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MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO (MPU) DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ ANALISTA DO MPU – ÁREA DE ATIVIDADE: APOIO JURÍDICO – ESPECIALIDADE: DIREITO TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 8 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 1 MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO (MPU) Prezados Alunos! Aula 8 de Processo Civil para ANALISTA! Bons estudos! Ricardo Disponibilizarei para o Concurso do MPU os seguintes Cursos: LEGISLAÇÃO APLICADA AO MPU E AO CNMP – TEORIA E EXERCÍCIOS; LEGISLAÇÃO APLICADA AO MPU E AO CNMP – EXERCÍCIOS; DIREITO PROCESSUAL CIVIL – TEORIA E EXERCÍCIOS - AJAJ Não percam esta oportunidade de praticarem e aperfeiçoarem ainda mais seus conhecimentos! MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO (MPU) DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ ANALISTA DO MPU – ÁREA DE ATIVIDADE: APOIO JURÍDICO – ESPECIALIDADE: DIREITO TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 8 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 2 QUADRO SINÓPTICO DA AULA: • Sentenças e Coisa Julgada; • Liquidação e Cumprimento de Sentença. 1. Sentenças e Coisa Julgada. a). Atos judiciais: despachos, decisões interlocutórias e sentenças. Os Atos Judiciais são classificados pelo Código de Processo Civil (CPC) como uma das espécies de Atos Processuais. Os Atos Processuais (gênero) são todos aqueles praticados pelos sujeitos que compõem o Processo (as Partes, Juiz, serventuários/servidores da Justiça, terceiros juridicamente interessados, etc), visando à criação, modificação ou extinção da relação jurídica processual. Em todas as fases do Processo Judicial são praticados atos processuais pelos diversos agentes partícipes, desde a petição inicial, despacho de recebimento do Juiz, citação do réu, contestação à petição inicial, etc. O Código de Processo Civil (CPC) classifica os Atos Processuais em 3 (três) grandes grupos, com base no agente/sujeito que o pratica: 1. Atos das Partes – arts. 158-161; 2. Atos do Juiz – arts. 162-165; 3. Atos do Escrivão ou Chefe de Secretaria – arts. 166-171. O nosso ponto de estudo reside nos Atos do Juiz (Atos Judiciais – MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO (MPU) DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ ANALISTA DO MPU – ÁREA DE ATIVIDADE: APOIO JURÍDICO – ESPECIALIDADE: DIREITO TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 8 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 3 praticados pelo Juiz), que são os Despachos, Decisões Interlocutórias e Sentenças. CPC Art. 162. Os atos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos. Sentença. Antigamente o conceito de Sentença era o ato pelo qual o Juiz põe fim ao processo, decidindo ou não o mérito da causa (da ação). Assim, o conceito anterior restringia a Sentença a uma decisão que finalizava o processo. Todavia, em reforma do CPC realizada no ano de 2005 pela Lei nº 11.232/2005, a Sentença passou a ser conceituada como a decisão ou ato do Juiz que implicasse em alguma das situações previstas no art. 267 ou 269 do Código. CPC Art. 162. § 1o Sentença é o ato do juiz que implica alguma das situações previstas nos arts. 267 e 269 desta Lei. (Redação dada pelo Lei nº 11.232, de 2005) O conceito anterior de Sentença como o ato que implicava na finalização do processo se justificava à época, porque o sistema processual anterior à Lei nº 11.232/2005 era dividido em processos estanques e separados: Processo de Conhecimento e Processo de Liquidação e Execução de Sentença. Uma coisa era a certificação do direito no Processo de Conhecimento (ex: Sentença do Juiz determinando a reintegração de posse de uma determinada propriedade). Outra coisa era a execução desta mesma sentença. Para executar deveria ser aberto um novo processo (+ 1 processo) só para conseguir, na prática, a reintegração de posse conferida pela sentença inicial. Assim, a Sentença antes marcava o fim do processo de certificação do direito (Processo de Conhecimento), dando azo à abertura de um novo MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO (MPU) DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ ANALISTA DO MPU – ÁREA DE ATIVIDADE: APOIO JURÍDICO – ESPECIALIDADE: DIREITO TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 8 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 4 Processo para executá-lo (Processo de Execução). Com efeito, a Lei nº 11.232/2005 trouxe um novo conceito de processo. Hoje o processo é único, dividido apenas em FASES. Existe a Fase de Conhecimento, Fase de Liquidação e Fase de Execução da Sentença. Não cabe aqui estudar o conceito e detalhes de cada Fase. Contudo, cabe informar que a Sentença NÃO mais põe fim ao processo! Por uma razão simples: a Sentença apenas finaliza 1 (uma) de suas fases (a fase de Conhecimento). O Processo não é mais finalizado com a Sentença, mas apenas com a execução definitiva. Esta junção de todas as Fases em 1 (um) único Processo é chamada pela doutrina de Processo Sincrético. Agora o Processo de Conhecimento é formado pela união ou fusão de processos diversos em apenas 1 (um). Por causa disso, o conceito de Sentença teve que ser modificado. O conceito anterior não tem hoje mais razão de ser porque o processo não mais é ultimado com a exaração da Sentença pelo Juiz. Nesse sentido, o legislador entendeu por bem conceituar a Sentença como o ato do Juiz que implica em alguma das situações previstas nos incisos dos arts. 267 e 269 do CPC: o Sentença TERMINATIVA - Art. 267 – Extinção da Fase de Conhecimento SEM Resolução de Mérito - O art. 267 prevê hipóteses processuais de extinção do processo (leia-se: extinção da Fase de Conhecimento) SEM resolução de mérito, isto é, sem a análise da questão de fundo, a questão principal pela qual foi instaurado o processo (exemplo: Ação de Alimentos é encerrada porque o Autor desistiu da Ação). As hipóteses previstas no art. 267 do CPC implicam na chamada Sentença Terminativa – põe fim a Fase do Processo SEM o exame do mérito. Por não decidir o mérito do processo (o que mais almeja a parte), em regra, a Sentença Terminativa faz coisa julgada meramente formal, isto é, MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO (MPU) DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ ANALISTA DO MPU – ÁREA DE ATIVIDADE: APOIO JURÍDICO – ESPECIALIDADE: DIREITO TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 8 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 5 torna a decisão imutável apenas dentro do processo em que foi proferida, não impedindo que seja rediscutido em outro processo eventualmente iniciado. As situações legais do art. 267 são multifacetadas e fazem parte do assunto específico Processo, a ser estudado em separado. De todo modo, indico a leitura atenta de cada uma das hipóteses, que podem ser objeto de prova. Sentença Terminativa, SEM resolução do mérito do Processo (Art. 267 do CPC): a. quando o Juiz indeferir a petição inicial; b. quando ficar parado durante mais de 1 ANO por negligência das partes; c. quando, por não promover os atos e diligências que lhe competir, o AUTOR abandonar a causa por mais de 30 DIAS; d. quando se verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo; e. quando o Juiz acolher a alegação de perempção, litispendência ou de coisa julgada; f. quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a possibilidade jurídica, a legitimidade das partes e o interesse processual; g. pela convenção de arbitragem; h. quando o AUTOR desistir da ação; i. quando a ação for considerada intransmissível por disposição legal; j. quando ocorrer confusão entre AUTOR e RÉU; oSentença DEFINITIVA – Art. 269 – Extinção da Fase MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO (MPU) DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ ANALISTA DO MPU – ÁREA DE ATIVIDADE: APOIO JURÍDICO – ESPECIALIDADE: DIREITO TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 8 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 6 de Conhecimento COM Resolução de Mérito - O art. 269 prevê hipóteses processuais de resolução da Fase de Conhecimento COM resolução de mérito, isto é, com o exame da questão principal do processo requerida pela parte (Exemplo: Ação de Investigação de Paternidade – o Juiz decidirá se Fulano é ou não Pai da criança, acolhendo ou rejeitando o pedido da parte). Esta Sentença enseja a extinção definitiva da Fase de Conhecimento, com o exame do mérito, decidindo definitivamente a questão de direito discutida nos autos (questão principal – mérito): acolhendo ou não a pretensão do autor. Esta Sentença Definitiva faz coisa julgada formal e material, torna a questão de mérito indiscutível no processo em que foi proferida e em qualquer outro. Assim, após o esgotamento dos prazos de recursos, a questão posta em juízo não poderá mais ser discutida em nenhum outro processo (ou seja, não poderá mais ser instaurado novo processo para rediscutir a mesma questão de mérito já pacificada na Sentença Definitiva). Da mesma forma que as situações legais do art. 267, as previstas no art. 269 também são multifacetadas e fazem parte do assunto específico Processo, a ser estudado separadamente. De todo modo, indico a leitura atenta de cada uma das hipóteses, que podem ser objeto de prova. Sentença Definitiva, COM resolução do mérito do Processo (Art. 269 do CPC): a. quando o Juiz ACOLHER ou REJEITAR o pedido do autor; b. quando o Réu reconhecer a procedência do pedido; c. quando as Partes transigirem (transação); d. quando o Juiz pronunciar a decadência ou a prescrição; e. quando o AUTOR renunciar ao direito sobre que se MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO (MPU) DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ ANALISTA DO MPU – ÁREA DE ATIVIDADE: APOIO JURÍDICO – ESPECIALIDADE: DIREITO TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 8 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 7 funda a ação.