adicionais. Além disso, Madureira (2010) destaca que a integração entre o planejamento de recursos e o controle de custos é essencial, pois qualquer falha no uso eficiente dos recursos pode resultar em custos ines- perados, comprometendo o orçamento. Entretanto, como a maioria dos projetos apresenta características pe- culiares, talvez nem sempre seja possível realizar estimativas precisas. Isso exige uma escolha cuidadosa entre os elementos da restrição tripla: tempo, custo e desempenho. A diretoria executiva deve estar envolvida nas decisões que afetam essas restrições para garantir que o projeto não apenas atenda aos seus objetivos imediatos, mas também esteja alinhado com os interesses estratégicos mais amplos da organização. Embora os gerentes de projeto possuam o conhecimento técnico necessário para lidar com as questões operacionais, talvez não tenham a visão comercial necessária para garantir o sucesso do projeto em um contexto corporativo mais amplo (Kerzner; Saladis, 2011). Recursos e custos de projeto8 Outro ponto crucial para minimizar erros é a comunicação eficaz entre a equipe do projeto e as partes interessadas (stakeholders). Quando todas as partes são mantidas informadas sobre a alocação e uso dos recursos, bem como sobre possíveis desvios no planejamento inicial, isso permite que decisões sejam tomadas com mais agilidade e assertividade (Larson; Gray, 2016). Assim, eventuais ajustes no cronograma ou no orçamento podem ser feitosde antemão, evitando problemas futuros e garantindo que o projeto continue dentro dos parâmetros estabelecidos. Vejamos a seguir um exemplo de planejamento e utilização dos recursos num projeto de construção civil. Imagine que uma equipe está prestes a iniciar a construção de um edifício comercial. Antes de começar, é essencial identificar os recur- sos necessário e elaborar um planejamento detalhado. Inicialmente, os gestores avaliam as quantidades dos materiais que serão utilizados, como cimento, aço e acabamentos. Além disso, consideram a disponibilidade de mão de obra, equipa- mentos e as condições climáticas que podem afetar o cronograma da obra. Com base nesses dados, eles elaboram um planejamento que prevê a necessidade de contratar mais trabalhadores durante os períodos de maior demanda e programar a entrega dos materiais com antecedência, evitando atrasos. Por outro lado, se a equipe não realizar o planejamento ou se o fizer de forma inadequada, desconsiderando elementos como a qualidade dos materiais e a logística, as consequências podem ser graves. A falta de uma análise adequada das quantidades de materiais pode resultar em compras insuficientes, levando a interrupções na obra enquanto se espera pela entrega de suprimentos. Pro- blemas de logística, como a má coordenação na entrega dos materiais, também podem causar desperdícios e aumentar os custos. Somente a partir do planejamento dos recursos a equipe poderá monitorar constantemente o uso dos insumos e realizar ajustes quando necessário (Larson; Gray, 2016). Quando o planejamento de recursos é realizado de forma eficiente, as chances de sucesso do projeto aumentam significativamente. A utilização correta dos recursos, aliada a uma gestão eficiente de prazos e custos, garante que o projeto seja executado conforme o cronograma previsto e dentro do orçamento estabelecido. O sucesso de um projeto depende diretamente da capacidade de gerir as variáveis envolvidas de maneira integrada, conside- rando aspectos como fornecimento, qualidade dos materiais e capacidade técnica da equipe. Recursos e custos de projeto 9 Além disso, o gerenciamento competente de projetos é uma tentativa es- tratégica de melhorar a eficiência e a eficácia de uma organização, permitindo que o trabalho flua de forma multidirecional. De acordo com Kerzner e Saladis (2011), o gerenciamento de projetos visa atingir objetivos únicos ou singulares, com metas bem definidas, respeitando restrições predeterminadas de tempo, custo e desempenho. O uso eficiente de recursos humanos e não humanos, combinado com um fluxo de trabalho multidirecional, assegura que os pro- jetos sejam conduzidos com base nas melhores práticas de gerenciamento. Ao longo deste capítulo, você aprendeu a importância de considerar os recursos humanos, materiais, capital financeiro e tempo no planejamento de um projeto. Além disso, verificamos que o fornecimento e a disponibili- dade dos insumos, assim como logística de transporte e armazenamento e a garantia da qualidade, são aspectos essenciais para o planejamento eficaz. Você também observou que, quando os gestores lançam mão de ferramentas de gerenciamento e técnicas como o nivelamento de recursos, eles podem monitorar o uso dos insumos e realizar ajustes quando necessário, assegu- rando a qualidade do projeto final e a satisfação dos stakeholders envolvidos. Referências COSTA, A. B.; PEREIRA, F. S. Fundamentos de gestão de projetos: da teoria à prática. Curitiba: InterSaberes, 2019. KERZNER, H.; SALADIS, F. P. O que os executivos precisam saber sobre gerenciamento de projetos. Porto Alegre: Bookman, 2011. LARSON, E. W; GRAY, C. F. Gerenciamento de projetos: o processo gerencial. 