** Tá ok Professor, Sentença é a decisão do Juiz que examina ou não examina o mérito, nas hipóteses do art. 267 ou 269. Todavia, o que é Acórdão? Enquanto os Juízes de 1º Grau de Jurisdição (Juízes de 1ª Instância) proferem as Sentenças para poderem fim à Fase de Conhecimento, os Tribunais de 2ª Instância (Ex: Tribunais de Justiça Estaduais, Tribunais Regionais Federais, etc) e os Tribunais Superiores (STF, STJ, TSE, TST, etc) proferem os chamados Acórdãos, decidindo ou não o mérito, mas também pondo fim à Fase de Conhecimento. Recebe a denominação “Acórdão” o julgamento proferido pelo órgão colegiado do Tribunal, que resume a decisão (“voto”) dos Membros da Corte. CPC Art. 163. Recebe a denominação de acórdão o julgamento proferido pelos tribunais. Cada Membro do Tribunal, contudo, profere as chamadas Decisões Monocráticas (decisões tomadas pessoalmente, sem a participação de toda a Corte), quando decide uma questão incidental no processo. Estas Decisões Monocráticas têm natureza de Decisões Interlocutórias, como veremos à frente. As Sentenças e os Acórdãos deverão ser redigidos com observância de 3 (três) requisitos essenciais: 1) RELATÓRIO – é o histórico dos fatos que ocorreram no processo, contendo resumo da Petição Inicial, da Defesa, dos principais incidentes do processo e das provas produzidas. É uma parte descritiva da decisão judicial, que consiste numa exposição circunstanciada de toda a marcha do procedimento, de forma sucinta e objetiva. 2) FUNDAMENTAÇÃO – o Juiz expõe as razões do convencimento (motivação), os motivos pelos quais vai MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO (MPU) DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ ANALISTA DO MPU – ÁREA DE ATIVIDADE: APOIO JURÍDICO – ESPECIALIDADE: DIREITO TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 8 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 8 decidir em determinado sentido (acolhimento ou não do pedido do autor). 3) DISPOSITIVO ou CONCLUSÃO – parte que contém a efetiva Decisão. É nesta parte que o Juiz resolve as questões que lhe foram submetidas, com o acolhimento ou rejeição do pedido do autor, ou mesmo extinguindo o processo sem julgamento de mérito (Sentença Terminativa). CPC Art. 458. São requisitos essenciais da sentença: I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a suma do pedido e da resposta do réu, bem como o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo; II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito; III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões, que as partes lhe submeterem. Decisões Interlocutórias. As Decisões Interlocutórias são aqueles em que o Juiz decide uma mera questão incidente no Processo (questão acessória que deve ser decidida antes da questão de mérito), sem lhe dar um fim direto e imediato à Fase de Conhecimento. Por meio das Decisões Interlocutórias o Magistrado, por exemplo, indefere requerimento de prova solicitado pelo autor ou pelo réu; exclui co- autor ou co-réu do processo, mantendo os demais; indefere pedido de assistência judiciária gratuita (gratuidade da justiça); indefere solicitação de liminar e tutela antecipada; não recebe o recurso de Apelação de decisão, no 1º juízo de admissibilidade recursal. Observem que em todas estas hipóteses o Juiz não põe termo (fim) à Fase /de Conhecimento. O processo continua normalmente após a Decisão Interlocutória. MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO (MPU) DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ ANALISTA DO MPU – ÁREA DE ATIVIDADE: APOIO JURÍDICO – ESPECIALIDADE: DIREITO TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 8 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 9 CPC Art. 162. § 2o Decisão interlocutória é o ato pelo qual o juiz, no curso do processo, resolve questão incidente. Um exemplo simples citado: Ação de Investigação de Paternidade; a parte autora, além do pedido de investigação, solicita que lhe seja assegurada a gratuidade da justiça; o Juiz precisa decidir esta questão também, não é verdade? Não poderá simplesmente julgar a investigação sem debruçar-se se ela tem ou não direito à assistência judiciária gratuita; esta questão incidente ao mérito (questão principal) deve ser decidida por meio de Decisão Interlocutória. Fácil, não? Diante da bagunça de nosso Sistema Processual Civil, há casos excepcionais de Decisões Interlocutórias que põem fim à Fase de Conhecimento, mas não é objeto deste estudo, por ora. Cabe assinalar que, em regra, das Sentenças cabe o Recurso de APELAÇÃO e das Decisões Interlocutórias, o Recurso de AGRAVO. CPC Art. 513. Da SENTENÇA caberá APELAÇÃO (arts. 267 e 269). Art. 522. Das DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS caberá AGRAVO, no prazo de 10 (dez) dias, na forma retida, salvo quando se tratar de decisão suscetível de causar à parte lesão grave e de difícil reparação, bem como nos casos de inadmissão da apelação e nos relativos aos efeitos em que a apelação é recebida, quando será admitida a sua interposição por instrumento. Resumo: SENTENÇAS: o Põem fim à Fase de Conhecimento, decidindo ou não o mérito do Processo (questão principal); o Terminativa – SEM resolução de mérito - Art. 267 – MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO (MPU) DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ ANALISTA DO MPU – ÁREA DE ATIVIDADE: APOIO JURÍDICO – ESPECIALIDADE: DIREITO TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 8 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomeswww.pontodosconcursos.com.br 10 faz coisa julgada formal; o Definitiva – COM resolução de mérito – Art. 269 - faz coisa julgada formal e material; o Cabe o Recurso de Apelação. DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS: o Decidem questões incidentes (acessórias) sem por fim à Fase de Conhecimento; o Cabe o Recurso de Agravo. Despachos. Os Despachos, comumente chamados de Mero Expediente, são atos sem nenhum cunho decisório que têm por finalidade tão somente impor a marcha normal do procedimento, por força do Princípio Processual do Impulso Oficial. Em outros termos, os Despachos são todo e qualquer provimento emitido pelo Juiz que tem por finalidade dar andamento ao processo, sem decidir qualquer questão processual ou de mérito. Exemplo: marcação de nova data de audiência a pedido da parte ou de ofício. O Código de Processo Civil conceitua os Despachos como todos os demais atos praticados pelo Juiz, que não sejam Sentença e nem Decisão Interlocutória, de ofício (por conta própria) ou a requerimento da parte, que não disponham de outra forma estabelecida em lei. Portanto, os Despachos têm um caráter residual, são atos sem cunho decisório e que não se encaixam no conceito de Sentença e nem de Decisão Interlocutória. Por não ser propriamente uma Decisão, dos Despachos NÃO cabem qualquer Recurso! CPC Art. 504. Dos despachos NÃO cabe recurso. MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO (MPU) DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ ANALISTA DO MPU – ÁREA DE ATIVIDADE: APOIO JURÍDICO – ESPECIALIDADE: DIREITO TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 8 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 11 Lógico que um pronunciamento do Juiz que venha a tumultuar o processo, causando prejuízo à parte, poderá ser atacado por meio de Correição Parcial ou Mandado de Segurança. Os Atos Ordinatórios, que são aqueles que não dependem de Despacho do Magistrado, por serem mais simples ainda, sem cunho decisório e de observância obrigatória por força de determinação legal, devem ser praticados pelo Serventuário da Justiça (servidores), bem como revistos pelo Juiz. Portanto, os servidores da Justiça também praticam atos processuais, como, por exemplo, a juntada de petição ou documento aos autos e a vista obrigatória dos autos processo. Vale ressaltar que os Atos Ordinatórios podem ser praticados pelos Juízes, apenas independem de Despacho deles. Isso não impede que os Juízes também o façam, ok? Por isso, os Atos Ordinatórios são atos dos Juízes e dos Servidores. CPC Art. 162. § 3o São despachos todos os demais atos do juiz praticados no processo, de ofício ou a requerimento da parte, a cujo respeito a lei não estabelece outra forma. § 4o Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a vista obrigatória, independem de despacho, devendo ser praticados de ofício pelo servidor e revistos pelo juiz quando necessários. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994) Prazos para a prática dos Atos do Juiz. Determina o art. 189 do CPC que o Juiz deve praticar seus atos dentro de um limite temporal, assim resumido: o Decisões (Decisões Interlocutórias e Sentenças) – 10 DIAS o Despachos de Expediente – 2 DIAS MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO (MPU) DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ ANALISTA DO MPU – ÁREA DE ATIVIDADE: APOIO JURÍDICO – ESPECIALIDADE: DIREITO TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 8 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 12 Redação e Assinatura das Decisões. O CPC determina que todos os Despachos, Decisões, Sentenças e Acórdãos devem ser redigidos, datados e assinados pelos Juízes competentes. Da mesma forma, as Decisões proferidas oralmente (exemplo: em Audiência) devem ser reduzidas a termo, revistas e assinadas pelos Juízes. Com o advento do Processo Eletrônico, no qual as peças dos autos do processo são todas digitais (em meio eletrônico), inclusive as Decisões Judiciais, as assinaturas dos juízes poderão ser confeccionadas eletronicamente (assinaturas eletrônicas). CPC Art. 164. Os despachos, decisões, sentenças e acórdãos serão redigidos, datados e assinados pelos juízes. Quando forem proferidos, verbalmente, o taquígrafo ou o datilógrafo os registrará, submetendo-os aos juízes para revisão e assinatura. Parágrafo único. A assinatura dos juízes, em todos os graus de jurisdição, pode ser feita eletronicamente, na forma da lei.(Incluído pela Lei nº 11.419, de 2006). Fundamentação das Decisões. Vimos que as Sentenças e os Acórdãos devem conter os 3 (três) elementos estudados acima: RELATÓRIO, FUNDAMENTAÇÃO e DISPOSITIVO. Deve-se ressaltar que todas as decisões, inclusive as Decisões Interlocutórias, devem ser FUNDAMENTADAS, isto é, devem conter motivação, mesmo que seja de modo conciso (motivação resumida). CPC Art. 165. As sentenças e acórdãos serão proferidos com observância do disposto no art. 458; as demais decisões serão fundamentadas, ainda que de modo conciso. MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO (MPU) DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ ANALISTA DO MPU – ÁREA DE ATIVIDADE: APOIO JURÍDICO – ESPECIALIDADE: DIREITO TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 8 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 13 b) Sentenças e decisões: conceito, requisitos, preclusão, coisa julgada. Sentença. Antigamente o conceito de Sentença era o ato pelo qual o Juiz põe fim ao processo, decidindo ou não o mérito da causa (da ação). Assim, o conceito anterior restringia a Sentença a uma decisão que finalizava o processo. Todavia, em reforma do CPC realizada no ano de 2005 pela Lei nº 11.232/2005, a Sentença passou a ser conceituada como a decisão ou ato do Juiz que implicasse em alguma das situações previstas no art. 267 ou 269 do Código. CPC Art. 162. § 1o Sentença é o ato do juiz que implica alguma das situações previstas nos arts. 267 e 269 desta Lei. (Redação dada pelo Lei nº 11.232, de 2005) O conceito anterior de Sentença como o ato que implicava na finalização do processo se justificava à época, porque o sistema processual anterior à Lei nº 11.232/2005 era divido em processos estanques e separados: Processo de Conhecimento e Processo de Liquidação e Execução de Sentença. Uma coisa era a certificação do direito no Processo de Conhecimento (ex: Sentença do Juiz determinando a reintegração de posse de uma determinada propriedade). Outra coisa era a execução desta mesma sentença. Para executar deveria ser aberto um novo processo (+ 1 processo) só para conseguir, na prática, a reintegração de posse conferida pela sentença inicial. Assim, a Sentença antes marcava o fim do processo de certificação do direito (Processo de Conhecimento), dando azo à abertura de um novo Processo para executá-lo (Processo de Execução). Com efeito, a Lei nº 11.232/2005 trouxe um novo conceito de processo. Hoje o processo é único, dividido apenas em FASES. Existe a Fase MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO (MPU) DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ ANALISTA DO MPU – ÁREA DE ATIVIDADE: APOIO JURÍDICO – ESPECIALIDADE: DIREITO TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 8 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 14 de Conhecimento, Fase de Liquidação e Fase de Execução da Sentença. Não cabe aqui estudar o conceito e detalhes de cada Fase. Contudo, cabe informar que a Sentença NÃO mais põe fim ao processo! Por uma razão simples: a Sentença apenas finaliza 1 (uma) de suas fases (a fase de Conhecimento). O Processo não é mais finalizado com a Sentença, mas apenas com a execução definitiva. Esta junção de todas as Fases em 1 (um) único Processo é chamada pela doutrina de Processo Sincrético. Agorao Processo de Conhecimento é formado pela união ou fusão de processos diversos em apenas 1 (um). Por causa disso, o conceito de Sentença teve que ser modificado. O conceito anterior não tem hoje mais razão de ser porque o processo não mais é ultimado com a exaração da Sentença pelo Juiz. Nesse sentido, o legislador entendeu por bem conceituar a Sentença como o ato do Juiz que implica em alguma das situações previstas nos incisos dos arts. 267 e 269 do CPC: o Sentença TERMINATIVA - Art. 267 – Extinção da Fase de Conhecimento SEM Resolução de Mérito - O art. 267 prevê hipóteses processuais de extinção do processo (leia-se: extinção da Fase de Conhecimento) SEM resolução de mérito, isto é, sem a análise da questão de fundo, a questão principal pela qual foi instaurado o processo (exemplo: Ação de Alimentos é encerrada porque o Autor desistiu da Ação). As hipóteses previstas no art. 267 do CPC implicam na chamada Sentença Terminativa – põe fim a Fase do Processo SEM o exame do mérito. Por não decidir o mérito do processo (o que mais almeja a parte), em regra, a Sentença Terminativa faz coisa julgada meramente formal, isto é, torna a decisão imutável apenas dentro do processo em que foi proferida, não impedindo que seja rediscutido em outro processo eventualmente iniciado. MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO (MPU) DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ ANALISTA DO MPU – ÁREA DE ATIVIDADE: APOIO JURÍDICO – ESPECIALIDADE: DIREITO TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 8 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 15 As situações legais do art. 267 são multifacetadas e fazem parte do assunto específico Processo, a ser estudado em separado. De todo modo, indico a leitura atenta de cada uma das hipóteses, que podem ser objeto de prova. Sentença Terminativa, SEM resolução do mérito do Processo (Art. 267 do CPC): k. quando o Juiz indeferir a petição inicial; l. quando ficar parado durante mais de 1 ANO por negligência das partes; m. quando, por não promover os atos e diligências que lhe competir, o AUTOR abandonar a causa por mais de 30 DIAS; n. quando se verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo; o. quando o Juiz acolher a alegação de perempção, litispendência ou de coisa julgada; p. quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a possibilidade jurídica, a legitimidade das partes e o interesse processual; q. pela convenção de arbitragem; r. quando o AUTOR desistir da ação; s. quando a ação for considerada intransmissível por disposição legal; t. quando ocorrer confusão entre AUTOR e RÉU; o Sentença DEFINITIVA – Art. 269 – Extinção da Fase de Conhecimento COM Resolução de Mérito - O art. 269 prevê hipóteses processuais de resolução da Fase de Conhecimento COM resolução de mérito, isto é, com o MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO (MPU) DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ ANALISTA DO MPU – ÁREA DE ATIVIDADE: APOIO JURÍDICO – ESPECIALIDADE: DIREITO TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 8 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 16 exame da questão principal do processo requerida pela parte (Exemplo: Ação de Investigação de Paternidade – o Juiz decidirá se Fulano é ou não Pai da criança, acolhendo ou rejeitando o pedido da parte). Esta Sentença enseja a extinção definitiva da Fase de Conhecimento, com o exame do mérito, decidindo definitivamente a questão de direito discutida nos autos (questão principal – mérito): acolhendo ou não a pretensão do autor. Esta Sentença Definitiva faz coisa julgada formal e material, torna a questão de mérito indiscutível no processo em que foi proferida e em qualquer outro. Assim, após o esgotamento dos prazos de recursos, a questão posta em juízo não poderá mais ser discutida em nenhum outro processo (ou seja, não poderá mais ser instaurado novo processo para rediscutir a mesma questão de mérito já pacificada na Sentença Definitiva). Da mesma forma que as situações legais do art. 267, as previstas no art. 269 também são multifacetadas e fazem parte do assunto específico Processo, a ser estudado separadamente. De todo modo, indico a leitura atenta de cada uma das hipóteses, que podem ser objeto de prova. Sentença Definitiva, COM resolução do mérito do Processo (Art. 269 do CPC): f. quando o Juiz ACOLHER ou REJEITAR o pedido do autor; g. quando o Réu reconhecer a procedência do pedido; h. quando as Partes transigirem (transação); i. quando o Juiz pronunciar a decadência ou a prescrição; j. quando o AUTOR renunciar ao direito sobre que se funda a ação.** MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO (MPU) DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ ANALISTA DO MPU – ÁREA DE ATIVIDADE: APOIO JURÍDICO – ESPECIALIDADE: DIREITO TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 8 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 17 Tá ok Professor, Sentença é a decisão do Juiz que examina ou não examina o mérito, nas hipóteses do art. 267 ou 269. Todavia, o que é Acórdão? Enquanto os Juízes de 1º Grau de Jurisdição (Juízes de 1ª Instância) proferem as Sentenças para poderem fim à Fase de Conhecimento, os Tribunais de 2ª Instância (Ex: Tribunais de Justiça Estaduais, Tribunais Regionais Federais, etc) e os Tribunais Superiores (STF, STJ, TSE, TST, etc) proferem os chamados Acórdãos, decidindo ou não o mérito, mas também pondo fim à Fase de Conhecimento. Recebe a denominação “Acórdão” o julgamento proferido pelo órgão colegiado do Tribunal, que resume a decisão (“voto”) dos Membros da Corte. CPC Art. 163. Recebe a denominação de acórdão o julgamento proferido pelos tribunais. Cada Membro do Tribunal, contudo, profere as chamadas Decisões Monocráticas (decisões tomadas pessoalmente, sem a participação de toda a Corte), quando decide uma questão incidental no processo. Estas Decisões Monocráticas têm natureza de Decisões Interlocutórias, como veremos à frente. As Sentenças e os Acórdãos deverão ser redigidos com observância de 3 (três) requisitos essenciais: 4) RELATÓRIO – é o histórico dos fatos que ocorreram no processo, contendo resumo da Petição Inicial, da Defesa, dos principais incidentes do processo e das provas produzidas. É uma parte descritiva da decisão judicial, que consiste numa exposição circunstanciada de toda a marcha do procedimento, de forma sucinta e objetiva. 