6. ed. Porto Alegre: AMGH, 2016. MADUREIRA, O. M. Metodologia do projeto: planejamento, execução e gerenciamento. 2. ed. São Paulo: Blucher, 2010. PRADO, D.; LADEIRA, M. Planejamento de projetos. 5. ed. Rio de Janeiro: Brasport, 2014. SILVA, E. C.; OLIVEIRA, V. R. Gestão de custos em projetos: desafios para uma indústria. Revista de Administração IMED, v. 7, n. 2, p. 22-49, jul./dez. 2017. VARGAS, R. V. Manual prático do plano de projeto: utilizando o PMBOK Guide. 4. ed. Rio de Janeiro: Brasport, 2011. Recursos e custos de projeto10 Dica do professor Neste vídeo, discute-se os aspectos-chave para uma estimativa adequada de recursos no projeto. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/e778143d347f7a514017feb995ddddce Exercícios 1) Em determinando projeto de tecnologia de informação, as restrições ou limitações de recursos humanos são mais importantes do que qualquer outra restrição ou limitação como custos e prazos. Neste contexto, qual a melhor ação a ser tomada pelo gerente de projetos? A) Realizar uma simulação probabilística do projeto. B) Aplicar paralelismo no caminho crítico do projeto. C) Realizar otimização de recursos. D) Analisar custos do ciclo de vida. E) Aumentar os recursos. 2) Um gerente de projeto está usando estimativas de duração com média ponderada para realizar análise de rede do cronograma. Que tipo de análise está sendo usada? A) O método do caminho crítico. B) A distribuição beta. C) O método Monte Carlo. D) O nivelamento de recursos. E) A técnica do pareto. 3) Em projetos, a disponibilidade ou indisponibilidade de recursos muitas vezes influencia o modo como os projetos são administrados. Um gerente de projetos tem a sua disposição quais categorias de recursos: A) Pessoas, tempo e equipamentos. B) Informação, tempo e equipamentos. C) Pessoas, tempo e materiais . D) Pessoas, equipamentos e materiais. E) Tempo, pessoas e informações. 4) Um projeto pode ter restrição por tempo ou por recurso. Em termos de cronograma, restrito por tempo quer dizer que o tempo (a duração do projeto) é fixo e os recursos são flexíveis, ao passo que restrito por recursos significa que os recursos são fixos e o tempo é flexível. O planejamento restrito dos recursos implica nas seguintes afirmações: I. Reduzir a folga, diminuir a flexibilidade do uso desta para garantir a diminuição do atraso e aumentar o número de atividades decisivas e quase decisivas. II. A complexidade do planejamento é ampliada porque se acrescentam restrições de recurso às restrições técnicas; os tempos de início agora podem ter duas restrições. III. O conceito tradicional de caminho crítico, com atividades sequenciais do início ao fim do projeto, não tem mais significado. IV. As restrições de recursos podem quebrar a sequência e deixar a rede com um conjunto de atividades decisivas desconjuntadas. Inversamente, atividades paralelas podem se tornar sequenciais. V. Atividades com folga em uma rede restrita por tempo podem mudar de não decisivas para decisivas. Considerando as afirmativas acima, marque a alternativa correta: A) Afirmativas I, II e IV são verdadeiras. B) afirmativas I, II e III são verdadeiras. C) todas as afirmativas são verdadeiras. D) afirmativas I, II, III e IV são verdadeiras. E) todas as afirmativas são falsas. (PETROBRAS/2010) A determinação do caminho crítico de um projeto é fundamental para que a gerência do projeto possa controlar de forma eficaz, a realização correta do cronograma e o cumprimento das datas estabelecidas. A respeito do caminho crítico, considere as afirmativas abaixo. I - Um caminho crítico tem folga negativa ou igual a zero. 5) II - Para aplicar o método do caminho crítico, precisa-se, antecipadamente, das datas de início mais próximo e de término mais tardio de cada atividade. III - É possível ter mais de um caminho crítico em um diagrama de rede de um projeto. É CORRETO o que se afirma em: A) I, apenas. B) I e II, apenas. C) I e III, apenas. D) II e III, apenas. E) I, II e III. Na prática Em raras situações, os fatores físicos fazem com que as atividades, que normalmenteocorreriam em paralelo, sejam restritas por condições ambientais ou contratuais. Veja um exemplo. Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: O Que os Gerentes Precisam Saber Sobre Projetos Kerzner, Harold; Saladis, Frank P. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Gestão de Projetos - As Melhores Práticas Kerzner, Harold Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!