5) FUNDAMENTAÇÃO – o Juiz expõe as razões do convencimento (motivação), os motivos pelos quais vai decidir em determinado sentido (acolhimento ou não do pedido do autor). São os motivos de fato e de direito para a decisão. A falta de motivação gera a nulidade da MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO (MPU) DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ ANALISTA DO MPU – ÁREA DE ATIVIDADE: APOIO JURÍDICO – ESPECIALIDADE: DIREITO TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 8 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 18 sentença. 6) DISPOSITIVO ou CONCLUSÃO – parte que contém a efetiva Decisão. É nesta parte que o Juiz resolve as questões que lhe foram submetidas, com o acolhimento ou rejeição do pedido do autor (Sentença Definitiva), ou mesmo extinguindo o processo sem julgamento de mérito (Sentença Terminativa). É a decisão propriamente dita. O Juiz julga o acusado após a fundamentação da sentença. CPC Art. 458. São requisitos essenciais da sentença: I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a suma do pedido e da resposta do réu, bem como o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo; II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito; III - o dispositivo, em que o juizresolverá as questões, que as partes lhe submeterem. Com a provação do Estado-Juiz por meio da Petição Inicial, o Juiz deve decidir a lide, aplicando o direito à espécie. Como vimos, após o trâmite regular do processo o Juiz decidirá COM resolução de mérito (acolhendo ou rejeitando o pedido do autor, em sua totalidade ou apenas em parte) ou SEM resolução de mérito. Neste caso, o CPC prevê que a decisão será concisa. Portanto, a sentença sem resolução de mérito será concisa. Esta concisão dependerá do próprio caso, mas a dispensa de fundamentação e o relatório poderá ser possível em casos excepcionais, nos quais restem comprovada a sua desnecessidade. Sentença e Pedido. MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO (MPU) DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ ANALISTA DO MPU – ÁREA DE ATIVIDADE: APOIO JURÍDICO – ESPECIALIDADE: DIREITO TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 8 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 19 Como é visto no assunto “Petição Inicial”, são requisitos do pedido do autor na petição inicial a certeza e a determinação (o pedido deve ser certo quanto ao que se quer e determinado, a quantidade do que se quer). O CPC fala em pedido certo ou determinado, mas o aplicado pela doutrina é certo E determinado, conjuntamente. O Pedido certo e determinado é aquele definido em sua qualidade e quantidade. Como exceção, admite-se pedido NÃO certo e NÃO determinado, o chamado Pedido GENÉRICO, que é aquele indeterminável no momento da propositura da Ação. Ações lícitas com pedidos Genéricos: 1. Ações Universais, quando o autor não puder individualizar os bens demandados – refere-se às universalidades de fato ou de direito. Ex: direito de herança não é possível a individualização. 2. quando não for possível determinar, de modo definitivo, as conseqüências do ato ou do fato ilícito – ocorre quando se formula uma ação judicial de responsabilidade civil, na qual se sabe da ocorrência do dano e do dever de indenizar, mas a real quantificação do dano será auferida no decorrer do processo. 3. quando a determinação do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu – Exemplo: ação de prestação de contas. O CPC determina que quando o autor tiver formulado pedido certo, é vedado ao juiz proferir sentença ilíquida. A regra é que se o autor formular pedido com quantidade definida, o Juiz não poderá sentenciar, conferindo o direito com quantidade indefinida. Exemplo: autor pede a devolução de 100 caixas de produtos, não adimplidas pelo contratante; o Juiz deve determinar a devolução das 100 caixas de produtos, se entender devidas. A regra é que a Sentença só será ilíquida se o pedido for ilíquido. No entanto, a jurisprudência tem apontado por uma flexibilização dessa regra, ao prevê a possibilidade de liquidação posterior da quantidade, pelas próprias MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO (MPU) DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ ANALISTA DO MPU – ÁREA DE ATIVIDADE: APOIO JURÍDICO – ESPECIALIDADE: DIREITO TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 8 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 20 partes, após a definição do direito pela Sentença. Vícios da Sentença. A Sentença não pode decidir qualquer coisa, mas apenas o que constar das alegações das partes (Petição Inicial e Resposta do Réu). Na realidade, a Sentença tem como limitador os Pedidos do Autor e do Réu e a Fundamentação. Por questão de lógica, o Juiz não pode decidir além do que foi pedido, senão seria exercício de jurisdição de ofício ou omissão no dever de decidir. Vamos aos vícios das Sentenças: • Sentença Extra Petita – quando o Juiz decide de forma diversa da que foi postulada pela parte. A sentença será totalmente nula porque foi exarada fora do pedido da parte (extra pedido; fora do pedido). O pedido da parte resta intocado, pois o Juiz decidiu de forma totalmente estranha ao pedido. Exemplo: o autor pede A e o Juiz concede B; autor pede danos emergentes e o juiz concede apenas lucros cessantes. • Sentença Ultra Petita – o Juiz decide além do que foi pedido (o Juiz dá mais do que foi pedido) Exemplo: o autor pede A e o Juiz concede A e B; autor pede danos emergentes e o juiz concede os danos emergentes e os lucros cessantes. Neste caso, a Sentença será anulada apenas na parte que extrapolou o pedido (nulidade da parte ultra pedido). • Sentença Citra Petita – o Juiz decide aquém do pedido (decide menos do que foi requerido; decisão parcial dos pedidos). Exemplo: o autor pede A e B e o Juiz concede apenas B; autor pede danos emergentes e lucros cessantes o juiz concede apenas os danos emergentes. Para grande parte da doutrina, a Sentença citra petita é nula integramente. CPC MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO (MPU) DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ ANALISTA DO MPU – ÁREA DE ATIVIDADE: APOIO JURÍDICO – ESPECIALIDADE: DIREITO TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 8 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 21 Art. 460. É defeso (proibido) ao juiz proferir sentença, a favor do autor, de natureza diversa da pedida, bem como condenar o réu em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado. Sentença condicional. O CPC veda que a Sentença esteja sujeita a evento futuro e incerto (condição). Segundo o Código Civil, a condição é a cláusula que subordina o negócio jurídico a evento futuro e incerto (Exemplo: autor pede ao Juiz que lhe conceda o direito à usucapião de um imóvel quando e se ele alcançar o prazo legal para aquisição do direito à propriedade). Neste caso, a Sentença só poderia ser exarada se o autor comprovasse o completo cumprimento dos requisitos legais para aquisição ao direito de propriedade. Portanto, a Sentença deve ser certa (não pode ficar dependente de condição futura e incerta), isto é, não se admite sentença condicional. O conteúdo da Sentença não pode ser condicional, mas poderá decidir relação jurídica condicional. Nesta hipótese, a Sentença definirá se existe ou não direito sujeito à condição. Ou seja, a Sentença poderá declarar a existência de direito, mas que este direito somente será executado se for comprovada a realização da condição. CPC Art. 460 Parágrafo único. A sentença deve ser certa, ainda quando decida relação jurídica condicional. Sentença de Obrigação de Fazer ou Não Fazer (Tutela Específica). Só existem 4 espécies de prestação jurisdicional (natureza das MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO (MPU) DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ ANALISTA DO MPU – ÁREA DE ATIVIDADE: APOIO JURÍDICO – ESPECIALIDADE: DIREITO TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 8 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 22 obrigações): • De Fazer • De Não Fazer • De Dar Dinheiro ($) • De Dar coisa diferente de dinheiro (≠$) A tutela jurisdicional deve ser efetiva, isto é, deve entregar ao titular do direito o bem jurídico almejado. Por isso, nas Ações que versem acerca de obrigação de Fazer e Não Fazer, o Juiz deve conceder a Tutela Específica da obrigação ou determinar providências que garantam o resultado prático equivalente. A Tutela jurisdicional é o resultado prático favorável atribuído àquele que ganhou o processo, é o produto do processo. Não interessa à parte que lhe seja entregue outra coisa, senão o cumprimento da obrigação requerida (esta é a regra: a obrigação original deve ser cumprida). Desse modo, a obrigação somente se converterá em perdas e danos se o autor o requerer, se impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente. A conversão da obrigação em perdas e danos deve ser a última alternativa a ser adotada.O Juiz detém de amplos poderes legais para forçar o réu ao cumprimento da obrigação. Por isso, a Lei autoriza o Juiz determinar as medidas necessárias para garantir a tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente à obrigação. Dentre os meios coercitivos, destacam-se: imposição de multa por tempo de atraso; busca e apreensão; remoção de pessoas e coisas; desfazimento de obras e impedimento de atividade nociva, se necessário com requisição de força policial. Hoje a multa é o principal meio executivo de que se vale o magistrado para efetivar as suas decisões. A parte passa a ter direito as perdas e danos e à multa. A multa não tem natureza indenizatória, mas de coerção ao cumprimento da obrigação. O objetivo dela é forçar o cumprimento da obrigação, é constranger o devedor ao cumprimento da obrigação. Essa multa coercitiva tem um nome: “Astriente” (multa judicial MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO (MPU) DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ ANALISTA DO MPU – ÁREA DE ATIVIDADE: APOIO JURÍDICO – ESPECIALIDADE: DIREITO TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 8 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 23 para efetivar o cumprimento de obrigação). A multa reverte à outra parte (reverte ao autor e não ao Estado). O Juiz pode fixar a multa a pedido da parte ou mesmo de ofício, com periodicidade diária, semanal, mensal, etc (ampla liberdade do magistrado, com o objetivo de melhor adequar a coerção ao caso concreto). Ademais, o Magistrado poderá alterar o valor e a periodicidade da multa a qualquer tempo (ampliar ou reduzir). Se o autor aduzir relevante fundamento de sua demanda (fumaça do bom direito) e se houver receio de ineficácia do provimento final (perigo na demora do processo), o Juiz pode conceder a Tutela específica por decisão LIMINAR ou por meio de justificação prévia, sendo citado o réu. A liminar pode ser revogada ou modificada sempre que o Juiz entenda necessário, por decisão fundamentada. CPC Art. 461 § 2o A indenização por perdas e danos dar-se-á sem prejuízo da multa (art. 287). § 6o O juiz poderá, de ofício, modificar o valor ou a periodicidade da multa, caso verifique que se tornou insuficiente ou excessiva. Sentença de Obrigação de Fazer ou Não Fazer (Tutela Específica). Nas hipóteses de ação que verse sobre obrigação de DAR, o Magistrado também deve propiciar que a coisa seja efetivamente entregue ao autor. Para tanto, deverá fixar prazo ao réu para o cumprimento da obrigação. Se a coisa for incerta (indefinição quanto ao gênero e quantidade. Exemplo: sacos de feijão; tonéis de óleo diesel; automóvel popular) e couber ao credor escolher, este deverá individualizá-la na petição inicial, se lhe couber a escolha. Se a escolha couber ao devedor, este deve entregar a coisa individualizada no prazo fixado pelo juiz. MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO (MPU) DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ ANALISTA DO MPU – ÁREA DE ATIVIDADE: APOIO JURÍDICO – ESPECIALIDADE: DIREITO TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 8 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 24 As mesmas formas de coerção previstas para as obrigações de fazer e não fazer aplicam-se às obrigações de dar. Desse modo, podem ser definidas multas e toda e qualquer medida necessária à entrega da coisa. Somente se não for cumpra a obrigação, a despeito da adoção de medidas coercitivas, é que o Juiz expedirá, em favor do credor, mandado de busca e apreensão ou de imissão na posse, se coisa móvel ou imóvel. Decisão e Fatos Supervenientes. Quando o Juiz for julgar o processo poderá levar em consideração os fatos que aconteceram depois da propositura da ação? Ou o juiz tem de julgar apenas com base na época da propositura da ação? O juiz tem de exarar uma solução na data da decisão e não com base na antiga data da propositura da ação. Exemplo: Cobrança de dívida não vencida; o réu se defende, mas na época da decisão a dívida já está vencida. Então o juiz julga como vencida e não como dívida a vencer (não há como contrariar os fatos). Desse modo, todo fato superveniente à propositura da demanda, relevante para o julgamento da causa, deve ser levado por consideração pelo juiz, até mesmo ex officio. CPC Art. 462. Se, depois da propositura da ação, algum fato constitutivo, modificativo ou extintivo do direito influir no julgamento da lide, caberá ao juiz tomá-lo em consideração, de ofício ou a requerimento da parte, no momento de proferir a sentença. Alteração da Sentença. A regra é que a Sentença não poderá ser alterada após a sua publicação (imutabilidade da sentença). No entanto, 2 exceções legais, nas quais o legislador permite a alteração da Sentença: MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO (MPU) DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ ANALISTA DO MPU – ÁREA DE ATIVIDADE: APOIO JURÍDICO – ESPECIALIDADE: DIREITO TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 8 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 25 • para lhe corrigir, de ofício ou a requerimento da parte, inexatidões materiais, ou lhe retificar erros de cálculo (Ex: nome da parte envolvida; valores equivocados na definição do quantum devido pelo réu – réu condenado a R$ 1.000,00 e a Sentença previu condenação de R$ 1 MILHÃO). • por meio de embargos de declaração (recurso hábil ao esclarecimento de ponto duvidoso, obscuro ou omisso) – neste caso, caso seja deferido o recurso, a sentença poderá ser alterada para o esclarecimento do ponto questionado. Hipótese de hipoteca judiciária. O CPC prevê que a sentença de condenação do réu no pagamento de uma prestação, consistente em dinheiro ou em coisa (de dar), valerá como título constitutivo de hipoteca judiciária, que poderá ser inscrita em eventual imóvel do réu, como garantia do pagamento da prestação, na forma prescrita na Lei de Registros Públicos. A regra é que a hipoteca judiciária possa ser determinada sempre, inclusive nas hipóteses de(o): 1. condenação seja genérica; 2. pendência de arresto de bens do devedor; 3. credor poder promover a execução provisória da sentença. Sentença com efeitos de declaração não emitida. É muito comum ocorrer das partes contratantes celebrarem um contrato preliminar (pré-contrato ou promessa de contratar), recusando-se, depois, uma delas, a celebrar o contrato definitivo. Neste caso, surge a dificuldade em impelir o cumprimento pela parte recalcitrante. Nesse sentido, o art. 466-A do CPC prevê que a sentença, uma vez transitada em julgado, produzirá todos os efeitos da declaração não emitida. MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO (MPU) DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ ANALISTA DO MPU – ÁREA DE ATIVIDADE: APOIO JURÍDICO – ESPECIALIDADE: DIREITO TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 8 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 26 Com isso, em um contrato de promessa de compra e venda de imóvel, a sentença do Juiz substitui a vontade do vendedor, valendo a sua transcrição, no oficio de registro de imóveis, como se fosse a declaração do devedor. CPC Art. 466-A. Condenado o devedor a emitir declaração de vontade, a sentença, uma vez transitada em julgado, produzirá todos os efeitos da declaração não emitida. Sentença de promessa de contratar. Se aquele que se comprometeu a concluir um contrato não cumprir a obrigação, a outra parte, sendo isso possível e não excluído pelo título, poderá obter uma sentença que produza o mesmo efeito do contrato a ser firmado. Neste caso o autor pleiteia em juízo a declaração judicial para passá-lo diretamente de mero promissário-comprador para proprietário do bem (direito ao resultado prático direto) e não simplesmenteo suprimento da declaração de vontade da outra parte. Se o título prevê direito de arrependimento, não será possível a decisão judicial que tenha o mesmo efeito do contrato firmado. Sentença de transferência de propriedade sujeita a condição ou termo. Conforme prevê o art. 476 do Código Civil, nenhum dos contratantes poderá exigir o implemento da obrigação do outro se não cumprir a que lhe cabe. Com isso, o CPC determina que a ação que verse sobre transferência de propriedade ou de outro direito não será acolhida se a parte requerente não tiver cumprido a sua própria prestação ou mesmo não a tiver oferecido nas formas previstas na lei. Somente poderá ser acolhida se a prestação do requerente ainda não for exigível (não estiver vencida). MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO (MPU) DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ ANALISTA DO MPU – ÁREA DE ATIVIDADE: APOIO JURÍDICO – ESPECIALIDADE: DIREITO TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 8 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 27 CPC Art. 466-C. Tratando-se de contrato que tenha por objeto a transferência da propriedade de coisa determinada, ou de outro direito, a ação não será acolhida se a parte que a intentou não cumprir a sua prestação, nem a oferecer, nos casos e formas legais, salvo se ainda não exigível. Coisa Julgada. A coisa julgada é uma qualidade ostentada pela Sentença de imutabilidade de seus efeitos. A coisa julgada é a imutabilidade da própria sentença e de seus efeitos formais e materiais. Em outros termos, é a autoridade e a eficácia da sentença quando não existirem meios de impugnação (recursos) que permitam modificá-la. Após o seu trânsito em julgado, a sentença torna-se imutável e irretratável. CPC Art. 467. Denomina-se coisa julgada material a eficácia, que torna imutável e indiscutível a sentença, não mais sujeita a recurso ordinário ou extraordinário. Art. 468. A sentença, que julgar total ou parcialmente a lide, tem força de lei nos limites da lide e das questões decididas. A doutrina classifica a coisa julgada em duas vertentes: • Coisa Julgada FORMAL – imutabilidade do efeito formal de extinção dentro do próprio processo, pelo fato de a sentença não estar mais sujeita a nenhum recurso ordinário ou extraordinário. A coisa julgada formal impede o novo julgamento ou reexame da sentença dentro do mesmo processo. Todas as sentenças transitadas em julgado geram este efeito de extinção do processo, tanto as sentenças definitivas quanto as terminativas. MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO (MPU) DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ ANALISTA DO MPU – ÁREA DE ATIVIDADE: APOIO JURÍDICO – ESPECIALIDADE: DIREITO TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 8 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 28 As Sentenças terminativas fazem apenas coisa julgada formal, pois não analisam o mérito da questão. • Coisa Julgada MATERIAL – imutabilidade dos efeitos materiais da sentença de mérito, que impede o reexame da questão discutida dentro e fora do processo. A sentença de mérito transitada em julgado tem força de lei nos limites da lide e das questões decididas no processo. A coisa julgada material torna imutável a sentença dentro e fora processo, portanto, englobando a coisa julgada formal. Somente as Sentenças Definitivas fazem coisa julgada formal + material, pois geram a indiscutibilidade da decisão dentro e fora do processo. O procedimento correto para desconstituição da Coisa Julgada Material é a Ação Rescisória. A Sentença terminativa não é sujeita a Ação Rescisória, pois a parte poderá propor novamente a Ação, quando entender cabível, por fazer apenas coisa julgada formal. Já a Sentença definitiva, que faz coisa julgada material, tem o condão da definitividade, sendo alterada tão somente por ação rescisória. Limites Objetivos da Coisa Julgada. A coisa julgada também tem seus limites. Não é tudo que está descrito e abrangido pela sentença que fará coisa julgada. Só é atingida pela imutabilidade a parte dispositiva da sentença (dispositivo), a própria decisão. Desse modo, NÃO fazem coisa julgada: • os motivos, mesmo que sejam importantes para determinar o alcance da parte dispositiva da sentença – os motivos são as razões de fato e de direito (fundamentos). Estes não se tornam imutáveis, pois os mesmos fatos ou fundamentos jurídicos podem servir de embasamento para qualquer demanda, em qualquer processo, não precluindo suas MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO (MPU) DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ ANALISTA DO MPU – ÁREA DE ATIVIDADE: APOIO JURÍDICO – ESPECIALIDADE: DIREITO TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 8 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 29 alegações em um único processo. • a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença – isso porque a interpretação conferida para os fatos pode ser alterada de acordo com a circunstância fática e com o tempo decorrido. Não existe uma verdade absoluta e imutável. • a apreciação da questão prejudicial, decidida incidentemente no processo – as questões jurídicas podem ser decididas de forma principal ou incidente. Se a questão for principal, a decisão fará coisa julgada material; se a questão for meramente incidente, não fará coisa julgada material, mas apenas formal (somente dentro do processo). Com isso, a questão prejudicial decidida incidentemente no processo não poderá ser contestada no mesmo processo, mas poderá ser atacada em qualquer outro. Se a parte desejar que a questão prejudicial seja alcançada pela coisa julgada material (torne-se imutável dentro e fora do processo), deverá apresentar Declaração Incidente. Para tanto, a parte deve requerer, o Juiz deve ser o competente em razão da matéria para julgar a declaração e a questão deve constituir pressuposto necessário para o julgamento da lide (Questão Prejudicial). CPC Art. 470. Faz, todavia, coisa julgada a resolução da questão prejudicial, se a parte o requerer (arts. 5o e 325), o juiz for competente em razão da matéria e constituir pressuposto necessário para o julgamento da lide. Sentença e Cláusula rebus sic stantibus (Limite Objetivo) A regra é que o conteúdo da sentença seja imutável, especialmente com o seu trânsito em julgado. No entanto, a decisão judicial não pode ser contrária aos fatos, especialmente quando as circunstâncias forem MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO (MPU) DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ ANALISTA DO MPU – ÁREA DE ATIVIDADE: APOIO JURÍDICO – ESPECIALIDADE: DIREITO TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 8 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 30 alteradas. Com isso, o art. 471 do CPC prevê a possibilidade de nova decisão sobre a mesma questão quando a relação jurídica for continuativa e sobrevier modificação no estado de fato ou de direito. Nestes casos, será possível solicitar a revisão da sentença. A cláusula rebus sic stantibus determina que a ocorrência de fato imprevisto e imprevisível posterior à decisão possibilita sua alteração nas condições. Exemplo: valor determinado na Sentença de Ação de Alimentos pode alterado se as condições do alimentando e do provedor forem alteradas ao longo do tempo. Duplo Grau de Jurisdição Obrigatório (Limite Objetivo). Mais um limite objetivo da coisa julgada é o duplo grau de jurisdição obrigatório, denominado de REEXAME NECESSÁRIO. A previsão legal do reexame necessário decorre da necessidade de nova apreciação da questão posta no juízo a quo (1º juízo) pelo juízo ad quem (2º juízo), independente de recurso da parte. Os casos sujeitos ao duplo grau de jurisdição sequer produzem efeitos antes da confirmaçãopelo tribunal. Somente com a apreciação da questão pela instância superior é que a questão produzirá seus efeitos. Hipóteses legais de sentença sujeita ao duplo grau de jurisdição: • Sentença proferida CONTRA a União, o Estado, o Distrito Federal, o Município, e as respectivas autarquias e fundações de direito público – toda Sentença contra a Fazenda Pública está sujeita a reexame necessário! • Sentença que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução de dívida ativa da Fazenda Pública (art. 585, VI, do CPC) – para entender, merece a contagem da questão de trás para frente: a Fazenda Pública tem direito de executar o réu inadimplente, com dívida inscrita na dívida ativa; com a interposição da execução, o MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO (MPU) DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ ANALISTA DO MPU – ÁREA DE ATIVIDADE: APOIO JURÍDICO – ESPECIALIDADE: DIREITO TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 8 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 31 réu poderá embargar esta execução; se o Juiz julgar procedente estes embargos do réu, estará decidindo CONTRA a Fazenda Pública; nesse sentido, mais uma vez, esta sentença estará sujeita ao duplo grau de jurisdição. O Juiz que decidir contra a Fazenda Pública tem o DEVER de encaminhar os autos do processo, de ofício, ao Tribunal, mesmo que não haja apelação de sua sentença. Se o Juiz não encaminhar os autos, o Tribunal poderá avocá-los. Hipóteses excepcionais, de não sujeição ao duplo grau de jurisdição, mesmo quando houver condenação contra a Fazenda Pública: 1. Quando a condenação, ou o direito controvertido, for de valor certo até 60 Salários-Mínimos, bem como no caso de procedência dos embargos do devedor na execução de dívida ativa de até 60 Salários-Mínimos. 2. Quando a sentença estiver fundada em jurisprudência do plenário do STF ou em súmula o STF ou do tribunal superior competente. Limites Subjetivos da Coisa Julgada. Os limites subjetivos da coisa julgada referem-se às partes do processo. A coisa julgada não pode beneficiar e nem prejudicar terceiros, sendo imutável a sentença e fazendo lei tão somente entre as PARTES. Ou seja, a autoridade da decisão transitada em julgado só será oposta contra os participantes do processo: as partes. A coisa julgada nas causas relativas ao Estado da pessoa (Ex: casamento, filiação, divórcio, etc) pode produzir efeitos para todos (extra partes – erga omnes) se forem citados no processo, em litisconsórcio necessário, todos os interessados. Eficácia preclusiva da coisa julgada. MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO (MPU) DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ ANALISTA DO MPU – ÁREA DE ATIVIDADE: APOIO JURÍDICO – ESPECIALIDADE: DIREITO TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 8 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 32 O Princípio da Eventualidade ou da Concentração rege a forma de alegação do autor e do réu no processo, determinando que a toda a matéria defensiva deve ser exposta no momento oportuno, mesmo que haja contradição entre uma e outra defesa. Isto é, deve o Réu impugnar todos os fatos contra ele alegados, mesmo que incompatíveis entre si, sob pena de preclusão e de serem considerados incontroversos (verdadeiros) os fatos não impugnados. Este é o chamado Ônus da Impugnação Especificada do réu em sua resposta. Exemplo: não ocorreu o acidente de veículo; se ocorreu, não foi por ato ilegal; não há a consequência jurídica do dever de indenizar. Caso a parte não alegue as questões de defesa no momento oportuno, não será mais possível alegá-las posteriormente no mesmo processo, dada a ocorrência da preclusão (perda da faculdade processual de deduzir questões postas em juízo). De outro lado, a eficácia preclusiva da coisa julgada é uma espécie de preclusão que impede a parte de rediscutir em novo processo a alegação ou defesa que deveria ter trazido aos autos no momento oportuno. CPC Art. 474 Passada em julgado a sentença de mérito, reputar-se-ão deduzidas e repelidas todas as alegações e defesas, que a parte poderia opor assim ao acolhimento como à rejeição do pedido. MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO (MPU) DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ ANALISTA DO MPU – ÁREA DE ATIVIDADE: APOIO JURÍDICO – ESPECIALIDADE: DIREITO TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 8 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 33 2. Liquidação e Cumprimento de Sentença. Liquidação de Sentença. Às vezes a obrigação contida na sentença não é liquida. A sentença dá o crédito mas não o valor exato. A liquidação de sentença é apenas uma fase do processo de conhecimento para sentenças em que o valor da condenação não tenha sido expressamente determinado (condenação somente genérica). A liquidação é a quantificação do valor da condenação, não especificado diretamente na sentença. CPC Art. 475-A. Quando a sentença não determinar o valor devido, procede-se à sua liquidação. A liquidação poderá, inclusive, se requerida na pendência de recurso, quando será processada em autos apartados, no juízo de origem, competindo ao liquidante instruir o pedido com cópias das peças processuais necessárias. Não pode haver sentença ilíquida nos processos de rito sumário, nas causas de danos causados em acidente de veículo de via terrestre e de cobrança de seguro, relativamente aos danos causados em acidente de veículo (Cf. art. 275, II, ‘d’ e ‘e’ do CPC). Na liquidação NÃO é possível mais discutir de novo a lide ou modificar a sentença que a julgou. O assunto tratado é apenas o cálculo e a finalização do valor já consolidado na sentença. Da decisão de liquidação caberá Agravo de Instrumento, por ser uma decisão interlocutória. A Liquidação da Sentença poderá ser realizada por 3 (três) modalidades diversas: MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO (MPU) DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ ANALISTA DO MPU – ÁREA DE ATIVIDADE: APOIO JURÍDICO – ESPECIALIDADE: DIREITO TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 8 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 34 • Liquidação por Cálculo Aritmético – requerida pelo credor quando o cálculo aritmético for sem complexidade (caso seja cálculo com complexidade, será realizada Liquidação por Arbitramento). • Liquidação por Arbitramento – requerida quando a determinação do valor depender de conhecimento técnico específico (perícia) ou quando for determinado por Sentença ou Convencionado pelas partes; • Liquidação por Artigos – quando for necessária nova instrução probatória, com alegação e prova de fato novo. A Liquidação por Cálculo é a mais simples de todas, dependendo exclusivamente da apresentação de cálculo pela parte, sem qualquer complexidade. Ex: soma de 3 (três) parcelas de débito não pagas, acrescida de juros convencionais no contrato. Se a memória do cálculo depender de dados existentes em poder do devedor ou de terceiro, o Juiz, a requerimento do credor, poderá requisitá- los, fixando prazo de até 30 DIAS para o cumprimento da diligência. Se o devedor não apresentar os dados de forma injustificada, o Juiz reputará como corretos os cálculos apresentados pelo credor. Se os dados estiverem em poder de terceiro, o Juiz poderá expedir mandado de apreensão, caracterizando, inclusive, desobediência. Quando a memória de cálculo apresentada pelo credor aparentemente exceder os limites da sentença, pode o Juiz valer-se do contador judicial. Neste caso, se o credor não concordar com os cálculos apresentados pelo contador, a execução prosseguirá pelo valor apresentado pelo credor, mas a penhora terá por base o valor encontrado pelo contador. A Liquidaçãopor Arbitramento será requerida quando a determinação do valor depender de conhecimento técnico específico (perícia) ou quando for determinado por Sentença ou Convencionado pelas partes. Na Liquidação por Arbitramento o juiz nomeará o perito e MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO (MPU) DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ ANALISTA DO MPU – ÁREA DE ATIVIDADE: APOIO JURÍDICO – ESPECIALIDADE: DIREITO TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 8 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 35 fixará o prazo para a entrega do laudo. Apresentado o laudo, sobre o qual poderão as partes manifestar-se no prazo de 10 DIAS, o juiz proferirá decisão ou designará, se necessário, audiência. A Liquidação por Artigos será requerida quando for necessária nova instrução probatória, com alegação e prova de fato novo. A liquidação por Artigos é adequada para o caso de ter a parte que provar novo fato, que enseje nova discussão acerca do quantum devido, com nova instrução processual. Cumprimento da Sentença. A liquidação de sentença e a execução de título judicial (cumprimento de sentença) deixaram de ser processos autônomos e se transformaram em FASES, etapas, módulos, procedimentos posteriores à sentença. Este é o chamado Sincretismo processual pelos processualistas mais modernos. Hoje existem 3 (três) fases do processo: 1. reconhecimento do direito (processo de conhecimento); 2. quantificação do direito (processo de liquidação de sentença); 3. satisfação do direito (processo de execução). A execução de título judicial não é mais um processo, mas é um procedimento autônomo. Foi trocado o nome “processo de execução” por “cumprimento de sentença”. Só que continua o Processo de execução para títulos extrajudiciais ou como processo autônomo. As regras do processo de execução de título extrajudicial são aplicáveis subsidiariamente ao cumprimento da sentença, no que couber. CPC Art. 475-I. O cumprimento da sentença far-se-á conforme os arts. 461 e 461-A desta Lei ou, tratando-se de obrigação por quantia certa, por execução, nos termos dos demais artigos deste MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO (MPU) DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ ANALISTA DO MPU – ÁREA DE ATIVIDADE: APOIO JURÍDICO – ESPECIALIDADE: DIREITO TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 8 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 36 Capítulo. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005) O Cumprimento de Sentença poderá ser Provisório ou Definitivo: • Execução Definitiva – sentença transitada em julgado; • Execução Provisória - sentença impugnada mediante recurso ao qual não foi atribuído efeito suspensivo (sentença com efeitos plenos e em vigor, apesar do recurso interposto). Se a Sentença possuir + de 1 capítulo, parte deles for líquido e parte ilíquido, o credor deverá promover a execução do líquido e a liquidação do ilíquido. O devedor condenado ao pagamento de quantia certa ou liquidada, deverá fazê-lo no prazo de 15 DIAS. Caso não o faça tempestivamente, será condenado a MULTA de 10%, sendo também expedido mandado de penhora e avaliação. O devedor será intimado na pessoa do Advogado, do representante legal ou pessoalmente da decisão de penhora e avaliação. Com isso, o devedor poderá impugnar a penhora e a avaliação no prazo de 15 DIAS. Se o pagamento for parcial e tempestivo (dentro dos 15 DIAS), a multa de 10% incidirá sobre o restante. Faculta-se ao exeqüente indicar desde logo os bens a serem penhorados. Os autos do processo ficam aguardando iniciativa do credor pelo prazo de até 6 MESES. Depois disso serão arquivados, sem prejuízo de seu desarquivamento a pedido da parte. Objeto da Impugnação ao Cumprimento de Sentença: 1. falta ou nulidade da citação, se o processo correu à revelia; 2. inexigibilidade do título; 3. penhora incorreta ou avaliação errônea; 4. ilegitimidade das partes; 5. excesso de execução; MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO (MPU) DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ ANALISTA DO MPU – ÁREA DE ATIVIDADE: APOIO JURÍDICO – ESPECIALIDADE: DIREITO TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 8 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 37 6. qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde que superveniente à sentença. É considerado legalmente inexigível o título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais pelo STF, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou ato normativo tidas pelo STF como incompatíveis com a CF-88. Quando o executado alegar que o exeqüente, em excesso de execução (pleiteia quantia superior à resultante da sentença), cumprir-lhe-á declarar de imediato o valor que entende correto, sob pena de rejeição liminar dessa impugnação. A regra é que Impugnação ao Cumprimento de Sentença NÃO terá efeito suspensivo. Todavia, excepcionalmente o Juiz poderá atribuir efeito suspensivo se forem relevantes seus fundamentos (fumaça do bom direito) e o prosseguimento da execução seja manifestamente suscetível de causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação (perigo da demora). Caso o Juiz atribua efeito suspensivo excepcional, o exequente poderá requerer o prosseguimento da execução suspensa se oferecer e prestar caução suficiente e idônea, arbitrada pelo Juiz e prestada nos próprios autos. Esta caução garantirá a execução solicitada. Se a impugnação tiver efeito suspensivo será processada nos mesmos autos. Caso o contrário, será processada em autos apartados. A decisão que julgar a impugnação é recorrível mediante Agravo de Instrumento (decisão interlocutória), salvo quando importar extinção da execução, caso em que caberá Apelação (decisão definitiva). São considerados Títulos Executivos JUDICIAIS: 1. a Sentença proferida no processo civil que reconheça a existência de obrigação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia; MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO (MPU) DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ ANALISTA DO MPU – ÁREA DE ATIVIDADE: APOIO JURÍDICO – ESPECIALIDADE: DIREITO TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 8 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 38 2. a Sentença Penal condenatória transitada em julgado; 3. a Sentença Homologatória de conciliação ou de transação, ainda que inclua matéria não posta em juízo (matéria não apreciada pelo Poder Judiciário); 4. a Sentença Arbitral (decorrente de Arbitragem convencional); 5. o Acordo Extrajudicial, de qualquer natureza, homologado judicialmente; 6. a Sentença Estrangeira, homologada pelo STJ; 7. o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal. A Execução Provisória é realizada da mesma forma que a Execução Definitiva, observando-se as seguintes normas: a) corre por iniciativa, conta e responsabilidade do exeqüente, que se obriga, se a sentença for reformada contra ele, a reparar os danos que o executado haja sofrido; b) fica sem efeito, sobrevindo acórdão que modifique ou anule a sentença objeto da execução, restituindo-se as partes ao estado anterior e liquidados eventuais prejuízos nos mesmos autos, por arbitramento; c) o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos que importem alienação de propriedade ou dos quais possa resultar grave dano ao executado dependem de caução suficiente e idônea, arbitrada de plano pelo juiz e prestada nos próprios autos. A Caução a ser prestada na Execução Provisória será dispensada: a) quando, nos casos de crédito de natureza alimentarou decorrente de ato ilícito (Ex: crime), até o limite de 60 MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO (MPU) DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ ANALISTA DO MPU – ÁREA DE ATIVIDADE: APOIO JURÍDICO – ESPECIALIDADE: DIREITO TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 8 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 39 VEZES o valor do salário-mínimo, o exeqüente demonstrar situação de necessidade; b) nos casos de execução provisória em que penda Agravo de instrumento junto ao STF ou ao STJ (Agravo de Instrumento para destrancar recurso previsto no art. 544 do CPC), salvo quando da dispensa possa manifestamente resultar risco de grave dano, de difícil ou incerta reparação. O Exequente da Execução Provisória deverá instruir a petição de execução com os seguintes documentos, declarados autênticos pelo próprio Advogado, sob sua responsabilidade pessoal: • sentença ou acórdão exeqüendo; • certidão de interposição do recurso não dotado de efeito suspensivo (se for com efeito suspensivo, a execução se complica); • procurações outorgadas pelas partes; • decisão de habilitação, se for o caso; • facultativamente, outras peças processuais que o exeqüente considere necessárias. A regra é que a execução seja realizada pelo próprio juízo que decidiu. O Cumprimento da Sentença deverá ser efetuado perante os seguintes juízos, a depender da competência executória: • nos Tribunais, nas causas de sua competência originária; • no juízo que processou a causa no 1º GRAU de jurisdição – o exeqüente poderá optar pelo juízo do local onde se encontram bens sujeitos à expropriação ou pelo do atual domicílio do executado, casos em que a remessa dos autos do processo será solicitada ao juízo de origem; • no juízo cível competente, quando se tratar de sentença penal condenatória, de sentença arbitral ou de sentença MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO (MPU) DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ ANALISTA DO MPU – ÁREA DE ATIVIDADE: APOIO JURÍDICO – ESPECIALIDADE: DIREITO TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 8 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 40 estrangeira. Dada a sensibilidade da execução de prestação alimentícia decorrente indenização por ato ilícito (Ex: decorrente de acidente automobilístico), o Juiz poderá ordenar ao devedor constituição de capital (um montante de recursos financeiros considerável) cuja renda assegure o pagamento do valor mensal da pensão. Este capital, representado por imóveis, títulos da dívida pública ou aplicações financeiras em banco oficial, será inalienável e impenhorável enquanto durar a obrigação do devedor. Cessada a obrigação de prestar alimentos, o juiz mandará liberar o capital, cessar o desconto em folha ou cancelar as garantias prestadas. MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO (MPU) DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ ANALISTA DO MPU – ÁREA DE ATIVIDADE: APOIO JURÍDICO – ESPECIALIDADE: DIREITO TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 8 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 41 EXERCÍCIOS COMENTADOS QUESTÃO 199: TRT 3ª Região - Juiz do Trabalho Substituto [TRT 3ª Região] - 05/04/2009. Os atos do juiz são sentenças, decisões interlocutórias, despachos e atos ordinatórios. COMENTÁRIOS: O CPC prevê que os Atos do Juiz (Atos Judiciais – praticados pelo Juiz), são os Despachos, Decisões Interlocutórias e Sentenças. CPC Art. 162. Os atos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos. Todavia, os Atos Ordinatórios, que são aqueles que não dependem de Despacho do Magistrado, por serem mais simples ainda, sem cunho decisório e de observância obrig\atória por força de determinação legal, devem ser praticados pelo Serventuário da Justiça (servidores), podendo ser praticados e revistos pelo Juiz. Portanto, os servidores da Justiça também praticam atos processuais, como, por exemplo, a juntada de petição ou documento aos autos e a vista obrigatória dos autos processo. Vale ressaltar que os Atos Ordinatórios podem ser praticados pelos Juízes, apenas independem de Despacho deles. Isso não impede que os Juízes também o façam, ok? Por isso, os Atos Ordinatórios são atos dos Juízes e dos Servidores. CPC Art. 162. § 3o São despachos todos os demais atos do juiz praticados no processo, de ofício ou a requerimento da parte, a cujo respeito a lei MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO (MPU) DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ ANALISTA DO MPU – ÁREA DE ATIVIDADE: APOIO JURÍDICO – ESPECIALIDADE: DIREITO TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 8 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 42 não estabelece outra forma. § 4o Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a vista obrigatória, independem de despacho, devendo ser praticados de ofício pelo servidor e revistos pelo juiz quando necessários. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994) Desse modo, os Atos do Juiz são os Despachos, Decisões Interlocutórias, Sentenças e Atos Ordinatórios. RESPOSTA CERTA: C QUESTÃO 200: TRT 8ª - Analista Judiciário – Judiciária [FCC] - 05/12/2009. Com relação aos atos processuais, considere: I. A decisão interlocutória é o ato por meio do qual resolvem-se as questões incidentes. II. Os atos meramente ordinatórios são praticados exclusivamente pelo juiz. III. Só é chamado de sentença o ato do juiz que põe termo ao processo decidindo o mérito da causa. IV. Os despachos são atos do juiz, sem conteúdo decisório, destinados a dar andamento ao processo. É correto o que consta APENAS em a) I e III. b) I e IV. c) II e III. d) II e IV. e) III e IV. COMENTÁRIOS: MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO (MPU) DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ ANALISTA DO MPU – ÁREA DE ATIVIDADE: APOIO JURÍDICO – ESPECIALIDADE: DIREITO TEORIA E EXERCÍCIOS AULA 8 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 43 Item I – correto. As Decisões Interlocutórias são aqueles em que o Juiz decide uma mera questão incidente no Processo (questão acessória que deve ser decidida antes da questão de mérito), sem lhe dar um fim direto e imediato à Fase de Conhecimento. Por meio das Decisões Interlocutórias o Magistrado, por exemplo, indefere requerimento de prova solicitado pelo autor ou pelo réu; exclui co- autor ou co-réu do processo, mantendo os demais; indefere pedido de assistência judiciária gratuita (gratuidade da justiça); indefere solicitação de liminar e tutela antecipada; não recebe o recurso de Apelação de decisão, no 1º juízo de admissibilidade recursal. Observem que em todas estas hipóteses o Juiz não põe termo (fim) à Fase /de Conhecimento. O processo continua normalmente após a Decisão Interlocutória. CPC Art. 162. § 2o Decisão interlocutória é o ato pelo qual o juiz, no curso do processo, resolve questão incidente. Um exemplo simples citado: Ação de Investigação de Paternidade; a parte autora, além do pedido de investigação, solicita que lhe seja assegurada a gratuidade da justiça; o Juiz precisa decidir esta questão também, não é verdade? Não poderá simplesmente julgar a investigação sem debruçar-se se ela tem ou não direito à assistência judiciária gratuita; esta questão incidente ao mérito (questão principal) deve ser decidida por meio de Decisão Interlocutória. Fácil, não? Item II – errado. Os Atos Ordinatórios, que são aqueles que não dependem de Despacho do Magistrado, por serem mais simples ainda, sem cunho decisório e de observância obrigatória por força de determinação legal, devem ser praticados
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